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Professora do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza da Universidade Federal do Vale do São Francisco –
UNIVASF, Campus Senhor do Bonfim. Possui experiência como Professora e Gestora da Educação Básica, experiência com
Educação a Distância. Atualmente, dedica-se à Formação de Professores e é responsável pela Disciplina “As Tecnologias da
Informação e Comunicação no Ensino de Ciências”, do Curso de Licenciatura no qual é lotada. Contribui como Professora
Formadora no Projeto de Capacitação de Profissionais para a Educação a Distância na própria UNIVASF.
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constantemente aprendendo, construindo novos como troca de ações, controle sobre acon-
conhecimentos. O espaço educacional, não diferente tecimentos e modificação de conteúdos.
O usuário pode ouvir, ver, ler, gravar, vol-
de outros espaços, mas de um modo particular, tem
tar, ir adiante, selecionar, tratar e enviar
sido cada vez mais demandado na perspectiva de se
qualquer tipo de mensagem para qualquer
experienciar novas formas de construção e difusão lugar. Em suma, a interatividade permite
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do conhecimento. Pierre Levy (1999), ao falar da ultrapassar a condição de espectador pas-
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singularidade dos processos de aquisição e produção sivo para a condição de sujeito operativo”
do conhecimento da atualidade, defende que, (SILVA, 2010)
“devemos construir novos modelos de es- O desafio posto para o espaço educativo não
paço dos conhecimentos. No lugar de uma se reduz simplesmente à introdução das TIC no
representação em escalas lineares e parale- espaço educacional a qualquer custo por entender
las, em pirâmides estruturadas em níveis, que estas são interativas. Pelo contrário, a interati-
organizadas pela noção de pré-requisitos
vidade é um conceito que vai em encontro à cultura
e convergindo para saberes superiores, a
escolar, vivenciada pela nossa sociedade atual, cujas
partir de agora devemos preferir a imagem
de espaços de conhecimentos emergentes, raízes são bastante antigas. A interatividade pressu-
abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, põe a troca, o diálogo, o fazer junto. Enquanto isso,
se organizando-se de acordo com os objeti- estamos acostumados com uma educação centrada
vos ou contextos, nos quais cada um ocupa na transmissão de informação e conhecimento pelo
uma posição singular e evolutiva” (1999).
professor. O aluno é receptor passivo, que no máxi-
Considerar a não linearidade nos processos de mo responde a questões propostas pelo professor.
construção do conhecimento, implica necessaria- É interessante ressaltar que muito se tem pes-
mente na constatação de que o processo de ensino quisado e discutido a respeito da concepção de
aprendizagem, seja ele na modalidade presencial educação necessária para aquisição de uma apren-
ou a distância, precisa considerar estas nuances e dizagem significativa. “Aprendizagem Significativa
nortear suas ações educativas de modo a valorizar é um processo por meio do qual uma nova informa-
a diversidade de ferramentas disponíveis, sobre- ção relaciona-se com um aspecto especificamente
tudo no que diz respeito às novas Tecnologias da relevante da estrutura de conhecimento do indiví-
Informação e Comunicação – TIC cada vez mais duo” (MOREIRA, 1999 p.151). Consequentemente,
presentes no cotidiano das pessoas. muito se tem falado a respeito da valorização do
Nesta perspectiva, os saberes e experiências saber, construído a partir das experiências dos in-
acumuladas, bem como as informações acessadas, divíduos, da consideração do contexto no qual o
mediantes diferentes mídias, precisam ser discuti- mesmo está inserido.
das e valorizadas como partes inerentes do proces- Diversos conceitos têm surgidos na tentativa
so de construção do saber. Neste sentido, a intera- de elucidar estes processos e torná-los reais nos es-
tividade coloca-se como um grande e importante paços educativos. Um conceito bastante difundido
desafio. no espaço educacional dentro desta perspectiva é o
“A disposição interativa permite ao usuá- conceito de interdisciplinaridade, vivenciado basi-
rio ser ator e autor, fazendo da comunica- camente a partir do diálogo entre diferentes áreas
ção não apenas o trabalho da emissão, mas do saber. Ivani Fazenda (1999) ao explicar o sentido
cocriação da própria mensagem e da comu- da interdisciplinaridade, do pensar interdisciplinar,
nicação. Permite a participação entendida afirma que “nenhuma forma de conhecimento é em
RBAAD – O papel das tecnologias da informação e comunicação na educação a distância: um estudo sobre a percepção do professor/tutor
si mesmo racional”. A autora continua falando da vieram para enriquecer o espaço educacional, não
importância e necessidade de considerarmos ou- para substituir o professor. Assim, sozinhas elas são
tras formas de conhecimento, inclusive os conhe- apenas ferramentas, mas se bem utilizadas, elas po-
cimentos oriundos do senso comum, como válidos, dem colaborar para que haja de fato uma mudança
sendo que este é ampliado a partir de sua relação radical no processo ensino-aprendizagem.
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com o conhecimento cientifico.
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Cristiane Nova e Lynn Alves (2003), ao tratar todavia, associar TIC e educação a distância, visto
da necessidade de uma apropriação mínima da téc- que a integração das mesmas converge para a cons-
nica por parte do professor/tutor para que o mes- trução de novos conhecimentos. Neste sentido,
mo possa pensar e efetivar metodologias compatí- Pierre Levy (1999) chama a atenção para a necessi-
veis com o ambiente virtual, afirmam que dade de criarmos novos espaços de conhecimento,
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o que sem dúvida, é oportunizado através das TIC.
“a experiência tem nos mostrado que os su-
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No Ambiente Virtual de Aprendizagem, a A tutora estimula e tira dúvidas a partir de uma ati-
Moodle, ficam disponíveis textos, vídeos e infor- vidade espelho, ou seja, com todos os passos a ser
mações complementares ao conteúdo trabalhado. seguidos, que lhe é disponibilizado anteriormente.
Como espaço de interação, a Faculdade estabelece Assim, não ocorre o uso de TIC, uma vez que os
o fórum de discussão, que conforme a tutora, os alunos nem mesmo sabem utilizar o computador.
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alunos só acessam e participam, quando obrigató- De acordo com a tutora entrevistada, muitos alu-
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A iniciativa das tutoras é notoriamente rele- Ao lado da falta de preparo dos professores/
vante para o aprimoramento do uso das TIC, em tutores, está também o reconhecimento acerca da
sala de aula. Não resta dúvida, que especialmente necessidade de operacionalizar a inclusão digital
a EAD tem muito mais espaço para aproveitar no na escola. No entanto, fica claro que a educação a
âmbito destas tecnologias. Contudo, por menores distância precisa trilhar um caminho diferente da
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que pareçam ser as experiências obtidas no proces- educação presencial que ela insiste em seguir. O ci-
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so de formação, certamente coadunam para uma berespaço não comporta uma comunicação unilate-
melhoria da prática educacional. Formiga (2009), ral, pelo contrário, é o espaço do saber coletivo, das
afirma que, redes de colaboração, do diálogo aberto e multila-
teral. Espaço rico e condizente com o necessário,
“a aquisição do conhecimento por meio de
para a construção de significativos conhecimentos.
uma aprendizagem de conteúdos significa-
tivos tem relação determinante com o pro-
cesso cognitivo de exercitar a imaginação, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
a memória, a criatividade e a capacidade de
transferência para aplicar os conhecimentos FAZENDA, Ivani Org. (1999). Práticas Inter-
na vida profissional e no mundo”. disciplinares na Escola. 6 ed.São Paulo: Cortez.
Assim, é provável que estes professores levem FORMIGA, Marcos(2009). A terminologia da
esta experiência de comunicação online para suas EAD. In: LITTO, Frederic M., FORMIGA, Marcos.
vidas profissionais e possam exercitar a criativida- (org.). Educação a distância: o estado da arte. São
de para o uso das TIC, desenvolvendo experiências Paulo: Pearson Education do Brasil, p. 39 -46.
educativas inovadoras e interdisciplinares, contri-
LÉVY, Pierre (1999). Cibercultura. São Paulo: ED. 34.
buindo, assim, para a efetivação de uma aprendiza-
gem significativa. MORAN, José M. O que é Educação a Distância.
Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/
dist.htm Acesso em: 15/07/2010.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
MOREIRA, M. Antonio (1999). Teorias de
As TIC, amplamente disseminadas nos espa- Aprendizagem.São Paulo: EPU.
ços cotidianos, impulsionadoras de integração en-
NOVA, Cristiane., ALVES, Lynn (2003). Educação
tre pessoas de diferentes partes do mundo, ainda
a Distância: uma nova concepção de aprendizado e
não foram suficientemente incorporadas nos siste-
Interatividade. São Paulo: Futura.
mas educacionais. A educação a distância, que seria
facilitada com o uso das mesmas reproduz na prá- SANCHO, J. Maria. ET AL (2006). Tecnologias para
tica o modelo de transmissão unilateral, adotado Transformar a Educação. Porto Alegre: Artmed.
pelo ensino presencial. SILVA, Marco (2003). Sala de Aula Interativa: a
Constata-se que as TIC têm na prática edu- educação presencial e a distância em sintonia com a
cacional um papel extremamente reduzido. Para os era digital e com a cidadania. Disponível em: http://
sujeitos envolvidos no processo, especialmente nos www.senac.br/informativo/BTS/272/boltec272e.
processos de educação a distância, é evidente que htm. Acesso em: 12/07/2010.
as TIC têm o potencial de diminuir as fronteiras e
ampliar a circulação da informação, ocasionando a
construção do conhecimento.
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