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DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Resumo: Termos como circuitos curtos ou de proximidade, cadeias agroalimentares curtas, redes
alimentares alternativas (AlternativeFood Networks) têm em comum a proposição de uma maior
aproximação - tanto relacional quanto geográfica - entre produtor e consumidor, priorizando
principalmente a qualidade dos produtos, garantida por critérios de confiança e informação e
contribuindo para (re) localização da alimentação. Esta comunicação visa contribuir com este debate,
buscando confrontar os principais critérios utilizados na definição desses conceitos, com a realidade
de algumas experiências da Grande Florianópolis.
Palavras-chave: circuitos curtos; orgânicos; Grande Florianópolis
Abstract: Circuitos curtos ou de proximidade, short food supply chains and Alternative Food
Networks are terms used to proposea close proximity between producers and consumers- both in
geographic and relational terms- prioritizing quality (guaranteed by trust and information) thus
contributing to ( re) localize food production and consumption. This communication aims to contribute
to this debate, seeking to confront the main criteria used in defining these concepts with the reality of
some experiences of Florianópolis.
Key-words: short food supply chain; organic; greater Florianópolis
1- Introdução
O surgimento ou renovação de formas alternativas de produção, distribuição e
consumo vem ganhando visibilidade em vários países e são orientadas por três
estratégias que se destacam: a aproximação entre produção e consumo, podendo a
mesma ser geográfica ou relacional, a produção de alimentos a partir de bases mais
ecológicas e a qualidade dos alimentos em contraponto à padronização imposta
pelas indústrias de produção em massa. A terminologia é ampla e tenta dar conta de
experiências complexas e situadas em diversos contextos geográficos: circuitos
1
Doutoranda no programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa
Catarina. E-mail de contato: dani.gelbcke@gmail.com
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Pós doutora no programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa
Catarina. E-mail de contato:gracabrightwell@hotmail.com
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Tópico especial ministrado no PPGEO UFSC em 2014 pelos professores Clécio Azevedo da Silva e
Maria das Graças S. L. Brightwell
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4 - Discussão e reflexões
Conforme observado nos fluxogramas (figura 1), embora a comercialização
entre o fornecedor principal e o varejo seja realizada através de uma relação direta,
e grande parte dos produtos serem provenientes da região da Grande Florianópolis,
em ambos os casos existe a necessidade de ampliação dos circuitos para atender a
demanda do mercado consumidor, colocando em questão o critério“aproximação
geográfica”. Da mesma forma, a presença de no máximo um intermediário também
pode ser questionada, visto que em ambos os casos, parte dos produtos é adquirido
de outros fornecedores. No caso da Empresa A, a mesma serve de entreposto dos
supermercados, que por falta de estrutura logística para comprar direto dos
agricultores, os encaminha para esta empresa, que realiza o beneficiamento e a
comercialização dos produtos com sua marca. A vantagem para o supermercado,
além da transação entre empresas (CNPJ), e a redução do número de fornecedores
é a presença de uma marca reconhecida nas suas gôndolas.
Com relação à qualidade dos produtos, nas duas experiências a mesma está
atrelada principalmente ao rótulo de „orgânico‟. Neste caso, a certificação é
ferramenta obrigatória, mesmo para a feira onde a qualidade também é garantida
por relações de confiança. Para a Empresa A, que estabelece relação com varejo de
maior porte, a rastreabilidade é sugerida por este último. Vale destacar que as redes
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varejistas no Brasil são hoje estimuladas pela ANVISA (que desenvolve o PARA4) a
realizar um maior controle de qualidade e de rastreabilidade dos alimentos até o
produtor.
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OPrograma PARA é destinado aos produtos convencionais, com o intuito de controlar se o nível de
resíduos de agrotóxicos está dentro dos Limites Máximos de Resíduos (LMR); conferir se os
agrotóxicos utilizados estão devidamente registrados no país e se foram aplicados somente nas
culturas para as quais estão autorizados; estimar a exposição da população a resíduos de
agrotóxicos em alimentos de origem vegetal e, consequentemente, avaliar o risco à saúde dessa
exposição (ANVISA, 2012).
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normas, sistemas de informação (fluxo imaterial) definidos para além da escala local,
representando desafios para aquelas iniciativas que almejam escapar das regras
das redes convencionais.
Da mesma forma, a redefinição das relações entre produtores e
consumidores, com sinais claros e transparentes da proveniência e das qualidades
atribuídas aos produtos são estratégias utilizadas não só por estes circuitos
alternativos, mas também por grandes redes varejistas através de sistemas de
rastreabilidade. Em terceiro lugar, reconhecemos ainda que estudos sobre os
circuitos de produção, distribuição e consumo não podem mais ignorar o consumo
diante da crescente ansiedade e desconfiança dos consumidores com relação ao
moderno sistema agroalimentar e do nível de exigência com a relação à diversidade
e constante disponibilidade destes alimentos.
Esta dificuldade em escapar das normas rígidas dos circuitos longos, não
significa que outras perspectivas não sejam alcançadas através destas iniciativas.
Seguindo alguns elementos elucidados por Chiffoleau (2008), podemos pressupor
que elas: i) contribuem para uma relação comercial mais justa, visto que o número
de intermediários é reduzido e existem relações de confiança e negociação entre
produtores, intermediários e varejistas. Neste sentido, valem dois comentários, na
feira, a relação direta possibilita maior transparência sobre como são definidos os
preços, pois o produtor pode explicar ao consumidor problemas com sazonalidade,
clima, processos produtivos, etc. Embora os preços do supermercado sejam
superiores, as entrevistas também indicaram transparência na definição de preços
entre fornecedores, intermediário e supermercado, apesar desta transparência não
chegar ao consumidor final; ii) promovem a organização social dos agricultores, seja
através de associação informal, como no caso do grupo de São Bonifácio, seja pela
parceria comercial estabelecida pela Empresa A com seus fornecedores,
reestabelecendo laços de solidariedade frequentemente perdidos nos circuitos
longos; iii) fortalecem a agricultura familiar, com base em processos produtivos mais
sustentáveis do ponto de vista ambiental, econômico e social, importantes para o
desenvolvimento rural. Mesmo carecendo de maior aprofundamento, nos parece que
mais do que a aproximação geográfica e/ou relacional entre produção e consumo, o
que deve ser analisado é a forma como agricultores, distribuidores e consumidores
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