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Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFba.
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Politica formulada para atender jovens entre 16 e 24 anos provenientes de famílias cuja renda não
ultrapassasse ½ salário mínimo, matriculados regularmente na rede pública de ensino, que não desenvolvam
estágio regular e que não sejam beneficiados com nenhuma outra política pública que oferte auxílio
financeiro.
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A organização não-governamental CIPÓ, implementadora do Projeto, tem como principal função
institucional, segundo documento oficial, a criação de oportunidades que contribuam para o
desenvolvimento e a participação social, cultural e política de crianças e jovens em condição de
vulnerabilidade social a partir de iniciativas de democratização da comunicação, do acesso à tecnologias da
informação e educação, tendo nos convênio de cooperação técnica-financeira com os Governos Estadual e
Federal, um dos principais instrumento de fomento para execução destas iniciativas.
forma substancial a economia mundial e desencadeando um conjunto de transformações nas
relações do Estado com a economia e as competências deste no que se refere às políticas
sociais, acelerando ações de privatização e desregulamentação econômica. Este movimento
consolidou-se nos anos 1980 sobre as bases de um discurso que correlacionava a eficiência
e eficácia do Estado com a redução de suas competências e reformulação de sua intervenção.
Sob a perspectiva do Estado, as ações tem sido influenciados por interesses políticos
imediatos e não por questões relacionadas à possível contribuição social e econômica por
parte das Ong´s, (Bratton 1989; Lewis 2001). No que se refere as estratégias de
monitoramento, procura-se aferir as ações e limitar o registro, quando necessário, através
de procedimentos distintos. Uma possibilidade é a estratégia de coordenação a qual procura
distribuir as atividades de modo mais balanceado entre áreas geográficas e segmentos como
medida preventiva de combate a duplicidade de ações por Ong’s diferentes. Uma outra ação
governamental resulta em cooptação articulada com o objetivo de atrair as organizações
para as atividades as quais o governo avalia como necessárias, distanciando-a de ações
potencialmente danosas aos governos. Por fim, uma estratégia de dissolução em que o
Estado estabelece um instrumental que lhe permite ter a gerência sobre as Ong´s, aprovando
ou não suas atividades, limitando sua abrangência de atuação ou fechando se considerar
necessário.
Mesmo diante de tais fragilidades metodológicas, esses modelos servem como dois
grandes gabaritos do campo de análise de políticas públicas, por proporcionar a
interpretação dos elementos macro institucionais que balizam o desenvolvimento das
políticas através da perspectiva top-down, ou por possibilitarem a significância dos
elementos micro institucionais na sua configuração.
Os estudos de Matland (1995) partem da concepção inicial de que um processo que
se dispõe a executar concepções, valores e ideias se constitui para além da mera replicação
sucessiva de procedimentos e funções que racionalizam e viabilizam a implementação de
programas caracterizados por um conjunto de imprecisões, oscilações e disputas, condições
que demandam a incorporação da relação ambiguidade e conflito no processo de
implementação. Ambiguidade é arcabouço explicativo presente em seu estudo Ambiguity-
conflict Model (1995) que tem por foco a elaboração de um modelo analítico para
implementação que ultrapasse os limites da antítese posta entre os modelos top-down e
bottom-up, absorvendo tanto elementos do olhar dos policy designer e das agências
burocráticas centrais, quanto dos beneficiários da política e dos seus agentes
implementadores no nível local.
O conflito surge com perspectivas distintas nas abordagens dos estudos sobre
implementação. Na concepção top-down o conflito não é compreendido como uma
“variável endógena”, mas como um desvio pontual e temporário na dinâmica de
funcionamento de um processo de implementação. Na concepção de Matland (1995), o
conflito exerce papel fundamental na descrição dos modelos de decisão, apesar de os
modelos racionais e burocráticas definirem igualmente que agentes são racionais e auto
interessados e compreendem de forma distintas os objetivos de uma política ou programa.
Na perspectiva racional, assimila-se a possibilidade de acordos sobre objetivos, o que
possibilita maximização de funções individuais e sociais, enquanto a perspectiva
burocrática não trabalha com a possibilidade de que seja possível a construção de acordos
objetivos. Tal diferenciação possibilita a identificação de que no primeiro modelo, o conflito
não tem possibilidade de existir, e de que no segundo modelo, o conflito é explícito desde
o começo, definido em circunstâncias nas quais existe a interdependência entre os agentes
e incompatibilidade de objetivos e meios. Sobre tais condições a interação entre estes
agentes, sempre produzirá um jogo de soma zero (Dahrendorf, 1958).
O conflito na [área de] políticas existirá quando mais de uma organização entender
a política como diretamente relevante para os seus interesses e quando as organizações têm
pontos de vista incongruentes.” (Matland, 1995). Os top-downers entendem como um
desvio pontual manipulável, enquanto para os bottom-upers, o conflito é elemento
manipulável que origina-se dos debates sobre o tema. Os conflitos tornam-se manipuláveis
quando os interessados na implementação do programa tem autoridade para limitar as
mudanças pretendidas ou garantir vantagens para atores centrais. Políticas são controversas
por essência e fundam-se em perspectivas e valores muito diversos que não devem ser
ignorados. O modelo de análise proposto por Matland parte das duas variáveis chaves,
ambiguidade e conflito, as quais, moduladas, possibilitam a elaboração de matrizes
explicativas sobre o processo de implementação, conforme exposto no quadro 1.
CONFLITO
BAIXO ALTO
ALTA IMPLEMENTAÇÃ IMPLEMENTAÇÃ
O O
AMBIGUIDADE ADMINISTRATIV POLÍTICA
S A PODER
RECURSOS
BAIX IMPLEMENTAÇÃ IMPLEMENTAÇÃ
A O O SIMBÓLICA
EXPERIMENTAL FORÇA DA
RECURSOS COALIZAÇÃO
CONTEXTUAIS
TIPOS DE IMPLEMENTAÇÃO
CONCEIT DIMENSÕES ADMINISTR POLÍT EXPERIME SIMBÓ
OS ATIVA ICA NTAL LICA
DE
OBJETIVOS
AMBIGUID BAIXA BAIXA ALTA ALTA
ADES
DE MEIOS
INTERDEPEN
DENCIA
ENTRE
ATORES
CONFLITO BAIXO ALTO BAIXO ALTO
INCOMPATIBI
LIDADE DE
OBJETIVOS
MEIOS
AMBIGUID
ADE
Ferramentas tecnológicas, Leitura da lei e dec.
capacidade de coordenação e Do pjb, pln.est.
MEIOS monitoramento do processo Juventude
Incidência de elementos Estatuto Nacional
exógenos
CONFLITO
Referencial Bibliográfico
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https://doi.org/10.177/009539977500600404