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INTRODUÇÃO
Hoje em dia estamos vivenciando um cenário em que a qualidade não significa apenas
controle de produção, ou a qualidade inerente de bens e serviços, ou o uso de
ferramentas e métodos de gestão, ou mesmo uma assistência técnica adequada.
Ampliando o entendimento, o conceito de qualidade total ou gestão de qualidade passou
a significar um modelo de gerenciamento que busca eficiência e a eficácia das
organizações. O fato é que a gestão da qualidade influencia o ser humano em sua
maneira de pensar e agir, pois compreende uma visão macro da existência humana
(MARSHALL JUNIOR, 2006).
A norma ISO 9000, assim como a ISO 14000, são conhecidas como normas genéricas
de sistemas de gestão, sendo que (MELLO, 2008):
• genérico: significa que a mesma norma pode ser aplicada a qualquer tipo de
organização, grande ou pequena, seja qual for seu produto, inclusive quando ela é na
verdade um serviço, em qualquer setor de atividade, e seja qual for seu meio de negócio,
podendo ser uma administração pública ou um departamento do governo;
• sistema de gestão: refere-se a tudo o que a organização faz para gerenciar seus
processos e atividades.
Objetiva-se, aqui, mostrar a importância de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ)
com base na norma ISO 9001:2000, incorporando a este modelo de sistema de gestão
algumas das ferramentas gerenciais do GQT.
HISTÓRICO
Com o aparecimento das normas BS 4891 e BS 5179, as quais tinham caráter de código
de práticas, sem qualquer aplicação em situações contratuais, mas que, em 1979
orientaram o surgimento da norma BS 5750, que continha, na sua parte 1, uma
especificação para sistema da qualidade, e nas partes 2 e 3, especificações para
sistemas de inspeção, o que permitiu a parte 1 da BS 5750 ser utilizada em relações
contratuais. Estas normas contribuíram para um padrão de referência internacional para
normalização de sistemas da qualidade e permitiram o Bristish Standard Institute (BSI)
iniciar um processo de certificação de terceira parte, para avaliar e cadastrar empresas
que estiverem em conformidade com o requisito dessa norma.
O protocolo da ISO requer que todas as normas sejam revisadas a cada cinco anos
para determinar se elas devem ser confirmadas, revisadas ou aperfeiçoadas. A versão
1994 da família ISO 9000 foi revisada pelo Comitê Técnico TC 176 da ISO (International
Organization for Standardization) (MELLO, 2008).
CONCEITOS
• focada no produto: a qualidade é constituída de variáveis e atributos que podem ser medidos
e controlados, além de ser determinada e percebida pelo cliente. Para fins de controle, devemos
considerar os seguintes elementos: características operacionais principais, características
operacionais adicionais, confiabilidade, conformidade, durabilidade, assistência técnica,
estética e qualidade percebida;
• focada no usuário: segundo Juran, “a qualidade é a adequação ao uso”, mas existem enormes
dificuldades na conceituação de termos como: uso, satisfação, durabilidade ou mesmo na
identificação clara de usuário/cliente do produto;
• focada no valor: Feigenbaum entende que, para o consumidor, a qualidade é uma questão de
o produto ser adequado ao uso e ao preço.
Sistema é um conjunto organizado de recursos e “regras” que faz com que um ser permaneça
vivo, em outras palavras, sistema é o composto de vários subsistemas (partes), que trabalham
de maneira harmônica para atender a um objetivo comum para o qual o sistema foi criado. Já a
NBR ISO 9000 define Sistema de Gestão da Qualidade como: “Sistema para estabelecer políticas
e objetivos, e para atingir estes objetivos para dirigir e controlar uma organização, no que diz
respeito à Qualidade” (MARANHÃO, 2006).
Devido à necessidade de padrões internacionais de engenharia, no período pós-guerra foi
realizada uma reunião em Londres, Inglaterra em 1946, com representantes de 25 países, os
quais decidiram criar uma organização internacional com a finalidade de facilitar, em nível
mundial, a coordenação e a unificação de normas industriais. Com sede em Genebra, Suíça essa
organização começou a funcionar oficialmente em 23 de fevereiro de 1947 com a denominação
International Organization for Standardization (ISO), ou Organização Internacional de
Normalização (MARSHALL JUNIOR, 2006).
Não é raro alguém notar a falta de correspondência entre a sigla oficial ISO e o nome
International Organization for Standardization, pois deveria ser IOS. O fato é que “iso” é uma
palavra derivada do grego isos, significando “igual”, a qual deu origem ao prefixo “iso-“, utilizado
em grande quantidade de termos (por exemplo, isométrico, isômero e isonomia). Além disso, a
sigla é válida nos dois idiomas oficiais da organização internacional: inglês e francês (MARSHALL
JUNIOR, 2006).
A “família ISO 9000” é composta de quatro normas conforme Tabela 1. E é neste arranjo que a
Norma NBR ISO 9000 é o ponto de partida, uma vez que ela fixa as bases para construção dos
Sistemas de Gestão da Qualidade: fundamentos e vocabulários, pois sem a terminologia não há
base consistente para estabelecer parâmetros para a desejada padronização. O objetivo da
terminologia é limitar a variedade de interpretações, permitindo fixar termos comuns como
referências para negociação de contratos (MARANHÃO, 2006).
G.Q 1
PRINCÍPIOS
Tanto a NBR ISO 9000 quanto a NBR ISO 9004 apresentam oito princípios de gestão da qualidade,
os quais formam a base para as normas de sistema de gestão da qualidade da “família ISO 9000”.
A NBR ISO 9000 esclarece que os oitos princípios de gestão da qualidade têm como objetivo
ajudar as organizações a alcançarem um sucesso sustentado. E a NBR ISO 9004 ainda reforça
que tais princípios, se utilizados com sucesso pela Alta Direção, resultarão em melhoria de
desempenho, em benefícios financeiros, na criação de valor e no aumento de estabilidade. A
seguir listaremos os oitos princípios de gestão da qualidade conforme descrito na NBR ISO 9000,
os quais são (MELLO, 2008):
I - Foco no cliente: organizações dependem de seus clientes e, portanto, é recomendável que
atendam as necessidades atuais e futuras do cliente, seus requisitos e procurem exceder as
expectativas.
III - Envolvimento de pessoas: pessoas de todos os níveis são a base de uma organização, e seu
total envolvimento possibilita que as suas habilidades sejam usadas para o benefício da
organização.
VII - Tomada de decisão baseada em fatos: decisões eficazes são baseadas na análise de dados
e informações.
VIII - Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores: uma organização e seus fornecedores
são interdependentes, e uma relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de ambos em
agregar valor.
A implementação do SGQ com base na “família ISO 9000” obedece ao princípio da abordagem
por processo, conforme sistemática apresentada na Figura 1 (MELLO, 2008).
G.Q 2
Definição da Unidade de Negócio
Unidade de negócios é um conjunto de pessoas que se unem para processar energia, materiais
e informações (conhecimento) provenientes da sociedade e, assim, produzir produtos para
satisfazer às necessidades de sobrevivência das pessoas dessa mesma sociedade.
Assim sendo, toda organização é composta por diversas unidades de negócio, ou seja, a unidade
de negócios é uma unidade organizacional, com definição de autoridade sobre processos afins
e responsabilidades sobre os resultados operacionais, que contribui para a realização da missão
da empresa. O comprometimento pessoal é vital para o sucesso da unidade de negócio e poderia
estar representado em termos de: missão, fornecedores, insumos, macro processo, produtos e
clientes, conforme apresentado na Figura 2 (MELLO, 2008).
G.Q 3
Primeiramente precisamos entender que visão, missão e política são termos distintos e não
abordam o mesmo assunto (MELLO, 2008):
• visão: a visão expressa o sonho da alta direção de como ela deseja que a sua empresa se
encontre dentro de uma ou meia década;
• política: uma política da qualidade reflete intenções e diretrizes globais de uma organização,
relativas à qualidade, expressas pela alta direção. Assim, o processo de formulação da política
da qualidade deve levar em consideração a visão e missão da organização, bem como o estudo
da situação estratégica em relação aos seus concorrentes e ao mercado, para que possa servir
como uma diretriz para futuras ações gerenciais.
“Um objetivo da qualidade indica o que pretendemos atingir, enquanto a meta nos informa o
quanto e quando pretendemos atingir esse objetivo”. A NBR ISO 9001:2000, determina que os
objetivos da qualidade sejam instituídos nas funções e níveis pertinentes da organização,
mensuráveis e consistentes com a política da qualidade. É interessante que os objetivos da
qualidade devam ser: mensurável, compreensível, abrangente, aplicável, atingível, mantido com
facilidade e econômico. A Tabela 2 apresenta exemplos de objetivos e metas da qualidade
(MELLO, 2008).
G.Q 4
A NBR ISO 9000 define processo como: conjunto de atividades interrelacionadas ou interativas
que transformam entradas em saídas. Na realidade tudo o que acontece na terra, tudo que
percebemos ou fazemos são processos. A cada processo, identificamos a presença de três
agentes: entrada, transformação e resultado da transformação. “O cliente é a razão de ser do
processo”. A Figura 3 exibe o que denominamos intuitivamente de processo (MARANHÃO,
2006).
G.Q 5
desenvolver o produto/serviço; gerar pedidos; atender aos pedidos; e atender os clientes. Outro
conceito é a existência dos processos fundamentais ou primários, processos de apoio e
processos gerenciais, este último é aplicável quando a organização parte do foco do cliente.
(MELLO, 2008):
• processos primários: são os que tocam o cliente. Qualquer falha, o cliente logo identifica;
• processos de apoio: são os que colaboram com os processos primários na obtenção do sucesso
junto aos clientes;
• processos gerenciais: são os que existem para coordenar as atividades de apoio e dos
processos primários.
• macro processo: é um processo que geralmente envolve mais que uma função na estrutura
organizacional e sua operação tem impacto significativo no modo como a organização funciona;
Para atendimento de todas as dimensões que envolvem os processos de uma organização, faz-
se necessária a identificação e gerenciamento dos processos inter-relacionados e interativos,
evento denominado de “abordagem de processo” pela “família ISO 9000” (MELLO, 2008).
A NBR ISO 9000:2000 traz o seguinte esclarecimento sobre a importância da abordagem por
processo:
Para que as organizações funcionem de forma eficaz, elas têm que identificar e gerenciar
processos inter-relacionados e interativos. Quase sempre, a saída de um processo se constitui
na entrada do processo seguinte. A identificação sistemática e a gestão dos processos
empregados na organização, e, particularmente, as interações entre tais processos são
conhecidas como “abordagem de processos” (MELLO, 2008).
Apesar de toda a potencialidade, a abordagem por processos ainda não está devidamente
compreendida pelas organizações. A gestão organizacional com foco na abordagem por
processos provoca grandes melhorias na forma em que as atividades são realizadas,
proporcionando as organizações a oferecerem produtos e serviços de qualidade, aplicando
processos eficientes e eficazes para produzi-los e vendê-los. Em meio aos diversos benefícios
em adotar uma abordagem por processos, podemos citar os seguintes (MARANHÃO, 2006):
G.Q 6
• Planejar (Plan): estabelecer os objetivos e processos necessários para alcançar os resultados
de acordo com os requisitos dos clientes a com as políticas da organização;
• padrões de sistemas: são documentos instituídos para assuntos que dizem respeito à
organização e suas interfaces. Exemplo: organograma, procedimento de aquisição,
procedimento de controle de documento, procedimento de projeto;
• padrões técnicos: são documentos instituídos para assuntos técnicos relacionados direta ou
indiretamente a um produto ou processo.
Exemplo: especificação de matéria-prima, desenhos técnicos de componente, planos de
controle, folha de processo.
Delineamento do SGQ
G.Q 7