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Cap. 2 – O Espaço Geográfico: Fonte Material e não Formal do Direito (32 a 68 p).
(PRINCÍPIO DA
OBJETOS FÍSICOS – Coisas, corpos físicos São espaço-temporais CAUSALIDADE)
(qualidade intrínseca: extensão
e consequentemente resistência
ao sujeito que os conhece)
Fonte: Adaptado Miguel Reale, Filosofia de Direito apud Ricardo Mentes A.J.
Conforme você observou na Tabela, temos que: O Objeto Técnico é o Objeto Cultural
(formado pelos três elementos psíquicos, físicos e naturais) que são valores (Dever-Ser)
e produções de um mundo histórico cultural que surge enquanto ser ou não valorado
(Deve-ser), ou seja, num dado período histórico e cultural.
Os Objetos Técnicos são formados pela psique (mente), física (força) e lógica (sistema).
Com isto, atualmente, graças a Tecnologia e avanço moderno, temos o conceito de
Tecnoesfera e Psicoesfera (estas palavras demonstram que a técnica não é apenas a
realizada pelo homem e sim também pela Tecnologia). A Tecnoesfera junto com a
Psicoesfera são recursos usados no meio científico-técnico para produzir a Razão,
Irracionalidade e Contrarracionalidade.
Obs.: A Ciência Moderna contribuiu ainda mais para diferenciar Norma e Geografia ou
Forma geográfica.
1
Max Sorre chama a interação da Norma e Território de Geografia do Direito. É
fundamental o Geógrafo conhecer o Direito.
As Nomas Jurídicas pela forma se Territorializam, enquanto que as Normas Morais pela
estrutura se Territorializam (estruturação do Territorio). Lembre-se que a Norma jurídica,
mesmo sendo parte da moral, faz parte dela.
As Normas jurídicas produzem formas geográficas ou são produzidas por elas, para
realizar funções diferentes na divisão social e territorial do Trabalho. Ex.: A propriedade
privada, os estados federados, são formas jurídicas e também geográficas. Outro exemplo,
de cunho histórico, é do Brasil Colonial, que era como uma ilha de economia, tendo a
Bahia como a região cacaueira devido ao clima tropical e centralização do poder.
OS SISTEMAS JURÍDICOS E O TERRITÓRIO – RELAÇÃO DO DIREITO E A
GEOGRAFIA:
O Território é entendido como fonte material e não formal do Direito (ordenamento
jurídico) tendo como base, por exemplo, um Parque de preservação (parcela do espaço
geográfico) que exige criação de normas para proteção (conservação das pessoas) e
conservação natural da área.
Obs.: Esta relação do espaço geográfico e normas apresenta objetos técnicos (Técnica)
que não precisam ser Normas jurídicas, como as leis de ocupação do solo ou fixação de
atividades.
O Sistema Jurídico (normas jurídicas e não jurídicas) que existe dentro do Espaço
geográfico (forma geográfica) pode ser civil-law (leis) ou common-law (costumeiro). No
Brasil (Direito romano-germânico – ou seja codificado) temos enormes matérias (setores
jurídicos) para regular vários direitos e sistemas abertos (não-jurídico) como direito das
favelas, instituições, empresas e etc.
OS SISTEMAS ROMANO-GERMÂNICO E COMMON LAW: A DISTINÇÃO
DOS FEDERALISMOS NA ESTRUTURAÇÃO DO TERRITÓRIO:
Direito e a Norma na concepção de Milton Santos e Boaventura Souza dos Santos,
conforme vimos no início deste resumo; possuem como atributos ou dimensões a retorica,
burocracia e coerção (segundo Santos) ou comunicação, sistêmica e repressão (segundo
Boaventura de Souza Santos). O common law é mais comunicativo; o romano-germânico,
mais repressivo.2
MODO DE OPERAÇÃO DAS DIMENSÕES DO TERRITÓRIO NORMADO: No
Direito Administrativo, por exemplo, a dimensão burocrática é mais forte, porque a
retórica é restrita e técnica; e a coerção é forte, mas invisível e onipresente. No Direito
Civil, a repressão se destaca, depois a burocracia e por fim, a retorica é reduzida ao
Código e rigidez.
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2
Isso já não se aplica aos códigos e às leis que constituem o modelo romano-germânico.
Dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei; deve cumprir-se. No mais das vezes, caem em
desuso.
MODO DE PRODUÇÃO JURÍDICO: Cabe, a esta altura, frisar dois aspectos sobre o
modo de produção jurídico:
a) O território e todas as formas de técnicas nele contidas são produtores de normas, as
quais se incorporam, por sua vez, ao sistema jurídico (normas jurídicas e não jurídicas se
misturam e se diferenciam conforme o sistema).
b) A noção de soberania é uma espécie de pedra fundamental dos sistemas jurídicos
nacionais e internacional (respeito interno e externo entre nações).
TESE DO ESPAÇO GEOGRAFICO PRODUTOR DE NORMAS JURIDICAS E
NÃO JURIDICAS – RICARDO MENTES ANTAS JUNIOR.
O autor do Livro Estado, Território e Regulação, termina sua Tese afirmando que por
inversão o Espaço geográfico fonte material e não-formal do Direito. Deste modo, todos
os agentes, até mesmos os mais dominantes ou hegemônicos como empresários
corporativos, atuam no sistema jurídico (cuja função é regular o Território, ou seja, o
espaço geográfico delimitado pelo Estado e fronteiras).
Obs.: Embora muitas Normas jurídicas sejam criadas unilateralmente, o Território sempre
tem uma resposta ou alternativa criando outras Normas (soluções para regular ou
controlar). Mas o Território Nacional não perdeu a fonte primaria de Direito – na verdade
o próprio Ricardo Mentes A. J afirma que devemos fazer ressalvas ou considerações –
isto quer dizer que setores comerciais muito desenvolvidos na comunicação e
mundialização da economia tendem a crescerem mais e serem corporações multinacionais
com força equivalente (igual) ao Estado – Você meu amigo ou amiga, pode verificar o
fato relatado nas palavras que se encontram na conclusão abaixo:
CONCLUSÃO: Nas palavras do Ricardo Mentes Antas Júnior (autor do Livro): ‘‘Ora, o
discurso do Estado sobre sua condição de única instância capaz de regular o território
através de sua hegemonia soberana funda-se em um poder mítico e hereditário para extrair
riquezas das extensões territoriais. Ao contrário, o que passaremos a denominar aqui de
hegemonia corporativa ou de corporações hegemônicas se vale do poder disciplinar para
constituir redes (hoje estabelecidas em escala planetária) com vistas a extrair as riquezas
segundo outro princípio, a saber, sobre pontos específicos da superfície terrestre,
constituindo, assim, uma fonte de poder com pretensões de regular o território juntamente
com o Estado territorial’’.3
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3
Diferencie hegemonia e território (para aprofundar no problema da Tese do Pluralismo
jurídico – cf. Cap. 3, 4 e 5 sobre História dos sistemas jurídicos e suas formações
socioespaciais).