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73-MISTÉRIO DA LOUCURA-Abril 2006

Por quê é “louco” o indivíduo cujo comportamento destoa da maioria? Será que agir
estranhamente configura-se um padrão de loucura? Ou seriam essas ações mal-
compreendidas pela sociedade arraigada por rótulos e conceitos imutáveis? É claro que, se
tais atitudes ferem e alteram rotinas, deveriam ser analisadas com maior pragmatismo. Têm
os manicômios, hospícios, clínicas e outras instituições de tratamento psíquico, cabedal
suficiente para “corrigir” ou “modificar” integralmente os supostos “desequilibrados”? E
o que dizer das drogas que, por vezes seriam paliativas, mas nunca curativas? Por isso
mesmo, são confiáveis os parâmetros científicos que avaliam um estado dito de insanidade?
O chamado retardo mental tem significado literal? Seria mesmo retrocesso da inteligência?
E quem pode garantir que essa realidade é a verdadeira? Será que um comportamento
alterado – desde que não prejudique a outrem, ressalte-se novamente – relega seu portador
à condição de marginalizado? E quanto aos “gênios”? Se esses são sempre caracterizados
como autênticos loucos, denota que o termo tem conotação ambígua, ora significando
distúrbio, ora indicando excesso. As diversas correntes da sociedade, seja a religiosa ou a
científica, avaliam a loucura de maneira distinta. Na ala científica, por exemplo, a loucura
pode ser fruto de uma anomalia genética que resulta em lesões cerebrais irreversíveis ou
quando a pessoa fica louca por causa de outros fatores ambientais. Já os religiosos
apregoam que a loucura poderia ser fruto da tentação do diabo ou uma forma de castigo
divino. Pelo lado dos espiritistas, a loucura seria uma espécie de “carma” ou fruto da
tentação de espíritos obsessores, pessoas mortas de índole ou intenções duvidosas. Apesar
das controvérsias e das descobertas que sempre estão ocorrendo, a ciência pode ter meios
para dirimir o mistério e detectar novos elementos que expliquem tais “desvios de
conduta”. Contudo, o maior enigma seria detectar outros fatos-geradores de ordem
psíquica que processam a alteração do padrão comportamental. Por isso mesmo, persistem
inúmeras e controversas formas de lidar com a loucura, além de variadas classificações.
Ademais, se o louco pode ser tanto um gênio como alguém dissociado da realidade, é
evidente que o ponto em comum ainda não foi atingido. De fato, o velho jargão, “de
médico e louco, todo mundo tem um pouco” atesta que todos convivem com um constante
estado de insanidade, variando somente quanto à gradação. Então, por que classificar a
loucura como algo fora do comum, se as atitudes podem ser vistas como atos de loucura?
Seria a loucura um estado subjetivo? Os gênios, a seu turno, seriam indivíduos portadores
de uma inteligência muito acima da média, o que não lhes tirou a fama de loucos. Deduz-
se, então que quem tem perspicácia mais elevada, seria um maluco? Por sinal, certos
analistas asseveram que “gênios não poderiam existir se não houvesse uma certa
desordem mental”. São eles que dizem que existe uma tênue linha separando os loucos dos
gênios. Cientistas, matemáticos, físicos, artistas, músicos, escritores, pintores, filósofos,
líderes políticos e espirituais e outros expoentes, foram diagnosticados como portadores da
“Síndrome de Asperger” indicando que possuem um gene gerador da criatividade, além de
causar outros distúrbios, como no relacionamento social e alterações de humor. Einstein,
Mozart, Beethoven, Andersen, Orwell e outros, eram portadores dessa síndrome. Portanto,
a criatividade e a loucura seriam parte do mesmo lado da moeda. Separá-los com doses de
racionalidade é que seria o desafio principal. Finalmente, no livro “Elogio da loucura”,
Erasmo de Roterdam observou com rara sapiência:“Sustento que, em geral, as paixões são
reguladas pela loucura. Com efeito, o que é que distingue o sábio do louco? Não será,
talvez, o fato do louco se guiar em tudo pelas paixões e o sábio pelo raciocínio?”

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