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TRILOGIA
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aparelhos que utiliza quando em missão, são por ele mesmo criados.
Infelizmente, até hoje nenhum ainda foi patenteado. Ele alega que é por
falta de tempo, pois não tem paciência de ir à cata de um patrocinador.
Assim, ambos, graças às suas indiscutíveis técnicas mentais e materiais,
foram selecionados para atuarem nos “Arquivos F” , banco de dados
composto somente de casos enigmáticos de difícil solução, para, no
mínimo, obterem um resultado convincente, ou plausível.
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use seus poderes psíquicos e você, Pedro, utilize seus aparelhos! Boa
sorte!” Quando Phyllis e Pedro chegaram na Casa Paroquial, o Padre
parecia estar em choque. De sua boca trêmula, saía: “O tempo! O
tempo!... Que fazem aí?! Cuidado!!! Ahhhhhhhhh!!!!!!”
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e perguntou algo como ‘o que fazem aí’, depois gritou ‘cuidado’. Isto ainda
não nos foi explicado. Lembra de alguma coisa?”, indagou Pedro,
ajustando o seu “geiger”, agora com o ponteiro posicionado e fixo no lado
esquerdo.
“Não me lembro de nada. Agora com licença, pois tenho mais o que
fazer. Minha sacristã, a América, me espera para que possamos resolver
outros assuntos paroquiais. Apesar do meu estado, ainda consigo fazer
coisas... Passar bem!”, finalizou o assunto, revelando-se preocupado e
desconfiado, bem como estar escondendo alguma coisa.
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II
“E olha que o ‘flash’ que você acaba de ter, não durou mais do que
30 segundos. Vamos agora à casa da três irmãs. Nisso, o celular de Pedro
toca. É o Diretor Paulo Cunha: “Pedro, o Padre Sérgio Ventura acaba de
ligar e diz que acabou de ter um sonho enigmático, porém, revelador.
Para ele, somente a Phyllis poderá lhe dar maiores explicações! Rumem-
se para lá agora mesmo! Depois, voltem à agência, pois temos mais
novidades!”
“Quem é você, o que sabe e por que fala assim?”, diz Phyllis um
pouco assustada com a repentina intromissão daquela pessoa. Ela
desconfiava que já o conhecia de algum lugar.
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surpreende-se Pedro, assustado por aquela inusitada e inesperada
presença.
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Nessa hora exata, Francisca América olha para a maçaneta. Aos
poucos ela vai rodando e a porta vai se abrindo...A Sacristã dá um grito
desesperado. O Padre e os agentes correm para ver o que era...
Assustados, vêem que se trata da estranha pessoa que haviam visto na
pracinha e nas paisagens misteriosas...
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interrompe preocupada e curiosamente Phyllis. A essa altura, o “geiger”
de Pedro está inexplicavelmente parado e ele não pode entender o por
quê.
“Uma vez mais, devo assegurar-lhes que esses seres materiais não
existiram no tempo em que afirmam. Por causa de uma ainda inexplicada
falha dimensional, houve uma ruptura temporal que sugou aqueles seres
e...”
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Pouco tempo depois, Cunha abre a porta principal daquela casa...e
toma um grande susto!
Está tudo vazio. Nenhum sinal de que alguém havia estado naquele
lugar, pois tudo estava arrumado, como se nada tivesse acontecido. De
repente, adentra a sala, a Sacristã Francisca América. Preocupada,
exclamou para o Diretor Paulo Cunha, perscrutando o ambiente: “Onde
estão o Padre Ventura e os dois agentes que há pouco conversavam com
uma pessoa um tanto estranha? Resolvi voltar porque esqueci minha bolsa
aqui, pois saí apavorada ao me deparar com os cabelos brancos do Padre
e todo aquele tumulto causado pela presença dessa pessoa!”
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“Assim como a sombra sobre uma parede forma uma projeção
bidimensional de uma realidade de três dimensões, também os fenômenos
do ‘continuum’ espaço-tempo poderão ser projeções quadridimensionais
de realidades que, de fato, ocupam mais de quatro dimensões...”
“Ser misterioso. O que quer dizer com isso? Que influência possamos
ter exercido?”, disse o Padre, ainda irritado e surpreso com tantas e
“estranhas verdades”.
“Vocês invadiram a faixa que não lhes era permitido, receio que a
permuta é irreversível e... necessária...”
“Ei, vá abrindo logo o jogo. Por acaso está querendo nos trocar pelas
três beatas?!”, indagou Pedro, procurando deduzir quais seriam as
intenções do ser.
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III
“É mesmo. Repare que falam e olham toda hora para o altar, como
que se esperassem algo...”, observou, demonstrando uma certa
curiosidade, Ana Maria, habitualmente de acordo com a irmã mais velha.
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Susto geral. O Padre colocou sua mão direita sobre o próprio
coração, apoiou-se no altar e caiu estatelado ao chão. Tumulto. Todos
correram até ele. As irmãs, que estavam próximas, foram as primeiras a
socorrê-lo.
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que tanto já lhes falei e adverti, há muitos futuros reservados para seu
planeta. As profecias que tanto dão ouvidos são justamente esses futuros.
O seu livre-arbítrio é que vai determinar a sua realização ou não!”, disse
mansamente o ser que já fazia tempo que lhes advertia sobre o perigo de
“aviltar as leis dimensionais”, clamando-lhes a abandonar o caso.
Poderiam ser aquelas palavras sinônimo de esperança?
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“Estou confuso. Meus princípios religiosos certamente não me
permitirão que eu acate tudo isto. Portanto, não irei confiar nessa intuição,
por achar que ela não condiz com as minhas convicções! Que faço?,
questionou o Padre Sérgio, bastante alarmado com a iminência da sua
eventual recusa ao “chamado”.
“Já o disse. Todos serão como são. Nada mudará. Apenas o tempo
será outro. Formiga terá os mesmos costumes, os mesmos habitantes, as
mesmas ruas, tudo continuará igual. Só o destino é diferente, pois ele
depende da vontade humana, conforme enfatizei tantas vezes. Seu
planeta ainda está preso à essa vontade. O ser humano não possui
disciplina própria para ser regido pelas leis universais. Os planetas mais
desenvolvidos são controlados porque seus habitantes são evoluídos e
podem seguir os ditames regidos pela Grande Energia, aquela que vocês
chamam de Deus. Enfim, passo-lhes agora a missão para que possam
voltar ao espaço-tempo que desejam...”
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vez que não pertencem àquele tempo. Farão tudo isto, porém,
inconscientemente, pois será uma ação intuitiva. Portanto, só dependerá
de seu arbítrio para que tudo isto aconteça. No mais, não se esqueçam: a
maior aventura de suas vidas está apenas começando!...”
“Como soube que isto tem acontecido de fato? Por acaso, alguém já
presenciou tais prodígios?”, indagou Phyllis, com a sua peculiar
curiosidade.
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“Conte conosco, Padre Sérgio, iremos à igreja no domingo cedo com
muito orgulho! Não podemos faltar a esse importante evento. Nossas
almas estão regozijadas por tamanha honra!”, disse orgulhosamente a
mais velha das irmãs, Etelvina, sendo apoiada fervorosamente pelas
outras duas. Como sempre.
“Este ficus não está satisfeito de ficar aqui nesta rua. Ele me pede
para ser transferido para a praça Getúlio Vargas, perto do Cine Glória. Diz
que lá tem muita poluição por causa do excesso de carros que passam
naquele lugar e, por isso precisa ajudar a limpar o ar! Vamos, Evandro e
Ronaldo, ajudem-me a desenterrá-lo!”
IV
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vista o caráter inusitado do acontecimento, os três foram logo transferidos
para a CIF.
“A pessoa que pode nos dar mais informações, ou ser o canal delas é
a Fiorella!”, lembrou Phyllis, referindo-se à famosa sensitiva italiana.
Ambos, então foram para o laboratório, a fim de contactar a médium..
“Ele está confuso como nós, senhor, é que a falta de comida nos
deixa um pouco fora do ar!”, despistou o mendigo Ronaldo. Este, de
cabeça um tanto desproporcional ao corpo que tinha, possivelmente, por
causa de sua inteligência.
“Um pouco? Bem, deixa para lá. Você estão liberados. E não tentem
fazer o que fizeram, senão voltarão para o xadrez da Polícia, ouviram
bem?”, finalizou o Diretor.
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sempre?”, falou Fiorella Antarulli, a sensitiva italiana, misturando italiano
com português.
“Esta cidade não é tão pacata assim como você imagina! Fatos
estranhos...”
“Si, si. Non precisa concluir. Pelo che parla uno amice espirituale, os
tre bambini che manipulam o clima, anche parla com las plantas, non
pertencem a questa dimensione! Loro eston em questa cittá por
accidente de percurso, ecco...”
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“Vamos com calma, Phyllis. Explique-se sem se apavorar!”, falou o
agente Pedro.
“Faça o que bem entender. Eu não posso ir com você, pois estou
tendo problemas com meu aurômetro, que não está nada confiável. Não
acreditei naquele tal de Marden...”
Saudada por Ana Maria e pela irritadiça cadela Lili, Phyllis entrou na
casa das irmãs e, antes de começar a falar, esperou pelas outras duas,
que estavam no quintal aguando as plantas. “Minhas caras amigas. Serei
objetiva no que tenho para lhes dizer: por favor, infelizmente vocês não
podem e não devem ir à igreja amanhã cedo!” “Como não? Já está tudo
preparado! O Padre Sérgio está contando com a nossa imprescindível
colaboração. Não podemos faltar-lhe o apoio logo agora! Temos que
coordenar a distribuição de alimentos que acontecerá logo após a missa
das oito! Seria uma heresia não comparecermos. Nem precisa dizer o por
quê você nos pede isto, pois nossas obrigações para com Deus são mais
importantes do que qualquer coisa!”, esbravejou Maria Etelvina, exibindo
todo o seu radicalismo.
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Sem responder nada, Phyllis tentou se relaxar e foi assistir TV.
Estava terminando um documentário sobre os famosos Códigos Secretos
da Bíblia. O narrador finalizou o programa.
“Então não vá à igreja, porque quando você prevê algo, vai dar em
gafe!”, caçoou o nervoso e preocupado mendigo Evandro. Por outro lado, o
pacífico mendigo Silvério, o mais condescendente dos três, resolveu
defender o amigo.
“Pena que ainda tem a missa. Espero que o Padreco não nos peça
de novo para ajudá-lo a recolher o dízimo. Já estou farto disso!”, reclamou
o mendigo Evandro, sempre de pavio curto.Assim, os três foram para a
igreja. A fila para entrar já estava longa. Cada um que chegava, recebia
uma senha das mãos de Francisca América, a taciturna sacristã
divinopolitana que ajudava o Padre em seus afazeres paroquiais.
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“Meu coração está muito feliz! Vamos ajudar nosso querido Pároco a
ajudar o próximo!”, exultou-se em lágrimas, Maria Regina, sempre muito
poética e emotiva.
EPÍLOGO
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Nesse espaço de tempo, os agentes Phyllis e Pedro já estavam
postados à porta do templo, esperando pelas irmãs. Viram então os
mendigos na fila.
“Ah, vejo que está mais convencido da veracidade de tudo isto, não?
O que o levou a acreditar em mim?”,
Logo atrás delas, estavam os dois agentes da CIF. A idéia para fazê-
las sentar em outro lugar ainda não surgira. As beatas então se dirigiram
para o fatídico local, que era, na verdade, uma passagem para a quarta
dimensão! O tempo corria...célere...
“Já sei, Phyllis. Primeiro, diga aos mendigos que não precisam mais
ajudar o Padre no recolhimento do dízimo. Depois, eu lhes digo que
aquelas três beatas têm uma surpresa para eles. Vá rápido, enquanto há
vagas ao lado delas!” O relógio marcava cinco para as oito.
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Convencido daquilo ser verdade, por causa da intuição do
companheiro Ronaldo, o mendigo Evandro puxou os outros dois amigos e
sentou-se ao lado das beatas.
Quando isto aconteceu, Maria Etelvina, a mais radical, também com
a higiene, deu de ombros e virou o rosto, cochichando às irmãs,
demonstrando seu nojo: “Saiamos daqui, este cheiro de xixi me enjoa.
Que Deus me perdoe...”
“Você está muito incomodada, Etel. Não há nada aqui...”, disse Ana
Maria à irmã, exigindo que se comportasse naquele sacro ambiente.
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emoções; com o ódio, o ciúme, o amor, a inveja, atração e a repulsa. Têm
que aprender a respeito de seu próprio corpo e de seu estado consciente
e inconsciente. Tudo isto é necessário aprender, antes que possam
superar os pesares que a ignorância e a materialidade colocam em seus
ombros. Quando isto acontecer, o seu futuro não precisará ser
constantemente mudado, pois ele não só pertencerá a Deus, mas a vocês
próprios...
do Nicholas, aquele ser que sempre falou com vocês: neste e nos
outros tempos.”
FIM DO 1º EPISÓDIO
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2 - A SEDE DA ALMA
I
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correremos o risco de ficar à margem. É isto que não desejo. Temos que
resolver o mistério já!
“Parem já com esta experiência! Meu filho não pode sofrer mais!
Parem!” , gritou desorientada, Carolina, a mãe do garoto Francisco
Augusto.
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“O que quer dizer com isso, Phyllis, não seria por causa do Natal ?”
“Pois não. O fato é que Camilo sempre foi um guri esperto. Ficou
desaparecido durante este tempo que o senhor falou. Passou a ter
constantes delírios seguidos de febre, que só é controlada com remédios.
Notei, porém, que ele sempre está desenhando isto aqui...”. D. Andréa
mostrou-lhes o esboço de uma árvore, cujos galhos saíam folhas em
forma de olho.
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“Socorro! O que está acontecendo aqui?” Já era tarde demais...
“Quem são vocês?”, Phyllis recuara para perto de uma cama,
enquanto olhava para duas silhuetas na penumbra de um cubículo sem
janelas.
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um dos meninos, sua mãe nos deu este desenho que ele persiste em fazer
sistematicamente...Veja.”
“Bem, pelo que posso imaginar, é óbvio que há alguma relação com
os olhos. Todavia, por que há tantos olhos brotando de uma só árvore?
Camilo, o garoto divinopolitano desenhou isto. Por outro lado, Francisco
Augusto, daqui de Formiga, disse que seu ouvido ia sangrar, o que não foi
constatado pelos médicos. Não há conexão... Pelo menos por enquanto!”
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Aos poucos, Phyllis foi recobrando o seu controle mental, mas,
concentrar-se ainda era difícil. As idéias, contudo, se ordenavam e ela
pôde se recordar daquela inusitada pessoa, responsável pela matéria
Visão Remota, de quando estagiou na América, atendendo às exigências
da CIF. Uma espécie de calafrio percorria-lhe a espinha. Era uma
explicável sensação. Mas que diabos, pensou, estava fazendo ali e por que
merecia aquele tratamento? Ainda, por que fora raptada? Tentou dominar
a emoção e tornou a indagar o seu interlocutor.
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“Diretor, a Dra. Nicole, acompanhada dos professores Michel e
Fernando, anuncia a sua chegada. Faço-os entrar?”
“Chegou a hora, cara Phyllis! Agora, você doará a sua sede da alma!
Atenção, apaguem todas as luzes! É chegado o momento crucial de
nossas experiências!”, bradou com todas as suas forças o sinistro
Professor Nestor...
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Apesar do céu cheio de estrelas, a escuridão era plena. Phyllis
sentiu um líquido viscoso escorrer-lhe de seu ouvido direito. Mesmo sem
dor, ficou alarmada e gritou.
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ficam constantes. Tudo isso resulta em confusão mental, que se
assemelha ao retardamento. Em suma, perde-se a noção de tempo e
espaço...!”
“Porém, até agora ainda não temos idéia do motivo pelo qual os
garotos tiveram a pineal retirada. Esse diminuto corpúsculo, tem a
dimensão aproximada de um grão de arroz. Passa facilmente pelo
ouvido...”, finalizou o professor Fernando.
“Pronto. A primeira fase da experiência está completa. Levem-na
Phyllis daqui! Ela está fraca. Amanhã, complementaremos a
transmigração!”, ordenou o sinistro professor Nestor.
Francisco Augusto estava tendo mais uma de suas crises. Sua mãe,
a humilde dona de casa, Carolina, tratou de ligar para Pedro, pois o delírio
do garoto agora estava sem controle. Foi a conta. No exato momento em
que Pedro chegava à casa do menino, este em meio a uma convulsão,
gritava: “Está de braços abertos! É um túnel... muito escuro... a placa
PCM; potes, fios, cores... Meu ouvido está machucado! Sai sangue! Não!”,
em seguida desmaiou.
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“Hum, o que será que está de braços abertos? De novo surge a sigla
PCM...”. Pensativo, folheou um mapa turístico da cidade de Formiga. Na
capa, vislumbrou a pista que poderia dar a resposta às suas indagações.
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mistério!”, falou entre pausas, Pedro, mas deixando Cabral ciente da
situação e também cônscio do perigo iminente.
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“A sede de sua alma, minha prezada reprodutora psíquica, vai se
tornar a sede de minha força mental! Aliada às outras pineais, o estoque
de pinolina jamais me faltará! Terei o maior poder de todos os poderes:
uma super-mente! O mundo se curvará diante de meus prodígios e nada
será mais impossível de ser realizado! Esta máquina é o maior invento da
humanidade! O Programa de Controle Mental vai começar! É o advento da
Nova Era!”
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O som se foi, mas a imagem ainda permanecia no monitor. Pedro e
Cabral ficaram desesperados, porque era visível que o espectro projetado
ainda dizia algo.
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“Ei, veja, Pedro, a imagem daquele outro Ser voltou! Bem na hora,
pois já ia desligar o monitor!”, exclamou com alegria o pesquisador Cabral.
Phyllis não sabia para que lado ir. O perigo estava dentro e fora do
cativeiro.
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companheira estava passando, foi logo perguntando como conseguira
escapar, já que em volta do covil havia um denso campo de força que,
segundo as palavras de Cabral, “poderia até mesmo desintegrar um
espírito”, tamanha a sua potência energética.
“Foi o Ser de Marduk que comunicamos há pouco que lhe passou tal
mensagem, minha cara amiga!”, regozijou-se orgulhosamente, Cabral,
vendo o quão fora importante para a salvação da agente.
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entranhas cerebrais. Sem mais, nem menos, surge em sua cabeça uma
forma humana. O aviso foi lacônico e contundente.
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EPÍLOGO
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“As atividades da pineal, direta ou indiretamente, reagem à luz do
ambiente. É, pois, uma glândula que liga o ambiente com todo o sistema
endócrino através dos olhos e outros órgãos de percepção. Assim, suas
atividades estão ligadas à luz, ocorrendo com maior intensidade quando
se está dormindo, de olhos fechados e quando o cérebro está em estado
letárgico. Dois terços das experiências psíquicas ocorrem nesse
período...”, Pedro interrompe:
“Afinal como pretendia transferir as potencialidades mentais de
Phyllis e dos outros garotos? Somente a pinolina seria suficiente?
“Este foi o meu maior erro. Como já disse, fui advertido por uma
entidade e pela própria Phyllis dessa impossibilidade, pois o processo de
transferência mental ainda não foi descoberto exatamente. Há teorias,
contudo, que prevêem tal eventualidade, mas nada foi comprovado, ou
ainda não foi conseguido pelos outros cientistas. No futuro, poderemos,
sim, transportarmos nossas mentes para outros cérebros, tal como ocorre
num computador, que transfere seus arquivos para outro computador.
Poderíamos ‘assentar’ temporariamente nossas mentes em outras pineais
e vivenciarmos a vida em outro corpo! Meu invento foi o inverso: queria
obter somente a substância da pineal, que na verdade não reage sem a
mente! Estou arrependido!!!”
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Deste “causo” formiguense, lições foram assimiladas: Phyllis
compreendeu novamente o quão importante é a evolução mental e suas
habilidades decorrentes; Pedro também pôde, uma vez mais, contar com
seu aparato tecno-eletrônico para o auxílio físico e não-físico; Cabral e
Fiorella tiveram o importante auxílio de seus amigos do Outro Lado que
lhes mostraram o caminho para as soluções dentro do permitido pelas Leis
Cósmicas e, finalmente, o Professor Nestor verificou que havia extrapolado
e, portanto, ultrapassado os limites de seu livre-arbítrio, pois infrigiu uma
regra elementar, porém sagrada: “Ninguém pode dar o passo além do
alcance de sua perna...”.
FIM DO 2º EPISÓDIO
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3 - SALTO QUÂNTICO
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TV e secretárias eletrônicas, totalmente remodelados, prontos para a
transcomunicação, fato que mudará definitivamente o rumo da
investigação criminal, seja ela de ordem física ou extrafísica...”, disse com
ênfase e orgulho, o português Cabral, mostrando a todos os presentes os
aparelhos que, de fato, iriam nortear a inteligência de maneira jamais
concebida antes. Era dado o passo inicial para o fim do crime psíquico!
Com a peculiar calma de volta, mas sem entender muito bem o que
acabara de acontecer, ela concluiu seu pequeno trabalho facial, recolocou
a maquiagem na bolsa e retornou para o auditório.
Quando pôs seu rosto para fora da porta, tomou um susto incomum.
O que estava acontecendo? Estava em outro lugar?! O que se via eram
plantas e mais plantas de variadas espécies! Podia ver o céu pelo teto
transparente! Que lugar era este?
Phyllis, então tateou a parede para se certificar que aquilo não era
um sonho, tampouco uma viagem extracorpórea, como estava
acostumada a fazer de quando em quando. Verificou, finalmente, que a
cena era de fato a mais concreta realidade. Contudo, experiência
semelhante jamais tivera antes. Já, sim, tivera sensações de transporte
como esta, mas sempre fora de seu corpo físico, nunca com ele!
“Tudo indica que saltei fora do meu espaço-tempo. Mas, desta vez
vejo que não estou projetada só mentalmente! Meu corpo está comigo e
posso sentí-lo. Conheço muito bem este sentimento, pois o peso corporal é
óbvio! Puxa, agora estou ultrapassando os limites da ponderabilidade! De
repente, estou num lugar igual em formas, mas diferente em conteúdo!
Sei que estou no antigo Cine Glória, vejo pela construção... mas tudo aqui
dentro é diferente do que era há pouco!”, balbuciava consigo mesma,
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enquanto apalpava em tudo que via e sentia. O local era uma grande
estufa. Plantas de variadas espécies davam o tom. O aroma de clorofila
estava forte. O teto era de vidro e o sol reluzia num céu muito azul. Phyllis,
então, caminhou até a porta que dava para a rua e teve outro susto: lá
estava a velha rua Barão de Piumhi! Todavia, com uma diferença! Carros
ultra-modernos cruzavam a agora larga avenida.
“Não entendo mais nada! Sei que estou em Formiga, mas nada é
igual. Os carros são de modelos que não conheço, alguns prédios são de
estilo futurista. Será que me transportei para o futuro?”
Eis que Phyllis sentiu um leve toque em seu ombro direito. Virou-se e
viu que era um senhor de idade, que emitia uma serenidade contagiante .
Antes que pudesse dizer qualquer coisa ou expor suas dúvidas, o senhor
lhe disse calma e mansamente.
“O que diz? Ainda há pouco, ela estava ao seu lado! Com certeza,
deve ter saído do cinema. Você deve ter se enganado!”, vociferou Paulo,
quase perdendo a sua peculiar calma.
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segredo que queriam da situação foi em vão, pois o repórter Marciel, do
semanário Nova Imprensa ouvira tudo...
“Mas, o que querem dizer com isso? Quem descobriu tudo? Agora,
teremos que dar explicações à sociedade formiguense, pois a agente é
muito bem conceituada na cidade! E se não progredirmos neste caso, as
agências de inteligência do País e do mundo vão nos cobrar! Se este caso
continuar na estaca zero como está, nossas cabeças podem rolar mesmo,
como vaticinou o jornal Nova Imprensa!” , gritou Paulo para todos os
agentes presentes em seu gabinete, desta vez, sem a habitual
complacência.
“Mas, o que vejo aqui: é o Fórum da cidade! Ainda intacto, tal como
o conheço!. A rua Silviano Brandão, sim, está toda modificada, cercada por
habitações ultra-modernas!”, disse em voz alta, para que o homem que a
acompanhava ouvisse. Porém, ele só deu um sorriso e nada disse. Então,
eles entraram no velho prédio.
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“Aqui funciona diariamente a Sessão da Plena Justiça, minha amiga
de outras eras. Felizmente, fui bafejado pelo sopro divino e posso espargir
um pouco de meu aprendizado com debates altamente profícuos.
Chamam-me Justiceiro Advíncula e devo revelar-lhe que você, conforme
já pôde notar, se encontra no século 22! Na verdade, está aqui por um
motivo bastante válido!”, disse-lhe o velho senhor, apontando para uma
cadeira, onde Phyllis se acomodou, preparando-se para ouvir mais
novidades.
“Não sei o que dizer disso tudo. Sinto meu corpo de fato e estou
certo de que não sonho, tampouco viajo em corpo astral. Vejo realmente
que me encontro na cidade de Formiga, mas em outro tempo, em outra
época, diferente da minha. Pergunto-lhe o por quê desta minha
transferência. Por que eu especificamente? Não haveria outros neste
tempo aptos a desempenhar a missão que querem de incumbir?”
“Calma, estimada agente... vamos por partes. Para não perturbar-lhe
ainda mais, devo-lhe explicações mais objetivas. Primeiramente, falarei
como e por quê foi feito o seu transporte no tempo. Como você já deve
saber, o tempo é mutante, isto é, os universos paralelos dos quais
fazemos parte, são perfeitamente transitórios. Você já aprendeu que os
Registros Akáshicos, aqueles que registram nossas ações presentes e
futuras aqui neste mundo, são passíveis de mudanças por causa do livre
arbítrio. É claro que nem tudo pode ser modificado, pois devem seguir
certas leis cósmicas, que são permanentes. Todavia, aquilo que pode ser
mudado, pode também gerar importante desequilíbrio, resultando numa
catástrofe de grandes proporções. Já que nos é facultado mudar,
resolvemos que você, que veio do passado, é a mais apropriada para esta
missão!”
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II
“Muito bem, caro Cabral. Precisamos que você entre logo em contato
com seus amigos de Marduk, ou outras estações interdimensionais, para
sabermos do paradeiro de Phyllis. Já procuramos em todos os lugares
possíveis e não houve resultado. E veja que após o caso Nestor (ver “Os
Arquivos F: A Sede da Alma”), nenhuma agulha some nesta cidade, sem
que possamos achá-la logo, porque, além de cada lugar ser por nós
minuciosamente monitorado, já vasculhamos cada metro quadrado daqui!
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Fora de nossa jurisdição, também não há vestígios de Phyllis. Só podemos
concluir, finalmente, que ela simplesmente sumiu. Conquanto, não
imaginamos como, tampouco para onde ela poderia ter ido! Além do
mais, a população da cidade e da redondeza está sabendo de tudo,
porque a notícia vazou. A pressão da mídia e das autoridades é grande.
“Oh, sim! Uma vez que me encontro no futuro, por certo já faço
parte da história, não?”, gracejou Phyllis, agora um pouco menos tensa,
pois estava se habituando com a nova situação. Ela queria era mais
explicações, a fim de poder se direcionar melhor nessa nova e inusitada
situação. “No linguajar dos cientistas que lidam com o assunto, ‘salto
quântico’ é a mudança de um padrão vibratório. No seu caso, você foi
teletransportada com a sua integridade molecular preservada. Em corpo e
alma, vulgarmente falando. Já temos máquinas que fazem isto neste
presente século 22, mas jamais o fizemos de um tempo para outro. Em
viagens astrais, por exemplo, somente o seu corpo astral é projetado...”
“Por que isto aconteceu logo no antigo Cine Glória e, não, em outro
local?”
Phyllis apoiou seu braço no queixo e procurou fixar seus olhos nos
olhos do Justiceiro Advíncula que, como de hábito, serenamente lhe
explicava o motivo de estar ali e como se processou a “viagem no tempo”.
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Era como uma vibrante música das esferas! Mesmo enlevada pela
atmosfera reinante, ela perquiriu-o: “Fui literalmente catapultada de meu
tempo e à minha revelia. Só gostaria de saber se esta missão não poderia
ser cumprida por outra pessoa, com percepções iguais ou mais adiantadas
do que as que tenho: o senhor, por exemplo... Enfim, por quê eu? Pode me
explicar melhor o que se passa e a razão deste pulo temporal?”
“Pronto... agora só nos resta selecionar as cobaias que irão nos doar
a matéria-prima necessária ao desenvolvimento do projeto. O ataque será
acompanhado do tempo presente, refletindo-se no futuro. Precisamos usar
as emanações, armazenando-as e controlando-as desta rede! Temos
memória de sobra para o intento?”
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certo de que ela não passou pela transição corporal definitiva. Sinto suas
vibrações fortes. Vós bem sabes, que tenho muita afinidade com ela, por
isso tal intuição é verdadeira! Podem se acomodar, porque vamos
começar agora a nossa caça!”
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devemos controlá-la, pois, como disse, os plasmas energéticos são
capazes de efeitos inimagináveis...”
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impede, porém, de vasculharmos até onde podemos alcançar. Estaremos
sintonizados para quando...”
III
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“Com esta arma infalível, poderemos, sim, dominar a tudo e a todos.
Os pensamentos-forma que criamos e que seguem aos nossos comandos
se encarregarão de ‘deletar’ para sempre a mente de cada um desta
cidade! Além disso, a camada de ozônio se romperá e o buraco será a
passagem para outras formas de outras dimensões. Dominaremos tudo!!!
A varredura vai começar aqui, por ser um ambiente bastante poluído, e
cuja atmosfera favorece às nossas ações!”
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sua genética propícia, você é a única que domina a técnica da
invisibilidade. Poderá agir diretamente do limbo, sem ser notada! Vá e
salve-nos a todos!”
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“Não entendo, ó pá! Recebo sinais estranhos. Ei, vejam a imagem
que está se formando no videocom! É um NVC! E parece familiar!”
“O que é NVC, caro Cabral? E pelo que vejo, o rosto projetado na tela
do computador, é mesmo da Phyllis! E ela gesticula muito!”, exclamou
Pedro.
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nosso tempo sofrerá as conseqüências, como se fosse uma reação em
cadeia...”
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para que Phyllis se comunicasse. Temos ajuda de todos os lados. Contudo,
vimos, também que já pegamos certas interferências, provavelmente
advindas dos emissores dessas ondas mentais formatadas...”
“Bem, ela disse que foi escolhida por ter um genoma especial, que
não se altera com mudanças drásticas, foi teletransportada a uma
dimensão paralela, que seria o futuro, onde ficou sabendo do plano de
dois ‘hackers’ que, com complexos plasmados pelo pensamento humano e
reprogramados por computador, querem controlar a população de
Formiga, sugando-lhes todas as energias e, depois, abrindo a camada
etérea de ozônio, facilitando a entrada de entidades nocivas. Segundo
Phyllis, vai ser o começo do fim se tiverem êxito. E os formiguenses
ilustres do futuro, conseguiram resgatá-la para tentar reverter tal processo
e por ser uma pessoa do passado, pois este só pode ser revertido por
alguém deste tempo!”
IV
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Cabral ouviu a mensagem e adiantou a Cunha da inviabilidade da
proposta do estagiário Flávio.
“Não perca mais tempo! Como viu, eles nos descobriram! As formas
já podem agir conforme o programado! Vamos, acione logo esta
máquina! Dê-me as coordenadas!”
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rosto, revelando uma incomodante preocupação. Subitamente, a tela se
escureceu, fazendo sumir a imagem nela refletida.
“Aconteceu alguma coisa. Tudo indica que Phyllis foi perturbada por
alguma coisa...O que será?”
“Houve uma perda de contacto com Phyllis. A faixa que cedemos foi
invadida pelas ideações plasmadas pelos seres encarnados, que atacam
sua cidade agindo em proveito de seus criadores e visando o domínio
total, conforme bem sabem! Nosso tempo também é curto, pois dentro em
pouco, todos os canais serão tomados. Você devem agir logo!”
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“O que será que tem meu arquivo de 1995? Eu estava na minha
cidade, Cascais. Ela estava no Brasil. É. Acho que o fim destes tempos
está mesmo próximo...”
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Sem nada responder, Cabral revirava um monte de papéis, cadernos
e livros que estavam num escaninho de uma velha escrivaninha, onde as
aranhas e cupins se misturavam.
“Bem, aqui pairam todos os registos que fiz há cinco anos passados.
Mas, ainda estou perdido no que tange à ligação com Phyllis. Tenho aqui
uma fita que ela me deu...tem músicas de Beethoven, um de meus
compositores clássicos favoritos. Foi um presente amável que muito me
emocionou...”
“Eis a chave! Pedro, o que Phyllis quis dizer com mudar o clima da
cidade? gritou Cabral, com o semblante mais otimista e querendo
descobrir definitivamente a solução para todos aqueles problemas que
assolavam Formiga.
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“Vamos agir logo! Mas... tem um questionamento que está me
intrigando: Se esta fita tem 5 anos, como a mensagem que acabou de ser
gravada, saiu nela!?”, indagou o Diretor Cunha, esboçando um certo
ceticismo em torno do que acabara de ouvir.
“Mestre, por quê não podemos, com nossas mentes, alterar aquele
tempo?”, um mentalizador perguntou.
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“Esta lei Cósmica é imutável! Não nos intrometamos no passado:
averiguemo-lo; não observemos o futuro: alteremo-lo!”
Pedro, por sua vez, saíra em disparada até a agência da CIF, onde
estava seu “storm-maker”, o equipamento que “fazia tempestades”. Como
estava protegido, os pensamentos- forma não conseguiam atacar-lhe,
pelo menos enquanto durava o restante da bateria do “energo-protector”.
Enquanto caminhava pelas ruas de Formiga, ele assistia, horrorizado a
agonia dos pedestres e animais, que vagavam sem rumo por toda a
cidade. Não havia um lugar sequer, onde não tinha gente andando em
zigue-zague, tal qual robôs descontrolados. O cenário lembrava um filme
de suspense. Pássaros não voavam, também andavam pelo chão, às vezes
sendo pisoteados, cachorros e gatos, da mesma maneira, pareciam
desnorteados.
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eletro-magnética, para que os pensamento invadam esses recintos
nocivos! O programa de computador prevê tais inconvenientes. Quando o
portal de energia estiver definitivamente rompido, as outras forças terão
mais ‘alimento’, hehehe...!, respondeu com sarcasmo o engimático
Magnus.
EPÍLOGO
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contribuem para isso! Como pode ser!? Nosso plano está indo literalmente
por água baixo! Temos que fugir, antes que nos peguem!”, gritou
desesperadamente o “hacker” Maurício, antevendo um mal presságio.
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Enquanto caminhavam, em direção ao velho Cine Glória, e aspirando
o cheiro de umidade presente, Cabral prosseguia com sua explicação
científica: “...Tais partículas se interagem com os gases atmosféricos e o
resultado desta interação é a emissão das luzes multicoloridas que
podemos vislumbrar no céu neste sublime momento!”
Cunha ouviu tudo e segurou para não rir. Deu os parabéns ao agente
e desligou seu celular. Depois contou aos dois que o acompanhavam e
todos também deram uma sonora gargalhada, que os desopilou, após
tanta tensão e pressão juntas.
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Sendo portadora de poderes extra-sensoriais acima da média,
atenuou o carma de todos, ao conseguir agir de zonas umbralinas em pról
da salvação de seu povo. Ela combateu forças mentais plasmadas que
foram potencializadas em computadores programados por dois retógrados
indivíduos - aparentemente incorrigíveis. Eles são a reencarnação de
velhos habitantes da Atlântida. Já tentaram outras vezes mudar o mundo
e, de novo, falharam. Não sei quando aprenderão.
FIM DO 3º EPISÓDIO
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