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confissões in extremis, batéis superlotados, ocidental nos séculos XVI e XVII". ln; Noya
marinheiros a desafiar capitães, gritos, história e Novo Mundo. Trad. São Paulo, Perspecriva,
assassinatos; tentativas, por vezes vãs, de I969, pp.9I-I06.
organizar os escolhidos para os batéis
segundo os critérios do Antigo Regime,
priorizando-se os nobres e clérigos e
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particulari zadas muiro lenramenre. Mas entre I77O e I85O. Para as ourras áreas do
indicavam menos a identidade étnica do que a Brasil, teria havido, basicamenre, os primeiros
procedência do porto de embarque ou a dois ciclos, o da Guiné e o do eixo Congo-
região genérica de onde provinham, Noutros Angola, que perduraria até o fim do tráfico,
casos, as designações exprimiam aparentes em I85o. Quanto aos escrevos que muitos
semelhanças que os colonos julgavam ver em identificam como sendo de origem nagô,
determinado grupo de cativos ou resuhavam concenrrados na Bahia, o assunro é polêmico.
de nomes que os próprios cativos usavam Foi a partir da consolidação do reino do
para idenrificar sua origem, procedência ou Daomé, baseada no comércio de escravos de
nação. Foi o caso, por exemplo, dos "pretos inícios do século XVIII, que houve a maciça
mina", assim denominados os que provinham entrada, na Bahia, de povos de língua ewe,
da costa da Mina e de seus arredores, mas denominada jeje, e de língua ioruba,
que egregavem ume enormidade de povos, genericamente indicada como nagô. Nagô é,
entre eles os de língue ewe (chamados jejes,
Portanto, um termo que abrange várias etnias
na Bahia), ioruba (oriundos do reino de Ifé) e já, era usado no século XVIII, talvez
e fon. Certo documenro inquisitorial relativo oriundo da designação que os daomeanos (de
à Bahia, de fins do século XVI, designou língua ewe) davam aos povos de língua
alguns africanos arravés de nomes que ioruba. Os indicados como nagô se referiam à
ilustram muito bem a imprecisão e os sua origem nagô acrescida do nome da cidade
critérios de identificação. Nele aparecem de onde
Bastião, negro da Guiné, Antônio Arda,
Antônio Molec, Pedro Angico, Rodrigo
Angola, Joane Angico, Duarte Angola, utilizavam
Cristóvão Angola, "rodos negros da Guiné", expressões
segundo o documento, em contraste com
Francisco da Terra e Manuel da Terra,
cativos igualmente, porém índios. Negros da
Guiné e negros da terra eram as duas
expressões usadas no Brasil quinhentisra para
diferenciar os escrevos africanos dos
indígenas.
Num dos estudos mais detalhados sobre
o tráfico africano pera a Bahia, Pierre
Verger destaca quacro fases do tráfico em
conexão com â origem dos escravos: I) o
ciclo da Guiné, durante a segunda metade do
século XVI; 2) o ciclo de Angola e do
Congo, no século XVII; 3) o ciclo da costa
da Mina, durante os rrês primeiros quarréis
do século XVIII; 4) o ciclo da baía de Benin,
guerras na condição de escrauos e, segundo do tráJico atlântico entre a ÁJrica e o Rio de Janriro. Rio
alguns estudos, tais rivalidades foram usadas de Janeiro, Arquivo Nacional, t995;
pelos senhores para obstar solidariedades e MEDEIRO S, F . L'occident et I 'Afriquz. Paris,
revoltas. Tradicionalmente, a historiografia Karthala, I985; SLENES, R. "Malungu, Ngoma
registrou as tensões mais freqüentes entre veml: África coberta e descoberta no Brasil". In:
escravos congo-engolanos e os minas, de um Redescobrir os descobrimentos. São Paulo, Revista da
lado, e entre crioulos (escravos nascidos no USP, n. 12, I99l-92; VERGER , P. Fluxo e rejuxo
Brasil) e os nascido, .r" Áfri.a, de outro. do tráJico àe escravos entre o gofo de Benin e a Babia ãe
Outros estudos ressaltam, pelo contrário, as Todos os Santos àos sículos XVil a XIX (t068). Trad.
identidades criadas a partir da vida como lu ed. São Paulo, Corrupio, I98l.
escravo, superando-se a diversidade étnico-
lingüística. Há indicações de que, ao menos
entre os da região congo-angolana, a
exclusivamente à subsistência, jamais à crise do Antigo Sistema Colonial. São Paulo, Hucirec,
acumulação. Schwartz analisou ainda as I979; SCHWARTZ, S. Segredos internos (rgB:)
formas encontredâs pelos portugueses para Trad. São Paulo, Companhia das Letras, I988.
integrar os nativos nos empreendimentos
coloniais e delimitou as possíveis interações
do índio com a colonização. Os índios
poderiam ser escravos, como defendiam os &t Nova Lusitânia
colonos; ou camponeses, seguindo os
interesses dos jesuítas e de outras ordens Nome pelo qual ficou conhecida durante
religiosas; ou ainda incegrados algum tempo a capitania de Pernambuco,
individualmente como trabalhadores doada a Duarte Coelho por el-rei D. João III,
assalariados em um mercado capitalista auto- em I5 )4.Foí considerada pela historiografia
regulável. Mas o fato é que, com a tradicional como uma das duas únicas
implantaçã o da plantation açucareira à base da capitanias ao lado de São Vicente, no litoral
escravidão negra, os "negros da terra"
-
sudeste que prosperâram no Brasil ecé que
tornaram-se indispensár,eis aos
-
fosse estabelecido o governo geral, em I549.
empreendimentos agrícolas de regiões Inúmeras diferenças afastavam, porém, as