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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.

1.FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE

O surgimento e a evolução do Estado de Direito fazem nascer a ideia de que a


Administração Pública se submete ao direito posto, assim como os demais sujeitos de
direitos da sociedade.

Esse dever de ressarcir particulares por danos causados é manifestação da


responsabilidade extracontratual, haja vista o fato de que não decorre de qualquer
contrato ou vínculo anterior com o sujeito indenizado.

Essa responsabilização decorre, ainda, da aplicação do princípio da isonomia, inerente


ao ordenamento jurídico constitucional pátrio, uma vez que quando, em benefício de
toda a sociedade, o Estado causa um dano específico a alguém ou a pequeno grupo de
pessoas, nada mais justo que os sujeitos prejudicados sejam indenizados, como forma
de reparar a desigualdade causada pela atuação estatal.

2.HISTÓRICO/EVOLUÇÃO

1°) FASE DA IRRESPONSABILIDADE DO ESTADO: As monarquias absolutistas se


fundavam numa ideia de soberania, enquanto autoridade, sem abrir possibilidade ao
súdito de contestação, o Estado não respondia por seus atos, era sujeito irresponsável.
(THE KING CAN NOT WRONG)

ATENÇÃO: No Brasil não houve esta fase.

2°) RESPONSABILIDADE COM PREVISÃO LEGAL: O primeiro caso de responsabilidade do


Estado (leading case) se deu na França e ficou conhecido como caso "Blanco". Ocorreu
que uma garota foi atropelada por um vagão de ferroviária e, comovendo a sociedade
francesa, embasou a responsabilização do ente público pelo dano causado. O Estado,
que, até então, agia irresponsavelmente, passa a ser responsável, em casos pontuais,
sempre que houvesse previsão legal específica para responsabilidade. Eram situações
muito restritas.

No Brasil, surgiu com a criação do Tribunal de Conflitos, em 1873.

3°) TEORIA DA REPONSABILIDADE SUBJETIVA (CIVILISTA): O fundamento aqui é a


intenção do agente público. A Teoria da responsabilidade do Estado evoluiu e se
começou a admitir a sua responsabilidade sem a necessidade de expressa dicção legal.

Para que se possa admitir a incidência desta teoria, necessita-se da comprovação de


alguns elementos: a conduta do Estado; o dano; o nexo de causalidade e o elemento
subjetivo, qual seja, a culpa ou o dolo do agente.
No Direito Brasileiro, a responsabilidade subjetiva (teoria civilista) tinha
embasamento no Código Civil de 1916, ora revogado.

4°) TEORIA DA CULPA DO SERVIÇO OU FAUTE DU SERVICE: Neste caso, a vítima apenas
deve comprovar que o serviço foi mal prestado ou prestado de forma ineficiente ou
ainda com atraso, sem necessariamente apontar o agente causador. Não se baseia na
culpa do agente, mas do serviço como um todo e, por isso, denominamos CULPA
ANÔNIMA.

5°) TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA: Para que haja responsabilidade objetiva,


nos moldes do texto constitucional, basta que se comprovem três elementos, quais
sejam: a conduta de um agente público, o dano causado a terceiro (usuário ou não do
serviço) e o nexo de causalidade entre o fato lesivo e o dano.

''A responsabilidade objetiva é a obrigação de indenizar que incumbe a alguém em


razão de um procedimento licito ou ilícito que produziu uma lesão na esfera
juridicamente protegida de outrem"

Não há necessidade da comprovação do requisito objetivo.

3.RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NA CF/88

A responsabilidade do estado no Brasil é objetiva desde a Constituição de 1946, sendo


que a CF/88 não inovou o ordenamento jurídico. A CF/88 regulamenta a
responsabilidade civil no art. 37, §6º.

A responsabilidade civil do estado estampada na constituição é objetiva. Mas a


responsabilidade do agente público, perante o Estado, é subjetiva, decorrendo da
comprovação da culpa ou dolo. (Art. 37 § 6 CF; Art. 43 CC/02)

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente


responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos
a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se
houver, por parte destes, culpa ou dolo.

4.AGENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL:


a) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO: É composto da Administração Direta
(Entes Políticos: União, Estados, Municípios e DF) e das Autarquias e Fundações
Públicas de Direito Público.
b) PARTICULARES PRESTADORES DE SERVIÇOS PÚBLICOS POR DELEGAÇÃO:
Concessionárias e Permissionárias de serviços.

ATENÇÃO: AS EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA somente se


incluem neste dispositivo, quando criadas para a prestação de serviços públicos.

Quando o PARTICULAR PRESTADOR DO SERVIÇO ou entidade da ADMINISTRAÇÃO


INDIRETA causa o dano, por conduta de seus agentes, a responsabilidade da
concessionária (ou entidade da administração indireta) é objetiva (primária) e o Estado
tem responsabilidade subsidiária - e objetiva - por esta atuação.

PARTICULAR PRETADOR DE SERVÇO / ESTADO


ADM INDIRETA
RESP. OBJETIVA PRIMÁRIA RESP. OBJETIVA SUBSIDIÁRIA

A RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA se dá quando o Estado responde pelos danos


causados por outra pessoa jurídica. Neste caso, a obrigação de reparar o dano é da
pessoa jurídica prestadora do serviço e, caso seja inviável esse pagamento, o Estado é
chamado à responsabilidade.

Supremo Tribunal Federal - RExt n. 591874/2009- dano causado a terceiro, não usuário
do serviço público, também enseja responsabilidade objetiva, país, a própria
constituição não diferencia em usuário ou não usuários do serviço.

(...) I. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no


sentido de que, embora a autarquia seja responsável pela conservação e manutenção
das rodovias, deve ser reconhecida a responsabilidade subsidiária do Estado, pelos
danos causados a terceiros, em decorrência de sua má conservação (...)

5.RESPONSABILIDADE OBJETIVA 1

CONDUTA
DANO
NEXO DE CAUSALIDADE

1
Culpa In Eligendo: é a culpa na escolha. Isto é, a escolha de algo ou alguém é realizada sem as cautelas
necessárias, surgindo responsabilidade para aquele incumbido de escolher.
Culpa in vigilando: ocorre quando há falta de cautela na supervisão de algo ou de alguém.
A) CONDUTA: A conduta deve ser de determinado agente público que atue nesta
qualidade ou, ao menos, se aproveitando da qualidade de agente para causar o dano.

AGENTE PÚBLICO: O conceito de agente público abarca os agentes políticos, os


servidores estatais e também os particulares em colaboração com o poder público.

ATENÇÃO: Entendimento majoritário da doutrina é que a conduta que enseja a


responsabilidade objetiva do ente público é a conduta comissiva.

Agente público abarca todos aqueles que atuam em nome do Estado, ainda que
temporariamente e sem remuneração, seja a qualquer título, com cargo, emprego,
mandato ou função.

B) DANO:

O dano a um bem tutelado pelo direito,


JURÍDICO: ainda que exclusivamente moral.
(Inovação CF/88).
Quando o dano decorre de um ato ilícito
a responsabilização do ente estatal
DANO ANORMAL E ESPECIFICO: depende da comprovação de que estes
danos são anormais e específicos. Isso
porque o dano deve ser certo, valorado
economicamente e de passivel
demonstração.

ATENÇÃO: A TEORIA DO DUPLO EFEITO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: o mesmo ato


administrativo pode vir a causar um dano específico/anormal para determinada pessoa
e para outra não causar dano passível de indenização. Aqui não se pode embasar um
pedido de indenização no fato de outrem ter sido indenizado, ainda que pelo mesmo
ato.

ATENÇÃO! No Brasil, adota-se a TEORIA DO DANO DIRETO E IMEDIATO, de forma que


o dever de reparar só ocorrer quando o dano é efeito necessário de determinada causa.

C) NEXO DE CAUSALIDADE:

Como regra, o Brasil adotou a TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA, por meio da qual
o Estado responde desde que sua conduta tenha sido determinante para o dano
causado ao agente.
ATENÇÃO: As condutas posteriores que causem danos a um terceiro, alheias à vontade
do Estado, excluem a responsabilidade do Poder Político (TEORIA DA INTERRUPÇÃO DO
NEXO CAUSAL).

ATENÇÃO! A RESPONSABILIDADE CIVIL ESTATAL FICA EXCLUÍDA NAS HIPÓTESES EM


QUE O PODER PÚBLICO COMPROVA CAUSA IMPEDITIVA DA SUA ATUAÇÃO
PROTETIVA DO DETENTO, ROMPENDO O NEXO DE CAUSALIDADE DA SUA OMISSÃO
COM O RESULTADO DANOSO.

EXCLUDENTES:
1. CASO FORTUITO
a) Fortuito Interno: Decorre de situação de custodia (condição sem a qual não haveria
o dano).
b) Fortuito Externo: Não decorre da situação de custodia, mas de algo externo a ela.
Alguns chamam o Fortuito externo de Força Maior.
2. FORÇA MAIOR
3. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA

6.TEORIAS DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO:

A) TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO:

A atividade administrativa tem como finalidade alcançar o bem comum e se trata de


uma atividade potencialmente danosa. Por isso, surge a obrigação econômica de
reparação de dano pelo Estado pelo simples fato de assumir o risco de exercer tal
atividade, independentemente da má prestação do serviço ou da culpa do agente
público faltoso.

ATENÇÃO: ADMITE AS CAUSAS DE EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE.

B) TEORIA DO RISCO INTEGRAL:

O ente público é garantidor universal e, sendo assim, a simples existência do dano e do


nexo causal é suficiente para que surja a obrigação de indenizar para a Administração,
pois NÃO SE ADMITE AQUI NENHUMA DAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE.

APLICAÇÃO PELA DOUTRINA MAJORITÁRIA:

a) Dano decorrente de atividade nuclear exercida pelo estado ou autorizada pelo


mesmo.
b) Dano ao meio ambiente, quanto aos atos comissivos do agente público.
Em relação a atos omissivos, o Superior Tribunal de Justiça vem-se posicionando
que a teoria do risco integral ainda se aplica, no entanto, a responsabilidade
objetiva do Estado será de execução subsidiária, sendo necessário o prévio
esgotamento das tentativas de cobrança de indenização do poluidor direto.
c) Crimes ocorridos a bordo de aeronaves que estejam sobrevoando o espaço
aéreo brasileiro
d) Danos decorrentes de ataques terroristas.
e) Acidente de trânsito. Decorre do seguro obrigatório DPVAT. Ressalte-se que,
nesses casos, o Estado não figura no polo passivo da ação judicial A ação é
proposta em face de alguma seguradora que arcará com os prejuízos, utilizando
os valores do seguro obrigatório.

C) RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO DO ESTADO:

Basta a comprovação da má prestação de serviço ou da prestação ineficiente do serviço


ou, ainda, da prestação atrasada do serviço como ensejadora do dano (CULPA
ANÔNIMA).

ATENÇÃO! A responsabilização, neste contexto, depende da ocorrência de ato omissivo


ilícito, ou seja, a omissão do agente deve configurar a ausência de cumprimento de seus
deveres legalmente estabelecidos.

D) TEORIA DO RISCO CRIADO (RISCO SUSCITADO):

Dependerá somente da comprovação de que a custódia é uma condição sem a qual o


dano não teria ocorrido, mesmo que situações supervenientes tenham contribuído para
o dano. Trata-se da chamada teoria SINE QUA NON.

ATENÇÃO! O Estado responderá ainda que haja uma situação de caso fortuito, bastando
a comprovação de que este fortuito só foi possível em virtude da custódia do ente
estatal. Tal situação é o que a doutrina designa FORTUITO INTERNO (OU CASO
FORTUITO).

ATENÇÃO! Não há responsabilização do Estado se o dano decorrer de um fortuito


externo (ou força maior), ou seja, totalmente alheio e independente da situação de
custódia.

7. INDENIZAÇÃO

A) RESPONSABILIDADE CONTRATUAL: Danos ocorridos no bojo de contratos


administrativos que ensejaram um de desequilíbrio contratual. (Lei 8666/93).
Finalidade da reparação: manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

B) RESPONSABILIDADE CIVIL (EXTRACONTRATUAL) DO ESTADO: Base legal - art., 37§


6º da CF.

A responsabilidade civil objetiva da concessionária de serviço público alcança também


não usuários do serviço por ela prestado.

Dano indireto causado a terceiros (sem vínculo direto e contratual com o poder público)
por atuação do Estado na busca do interesse coletivo, seja a execução de obras púbicas
ou prestação de serviços públicos.

Finalidade da reparação: garantir a isonomia e reparar danos causados indiretamente.

C) SACRIFÍCIO DE DIREITO: Base legal - art. 5º, XXIV e XXV da CF. DL 3365/41, entre
outros. (EX: DESAPROPRIAÇÃO E REQUISIÇÃO)

Dano direto causado por atuação administrativa direcionada a restringir ou retirar o


direito do particular.

Finalidade da reparação: ressarcir pela retirada ou extinção do direito.

8. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIZAÇÃO DO ESTADO

A ausência de qualquer dos elementos da responsabilidade (conduta, dano e nexo)


excluí o dever de indenizar do ente público.

Desta forma, a doutrina que aponta caso fortuito, força maior e culpa exclusiva da
vítima, como únicas hipóteses de excludentes de responsabilidade, está totalmente
equivocada.

ATENÇÃO! Nas situações em que não se pode atribuir exclusivamente à vítima o dano
causado, verificando-se a culpa concorrente entre a vítima e o ente público, haverá
redução do valor indenizatório a ser pago pelo Estado.

9. REPONSABILIDADE DO AGENTE PUBLICO

Agentes respondem somente de forma subjetiva - ou seja, após a análise de dolo ou


culpa desse - perante o Estado em ação de regresso.

ATENÇÃO! TEORIA DA DUPLA GARANTIA é, de acordo com o STF, o direito


STF do particular lesado de ser indenizado pelos prejuízos que sofreu e a
garantia ao agente de só ser cobrado pelo Estado.

ATENÇÃO! Em 2014, o STJ admitiu a propositura da ação de reparação civil


STJ pela vítima, diretamente, em face do agente público, devido à busca por
economicidade e eficiência processual, devendo comprovar o dolo ou a
culpa do sujeito.
9.1. DENUNCIAÇÃO À LIDE DO AGENTE PÚBLICO: Alguns julgados antigos do STJ
entendem ser possível a aplicação da denunciação à lide, figurando o AGENTE e o
ESTADO no polo passivo da ação. (aqui não é obrigatória, mas uma possibilidade).

Já DOUTRINA MAJORITÁRIA e o STF defende a vedação da denunciação à lide, pois, ao


colocar o agente no processo, ocorrerá uma ampliação do mérito, discutindo-se o dolo
e culpa, quebrando a garantia da vítima.

ATENÇÃO! Em determinadas situações a discussão de dolo e culpa é inerente à


responsabilização do Estado, não havendo qualquer vedação à denunciação à lide. Ex:
Ambulância que ultrapassou o sinal vermelho com giroflex ligado e colidiu com o carro.
Negada indenização na via administrativa, o particular ajuizou ação comprovando que
não havia urgência que justificasse o avanço do sinal - não havia vítima a ser socorrida.

10. PRAZO PRESCRICIONAL PARA PROPOSITURA DE AÇÃO INDENIZATÓRIA EM FACE


DO ESTADO

5 ANOS: Jurisprudência e doutrina que defendem essa posição explicam que, o CC/02 é
lei geral e lei geral não revoga lei especial.

3 ANOS: Jurisprudência e doutrina que o defendem explanam que, o CC/02 é norma


posterior e mais benéfica ao ente público.

O melhor entendimento é o que sustenta o prazo prescricional de 5 anos. Há


embasamento jurisprudencial.

As ações de reparação de dano ajuizadas contra o Estado em decorrência de


perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, durante o Regime Militar não se
sujeitam a qualquer prazo prescricional.

11. RESPONSABILIDADE POR OBRA PUBLICA

Há duas possibilidades.

A) POR MÁ EXECUÇÃO DA OBRA:

Executada pelo próprio Estado, a responsabilidade é objetiva, uma vez que a conduta
do agente público está ensejando um dano ao particular.

Executada por um empreiteiro através de contrato administrativo. Se o dano foi


provocado por culpa exclusiva do executor, lhe será atribuída responsabilidade subjetiva
(corrente majoritária). Já o Estado responde subjetivamente, se foi omisso no dever de
fiscalização do contrato celebrado.
B) PELOS SIMPLES FATO DA OBRA: O simples fato de a obra existir poderá vir a causar
um dano ao particular. Nestes casos é irrelevante saber quem está executando a obra.
Ocorrendo o prejuízo, ter-se-á a responsabilidade objetiva do Estado.

12. RESPONSABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS

A) LEIS DE EFEITOS CONCRETOS: Algumas leis ostentam a qualidade de lei em sentido


formal, porém não o são em sentido material, configurando, de fato, verdadeiros atos
administrativos. Tais atos legislativos ensejam responsabilidade objetiva do Estado, nos
moldes estipulados pelo art. 37, §6 da Carta Magna

B) LEIS EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL: São os atos legislativos típicos, ou seja,


emanados pelo legislativo, com sanção do executivo (em obediência ao processo
legislativo constitucional) e por estipularem normas gerais e abstratas, a regra é que não
podem ensejar responsabilidade estatal.

ATENÇÃO: Excepcionalmente, é possível a responsabilidade por atos legislativos,


desde que presentes dois requisitos:
a) decorrer dano especifico a alguém
b) ato normativo for declarado inconstitucional, por meio de ação direta, em
controle concentrado exercido pelo STF.

13. RESPONSABILIDADE POR ATOS JURISDICIONAIS

O entendimento majoritário da doutrina é em relação a irresponsabilidade do Estado


por atos jurisdicionais típicos. Afinal, pelo princípio da recorribilidade se um ato
jurisdicional de um magistrado prejudica a parte no processo ela possui mecanismo
recursais e até outras ações para eventuais revisões do ato. Ademais o exercício da
função jurisdicional também retrata uma parcela da soberania do Estado, não sujeita a
responsabilização geral.

Art. 5° LXXV, CF/88: LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim
como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;

O Estado assume o risco de APLICAR A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE e, por isso, se


torna objetivamente responsável pelos danos que dele decorram. Enfim, a
responsabilidade do ente estatal por atos jurisdicional, na hipótese prevista na
Constituição Federal é objetiva.

A PRISÃO ALÉM DO TEMPO DA SENTENÇA NÃO É ATO JURISDICIONAL, é ato


administrativo exercido posteriormente à decisão judicial, em sede de cumprimento e
execução da pena. Logo, a hipótese expressa na constituição de responsabilidade do
Estado por erro jurisdicional ocorreria nos casos de prisão por erro judiciário.

A ação de regresso em face do agente público juiz depende da demonstração do dolo


ou erro grosseiro, em garantia ao princípio do livre consentimento motivado.
CAIU ASSIM: Pedro foi preso preventivamente, por meio de decisão judicial
devidamente fundamentada, mas depois absolvido por se entender que ele não tivera
nem poderia ter nenhuma participação no evento. No entanto, por causa da prisão
cautelar, Pedro sofreu prejuízo econômico e moral. Nessa situação, conforme
entendimento recente do STF, poderão ser indenizáveis os danos moral e material
sofridos. (CERTO) (COMO ELE FOI ABSOLVIDO, TRATA-SE DE ERRO JUDICIÁRIO)

14. OMISSÃO DO ESTADO

CONDUTA
DANO
NEXO CAUSAL
CULPA/DOLO

A responsabilidade do Estado, em se tratando de conduta omissiva, dependerá dos


elementos caracterizadores da culpa, isto é, DEVE HAVER DOLO OU CULPA.

O Profº Celso Antonio Bandeira de Mello precisamente aponta que no caso de OMISSÃO
DO ESTADO a responsabilidade é SUBJETIVA, reclamando, além da demonstração da
conduta danosa, do efetivo resultado danoso e do nexo causal, também a presença de
elemento subjetivo (dolo ou culpa) naquela conduta do agente causador do dano,
valendo conferir, verbis:

“Quando o dano foi possível em decorrência de uma omissão do Estado (o


serviço não funcionou, funcionou tardia ou ineficientemente) é de aplicar-se a
TEORIA DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. Com efeito, se o Estado não agiu,
não pode, logicamente, ser ele o autor do dano. E, se não foi o autor, só cabe
responsabilizá-lo caso esteja obrigado a impedir o dano. Isto é: só faz sentido
responsabilizá-lo se descumpriu dever legal que lhe impunha obstar ao evento
lesivo." (DE MELLO, Celso Antônio Bandeira, “Curso de Direito Administrativo",
15ª Ed. Malheiros, São Paulo, 2003, p. 871/872).

ATENÇÃO! Todavia, a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes de


omissão sua NEM SEMPRE É SUBJETIVA. Nesse sentido, a lição de Guilherme Couto de
Castro e de Sergio Cavalieri, o qual afirma, verbis:

“(...) não ser correto dizer, sempre, que toda hipótese de dano proveniente de
omissão estatal será encarada, inevitavelmente, pelo ângulo subjetivo. Assim o
será quando se tratar de omissão genérica. Não quando houver OMISSÃO
ESPECÍFICA, pois aí há dever individualizado de agir".

A OMISSÃO ESPECÍFICA (CULPA DO SERVIÇO) do Estado difere de sua omissão


genérica no sentido de que “haverá omissão específica quando o Estado, por
omissão sua, crie a situação propícia para a ocorrência do evento em situação
em que tinha o dever de agir para impedi-lo".

A responsabilidade do Estado será subjetiva no caso de omissão genérica e


objetiva no caso de omissão específica, pois aí há dever individualizado de agir.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA


OMISSÃO ESPECÍFICA (DEVER ESPECÍFICO) OMISSÃO GENÉRICA (DEVER GENÉRICO)
Estado se encontra na condição de garante e, Situações em que não se pode exigir do
por omissão, cria situação propícia para a Estado uma atuação específica. A inação do
ocorrência do evento em situação em que Estado não se apresenta como causa direta e
tenha o dever de agir para impedi-lo. imediata da não ocorrência do dano, razão
pela qual deve o lesado provar que a falta do
Pressupõe um dever específico do Estado, serviço (culpa anônima) concorreu para o
que o obrigue a agir para impedir o resultado dano.
danoso.
Ex.: morte de detento em rebelião em Ex. queda de ciclista em bueiro há muito
presídio; suicídio cometido por paciente tempo aberto em péssimo estado de
internado em hospital público, tendo o conservação, o que evidencia a culpa
médico responsável ciência da intenção anônima pela falta do serviço; estupro
suicida do paciente e nada feito para cometido por presidiário, fugitivo
evitar; paciente que dá entrada na contumaz, não submetido à regressão de
emergência de hospital público, onde fica regime prisional como manda a lei.
internada, não sendo realizados os
exames determinados pelo médico, vindo
a falecer no dia seguinte; acidente com
aluno nas dependências de escola
pública.

A esse respeito, confira-se o seguinte trecho do voto condutor do RE 841.526/RS:

“Diante de tal indefinição, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal vem


se orientando no sentido de que a responsabilidade civil do Estado por omissão
também está fundamentada no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, ou seja,
configurado o nexo de causalidade entre o dano sofrido pelo particular e a
omissão do Poder Público em impedir a sua ocorrência – quando tinha a
obrigação legal específica de fazê-lo – surge a obrigação de indenizar,
independentemente de prova da culpa na conduta administrativa, consoante
os seguintes precedentes:

[…]

Deveras, é fundamental ressaltar que, não obstante o Estado responda de


forma objetiva também pelas suas omissões, o nexo de causalidade entre essas
omissões e os danos sofridos pelos particulares só restará caracterizado
quando o Poder Público ostentar O DEVER LEGAL ESPECÍFICO DE AGIR para
impedir o evento danoso, não se desincumbindo dessa obrigação legal.
Entendimento em sentido contrário significaria a adoção da teoria do risco
integral, repudiada pela Constituição Federal, como já mencionado acima.”
(g.n.) (RE 841526, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, j. 30/03/2016,
Repercussão geral)

Isso não significa, todavia, que o STF aplique indistintamente tal modalidade de
responsabilização a todo e qualquer dano advindo da omissão da Administração. Pelo
contrário, entende o Excelso Pretório pela aplicação da responsabilidade subjetiva por
omissão, com base na culpa anônima, nos casos em que há um dever genérico de agir e
o serviço não funciona, funciona mal ou funciona tardiamente (omissão genérica).

CAIU ASSIM: Excetuados os casos de dever específico de proteção, a responsabilidade


civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados a
negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade. (CERTO)

SÚMULAS DO STF

Súmula Vinculante n.11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de


fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da
prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do
Estado.

Súmula Vinculante n.17: Durante o período previsto no parágrafo III do artigo 100 da
Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.

Súmula n. 562: na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a


atualização de seu valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, dos índices
de correção monetária,

SÚMULAS DO STJ

Súmula n.7: A Pretensão De Simples Reexame De Prova Não Enseja Recurso Especial.

Súmula n. 37: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos
do mesmo fato.

Súmula n. 54: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de


responsabilidade extracontratual.

Súmula n. 130: A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto
de veículo ocorridos em seu estacionamento.

Súmula n, 186: Nas indenizações por ato ilícito, os juros compostos somente são devidos
por aquele que praticou o crime.

Súmula n, 326: Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante


inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência reciproca.

Súmula n, 362: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide


desde a data do arbitramento.

Súmula n, 387: É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.

Súmula n, 406: A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por
precatório.

JURISPRUDÊNCIAS:

O STF: “NA HIPÓTESE DE POSSE EM CARGO PÚBLICO DETERMINADA POR DECISÃO


JUDICIAL, O SERVIDOR NÃO FAZ JUS A INDENIZAÇÃO, SOB FUNDAMENTO DE QUE
DEVERIA TER SIDO INVESTIDO EM MOMENTO ANTERIOR, SALVO SITUAÇÃO DE
ARBITRARIEDADE FLAGRANTE”. ASSIM, PARA QUE QUALQUER NOMEADO RECEBA
VALORES EM RAZÃO DO CARGO É IMPRESCINDÍVEL, NA JURISPRUDÊNCIA DO STJ E DO
STF, O EFETIVO EXERCÍCIO NO CARGO. ASSIM, A POSSE TARDIA, SEJA POR COMANDO
JUDICIAL OU POR ERRO RECONHECIDO PELA PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO, NÃO GERA
DIREITO À INDENIZAÇÃO.

EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO (CF, ART. 37, § 6Q) -


CONFIGURAÇÃO-TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO - MORTE CAUSADA POR DISPARO
EFETUADO COM ARMA DE FOGO PARTICULAR MANEJADA POR POLICIAL MILITAR DO
ESTADO DE PERNAMBUCOEM PERÍODO DE FOLGA - RECONHECIMENTO, PELO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL, DE QUE SE ACHAM PRESENTES TODOS OS ELEMENTOS
IDENTIFICADORES DODEVER ESTATAL DE REPARAR O DANO-CARÁTER SOBERANO DA
DECISÃO LOCAL, QUE, PROFERIDA EM SEDE RECURSAI ORDINÁRIA, RECONHECEU, COM
APOIO NO EXAME DOS FATOS E PROVAS, A INEXISTÊNCIA DE CAUSA EXCLUDENTE DA
RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER PÚBLICO.

EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA


DO ENTE PÚBLICO. DEVERES DE FISCALIZAÇÃO DO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES
TRABALHISTAS. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA. AUSÊNCIADE AFRONTA À
DECISÃO PROFERIDA NA ADC 16. PRECEDENTES. 1. O registro da omissão da
Administração Pública quanto ao poder-dever de fiscalizar o adimplemento, pela
contratada, das obrigações legais que lhe incumbiam - a caracterizar a CULPA IN
VIGILANDO-, ou da falta de prova acerca do cumprimento dos deveres de fiscalização –
de observância obrigatória-, não caracteriza afronta à ADC 16. 2.

EMENTA: DIREITO DO TRABALHO E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM


RECLAMAÇÃO. ART. 71, § lo, DA LEI NO 8.666/1993. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
DA ADMINISTRAÇÃO POR DÍVIDAS TRABALHISTAS EM CASO DE TERCEIRIZAÇÃO. ADC
16. SUPERVENIÊNCIA DO JULGAMENTO DO TEMA 246 DA REPERCUSSÃO GERAL.
NOVO PARÂMETRO. 1. O Supremo Tribunal Federal firmou, no julgamento do RE
760.931, Rei. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, a seguinte tese: "O inadimplemento dos
encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente
ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter
solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § lo, da Lei no 8.666/93" (tema 246 da
repercussão geral).

RESPONSABILIDADE DA UNIÃO POR DANOS CAUSADOS À CONCESSIONÁRIA DE


SERVIÇO DE TRANSPORTE AÉREO (VARIG S/A). DEVER DE INDENIZAR.
RESPONSABILIDADE POR ATOS LÍCITOS QUANDO DELES DECORREREM PREJUÍZOS
PARA OS PARTICULARES EM CONDIÇÕES DE DESIGUALDADE COM OS DEMAIS.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ART. 37, § 60. 2. VIOLAÇÃO A DIREITOS


FUNDAMENTAIS CAUSADORA DE DANOS PESSOAIS A DETENTOS EM
ESTABELECIMENTOS CARCERÁRIOS. INDENIZAÇÃO. CABIMENTO. O dever de ressarcir
danos, inclusive morais, efetivamente causados por ato de agentes estatais ou pela
inadequação dos serviços públicos decorre diretamente do art. 37, § 60, da
Constituição, disposição normativa autoaplicável. Ocorrendo o dano e estabelecido o
nexo causal com a atuação da Administração ou de seus agentes, nasce a
responsabilidade civil do Estado. 3. "Princípio da reserva do possível".
Inaplicabilidade. O Estado é responsável pela guarda e segurança das pessoas
submetidas a encarceramento, enquanto permanecerem detidas. É seu dever mantê-
las em condições carcerárias com mínimos padrões de humanidade estabelecidos em
lei, bem como, se for o caso, ressarcir danos que daí decorrerem. 4. A violação a direitos
fundamentais causadora de danos pessoais a detentos em estabelecimentos carcerários
não pode ser simplesmente relevada ao argumento de que a indenização não tem
alcance para eliminar o grave problema prisional globalmente considerado, que
depende da definição e da implantação de políticas públicas específicas, providências
de atribuição legislativa e administrativa, não de provimentos judiciais. Esse
argumento, se admitido, acabaria por justificar a perpetuação da desumana situação
que se constata em presídios como o de que trata a presente demanda. 5. A garantia
mínima de segurança pessoal, física e psíquica, dos detentos, constitui dever estatal
que possui amplo lastro não apenas no ordenamento nacional (Constituição Federal,
art. 5o, XLV/1 "e':· XLVIII; XL/X; Lei 7.210/84 (LEP), arts. 10; 11; 12; 40; 85; 87; 88; Lei
9.455/97 - crime de tortura; Lei 12.874/13-Sistema Nacional de Prevenção e Combate à
Tortura), como, também, em fontes normativas internacionais adotadas pelo Brasil
(Pacto Interacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas, de 1966, arts. 2; 7;
10; e 14; ConvençãoAmericana de Direitos Humanos, de 1969, arts. So; 11; 25; Princípios
e Boas Práticas para a Proteção de Pessoas Privadas de Liberdade nas Américas -
Resolução 01/08, aprovada em 13 de março de 2008, pela Comissão lnteramericana de
Direitos Humanos; Convenção da ONU contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984; e Regras Mínimas para o Tratamento de
Prisioneiros - adotadas no lo Congresso das Nações Unidas para a Prevenção ao Crime e
Tratamento de Delinquentes, de 1955). 6. Aplicação analógica do art. 126 da Lei de
Execuções Penais. Remição da pena como indenização. Impossibilidade. A reparação
dos danos deve ocorrer em pecúnia, não em redução da pena. Maioria. 7. Fixada a
tese: "Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter
em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento
jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37 § 60, da Constituição, a
obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos
detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento". 8. Recurso extraordinário provido para restabelecer a condenação do
Estado ao pagamento de R$ 2.000,00 (dois mil reais) ao autor, para reparação de danos
extra patrimoniais, nos termos do acórdão proferido no julgamento da apelação. (STF.
RE 580252 / MS. Ministro Relator: ALEXANDRE DE MORAES. Plenário.Julgado em:
16/02/2017)

INFORMATIVO N. 819 STF


Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX,
da CF, o Estado é responsável pela morte de detento. Essa a conclusão do Plenário, que
desproveu recurso extraordinário em que discutida a responsabilidade civil objetiva do
Estado por morte de preso em estabelecimento penitenciário. No caso, o falecimento
ocorrera por asfixia mecânica, e o Estado-Membro alegava que, havendo indícios de
suicídio, não seria possível impor-lhe o dever absoluto de guarda da integridade física
de pessoa sob sua custódia. O Colegiado asseverou que a responsabilidade civil estatal,
SEGUNDO A CF/1988, EM SEU ART. 37, § 6º, SUBSUME-SE À TEORIA DO RISCO
ADMINISTRATVO (REPONSABILIDADE OBJETIVA), TANTO PARA AS CONDUTAS
ESTATAIS COMISSIVAS QUANTO PARAS AS OMISSIVAS, UMA VEZ REJEITADA A TEORIA
DO RISCO INTEGRAL. Assim, a OMISSÃO DO ESTADO reclama nexo de causalidade em
relação ao dano sofrido pela vítima nas hipóteses em que o Poder Público ostenta o
dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. Além
disso, é dever do Estado e direito subjetivo do preso a execução da pena de forma
humanizada, garantindo-se lhe os direitos fundamentais, e o de ter preservada a sua
incolumidade física e moral. Esse dever constitucional de proteção ao detento somente
se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus
direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade
civil objetiva estatal. Por essa razão, NAS SITUAÇÕES EM QUE NÃO SEJA POSSÍVEL AO
ESTADO AGIR PARA EVITAR A MORTE DO DETENTO (QUE OCORRERIA MESMO QUE O
PRESO ESTIVESSE EM LIBERDADE), ROMPE-SE O NEXO DE CAUSALIDADE. AFASTA-SE,
ASSIM, A RESPONSABILIDADE DO PODER PÚBLICO, SOB PENA DE ADOTAR-SE A
TEORIA DO RISCO INTEGRAL, AO ARREPIO DO TEXTO CONSTITUCIONAL. A morte do
detento pode ocorrer por várias causas, como homicídio, suicídio, acidente ou morte
natural, não sendo sempre possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções
exigíveis. Portanto, A RESPONSABILIDADE CIVIL ESTATAL FICA EXCLUÍDA NAS
HIPÓTESES EM QUE O PODER PÚBLICO COMPROVA CAUSA IMPEDITIVA DA SUA
ATUAÇÃO PROTETIVA DO DETENTO, ROMPENDO O NEXO DE CAUSALIDADE DA SUA
OMISSÃO COM O RESULTADO DANOSO. Na espécie, entretanto, o tribunal "a quo" não
assentara haver causa capaz de romper o nexo de causalidade da omissão do Estado-
Membro com o óbito. Correta, portanto, a decisão impositiva de responsabilidade civil
estatal. RE 841526/RS, rei. Min. Luiz Fux, 30.3.2016. (RE-841526)

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