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RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

Período : 08 / 2005 à 07 / 2006 .


( ) PARCIAL
(X) FINAL

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Título do Projeto de Pesquisa: Avaliação fitoquímica, toxicológica, anti-


edematogência e analgésica de plantas medicinais nativas da região amazônica.

Nome do Orientador: José Carlos da Silva Rocha


Titulação do Orientador: Doutor
Departamento: Departamento de Farmácia
Unidade: Centro de Ciências da Saúde
Laboratório: Laboratório de Farmacodinâmica
Título do Plano de Trabalho : Avaliação fitoquímica e farmacológica do extrato
aquoso de Eleutherine plicata.
Nome do Bolsista: Rafael Azevedo Baraúna
Tipo de Bolsa : ( ) CNPq
(X) PIBIC/UFPA
1.INTRODUÇÃO:

A planta Eleuthrine plicata, é uma planta herbácea, rizomática e bulbosa, de


bulbos avermelhados, folhas verticiladas, linear-lanecoladas, com nervuras
longitudinais, inflorescência em panículas de flores rosas, no ápice de um escapo.
Pertence à família das Iridaceae. Seu princípio ativo é a Sapogenina esteroidal, e é
comumente encontrada na Região Amazônica onde é popularmente chamada de
Marupazinho, sendo também encontrada em outras localidades pelos nomes de
Coquinho, Marupa-ú e Marupari. O chá dos bulbos avermelhados serve para combater
a diarréia e a amebíase.
Plantas como a E. plicata e várias outras, que podem ser encontradas com
freqüência na flora da nossa região, vem ultimamente, sendo estudada de forma mais
abrangente, para que se tenha um maior embasamento científico a respeito das ervas
utilizadas pelas populações ribeirinhas, e que muitas vezes podem trazer avanços no
campo das terapias que utilizam fitomedicamentos para o combate de doenças. Dessa
forma, percebemos que no Brasil, especialmente na região norte do país, encontramos
uma das maiores biodiversidades do planeta, sendo a sua flora explorada durante anos
para a descoberta de novas substâncias bioativas que poderiam trazer benefícios e
respostas para a comunidade científica.
Estimativas indicam que das 500 mil espécies de plantas existentes nos
ecossistemas terrestres, 16% encontram-se na Amazônia (Barbosa, 2001, p.70).
Menos de 10% foram estudadas quimicamente, e apenas um pequeno número teve
suas propriedades biológicas caracterizadas (Pletsch, 1998, p.15).
Nesse contexto, a fitoterapia tornou-se um dos objetos de estudo mais
importantes da região, sendo ela utilizada pela população tanto através do chamado
conhecimento popular, quanto pelo embasamento científico de órgãos e profissionais
da saúde. Atualmente, metade dos 25 medicamentos mais vendidos no mundo tem
origem em princípios ativos de plantas, incluindo-se os fungos (Pletsch, 1998, p.12).
Dessa forma, os grandes centros de pesquisa, como as universidades, têm procurado
realizar uma abordagem mais detalhada em relação ao perfil fitoquímico da nossa
região.
2.JUSTIFICATIVA:

Em análise anteriormente realizada sobre a competitividade da indústria de


fármacos brasileira (Coutinho e Ferraz, 1994), ficou demonstrado que o Brasil teria
enormes dificuldades de atuar na área de medicamentos sintéticos. Além disso, a
implantação da lei de patentes enfraqueceu substancialmente as perspectivas da
indústria química brasileira. Dessa forma, atualmente possui-se um maior enfoque para
o desenvolvimento de medicamentos a partir de plantas medicinais.
Naturalmente, o Brasil, com sua enorme biodiversidade, pode contribuir para o
desenvolvimento de novos medicamentos produzidos a partir de plantas. Neste
contexto, a necessidade da comprovação experimental da atividade farmacológica da
planta E. plicata, que é encontrada na região amazônica, é importante, para que, ao ser
realizado seus estudos, uma vez detectado algum tipo de atividade significativa, possa-
se utilizar a planta como um instrumento fitoterapêutico para o combate de doenças
que assolam a sociedade, pois, apesar da enorme diferença de poder aquisitivo de
suas camadas sociais, o Brasil, encontra-se, já há alguns anos, entre os dez maiores
consumidores de medicamentos do mundo (Ferreira, 1998, p.2).

3.OBJETIVOS:

3.1.Objetivos Gerais:
Estudo científico do perfil fitoquímico e farmacológico de plantas medicinais
nativas da nossa região, para a elaboração de projetos que visem a pesquisa e
desenvolvimento de novos fitoterápicos.

3.2.Objetivos Específicos:
- Determinar as classes de metabólitos secundários importantes, presentes no
extrato etanólico de E. plicata;

- Determinar o perfil cromatográfico por Cromatografia em Camada Delgada


(CCD) e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE);
- Estudar a atividade analgésica periférica e central;

- Estudar a atividade anti-edematogênica.

4.MATERIAIS E MÉTODOS:

4.1.Coleta do Material Botânico:

O material foi coletado no dia 07 de agosto de 2003, no horto medicinal da


cidade de Emaús, bairro do Bengui, em Belém do Pará. Quando coletado o material
apresentava 60 dias de idade e tinha sido tratado durante esse período com adubo
natural. Foi coletada uma amostra da planta inteira madura para identificação botânica
e preparação de excicata e 3 kg de bulbo fresco para preparação do extrato etanólico e
aquoso utilizadas para as análises fitoquímicas e farmacológicas.
Espécimes representativos foram herborizados e enviados para caracterização
no Departamento de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi, onde foi realizada
através de comparação com a exsicata de número MG 243212, caracterizando a planta
da espécie Eleutherine plicata Herb., da família das Iridaceae.

4.2.Avaliação Fitoquímica:

• Preparação do Extrato Etanólico:


Aproximadamente 2 kg de bulbo fresco foram debulhados e colocados para
secar a temperatura ambiente (28º - 32º C), durante 3 dias. Em seguida o material
vegetal fresco foi colocado em estufa de fluxo de ar contínuo a uma temperatura de 45º
- 48º C, durante 5 dias, para retirar a umidade presente no material, sendo em seguida
pulverizado em moinho.
O extrato etanólico foi preparado a partir de 50,09 g de material vegetal seco
moído, o qual foi submetido à lixiviação, até esgotamento total da droga, utilizando-se
como solvente o etanol puro, obtendo-se ao final 500 mL de extrato etanólico, que
depois de retirado o solvente em evaporador rotativo, apresentou como rendimento
3,85 g de extrato seco.

• Preparação das Frações Alcaloídicas:


A partir de 1,18 g de extrato etanólico que foi dissolvido em acetato de etila e 10
mL de metanol, foi realizado uma partição líquido-líquido utilizando-se 7 alíquotas de 10
mL de HCl 5%.
A fase com acetato de etila foi lavada em água destilada sendo, em seguida,
retirado o solvente em evaporador rotativo.
A fase aquosa ácida, que apresentou pH = 1, foi levada a chapa aquecedora
para evaporar o restante do solvente presente e, em seguida, submetida a partição
com clorofórmio, utilizando-se 08 alíquotas de 10 mL, sendo a solução orgânica
resultante levada ao evaporador rotativo para retirar o excesso de solvente,
apresentando após totalmente seca o rendimento de 66,4 mg.
A fase aquosa ácida restante foi alcalinizada com NH4OH concentrado até atingir
pH = 4 e , em seguida, submetida novamente a partição com clorofórmio, usando-se 7
alíquotas de 10 mL, sendo levada ao evaporador rotativo para retirar o excesso de
solvente tendo m rendimento de 10,7 mg, após totalmente seco.
A partição líquido-líquido, utilizando clorofórmio, em meio básico foi repetido
mais 2 vezes para obterem-se amostras extraídas pH = 7 e pH = 10, que apresentaram
rendimento de 6,5 mg e 19,2 mg, respectivamente.

• Abordagem Fitoquímica:
Foram realizados vários testes fitoquímicos, com a finalidade de detectar a
presença de constituintes químicos pertencentes as classes de metabólitos
secundários no extrato etanólico, utilizando como referência o Manual para Análise
Fitoquímica e Cromatográfica de Extratos Vegetais (BARBOSA et al., 2001b).
As amostras dos extratos foram dissolvidas no solvente adequado para cada
teste, obtendo-se uma solução com amostra na concentração de 5 mg/mL, sendo que
as amostras dissolvidas em água e em clorofórmio foram ao banho de ultra-som com a
finalidade de facilitar a dissolução do extrato, e logo depois filtrada para retirar o
excesso de precipitado.
Foram realizados 18 testes fitoquímicos para as classes de metabólitos
secundários, sendo todos os testes realizados em triplicata, sempre os comparando
com um teste em branco.

• Cromatografia em Camada Delgada (CCD):

Com as amostras do extrato etanólico e das frações pH = 1, pH = 4, pH = 7 e


pH = 10 foram realizadas análises por Cromatografia em Camada Delgada (CCD), com
o objetivo de obter-se o perfil cromatográfico do extrato etanólico e das frações das
partições obtidas em meio alcalino.

Para as análises de CCD, foram utilizadas placas cromatográficas


manufaturadas e pré-fabricadas da marca MERCK.

As placas cromatográficas ou cromatoplacas manufaturadas foram preparadas


utilizando-se sílica gel dissolvida em água destilada na proporção 1:2, sendo em
seguida espalhado sobre as placas de vidro do tamanho de 5x10 cm, com o auxílio de
um espalhador de emulsão.

As placas de vidro depois de cobertas com a emulsão de sílica e água, foram


colocadas para secar a temperatura ambiente e antes de serem utilizadas foram
ativadas em estufa a 105º C, durante 15 minutos.

Na análise por CCD as amostras foram aplicadas nas cromatoplacas em forma


de solução na concentração de 5 mg/mL,utilizando-se o metanol como solvente pelo
fato de ser bastante volátil e, portanto, facilmente evaporado após a aplicação.

As amostras foram aplicadas nas cromatoplacas utilizando-se um tubo capilar de


vidro, sendo aplicadas 1,0 cm acima do bordo inferior para que não ficassem
mergulhadas na fase móvel ou eluente.

A mistura de solventes utilizadas na fase móvel ou eluente foi escolhida tendo


como base a polaridade dos solventes, assim como, a natureza química das
substâncias a serem separadas.
Os sistemas utilizados nas análises de CCD, foram os seguintes:

Hexano/acetona (80:20), gel de sílica de fase normal;

Clorofórmio/metanol (90:10), gel de sílica de fase normal;

Clorofórmio/metanol/água (70:25:5), gel de sílica de fase normal;

Clorofórmio/metanol/água (60:35:5), gel de sílica de fase normal;

Clorofórmio/acetona (97:3), gel de sílica de fase normal;

Clorofórmio/acetona (99:1), gel de sílica de fase normal.

No desenvolvimento da cromatografia utilizou-se uma cuba cromatográfica de


vidro de fundo plano, na qual foi colocada a fase móvel na proporção desejada de cada
solvente, colocando-se um pedaço de papel de filtro, permitindo que a fase móvel
subisse por ele e saturasse a cuba cromatográfica.

Em seguida, as cromatoplacas foram colocadas dentro da cuba na posição


vertical ocorrendo a migração da fase móvel, pelas cromatoplacas, no sentido
ascendente, até atingir a altura de 7 cm a partir do ponto de aplicação. Logo em
seguida as cromatoplacas eram retiradas da cuba cromatográfica e colocadas para
secar ao ar livre.

Após secas as cromatoplacas foram reveladas para possibilitar a visualização de


substâncias incolores presentes na amostra, sendo primeiramente visualizadas em UV
de 254 e 365 nm e em seguida borrifadas com Dragendorff, FeCl3 0,5% e anisaldeído
para revelação de classes de substâncias específicas.

• Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE):

Para análise cromatográfica prepararam-se amostras o extrato etanólico e das


frações obtidas em pH 1, pH 4, pH 7 e pH 10, na concentração de 8 mg/mL, dissolvidos
em metanol UV/HPLC, da qual se utilizou alíquotas de 20 µL de cada amostra para
análise.
4.3.Avaliação Farmacológica:

• Atividade Analgésica Periférica:


Observação na redução do número de contorções abdominais induzidas por
ácido acético em camundongos. Neste experimento foram utilizados 30 animais, todos
pesados em balança comercial, para se calcular o volume do extrato e de ácido acético
necessário para a administração em cada um.
No primeiro grupo ou grupo controle, foram utilizados 6 camundongos, onde se
administrou ácido acético 0.6%, via intra-peritonial, em volume de 0,1mL à cada 10g de
peso do animal. Após a administração esperou-se 10 minutos para que se começasse
a contar o número de contorções durante 20 minutos, sendo este tempo dividido em
quatro períodos de 5 minutos cada.
No segundo grupo, foram utilizados 8 camundongos, com uma dose de extrato
de 100 mg.kg-1. Primeiro se administrou via oral o extrato, e se esperou 30 minutos até
que fosse injetado via intra-peritonial o ácido acético. Logo após, aguardou-se 10
minutos para que se começasse a contar o número de contorções abdominais durante
um tempo de 20 minutos dividido em quatro períodos de 5 minutos cada.
O procedimento técnico para utilização do terceiro e quarto grupo, foi semelhante
ao do segundo, porém, para o terceiro grupo foi utilizado uma dose de 250 mg.kg-1 de
extrato, e no quarto, uma dose de 50 mg.kg-1.

• Atividade Analgésica Central:


Este experimento consiste em aplicar um estímulo térmico na pata do
camundongo avaliando o tempo de resposta do animal a esse estímulo. Para sua
realização, utilizou-se um número de 18 camundongos, sendo todos devidamente
pesados em balança comercial para que através de seu peso fosse calculada a
quantidade de extrato necessária para a administração das drogas.
A chapa responsável pelo estímulo térmico no animal, foi previamente aquecida
a uma temperatura de 55±0.5° C, permanecendo constante até o final do experimento.
Inicialmente cada camundongo foi posto sobre a chapa, já aquecida, esperando-
se que em um tempo de 15 segundos, cada animal manifestasse alguma reação em
resposta ao estímulo. Esta reação é esterotípica e consiste em pular ou lamber as
patas posteriores (Eddy & Leimbach, 1953). Os animais que não apresentaram
resposta dentro dos 15 primeiros segundos, foram descartados.
Após selecionado os animais, os 18 camundongos foram divididos da seguinte
forma: grupo 1 ou grupo controle, onde foi administrado via oral, solução salina 0.9%.
Grupo 2, onde foi administrado via oral, doses de 100 mg.kg-1 de extrato. E grupo 3,
onde se administrou também via oral, doses de 250 mg.kg-1 do extrato.
Passados uma hora após a administração, os animais de cada grupo foram
novamente postos sobre a chapa quente com o auxílio de um funil de vidro, anotando-
se o tempo de reação do animal ao estímulo induzido pela chapa. Repetindo-se o
mesmo processo após 30 minutos durante um período de 3 horas.

• Edema de pata induzido por Dextrana:


Estudo do modelo inflamatório de edema de pata em camundongos, através da
injeção de dextrana, observando a evolução deste edema.
Primeiramente se administrou o extrato via oral para três grupos de
camundongos, divididos em doses de 50 mg.kg-1, 100 mg.kg-1 e 250 mg.kg-1, com 8
animais em cada, já no primeiro grupo ou grupo controle foi administrado solução
salina, sendo este grupo composto por 6 animais.
Após a administração, aguardou-se 1 hora, para que fosse injetado na pata
direita do animal, 0,1 mL de solução salina 0,9%. Já na pata esquerda injetou-se 0,1mL
de solução de dextrana 1,5%, a fim de se obter no grupo controle um aumento na pata
esquerda do animal onde foi administrada dextrana, e nos demais grupos a resposta
anti-edematogênica do extrato da planta.
Após 1 hora os animais foram anestesiados e sacrificados, e com o auxilio de
uma tesoura cirúrgica, retirou-se as patas direita, onde foi administrado solução salina,
e esquerda, onde se administrou dextrana, para ser feita a pesagem das mesmas em
uma balança analítica, observando ou não o seu aumento de peso.
• Edema de pata induzido por Carragenina:
Estudo da evolução do edema de pata em camundongos, provocado pela
injeção de carragenina.
Primeiro administrou-se solução salina via oral para o grupo controle, composto
por 6 animais, e o extrato para os outros três grupos, caracterizados pelas doses de 50
mg.kg-1, 100 mg.kg-1 e 250 mg.kg-1, cada um composto por 8 animais.
Aguardou-se 1 hora para que fosse injetado na pata direita do animal, 0,1 mL de
solução salina 0,9%, e na pata esquerda 0,1 mL de solução de carragenina 2%.
Aguardou-se mais 2 horas, e então os animais foram devidamente anestesiados
e sacrificados. Depois, com o auxílio de uma tesoura cirúrgica cortaram-se as patas
posteriores direita e esquerda do animal, levando-as à balança analítica para a
observação da evolução do edema.

5.RESULTADOS E DISCUSSÕES:

5.1.Avaliação Fitoquímica:

• Abordagem Fitoquímica:
Os resultados obtidos na abordagem fitoquímica estão demonstrados a seguir.

QUADRO 1
Classe do Metabólito Extrato Etanólico
Açucares Redutores POSITIVO
Ácidos Orgânicos POSITIVO
Polissacarídeos NEGATIVO
Proteínas e Aminoácidos NEGATIVO
Fenóis e Taninos POSITIVO
Saponina Espumídica NEGATIVO
B NEGATIVO
Alcalóides .. D POSITIVO
M NEGATIVO
Purinas NEGATIVO
Glicosídeos Cardíacos NEGATIVO
Catequinas NEGATIVO
Sesquiterpenolactonas NEGATIVO
Esteróides e Triterpenóides NEGATIVO
Azulenos NEGATIVO
Carotenóides NEGATIVO
Depsídeos e Depsidonas POSITIVO
Antraquinonas NEGATIVO
Derivados da Cumarina POSITIVO
Flavonóides (Geral) NEGATIVO

Dentre os resultados positivos obtidos, podemos destacar a presença de fenóis e


taninos, derivados da cumarina e o resultado sugestivo para alcalóides, que apresentou
resultado positivo somente com o reagente de Dragendorff.
A presença de taninos no extrato etanólico é importante, pois esta classe de
metabólitos secundários pode conferir propriedades adstringentes ao extrato, o que
explica por que ocorre precipitação das proteínas das células superficiais das mucosas
e tecidos descobertos, formando revestimentos protetores, deste modo diminuindo o
volume de secreções (Costa, 1975).
O poder anti-séptico atribuído aos taninos explica-se, ainda, pelo referido
revestimento precipitado impedir o desenvolvimento de microorganismos associados a
própria ação desinfetante que lhes confere o caráter fenólico (Costa, 1975).
A presença de derivados da cumarina no extrato etanólico é importante, já que
vários compostos pertencentes à esta classe de metabólitos que já foram isolados, em
especial o dicumarol, apresentam a propriedade de evitar a formação de pró-trombose
no sangue, com isso perdendo a propriedade de se coagular. Por isso esta classe de
substâncias é reconhecidamente útil no tratamento de tromboses vasculares, flebites e
embolias (Costa, 1975).
Os depsídeos e depsidonas são constituintes químicos conhecidos por serem
responsáveis pelo sabor amargo que conferem às plantas em que se fazem presente.
O teste fitoquímico para alcalóides apresentou resultado positivo apenas para o
reagente Dragendorff, no qual se verificou a formação de um precipitado característico
da presença destes constituintes químicos, tornando o teste sugestivo para esta classe.
Os alcalóides são constituintes químicos de grande importância, pois podem conferir
propriedades tóxicas e farmacológicas aos extratos onde estão presentes. Com isso é
importante aprofundar o estudo destas substâncias para evidenciar a presença destas
substâncias no extrato etanólico.

• Cromatografia em Camada Delgada (CCD):


O eluente utilizado foi clorofórmio/acetona (99:1), por ter sido o sistema que
apresentou a melhor separação dos constituintes presentes no extrato etanólico e
frações obtidas em pH 1 e pH 10.
A visualização da cromatoplaca no visível, mostrou a presença de uma mancha
amarelada de fraca intensidade na fração pH 1 e extrato etanólico, com Rf 0,75,
respectivamente e uma outra mancha de maior intensidade com Rf 0,61. o extrato
etanólico também apresentou uma mancha com Rf 0,43. A fração pH 10 apresentou
uma mancha de coloração rósea de fraca intensidade com Rf 0,60.
Na cromatoplaca visualizada em UV 365 nm, a fração pH 1 apresentou duas
manchas escuras de forte intensidade com Rf 0,63 e 0,58, respectivamente. Acima
dessas se observou duas manchas de coloração laranja e azul com Rfs 0.75 e 0.7. o
extrato etanólico apresentou duas manchas de coloração escura com Rfs 0,63 e 0,58.
observaram-se ainda duas manchas acima destas com coloração intensa amarela e
azul com Rfs 0,75 e 0,7, e uma mancha de coloração castanha de Rf 0,43. A fração pH
10 mostrou uma mancha azul de fraca intensidade com Rf 0,58.
A visualização no UV 254 nm, mostrou a fração pH 1 com três manchas de forte
intensidade escura com Rfs 0,75, 0,63 e 0,58. O extrato etanólico apresentou três
manchas escuras de intensidade forte com Rfs 0,63, 0,58 e 0,43. A fração pH 10
apresentou duas manchas escuras de fraca intensidade com Rfs 0,75 e 0,53.
A cromatoplaca ao ser revelada com Dragendorff, apresentou uma mancha na
fração pH 1 e extrato etanólico de pouca intensidade com Rf 0,63. Observou-se ainda,
uma mancha de coloração laranja, característica de alcalóides, tanto na fração pH 1 e
extrato etanólico com Rf 0,58. A fração pH 10 não revelou nenhum componente com o
Dragendorff.
Na revelação com anisaldeído, a cromatoplaca mostrou uma mancha na fração
pH 1 e extrato etanólico com Rf 0,63 e de coloração escura de fraca intensidade e a
outra mancha de coloração vermelha de pouca intensidade com Rf 0,58. A fração pH
10 não mostrou a revelação de nenhum constituinte químico.

• Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE):

A análise por CLAE do extrato etanólico, apresentou vários picos de


componentes químicos de Tempo de Retenção (RT) entre 14,11 e 24,32 minutos.

Figura 01. Cromatograma do extrato etanólico no comprimento de onda de 300nm.

No cromatograma da fração pH 1 observou-se picos com RT entre 1,20 e 21,97


minutos, sobressaindo-se dois picos com RTs 20,59 e 20,83 minutos.
Figura 02. Cromatograma da fração pH 1, no comprimento de onda de 300 nm.

A fração pH 4 ao ser analisada por CLAE apresentou picos com RTs entre 1,12
e 28,32, sobressaindo-se picos com RTs entre 17,68 e 20,29 minutos.

Figura 03. Cromatograma da fração pH 4, no comprimento de onda de 300 nm.

O cromatograma da fração pH 7 mostrou absorvância com RT e intensidade


sem importância.
No cromatograma da fração pH 10, apresentou picos entre RT 0,93 a 24,32
minutos, sendo o importante o pico com significante intensidade de absorvância e RT
16,48 minutos.

Figura 04. Cromatograma da fração pH 10, no comprimento de onda de 300 nm.


O quadro a seguir nos mostra a relação de alguns picos RTs semelhantes no
extrato etanólico e frações pH 1, pH 4, pH 7 e pH 10, destacando-se os picos 14 e 25
que têm RTs aproximados nas cinco amostras analisadas.

QUADRO 2
TEMPOS DE RETENÇÃO
Extrato Etanólico pH 1 pH 4 pH 7 pH 10
01 0,08 - - - -
02 0,45 0,48 0,48 - 0,45
03 0,67 - - 0,64 -
04 0,96 1,20 1,12 0,91 0,93
05 7,73 7,28 7,36 - -
06 8,08 - - - -
07 9,20 - 9,31 - -
08 9,79 9,63 9,55 - -
09 10,85 10,77 10,69 - -
10 11,20 11,73 11,41 - -
11 12,24 - 12,13 - -
12 12,69 - 12,88 - -
13 13,20 - 13,73 - -
14 14,13 14,03 14,27 - 14,11
15 14,45 14,77 - - -
16 15,12 15,12 15,15 - -
17 15,33 - - - -
18 15,71 15,92 15,73 - -
19 16,83 16,43 16,35 16,32 16,48
20 17,57 - - - -
21 18,05 - - - -
22 18,51 18,96 18,88 - -
23 19,33 19,55 19,23 - -
24 20,05 - 20,05 20,11 -
25 20,40 20,59 20,29 - 20,67
26 24,03 - - - -
27 24,48 - - - 24,32
28 28,48 - 28,32 - -

5.2.Avaliação Farmacológica:

- Atividade Analgésica Periférica:

Foi observado que o extrato da planta Eleutherine plicata pode reduzir


consideravelmente o número de contorções abdominais induzidas em camundongos
pela administração de ácido acético 0,6%, de forma dose-dependente. Sua atividade
analgésica periférica foi diretamente proporcional ao aumento da dosagem de
administração do extrato como podemos observar na figura 5.
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- Atividade Analgésica Central:

Na primeira etapa do experimento todos os animais apresentaram resposta ao


estímulo térmico dentro de um tempo de 15 segundos, sendo assim nenhum animal foi
descartado para a segunda fase do teste. Porém não se observou nenhuma atividade
analgésica central do extrato, pois não ocorreu aumento do tempo de reação do animal
ao estímulo térmico, sendo ele constante e igual ao observado no grupo controle, onde
não foi administrada a droga (Figura 6).

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- Edema de pata induzido por Dextrana:
No modelo de edema plantar induzido por dextrana, observou-se uma redução
do edema da pata esquerda de camundongos onde havia sido administrado o agente
edematogênico, porém não foi demonstrado dose-dependência em relação a este
efeito como podemos observar na figura 7.
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- Edema de pata induzido por Carragenina:
Neste estudo observou-se também uma redução do edema de pata induzido
pela injeção de carragenina em camundongos, não demonstrando, porém, dose-
dependência em relação ao efeito, conforme demonstrado na figura 8.
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6.CONCLUSÃO:

A coleta do material botânico foi de fácil acesso, por estarmos trabalhando com
uma planta comumente encontrada na nossa região. Seu estudo foi de forte
importância para sua caracterização fitoquímica e farmacológica, de forma a comprovar
cientificamente alguns aspectos medicinais atribuídos à utilização da planta.
Os resultados obtidos através de testes farmacológicos com o extrato aquoso,
demonstraram ter grande significância no que diz respeito principalmente à sua
atividade analgésica periférica, ao reduzir o número de contorções abdominais
induzidas por ácido acético em camundongos, e anti-edematogênica, através da
diminuição do edema de pata em camundongos provocado pela injeção de dextrana ou
carragenina.
A avaliação fitoquímica mostrou a presença de fenóis e taninos, derivados
cumarínicos, depsídeos e depsidonas, açucares redutores, ácidos orgânicos é
sugestivo para alcalóides.
Os taninos apresentam características adstringentes, os derivados cumarínicos
são compostos conhecidos por serem úteis no tratamento de flebites, tromboses
vasculares e embolias por evitarem a coagulação do sangue.
Através das análises por Cromatografia de Camada Delgada e Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência, pode-se confirmar a presença de alcalóides de reação ácida,
possivelmente lactamas com esqueleto insaturado, talvez aromático.
Para tanto, vê-se necessário estudos adicionais mais aprofundados a respeito
da planta para se elucidar os prováveis mecanismos envolvidos nestes efeitos.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOBRÁFICAS:

PLETSCH, Márcia. Compostos Naturais Biologicamente Ativos. Biotecnologia,


Ciência & Desenvolvimento, Brasília, ano 1, n.4, p.12-15, Jan./Fev. 1998.

BARBOSA, Francisco Benedito da Costa. A biotecnologia e a conservação da


biodiversidade Amazônica, sua inserção na política ambiental. Cadernos de
Ciência & Tecnologia, Brasília, v.18, n.2, p.69-94, maio/ago. 2001.

FERRREIRA, Sérgio H. (coord.). Medicamentos a partir de plantas medicinais do


Brasil. Academia Brasileira de Ciências, 1998.

COUTINHO, L. & FERRAZ, J. C. (coords.). Estatuto da Competitividade da Indústria


Brasileira. Papirus – Editora da Unicamp, Campinas, 1994.

EDDY, N. B. & LEIMBACH, D. Sythetic analgesics. II. Dithienylbutenyl and


Dithienilbutylamines. J. Pharmacol. Exp, Ther., 107(3): 385-93. 1953.

BARBOSA, W. L. R. et al. Manual para análise fitoquímica e cromatográfica de


extratos vegetais. www.propesp.ufpa.br/revistas/textos_científicos.html

COSTA, A. L. Farmacognosia. Vol. 01. 2ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste


Gulbenkiam, 1975.

BRASIL. Resolução n° 17/ANVISA, de 24 de fevereiro de 2000. Dispõem sobre o


registro de medicamentos fitoterápicos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 de
abril de 2000. Seção 1, p. 25.
8. DIFICULDADES:
Para o desenvolvimento de um trabalho de pesquisa envolvendo experimentos
biológicos, várias tem sido as dificuldades e, principal entre elas é, certamente, a
dificuldade para a obtenção de animais. Neste caso, a Universidade tem dependido da
boa vontade do Instituto Evandro Chagas que, em alguns momentos passa por
dificuldades financeiras que tem como conseqüências um aumento na dificuldade para
atender os inúmeros pedidos de solicitação de animais. A UFPa ainda não tem uma
estrutura adequada para o atendimento destas necessidade e isso, algumas vezes,
tem atrasado sobremaneira o desenvolvimento das atividades. Uma outra problemática
refere-se a ausência ou dificuldade para obtenção de transporte para deslocamento
dos animais. De qualquer modo, estas principais dificuldades foram superadas.

9. PARECER DO ORIENTADOR:
O bolsista desenvolveu as suas atividades de acordo com o cronograma
estabelecido e dentro das possibilidades de oferta de condições adequadas para o
desenvolvimento dos trabalhos.

DATA:14/08/2006
RESUMO

AVALIAÇÃO FITOQUÍMICA E FARMACOLÓGICA DO EXTRATO AQUOSO DE ELEUTHERINE


PLICATA

Rafael Azevedo Baraúna (Bolsista PIBIC/UFPa) – rafaelbarauna@yahoo.com.br


Curso de Farmácia, Departamento de Farmácia, Centro de Ciências da Saúde

Prof. Dr. José Carlos da Silva Rocha (Orientador) – csrocha@ufpa.br


Curso de Farmácia, Departamento de Farmácia, Centro de Ciências da Saúde

A planta Eleuthrine plicata é encontrada na região amazônica e chamada popularmente de marupazinho.


Na medicina tradicional, é utilizada para combater a diarréia e a amebíase. Não há dados na literatura
científica que validem este ou qualquer outro uso tradicional da planta e, devido a isso, resolveu-se
preparar o Extrato Bruto Aquoso Liofilizado da planta (EAEp) a partir do qual foram feitos os estudos
fitoquímicos e farmacológicos da mesma. A avaliação fitoquímica foi feita a partir de reações específicas
para a determinação da presença de compostos resultantes do metabolismo secundário das plantas.
Seu estudo mostrou a presença de fenóis e taninos, derivados cumarínicos, depsídeos e depsidonas,
açucares redutores, ácidos orgânicos, sugestivo para alcalóides, e através das análises por
Cromatografia em Camada Delgada e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, pode-se confirmar a
presença de alcalóides de reação ácida, possivelmente lactamas com esqueleto insaturado, talvez
aromático. A avaliação farmacológica foi feita a partir de modelos experimentais para estudo da dor de
origem periférica (contorção abdominal induzida por ácido acético) ou central (modelo de placa aquecida
para verificar alteração do tempo de latência ao estímulo térmico); ainda foi avaliada a atividade anti-
edematogênica usando o modelo de edema plantar induzido por dextrana (edema dependente de
histamina e serotonina) ou por carragenina (edema dependente da síntese de prostaglandinas). Para
execução dos ensaios farmacológicos, utilizou-se camundongos como animais de experimentação. Seu
estudo mostrou que o EAEp reduziu o número de contorções abdominais induzidas por ácido acético, de
forma dose-dependente, mas não aumentou o tempo de latência ao estímulo térmico. No que diz
respeito à atividade anti-edematogênica, observou-se redução do edema induzida por dextrana ou por
carragenina mas não foi demonstrado dose-dependência em relação a este efeito. Os dados obtidos
permitem concluir que o EAEp possui atividade analgésica periférica, mas não central bem como possui
atividade anti-edematogênica. Serão necessários estudos adicionais para elucidar o mecanismo provável
destes efeitos.

Palavras-chaves: dor, edema, inflamação


Título do projeto do orientador: Avaliação Fitoquímica, Toxicológica, Anti-edematogênica e Analgésica de
Plantas Medicinais Nativas da Região Amazônica

Classificação do trabalho na Tabela de Áreas do Conhecimento do CNPq:


Grandes Área: Saúde
Área: Farmácia

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