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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ANÁLISE DE DISTÚRBIOS RELACIONADOS COM A


QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA EM UM SISTEMA
INDUSTRIAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO


POR

CAYO SANTOS DO NASCIMENTO


Orientador: Prof. PEDRO ANDRÉ CARVALHO ROSAS

RECIFE, JUNHO / 2018


CAYO SANTOS DO NASCIMENTO

ANÁLISE DE DISTÚRBIOS RELACIONADOS COM


QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA EM UM SISTEMA
INDUSTRIAL

Monografia apresentada ao curso de Engenharia


Elétrica, como requisito parcial para a obtenção do
Título de Bacharel em Engenharia Elétrica, Centro de
Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de
Pernambuco.

Orientador: Prof. Pedro André Carvalho Rosas

Recife

2018
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Gediel e Cleonice, por sempre me apoiarem nas minhas
escolhas e estando sempre ao meu lado com palavras de incentivo e carinho,
querendo sempre o meu melhor.
Ao meu irmão, Igor, que sempre me apoiou e incentivou nas minhas escolhas
pessoais e profissionais.
Aos meus amigos que me proporcionam momentos de grandes alegrias e
diversões e que me apoiaram nessa caminhada da graduação.
A minha namorada, Danielle, que foi paciente e compreensível nesse período
do TCC.
Ao professor, Pedro Andre Carvalho Rosas, que me orientou nesse trabalho e
acreditou em meu potencial.
E sobretudo, agradeço sempre a Deus.
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo relatar a importância do estudo da qualidade da


energia elétrica, apresentando alguns distúrbios que podem ser encontrados em um
Sistema Elétrico de Potência (SEP) e que podem comprometer o desempenho de
equipamentos dos fornecedores e distribuidores de energia, assim como,
equipamentos sensíveis encontrados nos consumidores finais. Neste trabalho, os
distúrbios mais frequentes encontrados no sistema elétrico relacionado a qualidade
da energia foram especificados, tendo destaque o efeito da distorção harmônica
encontrados em um sistema elétrico industrial. Soluções preventivas e corretivas para
a mitigação da distorção harmônica de tensão e corrente foram apresentados. Para
exemplificar uma análise da distorção harmônica em um sistema elétrico industrial foi
aplicado um estudo da qualidade da energia elétrica em uma fábrica de alimentos. A
partir dos registros realizados em um período de medição na fábrica de alimentos se
verificou alguns eventos relacionados com distorção harmônica que podem ser
produzidos por cargas não lineares.

Palavras-chave: Qualidade da energia, Distorções harmônicas, Sistema elétrico industrial,


Cargas não lineares.
ABSTRACT

This paper aims to report the importance of the study of the quality of electric power,
presenting some disturbances that can be found in an Electric Power System (SEP)
and that can compromise the performance of equipment of energy suppliers and
distributors, sensitive equipment encountered by final consumers. In this work, the
most frequent disturbances found in the electrical system related to energy quality
were specified, highlighting the effect of the harmonic distortion found in an industrial
electrical system. Preventive and corrective solutions for the harmonic distortion of
voltage and current were presented. To exemplify an analysis of harmonic distortion in
an industrial electrical system, a study of the quality of electric power in a food factory
was applied. From the records made in a measurement period in the food factory some
events related to harmonic distortion that could be produced by non-linear loads

Keywords: Power quality, Harmonic distortions, Industrial electrical system, Non-linear


loads.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Relação da potência instalada com o crescimento das cargas eletrônicas


nos EUA até o ano de 2000. .................................................................................... 16
Figura 2. Curva de suportabilidade de equipamentos eletrônicos, curva CBEMA. ... 17
Figura 3. Distúrbios que podem afetar a forma de onda da tensão. ......................... 19
Figura 4. Afundamento de tensão causado pela partida de motor............................ 23
Figura 5. Curto circuito monofásico no sistema elétrico. Causando o afundamento da
tensão. ..................................................................................................................... 23
Figura 6. Elevação da tensão em um curto circuito monofásico no sistema elétrico. 24
Figura 7. Interrupção momentânea em um sistema elétrico devido a um curto circuito
e o seu religamento.................................................................................................. 26
Figura 8. Transitório de tensão devido a um chaveamento de banco capacitor. ...... 27
Figura 9. Composição das 3º, 5º e 7º harmônicas em um sistema elétrico de
potência. .................................................................................................................. 29
Figura 10. Área de seção e diâmetro de fio de cobre que deve ser usado em função
da frequência da corrente para que o aumento da resistência seja menor que 1 %. 37
Figura 11. Reposta em frequência de um cabo com comprimento de 10 km em uma
rede trifásica. ........................................................................................................... 38
Figura 12. Perfil da tensão ao longo do cabo para a frequência de ressonância. ..... 38
Figura 13. Vida útil de um transformador de corrente em relação da incidência de
distorção harmônica de corrente. ............................................................................. 40
Figura 14. Índice de perdas elétricas em um motor de indução em relação a
distorção harmônica total de tensão presente no sistema elétrico. .......................... 41
Figura 15. Vida útil dos capacitores em função da temperatura. .............................. 42
Figura 16. Vida útil em relação a distorção da tensão. ............................................. 43
Figura 17. Filtro passivo instalado em paralelo a uma carga não linear. .................. 45
Figura 18. Esquema de um filtro ativo de potência série monofásico. ...................... 46
Figura 19. Esquema de um filtro ativo em derivação, monofásico. ........................... 47
Figura 20. Forma de onda do filtro ativo de potência em derivação: no gráfico de
cima temos a corrente no filtro e no gráfico abaixo a corrente do sistema elétrico
corrigido. .................................................................................................................. 47
Figura 21. Circuito LC inserido na entrada do retificador para mitigar a distorção
harmônica. ............................................................................................................... 48
Figura 22. Circuito de pré-regulador de potência. .................................................... 48
Figura 23. Diagrama Unifilar do sistema elétrico da fábrica de alimentos com
indicação dos pontos de medição utilizados no período de medição. ...................... 51
Figura 24. Forma de onda da tensão na medição no barramento de 13,8 kV na
subestação 69/13,8 kV durante o período de campanha. ........................................ 55
Figura 25. Distribuição da frequência de ocorrência da tensão no barramento de 13,8
kV. ........................................................................................................................... 55
Figura 26. Forma de onda da tensão na subestação Envase Margarina durante o
período de campanha de medição. .......................................................................... 56
Figura 27. Distribuição da frequência de ocorrência da tensão no barramento de 440
V na subestação Envase Margarina. ........................................................................ 57
Figura 28. Comportamento da distorção harmônica total de tensão no período de
campanha na subestação da Envase Margarina. ..................................................... 57
Figura 29. Forma de onda da tensão na subestação da Envase PET durante o
período de campanha. ............................................................................................. 58
Figura 30. Comportamento da distorção harmônica total de tensão no período de
campanha na subestação da Envase PET. .............................................................. 59
Figura 31. Forma de onda da tensão na subestação unitária 1- transformador 1
durante o período de campanha. ............................................................................. 60
Figura 32. Comportamento da distorção harmônica total de tensão no período de
campanha na subestação unitária 1 – transformador 1. ........................................... 60
Figura 33. Forma de onda da tensão na subestação unitária 1- transformador 2
durante o período de campanha. ............................................................................. 61
Figura 34. Comportamento da distorção harmônica total de tensão no período de
campanha na subestação unitária 1 – transformador 2. ........................................... 62
Figura 35. Forma de onda da tensão na subestação unitária 1- transformador 3 –
CCM 11 durante o período de campanha. ............................................................... 63
Figura 36. Comportamento da distorção harmônica total de tensão no período de
campanha na subestação unitária 1 – transformador 3 - CCM 11. ........................... 63
Figura 37. Diagrama unifilar da subestação da Envasa Margarina com indicação dos
pontos de medição. .................................................................................................. 64
Figura 38. Forma de onda da tensão e corrente no instante em que a fábrica de
hidrogênio está desligada. ....................................................................................... 64
Figura 39. Distribuição das componentes harmônicas de tensão registradas no
período de medição no barramento de 13,8 kV no instante em que a fábrica de
hidrogênio está desligada. ....................................................................................... 65
Figura 40. Valores das componentes harmônicas no período de medição no
barramento de 13,8 kV no instante em que a fábrica de hidrogênio estava desligada.
................................................................................................................................. 65
Figura 41. Forma de onda da tensão e corrente no período de medição no
barramento de baixa tensão em 440 V da subestação da Envase Margarina. ......... 66
Figura 42. Forma de onda da tensão da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas. ....................................................................................... 66
Figura 43. Forma de onda da tensão da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas. ....................................................................................... 67
Figura 44. Forma de onda da tensão da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas. ....................................................................................... 67
Figura 45. Forma de onda da tensão e corrente no período de medição na
alimentação do banco capacitor da subestação da Envase Margarina. ................... 68
Figura 46. Forma de onda da tensão da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor............................ 68
Figura 47. Forma de onda da tensão da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor............................ 69
Figura 48. Forma de onda da tensão da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor............................ 69
Figura 49. forma de onda da tensão e corrente no barramento de 13,8 kV da
subestação da Envase Margarina com a operação da fábrica de hidrogênio. .......... 70
Figura 50. Distribuição das componentes harmônicas de tensão no barramento de
13,8 kV no período em que a fábrica de hidrogênio está em operação. ................... 70
Figura 51. Forma de onda da tensão e corrente no período de medição no
barramento de baixa tensão em 440 V da subestação da Envase Margarina com a
operação da fábrica de hidrogênio. .......................................................................... 71
Figura 52. Forma de onda da tensão da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em
operação. ................................................................................................................. 72
Figura 53. Forma de onda da tensão da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em
operação. ................................................................................................................. 72
Figura 54. Forma de onda da tensão da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em
operação. ................................................................................................................. 73
Figura 55. Forma de onda da corrente da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em
operação. ................................................................................................................. 73
Figura 56. Forma de onda da corrente da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em
operação. ................................................................................................................. 74
Figura 57. Forma de onda da corrente da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em
operação. ................................................................................................................. 74
Figura 58. Forma de onda da tensão e corrente no período de medição na
alimentação do banco capacitor da subestação da Envase Margarina com a
operação da fábrica de hidrogênio. .......................................................................... 75
Figura 59. Forma de onda da tensão da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que
a fábrica de hidrogênio está em operação. .............................................................. 75
Figura 60. Forma de onda da tensão da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que
a fábrica de hidrogênio está em operação. .............................................................. 76
Figura 61. Forma de onda da tensão da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que
a fábrica de hidrogênio está em operação. .............................................................. 76
Figura 62. Forma de onda da corrente da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que
a fábrica de hidrogênio está em operação. .............................................................. 77
Figura 63. Forma de onda da corrente da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que
a fábrica de hidrogênio está em operação. .............................................................. 77
Figura 64. Forma de onda da corrente da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que
a fábrica de hidrogênio está em operação. .............................................................. 78
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características dos fenômenos de distúrbios da qualidade da energia no


sistema elétrico. ....................................................................................................... 20
Tabela 2. Classificação das variações de curta duração e sua duração. ................. 21
Tabela 3. Classificação da variação da tensão de curta duração. ............................ 22
Tabela 4. Limite de distorção harmônica total (em % da tensão fundamental. ......... 34
Tabela 5. Índice de distorção harmônica Individual de tensão. ................................ 34
Tabela 6. Limite de distorção harmônica individual e total da tensão. ...................... 35
Tabela 7. Distorção Harmônica de Corrente para um sistema de 120 V até 69 kV. . 35
Tabela 8. Distorção Harmônica de Corrente para um sistema maior que 69 kV até
161 kV...................................................................................................................... 35
Tabela 9. Distorção Harmônica de Corrente para um sistema acima 161 kV. .......... 36
Tabela 10. Ponto de conexão de tensão nominal superior a 1 kV e inferior a 69 kV.54
Tabela 11. Ponto de conexão de tensão nominal igual ou inferior a 1 kV (440/220 V)
................................................................................................................................. 54
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13
1.1. D ISPOSIÇÃO DO TEXTO .................................................................................... 13
2. QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA ........................................................... 15
3. DISTÚRBIOS NA QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA – VARIAÇÃO DA
TENSÃO .................................................................................................................. 19
3.1. VARIAÇÃO DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO ....................................................... 21
3.2. AFUNDAMENTO DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO (SAG) .................................... 22
3.3. ELEVAÇÃO DE TENSÃO (SWELL) ..................................................................... 24
3.4. INTERRUPÇÃO ................................................................................................. 25
3.5. TRANSITÓRIOS ................................................................................................. 26
3.6. HARMÔNICA ..................................................................................................... 27
3.7. INTER-HARMÔNICA ........................................................................................... 31
3.8. NOTCHING ....................................................................................................... 32
3.9. RUÍDOS ........................................................................................................... 32
4. DISTORÇÃO HARMÔNICA NO SISTEMA ELÉTRICO INDUSTRIAL............. 33
4.1. CABOS DE ALIMENTAÇÃO .................................................................................. 36
4.2. TRANSFORMADORES ........................................................................................ 39
4.3. MOTORES DE INDUÇÃO .................................................................................... 40
4.4. MÁQUINAS S ÍNCRONAS .................................................................................... 41
4.5. BANCO DE CAPACITORES ................................................................................. 41
5. MITIGAÇÃO DA DISTORÇÃO HARMÔNICA NO SISTEMA ELÉTRICO
INDUSTRIAL ........................................................................................................... 44
5.1. FILTROS PASSIVOS .......................................................................................... 44
5.2. FILTROS A TIVOS .............................................................................................. 45
5.2.1. FILTROS A TIVOS DE POTÊNCIA SÉRIE ............................................................ 46
5.2.2. FILTROS A TIVOS DE POTÊNCIA EM DERIVAÇÃO (SHUNT) ................................. 46
5.2.3. A TENUAÇÃO COM CONDICIONAMENTO DE CARGA............................................ 48
5.2.4. SEPARAÇÃO DE CIRCUITOS ........................................................................... 49
5.2.5. TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO ................................................................ 49
5.2.6. REDIMENSIONAMENTO DA REDE .................................................................... 49
5.2.7. TRANSFORMADORES COM DESCLASSIFICAÇÃO PELO FATOR K ........................ 50
6. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO INDUSTRIAL ANALISADO .. 51
6.1. METODOLOGIA DA CAMPANHA DE MEDIÇÃO ....................................................... 52
6.2. MEDIÇÕES REALIZADAS .................................................................................... 52
6.3. MEDIÇÃO DE GRANDEZAS ELÉTRICAS ................................................................ 54
6.3.1. BARRAMENTO 13,8 KV NA SE 69/13,8 KV .................................................... 54
6.3.2. SUBESTAÇÃO ENVASE MARGARINA ............................................................... 56
6.3.3. SUBESTAÇÃO ENVASE PET .......................................................................... 58
6.3.4. SUBESTAÇÃO UNITÁRIA 1 – TRANSFORMADOR 1 – BT11 ................................ 59
6.3.5. SUBESTAÇÃO UNITÁRIA 1 – T RANSFORMADOR 2 – BT12 ................................ 61
6.3.6. SUBESTAÇÃO UNITÁRIA 1 – T RANSFORMADOR 3 – CCM11 ............................ 62
6.4. ANÁLISE DA DISTORÇÃO HARMÔNICA ................................................................ 64
6.4.1. MEDIÇÃO ENVASE MARGARINA – SEM A FÁBRICA DE HIDROGÊNIO EM OPERAÇÃO
.................................................................................................................... 64
6.4.2. MEDIÇÃO ENVASE MARGARINA – COM A FÁBRICA DE HIDROGÊNIO EM OPERAÇÃO
.................................................................................................................... 70
6.5. RECOMENDAÇÕES PARA A MITIGAÇÃO DA DISTORÇÃO HARMÔNICA ..................... 79
7. CONCLUSÃO ................................................................................................... 80
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 82
13

1. INTRODUÇÃO

Com o crescimento de equipamentos de eletrônica de potência no sistema


elétrico, a preocupação com a Qualidade da Energia Elétrica nos sistemas de
geração, transmissão e distribuição da energia foi crescendo devido a sensibilidade
dos equipamentos a possíveis variações da tensão de suprimento.
Com o avanço tecnológico e preocupado com a qualidade da energia elétrica
foram criadas comissões com o intuito de regular, fiscalizar a produção, transmissão
e comercialização da energia elétrica. A ANEEL (Agência Nacional de Energia
Elétrica) e o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) são alguns dos órgãos
regulamentadores da energia elétrica no país. Normas internacionais como a IEEE
(Institute of Electrical and Eletronics Engineers) promovem publicações a respeito da
qualidade da energia, fazendo recomendações quanto ao seu uso.
Fenômenos encontrados no sistema elétrico de potência que prejudicam a
qualidade da energia são devidos a fenômenos eletromagnéticos que deformam a
forma de onda da tensão e corrente em um período de tempo. Esses fenômenos são
causados, em grande maioria, por equipamentos, cargas não lineares, encontrados
nas industrias, comércio e até mesmo em residências.
O segmento mais afetado por esse tipo de carga são as indústrias, por terem
sua produtividade afetada por variações de tensão de curta duração, dos tipos:
Afundamentos de tensão (Sag), Elevação de tensão (Swell), Interrupções,
Transitórios, Harmônicos, Notching, Inter-Harmônicas e Ruídos.
A energia elétrica que tenha níveis dentro do recomendado pelas agências
regulamentadoras, garantindo o funcionamento contínuo dos equipamentos elétricos
sem afetar o meio ambiente e os seres humanos, apresentam uma boa qualidade da
energia.
Será analisado nesse trabalho uma situação em um sistema elétrico industrial
com problemas de qualidade da energia elétrica.

1.1. DISPOSIÇÃO DO TEXTO

O texto está disposto em 7 capítulos nos quais é apresentada uma análise de


distúrbios relacionados com a qualidade da energia elétrica em um sistema elétrico
industrial.
14

No Capítulo 2, temos um breve histórico da qualidade da energia no Brasil,


evidenciando a criação de comissões para regular e fiscalizar a tensão de suprimento
no sistema e o surgimento de cargas não lineares que prejudicam a qualidade da
energia.
Em seguida, no próximo capítulo é mostrado os tipos de variações de curta
duração encontradas no sistema elétrico, relatando como as normas
regulamentadoras se comportam a esses fenômenos.
No Capítulo 4, temos uma análise de equipamentos que produzem distúrbios
no sistema elétrico industrial que são as cargas não lineares, definindo-as e
caracterizando o seu comportamento e os efeitos que esses distúrbios causam nelas.
Em seguida, no capítulo 5, é apresentado formas de mitigar distorções
harmônicas encontradas no sistema elétrico.
No Capítulo 6 é realizado um estudo de caso em um sistema industrial que
detectou, no período de medição, a presença de harmônicos na rede.
E no Capítulo 7 segue as conclusões a respeito da análise dos distúrbios
encontrados no sistema industrial.
15

2. QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA

A qualidade da energia elétrica fornecida por uma fonte a um consumidor é


estabelecida pela compatibilidade entre a carga do consumidor e as características
elétricas da fonte, quanto aos parâmetros de tensão elétrica. Qualquer problema na
variação da forma de onda da tensão, corrente ou variação na amplitude da frequência
pode causar falha ou má operação dos equipamentos de consumidores.
Em 1920, foi criado no Brasil, a Comissão de Estudos de Forças Hidráulicas,
vinculada ao ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Após várias mudanças e
reformas, em 1997, a lei nº 9.427 nomeia a Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL, autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério de Minas e Energia,
com a finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão e comercialização da
energia elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do Governo Federal.
(ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica, 2018)
Há 40 anos atrás podíamos generalizar três tipos de consumidores: o
consumidor industrial, o consumidor comercial e o consumidor residencial (urbano e
rural). Nessa época os consumidores residenciais, por exemplo, possuíam cargas
plenamente resistivas, os equipamentos eletrônicos eram basicamente um aparelho
de TV e com isso os problemas causados pela má qualidade no fornecimento de
energia elétrica não eram tão significativos, já que os equipamentos não eram tão
sensíveis aos fenômenos de oscilações que ocorriam no fornecimento da energia
elétrica.
Com o avanço tecnológico, a existência de cargas eletrônicas no sistema
elétrico tem gerado uma preocupação dos consumidores e concessionárias com a
qualidade da energia, por esses equipamentos possuírem uma caraterística de não-
linearidade, ou seja, não necessitarem da corrente elétrica constantemente, e sim,
picos de energia em determinados momentos. Os equipamentos de hoje são mais
sensíveis às variações que possam ocorrer no fornecimento da energia, devido a
microcontroladores e dispositivos eletrônicos sensíveis a distúrbios.
Um levantamento feito nos EUA com uma previsão até o ano de 2000 mostra
o crescimento das cargas eletrônicas em relação a potência instalada no país,
conforme mostra a Figura 1. (OLIVEIRA, 2000)
16

Figura 1. Relação da potência instalada com o crescimento das cargas eletrônicas nos EUA até
o ano de 2000.

Fonte: (OLIVEIRA, 2000)

As concessionárias, empresas responsáveis pela distribuição e fornecimento


da energia elétrica, tem o seu fornecimento monitorado por indicadores de
continuidade do serviço coletivo, denominado DEC e FEC. Em que DEC (Duração
Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) é o intervalo de tempo que, em
média, no período de apuração, em cada unidade consumidora do conjunto
considerado ocorreu descontinuidade da distribuição de energia elétrica. Já o FEC
(Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) é o número de
interrupção ocorridas, em média, no período de apuração, em cada unidade
consumidora do conjunto considerado. Os valores de DEC e FEC devem ser
informados periodicamente à ANEEL pelas concessionárias de energia, onde as
mesmas devem bater as metas estabelecidas pelo órgão fiscalizador para a boa
qualidade da energia elétrica.
Já os indicadores DIC, FIC e DMIC são destinados para verificar a qualidade
da energia elétrica nos consumidores, são índices de continuidade do serviço
individual. O DIC (Duração de interrupção por Unidade Consumidora) é o intervalo de
tempo que, no período de apuração, em cada unidade consumidora ou ponto de
conexão ocorreu a descontinuidade da distribuição da energia elétrica. FIC
(Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora) é o número de
interrupção ocorridas, no período de apuração, em cada unidade consumidora ou
ponto de conexão. O DMIC (Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade
Consumidora ou ponto de conexão) é o tempo máximo de interrupção contínua de
17

energia elétrica, em uma unidade consumidora ou ponto de conexão. (ANEEL -


Agência Nacional de Energia Elétrica, 2018)
A qualidade da energia elétrica tem diferentes significados para determinados
segmentos do sistema elétrico, são eles:
• Concessionária – O seu fornecimento de energia elétrica está de acordo com
os critérios estabelecidos pelas agências regulamentadoras;
• Fabricante de equipamentos – As características do fornecimento de energia
elétrica devem atender aos requisitos necessário para o funcionamento
adequado do equipamento;
• Consumidor – É qualquer deformação da forma de onda da tensão ou
corrente e variação da frequência que implique em um mau funcionamento
ou falha nos seus equipamentos elétricos.
Como citado anteriormente, os equipamentos de hoje são mais sensíveis as
variações da energia. Computadores e outros dispositivos eletrônicos são vulneráveis
a transitórios e interrupção no fornecimento da energia elétrica de curta duração. A
CBEMA (Computer and Business Equipment Manufacturers Association), associação
que representa os fabricantes de equipamentos de alta tecnologia, desenvolveu um
gráfico com as curvas que representam a suportabilidade dos computadores em
relação a duração e amplitude da tensão fornecida (Figura 2).

Figura 2. Curva de suportabilidade de equipamentos eletrônicos, curva CBEMA.

Fonte: (OLIVEIRA, 2000).


18

O espaço hachurado de amarelo representa o funcionamento normal do


equipamento, faixa de segurança em que o equipamento pode funcionar sem causar
nenhum dano no seu desempenho. A área acima da curva vermelha, é uma região
proibida onde há a sobretensão no equipamento levando-o a ruptura da isolação,
queima do equipamento. A região abaixo da curva verde, é destinado a ocorrência de
subtensão no equipamento, levando ao desligamento do equipamento, mas sem
causar a sua queima.
Devemos conhecer os fenômenos que afetam a qualidade da energia elétrica
a fim de identifica-los e desenvolver soluções para mitigar seus efeitos. A definição
desses fenômenos é apresentada posteriormente.
Diante do exposto, percebe-se que o sistema de fornecimento de energia
elétrica controla apenas a qualidade da tensão, não tendo controle algum sobre as
correntes das cargas. Com isso, o controle da qualidade da energia elétrica está
relacionado com o controle dos níveis de tensão do sistema, mantendo-os dentro de
valores de máximos e mínimos. Mas, para entendermos melhor os problemas
relacionados com a qualidade da energia, devemos verificar também os fenômenos
encontrados na corrente.
Logo, a energia elétrica que tenha níveis dentro do recomendado pelas
agências regulamentadoras, garantindo o funcionamento contínuo dos equipamentos
elétricos sem afetar o meio ambiente e os seres humanos apresentam uma boa
qualidade da energia.
19

3. DISTÚRBIOS NA QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA – VARIAÇÃO DA


TENSÃO

Distúrbios relacionados com a qualidade da energia elétrica são devidos a


fenômenos eletromagnéticos que deformam as formas de onda da tensão e corrente
do sistema elétrico de potência em um período de tempo e local.
Temos na Figura 3, de forma generalista, vários tipos de perturbações na forma
de onda da tensão que podem ocorrer no sistema elétrico. São eles: Afundamento
(Sag), Elevação (Swell), Interrupção, Transitórios e Harmônicos, esta última
perturbação iremos apresentar com mais detalhes. A seguir faremos um breve
comentário para cada tipo de distúrbios.

Figura 3. Distúrbios que podem afetar a forma de onda da tensão.

Fonte: (CORRÊA, 2007)

O fenômeno do afundamento de tensão (Sag) é definida como uma redução no


valor eficaz da tensão, entre 0,1 e 0,9 pu, na frequência fundamental, com duração
entre 1/2 ciclo e 1 minuto. (IEEE 1159, 2009)
Elevação de tensão (Swell) é definida como acréscimo no valor eficaz da
tensão entre 1,1 e 1,8 pu, na frequência fundamental, com duração entre 1/2 ciclo e 1
minuto. (IEEE 1159, 2009)
Interrupção é definida por valores de tensão menores que 10 % do valor
nominal de tensão, chegando até a ausência total da tensão que pode ocorrer entre
alguns ciclos e vários minutos. (IEEE 1159, 2009)
Transitórios de tensão ocorrem no sistema elétrico decorrentes de
chaveamentos, operações ou manobras de máquinas ou equipamentos elétricos, tais
20

como capacitores, partidas de motores, energização de cargas indutivas,


acionamentos de dispositivos não lineares, entre outros.
Harmônicos são senóides de frequência múltiplas inteiras da frequência natural
que operam no sistema elétrico distorcendo as formas de onda da tensão e da
corrente e são oriundos de equipamentos e cargas não lineares instalados no sistema.
A norma (IEEE 519, 2014) classifica esses diferentes fenômenos com relação
ao tempo de duração do evento e a sua intensidade. A Tabela 1 apresenta valores
dos fenômenos e do seu tempo de duração que podem ocorrer no sistema elétrico.
Tabela 1. Características dos fenômenos de distúrbios da qualidade da energia no
sistema elétrico.

Fonte: (IEEE 1159, 2009)


21

3.1. VARIAÇÃO DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO

A variação de curta duração é caracterizada quando ocorre um aumento ou


redução da tensão em relação a tensão nominal de fornecimento durante um período
entre 0,5 ciclo e 1 minuto, conforme mostrado na Tabela 1.
Variação de Tensão de Curta Duração (VTCD) é um evento aleatório de tensão
caracterizado por desvio significativo, por curto intervalo de tempo, do valor eficaz da
tensão. O valor eficaz da tensão é calculado pela média quadrática dos valores
instantâneos da tensão, em um período mínimo de meio ciclo e máximo de um ciclo.
O VTCD refere-se à tensão fase-neutro e é descrita monofasicamente pelos
parâmetros amplitude e duração. (ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico,
2016)
Segue na Tabela 2 os tipos de variação de tensão de curta duração com sua
duração e amplitude.

Tabela 2. Classificação das variações de curta duração e sua duração.

Fonte: (ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico, 2016)

A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, define variação tensão de


curta duração como desvio significativo na amplitude do valor eficaz da tensão durante
um intervalo de tempo inferior a três minutos, diferente do que é definido pelo ONS e
pela norma IEEE 1159:2009 com um valor de duração do evento no máximo de um
minuto. ANEEL define esse parâmetro para o sistema de distribuição de energia. Na
tabela 3 observa-se a classificação das variações de tensão de curta duração.
22

Tabela 3. Classificação da variação da tensão de curta duração.

Fonte: (ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica, 2018)

A seguir serão apresentados os fenômenos que podem ocorrer no sistema


elétrico causando problemas na qualidade da energia.

3.2. AFUNDAMENTO DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO (SAG)

Afundamento de tensão, SAG, é definida como uma redução no valor eficaz da


tensão, entre 0,1 e 0,9 pu, na frequência fundamental, com duração entre 0,5 ciclo e
1 minuto. (IEEE 1159, 2009)
Esse tipo de fenômeno é associado a falhas no sistema elétrico, curto circuitos,
por exemplo, em redes de distribuição. O afundamento de tensão também pode estar
relacionado com a energização de grandes cargas no sistema, partida de grandes
motores, etc.
A Figura 4 apresenta um exemplo de um afundamento de tensão causado pelo
acionamento de um motor. Pode se observar neste caso que durante a partida há um
afundamento de 0,2 pu da tensão, com duração de 3 s, até retornar ao valor da tensão
nominal de serviço.
23

Figura 4. Afundamento de tensão causado pela partida de motor.

Fonte: (IEEE 1159, 2009)

Outro caso de afundamento de tensão pode ser visto em uma falta fase-terra.
Na Figura 5 pode ser visto um afundamento de 80 % da tensão, no período de 3 ciclos,
até o momento em que a proteção do sistema atue, eliminando o curto circuito.

Figura 5. Curto circuito monofásico no sistema elétrico. Causando o afundamento da tensão.

Fonte: (IEEE 1159, 2009)


24

Esses tipos de fenômenos causam o mau funcionamento nos equipamentos,


ocasionando o seu desligamento. O equipamento que mais sofre com esse tipo de
distúrbio são os eletrônicos.
A duração do afundamento de tensão é dividida em três categorias,
instantânea, momentânea e temporária. O que define cada categoria é a duração do
evento do distúrbio de afundamento de tensão, visto na Tabela 1.

3.3. ELEVAÇÃO DE TENSÃO (SWELL)

Elevação de tensão, SWEEL, é definida como elevação do valor eficaz da


tensão acima de 1,1 pu com duração de 0,5 ciclo a 1 minuto. SWELL é definido em
três categorias, assim como o SAG, em instantânea, momentânea e temporária.
Elevação de instantânea da tensão é definida sua intensidade entre 1,1 e 1,8 pu com
uma duração entre 0,5 a 30 ciclos. Para a situação de elevação momentânea da
tensão é definida sua intensidade entre 1,1 a 1,4 com uma duração entre 30 ciclos e
3 segundos. Em elevação temporária temos uma intensidade de 1,1 a 1,2 pu com
duração entre 3 segundos a 1 minuto, como visto na Tabela 1. (IEEE 1159, 2009)
A elevação da tensão pode ser causada pelo desligamento de grandes cargas
no sistema, energização de grandes bancos de capacitores, entre outros casos. A
Figura 6 mostra a ocorrência de o curto circuito monofásico que causou uma
sobretensão de 1,15 pu com duração de 0,8 segundos no sistema elétrico.
Figura 6. Elevação da tensão em um curto circuito monofásico no sistema elétrico.

Fonte: (IEEE 1159, 2009)


25

Elevação de tensão é um fenômeno que prejudica muito os equipamentos


eletrônicos podendo causar a queima desses equipamentos dependendo da
intensidade da elevação e da duração do evento.

3.4. INTERRUPÇÃO

Um dos fenômenos que afetam a qualidade da energia é a interrupção que


ocorre quando a tensão de alimentação ou corrente de carga diminui para um valor
de 0,9 pu do valor nominal de operação do sistema por um período até 1 minuto. A
interrupção pode ser devido a falhas no sistema elétrico, falha nos equipamentos,
entre outros. A interrupção pode ser classificada como: interrupção instantânea,
momentânea e temporária. A diferença entre as classificações se deve pela duração
do evento. (IEEE 1159, 2009)
Interrupção instantânea é definida como um fenômeno que ocorre com um
afundamento da tensão a 0,1 pu com duração de 0,5 a 30 ciclos. A interrupção
momentânea ocorre com a mesma intensidade de afundamento que a interrupção
instantânea, mas com uma duração do evento de 30 ciclos a 3 segundos. Já a
interrupção temporária ocorre com a mesma intensidade que os outros fenômenos
interrupção já citados e com uma duração de 3 segundos a 1 minuto.
A Figura 7 mostra uma interrupção que ocorreu devido a um curto circuito em
um sistema elétrico. O tipo de interrupção é determinado pela duração do evento e
definido como uma interrupção momentânea com uma duração de 1,7 segundos até
o momento do religamento.
26

Figura 7. Interrupção momentânea em um sistema elétrico devido a um curto circuito e o seu


religamento.

Fonte: (IEEE 1159, 2009)

3.5. TRANSITÓRIOS

O fenômeno de transitório é a mudança repentina da frequência que influencia


na forma de onda da tensão e da corrente, alterando o valor e a sua polaridade. Os
transitórios são decorridos de eventos como: chaveamento de banco capacitores,
energização de máquina de grande porte, linhas de transmissão, eliminação de curto
circuitos.
Na Figura 8 segue um exemplo de transitório de tensão no sistema elétrico
devido a um chaveamento de banco de capacitor. No exemplo, o evento tem uma
duração de 5 ms.
27

Figura 8. Transitório de tensão devido a um chaveamento de banco capacitor.

Fonte: (OLIVEIRA, 2000).

Um transitório é considerado de baixa frequência quando a componente da


frequência é menor que 5 kHz e com uma duração do evento de 0,3 ms a 50 ms. Esse
tipo de transitório é comumente encontrado em sistemas de distribuição e é causado
principalmente por energização de transformadores.
Os transitórios de média frequência são causados por chaveamento de banco
de capacitores, disjuntores e resultando em valores da frequência entre 5 e 500 kHz.
Para os transitórios de alta frequência são caracterizados por distúrbios que
ocorrem há uma frequência acima de 500 kHz, podendo ser causados por descargas
atmosféricas, chaveamento de cargas indutivas, entre outros.
Apesar da ocorrência desses transitórios serem em um curto período de tempo,
questão de milissegundos, eles podem causar danos irreparáveis aos equipamentos
eletrônicos mais sensíveis.

3.6. HARMÔNICA

Harmônicos são tensões ou correntes senoidais com frequências que são


múltiplos inteiros da frequência na qual o sistema de fornecimento é projetado para
operar (denominado frequência fundamental, para o nosso caso, 60 Hz). (IEEE 1159,
2009)
Combinado com a forma de onda fundamental da tensão ou da corrente, os
harmônicos produzem distorções na forma da onda. Esse distúrbio é devido à
28

equipamentos e cargas com características não-lineares instaladas no sistema


elétrico de potência.
Harmônica é uma distorção de uma forma de onda senoidal. Isto é, uma
senoide com frequência fundamental de 60 Hz, se for distorcida ou descaracterizada,
pode conter componentes harmônicas. (MARTINHO, 2015)
Para determinar o grau de distorção harmônica de tensão ou corrente presente
em um determinado sistema, utiliza-se a ferramenta matemática conhecida como
série de Fourier ou Transformada de Fourier que é definida da seguinte forma: toda
função periódica e não senoidal pode ser representada pela soma da expressão série
que é composta por uma expressão senoidal em frequência fundamental e por
expressões senoidais cuja frequência de cada senoide é múltipla da senoide
fundamental e de uma eventual componente contínua. (MARTINHO, 2015)
A Figura 9 mostra a representação das componentes de 3º, 5º e 7º harmônico
separadamente e a senoide de um sistema de potência com a presença desses
harmônicos, representando um sinal distorcido.
Harmônico, diferente dos outros distúrbios que prejudicam a qualidade de
energia elétrica, é de natureza constante e não temporário e por isso que devemos ter
mais cuidado.
As distorções harmônicas presentes no sistema elétrico de potência vão contra
os objetivos da qualidade da energia proposto pela concessionária de energia elétrica,
que tem a obrigação de fornecer aos seus consumidores uma tensão puramente
senoidal, com amplitude e frequência constantes. Contudo, esse fornecimento que é
realizado em alguns consumidores que causam a deformação na forma de onda
devido a harmônico, prejudica não apenas a si mesmo, como também, a outros
consumidores que estão conectados à mesma rede elétrica.
29

Figura 9. Composição das 3º, 5º e 7º harmônicas em um sistema elétrico de potência.

Fonte: (PAULILO e TEIXEIRA)

O distúrbio da qualidade da energia elétrica devido a harmônica é algo recente


pois esse fenômeno é gerado por equipamentos e cargas não lineares. As instalações
elétricas industriais começaram a sofrer desses distúrbios com o uso da automação
nos sistemas de produção para redução de custo e otimização do processo. Com esse
avanço tecnológico, as formas de ondas do sistema ficaram deformadas e o
desempenho dos equipamentos instalados começaram a ficar prejudicados, pois a
qualidade da tensão de suprimento estava distorcida.
A natureza e a magnitude das distorções harmônicas geradas por cargas não
lineares dependem, especificamente, de cada carga, mas duas coisas podem ser
assumidas:
• Os harmônicos que causam problemas no sistema elétrico de potência são
geralmente os de componentes de números ímpares;
• A magnitude da corrente harmônica diminui com o aumento da frequência.
As harmônicas de ordem par existem e são geradas basicamente pela
presença de componentes DC no circuito. Essas harmônicas são mais severas que
as de ordem ímpar.
A partir dos valores harmônicos de tensão e corrente conhecidos no sistema,
podemos expressar o conteúdo harmônico no sistema através das equações (3.6.1) e
(3.6.2), que são denominadas, Distorção Harmônica Total (THD) de tensão e corrente,
respectivamente.
30

2
∑ℎ𝑚á𝑥
ℎ=2 𝑉ℎ
𝑇𝐻𝐷𝑉 = √ 𝑥 100 (%) (3.6.1)
𝑉12

2
∑ℎ𝑚á𝑥
ℎ=2 𝐼ℎ
𝑇𝐻𝐷𝐼 = √ 𝑥 100 (%)
𝐼1 2 (3.6.2)

Sendo:
THDV = Distorção Harmônica Total de Tensão
THDI = Distorção Harmônica Total de Corrente
Vh = Valor eficaz da Tensão de ordem h
Ih = Valor eficaz da Corrente de ordem h
V1 = Valor eficaz da Tensão Fundamental
I1 = Valor eficaz da Corrente Fundamental
h = Número de componente harmônica
Para determinar a contribuição das componentes harmônicas individuais de
tensão e corrente no sistema, temos respectivamente na (3.6.3) e (3.6.4) a expressão
delas:
𝑉ℎ
𝐷𝐻𝑉𝐼 = 𝑥 100 (%)
𝑉1 (3.6.3)

𝐼ℎ
𝐷𝐻𝐼𝐼 = 𝑥 100 (%) (3.6.4)
𝐼1
Sendo:
DHVI = Distorção harmônica individual de tensão
DHII = Distorção harmônica individual de corrente
Harmônicas de ordem elevada (acima da 50º ordem) são desprezadas devido
a sua intensidade ser muito pequena, tornando desprezível. Apesar de poderem
causar interferência em dispositivos eletrônicos de baixa potência, elas usualmente
não representam perigo ao sistema de potência.
Como citado anteriormente, o desenvolvimento da eletrônica de potência para
automação e otimização dos processos fez com que o conteúdo harmônico presente
no sistema elétrico de potência aumentasse, causando uma série de fatores
indesejáveis em diversos equipamentos ou dispositivos instalados no sistema,
comprometendo a qualidade e o uso racional da energia elétrica.
31

A partir dessa situação, vários tipos de cargas elétricas com características


não-lineares estão sendo instaladas no sistema elétrico de potência, denominadas
“Cargas Elétricas Especiais”, que serão citadas e classificadas em três grupos básicos
a seguir: (OLIVEIRA, 2000)
• Cargas de conexão direta ao sistema
o Motores de corrente alternada;
o Transformadores alimentadores;
o Circuitos de iluminação com lâmpadas de descargas;
o Fornos a arco.
• Cargas conectadas através de conversores
o Motores de corrente contínua controlados por retificadores;
o Motores de indução controlados por inversores com comutação forçada;
o Motores síncronos controlados por cicloconversores (conversão estática
direta CA/CA em uma dada frequência para outra frequência inferior);
o Processos de eletrólise através de retificadores não-controlados;
o Fornos de indução de alta frequência.
• Reguladores
o Fornos de indução controlados por reatores saturados;
o Cargas de aquecimento controladas por tiristores;
o Reguladores de tensão a núcleo saturado;
o Velocidade dos motores controlados por tensão de estator;
o Computadores;
o Eletrodomésticos com fonte chaveadas.
No capítulo seguinte será apresentado a contribuição das distorções
harmônicas de tensão e corrente em um dado sistema elétrico de potência no setor
industrial e apresentar alguns métodos de mitigar esse distúrbio no sistema.

3.7. INTER-HARMÔNICA

O distúrbio inter-harmônico de tensão ou corrente são caracterizados pela


presença de valores não múltiplos da frequência fundamental na forma de onda. Elas
podem aparecer como frequências discretas ou como uma larga faixa espectral, em
diferentes classes de tensão.
32

Esse tipo de distúrbio é pouco conhecido e estudado, mas pode ser encontrado
em redes elétricas de todas as classes de tensão e podem afetar sinais de portadoras
de sinais (carrier), visualização em sinais de display com TVs de raios catódicos. As
principais fontes do fenômeno inter-harmônico são produzidas por equipamentos a
arco, motores de indução, inversores e conversores estáticos.

3.8. NOTCHING

O Notching é um distúrbio de tensão causado pela operação de equipamentos


de eletrônica de potência, quando a corrente é comutada de uma fase para outra.
Durante esse processo há um momento de curto circuito entre as fases em que ocorre
a comutação.
Esse distúrbio causa interferência de alta frequência que afeta os
equipamentos mais sensíveis, causando paradas indesejadas, travamento de
dispositivos de armazenamento, entre outros. O Notching pode ocorrer em um sistema
de retificação de seis pulsos com filtro indutor.

3.9. RUÍDOS

O ruído é um dos distúrbios mais difíceis de ser tratado, pois é originado de


várias fontes e afeta os equipamentos de forma significativa. Contém uma larga faixa
espectral com frequências menores que 200 kHz, as quais são superpostas às
tensões e correntes de fase ou neutro em um sistema elétrico de potência. Esse
distúrbio pode ser causado por equipamentos de eletrônica de potência, circuitos de
controle, equipamentos a arco, retificadores a estado sólido e fontes chaveadas.
O ruído pode ser dividido em duas formas: ruído de modo comum e ruído de
modo normal. O ruído de modo comum ocorre entre o condutor de neutro e terra,
afetando a referência do circuito eletrônico, e pela existência de diferença de potencial
entre as suas referências. O ruído de modo normal acontece entre as fases e afeta o
circuito como o todo.
33

4. DISTORÇÃO HARMÔNICA NO SISTEMA ELÉTRICO INDUSTRIAL

Os distúrbios de distorção harmônica de tensão e corrente encontrado no


sistema elétrico industrial é causado pela operação de cargas elétricas que
apresentam características não-lineares e essas cargas causam efeitos indesejáveis
para o sistema elétrico. Os efeitos dessas cargas não-lineares no sistema elétrico
podem ser divididos em três grupos. Em dois desses três grupos podem estar
relacionadas com perdas da vida útil de: transformadores, máquinas rotativas, banco
de capacitores, etc. No terceiro grupo podem estar envolvidos com operações
errôneas ou falha completa do equipamento. Nessa categoria se incluem efeitos
como: torques oscilatórios nos motores CA, erros na resposta dos equipamentos,
aumento ou diminuição do consumo de kWh.
A tolerância da intensidade da distorção harmônica em um sistema de
alimentação depende da susceptibilidade da carga (ou da fonte de potência). Os
equipamentos menos sensíveis, geralmente, são carga resistivas, em que a sua forma
de onda não é relevante para seu funcionamento, e sim, o seu valor eficaz.
Equipamentos mais sensíveis em que o comportamento da forma de onda para o seu
desempenho é relevante, como por exemplo, equipamentos de comunicação. Para os
dois tipos de equipamentos, a presença de harmônico é prejudicial, provocando
maiores esforços nos componentes e isolantes.
Para rede de distribuição, na Tabela 4, os seguintes limites para as distorções
harmônicas totais de tensão que devem ser utilizados como parâmetros. Para análise
desse distúrbio é necessária uma faixa de frequência, no mínimo, a 25º harmônica, a
partir da fundamental. (ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica, 2018)
A terminologia aplicada para os níveis adotados como referência pela ANEEL
são os seguintes:
• DTT95% - Distorção Harmônica Total de Tensão que foi superado em
apensa 5 % das leituras válidas;
• DTTP95% - Distorção Harmônica Total de Tensão para as componentes
pares não múltiplas de 3 que foi superado em apenas 5 % das leituras
válidas;
• DTTI95% - Distorção Harmônica Total de Tensão para as componentes
ímpares não múltiplas de 3 que foi superado em apenas 5 % das leituras
válidas;
34

• DTT395% - Distorção Harmônica Total de Tensão para as componentes


múltiplas de 3 que foi superado em apenas 5 % das leituras válidas.

Tabela 4. Limite de distorção harmônica total (em % da tensão fundamental.

Fonte: (ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica, 2018)

Os níveis da distorção harmônica individual também devem ser obedecidos


pelas distribuidoras e consumidoras de energia elétrica. Os valores seguem na tabela
5 abaixo.

Tabela 5. Índice de distorção harmônica Individual de tensão.

Fonte: (ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica, 2018)

A IEEE 519:2014, recomenda que os limites para distorção harmônica


individual e total de tensão devem seguir os seguintes parâmetros visto na tabela 6.
35

Tabela 6. Limite de distorção harmônica individual e total da tensão.

Fonte: (IEEE 519, 2014)

Para a distorção harmônica de corrente, a norma recomenda que:


• Distorção Harmônica de Corrente para sistema de 120 V até 69 kV.

Tabela 7. Distorção Harmônica de Corrente para um sistema de 120 V até 69 kV.

Fonte: (IEEE 519, 2014)

• Distorção Harmônica de Corrente para sistema maior que 69 kV até 161 kV.

Tabela 8. Distorção Harmônica de Corrente para um sistema maior que 69 kV até 161 kV .

Fonte: (IEEE 519, 2014)


36

• Distorção Harmônica de Corrente para sistema acima 161 kV.

Tabela 9. Distorção Harmônica de Corrente para um sistema acima 161 kV.

Fonte: (IEEE 519, 2014)

Onde:
a = Os harmônicos de ordem par estão limitados a 25 % do valor do harmônico ímpar;
b = Distorção de corrente que resultam em um deslocamento de corrente CC, por
exemplo, conversores de meia onda, não são permitidos;
c = Todo equipamento é limitado para esses valores de distorção de corrente.

A seguir temos como os efeitos da distorção harmônica de tensão e corrente


podem prejudicar a operação de alguns dispositivos encontrados no sistema elétrico
de potência.

4.1. CABOS DE ALIMENTAÇÃO

Os efeitos da distorção harmônica em cabos podem se destacar os seguintes


pontos:
• Sobreaquecimento devido às perdas Joule que são acrescidas;
• Maior solicitação de isolamento devido a possíveis picos de tensão e
imposição de correntes pelas capacitâncias de fuga, provocando
aquecimento e consequentemente uma deterioração do material isolante.
A partir dos pontos levantados como efeitos causados pela distorção
harmônica, a Figura 10 mostra curvas que indicam a seção transversal e o diâmetro
dos condutores de cobre que devem ser utilizados para que o efeito peculiar da
distorção não seja tão significativo (aumento menor que 1 % na resistência). Nota-se
que para 3 kHz o máximo de diâmetro aconselhável é aproximadamente de uma
ordem de grandeza menor do que para 60 Hz. Logo, frequência acima de 3 kHz, um
condutor com diâmetro maior que 2,5 mm passa a ser significativo a efeito peculiar.
37

Caso os cabos de alimentação sejam longos e os sistemas conectados tenham


ressonâncias excitadas pelas componentes harmônicas, podem surgir um aumento
no nível de tensão ao longo da linha, podendo danificar o cabo.

Figura 10. Área de seção e diâmetro de fio de cobre que deve ser usado em função da
frequência da corrente para que o aumento da resistência seja menor que 1 %.

Fonte: (POMILLO, 2006)

Na Figura 11 tem-se a resposta em frequência, para uma entrada de tensão,


de um cabo de 10 km de comprimento, com parâmetros obtidos de um cabo trifásico
de 2 AWG, com tensão de 6 kV. As curvas plotadas na F mostram um módulo da
tensão no final do cabo, ou seja, sobre a carga (tipo RL). Sendo a carga com
características indutivas, seu comportamento é praticamente como um circuito aberto
em frequências elevadas. Quando o comprimento do cabo for igual a 1/4 do
comprimento de onda do sinal injetado no sistema, este circuito no final da linha indica
como um curto circuito na fonte. Este caso acontece para todos os múltiplos ímpares
desta frequência. As duas curvas referem-se à resposta em frequência sem e com o
efeito peculiar. Considerando esse efeito peculiar, tem-se uma redução na amplitude
das ressonâncias devido ao maior amortecimento apresentado pelo cabo por causa
do aumento da sua resistência.
38

Figura 11. Reposta em frequência de um cabo com comprimento de 10 km em uma rede


trifásica.

Fonte: (POMILLO, 2006).

O perfil do módulo da tensão ao longo do cabo quando o sinal de entrada se


apresenta na primeira frequência de ressonância é apresentado na Figura 12.
Observa-se que o aumento da tensão na carga atinge quase quatro vezes a tensão
de entrada (considerando a ação do efeito peculiar). O valor máximo não ocorre
exatamente sobre a carga porque ela não é, efetivamente, um circuito aberto nesta
frequência de 2,3 kHz.

Figura 12. Perfil da tensão ao longo do cabo para a frequência de ressonância.

Fonte: (POMILLO, 2006).

Um aspecto a ser analisado é o carregamento exagerado no circuito de neutro


em uma instalação, principalmente, em instalações que possuem muitos aparelhos
eletrônicos, que em seu sistema há uma predominância de harmônico de 3º ordem.
39

Este se caracteriza por ser de sequência zero, logo, a propagação vai ser pelo circuito
de neutro, podendo ocasionar tensões perigosas quando o sistema de malha de terra
é mal projetado.

4.2. TRANSFORMADORES

Distorção harmônica de tensão e corrente em transformadores causa um


sobreaquecimento devido ao aumento das perdas pelo efeito Joule. Distorção
harmônica de tensão aumenta as perdas no ferro e a distorção harmônica de corrente
aumentam as perdas no cobre. A perda no cobre é devida, principalmente, pelo efeito
peculiar que implica em uma diminuição da área efetivamente condutora à medida em
que a frequência da corrente aumenta.
Normalmente as componentes harmônicas possuem uma amplitude pequena,
o que ajuda a não tornar excessivo o aumento de perdas. Mas, podem surgir situações
em que apareçam componentes de alta frequência e amplitude elevada. Além disso,
os efeitos das reatâncias de dispersão ficam ampliadas também, uma vez que seu
valor aumenta com o aumento da frequência.
Associado à dispersão ainda existe outro fator de perdas que está relacionado
às correntes induzidas pelo fluxo disperso. Essa corrente se manifesta nos
enrolamentos, no núcleo e nas peças metálicas adjacentes aos enrolamentos do
transformador. Esse tipo de perda cresce proporcionalmente ao quadrado da
frequência e da corrente.
Nos transformadores ainda temos uma grande influência das capacitâncias
parasitas (entre espiras e entre os enrolamentos) que podem realizar acoplamentos
não desejáveis e, eventualmente, produzir ressonâncias no próprio equipamento.
Essas perdas fazem com que a vida útil do equipamento seja reduzida, uma
vez com que a degradação do material isolante no interior do transformador vai ocorrer
de forma mais acentuada.
A Figura 13 mostra o perfil da vida útil de um transformador de corrente em
função da incidência de distorção harmônica no equipamento. Vimos pelo gráfico que
quanto maior o índice de distorção harmônica total de corrente, menor será a vida do
transformador.
40

Figura 13. Vida útil de um transformador de corrente em relação da incidência de distorção


harmônica de corrente.

Fonte: (OLIVEIRA, 2000).

4.3. MOTORES DE INDUÇÃO

Motores de indução que operam com a forma de onda da tensão de suprimento


distorcida devido à presença de harmônicos no sistema, possuem de forma
semelhante ao transformador, um sobreaquecimento nos seus enrolamentos. Este
sobreaquecimento causa uma degradação no material isolante, podendo levar a um
curto circuito devido a falha no isolamento.
Com relação ao desempenho do motor de indução na presença de
componentes harmônicas, temos uma perda de rendimento e qualidade do serviço,
devido ao surgimento de torques pulsantes. Há o aumento de ruído no funcionamento
do motor de indução com a presença dos harmônicos. O efeito cumulativo do aumento
das perdas faz com que haja uma diminuição da eficiência, como dito anteriormente,
e da vida útil dos motores.
Na Figura 14 temos uma relação entre a distorção harmônica presente no
sistema e as perdas elétricas em um motor de indução causado por essas
componentes harmônicas. É possível perceber no gráfico que há um crescimento
exponencial das perdas elétricas com o aumento da distorção harmônica.
41

Figura 14. Índice de perdas elétricas em um motor de indução em relação a distorção


harmônica total de tensão presente no sistema elétrico.

Fonte: (OLIVEIRA, 2000).

4.4. MÁQUINAS S ÍNCRONAS

As máquinas síncronas são responsáveis por grandes blocos de consumidores


no sistema elétrico de potência e localizado distante dos grandes centros
consumidores, com isso, não sofrem de forma acentuada com a presença de
harmônicos no sistema.
Em sistemas industriais que possuem geração própria, que operam em paralelo
com a concessionária, tem sido verificado anomalias na máquina síncrona. São elas:
• Sobreaquecimento das sapatas polares, devido a circulação de correntes
harmônicas nos enrolamentos dos amortecedores;
• Torques pulsantes no eixo da máquina;
• Indução de tensões harmônicas no circuito de campo, comprometendo a
qualidade das tensões geradas.
Logo, a monitoração das máquinas síncronas com relação a essas anomalias
deve ser realizada, afim de assegurar a operação contínua da máquina nem que haja
perda na sua geração.

4.5. BANCO DE CAPACITORES

Os bancos de capacitor instalados nas redes elétricas em que há a presença


de distorção harmônica podem originar ressonância, que podem caracterizar uma
sobretensão nos terminais das unidades capacitivas.
42

Devido a essa situação de sobretensão, que pode ocorrer na instalação de


banco de capacitor em um sistema que apresente distorção harmônica, há uma
degradação do isolamento das unidades capacitivas, podendo até danificar por
completo o capacitor.
Consumidores conectados em um mesmo ponto de acoplamento ficam
submetido a tensões perigosas, mesmo não sendo o causador das cargas poluidoras
em sua instalação, o que estabelece uma condição extremamente prejudicial à
operação dos equipamentos. Mesmo que a condição de ressonância seja
caracterizada, os capacitores tornam um caminho de baixa impedância para condução
da distorção harmônica, estando constantemente carregado, sujeito a
sobreaquecimento além do normal, podendo ocorrer a atuação do relé de proteção
térmica.
Devido a essas situações, a vida útil dos capacitores fica prejudicada. A
equação a seguir, estima o tempo de vida útil do capacitor (OLIVEIRA, 2000).
1 7,45
𝑉𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙 = ( ) (4.5.1)
𝑆𝑥𝑇
Onde:
S = valor de pico da sobretensão em pu;
T = sobre temperatura em pu.

A partir da equação (4.5.1) podemos definir o comportamento da vida útil do


capacitor. Na Figura 15 segue a relação entre a vida útil do capacitor e o grau de
temperatura.
Figura 15. Vida útil dos capacitores em função da temperatura.

Fonte: (OLIVEIRA, 2000).


43

Na Figura 16, temos a relação entre a vida útil em função da distorção da


tensão.
Figura 16. Vida útil em relação a distorção da tensão.

Fonte: (OLIVEIRA, 2000).


44

5. MITIGAÇÃO DA DISTORÇÃO HARMÔNICA NO SISTEMA ELÉTRICO


INDUSTRIAL

Para o controle da distorção harmônica presente no sistema elétrico de


potência existem métodos para mitigar esse distúrbio de forma preventiva ou corretiva,
melhorando a qualidade da energia elétrica do sistema.
Em sistema elétrico que possuem um alto nível de cargas não-lineares e um
índice alto de distorção harmônica total, a solução clássica é a utilização de filtros
ativos ou passivos para a correção da distorção harmônica que funcionam como um
divisor de corrente:
𝐼𝑖 𝑍𝑓
= (5.1)
𝐼𝑐 𝑍𝑓 + 𝑍𝑖
Onde:
Ii = Corrente na fonte, após a filtragem;
Ic = Corrente da carga (com harmônica);
Zi = Impedância do alimentador;
Zf = Impedância do filtro.

Quando Zi = 0, não ocorre filtragem, o sistema é ideal.

5.1. FILTROS PASSIVOS

A utilização de filtro passivo na compensação da distorção harmônica é


realizada de forma a criar um caminho com baixa impedância por onde as correntes
harmônicas irão fluir com pequeno retorno para o resto do sistema. Os filtros passivos
funcionam de forma corretiva no controle da distorção harmônica de corrente, atuando
no circuito das cargas não lineares.
Estes filtros são instalados em várias seções sintonizando em uma determinada
frequência, por exemplo, um filtro sintonizado no 3º harmônico, outro no 5º harmônico
e assim por diante, mitigando a contribuição desses harmônicos no sistema elétrico.
O circuito que geralmente é utilizado como filtro passivo é o circuito RLC em
série. Esta configuração é formada por um resistor, um indutor e um capacitor ligados
em série conectados em paralelo com as cargas não lineares. Esta instalação é
realizada próxima à carga não linear ou no ponto de acoplamento comum.
A determinação dos valores dos componentes do circuito RLC é baseada no
equacionamento clássico do circuito, onde a frequência de ressonância do filtro é
45

fixada na frequência da harmônica de interesse. A Figura 17 mostra uma forma de


configuração do filtro passivo em paralelo com carga não linear.

Figura 17. Filtro passivo instalado em paralelo a uma carga não linear.

Fonte:. (CORRÊA, 2007)

5.2. FILTROS A TIVOS

A realização de um filtro ativo de potência utiliza a capacidade de um conversor


CC-CA (inversor) produzir tensão ou corrente alternada com qualquer forma de onda.
Tal capacidade de síntese é limitada em termos espectrais a um valor de
aproximadamente 1/10 da frequência de comutação, admitindo-se ainda a existência
de um filtro de saída que minimize a penetração de componentes de alta frequência
na rede elétrica. Este inversor é conectado ao sistema elétrico por meio de um filtro
indutivo, que pode compensar os harmônicos em sistemas trifásicos, a três ou quatro
fios, e em sistemas monofásicos.
A função do filtro ativo é fazer com que se produza uma corrente ou tensão que
siga uma dada referência, a qual está relacionada com as componentes da corrente
(ou tensão) que se quer compensar. Basicamente um filtro ativo detecta a corrente
harmônica da forma de onda de linha ou da carga não-linear (ou um conjunto de
cargas), então gera uma corrente adequada para atenuar ou cancelar estes
harmônicos.
Serão apresentadas algumas definições sobre filtros ativos de potência para
fornecer subsídios para a escolha de um filtro ativo para a compensação da corrente
harmônica.
46

5.2.1. FILTROS A TIVOS DE POTÊNCIA SÉRIE

O objetivo do filtro é minimizar a distorção harmônica, logo, o filtro ativo de


potência em série foi desenvolvido para compensar esse fenômeno de distorção
harmônica de tensão presente no sistema de alimentação de uma carga não-linear. A
tensão produzida pelo filtro é de alguns por cento da tensão nominal da rede, enquanto
a corrente que percorre o filtro é a corrente de carga. A Figura 18 mostra o circuito de
um filtro série em um sistema monofásico.

Figura 18. Esquema de um filtro ativo de potência série monofásico.

Fonte: (CORRÊA, 2007).

5.2.2. FILTROS A TIVOS DE POTÊNCIA EM DERIVAÇÃO (SHUNT)

O objetivo do filtro ativo de potência em derivação é minimizar a distorção


harmônica de corrente que está presente no sistema elétrica de potência. Esse tipo
de filtro deve ser capaz de injetar uma corrente que somada a corrente da carga,
produza uma corrente “limpa” na rede. A Figura 19 mostra o esquema do filtro ativo
em derivação e pela imagem podemos perceber que o conversor CC-CA não
necessita de uma fonte de potência no barramento CC, por não alterar a potência
ativa da rede.
47

Figura 19. Esquema de um filtro ativo em derivação, monofásico.

Fonte: (CORRÊA, 2007).

A Figura 20 mostra um resultado experimental de um filtro monofásico


corrigindo a corrente de um retificador com filtro capacitivo. Diferente do filtro passivo,
o filtro por derivação é eficiente, tornando o circuito eletrônico com uma fonte de
corrente controlada.

Figura 20. Forma de onda do filtro ativo de potência em derivação: no gráfico de cima temos a
corrente no filtro e no gráfico abaixo a corrente do sistema elétrico corrigido.

Fonte: (CORRÊA, 2007).


48

5.2.3. A TENUAÇÃO COM CONDICIONAMENTO DE CARGA

A distorção harmônica presente no sistema elétrico pode ser mitigada de forma


preventiva através de circuitos auxiliares em cargas não lineares presentes nos
sistemas elétricos de baixa potência.
Circuitos dos pré-reguladores de fator de potência é um exemplo de
condicionamento de carga que pode ter duas configurações possíveis. A primeira
configuração é a utilização de um circuito LC, com componentes formados por indutor
e capacitor, que é uma solução passiva, a segunda, é baseada em um circuito
eletrônico chaveado.
A solução passiva utilizando o circuito LC em paralelo com a carga não linear
para a eliminação de uma frequência específica, por exemplo a 5ºharmônica, na
entrada do retificador, pode ser visto na Figura 21.

Figura 21. Circuito LC inserido na entrada do retificador para mitigar a distorção harmônica.

Fonte: (CORRÊA, 2007).

A utilização de circuitos eletrônicos ativos para o condicionamento da distorção


harmônica na carga, é baseada nos pré-reguladores de potência. Esses circuitos
utilizam chaves semicondutoras controladas associadas aos elementos passivos do
circuito, indutor e capacitor (Figura 22).

Figura 22. Circuito de pré-regulador de potência.

Fonte: (CORRÊA, 2007)


49

A seguir, serão descritos outros métodos para minimizar a incidência de


harmônicos em circuitos do sistema elétrico de potência.

5.2.4. SEPARAÇÃO DE CIRCUITOS

A solução de separar circuitos “poluidores” dos circuitos sensíveis pode ser


uma alternativa viável, desde que os circuitos poluidores afetem os circuitos de uma
unidade. Essa solução é uma forma mais econômica comparada com as demais. Vale
ressaltar que essa solução não elimina a distorção harmônica, e sim, reloca para outro
circuito menos sensíveis. (MARTINHO, 2015)

5.2.5. TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO

Os transformadores de separação instalados em um sistema podem ser uma


solução para minimizar o efeito da distorção harmônica. Transformador com ligação
em delta/estrela podem reter as harmônicas de 3º ordem e suas múltiplas. Mas, se
existir outros tipos de componente harmônico na rede, eles continuarão a circular no
sistema. Esse tipo de solução elimina apenas a 3º harmônico e suas múltiplas.
(MARTINHO, 2015)

5.2.6. REDIMENSIONAMENTO DA REDE

O aumento da circulação da corrente devido a distorção harmônica pode


ocasionar um aquecimento dos condutores, fazendo com que dispositivos de proteção
atuem. Um adendo a respeito do redimensionamento de circuitos é que vale para os
condutores de fase, os condutores de neutro não são ajustados, sendo eles o mais
afetado em um circuito com a presença de distorção harmônica, principalmente, pela
3º harmônica e seus múltiplos. O somatório das correntes de 3º harmônico em
circuitos trifásico com neutro, prevalece no neutro do sistema, aumentando
significativamente o valor da corrente de neutro, podendo causar grandes danos.
(MARTINHO, 2015)
50

5.2.7. TRANSFORMADORES COM DESCLASSIFICAÇÃO PELO FATOR K

Os transformadores possuem dois tipos de perdas internos, sendo as perdas


no ferro devido às componentes magnéticas e as perdas no enrolamento causadas
pela impedância do circuito. A presença da distorção harmônica no circuito está
relacionada diretamente às perdas no enrolamento. Os transformadores com fator K
são calculados de forma a melhorar a performance desses dispositivos com relação
às correntes parasitas, suportando o valor da distorção harmônica sem perder as
características. (MARTINHO, 2015)
51

6. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO INDUSTRIAL ANALISADO

A partir das definições e análises feitas a respeito dos distúrbios relacionados


com a qualidade da energia encontrados no sistema elétrico de potência, utilizou-se
um estudo de caso realizado em uma indústria de alimentos em que foi feita uma
análise no seu sistema elétrico por apresentar queima de equipamentos.
No sistema elétrico Industrial analisado foi realizada uma campanha de
medição a fim de verificar a causa da queima dos capacitores. Um dos principais
fatores dessa queima está relacionado com a má qualidade da energia nas
instalações elétricas, que está associada a distorções harmônicas de tensão e
corrente produzida por equipamentos não lineares presente nas instalações elétricas
da Fábrica.
Uma grande fonte de harmônicas existente na instalação da fábrica é o sistema
de retificação que alimenta o eletrolisador da fábrica de hidrogênio.
Na Figura 23 temos o esquema unifilar da instalação da Fábrica analisada e
indicação dos locais onde foram feitas as medições.

Figura 23. Diagrama Unifilar do sistema elétrico da fábrica de alimentos com indicação dos
pontos de medição utilizados no período de medição.
52

6.1. METODOLOGIA DA CAMPANHA DE MEDIÇÃO

A campanha de medição para monitorar a qualidade da energia elétrica foi


realizada no período de 01 de julho a 22 de agosto de 2015 da seguinte forma:
• Medição das principais características elétricas das instalações da Fábrica,
observando as formas de conda da tensão e corrente, como observando
também, as principais componentes harmônicas presentes na instalação;
• Avaliação das características elétricas: Observando a influência das
principais fontes de distúrbios (harmônicos) em operação e fora de
operação;
• Avaliação estatísticas das componentes harmônicas encontradas na
instalação elétrica com caracterização das fontes desses distúrbios.
Os registros foram realizados com a instalação do analisador da qualidade da
energia em diferentes pontos como indicado na Figura 23.
Os registros da qualidade de energia foram realizados por um analisador de
energia (qualímetro): RMS – MARH 21 993PT da RMS Sistemas Eletrônicos,
programado para obtenção de valores RMS dos parâmetros, combinados com a
captura de transitórios. As análises dos registros são realizadas no software do
equipamento, o ANAWIN, e também no EXCEL, onde é plotado os gráficos.
O equipamento é um medidor e registrador de grandezas em tempo real, com
capacidade para registro de harmônicas de tensão e corrente, potências ativas,
reativas e aparentes, valores eficazes da tensão e corrente, fator de potência, energia,
bem como, para registro das formas de onda dos sinais de tensão e corrente em
sistemas elétricos monofásicos, bifásicos e trifásicos em baixa, média e alta tensão.
O analisador foi configurado para o modo de operação de captação da forma
de onda (acionamento de captação por variação do valor absoluto de tensão e
variação de frequência – oscilografia) e grandezas integralizadas simultaneamente.

6.2. MEDIÇÕES REALIZADAS

Durante o período de campanha na Fábrica de alimentos foram realizadas


várias medições em diferentes pontos da instalação, vide Figura 23. As características
de cada ponto de medição são:
• Medição nos ramais dos alimentadores das subestações/transformadores
da fábrica na SE 69/13,8 kV;
53

1. Medição no alimentador da SE Envase de Margarina na saída do


quadro de média tensão, com alimentação do instrumento através dos
TP e TC do próprio quadro;
2. Medição no alimentador da SE Envase PET na saída do quadro de
média tensão, com alimentação do instrumento através dos TC e TP
do próprio quadro;
3. Medição no alimentador da SE Unitária 1 na saída do quadro de média
tensão, com alimentação do instrumento através dos TP e TC do
próprio quadro;
4. Medição no alimentador de um dos bancos de capacitores em média
tensão, com alimentação do instrumento através dos TP e TC do
próprio quadro;
5. Medição no alimentador da subestação hidrogênio na saída do quadro
de média tensão na subestação de 69/13,8kV, com alimentação do
instrumento através dos TP e TC do próprio quadro.
• Medição no lado de baixa tensão dos transformadores alimentadores nas
diversas subestações instaladas no interior da fábrica:
6. Medição na alimentação geral do quadro de baixa tensão da SE
Envase de Margarina;
7. Medição na alimentação geral do quadro de baixa tensão da SE
Envase PET;
8. Medição na alimentação geral do quadro de baixa tensão do
transformador 1 da SE Unitária (CCM11);
9. Medição na alimentação geral do quadro de baixa tensão do
transformador 2 da SE Unitária (BT11);
10. Medição na alimentação geral do quadro de baixa tensão do
transformador 3 da SE Unitária (BT12);
11. Medição na alimentação geral do quadro de baixa tensão do
transformador 2 da subestação hidrogênio – alimentação direta do
retificador do eletrolisador;
12. Medição da alimentação do banco de capacitores 1 de baixa tensão na
SE Envase de Margarina;
13. Medição da alimentação do banco de capacitores 2 de baixa tensão na
SE Envase de Margarina;
54

14. Medição da alimentação do banco de capacitores de baixa tensão na


SE Envase de PET.

Durante a campanha de medição foram analisados os parâmetros de qualidade


da energia elétrica com ênfase no nível de tensão eficaz e nas componentes
harmônicas presentes na instalação. Os registros das medições foram realizados no
barramento de 13,8 kV e no barramento de baixa tensão de 440 V.
A ANEEL determina uma faixa de classificação da tensão em regime
permanente para o sistema elétrico. Na Tabela 10 tem os parâmetros da tensão de
atendimento para o caso da tensão de atendimento de 13,8 kV. Na Tabela 11 temos
os parâmetros da tensão de atendimento de 440 V

Tabela 10. Ponto de conexão de tensão nominal superior a 1 kV e inferior a 69 kV.

Fonte: (ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica, 2018)

Tabela 11. Ponto de conexão de tensão nominal igual ou inferior a 1 kV (440/220 V)

Fonte: (ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica, 2018)

6.3. MEDIÇÃO DE GRANDEZAS ELÉTRICAS

6.3.1. BARRAMENTO 13,8 KV NA SE 69/13,8 KV

As tensões registradas ao longo da campanha de medição indicaram que o


nível da tensão se encontra dentro dos valores recomendados pela ANEEL para
tensão de 13,8 kV.
55

Durante o período da campanha de medição, a tensão média foi de 14,06 kV,


com valor máximo da tensão em 14,41 kV e mínimo de 13,67 kV. Temos na Figura 24
o comportamento da tensão no período de campanha.
Figura 24. Forma de onda da tensão na medição no barramento de 13,8 kV na subestação
69/13,8 kV durante o período de campanha.
14,600

14,400

14,200

14,000
Tensão (kV)

13,800

13,600

13,400

13,200
15:59:00

00:02:00

12:18:00

20:23:00

04:49:00

12:54:00

09:38:00

17:42:00

01:56:00

22:26:00

06:37:00

04:40:00

20:30:00

07:25:00

23:05:00

15:10:00

05:45:00

08:45:00

00:55:00

14:55:00
11:57:00

20:07:00

04:04:00
08:00:00

16:26:00

00:40:00

08:55:00

16:59:00
21:03:00
01:21:00
05:43:00

13:43:00

21:50:00

05:55:00
10:01:00
14:10:00
18:20:00

02:29:00

10:44:00

00:55:00

16:15:00
12:10:00

03:25:00

20:00:00

10:35:00

01:30:00
21:00:00
16:40:00
12:20:00

04:20:00

20:45:00
Tempo(hh:mm:ss)

Na Figura 25 temos a distribuição dos valores da tensão no barramento de


13,8 kV, cuja a tensão, em mais de 20 % das vezes, esteve em 14,065 kV.
Figura 25. Distribuição da frequência de ocorrência da tensão no barramento de 13,8 kV.
25,00%

20,00%
Frequencia de ocorrencia (%)

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%
13,669 13,748 13,828 13,907 13,986 14,065 14,144 14,224 14,303 14,382 14,461 14,541

Tensão (kV)
56

6.3.2. SUBESTAÇÃO ENVASE MARGARINA

As tensões registradas ao longo da campanha de medição na subestação da


Envase Margarina indicaram que o nível da tensão se encontra dentro dos valores
recomendados pela ANEEL para tensão de 440 V. O registro da tensão durante o
período de campanha de medição foi de fase-neutro.
Durante o período da campanha de medição, a tensão média foi de 251 V, com
valor máximo da tensão em 259,23 V e mínimo de 244,22 V. Temos na Figura 26 o
comportamento da tensão no período de campanha.
Figura 26. Forma de onda da tensão na subestação Envase Margarina durante o período de
campanha de medição.

265

260

255
Tensão (V)

250
Va(V)
Vb(V)
Vc(V)

245

240

235
01:28
02:46
04:04
05:22
06:40
07:58
09:16
10:34
11:52
13:10
14:28
15:46
17:04
18:22
19:40
20:58
22:16
23:34
00:52
12:28
13:46
15:04
16:22
17:40
18:58
20:16
21:34
22:52
00:10

02:10
03:28
04:46
06:04
07:22
08:40
09:58
11:16
12:34
13:52
15:10
16:28
17:46
19:04
20:22
21:40
22:58
00:16

Horário (hh:mm:ss)

Na Figura 27 temos a distribuição dos valores da tensão no barramento de


440 V, cuja a tensão se encontra bem distribuída em torno da média e sem muita
variação.
57

Figura 27. Distribuição da frequência de ocorrência da tensão no barramento de 440 V na


subestação Envase Margarina.
25,00%

20,00%
Frequencia de ocorrencia (%)

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%
244,38 245,895 247,41 248,925 250,44 251,955 253,47 254,985 256,5 258,015 259,53 261,045

Tensões (V)

Durante a campanha na subestação da Envase Margarina foi verificado o


comportamento da distorção harmônica total (THD) de tensão e exposto na Figura 28.
Os valores da distorção harmônica ficaram em torno de 5 %, dentro do recomendado
pelas agências regulamentadoras.

Figura 28. Comportamento da distorção harmônica total de tensão no período de campanha na


subestação da Envase Margarina.
6

4
THD(%)

3 THD_Va
THD_Vb
THD_vc

0
12:28

12:34
12:35
12:36

12:41
12:42
12:43

12:49
12:50
12:51

12:57
12:58
12:59

13:05
13:06
13:07
12:29
12:30
12:31
12:32
12:33

12:37
12:38
12:39
12:40

12:44
12:45
12:46
12:47
12:48

12:52
12:53
12:54
12:55
12:56

13:00
13:01
13:02
13:03
13:04

13:08
13:09
13:10
58

6.3.3. SUBESTAÇÃO ENVASE PET

As tensões registradas ao longo da campanha de medição na subestação da


Envase PET indicaram que o nível da tensão se encontra dentro dos valores
recomendados pela ANEEL para tensão de 440 V. O registro da tensão durante o
período de campanha de medição foi de fase-neutro.
Durante o período da campanha de medição, a tensão média foi de 250 V, com
valor máximo da tensão em 260,29 V e mínimo de 239 V. Temos na Figura 29 o
comportamento da tensão no período de campanha.
Figura 29. Forma de onda da tensão na subestação da Envase PET durante o período de
campanha.
265

260

255

250
Tensão (V)

245
Va(V)
Vb(V)
Vc(V)
240

235

230

225
16:30

03:15
06:50

17:35

04:20

18:40

05:25

16:10
19:45

06:30

17:15

07:35

18:20

05:05
08:40

19:25

06:10
09:45
12:55

20:05
23:40

10:25
14:00

21:10
00:45

07:55
11:30
15:05

22:15
01:50

09:00
12:35

23:20
02:55

10:05
13:40

20:50
00:25
04:00

11:10
14:45

21:55
01:30

12:15
15:50

23:00
02:35

Horário (hh:mm:ss)

A distorção harmônica total de tensão no período de registro apresentou um


valor muito acentuado e que pode ser dividido em dois patamares, um patamar com
valores em torno de 1,5 a 2 %, e um segundo patamar acima de 5 %, chegando a
valores máximos de 6,8 %, valores ainda aceitáveis para operação segura de
equipamentos. O comportamento da distorção harmônica no período de registro pode
ser visto na Figura 30.
59

Figura 30. Comportamento da distorção harmônica total de tensão no período de campanha na


subestação da Envase PET.
8

6
Distorção Total Harmonica de Tensao (%)

4
VaDT
VbDT
VcDT
3

0
02:55
06:25

03:25
06:55

00:25
03:55
07:25

00:55
04:25
07:55

01:25
04:55
08:25

01:55
05:25
08:55

02:25
05:55
09:25
12:55
16:25
19:55
23:25

09:55
13:25
16:55
20:25
23:55

10:25
13:55
17:25
20:55

10:55
14:25
17:55
21:25

11:25
14:55
18:25
21:55

11:55
15:25
18:55
22:25

12:25
15:55
19:25
22:55
Horário (hh:mm:ss)

6.3.4. SUBESTAÇÃO UNITÁRIA 1 – TRANSFORMADOR 1 – BT11

As tensões registradas ao longo da campanha de medição na subestação da


unitária 1 – transformador 1 indicaram que o nível da tensão se encontra, de maneira
geral, dentro dos valores recomendados pela ANEEL para tensão de 440 V. O registro
da tensão durante o período de campanha de medição foi de fase-neutro.
Durante o período da campanha de medição, a tensão média foi de 256 V, com
valor máximo da tensão em 267,2 V e mínimo de 248,2 V. Temos na Figura 31 o
comportamento da tensão no período de campanha.
60

Figura 31. Forma de onda da tensão na subestação unitária 1- transformador 1 durante o


período de campanha.

Tensão na SE Unitária 1 - BT11


270

265

260

255
Tensão (V)

Va(V)
Vb(V)
Vc(V)
250

245

240

235
10:15
13:20
16:25

07:50
10:55
14:00

05:25
08:30
11:35

03:00
06:05

00:35
03:40

19:05
22:10
01:15

16:40
19:45
22:50
19:30
22:35
01:40
04:45

17:05
20:10
23:15
02:20

14:40
17:45
20:50
23:55

09:10
12:15
15:20
18:25
21:30

06:45
09:50
12:55
16:00

04:20
07:25
10:30
13:35

01:55
05:00
08:05
Durante a campanha na subestação unitária 1 – transformador 1 foi verificado
o comportamento da distorção harmônica total (THD) de tensão (Figura 32). Os
valores da distorção harmônica chegaram a valores de 4 %, dentro do recomendado
pelas agências regulamentadoras.

Estima-se que durante os registros não houve operação da fonte poluidora da


qualidade da energia elétrica, ou seja, a fábrica de hidrogênio estava fora de operação.

Figura 32. Comportamento da distorção harmônica total de tensão no período de campanha na


subestação unitária 1 – transformador 1.

Tensão na SE Unitária 1 - BT11


4,5

3,5

2,5 VaDT
Vthd (%)

VbDT

2 VcDT

1,5

0,5

0
10:15
13:20
16:25
19:30
22:35
01:40
04:45
07:50
10:55
14:00
17:05
20:10
23:15
02:20
05:25
08:30
11:35
14:40
17:45
20:50
23:55
03:00
06:05
09:10
12:15
15:20
18:25
21:30
00:35
03:40
06:45
09:50
12:55
16:00
19:05
22:10
01:15
04:20
07:25
10:30
13:35
16:40
19:45
22:50
01:55
05:00
08:05
61

6.3.5. SUBESTAÇÃO UNITÁRIA 1 – T RANSFORMADOR 2 – BT12

As tensões registradas ao longo da campanha de medição na subestação da


unitária 1 – transformador 2 indicaram que o nível da tensão se encontra dentro dos
valores recomendados pela ANEEL para tensão de 440 V. O registro da tensão
durante o período de campanha de medição foi de fase-neutro.
Durante o período da campanha de medição, a tensão média foi de 251 V, com
valor máximo da tensão em 257,1 V e mínimo de 244,6 V. Temos na Figura 33 o
comportamento da tensão no período de campanha.
Figura 33. Forma de onda da tensão na subestação unitária 1- transformador 2 durante o
período de campanha.
265

260

255
Tensão (V)

250
Va(V)
Vb(V)
Vc(V)

245

240

235
14:40
15:40
16:40
17:40

03:40
04:40
05:40
06:40
07:40
08:40

18:40
19:40
20:40
21:40
22:40

09:40
18:40
19:40
20:40
21:40
22:40
23:40
00:40
01:40
02:40

09:40
10:40
11:40
12:40
13:40
14:40
15:40
16:40
17:40

23:40
00:40
01:40
02:40
03:40
04:40
05:40
06:40
07:40
08:40

Horário (hh:mm)

Durante a campanha na subestação unitária 1 – transformador 2 foi verificado


o comportamento da distorção harmônica total (THD) de tensão (Figura 34). Os
valores da distorção harmônica apresentaram sinais de conexão e desconexão de
uma grande fonte poluidora de harmônicos na fábrica e em alguns momentos a
distorção chega a alcançar valores próximos de 6 % e com patamares em 5 % e em
3,5 %.
62

Figura 34. Comportamento da distorção harmônica total de tensão no período de campanha na


subestação unitária 1 – transformador 2.

5
Distrorção Hamonica Total de Tensão (%)

3
VaDT
VbDT
VcDT

0
16:30
17:25

20:10

23:50

02:35
03:30

06:15

09:55

12:40
13:35

16:20
17:15

20:00

23:40

02:25
03:20

06:05

09:45
14:40
15:35

18:20
19:15

21:05
22:00
22:55

00:45
01:40

04:25
05:20

07:10
08:05
09:00

10:50
11:45

14:30
15:25

18:10
19:05

20:55
21:50
22:45

00:35
01:30

04:15
05:10

07:00
07:55
08:50
Horário (hh:mm)

6.3.6. SUBESTAÇÃO UNITÁRIA 1 – T RANSFORMADOR 3 – CCM11

As tensões registradas ao longo da campanha de medição na subestação da


unitária 1 – transformador 3 – CCM11 indicaram que o nível da tensão se encontra
dentro dos valores recomendados pela ANEEL para tensão de 440 V. O registro da
tensão durante o período de campanha de medição foi de fase-neutro.
Durante o período da campanha de medição, a tensão média foi de 249 V, com
valor máximo da tensão em 257,8 V e mínimo de 241,1 V. Temos na Figura 35 o
comportamento da tensão no período de campanha.
63

Figura 35. Forma de onda da tensão na subestação unitária 1- transformador 3 – CCM 11


durante o período de campanha.
260

255

250
Tensão (V)

245
Va(V)
Vb(V)
Vc(V)

240

235

230
11:55

19:30

21:40

23:50

02:00

07:25

09:35

11:45

13:55

16:05

21:30

23:40

01:50

04:00
10:50

13:00
14:05
15:10
16:15
17:20
18:25

20:35

22:45

00:55

03:05
04:10
05:15
06:20

08:30

10:40

12:50

15:00

17:10
18:15
19:20
20:25

22:35

00:45

02:55

05:05
06:10
07:15
08:20
09:25
10:30
Horário (hh:mm)

Durante a campanha na subestação unitária 1 – transformador 3 – CCM 11 foi


verificado o comportamento da THD de tensão (Figura 36). Os valores da distorção
harmônica apresentaram dois patamares durante o período de medição, onde o
primeiro patamar foi próximo de 1,4 % e o segundo em torno de 4 %. O desequilíbrio
entre as fases pode estar associado à razão pela qual os capacitores instalados no
barramento do CCM 11 encontram-se avariados.

Figura 36. Comportamento da distorção harmônica total de tensão no período de campanha na


subestação unitária 1 – transformador 3 - CCM 11.
6

4
Distorção Harmônica Total (%)

3
VaDT
VbDT
VcDT

0
10:50
11:55
13:00
14:05
15:10
16:15
17:20
18:25
19:30
20:35
21:40
22:45
23:50
00:55
02:00
03:05
04:10
05:15
06:20
07:25
08:30
09:35
10:40
11:45
12:50
13:55
15:00
16:05
17:10
18:15
19:20
20:25
21:30
22:35
23:40
00:45
01:50
02:55
04:00
05:05
06:10
07:15
08:20
09:25
10:30

Horário (hh:mm)
64

6.4. ANÁLISE DA DISTORÇÃO HARMÔNICA

6.4.1. MEDIÇÃO ENVASE MARGARINA – SEM A FÁBRICA DE HIDROGÊNIO EM


OPERAÇÃO

Para uma melhor avaliação do comportamento das harmônicas presentes no


sistema elétrico da fábrica foi realizado medições simultâneas entre o nível de tensão
de 13,8 kV (1), o nível de tensão de 440 V na entrada do barramento (2) e o nível de
tensão de 440 V na alimentação do banco capacitor (3), conforme indica a Figura 37.
Figura 37. Diagrama unifilar da subestação da Envasa Margarina com indicação dos pontos de
medição.

A partir das medições realizadas foi possível avaliar o fluxo das componentes
harmônicas presentes no sistema de média tensão para o sistema de baixa tensão.
As formas de onda da tensão e corrente podem ser vistas na Figura 38.
Figura 38. Forma de onda da tensão e corrente no instante em que a fábrica de hidrogênio está
desligada.
65

Com a condição da fábrica de hidrogênio desligada, é verificado o


comportamento quase senoidal da forma de onda da tensão e corrente. As
componentes harmônicas são calculadas através da transformada de Fourier e
apresentadas na Figura 39. As componentes harmônicas de corrente não podem ser
representadas devido à grande relação usada para a aquisição dos dados,
impossibilitando a medição precisa da corrente para as componentes harmônicas.
Figura 39. Distribuição das componentes harmônicas de tensão registradas no período de
medição no barramento de 13,8 kV no instante em que a fábrica de hidrogênio está desligada.

Os valores das componentes harmônicas de tensão registradas no período de


medição podem ser vistos na Figura 40.

Figura 40. Valores das componentes harmônicas no período de medição no barramento de


13,8 kV no instante em que a fábrica de hidrogênio estava desligada.
66

No ponto 2 de medição, Figura 37, as medições são realizadas na saída de um


dos transformadores de alimentação do barramento de baixa tensão em 440 V da
subestação da Envase Margarina. São apresentados na Figura 41 o comportamento
da forma de onda da tensão e corrente no instante em que a fábrica de hidrogênio
está desligada.
Figura 41. Forma de onda da tensão e corrente no período de medição no barramento de baixa
tensão em 440 V da subestação da Envase Margarina.

No registro da campanha de medição podemos verificar que os valores das


distorções harmônicas totais de tensão das fases A, B e C foram 2,4 %. 2,53 % e
2,44 %, respectivamente.

Figura 42. Forma de onda da tensão da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas.

Fi
67

Figura 43. Forma de onda da tensão da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas.

Figura 44. Forma de onda da tensão da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas.

Já no ponto 3 de medição, Figura 37, podemos verificar a alimentação do banco


de capacitor instalados na subestação da Envase Margarina no instante em que a
fábrica de hidrogênio está desligada. As formas de onda da tensão e corrente podem
ser vistas na Figura 45, onde o registro foi realizado no banco do capacitor 1.
68

Figura 45. Forma de onda da tensão e corrente no período de medição na alimentação do


banco capacitor da subestação da Envase Margarina.

No registro da campanha de medição podemos verificar que os valores das


distorções harmônicas totais de tensão das fases A, B e C foram 2,63 %. 2,32 % e
2,44 %, respectivamente.

Figura 46. Forma de onda da tensão da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor.
69

Figura 47. Forma de onda da tensão da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor.

Figura 48. Forma de onda da tensão da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor.

Durante o período de medição em que a fábrica de hidrogênio estava desligada,


o nível de distorção harmônica total de tensão nos pontos analisados foi inferior a 3 %.
Valores abaixo do recomendado pelas agências regulamentadora, estando em
condições de uma boa qualidade da energia elétrica.
70

6.4.2. MEDIÇÃO ENVASE MARGARINA – COM A FÁBRICA DE HIDROGÊNIO EM


OPERAÇÃO

Com a condição da fábrica de hidrogênio em operação, as formas de onda da


tensão e corrente sofrem violentas distorções, provando que essa fábrica é uma
grande fonte de harmônicos presentes na instalação elétrica da indústria, conforme
pode ser visto na Figura 49.
Figura 49. forma de onda da tensão e corrente no barramento de 13,8 kV da subestação da
Envase Margarina com a operação da fábrica de hidrogênio .

A distribuição das componentes harmônicas registrada no período de operação


da fábrica de hidrogênio no barramento de 13,8 kV da subestação da Envase
Margarina pode ser vista na Figura 50.
Figura 50. Distribuição das componentes harmônicas de tensão no barramento de 13,8 kV no
período em que a fábrica de hidrogênio está em operação.

Com a operação da fábrica de hidrogênio podemos verificar nessa análise a


presença significativa da 11ª e 13ª componentes harmônicas em comparação com a
condição de não operação da fábrica de hidrogênio. Na Figura 50 podemos verificar
71

que as contribuições dessas harmônicas citadas anteriormente são maiores que a


contribuição da 5ª componente harmônica.
A propagação das distorções nas formas de onda de tensão e corrente,
provocadas pela fábrica de hidrogênio nas instalações da fábrica de alimentos são
bem acentuadas, conforme pode ser visto nos outros pontos de medição.
A seguir serão apresentados os comportamentos da forma de onda da tensão
e corrente na baixa tensão da subestação da Envase Margarina em 440 V (Figura 51).
Figura 51. Forma de onda da tensão e corrente no período de medição no barramento de baixa
tensão em 440 V da subestação da Envase Margarina com a operação da fábrica de
hidrogênio.

No registro da campanha de medição com a operação da fábrica de hidrogênio


podemos verificar que os valores das distorções harmônicas totais de tensão das
fases A, B e C foram 4,59 %. 4,48 % e 4,68 %, respectivamente.
72

Figura 52. Forma de onda da tensão da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em operação.

Figura 53. Forma de onda da tensão da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em operação.
73

Figura 54. Forma de onda da tensão da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em operação.

No registro da campanha de medição com a operação da fábrica de hidrogênio


podemos verificar que os valores das distorções harmônicas totais de corrente das
fases A, B e C foram 4,61 %. 5,49 % e 6,03 %, respectivamente.

Figura 55. Forma de onda da corrente da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em operação.
74

Figura 56. Forma de onda da corrente da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em operação.

Figura 57. Forma de onda da corrente da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas para o instante em que a fábrica de hidrogênio está em operação.

No ponto de alimentação do banco de capacitor da subestação Envase


Margarina no período de operação da fábrica de hidrogênio, o comportamento da
forma de onda da tensão e corrente é mostrada na Figura 58.
75

Figura 58. Forma de onda da tensão e corrente no período de medição na alimentação do


banco capacitor da subestação da Envase Margarina com a operação da fábrica de hidrogênio.

No registro da campanha de medição com a operação da fábrica de hidrogênio


podemos verificar que os valores das distorções harmônicas totais de tensão na
alimentação do banco de capacitor das fases A, B e C foram 5,13 %. 4,68 % e 5,10 %,
respectivamente.
Figura 59. Forma de onda da tensão da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que a fábrica
de hidrogênio está em operação.
76

Figura 60. Forma de onda da tensão da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que a fábrica
de hidrogênio está em operação.

Figura 61. Forma de onda da tensão da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que a fábrica
de hidrogênio está em operação.

No registro da campanha de medição com a operação da fábrica de hidrogênio


podemos verificar que os valores das distorções harmônicas totais de corrente da
alimentação do banco de capacitor das fases A, B e C foram 66,75 %. 58,58 % e
71,21 %, respectivamente.
77

Figura 62. Forma de onda da corrente da fase A com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que a fábrica
de hidrogênio está em operação.

Figura 63. Forma de onda da corrente da fase B com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que a fábrica
de hidrogênio está em operação.
78

Figura 64. Forma de onda da corrente da fase C com registro das contribuições das
componentes harmônicas na alimentação do banco de capacitor no instante em que a fábrica
de hidrogênio está em operação.

Como esperado, com a operação da fábrica de hidrogênio os níveis das


componentes harmônicas no sistema elétrico da indústria aumentaram
consideravelmente devido a fábrica de hidrogênio possuir uma grande carga não
linear (retificador controlado), sendo a principal fonte de harmônico no sistema.
79

6.5. RECOMENDAÇÕES PARA A MITIGAÇÃO DA DISTORÇÃO HARMÔNICA

A partir do que foi analisado e registrado no período de campanha na fábrica


de alimentos, é sugerido a aplicação de filtros para prevenir problemas ainda maiores
da conexão da fábrica de hidrogênio. Durante o período de campanha verificou-se
uma grande quantidade da 11ª e 13ª componentes harmônicas.
Das opções de instalação dos filtros:
• Filtros instalados em baixa tensão no barramento de 440 V dos
transformadores;
• Filtros instalados em média tensão na subestação 69/13,8 kV.
Com relação aos tipos de filtros, temos:
• Filtro série do tipo “detuning” para ser aplicado a cada banco de capacitor
e assim evitar as componentes harmônicas encaminhadas para cada
capacitor;
• Filtro tipo shunt sintonizado em uma frequência. Com esse tipo de filtro será
possível absorver as componentes harmônicas no interior da instalação,
evitando assim seu fluxo para os bancos de capacitor. A desvantagem
desse tipo de filtro é que a sua aplicação é para uma componente
específica, com isso, será necessário a instalação de dois filtros desse tipo
para mitigar as componentes harmônicas apresentadas na análise, 11ª e
13ª.
A opção de instalar filtros na baixa tensão pode ser aparentemente mais barata,
porém, não mitiga as correntes harmônicas no interior da instalação da fábrica,
podendo representar perdas em outros locais e não solucionando o problema na
origem. A opção do filtro no sistema de média tensão é mais viável pois elimina as
harmônicas geradas pela fábrica de hidrogênio.
80

7. CONCLUSÃO

A qualidade da energia elétrica vem se tornando, com o passar dos anos, um


tema muito importante pois, com o desenvolvimento tecnológico dos equipamentos,
eles se tornaram mais sensíveis as variações de tensões e com isso, normas
regulamentadoras foram criadas para fiscalizar o comportamento dos parâmetros
elétricos nos setores de geração, transmissão e distribuição.
Os segmentos da indústria, comércio e residencial também se preocupam com
a qualidade do fornecimento da energia elétrica, sendo o segmento industrial o que
mais tem prejuízo provocados por variações na tensão de suprimento e por cargas
não lineares presentes no seu sistema.
Um breve histórico do surgimento da agência regulamentadora no país para a
fiscalização da qualidade da energia foi relatado no capítulo 2, assim como, o
crescimento de cargas eletrônicas no sistema, cargas essas que tem uma
sensibilidade maior com relação ao fornecimento de energia. Com relação aos
equipamentos eletrônicos, a CBEMA desenvolveu um gráfico de suportabilidade dos
computadores às variações da tensão de suprimento. A norma americana IEEE
Standard 1159-2014 resume em seu artigo definições e valores sobre as variações de
tensão de curta duração encontradas no sistema elétrico que são vistos na Tabela 2.
Relatados os distúrbios de qualidade da energia elétrica em um sistema elétrico
de potência, as distorções harmônicas de corrente e tensão tiveram um enfoque a
mais no estudo na operação das cargas não lineares presentes no sistema. Os efeitos
da distorção harmônica presente nas cargas não lineares podem ser representados
em três grupos. Nos dois primeiros grupos estão enquadradas perdas da vida útil de:
transformadores, máquinas rotativas, banco capacitores, etc. No terceiro grupo estão
classificados as operações errôneas ou falha completa nos equipamentos onde nessa
categoria estariam os efeitos como: torques oscilatórios nos motores CA, erros na
resposta de equipamentos, aumento do consumo da energia.
Métodos para a mitigação e até eliminação das distorções harmônicas de
tensão e corrente foram apresentadas nesse trabalho. Esses métodos apresentados
têm como objetivo mitigar a degradação de harmônicas especificas presentes no
sistema elétrico de potência. Filtros passivos instalados em paralelo com o sistema de
fornecimento de energia é capaz de eliminar componentes harmônicas específicas
81

que tenham uma contribuição acima do recomendando pelos agentes


regulamentadores em um sistema elétrico industrial.
Para análise em um sistema elétrico industrial que tenha em seu sistema
fenômenos de distorção harmônica foi realizada uma campanha de medição em uma
fábrica de alimentos em que se verificou esse tipo de fenômeno.
A partir de análises feitas através do software do analisador, o ANAWIN, e
exportados os dados para o Excel para melhor análise do comportamento das
tensões, correntes e componentes harmônicas temos uma significativa presença das
componentes harmônicas de 11ª e 13ª ordem.
Do que foi exposto nesse trabalho, para a mitigação das componentes
harmônicas a melhor solução é instalação de filtros passivos específicos de 11ª e 13ª
harmônica, em paralelo com a fonte de fornecimento em 13,8 kV, para a mitigação
dessas harmônicas no sistema.
A partir do que foi apresentado, acredita-se que o objetivo do trabalho foi
atingido, destacando-se problemas de engenharia encontrado no sistema elétrico
industrial através de um estudo de caso e apresentando soluções de engenharia
aprendidos durante o curso de graduação relacionados com qualidade da energia
elétrica.
82

8. REFERÊNCIAS

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponivel em:


<http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/srd/indqual/default.cfm>.

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. PRODIST - MÓDULO 8 - QUALIDADE DA


ENERGIA ELÉTRICA, 01 jANEIRO 2018.

ARRILLAGA, J.; WATSON, N. R. Power System Harmonics. 2ª. ed. [S.l.]: Wiley.

CORRÊA, F. I. M. Estudo de um Sistema de Distribuição com Enfoque na Qualidade da


Energia Elétrica. Escola de Engenharia de São Carlos. [S.l.]. 2007.

DECKMANN, S. M.; POMILIO, J. A. Avaliação da Qualidade da Energia Elétrica.


UNICAMP. [S.l.].

DUGAN, R. C.; F., M. M. Eletrical Power System Quality. 2ª. ed. [S.l.]: McGraw-Hill.

IEEE 1159. IEEE - RECOMMENDED PRACTICE FOR MONITORING ELECTRIC POWER


QUALITY, 2009.

IEEE 519. IEEE - RECOMMENDED PRACTICE AND REQUIREMENTS FOR HARMONICS


CONTROL IN ELETRIC POER SYSTEMS, 2014.

MARTINHO, E. Distúrbios da Energia Elétrica. 3ª. ed. [S.l.]: Saraiva, 2015.

OLIVEIRA, J. C. Qualidade da Energia Elétrica: Definição e Análise dos Itens de


Qualidade. Universisdade Federal de Uberlândia. [S.l.]. 2000.

ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico. Submódulo 2.8 - Gerenciamento dos


indicadores de qualidade da energia elétrica da rede básica, 2016.

PAULILO, G. Capítulo I - Conceitos Gerias sobre qualidade da energia. O Setor Elétrico.

PAULILO, G.; TEIXEIRA, M. D. Capítulo II Harmônicos - conceitos. O setor Elétrico.

POMILLO, J. A. Capítulo IV - Efeitos e Causas de Harmônicas no Sistema de Energia


Elétrica. O Setor Elétrico, Novembro 2006.

WAKILEH, G. J. Power System Harmonics - Fundamentals, Analysis and Filter Design.


[S.l.]: Springer.

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