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RICHARD WAGNER

Compositor autodidata revoluciona ópera

Ele foi compositor, poeta, dramaturgo e ensaísta. Richard Wagner, o


inventor de um novo estilo de ópera, promoveu uma revolução musical em
seu tempo, criou uma identidade coletiva e influenciou músicos de todos os
períodos.

Wagner nasceu em 1813 em Leipzig, no leste da Alemanha. Desde criança


tomou gosto pelas artes. Além da música, apreciava o teatro e a literatura,
artes que o acompanharam por toda a vida. Autoditada, começou a estudar
piano e contraponto aos 11 anos.

Era comum encontrá-lo lendo, principalmente Shakespeare. Sabia de cor as


obras de Weber e Beethoven. A filosofia também esteve entre suas paixões.
Cursou a Faculdade de Música de Leipzig, um dos principais centros
musicais da época, mas largou antes de se formar. Foi nesta época que
começou a compor as primeiras obras.

Aos 23 anos, apaixonou-se por Minna, apelido da cantora Guilhermina


Planner. Eles chegaram a se casar, mas a união foi conturbada, marcada
por infidelidades de ambos os lados. "As suas aflições serão recompensadas
com a minha fama", dizia à esposa para fazê-la ficar quieta quando
começava a se lamentar. O casamento não durou muito tempo.

Em 1848, iniciou o processo de composição do ciclo O anel dos nibelungos,


obra com 18 horas de música e constituída por quatro óperas
interligadas: O ouro do Reno, A valquíria, Siegfried e O crepúsculo dos
deuses.

Durante o período que passou na Baviera, Wagner se apaixonou por Cosima


von Bullow, a esposa do maestro Hans von Bullow. Mesmo feio, baixinho e
de cabeça achatada, ele despertava o interesse das mulheres. Cosima
abandonou o marido e os dois partiram para Bayreuth (região da Baviera).
Lá, eles tiveram dois filhos antes mesmo do casamento.

Na cidade, o compositor construíu um teatro, exclusivamente para


apresentar suas obras. A estrutura, que seguiu o modelo grego, fez muito
sucesso e colecionou uma legião de admiradores.

Antisemita, em 1850, Wagner publicou O judaísmo na música, em que


atacava fortemente a influência judia na cultura e na arte alemã. Na
publicação, ele retrata os judeus como "ex-canibais, treinados para ser
agentes de negócios da sociedade". O nazismo, que viria a dominar a
Alemanha apenas no século 20, elegeu o compositor como um exemplo da
superioridade da música e do intelecto alemão.

No auge da fama, Wagner morre devido a problemas no coração, em 13 de


fevereiro de 1883. Foi enterrado na sua própria casa em Bayreuth, em um
túmulo por ele mesmo construído.
Wagner, o gênio musical e o antissemitismo
DA DEUTSCHE WELLE

Zurique, ano de 1850. "O judeu", escreveu Richard Wagner, seria por si próprio
"incapaz de se expressar artisticamente". Tal expressão, de acordo com um dos
compositores mais famosos da história alemã, não funcionaria "nem pela aparência [do
judeu], nem pela sua linguagem, e muito menos através de seu repertório musical".

O judeu, segundo Wagner, que completaria 200 anos nesta quarta-feira (22), só seria
mesmo capaz de copiar arte. Em seu panfleto "O judaísmo na Música", ele não
escondeu o seu desprezo. Quando Wagner publicou essas linhas sob pseudônimo numa
revista de música, ele ainda não era conhecido fora do público especializado e vivia
modestamente na Suíça.

Somente mais tarde Wagner viria a se tornar o admirado revolucionário da música, de


cuja pena surgiram óperas inebriantes como "O Anel dos Nibelungos". Até hoje, ele é
reverenciado em todo o mundo por sua brilhante obra. No bicentenário, a Alemanha o
celebra como artista.

Mas existe também esse lado feio de Wagner: ele menosprezava os judeus. Suas
convicções antissemitas se tornaram cada vez mais agressivas ao longo de sua vida.
Particularmente no Ano Richard Wagner 2013, a discussão em torno do legado
intelectual do compositor é importante para a compreensão de um capítulo sombrio da
história cultural alemã.

ANTISSEMITISMO: DOS PORÕES DE CERVEJA AOS SALÕES DA


BURGUESIA

Após a morte de Wagner, em 1883, o legado fatídico do antissemitismo sobreviveu. Sua


esposa, Cosima, e alguns descendentes tornaram o famoso Festival de Bayreuth
(centro-sul da Alemanha), que Wagner havia fundado enquanto vivo, num local de
exclusão de artistas judeus e num caldeirão de ideias racistas.

Mais tarde, os nazistas instrumentalizaram o compositor. Adolf Hitler adorava a


música de Wagner, que ele também respeitava como um dos pioneiros do
antissemitismo na Alemanha. Para os adversários racistas e nacionalistas do
modernismo na Alemanha, Wagner sempre foi uma referência importante.

O nome de um dos compositores mais famosos de seu tempo tinha peso. Wagner
contribuiu para tirar o antissemitismo do isolamento dos porões de cerveja e pequenas
publicações antissemitas, diz o especialista em teatro e literatura Jens Malte Fischer.
"Foi algo funesto e avassalador e que deve ser atribuído a ele." Fischer pesquisa há
vários anos sobre o compositor, tendo publicado recentemente um novo livro sobre o
músico.

Wagner não inventou o ódio ao judeus, afirma o cientista. Mas, num ponto, ele foi
pioneiro: "Ele transportou o antissemitismo da época para o campo da cultura e,
sobretudo, para o campo da música." Dessa forma, Wagner tornou o antissemitismo
algo aceitável nos salões da burguesia alemã.

QUE BASE TEM O ANTISSEMITISMO DE WAGNER?

O historiador Hannes Heer é o curador da exposição "Vozes Silenciadas. O Festival de


Bayreuth e os 'judeus' de 1876 a 1945", que pode ser vista em Bayreuth até o final de
2013. "No primeiro terço do século 19, viu-se a substituição do anti-judaísmo cristão
por um antissemitismo moderno", avalia Heer.

Desde essa época, o ódio aos judeus não é mais justificado por motivos religiosos, mas
por razões políticas e racistas. Escritores nazistas declararam os judeus como o suposto
inimigo de uma "nação alemã", surgiram organizações antijudaicas, houve motins
antissemitas. Essa corrente política e intelectual foi marcante para Wagner.

Típico para os autores da época era a ligação da crítica da modernidade ao


antissemitismo: os judeus seriam os protagonistas de uma nova era capitalista
industrial, que os escritores rejeitavam. Mas vivências pessoais também se refletiram
nas atitudes antissemitas de Wagner: no ano de 1840, ele foi para Paris, onde o jovem e
ambicioso compositor não teve sucesso.

O pesquisador de teatro e literatura Jens Malte Fischer explica que "ele teve a
impressão de que o mundo da música, no qual ele não teve êxito, estava em mãos
judaicas. O que naturalmente não era verdade." Wagner canalizou sua frustração nos
críticos, jornalistas de música e editores de origem judaica, que ele via como
responsáveis pelo seu fracasso.

AMOR, ÓDIO E PERSEGUIÇÃO

Em Paris, Wagner encontrou-se com o poeta Heinrich Heine, que ele admirava
inicialmente. Heine tinha origem judaica, mas se converteu ao protestantismo. Da
mesma forma, o dirigente de óperas Giacomo Meyerbeer, também alemão de origem
judaica, apoiou a carreira de Wagner. "Em cartas, Wagner mostrou-se altamente
agradecido por isso", constata Fischer.

De volta à Alemanha, Wagner travou, mais tarde, contatos com alemães abastados de
origem judaica, como o matemático e mecenas Alfred Pringsheim. Ele manteve até
mesmo uma troca de cartas com Pringsheim.
O pesquisador de antissemitismo Matthias Küntzel explica que "Wagner tinha uma
relação ambivalente com os judeus". Por um lado, ele os rejeitava. Por outro, consentia
que também fãs de origem judaica viessem a Bayreuth para admirá-lo. Aparentemente,
um passo pragmático --afinal de contas, eles contribuíam para encher os cofres do
compositor --o que não mudou, porém, a convicção antissemita de Wagner.

Também a relação com colegas judeus foi mais do que problemática, lembra Heer. Eles
somente foram tolerados por ele, como por exemplo o diretor de Parsifal, Hermann
Levi: "Infelizmente, Levi é o exemplo mais famoso de como Wagner atormentou os
judeus em seu entorno", diz Heer. O compositor queria forçar Levi a se batizar e o
aconselhou a fazê-lo por várias vezes.

Mas o dirigente não foi, de maneira alguma, o único músico que Wagner colocou sob
pressão psicológica. Após a morte do compositor, sob a égide de sua esposa e herdeira,
Cosima Wagner, a perseguição se tornou sistemática: os papéis eram ocupados quase
que exclusivamente por músicos não judeus.

Já durante a vida, a casa de Wagner se tornou um caldeirão de pessoas que nutriam


preconceitos antissemitas. Fischer destaca que "tinha de ser muito cego ou surdo quem
não soubesse, nas décadas de 1870 e 1880, que Wagner era um fervoroso antissemita".

É POSSÍVEL ADMIRAR WAGNER?

Certamente, os fãs de Wagner não eram nem cegos nem surdos. Eles admiravam
Wagner por suas grandiosas montagens teatrais. Resta a questão principal em torno da
figura de Wagner: é possível escutar Wagner sem levar em conta o antissemitismo? O
ódio ao judeus repercute também em seu trabalho de palco?

A maioria dos pesquisadores de Wagner afirma que não. Entre aqueles que pensam
diferente está Fischer. Ele diz que, apesar de Wagner não ter escrito nenhuma ópera
antissemita, sua atitude anti-judaica se reflete no caráter de alguns personagens:
"Existem em algumas de suas figuras referências subliminares que apontam para
estereótipos judeus, principalmente no anão Mime de 'O Anel dos Nibelungos' e no
crítico pedante Beckmesser de 'Os Mestres Cantores de Nuremberg'."

Ambas as figuras incorporam nas peças teatrais os oponentes das personagens


heroicas. Os contemporâneos de Wagner teria compreendido o "código antissemita"
embutido nesses papéis, explica Fischer.

Hoje em dia, as peças de Wagner não são mais vistas como antissemitas. "Quando se
encena Wagner, atualmente, não se trata de obras com conotação antissemita, mas de
obras de um grande compositor e teatrólogo", sublinha Heer. Gênio musical e inimigo
dos judeus --Richard Wagner continua a ser uma das mais controversas grandezas do
pensamento alemão.

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