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Pentateuco

Dr. Dione Braga

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de 17/12/1980) sujeitando-se à busca e apreensão e indenizações diversas (Lei nº
9.610/98).

1
SUMÁRIO

______________________________________________________________________

APRESENTAÇÃO.......................................

CAPÍTULO 1.
O PENTATEUCO: IMPORTÂNCIA, AUTORIA E INTERPRETAÇÃO
Exercício de Revisão – Lição 1..............................

CAPÍTULO 2.
A DIVISÃO DO PENTATEUCO E OS TEMAS DE GÊNESIS
Exercício de Revisão – Lição 2.........

CAPÍTULO 3.
O LIVRO DO ÊXODO
Exercício de Revisão – Lição 3..........

CAPÍTULO 4.
LEVÍTICOS E NÚMEROS
Exercício de Revisão – Lição 4.............

CAPÍTULO 5.
DEUTERONÔMIO
Exercício de Revisão – Lição 5..............

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................
______________________________________________________________________

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Apresentação

Na disciplina do “Pentateuco”, faremos uma análise literária e


interpretativa do Escrito chamado pelos judeus de Torah - ‫הרות‬, ou simplesmente
Chumash - ‫חומש‬, isto é “os cinco” livros de Moisés (analisaremos também as
objeções autorais). A disciplina nos levará a entender – do ponto de vista
teológico e de contextualização (a partir da história da criação e do povo
hebreu) – a revelação de Deus ao homem, a formação da Lei e os principais
conflitos da espiritualidade humana. Mais ainda, o Pentateuco é uma
oportunidade de rever com uma visão “crítica”, edificante e de despertamento
espiritual todos os pontos importantes nos cinco primeiros livros da Bíblia que
nos desafiam a buscar cada vez mais o conhecimento e a sabedoria da Palavra
de Deus.
Logo no Livro de Gênesis “Bereshit”, já podemos observar a relevância
teológica quanto aos diversos assuntos, além da profundeza na interpretação de
cada ponto importante no que se refere aos planos de Deus para com a raça
humana e Sua forma de execução.
Nos demais livros, abordaremos o contexto histórico-cultural e as
intrigantes interrogações que com toda certeza, nos fascinam pelas respostas
investigadas e pelo conhecimento e agir de Deus em Seus desígnios.
Convidamos você a mergulhar de forma sábia no Pentateuco, crescendo
assim dia após dia nessa fantástica jornada teológica.

Prof. Dr. Alex S. A. Belmonte.

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Capítulo 1

O PENTATEUCO: IMPORTÂNCIA, AUTORIA E


INTERPRETAÇÃO

A palavra “Pentateuco”, do gr. Πεντάτευχος, é formada pela junção das


palavras pente (cinco) e teuchos (estojo para o rolo de papiro - volume de livros),
considerando que os livros antigos eram escritos em rolos. Na tradução original
hebraica, os judeus denominaram o Pentateuco de Toráh - ָ‫תוּרֹרה‬,
significando instrução, lei. Também chamados de Hamisha Humshei Torah, ָ‫חמשה‬
ָ‫ חומשי תורה‬- as cinco partes da Toráh.
Dos muitos propósitos do Pentateuco, entendemos que o maior deles seja
o de recontar os feitos de Deus, começando a partir da criação. Deus propõe isso
pela vontade de se revelar ao homem por meio da escrita. Desta forma o
Pentateuco pode ser divido em duas partes: Do início de Gênesis ao capítulo 19
do livro do Êxodo, temos uma narração histórica da formação da nação de
Israel e a teocracia como governo do povo. Do capítulo 20 do Êxodo a
Deuteronômio 34, temos todo um registro relativo à lei. Contêm desde os Dez
Mandamentos à legislação relacionada ao Tabernáculo, sacrifícios, sacerdócio,
etc. É interessante notar que todo o drama e glória da História da Humanidade
se encontram no Pentateuco: A criação e queda do homem, um quadro geral do
universo e da criatura, a promessa da redenção, a revelação cristólógica por
meio dos símbolos, e muitos outros relatos.

O teólogo e escritor Stanley Ellisen no livro “Conheça Melhor o Antigo


Testamento” (Ed. Vida, p. 18), mostra a suprema importância do Pentateuco,
revelando sua preciosidade em cinco áreas amplas nas quais são fundamentais:

a) Cósmico: explicam o cosmos dando o único relato antigo que identifica a


“Primeira Causa”. O princípio unificador do Universo, procurado às cegas
pelos filósofos e clássicos, está compreendido na primeira sentença - “No
princípio criou Deus...”.

b) Étnico: Eles descrevem o começo e a expansão das três divisões raciais do


mundo: oriental, negróide e ocidental.

c) Histórico: Esses livros são os únicos a traçar a origem do homem numa linha
contínua a partir de Adão. Todavia, não é sua intenção apresentar a história
completa de todas as raças, mas sim um relato altamente especializado da
implantação do reino teocrático no mundo e do plano de redenção da

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humanidade. Nesse processo, a história de Israel remonta a Abraão, através de
quem Deus prometeu a redenção.

d) Religioso: Esses livros são fundamentais. Retratam a Pessoa e o caráter de


Deus, a criação do homem e sua queda, as alianças e promessas divinas de
trazer a redenção através de um divino Redentor.

e) Profético: Os livros do Pentateuco são a origem dos temas proféticos mais


importantes da Bíblia. É a história centralizada no Messias associada à profecia
centralizada no Messias. Apresentam em conjunto uma filosofia simétrica da
história. As profecias preenchem a interpelação histórica através das demais
revelações.

1. O Pentateuco Revela Deus

O Pentateuco também é a fonte do conhecimento dos atributos de Deus,


e dos estudos da *Teontologia. Os atributos de Deus indicam vários aspectos do
seu caráter e podem ser classificados por incomunicáveis e comunicáveis. Os
atributos incomunicáveis são aqueles que referem-se ao que Deus é por si
próprio, ou seja, atributos que somente Ele possui, que são onipotência,
onipresença, onisciência, infinitude, espiritualidade, imutabilidade, soberania, unidade,
eternidade e independência. Incrivelmente encontramos tudo isso logo nos cinco
primeiros livros da Bíblia, no Pentateuco. Os atributos comunicáveis são
aqueles com que Deus se relaciona com os seres por Ele criados, também
conhecidos como atributos morais, que são fidelidade, bondade, santidade, justiça,
veracidade, misericórdia, soberania, amor e sabedoria. Que também se revelam no
Pentateuco.
Portanto, vemos a tão grande importância de um estudo sistemático dos
cinco primeiros Escritos da Bíblia, entendendo de forma límpida e profunda os
planos e propósitos de Deus por meio do mais belo registro que a humanidade
possui em sua História: O Livro de Deus.

*Teontologia: É o estudo da existência de Deus (Estudo de Deus), Théos = Deus, Ontos = Ente, Logos = Estudo.
Não supõem – se que seja uma descrição exata do ser de Deus. Apesar de levantar e tentar responder questões a
seu respeito. Ela é em sua forma apologética, a defensora das reivindicações do Cristianismo frente aqueles que
ainda não crêem, e na sua forma dogmática, a esclarecedora dos conteúdos da fé cristã a respeito de Deus para
aqueles que já crêem. Definição de Platão: Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou
a razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo
controla; é justo, santo sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda verdade, a fonte de toda lei e
justiça, a origem de toda ordem e beleza e especialmente a causa de todo o bem. Definição Cristã do breve
catecismo de Westminster: “Deus é um espírito infinito, eterno e imutável; sábio, poderoso, santo, justo, bondoso
e verdadeiro”. A negação da existência de Deus: a) Ateísmo: No Dicionário Teológico do teólogo Claudionor
Corrêa de Andrade, temos uma declaração mais ampla e direta acerca do ateísmo: “...O ateísmo é ainda a condição
do homem que descarta a realidade do Único e Verdadeiro Deus (Rm. 1.28). No Antigo Testamento, temos uma
referência a um ateísmo pragmático: não se preocupa com a essência, nem com a não existência do Todo-

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Poderoso; ensina que, na vida do ser humano, o Criador é perfeitamente prescindível (Sl. 10.4; 14.1). Os ateus,
segundo os gregos, eram: 1) os ímpios; 2) os que não contavam com o concurso das forças sobrenaturais; 3) e os
que manifestavam crença alguma nos deuses.” (pág. 66 – 17ª Edição, 2008 – Ed. Cpad). b) Agnosticismo:
nega a capacidade humana de conhecer a Deus. Afirmam que a mente humana não pode conhecer o infinito. No
entanto, os agnósticos esquecem ou ignoram a diferença entre “o conhecer absoluto e o conhecer em partes”. Do
contrário, compreenderiam o ensinamento das Escrituras, as quais nos ensinam a possibilidade de conhecer à
Deus, todavia, corroboram que agora só o conhecemos em parte, Ex 33.20; I Co 13.9-12. c) Politeísmo: O
Politeísmo defende a ideia de que o universo é governado não apenas por uma força, mas por uma multiplicidade,
implicando assim, a idéia de um deus para cada setor da vida. Por exemplo, há um deus da água, um deus da
fertilidade, um deus da guerra, etc. d) Panteísmo: Destarte, árvores, montes, sol, lua. São todos partes
integrantes de Deus, e por esse motivo devem ser adorados. e) Deísmo: O Deísmo é um sistema de religiões que
admite a existência de Deus, mas que, todavia, rejeita inteiramente a sua revelação à humanidade. Alem destes
ismos, poderíamos mencionar muitos outros.

2. A Autoria do Pentateuco

De acordo com a tradição, tanto da comunidade judaica como da Igreja


Cristã, esses cinco livros foram escritos por Moisés. Isso é sustentado pelas
evidências. Há seis passagens no Pentateuco que declaram especificamente a
autoria de Moisés (Êx. 17.14; 24.4-8; 34.27; Nm. 33. 1,2; Dt. 31. 9, 24-26; 31. 22,30-
32.43). Entretanto, no ano de 1671 d.C o racionalista holandês Baruch Spinoza
(1632-1677) começou a questionar a autoria do Pentateuco, criando um largo
caminho para o surgimento de críticos eruditos que negam a autoria mosaica.
O Dr. Francis Davidson em seu Novo Comentário da Bíblia, abordando a
deficiência das bases da “Teoria dos Documentos” que tenta fundamentar a não
autoria mosaica do Pentateuco, declara:

Há muitos autores que negam categoricamente a origem


mosaica destes primeiros livros, dividindo o Pentateuco em
diferentes "fontes" ou "documentos", e admitindo que esses
livros só começaram a aparecer unidos no tempo do escriba
Esdras. Era esta a teoria corrente ainda no fim do século
passado. A partir daí, todavia, sérias dúvidas se têm levantado
contra a chamada "teoria dos documentos", dando origem a
divergência de opiniões. (DAVIDSON, Francis Novo
Comentário da Bíblia, p. 33 – Ed. Vida Nova – 3ª edição, 1995)

Fazendo alusão aos principais argumentos aduzidos pela “Teoria dos


Documentos”, Francis Davidson, expõe a fragilidade da teoria nos seguintes
pontos:

1) Os Nomes Divinos. Logo de início se reparou na variedade dos nomes


atribuídos a Deus. Daí o falar-se em fontes "jeovaístas" e "eloístas" conforme
Deus é denominado “Jeová” ou Elohim. O Tetragrama Sagrado YHVH ou
YHWH no original hebraico - ‫הָוהָי‬, refere-se ao nome do Deus de Israel em

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forma escrita e transliterada. Originariamente, em aramaico e hebraico, era
escrito e lido horizontalmente, da direita para esquerda ‫ ;הָוהָי‬ou seja, YHVH.
Formado por quatro consoantes hebraicas - Yud ‫ י‬Hêi ‫ ה‬Vav ‫ ו‬Hêi ‫ ה‬ou ‫הָוהָי‬, o
Tetragrama YHVH infelizmente sofreu uma latinização para JHVH já por
muitos séculos, daí resultou num nome estranho que algumas Bíblias em
português chamam de “Jeová”.

Mas temos observado que o *Alcorão de Maomé apresenta um caso


idêntico. Uns textos falam de "Allah" (heb. ’Elohim) e outros de "Rab" (heb.
Yahweh = Senhor). Quanto à reunião dos dois termos Yahweh-Elohim, que só
aparece no Gênesis 2.4-3.24 e no Êxodo 9.30, não é caso para supor tratar-se
dum autor diferente. Em conclusão, os partidários desta teoria não podem
sustentar a infalibilidade dos seus argumentos, baseando-se apenas nos
diferentes nomes de Deus.

2) Linguagem e Estilo. Fala-se ainda em diferenças de linguagem, de estilo, e


até do aspecto teológico, se bem que tais maneiras de pensar, sendo meramente
subjetivas, não são de grande importância. É de notar, que um dos defensores
da "teoria dos documentos", após um exame rigoroso, chegou à conclusão de
que são pequeníssimas as diferenças linguísticas das várias fontes e acabou por
admitir que se trate de ligeiras diferenças, meramente acidentais.

3) As Narrações em Duplicado. De maior importância é o fato de o mesmo


acontecimento ser, por vezes, narrado de duas maneiras. Seria o caso da criação,
do dilúvio, da esposa de Abraão, da ida de José para o Egito, das dez pragas, e
ainda da rebelião de Coré, Datã e Abirã. Não raro as descrições são
apresentadas em separado (por exemplo, a história da criação); noutros casos
afirma-se que as descrições foram habilmente reunidas numa só história por um
redator, (por exemplo, a história de José). Em nenhum destes casos, todavia, há
realmente uma narração em duplicado do mesmo acontecimento. Analisemos:

3.a) Na História da criação - Quanto à história da criação, convém distinguir


entre a revelação da obra criadora de Deus no primeiro capítulo do Gênesis e a
história do mundo criado do capítulo imediato. Quanto ao dilúvio, que é um
dos casos mais discutidos, é uso afirmar-se, que primeiramente Noé foi
incumbido de introduzir na arca um casal de cada espécie de animais e, mais
tarde, sete de cada espécie "pura" e dois de cada espécie "impura". Mas, por que
considerar este exemplo um caso de contradição? O fato de ser aconselhado a
tomar um casal de cada espécie, o que não passava duma regra geral,
porventura, poderá impedir que se seguissem outras instruções relativas aos
animais "impuros"? No caso da esposa de Abraão, a quem o marido negou, não
parece tratar-se duma narração em duplicado do mesmo acontecimento (ou até

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em triplicado, se considerarmos a intervenção de Isaque no Gn 26.6-11), mas
sim de vários acontecimentos. Quanto à resposta de Abraão em Gn 20.13 é
possível que se trate dum ardil empregado, não só por Abraão, mas também
por Isaque.

3.b) José no Egito - É frequente imaginar-se, também, duas versões diferentes


da narração relativa à ida de José para o Egito. Segundo a primeira versão, José
foi vendido pelos irmãos a uma caravana de ismaelitas; de acordo com a
segunda, eram midianitas os que o levaram para o Egito. Mas quem não vê que
se trata duma falsa interpretação do texto bíblico? O leitor imparcial, facilmente,
descobrirá que mercadores midianitas em trânsito retiraram José do poço onde
os irmãos o tinham lançado, e esses é que o venderam aos ismaelitas, que por
sua vez o levaram para o Egito. Assim, foram eles que realizaram o que os
irmãos tinham em vista.

3.c) As dez pragas - No que respeita à história das dez pragas do Egito, os
partidários da "teoria dos documentos" também não deixam de encontrar
vestígios de descrições em duplicado bem vincadas por uma série de diferenças
sistemáticas, mas que, na realidade, não passam de ligeiras variantes de
linguagem, se atendermos, sobretudo, aos traços característicos que se
encontram tão intimamente ligados. No caso da rebelião de Coré, duas novas
versões se apresentam: a primeira, referente à oposição dos leigos contra a
autoridade civil de Moisés, chefiada por Datã e Abirã; a segunda, aludindo à
discórdia que surgiu entre a tribo de Levi e as outras tribos, sob o comando de
Coré. Trata-se, todavia, duma suposição totalmente contrária ao texto, pois não
só encontramos os três conspiradores atuando em conjunto em Nm 16.1-3, onde
se diz que se opuseram à autoridade de Moisés e de Arão, mas também os
vemos juntos nos versículos 16.24,27. É de notar, no entanto, como no que se
refere ao castigo que sofreram, ou seja, dos conspiradores serem tragados pela
terra, o texto apenas fala de Coré (cf. Nm 16.32), sem mencionar o destino que
tiveram os restantes conspiradores.

4) A Discordância acerca de Disposições Legais. Como explicar, por exemplo,


que Nm 35.13 e segs. se refira a seis cidades de refúgio, enquanto em Dt 19.2,7
não vão além de três? Assim, interrogam os nossos adversários, não vendo que
no primeiro caso as cidades estão situadas: três na terra de Canaã e três na
Transjordânia. E como Moisés já tinha indicado três cidades na Transjordânia
(Dt 4.41-43), não admira que ordenasse a separação de outras três na terra de
Canaã. É certo, que em face de Dt 19.8 e segs., podem supor-se outras três
cidades nas fronteiras de Canaã, mas isto em nada afeta o nosso caso, a admitir
a manifesta discordância de textos. Isso fortalece a autoria mosaica do
Pentateuco.

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E o caso das leis relativas às grandes festas? Em conformidade com Êx.
23.14 e segs.; Êx 34.22 e segs.; Dt 16.16 eram três as grandes festas de Israel: a
dos pães asmos, a das semanas e a das colheitas. Mas o Lv. 23.27 e segs.
menciona ainda o dia da expiação, o que leva a supor que o código levítico é de
data posterior. Que dizer? Simplesmente que se trata dum argumento sem
consistência, se lembrarmos de que as leis do Êxodo e do Deuteronômio apenas
lembram a obrigação de todo o israelita do sexo masculino aparecer diante do
Senhor três vezes por ano. A nada é obrigado, porém, no dia da expiação. E são
estas as ligeiras diferenças.

5) Sacerdotes e Levitas. De maior importância a diferença nítida entre o


Deuteronômio e o chamado "Código Sacerdotal" no que se relaciona com os
sacerdotes e os levitas. Quem segue a "teoria dos documentos" afirma que o
Deuteronômio não faz qualquer distinção entre estas duas categorias, distinção
essa que só mais tarde se verificou. Não é, contudo, o que se deduz de Dt 18,
pois nos versículos Dt 18.3-5 fala-se do "direito dos sacerdotes a receber do
povo", e de Dt 18.6-8 continua: "e quando vier um levita dalguma das tuas
portas...".
Os argumentos da Teoria dos Documentos contra a autoria mosaica do
Pentateuco são flácidas e sem direção.

*O Alcorão e Maomé. Segundo os muçulmanos, o Corão contém a mensagem de Deus a Maomé, as quais lhe
foram reveladas entre os anos 610 a 632. Seus ensinamentos são considerados infalíveis. É dividido em 114 suras
(capítulos), ordenadas por tamanho, tendo o maior 286 versos. A segunda fonte de doutrina do Islã, a Suna, é um
conjunto de preceitos baseados nos Ahadith (ditos e feitos do profeta). Já os muçulmanos estão divididos em dois
grandes grupos: os Sunitas e os Xiitas. Os Sunitas subdividem-se em quatro grupos menores: Hanafitas,
Malequitas, Chafeitas e Hambanitas. Os Sunitas são os seguidores da tradição do profeta, continuada por All-Abbas,
seu tio. Os Xiitas são partidários de Ali, marido de Fátima, filha de Maomé. São os líderes da comunidade e
continuadores da missão espiritual de Maomé. Resumo da vida de Maomé. Abulqsim Mohammad ibn Abdullah
ibn Abd al-Muttalib ibn Hashin, é o nome completo do profeta Maomé. O nome Maomé significa “Altamente louvado”.
Ele nasceu na cidade de Meca, na Arábia Saudita, centro de animismo e idolatria. Como qualquer membro da tribo
Quirache, Maomé viveu e cresceu entre mercadores. Seu pai, Abdulá, morreu por ocasião do seu nascimento, e sua
mãe, Amina, quando ele tinha seis anos. Aos 40 anos, Maomé começou sua pregação, quando, segundo a tradição,
teve uma visão do anjo Gabriel, que lhe revelou a existência de um Deus único. Khadija, uma viúva rica que se
casou com Maomé, investiu toda sua fortuna na propagação da nova doutrina. Maomé passou a pregar
publicamente sua mensagem, encontrando uma crescente oposição. Perseguido em Meca, foi obrigado a emigrar
para Medina, no dia 20 de Junho de 622. Esse acontecimento, chamado Hégira (emigração), é o marco inicial do
calendário muçulmano até hoje. Maomé faleceu no ano 632.

3. A Lei mosaica e sua autoria

Ainda refutando a posição contrária á autoria mosaica, os partidários da


"teoria dos documentos" são de opinião que o Deuteronômio foi escrito no
reinado de Josias. Mas, se folhearmos cuidadosamente aquele livro, ficaremos
surpreendidos por verificar que o narrador, sem uma única exceção, supõe que

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o povo de Israel ainda não vive em Canaã. Acentua, por exemplo, em Dt. 11.2-7
que se dirige aos que pessoalmente foram testemunhas das maravilhas do
Senhor no Egito, não só no Êxodo, como na travessia do deserto. Várias são
também as alusões indiretas ao período mosaico: todos os acontecimentos
históricos mencionados são anteriores à morte de Moisés; as descrições de
Canaã como "terra, cujas pedras são ferro, e de cujos montes tu cavarás o cobre"
(Dt 8.9), só se compreendem antes de Israel entrar na Terra Santa, visto que o
povo nunca se preocupara com os tesouros que essa terra escondia. Além disso,
o Deuteronômio contém determinações cuja prática seria impossível no tempo
do rei Josias. Recordem-se, por exemplo, as medidas drásticas contra a idolatria
e falsas profecias (cf. Dt 13; 15). Como pensar em tais determinações numa
época em que o culto dos ídolos alastrava assustadoramente em Israel, a par do
grande número de falsos profetas a exercer poderosa influência nos espíritos?

3.1. Pormenores

Ao examinarmos atentamente o corpo de leis do Pentateuco, não é difícil


descobrirmos uma séria de normas acidentais de fundo real. É o caso das
frequentes alusões aos animais domésticos, como por exemplo, ao "boi" e ao
"burro" no décimo mandamento do Êxodo, enquanto não se fazem outras
referências análogas, como aos "campos" ou à vida agrícola em geral. Mas
repare-se como já se alude ao "campo" na transcrição que o Deuteronômio
apresenta do Decálogo. Tudo a indicar que Israel estava prestes a entrar em
Canaã.

 Construção do Tabernáculo

Entre os materiais empregados na construção do tabernáculo, encontra-


se o "linho fino", que era um produto exclusivo do Egito; "pêlos de cabra",
utilizados apenas pelos nômades para tecerem as coberturas pretas das tendas;
"peles de texugo", provavelmente peles duma vaca marinha do Mar Vermelho,
que os habitantes da Península do Sinai utilizavam na confecção de sandálias; e
finalmente, "madeira de shittim", uma espécie de acácia do Egito e da Península
do Sinai. (Repare-se, que no caso do Templo de Salomão não foi utilizada
aquela madeira de "shittim", mas apenas madeira de cedro, abeto ou oliveira).

Quanto aos materiais empregados na confecção do incenso, citam-se as


"ônicas", que eram uma espécie de caramujo frequente no Mar Vermelho, e cuja
concha, depois de queimada, produzia um aroma agudo e penetrante. São
numerosas as referências à pedras preciosas não existentes na Palestina, mas
muitas delas encontram-se com frequência no Egito, ou nas vizinhanças do Mar

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Vermelho e da Península do Sinai. O "linho entrelaçado" para as cortinas do
tabernáculo lembra-nos ainda o Egito e os seus hábeis artífices.

 Os animais

Quanto às listas dos animais "puros" e "impuros", é de notar que, embora


muitos se encontrem tanto na Palestina como no Egito e na Península do Sinai,
todavia abundam com mais frequência no Egito. O "porco", por exemplo, é
próprio das regiões úmidas; o "milhano" aparece mais na zona do Nilo e nas
margens do Mar Vermelho; o "pelicano" frequenta os lagos egípcios; por fim o
"pavoncino" ou "poupa" é sem dúvida uma ave essencialmente africana. No que
se refere à "cabra montês" ou "camurça" do Dt 14.5, e que não aparece na lista
do Lv 11, parece tratar-se do "argali" oriental, espécie de "carneiro selvagem"
proveniente da Ásia Menor, da Transcancásia ou da Pérsia, mas nunca do Egito.
Para explicar a presença deste animal no Código Deuteronômico, basta lembrar
que este livro foi publicado na terra de Moabe.
Dr. Paul Hoff comprovando a autoria mosaica em “O Pentateuco”,
descreve:

Muitos trechos contem frases, nomes e costumes do Egito,


indicativos de que o autor tinha conhecimento pessoal de sua
cultura e de sua geografia, algo que dificilmente teria outro
escritor em Canaã, vários séculos depois de Moisés. Por
exemplo, consideremos os nomes egípcios: Potifar (dom do
deus do sol, Ra), Zafnate-Panéa (Deus fala; ele vive), Asenate
(pertecente á deusa Neit) e On, antigo nome de Heliópolis
(Gênesis 37.36; 41.45, 50). (HOFF, Paul – O Pentateuco, p. 17 –
Ed. Vida – 2ª edição, 1983)

Hoff conclui lembrando que o autor menciona também até os vasos de


madeira e os de pedra que os egípcios usavam para guardar a água que tiravam
do rio Nilo.

 Resumo Biográfico de Moisés

Moisés, hb. ‫שה‬ֹ‫( מ מ ש‬Moshé) Tirado. Libertador, estadista, Historiador, poeta,


moralista e legislador hebreu - o maior vulto do Antigo Testamento e um dos
maiores homens de todas as épocas. Deus o usou para formar, de uma raça de
escravos egípcios, e sob as maiores dificuldades, uma nação agressiva e
poderosa que completamente alterou o curso da humanidade. Da tribo de Levi,
Êx.2.1; Filho de Anrão e Joquebede, Nm.26.5; O primeiro cântico, escrito por
Moisés e conservado para nós, é o hino de ações de graças entoado por ele e
pelos filhos de Israel na margem do mar Vermelho, Êx.15; Tendo acabado de

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escrever os livros da lei (Dt 31 .24), compôs um cântico para o povo, Dt.32;
Existem ainda dois outros hinos, Dt.33; e Sl.90; Escrevia, diariamente, relações
do que Deus fazia por intermédio dele. Estes escritos foram entregues aos
sacerdotes para guardá-los na arca e para serem lidos ao povo, Êx.17.14;
Êx.24.4-7; Nm.33.2; Dt.31.9-12; Dt.24:26; Assim foi produzido o Pentateuco, os
cinco livros de Moisés.

Em conclusão, todas as práticas de idolatria mencionadas na Lei só se


observavam na Fenícia e em Canaã. Deuses de metal fundido, imagens
esculpidas, colunas sagradas, o terrível costume de fazer passar as crianças pelo
fogo, são práticas da religião de Canaã, que recentes escavações vieram
confirmar. Quanto ao costume de sacrificar aos demônios (Lv 17.7), trata-se
duma velha superstição, que supunha o deserto infestado por legiões de
demônios transformados em bodes.
A harmonia da presente análise crítica do Pentateuco leva-nos a exata
conclusão de que, todos os acontecimentos, ambientes e época favorecem
unicamente á Moisés como autor original da Toráh.

4. A Data do Pentateuco

O arqueólogo Dr. Randall Price relata em seu livro “Pedras que


Clamam” a seguinte descoberta:

Grabriel Barkay descobriu em 1979, numa tumba do vale de


Hinom, em Jerusalém, pequenos rolos de prata contendo um
texto do Pentateuco - a benção de Arão (Nm. 6.24-26), datado de
antes do exílio de Judá. O achado criou um problema para os
eruditos que defendiam a autoria do Pentateuco como sendo de
sacerdotes de época posterior ao exílio. Como resultado, suas
teorias deverão ser abandonadas. (PRICE, Randall., Pedras que
Clamam, Editora CPAD, 2001, São Paulo, Página 36).

Ainda nos informa o Historiador Hélio Jaguaribe: "O mais antigo


documento escrito da Tohah, o chamado Documento J, data do décimo século a.
C. A Torah, ou Pentateuco, contém cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números e Deuteronômio ..." (Jaguaribe, H., Um Estudo Crítico da História,
Vol. 1, Editora Paz e Terra, 2001, São Paulo, Página 217).

Stanley Ellisen conclui e sustenta que partindo do cenário histórico a


provável data em que foi escrito o Pentateuco é de 1443 a.C. Para isso afirma
que, embora fosse possível Moisés escrever esse livro no exílio de 40 anos em
Midiã, é duvidoso que ele tivesse a motivação humana ou a inspiração divina
para compor essa monumental obra literária. É mais provável que a tenha
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escrito num período subsequente à sua comissão divina junto à sarça ardente
que fez dele um profeta de Deus.
Gênesis, por exemplo, foi provavelmente redigido durante a primeira
parte da peregrinação pelo deserto, enquanto Moisés procurava instruir Israel
sobre as verdades divinas fundamentais e o programa da aliança de Deus para
a nação.

5. Autoridades Literárias no Judaísmo

Após nossa importante abordagem geral acerca do Pentateuco, devemos


conhecer também as principais autoridades literárias que auxiliam os judeus em
sua interpretação.
Depois da Torah e todo o Tanach, que formam a maior autoridade
orientadora e revelacional, os judeus possuem algumas autoridades literárias
para ensino, instrução, orientação e interpretação da própria Torah. Dentro da
tradição judaica é extremamente auto o nível de importância desses escritos
tamanho é o valor moral e espiritual que apresentam. Talvez o leitor já ouviu
falar em nomes como Talmud, Mishná, Guemara, Halahá, Hagadá e Midrash,
mas ainda não entendeu o uso e fator importante judaísmo histórico e atual.
Abordaremos esses assuntos a seguir de forma resumida, mas entendível
e, por fim, falaremos um pouco da Cabalá, que não é um caso de simples
tradição oral, mas também está voltado para ensinos e investigação judaicos.

5.1. O Talmud ּ‫תתלַּלמוד‬

O Talmud é um conjunto de sessenta e três livros legais, éticos e


históricos, escritos pelos antigos rabinos. Foi publicado no ano de 499 d.C. nas
academias religiosas na Babilônia, onde vivia a maior parte dos judeus daquela
época. É praticamente o “corpus juris”, o código básico da lei civil e canônica do
judaísmo pós-bíblico. O Talmud cuja palavra vem da raíz hebraica “lamod”
significando estudo é uma abreviatura para o estudo da Torah, contendo
também algumas obras expressivas da história dos judeus, entre essas a
Mishná, que se constitui o texto fundamental escrito em hebraico e a Guemara,
que é o seu comentário e interpretação, escrito em aramaico.
É preciso lembrar que existem dois Talmud, o palestino, datando do sec.
400 a.C, e o babilônico, datando do sec. 500 a.C. O Talmud babilônico contém a
primeira lista definitiva de livros da Bíblia hebraica. Ambos os Talmud contêm
material que é comum seguindo uma forma semelhante de organização,
embora também haja diferenças consideráveis em seus conteúdos. O Talmud é
organizado debaixo de seis títulos longos, subdivididos em vários subtítulos:
origens, pessoas designadas, mulheres, danos, coisas santas, e pureza. Contém
os trabalhos intelectuais, opiniões e ensinamentos dos antigos sábios

13
judeus, expondo e desenvolvendo as leis religiosas e civis da Bíblia, durante um
período de cerca de 8 séculos (desde o ano 400 a.C. até ano 500 d.C.).

5.2. Halahá e Hagadá

Ambos se constituem elementos diferentes no Talmud. A Halahá (lei)


reúne os estatutos da lei oral, enriquecidos pelas discussões das escolas da
Palestina e da Babilônia, para alcançar as fórmulas definitivas da Lei. A
Hagadá – que mesmo partindo do texto bíblico, ensina por meio de lendas,
alegorias, reflexões de moral e reminiscências históricas.
O Talmud é muito mais do que uma série de tratados legais. Há também
milhares de parábolas, esboço biográficos, humor e todo um conjunto que
revela assuntos íntimos e importantes na vida judaica antiga.

5.3. A Mishná – ‫משנה‬

Chamada também de Mixná, no original hebraico ‫משנה‬, significando


"repetição", e do verbo ‫שנה‬, ''shanah, "estudar e revisar". A Mishná é uma obra
dos rabinos judeus e faz parte da tradição oral do judaísmo. Seu valor é tão
incalculável que é identificada nos círculos judaicos por Toráh Oral, sendo
datada dos anos 70 e 200 d.C.
A Mishná é considerada a primeira obra da tradição oral mais
importante do judaísmo rabínico e é uma fonte central do pensamento judaico
posterior.
A Mishná está ordenada em seis ordens, do hebraico sedarim, plural de
seder, ‫סדּר‬, cada uma contendo 7 a 12 tratados (masechtot, plural de masechet, ‫מסכת‬,
"rede"). Existem 63 tratados no total. Cada masechet é dividida em capítulos
(perakim, plural de perek) e depois em parágrafos e versículos (mishnaiot, plural
de mishná). A Mishná é também chamada de Shás, uma abreviatura de Shishá
Sedarim – as "seis ordens".
A Mishná ordena o seu conteúdo por assuntos temáticos, em vez de
contexto bíblico e discute temas individuais mais profundamente que o
Midrash, outro escrito judeu.

5.4. A Midrash

O nome judaico é oriundo do verbo hebraico darash, que significa


“procurar”, portanto, pode ser entendido como “expor”, “explicar”,
“interpretar”. A Midrash é uma literatura judaica que adota a exegese, a
exposição e as interpretações homiléticas das Escrituras, tendo seu início nas
escolas dos rabinos nos períodos do Sopherim (400-180 a.C) e Zugot (Séculos II e
I a.C.).

14
A Midrash tem como principal utilidade oferecer ao exegeta das
Escrituras uma visão mais ampla da interpretação, a partir de um povo mais
próximo das origens dos livros do AT, assim como um melhor entendimento de
seu texto através da história do povo judeu. A Midrash está intimamente ligada
ao Halará e a Hagadá.

5.5. A Cabalá - ‫הלבק‬

Cabalá ou Kabbalah é uma sabedoria que investiga os mistérios da


natureza divina. Trata-se de uma filosofia esotérica que busca conhecer Deus do
ponto de vista místico e superior. No original hebraico a Kabbalah ‫ קבלה‬é uma
palavra que significa literalmente recepção. De acordo os famosos cabalistas, ela
contém as chaves, que permaneceram ocultas durante um longo tempo, para os
segredos do universo, bem como as chaves para os mistérios do coração e da
alma humana. Os ensinamentos cabalísticos explicam as complexidades do
universo material e imaterial, bem como a natureza física e metafísica de toda a
humanidade. A Kabbalah mostra em detalhes como navegar por este vasto
campo, a fim de eliminar toda forma de caos, dor e sofrimento.
A Cabalá no decorrer dos anos transformou-se em objeto de estudo
sistemático do eleito, chamado o "baale ha-kabbalah" ‫ בעלי הקבלה‬os chamados
"possuidores ou mestres da Cabala". Já os estudantes tornaram-se mais tarde
conhecidos como maskilim ‫ משכילים‬isto é "iniciados".
A Cabalá ensina que, a fim de podermos reclamar as dádivas para as
quais fomos criados para receber, primeiro temos que merecer essas dádivas.
Ensina também que todo ser humano é uma obra em execução. Qualquer dor,
desapontamento ou caos que exista em nossas vidas não ocorre porque a vida é
assim mesmo, mas apenas porque ainda não terminamos o trabalho que nos
trouxe até aqui. Esse trabalho, muito simplesmente, é o processo de nos
libertarmos do domínio do ego humano e de criar uma afinidade com a essência
de compartilhar de Deus.
Em resumo, trata-se de uma visão totalmente judaica mas não ampla e
alcançável, visto que se torna algo mais restrito dentro de um ocultismo para a
busca de revelações espirituais.

15
EXERCÍCIO DE REVISÃO – LIÇÃO 1

1) De acordo com a primeira lição qual o nome original do termo


“Pentateuco” no grego?

a. ( ) Do latim a palavra “Pentateuco”, significa livros;


b. ( ) Do gr. Πεντάτευχος, pente (cinco) e teuchos (volume de livros);
c. ( ) Do grego Πεντάτευχος, significa “Biblioteca”;
d.( ) Palavra Original “Toráh”;
e. ( ) Nenhuma das opções está correta.

2) Segundo o teólogo e escritor Stanley Ellisen quais áreas abaixo são


fundamentais na suprema importância do Pentateuco?

a. ( ) Religiosidade e Espiritualidade;
b. ( ) Arqueologia e ciência;
c. ( ) Cósmico, Étnico e Revelacional;
d.( ) Áreas biográfica;
e. ( ) Cósmico, Étnico, Histórico e Profético.

3) Quais Documentos fazem parte da Tradição judaica?

16
a. ( ) Toráh e Talmud;
b. ( ) Toráh, Talmud e Mishná;
c. ( ) Talmud, Mishná, Guemara, Halahá, Hagadá e Midrash;
d.( ) Toda a Toráh;
e. ( ) O Talmud apenas.

4) Segundo as autoridades judaicas, quem escreveu o Pentateuco-Toráh?


a. ( ) Moisés;
b. ( ) Moisés, Josué e os Escribas;
c. ( ) Josué;
d.( ) Um grupo de escribas;
e. ( ) Judeus do século XII a.C.

5) Qual a data de escrita do Pentateuco?


a. ( ) 1418 a.C.;
b. ( ) 1555 a.C.;
c. ( ) Século X a.C;
d.( ) Século VI a.C;
e.( ) Nenhuma das opções apresentadas.
Capítulo 2

A DIVISÃO DO PENTATEUCO E
OS TEMAS DE GÊNESIS

O Pentateuco está dividido na seguinte ordem, com os livros e seus


significados:

1. Gênesis - Do grego "Genesis", que significa "origem, criação, geração". No


original hebraico é denominado "Bereshit" - ‫תישארב‬, literalmente: "No início",
"No começo", "No princípio".

2. Êxodo - do latim "Exodus" e do grego "Êxodos" quer dizer "saída, partida,


emigração". Em hebraico: "Shemot" - ‫"( ואלהָ שמות‬Nomes").

3. Levítico - É assim denominado porque contém, principalmente, as leis e os


regulamentos concernentes aos Levitas, que eram descendentes da tribo de
Levi. Na Bíblia hebraica é chamado de "Vaiicrá" - ‫ ויקרא‬que significa "E chamou"
ou "E clamou".

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4. Números - Tem esse nome por causa dos dois recenseamentos relatados no
livro. Em hebraico: "Bemidbar:", ‫ רבדמב‬- literalmente: "No deserto".

5. Deuteronômio - do grego "deuterós": segundo e "nomos" lei formando


"deuteronômion", vem significar "segunda lei". No original hebraico leva o nome
de "Devarim", ‫ םירבד‬- ao pé da letra: "Palavras".

1. O Livro de Gênesis

1.1. Tema e Autoria. O tema ou assunto principal tratado em Gênesis é o


das origens: a origem do mundo criado, da raça humana, das várias nações da
terra, e depois, de maneira particular, da família da aliança que compões o povo
hebreu.
Gênesis inicia com a formação do sistema solar, os preparativos da terra
para sua habitação, e a criação da vida sobre a terra. Todos os oito atos da
criação foram executados em seis dias. Os dez capítulos seguintes explicam as
origens de muitas qualidades misteriosas da vida: a sexualidade humana, o
matrimônio, o pecado, a doença, as dores do parto, a morte, a ira de Deus, a
inimizade do ser humano contra o próprio ser humano e as dispersões das raças
e línguas sobre toda a terra.
Iniciando no cap. 12, Gênesis relata o chamado de Abraão e a
inauguração do concerto de Deus com ele, um concerto glorioso e eterno que foi
renovado com Isaque e Jacó. Gênesis é impressionante pela forma característica
da sua narrativa, realçada pelo relato inspirador de José e pela multiplicação do
povo de Deus no Egito. Trata-se de uma lição na eleição divina, conforme
encontrado por Paulo em Romanos 9.
Gênesis antecipa o NT de muitas maneiras: o próprio Deus pessoal, a
Trindade, a instituição do matrimônio, a seriedade do pecado, o julgamento
divino e a justificação pela fé. A Árvore da Vida, perdida em Gênesis, é
restaurada em Ap 22, mesmo se os intérpretes forem tratar o assunto
alegoricamente.
Gênesis conclui com a bênção de Jacó sobre Judá, de cuja tribo viria o
Messias: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até
que venha Siló; e a ele se congregarão os povos” (49.10). Muitos séculos e
muitas lutas seguir-se-ão antes que esta profecia encontre o seu cumprimento
em Jesus.

Autoria. Quanto à autoria do livro, não contém nenhuma declaração


direta quanto à composição. Segundo a tradição, porém, o autor foi o próprio
Moisés e uma ordenança específica como a circuncisão no oitavo dia, que

18
aparece em Gênesis 17.2, se refere no Novo Testamento (Jo. 7.23) como fazendo
parte da lei de Moisés. Esta tradição é apoiada pela circunstância de que é
justamente Gênesis que oferece com precisão a informação necessária para fazer
inteligível o livro de Êxodo. É no livro de Gênesis que se definem as promessas
feitas a Abraão, Isaque e Jacó, promessas estas, tão frequentemente referidas
nos demais livros da Torá, como tendo sido cumpridas pelos acontecimentos
momentosos do êxodo e da conquista de Canaã. Além disso, o fato de Êxodo
começar com a palavra “e” (no hebraico) indica que era a continuação do livro
anterior.

O próprio Pentateuco descreve Moisés como alguém que escreveu


extensivamente. Ex. 17.14; 24.4; Dt. 31.24; O livro dos Atos em 7.22 nos conta
que “Moisés foi instruído em toda ciência dos egípcios.” Toda a ciência do Egito
na época de Moisés se resumia em três grandes ofícios: A medicina, engenharia
e arquitetura, além do ocultismo da religião de mistério dos egípcios. Observe
que Gênesis emprega um bom número de termos emprestados dos egípcios,
sendo este um fato que sugere que o autor original tenha as suas origens no
Egito, como era o caso de Moisés.

2. Esboço de Gênesis

I. A história primitiva do ser humano 1.1– 11.32


As narrativas da criação 1.1-2.5

1. Criação dos céus, da terra, e da vida sobre a terra 1.1-2.3


2. Criação do ser humano 2.4-25
B) A queda do ser humano 3.1-24

O mundo anterior ao dilúvio 4.1-5.32


Noé e o dilúvio 6.1-9.29
A Tabela das nações 10.1-32
A confusão das línguas 11.1-9
Genealogia de Abraão 11.10-32

II. Os patriarcas escolhidos 12.1-50.26


Abrão (Abraão) 12.1-23.20

1) O chamado de Abraão 12.1-23.20


2) A batalha dos reis 14.1-24
3) O concerto de Deus com Abraão 15.1-21.34
4) O teste de Abraão 22.1-24
Isaque 24.1-26.35

19
1) A noiva de Isaque vem da Mesopotâmia 24.1-67
2) A morte de Abraão 25.1-11
3) Ismael, Esaú e Jacó 25.12-34
4) Deus confirma seu concerto com Isaque 26.1-35
Jacó 27.1-35,29

1) Jacó engana o seu pai 27.1-46


2) A fuga de Jacó para Harã 28.1-10
3) Deus confirma o concerto com Jacó 28.11-22
4) O casamento de Jacó em Harã 29.1– 30.43
5) O retorno de Jacó para Canaã 31.1-35.29
Esaú 36.1-43
José 37.1-50.26

1) A venda de José 37.1-40.23


2) A exaltação de José 41.1-57
3) José e os seus irmãos 42.1-45.28
4) Jacó muda para o Egito 46.1-48.22
5) A benção de Jacó e o seu sepultamento 49.1-50.21
6) Os últimos dias de José 50.22-26

3. Temas Relevantes em Gênesis

Gênesis é um livro de muitos assuntos relevantes, mas nada se compara


as abordagens acerca dos dias da criação, do plano de Deus com Noé e sua
família e a história do dilúvio. Cada assunto provoca um confronto teológico e
analítico, que nas literaturas céticas estão repletas de especulações, equívocos,
erros de interpretações e alegações contraditórias às verdades estabelecidas pela
Palavra de Deus em sua narrativa bíblica.

3.1. Os Dias da Criação – Literais ou simbólicos?

O Dr. Gerhard F. Hasel autor de “Teologia do Antigo Testamento”


(Edições Loyola) em artigo na Revista Criacionismo (on line) afirma que nas
últimas décadas o destaque crescente que tem sido dado ao criacionismo, à
ciência criacionista, à ciência das origens, e à ciência teísta, tem criado um clima
em que perguntas antigas têm surgido com enfoques específicos e nova
sofisticação. Uma delas refere-se ao significado que se dá ao termo “dia” nos
primeiros capítulos de Gênesis.

20
A natureza do relato da criação com os seus seis “dias” (Gênesis
1.5-31) seguidos do “sétimo dia” (Gênesis 2.2-3) é de interesse
especial, porque costumeiramente esse período é entendido como
significando o curto lapso de uma semana literal. Com base na
moderna teoria da evolução natural, tem sido questionado esse
curto intervalo de tempo apresentado no relato bíblico da criação.
Há um contraste entre o curto período de tempo do relato da
criação e as longas eras exigidas pela evolução natural. (HASEL,
Gerhard F. - Revista Eletrônica Criacionismo).

3.2. A História da Interpretação dos Dias da Criação. Hasel prossegue


expondo que o conhecimento de certos aspectos da história da interpretação
dos “dias” da criação de Gênesis 1 pode ser de utilidade dentro da perspectiva
da metodologia usada para a interpretação. A informação histórica ajuda o
intérprete moderno a reconhecer que não é correto sugerir que somente após a
publicação de “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, em 1859, é que os
“dias” da criação tivessem passado a ser considerados como períodos de tempo
não literais. Houve razões extra-bíblicas anteriores que levaram alguns
intérpretes a se afastarem do significado literal dos “dias” da criação.

3.3. Algumas interpretações medievais dos “dias” da criação

 Orígenes de Alexandria, um dos Pais da Igreja (185-254 A.D),


defensor e praticante do método alegórico de interpretação, é
considerado como o primeiro a entender os “dias” da criação no
sentido alegórico, e não literal.

 Agostinho de Hipona (354-430 A.D), o mais famoso dos Pais


latinos, acompanhou a Orígenes na argumentação de que os
“dias” devem ser entendidos como alegóricos, e não literais.
Entende-se que Agostinho ensinava que Deus criou o mundo num
só instante imediato.

Convêm aqui algumas considerações metodológicas. Nem Agostinho


nem Orígenes tinham em mente qualquer conceito evolucionista. Eles
consideravam os “dias” da criação como não literais com base em algo distinto -
era obrigação filosófica atribuir a Deus atividade criadora sem qualquer relação
com o tempo humano. Como os “dias” da criação se relacionam com Deus,
argumentava-se que esses “dias” tinham de ser representativos de noções
filosóficas associadas a Deus, tomadas nas suas respectivas perspectivas.

 Na filosofia grega Deus é intemporal. Como os “dias” da criação


incorporam-se à atividade divina, supunha-se que eles também

21
deviam ser entendidos num sentido não temporal. O pensamento
de Orígenes e de Agostinho havia sido influenciado pela filosofia
grega, e não por especulações científicas que pudessem levar a
uma reinterpretação dos “dias” da criação.

Esta abordagem tem em comum com as tentativas modernas que


também tomam os “dias” da criação como significando algo distinto do que a
sua acepção literal indica, o fato de que ambas baseiam-se em influências
externas ao próprio texto bíblico. Os teólogos medievais que tomaram os “dias”
da criação como não literais basearam-se em modos de pensar da filosofia pagã,
extra-bíblicos.

Existe hoje também outra influência extra-bíblica que induz os


intérpretes a alterar o que parece ser o claro significado dos “dias” da criação. É
uma hipótese científica baseada num ponto de vista naturalístico, a moderna
teoria da evolução, que tem impulsionado essa alteração.

 O pensamento dos teólogos católicos medievais foi influenciado


pelo método alegórico alexandrino de interpretação. Nos tempos
medievais foi adotado, e ainda encontra apoio no catolicismo
romano atual, o sentido quádruplo das Escrituras. Os três sentidos
não literais dessa interpretação quádrupla das Escrituras (a saber,
alegoria, anagogia, tropologia) destacaram-se e mantiveram
importância fundamental por mais de um milênio na Cristandade,
provendo a base hermenêutica para a reinterpretação do sentido
literal dos “dias” da criação.

3.5. O entendimento dos “dias” da criação pela Reforma. Os


Reformadores do 16º século concordaram em que o sentido quádruplo da
interpretação das Escrituras comprometia o significado literal da Bíblia,
tornando nula e vazia a sua autoridade quanto à fé e à vida. Insistiram os
Reformadores que o único e verdadeiro sentido das Escrituras é o literal, o
significado claro e direto do texto. Uma das principais conquistas da Reforma
Protestante foi o retorno às Escrituras. Isto significou que as Escrituras não
necessitam de uma chave externa para a sua interpretação - seja ela o Papa, os
concílios da igreja, a filosofia, ou qualquer outra autoridade humana. A clareza
e a lucidez tornaram-se norma; a leitura a partir do seu próprio contexto
tornou-se fundamental. Conceitos externos não lhe deviam ser sobrepostos,
como se tornara prática no catolicismo medieval. A Bíblia tinha de ser lida no
seu sentido literal e gramatical.

22
 Martinho Lutero (1483-1546), consistentemente, defendeu a
interpretação literal do relato da criação: “Afirmamos que Moisés
falou no sentido literal, e não alegórica ou figurativamente, isto é,
que o mundo, com todas as suas criaturas, foi criado em seis dias,
como se lê no texto”. (Martinho Lutero - em Inglês, Lectures on
Genesis: Chapters 1-5, Luther’s Works (St. Louis, MO: Concordia
Publishing House, 1958). Lutero, ao comentar a frase “tarde e
manhã” afirma que o dia da criação “consiste de 24 horas”.

Também os outros Reformadores entendiam os “dias” da criação da


mesma forma. A interpretação literal e gramatical, conhecida na história da
Hermenêutica como o método histórico-gramatical, foi a norma da
interpretação bíblica mais ou menos até o século dezenove.

3.6. Mudanças sob a influência do Modernismo. À medida que o


conceito de longos períodos de tempo se infiltrava na explicação das origens da
terra, a partir das publicações de James Hutton (1726-1797) e Charles Lyell
(1797-1875), alguns intérpretes cristãos, seguindo uma linha de conciliação,
começaram a reinterpretar os “dias” da criação de forma não literal. O impulso
nessa direção não se encontrava na própria Bíblia, mas numa nova visão de
mundo que estava a desenvolver-se com base no conceito uniformista, e na
resultante concepção das origens demandando longos intervalos de tempo.

O entendimento dos “dias” da criação como sendo “dias de restauração”,


“dias de revelação”, além de considerar um “dia” como uma “época” (teoria do
“dia-época”) ou como uma “época/era” remonta a esse tempo, da mesma
forma que as mudanças de cronologia exigidas pela nova Geologia. A
abordagem de uma reinterpretação não literal dos “dias” foi típica dos que
seguiam uma linha de conciliação, chamados de “concordistas”, que passaram a
aceitar longos intervalos de tempo para a origem da Terra. Tendo em vista essas
alterações, é inevitável concluir que as influências externas exercidas por uma
nova compreensão das idades geológicas tornaram-se o catalisador para a
reinterpretação dos “dias” da criação.

3.7. Alterações recentes na interpretação dos “Concordistas”. Na última


década os “concordistas”, ou conciliadores liberais, têm tentado interpretar
cada vez mais os “dias” da criação relatada em Gênesis de maneiras não literais,
para fazer concordar as longas eras explicitadas pela teoria evolucionista com as
implicações cronológicas do relato bíblico da criação. É um fato reconhecido
que a longa e controvertida história da relação entre ciência e religião ocasionou
seu impacto no atual entendimento da Bíblia. Provavelmente o exemplo mais
célebre disso tenha sido a mudança do ponto de vista geocêntrico para o

23
heliocêntrico. O sistema ptolomaico, não cristão, havia sido adotado pelos
teólogos medievais tanto como sendo o ponto de vista cristão correto, quanto
sendo bíblico, para a compreensão de nosso planeta. A Terra era concebida
como o centro do sistema solar, e frequentemente também do universo.
Estabeleceu-se um enorme dilema quando o sistema heliocêntrico de Copérnico
tornou-se proeminente e aparentemente irrefutável.

 Teorias Científicas - De um ponto de vista metodológico, o


modelo interpretativo que os cientistas operam para a
interpretação dos dados observados na natureza predeterminará
em grande grau os resultados a serem obtidos, o mesmo
acontecendo com o significado dos dados provenientes de fontes
não naturais, dentre as quais se insere a Bíblia. É reconhecido, de
maneira geral que as “teorias científicas afetam, sem dúvida, a
interpretação bíblica pelo menos à medida que elas abrem a
oportunidade para a reavaliação da interpretação de algumas
passagens (Gênesis 1-2; 6-8)”. A questão decisiva que surge então
é se essa reavaliação vai configurar ou não uma imposição ao texto
bíblico a ser feita pelos “concordistas” ou outros - imposição de
um significado alheio ao que se encontra nas Escrituras dentro de
seu próprio contexto.

Pelo menos duas principais opções parecem apresentar-se então:

I. A reavaliação com base nas conclusões “científicas” poderia levar a uma


interpretação dos textos bíblicos que seja permissível dentro da estrutura
conceitual do contexto e da intenção da totalidade das Escrituras. Nesse caso a
reavaliação não colide com as normas internas de coesão e unidade das
Escrituras.

II. A reavaliação de um texto bíblico poderia também levar a uma conclusão


referente ao significado específico desse texto em discordância com aquilo que
certa hipótese científica aceita atualmente. Para aqueles que aceitam a
autoridade bíblica Plena isso deveria levar ao reexame da conclusão resultante
da interpretação dos dados provenientes da natureza obtidos pelos cientistas.
Neste caso, isso por sua vez poderá atingir a própria teoria científica, ou até
mesmo a ciência em seu todo, pelo menos levando-nos a reavaliar se todas as
conclusões tiradas de uma teoria científica são fidedignas, ou em alguns casos
indagar se toda a teoria está sob suspeição.

3.8. A autoridade inerente das Escrituras. Alguns têm aceitado a ideia de


que uma teoria científica, pela sua própria natureza, e pela abrangência de sua

24
aceitação, tem prioridade com relação às Escrituras. Está muito além dos limites
desta abordagem desvendar a complexidade dessa questão. Bastará dizer que,
se as Escrituras são entendidas como resultado da revelação divina, e escritas de
maneira inspirada, elas deveriam ter uma dimensão de autoridade não
encontrada no livro da natureza. Com base nessa dimensão de autoridade
superior, as Escrituras podem auxiliar na interpretação do livro da natureza,
provendo um modelo de interpretação mais abrangente do que poderia ser
esperado de um modelo puramente naturalístico.

Se as Escrituras devem manter sua integridade própria, dificilmente


poderão ser interpretadas de forma a se acomodarem, a todo o momento, a
alterações que derivem da ciência, da sociologia, da história, etc. As Escrituras,
baseadas em sua própria natureza e autoridade, incorporam sua própria
integridade quanto ao seu sentido e seus reclamos de verdade inerentes. Isto se
torna cada vez mais claro a partir de um estudo cuidadoso da Bíblia com
sólidos métodos de interpretação que se harmonizam e se fundamentam no
testemunho das próprias Escrituras. Isto implica que a autoridade das
Escrituras reside nela mesma e baseia-se na Revelação e na inspiração.
Essa auto-suficiência das Escrituras não significa que qualquer questão
levantada a partir de outras áreas de investigação, tais como a ciência, a
história, a sociologia, etc. não possa ser discutida com referência às Escrituras.
Existe, entretanto, uma enorme diferença entre perscrutar novas questões
referentes às Escrituras e impor novos significados ao texto bíblico.

4. Interpretações Figurativas e Literais dos Dias da Criação

4.1. Argumentos representativos a favor de longas épocas. O propósito


claramente expresso das tentativas atuais de interpretar os “dias” de Gênesis 1
em termos outros que não literais frequentemente é exposto também de forma
bastante clara. Algumas citações de respeitados estudiosos falarão por si
mesmas.
John C. L. Gibson, erudito britânico, argumenta que Gênesis 1 deve ser
tomado como uma “metáfora”, “história”, ou “parábola”, e não como um
registro direto dos acontecimentos da criação. Escreveu ele em seu comentário
sobre Gênesis, de 1981:

(...) Se entendermos “dia” como equivalente a “época” ou “era”,


poderemos pôr a sequência da criação, apresentada no capítulo 1,
em conexão com os relatos da moderna teoria da evolução, e
assim caminhar um pouco no sentido da recuperação da
reputação da Bíblia em nossa era científica... Tanto quanto este

25
argumento inicie uma tentativa de ultrapassar o sentido literal,
atribuindo à semana da criação o sentido de uma parábola, com
uma duração muito mais extensa, isso será digno de elogios.
(GIBSON, John C. L., Genesis, The Daily Study Bible, vol. 1,p.
56 - Edinburgh: The Saint Andrews Press, 1981).

D. Stuart Briscoe, criacionista “progressista” americano, aborda o


assunto em seu comentário sobre Gênesis, da mesma forma:

O naturalista fala convincentemente em termos de milhões de


anos e eras evolutivas, enquanto o crente na Bíblia olha para os
seis dias e fica perplexo, sem saber o que fazer... Não é
absolutamente irrazoável crer que “dia” (em Hebraico yôm), que
pode ser traduzido literalmente como “período”, refira-se não a
dias literais, mas a eras e épocas em que a obra criadora de Deus
estava sendo realizada. (D. Stuart Briscoe, Genesis, The
Communicator’s Commentary - Waco, TX: Word Books, 1987,p. 37).

Explicações desse tipo podem ser multiplicadas e provêem de estudiosos


que militam no campo dos “concordistas”. Mais precisamente, pertencem eles
ao ramo dos “concordistas abrangentes”, que em tempos recentes associaram-se
ao criacionismo “progressista”.

4.2. “Dias de Revelação”. A teoria de que os “dias” da criação são de fato


“dias de revelação” é hoje defendida somente por alguns poucos estudiosos do
assunto. Essa teoria foi proposta no 19º século pelo geólogo escocês Hugh
Miller. Hoje em dia foi ela reavivada por P. J. Wiseman, em sua publicação
“Creation Revealed in Six Days”, reeditada em 1977.
De acordo com essa interpretação, Deus não criou o mundo em seis dias,
mas sim “revelou” e explicou ao homem em seis dias literais aquilo que Ele já
teria feito no decorrer de numerosos intervalos de tempo. A frase recorrente “e
disse Deus” é considerada como apoiando a teoria de que os “dias” da criação
constituem realmente “dias de revelação”. Esta teoria não exige uma idade
recente para a origem do mundo, nem a criação em seis dias literais de 24 horas.
Tem sido observado de maneira incisiva que a concepção dos “dias da
teoria da revelação” resulta em grande parte de uma compreensão errada da
palavra “fez” em Êxodo 20.11, para a qual Wiseman defende o significado de
“mostrou”.
“Mostrou” não é um significado válido para o termo hebraico ‘asah.
Nenhum dicionário da língua hebraica apoia esse significado para esta palavra.
O termo hebraico ‘asah, usado mais de 2.600 vezes no Antigo Testamento,
significa “fazer, manufaturar, produzir”, etc., e em nem uma só vez seu

26
significado pode ser associado a “mostrar”, tanto no Antigo Testamento quanto
no Hebraico extra-bíblico. Este significado, “mostrar”, foi inventado
exclusivamente em função da teoria em questão. Em vista desse fato, não é
surpresa que os “dias da teoria da revelação” não tenham tido maior
repercussão.

Em resumo, os “concordistas abrangentes” atuais parecem interpretar


Gênesis 1 de alguma forma “figurativa, simbólica, ou em senso lato, como por
exemplo com a ideia de que os “dias” de Gênesis 1 podem ser interpretados
como longos períodos de tempo”. Seu propósito é tentar uma acomodação com
as alegações da teoria da evolução quanto aos longos períodos de tempo. Com
base nessa hipótese para a cronologia, as Escrituras são reinterpretadas na
busca de uma harmonização entre o seu relato da criação e o quadro evolutivo
naturalista. Os que procuram ajustar as Escrituras, nessa linha, são conhecidos
como “concordistas abrangentes”.

Contrastando com essa posição estão os “concordistas estritos”,


estudiosos de igual erudição e capacidade, que também procuram harmonizar a
ciência com a religião, mas sem pretender atribuir ao texto bíblico uma “leitura
vaga”. Concordam eles que o significado de um texto deva basear-se em
critérios de linguagem internos, bem como no emprego de padrões linguísticos
comumente aceitos. Concordam também que o contexto das Escrituras é
primordial e que as normas linguísticas precisam seguir sólidas convenções
sintático-gramaticais. Assim, os “concordistas estritos” estão perfeitamente
cônscios das tensões existentes, mas resistem contra forçar um significado para
o texto bíblico sem o apoio de sólida análise linguística.

4.3. A Interpretação Literal dos “Dias” da Criação. Consideraremos o


uso da palavra “dia” (em Hebraico ‫ םוי‬- yôm) de conformidade com as principais
linhas da erudição atual. Existem eruditos liberais e não liberais que chegaram à
conclusão de que a palavra “dia” (‫ םוי‬- yôm) em Gênesis 1 deve ser
compreendida de maneira singular no sentido literal. Faremos uma revisão
crítica de algumas de suas razões e adicionaremos outras.

4.3.a. Considerações extraídas de Comentários

 O influente teólogo e exegeta liberal europeu, Gerhard von Rad,


especialista em Antigo Testamento, declara: “Os sete dias
inquestionavelmente devem ser entendidos como dias reais, e
como um lapso de tempo singular, não repetitível, em nosso
mundo”.

27
 Gordon Wenham, erudito não-concordista britânico, especialista
em Antigo Testamento, conclui que: “Pouca dúvida pode existir
de que aqui “dia” tem o seu sentido básico de um período de 24
horas”.

 James Barr, renomado Semitista e especialista em Antigo


Testamento, opõe-se com veemência aos intérpretes figurativos,
observando que os “dias” da criação foram seis dias literais
completando um período de 144 horas.

 Há muito tempo o crítico formal Hermann Gunkel concluiu que:


“Os “dias” são de fato dias e nada mais”. Este elenco de citações
poderia continuar com a adição de numerosas outras vozes
partilhando da mesma posição não-concordista.

 Victor P. Hamilton conclui, da mesma forma que outros eruditos


neo-evangélicos concordistas abrangentes, que: “Quem quer que
tenha escrito Gênesis 1 acreditava estar falando de dias literais”.

 John H. Stek, outro concordista abrangente, traz numerosos


fatores em defesa de sua posição a favor de “dias” literais”:

Certamente não existe sinal algum, nem sequer insinuação,


dentro da narrativa (de Gênesis 1) de que o autor pensava que
seus “dias” deveriam corresponder a designações não regulares
de tempo - primeiro uma série de períodos indefinidos, depois
uma série de dias solares - ou que os dias por ele delimitados
com “tarde e manhã” pudessem possivelmente ser entendidos
como longos anos de tempo. Sua linguagem é simples e direta,
usando palavras simples e diretas das mais comuns nas
experiências de vida da humanidade ... Ao historiar os atos
criativos de Deus, o autor foi “movido” a colocá-los em sequência
como se fossem atos humanos, e a “temporalizá-los” de acordo
com a configuração do tempo criado na arena da experiência
humana. (STEK John H., “What Says Scripture?” Portraits of
Creation,os. 237-238).

Numerosos estudiosos e comentaristas, independentemente de serem


concordistas ou não, têm concluído que os “dias” da criação não podem ser
nada mais do que dias literais de 24 horas. Estão eles perfeitamente cientes das
interpretações figurativas, não literais, da palavra “dia” em Gênesis 1, com a
intenção de harmonizá-las com as extensas eras exigidas pelo modelo

28
evolucionista das origens. Apesar disso, insistem eles, com base em cuidadosas
investigações feitas sobre o uso da palavra “dia” em Gênesis 1 e em outras
passagens, que o verdadeiro significado e intenção do “dia” da criação é um dia
de 24 horas.

4.4. Considerações feitas a partir da Lexicografia. A grande maioria dos


léxicos e dicionários da língua hebraica, amplamente aceitos e publicados no
século XX, traz a afirmação de que a designação “dia” em Gênesis 1 significa
um dia de 24 horas, a saber, um dia solar.
Um prestigioso léxico recentemente publicado refere-se a Gênesis 1.5
como a primeira entrada escriturística para a definição de “dia de 24 horas”
para o vocábulo hebraico ‫ םוי‬- yôm (“dia”). O Léxico Hebraico-Inglês de
Holladay segue o exemplo do “dia de 24 horas”. Brown-Driver-Briggs, léxico
clássico Hebraico-Inglês, também define o “dia” da criação em Gênesis 1 como
“um dia regular, definido por uma tarde e uma manhã”.
Lexicógrafos da língua hebraica colocam-se entre os mais qualificados
eruditos hebraicos. Espera-se que eles tenham o maior cuidado em suas
definições, e que também usualmente indiquem significados alternativos, se
houver segurança para assim procederem em certas instâncias. Nenhum
lexicógrafo afastou-se do significado da palavra “dia” como um dia literal de 24
horas em Gênesis 1.

4.5. Considerações feitas a partir de Dicionários. Magne Saeboe escreve


no elogiado “Theological Dictionary of the Old Testament” que a palavra “dia”
(yôm) em Gênesis 1 tem significado literal no sentido de “um dia completo”. Ele
não entrevê qualquer outro significado ou alternativa.
Ernst Jenni, aplaudido erudito hebreu deste século, afirma no mais
amplamente utilizado dicionário teológico da língua hebraica que o significado
de “dia” no relato da criação deve ser entendido na acepção literal, como “dia
de 24 horas, no sentido de uma unidade de tempo astronômica ou calendarial”.

4.6. Considerações baseadas na Semântica. O campo da semântica nos


estudos linguísticos refere-se àquilo que é chamado de significação. Isso cobre
os problemas da “avaliação acurada do significado das expressões (palavras,
frases, cláusulas, sentenças, etc.), que realmente têm sido usadas”.
A semântica chama atenção para a questão crucial do significado exato
da palavra hebraica ‫ םוי‬- yôm. Poderia a designação “dia” em Gênesis 1 ter um
significado figurativo nesse capítulo? Deve ela ser entendida, com base nas
normas da semântica, como um “dia” literal? Essa questão de semântica é
particularmente importante devido ao fato de que o vocábulo hebraico yôm,
tanto no singular como no plural, apresenta uma grande variedade de
significados, incluindo significados extensivos como “tempo”, “tempo de vida”,

29
etc. É possível transpor para Gênesis 1 um significado extensivo qualquer
encontrado no Antigo Testamento? Não poderia isso resolver o problema do
conflito entre o curto período de uma semana da criação e as longas eras
necessárias para a evolução natural?

O Termo hebraico na Bíblia. O termo hebraico yôm, na sua variedade de


formas, pode significar, além de um “dia” literal, também um tempo ou período
de tempo (Juízes 14.4), e em um sentido mais geral “o tempo de um mês”
(Gênesis 29:14), o “tempo de dois anos” (II Samuel 13.23 e 14.28; Jeremias 28.3 e
11), o “tempo de três semanas” (Daniel 11.2 e 3). No plural pode significar
“ano” (I Samuel 27.7), um “tempo de vida” (Gênesis 47.8), etc. Qualquer bom
léxico poderá prover uma lista abrangente das várias possibilidades.

É importante ter em mente que o conteúdo semântico das palavras pode


ser visto mais claramente em suas várias combinações com outras palavras e
seu campo semântico extensivo.

Quais são as normas semântico-sintáticas para o sentido não literal,


extensivo, do termo hebraico yôm? Os significados extensivos, não literais, do
termo yôm são sempre encontrados em conexão com preposições, frases
preposicionais com um verbo, construções compostas, fórmulas, expressões
técnicas, combinações genitivas, frases construtivas, etc. Em outras palavras, os
significados extensivos, não literais, deste vocábulo hebraico apresentam
conexões linguísticas e contextuais especiais que indicam claramente a intenção
de um sentido não literal. Se tais conexões linguísticas especiais estiverem
ausentes, o termo yôm não terá significado extensivo não literal; terá seu sentido
normal de dia literal de 24 horas.

Em vista da riqueza de usos deste termo hebraico, impõe-se o estudo do


uso de yôm em Gênesis 1 para a comparação com seus outros usos. Conteria
este capítulo de Gênesis os indicadores necessários pelos quais yôm pudesse ser
claramente reconhecido como tendo um sentido literal ou não? Como é este
vocábulo usado em Gênesis 1? É ele usado juntamente com combinações de
outras palavras, preposições, relações genitivas, estados construtivos, etc. como
mencionado no parágrafo anterior, o que poderia indicar um sentido não
literal? São, exatamente, essas espécies de combinações semântico-sintáticas que
podem nos informar sobre a intenção do significado do termo.

Apresentemos os fatos a respeito do uso do termo yôm, “dia”, em


Gênesis 1, como qualquer estudioso do Hebraico poderia fazer:

1) O termo yôm é sempre usado no singular.

30
2) O termo yôm está sempre justaposto a um numeral. Em Gênesis 1.5 tem-se
um cardinal, e nos demais versículos, de Gênesis 1.1 a 2.3, sempre um ordinal.
Isto será considerado mais abaixo.
3) O termo yôm nunca está combinado com uma preposição, combinação
genitiva, estado construtivo, construção composta, ou algo semelhante. Ele
sempre aparece como um simples substantivo.
4) O termo yôm é definido de forma consistente por uma frase temporal na
sentença precedente - “e houve tarde e manhã”. Esta cláusula serve como
função definidora para a palavra “dia”.
5) O relato complementar da criação, de Gênesis 2.4-25, contém um significado
figurativo, não literal, do termo yôm, “dia”. Quando é pretendido um sentido
não literal, são empregadas as convenções semântico-sintáticas observadas no
restante do Antigo Testamento para tal significado, e isto é exatamente o que
acontece para o uso não literal em Gênesis 2.4.

Observemos como esses critérios aplicam-se a Gênesis 2.4. O substantivo


yôm se justapõe à preposição be para formar beyôm. Ainda mais, ele é usado em
uma relação construtiva com a forma infinitiva de ‘asah, “fazer”, lendo-se então
literalmente “no dia do... fazer”. Essa combinação do singular com uma
preposição em uma construção com o infinitivo faz dessa combinação uma
“conjunção temporal”, que serve como uma “introdução geral do tempo”.

Gênesis 2.4, segunda parte, reza literalmente “em (o) dia do Senhor Deus
fazer a terra e o céu”. A boa linguagem requer que a tradução literal “em (o) dia
de”, que sintaticamente é uma conjunção temporal que serve para a introdução
geral do tempo, seja substituída por “quando”. Esta sentença passa a rezar
então: “Quando o Senhor Deus os criou ...”. Este claro exemplo de um uso
extensivo não literal de yôm no relato da criação, em Gênesis 2.4-25, indica que o
uso de yôm em Gênesis 1, sem qualquer qualificativo que possa marcar o seu
uso não literal, em contraposição tem um sentido literal. O termo yôm em
Gênesis 1 não se liga a qualquer preposição; não é usado em uma relação
construtiva; e não tem nenhum indicador sintático que seria de esperar para um
uso extensivo não literal. Assim, em Gênesis 1 yôm só pode significar um “dia”
literal de 24 horas.

Em resumo, os usos semântico-sintáticos de yôm, “dia”, em Gênesis 1,


quando comparados com os correspondentes usos e conexões linguísticas do
mesmo termo em outras passagens do Antigo Testamento nas quais ele tem um
sentido extensivo, não permitem que o seu significado seja o de um longo
período de tempo, uma época, ou algo semelhante. A língua hebraica, sua
gramática, sua sintaxe, suas estruturas linguísticas, bem como o seu uso

31
semântico, permite somente o significado literal para “dia” nos “dias” da
criação de Gênesis 1.

3.7. Considerações baseadas na fronteira “tarde-manhã”. O relato da


criação em Gênesis não somente liga cada dia a um numeral sequencial, como
também estabelece as fronteiras do tempo mediante “tarde e manhã”
(versículos 5, 8, 13, 19, 23, 31). A frase rítmica “e houve tarde e manhã” provê
uma definição para o “dia” da criação: o “dia” da criação define-se como
consistindo de “tarde” e de “manhã”. É ele, portanto, um dia literal.
O termo para “tarde” (em Hebraico ‘ereb) abrange a parte escura do dia,
numa representação pars pro toto (significando que uma parte, neste caso a
“tarde”, representa toda a parte escura do dia) (cf. “dia-noite” em Gênesis 1.14).
O termo correspondente, “manhã” (em Hebraico bqer) representa, pars pro toto
(significando que uma parte, neste caso a “manhã”, representa a parte clara do
dia), todo o período de claridade do dia (116). Deve-se observar que a expressão
“tarde-manhã” deve ser compreendida como tendo o mesmo significado em
cada um dos seus seis usos no texto de Gênesis 1.
“Tarde e manhã” é uma expressão temporal que define cada “dia” da
criação como um dia literal. Ela não pode significar nada mais.

4.8. Considerações baseadas na sequência de eventos. A criação da


vegetação com plantas produzindo semente, e árvores frutíferas, ocorreu no
terceiro dia (Gênesis 1.11-12). Grande parte dessa vegetação parece ter
necessitado de insetos para a polinização. Os insetos, entretanto, foram criados
no quinto dia (versículo 20). Se a sobrevivência desses tipos de plantas que
necessitam de insetos para a polinização dependesse deles para a produção de
sementes e a sua perpetuação, então haveria um sério problema se o “dia” da
criação significasse “época” ou “eons”. Ainda mais, “a consistência da
interpretação na “teoria do dia-época” exigiria um longo período de iluminação
e outro de escuridão para cada uma das épocas supostas. Isto seria
imediatamente fatal tanto para as plantas quanto para os animais”.
Parece que o “dia” da criação deve ser entendido como um dia literal e não
como um longo período de tempo, sejam eras, épocas ou eons.
Embora esses argumentos possam não ser decisivos, eles apontam na
mesma direção que os argumentos linguísticos e semânticos decisivos
encontrados no próprio texto hebraico.

Conclusões

Nossa abordagem investigou o significado dos “dias” da criação. Ele


considerou argumentos-chave a favor de um significado figurativo, não literal,
dos “dias” da criação, e achou-os carentes de base quanto à pesquisa do gênero

32
literário, considerações literárias outras, estudo gramatical, usos sintáticos e
conexões semânticas. As evidências cumulativas baseadas em considerações
comparativas, literárias, linguísticas e outras, convergem em todos os níveis,
levando à conclusão única de que a designação yôm, “dia”, em Gênesis 1
significa consistentemente um dia literal de 24 horas.
O autor de Gênesis 1 não poderia ter usado meios mais abrangentes e
todo-inclusivos para exprimir a ideia de um “dia” literal, do que aqueles que
escolheu. Há uma completa falta de indicadores como preposições, expressões
qualificativas, frases construtivas, conexões semântico-sintáticas, etc., com base
nos quais a designação “dia” na semana da criação pudesse ser tomada como
sendo algo diferente de um dia regular de 24 horas. As combinações de fatores
como o uso de artigos, do número singular, das construções semântico-
sintáticas, das fronteiras do tempo, etc., corroboradas pelas promulgações
divinas como em Êxodo 20.8-11 e Êxodo 31.12-17, sugerem de maneira única e
consistente que o “dia” da criação tem significado literal, sequencial e
cronológico.

Origens dos povos de acordo com estudiosos e arqueólogos.

1. Amalequitas......................................Esaú
2. Amonitas e Moabitas........................Ló
3. Árabes..............................................Ismael
4. Babilônicos e Fenícios.....................Cam
5. Edom ou Idumeus.............................Esaú
6. Gregos...............................................Jafé
7. Hebreus e Sírios................................Sem
8. Judeus...............................................Jacó
9. Midianitas..........................................Midiã
10. Medos e Persas................................Jafé

5. A Arca e o Dilúvio

Outro assunto de muita relevância no livro de Gênesis é o relato da


construção da arca e do dilúvio. Muitas correntes interpretativas têm desviado
os valores essenciais da história negando até mesmo o fato.
Mas descobertas arqueológicas dos últimos anos comprovam sem
sombras de dúvidas tanto a veracidade do relato quanto a resposta para uma
antiga pergunta: O dilúvio foi parcial ou universal?
Incrivelmente a arqueologia, com o relato bíblico do dilúvio respondeu
não só essas, mas diversos questionamentos.

33
Segundo o teólogo Myer Pearlman, o propósito principal da genealogia
que se encontra no capítulo 5 de Gênesis é o de “conservar um registro da
linhagem da qual virá a semente prometida: [Cristo]” (Através da Bíblia livro
por livro, p.16). Traça então a linha de Sete até Noé.
Os antediluvianos viviam de 365 até 969 anos, segundo os estudiosos isso
era possível porque a terra mesmo amaldiçoada por causa do pecado ainda
estava no início de sua poluição, além da raça humana também ser jovem e
ainda não estar muito debilitada pelos efeitos do mal.
O Dr. Antônio Neves de Mesquita, autor do “Estudo no Livro de
Gênesis”, aborda o assunto sistematicamente, oferecendo primeiramente os
desafios interpretativos do relato:

Diversas dificuldades e objeções têm sido levantadas sobre o


dilúvio. A primeira é sobre sua extensão. A segunda, sobre o
tempo usado por Deus para fazer submergir todos os seres
viventes, se foram 40 dias e 40 noites, como dizem os versos 12 e
17, ou 150 dias,como diz o verso 24. Uns tem procurado descobrir
discrepâncias e, outros, duplicidades de narrativas.
(MESQUITA, Antônio Neves de., Estudo no Livro de Gênesis,
p. 131 – Ed. Juerp, 5ª edição – 1983).

O assunto realmente sempre trouxe divergências, até mesmo quando a


Bíblia relata um dilúvio universal, mas a ciência afirma que não. Descobrimos
então que do ponto de vista geográfico para os nossos dias não poderia ser
universal mesmo, mas estamos falando do ponto de vista de Noé e Moisés.
Podemos observar no relato que a Bíblia usa expressões como “o dilúvio
esteve sobre a terra”, e “as águas prevaleceram sobre a terra”, dando ao dilúvio
um caráter universal.
Talvez a maior dificuldade para se entender isso, como diz Mesquita, é o
fato das águas obedecerem ás leis da gravidade em espaço relativamente
pequeno e em volume tão grande.

5.1. Estudos e descobertas que comprovam o dilúvio. Em vários tabletes


da Mesopotâmia, se encontram diferentes histórias, do mesmo tema, o dilúvio.
Segundo o Doutor em Arqueologia Rodrigo Silva – uma das maiores
autoridades do assunto na América Latina, em seu livro “Escavando a
Verdade” (Editora Casa Publicadora), as escavações trazem a “mesma lógica
usada em relação à historicidade de Adão, ou seja, que esses documentos
refletem um episódio que realmente ocorreu no passado da humanidade."
Werner Keller em seu livro “E a Bíblia Tinha Razão” (Editora
Melhoramentos) afirma que não é só na Mesopotâmia que encontramos relatos
do dilúvio, mas também na Grécia, Austrália, Índia, Polinésia, Tibete, Caxemira

34
e em muitas outras civilizações. São todas mitos, lendas, produtos da
imaginação? É bem provável que elas reflitam a mesma catástrofe universal.

As descobertas de Ur - Uma das descobertas arqueológicas que podem


comprovar o dilúvio, foi descoberta pelo arqueólogo britânico Sir Charles
Leonard Woolley (1880-1960), em um sítio de Ur. Ele estava à procura de
túmulos reais, quando resolveu cavar cinco metros a mais, abaixo de um
pavimento de tijolos e encontraram uma camada de limo do dilúvio. Cavaram e
descobriram restos de uma antiga Ur que existiu antes do dilúvio. Retiraram do
solo cacos de jarros de barro que eles podiam datar com segurança, 2700 anos
a.C.
Por meios de sondagens pode-se estabelecer a extensão total da enorme
inundação. Ela cobriu, ao nordeste do golfo pérsico, uma extensão total de 630
km de comprimento por 165 km de largura. Visto nos mapas atuais, foi apenas
um acontecimento local, mas para a época, aquele era todo o seu mundo. E, pela
idade das camadas pode se calcular uma estimativa para esse acontecimento.
Ocorreu por volta de 4000 a.C.

Doutor Rodrigo Silva também confirma que a semelhança dos muitos


relatos sobre o dilúvio ao redor do mundo com a versão bíblica é
impressionante. Em ambos os relatos os personagens principais são avisados
por uma divindade que uma grande destruição estava prestes a vir e que um
barco deveria ser construído para sua proteção. Esse fato revela que os judeus
não inventaram tais histórias.

O Dr. Henry Hampton Halley em seu “Manual Bíblico de Halley”


(Editora Vida, 9º reimpressão, na página 80), registra assim as outras tradições a
respeito do dilúvio:

Egípcia: Os deuses, certa vez, purificaram a terra por meio de um grande


dilúvio, do qual escaparam só uns poucos pastores;
Grega: Deucalião foi avisado de que os deuses trariam um dilúvio à
terra, por causa da grande perversidade desta. Ele construiu uma arca, que
acabou repousando no monte Parnasso. Uma pomba foi enviada duas vezes;
Hindu: Manu, avisado a tempo, construiu um navio no qual só ele
escapou de um dilúvio que destruiu todas as criaturas;
Chinesa: Fa-He, fundador da civilização chinesa, escapou, segundo se
declara, de um dilúvio enviado porque o homem se rebelara contra o céu –
junto com sua esposa, três filhos e três filhas;
Inglesa: Os druidas tinham uma lenda segundo a qual o mundo tinha
sido povoado de novo por um patriarca justo, que se salvara num navio forte de
um dilúvio enviado para destruir a raça humana por causa da iniquidade;

35
Polinésia: Histórias de um dilúvio, do qual escaparam oito pessoas;
Mexicana: Um homem, com esposa e filhos, foi salvo num navio de um
dilúvio que cobriu a terra;
Peruana: Um homem e uma mulher salvaram-se em uma caixa que ficou
flutuando nas águas do dilúvio;
Dos aborígenes americanos: Várias lendas, segundo as quais uma, três
ou oito pessoas se salvaram, num barco acima do nível das águas, em um alto
monte;
Da Groelândia: A terra se inclinou e toda a raça humana se afogou,
menos um homem e uma mulher, os quais repovoaram a terra.

Mas alguns sugerem que os escritores hebreus simplesmente copiaram


estas histórias e as batizaram com uma roupagem monoteísta. Todavia, a
presença de narrativas semelhantes a estas em culturas tão diversas ao redor do
mundo, nos sugerem que o mesmo evento foi a fonte para tais relatos, pois por
vários anos, acreditou-se que as histórias da criação e do dilúvio universal eram
lendas apenas dos judeus. Porém, escavações nas ruínas de Nínive, antiga
capital do Império Assírio, apresentaram ao mundo os documentos da
biblioteca real de Assurbanipal II, que viveu no sétimo século a.C. Duas
epopéias importantes na literatura do Antigo Oriente Médio foram encontradas
em seus registros. São elas: Enuma Elish, um relato sobre a criação, e Gilgamesh,
uma versão do dilúvio.

5.2. Estudos que apontam para a arca. A arca foi construída com cerca de
135 m de comprimento, 22 m de largura e 13,5 m de altura. Tinha três conveses,
divididos em compartimentos, com uma fileira de janelas em redor, na parte
superior.
A arca foi projetada para incluir apenas vertebrados terrestres — aqueles
que caminham sobre a terra e respiram através de narinas (Gênesis 7.22). Isso
não inclui animais marinhos, vermes, insetos e plantas. Há menos de 350
famílias de vertebrados terrestres vivos. A maioria destes é do tamanho de um
gato doméstico ou menor. Se cada família taxonômica estivesse representada na
arca por um par de espécimes, e com as poucas famílias “limpas” representadas
por sete pares, a arca deveria conter menos do que 1000 indivíduos. A arca
poderia provavelmente acomodar dez vezes este número. A questão de espaço
para os animais na arca não é um problema difícil.

É interessante notar, como as pesquisas tem comprovado o dilúvio e a


existência da arca. No livro “História da Vida” (Editora Casa Publicadora
Brasileira - 1999) o jornalista Michelson Borges faz menção do avistamento do
que sobrou da arca no monte Ararat (Turquia) por aviadores russos em 1917.
Essa notícia foi publicada pelos principais jornais do mundo em 1923. As

36
descobertas foram entregues ao Czar. Mas dias depois do czar ter recebido os
relatórios e as fotos, o governo russo foi derrubado pela Revolução Bolchevista.
Em 1883, o governo turco enviou uma expedição ao monte para vistoriar os
danos causados por um terremoto. O grupo relatou a descoberta da parte
frontal de uma barca antiga a 4.200 metros, na montanha. Tiraram medidas,
entraram na arca e relataram ter visto estábulos e jaulas na embarcação, mas
não houve muita repercussão na época devido ao sucesso da teoria
evolucionista de Darwin.

Esse relato e muito outro são negados por muitos arqueólogos e


historiadores por falta de provas reais e concretas. Dessa forma sugerem que
várias expedições buscaram encontrar a arca, mas sem sucesso. Algumas
formações rochosas com ”forma de barco” foram encontradas na área do
Ararat, mas não há nada especial com relação a elas. Há numerosos relatos de
pessoas que dizem ter visto a arca, mas não há evidências para apoiar estes
relatos (cerca de 18). Para alguns parece pouco provável que a arca venha a ser
encontrada, mas a grande verdade é que sua existência é inquestionável.

O tempo de permanência na Arca

40 dias: chuvas caíram (Gn 7.12)


110 dias: águas subindo (Gn 7.24)
74 dias: águas diminuindo (Gn 8.5)
40 dias: corvo solto (Gn 8.6-7)
7 dias: pomba solta (Gn 8.8)
7 dias: pomba solta (Gn 8.10)
7 dias: pomba solta (Gn 8.12)
29 dias: cobertura removida (Gn 8.13 com 7.11)
57 dias: terra seca (Gn 8.14)

371 dias no Total.

EXERCÍCIO DE REVISÃO – LIÇÃO 2

Marque V para Verdadeiro e F para Falso nas informações apresentadas:

1. ( ) A arca foi construída com cerca de 135 m de comprimento, 22 m de


largura e 13,5 m de altura. Tinha três conveses, divididos em compartimentos,
com uma fileira de janelas em redor, na parte superior.

37
2. ( ) Segundo o teólogo Myer Pearlman, o propósito principal da genealogia
que se encontra no capítulo 5 de Gênesis é o de “conservar um registro da
linhagem da qual virá a semente prometida: [Cristo]”.

3. ( ) A maioria dos léxicos e dicionários da língua hebraica, traz a afirmação


de que a designação “dia” em Gênesis 1 significa um período evolutivo na
criação.

4. ( ) O Pentateuco está dividido na seguinte ordem, com os livros e seus


nomes originais: Bereshit, Shemot,Vaiicrá, Bemidbar e Devarim.

5. ( ) O tema ou assunto principal tratado em Gênesis é o das origens das leis


divinas.

6. ( ) O próprio Pentateuco não descreve Moisés como alguém que escreveu


extensivamente, de acordo com Ex. 17.14; 24.4; Dt. 31.24;

7. ( ) Orígenes de Alexandria, um dos Pais da Igreja (185-254 A.D), defensor e


praticante do método alegórico de interpretação, é considerado como o
primeiro a entender os “dias” da criação no sentido literal, e não alegórico.

8. ( ) As Origens dos povos de acordo com estudiosos e arqueólogos traz: Os


Amalequitas descendem de Ló e os Árabes dos Babilônicos e Fenícios.

9. ( ) Uma tradição Chinesa a respeito de um dilúvio diz: Fa-He, fundador da


civilização chinesa, escapou, segundo se declara, de um dilúvio enviado porque
o homem se rebelara contra o céu – junto com sua esposa, três filhos e três
filhas;

10. ( ) O tempo de permanência na Arca foi de aproximadamente 371 dias.

Capítulo 3

O LIVRO DO ÊXODO

Êxodo - do latim "Exodus" e do grego "Êxodos" quer dizer "saída, partida,


emigração". Em hebraico: "Shemot" - ‫"( ואלהָ שמות‬Nomes").

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O livro de Êxodo trata da continuação do relato do Gênesis, mostrando o
desenvolvimento dum pequeno grupo familiar de setenta pessoas numa grande
nação com milhões de pessoas. Os hebreus viveram no Egito por muitos anos,
sendo que a maior parte do tempo em regime de escravidão. Êxodo registra o
desenvolvimento de Moisés, a libertação de Israel do seu cativeiro, a sua
caminhada do Egito até o monte Sinai para receber a lei de Deus e as instruções
divinas a respeito da edificação do tabernáculo. O livro termina com a
construção do Tabernáculo como um lugar da habitação de Deus.

O tabernáculo foi uma espécie de tenda ou barraca móvel. Ele era


totalmente desmontável. A planta dessa espécie de barraca foi dada por Deus a
Moisés, que comandou a sua construção. “Disse o Senhor a Moisés: Segundo
tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos
os seus móveis, assim mesmo o fareis.” (Ex. 25. 9). O tabernáculo serviu para
centralizar o local de culto a Deus naquele deserto. Era nele que eram realizados
os atos de adoração a Deus e as ofertas dos vários tipos de sacrifícios (pelo
pecado, por gratidão, de purificação, etc.). Os sacerdotes oficiais, escolhidos por
Deus, serviam nele. Dessa forma, o culto do jeito ordenado por Deus era
realizado. O tabernáculo foi usado por muito tempo pelos israelitas. Ele só foi
substituído no tempo do rei Salomão, que construiu um luxuoso Templo, que
também servia aos mesmos objetivos do tabernáculo.

1. Autoria, data e conteúdo

Moisés, cujo nome significa “tirado das águas”, ou simplesmente


“tirado” é a figura central de Êxodo. Ele é o profeta hebreu que liderou os
israelitas em sua saída do Egito. Êxodo é tradicionalmente atribuído a ele.
Quatro passagens em Êxodo dão forte apoio à autoria mosaica de pelo menos
boa parte do livro (17.14; 24.4,7; 34.27). Através de eventos variados e de
encontros face a face com Deus, Moisés recebeu a revelação das coisas que Deus
desejava que ele soubesse. Assim, através do processo de inspiração do Espírito
Santo, Moisés comunicou ao povo hebreu, tanto na forma oral como na escrita,
esta informação que lhe foi revelada.

A vida de Moisés em três períodos de 40 anos

1. Da infância aos 40 anos de sua vida, Moisés passou no lar de seus


pais e no palácio do faraó. Nascido em Gósen mais ou menos em 1525
a.C., foi o segundo filho de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi. No
lar paterno, Moisés recebeu sua formação religiosa, e na corte do
faraó adquiriu conhecimento intelectual e político, além de
treinamento militar;

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2. Aos 80 anos, Moisés, fugindo do faraó, passou exilado em Midiã
trabalhando como pastor. Ali, casou-se com Zípora, filha de Jetro, o
sacerdote. Teve dois filhos: Gérson e Eliezer (Êx. 18.34);
3. Os últimos 40 anos foram liderando o povo na jornada pelo deserto,
rumo à terra prometida. Serviu a Deus como profeta, foi sacerdote e
rei antes mesmo da existência desses ministérios entre os judeus.

A Data: A Tradição conservadora data a morte de Moisés em algum


tempo ao redor de 1.400 a.C. Desta forma, é provável que o Livro de Êxodo
tenha sido compilado nos quarentas anos anteriores, durante a caminhada pelo
Deserto.
Stanley Ellisen argumenta justamente que a data de 1.445 é preferida
por razões obvias e seguras:

1º Reis 6.1 situa o êxodo 480 anos antes de Salomão começar a


construir o templo, o que está fixado em 967 a.C. Juízes 11.26
situa a conquista da Transjordânia 300 anos antes da época de
Jefté (que viveu por volta de 1.100 a.C). Atos 13.17-20 dá o
período aproximado do êxodo a Samuel como de 450 anos.
Samuel morreu por volta de 1.020 a.C. A data que o arqueólogo
John Garstang deu para a queda de Jericó é a melhor atestada,
embora tenha sido posta em dúvida por Kathleen Kenyon (por
exemplo, nenhum sepultamento em Jericó poderia ter uma data
posterior a 1375 a.C). (ELLISEN, Stanley – Conheça Melhor o
Antigo Testamento – Ed. Vida, 2ª edição/2007, p.34)

Conteúdo: O livro de Êxodo possui um simbolismo fantástico que


aponta para Cristo, Seu ministério, Sua obra, e para a ação do Espírito Santo
também. Tão rico em símbolos quanto o apocalipse.

2. O Simbolismo de Êxodo no Novo Testamento

Moisés, por exemplo, pela tipologia bíblica é um tipo de Cristo, pois ele
liberta da escravidão o povo. Arão funciona como um tipo de Jesus assim como
o sumo sacerdote (28.1) faz intercessão junto ao altar do incenso (30.1). A Páscoa
indica que Jesus é o Cordeiro de Deus que foi oferecido pela nossa redenção
(12.1-22). As passagens “EU SOU” no Evangelho segundo João encontram a sua
origem primeira no livro de Êxodo. João afirma que Jesus é o Pão da Vida;
Moisés fala de duas maneiras do pão de Deus: o maná (16.35) e os pães da
proposição (25.30). João nos conta que Jesus é a luz do Mundo; no tabernáculo,
a menoráh (candelabro) serve como fonte de luz permanente (25.31-40). No Livro
de Êxodo, o óleo representa, de forma simbólica, o Espírito Santo. Por exemplo,
o óleo da unção é um tipo do Espírito Santo, o qual é utilizado pra preparar

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tanto os fiéis como os sacerdotes para o culto divino (30.31). O Fruto do Espírito
Santo está listado em Gl 5.22,23. Uma listagem paralela também pode ser
encontrada em Ex 34.6,7, que descreve os atributos de Deus como compassivo,
clemente, longânimo, bom, fiel, e perdoador. As referências mais diretas ao
Espírito Santo podem ser encontradas em 31.3-11 e 35.30-36.1, quando cidadãos
individuais são capacitados a tornarem-se exímios artífices. Através da obra
capacitadora do Espírito Santo. As habilidades naturais destas pessoas foram
enriquecidas e aumentadas a fim de que executassem as tarefas necessárias com
excelência e precisão.

3. Esboço de Êxodo

O Livro de Êxodo pode ser dividido em três seções principais: 1) a libertação


miraculosa de Israel (1.1-13.6); 2) a jornada miraculosa até o Sinai (13.17-18.27)
e, 3) as revelações miraculosas junto ao Sinai (19.1-40.38).
A primeira seção (1.1-13.6) inicia com os hebreus sendo oprimidos no
Egito (1.10-14). Como qualquer outro grupo sob pressão, os hebreus
reclamavam. A sua reclamação chegou não somente diante dos seus opressores,
mas chegou até o seu Deus (2.23-25). Deus ouviu o seu clamor e colocou em
ação um plano para libertá-los. Ele acompanhou esta libertação através de
Moisés (3.1-10).
A libertação não ocorreu de forma instantânea; porém constituiu-se num
processo. Um período considerável de tempo e dez pragas foram utilizados
para ganha a liberação dos hebreus das garras do Faraó. As pragas realizaram
duas coisas importantes: primeiro, elas demonstraram a superioridade do Deus
hebreu sobre os deuses egípcios e, segundo, elas trouxeram liberdade aos
hebreus.

A Segunda seção narra a jornada milagrosa até o Sinai (13.17-18.27).


Quatro grandes eventos ocorrem nesta seção:

1º. Os hebreus testemunharam o poder miraculoso e libertador de Deus


(13.17-18.27). Quatro grandes eventos ocorrem nesta seção. Primeiro, os hebreus
testemunharam o poder miraculoso e libertador de Deus (13.17-15.21).
2º. Eles experimentaram, de forma direta, a capacidade que Deus tem de
cuidar do seu povo (15.22-17.7).
3º. Eles receberam proteção em vista dos seus inimigos, os amalequitas
(17.8-16).
4º. Anciãos com a tarefa de supervisão foram estabelecidos a fim de manter
a paz entre o povo (18.1-27). Estes quatros grandes eventos ensinam um
conceito importante: a mão de Deus está presente na vida do seu povo especial.
Tendo testemunhado a sua presença e conhecido a forma como Deus agiu em

41
seu benefício, eles poderiam ajustar as suas vidas ao seu jeito de serem, a fim de
continuar recebendo as suas bênçãos.

A última seção enfoca as revelações miraculosas junto ao Sinai (19.1-


40.38). A libertação divina da nação tem o objetivo especifico de edificar um
povo pactual. Esta seção tem três componentes principais. Primeiro, são dados
os Dez mandamentos e todas aquelas instruções que explicam em maiores
detalhes como estes mandamentos devem transparecer na vida do povo em
aliança com Deus (19.1-23.19) Os resultados duma vida fora desta estrutura
pactual são demonstrados pelo incidente que envolveu o bezerro de ouro (32.1-
35). Segundo, trata-se das instruções referentes à edificação dum tabernáculo e
do seu mobiliário (25.1-31.18). Terceiro, trata-se da construção, de fato, do
tabernáculo, do seu mobiliário, e da habitação da presença de Deus no edifício
após o encerramento da obra (35.4-40.33).

Temos dessa forma o seguinte esboço:

I. A libertação miraculosa de Israel 1.1-13.16


A opressão dos israelitas no Egito 1.1-22
O nascimento e a primeira parte da vida de Moisés 2.1-4.31
O processo de libertação 5.1-11.10
O episódio do êxodo 12.1-13.16

II. A jornada miraculosa até o Sinai 13.17-18.27


A Libertação junto ao mar Vermelho 13.17-15.21
A provisão para o povo 15.22-17.7
A proteção contra os amalequitas 17.8-16
O estabelecimento dos anciões supervisores 18.1-27

III. As revelações miraculosas junto ao Sinai 19.1– 40.38


A chegada ao Sinai e a manifestação de Deus 19.1-25
Os dez mandamentos 20.1-21
O Livro da Aliança 20.22-23.19
A proteção do Anjo de Deus 23.20-33
Israel confirma o concerto 24.1-18
Orientação a respeito do tabernáculo 25.1-31.18
O bezerro de ouro 32.1-35
Arrependimento e renovação do concerto 33.1-35.3
A construção do tabernáculo 35.4-40.33
A glória do Senhor enche o tabernáculo 40.34-38

4. Temas Relevantes em Êxodo: As Dez Pragas

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O evento das pragas do Egito se tornou ao longo dos anos motivo de
grandes debates e discussões. De um lado o relato bíblico de forma ampla,
clara, e, que revela o propósito de tamanho ato de justiça por parte de Deus. Do
outro lado alguns argumentos científicos, que acreditam no registro bíblico, mas
apontam outras causas para a reação das dez pragas.
As pragas do Egito combinam todos os aspectos das pragas da Bíblia.
Esses eventos são explicados através do exame dos termos hebraicos usados
para defini-los. Muitas palavras derivam da raiz nagap, “atingir, destruir”, e
mostram as pragas como um golpe de Deus para castigar ou punir. A palavra
hebraica negep, no sentido de “golpear, atacar” foi usada como termo de
julgamento. É encontrada relacionada às pragas do Egito apenas em Êxodo
12.13, que fala sobre a morte dos primogênitos. A palavra hebraica maggepa
também que dizer “golpe, matança, praga, pestilência” e é aplicada à praga
somente em Êxodo 9.14 que é um referencia geral a esses acontecimentos.

4.1. As pragas na interpretação científica. Antes de fazermos um ato


hermeneuta na passagem das dez pragas iremos apresentar o argumento
científico e antibíblico exposto em muitos artigos e livros. Mas não é difícil
encontrar as deficiências no argumento científico, o que faremos logo a seguir
após essa apresentação.
Alguns historiadores e cientistas propuseram a hipótese de que as pragas
se referem a catástrofes ecológicas, motivadas principalmente de ações
decorrentes de outras ações.

1ª. Água Transformada em Sangue (Êxodo 7.14-25)

Para a ciência, a água transformada em sangue, com seu tom


avermelhado, nada mais foi que a proliferação de algas vermelhas tóxicas ou de
uma chuva que levou rochas dessa cor ao rio. Nessa mesma época a explosão
do Vulcão Santorini espalhou cinzas por sobre o Egito. A lama e a fumaça que
caíram sobre o rio tornaram também quente a água do Nilo e provocou a
reprodução descontrolada dessas algas pirrófitas que causam o fenômeno da
maré vermelha colorindo as águas com cor de sangue.

2ª. Invasão de Rãs (Êxodo 8.1-15)

Na interpretação científica a invasão de rãs seria resultado da anterior: as


toxinas das algas fariam com que as rãs deixassem o rio e invadissem as regiões
ao redor. A intoxicação das águas faz com que as rãs e sapos fujam do rio,
espalhando-se por toda a região do Egito.

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3ª. Praga dos Piolhos (Êxodo 8.16-19)

A infestação de piolhos foi temporal seguido de clima quente e seco que


causou à multiplicação de ovos de piolho. O inseto era comum no Egito Antigo,
eis a razão porque muitos egípcios raspavam a cabeça para evitá-lo.

4ª. Invasão de Moscas (Êxodo 8.20-32)

Dentro da visão científica a invasão de moscas multiplicaram por causa


da morte das rãs, suas predadoras naturais. Outro tipo de inseto, a mosca dos
estábulos, transforma-se em praga, atacando todo tipo de mamífero que
encontra.

5ª. Peste nos Animais (Êxodo 9.1-7)

Para a ciência um dos culpados foi a mosca-de-estábulo, que carrega


vírus fatais para vacas e cavalos. A grande quantidade de picadas desses insetos
provocou a peste. A peste equina africana e a peste língua-azul, doenças
transmitidas pelo maruim, mataram a maioria dos mamíferos.

6ª. Praga das Úlceras (Êxodo 9.8-12)

As úlceras e chagas em homens e nos animais de acordo com a ciência


seriam consequência da multiplicação de insetos, como o mosquito Culicoides
canithorax. O mormo, uma doença equina que também ataca o homem, é
transmitido pela mosca dos estábulos provocando úlceras na pele.

7ª. Chuva de Pedras (Êxodo 9.13-35)

A ciência prega que as saraivas seriam chuvas de granizo muito maiores


que o normal, misturadas a relâmpagos. Apesar de raras, as chuvas de pedra e
granizo acontecem durante tempestades. O granizo pode cair nas regiões
desérticas do Mediterrâneo, embora seja um fenômeno relativamente raro.
Misturado com raios, da a ilusão de ser saraiva. Também se supõe que proveio
do encontro entre uma massa de ar quente e uma massa de ar fria que causa
ventos, chuva forte, ou tempestades elétricas, que os egípcios poderiam
interpretar como chuva de fogo.

8ª. Invasão de Gafanhotos (Êxodo 10.1-20)

Quanto a invasão de gafanhotos com tantas alterações ambientais, o


comportamento dos gafanhotos mudou, provocando as nuvens. O solo úmido

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da chuva de granizo também atraiu os gafanhotos. Após a tempestade, os
ventos fortes mudaram o curso dos gafanhotos etíopes.

9ª. Trevas (Êxodo 10.21-29)

Provavelmente a escuridão no céu do Egito foi provocada por


tempestades de areia chamadas khamsin, por um eclipse solar total ou pelos
densos enxames de gafanhotos. Uma tempestade de areia pode durar dias e é
capaz de encobrir completamente a luz do sol. É possível que o mesmo
fenômeno que ocorreu com os raios tenha encoberto o sol, devido às correntes
de areia do deserto do Saara levantadas pelo vento.

10ª. Morte dos Primogênitos (Êxodo 11.1-12.36)

Por fim, para a ciência a morte dos Primogênitos, foi um resultado


devido a todos os fenômenos juntos, ou seja, devido à morte de rãs, cavalos e
vacas, proliferação de moscas, falta de água limpa, já que a água do Nilo estava
contaminada pelas algas e todas as outras alterações no Egito, provavelmente a
comida foi contaminada por alguma ou algumas bactérias e como os
primogênitos comiam antes e em quantidades maiores que os irmãos, eles
morreram devido a essa contaminação.

Essa é a explicação da ciência e de alguns historiadores que negam a ação


divina no juízo das pragas.

4.2. A interpretação das pragas ao pano de fundo histórico e espiritual.


Antes precisamos fazer algumas perguntas á ciência quanto a sua interpretação
no registro das dez pragas. Primeiro: Por que as dez pragas atingiram apenas os
egípcios e não o povo judeu? Segundo: Por que os fenômenos aconteceram
quase de forma simultânea em curto período, o que caracteriza algo impossível,
visto que uma coincidência desse tipo, em grande escala é improvável?
Terceiro: Por que o faraó chamou seus magos e feiticeiros visto que se tratava
de algo “natural”? As mágicas dos magos foram também em ordem natural?
Quarto: Por que não temos registro histórico desses acontecimentos em outras
culturas africanas, pois sendo fenômenos naturais, por que não atingiram
outros povos ao redor?

4.2.a. Verdade Bíblica e Histórica no Relato das Pragas. Calcula-se que o


período das pragas tenha durado pouco menos de um ano. As primeiras três
pragas: sangue, rãs e piolhos caíram tanto sobre Israel como na terra egípcia,
pois Deus quis ensinar a ambos os povos quem era o Senhor. Mas as demais
pragas castigaram somente os egípcios.

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As nove pragas podem ser divididas em três grupos de três pragas cada
um. O primeiro grupo: água convertida em sangue, rãs e piolhos causaram asco
e repugnância. O segundo grupo: as moscas que picavam, a peste sobre o gado
e as úlceras, que foram muito doloridas. O terceiro grupo: a saraiva, os
gafanhotos e as trevas foram dirigidas contra a natureza, produzindo grande
consternação. A morte dos primogênitos foi o golpe do choro e clamor egípcio.
Deus poderia enviar muitas outras pragas, mas por que justamente foram
aqueles tipos de pragas? Simplesmente pela ação egípcia diante da
apresentação do Deus Eterno por parte de seus enviados. Ou seja, no panteão
egípcio existiam no topo as dez principais divindades veneradas, acreditadas,
consideradas superiores e mais populares. O faraó, ao chamar os magos do
Egito, foi orientado a depositar toda sua crença, fé e confiança nas dez grandes
divindades. Era comum a ordem ser passada a todo o império, o que realmente
fez o monarca egípcio. Sendo assim, toda a nação egípcia se prostrava diante de
seus deuses com uma ação de rejeição e confronto ao Deus de Israel.
As dez pragas estão relacionadas ás dez grandes divindades e cabe aqui
lembrar que o faraó também era considerado um deus, a reencarnação de
Hórus.

1ª. Água Transformada em Sangue (Êxodo 7.14-25)

Hapi, deus do Nilo. Os egípcios personificavam o rio Nilo como o deus


Hapi. Sua figura é a de um homem barbado, com seios pendentes de mulher,
indicativo de sua fertilidade, e uma barriga avantajada, de quem está bem
alimentado, amparada por um cinturão. Frequentemente aparece pintado em
azul e às vezes calça sandálias, o que é um sinal de riqueza. Usa plantas
aquáticas na cabeça. Suas mãos espalham o símbolo da vida e seguram uma
bandeja com alimentos (peixes, patos, ramos de flores e de espigas) ou
despejam água de jarros. Era chamado o pai dos deuses e várias cidades tinham
o seu nome. Para os egípcios a divindade do Nilo era a mais poderosa das
águas. Nada poderia deter o poder de Hapi. Mas Hapi cai diante do poder de
Deus. O Nilo que trazia água para matar a sede dos egípcios, para suas
plantações e alimentação, agora está contaminado, morto diante do Deus Vivo.
Não existe nenhum registro histórico de proliferação de algas vermelhas
tóxicas ou de uma chuva que levou rochas dessa cor ao rio, como prega a
ciência, nem mesmo a reprodução descontrolada dessas algas pirrófitas que
causam o fenômeno da maré vermelha colorindo as águas com cor de sangue. O
que existe de fato é uma verdadeira ação espiritual de Deus contra os magos, a
religiosidade falsa egípcia, um faraó arrogante e temido pelos homens.
Tão dependentes que eram das cheias do Nilo, é compreensível que os
egípcios tivessem esse deus como objeto constante de suas preces. Pequenos
amuletos representando o deus Hapi eram fabricados aos milhares em ouro,

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prata, cobre, chumbo, turquesa, lápis-lazúli, faiança ou, ainda, outros materiais.
Por ocasião das cheias, oferendas eram apresentadas ao deus em vários templos
egípcios.

2ª. Invasão de Rãs (Êxodo 8.1-15)

Heket, divindade feminina, cabeça de rã. Essa era outra divindade do


panteão egípcio, considerada o poder da vida. A deusa Heket era uma das
esposas do deus Khnum, é também relacionada ao nascimento. É representada
em forma de uma rã ou uma mulher com cabeça de rã. Os egípcios veneravam
as rãs, adoravam e prestavam-lhe culto. Quando deus envia a praga das rãs
algo irônico passa a acontecer: os egípcios não poderiam matar as rãs por
considerá-las divinas. O que antes era objeto de culto agora se torna incômodo,
nojo, desprezo e ira. A deusa Heket também cai diante do poder de Deus.
Aqui encontramos uma grande deficiência na interpretação científica: a
invasão de rãs seria resultado da praga anterior, isto é, as toxinas das algas
fariam com que as rãs deixassem o rio e invadissem as regiões ao redor. Puro
erro e imaginação mal elaborada, mal projetada, pois, se a intoxicação existisse
de fato, as rãs não sairiam das águas, mas simplesmente morreriam lá mesmo,
por causa do forte poder de contaminação.

3ª. Praga dos Piolhos (Êxodo 8.16-19)

Shu, o deus do ar seco e a poeira do Egito. A praga dos piolhos é muito


significativa, pois além de envolver uma divindade, envolve também a crença
na poeira sagrada do Egito. Os egípcios adoravam o deus do estado masculino,
calor, luz e perfeição. Shu era essa divindade, responsável por separar o céu da
terra (sendo representado como um homem tendo Geb, a terra, em seus pés, e
levantando Nut, o céu, com os braços, numa representação que se assemelha ao
Atlas grego). É ele também quem traz a vida com a luz do dia. É representado
como um homem usando uma grande pluma de avestruz na cabeça. Deus
derruba Shu em duas partes, sendo que a segunda foi a crença estabelecida de
que a poeira do Egito era sagrada. Observe o versículo: “Disse mais o SENHOR
a Moisés: Dize a Arão: Estende a tua vara, e fere o pó da terra, para que se torne
em piolhos por toda a terra do Egito. E fizeram assim; e Arão estendeu a sua
mão com a sua vara, e feriu o pó da terra, e havia muitos piolhos nos homens e
no gado; todo o pó da terra se tornou em piolhos em toda a terra do Egito”.(vs.
16 e 17).
Os sacerdotes egípcios consideravam sagrados os locais da ministração
religiosa. Usavam vestes brancas de linho, extremamente alvas. Raspavam a
cabeça e, antes de entrar para o lugar sagrado, examinavam minuciosamente,
porque não podiam ter no seu corpo ou suas vestes qualquer inseto imundo e

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abjeto. “Curavam” as pessoas e realizavam consultas usando o pó sagrado da
terra do Egito. Esse pó considerado sagrado agora causava grandes feridas aos
egípcios. Devido a essa praga os sacerdotes egípcios ficaram impossibilitados
de cumprirem seus rituais.
A interpretação científica de que os egípcios raspavam a cabeça por causa
da praga dos piolhos é absurda e insana, visto que, a prática de manter a cabeça
raspada era um costume e não uma reação por causa dos piolhos.

4ª. Invasão de Moscas (Êxodo 8.20-32)

Nut, a deusa do céu limpo. No mito egípcio a deusa Nut engole a barca
de Rá durante a noite, por isso Rá viaja em uma barca durante o dia. Pela
manhã, Rá renasce com a barca debaixo dele e Nut some. Nut acolhe os mortos
no seu império, é muitas vezes representada sob a forma de uma vaca com um
símbolo na cabeça. O mais curioso é que os egípcios tinham em Nut a garantia
de um céu belo e brilhante por sua sustentação. Criam que Nut tinha o poder de
sustentar o céu visível e de protegê-lo. Mas a crença é derrubada em meio a
praga das moscas que poluíram o ar da terra do Egito. Nut é equivalente a
Belzebu, senhor das moscas, conhecido também pelos egípcios.

5ª. Peste nos Animais (Êxodo 9.1-7)

Os deuses protetores dos rebanhos egípcios. Na antiga religião egípcia


os deuses Ápis, Mnévis, Amon e outros representavam seus rebanhos.
Ápis (ou Hapi-ankh) é a personificação da terra para proteção do
rebanho. Era o touro de Mênfis. Simbolicamente representado como um touro
negro com um triângulo branco na testa. Seu culto está associado com Ptah. O
local onde eram enterrados os seus bois sagrados levava o nome de Serapeum.
Mnévis ou Merur era um boi negro adorado como divindade na cidade
de Heliópolis. À semelhança de Ápis, Mnévis era um dos bois sagrados do
Antigo Egito, encontrando-se associado ao deus Ré-Atum (Ápis estava por sua
vez associado à Ptah). Foi também associado ao deus Osíris.
Amon, o deus adorado em todo Egito, tinha a forma de um carneiro,
animal sagrado. No baixo Egito, Amom era adorado em forma de um touro, ou
bode, deus protetor dos rebanhos do Egito. Como se pode notar, tal divindade
foi incapaz de proteger o rebanho egípcio.
Bukhis era um boi sagrado da cidade de Hermontis, no Antigo Egito. Em
Hermontis acreditava-se que Bukhis era a encarnação do deus patrono da
cidade, Montu (divindade da guerra). Foi também identificado com Osíris e
com Ré. Era um boi preto ou branco (as fontes contradizem-se neste aspecto).
Dizia-se também que a cor do seu pêlo ia variando ao longo do dia.

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Khnum, um dos deuses relacionados com a criação era simbolizado por
um carneiro, animal considerado excepcionalmente prolífico pelos egípcios.
Segundo a lenda, o deus Khnum, um homem com cabeça de carneiro, era quem
modelava, em seu forno de oleiro, os corpos dos deuses e, também, dos homens
e mulheres, pois plasmava em sua roda todas as crianças ainda por nascer.
Principal deus da Ilha Elefantina, localizada ao norte da primeira catarata do
Nilo, onde as águas são alternadamente tranquilas e revoltas. Tem duas esposas
Anuket (águas calmas) e Sati (a inundação).
Observe o versículo: “Eis que a mão do SENHOR será sobre teu gado,
que está no campo, sobre os cavalos, sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre
os bois, e sobre as ovelhas, com pestilência gravíssima”. Deus jamais faria algo
dessa forma se não houvesse algo por trás. A grande verdade é que quando
lemos um texto bíblico não atentamos para o grande pano de fundo da história.
Foi o que aconteceu com as sugestões e conclusões científicas.
Os egípcios exaltavam esses deuses com cabeças de touros, pois criam
que traziam proteção para seus rebanhos.

6ª. Praga das Úlceras (Êxodo 9.8-12)

Thoth, deus da cura. O sábio Thoth, é a divindade médica mais antiga


do Egito, tendo sido venerado por volta do ano 5000 a.C. Thoth é o nome grego
de "Djehuty" (ou "Zehuti"). É o deus egípcio da cura, sendo geralmente
representado por um escriba com a cabeça de íbis e considerado a "fonte de
toda a sabedoria". Desempenhava a função compatível com a de assistente e
secretário-arquivista dos deuses egípcios. Era considerado o inventor da escrita
e do alfabeto (hieróglifos). Os gregos antigos o chamaram de "Hermes
Trimegisto" ou "Deus da Lua". Thoth é identificado com a oftalmologia pois
curou as feridas de Horus, o qual teve seu olho arrancado por Typhon. No
Egito antigo, o íbis e o babuíno amarelo eram sacrificados em homenagem ao
deus Thoth.
Mas Thoth não conseguiu curar e nem livrar os egípcios do juízo de
Deus. As úlceras e chagas em homens e nos animais que de acordo com a
ciência seriam consequência da multiplicação de insetos, nada mais foi que uma
ação divina em consequência do confronto dos magos e sacerdotes de faraó
contra o Eterno.

7ª. Chuva de Pedras (Êxodo 9.13-35)

Serafis, protetora da lavoura do Egito. A tempestade de trovões, raios e


saraiva devastou a vegetação, destruiu as colheitas de cevada e de linho e
matou os animais do Egito. Este tipo de tempestade era quase desconhecido do
Egito. O termo trovão em hebraico significa literalmente “Vozes de Deus” e

49
aqui insinua que Deus falava em juízo contra aquela nação pagã e contra seu
panteão de deuses.

8ª. Invasão de Gafanhotos (Êxodo 10.1-20)

Renenut, deusa da colheita. Em sua adoração como parte da cerimônia o


faraó pisava sobre grãos de cevada e os primeiros frutos da colheita eram
ofertados à deusa Renenut e às almas dos mortos. Jarros com água fresca e
pilhas dos melhores grãos eram postos sobre o solo em oferenda e, em troca, ela
protegia os campos da seca, das pragas e dos ladrões.
Mas Renenut não pode proteger as plantações egípcias por que aquilo
era uma ação de Deus.

9ª. Trevas (Êxodo 10.21-29)

Rá, deus sol. Também com o nome de Ré, um dos principais deuses
egípcios. Em Heliópolis ("a cidade do sol" em grego) é ele que, depois de ter
decidido existir, cria o mundo e o mantém vivo. Quando desaparece no oeste,
à noite, ele é Atum, velho curvado, esperado no além pelos mortos que se
aquecem com seus raios. Pela manhã, renasce no leste com a forma de um
escaravelho (Khepri). Durante o dia clareia a terra, sempre com a forma de um
falcão. Estes três aspectos e 72 outros são invocados em uma ladainha sempre
na entrada dos túmulos reais.

Rá também é identificado com Amon, rei dos deuses, ele é o senhor dos
templos de Luxor e Carnac. Traz algumas funções de Rá: sob o nome de
Amon-Rá, ele é o sol que dá vida ao país. Na época de Ramsés III, Amon
tornou-se um monárquico, mesmo titulo que Ptah e Rá. Frequentemente
representado como um homem vestido com a túnica real e usando na cabeça
duas altas plumas do lado direito, ele se manifesta, igualmente, sob a forma de
um carneiro e, mais raramente, de um ganso.
Deus destruiu o suposto poder de Rá, escurecendo toda a terra do Egito.
Ele, O Eterno é o verdadeiro criador do Sol e de todos os astros celestes. Ele
rejeita adoração á sua criatura: “Quando no meio de ti, em alguma das tuas
portas que te dá o SENHOR teu Deus, se achar algum homem ou mulher que
fizer mal aos olhos do SENHOR teu Deus, transgredindo a sua aliança, que se
for, e servir a outros deuses, e se encurvar a eles ou ao sol, ou à lua, ou a todo o
exército do céu, o que eu não ordenei...” Dt. 17.2,3

10ª. Morte dos Primogênitos (Êxodo 11.1-12.36)

50
Hórus, encarnação de faraó. Na morte dos primogênitos, Deus atinge o
trono de Faraó. De acordo com a mitologia egípcia o faraó tinha caráter divino,
pois tinha o sangue de seu antepassado, o deus Hórus. Filho de Osíris e Isis,
Horus tem uma infância difícil, sua mãe teve que escondê-lo de Seth que
cobiçava o trono de seu pai. Após ter triunfado sobre Seth e as forças da
desordem, ele toma posse do trono dos vivos; o faraó é sua manifestação na
terra. Ele é representado como um homem com cabeça de falcão ou como um
falcão sempre usando as duas coroas de rei do Alto e Baixo Egito. Na qualidade
de deus do céu, Horus é o falcão cujos olhos são o sol e a lua. Com o nome de
"Horus do horizonte", assume uma das formas do sol, a que clareia a terra
durante o dia. Criador do universo e de todo tipo de vida, Hórus era adorado
em todo lugar. Ele era o deus mais importante de todos os deuses, mas seu
trono é atingido e sua divindade é destruída pelo poder do Deus Todo-
Poderoso.

Conclusão

A ciência pode propagar sua ideologia antibíblica, mas jamais poderá mudar
a história das ações de Deus no Egito. Aconteceu e a própria ciência reconhece,
mas reconhecer o poder de Deus nas pragas do Egito só pode fazer isso quem
consegue conhecer e ter um relacionamento com esse Deus Verdadeiro.
As pragas cumpriram os seguintes propósitos:

a) Demonstraram que o Senhor é Deus supremo e soberano;


b) Derrotaram as divindades egípcias;
c) Cumpriu-se o juízo divino pelo castigo que os egípcios coloram sobre o
povo de Israel;
d) Efetuaram o livramento de Israel e o prepararam para formar uma nação
a partir da obediência e da fé.

A libertação do Egito trouxe uma nova história ao povo de Deus e, os planos


de Deus para o resgate de toda a humanidade.

5. Os10 Mandamentos

Na dádiva das "Tábuas da Lei", ou seja, nos Dez Mandamentos (Ex. 20.1-
13), Deus resumiu a sua Lei Moral apresentando-a formalmente, e registrando-
a, sucinta e objetivamente, para o benefício do seu povo.
É necessário atentarmos para o contexto histórico da ocasião. Foi a
primeira vez que Deus falou coletivamente ao Seu Povo. Existiram inúmeras
preparações necessárias para ouvi-lo. Essas estão todas relatadas em detalhes a
partir do início do capítulo 19 do livro de Êxodo. Quando nós lemos os dois

51
capítulos (19 e 20) cuidadosamente, procurando nos colocar na situação
atravessada pelo povo de Deus naquela ocasião, verificamos como o texto
transmite o temor do povo perante a santidade de Deus. Isso é impressionante!
Após ouvir ao Senhor e a Moisés, inicialmente, o povo suplicou a Moisés que
intermediasse este contato com Deus, tamanho era o temor (20.19), perante a
majestade do Deus soberano.
Os quatro primeiros mandamentos incluíam os deveres do homem para
com Deus, e os demais seis diziam respeito aos seus deveres para com seus
semelhantes. Os dez mandamentos são repetidos, em forma um tanto diferente,
em Dt. 5. A tradução "mandamentos" para aquilo que as Escrituras chamam de
"dez palavras" impõe uma tonalidade por demais severa a elas. Foram dadas
para que o povo cresse, andasse nelas e por meio delas fosse abençoado.

5.1. Os Dez Mandamentos e o Homem. O incidente da dádiva da Lei e


os acontecimentos que se seguiram, evidenciam a fragilidade do Povo de Deus
e do Homem em geral. Após tal demonstração de poder e santidade, logo se
esqueceram de suas obrigações e, evidenciando ingratidão, caíram em idolatria,
adorando o bezerro de ouro (Ex 32). Isto mostra o desprezo do ser humano,
caído, pela Lei.
Os Dez Mandamentos estabelecem obrigações e limites para o Homem.
O seu estudo aprofundado mostra a sabedoria infinita de Deus, bem assim
como a harmonia reinante em Sua Palavra. Revela também nossa
insignificância perante Ele, nossa dependência e necessidade de redenção, em
virtude do nosso pecado. O Homem pecou em Adão e desde então é incapaz de
cumprir a Lei de Deus. Os Dez Mandamentos, reforçam nossas obrigações para
com o nosso Criador, e para com os nossos semelhantes, em todos os sentidos.
O propósito inicial de Deus como os Mandamentos não era simplesmente uma
mera obediência, mas que o homem por meio dele (os mandamentos)
alcançasse o conhecimento de quem era o Deus que estavam servindo. Ou seja,
antes da obediência era preciso conhecer a quem estavam obedecendo, pois o
povo ainda não havia tido um conhecimento amplo do Deus das promessas e
das conquistas. Quando Deus já inicia dizendo “Eu sou o Senhor teu Deus” os
próprios expositores judaicos consideram que esse foi o primeiro dos dez
mandamentos, que revela a própria fé na existência de Deus, mas ainda é
melhor considerar essas palavras como uma declaração de autoridade sobre a
qual repousam todos os dez mandamentos, como afirma o Prof. F. Davidson “a
soberania de Deus sobre Seu povo é a sanção para Sua exigência de que
obedecessem aos mandamentos que seguem”.

5.2. O Tabernáculo

52
O povo de Israel permaneceu no monte Sinai até o final do primeiro ano,
ocupado com a construção do Tabernáculo, designado por Deus. O Tabernáculo
se tornou um símbolo da graça de Deus para com seu povo, pois proporcionava
aos homens o resgate da comunhão com o Senhor, por meio do sacrifício pelo
sangue. Mas o que era de fato o Tabernáculo? Qual era o seu propósito? O que
representava?

5.3. Descrição do Tabernáculo. Era a estrutura que os israelitas


construíam para a adoração. Depois do Êxodo, o povo israelita acabou vagando
pelo deserto por quarenta anos. Juntamente com os Dez Mandamentos, Deus
deu a Moisés instruções bem detalhadas em Êxodo (capítulos 25-40) de como o
povo tinha que construir o Tabernáculo e adorar a Deus. Apesar de ser muito
luxuosa, essa estrutura era completamente portátil, dada a necessidade da
jornada no deserto.
Tratava-se de uma obra que expressava toda a beleza da Pessoa de
Cristo, algo retratado em cada detalhe dos utensílios e peças que o
caracterizava, os quais apontavam para "O Messias". Olhamos também para o
Tabernáculo como a ilustração perfeita da presença de Deus em seu Filho, nos
dias da Sua "Obra de Redenção" do homem pecador (Jo. 1.14).

O erudito em Antigo Testamento Dr. Roland de Vaux, lembra que no


deserto os israelitas tinham uma Tenda como santuário, e que o nome
“Tabernáculo” surgiu por influência da Vulgata na literatura cristã. Esta tenda é
chamada em hebraico ‘ohel mo ‘ed, a Tenda da Reunião, ou do Encontro, ou da
Assembleia. O lugar onde Yahweh conversava com Moisés “face a face” (Êx.
33.11). Dr. Vaux afirma:

A tradição sacerdotal manteve o mesmo nome, com o mesmo


sentido: a Tenda da Reunião é o lugar do “encontro” com Moisés
e o povo de Israel [...]. Mas essa tradição prefere chamá-la a
Habitação, miskan, um termo que parece ter designado
primeiramente a habitação temporária do nômade, cf. o
antiquíssimo texto de Nm. 24.5 e o verbo correspondente em Jz.
8.11, cf. também 2 Sm. 7.6, logo um sinônimo de “tenda”.
(Instituições de Israel no Antigo Testamento, p. 333 – Ed. Vida
Nova, 1ª edição, 2004).

5.4. A Estrutura Física do Tabernáculo. O Tabernáculo formava um


paralelogramo de 30 côvados (13,32m) de comprimento por 10 côvados (4,44m)
de largura, com entrada pelo lado oriental (Nascente). A parte traseira e os dois
lados eram feitos com 48 tábuas, 20 de cada lado e 8 nos fundos, das quais, duas
formavam os ângulos. Cada tábua tinha 10 côvados (4,44m) de altura por 1
côvado e meio (66,6cm) de largura, todas cobertas de ouro. As tábuas

53
apoiavam-se em bases de prata, duas em cada tábua, ligadas entre si por
barrotes de pau de cetim; cinco para conterem as tábuas a um lado do
Tabernáculo, outros cinco para o outro lado, e cinco para o lado ocidental
(Poente), presos a argolas de ouro (Ex. 26.15-30).
Toda a frente servia de entrada, onde se erguiam cinco colunas de pau de
cetim douradas, cujos capitéis eram de ouro e as bases de bronze, de onde
pendia um véu de jacinto e de púrpura. O interior dividia-se em duas secções,
separadas por uma cortina suspensa de quatro colunas douradas, com capitéis
de ouro e bases de prata (Ex. 26.32-37). Os dois compartimentos ficavam na
parte ocidental (Poente), onde se achava o "Santo dos Santos", medindo 10
côvados (4,44m) em todas as direções, e o "Lugar Santo" que tinha 20 côvados
(8,88m) de comprimento, 10 côvados (4,44m) de largura, e 10 côvados de
altura (4,44m) (Ex. 26.16).

5.5. Os Propósitos do Tabernáculo. Dos muitos propósitos que o


Tabernáculo alcança, ressaltamos três, que mostram de um ponto de vista
amplo até mesmo os efeitos espirituais na vida do povo:

a) O local da manifestação e habitação de Deus no Antigo Testamento. O


Tabernáculo lembrava o povo de que Deus é fiel aos seus pactos e
propósitos;
b) Ser o centro da vida religiosa, moral e social da nação. Sempre nomeio do
acampamento, o Tabernáculo representava a presença de Deus em todas
as atividades dos isarelitas;
c) Representar grandes verdades espirituais que Deus revelava ao povo dia
após dia. Os próprios objetos da Tenda tinham expressivos significados
espirituais.

5.6. O Tabernáculo na Tipologia Bíblica. O Tabernáculo é a mais


fantástica representação da tipologia bíblica. Cada detalhe seja nas cores,
objetos, utensílios, e material identificado revela Cristo, sua obra, sua missão e
sua vida em geral. É claro que aqui se trata de uma Revelação do Todo-
Poderoso. Considere então os elementos.

5.6.a. As cores do Tabernáculo

a) Púrpura – A cor que lembra a realeza de Cristo, apontando para o


Evangelho segundo Mateus – Evangelho do Rei.
b) Carmesim – Fala do sacrifício de Cristo, apontando para o Evangelho
segundo Marcos - o Evangelho do Servo.
c) Branco – Fala da humanidade de Cristo, apontando para Lucas –
Evangelho do Filho do Homem, homem perfeito.

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d) Azul – Fala da divindade de Cristo e aponta para o Evangelho segundo
João – Evangelho do Filho de Deus.

5.6.b. Os Materiais da Construção do Tabernáculo

a) Ouro – Representa o ser divino, Jesus que se fez menor do que os anjos –
Hb 2.9-11.
b) Prata – Representa o Senhor que se fez servo – Fp. 2.7 – É símbolo da
Redenção.
c) Bronze – Representa o justo que se fez pecado – 2ª Co 5.21
d) Madeira (Acácia) – Representa o verbo que se fez carne – Jo. 1.1-2.

5.6.c. A Madeira do Tabernáculo

Na Septuaginta a palavra sitim significa madeira de acácia que quer dizer


literalmente, incorruptível.

5.6.d. As Portas do Tabernáculo

Jesus disse: “Eu sou o caminho e a verdade e a vida...” – (Jo. 14.6). Após
proferir essas palavras os judeus entenderam o que ele dissera quando olharam
para o Templo, com suas três principais entradas:

a) Átrio: “Vinde a mim”. Chamada Salvação (O Caminho).


b) Lugar Santo: “Vinde após mim”. Chamada para a vocação (A Verdade).
c) Santo dos Santos: “Permanecei em mim”. Chamada para a comunhão
(A Vida).

5.6.e. As Cobertas do Tabernáculo

a) Peles de Carneiro – O sacrifício de Cristo: “A si mesmo se entregou”


Gl. 2.20. Jesus foi o suficiente sacrifício, uma só vez pela humanidade.
b) Pêlos de Cabra – A humilhação de Cristo: “A si mesmo se humilhou”
Fp. 2.8. O pelo de cabra também lembra o pecado. Ele se fez pecado por
nós.
c) Linho Fino – a glorificação de Cristo: “Pelo que Deus o exaltou” Fp. 2.9.

5.6.f. Os Móveis do Tabernáculo

a) Altar de Bronze – Cristo “o Cordeiro de Deus” (Jo. 1:29)


b) Pia de Bronze – Cristo “o Purificador da Igreja” (Ef. 5.26-27)
c) Altar de Ouro – Cristo “o Intercessor dos Salvos (Rm. 8.34)

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d) O Candelabro (Menoráh) – Cristo “a Luz do Mundo (Jo. 8.12)
e) A Mesa dos Pães – Cristo “o Pão da Vida” (Jo.6.35)
f) A Arca e o Propiciatório – Cristo “a Esperança da Glória” (Cl. 1.27).

O Comentário Bíblico de Matthew Henry, menciona a Arca da Aliança


dando ênfase à sua importante simbologia:

A arca era como um cofre, coberta de ouro, onde seriam


guardadas as duas tábuas da lei. Estas tábuas são chamadas de
testemunho, pois nelas Deus dá testemunho de sua vontade. A
lei era um testemunho aos israelitas para orientá-los em seus
deveres, e convertia-se em um testemunho contra eles, caso
pecassem. A arca foi colocada no Lugar santíssimo; o sumo
sacerdote a espargia com o sangue dos sacrifícios e queimava
incenso perante ela. Sobre a arca aparecia a glória visível,
símbolo da presença divina. Ela era um tipo de Cristo em sua
natureza sem pecado, que não viu corrupção, unido
pessoalmente à sua natureza divina, e aquele que por sua morte
fez expiação por nossos pecados cometidos contra Deus.
(Comentário Bíblico Matthew Henry, pág. 59 – Ed. CPAD, 3ª
edição – 2003).

5.7. Na Liturgia do Tabernáculo

a) Holocausto
- Ato voluntário de adoração
- Expiação pelos pecados involuntários
- Morte para promover vida
- Encontro com a nova vida. Para vivermos temos que nascer de novo por
meio da morte para o mundo.

b) Oblação
- Ato de adoração pela bondade e provisões de Deus

c) Ofertas Pacíficas
- Ato voluntário de ações de graças e comunhão

d) Expiação pelo pecado


- Para expiação de pecado específico e involuntário

e) Expiação pela culpa


- Para expiação de pecados involuntários que requerem restituição

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Hebreus 8.5 nos diz que o Tabernáculo foi construído a partir de um
padrão celestial que fora mostrado a Moisés no monte Sinai: “Atenta, pois, que o
faças conforme o Seu modelo, que te foi mostrado no monte” (Êx. 25.40). Estêvão
observou em seu sermão: “Estava entre nossos pais no deserto o tabernáculo do
testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo
que tinha visto” (At. 7.44). O Tabernáculo e, mais tarde, o Templo são tipos que
se tornam padrões que revelam elementos-chave do plano divino de salvação.

EXERCÍCIO DE REVISÃO – LIÇÃO 3

1) Qual o significado original da palavra “êxodo”?


a. ( ) Do hebraico “Bereshit” significa partida ;
b. ( ) Do grego “Êxodo” - Libertação;
c. ( ) Do latim "Exodus" - "saída”, do hebraico: "Shemot"- "Nomes".
d.( ) Do latim significa “fuga”;
e. ( ) Do hebraico “Vaiicrá”, significa “emigração”.

2) De acordo com a ciência cética, o que foi de fato a praga das águas
convertidas em sangue?

a. ( ) Um fenômeno comum;
b. ( ) Um milagre inquestionável;
c. ( ) Sangue de animais mortos;
d.( ) Efeito causado por algo desconhecido;
e. ( ) A proliferação de algas vermelhas tóxicas.

3) De acordo com o erudito Roland de Vaux, qual o nome original do


Tabernáculo?

a. ( ) Em hebraico ‘ohel mo ‘ed, a Tenda da Reunião, ou do Encontro;


b. ( ) Em latim Tabernaculum;
c. ( ) Casa de Yahweh;
d.( ) Casa do Senhor;
e. ( ) Tenda da manifestação.

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4) Segundo a Tipologia do Tabernáculo, quais as cores que apontam para
Cristo?
a. ( ) Branco, Verde, Vermelho e Preto;
b. ( ) Púrpura, Carmesim, Branco e Azul;
c. ( ) Azul celeste, Amarelo, Lilás e Verde;
d.( ) Branco e Vermelho;
e. ( ) Verde, Amarelo, Azul e Branco.

5) O que representa os 10 mandamentos para o homem?


a. ( ) Obrigações, relacionamento e limites;
b. ( ) Obediência e respeito a Deus;
c. ( ) Convivência com o próximo;
d.( ) Crescimento espiritual;
e. ( ) Considerações divinas acerca do Criador.
CAPÍTULO 4

LEVÍTICOS E NÚMEROS

Levítico é assim denominado porque contém, principalmente, as leis e os


regulamentos concernentes aos Levitas, que eram descendentes da tribo de
Levi. Na Bíblia hebraica é chamado de "Vaiicrá" - ‫ ויקרא‬que significa "E chamou"
ou "E clamou".
Recém-libertados do Egito, os aproximadamente 2,5 milhões de israelitas
passaram o primeiro ano de peregrinação nas montanhas desertas do Sinai. Foi
nesse período que o povo recebeu a maior instrução religiosa de sua história.
Deus propôs estreitar os laços de comunhão para que o povo enfrentasse todos
os desafios do deserto.
O livro de Levíticos está voltado para isso. Mostra a necessidade da
purificação e da santidade para aproximar-se de Deus. Por isso o livro tem
como objetivo convocar o povo de Deus para a santidade pessoal. Os rituais,
cultos, objetos simbólicos e muitos outros elementos levam o povo ao
conhecimento de Deus e sua comunhão com Israel.

1. Autor e Data

Ronald E. Clements colaborador do Comentário Bíblico Broadman, Ed.


Juerp, afirma que tradicionalmente os mestres judaicos aceitavam Moisés como
autor de Levítico, e, na realidade do Pentateuco inteiro. Esse ponto de vista era,
no passado, largamente aceito dentro da igreja. Mas Ronald também lembra
que com o surgimento de uma erudição histórica mais crítica e precisa, este
ponto de vista tem sido quase totalmente abandonado, embora de uma forma

58
um tanto negativa., que não tentou demonstrar os motivos práticos e religiosos
sobre que a atribuição do livro a Moisés se fundamentava.
Em se tratando da autoria mosaica, com certeza o livro foi composto logo
depois do êxodo, durante os anos de peregrinação. Em seus 27 capítulos, o livro
de Levíticos afirma compor-se das palavras que Deus dirigiu a Moisés. O Novo
Testamento, igualmente, introduz uma citação tirada do livro quando diz “Ora
Moisés escreveu...” (Rm. 10.5). Sendo assim permanece o ano de 1.445 a.C

2. Contexto Histórico

A teologia do Livro de Levítico liga a ideia de santidade à vida cotidiana.


Ela vai além do assunto de sacrifício, embora o cerimonial do sacrifício e a obra
dos sacerdotes sejam explicados com grande cuidado. O conceito de santidade
afeta não somente o relacionamento que cada indivíduo tem com Deus, mas
também o relacionamento de amor e respeito que cada pessoa deve ter com o
seu próximo. O código de santidade permeia a obra porque cada indivíduo
deve ser puro, pois Deus é puro e porque a pureza de cada indivíduo é a base
da santidade de toda a comunidade do concerto. O ensinamento de Jesus Cristo
—”Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho
também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7.12)- reflete o texto de Lv
19.18, “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

3. Esboço de Levítico

I. A descrição do sistema de sacrifícios 1.1-7.38


Os holocaustos 1.1-17
As ofertas de manjares 2.1-6
Os sacrifícios de paz ou das graças 3.1.17
A Expiação do pecado 4.1-5.13
O sacrifício pelo sacrilégio 5.14-6.7
Outras instruções 6.8-7.38

II. O serviço dos sacerdotes no santuário 8.1-10.20

A ordenação de Arão e seus filhos 8.1-36


Os sacerdotes tomam posse 9.1-24
O pecado de Nadabe e Abiú 10.1-11
O pecado de Eleazar e Itamar 10.12-20

III. As leis das impurezas 11.1-16.34

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Imundícias dos animais 11.1-47
Imundícias do parto 12.1-8
Imundícias da pele 13.1-14.57
Imundícias de emissão 15.1-33
Imundícias morais 16.1-34

IV. O código de Santidade 17.1-26.46

Matando por alimento 17.1-16


Sobre ser sagrado 18.1-20.27
Leis para sacerdotes e sacrifícios 21.1– 22.33
Dias santos e festas religiosas 23.1-44
Leis para elementos sagrados de louvor 24.1-9
Punição para blasfêmia 24.10-23
Os Anos do Descanso e do Jubileu 25.1-55
Bênçãos por obediência e punição por desobediência 26.1-46

V. Ofertas para o santuário 27.1-34

4. O Conteúdo e Centralização da Mensagem

Em hebraico, o Livro de Levítico recebeu o nome de Vayikra, - ‫ ויקרא‬- que


significa “E ele chamou”. O título hebraico é tirado da primeira palavra do
livro, que era uma forma costumeira de dar nome às obras antigas. O título
“Levítico” é derivado da versão grega da obra e significa “assuntos
pertencentes aos levitas”. O título é um pouco enganoso, uma vez que o livro
lida com muito mais assuntos relacionados à pureza, santidade, todo o
sacerdócio, a santidade de Deus e a santidade na vida cotidiana. A palavra
“santo” aparece mais de oitenta vezes no livro.

Algumas vezes, o Livro de Levítico tem sido encarado como uma obra de
difícil compreensão; entretanto, de acordo com a tradição primitiva, foi o
primeiro livro a ser ensinado para as crianças na educação judaica. Ele lida com
o caráter e a vontade de Deus especialmente em assuntos de santidade, que os
sábios judeus consideravam de importância primária. Eles sentiram que, antes
de proceder a outros textos bíblicos, as crianças deveriam, antes de qualquer
coisa, ser educadas sobre a santidade de Deus e a responsabilidade de cada
indivíduo pra viver uma vida santa. A Santidade (hebr. Kedushah) é uma
palavra-chave em Levítico, descrevendo a santidade da presença divina. A
santidade está sendo separada do profano e santo é oposto do comum ou
secular.

60
Outro tema principal do Livro de Levítico é o sistema sacrificial. Os
holocaustos, hebr.olah ‫ הלוע‬referem-se ao único sacrifício que é totalmente
consumido sobre o altar e, portanto, algumas vezes é chamado de oferta
queimada. As ofertas de manjares (hebr. Minchah) são uma oferta de tributo
feita a fim de garantir ou manter o favor divino, indicando que os frutos do
trabalho de uma pessoa devem ser dedicados a Deus. Os sacrifícios de paz ou
das graças (hebr.shelamim) são designados para fornecer expiação e permitem
que a pessoa que faz a oferta como da carne do sacrifício. Isso costumava
acontecer em ocasiões de alegria. O sacrifício pelos erros (hebr.chatta’t) é
empregado para tirar a impureza do santuário. O sacrifício pelo sacrilégio
(hebr. Asham), também conhecido como oferta pela culpa ou oferta de
compensação, é preparado para a violação da santidade da propriedade de
Deus ou de outras pessoas, normalmente pelo uso de um falso testemunho. Os
erros profanaram a santidade de Deus e é exigida uma oferta.

Willian Whit, Tenney e J. Packer em “Vida Cotidiana nos Tempos


Bíblicos” – Ed. Vida, 3º impressão, p. 107 - confirmam que “a Bíblia contém
muitos dos regulamentos de Moisés para o sacrifício, mas os sete primeiros
capítulos de Levítico são totalmente dedicados ao ritual”. De certo, muitos
eruditos consideram esta seção como uma espécie de "manual do sacrifício". Ela
descreve cinco tipos de sacrifício: ofertas queimadas (holocaustos), ofertas de
cereais (manjares), ofertas pacíficas, ofertas pelo pecado, e ofertas por
transgressões.

Gleason L. Archer em seu livro “Merece Confiança o Antigo


Testamento?” afirma que o princípio básico que subjaz todos os sacrifícios de
sangue (zebhãhim) era a expiação substituindo-se uma vida inocente pela do
culpado:

Como símbolo desta substituição, o ofertante colocava sua mão


na cabeça da vítima, identificando-se assim com ela, como sendo
sua representante. Significando que aceitava a justa penalidade
da morte contra ele, o ofertante matava sua vítima, para então
entregá-la aos sacerdotes para completar a cerimônia.
Usualmente, o sacerdote aspergia ou untava o altar com uma
porção do sangue. (Merece Confiança o Antigo Testamento? –
ARCHER, Gleason L, Ed. Vida Nova – 4ª edição 1991,p. 161)

Além dos sacrifícios, o calendário litúrgico tem uma posição significativa


no Livro de Levítico. O Ano de Descanso refere-se à emancipação dos escravos
israelitas e pessoas endividadas, bem como à redenção da terra (ver também Ex
21.2-6; 23.10,11; Dt 15.1-18). O Ano de Jubileu refere-se ao fato de que as terras
de Israel, bem como o povo, pertencem a Deus e não a qualquer indivíduo. As
61
terras, portanto, devem ter um descanso depois de cada período de quarenta e
nove anos (Lv 25.8-17), o que ensina o domínio de Deus, a santidade de seu
caráter e a necessidade de a congregação se aproximar dele com pureza de
coração e mente.

5. O Sacerdócio

A esta altura, na história de Israel, passou a existir um sacerdócio


ordenado. De acordo com a ordem de Deus (Êxodo 28.1), Moisés consagrou seu
irmão Arão e aos filhos deste como sacerdotes. Estes homens vinham da tribo
de Levi. Deste ponto até aos tempos intertestamentários, o sacerdócio oficial
pertenceu aos levitas. Moisés estabeleceu distinção entre Arão e seus filhos, pois
ele ungiu Arão como "sumo sacerdote entre seus irmãos" (Levítico 21.10). Ele
distinguiu o ofício de Arão dando-lhe vestes especiais (Êxodo 28.4, 6-39;
Levítico 8.7-9). Com a morte de Arão, as vestes e o ofício passaram para Eleazar,
seu filho mais velho (Números 20.25-28).
O nome dado ao sacerdote no Antigo Testamento é Koren,palavra
comum ao hebraico e ao fenício. Mas um outro substantivo,derivado da raíz
kmr, é empregado desde de o princípio do segundo milênio a.C. nas colônias
assírias da Capadócia,depois em aramaico antigo,mais terde em palmireano e
em siríaco. É importante ressaltarmos que o equivalente hebraico, sempre no
plural kemarim, só aparece na Bíblia três vezes e designa sempre sacerdotes de
deuses falsos, 2º Rs. 23.5; Os. 10.5;Sf. 1.4

5.1. As Funções Sacerdotais

A função mais importante do sumo sacerdote era presidir no dia anual


de Expiação. Nesse dia, ele podia entrar no santo dos santos do tabernáculo e
espargir o propiciatório com o sangue das ofertas pelo pecado. Ao fazer isto, ele
expiava seus erros, os de sua família e os de todo o povo de Israel (Levítico 16.1-
25). O sumo sacerdote também devia espargir o sangue das ofertas pelo pecado
diante do véu do santuário e nos chifres do altar (Levítico 4.3-21).
Como chefe espiritual de Israel, o sumo sacerdote devia atingir um grau
mais elevado de pureza cerimonial do que os sacerdotes comuns. Levítico
21.10-15 delineia as exigências de pureza do sumo sacerdote. Qualquer pecado
que ele viesse a cometer era uma ruína para todo o povo de Israel. Ele tinha de
fazer expiação por tal pecado com uma oferta especialmente prescrita (Levítico
4.3-12).
O sumo sacerdote oferecia também a oferta diária de manjares (Levítico
6.19-22) e participava dos deveres gerais do sacerdócio (Êxodo 27.21). Esses
deveres eram muitos. Os sacerdotes presidiam a todos os sacrifícios e festas.
Serviam como conselheiros médicos da comunidade (Levítico 13.15), e eram

62
administradores de justiça (Deuteronômio 17.8-9; 21:5; Números 5.11-13). Só
eles podiam dar bênção em nome de Deus (Números 6.22-27) e tocar as
trombetas a fim de convocar o povo para a guerra ou para a festa (Números
10.1-10).
Os levitas serviam como sacerdotes desde a idade de 30 até 50 anos
(Números 4.39) ou desde 25 até 50 anos (Números 8.23-26). Depois dos 50 anos,
só lhes era permitido assistir seus colegas sacerdotes.
O dízimo do povo proporcionava alimento e vestuário para os sacerdotes
(Levítico 27.32-33); um décimo do dízimo era entregue aos sacerdotes (Números
18.21, 24-32). Uma vez que a tribo de Levi não possuía território, 48 cidades com
suas pastagens circunvizinhas foram dadas a eles (Números 35.1-8).
Ao contrário do que muitos pensam o sacerdócio em Isarel não é uma
vocação, é uma função. Os textos nuncam expressam um chamado ou escolha
divina, como foi no caso de reis e profetas. Nos documentos antigos, a
nomeação de sacerdotes se fez sem a intervenção divina. Mica escolhe um de
seus filhos, Jz. 17.5, depois um levita, Jz. 17.10, para seu culto doméstico; o povo
de Quiriat-Jearim escolhe Eleazar para guardar a arca, 1º Sm. 7.1. os reis
escolhem ou destituem os oficiantes de seus santuários oficiais, 1º Re. 2.27;
12.31.

6. Calendários, Festas e Leis

Dias festivos, leis e cerimônias. Nesse capítulo daremos exposição


exclusiva a todos esses detalhes da vida do povo judeu em sua jornada pelo
deserto. A importância de se abordar com clareza essas atividades se dá pelo
fato de haver muita confusão e erros de interpretação bíblica quanto aos
assuntos em destaque, principalmente no trato ás leis no Antigo Testamento.

6.1. O Calendário Judaico. Aqui explicaremos como funciona o


calendário judaico. Todos os eventos e comemorações de festividades são
sempre comemorados na mesma data em todos os anos no calendário judaico,
porém, como na maioria dos países o calendário padrão é o gregoriano
(baseado no movimento solar) as datas nem sempre coincidem.
História do calendário. O calendário judaico, diferentemente do
gregoriano, é baseado no movimento lunar. Onde cada mês se inicia com a lua
nova (quando é possível visualizar) o primeiro reflexo de luz sobre a superfície
lunar. Antigamente o calendário era determinado simplesmente por
observação.
O calendário judaico é também solar, pois em Êxodo 12.2 e em Êxodo
13.4, Deus ordenou que o primeiro mês do ano fosse o mês de Aviv, e a palavra
Aviv significa primavera, de modo que o primeiro mês do ano deve ser o mês

63
que coincide com o início da primavera na Terra de Israel, e as estações do ano
são fixadas pelo movimento da Terra em redor do Sol.
Portanto, o calendário judaico, que é o calendário bíblico, é um
calendário misto, lunar e solar, em que os meses são marcados pelos
movimentos da lua, e os anos são marcados pelos movimentos do sol. O ciclo
da lua é de 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 3 segundos, ou seja,
aproximadamente 29 dias e meio.
Por isso, no calendário judaico os meses têm 30 dias e 29 dias,
alternadamente. Portanto, 12 meses, sendo 6 de 30 dias e 6 de 29 dias, dão um
total de 354 dias. Como o ciclo do sol é de 365 dias e seis horas,
aproximadamente, então existe uma diferença de cerca de 11 dias entre o ano
lunar e o ano solar.
Para compatibilizar os meses lunares com o ano solar, esta diferença de
cerca de 11 dias é compensada acrescentando-se em determinados anos um 13 o
mês de 30 dias. Este 13o mês é intercalado antes do mês de Adar, e é chamado
Adar Rishon, que significa Adar Primeiro, e quando isto acontece, o mês de Adar
passa a ser chamado Adar Sheni, que significa Adar Segundo.
Desta forma, temos no calendário judaico anos de 12 e de 13 meses. O
ano de 12 meses é chamado ano “comum”, e o ano de 13 meses é chamado ano
“embolismal”(intercalado).
O primeiro mês do calendário judaico é o mês de Nissan, quando temos a
comemoração de Pessach. Entretanto, o ano novo judaico ocorre em Tishrei
(quando é acrescentado um número ao ano anterior).

Mês Duração Equivalente ao calendário gregoriano


Nissan 30 dias Março-Abril
Iyar 29 dias Abril-Maio
Sivan 30 dias Maio-Junho
Tammuz 29 dias Junho-Julho
Av 30 dias Julho-Agosto
Elul 29 dias Agosto-Setembro
Tishrei 30 dias Setembro-Outubro
Heshvan 29/30 dias Outubro-Novembro
Kislev 30/29 dias Novembro-Dezembro
Tevet 29 dias Dezembro-Janeiro
Shevat 30 dias Janeiro-Fevereiro
Adar 29/30 dias Fevereiro-Março
Adar II 29 dias Março-Abril

7. As Festas de Israel

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As observâncias dos períodos sagrados e das festividades religiosas
judaicas constituíram um aspecto significativo na religião judaica. Esses dias
santos e períodos sagrados foram decretados por Deus como seus dons para
Israel. As festas mexem com a alma do povo judeu pois estão ligadas ás
lembranças de conquistas, milagres do Eterno, Estatutos e na própria Revelação
de Deus ao povo.
Willian, Tenney e J. Packer, mostram que cada festa possui um caráter
especial e espiritual. A importância de se observar esses “mandamentos”
tornam cada vez mais significativo até mesmo o sentido de existência do povo
de Deus.

7.1. A Páscoa e a festa dos pães ázimos.

A páscoa, do heb. ‫ פסח‬pessach ou seja, passagem, também conhecida


como páscoa judaica, é o nome do sacríficio executado em 14 de Nissan
segundo o calendário judaico e que precede a festa dos pães ázimos (Chag
haMatzot).
Durante as grandes festas de peregrinação de Israel, todos os homens
eram obrigados a apresentar-se diante do santuário do Senhor (Deuteronômio
16.16). A primeira e mais importante destas comemorações era a festa da Páscoa.
Ela combinava duas observâncias que originalmente eram separadas: a Páscoa, a
noite celebrada em memória da passagem do anjo da morte sobre as famílias
dos hebreus no Egito, e a festa dos Pães Asmos, que comemorava os primeiros
sete dias do Êxodo. As duas celebrações estavam estreitamente entrelaçadas.
Por exemplo, o fermento devia ser removido da casa antes de ser morto o
cordeiro pascal (Deuteronômio 16.4). Portanto, a refeição da Páscoa era de pão
sem fermento (Êxodo 12.8). Finalmente, o povo de Israel fundiu em uma as
duas celebrações.

Elementos e essência da festa - Este grande festival começava na noite


do décimo-quarto dia de abibe (que teria sido considerado o começo do décimo-
quinto dia). O cordeiro ou cabrito era morto ao crepúsculo (Êxodo 12.6;
Deuteronômio 16.6) e era assado inteiro e comido com pão sem fermento e
ervas amargas. A cerimônia era cheia de simbolismo: O sangue do animal
simbolizava a purificação de pecados. As ervas amargas representavam a
amargura da escravidão no Egito. E o pão ázimo era símbolo de pureza.
Famílias inteiras participavam da ceia da Páscoa. Se a família era
pequena, os vizinhos se juntavam a ela até que houvesse número suficiente
para comer todo o cordeiro (Êxodo 12.4). O chefe da casa recitava a história de
Israel durante a refeição.
O primeiro e o sétimo dias da celebração eram guardados como sábados:
não havia trabalho algum e o povo se congregava para uma assembléia santa

65
(Êxodo 12.16; Levítico 23.7; Números 28.18, 25). No segundo dia da festa, o
sacerdote movia um feixe da primeira cevada colhida, perante o Senhor, para
consagrar o começo da colheita. Além dos sacrifícios regulares no santuário, os
sacerdotes sacrificavam diariamente dois novilhos, um carneiro, e sete cordeiros
como oferta queimada e um bode como oferta pelo pecado (Levítico 23.8;
Números 28.19-23).

7.2. A Festa das Semanas (Pentecoste).

A Festa de Shavuot ‫שבועות‬, Semanas, é conhecida também como a Festa de


Pentecostes em grego antigo πεντηκοστή [ήμέρα], pentekostē [hēmera], "o
quinquagésimo [dia]" é uma das celebrações importantes do calendário cristão.
Esta festa era observada 50 dias após a oferta do feixe de cevada na festa dos
pães asmos. Ela assinalava o fim da colheita e o começo da oferta sazonal das
primícias (Êxodo 23.16; Levítico 23.15-21; Números 28.26-31; Deuteronômio
16.9-12). Ou seja, em relação ao calendário hebraico, ela está sempre ligada ao
mês de Sivan, e inclui um dia na terra de Israel e dois dias na diáspora (fora de
Israel).
Este festival de um dia era observado como sábado, com uma santa
convocação no tabernáculo. Eram oferecidos dois pães sem fermento, ao lado de
dez animais próprios para oferta queimada, um bode para oferta pelo pecado, e
dois cordeiros de um ano para oferta pacífica. Os sacerdotes insistiam com o
povo para que neste festival se lembrasse de ter sido um povo necessitado
(Deuteronômio 16.11-12), como o deviam fazer em todas as festas de
peregrinação.
A rocha sagrada. Atualmente no centro da mesquita de Ornar
(completada em 691 A. D.), esta rocha está situada no local dos templos de
Salomão e de Herodes. Muitos acreditam que a rocha outrora formava a base do
altar judaico. O local é sagrado também para os muçulmanos, que crêem ter
sido deste ponto que Moamé ascendeu ao céu.

7.3. A Festa dos Tabernáculos (Cabanas).

Essa é a terceira das grandes festas judaicas. Nas traduções em português


é chamada de festa dos Tabernáculos, ou das Tendas, ou das Cabanas. Os três
nomes são justificados: “Tabernáculo” é de fato uma transcrição do termo
empregado pela Vulgata, a tradução de Jerônimo; “Tendas”, que é uma
tradução portuguesa desse vocábulo latino, sendo curioso que a celebração da
festa nunca teve armação de “tendas”. Cabanas seria o nome melhor usado,
pois se identifica com a real festa de sukkot,nome hebraico da festa.
Esta festa comemorava a peregrinação de Israel no deserto. Ela recebe
seu nome do fato que os israelitas viviam em cabanas ou sob ramos de árvores

66
durante a celebração (Levítico 23.40-42). A festa começava no décimo-quinto dia
do sétimo mês (tisri), e durava sete dias. Ela caía no fim da época da colheita ―
daí um terceiro nome para a festividade, a "Festa da Colheita" (Êxodo 23.16;
34.22; Levítico 23:39; Deuteronômio 16.13-15). O sacerdote oferecia uma oferta
queimada especial de 70 novilhos durante a semana. Dois carneiros e 14
cordeiros eram o holocausto diário, e um bode a oferta diária pelo pecado
(Números 29.12-34).
Todo sétimo ano, quando não havia colheita por causa do ano sabático, a
Lei de Moisés era lida publicamente durante a festa. Tempos mais tarde, foi
acrescentado outro dia à Festa das Cabanas para este fim. Era conhecido como
Simhath Torah ("Alegria da Lei"), em homenagem à Lei.

8. As Festas Posteriores

8.1. A Festa de Chanucá. A festa de Chanucá (Lê-se Hanuká) inicia-se no


dia 25 de Kislev. Desde a histórica vitória dos macabeus sobre os assírios,
ocorrida em 165 a.C., os judeus celebram Chanucá durante oito dias. A
festividade comemora a preservação do espírito de Israel. Assim sendo, celebra-
se Chanucá apenas espiritualmente, não havendo outros mandamentos a
respeito. Além disso, durante os oito dias da festa, é proibido qualquer forma
de luto público ou jejum, podendo-se, no entanto, trabalhar.
A chanuquiá - candelabro de oito braços especial da festividade - é acesa
diariamente após o aparecimento das estrelas, com exceção da véspera do
Shabat, quando deve ser acesa antes do pôr-do-sol. Qualquer material
incandescente pode ser usado para acendê-la, mas deve-se preferir a luz intensa
do azeite ou de velas de cera ou parafina, grandes o bastante para permanecer
ardendo no mínimo por meia hora. Por isso, se uma vela apagar durante esse
tempo - com exceção da noite de Shabat, recomenda-se reacendê-la. Num lugar
de destaque, no candelabro, há uma outra vela auxiliar, de preferência de cera,
chamada shamash. Algumas comunidades usam o shamash para acender as
demais velas; outras, uma vela adicional.
5.8. Yom Kipur (O Dia do Perdão)

8.2. Yom Kipur ou Kippur, do hebraico ‫רופיכ םוי‬, o 10º dia do mês hebraico
de Tishrei, é o Dia do Perdão. Quando o Templo Sagrado de Jerusalém estava
de pé, o ponto central desse dia era o serviço lá realizado pelo Cohen Gadol, o
Sumo Sacerdote. Yom Kipur é considerado o dia mais sagrado do ano, onde o
Cohen Gadol, que era o homem mais santo de todo Israel, tinha a permissão de
entrar no Kodesh HaKodashim - o local mais santificado dentro do Templo.
Apenas em Yom Kipur o Sumo Sacerdote era requisitado a realizar
praticamente o serviço inteiro no Templo. Um aspecto interessante da
observância do dia era que o sumo sacerdote simbolicamente transferia os

67
pecados do povo para um bode, ou bode emissário. O sacerdote punha as mãos
sobre a cabeça do bode e confessava os pecados do povo. Então o bode era
levado ao deserto, onde era abandonado para morrer. (Em tempos posteriores,
um assistente conduzia o bode para fora de Jerusalém e o arrojava de um dos
penhascos que havia ao redor da cidade.) Este ato encerrava os ritos do Dia da
Expiação, O povo, livre do pecado, dançava e regozijava-se (cf. Salmo 103.12).
A lei de Moisés exigia somente um jejum ― o Dia da Expiação (Êxodo
30.10; Levítico 16; 23.31-32; 25.9; Números 29.7-11). Este dia caía exatamente
antes da Festa das Cabanas.
As restrições que têm que ser cumpridas nesse dia considerado sagrado
pelos judeus, são principalmente - a proibição de comer, beber, banhar-se,
untar-se, usar calçados de couro e ter relações conjugais, visam suavizar os
pecados de cada indivíduo e tornar Deus mais receptivo ao seu
arrependimento.
Em algum momento de sua vida, o judeu vivencia algum tipo de
arrependimento; ele sente a compulsão de retornar a Deus e de abraçar o
judaísmo. No entanto, durante a maior parte do ano, o ímpeto que o impele à
Teshuvá é o temor. Ele teme as consequências de seus maus atos - preocupa-se
com a retribuição Divina, com o seu estado d'alma, com seu legado espiritual
neste mundo ou com o que o espera no Mundo Vindouro. Em Yom Kipur, no
entanto, o judeu é mobilizado de uma forma mais profunda: sente o anseio de
retornar a Deus e d'Ele se aproximar. No dia mais sagrado do ano, a alma judia
sente que Deus está mais receptivo a suas preces e a seu arrependimento,
esperando e aguardando que cada um se achegue mais a Ele.
Para o judaísmo Yom Kipur é dia de verdadeiramente derramar o
coração perante Deus. É o dia que pode ocorrer uma transformação espiritual -
quando a pessoa recebe a oportunidade de iniciar um novo capítulo em sua
vida e de transformar a escuridão que nela reside em luz. É o dia em que o
judeu se defronta com Deus e, assim sendo, tem o poder de fazer despertar
grande compaixão Divina - sobre todo o Povo Judeu e mesmo sobre todo o
mundo - para que o ano seja bom e doce, espiritual e materialmente.

8.3. Rosh Hashaná (Ano Novo). Rosh Hashaná é a festa de ano novo
judaico, que é definido no Talmud como “Zê HaYom Techilat Ma’asecha, Zikaron
LeYom Rishon”. A tradução literal dessas palavras é: “Este dia, que foi o início
da Tua obra, é a recordação do primeiro dia”. Os judeus cabalistas vão além e
afirmam que de acordo com os ensinamentos da Cabalá, o significado de “Yom
Techilat Ma’asecha”, “o início da Tua obra” não é simplesmente que neste dia,
há milênios, o mundo foi criado, mas que este é o dia em que o mundo é
criado, a cada ano. Em outras palavras, Rosh Hashaná não é o início do ano
porque se segue ao último dia do ano anterior, mas porque o ano se inicia
como um novo fenômeno, completamente à parte do ano que recém termina.

68
Isto significa que em Rosh Hashaná, numa visão espiritual mais ampla do judeu
cabalista, o mundo é criado de novo.
Ainda em Rosh Hashaná é celebrado a proclamação de Deus como Rei
do Universo. A razão para em Rosh Hashaná se proclamar a Majestade Divina
é porque nesse dia o judeu acredita numa tentativa de convencer Deus a
renovar a obra de Suas mãos. O fato óbvio de que não há rei sem súditos tem
um corolário crucial: se os súditos não reconhecem seu rei, este se torna
irrelevante como seu soberano. A festa busca um sentido bem significativo para
vida espiritual do judeu.
O principal mandamento de Rosh Hashaná é o toque do Shofar. Na
pátria ancestral judaica, isso marcava a proclamação do domínio de um rei,
como se lê no Livro dos Profetas, nas narrativas sobre a coroação do rei
Salomão, entre outros. Em Rosh Hashaná, se ouve o toque do Shofar, pois é o
som que proclama a Sagrada coroação de Deus, nessa visão espiritual judaica.
O Talmud ensina que há coisas que a pessoa não percebe com nenhum
de seus cinco sentidos, mas que seu Mazal – a raiz de sua alma, que vive fora de
seu corpo – consegue ver. De acordo com os judeus, na véspera de Rosh
Hashaná, as almas subconscientemente sentem que o mundo chegou a uma
encruzilhada crucial – que não é um ano que simplesmente atinge seu final, mas
que o próprio mundo chega ao fim, e que cabe ao povo Judeu assegurar-se de
que seja novamente recriado.

9. Só os músicos são levitas?

Há um enorme equívoco no meio evangélico que se enraizou na mente


de alguns crentes, quando o músico, ou ministro de louvor é exclusivamente
chamado de levita da casa de Deus. Assim como muitos erros de interpretação
bíblica causaram enormes contradições pela falta de harmonização de textos
com contextos, apesar do caso aqui exposto se tratar de contexto remoto,
gramatical, histórico e cultural, a comparação feita especialmente do músico
atual para com o levita da Bíblia é mais um exemplo disso.
Mas, quem eram, de fato, os levitas descritos na Bíblia? O que eles
realmente faziam? Que ligações possuem os levitas das Escrituras com os
“levitas” de nossos dias? Quais os equívocos causados quanto ao assunto em
questão?
Os levitas eram os membros da tribo de Levi, terceiro filho do patriarca
Jacó. Formavam uma tribo separada, sem território, sem herança terrena, sem
recenseamento com as demais tribos, porque tinham a benção do alto privilégio
de ter o Senhor como sua posse (Dt. 10.9). Era a tribo dos sacerdotes,
descendentes de Arão, por sua vez descendente de Levi (Ex. 29.44; Nm. 3.10).
Isso quer dizer que todo sacerdote (cohen) era levita, mas nem todo levita era
sacerdote (Nm. 3.6ss). É claro que encontramos pequenos resquícios literários

69
de sacerdotes que não eram levitas, principalmente na época dos juízes e no
início da monarquia, mas isso é um outro assunto.

9.1. As funções dos levitas. O Dr. Halley mostra que o ministério levítico
era amplo em suas atividades, diferente em relação ao que se pensa em nossos
dias. Os levitas tinham uma atividade honrosa que compreendia: o serviço no
santuário (Nm 3.6; 1º Cr 15.2) o auxílio nos sacrifícios (Jr. 33.18,22), no
transporte da Arca da Aliança, na responsabilidade para com o ensino da
Lei (Dt 31.9; 22.10), na música (1ª Cr. 25.1) e, no uso da autoridade para
abençoar. “Parece, portanto, que os deveres dos levitas incluíam tanto o serviço
de Deus como um papel de relevância no governo civil”, conclui Dr. Halley
(Manual Bíblico de Halley – p. 222, Ed. Vida – 9ª reimpressão 2011).
Davi foi o responsável por inseriu a música como parte integrante do
culto, afinal, ele era músico e compositor desde a sua juventude (1º Sm.16.23).
Atribuiu a alguns levitas a responsabilidade musical. No 1º livro das Crônicas
capítulos 9.14-33; 23.1-32; 25.1-7, vemos diversas atribuições dos levitas. Havia
então entre eles porteiros, guardas, padeiros, cantores, instrumentistas e até o
tesoureiro era levita (1ª Cr. 26.20-28; 2º Cr. 5.13; 34.12).

9.2. Os levitas em nossos dias. Deixo bem claro que o ministério levítico
descrito na Bíblia, teologicamente interpretado, não possui sequer nenhuma
ligação com os chamados “levitas cristãos” de nossos dias. A começar pela
ampla organização ministerial, postura, atividade, contexto histórico, religioso e
cultural, promessas bíblicas, seleção, critérios, períodos e épocas.
Mas, não poderia deixar de considerar a forma do uso atual, pois, se
torna importante esclarecer aqui, que a verdade no que tange ao “levitismo
evangélico”, ficou obscura por causa do erro interpretativo das Escrituras
propagado pelos não estudantes da Bíblia. Ou seja, se queremos assim
considerar o ministério levítico em nosso meio, à luz da Palavra de Deus, todos
os que servem em qualquer ministério relacionado ao culto e ao templo, podem
e devem ser chamados também de "levitas".
A falsa idéia de que apenas músicos são levitas, mais uma vez
considerando teologicamente o assunto no contexto atual, é totalmente
contrária aos textos e relatos bíblicos. E mais, se torna um fato irônico chamar
de levita aquele músico que, muitas vezes, exerce seu ministério na igreja tendo
uma irreverência explícita no próprio culto, confundindo a adoração coletiva
com seu show particular e, ignorando o conhecimento teológico e profundo da
Palavra, o que o distancia mais ainda dos levitas bíblicos que possuíam grande
sabedoria das Escrituras e extrema visão espiritual.
Concluo expressando o desejo de que os verdadeiros cristãos, que
buscam para si a mesma nomenclatura do chamado levítico, possam exercer
seus ministérios de uma forma em que suas ações possam refletir, pelo menos,

70
uma expressiva parcela da responsabilidade, zelo, dedicação e compromisso
dos levitas da Bíblia Sagrada.

10. O Livro de Números

10.1. Estrutura Geral de Números. O Livro de Número em hebraico:


"Bemidbar:", ‫ – במדבר‬significa literalmente "No deserto", continua o relato do
período mosaico, que se inicia com o Êxodo. Tem esse nome por causa dos dois
recenseamentos relatados no livro. Começa com Israel ainda no Sinai. A entrada
dos israelitas no deserto do Sinai é registrada em Êxodo 19.1. Israel deixa o Sinai
em Nm. 10.11. Número tem duas divisões principais:

1) a seção contendo instruções enquanto ainda no Sinai (1.1-10.10);


2) a viagem no deserto que cobre o itinerário do Sinai até as planícies
de Moabe através do Jordão da Terra Prometida (10.11-36-13).

As instruções no Sinai lidam com a preparação para a viagem, e o


restante do livro conta a viagem em si.
As instruções no Sinai (1.1-10.10) cobrem uma variedade de tópicos, mas
aqueles que lidam com o preparo da viagem dominam. Os caps. 1-4 lidam com
uma série de instruções para numerar (fazer o censo de) vários grupos, seguido
de um relatório de concordância com o mandamento. Os caps. 5-6 lidam com a
imundície ritual, a infidelidade marital, e os nazireus. No cap. 7, os líderes do
povo trazem ofertas para o tabernáculo. O cap. 8 fala da consagração dos
levitas. O cap.9 lida com a Páscoa e a nuvem e o fogo; o motivo do preparo é
reconsiderado em 10.1-10, onde são dadas instruções para que sejam feitos
sinais com as trombetas.
A seção de Números que lida com a viagem (10.11-36.13) tem duas partes
principais. Em primeiro lugar, 10.11-25.18 descreve a destruição de geração que
vivenciou a libertação do Egito por meio do Senhor. Os pontos-chave nesta
parte são os relatos das queixas, rebeliões e desobediência da primeira geração,
que levou à morte deles.
A segunda subseção (26-36) narra a preparação da segunda geração para
a entrada na Terra Prometida. Começa com um novo censo (comparar com o
cap. 1), observando que toda a primeira geração, exceto Josué, Calebe e Moisés,
morreu no deserto. Essa seção termina com a distribuição da terra entre as
tribos depois de elas terem entrado na Terra Prometida.

10.2. Autoria e Data. A autoria de Moisés é confirmada no próprio livro


por sua estreita relação com Levítico e Deuteronômio, pelas inúmeras
afirmações de que “o Senhor falou a Moisés” e pelo fato de o Senhor ter

71
ordenado ao legislador que o escrevesse (Nm. 33.2). Jesus e os apóstolos
relacionam Moisés com os acontecimentos de Números em muitas ocasiões (Jo.
3.14; 1ª Co. 10; Hb. 3; 10.28), e Jesus referiu-se a Moisés como o autor do
Pentateuco (Jo. 5.46).
A data em que foi escrito é confirmada em sua conclusão em 1.405 a.C.
Números começa com a ordem dada pelo Senhor em 1º de maio de 1.444 a.C.
para se fazer o recenseamento do povo e termina com uma assembleia às
margens do Jordão, pouco antes da morte de Moisés. A data 14 de abril para a
segunda páscoa é dada retroativamente a fim de explicar a data opcional para
os que celebraram a Páscoa mais tarde (Nm. 9).

10.3. Esboço de Números

I. Instruções para a viagem do Sinai 1.1-10.10

Relato sobre a tomada do censo 1.1-4.9


1) Censo militar 1.1-2.34
2) Censo não militar: levitas 3.1-4.49

Instruções e relatos adicionais 5.1-10.10


1) Cinco instruções 5.1-6.27
2) Ofertas dos líderes 7.1-89
3) Levitas dedicados 8.1-26
4) Segunda Páscoa 9.1-14
5) Direção pela nuvem e fogo 9.15-23
6) As trombetas de prata 10.1-10

II. Relato da viagem do Sinai 10.11-36.13

Rebelião e punição da primeira geração 10.11-25.18


1)Relato da primeira marcha do Sinai 10.11-36
2) Queixas do povo 11.1-3
3) Ansiando por carne 11.4-35
4) Desafio para Moisés 12.1-16
5) Recusa a entrar na Terra Prometida 13.1-14.45
6) Instruções relacionadas às ofertas 15.1-41
7) Desafios à autoridade de Arão 16.1-18.32
8) Leis da purificação 19.1-22
9) A morte de Miriã e Arão 20.1-29
10) Do monte Hor às planícies do Moabe 21.1-35
11) Balaque e Balaão 22.1-25.18

72
Preparo da nova geração 26.1-36.13

1) Um novo censo 26.1-65


2) Instruções relacionadas à herança, ofertas e votos 27.1-30.16
3) Vingança sobre os midianitas 31.1-54
4) As tribos da Transjordânia 32.1-42
5) Itinerário do Egito até Moabe 33.1-49
6) Instruções para a ocupação de Canaã 33.50-36.13

10.4. Objetivo do Livro de Números

O objetivo de Moisés em Números foi preservar um registro da paciência


de Deus para com o povo escolhido, e demonstrar que a redentora misericórdia
divina não impediu que Ele o castigasse por causa do pecado. O livro em si
oferece pouco interesse. Parece uma coletânea de fatos esparsos, ocorridos em
diferentes ocasiões, que uma história propriamente dita.
O Dr. Antônio de Mesquita porém afirma que o livro de Números possui
seu lugar de importância:

Sem o livro de Números, teríamos um hiato histórico impossível


de cobrir e um grande número de passos bíblicos sem referências.
Portanto, um estudo, mesmo rápido, desta obra de Moisés, nos
porá em contato com um dos mais angustiosos problemas de
origem histórica dos israelitas, e um que mais friamente põe em
relevo a obstinação e incredulidade humanas e suas
conseqüências sociais e religiosas. (MESQUITA, Antônio Neves
de., Estudo nos livros de Números e Deuteronômio, p. 17 – Ed.
Juerp, 2ª edição – 1979).

Mesquita ainda considera que o livro de Números é bem melhor


entendido quando dividido em três partes, ou como chamam os judeus, seções
ou parashioth, se agrupam assim:

1. No deserto do Sinai (1.1-10.11). Contém o número do povo, alistamento dos


levitas,deveres das tribos, leprosos, lei sobre remissão de pecados, restituição,
nazireus, primícias, etc.;

2. Do Sinai ao Jordão (10.11-20.13). Partida do Sinai; convite a Hobabe para os


acompanhar pelo deserto; acampamento, maná, anciãos, Miriã e sua lepra, o
relatório dos espias, os 38 anos no deserto,etc.;

73
3. A Partida de Cades (20.14-36.13). Embaixada a Edom; morte de Arão,
serpentes ardentes, guerra contra Moabe, nova contagem, regulamento para
divisão da terra, vitória sobre os midianitas, etc.

Podemos abordar o livro em todo o seu conteúdo de forma resumida em


quatro importantes assuntos: O censo militar e o organização de Israel; O
nazireado; Rebelião de Israel e; Pecados e castigos.

10.4.a. Censo Militar e Organização de Israel. Levítico relata a


organização de Israel para a adoração; Números, para o serviço e a guerra. Sob
a orientação de Deus, Moisés enumerou a primeira e a segunda geração dos
homens aptos para a guerra. Deus queria que o povo soubesse que dispunha de
um grande exército, e assim ordenou o senso. Verificou-se que os homens de 20
anos para cima, capazes de irem á guerra, somavam 603.550. calcula-se que a
idade de serviço militar seria de 20 a 50 anos. Temos, então, um exército
apreciável de homens capazes. Se fossem contados todos os homens,
poderíamos dobrar este número. Por isso julga-se que a população israelita
deveria andar pela casa dos 3.000.000, pois, contando as mulheres de todas as
idades, os homens até 20 anos e os velhos, podemos admitir o número de
soldados multiplicado por cinco.

10.4.b. O Nazireado. Nazireu do hebraico nazir ‫ נזיר‬da


raiz nazar ‫" נזר‬consagrado", "separado", dentro da Toráh é o termo que designa
uma pessoa que consagra-se a Deus por um tempo determinado. A marca mais
comum da separação desta pessoa - que podia ser um homem ou uma mulher -
era o uso do cabelo não cortado e a abstinência do consumo de vinho. O nazireu
poderia também ser um escravo.
O voto de nazireado (ou nazireato), foi institucionalizado e
regulamentado na Toráh no capítulo 6.1-21. Em virtude desta consagração, o
nazireu devia abster-se de tomar certos alimentos e bebidas fermentadas, de
cortar o cabelo e tocar em cadáveres. Estas exigências particulares parecem
traduzir os seguintes princípios: manter-se mentalmente são ("abster-se de
vinho e de bebida fermentada") e em sujeição a Deus (simbolizado pelo não
cortar o cabelo) e manter-se cerimonialmente puro (não tocar em cadáveres).
Após a conclusão do seu voto, o nazireu realizava o ritual de purificação
e fazia três ofertas no Santuário. Um voto dito "à semelhança de Sansão" era um
voto para toda a vida.

10.4.c. Rebelião da Nação. Um descontentamento tanto da parte do povo


como da parte dos líderes precedeu a grande rebelião de Cades-Barnéia. O
Senhor castigou aos leigos por se queixarem da comida, e a Miriã e Arão, por
invejarem a Moisés. Depois do motim em Cades, outros líderes também se

74
rebelaram contra Moisés e foram castigados. O próprio Moisés rebelou-se por
um momento (20.1-13), e por isso foi impedido de entrar em Canaã.

10.4.d. Pecados e castigos. Os pecados não propositais podiam ser


expiados com diversas ofertas, mas os propositais ou de rebeldia, não. Eles
exigiam pagamento imediato, muitas vezes a própria vida do transgressor. A
penalidade de morte era comum nesses casos, até com requinte de crueldade,
como o apedrejamento.

EXERCÍCIO DE REVISÃO – LIÇÃO 4

Marque V para Verdadeiro e F para Falso nas informações apresentadas:

1. ( ) Levítico na Bíblia hebraica é chamado de "Vaiicrá" - ‫ ויקרא‬que significa "E


chamou" ou "E clamou".

75
2. ( ) Ronald E. Clements colaborador do Comentário Bíblico Broadman, Ed.
Juerp, afirma que tradicionalmente os mestres judaicos não aceitavam Moisés
como autor de Levítico, e, na realidade nem do Pentateuco.

3. ( ) O Livro de Número em hebraico: "Bemidbar", ‫ – במדבר‬significa


literalmente "Saída,partida".

4. ( ) Yom Kipur ou Kippur, do hebraico ‫רופיכ םוי‬, o 10º dia do mês hebraico de
Nissan, é o Dia da Celebração.

5. ( ) A Festa dos Tabernáculos (Cabanas) é a primeira das grandes festas


judaicas. Nas traduções em português é chamada de festa das Trombetas ou de
Pentecostes.

6. ( ) A Festa de Shavuot ‫שבועות‬, Semanas, é conhecida também como a Festa


de Pentecostes em grego antigo πεντηκοστή [ήμέρα], pentekostē [hēmera], "o
quinquagésimo [dia]" é uma das celebrações importantes do calendário cristão.

7. ( ) A função mais importante do sumo sacerdote era presidir no dia anual


de Expiação. Nesse dia, ele podia entrar no santo dos santos do tabernáculo e
espargir o propiciatório com o sangue das ofertas pelo pecado.

8. ( ) O Nazireu do hebraico nazir ‫ נזיר‬da raiz nazar ‫" נזר‬ungido", "enviado",


dentro da Toráh é o termo que designa uma pessoa que é candidato ao
sacerdócio.

9. ( ) A teologia do Livro de Levítico liga a ideia de santidade à vida cotidiana.

10. ( ) O objetivo de Moisés em Números foi preservar um registro da


paciência de Deus para com o povo escolhido, e demonstrar que a redentora
misericórdia divina não impediu que Ele o castigasse por causa do pecado.

Capítulo 5

DEUTERONÔMIO

Os hebreus deram-lhe o nome de elleh Haddevarim, que indica as


primeiras palavras do livro “Estas são as palavras”, ou, Devarim, ‫דברים‬

76
-palavras. A Septuaginta chamou-o de “Deuteronômio”, que significa “Segunda
Lei” ou “Repetição da Lei”, nome que também a *Vulgata Latina adotou.
Deuteronômio é muito mais que a mera repetição da lei. Explicam-se os
privilégios e as responsabilidades do povo escolhido e sua relação com o
Senhor. Reafirma o Senhor como o único Deus (4.35; 6.4), o “Deus fiel, que
guarda oconcerto e a misericórdia até mil gerações aos que o amam” (7.9). Israel
é o povo escolhido de Deus em virtude da aliança que fez com eles no Sinai.
Israel é um reino de sacerdotes e nação santa (Êxodo 19.6). Os israelitas
herdarão todas as promessas feitas a seus pais.considerando que Israel é o único
povo com quem o Senhor estabeleceu concerto, deviam reverenciá-lo e amá-lo
(4.10; 5.29; 6.5; 10.12; 11.1, 13, 22).

*A Vulgada Latina. A Vulgata foi uma tradução bíblica que surgiu por uma solicitação do Papa Damaso feita em
382. Jerônimo deveria revisar a Itala em confronto com a Septuaginta grega (embora que Jerônimo já conhecesse
bem o hebraico, Damaso não tinha pretendido originalmente nada tão radical como seria uma nova tradução latina
do hebraico original). O AT foi traduzido diretamente do hebraico, e do NT revisto. Em assuntos bíblicos, foi
Jerônimo o homem mais sábio do seu tempo. Era também dotado de grande piedade e valor moral. Para realizar
esta obra, ele instalou-se num mosteiro, em Belém. Baseou-se na Héxapla de Orígenes. A versão foi feita em 387-
405 d.C. Tinha Jerônimo 60 anos quando iniciou a tarefa. Já antes, em Belém, fizera a revisão da Antiga Versão
Latina. A Vulgata foi a Bíblia da Igreja do Ocidente na Idade Média. Foi também ela o primeiro livro impresso
após a invenção do prelo, saindo à luz em 1452, em Mogúncia, Alemanha. Devido à popularidade e difusão que
teve, foi, no tempo de Gregório o Grande (604 d.C), denominada “Vulgata”, do latim “vulgos” = povo, isto é, versão
do povo, popular, corrente. Por mil anos a Vulgata foi a Bíblia de quase toda a Europa. Foi ela também a base de
inúmeras traduções para outras línguas. Foi decretada como a Bíblia oficial da Igreja Romana no Concilio de Trento,
4ª Sessão, em 8 de abril de 1546; decreto este somente cumprido em 1592 com a publicação de nova edição da
Vulgata pelo Papa Clemente VIII. Jerônimo faleceu em Belém, em 420.

1. Três interpretações de Deuteronômio

Deuteronômio do grego "deuterós": segundo e "nomos" lei formando


"deuteronômion", vem significar "segunda lei". No original hebraico leva o nome
de "Devarim", ‫םירבד‬- ao pé da letra: "Palavras". O livro de Deuteronômio pode
ser lido e vivenciado de, pelo menos, três maneiras diferentes:

1º. A parte final do Pentateuco – Em nossas Bíblias de hoje, Deuteronômio


constitui a parte final do Pentateuco. No quarto século a.C., os judeus tinham o
Deuteronômio como o último livro da Toráh, a parte mais autoritária das
Escrituras. Sendo assim, o Deuteronômio tem significativa importância pois
anuncia o discurso de despedida de Moisés, marcando a sua conclusão de um
chamado cumprido que culminou com a obra de libertação e legislação do povo
de Israel.

2º. O começo da História de Israel como nação organizada – Porém


Deuteronômio nem sempre ocupava esta posição. Houve tempo, no sexto

77
século a.C., quando constituía a primeira parte da história de Israel, que
continha os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis. Quando se lê o livro deste
ponto de vista, ele fornece as perspectivas teológicas básicas, a partir das quais
a história inteira há de ser interpretada. Suas afirmações características são
repetidas muitas vezes nos livros que o seguem.

3º. Um livro Pactual – Deuteronômio possui uma relevância tal que convida a
nova nação a permanecer na aliança firmada no deserto. Os capítulos 5-30,
especialmente, proclamam este convite à aliança ou reavivamento pactual. Tem
a qualidade de se posicionarem entre ontem e hoje, mas estando muito
próximos a ambos.

2. O Livro e seu autor

John D. W. Watts no “Comentário Bíblico Broadman” esclarece que o


âmago do livro se encontra nos sermões sobre o Primeiro Mandamento:

Seu estilo apelativo-exortativo tem dado ao livro em sua inteireza


seu tom e forma significativos e únicos. Os sermões derivam a
sua forma como uma parte das cerimônias de renovação da
aliança nas quais o líder, como medianeiro, expunha ao povo a
base da aliança pela recitação de elementos de tradições
sagradas, e então o exortava à aceitação do princípio da aliança
que é expresso por variações do Primeiro Mandamento.
(WATTS, John D. W. Comentário Bíblico Broadman Vol. 2, p.
215 - Ed. Juerp, 1994)

É claro então que Deuteronômio consiste numa redeclaração ou sumário


da Lei, em forma de compêndio para a orientação da nação como um todo,
tendo uma boa parte desse resumo lavrado em linguagem *homilética, no estilo
dum sermão. Isso define que o escritor do livro não está simplesmente
explicando as leis, mas também seriamente exortando o povo ao compromisso
com Deus.

O Autor. Até pouco tempo, críticos documentários afirmavam que o


Deuteronômio havia sido escrito no tempo de Josias (621 a.C.). Esta teoria,
porém, foi posta de lado em razão do pouco acordo quanto à data ou ao autor
do livro.
 Stanley Ellisen afirma que a autoria de Moisés tem forte
confirmação, tanto no próprio livro como em outros. À
semelhança da maioria dos escritores bíblicos, Moisés escreveu na
terceira pessoa, referindo-se a si próprio mais de 30 vezes nesse

78
livro. Pouco antes de sua morte, declarou que tinha escrito esta lei
antes de entregá-la aos sacerdotes (Dt. 31.9,24-26).

 Gleason L. Archer declara que há evidências da composição de


Deuteronômio anterior á conquista da terra, especialmente nos
primeiros capítulos onde há numerosos apelos aos ouvintes no
sentido de lembrarem de episódios e condições que ainda
permanecem na memória das pessoas, quanto à escravidão no
Egito.

 A Tradição Judaica crê com convicção que Moisés é o autor. O


livro apócrifo de Eclesiástico, escrito por volta de 180 aC., afirma:
“Tudo isto é o livro da aliança do Deus altíssimo, a Lei que Moisés
promulgou para ser herança das Assembleias de Jacó (Eclesiástico
24.23). O Talmude, Baba Bahra, um comentário judaico sobre os
primeiros cinco livros (200 a.C.), juntamente com os escritos de
Flávio Josefo (66 dC.) e Filo (20 d.C.) também concordam.

 A Tradição do cristianismo primitivo também concorda que


Moisés redigiu o Deuteronômio. Os escritos de Junílio (527-565
d.C.) e Leôncio de Bizâncio (VI século d.C.) juntamente com os
“Pais” da Igreja , Melito (175 d.C.), Cirilo de Jerusalém (348-386
d.C.) e Hilário (366 d.C.) ensinam que Moisés escreveu o
Deuteronômio.

Junte a isto o Testemunho do NT. Os apóstolos acreditavam que “Moisés


nos deixou escrito” (Mc. 12.19), como fazia o apóstolo Paulo, que falando de
uma passagem no Pentateuco disse: “Moisés escreveu...”(Rm 10.5).

*Homilética. O termo é derivado do Grego “ homilos” o que significa, multidão, assembleia do povo, derivando
assim outro termo, “homilia” ou pequeno discurso do verbo “ homileu” conversar. O termo Grego “homilia” significa
um discurso com a finalidade de convencer e agradar. Portanto, Homilética significa “A arte de pregar “ou
“discursar”. No Novo Testamento a palavra grega mais usada para o pregador, pregação, proclamação, é kerusso,
que aparece mais de 60 vezes e significa “proclamar como um arauto”. A outra palavra interligada a essa é
euaggelizomai, que enfatiza a boa qualidade da mensagem e das “boas notícias”, do mesmo termo ευαγγελιον
(euaggelion). Mas R. H. Mounce diz que “Paulo e seus companheiros também pregavam para assembleias de
crentes e essa pregação consistia de uma mistura de instruções e discipulado, exortação ética e encorajamento
escatológico. Nos estudos bíblicos atuais esse último tipo de discurso público é chamado didachê (ensino) [da
mesma raiz de διδασκαλια - didaskalia] que se distingue, de forma um pouco categórica, de kerygma (pregação).”
(WYCLIFFE, p. 1589). Claudionor Corrêa de Andrade em seu “Dicionário Teológico” registra que a palavra
“pregação” [Do lat. praedicare] trata da “proclamação da Palavra de Deus, visando a divulgação do conhecimento
divino, a conversão dos pecadores e a consolação dos fiéis.” (Cpad, 17ª edição, p. 303).

79
3. Esboço de Deuteronômio

1ª parte: O primeiro discurso (1.4): Olhar retrospectivo aos fatos acontecidos


desde a partida do Horebe até às últimas conquistas da Transjordânia;
exortação geral à observância da lei (4.1-40).

2a parte: O segundo discurso: renovação da lei (4.44-26.19). Princípios gerais: o


Decálogo (5), o culto e o amor ao único Deus verdadeiro (6), guerra à idolatria
(7), benefícios de Deus, censura da infidelidade anterior de Israel, promessas e
ameaças (8.11).

Leis especiais: Deveres religiosos. Unicidade do santuário e disposições


relativas (12.1-28); contra a apostasia (12.29-13.18); alimentos e dízimos (14); ano
da remissão (15); as três grandes solenidades anuais (16.1-17).

Direito público. Juízes (16.18-17.13), rei (17.14-20), sacerdotes (18.1-8),.profetas


(18.9-22); homicídio involuntário (19), guerra (20), homicídio por mão
desconhecida (21.1-9). 3) Direito familiar e privado. Grande variedade; os
pontos principais são: matrimônio (21.10-14, 22.13-23,) e filhos (21.15-20), o
divórcio (20.1-4), levirato (25.5-10), deveres de humanidade (22.1-12, 23.16-20,
24.6-25, honestidade (25.11-19), votos (23.22-24), primícias e dízimos (26).

3a parte: terceiro e quarto discursos: ordem de promulgar a lei em Siquém,


maldições para os transgressores (27), ameaças e promessas (28). Exortação à
observância da lei, com a recordação dos fatos históricos, das promessas e das
ameaças (29.30).

4a parte. Apêndice histórico. Últimas disposições de Moisés, nomeação de


Josué, seu sucessor (31); cântico de Moisés (32), bênção das doze tribos (33),
morte de Moisés (34).

4. Interpretando algumas dificuldades em Deuteronômio

Poucos livros da Bíblia têm sofrido combate mais renhido que o


Deuteronômio. Isso por diversos motivos. Alegam que o estilo é bem diferente
dos outros. Mas entendemos e que a linguagem, por ser livre causa esse tipo de
crítica. Mas não vemos dificuldade em expor algumas supostas contradições e
dificuldades na interpretação do livro

Norman Geisler e Thomas Howe no Manual Popular de Dúvidas,


Enigmas e “Contradições” da Bíblia (Ed. Mundo Cristão), apresentam as
principais dificuldades na interpretação de Deuteronômio, bem como mostram

80
de forma clara as soluções para as principais passagens, buscando revelar a
sintonia do livro com os demais registros no Pentateuco, como as seguintes:

4.1. Geração na Terra Prometida. De acordo com Números 26.64-65, toda


aquela geração incrédula de israelitas morreu no deserto, sendo que "nenhum
houve dos que foram contados por Moisés" que tenha sobrevivido para entrar
na Terra Prometida. Entretanto, quando Moisés falou ao povo no final das
peregrinações (Dt. 1.66ss), ele mencionou repetidamente que eles mesmos
tinham testemunhado os eventos ocorridos antes (cf. Dt 1.6,9,14; 5.2,5; 11.2, 7).
Qual seria a solução para essa suposta contradição? De acordo com
Geisler em primeiro lugar, em Deuteronômio, Moisés dirige-se ao povo como
nação e, portanto, pode não estar fazendo uma distinção entre as pessoas em si
do período anterior em oposição às do período posterior. Segundo, estava
presente um grande número de mulheres que pessoalmente lembravam-se das
coisas a que Moisés se referiu. Terceiro, tanto os levitas como os que tinham
menos de 20 anos antes do início dos 40 anos de peregrinação tinham sido
isentados da sentença de Deus de que nenhum homem entraria na Terra
Prometida (Nm 26:64). Havia ainda Josué e Calebe, que tinham sido os espias
fiéis (Nm 32.12). Assim, havia muitos que poderiam testemunhar o que Moisés
estava dizendo, muito embora toda uma geração de homens (os que então
tinham mais de 20 anos) tivesse perecido no deserto, como Deus dissera.

4.2. Contradição acerca do escritor. Moisés morreu antes da entrada na


Terra Prometida, e foi enterrado fora dela, ao leste do rio Jordão (Dt 34). Mas
esta passagem refere-se à "terra da sua possessão, que o Senhor lhes tinha
dado", como sendo uma terra que Israel já possuísse na época em que foi
escrita. Desse modo, tem-se a idéia de que Deuteronômio não poderia ter sido
escrito por Moisés, como tradicionalmente é admitido.
Geisler e Howe afirmam que alguns eruditos declaram que estes
versículos são parentéticos e que podem ter sido acrescentados posteriormente
por um editor. Esta posição é plausível diante da brevidade dos versículos, do
fato de estarem entre parênteses e da condição de Moisés ter sido enterrado
antes de os filhos de Israel adentrarem a Terra Prometida (Dt 34.4-6). Esse fato
era óbvio para todos os leitores. Entretanto, não há necessidade de se concluir
que Moisés não escreveu estas seções, já que "a terra da sua possessão" pode
simplesmente referir-se às dez tribos que já tinham recebido a sua possessão ao
leste do rio Jordão, antes de Moisés morrer (Dt 3.12-17).
Conquanto os eruditos evangélicos em sua maioria reconheçam que
pode haver pequenas e explanatórias alterações editoriais no texto, tais como
atualizações de nomes, eles se opõem ao que os críticos afirmam com relação a
Moisés não ter escrito os cinco primeiros livros do AT (com exceção de

81
Deuteronômio 34). Estes versículos parecem ser não mais do que uma inserção
explanatória, com vistas a leitores posteriores.

Os eruditos evangélicos destacam a diferença que há entre pequenas


revisões editoriais, feitas em plena sintonia com o sentido originalmente dado
pelo autor, e o que poderiam ser posteriores alterações na redação, contrárias ao
sentido original do texto. O seguinte quadro ilustra as diferenças entre essas
duas possibilidades:

Posição Evangélica Posição dos Críticos


Revisões editoriais Nova redação
Mudanças gramaticais Mudanças teológicas
Mudanças na forma Mudanças em fatos
Transmissão da verdade Distorção da verdade
Alteração no meio utilizado Alteração na mensagem
Atualização de nomes Revisão dos acontecimentos

Há sérios problemas com as reivindicações dos críticos segundo as quais


os redatores posteriores alteraram o conteúdo do que tinha sido previamente
redigido:

1. Isso é contrário à repetida advertência de Deus: "Nada acrescentareis à


palavra que vos mando, nem diminuireis dela" (Dt 4:2; cf. Pv 30:6; Ap 22:18-
19).

2. A teoria de novas redações confunde a canonicidade com pequenas críticas


textuais. A questão das alterações introduzidas pelos escribas de um para outro
manuscrito de um livro inspirado é uma questão de crítica textual, e não de
canonicidade.

3. A teoria de "redatores inspirados" é contrária ao sentido dado pela Bíblia à


palavra "inspirado" (2ª Tm 3.16). A Bíblia não fala de escritores inspirados,
mas apenas de escrituras inspiradas (o que foi escrito). Ainda, "inspirado"
(theopneustos) não significa que algo foi "aspirado" pelos que escreveram,
mas que lhes foi "soprado" diretamente o que escrever.

4. A teoria de novas redações contraria a posição evangélica de que apenas os


textos originais são inspirados. Se apenas a versão final redigida é que foi
inspirada, então a redação original não teria sido aquela "soprada" por Deus.

5. Uma nova redação inspirada eliminaria também o meio pelo qual toda
palavra profética poderia ser testada por aqueles para quem ela foi dada.

82
6. A teoria de novas redações altera ainda a posição da autoridade divina que,
estando na mensagem profética original (dada por Deus através do profeta),
passa para a comunidade dos crentes em gerações posteriores. Isso é contrário
ao verdadeiro princípio da canonicidade, segundo o qual Deus determina a
canonicidade e o povo de Deus simplesmente descobre o que ele determinou e
inspirou.

7. Essa postura de aceitar a canonicidade de textos que teriam sido reescritos


ocasiona a aceitação do engano como sendo um meio para a comunicação
divina. Essa teoria afirma que a mensagem ou livro, que reivindica ter
provindo de um profeta (tal como Isaías ou Daniel), na verdade não proveio
dele em sua totalidade, mas sim de redatores posteriores.

8. Tal postura confunde ainda a legítima atividade dos escribas - que envolvia
o zelo pelas formas gramaticais, a atualização de nomes e a fidelidade ao
conteúdo profético - com alterações ilegítimas de conteúdo, feitas sobre os
escritos da mensagem de um profeta.

9. A teoria de novas redações considera que houve textos do AT reescritos e


inspirados em épocas posteriores, quando não havia mais profetas (ou seja,
no quarto século a.C). Não pode haver textos inspirados, a menos que haja
profetas. (Veja Geisler e Nix, A General Introduction to the Bible [Uma
Introdução Geral à Bíblia], Moody Press, 1986, pp. 250-55.)

3.3. Horebe e Sinai. Outra suposta contradição diz respeito aos nomes
Horebe e Sinai onde em Êxodo 19.1 afirma que Moisés recebeu a Lei no monte
Sinai (cf. v. 18). Mas em Deuteronômio 4.10 afirma-se que Moisés a recebeu "em
Horebe". Onde foi, realmente, que ele recebeu a Lei?
Para Geisler e Howe várias são as explicações possíveis para esta
divergência. Alguns eruditos acreditam que Sinai possa ter sido o nome mais
antigo o Horebe, o menos antigo do mesmo lugar. Outros sustentam que
Horebe possa ter sido o nome da serra em geral e Sinai, o nome específico de
um dos montes pertencentes a ela. Ainda outros crêem que Sinai é que era o
nome do conjunto de todas as montanhas da região, sendo Horebe um
determinado monte ali. Ou, ainda, que os dois nomes oram intercambiáveis.
Seja como for, os autores bíblicos, muito mais próximos dos eventos
originais do que nós hoje, não viram problema algum em usar os dois nomes.
Horebe é usado 17 vezes e monte Sinai, 21 vezes no AT. O uso de dois nomes
não é algo fora do comum. O nome oficial do pico mais alto da América do
Norte, o monte McKinley, no Alasca, é chamado de Denali por nativos
americanos e por muitos outros.

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Conclusão. A contribuição de Deuterônomio para o estudante da Bíblia se
dá principalmente por essa ponte de confirmação da Verdade revelada nos
livros anteriores. O livro revela detalhes que ampliam ainda mais a
interpretação do Pentateuco, tornando muito mais compreensível o texto
sagrado, além de nos manter envolvidos em todos os relatos posteriores.

EXERCÍCIO DE REVISÃO – LIÇÃO 5

1) No original hebraico como se chama o livro de Deuteronômio?

a. ( ) Bereshit – “Princípio”;
b. ( ) Toráh;
c. ( ) Shemot- “Nomes”.
d.( ) Deuterós;
e. ( ) Devarim, ‫“ – דברים‬palavras”.

2) Quais as três maneiras de se ler o livro de Deuteronômio?

a. ( ) Histórica, filosófica e teológica;


b. ( ) Histórica, Poética e Espiritual;
c. ( ) Como parte final do Pentateuco, Israel como nação e sobre o Pacto.

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d.( ) Como parte inicial da Toráh, parte filosófica e didática;
e. ( ) Como parte final da História de Israel, meio e fim da Toráh .

3) De acordo com a Tradição Judaica, quem escreveu o Deuteronômio?

a. ( ) Josué;
b. ( ) Moisés;
c. ( ) Calebe;
d.( ) Esdras;
e. ( ) Nenhuma das opções.

4) Como são chamadas as principais dificuldades interpretativas do livro


de Deuteronômio?

a. ( ) Dificuldades teológicas;
b. ( ) Supostos erros da Bíblia;
c. ( ) Discrepâncias;
d.( ) Supostas contradições;
e. ( ) Supostos erros originais.

5) De acordo com John D. W. Watts onde se encontra o âmago do livro de


Deuteronômio?

a. ( ) Se encontra nos sermões sobre o Primeiro Mandamento;


b. ( ) Se encontra em seu formato repetitivo;
c. ( ) Se encontra na mensagem espiritual;
d.( ) Se encontra na mensagem social;
e.( ) Não existe um âmago ou ponto central.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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edição/2007;

- HOFF, Paul – O Pentateuco – Ed. Vida, 1983;

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Nova – 4ª edição 1991;

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Nova – 1ª edição – 2004;

86
- DAVIDSON, Francis – Novo Comentário da Bíblia – Ed. Vida Nova – 3ª
edição;

- PRICE, Randall - Pedras que Clamam, Editora CPAD, 2001, São Paulo;

- JAGUARIBE, H. - Um Estudo Crítico da História, Vol. 1, Editora Paz e Terra,


2001, São Paulo;

- WATTS, John D. W. - Comentário Bíblico Broadman Vol. 2 - Ed. Juerp, 1994;

- GEISLER, Norman e HOWE - Thomas - Manual Popular de Dúvidas, Enigmas


e “Contradições” da Bíblia, Editora Mundo Cristão, São Paulo, 1999;

- GIBSON, John C. L. - Genesis, The Daily Study Bible, vol. 1 - Edinburgh: The
Saint Andrews Press, 1981;

- BRISCOE, D. Stuart - Genesis, The Communicator’s Commentary - Waco, TX,


Word Books, 1987.

- STEK, John H. - “What Says Scripture?” Portraits of Creation;

- PORTELA, Solano (www.solanoportela.net);

- HASEL, Gerhard F. – (www.revistacriacinista.com.br).

- MESQUITA, Antonio Neves de., Estudo nos Livros de Números e


Deuteronômi – Ed. Juerp – 1979;

- MESQUITA, Antonio Neves de., Estudo no Livro de Gênesis – Ed. Juerp –


1979;

- DOCKERY, David S. “Manual Bíblico Vida Nova” – Ed. Vida, 2001;

- PEARLMAN, Myer. “Através da Bíblia livro por livro”. Ed. Vida – 1996;

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