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MANUAL PARA CUIDADOR DE PESSOAS

IDOSAS

ÍNDICE
1
01-Introdução..........................................................................................................................05
1.1-Apresentação
1.2-Objetivos do curso
1.3-Conceitos iniciais (Cuidado, cuidador e funções)

02- Envelhecimento: conceito e aspectos demográficos..................................................08


03- A aposentadoria e suas implicações.............................................................................14
04- Conceitos importantes no envelhecimento..................................................................17
4.1- Autonomia e Independência
4.2-Lazer e ocupação do tempo livre

05- Políticas públicas para a pessoa idosa.........................................................................21


5.1- Leis específicas
5.2- Estatuto do Idoso

06- A rede de serviços de atenção à pessoa idosa............................................................23


6.1- Instituições de longa permanência (asilo)
6.2- Centro de convivência
6.3- Centro dia
6.4- Casa transitória
6.5- Hospital
6.6- Posto de saúde
6.7- Atendimento domiciliar

07- Institucionalização..........................................................................................................27
08- Atitudes facilitadoras no contato com o idoso............................................................30
8.1- Comunicação
8.2- O que pode dificultar a comunicação com o idoso
8.3- Alterações de linguagem

09- Relações Familiares........................................................................................................36


10- O cuidador........................................................................................................................39
10.1- Cuidador (conceito, necessidades físicas sociais, emocionais e espirituais)
10.2- O estresse do cuidador
10.3- O cuidador familiar
10.4- Declaração do direito do cuidador

11- O processo de envelhecimento fisiológico...................................................................46


11.1- Alterações orgânicas
11.2- Alterações morfológicas
11.3- Alterações tegumentares
11.4- Sistema músculo esquelético
11.5- Sistema respiratório
11.6- Sistema cardiovascular
11.7- Sistema gastrointestinal
11.8- Sistema renal e urinário
11.9- Sistema genital
11.10- Regulação da temperatura do corpo
11.11- Sono e repouso
11.12- Envelhecimento neurológico

12-Doenças mais comum nas pessoas idosas.....................................................................55

2
12.1- Incontinência urinária e fecal
12.2- Afecções Pulmonares (Gripe, Pneumonias, Asma, Bronquite e Enfisema)
12.3- Afecções Endócrinas (Diabetes)
12.4- Afecções Circulatórias (Hipertensão Arterial e Acidente Vascular Encefálico)
12.5- Afecções Neuropsicológicas (Depressão, Demência e Parkinson)
12.6- Afecções Osteomusculares (Fraturas de quadril/ fêmur e Imobilidade)

13- Os Gigantes da Geriatria..................................................................................................103


13.1- Imobilidade, Instabilidade postural, Incontinência urinária, Insuficiência cerebral,
Iatrogenias
13.2- Aprofundamento sobre Imobilidades
13.3- Aprofundamento sobre quedas

14- Atividades de Rotina........................................................................................................109


14.1- Vestir e despir (dicas para o cuidador)
14.2- Banho e higiene (dicas para o cuidador)
14.3- Alimentação (dicas para o cuidador)

15- Cuidados especiais..........................................................................................................118


15.1- Cuidador com a pele
15.2- Cuidados pessoais
15.3- Úlcera de pressão
15.4- Colostomia
15.5- Urostomia e tipos de sondas

16- Exercícios Terapêuticos...................................................................................................127


16.1- Posicionamento e transferência
16.2- Massagem
16.3-Alongamento
16.4- Atividade Física

17- Necessidades Nutricionais e a Deglutição...................................................................134

18- Cuidados com Medicamentos........................................................................................148

19- Finitude – A Questão da Morte......................................................................................149

20- Capítulos complementares:


20.1- Mitos e estereótipos do envelhecimento..............................................................151
20.2- Violência e Maus tratos.......................................................................................156

21- Referências Bibliográficas..............................................................................................163

3
AUTORES
Cristiana Ferreira Assis Xavier
Assistente Social
Especialista em Gerontologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais/CIAPE

Fábia Costa Soares Guimarães


Nutricionista
Especialista em Gerontologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais/CIAPE

Fernanda Maria Lopes Rocha


Fisioterapeuta
Especialista em Gerontologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais/CIAPE
Mestre em Gerontologia Social pela Universidade Autônoma de Madrid –Espanha

Felipe Toledo Rocha


Geriatra
Especialista em Gerontologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais/ CIAPE
Mestre em Gerontologia Social pela Universidade Autônoma de Madrid –Espanha

Isabella Pereira Vono


Fonoaudióloga
Especialista em Gerontologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais/CIAPE

Luciana de Moura Ribeiro


Terapeuta Ocupacional
Especialista em Gerontologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais/CIAPE

Simone Pessoa de Paula Lima


Geriatra
Especialista em Gerontologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais/ CIAPE

Telma Toledo Rocha


Terapeuta Ocupacional
Especialista em Reabilitação do Idoso pela UFMG
Graduanda em Enfermagem pela UMA

Revisão 2008:
Letícia Tertuliano Melo
Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional
Especialização em saúde do idoso pela Faculdade de Ciências Médicas, em curso
E Luciana de Moura Ribeiro

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1.1- APRESENTAÇÃO
Para trabalharmos com idosos é importante,
primeiramente, refletirmos sobre os motivos que nos
levam a fazê-lo. O que move o nosso desejo?
É necessário estarmos conscientes de que iremos
conviver diretamente e, muitas vezes, diariamente,
com limitações, frustrações, dúvidas e desesperanças. Também, poderemos
aprender lições que não estão escritas nos livros, lições que nascem da arte na
convivência e da experiência de vida.

Vale a pena estar em paz com o próprio envelhecimento, aceitando-o sem


grandes sofrimentos!
Como disse uma grande profissional da área de envelhecimento, Tomiko Born:
Para podermos cuidar dos idosos é importante que aprendamos a cuidar de
nós mesmo!

A velhice não pode ser tratada em tempo que anuncia tempestade. Para
compreendê-la, precisamos, antes de construir conhecimentos, desconstruir
preconceitos. Ao lidar com idosos, devemos ultrapassar os limites técnicos e
cultivarmos a humanização!

É importante acreditar que a história de cada um pode ser escrita e reescrita a


cada dia!

1.2- OBJETIVOS DESTE CURSO:

Proporcionar um conjunto de conhecimentos teóricos específicos na área do


envelhecimento e auxiliar no desenvolvimento de habilidades essenciais para as
práticas do cuidado ao idoso.

5
Objetivos específicos:
1. Conhecer informações básicas sobre o fenômeno do envelhecimento;
2. Aumentar o conhecimento, percepção, sabedoria e as aptidões no cuidado
aos idosos;
3. Capacitar os cuidadores para que possam compreender as necessidades
físicas, emocionais e sociais dos idosos;
4. Desenvolver conhecimentos para que possam colher dados, informações e
repassa-las para a equipe multiprofissional , com clareza e segurança;
5. Reconhecer o próprio envelhecimento e repensar condutas pessoais.

1.3- CONCEITOS INICIAIS:

O CUIDADO

A palavra cuidado apresenta várias derivações, contudo sempre terá a idéia de


preocupação por alguém; desvelo, ou seja, atenção para com o outro. O cuidado,
muitas vezes, se resume em cuidar de alguém.

CUIDADO & CURA

Alguns estudiosos derivam a palavra cuidado do latim “coera”, isto é, cura, sendo
usado para traduzir relações de amor e de amizade que inspiram desvelo e
preocupação com o objeto de carinho.

CUIDADOR

A pessoa que cuida, preocupa-se , sente-se responsável , auxilia nas necessidades


físicas, emocionais e sociais de um doente ou de um dependente.

É importante ressaltar que o cuidado faz parte da vida do homem, uma vez que
o homem nunca deixará de amar e de se preocupar com alguém!

QUEM É O CUIDADOR?

Familiar, amigo ou profissional que tem a função de cuidar é um cuidador. Cuidador


é a pessoa que provê as necessidades físicas e emocionais de um doente ou de
uma pessoa dependente.

6
Definições de cuidador formal e de cuidador informal:

Cuidador informal: familiares


Cuidador formal: pessoas da sociedade/profissional

O que é ter uma profissão de cuidador de idosos formal?


É ter uma profissão reconhecida e inserida na classificação brasileira de ocupações
do Ministério do Trabalho e emprego com o código 5162-10.

É imprescindível que se qualifique para desempenhar a atividade de cuidador de


idosos.

Funções de um cuidador:

1. Buscar ser uma pessoa positiva com relação ao envelhecimento;


2. Conhecer e reconhecer as alterações possíveis de acometer o idoso, estar
atento a elas e repassar para a equipe multiprofissional;
3. Conhecer o que é normal no idoso e o que foge da normalidade, mesmo em
se tratando de um idoso doente;
4. Auxiliar nos cuidados pessoais onde a pessoa não consiga realizar por si só
(AVDs);
5. Auxiliar na locomoção (para tratamentos, consultas médicas, emergências,
etc.);
6. “Auxiliar nas atividades domésticas”;
7. Administrar as finanças com o idoso ou para o idoso, quando for preciso
(pagamento de contas, recebimento da aposentadoria);
8. Promover suporte emocional e fazer companhia (conversar, ouvir e ler);
9. Estabelecer um bom relacionamento com a família do idoso;
10. Estar sempre em comunicação com a equipe multiprofissional.

IMPORTANTE
Ser verdadeiro ao transmitir todas as informações percebidas sobre o idoso a
equipe multiprofissional e/ou aos familiares.

7
ENVELHECIMENTO
É um processo de mudanças universais pautado geneticamente para cada espécie e
para cada indivíduo, que se traduz em uma diminuição da plasticidade
comportamental, em aumento da vulnerabilidade , em acumulação de perdas
evolutivas e no aumento da probabilidade de morte.
O ritmo, a duração e os efeitos desse processo comportam diferenças individuais e
de grupos etários, dependentes de eventos de natureza genético biológica, sócio-
histórica e psicológica.
(Referência: Neri, A.L.Palavras-chave em gerontologia. Campinas, SP: Editora Alínea, 2001.)

DEMOGRAFIA
Hoje, o Brasil já pode ser considerado um País envelhecido,
segundo padrões estabelecidos pela Organização Mundial de
Saúde. Portanto, é fundamental que todas as pessoas, e, em especial, os
profissionais de saúde , compreendam o processo de envelhecimento e suas
peculiaridades de forma a direcionar os esforços na construção de um futuro digno
e humano a todos.

O envelhecimento é um processo que se constrói no transcorrer da existência


humana. Não ficaremos velhos aos 60, 70 ou 80 anos, pelo contrário, envelhecemos
a cada dia. Porém, dificilmente isto é aceito pelas pessoas, em virtude de mitos e
estereótipos socialmente impostos que colocam o velho como alguém à parte da
sociedade em que apenas geraria ônus, pois deixou de fazer parte do mercado
produtivo.

Ora, apenas não ficará idoso ou velho, o indivíduo que morrer jovem, o que, sem

8
dúvida, não é anseio das pessoas e tampouco da ciência, que há muito vem
trabalhando para prolongar a existência do ser humano.

GERONTOLOGIA
O termo “gerontologia” foi criado em 1908 por Élie Metchinikoff, (médico russo
radicado em Paris) e significa

O estudo do envelhecimento
Geras: velho, logia: estudo, descrição

GERIATRIA
Este termo foi criado por Nascher médico austríaco erradicado nos EUA.
Geras: velho, latrikos: tratamento

Estudo clínico da velhice

Juntas, a Gerontologia e a Geriatria, garantem ao idoso melhor


qualidade de vida e dignidade.

O Brasil está deixando de ser um país de jovens.


De um lado, verificamos que o número de filhos em cada família está diminuindo e ,
de outro lado, vemos que as pessoas estão vivendo mais tempo.

O fenômeno de envelhecimento ocorre em quase todo o mundo, mas no Brasil


verificamos suas características próprias, diferentes do envelhecimento de outros
países. Do ano de 1900 a 1940 temos uma população estável em termos de
nascimentos e óbitos, isso significa, muitas pessoas nascendo e muitas pessoas
morrendo, fazendo com que a população permaneça jovem (Gráfico 1). Nos anos de
1940 a meados de 1960 a população mantém estável e com a mesma proporção
etária..... A partir de meados de 1960 temos uma diminuição de nascimentos na
população, iniciando o marco do envelhecimento no Brasil (gráfico 3). A partir daí,
as perspectivas para o ano de 2025 é que tenhamos de 32 a 33 milhões de pessoas
com mais de 60 anos (gráfico 4) e que em 2080 a população se estabilize, chegando
a quase igualar o número de jovens com o de idosos (Gráfico 5). O gráfico 6 nos

9
mostra o perfil geral dos anos de 1940 a 2025 e o marco do envelhecimento a partir
de 1960 quando o número de jovens até 14 anos começa a diminuir e o número de
idosos acima de 60 anos começa a aumentar.

Gráfico: 1
BRASIL PERÍODO: 1900 A 1940
Gráfico da percentagem da população de jovens e
idosos, no Brasil , entre os anos de 1900 a 1940.

50

(%) 45% 2.5%


0
1 2

Legenda:
1- Jovens, menores de 15 anos 2- Idosos

Fonte: Flávio Chaimowicz - A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI: problemas,
projeções e alternativas, Rev. Saúde Pública, 31 (2): 184-200, 1997

Gráfico: 2
BRASIL PERÍODO: 1940 A 1970

Gráfico da população idosa e jovem no Brasil, no período de


1940 a 1970

50
Legenda:
40 45% 1- Jovens
30 menores que 15
(%) anos
20 2- Idosos
2.5%
10
0
1 2

Fonte: Flávio Chaimowicz - A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI: problemas,
projeções e alternativas, Rev. Saúde Pública, 31 (2): 184-200, 1997

Gráfico: 3
BRASIL PERÍODO: 1970 A 1991

Gráfico da percentagem da população de jovens e


idosos, no Brasil , entre os anos de 1970 a 1991.

Legenda:
40 1- Jovens abaixo de 15 anos
34.77% 2- Idosos
20
% 4.8%
0
1 2

Fonte: Flávio Chaimowicz - A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI:
10
problemas, projeções e alternativas, Rev. Saúde Pública, 31 (2): 184-200, 1997
Gráfico: 4
BRASIL ANO DE 2025

Gráfico da percentagem da população de jovens e


idosos, no Brasil , no ano de 2025.

Legenda:
30
1- Jovens abaixo de 15 anos
23.5% 2- Idosos
20
(%)
10
7.7%
0
1 2

Fonte: Flávio Chaimowicz - A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século


XXI: problemas, projeções e alternativas, Rev. Saúde Pública, 31 (2): 184-200,
1997

Gráfico: 5
BRASIL ANO DE 2080

Gráfico da percentagem da população de jovens e


idosos, no Brasil , no ano de 2080.

20
20%
15 Legenda:
15%
(%) 1- Jovens abaixo de 15 anos
10
2- Idosos
5
0
1 2

Fonte: Flávio Chaimowicz - A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI:
problemas, projeções e alternativas, Rev. Saúde Pública, 31 (2): 184-200, 1997

Gráfico: 6

Fonte:Anuário Estatístio do Brasil (1981) e United Nations (1985)

11
A principal característica do crescimento da população de idosos do Brasil é a
rapidez com que ela se dará!

O envelhecimento da população (índice de envelhecimento) em 1960 era de 6,4%


alcançando 13,9% em 1991. Isso significa aumento superior a 100% em apenas 3
décadas.

O envelhecimento está acontecendo de forma acelerada!

•França : 115 anos transcorrerão antes que a proporção de idosos duplique;


•Suécia : 85 anos transcorrerão antes que a proporção de idosos duplique;
•Estados Unidos : 66 anos transcorrerão antes que a proporção de idosos duplique;

Brasil : 30 anos transcorrerão antes que a proporção


de idosos duplique.

Entre os anos de 1960 a 2025, O Brasil deverá passar de 16° para 6 ° posição
mundial em termos de números absolutos de indivíduos com mais de 60 anos!

O envelhecimento da população em um país mostra sinal de


desenvolvimento?

De certa forma podemos dizer que em algum setor houve uma melhora, mas a
dificuldade que enfrentamos atualmente com envelhecimento brasileiro ocorre
devido ao fato de que nos países desenvolvidos, o envelhecimento foi acompanhado
pela ampliação da cobertura dos sistemas de proteção social e melhorias das
condições de habitação, alimentação, trabalho e saneamento básico. Enquanto, no
Brasil, o declínio da mortalidade foi determinado mais pela ação médico-sanitária do
Estado que por transformações estruturais que pudessem se traduzir em melhoria
da qualidade de vida

12
O idoso tem a tendência a apresentar proporcionalmente mais episódios de doenças
que a população em geral, episódios estes em sua maioria crônicos. Estes fatos
oneram o sistema de saúde, já que o custo médio do cuidado para com o idoso é
bem maior do que em qualquer outra idade.

Torna-se mais que necessário…

Que a sociedade tome consciência dessa série de problemas e que as autoridades


competentes, de forma justa e democrática, encontrem os caminhos que levem a
igualdade nos serviços e facilidades para esse grupo populacional.

Após tantos esforços realizados para prolongar a vida humana, seria


lamentável não se oferecer condições adequadas para vivê-la!

13
À medida que a população aumenta e envelhece, o número de inativos (pessoas
que não trabalham) também cresce, levando á diminuição dos recursos do Estado
destinados ao amparo à velhice. Assim, se aposentar em países subdesenvolvidos
passou a significar sofrimento, pobreza e desesperança, como observa B.L Strehler:

“os problemas sociais e econômicos de um mundo em que as pessoas podem


chegar aos 120 anos ou mais, farão os problemas da poluição do ar, da água e da
crise energética parecerem um chá das cinco, comparados com os conflitos
gerados por esta imensa quantidade de pessoas idosas em uma sociedade
despreparada para recebê-las”. (apud JORDÃO NETTO, 2000:67).

Assim, uma das características marcantes da população que envelhece no Brasil é a


pobreza. Aposentadorias e pensões constituem a principal fonte de rendimentos da
população idosa, mas, em conseqüência do baixo valor dos benefícios, alguns
brasileiros, com 60 anos ou mais, ainda se mantêm em atividades produtivas. O
retorno ou a permanência no mercado de trabalho, no entanto, se dá, sobretudo no
mercado informal, em atividades mal remuneradas e com jornadas de trabalho
extensas.

A situação ainda se agrava pelo fato de que o envelhecimento, em condições de


trabalho, moradia e alimentação adversas, se associa com maior freqüência às
doenças e dependência seja física mental ou social.

No Brasil, o suporte de apoio informal provido pela família parece, ao nosso ver, ser
a base principal do apoio potencialmente oferecido ao idoso formando assim um
tripé de apoio: família-comunidade-Estado.

No país, existem diversos sistemas previdenciários. Em algumas categorias, o


aposentado continua a receber uma importância mensal muito próxima ao salário
que recebia durante a época que exercia sua profissão. Mas a aposentadoria pública
representa um triunfo duvidoso dos assalariados, após longos e exaustivos anos de
labuta. O primeiro ponto negativo é o fato de a grande maioria dos chamados
“beneficiários” passarem a receber recolhimentos inferiores aos que recebiam

14
enquanto trabalhavam.

Este aspecto tem influência direta sobre a vida social do aposentado, pois, se seus
recursos financeiros diminuírem sensivelmente, diminuirão também as possibilidades
de freqüentar os mesmos grupos sociais, as chamadas “rodas de amigos”. O
aposentado não terá recursos para manter os relacionamentos que lhes eram
assegurados na participação no mesmo ambiente social. Assim, o momento da
aposentadoria significa o definitivo afastamento de um grupo freqüentado durante
longos anos. A aposentadoria, entendida como um direito conquistado pelo
trabalhador pode se apresentar como um período de desvalorização pessoal.

Além disso, o indivíduo perde o seu referencial de trabalho, ou até sua própria
identidade. Passa, então, a se sentir deslocado e tem forte propensão á depressão,
ao abatimento moral, trazendo conseqüências sérias para sua saúde física e mental.

Outro ponto desfavorável em relação a esta aposentadoria é o fato de que ao se


retirar da atividade produtiva o idoso aumenta a sua disponibilidade de tempo. E o
como se ocupar nas 24 horas do dia transforma-se em um grave problema. Muitos,
ainda, se perguntam: será que com a chegada da aposentadoria, todos os dias
serão iguais aos domingos?

Outra conseqüência do excesso de tempo disponível é o aumento do convívio com


os familiares. Este fator pode interferir negativamente nas possibilidades de uma
satisfatória aposentadoria.

Outro motivo pelo qual a aposentadoria aparece sob forma pouco atraente está no
sentimento, por parte do idoso, de ela constituir obrigatoriamente a última etapa da
vida. Quando este sentimento se apodera dos aposentados, a aposentadoria se
transforma em castigo ou punição, que pode apressar o fim deste período da vida.

Assim, para se prevenir este inevitável vazio criado com o ingresso na


aposentadoria, cabe ao aposentado descobrir novas atividades e novos interesses,
compatíveis com suas reais possibilidades. Ficar despreocupado em relação a esta
situação, é a mais negativa das soluções, pois o ócio leva ao tédio, ao desinteresse,
ao isolamento e , muitas vezes, à depressão.

15
O Idoso precisa, portanto, encontrar algo que o ocupe e o interesse. Alguma coisa a
que se entregue com alegria e entusiasmo. Algo em que sinta útil e que reverta em
seu próprio benefício.

Vale lembrar ainda, a importância e significado das atividades culturais no cotidiano


do idoso pois o declínio mental não acompanha necessariamente a diminuição das
forças físicas e a capacidade intelectual, quanto mais trabalhada, muitas vezes se
aprimora com o passar do tempo. É importante, portanto, que o idoso fuja da inércia
social, integrando-se em grupos que visam ao seu desenvolvimento.

16
4.1 – AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA
A autonomia é meta primordial do desenvolvimento humano.
Depender dos outros na vida adulta é algo rejeitado e temido pela
maioria das pessoas, principalmente quando a dependência física
é acompanhada por perda da capacidade de decidir por e para si
próprio, que configura incapacidade cognitivo-emocional.

AUTONOMIA
Autonomia: capacidade de decisão, de comando.

INDEPENDÊNCIA
Independência: capacidade de realizar algo com os seus próprios meios.

A dependência na velhice pode estar ligada a um ou vários elementos:

 Aumento de perdas físicas;


 Agravamento de problemas de saúde já existentes e doenças típicas da
velhice podem ir aparecendo;
 Aumento da pressão exercida por pequenos ou grandes eventos estressantes
da vida cotidiana
 Por exemplo: conflitos e contratempos domésticos, assim como perda dos
pais e divórcio dos filhos.
 O ambiente pode impor barreiras arquitetônicas e ergonômicas, ou não
proporcionar equipamentos que ajudem o idoso a adaptar-se a um ambiente
que não foi construído por ele.
 Medicamentos ou doses inadequadas podem induzir idosos a inatividade e a
apatia.
 As práticas sociais discriminatórias em relação ao idoso podem restringir
substancialmente sua autonomia e independência por fazerem dele um ser
mais pobre, desamparado, doente, frustrado, ressentido e desesperançoso.

17
Exemplo dessas práticas:
 Recusar emprego ou demitir;
 Tratar como incapaz;
 Restringir salários e benefícios;
 Tratar de modo desrespeitoso ou infantilizante;
 Dificultar o acesso a serviços de saúde.

Idoso dependente é aquele que necessita de ajuda para sobreviver ou para se


manter em seu dia-a-dia.

necessidade de um cuidador

4.2- LAZER E OCUPAÇÃO DE TEMPO LIVRE


Há um período da vida onde o tempo livre acontece: é na aposentadoria e/ou com o
avançar da idade. Na velhice e com a aposentadoria, o indivíduo deixa o trabalho
remunerado, mas a necessidade do fazer continua, existe a necessidade de
transformar o tempo livre em apenas uma opção.

O preencher o tempo livre de forma saudável tem um significado muito importante


para o idoso, mesmo com as dificuldades que impedem e/ou bloqueiam o
desempenho natural do fazer, como: fatores físicos, psicoemocionais (nesse período
são muito freqüentes problemas de depressão e solidão), problemas familiares,
fatores sociais etc.

Não importa se o idoso está doente ou saudável, é preciso mantê-lo ativo,


favorecendo assim sua qualidade de vida dentro dos seus limites de autonomia e de
independência. Se o idoso for portador de doença de Alzheimer, por exemplo, é
preciso saber que a compreensão e tolerância do paciente são limitadas, ele exige
mais atenção, além de tem tendência a reações catastróficas, podendo ter
alucinações, delírios, confusões etc.

18
É importante o idoso realizar atividades que
tenham significado para ele, satisfazendo suas
necessidades como: afeto, carinho, realização pessoal,
lazer dentre outras. Seria também importante que essas
atividades, sejam, além de significativas para o idoso,
proporcionadoras de estimulação física, cognitiva e
social, estimulando vários aspectos da saúde.

O lazer é muito importante para o idoso porque este é justamente a pessoa que
ultrapassou a fase em que o trabalho ocupava grande parte ou a maior parte de seu
tempo.

É preciso usar da criatividade para estabelecer atividades diversificadas e que


atinjam vários objetivos.

ATIVIDADES:
Auxiliam na manutenção e melhora das capacidades físicas, mental,
social e melhora a qualidade de vida do idoso.

As atividades possuem
como características: Ócio:
Estabelecimento de rotina, Leva ao tédio
Expressão e comunicação Pode ter uma causa de medo da frustração
(desenho, pintura), por várias tentativas sem resultado
Interação social, Esquecimento
Proporciona prazer, Imobilidade
Bem-estar físico, Doenças
Acalma, Perdas das habilidades
Organiza o mental, Dependência
Preenche o tempo livre. Perda da autonomia

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Tipos de atividades:

 AVD (atividades de vida diária)


 AIVD (atividades instrumentais de vida diária)
 Físicas /recreativas : Movimentos rítmicos (balançar, embalar), Caminhada,
ginástica, dança , esportes em geral
 Sociais : Contato com as pessoas, receber amigos, “sair de casa”
 Cognitivas : Jogos de memória, ditado, copiar receitas, escrever cartas, ler
livros, assistir filmes, “estimulação sensorial (tato,paladar, visão audição)”
 Espirituais : Ir à missa, rezar, meditar, assistir à missa na TV
 Criativas /recreativas : Trabalhos manuais, artesanato, argila, pintura,
costura, crochê, tricot….
 Laborais (trabalho)
 Familiares / atividades domésticas

Seguem abaixo alguns exemplos de atividades :


 Atividades físicas: Caminhadas, exercícios na água,
danças.
 A música sempre pode ser utilizada pois desperta o interesse e faz com que a
pessoa se recorde de boas lembranças.
 Assistir a filmes e à televisão.
 Leitura em geral.
 Escrever: atividade que vai estimular as funções cognitivas desgastadas nessa
idade. Caso o idoso não saiba ler e escrever, é importante que haja o incentivo e a
ajuda no desenvolvimento destas atividades.
 Atividades domésticas.
 Cuidar de animais de estimação.
 Conversar: encontrar com pessoas, trocar informações .

Cabe ao cuidador a responsabilidade de descobrir junto com o idoso as atividades


significativas para ele. A participação social é uma necessidade, e, a qualidade
desta inserção constitui um elemento fundamental da vida humana.

Toda a sociedade (família, comunidade e Estado)


deve unir-se para atender o idoso
para evitar sua exclusão social e
conseqüentemente seu isolamento.

20
A compreensão da política a respeito dos problemas dos idosos é relativamente
tardia. No início dos anos 70 profissionais da área de envelhecimento começaram a
se mobilizar e conscientizar as áreas governamentais nos Estados e em Brasília.
Estes atos culminaram em 1976 ao primeiro seminário Nacional de Estratégias de
Política Social do Idoso , com inúmeras contribuições de profissionais que atuavam
na área. Infelizmente, nos governos de Geisel, Figueiredo e Collor, não foram dados
passos para nenhuma implementação e continuação dessas discussões sobre o
idoso. Somente após a saída do Collor e sua substituição pelo vice-presidente
Itamar Franco começaram a estabelecer diretrizes. Em 4 de Janeiro de 1994, se
estabeleceu a Lei 8.842 da Política Nacional do Idoso – e, pela primeira vez, se
viram efetivamente contemplados os direitos dos idosos de forma abrangente. Esta
lei envolveu todos os segmentos das esferas federal, estadual e municipal com o
objetivo de garantir o bem-estar físico, emocional e social dos idosos em todo
território nacional, também estabelecendo como pessoa idosa aquela acima de 60
anos de idade

Uma das diretrizes da Política Nacional do Idoso propõe o apoio à formação de


cuidadores formais que deverão ser qualificados por profissionais da saúde,
garantindo a formação de pessoas que prestarão um serviço eficiente e responsável
em domicílios, pois, preferencialmente, é no âmbito familiar que o idoso deverá ser
acolhido e cuidado.

LEIS ESPECÍFICAS PARA A PESSOA IDOSA:

 Constituição Federal de 1988 – Art. 230:


“A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-
estar e garantindo-lhes o direito à vida”.

 Portaria 810 / 22/09/1989


Aprovou normas e padrões para o funcionamento das instituições que atendem
idosos: asilos, casas-lar, hospital-dia, etc.

21
 Política Nacional do Idoso – Lei nº 8842/1994
Envolve as esferas: federal, estadual e municipal, garantindo o bem estar físico,
emocional e social do idoso em todo território nacional.

 Portaria 703/GM – 16/04/2002


Em outro desdobramento, a Política Nacional do Idoso criou o Programa de
Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer ( Portaria 703/GM,16/04/2002)
instituída no âmbito do SUS que define as funções dos Centros de Referência em
Assistência à Saúde do Idoso, responsáveis pelo diagnóstico da doença, tratamento
com distribuição gratuita de medicamentos, acompanhamento aos pacientes, e
orientação a familiares e cuidadores.

 Estatuto do Idoso – Lei nº10741/2003


Visa o resgate, a inclusão e a participação ativa do idoso na sociedade.

 Conselhos Nacional, Estadual e Municipal do Idoso


Composto por representantes dos órgãos públicos de organizações representativas
da sociedade civil ligadas à área. A esses conselhos compete a formulação,
coordenação, supervisão e avaliação da Política Nacional do Idoso.

Estatuto do idoso:
O estatuto do Idoso foi fruto da organização e mobilização dos aposentados no país,
resultando de uma grande conquista para a população idosa e a sociedade. Ele é o
reconhecimento jurídico e formal dos direitos individuais, políticos, civis, sociais e
econômicos dos idosos brasileiros.“
O Estatuto foi à demonstração de uma grande vitória, em um país que pouco se faz
em termo de idosos. Agora temos um desafio maior, que é colocar em prática essa
lei.

Estatuto do Idoso: um instrumento importante de garantia dos direitos humanos!


Portanto procure saber mais sobre ele!

22
Atualmente, as instituições que abrigam os idosos sofrem mudanças positivas
asseguradas pelo Estatuto do Idoso com o apoio de órgãos públicos competentes.
Contamos com várias modalidades de atendimento aos idosos, levando-se em conta
cada caso e necessidades específicas. A saber:

INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA:


Com base na Portaria da Secretaria de Assistência
Social, (SAS 73/01), é designada a modalidade de
programa de cuidado ao idoso em regime de internato,
por tempo determinado ou não, sob pagamento ou não,
no caso de instituições filantrópicas/beneficentes,
Casas de Repousos e etc.

CENTRO DE CONVIVÊNCIA:
O atendimento em centros de convivência consiste no fortalecimento de atividades
associativas, produtivas e promocionais, contribuindo para autonomia,
envelhecimento ativo e saudável, prevenção do isolamento social, socialização e
aumento da renda própria. É o espaço destinado à freqüência dos idosos e de seus
familiares, onde são desenvolvidas, planejadas e sistematizadas ações de atenção
ao idoso, de forma a elevar a qualidade de vida, promover a participação, a
convivência social, a cidadania e a integração intergeracional.
Público Alvo: idosos autônomos, com 60 anos ou mais e seus familiares.

CENTROS–DIA:
Criados para o grupo de pessoas que não apresentam incapacidades severas, os
centros-dia garantem apoio às famílias assumindo os
cuidados durante 8 a 10 horas por dia, com propostas de
atividades e práticas que constituem em um estímulo e
socialização, evitando a solidão, a depressão e o isolamento
comunitário. O atendimento em centro-dia é uma estratégia
de atenção integral às pessoas idosas que, por suas
carências familiares e funcionais, não podem ser atendidas em seus próprios

23
domicílios ou por serviços comunitários. Proporcionando o atendimento das
necessidades básicas, o atendimento mantém o idoso junto à família, reforça o
aspecto de segurança, autonomia, bem-estar e a própria socialização do idoso.

O atendimento é caracterizado por ser um espaço para atender idosos que possuem
limitações para a realização das Atividades de Vida Diária (AVD) e que convivem
com suas famílias, mas, porém, não dispõem de atendimento de tempo integral, no
domicílio.

Os centros-dia podem funcionar em espaço especificamente construído para esse


fim, em espaço adaptado ou juntamente a um programa em Centros de
Convivências desde que disponha de pessoal qualificado para o atendimento
adequado.

Objetivos: prestar atendimento de atenção aos idosos, nas áreas de assistência,


saúde, fisioterapia, psicologia, atividades ocupacionais, lazer e apoio sócio-familiar
de acordo com as necessidades dos usuários, visando à melhoria de sua qualidade
de vida e integração comunitária. Também tem como objetivo oferecer um apoio ao
cuidador do idoso, que, por muitas vezes necessita de trabalhar, bem como de
cuidar de suas próprias necessidades, mas, sem que haja prejuízo no atendimento
ao idoso sobre a responsabilidade do Centro-dia.

Público Alvo: Idosos dependentes e semi-dependentes que não tem condições de


permanecerem sozinhos em seu domicílio e necessitam de cuidados médico e
sociais.

CASA-TRANSITÓRIA:
Trata-se de um serviço em regime temporário, público ou privado, de atendimento ao
idoso dependente e semi-dependente, que necessite de cuidados biopsicosociais
sistematizados, no período máximo de 60 dias.
Objetivos:
 Oferecer ao idoso dependente ou semi-dependente local de moradia provisória
adequada às suas condições funcionais.
 Oferecer cuidados de saúde segundo a necessidade específica apresentada pelo
idoso.
 Prestar serviço especializado de reabilitação a este idoso, incluindo a preparação
24
para o retorno a seu domicílio ou outro encaminhamento.
 Oferecer a família, que cuida do idoso dependente ou semi-dependente, a
oportunidade de suspensão temporária dessa sobrecarga face á situação de
vulnerabilidade do idoso.
 Orientar e preparar a família ou o cuidador do idoso para recebê-lo, assim que este
obtiver alta na residência temporária e após prestar-lhe os cuidados necessários,
bem como estudar a possibilidade de adaptação da casa onde reside o idoso
recuperado.

Público Alvo: o idoso que recebeu alta hospitalar, mas não atende aos critérios de
elegibilidade para a assistência domiciliar e o idoso que pertence a uma família que
se encontre em situações de vulnerabilidade e de sobrecarga física, problemas
financeiros ou ainda emocionais como: situações de doença, estresse e falecimento
do cuidador, em que nestes casos deverá ser identificada necessidade da
internação em casa transitória e também a possibilidade de suspensão temporária
dos cuidados ao idoso no próprio domicílio.

HOSPITAL:
Presta atendimentos em diversas especialidades médicas
e é referência para atendimentos de urgência e emergência.

O Pronto Atendimento do hospital conta com uma equipe em


plantão permanente constituída por profissionais de diversas
especialidades que dão cobertura nas mais diferentes áreas.

A unidade dispõe de sala de emergência para atendimento imediato


de pacientes em estado grave, sala de procedimentos cirúrgicos ambulatoriais além
de consultórios e leitos de observação. A unidade ainda dispõe de serviço de
remoção e ambulância UTI, (Unidade Intensiva de Tratamento), Móvel, para
remoção do pacientes.

POSTO DE SAÚDE:
Conjunto de unidades de atendimento do SUS, (Serviço Único de Saúde),
subdivididas por regionais. Realiza atividades específicas de vigilância à saúde em
seu território e de atenção à demanda espontânea, através de consultas agendadas
somente para os pacientes cadastrados naquela região e também da marcação de
25
exames e encaminhamentos a outros estabelecimentos de saúde quando
necessário. Atendendo aos princípios do S.U.S, a rede básica responde pela
prevenção de agravos, principalmente através de visitas em domicílio e de ações
coletivas.
ATENDIMENTO DOMICILIAR:
O atendimento domiciliar, é aquele prestado à pessoa idosa com algum nível de
dependência, com objetivo de promoção da autonomia, permanência no próprio
domicílio, reforço dos vínculos familiares e de vizinhança. Caracteriza-se em ser um
serviço de atendimento público ou privado em domicílio às pessoas idosas através
de um programa individualizado, de caráter preventivo e reabilitador, no qual se
articulam uma rede de serviços e técnicas de intervenção profissional focada na
saúde pessoal, saúde doméstica, de apoio psicossocial e familiar e interação com a
comunidade. Pode ser de natureza permanente ou provisória, diurno e/ou noturna,
para atendimento de idosos com ou sem recursos, e mantendo ou não vínculo
familiar.

Objetivos:
 Prestar, no próprio domicílio, atendimento ao idoso dependente e
semi-dependente, otimizando recursos humanos e materiais da
rede de serviços locais.
 Reforçar a capacidade do idoso para a sua integração em
atividades culturais, vocacionais e lúdicas, preservando o vínculo
familiar e integração comunitária.
 Aumentar a autonomia do idoso para que este possa permanecer vivendo em sua
residência por maior tempo possível.
 Manter a individualidade do idoso adaptando com flexibilidade as peculiaridades
concretas do ambiente onde será dada a intervenção.
 Respeitar a memória física e afetiva da pessoa idosa, buscando sua autonomia.
 Prevenir situações de carência que aprofundam o risco da perda de
independência. - Criar ou aprimorar hábitos saudáveis relativos á higiene e
alimentação e prevenção de quedas e acidentes.
 Reforçar os vínculos familiares e sociais.
 Recuperar capacidades funcionais perdidas para as atividades de vida diária.
 Prestar atendimento especializado de saúde.

Público Alvo: idosos dependentes e semi-dependentes.


26
Institucionalizar significa colocar alguém aos cuidados de uma instituição seja ela
pública, privada, ou filantrópica.

O Hospital Salpétriére, em Paris, pode ser considerado o primeiro estabelecimento


geriátrico, abrigando em torno de três mil idosos. Antes, eles eram abrigados
indiscriminadamente com crianças, doentes mentais, mendigos e desempregados.

Hoje, os asilos são denominados instituições de longa permanência (ILP) e contam


com órgãos e entidades para averiguar, fiscalizar e monitorar os procedimentos e
condutas adotadas pelos estabelecimentos geriátricos. Dentre eles estão a
Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos dos Idosos, o Conselho Municipal do
Idoso, a Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso e a Vigilância Sanitária
Municipal.

A palavra asilo tem um peso considerável, e, para camuflá-lo, o apelidamos de “lar”,


“casa”, “recanto” ou “cantinho”. A imagem dos asilos também está associada ao
abandono, pobreza e rejeição familiar. Mas, a origem da palavra diz respeito a
refúgio, que tanto pode significar proteção, quanto “tirar de circulação”.

O asilo tem uma função social importante, que é a de acolher idosos que não têm a
quem recorrer. Não se trata simplesmente de “exorcizar” o asilo, mas, de supri-lo da
melhor maneira possível para que este possa cumprir de forma digna e humana, o
seu papel.

Todos os funcionários e dirigentes de instituições geriátricas devem estar


sensibilizados e adequadamente preparados para exercerem suas
funções. Essa capacitação não deve se restringir à aquisição de
técnicas e conhecimentos. É necessária uma capacitação humana
que implique em sensibilidade para com o sofrimento alheio,
determinação frente às adversidades, força para combater a
acomodação e coragem para buscar e implementar mudanças.

27
As instituições tendem a priorizar o atendimento às necessidades de alimentação,
higiene e acomodação, cuidados, obviamente, imprescindíveis, mas que são
insuficientes para aplacar a fome de contato, o desejo de “pertencimento”.

Quando o idoso é institucionalizado, ele sofre um processo de perda de identidade,


bem como um rompimento de vínculos e laços sociais. Há uma alteração em sua
trajetória que irrompe por caminhos desconhecidos. Esta nova experiência é de
difícil elaboração; elaboração que muitas vezes não se estabelece.

MOTIVOS QUE LEVAM À INSTITUCIONALIZAÇÃO:

 O idoso encontra-se sem condições de morar sozinho.


 Morava “de favor”.
 Medo de morrer só.
 Necessidade de cuidados médicos.
 Medo de ser assaltado.
 Incompatibilidade com noras, genros, filhos ou sobrinhos.

Os idosos podem chegar ao asilo pelas “próprias pernas” (o que não é tão raro), ou
podem ser conduzidos (muitas vezes, sem saber para onde estão indo). A
adaptação a essa nova realidade poderá ou não ocorrer dependendo do papel que a
instituição representará em sua vida: segurança? Apoio? Tensão? Medo? O
ambiente é acolhedor, ou repressor? O idoso é criticado, ou valorizado? Sua voz
pode ser ouvida, ou é silenciada?

A chegada de um idoso à instituição não pode ser meramente contabilizada, mas ela
deve apontar para o fato de que mais um idoso necessita ser escutado, de que mais
um idoso necessita ser respeitado e que este “mais um”, é único em relação à
construção de sua história. Existe, pois, o desafio de se conciliar regras, rotinas e
regulamentos institucionais sem uniformizar-se o sujeito, sem violar identidades.
Afinal, não se pode padronizar o desejo. É necessário flexibilizar condutas,
balancear limites e restrições, preservar e resguardar a liberdade.

Tudo isso exige um processo de reestruturação, que deve ser amplo, abrangendo
diversas instâncias. Na verdade, esse processo já foi iniciado, porém, precisa
avançar bastante.

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As instituições além de oferecerem abrigo para corpos cansados, precisam
apaziguar corações desencantados. Precisam constituir-se em espaços que
promovam a convivência, a integração e a inclusão social.

É preciso demolir a idéia de que idosos asilados “vivem” devido à benevolência das
instituições filantrópicas. Na verdade, eles sobrevivem, fortalecidos pelos resquícios
de dignidade que ainda carregam dentro de si.

Quem quer que assuma a tarefa de cuidar de idosos, tem de estar ciente do
tamanho desta empreitada: promover o bem estar físico, psíquico e social dos
idosos, ou seja, “há que se cuidar da vida”.

A sociedade não pode manter-se indiferentemente e alheia àqueles que,


anonimamente, ajudaram a construí-la. Os velhos não podem ser “guardados”,
escondidos, esquecidos. É preciso que a sociedade os veja e lhes restitua o seu
valor social. Poderemos assim, incitá-los a experenciar novamente um sentido para
a própria existência.

Asilo hoje: Instituição especializada que a partir de 1964


definiu-se como instituição gerontológica. Tem por objetivo funcionar
como uma unidade onde a vida é valorizada e a dignidade
do idoso é reconhecida até no leito de morte.

29
Imagine como seria a vida se não houvesse a
comunicação? A comunicação é essencial para a nossa
vida, e, é a partir da linguagem que nos relacionamos
com o mundo, sendo capazes de transmitir informações,
opiniões e partilhar sentimentos, desejos.

A linguagem falada é a forma de comunicação mais utilizada, sendo um ato social


fundamental em nossas vidas.

No idoso, a comunicação constitui um elemento importante para a manutenção da


independência e autonomia, por isso, as dificuldades de comunicação podem causar
um impacto psicossocial importante: isolamento, depressão, embaraço, medo, raiva
e frustração.

É impossível descrever a necessidade imensa que têm as pessoas de serem


realmente ouvidas, levadas a sério, compreendidas.

CONCEITO DE COMUNICAÇÃO:

A palavra Comunicar, vem do latim comunicare, isto é, tornar comum, fazer saber.

Comunicação - é a transferência de informação entre, no mínimo, dois pontos. Isto


pressupõe que, de um lado há geração de informação-fonte (F) - e, de outro, há a
recepção desta informação- desinatário (D).

Informação
F D

FORMAS DE COMUNICAÇÃO:
 Falas;
 Gestos;
 Sinais (desenho, escrita);
 Olhares;

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 Toques;
 Expressão facial;
 Linguagem corporal.

GUIAS PARA MELHORAR A COMUNICAÇÃO:

 Ouça com atenção;

 Se for necessário, repita a mensagem e não demonstre impaciência;


 O tom de sua voz e a sua expressão facial é tão importante quanto as
palavras que você vai usar;
 Dê uma atenção especial para as pausas, entonação de voz, e ritmo
da fala;
 Trabalhe a motivação e a auto-estima;
 Adeque seu vocabulário a cada idoso;
 Faça afirmações resumindo as declarações do falante;
 Evite as correções;
 Durante as conversas, tente ignorar os ruídos de fundo;
 Fale devagar e use palavras ou construções simples. Não espere uma
resposta rápida. Dê tempo a pessoa para processar a informação
(principalmente idosos portadores de demência);
 Ao falar, fique na frente da pessoa em seu campo visual;
 Não inicie uma conversação abordando a pessoa por trás;
 Use um tom de voz normal e agradável, não aumente o volume da voz,
ao menos que o idoso não escute direito (o grito não favorece a
comunicação);
 Monitore sua linguagem corporal;
 Toque é uma forma de comunicação.Use-o para demonstrar carinho;
 Acima de tudo, mantenha-se calmo;
 Procure locais tranqüilos e iluminados para conversar;
 Evite expressões abstratas e, ou, complexas;
 Use humor , porém de maneira apropriada;
 Ria com o idoso e não do idoso;
 Se não for compreendido, tente falar de outra maneira;
 Não desista nunca.

31
A maneira como nos posicionarmos frente ao idoso irá determinar a
construção (ou não ) , de um vínculo que possibilite intervenções realmente
afetivas.

ATITUDES FACILITADORAS:

 Preservar a identidade.
 Saber ouvir.
 Observar.
 Acolher.
 Motivar.
 Conhecer a história pessoal.
 Respeitar a privacidade.
 Preservar a dignidade.
 Ter empatia.
 Ter autocontrole.
 Transmitir tranqüilidade e confiança.
 Informar, orientar e esclarecer.
 Estimular a expressão dos sentimentos.
 Desenvolver potencialidades.
 Valorizar esforços e tentativas.
 Ter afetividade, bom humor, paciência.
 Não julgar

Determinados comportamentos dificultam o verdadeiro contato com os idosos,


dentre eles:

 Infantilização
 Superproteção
 Paternalismo
 Compaixão
 Automatismo
 Autoritarismo

Devemos estar atentos para que estas condutas não façam parte do dia-a-dia dos

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idosos, dificultando o crescimento pessoal dos mesmos.
FISICAMENTE : O QUE PODE DIFICULTAR A COMUNICAÇÃO DO IDOSO?

PRESBIFONIA
A Presbifonia são as alterações fisiológicas vocais normais que ocorrem com o
envelhecimento.
Fatores que influenciam a presbifonia
 Saúde física e psicológica.
 Tipo de profissão.
 Cuidados tidos com a voz durante toda vida.

Que alterações ocorrem com a voz?


 Alteração da qualidade vocal.
 Há uma tendência dos homens ficarem com voz mais aguda (fina) e nas
mulheres a voz mais grave (grossa).
 Aumento do grau de nasalidade e redução na intensidade da fala,
dificultando o volume e projeção vocais.
 Redução dos tempos máximos de fonação, gerando frases mais curtas e a
necessidade constante de recarga de ar.
 Aumento das pausas articulatórias e redução na velocidade da fala.
 Voz monótona
 Voz trêmula

Diagnóstico diferencial
Diante de um quadro de alterações vocais em um idoso, não devemos apenas
pensar na presbifonia mas devemos pesquisar a causa do distúrbio. As alterações
vocais podem ser sinais de:
 Psicopatologia - questões de ordem emocionais.
 Doenças neurológicas como: Doença de Parkinson. Esclerose Lateral
Amiotrófica (ELA), Doença de Alzheimer(DA), A.V.E. e etc.
 Câncer na região cervical.
 Refluxo gastroesofágico.
 Distúrbios vocais.

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PRESBIACUSIA
A presbiacusia é o decréscimo fisiológico da audição com o aumento da idade.

Fatores que influenciam a presbiacusia


 Exposição do ouvido a ruídos intensos.
 Uso indiscriminado de medicamentos.
 Tensão diária.
 Doenças.
 Atividade profissional.
 Cuidados com o ouvido durante a vida.

Principais implicações da presbiacusia no idoso


 Alterações na percepção da fala.
 Alterações psicológicas: depressão, embaraço, frustração, raiva e medo.
 Incapacidade auditiva.
 Isolamento social.
 Problemas de alerta e defesa - percepção de perigos.
 Dificuldades na comunicação

ALTERAÇÕES DE LINGUAGEM
AFASIA
De acordo com Regina Cupello - doutora em Fonoaudiologia - a afasia é uma perda
na capacidade lingüítisca, em diferentes graus de severidade, em conseqüência de
uma lesão cerebral comprovada.
Causas:
 Principal causa: A.V.E
 Tumores.
 Traumatismos.
 Doenças degenerativas.
 Doenças metabólicas, tóxicas ou infecciosas.

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Principais manifestações na linguagem oral:
 Alterações nos aspectos expressivos e receptivos da linguagem.
 Alterações na percepção, compreensão, memória e no processo de
repetição.
 Dificuldades em reconhecer vocabulários.
 Substituição de uma palavra por outra.
 Inabilidade para nomear objetos.

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A importância da família, tanto em relação aos êxitos como às dificuldades da vida, é
reconhecida em muitas épocas e lugares. Ao longo da História, a estrutura familiar
para o idoso lhe foi fundamental em muitos sentidos: do mando e da influência, do
cuidado e da proteção, da aceitação e da valorização social e da sua experiência
acumulada.

As relações familiares são as que o velho vive com mais assiduidade e intensidade!

A família não pode ser analisada fora de um contexto econômico-sócio-cultural. Ela


se estrutura e se organiza conforme as alterações do processo histórico. Cada
família tem uma dinâmica própria que sustenta as relações entre seus membros.
Essas relações são permeadas por encontros, desencontros, conflitos, acordos,
desavenças e alianças.

A estrutura familiar constitui a base da sociedade e a sociedade se alicerça em


valores que sofrem grandes alterações, alterações estas, que não representam
necessariamente uma evolução da humanidade.

Com relação à constituição familiar, há diversos fatores intrinsecamente ligados aos


cuidados com idosos.
As famílias, anteriormente, eram ampliadas, ou seja, tinham
maior número de filhos e agregados havendo, portanto, um
maior número de pessoas que assumiam naturalmente os
cuidados com os idosos. Eles eram considerados guardiões
da sabedoria e zelar pelos idosos era questão de honra e
não um pesado fardo a ser carregado.

As famílias contemporâneas são nucleares, ou seja, basicamente constituídas pelos


pais e filhos. Os laços familiares já não são tão sólidos e novos arranjos são
freqüentes. A família está mais reduzida e as mulheres conquistam cada vez mais o
mercado de trabalho. Não existe mais o movimento natural de acolhimento à velhice.
Essa falta de compromisso é fruto do crescente desinvestimento nas relações e do
investimento maciço na realização e satisfação pessoal.

36
Contudo, quando a inversão de papéis familiares torna-se inadiável, pode ocorrer ou
não o surgimento de um conflito. Uma estrutura familiar equilibrada e sólida inclui
incondicionalmente o idoso em sua configuração, assumindo cuidados sendo um
suporte afetivo, oferecendo segurança, apoio e confiança .

No entanto, existem famílias que não podem assumir os cuidados com os idosos,
não porque os rejeitem, mas por impossibilidade de conciliar o próprio trabalho com
os cuidados intensivos para com os idosos. Neste caso, a família busca a
institucionalização como último recurso. A decisão é impregnada de culpa e dolorosa
para ambos, familiares e idosos. É um momento muito difícil, delicado e
extremamente triste.

Há ainda os casos que culminam com a institucionalização,


porém, sem o suporte familiar necessário. São histórias de
rejeição, abandono e negligência que revelam a face mais triste
da velhice. O idoso freqüentemente é impelido de casa aos
poucos: um olhar enviesado, um gesto brusco, uma palavra mal
dita que vão permeando o seu cotidiano. Assim, o idoso sofre
terrivelmente e seu espaço fica cada vez mais restrito e não há lugar que comporte
seu sofrimento. Acaba por peregrinar de casa em casa, impossibilitado de pousar.

INFORMAÇÕES IMPORTANTES:
 Idoso frágil, família frágil.
 Observar os acontecimentos e as relações dos familiares.
 Nunca utilizar julgamento pessoal.
 Procurar distinguir seus desejos das necessidades reais do idoso.Também
verificar o desejo da família e o desejo do idoso.
 Eleger um familiar para os contatos, esclarecer dúvidas (geralmente é a
pessoa que contratou seu serviço).
 Negociar com a família suas funções e horários de suas atividades,
mostrando a importância de um descanso diário e evitando assumir funções
extras.
 É importante o cuidador cuidar de sua aparência e bem-estar físico: higiene,
vestimenta, hábitos alimentares, preparo físico, sono satisfatório.
 Preparar-se emocionalmente para enfrentar os problemas e mudanças de
humor e comportamento do idoso, sabendo entender seus próprios

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sentimentos e separar seus problemas dos problemas do idoso e da família.

HABILIDADES INTERPESSOAIS

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O CUIDADOR TAMBÉM NECESSITA DE CUIDADOS.
Quanto mais se cuidar, melhor cuidador o indivíduo será.

NECESSIDADES FÍSICAS DOS CUIDADORES :


 Mantenha hábitos alimentares – pelo menos 3 refeições balanceadas por dia.
 Durma de 6 a 8 horas contínuas por noite.
 Pratique exercícios físicos – pelo menos 3 vezes por semana.
 Descanse quando for possível.
 Não descuide da sua saúde.

NECESSIDADES EMOCIONAIS DOS CUIDADORES:


 Observe sinais de ansiedade, depressão, raiva, ou irritação.
 Tente manejar apropriadamente os sintomas de ansiedade, comuns ao
cuidador.
 Procure ajuda profissional, se não conseguir suportar a situação sozinho.
 Converse com amigos íntimos ou familiares sobre seus sentimentos.

NECESSIDADES SOCIAIS:
 Não se afaste dos amigos.
 Tente manter as atividades que são importantes para você (trabalho, esporte,
lazer).
 Saia de casa para atividades sociais, (visitas, cinema, clube, etc.), pelo menos
uma vez por semana.

NECESSIDADES ESPIRITUAIS:
 Reserve tempo para orar, meditar ou relaxar.
 Converse com um líder religioso para falar sobre seus sentimentos.

Explore sua religiosidade, mesmo que não pertença formalmente a alguma


religião.

39
O ESTRESSE DO CUIDADOR
A função de cuidador de idosos é árdua e requer muita paciência, dedicação e
informação. Além de exigir força física, demanda também equilíbrio emocional. Para
se tornar um cuidador é necessário manter os cuidados com a própria saúde física e
mental. O estresse ocorre com freqüência e pode ser gerado por diversos fatores.

FATORES ESTRESSANTES :
 Contato freqüente com o sofrimento.
 Plantão noturno.
 Falta de orientação.
 Vigilância constante.
 Atendimento a pacientes terminais.
 Lidar com pacientes queixosos, hostis, deprimidos.
 Lidar com a intimidade corporal e emocional.
 Sobrecarga.

INDICADORES DE ESGOTAMENTO:
 Irritabilidade, agressividade e hiper-atividade.
 Fadiga, insônia, cefaléia, (dor de cabeça).
 Diminuição do controle emocional e depressão.
 Isolamento social.
 Mau humor, aumento dos problemas conjugais.

SENTIMENTOS COMUNS ENTRE OS CUIDADORES:


 Constrangimento.
 Medo.
 Pesar.
 Raiva.
 Culpa.
 Incapacidade.

PARA REDUZIR O ESTRESSE :


 Compartilhar o cuidado com outros membros da família (ou outro cuidador).
 Contatar grupos de apoio.
 Garantir períodos de descanso.
 Informar-se sobre doenças e condutas.
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 Planejar os gastos financeiros.
 Não reprimir os sentimentos.
 Planejar os cuidados: rotina, tarefas e horários.

CUIDADOR FAMILIAR:

Tornar-se o cuidador familiar parece seguir quatro


regras fundamentais:

1.Parentesco;
2.Gênero;
3.Proximidade física;
4.Proximidade afetiva.

O cuidador familiar quase sempre é do sexo feminino (gênero) e de grau de


parentesco próximo :esposas, filhas, noras, netas.
Portanto com a saída da mulher para o mundo do trabalho em que a renda familiar
depende também de seu salário, dificultou a permanência do idoso em seus
domicílios, principalmente para os semi-dependentes e dependentes. A saída às
vezes encontrada é colocar o idoso em instituições asilares. O cuidado de pessoas
dependentes provoca variados sentimentos e atitudes como: culpa, ansiedade,
depressão, raiva, cansaço, desespero, transtorno do sono, isolamento social, mas
pode também gerar satisfação e orgulho. A família deve procurar ajuda na rede
informal de suporte, (cuidadores qualificados), ajuda profissional, informação e
busca de espiritualidade.

A REALIDADE….
O assumir a tarefa de responsável pelo cuidado não é uma opção, porque em geral,
o cuidador não toma a decisão de cuidar, mas esta se define na indisponibilidade de
outros possíveis cuidadores ...

…e assim percebemos que, uma vez assumindo a tarefa do cuidadao, esta


dificilmente é transferível.

Geralmente a função de cuidador é assumida por uma única pessoa, denominada


cuidador principal, seja por instinto, vontade, disponibilidade ou capacidade
(MENEZES,1994).

41
DEFINIR O CUIDADOR FAMILIAR…
Definir quem será o cuidador familiar de um idoso doente no domicílio constitui-se
numa situação em que a família, na maioria das vezes, necessita reorganizar-se e
negociar possibilidades, que incluem identificar, conforme o parentesco, a
disponibilidade de tempo e o desejo pessoal, quem poderá assumir essa tarefa.

SER CUIDADOR FAMILIAR: UMA OPÇÃO OU UMA OBRIGAÇÃO?


A “opção” de cuidar é vista como uma obrigação que está embutida no seu papel de
esposa, estando relacionado ao projeto de vida do casal, já que o casamento se
constitui em um projeto de vida comum que inclui a questão do cuidado pelo outro.

O CUIDAR… NESTE CONTEXTO


 Atividades simples tornam-se árduas para quem nunca
precisou de enfrentá-las;
 O exercício de cuidar se torna difícil pela inexperiência do
cuidador;
 As atividades que podem se tornar mais complexas com a
evolução do quadro de doença do idoso pode exigir cuidado e
habilidade no conhecimento;
 A maioria dos cuidadores referem-se ao aprendizado do cuidado diário como
um aprendizado autodidata;
 Trabalho solitário e gerador de sobrecarga;
 Sobregarda de natureza física, que se expressa em cansaço, insônia e
problemas de saúde;
 Impotência diante da situação, percebendo-a como imutável e, de certa
forma, contribuindo para que se resigne às circunstâncias.

O ESTRESSE DO CUIDADOR FAMILIAR


 Noites mal dormidas, geradas pela preocupação em saber se o
idoso está bem;
 Cotidiano cansativo e repetitivo;
 Nova realidade incorporada ao seu cotidiano, muitas vezes árdua e
desgastante, conforme o que o idoso doente apresenta;
 Não ter autonomia para gerenciar a própria vida e ter que viver em torno do
outro ;

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 Sentindo-se “fraco mentalmente”, referindo-se ao cansaço emocional causado
pelo estresse da responsabilidade de cuidar diariamente do idoso doente;
 Acúmulo de preocupações;
 Além das tarefas caseiras aumentarem, o idoso normalmente precisa ser
auxiliado nos cuidados pessoais ;
 Cansaço ;
 Reestruturação da sua vida, alterando costumes, rotinas, hábitos e até
mesmo a natureza de sua relação com o idoso (NERI, 1993) ;
 Compromisso de administrar medicamentos nos horários corretos ;
 Jornada de trabalho que, muitas vezes, estende-se ao longo do dia e para a
qual não contam com ajuda de outras pessoas .

O ESGOTAMENTO FÍSICO E EMOCIONAL RELATADO PELAS CUIDADORAS,


ESTÁ ASSOCIADO A MÚLTIPLOS FATORES

1. Tarefas dos cuidados,


2. Pressão cotidiana decorrente do próprio estado de saúde do doente, que gera a
dependência física e emocional
3. Falta de ajuda de outros familiares
4. Dificuldades financeiras para a manutenção da própria família
5. Ausência de suporte formal por parte do Estado, como por exemplo, atendimento
domiciliar e medicamentos

Conciliar as atividades domésticas com os cuidados


pessoais e os cuidados ao idoso dependente exige
habilidade na organização do tempo e da execução
dos mesmos.

BENEFÍCIOS DO CUIDADO....

 Crescimento pessoal, senso de auto-realização, senso de significado e senso


de reciprocidade
 Valorização social, satisfação pelo cumprimento de
normas sociais e benefícios às relações familiares
 Resgata o carinho, o amor, as desavenças do
cotidiano e possibilita a retribuição de valores

43
 Revisa relações, redesenhando e fortalecendo seus novos e velhos papéis
 Resgata o carinho, o amor, as desavenças do cotidiano e possibilita a
retribuição de valores

OPÇÕES DE REESTRUTURAÇÃO DA VIDA DO CUIDADOR....


POSSIBILIDADES....

 Redesenhar seu papel em relação às tarefas do cotidiano e do cuidado, que


mesmo sendo conturbado, permite a ele vislumbrar opções de lazer e
descontração.
 Perceber que está vivo, que não está doente e precisa continuar a sua vida
da melhor forma possível (Para não adoecer).
 Vislumbrar opções de lazer e descontração.
 Retomar a atenção para consigo mesmo.

 Dedicar um tempo a si, para que possa manter sua saúde física e mental .

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO CUIDADOR:

1- Tenho direito a cuidar de mim.


2- Tenho o direito de receber ajuda e participação dos familiares, nos cuidados do
idoso dependente.
3- Tenho o direito de procurar ajuda.
4- Tenho o direito de ficar aborrecido, deprimido e triste.
5- Tenho o direito de não deixar que meus familiares e, ou, familiares dos idosos
que cuido, tentem manipular-me com sentimentos de culpa.
6- Tenho o direito a receber consideração, afeição, perdão e aceitação de familiares
dos idosos e da comunidade.
7- Tenho o direito de orgulhar-me do que faço.
8- Tenho o direito de proteger a minha individualidade, meus interesses pessoais e
minhas próprias necessidades.
9- Tenho o direito de receber treinamento para cuidar melhor do idoso dependente.
10- Tenho o direito de ser feliz!

PAPEL E IMPORTÂNCIA DA EQUIPE DOMICILIAR....

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 Colaborar para que o familiar em vez da inexperiência, possa desenvolver
conhecimentos e habilidades para lidar com a demanda de cuidados que a
doença do idoso exige
 Apoiar os cuidadores para sentirem que cuidar não é viver na solidão, nem
perder a liberdade, compreendendo que existe uma equipe de saúde
colaborativa e envolvida nesse processo cuidador - família.
 Apoiar os cuidadores para sentirem que cuidar não é viver na solidão, nem
perder a liberdade, compreendendo que existe uma equipe de saúde
colaborativa e envolvida nesse processo cuidador - família.

45
O envelhecimento representa a conseqüência ou os efeitos da passagem do tempo.
Todas as pessoas, animais e plantas passam por transformações com o passar dos
anos. Essas modificações podem ser consideradas como uma involução (evolução)
que leva a um gradual declínio da performance dos indivíduos, culminando com a
morte.

Envelhecimento Biológico (fisiológico): somatório de alterações orgânicas e


funcionais próprias do envelhecimento normal (senescência).

Envelhecimenento patológico (senilidade): refere-se às alterações resultantes de


traumas e doenças que ocorrem no ciclo vital.

O processo de envelhecimento funcional se inicia geralmente na segunda década de


vida, porém é pouco perceptível. Já ao final da terceira década de vida, surgem as
primeiras alterações funcionais ou estruturais. A partir da quarta década há uma
perda aproximada de 1% da função ao ano, nos diferentes sistemas orgânicos.

Estas alterações fisiológicas possuem um efeito acumulativo e gradativamente vão


diminuindo a reserva funcional do indivíduo comprometendo sua capacidade de
adaptação às modificações do meio interno e, ou, externo.

O envelhecimento é uma progressiva incapacidade de manutenção do equilíbrio


orgânico.

Hereditariedade : é responsável por cerca de 30 a 50% da qualidade de


envelhecimento, dependendo de cada órgão ou sistema. Portanto, se a história

46
familiar é rica em doenças com caráter hereditário como as doenças
cardiovasculares, diabetes mellitus, câncer, depressão, doença de Alzheimer, dentre
outras, a qualidade do envelhecimento dependerá de um esforço maior na
incorporação de hábitos de vida mais saudáveis.

Por outro lado, se a herança é favorável, o estilo da vida saudável otimizará mais
ainda a qualidade do envelhecimento.

ALTERAÇÕES BIOFISIOLÓGICAS OBSERVADAS NO


ENVELHECIMENTO

ALTERAÇÕES ORGÂNICAS :

Composição corpórea – diminuição da água corporal total. A criança possui 70%


de água em sua composição corporal, já o idoso possui 52% . Perdas moderadas
de líquidos, ou a falta da ingestão desses, podem evoluir rapidamente para um
processo de desidratação evidente.
Gordura – Há um aumento de 20 a 30% na gordura corporal total, com tendência a
se acumular na região das nádegas e coxas (aparência de “pêra”) e da
barriga/abdômem (aparência de maça). Além disso, a gordura é responsável por
uma maior parte do peso da pessoa idosa.
Estatura – A estatura mantém-se até os 40 anos, depois diminui cerca de 1 cm a
cada década. Esta diminuição acentua-se após os 70 anos em virtude de:

 Achatamento das vértebras.


 Redução dos discos intervertebrais.
 Presença de cifose acentuada.
 Arqueamento das pernas.
 Achatamento do arco plantar - pé chato ou pé plano.

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Peso – Tendência a diminuir após os 60 anos, em virtude da diminuição da massa
muscular e do peso dos órgãos.

ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS:

São as alterações na face do idoso devido ao crescimento contínuo da


circunferência craniana, nariz e orelha. Ainda, o tórax sofre um crescimento
contínuo considerável.

ALTERAÇÕES TEGUMENTARES:

Pele
 Menor renovação da pele.
 Pele mais fina.
 Diminuição da elasticidade (surgimento de rugas).
 Diminuição da oleosidade da pele.
 Pele mais ressecada (diminuição da produção de suor).
 Surgimento mais freqüente de manchas na pele

Pêlos e unhas
 Diminuição dos pêlos em geral.
 Pêlos em regiões que antes não haviam, principalmente em mulheres (devido
a alterações hormonais).
 Pêlos menos grossos e mais fracos.
 Perda gradativa da cor dos pêlos e cabelos.

 Crescimento mais lento e engrossamento das


unhas.
 Unhas mais secas e quebradiças

48
Boca
 Boca mais seca (diminuição na produção de saliva).
 Diminuição do paladar ( em especial para doces e salgados).
 Diminuição da superfície das gengivas tornando-as mais frágeis e
dificultando a fixação da dentadura.
 Tendência a perda progressiva dos dentes que se tornam mais escuros.
 Diminuição do reflexo de vômito, o que aumenta a possibilidade de
engasgamento.
 Língua: redução das papilas gustativas: comprometento o paladar.
 Alteração das papilas e diminuição nas conduções neurosensoriais: aumenta
o limiar de percepção dos sabores doce e salgado, levando à sensação de
que os alimentos estão amargos e azedos

Olhos
 Mais fundos: diminuição da gordura em volta do olho.
 Surgimento do arco senil ( acumulação de gordura na íris dos olhos formando
um círculo claro na parte externa da íris).
 Diminuição da elasticidade do cristalino, (uma lente do olho), com
conseqüente diminuição da capacidade de focar objetos próximos.
 Diminuição do tamanho da pupila e diminuição da velocidade de resposta à
luz (maior dificuldade de adaptação à diferentes luminosidades)

Ouvidos
 O tímpano torna-se mais espesso.
 Tendência à formação de tampões de cerume (rolha de cera).
 Degeneração do ouvido interno e do nervo auditivo levando a diminuição da
capacidade de ouvir.

Nariz
 Aumento de tamanho (crescimento contínuo).
 Diminuição da capacidade de sentir e diferenciar cheiros.
 Aumento da quantidade e da grossura dos pelos internos.

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SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO :
Diminuição da massa corporal total:

 Diminuição da força e velocidade de contração muscular (lentificação dos

movimentos).
 Aumento da base de sustentação, (a pessoa idosa tende a andar com as
pernas mais abertas).
 Diminuição dos movimentos dos braços ao se movimentar.
 Diminuição da massa óssea, (osteopenia). Esta diminuição aumenta com a
menopausa, (diminuição dos hormônios femininos), podendo chegar á
osteoporose, aumentando a possibilidade de fraturas e deformação das
vértebras (tendência à cifose acentuada).

SISTEMA RESPIRATÓRIO:

 Diminuição dos mecanismos de defesa pulmonar.


 Menor capacidade de absorver o oxigênio do ar.
 Redução do movimento ciliar (acúmulo de muco).

 Estes sintomas levam á diminuição das trocas gasosas, acúmulo de


secreções, dificuldade de tossir e aumento da possibilidade de infecções .

50
SISTEMA CARDIOVASCULAR :

Em repouso, a capacidade do coração de uma pessoa idosa é suficiente, mas


durante o esforço físico pode apresentar sobrecarga, distúrbio que leva ao
comprometimento da circulação sanguínea.
 Coração – Diminuição da força de contração do coração e endurecimento
das válvulas do coração .
 Vasos Sanguíneos – aumento da rigidez da parede dos vasos e
diminuição do calibre de veias e artérias.

SISTEMA GASTROINTESTINAL :

 Lentificação da velocidade de passagem do alimento pelo esôfago, (órgão


que liga a boca ao estômago) .
 Diminuição das substâncias digestivas.
 Diminuição do volume e peso do fígado - alterações no funcionamemto do
fígado afetam o processamento e eliminação de várias substâncias,
inclusive remédios.
 Diminuição da movimentação do intestino.( Maior tendência de intestino
preso)

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SISTEMA RENAL E URINÁRIO :

 Diminuição do tamanho e peso dos rins.


 Diminuição da do processo de filtração nos rins em até 45% entre os 20 e os
90 anos.

SISTEMA GENITAL:

Nas mulheres:
Com a menopausa:
 Diminuição na produção hormonal.
 Diminuição dos pêlos na região genital.
 Distrofia dos grandes lábios, colo uterino e vagina.
 Diminuição dos ovários, trompas e útero.
 Alterações na vagina (mais curta, menos elástica e menos lubrificada)
 Relação sexual tende a ser mais dolorosa para as mulheres.

Nos Homens:

 Aumento no tamanho da próstata: órgão interno presente só nos homens.


 Ereção mais lenta.
 Diminuição da sensibilidade do pênis .
 Diminuição do tamanho do testículo.
 Demora para ejacular.
 Diminuição do volume do esperma.

52
REGULAÇÃO DA TEMPERATURA DO CORPO :

 Sistema de termorregulação: responsável pela capacidade de permitir que o


corpo aqueça e esfrie de acordo com sua necessidade.
 A termorregulação está prejudicada (adaptação ao frio e ao calor)

 Diminuição dos sensores para frio – a pessoa idosa sente menos frio, mas
isso não significa que o frio não esteja sendo prejudicial para ela.
 O corpo da pessoa idosa tem menor capacidade de produzir calor, o que
diminui a resposta do corpo ao frio.
 Hipertermia: alta temperatura corpórea.
 Diminuição da capacidade do corpo da pessoa idosa de transpirar e assim
perder calor.
 Tendência a sentir mais o calor do ambiente e maior risco de desidratação.

Informação importante:
Temperatura axilar maior ou igual a 37,2 graus C ou elevações de 1,1grau C na
temperatura basal independente do local de medição, merecem investigação.
Obs: O processo de febre pode estar ausente em processo infeccioso.
Por outro lado: não é raro o desenvolvimento de hopotermia (temperatura axilar
menor que 35grausC) em resposta à infecção.

SONO E REPOUSO:
 Diminuição do número de horas de sono dormidas.
 Diminuição de 50 % do sono profundo, (o sono que relaxa).
 As pessoas idosas acordam com mais facilidade e demoram mais para
adormecer.

 ENVELHECIMENTO NEUROLÓGICO FUNCIONAL:

 Há uma diminuição do volume do cérebro e da medula espinhal.


 Perda constante de neurônios.
 Diminuição da velocidade da condução dos impulsos elétricos.

53
OBSERVAÇÃO:
O envelhecimento aumenta a vulnerabilidade do organismo às agressões do meio
interno e externo, predispondo às doenças. Praticamente todo idoso apresenta uma
ou mais doenças/ disfunções. O paciente pode conviver bem com suas doenças,
sem que elas afetem a sua qualidade de vida.
Daí o conceito de saúde como algo mais amplo do que simplesmente a ausência de
doenças (OMS, 1947):
“Saúde representa o mais completo estado de bem-estar físico, psíquico e social e
não meramente ausência de doença ou enfermidade ”.

ENVELHECIMENTO PSÍQUICO
 Independe do biológico e da idade.
A busca da maturidade psíquica exige esforço pessoal contínuo, não sendo,
portanto, naturalmente progressivo. O auto-conhecimento, e estudo da estrutura e
dinâmica do psiquismo e os conflitos do cotidiano são indispensáveis para
atingirmos a independência psíquica (sabedoria).
O indivíduo que adquiriu o envelhecimento psíquico, quando se depara com o
aumento da vulnerabilidade biológica e funcional se encontra suficientemente sábio
para aceitar a realidade, tolerar a dor e a perda da independência biológica, pois
seus dispositivos de segurança são cada vez mais eficazes na relação com o
mundo.
O envelhecimento psíquico é a liberdade plena , pois há a compreeção do sentido
da vida (para quê). Os valores que regem a sua vida (filosofia de vida) são cada vez
mais elevados, racionais, enfim inteligentes.

54
Algumas doenças acometem preferencialmente as pessoas idosas e são agravadas
com o processo de envelhecimento. Nos próximos capítulos desta apostila, essas
doenças serão abordadas.

As maiores vulnerabilidades das pessoas idosas estão nos sistemas:


pulmonar, endócrino, circulatório e neurológico.

Entretanto, iremos abordar também outros aparelhos de importantes aspectos:


aparelho urinário, aparelhos ósteomusculares .

INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL

A incontinência, como o próprio nome já diz, refere-se à incapacidade de segurar a


urina (incontinência urinária) ou os gases e fezes (incontinência fecal) por vontade
própria. Pode ocorrer em diferentes faixas etárias e por diferentes causas, mas
tende a aumentar progressivamente com a idade, acometendo principalmente as
mulheres.

Ambas as incontinências podem provocar impactos significativos na vida do


indivíduo e daqueles ao seu redor (cuidadores, familiares), devido ao significativo
constrangimento que causam. Ter consciência de que a pessoa idosa não faz de
propósito e encarar a situação com naturalidade são fundamentais para lidar com o
imenso trabalho que é o de cuidar da incontinência.

Diante de uma situação como essa, o cuidador e os familiares devem sempre


perguntar à equipe sobre aspectos importantes para a organização dos seus
cuidados.

Observe e questione sobre a incontinência:

 É diária ou esporádica?
 Ocorre quando tosse, sorri ou aperta a barriga?

55
 A pessoa idosa sente vontade, mas não consegue chegar a tempo no
banheiro?
 Tem dificuldade de tirar a roupa para urinar?
 A urina sai em grande volume ou fica pingando na roupa?
 O idoso tem dificuldades em chegar ao banheiro?
 A perda de urina e/ou fezes ocorre só de dia ou só de noite?
 O idoso toma algum medicamento que pode causar a incontinência, como
diuréticos (aumentam a eliminação de urina), antidepressivos, antialérgicos,
etc.?
 O idoso relata dor ao urinar, urina várias vezes ao dia ou a urina tem cheiro
forte? E ao evacuar?

INCONTINÊNCIA URINÁRIA:

Existem várias causas para a incontinência urinária:

 Infecção urinária, conhecida também como cistite.


 Nos homens, problemas na próstata.
 Nas mulheres, problemas com a bexiga (bexiga caída) e o
períneo (região entre o ânus e a vagina) causados por cirurgias
ou vários partos.
 Fraqueza do esfíncter urinário (músculo que controla o fluxo
urinário da bexiga).
 Uso de remédios, como diuréticos, sedativos, antidepressivos,
antialérgicos, alguns remédios para a hipertensão arterial,
dentre outros.
 Diabetes alterado.
 Uso excessivo de café.
 A própria demência pode ser a causa da incontinência.

Para a medicina existem três tipos de incontinência urinária (persistente):

o Incontinência por esforço;

o Incontinência de urgência;

o Incontinência por transbordamento (ou relacionada ao


esvaziamento da bexiga)
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 Incontinência por esforço:

A musculatura que envolve a uretra é responsável por evitar


que a urina escape da bexiga. Quando esta musculatura se
torna flácida, mesmo um mínimo de esforço pode causar um
. pequeno vazamento. Atividades como tossir, espirrar,
gargalhar e pegar objetos pesados, por exemplo, podem forçar
esta musculatura e extravasar a urina. Este tipo de
incontinência pode acometer as mulheres durante ou após o
parto, ou na menopausa.

 Incontinência de urgência: Caracteriza-se pela incapacidade de segurar a


urina por mais que alguns minutos após sentir a vontade de urinar.
 Incontinência por transbordamento: Neste caso existe a incapacidade de
contrair adequadamente a bexiga, que se torna muito grande devido a um
acúmulo de urina. Geralmente não há sensação da bexiga. As causas podem
ser: câncer, diabetes, problemas na a coluna vertebral (medula espinhal),
problemas de crescimento da próstata, medicação, fraqueza da musculatura
da bexiga

A Incontinência Urinária tem tratamento?

Mais da metade das pessoas idosas com incontinência urinária tem uma causa
reversível ou seja, é possível tratar e curar. Uma vez que o tipo e a causa da
incontinência urinária sejam conhecidos, pode-se iniciar o tratamento.

Tratamentos:

• Medicamentos para tratar infecções, substituir hormônios, parar com as


contrações anormais dos músculos da bexiga, etc..
• Terapia comportamental para que a pessoa aprenda a controlar a bexiga
através de mudanças no comportamento ou no estilo de vida (controlar os
horários de urinar e ingerir líquidos).
• Reabilitação através de exercícios e outros recursos (por ex.: estimulação
elétrica) para fortalecer a musculatura pélvica.
• Procedimentos cirúrgicos para correção de anormalidades dos tecidos.

57
DICAS PARA O CUIDADOR

 Em primeiro lugar, nunca se deve ficar com raiva do idoso ou fazê-lo sentir-se
constrangindo, pois além de não ser culpa dele, essas atitudes podem deixá-
lo também muito triste, pouco cooperativo e até muito mais agitado.
 Faça um diário da incontinência: anote os horários em que o idoso
normalmente urina ou em que ocorrem a incontinência. Veja qual é o padrão
de diurese do idoso, isto pode ajudar muito.
 Se o idoso se perde por não saber onde fica o banheiro e não chega a tempo,
acontecendo assim a incontinência, uma das dicas é sinalizar bem a porta do
banheiro com palavras grandes e chamativas (rosa-choque, verde e azul
exuberantes, vermelho e etc.) ou colocar nela a própria figura de um vaso
sanitário. À noite, deixe a luz do banheiro acesa. Se possível, deixe o quarto
do idoso mais perto do banheiro. Em alguns casos, o ideal seria deixar o
periquito ou comadre junto à cama.
 É CONTRA-INDICADO restringir a ingestão de líquidos para que o idoso
urine menos. Essa atitude do cuidador ou familiar pode causar desidratação
no idoso e piorar ainda mais seu quadro clínico. Uma boa hidratação (com
água, sucos, leite e etc.) é vital para a saúde do idoso!
 Durante o dia, procure levar o idoso ao banheiro em intervalos regulares. O
diário pode ser útil para identificar os melhores horários.
 Procure não vestir o idoso com roupas difíceis de retirar ou abrir. Velcro é
uma ótima opção no lugar do zíper ou dos botões.
 O uso de fralda descartável geriátrica pode ser útil à noite, apesar do
constrangimento e da vergonha que o idoso pode sentir. Quando bem
explicado e feito de maneira carinhosa pelo cuidador ou familiar, sempre há
boa aceitação. É importante observar se a fralda não amanhece muito cheia
ou vazando, pois talvez seja necessária uma troca no meio da madrugada.
 Se o idoso não consegue ir até ao banheiro para urinar ou evacuar por
problemas diversos e a incontinência é mais severa, o uso de fralda geriátrica
é imperativo (SUG: Obrigatório) dia e noite. Deve-se atentar, entretanto, para
alguns cuidados como a troca das fraldas em intervalos regulares. Nunca se
deve deixar fraldas molhadas no corpo por muito tempo, evitando assim
assaduras e feridas na pele. Uma boa higiene, a cada troca, é muito
importante, e deve ser feita com o uso de água e sabonete para retirar
58
resíduos de fezes e de urina. Desta maneira evita-se a ocorrência de
infecções, especialmente as urinárias. Nas mulheres é preciso sempre limpar
a região anal de frente para trás, isto é, da vagina para o ânus, evitando levar
fezes para o canal da uretra, contaminando-a.
 Lembrar que a agitação pode ser um sinal de que o idoso quer urinar ou
evacuar. Se já usa a fralda, pode ser um sinal para trocá-la.
 Não deixar o ambiente inadequado (como os perigos de ordem estrutural
como pisos escorregadios, banheiros sem adaptações, longas caminhadas
até o banheiro, iluminação insuficiente, dentre outros), nem o idoso com
assaduras e feridas.

INCONTINÊNCIA FECAL:

É desconhecido o número de pessoas que em geral sofrem de incontinência fecal,


mas se sabe que sua ocorrência entre os idosos é mais freqüente, especialmente
entre as mulheres.
Causas mais comuns: lesão do esfíncter (músculo) anal durante o parto ou durante
cirurgias no reto (porção final do intestino) e no ânus.
Outras causas de incontinência são: fraqueza muscular, inflamações, tumores,
lesões nervosas, demência, abuso de laxantes, esforço crônico (ao longo de anos)
para evacuar, etc..
O tratamento da incontinência fecal assemelha-se ao da incontinência urinária e as dicas ao
cuidador também se aplicam a ambos os casos.

CONSTIPAÇÃO INTESTINAL:

A constipação intestinal é a ocorrência de um longo período sem evacuação (por ex:


superior a três dias) e pode ser crônica ou ocasional.

Os hábitos intestinais variam de indivíduo para indivíduo, sendo considerada


constipação a freqüência de evacuação menor que três vezes por semana. Ainda
que a freqüência seja regular, fezes de consistência endurecida e que exijam muito
esforço para serem eliminadas também caracterizam a constipação.

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Causas de constipação:
 Dieta com baixo conteúdo de fibras, encontradas principalmente em
frutas, verduras e legumes, cereais e farelos.
 Baixa ingestão de líquidos, tornando as fezes ressecadas.
 Baixo nível de atividade física e imobilidade, provocando lentidão da
musculatura abdominal e do peristaltismo (movimento de empurrar as fezes
pelo intestino, até sua eliminação).
 Medicações (para pressão, anemia, dor, depressão, etc.). Lembre-se: o
uso contínuo de laxantes “vicia” o intestino e prejudica sua movimentação.
 Doenças como o diabetes, hipotireoidismo, Doença de Parkinson,
câncer, A.V.E., etc..

Tratamento:

 Avaliação médica para descartar a existência de alguma doença.


 Recorrer a um nutricionista para orientar sobre a dieta e a ingestão de
líquidos.
 Aumentar o nível de atividade física.

Dicas ao cuidador:

 Forneça ao idoso uma dieta rica em fibras (cereais, farelos de trigo,


legumes, frutas) e bastante líquido (água, sucos de frutas).
 Evite a imobilidade e sempre faça caminhadas diárias com o idoso.
 Tenha uma rotina de levá-lo ao banheiro, sempre no mesmo horário, para
evacuar.
 Observe as alterações no ritmo intestinal (por ex.: se era mais constipado
e passou a ter ritmo diário e consistência pastosa ou vice-versa).
 Não deixe de relatar possíveis alterações para o médico do idoso.

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AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS:

GRIPE E RESFRIADOS
Definição – São infecções causadas por vírus que atingem as vias aéreas
superiores (nariz, seios nasais, faringe e laringe – garganta).
Sintomas – Os mais comuns são: mal estar, dores no corpo, febre baixa ou alta,
obstrução e coriza nasal, podendo durar até 10 dias. Não possuem tratamento
específico, portanto não adianta usar antibiótico. O paciente deve ingerir grande
quantidade de líquido para ajudar as secreções a ficarem mais líquidas e facilitar a
expectoração através da tosse.

PNEUMONIA
Definição – Infecção das vias aéreas inferiores (pulmão) em conseqüência da
agressão por um microorganismo (bactérias, fungos e ou vírus) ou por substâncias
(alimentos, secreção do estômago, entre outras). É mais comum em pacientes que
já têm uma doença de base (bronquite, enfisema, osteoporose) ou naqueles que são
restritos ao leito.
Transmissão – Como ocorre devido a um
microorganismo, é, portanto, uma doença infecto-
contagiosa que o indivíduo transmite através do espirro ou
tosse para outras pessoas.
Tratamento – quando a pneumonia é causada por
bactérias ou fungos, existem medicamentos para o tratamento (antibióticos) que
serão indicados pelo médico.

61
Pneumonia por Aspiração:
Acontece em alguns pacientes quando não se consegue tossir direito ou engolir de
forma adequada. A saliva, a água ou os alimentos não vão da boca para o estômago
quando o paciente engole, mas para o pulmão, causando pneumonia química.
Portanto, se você notar que o paciente está engasgando, durante a alimentação ou
não, comunique a um familiar para que seja chamado um Fonoaudiólogo. Este
profissional irá avaliar a deglutição do paciente e se este pode continuar se
alimentando pela boca. Em alguns casos isso pode não ser mais possível e, em
outros os alimentos podem precisar de uma consistência mais pastosa para evitar a
aspiração. Caso surjam dúvidas quanto às orientações do Fonoaudiólogo, evite
suspende-las por conta própria, recorra ao profissional e converse com ele. Lembre-
se de que estamos todos trabalhando visando o bem estar do idoso.

Curiosidades

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Qual é a vacina contra a Gripe?

É a vacina Anti-influenza, uma substância que protege o corpo contra a gripe e as


suas complicações. É composta por diferentes pedaços de vírus mortos que são
modificados anualmente conforme o tipo de vírus mais atuantes daquele ano. A
cada ano o vírus da gripe se modifica, por isso a pessoa idosa deve tomar a vacina
todos os anos. Os vírus da vacina estão mortos, sendo assim não podem se
reproduzir e causar a gripe.
Com a aplicação desta vacina, podem aparecer alguns sintomas no local da
aplicação, como dor, avermelhamento e endurecimento, em alguns casos podem
ocorrer febre baixa, dor no corpo e dor de cabeça. Estes sintomas desaparecerão
em 24 a 48 horas.
O tempo necessário para a vacina fazer efeito protegendo o corpo contra a gripe é
de duas semanas após a aplicação.

Qual é a vacina contra pneumonia?

É a vacina contra o Pneumococo ou vacina contra a pneumonia.


O tempo necessário para a vacina fazer efeito protegendo o corpo contra a
pneumonia é de duas semanas após a aplicação. É necessária uma única
revacinação depois de decorridos cinco anos da primeira dose. O ideal é que todas
as pessoas se vacinem, no entanto no Brasil o Ministério da Saúde aplica
gratuitamente essa vacina para as pessoas que se mantiverem nas seguintes
condições: acamadas, em instituições de longa permanência, serem portadoras de
cardiopatia (doenças do coração), pneumopatia (doenças dos pulmões),
insuficiência renal, síndrome nefrótica (doenças dos rins), diabetes insulino-
dependente(que fazem uso de insulina), imunodeficiência congênita ou adquirida e
portadores do HIV. O risco de adquirir a pneumonia e desenvolver complicações
aumenta bastante à medida que a pessoa envelhece e torna-se fragilizada e
dependente.
• A aplicação dessa vacina poderá ocasionar algumas reações como,
vermelhidão, endurecimento e dor ao toque no local da aplicação, a pessoa pode
também sentir dor ao mover o braço. Esses sintomas desaparecem em poucos dias.

ASMA

63
Definição – é uma reação inflamatória crônica que provoca contrações
(broncoespasmos) nos brônquios (tubulação que conduz ar para o pulmão),
dificultando a passagem do ar para as vias respiratórias inferiores. As crises
comprometem a respiração, tornando-a difícil. Quando os bronquíolos inflamam,
produzem mais muco (secreção), aumentando o problema respiratório. Os sintomas
mais freqüentes são: falta de ar, tosse seca, chiado e pressão no peito.

Brônquio
aberto

Brônquio contraído
com inflamação

Traquéia e brônquios

Fatores de risco - São diversos os fatores. Entre os adultos destacam-se o fumo e


a exposição a produtos irritantes (quais?). Outros fatores, como resfriados e gripes,
estresse emocional e a prática de exercícios podem agravar os sintomas. A azia e o
refluxo também predispõem as pessoas às crises de asma.
Classificação – a asma pode ser esporádica (de vez em quando) ou persistente,
podendo levar o paciente à insuficiência respiratória.

DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA – DPOC

Definição – caracteriza-se por uma obstrução progressiva das vias aéreas com
períodos de exacerbação ou crises (aumento da falta de ar, da tosse com catarro –
produtiva) e, às vezes, levando o paciente à insuficiência respiratória aguda. Essas
crises são devidas às infecções e irritações das vias aéreas.
Causas- A principal causa é o fumo. Dependendo de quanto os pulmões já estejam
afetados, parar de fumar poderá reduzir, ou mesmo eliminar, os sintomas da
bronquite crônica e impedir a progressão do enfisema, mas não reverterá as lesões
que já foram feitas ao pulmão.

Classificação:
Bronquite crônica: inflamação dos brônquios que ocorre
quando seus minúsculos 64
cílios param de eliminar o muco
presente nas vias respiratórias inferiores. O acúmulo de
Enfisema: é uma irritação respiratória crônica, de lenta
evolução, quase sempre causada pelo fumo. Algumas
heranças genéticas também podem contribuir para o
aparecimento do enfisema. Os alvéolos (figura ao lado)

Bronquíolos e alvéolos
ficam no final dos brônquios (bronquíolos). Normalmente
parecem cachos de uva e são responsáveis pela
capacidade de fornecer oxigênio que vem pelo ar ao sangue e dele retirar o gás
carbônico. No enfisema, transformam-se em grandes sacos, com destruição do
tecido por onde passavam os vasos, diminuindo assim as trocas gasosas.

Respiração ofegante com chiado, tosse e sensação de sufoco, são sintomas do


enfisema, mas o pior deles é a falta de ar, que se agrava à medida que a doença
progride. Os pulmões se tornam menos eficientes e o peito adquire uma “forma de
barril” característica da doença. Nos estágios avançados, a pessoa fica
impossibilitada de executar pequenos esforços físicos e pode necessitar de oxigênio
suplementar. Nesses casos, o enfisema pode ser fatal.

Enfisema Mista: característica de bronquite crônica e enfisema ao mesmo tempo.

TRATAMENTO DA ASMA E DPOC


O tratamento é feito pelo médico que, além de prescrever os medicamentos
necessários (micronebulização, broncodilatadores e oxigenoterapia), oferece o
acompanhamento da fisioterapia respiratória, do nutricionista, do enfermeiro e do
terapeuta ocupacional.

Fisioterapia respiratória:
65
 Promove o relaxamento.
 Melhora a efetividade da tosse e, consequentemente, a limpeza e
ventilação das vias aéreas.
 Previne a obstrução e o acúmulo de secreção nas vias aéreas, que
interfere na respiração normal.
 Mantém, ou até melhora, a mobilidade torácica. (nada falando da
diminuição da mobilidade torácica).
 Previne, ou até corrige, deformidades posturais relacionadas aos
distúrbios respiratórios. (na verdade a deformidade postural é que pode
provocar o distúrbio).
 Reduz os gastos de energia durante a respiração.
 Melhora a resistência à fadiga e promove maior tolerância aos exercícios
gerais.

SINAIS DE ALERTA DAS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS


Dispnéia (falta de ar)
Taquipnéia (aumento da freqüência respiratória)
Intolerância ao exercício (cansaço fácil)
Aumento da tosse (com secreção ou não)
Diminuição dos sons respiratórios (na ausculta pulmonar)
Chiados na respiração forçada
Uso da musculatura acessória (do pescoço e da barriga)

AFECÇÕES ENDÓCRINAS

DIABETES MELITUS – D.M.

Definição - é uma doença que leva ao aumento do açúcar no sangue (hiperglicemia)


devido a defeitos na ação e/ou na secreção de insulina. A insulina é um hormônio
produzido pelas células beta do pâncreas (órgão entre o estômago e o fígado), cuja
função é remover o açúcar do sangue para os tecidos do corpo. Ao longo dos anos,
pode causar sérios danos à saúde do organismo e principalmente a saúde dos
vasos sanguíneos.
O diagnóstico é feito pela detecção de alterações nos valores sanguíneos da
66
glicemia e pela presença de sintomas clássicos (segundo diretrizes das Sociedade
Brasileira de Diabetes, 2007).
Valores fisiológicos (ou normais) de glicemia são: no jejum de 8 horas - entre 70 e
100 mg/dl .
Jejum Casual
Glicemia normal < 100 mg/dl
Diabetes mellitus > ou igual 126 mg/dl > ou igual 200mg/dl (com
sintomas)

O jejum é a falta de ingestão de alimentos por no mínimo 8 horas. A glicemia casual


é a medida a qualquer hora do dia, não importando o intervalo desde a última
refeição. Valores de glicemia entre 100mg/dl e 126 mg/dl indicam alteração do
açúcar no sangue e podem sugerir um estágio pré- diabetes.

Classificação:
D.M. tipo 1: é o resultado de uma destruição das células beta do pâncreas , com
conseqüente deficiência da produção de insulina. Por motivos desconhecidos, o
organismo acha que essas células são corpos estranhos (agentes agressores do
organismo) e promove sua destruição. Isto é chamado de resposta auto-imune.
Geralmente é descoberto em crianças e adolescentes e o tratamento é feito com
dieta balanceada, exercícios e uso de insulina.

D.M. tipo 2:
as células beta do pâncreas não produzem a quantidade adequada de insulina ou a
insulina produzida é defeituosa. Nela pode ocorrer uma incapacidade de ação da
insulina devida á um defeito nos receptores (local de ação do hormônio), das células
musculares e adiposas . O fator hereditário é um dos mais importantes. Além disso,
há uma grande relação com a obesidade e o sedentarismo. O aparecimento da
doença é mais freqüente após os 40 anos e mais comum que a D.M. tipo 1. Os
pacientes podem responder ao tratamento somente com dieta e exercícios físicos,
mas, por outras vezes, será necessário associar medicamentos orais e, por fim, a
combinação destes com a insulina.
 Atividade física: a maneira mais eficiente de ativar a insulina é através da
atividade física.
 Dieta: as pessoas que apresentam glicose elevada devem reduzir ou eliminar
o consumo de alimentos ricos em glicoses, como o açúcar, massas e

67
tubérculos (batata e mandioca).
 Uso de medicamentos: em casos específicos.

Sintomas clássicos do D.M.:

 Muita sede (polidpsia).


 Vontade de urinar várias vezes (poliúria).
 Perda de peso (mesmo sentindo mais fome e comendo mais do que o
habitual).
Outros sintomas:
 Visão embaçada.
 Fadiga (cansaço inexplicável).
 Infecções repetidas na pele, mucosas e urina.
 Machucados que demoram a cicatrizar e dores nas pernas causadas pela má
circulação.
 Náuseas, vômitos, sonolência, dificuldades para respirar e “hálito de maçã” -
odor característico aos pacientes - em casos extremos.

Complicações crônicas do mau controle da glicemia:


 Problemas de visão, podendo chegar à cegueira.
 Problemas nos rins, podendo levar à hemodiálise.
 Problemas nos nervos das pernas e braços, causando diminuição dos
sentidos (tato, calor, frio) e provocando dor.
 “Pé Diabético”.
 Infarto cardíaco e acidentes vasculares.

HIPOGLICEMIA - baixo nível de glicose no sangue


A hipoglicemia é uma das complicações do tratamento da
D.M. que pode ser mais prejudicial à saúde do que a própria
hiperglicemia. O cérebro só funciona com o uso de glicose,
e, quando seu nível está baixo no sangue, ele diminui seu
funcionamento total, o que provoca desmaios, podendo até mesmo levar a pessoa
ao estado de coma, se não forem tomadas medidas rápidas.

Os sintomas deste problema são: sensação de fome aguda, dificuldade para


raciocinar, sensação de fraqueza e cansaço muito grande, sudorese exagerada,

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tremores finos ou grosseiros de extremidades, bocejamento, sonolência, visão dupla
e confusão, que podem caminhar para a perda total da consciência, ou seja, o coma.

Se esses sintomas começarem a aparecer em pacientes diabéticos que estão em


uso de medicação, deve-se oferecer um alimento do tipo pão ou fruta. Se os
sintomas persistirem, ofereça então balas, açúcar ou meio copo de líquido contendo
duas colheres de sopa de açúcar.

As causas que favorecem o aparecimento da hipoglicemia são:


 Erro no uso da medicação (doses maiores), principalmente a insulina.
 Atraso no horário da alimentação.
 Excesso de exercício sem um controle da glicemia adequada ou em jejum.

DIFERENÇAS ENTRE HIPOGLICEMIA E HIPERGLICEMIA

Alteração dos Hiperglicemia Hipoglicemia


Sintomas (alta de açúcar) ( baixa de açúcar)
Início Lento Súbito (minutos)
Sede Muita Inalterada
Urina Muita quantidade Inalterada
Fome Muita Muita ou normal
Perda de peso Freqüente Não
Pele Seca Normal ou úmida
Mucosa da Boca Seca Normal
Suores Ausentes Freqüentes e frios
Tremores Ausentes Freqüentes
Fraqueza Presente Sim ou não
Cansaço Presente Ausente
Glicose no sangue Superior a 200 mg/dl 40 a 60 mg/dl ou
menos
Hálito cetônico Presente ou ausente Ausente

Obs: Site importante sobre o assunto: www.diabetes.org.br


AFECÇÕES CIRCULATÓRIAS

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HIPERTENSÃO ARTERIAL – HA

Definição - Hipertensão, ou pressão alta, é quando a


pressão arterial, medida várias vezes (mínimo de 3)
em consultório médico, é igual ou maior a 14 por 9
(140 x 90 mmHg).

Fisiopatologia - Ocorre porque os vasos onde o sangue circula aumentam a rigidez


e diminuem o calibre e fazem com que a pressão do sangue se eleve

O coração é uma bomba Pressão arterial é a força com a qual o coração


eficiente que bate de 60 a 80 bombeia o sangue através dos vasos. É
vezes por minuto durante toda determinada pelo volume de sangue que sai do
a nossa vida e impulsiona de 5 coração e pela resistência que ele encontra para
a 6 litros de sangue por minuto circular no corpo.
para todo o corpo.

Antigamente, achava-se que a pressão do idoso aumentava naturalmente com a


idade e que não precisava de tratamento. Estudos mais recentes, no entanto,
desmentem este pensamento. Sendo assim, o aumento (acima de 140 x 90 mmHg)
deve-se procurar um médico.

70
Fatores de risco:

Diagnóstico - O diagnóstico é feito através da medição da pressão por meio de


aparelhos (“aparelhos de pressão”ou esfignomanômetro). Atualmente, também são
muito utilizados os aparelhos automáticos, principalmente para a medição da
pressão em casa. Todos esses aparelhos são bons, desde que a calibração seja
verificada a cada seis meses ou, no mínimo, a cada ano. Deve-se ainda usar a
braçadeira de acordo com o tamanho do braço do indivíduo. Os aparelhos que
medem a pressão pelo dedo ou pelo pulso ainda não são considerados confiáveis.

Curiosidade:
Existem os hipertensos “do avental branco”: pessoas que só apresentam pressão
alta quando esta é medida em consultório médico, mas fora do consultório, a
pressão é normal.

Sintomas - A maioria das pessoas que têm pressão alta não se queixa de nada. Por

71
isso a hipertensão é chamada de "assassina silenciosa". Às vezes, dor de cabeça,
tontura e mal-estar podem acontecer como conseqüência da pressão alta, mas a
única maneira de saber se a pressão está normal é medindo-a. O ideal é medir a
pressão pelo menos a cada seis meses ou com um intervalo máximo de um ano.
Assim, quando a doença aparece, logo se faz o diagnóstico.

Conseqüências - A pressão alta ataca a parede dos vasos e, com isso, os vasos se
tornam endurecidos e estreitados e podem, com o passar dos anos, entupirem ou
romperem-se. Podem ser vasos do coração (angina e infarto), do cérebro (A.V.E.),
dos rins (insuficiência renal até hemodiálise) e dos olhos (diminuição da visão).

Tratamento
A pressão alta é uma doença crônica e persiste por toda a vida. Ela pode ser
controlada, mas não curada, portanto o tratamento dura a vida toda e deve ser
feito com remédios que ajudam a controlar a pressão e com hábitos de vida
saudáveis, como: diminuir a ingestão de sal e bebidas alcoólicas, controlar o peso,
fazer exercícios físicos, evitar o fumo e controlar o estresse. O uso dos remédios
deve ser contínuo e diário, nas doses e nos horários recomendados pelo médico.
Não se deve deixar de tomar os remédios, mesmo que a pressão esteja controlada.
O ideal é manter a pressão abaixo de 13 por 8.

ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO – A.V.E. ( ANTIGO AVC)


Definição - De acordo com a Organização Mundial de Saúde (O.M.S.), o A.V.E. é
uma lesão de rápido desenvolvimento de distúrbio focal da função cerebral, de
suposta origem vascular e com mais de 24 horas de duração. Popularmente é
chamado de “Derrame”. Os casos que
duram menos de 24 horas são
chamados de Ataque Isquêmico
Transitório (A.I.T.).

Fisiopatologia - O A.V.E. pode ser


compreendido como uma dificuldade,
em maior ou menor grau, de
fornecimento de sangue e oxigênio a
uma determinada área do cérebro.

72
Classificação:

A.V.E. ISQUÊMICO
Provocado por obstrução de uma ou mais artérias por ateromas (colesterol),
trombose ou embolia. Ocorre, em geral, em pessoas mais velhas, pessoas com
diabetes, colesterol elevado, hipertensão arterial, problemas vasculares e fumantes.
O paciente pode apresentar perda repentina da força muscular e/ou da visão,
dificuldade de comunicação oral, tonturas, formigamento num dos lados do corpo e
alterações da memória.

A.V.E. HEMORRÁGICO
Provocado pelo rompimento de uma artéria ou vaso
sangüíneo, em virtude de hipertensão arterial,
problemas na coagulação do sangue ou
traumatismos. O sangue sai do vaso e vai
comprimindo o cérebro. Pode ocorrer em pessoas
mais jovens e a evolução é mais grave. O paciente
pode apresentar: dor de cabeça, náuseas, vômitos e
déficits neurológicos semelhantes aos provocados pelo acidente vascular isquêmico.

Fatores de risco e prevenção:


 Idade, sexo e raça – Quanto mais é idosa uma pessoa, maior a sua
probabilidade de ter um A.V.E.. Até os 51 anos de idade, os homens têm
maior propensão a ter o A.V.E. que as mulheres, mas depois dessa idade, o
risco praticamente se iguala, principalmente por causa da menopausa. O
A.V.E. é mais freqüente em pessoas de raça negra, assim como a
hipertensão.

 Tabagismo – O tabagismo aumenta entre duas


a quatro vezes as chances de desenvolver um A.V.E.
e o risco tende a ser ainda maior entre as mulheres.
Fumantes passivos, ou seja, aqueles que não fumam,
mas convivem com quem fuma, também têm seu risco
aumentado.

 Álcool e Drogas – O abuso de bebidas alcoólicas aumenta significativamente

73
o risco de doenças do coração e do cérebro. O uso de drogas ilícitas
(maconha, cocaína, heroína, etc.) também aumenta o risco de A.V.E..

 Sedentarismo e Estresse – Níveis moderados ou elevados de atividade física


conferem proteção contra o A.V.E. em pessoas de meia idade ou mais idosos.
É recomendada atividade física regular, como caminhadas em velocidade
crescente ao longo de várias semanas, no mínimo três vezes por semana e
na ausência de contra-indicação por limitações.

 Hormônios femininos – A correlação entre o uso de pílulas para reposição dos


hormônios femininos, utilizadas na menopausa, e o A.V.E. é maior
principalmente em mulheres fumantes e hipertensas. O uso de
anticoncepcional em pacientes que já tenham outros fatores de risco pode
aumentar o risco de A.V.E..

 Colesterol alto e Obesidade – O colesterol


alto favorece a obstrução dos vasos e o A.V.E.
isquêmico. O colesterol deve ser dosado no sangue
e a alteração do colesterol tratada de acordo com a orientação médica,
através de dieta associada ou não ao uso de medicamentos. A obesidade
também aumenta o risco de A.V.E. e deve ser controlada, principalmente por
sua associação com o aumento do colesterol, com a diabetes e a hipertensão.
Adotar uma dieta equilibrada, reduzindo a quantidade de açúcar, gordura, sal
e de bebidas alcoólicas é favorável. A ajuda de um nutricionista pode ser
necessária.

 Hipertensão Arterial Sistêmica (H.A.S.) – Este é o principal fator de risco para


o A.V.E. em ambos os sexos, pois eleva em cerca de três a quatro vezes seu
risco de ocorrência.

 Diabetes – O risco de desenvolver um A.V.E. é duas vezes maior em


diabéticos de ambos os sexos.

 Doença Cardíaca e A.V.E. prévio – Qualquer doença cardíaca, em especial

74
as que produzem arritmias (alterações da condução elétrica do coração),
pode ocasionar um A.V.E.. Pessoas que já tiveram A.V.E., “ameaça de
derrame”, infarto do coração, ou doença vascular de membros (trombose e
etc.) têm maior probabilidade de serem acometidas de um A.V.E.. A
presença de aneurisma cerebral congênito (dilatação da parede de vasos cuja
pessoa nasce com ela) ou a presença de aneurisma cerebral adquirido,
também pode favorecer o A.V.E..

 Sangue muito concentrado – Quando o sangue fica mais “grosso”, ele tende a
coagular (torna-se sólido causando obstrução). Isso ocorre quando a pessoa
fica desidratada gravemente e também quando existe um aumento
considerável dos glóbulos vermelhos (por exemplo: pessoas que apresentam
D.P.O.C. por muitos anos e que para compensar a baixa quantidade de
oxigênio no sangue produzem mais células que transportam oxigênio para
não deixar “escapar” qualquer molécula de oxigênio que chega aos pulmões).

Tratamento - O A.V.E. é uma emergência médica, por isso paciente deve ser
encaminhado imediatamente para atendimento hospitalar. O tempo é o principal
fator para a recuperação do paciente, pois infelizmente as células cerebrais não se
regeneram e nem há tratamento que possa recuperá-las.

Medicamentos podem diminuir a extensão dos danos, mas ainda pode ser
necessária a realização de cirurgia para retirar a obstrução do vaso e aliviar a
pressão cerebral ou até mesmo para revascularizar veias ou artérias
comprometidas.

Seqüelas - As seqüelas dependem da área do cérebro afetada e do tempo que o


paciente levou para ser atendido. As mais comuns são:

 Problemas psicológicos – Estes problemas podem ser: depressão,


confusão mental, instabilidade e alterações de personalidade. Os parentes
ou as pessoas que cuidam do paciente podem notar alterações de
personalidade, sejam comportamentos agressivos ou passivos. Os idosos
nestas condições irão necessitar de ajuda e aconselhamento para
enfrentar os sentimentos de medo, embaraço, inadequação e culpa.

75
 Hemiplegia – paralisia (perda do
movimento) total ou parcial em
apenas um lado do corpo,
podendo ocorrer no lado
esquerdo ou direito.
 Hemiparesia – alteração da
força muscular de um lado do
corpo, podendo ocorrer no lado
esquerdo ou direito.
 Alterações sensoriais e de percepção
– negligência, ou seja, “esquecimento” do lado afetado e alteração da
sensibilidade (diminui ou aumenta).
 Outras – alterações da fala, podendo o paciente: não verbalizar, não
compreender o que escuta, ou ainda falar corretamente e entender o que
escuta, mas não conseguir elaborar mentalmente (SUG) as palavras para
responder. Também podem ocorrer alterações visuais, alterações de
memória e perda do controle da urina e das fezes.

Reabilitação - A reabilitação é muito importante no tratamento, passado o momento


agudo do A.V.E.. Existem várias formas de reabilitação e sua aplicação vai depender
do tipo de comprometimento neurológico que a pessoa sofreu.

No comprometimento motor, por exemplo, há intervenções fisioterápicas de várias


naturezas. Se o paciente teve uma alteração na fala, uma assistência
fonoaudiólógica pode ser recomendada. Outros tipos de distúrbios
neuropsicológicos, como distúrbio de atenção, podem ser reabilitados com
tratamentos neuropsicológicos e com Terapia Ocupacional. Mas somente um
especialista pode prescrever o melhor tratamento e a reabilitação adequados para
cada caso.

Complicações - Pacientes que ficam acamados após o A.V.E. e que não recebem os
cuidados adequados podem desenvolver:

 Contraturas (endurecimento e deformidades dos músculos e tendões) –


provocam dor e limitação dos movimentos. Deve-se garantir o

76
posicionamento adequado do paciente para que isto seja evitado. Peça
orientação a um fisioterapeuta ou a um enfermeiro sobre quais são as
posições corretas de se colocar o paciente. O ideal é iniciar um programa
imediato de Fisioterapia.
 Úlceras de pressão – evitáveis com algumas medidas simples:
posicionamento apropriado do paciente no leito ou em uma cadeira e
mudança de posição de 2 em 2 horas.
 Fecaloma – acúmulo de fezes no final do intestino, que, por não serem
eliminadas, podem virar pedras. Em casos extremos é necessário realizar
cirurgia para retirá-las. Deve-se acompanhar o intervalo das evacuações
do paciente e informar ao familiar o seu prolongamento, além de observar
outras alterações como a presença de sangue ao defecar.
AFECÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS
DEPRESSÃO
Definição - A depressão é uma doença do organismo como um
todo, pois compromete o físico, o humor e, em conseqüência, o
pensamento. Não é simplesmente estar na "fossa" ou com um
"baixo astral" passageiro. Também não é sinal de fraqueza, de falta de
pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força
de vontade. Depressão é diferente de tristeza ou luto e não é natural do
envelhecimento, pelo contrário, a depressão leva ao idoso á uma situação de
tristeza extrema que atrapalha todas as atividades de sua vida.
Fisiopatologia - Não se sabe ao certo o que desencadeia a doença, mas sabe-se
que é a interação de vários fatores (genéticos, ambientais, psicológicos e orgânicos)
que provoca alteração de algumas substâncias no cérebro.
Causas:
 Mudanças na vida como: divórcio, aposentadoria,
perda de emprego e morte de uma pessoa amada.
 Preocupações financeiras.
 Doenças crônicas ou agudas.
 Uso abusivo de álcool, drogas ou outras medicações, como os
"calmantes".
 Em algumas pessoas sensíveis, a falta de exposição à luz solar.
 Efeito colateral de medicamentos, como alguns utilizados no tratamento da
hipertensão arterial.
 “Depressão dos feriados”.
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Diagnóstico - O diagnóstico é difícil, pois não existe exame de sangue ou de
imagem (radiografia ou tomografia) que possa definir o quadro depressivo. O
diagnóstico é feito pelo preenchimento de sintomas específicos baseados em
parâmetros conseguidos através da análise de um grande número de pessoas.

Características (subjetivas)
 Alteração psicomotora  Sensação de fracasso

 Alteração de apetite  Rosto inexpressivo

 Alteração no sono  Voz baixa e monótona

 Auto-reprovação e culpa  Rigidez

 Incapacidade de reação,  Pensamentos ligados á morte e ou


sensação de imobilidade suicidas

 Falta de prazer real  Desespero e Desolação

 Perda de interesse nas  Dificuldade em se expressar e


 diferentes atividades, incluindo entrar em contato com seus
sexualidade sentimentos

 Sensação de vazio não  Perda de energia, fadiga,


preenchível desânimo
 Dor crônica

 Perda da fé na vida  Alterações da memória

 Tristeza persistente  Irritabilidade e inquietação

Tipos de depressão:
A depressão pode ser de vários tipos de acordo com as características principais
apresentadas pelo paciente.
 Depressão Maior – caracteriza-se principalmente por sintomas de
instrospecção pessoal e tristeza.

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 Distúrbios bipolares – apresentam ciclos de mania (euforia exagerada,
irritabilidade inadequada, insônia grave, aumento do discurso, ‘tagarelice’,
aumento do interesse sexual, redução do senso crítico, comportamento
social inadequado e outros) e ciclos de depressão.
Tratamento:

CONSELHOS ÚTEIS

 Procure manter o paciente com outras pessoas.


 Promova algum exercício diário: caminhadas, corridas, andar de bicicleta e
etc.
 Promova relaxamento como escutar música suave e fazer exercícios de
relaxamento.
 Evite dar drogas e álcool ao idoso, pois podem piorar a depressão.
 Não imponha metas difíceis, nem atividades em demasia.
 Divida as grandes tarefas em tarefas menores.
 Evite tomada de grandes decisões imediatamente.
 Encoraje a procura de auxílio psicológico.
 Encoraje a continuação do tratamento.
 Verifique o uso do medicamento.
 Não ignore referências ao suicídio. Todos aqueles que querem suicidar-se
avisam que vão fazê-lo, mas raramente a família ou o cuidador entendem o
“recado”.
 Compreenda e tenha paciência.

DEMÊNCIA

Conceito - Síndrome clínica em que ocorre decréscimo


doentio da função cognitiva (perda da capacidade do
indivíduo de se adaptar a sua nova condição)
manifestando-se como déficit de memória, linguagem,
julgamento e outros. Antigamente as pessoas falavam
que a pessoa idosa estava “esclerosando”.

Tipos - Alzheimer, Vascular, Hidrocefalia de pressão normal, Hipotiroidismo, entre


outras.

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Fatores de risco (multifatorial)
 Idade avançada.
 Doenças cerebrais – A.V.E..
 Polifarmácia (uso de muitos medicamentos).
 Síndrome da imobilidade.
 Alteração da visão e da audição.
 Fatores Psicossociais.

Conseqüências
 Prejuízo cognitivo: perda das habilidades verbais, da capacidade para leitura
e do conhecimento e utilização das palavras.
 Diminuição da capacidade funcional.
 Perda da memória recente: a pessoa idosa lembra de fatos que aconteceram
há 20 anos atrás, mas não se lembra do que comeu no almoço!

Tratamento
 Prevenção dos fatores de risco.
 Medicamentos sintomáticos ou estabilizadores (não são curativos).
 Reabilitação cognitiva e funcional.

Fatores que prejudicam a memória:


 Medicamentos
 Abuso de álcool
 Doenças silenciosas
 Estresse
 Preocupação
 Depressão
 Perda de interesse no dia-a-dia
 Problemas de visão e audição

80
Estratégias para melhora do paciente
 Ambiente favorável.
 Importância do elogio para todas as respostas.
 Importância da combinação de impulsos auditivos e visuais.
 Importância do aprendizado ativo.
 As tarefas a serem aprendidas devem ser significativas.
 Sempre levar ao médico para o correto diagnóstico.
 Encaminhamento a outros profissionais da equipe multidisciplinar.

DEMÊNCIA DO TIPO ALZHEIMER

Início: Lento, insidioso.


Sintomas:
 Amnésia: inicialmente de memória recente, posteriormente de memória antiga
e na capacidade de lembrar as palavras. Por exemplo: o doente diz - “Aqueles
grãozinhos brancos com aqueles baguinhos marrons” - querendo dizer “Arroz
e Feijão”.
 Diminuição da função viso-espacial: perde-se com facilidade, não reconhece
lugares como sua casa ou seu quarto.
 Dificuldade de julgamento: perda da noção de certo e errado.
 Uso de termos vagos - ex: “coisa”.
 Repetição de frases e palavras.
 Dificuldade de compreensão.
 Alterações comportamentais, agitação, andar de um lado para o outro, ter os
impulsos sexuais aumentados.
Diagnóstico: exames clínicos, neuropsicológicos e exames complementares de
neuro-imagem para afastar a possibilidade de outras causas de demência.
Evolução: progressiva e ainda não existe cura para a Doença de Alzheimer.

Principais manifestações
 Memória.
 Distúrbios cognitivos.
 Desorientação espaço-temporal.
 Déficits nas habilidades comunicativas.
 Mudanças no comportamento, no humor e
na personalidade.

81
Manifestações lingüísticas da demência
Estágio inicial Estágio intermediário Estágio final
Pouca anomia Anomia Linguagem reduzida
Gramática preservada Desvios gramaticais Declínio severo da
compreensão
Pouca atenção Atenção débil Incoerência no discurso
Desorganização do Fala mais acelerada e Fala vazia
discurso menos coerente
Expressões imprecisas Compreensão mais difícil Jargão
Circunlocuções Jargão
Consciência e percepção Ecolalia
das dificuldades (repetição automática das
palavras ouvidas; hábito
ou mania de aconsoantar
palavras.)

Para facilitar a comunicação com a pessoa idosa demente:


 Fale com o paciente de forma clara e pausada. Uma pessoa deve falar de
cada vez
 Quando der um objeto ao paciente, fale o nome deste objeto.
 Trate o paciente de acordo com sua idade.
 Não imite as alterações lingüísticas do paciente.
 Não interrompa o paciente quando ele estiver tentando falar.
 Não perca a calma, seja compreensivo.
 Não fique comentando as dificuldades do paciente, na sua presença.
 Encoraje a participação do paciente nas atividades familiares e sociais,
mas não o obrigue a participar delas.
 Motive o idoso a desenvolver um “hobby”.
 Seja uma pessoa empática.
 Estimule a autonomia e independência do paciente.

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TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO
Os principais objetivos do tratamento fonoaudiológico são:

 Melhorar a comunicação.
 Favorecer as funções cognitivas no cotidiano.
 Minimizar a angústia do idoso e de sua família.
 Evitar o isolamento do idoso.
 Informar à família.
 Promover a independência e autonomia do
idoso.
 Melhorar a qualidade de vida do idoso e de sua
família.

PRINCÍPIOS GERAIS PARA MELHOR ADMINISTRAR AS ROTINAS DO


PACIENTE COM DEMÊNCIA

1- MANTENHA TUDO O MAIS NORMAL POSSÍVEL:


Não trate a pessoa idosa como doente. Respeite-a como pessoa e
mantenha a sua rotina de vida a mais normal e coerente possível.
Se ela gosta de passear, de sair para jantar, de ir ao cinema, de
passear na casa de parentes e amigos, estes hábitos devem ser
mantidos. O prazer em fazer e participar das coisas que gostamos é um dos
melhores remédios para a saúde mental da pessoa idosa. É importante lembrar que
lidar com crianças e animais de estimação e tê-los em sua companhia pode ter um
valor terapêutico inestimável!

2- ROTINA, ROTINA E ROTINA:


A rotina é fundamental na vida da pessoa idosa com demência. Fazer a mesma
coisa, na mesma hora, do mesmo jeito, ajuda na lembrança da pessoa idosa,

83
podendo até mesmo ajudar o cuidador na execução destas rotinas.

3- ESTRUTURE O AMBIENTE:
Faça com que a casa do idoso seja a mais segura e simples possível. Isto pode ser
feito das seguintes maneiras:
 O quarto da pessoa idosa pode ser arrumado
de maneira que se ajuste às suas
necessidades, tornando-se um local de
extrema simplicidade e de boa orientação. É importante que seja um quarto
fácil de localizar e reconhecer, que a pessoa idosa identifique que é seu e
goste dele.
 Neste quarto, deixe à mostra um quadro na parede onde ele possa pendurar
suas chaves, seus óculos, seu agasalho. Uma gaveta onde possa guardar
seus documentos e carteira, seus pertences e objetos pessoais. Uma maleta
diferente, de cor viva, ou ainda uma caixa de sapatos encapada de papel
colorido, pode ser um bom lugar para que o idoso guarde seus objetos
pessoais.
 Tenha sempre pendurado na parede deste quarto: um relógio e uma folha de
calendário grandes, de forma que a pessoa idosa possa facilmente identificar-
se no tempo. É sempre bom o cuidador repetir, todos os dias pela manhã, à
tarde e à noite, a hora, o dia, o mês e o ano.
 Estipule um horário para tudo. Para as refeições, o acordar e dormir, para o
banho, para passear e tomar sol, para assistir a televisão, etc.
 Sinalize a casa: escreva em cartazes os nomes dos quartos, do banheiro, da
sala e da cozinha. Como o idoso sempre vai ao banheiro à noite, mantenha a
luz do banheiro acesa para facilitar seu acesso. O ideal seria que o quarto da
pessoa idosa possuísse banheiro, ou que este fosse perto.
 Evite mudar as mobílias de lugar, assim como as reformas radicais.
 Exponha retratos dos familiares e amigos. Sempre que lembrar, procure
exercitar a memória da pessoa idosa relembrando juntos os nomes das
pessoas nos retratos.

4- SEGURANÇA É FUNDAMENTAL:

Problemas de memória e perdas de habilidades e coordenação motora podem


aumentar os riscos de acidente. As quedas, principalmente, podem tornar-se um

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problema sério. Para prevení-las, evite tapetes, móveis no meio do caminho,
degraus escorregadios ou escadas sem corrimão.

O ambiente deve ser bem iluminado e sinalizado e de trajetos simples (quarto-


banheiro, sala-refeitório-cozinha). Barras de apoio no box e ao redor do vaso
sanitário facilitam a utilização do banheiro, tornando-o mais seguro. Lembre-se que
quedas no banheiro, principalmente à noite, são muito freqüentes.
Não deixe a pessoa idosa manusear tarefas perigosas e
complicadas, como: fogão, água quente, gás de chuveiro,
eletricidade, facas e tesouras. Guarde os objetos em locais altos. O cuidador deve
fazer uma revisão em todo o ambiente, procurando as causas potenciais de
acidentes e tomando as medidas necessárias para eliminá-las.

5-SIMPLIFIQUE TODAS AS COISAS:


Lembre que a pessoa idosa já possui uma mente confusa
devida à doença, por isso, simplifique sua vida. O ato de
tomar decisões corriqueiras ou de executar tarefas simples
pode causar insegurança e agitação no idoso. Com a
progressão do envelhecimento, o idoso pode perder a
noção do valor do dinheiro. Auxilie-o em atividades que
envolvam pagamentos.
Simplifique :
 Não dê muitas oportunidades de escolha (ou isto ou aquilo!).
 Fale frases claras e simples, não dando e nem pedindo
muitas explicações à pessoa idosa.
 Se a tarefa é maior e complicada, vá por partes. Exemplo:
para dormir, mostre a hora no seu grande relógio, depois mostre o pijama ou
camisola, faça-o vestir, lembre-o de ir ao banheiro para urinar e fazer a
higiene oral e, por fim, mostre a cama e deite-o. Mas lembre-se que seus
cuidados não param por aí. Caso o idoso não consiga, você terá de mudá-lo
de posição no leito a cada 2 horas.
 Após o idoso se acomodar no leito, é um bom momento para fazer as
anotações dos fatos ocorridos durante o período diurno.

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6- SENSO DE HUMOR:

O senso de humor é fundamental em qualquer relacionamento, e mais ainda para a


pessoa idosa portadora de demência. Manter um “clima pesado e carregado” devido
à doença não ajuda em nada, pelo contrário, só piora a situação. A alegria e o riso
ajudam a minimizar o trabalho árduo do cuidador e o estresse da pessoa idosa. Não
estamos incentivando a zombaria ou rir do idoso, e sim rir com o idoso das situações
inesperadas que acontecem.

DISTÚRBIOS DE COMPORTAMENTO

Para o cuidador, a tarefa mais difícil na assistência ao idoso é lidar com os


problemas de comportamento. O cuidador precisa lidar com esses distúrbios de
comportamento e ter domínio sobre a situação. Não é fácil, mas é possível.
REAVALIE: pergunte-se: “Há alguma razão para este comportamento? Será efeito
de medicação? Frustração por não poder fazer algo, por não conseguir fazer algo?
Irritado por algum motivo? Qual motivo? Idosos com demência podem ter explosões
irreais, porém em muitas destas explosões pode haver uma razão real”. Encontrar
essa razão pode facilitar o controle do comportamento.

VAGUEAR - PERDER-SE – FUGIR

Fenômeno conhecido por vagância ou perambulação,


trata-se de um estado de inquietude que faz com que o
paciente ande de um lado para outro, sem demonstrar
sinais de cansaço. É uma alteração de comportamento
que também pode estar relacionada a quadros
infecciosos e desidratação.

Este tipo de comportamento no idoso demente preocupa muito aos cuidadores, pelo
potencial de perigo que pode existir, inclusive relacionados a acidentes sérios e até
fatais.

Setenta e cinco por cento dos idosos dementes passarão por esse tipo de
comportamento em alguma fase de sua doença. Isso não acontece sempre, porém
há fases em que ocorre com freqüência.
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As causas são difíceis de serem determinadas: pode ocorrer de repente, como
também parar subitamente de acontecer. Por isso, o cuidador poderá se ver em uma
posição de conflito sério e até insustentável, gerando grave crise no relacionamento
entre cuidador e idoso. Para lidar com essa situação, inicialmente deve-se procurar
reconhecer as possíveis causas da inquietação, mantendo sempre a segurança
pessoal e ambiental.

DICAS PARA O CUIDADOR

1- Se a pessoa idosa começou com este comportamento subitamente, não sendo


um comportamento comum a ele, marque uma consulta médica em busca de uma
possível explicação, como, por exemplo, um problema de saúde.
2- Infecções, efeitos colaterais causados por alguns medicamentos, dores,
fecalomas (fezes em consistência de pedra) devem ser primeiramente descartados
por um médico. Às vezes, a presença de um inseto nas roupas ou qualquer outra
sensação de desconforto pode causar inquietude motora, fazendo o paciente vagar.
3- Familiares próximos, comerciantes, amigos e vizinhos devem ser comunicados
quando o paciente apresentar este fenômeno. Eles devem ser orientados, no caso
do paciente ser encontrado vagando pelas ruas, a se aproximarem calmamente e,
tranqüilizando-o, conduzi-lo para casa.
4- A desorientação têmporo-espacial - incapacidade em reconhecer os dias, as
horas e o local onde se encontra - também pode explicar a inquietação motora
demonstrada pelo paciente.
5- Pergunte ao paciente: “Você está com fome? Sede? Frio?”.
6-Todos os riscos devem ser avaliados pelo cuidador. Assim, portas, janelas,
piscinas, escadas e sacadas devem ser supervisionadas rotineiramente com a
finalidade de manter a segurança do paciente que vaga.
7-Travas colocadas nas portas mantêm a casa segura e dificilmente são percebidas
pelo paciente.
8- Mantenha o idoso com roupas inadequadas para sair, esconda os sapatos e não
deixe chaves à vista.
9- Pacientes que apresentam perambulação noturna (caminham à noite), não devem
dormir de meias. O risco de escorregar e cair é muito grande.
10- Às vezes a pessoa idosa não foge, mas ela se perde. Para evitar com que o

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paciente se perca, sinalize bem a sua casa, deixando o ambiente o mais familiar
possível: retratos de toda a família pela casa e objetos pessoais de estima à mostra.
Sinalize o banheiro, o quarto e a cozinha. Evite que o seu ambiente seja confuso,
barulhento, agitado e com excesso de pessoas.
11- Faça identificações em suas roupas, escrevendo em um cartão ou na própria
roupa o nome do idoso, seu endereço, telefone e um agradecimento pela ajuda.
Também podem ser utilizados um bracelete ou um colar de identificação.
12- Mantenha o paciente ocupado durante o dia com atividades e exercícios físicos
adaptados às suas limitações (se houverem), fazendo parte de sua rotina.
13- Atividades domésticas simples serão de grande valor. Embora o idoso muitas
vezes não consiga terminar uma atividade, ele estará gastando energia e
possivelmente terá um sono mais tranqüilo.
14 - Caso a paciente saia do seu local de morada e se perca, inicie a procura em
locais que habitualmente ele freqüentava, locais familiares a ele.
15 - Lembre-se: o paciente não pode sentir-se perseguido pelo cuidador, por isso
observe-o e supervisione suas atividades com sutileza.
16 - Converse com o idoso falando pausada e calmamente, sorrindo, em tom de
ajuda e orientando-o. Mostre o seu quarto, suas coisas, o banheiro e a cozinha. Diga
que gosta dele e que não quer vê-lo saindo sozinho.

ALUCINAÇÕES

“ELE ESTA VENDO COISAS, O QUE EU FAÇO?”


Algumas pessoas podem apresentar alucinações visuais ou
auditivas: quando têm a falsa impressão de estar vendo ou
ouvindo coisas (sem que haja um estímulo externo) que outras
pessoas não vêem ou ouvem.

Esta alteração de comportamento provoca grande transtorno no ambiente familiar,


especialmente porque a maioria das pessoas não está preparada para administrar
bem esse acontecimento. Trata-se de uma situação muito especial, que requer
calma e paciência para se trazer o paciente de volta à realidade, sem grandes
traumas.

São várias as causas que geram crises de alucinação. O paciente deve passar por
uma avaliação médica para determiná-las com segurança.
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É preciso estar atento à presença de doenças do sistema urinário, infecções,
dependência de álcool, efeitos colaterais das medicações utilizadas, desidratação,
dores severas e presença de fecaloma (fezes em consistência de pedra). Quanto
aos efeitos colaterais dos medicamentos utilizados pelo paciente, cabe ao cuidador
observar a presença de qualquer reação adversa (efeito indesejado e não esperado
com a medicação), como: mudanças comportamentais, tremores, etc.. Nesses
casos, o médico deve ser avisado imediatamente.

DICAS PARA O CUIDADOR

1- Não se deve discutir com o paciente a respeito daquilo que ele afirma ver ou
ouvir, tampouco concordar com a alucinação. Frases como: "sei que você viu, mas
eu não vi", costumam acalmar e transmitem confiança.
2- Tente conduzir o paciente para outro lugar da casa, convidando-o a passar por
áreas mais claras, quando acontecer a alucinação.
3- Busque atividades interessantes que agradem e distraiam o idoso, como observar
fotos de paisagens bonitas e álbuns de família.
4-Tente trabalhar sempre na tentativa de trazer o paciente à realidade. Observe
quais os possíveis ruídos, objetos ou outros estímulos que são responsáveis pela
alucinação e providencie para que sejam removidos.
5- Cortinas, papéis de parede ou louças estampadas podem gerar confusão mental
e crises. Sendo assim, pode ser conveniente substituí-los por padrões de cores lisos
e claros.
6- Sombras na janela podem ser provocadas por folhas de árvores que balançam ao
vento. Para evitar qualquer transtorno ao idoso, estas folhas devem ser podadas.
7- Em certos momentos da evolução da doença, é preciso evitar os espelhos, pois
eles podem desencadear uma crise alucinatória se, por exemplo, o paciente perder a
capacidade de reconhecer sua própria imagem refletida no espelho. Cobri-los ou
removê-los é o ideal.
8- Saiba respeitar o paciente em crise de alucinação, pois, para ele, é bastante real.
Com palavras calmas, tom de voz suave e um toque carinhoso, traga o idoso de
volta à realidade, transmitindo-Ihe confiança.

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DELÍRIOS
“ELE ESTÁ ME ACUSANDO DE TÊ-LO ROUBADO...”
Alteração conhecida por delírio, trata-se da falsa crença que o
paciente tem de estar sendo roubado ou perseguido por pessoas
estranhas ou membros da própria família.

Em alguns casos, o idoso acredita que não está em sua casa e freqüentemente
pede para ir embora ou desconhece as pessoas que convivem com ele, dizendo que
há estranhos em casa. Delírios como esses são muito comuns em pacientes com
demência.

No caso da Doença de Alzheimer, todas as alterações de comportamento


mencionadas são responsáveis por grande transtorno familiar e também pelo
sentimento de incapacidade que o cuidador sente ao lidar com tais alterações.

DICAS PARA O CUIDADOR

1- É extremamente importante que o cuidador tenha consciência de que o paciente


não sabe o que está fazendo. Aja com calma, paciência e carinho diante aos
delírios.
2- Tranqüilize-o, caminhando pela casa, para mostrar-Ihe que não há ninguém
estranho em casa.
3- Mantenha objetos familiares ao idoso espalhados pela casa, para que ele não se
sinta em ambiente estranho.
4- Não responda às acusações, lembre-se: ele não sabe o que faz.
5- Se ele não confia mais em você, que sempre administrou suas economias, não se
magoe, entregue esta função a outra pessoa de confiança.
6- Quando ele insistir em querer ir embora para casa, leve-o para dar uma volta e
retorne dizendo: “Pronto! Chegamos em casa”. Este é um artifício bastante eficaz.
7- É muito comum que, ao não reconhecer um rosto de familiar ou amigo, o paciente
o confunda com um agressor de um assalto que nunca existiu. Entenda que este é
um delírio e que, por mais ofensivo que pareça, você deve tentar acalmá-lo com
carinho. O que para você é um delírio, para ele é uma realidade.
8- “Use e abuse” do toque suave, do abraço e dê todo o amor e respeito que o
paciente precisa e merece. As situações motivadas pelo delírio devem ser tratadas
com delicadeza e seriedade.

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PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO SEXUAL

“Mas porquê ocorre isto com as demências e com a doença de Alzheimer?”

Em primeiro lugar, devemos lembrar que as demências apresentam três


características principais:
1-Problemas de memória;
2-Problemas de comportamento;
3- Dificuldade ou perda de habilidades habituais.

Estes sintomas apresentados nas demências são devidos ao comprometimento e


deterioração das células do cérebro - os neurônios - em regiões que são
responsáveis pela memória, pelo comportamento e pelas habilidades apreendidas.
Assim, muita coisa que o idoso aprendeu e viveu se perde por causa da Doença de
Alzheimer, como fatos vividos, família construída, uma carreira, um trabalho de
longos anos. Tudo isto vai desaparecendo com o progresso da doença.

Por isso, em fases mais avançadas, pode-se também perder a referência guardada
em seu cérebro sobre as normas de conduta sexual que foram aprendidas pelo
idoso juntamente com toda sua família.

Se o paciente não se lembra (pois se perdeu em seu cérebro) daquele aprendizado


de que tirar a roupa em público é errado, por que ele não iria fazê-lo? Se, por uma
questão de desejo, sentir vontade de ter relações sexuais ou querer se masturbar,
não tendo, pois, a noção do certo ou errado, que mal teria, para o idoso, fazer isto
na sala de estar?

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DICAS PARA O CUIDADOR

Não tente adivinhar o que está acontecendo com o idoso do qual você cuida.
Procure se informar e se orientar: estude, dedique-se a conhecer o processo do
envelhecimento e as doenças mais comuns nessa faixa etária.
1. Procure encarar com naturalidade esses problemas, não gerando confrontos
com o idoso. Não grite com ele, nem seja intolerante, ríspido e rígido.
2. Procure distrair a pessoa idosa. Dê-lhe ocupação, como dar uma volta para
que se esqueça (e esquece mesmo!) de seu comportamento inadequado.
Com calma e paciência é possível dominar a situação.
3. Evite expor o idoso às situações ridículas. Não reaja de forma exagerada e
histérica, ainda mais na presença de crianças.
4. Seja gentil, paciente e, se necessário, aja com firmeza. Procure não elevar o
tom de voz.
5. Novamente, lembre-se: o contato pessoal, o carinho, o toque e a atenção são
primordiais e importantes para contornar estas situações.
6. Evite brincadeiras de mau gosto, piadas e gracejos de caráter sexuais que
estimulem o idoso na área sexual. Não exceda o relacionamento além do
limite entre cuidador e paciente. Amor, carinho e o toque são importantes,
mas devem ser realizados com respeito e sem deixar dúvidas quanto a
natureza do contato.
7. O aparecimento súbito de um comportamento inadequado, que foge à regra,
também pode ser um indício de que algo está errado com o idoso. Procure
um médico e peça esclarecimentos.

AGITAÇÃO
O QUE É O EFEITO CREPÚSCULO OU LUSCO FUSCO?

Pessoas com confusão aguda ou crônica ficam mais confusas, agitadas e inseguras
no fim da tarde, especialmente depois que escurece. Isso
acontece quando vivem em suas próprias casas ou em casas
especializadas, e às vezes piora quando se altera a rotina do
paciente, tornando-o mais exigente, agitado, desconfiado,
desorientado, podendo desencadear alucinações, especialmente à noite. O período
de atenção e a capacidade de concentração tornam-se ainda mais limitados. O
idoso fica mais impulsivo, sendo levado por suas próprias idéias de realidade.

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DICAS PARA O CUIDADOR

1- Repetiremos sempre: é a doença, é o quadro de demência que gera problemas


de comportamento. O idoso não se agita deliberadamente, ou seja, de propósito.
2- Contornamos melhor a agitação se tivermos um ambiente agradável e seguro,
proporcionarmos e supervisionarmos atividades e tarefas durante todo o dia e se
tivermos apoio dos familiares e de outros cuidadores (se existirem). Desta forma
aprendemos juntos as habilidades necessárias para que possamos cuidar melhor
do idoso.
3- Em muitos casos, a agitação ocorre devida á pouca preparação do cuidador ou
familiar em saber lidar com o idoso afetado pela demência.
4- Carinho, afeto e atenção tornam o idoso mais fácil de lidar, no caso da agitação.
5- Não dê falsas promessas e nem diga mentiras. Conquiste cada vez mais a
confiança do idoso.
6- O idoso, por causa da demência, pode esquecer facilmente. Portanto não fique
criticando-o ou lembrando-o de episódios tristes e angustiantes do passado.
7- Para saber lidar melhor com um idoso portador de demência, é necessário
primeiro aprender o que é esta doença.
8- A prática da boa comunicação é importante. Fale devagar, olhando para o idoso e
dizendo frases curtas e objetivas. Ainda, não lhe dê muitas opções de escolha.
9- Tenha sempre um ambiente calmo e tranqüilo, encorajando o bom humor, a
alegria e o riso. Relaxar ajuda contra a agitação! Mas cuidado para não fornecer
muitos estímulos e deixá-lo confuso.
10- Assim, não provoque muitas emoções no idoso. Preocupações, alegrias e
tristezas em excesso podem deixá-lo mais confuso e agitado.
11- Demonstre segurança e confiança no trato com o idoso. Procure ter o controle
da situação em que ocorre a agitação. A autoridade e a firmeza, com calma e
suavidade, podem ajudar a manter o idoso mais tranqüilo e deixá-lo mais
cooperativo.
12- Não empurre, não bata, não grite e nem xingue o idoso! Nunca faça isso!
13- Esteja atento ao nível de frustração do idoso. Carinho, amor e atenção, bem
como o abraço e o toque, podem deixá-lo menos frustrado e faze-lo sentir-se mais
tranqüilo e amado.
14- Procure referir-se ao idoso com a maior naturalidade possível. Não o trate com

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uma criança, ou como um doente, mesmo que o seja. Agir assim pode evitar mal-
entendidos e conflitos. Lembre-se de que o idoso tem e pode perceber sentimentos
como nós.
15- Ocupações, como atividades e tarefas domésticas ou sociais, ajudam a
preencher o tempo e valorizam o idoso. Mas respeite a vontade dele. O não querer
fazer alguma coisa às vezes é positivo e deve ser respeitado. Ficar sem fazer nada
em alguns momentos é necessário.
16- Como cuidador familiar, não tenha muitas expectativas de que o idoso irá
melhorar ou de que seja possível controlar bem todos os sintomas da doença.
Estamos lidando como uma enfermidade que AINDA não tem cura ou controle
efetivo.
17- Evite discutir com o idoso, pois a maneira dele reagir e entender os fatos está
alterada. Tentar convencer ou discutir, com muitos argumentos, pode piorar a
agitação.
18- Um ambiente adequado, bem iluminado, calmo, tranqüilo, bem sinalizado e sem
muitas alterações em sua rotina diária, deixa o idoso mais calmo e com melhores
condições de se lembrar de seu lugar, de sua casa. Evite o excesso de pessoas,
bem como a confusão no ambiente e a realização de muitas festas.
19- A agitação pode ser resultado de fome ou sede. Procure supervisionar a
alimentação do idoso e pergunte a ele se falta alguma coisa.
20- A agitação pode ser sinal de dor ou de outro desconforto físico. Pergunte com
calma e clareza o que ele está sentindo. Procure em seu corpo algum sinal de
problemas de saúde.
21- Evite tarefas cansativas e difíceis. Não dê à pessoa idosa responsabilidades
além de suas possibilidades.
22- Paciência, paciência e muita paciência!
23- Mesmo com todas as dicas acima, ainda pode ser difícil lidar com uma agitação
freqüente do idoso. Este tipo de situação causa grande estresse em familiares e
cuidadores. Converse com o médico do idoso sobre o problema, pois em casos
como estes, juntamente com todas essas dicas, será necessário o uso de
medicamentos para controlar a agitação e o comportamento. Mas lembre-se de
nunca usar medicamentos sem a orientação de um médico!

LEMBRE-SE SEMPRE DE QUE O IDOSO NÃO FAZ PREMEDITADAMENTE.


ESTE TIPO DE CONDUTA É CAUSADO PELA SUA DOENÇA.

94
É extremamente importante posicionar e transferir corretamente o idoso dependente
ou semidependente, prevenindo assim encurtamentos, contraturas e facilitando sua
mobilidade e contato com o meio-ambiente. O posicionamento é feito sempre
respeitando o conforto e buscando o benefício do paciente.

Na cadeira de rodas, o alinhamento do corpo é orientado pela linha mediana do


tronco estando os ombros devidamente alinhados com os quadris.

O posicionamento pode ser feito em decúbito dorsal (paciente deitado de costas),


decúbito ventral (paciente deitado de bruço ou de barriga para baixo), decúbito
lateral (paciente deitado de lado) ou com o paciente sentado. Podem ser utilizados
travesseiros, rolos e almofadas para manter a postura correta.

As transferências posturais (passar da cama para cadeira ou da cadeira para a


posição vertical, por exemplo) devem ser realizadas, de preferência, por mais de
uma pessoa. Pode-se utilizar cintos e também uma tábua para auxiliar nas
transferências. Procure estar tranqüilo e seguro no momento da transferência, com
os pés afastados um do outro e totalmente apoiados no chão. Além disso, mantenha
as costas eretas e utilize o peso do corpo como um contrapeso ao peso do idoso.
Ainda, flexione os joelhos ao invés de curvar a coluna, trabalhando sempre o mais
próximo possível do paciente.

Também vale a pena salientar que o idoso deve ser orientado a ajudar sempre que
possível!

IMPORTANTE: MASSAGEM, ALONGAMENTOS E EXERCÍCIOS


TERAPÊUTICOS SÃO REALIZADOS PELO FISIOTERAPEUTA, A MENOS QUE
ESTE ORIENTE E TREINE O CUIDADOR PARA A REALIZAÇÃO DE ALGUM
EXERCÍCIO.

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DOENÇA DE PARKINSON X PARKINSONISMO
Conceito –
Parkisonismo: refere-se a uma ampla categoria de doenças que podem apresentar
manifestações semelhantes à Doença de Parkinson. Provoca distúrbios dos
movimentos em decorrência de lesão de Sistema Nervoso Central (SNC).

Doença de Parkinson: é caracterizada por um processo de degeneração e perda


dos neurônios na substância negra (parte específica do cérebro), com conseqüente
ausência ou diminuição de dopamina (substância neurotransmissora). É um tipo de
Parkinsonismo.

Etiologia (causas)
 Causa desconhecida: é a mais comum entre os idosos.
 Drogas (cocaína, medicamentos, etc.)
 Infecções (encefalite)
 Intoxicação - Envenenamento por monóxido de
carbono ou manganês.
 Aterosclerose (entupimento dos vasos sanguíneos).
 Distúrbio metabólico: o principal é a desidratação.
 Tumor no cérebro.
 Traumas cranianos.
 Fatores hereditários : raro.

Sinais e sintomas

Tremor em repouso - É comum iniciar em uma das mãos, depois em um dos


braços e, em seguida, atingir os membros superiores bilateralmente. Tardiamente,
lábios e queixo são afetados. O tremor mais comum é em forma de "contar dinheiro".

Rigidez – sentida durante todo o movimento realizado passivamente, isto é,


realizado por alguém que não o paciente. Por exemplo: esticar o braços do paciente.

Bradicinesia - É a redução da velocidade dos movimentos.

Alterações posturais - Devido às alterações na percepção do corpo no espaço, a


pessoa idosa tende a se inclinar para frente e dar passos curtos.

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Perda dos reflexos posturais: leva às quedas e à dificuldade de ficar de pé sem
auxílio.

Fenômeno de parada - Incapacidade transitória e súbita na realização dos


movimentos ativos, como inibição do levantar das pálpebras e alteração da fala e
escrita, causada por algum obstáculo físico ou visual. O fenômeno da parada dura
alguns segundos e é chamado também de “freezing”, palavra inglesa que significa
“congelamento”. Aumenta o risco de quedas.

Complicações secundárias

 Diminuição da massa muscular e fraqueza muscular.


 Alteração da fala.
 Alteração nutricional: a doença de parkinson pode dificultar o processo de
engolir alimentos.
 Alteração no sistema nervoso autônomo.
 Osteoporose.
 Contraturas e deformidades.
 Úlcera de pressão.
 Alteração do comportamento.
 Dor.

Diagnóstico
Baseia-se nas características clínicas do Parkinson (rigidez, bradicinesia, tremor de
repouso e instabilidade postural), sendo que ao menos três dos sinais e sintomas
clínicos devem estar presentes . Observam-se sintomas de início inesperado,
progressão lenta e ausência de outros achados semelhantes na história do paciente.
A tomografia cerebral e a ressonância magnética podem ou não mostrar
uma atrofia de estruturas cerebrais.

97
Tratamento
O tratamento é sintomático, ou seja, não tem cura. Tratam-se os sintomas da
doença usando medicamentos prescritos pelo médico, além da reabilitação através
das áreas da Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Enfermagem e
Nutrição.

A meta principal é manter o paciente o mais independente possível. Para tal,


são necessários:

 Alongamentos.
 Fortalecimento muscular.
 Atividades físicas: caminhada, natação, hidroginástica e etc..
 Adaptação da casa e do ambiente em que a pessoa idosa vive.
 Treinamento das atividades de vida diária, como: tomar banho, alimentar-se,
trocar de roupa, etc..
 Prescrição de adaptações para facilitar o dia-a-dia.
 Desenvolvimento de atividades significativas, que façam com que a pessoa
idosa se sinta útil.
 Reinserção social.
 Treino da escrita.
 Exercícios para o treinamento da fala.

AFECÇÕES OSTEOMUSCULARES

É um marco do envelhecimento por ser o maior responsável pela perda funcional na


velhice!
A perda lenta e progressiva da massa muscular, mais pronunciada no sexo feminino,
pode afetar diretamente o equilíbrio e a marcha. A intervenção não-farmacológica
(alimentação adequada, exercícios físicos regulares, fisioterapia) previne a redução
da força muscular, por conseguinte, diminue a incidência de instabilidade postural,
imobilidade e quedas.

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As dores envolvendo o sistema musculoesquelético são
uma das queixas mais comuns entre os idosos. As
principais causas dessas dores são as doenças
reumatológicas, consideradas os maiores responsáveis
pela perda funcional na velhice

OSTEOARTRITE: tembém conhecida como osteoartrose ou artrose, é a doença


reumática mais freqüente em indivíduos com mais de 60 anos. A dor é a
conseqüência de uma degeneração da cartilagem que reveste e protege as
articulações. Afeta principalmente a coluna e as articulações das mãos, além de
joelhos, quadril, tornozelos e ombros e pode comprometer atividades como vestir ,
abotoar roupas, usar uma chave, subir/descer escadas, deambular, entre outras.

ARTRITE-REUMATÓIDE: é uma doença auto- imune que leva à destruição e a


deformidade de pequenas e grandes articulações em ambos os lados do corpo
(simétricas). Os pacientes apresentam aumento de volume e dor aos movimentos
em mãos, punhos, cotovelos, joelhos e tornozelos. Outras manifestações sistêmicas
(isto é, em outras partes do organismo) são a regidez matinal (dificuldade em mover
as diferentes partes do corpo pela manhã, ao acordar), a fadiga e a perda do peso.
Envolve um processo inflamatório sistêmico crônico.

Causas:
Osteoartrose:
Primária: fatores hereditários
Secundário: traumas

Artrite reumatóide:
“Um dos grandes mistérios da medicina”.
Tem provavelmente uma origem multifatorial, envolvendo associação entre
predisposição genética, com anormalidades na regulação do sistema imune,e um
fator ambiental. MAS ainda sem achados conclusivos.

99
Fatores de risco para osteoartrose:
•Idade
•Sexo
•Obesidade
•História familiar
•Trauma articular
•Fraqueza muscular
Osteoartite: Leva ao uso crônico e indiscriminado de anti-inflamatórios (com todos os
seus malefícios), além de favorecer a ocorrência de quedas devido à redução da
mobilidade.
Osteoporose: caracterizada pela redução da massa
óssea, causando fragilidade nos ossos e aumento do
risco de fraturas. Doença óssea de grande prevalência
na geriatria. Os locais de maior ocorrência de fraturas
são: vértebras, punho e região proximal do fêmur. Os
fatores de risco estão associados ao tabagismo, baixo
peso corporal, menopausa, baixa ingestão de cálcio,

Fatores de alcoolismo, sedentarismo, uso de corticóides, além da


idade avançada, sexo feminino e raça branca.

100
FRATURAS DE FÊMUR E QUADRIL

Causas mais comuns – Quedas e osteoporose.

Tipos de cirurgia

 Osteossíntese – Significa ligar as partes quebradas do osso através da


colocação de placa e parafusos. O paciente submetido a este tipo de cirurgia
deverá ficar mais ou menos 90 dias sem colocar o peso do corpo na perna
operada. Siga a orientação do médico quanto ao posicionamento e
movimentação do paciente. Na dúvida, não force a
perna.

 Prótese parcial de quadril – Colocar uma prótese


significa substituir uma parte do corpo por uma peça
artificial. É chamada de prótese parcial porque houve
substituição apenas de parte do fêmur (figura ao lado
direito).

 Prótese total de quadril – Na prótese total de quadril,


há substituição do fêmur e também da cavidade onde a
cabeça do fêmur se encaixa, chamada de acetábulo (figura ao
lado esquerdo).

101
As cirurgias de prótese de quadril, total ou parcial, exigem alguns cuidados com o
paciente:

 O paciente não poderá fechar as


pernas. O ideal é que se coloque um
travesseiro entre elas.
 O paciente não poderá cruzar as
pernas ou virar as pernas para dentro.

 O paciente não poderá sentar-se em locais baixos e macios, nem inclinar-


se para frente ou levantar o joelho acima do quadril.

OBSERVAÇÃO: Estes cuidados são tomados para que a prótese não saia do lugar.

É de extrema importância que a reabilitação do paciente idoso com


fratura de quadril seja orientada por um fisioterapeuta. Pergunte a esse
profissional quais os exercícios que você, cuidador, pode fazer com o
paciente.

102
PARA PENSAR….
Quais são os conjuntos de problemas de saúde que mais comprometem a
autonomia e independência das pessoas idosas?

13.1-“ SÍNDROMES GERIÁTRICAS ”, OU “ GIGANTES DA GERIATRIA ” OU “ 5


IS”
Esses termos são usados na medicina geriátrica para descrever um conjunto de
problemas importantes que comprometem a capacidade dos idosos de realizar
atividades e de decidir por si mesmos. As maiores dificuldades na atenção à saúde
das pessoas idosas são prevenir, tratar e cuidar desse conjuntos de problemas. Os
cinco “is”, de forma rezumida, são:

 Imobilidade
 Instabilidade postural
 Incontinência urinária
 Insuficiência cerebral
 Iatrogenia

IMOBILIDADE:
É quando a pessoa idosa está incapaz de se movimentar, até mesmo para realizar
as mais simples atividades de vida diária (AVDs).
Causas:
Doenças como fraturas, doenças ósseas, derrame cerebral (AVE), doenças
cardiovasculares, entre outras. Em conseqüência, podem levar a perda de força
muscular, à imobilidade, ao isolamento social , à depressão, escaras e
broncopneumonias.

INSTABILIDADE POSTURAL:
É uma dificuldade de ficar em pé, e de manter o equilíbrio .
Conseqüências:
pode levar a queda, fraturas e imobilidade. As quedas são encaradas como um
dos “sintomas” mais importantes na medicina geriátrica.

103
INCONTINÊNCIA URINÁRIA:
É quando a pessoa urina sem saber ou não tem controle,
Conseqüências:
 Leva ao desconforto, constrangimento e embaraço, fazendo com que o
indivíduo se isole socialmente e se constitui umas das mais severas
ameaças à dignidade das pessoas idosas.
 Quedas.

INCAPACIDADES COGNITIVAS:
É o funcionamento inadequado do cérebro.
Exemplos:
Onde temos a depressão, demências (antigamente chamadas de caduquices), o
delirium (alteração abrupta no comportamento) e muito particularmente a Doença de
Alzheimer constituindo uma enorme carga às famílias.

IATROGENIAS:
É o resultado inadequado de ações de qualquer profissional da saúde, nos
processos de avaliação, tratamento e reabilitação da qual resultam conseqüências
prejudiciais para a saúde da pessoa idosa.
Também se aplica a medidas medicamentosas.

13.2- Aprofundaremos na “imobilidade” e nas “quedas”, dois assuntos muito


importante para o conhecimento dos cuidadores:

IMOBILIDADE
A imobilidade tem gerado muitos danos à saúde dos idosos!

Em geral, acreditava-se que o repouso facilitava a cura da parte do corpo afetada.


Entretanto podem ocorrer efeitos negativos causados pela falta de movimentação,
como a contratura e atrofia dos músculos (perda da massa muscular), dos ossos e
das partes sadias do corpo, considerando que entre os idosos e os indivíduos
doentes estas partes do corpo são mais fáceis de atrofiarem. A contratura acontece
quando os músculos e as articulações ficam rígidos, endurecidos.

É importante lembrar que as complicações nos sistemas do corpo podem ser

104
agrupadas sob o nome geral de descondicionamento, que pode ser definido como
uma capacidade diminuída de todos os sistemas corporais.

COMPLICAÇÕES:

SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO
 No sistema músculo-esquelético, que compreende os músculos e os ossos, a
falta de movimentos pode levar a contraturas articulares, fraqueza muscular,
atrofia por desuso e osteoporose (ossos fracos).
 Para que isso não aconteça, deve-se ter os seguintes cuidados: posicionar,
ou seja, colocar o paciente bem arrumado na cama, escolher o colchão certo
e estimular, o mais rápido possível, que ele volte a andar ou fique sentado por
algumas horas.

SISTEMA CARDIOVASCULAR
 O sistema cardiovascular compreende o coração e a circulação (sangue).
 Quando o paciente fica muito tempo deitado na cama e levanta novamente,
pode sentir tonteira e até desmaiar.
 O sangue pára de circular nas pernas e o paciente em repouso pode ter
trombose (o sangue fica muito parado e forma coágulos).

SISTEMA TEGUMENTAR
 O sistema tegumentar compreende a pele do corpo.
 Úlceras de pressão, escaras de leito, escaras por pressão, são nomes
diferentes dados para as feridas. Quando o paciente não se movimenta na
cama começam a aparecer feridas no corpo, principalmente nas regiões
próximas aos osso, que têm pouco tecido gorduroso. As proeminências
ósseas mais afetadas são: sacro, ísquios, trocanteres, calcanhares,
cotovelos. O programa de prevenção é modo mais barato e bem-sucedido de
tratamento e inclui uma abordagem de tratamento em equipe: cama com
colchão d’água e virar o paciente na cama de 2 em 2 horas (mudança de
decúbito).

SISTEMA RESPIRATÓRIO
 A respiração fica mais lenta, devagar, diminuindo os movimentos do

105
diafragma, que é um músculo importante para a entrada e a saída de ar nos
pulmões. A eliminação de secreções (catarro) é mais difícil, podendo levar à
pneumonia, pois a tosse é comprometida por causa da fraqueza dos
músculos.

SISTEMA GASTROINTESTINAL
 O sistema gastrintestinal compreende o estômago e o intestino. Pode ocorrer,
pelo repouso demorado, a perda do apetite e a constipação intestinal
(intestino preso).
 A prevenção ou o modo de evitar essas complicações é o fornecimento de
uma comida rica em fibras, incluindo verduras e frutas, e quantidades
liberadas de líquidos.

SISTEMA NERVOSO
As alterações no cérebro são um mal silencioso. Assim, podem surgir alterações
comportamentais como: agitação, ansiedade, insônia (perda sono) e depressão.

13.3- QUEDAS

Queda é a causa mais comum de acidentes e está entre


as principais causas de incapacidade e invalidez entre as
pessoas idosas e inclusive morte.

Na maioria das vezes, os tombos restringem a mobilidade do idoso, pois ele tem
medo de cair novamente, gerando dificuldades em realizar atividades simples do
cotidiano prejudicando a sua independência.

106
CAUSAS DE QUEDAS

Internas ou Intrínsecas –
Conceito: Alterações próprias do processo de envelhecimento fisiológico e
patologias associadas, tais como:

 Diminuição da visão.
 Diminuição da audição.
 Distúrbios de equilíbrio.
 Demora no tempo de reação às situações de perigo.
 Diminuição súbita da pressão arterial ao se levantar.
 Deformidades dos pés.
 Distúrbios cardiovasculares.
 Doenças neurológicas.
 Noctúria

Obs: A noctúria é queixa comum entre os idosos e representa importante causa de


quedas e fratura de fêmur, além de insônia

Externas ou Extrínsecas:
 Uso de medicamentos inadequados ou de maneira inadequada.
 Via pública mal conservada, com buracos e irregularidades.
 Maus tratos.
 Calçados inadequados.
 Roupas muito compridas,que se arrastam no chão.
 Ambiente doméstico inadequado: piso escorregadio ou molhado, objetos no
chão, tapetes soltos ou com dobras e etc.

Ao lado, um exemplo de um
ambiente inadequado que
oferece vários fatores de
risco ás quedas.

107
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES AMBIENTAIS NECESSÁRIAS PARA SE EVITAR AS
QUEDAS:

 Uso de vasos sanitários mais altos, (sóculos), e com barras de apoio laterais.
 Tapetes antiderrapantes no banheiro e cozinha.
 Retirar fios soltos e objetos espalhados no chão.
 Retirar ou prender tapetes.
 Ter cuidado com os pisos escorregadios.
 Escadas e rampas com antiderrapantes e corrimão nos dois lados.
 Camas e poltronas com altura adequada, (elevar a altura, se possível).
 Perigo: cadeiras de balanço, (risco de quedas).
 Cadeira própria para banho, se necessário.
 Ambiente com boa iluminação.
 Uso de óculos quando necessário.
 Perigo: calçado inadequado. Usar sapatos com sola de borracha e salto
baixo.
 Encurtar o tamanho de cortinas e toalhas de mesa, impedindo que elas
arrastem no chão.
 Perigo: cuidado com animais de estimação! O idoso pode tropeçar neles.
 Na cozinha, coloque os objetos de uso mais freqüente nos locais de fácil
acesso e deixo os locais mais altos para os utensílios pouco utilizados. Dessa
forma, evita-se subir em banquinhos para alcançar objetos.
 Ter sempre um interruptor de luz ou abajur ao lado da cama.
 Deixe sempre seco o chão da cozinha, banheiro e quintal.
 No banheiro, o porta-toalhas deve ser colocado ao lado do Box.
 O uso de um telefone sem fio evita que o idoso tenha que correr para atender
ao telefone.
 Só dê ao idoso as medicações prescritas pelo médico, e tenha certeza que o
médico saiba todos os remédios que o idoso usa.

SE PRECISAR DE AJUDA, PROCURE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS, COMO


TERAPEUTAS OCUPACIONAIS, MÉDICOS E FISIOTERAPEUTAS. ELES IRÃO IDENTIFICAR
POSSÍVEIS CONDIÇÕES DE RISCO E ESTABELECER UM PLANO DE ADAPTAÇÕES
AMBIENTAIS JUNTAMENTE COM O IDOSO E SUA FAMÍLIA.

108
Com o envelhecimento, o idoso apresenta uma série de
dificuldades para executar tarefas rotineiras e para manter um
comportamento social aceitável.

As alterações, que são próprias do envelhecimento, trazem


déficits em relação à memória, à visão, ao equilíbrio, às
capacidades físicas e ao tempo de reação (lentidão das respostas). Assim, com o
aparecimento de algumas doenças, pode ocorrer uma perda da capacidade de
tomar decisões e de realizar certas tarefas que nos parecem simples. É importante
que sempre se estimule a independência do idoso, mesmo que isso demande um
tempo maior para a realização dessas atividades. Lembre-se que o mais importante
no cuidado é fazer com o idoso e não pelo idoso, favorecendo assim a manutenção
de sua autonomia e independência. Quanto mais ele fizer será melhor para ele e
menos desgastante para o cuidador.

14.1- VESTIR E DESPIR


O vestuário desempenha um papel muito importante no bem-estar das pessoas e
proporciona segurança e autoconfiança.

Vestir-se e se despir exige muita coordenação, equilíbrio, movimentação cuidadosa


das mãos e força muscular. Como o envelhecimento pode afetar (lentificando) essas
funções, vários idosos apresentam dificuldade na sua realização. Outros fatores
que podem levar a uma perda na independência de se vestir são doenças como a
de Parkinson e de Alzheimer, além de sintomas como: dor, desconforto, cansaço,
medo, agitação, perda de equilíbrio, problemas de marcha, perda de concentração,
atenção e memória e perda do interesse.

Manter um vestuário simples, confortável e adequado é de fundamental importância.


Lembre-se que tentar impor aos idosos um vestuário que não os agrade é algo que
limita a sua liberdade de escolha e pode trazer sérios problemas no relacionamento
entre cuidador e idoso. Sempre que possível, mesmo quando já tenha ocorrido
certa perda da independência, deve-se deixar que o idoso escolha seu próprio
vestuário. Essa rotina permite a preservação da personalidade elevando a auto-
estima e a autonomia.
109
DICAS PARA O CUIDADOR

É comum ouvir familiares e cuidadores dizerem que o idoso não sabia que roupas
vestir, em qual ordem e para qual ocasião ou situação. Nesse caso, o melhor a fazer
é tentar orientar o idoso em relação à adequação da roupa a ser vestida, alertando-o
para o período do dia, o clima e a ocasião. Mas lembre-se que estimular a
independência é fundamental.

1. As roupas devem ser simples, confeccionadas com tecidos próprios ao clima e


devem estar no comprimento certo para evitar o risco de quedas.
2. O paciente pode ter perdido a capacidade de expressar sensações de frio ou
calor, dessa forma, nunca esquecer de tirar ou colocar agasalhos, conforme a
variação da temperatura.
3. O cuidador deve, ao falar com o paciente, colocar-se no seu campo visual, ou
seja, em frente a ele, orientando-o calmamente e gesticulando, se necessário.
4. Deve-se estimular o ato de se vestir sozinho, dando instruções com palavras
fáceis de serem entendidas.
5. Dê a ele a oportunidade de optar pelo tipo de vestuário e as cores que mais o
agradam. Apenas supervisione, pois pode ser que haja necessidade de auxiliá-lo na
combinação das cores.
6. Tenha calma e paciência, não o apresse enquanto ele executa sua rotina de
vestir-se ou despir-se. Proporcione a ele tempo suficiente par executar a tarefa.
Lembre-se que mesmo gastando um tempo maior para realizar a atividade a
manutenção da independência é fundamental.
7. Para que ele mesmo possa procurar suas roupas nos armários, organize-as por
categorias e cole fotos de peças e ou objetos pessoais na parte externa da gaveta
ou guarda-roupas. Isso o ajudará a encontrar rapidamente o que procura.
8. Roupas como blusas, camisas ou suéteres deverão ser preferencialmente abertas
na parte da frente, para facilitar a colocação ou retirada.
9. Evite roupas com botões, zíperes e presilhas, elas dificultam o trabalho do idoso
para abrí-los ou fechá-los. Se possível, colocar fechos de velcro nas roupas e
sapatos.
10. Nos casos de demência avançada ou total dependência do idoso, deve-se dar
preferência aos conjuntos do tipo moletom, em função de sua praticidade.

110
11. Para pacientes limitados às cadeiras de rodas ou poltronas, o critério para a
escolha do vestuário é ainda mais rigoroso. Deve-se optar por roupas confortáveis,
largas, especialmente nos quadris.
12. O uso de objetos pessoais (acessórios) pode ser mantido, porém, em casos de
demência ou confusão mental, as jóias deverão ser substituídas por bijuterias.
13. Na medida do possível, deve-se providenciar um roupão para
que o paciente possa se despir no quarto e, protegido, ser
conduzido ao banho.
14. Deve-se evitar o uso de chinelos, pois eles facilitam as quedas.
15. Todos os tipos de sapatos devem ser providos de solados
antiderrapantes - os mais indicados são aqueles que possuem
elástico na parte superior, pois além de serem fáceis de tirar e
colocar, evitam que o paciente tropece e caia, caso o cadarço se desamarre.
16- Em casos de confusão mental e déficit cognitivo, deve-se dividir a atividade em
etapas e ir orientando o idoso através da fala clara e pausada ou através de
demonstração. No caso de orientação verbal, dar indicações simples e precisas,
uma de cada vez e repeti-las se necessário.
17- As roupas devem ser organizadas e apresentadas ao idoso na ordem em que
ele irá vesti-las. Por exemplo: 1- cueca, 2- blusa, 3- calça, 4- cinto, 5- meia ,6-
sapato, 7- agasalho.
18- Encorajar os idosos a se vestirem ao invés de passarem o dia todo com pijama
ou roupa de dormir.
19- Manter sempre respeito pela intimidade dos idosos durante o vestir-se e o
despir-se, deixando-os em local adequado, com privacidade e livre de correntes de
vento.
20- Para pacientes com demência e déficits cognitivos é importante que se
estabeleça uma rotina relacionada com o vestir.
21- Estar sempre atento a sinais de cansaço.

111
14.2- BANHO E HIGIENE PESSOAL

A independência no ato de banhar-se e realizar os cuidados de higiene pessoal e a


necessidade de estar limpo e bem cuidado permitem ao ser humano manter uma
boa saúde física e emocional.

O banho, uma atividade comum e que nos parece de fácil realização, pode ser
causa de momentos estressantes e perigosos para o idoso. As alterações que
ocorrem com o envelhecimento podem trazer dificuldades na realização dessa
tarefa, que exige coordenação, equilíbrio e capacidade neuromuscular e cognitiva
adequadas.

Pode existir uma resistência ao ato de tomar banho ou de ser banhado. Esta
resistência se baseia fundamentalmente em alguns aspectos especiais como:
 Perda ou diminuição da auto-estima.
 Perda da rotina.
 Traumas devidos à má condução desta atividade no passado (banho muito
quente, muito frio, vergonha e zombarias).
 Desorientação no tempo e local, problemas de memória e esquecimento (o
idoso pode achar que já tomou banho).
 Quedas no banheiro.
 Sabonete nos olhos.
 Cuidador sem paciência no manejo do banho (palavras bruscas ou
hematomas causados pela força ao segurar o idoso).
 Fatores climáticos e culturais.

Lembre-se ainda, que favorecer a autonomia e a independência do idoso na


realização dos cuidados de higiene e do banho é importante tanto para ele quanto
para você.

112
AMBIENTE ADEQUADO PARA O BANHO

Para que o idoso consiga alcançar seu nível máximo de independência e para evitar
as quedas e os acidentes durante a realização dessa atividade, é necessário que o
ambiente esteja adequado. Se for preciso, algumas adaptações poderão ser feitas
mediante o grau de dependência apresentado pela pessoa idosa:
 Mantenha o piso seco. Dentro e fora do box utilize tapetes antiderrapantes
(emborrachados) para evitar quedas.
 A colocação de barras de segurança na parede é de grande ajuda, pois
permite que o paciente se apóie nelas durante o banho, fazendo-o sentir-se
mais seguro.
 Se for difícil para ele manter-se em pé por muito tempo, talvez uma cadeira de
banho vá auxiliá-lo, promovendo maior conforto e independência.
 O box deve ser protegido com uma cortina de plástico, sem que esta
arrastaste-se no chão, bem fixada e transparente na parte superior.
 O porta-toalhas deve ficar ao lado do box.
 A mangueira do chuveirinho não deve encostar no chão.
 O banheiro deve ter boa luminosidade.

RESPEITE SEUS HÁBITOS


Sempre que possível os idosos devem ter seus hábitos de higiene respeitados,
como: horário do banho, marca de sabonete, de shampoo, etc.. Logo, não há razão
para obrigar o paciente a banhar-se pela manhã, se é seu hábito fazê-lo à tarde.

É interessante criar uma rotina para aqueles que apresentam dependência severa,
pois isto facilita o trabalho do cuidador e cria um hábito para o paciente.

Mesmo os acamados devem ser levados ao banheiro sempre que possível para que
seja realizado o banho de chuveiro, pois esta é uma ótima oportunidade de
mobilização. Por isso, banhos no leito devem ser evitados, sendo indicados apenas
para aqueles pacientes com prescrição de repouso rigoroso no leito.

113
PREPARANDO O BANHO

 Prepare o banheiro previamente e leve para lá todos os objetos necessários à


higiene do idoso.
 Elimine correntes de ar fechando portas e janelas.
 Separe as roupas pessoais antecipadamente.
 Regule a temperatura da água (deve ser morna).
 Se possível, o paciente deve ser despido no quarto e conduzido ao banheiro
protegido por um roupão. Nesse momento, evite fixar os olhos em seu corpo,
pois esta atitude pode constrangê-lo.

DICAS PARA O CUIDADOR

1. A rotina do banho é essencial. Mudanças de horário e da maneira de como


conduzir o banho devem ser evitadas.
2. O cuidador deve, na medida do possível, deixar que o idoso realize a tarefa de
banhar-se. A melhor maneira do cuidador agir é na condição de incentivador,
auxiliador e protetor.
3. Quando se está preparando o banho, todas as ações devem ser explicadas em
voz alta, falando clara e pausadamente, uma a uma.
4. Banho de chuveiro, com água abundante e temperatura agradável são requisitos
indispensáveis. Banhos de banheira ou no leito são reservados para situações
especiais, apenas quando for uma indicação dada pela equipe multiprofissional.
5. Ao iniciar o banho, dependendo do grau de autonomia do idoso, deve-se pedir
que vá se despindo.
6 . As orientações devem ser bem claras: "Vamos tirar suas roupas", "Entre no box",
"Passe o sabonete nas axilas", etc.. Para facilitar a execução da atividade, ela deve
ser dividida em etapas que devem ser orientadas de forma simples, uma a uma.
Todas as orientações bem executadas devem ser acompanhadas de elogios.
7. Após o banho, o cuidador deve oferecer a toalha e pedir ao idoso que se seque,
supervisionando principalmente entre os dedos dos pés e nas dobras do corpo.
Depois, oferecer suas roupas limpas e incentivá-lo a vesti-las.
8. O banho também é um ótimo momento para realizar uma revisão sistemática da
pele, unhas e cabelos, observando assim alguma lesão escondida, rachadura na
pele ou nos pés, hematomas ou algum outro trauma que não se via antes, escaras
que estão iniciando, micoses, etc..

114
9. As unhas devem ser cortadas semanalmente, de forma quadrada, evitando
encrave nos cantos.
10. O cuidado com a cavidade oral (boca) é importante. A limpeza de próteses
(dentaduras, roates) e dentes naturais, bem como as gengivas, deve ser
rigorosamente observada, principalmente após as refeições. Um bom artifício para
conseguir ajuda do idoso nesta tarefa, é o cuidador escovar os seus próprios dentes
e pedir ao idoso que o imite. Não se esqueça de pedir que o idoso escove a sua
própria língua.
11. Os cabelos devem ser lavados regularmente e revisados em busca de parasitas.
O corte dos cabelos e da barba deve ser feito periodicamente.
12. O uso de maquiagem é positivo para as senhoras idosas, mas deve obedecer ao
bom senso para que não haja exageros e que não as coloque em situações
ridículas.
13. A atitude a ser tomada em relação ao idoso que não quer fazer a sua higiene e
nem deixar o cuidador fazê-la deve ser a de manter uma postura determinada, mas
evitando o confronto e a discussão e conduzindo assim, com firmeza, passo-a-
passo, a execução de toda a tarefa.
14- Sempre respeite a intimidade do idoso. Mantenha-o em local adequado e vestido
enquanto se prepara o banho.
15- Após o banho, incentive o uso de um creme hidratante por todo o corpo para
evitar o ressecamento da pele.
16- Se o paciente faz o uso de óculos ou lentes corretivas, é importante lembrá-lo de
usá-los durante o banho.
17- Proporcione tempo adequado para que o idoso realize as atividades de banho e
higiene pessoal.
18- Garanta a acessibilidade do idoso a todo o material necessário durante o banho.

14.3- ALIMENTAÇÃO
A alimentação é muito importante para o idoso e deve ser
acompanhada de perto, para garantir uma dieta equilibrada e
adequada. Com o envelhecimento, ocorrem diversas alterações que
mudam o padrão alimentar e o interesse do idoso pela alimentação.

Dificuldades em relação à nutrição serão abordadas em um capítulo específico, mas,


por hora, iremos trazer orientações de como tornar a alimentação mais interessante
e fazer com que o idoso realize-a de forma independente.
115
Alguns aspectos apresentados por idosos podem dificultar a alimentação. Entre eles
estão: dentição em mal estado de conservação, fraqueza da musculatura da boca ou
das mãos, tremor das mãos, perda da coordenação motora, déficits cognitivos e
distúrbios de comportamento. Ainda, o idoso pode não se lembrar se já comeu ou
não, e também não se comportar de maneira adequada à mesa. Por esses motivos,
muitos familiares e cuidadores acabam dando o alimento ao idoso em horários ou
em locais diferente do restante da família, impedindo o contato com a família na hora
das refeições.

DICAS PARA O CUIDADOR

1- Lembre-se que sempre que possível o idoso deve ser responsável pela escolha
do alimento e do horário das refeições de acordo com seus hábitos e rotinas.
2- Estimule a independência do idoso na realização de todas as etapas da atividade
de alimentação.
3- Garanta um ambiente seguro, confortável e agradável durante as refeições.
4- Sempre que possível leve o idoso à mesa para que ele se alimente com toda a
família.
5- Cuidado ao servir a comida ao idoso. Certifique-se de que a temperatura está
adequada (nem muito quente, nem muito fria) de e que a quantidade é suficiente.
6- Se o idoso estiver com tremores ou déficits motores que dificultem a realização da
atividade de alimentação, adaptações podem ser providenciadas, como: inserir um
engrossador do cabo do talher, ventosas no prato e uso de um copo adaptado ao
idoso.
7- Em caso de confusão ou déficit cognitivo, uma boa opção é dividir a atividade em
etapas, orientando de forma simples, clara e pausada, uma a uma. Ex: “pegue a
colher” - “coloque a comida” - “leve-a à boca” - “mastigue” - “engula”.
8- Em alguns casos, o idoso pode se recusar a comer. É interessante a preocupação
com a aparência da comida, procurando colocar alimentos com cores bem alegres e
dispostos harmonicamente no prato.
9- Nunca alimente um idoso na posição horizontal (deitado)! Mesmo que não seja
possível levá-lo à mesa, coloque-o sentado na hora da alimentação.
10- Dê ao idoso o tempo que ele necessitar para se alimentar. Não o apresse e
lembre-se de que a alimentação deve ser um momento agradável e tranqüilo.

116
11- Esteja sempre atento às orientações do médico e do nutricionista e só dê à
pessoa idosa os alimentos adequados. Procure orientações com relação às doenças
que levam às restrições da alimentação, como o Diabetes e a Hipertensão.
12- Se o idoso se recusar a comer, não “force a barra”. Tente convencê-lo da
importância da alimentação e de que a comida está gostosa, mas nunca coloque a
comida na boca do paciente de maneira brusca.
13- Se não for possível convencê-lo a comer, procure a ajuda de um médico. Em
casos avançados da Doença de Alzheimer, por exemplo, pode ser necessário o uso
de sonda.

117
15.1- CUIDADOS COM A PELE
Todos nós sabemos da necessidade de cuidar da pele contra a radiação do sol, mas
também é importante verificarmos se outros fatores interferem na saúde da pele do
idoso. Abaixo citamos algumas dicas simples e importantes:

 Evitar sol próximo ao meio dia;


 Utilizar sempre o protetor solar nº 15;
 Dieta é importante para manter a pele saudável;
 Susbtâncias que comprometem A SAÚDE DA PELE: raios
ultravioletas, poluição, estresse, fumo, dentre outros.

Obs: Segundo a Associação Brasileira de Dermatologia pouca diferença faz em


relação ao UVB (ultra violeta “B”) para os protetores maiores que o nº 15- além de
apresentarem mais produtos químicos. Hoje temos que preocupar também com os
raios ultravioletas “A” UVA.

Água:
 A água é fundamental para o bom funcionamento do organismo.
 Para uma pele saudável os dermatologistas recomendam beber, pelo
menos, 2 litros de água por dia.
 Se a pele estiver ressecada, é sinal que o corpo pede água. Mas
outros fatores podem contribuir para o ressecamento da pele, como
vento, poeira (poluição), sol em excesso, calor ou ar seco.
 Assim, além de beber bastante água, para evitar o ressecamento da
pele é preciso usar pouco sabonete, evitar água muito quente e usar
cremes hidratantes adequados, sem muito perfume.

Fumo:

O fumo: reduz o fluxo sanguíneo da pele, dificultando a oxigenação dos tecidos. A


redução deste fluxo parece contribuir para o envelhecimento precoce da pele e para
a formação de rugas. Rugas acentuadas ao redor da boca são muito comuns em
fumantes, além do calor da chama e o contato da fumaça com a pele provocar o
envelhecimento e perda de elasticidade da pele.

118
Álcool:
 O álcool : o consumo de álcool influi no metabolismo, causando danos
ao organismo.
 A exceção à regra é o vinho tinto, (consumindo moderadamente)
contém flavonóides, que possui ação anti-oxidante.

15.2- CUIDADOS PESSOAIS:

 Cuidado com as unhas dos idosos


 Higiene oral

Cuidados com a unha do idoso:

 Objetivos: proporcionar conforto e segurança e evitar infecções .


 Objetos utilizados: tesourinha, escovinha de unha, água morna, toalha
e vaselina sólida .
 Se o paciente estiver acamado, utilizar a água morna em uma vasilha e
imergir a mão do idoso na água , limpando suavemente com a
escovinha, se necessário. Cortar as unhas, evitando unha encravada e
depois hidratar a pele com a vaselina.
 Observar aspectos gerais da unha como cor, textura e feridas na pele.

Idosas podem e devem “fazer unha”, em se tratando de auto-estima, bem estar e


manutenção de hábitos que sempre tiveram. Importante tomarem alguns cuidados:
Devido à pele fina, a idosa tem a chance maior de desenvolver abcessos laterais,
portanto tomar o cuidado com cutículas e preferir unhas quadradas para diminuir o
risco de unhas encravadas.

Higiene Oral
A higiene oral É a limpeza oral, ou seja, dentes, gengivas e língua.

Objetivos:
 prevenir cáries dentárias
 prevenir infecções bucais, digestivas e respiratórias
 Hidratar língua, bochechas e palato
 Diminuir e prevenir halitose

119
Materiais utilizados na higiene oral:
Escova de dente ou gaze, creme dental ou simplesmene água com bicabornato de
sódio, copo de água, vasilha (paciente acamando com prescrição de repouso),
toalha de rosto, papel toalha.

Procedimentos:
 Lavar as mãos.
 Observar as condições do paciente e da cavidade oral.
 Retirar próteses e orientar ao idoso fazer a higiene oral.
 Erguer a cabeceira da cama, caso o idoso esteja acamado.
 Solicitar ao paciente que escove a face anterior e posterior dos dentes,
no sentido gengiva-dente e limpe toda a cavidade oral, incluindo
bochechas, língua (melhora a percepção do sabor), palato e
gengivas.
 Proceder à limpeza da prótese.
 Manter o idoso o mais independente possível.
 Organize a tarefa em etapas, se o paciente for confuso… e
supervisione verbalmente.

Objetivos:
 Remover resíduos na cavidade oral.
 Detectar possível aftas, inflamações de gengiva.
 Evitar ou detectar infecções, retração de gengivas .
 Manter independência e autonomia.

120
15.3- ÚLCERAS DE PRESSÃO

Definição: Uma área localizada de morte celular, que se desenvolve quando um


tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma superfície dura, por
um período prolongado de tempo.

As úlceras de Pressão, comumente chamadas de escaras, são lesões


(feridas) .

As regiões com maior risco de úlceras de pressão são as áreas próximas de grandes
proeminências ósseas, como a região sacrococcígea (final da coluna), os
calcanhares, cotovelos, joelhos, nádegas, as orelhas, escápulas (asas), entre outras.

As ulcerações surgem na forma de um pequeno sinal avermelhado que pode evoluir


rapidamente para a próxima fase, com a formação de bolhas que, em seguida,
formam uma crosta preta. Tendem a aumentar de tamanho se a região não for
protegida e, principalmente, se não for diminuída a pressão sobre a área, através
mudança constante de posição (de 2 em 2 horas).

Uma úlcera de pressão pode aparecer em poucos dias e progredir rapidamente, mas

121
para cicatrizar pode levar meses e nem sempre cicatrizam, principalmente na
pessoa idosa. A principal complicação da ulcera de pressão é a infecção que
inicialmente é local, mas pode disseminar-se e matar.

FASES DE EVOLUÇÃO

1. Eritema - vermelhidão
2. Edema - inchaço
3. Isquemia - irrigação sangüínea deficiente
4. Necrose - morte dos tecidos

PRINCIPAIS FATORES DE RISCO

 Limitação dos movimentos - pacientes acamados.


 Estados nutricionais debilitados - paciente muito magro.
 Nível de consciência comprometido – demência, “paciente esclerosado”.
 Perda da sensibilidade ao toque e/ou à temperatura.
 Umidade - paciente muito tempo molhado por suor, urina e fezes.
 Falta de cuidados - excesso de calor ou frio.
 Algumas doenças crônicas (diabetes, doenças cardiovasculares).

MEDIDAS DE PREVENÇÃO

 Mude o paciente de posição


constantemente (de 2 em 2 horas).
 Faça uma cuidadosa inspeção da pele a cada mudança para não correr o
risco de coloca-lo sobre área de vermelhidão.
 Usar protetores de espuma - colchão caixa do ovo. O colchão caixa de ovo
não pode ser lavado, portanto se sujar com fezes, urina ou sangue tem que
ser jogado fora.
 Coloque rolos, almofadas e travesseiros nas áreas de maior risco.
 Os colchões de ar ou de gel apóiam o corpo de forma correta, ajustando-o em
toda a sua extensão, diminuindo assim a pressão excessiva.
 A melhor opção é escolher o equipamento de redução da pressão seguindo

122
os seguintes critérios: efetividade clínica, custo do equipamento, facilidade de
manutenção e conforto do paciente.
 Mantenha o idoso fora do leito sempre que possível.
 Evite colocar um membro do paciente em cima do outro e, quando o fizer,
coloque um travesseiro entre eles.
 Mantenha a cama sempre limpa e seca, com os lençóis bem esticados e
livres de migalhas.
 Retire imediatamente do paciente qualquer roupa úmida.
 Proteja a pele do idoso seguindo as orientações dos profissionais da equipe
multiprofissional.
 Zele pela higiene pessoal do paciente.
 Execute movimentos passivos (ou seja, o idoso não executa os movimentos,
alguém os faz por ele) nos membros do paciente.
 Cuide do estado geral do paciente, oferecendo-lhe os alimentos prescritos
pela equipe.

Figuras: MUSSI, N.M. et al. Técnicas fundamentais de enfermagem. São Paulo: Editora Atheneu, 1995.Pág. 41

IMPORTANTE: Nenhum colchão ou bóia ou qualquer outra medida, por mais


cara ou moderna que seja, é mais eficiente do que mudar o paciente de
posição de 2 em 2 horas,
inclusive durante a madrugada.

MEDIDAS TERAPÊUTICAS

A pessoa idosa portadora de feridas exige tratamento a ser


realizado por um profissional capacitado.

O tratamento de feridas é realizado por enfermeiros. Porém,


os cuidadores desempenham um papel de grande
importância, observando sistematicamente o aspecto externo do curativo,

123
executando as mudanças de posição e a troca de roupas, mantendo a equipe
sempre informada sobre quaisquer alterações como:
 Desprendimento espontâneo da cobertura da ferida.
 Excesso de secreção percebida externamente à cobertura.
 Cheiro diferente.
 Queixa por parte da pessoa idosa de dor ou coceira local.

IMPORTANTE: Nenhum colchão ou bóia ou qualquer outra medida, por mais cara
ou moderna que seja, é mais eficiente do que mudar o paciente de posição de 2 em
2 horas, inclusive durante a madrugada.

ATENÇÂO!
O CUIDADOR NÃO REALIZA TRATAMENTO DE FERIDAS, MAS É
RESPONSÁVEL PELA MANUTENÇÃO DA INTEGRIDADE DA PELE DO IDOSO.

15.4- COLOSTOMIA

Colostomia é a porção do intestino (intestino grosso) exteriorizada através da


parede abdominal. Pode ser permanente ou temporária e a consistência das fezes
varia de acordo com a porção do intestino que foi exteriorizada.

A colostomia não pode ser controlada voluntariamente.


Por essa razão, o paciente utilizará uma bolsa de coleta
de fezes.

São várias as preocupações que giram em torno do


problema: os cheiros, os ruídos, a reintegração social e
profissional, o tratamento da pele em volta da colostomia
e até mesmo a atividade sexual. Todas estas
preocupações são coerentes, mas, superado o choque inicial, a maioria dos
colostomizados volta às atividades normais, tomados os devidos cuidados de
higiene e utilizados os materiais adequados.

124
ALGUNS CUIDADOS
Deve-se evitar:
 Carregar peso excessivo;
 Praticar esportes que exijam muito esforço;
 Cintos, fivelas ou outros artigos que comprimam a
colostomia.

Hábitos alimentares:
 Evitar alimentos que produzam gazes e/ou odores fortes;
 Consumir legumes, frutas e beber muito líquido;
 Mastigar bem os alimentos.
Higiene:
 Lavar a pele ao redor do estoma (orifício) delicadamente, com um
sabonete neutro.
 Observar a colostomia com regularidade: a pele em sua volta deve estar
úmida, lisa, de cor avermelhada e livre de coceiras e/ou feridas.
 Caso o estoma não esteja em condições normais, deve-se comunicar ao
enfermeiro da equipe.

15.5- UROSTOMIA E TIPOS DE SONDAS

Alguns idosos perdem a capacidade de controlar a urina ou não conseguem


esvaziar a bexiga de forma satisfatória.
Razões que podem impedir o esvaziamento da bexiga:
 Bloqueio da uretra - Muitos homens de meia-idade têm uma próstata
aumentada a ponto de obstruir o canal da uretra.
 Efeitos colaterais de drogas como a morfina, por exemplo, podem causar
dificuldades para urinar e quadro de inconsciência.
 Infecção no aparelho urinário.
 Paralisia ou lesões na coluna cervical.
 Lesões pélvicas ou na uretra.

125
UROSTOMIA
É um procedimento cirúrgico que consiste em desviar o curso normal da urina,
ligando o canal da uretra a uma abertura no abdome por onde a urina será expelida.
A urostomia pode ser permanente ou temporária.

A urostomia não pode ser controlada voluntariamente. Por essa razão, o idoso
utilizará uma bolsa de coleta de urina. A urostomia exige os mesmos cuidados da
colostomia, citados anteriormente.

TIPOS DE SONDAS:
Sonda nasogástrica: consiste na introdução de uma sonda pelo nariz que vai até o
estômago.
Objetivos: alimentar o paciente, examinar o conteúdo gástrico, administrar
medicamentos, preparar cirurgias, aliviar distensão abdominal.

Sonda Vesical de Demora:


Consiste na colocação de um catéter (sonda) na bexiga do idoso para permitir que a
urina escoe. Esse procedimento deve ser feito por um médico ou enfermeiro
devidamente habilitado.
Principais cuidados na manipulação da sonda vesical de demora:
 Lave as mãos antes e após cada manipulação.
 Utilize luvas de procedimento para proteção e descarte-as logo após o
procedimento.
 Se o contato direto com a urina ocorrer, lave as mãos com água e sabão e, em
seguida, utilize álcool-gel ou álcool líquido á 70%.
 Não desconecte o sistema, pois esta é uma função do médico ou enfermeiro.
 Mantenha a bolsa de drenagem sempre abaixo do nível da bexiga do paciente
para evitar refluxo de urina.
 Não existe um intervalo de tempo pré-estabelecido para se esvaziar a bolsa
coletora, faça-o sempre que estiver cheia.

126
16-1- POSICIONAMENTO E TRANSFERÊNCIAS

É extremamente importante posicionar e transferir


corretamente o idoso dependente ou semidependente,
prevenindo assim encurtamentos, contraturas e assim
facilitar sua mobilidade e contato com o meio-ambiente. O
posicionamento é feito sempre respeitando o conforto e
buscando o benefício do paciente.
Na cadeira de rodas, o alinhamento do corpo é orientado
pela linha mediana do tronco, em que os ombros ficam
devidamente alinhados com os quadris.

O posicionamento pode ser feito em decúbito dorsal, (paciente deitado de costas),


decúbito ventral, (paciente deitado de bruço), decúbito lateral, (paciente deitado de
lado) ou com o paciente sentado. Podem ser utilizados travesseiros, rolos e
almofadas para manter a postura correta.

As transferências posturais, (passar da cama para cadeira ou da cadeira para a


posição vertical, por exemplo), são realizadas, de preferência, por mais de uma
pessoa. Podemos utilizar cintos e também uma tábua para auxiliar nas
transferências. Procure estar tranqüilo e seguro no momento da transferência, com
os pés afastados um do outro e totalmente apoiados no chão. Além disso, mantenha
as costas eretas e utilize o peso do corpo como um contrapeso ao peso do idoso.
Ainda, flexione os joelhos em vez de curvar a coluna, trabalhando sempre o mais
próximo possível do paciente.

Também vale a pena salientar, que o idoso deve ser orientado a ajudar sempre que
possível!

127
IMPORTANTE: A MASSAGEM, ALONGAMENTOS E EXERCÍCIOS
TERAPÊUTICOS SÃO REALIZADOS PELO FISIOTERAPEUTA! A MENOS QUE
ESTE ORIENTE E TREINE O CUIDADOR PARA A REALIZAÇÃO DE ALGUM
EXERCÍCIO.

EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS

Tratam-se de exercícios ou atividades com finalidades terapêuticas, visando à


melhora funcional e a reabilitação de uma função ou doença que esteja
comprometendo o status funcional e a qualidade de vida do idoso. Podem ser
realizados individualmente ou em grupo, livremente ou com auxílio de bolas,
bastões, rolos, pesos e borrachas.

Tipos de exercícios:
 Ativos – realizados pelo paciente sem o auxílio de outra pessoa.
 Ativos assistidos - realizados pelo paciente com a ajuda de um fisioterapeuta.
 Ativos resistidos - realizados pelo próprio idoso, acrescidos de uma
resistência externa (objetos como caneleira ou resistência manual)
 Passivos – exercícios feitos no paciente pelo fisioterapeuta.

16-2 - MASSAGEM:

A massagem é o conjunto de manobras aplicadas, com fins higiênicos ou


terapêuticos, nas diferentes partes do corpo onde existem tecidos macios. É
caracterizada pelo fato de transmitir ao corpo humano uma certa quantidade de
energia que determina reações especiais e benéficas. Para isso, é necessário que
as mãos, aplicadas ao corpo, lhe transmitam uma quantidade determinada de
energia.
Efeitos da massagem:
 Efeito local ou direto – efeitos no sistema circulatório, agindo na corrente
venosa e linfática, (vasos), e assim melhorando os edemas (inchaços).
Quando feita na musculatura, melhora a contração dos músculos diminuindo
a fadiga.

128
 Efeito distante ou fisiológico
 Efeitos indiretos – efeitos que se manifestam no organismo. Quando feita
tendo em vista á circulação, provoca mudanças na distribuição do sangue,
pois, primeiro causa a vasoconstrição e depois vasodilatação, aumentando
assim, os batimentos cardíacos.
Ação da massagem:
 Melhora e aumenta a circulação, facilita o retorno venoso e alivia o edema.
 Alivia a prisão de ventre.
 Aumenta a contração dos músculos.
 Estimula os receptores nervosos.
 Limpa a pele deixando-a mais permeável.

Indicações da massagem:
 Nos casos de tensão, estresse, fadiga.
 No tratamento de contusões, (em caso de batidas), distensões, (estiramento
do músculo) e luxações (deslocamento de ligamentos e articulação).
 Nos casos de fibrose, contraturas e diminuição da mobilidade e flexibilidade
das articulações.
 Nos casos de acúmulo de secreção nas vias respiratórias.
 Nos casos de insuficiência sanguínea e cardíaca.

Contra indicações da massagem:


 Em pacientes com febre.
 Sobre lesões de pele e tumores.
 Em articulações inflamadas.
 Sobre varizes.
 No abdômen com bexiga ou estômago cheios ou em casos de inflamação de
útero ou bexiga.

Benefícios da massagem no idoso:


 Efeitos calmantes, relaxantes, melhorando a depressão e a solidão.
 Ajuda á circulação e alivia as dores articulares e combate o enrijecimento
muscular.
 Melhora a pele deixando-a mais elástica e hidratada.
 Facilita na sociabilidade.

129
16-3- ALONGAMENTOS

Alongar é melhorar a movimentação de uma articulação e ao mesmo tempo a


flexibilidade dos tecidos moles como músculos, tendão e tecido conjuntivo, ao se
tencionar o músculo e o manter em uma mesma posição por um determinado de
tempo.

Indicações
 Prevenção de lesões nos músculos e articulações - antes e após exercícios
físicos.
 Prevenção de atrofia e imobilidade.
 Melhorar a flexibilidade depois de uma lesão ou enfermidade.
 Aquecimento muscular.
 Ganho de força muscular.
 Aumentar o metabolismo, (nutrição), dos músculos e tecidos adjacentes.

Contra indicações
 Fratura recente.
 Limitação do movimento por um bloqueio ósseo.
 Inflamação das articulações.
 Dor intensa e aguda com o movimento articular ou com o alongamento.
 Hematoma ou traumas.
 Contraturas.

 Aumenta a circulação  Relaxa o músculo.


sanguínea.  Previne lesões ou traumas.
 Melhora o metabolismo.  Proporciona bem estar.
 Atenua a rigidez muscular.  Aumenta a circulação
 Diminui riscos de lesões pós- sanguínea.
exercícios.
 Reduz tensão muscular.
 Aumenta a mobilidade.
 Diminui tônus corporal, (tensão

130
corporal).

Benefício no idoso

Tempo de duração

O tempo de duração varia de acordo com a tolerância do paciente, mas


podem ser indicadas 10 repetições de 10 segundos ou 4 repetições de
20 segundos. Cabe observarmos: deve-se respeitar o tempo de
relaxamento do músculo antes de se reiniciar o alongamento.

16- 4- ATIVIDADE FÍSICA:


O envelhecimento vem acompanhado de uma série de efeitos nos diferentes
sistemas do organismo que, de certa forma, diminuem a aptidão e a performance
física. No entanto, muitos destes efeitos destrutivos são devido à falta de atividade
física.

ALGUNS DOS EFEITOS DO ENVELHECIMENTO

 Perda de 10 a 20% da força muscular.


 Diminuição da densidade óssea.
 Diminuição da flexibilidade.
 Diminuição da agilidade.
 Diminuição da coordenação motora.
 Diminuição da mobilidade articular.

BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA

 Melhora a coordenação motora, equilíbrio e conscientização corporal,


diminuindo assim o risco de quedas.
 Reduz problemas psicológicos, como ansiedade e depressão melhorando a
auto-estima e promovendo o bem estar social.
 Diminui a incidência de câncer, A.V.E. - Acidente Vascular Encefálico - e
doenças do coração.
 Promove importante melhora da qualidade de vida, independentemente da
idade.

131
 Melhora o condicionamento cardio-respiratório diminuindo a aparecimento da
H.A.S. - Hipertensão Arterial Sistêmica - e doenças do coração e pulmão.
 Melhora a força muscular e a flexibilidade,o fluxo sanguíneo para os
músculos, a coordenação motora, equilíbrio e conscientização corporal,
diminuindo assim o risco de quedas.
 Fator de proteção contra o câncer.
 Diminui a incidência de A.V.E. - Acidente Vascular Encefálico - e doenças do
coração .
 Melhora a disposição geral (produz endorfinas), a alegria, o bem-estar
psicológico e o humor, o sono, contribuindo para o combate dos transtornos
psicoafetivos, tais como a ansiedade, o estresse, a depressão, e as tensões.
 Aumenta a auto-estima e a auto-confiança.
 Estimula o convívio social pois é uma maneira fácil de compartilhar momentos
com amigos e familiares, possibilita fazer novas amizades, evita o isolamento
social.
 Aumenta a resistência física.
 Controla o açúcar no sangue (auxilia na diabetes).
 Controla o colesterol (aumenta o HDL/colesterol bom), a pressão arterial, o
apetite e a obesidade, reduzindo assim os riscos de doenças do coração.
 Facilita a digestão e o funcionamento do intestino, da circulação, do coração
e da respiração.
 Aumenta a massa muscular e a massa óssea, prevenindo a osteoporose, pois
o movimento ajuda na fixação do cálcio nos ossos.
 Favorece o molejo das juntas, a força dos músculos, a rigidez dos ossos, a
postura corporal, o equilíbrio no andar, ajudando assim a prevenir as doenças
nos ossos e articulações, e as quedas.
 Melhora o desempenho sexual.
 Melhora da função renal.
 Facilita a independência na realização das atividades diárias, prevenindo as
incapacidades.
 Previne e combate os efeitos deteriorantes do sedentarismo, como as dores
nos músculos, causadas pela falta de movimentos.
 Auxilia nas atividades imunológicas.
 Reduz o risco de hipertrofia de próstrata.
 Ajuda a controlar o uso do cigarro e do álcool.
 Previne contra a demência, diminuindo o risco de 50% e 40% do declínio

132
cognitivo leve.

PRESCRIÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE

Antes de se iniciar um programa de exercícios, o indivíduo deve passar por uma


avaliação médica cuidadosa, e, para isso, deve-se levar em consideração as
alterações mencionadas anteriormente, próprias da idade.

PRINCIPAIS ATIVIDADES RECOMENDADAS

São recomendados, às pessoas idosas, exercícios


físicos aeróbicos de baixa à moderada intensidade e
impacto, prevenindo, desta forma quedas, lesões
musculares, e sobrecarga articular e cardíaca. Como
a natação, hidroginástica e caminhada.

DURANTE A ATIVIDADE, É NECESSÁRIO:

 Manter a hidratação.
 Estar atento à freqüência cardíaca e respiratória.
 Em caso de dor, suspenda a atividade - dor = limite.
 Se alongar antes e após os exercícios físicos.
 Utilizar roupas e calçados adequados à atividade a ser desenvolvida.
 Manter-se regular o ritmo da atividade física.

133
O que devo saber ao final da leitura deste capítulo?

 As alterações causadas pelo processo de


envelhecimento que influenciarão nas
necessidades nutricionais.
 Orientações nutricionais no envelhecimento.
 Adequação da Terapia Nutricional para os idosos.
 Orientações nutricionais nas principais patologias
que acomete aos idosos.
 Os processo de deglutição, disfagia e engasgos.
 A manobra de Heimlich.

INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um processo normal e fisiológico que, no entanto, acarreta
alterações no organismo que podem modificar as necessidades nutricionais. Este
aspecto pode ser agravado pela presença de doenças, pela interferência de
medicamentos ou por problemas sociais e psicológicos.
A alimentação é um fator primordial para a promoção, manutenção e, ou,
recuperação da saúde em todas as fases da vida.

Para melhor compreendermos o papel da nutrição no nosso organismo, devemos


aprender sobre as funções dos nutrientes.

GRUPOS DE ALIMENTOS

Para se manter um bom estado nutricional é necessário que a alimentação tenha


alimentos de todos os grupos alimentares de uma forma balanceada e equilibrada.
Isto significa que todo o excesso e toda a deficiência ou privação de algum nutriente
poderá ser prejudicial ao organismo.

134
Grupos alimentares:

 Alimentos energéticos – São aqueles que têm a função primordial de fornecer


energia para que o nosso organismo possa desenvolver todas as suas
atividades internas e externas: andar, correr, trabalhar, jogar e etc...
 Alimentos construtores – São aqueles que têm a função de serem
substâncias especiais para a construção, manutenção e, ou, recuperação das
diferentes partes do corpo. Fazem parte deste grupo as proteínas, o cálcio e o
ferro.
 Alimentos reguladores – São aqueles que regulam as várias funções do
organismo, fazendo parte de enzimas importantes. Constituem este grupo, as
vitaminas, minerais e fibras.

NUTRIÇÃO E ENVELHECIMENTO

No planejamento das refeições dos idosos devemos observar:


 Orçamento disponível para alimentação.
 Consistência do alimento e formas de preparo.
 Quantidade e variedade de alimentos.
 Hábitos, intolerâncias e aversões a certos alimentos.

Em relação ao idoso, deve-se observar:

 Capacidade física para alimentar-se sozinho.


 Tempo disponível para realizar as refeições.
 Dificuldades na mastigação e deglutição.
 Redução ou distorção do sentido gustativo e olfativo.

135
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS GERAIS PARA IDOSOS

 Fazer as refeições em local calmo, de preferência em mesa própria para


refeição com toalha lisa. Evitar assistir televisão durante as refeições, pois a
atenção do idoso deverá estar voltada somente para a alimentação.
 Mastigar bem os alimentos antes de engolir.
 Estimular a alimentação, evitando que o idoso perca o interesse em comer.
 Evitar a monotonia alimentar através do preparo de refeições atraentes.
Aumente a variedade de cores no prato e favoreça o paladar com o uso de
cheiro verde, alho, orégano, louro, e etc. Mas, evite condimentos fortes como
pimenta, temperos industrializados e sal em excesso.
 Respeitar os horários de alimentação evitando que o idoso “belisque” entre as
refeições ou ainda ficando muito tempo sem se alimentar. O intervalo entre
uma refeição e outra deve ser de 4 horas, no máximo.
 Evitar que o idoso beba líquido junto com as refeições principais - almoço e
jantar. Deve-se aguardar 1 hora antes e depois destas refeições para que o
idoso faça o uso de líquidos novamente.
 Evitar beber café, chá ou leite logo após o almoço ou jantar, pois este hábito
pode causar a anemia no idoso.
 Hidratar bem o idoso, caso ele não tenha restrição aos líquidos. Procure
oferecer água, sucos, ou chás, sempre que possível.

ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS ESPECIAIS


HIPERTENSÃO
 Se você estiver acima do peso, procure reduzi-lo.
 Reduza o sal na alimentação. Elimine o saleiro da mesa e diminua
o sal do preparo das refeições.
 Realce o sabor das refeições com ervas como: hortelã, orégano, cheiro
verde, noz-moscada, cebolinha e ainda com temperos como: alho, limão ou
vinagre.
 Inclua em seu hábito alimentar as frutas, legumes e verduras.

136
 Evite alimentos industrializados, ricos em sódio, como: enlatados, temperos,
caldo de carne e galinha, ketchup, mostarda, maionese, salame, salsicha,
lingüiça, presunto ou carne de sol.
 Não use adoçantes à base de ciclamato de sódio.
 Ainda, não faça uso de medicamentos sem a prescrição médica, pois eles
podem conter sódio em sua composição sem que você saiba.
 Não fume e não ingira bebidas alcoólicas. Estes hábitos podem elevar a
pressão arterial.

DIABETES

 Se você estiver com o peso acima do normal, procure reduzi-lo.


 Evite ingerir: açúcar, mel, balas, doces, refrigerantes, chocolates,
bebidas alcoólicas, tortas, bolos, pudins, sorvetes e geléias.
 Substitua o açúcar pelos adoçantes artificiais, mas, sem abusar destes.
 Dê preferência a alimentos menos gordurosos e aos óleos vegetais no
preparo de sua alimentação, usando em pequenas quantidades o óleo de
canola, de milho, de soja e de girassol.
 Evite: toucinho, banha de porco, bacon, pele de frango, carnes
gordurosas, frituras e manteiga.
 Procure incluir em todas as suas refeições alimentos ricos em
fibras, como: verduras cruas, frutas com casca ou bagaço, (sempre que
possível), cereais integrais, aveia e feijão. As fibras ajudam a normalizar o
nível de glicose.
 Evite ingerir frutas em conservas ou em forma de doces, pois, a maioria
desses alimentos, é preparada com calda de açúcar.

CONSTIPAÇÃO DO INTESTINO:
 Beba bastante líquido, aproximadamente de 2 a 3 litros por dia.
 Dê preferência a alimentos ricos em fibras como:
o Arroz integral, aveia, germe e farelo de trigo.
o Verduras de folha cruas: alface, couve, almeirão, agrião, acelga e
espinafre.
o Legumes: tomate, beterraba crua, quiabo, jiló, chuchu, vagem e
berinjela.
o Frutas: mamão, ameixa e laranja com bagaço.

137
 Consuma em menor quantidade os alimentos refinados: farinha de trigo, arroz
branco, farinha de mandioca, pão branco, tortas, bolos e macarrão.
 Evite o consumo de: banana, pimentas, alimentos embutidos e goiabada.
DISLIPIDEMIAS - Aumento da quantidade de gordura, ou seja, colesterol, no
sangue.

 Utilize em sua alimentação: frutas, verduras e legumes crus.


 Prefira carnes magras - aves, peixes sem pele.
 Utilize óleos vegetais no preparo de suas refeições, como óleos de: canola,
girassol, soja, milho e oliva.
 Dê preferência ao leite desnatado e queijos magros
como a ricota.
 Use a margarina vegetal no lugar da manteiga.
 Consuma no máximo 3 gemas de ovo por semana e, lembre-se que bolos,
pudins e maionese também contêm ovos.
 Não faça o uso de frituras. Dê preferência aos alimentos assados, cozidos
ou grelhados.
 Evite: bacon, torresmo, banha de porco, frituras, massas folhadas, (com
gordura) e vísceras, como, fígado, moela e coração.

TERAPIA DE NUTRIÇÃO ENTERAL

A terapia de nutrição enteral é toda a dieta que é feita por meio de sondas para
alimentação, nos casos em que a pessoa se encontra impossibilitada de se
alimentar pela boca.

Tipos de alimentação própria para a alimentação por sondas:


 Dietas artesanais.
 Alimentos caseiros preparados, sendo devidamente processados e coados.
 Dietas industrializadas.

Orientações gerais
 Siga rigorosamente os horários e volumes prescritos.
 Lave a mão com água e sabão, cobrindo os cortes e arranhões com
curativo, antes do preparo das dietas.
 Use sempre água filtrada e fervida.
138
 Lave as vasilhas a serem utilizadas com sabão e água corrente.
 Não fume durante o preparo da dieta.
 Ao provar o alimento, utilize uma colher limpa, e nunca a leve diretamente
da boca para o recipiente com a dieta.
 Guarde a dieta na geladeira e retire, 30 minutos antes do horário da
alimentação, apenas o volume a ser oferecido. Não forneça a dieta se ela
estiver quente ou fria, a temperatura para se ingerir a dieta preparada deve
ser a ambiente.
 Não dê a dieta se o paciente estiver totalmente deitado. Sente-o, ou, no
caso de impossibilidade, eleve seu pescoço e parte do tronco com
travesseiros. Após o término da alimentação, mantenha o paciente nesta
posição por algum tempo.
 Administre a dieta de forma que ela seja ingerida lentamente, gota a gota,
e, quando terminar, injete 50 ml de água na sonda através de uma seringa
descartável sem agulha, para lavar a sonda. Lembre-se que este
procedimento de lavagem da sonda deve ser feito toda vez que for
administrada a dieta ou medicamento.
 Mantenha a sonda de nutrição fechada após a administração dos alimentos
para evitar a contaminação, o retorno do líquido e entrada de ar.
 Caso o paciente esteja com diarréia, utilize alimentos como: sucos de
goiaba, de caju e limonada sem açúcar, e ainda a batata, cenoura, arroz e
maisena.
 Em caso de intestino preso, introduza na dieta alimentos como: suco de
laranja, mamão e aveia.
 Não utilize na dieta: pepino, melancia, couve-flor, repolho, mandioca,
pimenta do reino, molhos e temperos fortes.

139
PROBLEMAS COM A ALIMENTAÇÃO E A DEGLUTIÇÃO
INTRODUÇÃO
A alimentação é importante para manter os estados de nutrição e hidratação do
indivíduo, e a sua saúde geral. Na nossa cultura, a alimentação é um ato e um fator
importante de socialização.

Deglutir é um ato tão natural e rápido, que jamais pensamos conscientemente nele,
e não imaginamos que possa ocorrer alguma intervenção nessa atividade.

O objetivo dessa aula é demonstrar o processo de deglutição, os possíveis


problemas que podem ocorrer e o que podemos fazer para amenizar essas
intercorrências,

DEGLUTIÇÃO

Um processo fisiológico ordenado, que transporta o


alimento a cavidade oral para o estômago.

As estruturas envolvidas na deglutição são:


Estruturas anatômicas da cavidade bucal, faringe, laringe e esôfago.
Fases da deglutição
A deglutição é dividida em 03 fases: oral, faríngea e esofágica.
Fase oral
 Fase voluntária.
 Ocorrem a preparação, qualificação, organização e ejeção do bolo
alimentar.
 Mastigação.
 Salivação.
 Movimentação de lábios, dentes, língua e bochechas.
Fase Faríngea
 Fase involuntária.
 Transporte do bolo alimentar da faringe até o esôfago.
 Contração dos músculos da faringe.
 Proteção das vias aéreas.
140
Fase Esofágica
 Fase involuntária.
 Transporte do bolo alimentar do esôfago ao estômago.
 Movimentos peristálticos.

DISFAGIA

O que é disfagia?
É uma dificuldade de deglutição, que ocorre durante o transporte do bolo alimentar
desde a boca até o estômago.
Que problemas a disfagia pode causar?
 Desnutrição.
 Desidratação.
 Problemas respiratórios: pneumonia de aspiração.
 Alteração do bem estar geral.
Quais as principais causas da disfagia?
 Acidente vascular cerebral – derrame.
 Traumatismo craniano.
 Doenças neurológicas, como: Doença de Parkinson, demência, esclerose
lateral amiotrófica e distrofia muscular.
 Paralisia Cerebral.
 Câncer de cabeça e pescoço.
 Longos períodos de entubação.
 Medicamentas que interfiram na produção de saliva, tônus muscular e estado
de alerta.
A disfagia e o envelhecimento
O processo natural de envelhecimento traz alterações anátomo-fisiológicas das
estruturas envolvidas na deglutição, que podem ocasionar a disfagia. As principais
alterações são:
 Problemas de mastigação - deficiências nas arcadas dentárias e próteses mal
adaptadas.
 Diminuição da produção de saliva.
 Diminuição da força da língua.
 Diminuição da pressão orofaríngea.
 Presença de penetração no vestíbulo laríngeo.
 Diminuição dos reflexos protetivos.

141
 Aumento da incidência de refluxo gastresofágico.
 Denervação senil do esôfago.
 Presença de patologias associadas.
 Grande uso de medicamentos.

A disfagia na pessoa idosa é mais séria que em pacientes mais novos, porque na
maioria das vezes os pacientes idosos evoluem para pneumonia de aspiração e á
desnutrição, mas, não existe comprovação científica que a disfagia no idoso hígido,
(saudável), provoque alterações importantes de deglutição, bem como complicações
clínicas mais severas.

Detectando os sinais de disfagia


O diagnóstico da disfagia é feito pelo fonoaudiólogo, mas existem alguns sinais que
podem facilitar a detecção desse distúrbio:

Durante a alimentação
 Dificuldade de vedamento labial durante a mastigação do alimento.
 Escape de alimento pela boca.
 Falta de elevação laríngea.
 Presença de movimentos descoordenados e repetitivos de língua e
mandíbula.
 Deglutições múltiplas do mesmo alimento.
 Dificuldade para iniciar a deglutição.
 Pigarro.
 Tosse e, ou, engasgo.
 Alterações respiratórias.
 Aumento dos batimentos cardíacos.
 Sudorese em excesso.
 Cianose nas extremidades.

Depois da alimentação
 Cansaço.
 Sonolência.
 Restos de alimento na boca.
 Pigarro.
 Tosse e, ou, engasgo.

142
 Alteração vocal: “voz molhada”.
 Febre.

O processo de envelhecimento é permeado por mitos, que nos induzem a não


valorizar as queixas dos idosos, considerando tudo com sendo natural da “velhice”.
Na deglutição não é diferente, existem vários sinais que são normais no
envelhecimento, mas existem alterações que acusam problemas e que são
negligenciadas por nós. O quadro abaixo demonstra o que é, e o que não é, normal
no envelhecimento:
É Normal no Envelhecimento Não é normal no Envelhecimento
Diminuição da quantidade de saliva Boca muito seca -xerostomia
Lentificação da mastigação e deglutição Presença de baba - sialorréia
Escolha de alimentos mais moles Grande dificuldade de mastigação
Movimentos repetitivos e
Evitar várias refeições descoordenados de língua e mandíbula
durante a mastigação
Pouca tosse Deglutição múltipla do mesmo alimento
Mudança de postura da cabeça no
Alterações de sabor momento da deglutição
Tosses e engasgos freqüentes
Refluxo nasal
Restos de alimento em cavidade oral
após a alimentação
Pigarro e halitose
Febres constantes
Voz rouca após as refeições
Mudanças bruscas nos hábitos
alimentares

143
Os cuidados com a alimentação
Siga essas orientações para que a alimentação do idoso seja segura e eficaz.

 O paciente deve estar acordado, alerta, disposto e atento enquanto come.


 Use uma gaze úmida para molhar a boca do paciente antes da alimentação.
 Se o paciente conseguir, deixe-o se alimentar sozinho.
 O paciente deve alimentar-se sentado, e, se isto não for possível, deve-se
elevar a cabeceira da cama.
 Na hora da alimentação, o acompanhante deve estar na mesma altura do
paciente.
 Mostre ao paciente o que ele vai comer, deixe que ele sinta o cheiro do
alimento.
 Lembre o paciente de mastigar e engolir, quando necessário.
 Evite conversar com o paciente durante as refeições, ou enquanto este toma
a medicação. Comer, beber e conversar ao mesmo tempo pode causar
engasgos.
 Para proteção de vias aéreas, mantenha o paciente com a cabeça
centralizada e com uma leve inclinação para baixo.
 Não deixe a cabeça do paciente ficar posicionada para trás.
 Use uma colher pequena e pequenas quantidades de comida para evitar os
engasgos.
 Ofereça uma colherada de cada vez e espere o paciente engolir primeiro,
para depois oferecer outra colherada de alimento.
 Não apresse o paciente enquanto ele estiver comendo.
 Não limpe restos de alimento do rosto do paciente com a colher. Use sempre
um guardanapo ou um lenço.
 Não alterne alimentos sólidos e líquidos durante a alimentação. Não utilize
líquidos para ajudar na deglutição do alimento.
 Se o paciente tossir, pare de alimentá-lo e não ofereça líquidos
imediatamente.
 Após a alimentação, faça sempre a higiene oral. Restos de comida na boca
podem causar engasgos e infecções.

144
 Após a alimentação o paciente deve permanecer sentado por 20 minutos.

O que o paciente disfágico pode comer?


É necessária uma avaliação do fonoaudiólogo e do nutricionista para se definir a
dieta adequada para o paciente disfágico. Muitas vezes, é necessário modificar
padrões e hábitos alimentares, principalmente quanto à consistência dos alimentos.
Os alimentos sólidos e líquidos são usados em diferentes consistências dependendo
do grau de dificuldade do paciente. Quanto maior for a sua dificuldade de deglutição,
menos líquida será sua dieta.

A alimentação deve ser bastante variada, com sabores, formas e texturas diferentes.
A aparência e cheiro dos alimentos são essenciais para que haja salivação e
vontade do paciente em se alimentar.

Dicas importantes
 Ofereça alimentos com variados sabores, formas e texturas diferentes.
 O cheiro dos alimentos é importante para provocar a salivação.
 Cuide da aparência dos alimentos.
 Ofereça alimentos quentes e gelados para estimular a percepção do alimento.

Higiene oral
A higiene oral é fundamental, em todas as idades, para manutenção da saúde bucal
e global do corpo. A higiene oral inadequada ou negligenciada resulta em grande
número de cáries e acúmulo de bactérias na cavidade oral.

Deve-se usar a técnica básica da escovação em todos os idosos. O indivíduo velho,


que por causas físicas ou mentais é incapaz de realizar uma higiene oral , necessita,
obviamente, de auxílio de um profissional ou cuidador
adequadamente preparado e treinado.

A higiene oral tem como objetivos principais:


 Prevenir problemas dentários.
 Prevenir distúrbios da cavidade oral.
 Melhorar o bem estar oral, diminuindo a halitose, hidratando a língua as
bochechas e o palato.

145
Não deixe restos alimentares na boca do idoso, pois eles podem ser focos para a
proliferação de bactérias. O risco de aspiração em idosos é alto, que em geral,
aspiram à própria saliva, desenvolvendo assim um quadro de pneumonia por
aspiração.
Como realizar a higiene oral:

 A higiene oral poderá ser realizada com uma


pequena gaze ou uma escova macia.
 Podem ser usados produtos próprios para
higienização bucal ou simplesmente se usar água com
bicarbonato.
 Limpe toda a cavidade oral, incluindo bochechas,
língua, palato e gengivas.
 As próteses, assim como toda a cavidade oral
devem ser higienizadas.

Tratando a disfagia
O idoso que apresentar os sinais de disfagia deve ser encaminhado para tratamento
com um fonoaudiólogo, que é o profissional responsável por avaliar o paciente,
realizar os procedimentos necessários e os encaminhamentos adequados ao
paciente.

O tratamento do paciente disfágico tem por objetivos:


 Garantir a alimentação via oral com segurança e sem prejuízo nutricional
para o paciente.
 Promover a independência do idoso na alimentação.
 Prevenir as pneumonias de aspiração.
 Indicar, junto com a equipe médica, vias alternativas de alimentação.
 Contribuir para que a alimentação seja prazerosa.
 Melhorar a qualidade de vida do idoso.

146
ENGASGOS
Como vimos existem várias doenças que, por alteração anatômica ou alteração da
inervação da garganta, aumentam a possibilidade de engasgos, mas as pessoas
podem engasgar-se sem que haja qualquer comprometimento, somente por pressa
ao engolir, próteses dentárias inadequadas, excessos alimentares ou de líquidos na
boca ou ainda ansiedade.

A manobra de Heimlich é o melhor método pré-hospitalar de


eliminar a obstrução das vias aéreas superiores causada por
corpo estranho. Essa manobra foi descrita pela primeira vez
por Henry Heimlich em 1974 e induz uma tosse artificial, que
deve expelir o objeto da traquéia da vítima. Resumidamente,
uma pessoa fazendo a manobra usa as mãos para fazer
pressão sobre final do diafragma. Isso comprimirá os
pulmões e fará pressão sobre qualquer objeto estranho na
traquéia.

MANOBRA DE HEIMLICH

Método - Posicione-se atrás da vítima, cerre o punho e o posicione com o polegar


para dentro entre o umbigo e o osso esterno. Com a outra mão, segure o seu punho
e puxe ambas as mãos na sua direção, com um rápido empurrão para cima e para
dentro a partir dos cotovelos. Você deve comprimir a parte superior do abdômen
contra a base dos pulmões, para expulsar o ar que ainda resta e forçar a eliminação
do bloqueio. Repita por cinco vezes. Cada empurrão deve ser vigoroso o suficiente
para deslocar o bloqueio.

147
No organismo do idoso, todos os seus órgãos funcionam mais lentamente, o que
pode contribuir para uma eliminação mais lenta da medicação.
Não podemos esquecer também dos efeitos colaterais que
estas drogas podem provocar, e, quanto mais medicamentos
tomados pelo idoso, maior a chance de ocorrerem os efeitos
colaterais.
A pessoa idosa deve ir rotineiramente ao seu médico,
acompanhada, sempre, de seu cuidador, que deverá estar atento às seguintes
informações:

 Levar sempre a última receita ou as caixas dos remédios que a pessoa idosa
toma. Não confie em sua memória!
 Fazer um cartão ou uma folha contendo informações sobre as doses e os
horários das medicações tomadas pelo idoso para facilitar a organização e,
assim se evitar erros.
 Ao receber uma nova receita, verifique as informações juntamente com o
médico, e se preciso, peça delicadamente que ele escreva a parte as
informações com letra legível. Observe e siga corretamente a dosagem
receitada pelo médico.
 Perguntar se os remédios podem ser dados juntos, no mesmo horário, ou
ainda se estes podem ser misturados.
 Relatar para o médico se você notar que algum medicamento esteja
provocado algum efeito colateral no idoso.
 Se a pessoa idosa não é capaz de entender as informações da receita do
remédio que está tomando, não a deixe tomar o remédio por conta própria,
pois ela poderá tomar doses erradas em horários errados, sendo muito

148
prejudicial para sua saúde e segurança. O cuidador é quem deve guardar o
remédio e dá-lo nas doses e nos horários certos.
 Nunca tome remédio por conta própria, nunca tome remédio por indicação do
vizinho, parente ou amigo.
 Em caso de dúvida, o cuidador não deve se envergonhar ao buscar
orientação do médico.

A morte é considerada um “tabu”, (algo proibido), e, falar sobre ela, gera na maioria
das vezes, um grande mal estar, sendo este comportamento um fenômeno cultural.
Sendo assim, procuramos afastá-la, numa tentativa vã de evitar o sofrimento.
Costumamos também associá-la à velhice, contabilizando, inutilmente, os anos que
ainda nos restam.

A morte representa uma perda, e perdas são sempre difíceis de serem assimiladas e
elaboradas. No entanto, não podemos desconsiderar que a morte pode ultrapassar
os limites da corporalidade.

Há pessoas que morrem em vida, como a morte social, que é nada mais que um luto
não elaborado, uma falta de investimento na vida própria vida. Mas há pessoas que
“vivem” após a morte, permanecendo tatuadas em nossa memória afetiva. Por isso é
importante estarmos em dia com aqueles que amamos, “aparar as arestas” e
procurar resolver as questões pendentes.

Na Idade Média, as pessoas conviviam com a morte sem atribuir a ela o peso
insuportável que hoje lhe conferimos. Elas preparavam seus próprios túmulos e
deixavam prontos seus testamentos. Antigamente, a morte era assistida pelos
familiares, amigos e, inclusive, pelas crianças, que participavam dos ritos funerários:
velório, enterro e luto. Contudo, os cemitérios eram afastados porque havia o medo
dos mortos. Hoje, existe o medo da morte devido ao apego exagerado que
aprendemos a ter pelo corpo e pelos bens materiais.

Vivemos alienados, sem saber bem o que buscamos nem para onde caminhamos,

149
mas, mesmo assim, seguimos em frente, pois o tempo não pára e não nos
permitimos “desperdiçá-lo” com reflexões.

Elizabeth Kubler-Ross, psiquiatra, escreveu em 1998 o livro: “Sobre a morte e o


morrer”, nos ensinando que a morte enquanto processo passa por diversas fases: a
fase da negação da realidade, da raiva, da negociação, da depressão e, finalmente,
a da aceitação. Essas fases não se estabelecem necessariamente nesta seqüência,
mas afetam tanto os pacientes quanto os familiares.

Mas, afinal, porque incluir o tema “morte” em um curso de cuidadores de idosos?


Precisamos trabalhar este tema para aprendermos a refletir sobre a vida e
avaliarmos se estamos caminhando em direção aos nossos sonhos e desejos.
Necessitamos de aprender a ficar atentos a cada momento que nos revela a
essência da vida e a compartilhar estes momentos com aqueles que nos cercam,
sejam familiares, pacientes, idosos, ou amigos.

150
Luciana de Moura Ribeiro

Mitos são crenças tidas como verdadeiras e que atravessam gerações. Preconceitos
são idéias preconcebidas, disseminadas na sociedade e que causam prejuízos às
suas vítimas.

Mitos (preconceitos) mais freqüentes com relação aos idosos:

151
A inteligência diminui com a idade – Não diminui: haja vista a produção
intelectual, artística, empresarial , social e religiosa de pessoas acima dos 60, 70, 80
ou mais anos .

O idoso não aprende - Inverdade: as Universidades da terceira idade estão aí para


provar do que os alunos idosos são capazes, aprendem o que eles querem
aprender, o que lhes interessa, aprende-se inclusive errando.

O idoso perde a capacidade sexual – Inverdade: o que ocorre é a redução da


freqüência e por falta de informações algumas mulheres após a menopausa não
querem mais ter relações sexuais porque acreditam terem perdido a capacidade de
sentir prazer porque não podem mais ter filhos.

Idoso deve conviver com idoso – Errado: ele deve conviver com outras faixas
etárias, dar e receber experiências, afeto, emoções, num processo de relação
intergeracional.

Velhice é doença – Inverdade: Esquecemos que a doença atinge pessoas de todas


as idades. Há idosos sadios físicos e mentalmente, ativos, participantes, que embora
com idade avançada, continuam produzindo econômica, social, cultural e
filantropicamente .

O idoso está mais perto da morte - Errado: na sociedade atual todos nós estamos
próximos da morte, em razão de doença contagiosa como Aids, decorrente de
acidentes de trânsito, da falta de segurança pública (guerra urbana), entre outros.

Idoso não tem futuro – Inverdade: tem que se preparar sim, porque ele tem futuro;
não morrer socialmente, mas deve preparar-se para viver sua aposentadoria, em
função do tempo livre que vai ter, fazer um projeto para mais essa etapa da vida.

O aposentado é mantido pelo Governo – Inverdade: ele contribuiu durante trinta


anos ou mais para a Previdência Social. Agora, é a hora do retorno, não é prêmio, é
justiça.

152
A pessoa idosa volta a ser criança – Inverdade: A pessoa idosa carrega toda uma
história, é o “guardião da memória coletiva”(João Paulo II). Considerar a pessoa
idosa como criança encobre a fragilidade da velhice, deve-se então evitar tratar o
idoso de forma infantilizada utilizando diminutivos, tais como idosinho, fragilzinho,
queridinho, princesinha, entre outros.
A pessoa idosa não tem mais condições de tomar decisões – Inverdade: A
pessoa idosa deve manter a voz de comando e a tomada de decisão até o fim da
vida, preservando a sua autoridade e autonomia.

A velhice é a melhor idade – Inverdade: A velhice nem sempre é a melhor etapa da


vida para todos os idosos. É uma forma de encobrir as desigualdades sócio-
econômicas ainda mais evidentes nessa faixa etária. Desconsidera uma sociedade
para todas as idades. Melhor idade é aquela em que a pessoa está feliz consigo
mesmo, independe da idade cronológica.
Os mitos disfarçam a realidade, e muitas vezes impedem o contato verdadeiro com
as pessoas idosas. Eles dificultam a procura de soluções precisas e de medidas
adequadas para os problemas das pessoas idosas. Levam as pessoas a adotarem
medidas e comportamentos inadequados em relação aos idosos.

GUIA DO LÍDER DA PASTORAL DA PESSOA IDOSA / CURITIBA4a. Versão preliminar discutida com a equipe ampliada /17 de setembro
de 2007Irmã Terezinha Tortelli e Maria de Mello

ESTEREÓTIPO

É uma imagem mental muito simplificada de alguma categoria de pessoas,


instituições ou acontecimentos que é partilhada, nas suas características essenciais
por um grande número de pessoas (Castro,1999).

Etimologicamente, o termo estereótipo designa uma placa metálica de caracteres


fixos, destinada a impressão em série.

A formação de estereótipos simplifica a realidade, levando-a muitas vezes a uma


ignorância acerca das características, minimizando as diferenças individuais entre os
membros de um mesmo grupo.

153
Alguns estereótipos sobre o idoso:

 Gostam de conversar e contar suas recordações;


 Gostam de jogar carta e outros jogos;
 São pessoas doentes que tomam muita medicação;
 Temem o futuro;
 Divertem-se e gostam de rir;
 Gostam do apoio dos filhos;
 Não são sociáveis e não gostam de se reunir;
 São muito religiosos e praticantes;
 São muito sensíveis e inseguros;
 Não se interessa pela sexualidade;
 São frágeis para fazer exercício físico;
 Não se preocupam com a sua aparência;
 Fazem raciocínios senis;
 São na grande maioria pobres.

EFEITOS NEGATIVOS DOS MITOS E DOS ESTEREÓTIPOS:

Os estereótipos são causa de enorme perturbação entre os idosos uma vez que
negam seu processo de crescimento e impedem de reconhecer as suas
potencialidades, de procurar soluções precisas para os seus problemas e de
encontrar medidas adequadas. Enquanto que os mitos escondem muitas vezes uma
certa hostilidade e quando utilizados em excesso, impedem o estabelecimento de
contatos verdadeiros com os idosos”

Seja qual for o preconceito, ele se constitui como uma barreira que precisa ser
demolida se quisermos, realmente, ter uma atitude acolhedora para com os idosos.
Contudo, os idosos não estão imunes ao preconceito. Eles próprios se apropriam do
rótulo de “feio” e “acabado” e passam a ser, eles mesmos, agentes transmissores
desta “doença” chamada preconceito.

154
DE ONDE SURGIRAM TANTOS PRECONCEITOS?

Os preconceitos possuem raízes culturais. A sociedade moderna está em busca do


elixir da vida, isto significa juventude e vida eternas além de valorizar “o produzir”
devido ao capitalismo desenfreado, distanciando cada vez mais do idoso que não
tem mais o desempenho do jovem. E ainda esse idoso possui o agravante para a
sociedade moderna de lembra-la que a morte se aproxima. Abaixo citamos cinco
aspectos que ilustra essa sociedade moderna e que contribui para o aparecimento
dos preconceitos:

1. Culto ao corpo: Mito da eterna juventude


2. Consumismo: Ênfase no ter e não no ser (importância de ter coisas novas)
3. Sociedade dos descartáveis: “peças”
4. Impérios do Efêmero
5. Medo da morte

Ao buscar a construção de novas visões para os velhos , caminhamos claramente


para o combate a aversão da velhice. Iremos contra a gerontofobia!

Referências Bibliográficas e leituras complementares:

ROSA M.L.M., MARIA DE L. M. R. - ESTEREÓTIPOS SOBRE IDOSOS: UMA REPRESENTAÇÃO


SOCIAL GERONTOFÓBICA, http://www.ipv.pt/millenium/Millenium29/32.pdf

GUIA DO LÍDER DA PASTORAL DA PESSOA IDOSA / CURITIBA


4a. Versão preliminar discutida com a equipe ampliada /17 de setembro de 2007.Irmã Terezinha
Tortelli e Maria de Mello

LIMA, MM. CONSIDERAÇÕES EM TORNO DO CONCEITO DE ESTEREÓTIPO: UMA DUPLA


ABORDAGEM. Departamento de Línguas e Culturas, Universidade de Aveiro.

155
Luciana de Moura Ribeiro

Nossa cultura cultiva muitos mitos e medos, já tratados na apostila em outros


capítulos. Estes mitos e medos fornecem um caminho de preconceitos, que são
campos abertos para os maus tratos. A violência pode ser um comportamento
aprendido e internalizado culturalmente.

CONCEITO
A violência é definida como “o uso intencional da força física ou do poder contra si
mesmo, contra outra pessoa, grupo ou comunidades, que resulta ou aumenta as
chances de resultar lesões, mortes, danos psicológicos, transtornos ao
desenvolvimento pessoal e social ou privações do atendimento às necessidades.”
156
(OMS, 2002)

CLASSIFICAÇÃO
Os maus tratos são classificados em:

 Físicos,
 Abusos sexuais,
 Psicológicos,
 Financeiros,
 Negligências, carências e abandonos.

Maus tratos físicos: uso da força física que pode produzir ferida, dor ou
incapacidade.

Abuso sexual: contato sexual não-autorizado.

Maus tratos psicológicos: ação de infligir pena, dor ou angústia através de


expressões verbais ou não-verbais.

Abuso financeiro ou material: exploração imprópria ou ilegal e/ou uso não consentido
de recursos financeiros de um idoso.

Negligência: recusa ou falha em exercer responsabilidade no ato de cuidar do idoso


ou de proporcionar um serviço ou atendimento ao mesmo.

Abandono: ausência pela pessoa responsável pelo idoso à prestação dos cuidados
necessários.

Auto-abandono ou autonegligência: conduta de uma pessoa idosa que ameaça sua


própria saúde ou segurança, com recusa ou fracasso de prover a si próprio o
cuidado adequado.

PROBLEMA UNIVERSAL

Estudos de vários locais do mundo têm demonstrado que pessoas de todas as


condições sócio-econômicas (ricos, pobres, classe média, etc), étnicas (branco,

157
preto, amarelo, etc) e religiosas (católico, protestante, espíritas, etc.) são
vulneráveis aos maus tratos. Portanto ele se torna um problema universal, quer
dizer, pode acontecer em qualquer lugar.

TIPOS DE VIOLÊNCIA QUE MAIS VITIMAM O IDOSO

Causas de mortes externas (quer dizer as que não são causadas por doenças
orgânicas) ocupam a sexta causa de morte por pessoas acima de 60 anos. Essas
causas externas de violência são:

 Homicídios (violência)
 Acidentes de trânsito e transporte (acidentes dentro do veículo,
atropelamentos e batidas de veículos)
 Quedas
 Suicídios
Os três primeiros casos citados acima: homicídio, acidentes de trânsito e transporte
e quedas são os tipos de violência que mais vitimam os idosos.

Cabe destacar que embora o acidente de trânsito e transporte tenha diminuído,


segundo estatísticas, homicídios, quedas e suicídios vêm apresentando crescimento
.

PROBLEMAS DE NOTIFICAÇÃO

A notificação é um relato da verdadeira causa de óbitos e lesões entre os idosos, e


constitui um grande problema enfrentado pela sociedade, pois a maioria dos casos
de maus-tratos continua sem ser relatado e denunciado.

As possíveis causas para essas subnotificações são:

 Tendência do idoso a não relatar suas adversidades,


 O familiar que agride, dificilmente é denunciado, possivelmente pela cultura
da família e de questões sociais associadas,
 Medo e vergonha (do isolamento, da solidão, dentre outros) são formas
resistência em pedir ajuda,

158
 Falta de informação e de capacitação dos profissionais que lidam com o idoso
em detectar e notificar os casos.

ONDE OCORREM OS ATOS DE VIOLÊNCIA E QUAIS AS PESSOAS QUE MAIS


FREQÜENTEMENTE REALIZAM OS ATOS DE VIOLÊNCIA CONTRA OS
IDOSOS?

Atos de violência ocorrem com maior freqüência nos próprios ambientes


domiciliares e pelos próprios familiares.

PERFIL DOS AGRESSORES FAMILIARES

Segundo Sanmartin et al. (2001), em uma amostra de 307 idosos maltratados acima
de 70 anos:

 57% filhos e filhas


 23% genros e noras
 8% um dos cônjuges
 12% não informado.

FATORES DE RISCO PARA IDOSOS DOMICILIARES:


 Agressor e vítima viverem na própria casa;
 Os filhos serem dependentes financeiramente de seus pais de idade
avançada;
 Os idosos dependerem da família de seus filhos para sua manutenção e
sobrevivência;
 O abuso no consumo de álcool e drogas pelo filho, por outros adultos da casa
ou pelo próprio idoso (Estudos comprovam que os agressores dos idosos
usam álcool e drogas em uma proporção mais elevada do que os não-
agressores) ;
 Haver, na família, vínculos frouxos, pouco comunicativos e pouco afetivos;
 Isolamento social dos familiares (cuidadores) e da pessoa de idade avançada;
 O idoso ter sido ou ser uma pessoa agressiva nas relações com seus

159
familiares;
 Os cuidadores terem sido vítimas de violência doméstica, padecerem de
depressão ou qualquer tipo de sofrimento mental ou psiquiátrico.

RELAÇÃO IMPORTANTE ENTRE O AGRESSOR E A VÍTIMA

A maneira como o idoso se relacionava com o cuidador (familiar) antes de adoecer e


ficar dependente é que vai determinar a forma positiva ou negativa de como o
cuidador percebe esse trabalho de cuidado. Podendo perceber como castigo ou
como ato de dedicação amorosa. Se ele perceber como castigo ou punição isso
pode ser um fator futuro de desenvolvimento de depressão e de possíveis
comportamentos violentos.

160
IDOSOS MAIS VULNERÁVEIS E CONSEQUÊNCIAS DOS MAUS-
TRATOS:

De ambos os sexos, os idosos mais vulneráveis aos maus-tratos são os


dependentes físicos ou mentais, sobretudo quando apresentam déficits cognitivos,
alterações no sono, incontinência, dificuldades de locomoção, necessitando assim,
de cuidados intensivos em suas atividades da vida diária. As conseqüências dos
maus-tratos provocam nesses idosos :

 Depressão,
 Desesperança,
 Alienação,
 Desordem pós-traumática,
 Sentimentos de culpa,
 Negação das ocorrências e situações de maus-tratos (Wolf, 1995).

VIOLÊNCIA : PROBLEMA SE SAÚDE PÚBLICA

A violência se tornou um problema de saúde pública devido ao grande e crescente


número de pessoas, de todas as idades e de ambos os sexos, que vêm sofrendo
agravos à sua saúde, por motivo de algum tipo de violência.

NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA, NOS SERVIÇOS DE SAÚDE, DOS


CASOS DE VIOLÊNCIA:

A Secretaria Estadual de Saúde – SES - determinou para todas as unidades de


saúde a utilização do formulário intitulado Relatório Individual de Notificação
Acidentes e Violência (RINAV) .

161
O RINAV se encontra disponibilizado de forma impressa em todas as unidades de
saúde, quando direcionado à pessoa idosa , deverá ser preenchido em três vias:

 Primeira via à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) que pertence a Unidade


que está realizando a notificação.
 Segunda via deverá ser encaminhada a quaisquer dos seguintes órgãos :
I- Autoridade policial ou
II- Ministério público ou
III- Conselho Municipal do Idoso ou
IV- Conselho Estadual do Idoso ou
V- Conselho Nacional do Idoso.

 Terceira via ficará arquivada na própria unidade, com acesso restrito.

O QUE É A NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA?


É um instrumento de formalização de denúncias onde possibilita o registro
sistemático e organizado, em formulário próprio (RINAV), dos casos onde se
conhece o (a) vitimizado (a) suspeita-se ou se tem à confirmação da situação de
violência, independente de ser conhecido ou não o responsável pelo ato violento .

IMPORTÂNCIA DAS NOTIFICAÇÕES (DENÚNCIAS):


As denúncias permitem o conhecimento das formas, dos agravos, vítimas e agentes
da violência, possibilitando o desenvolvimento de ações de prevenção e assistência
adequadas e a avaliação dos seus resultados.

POR QUE A OBRIGATORIEDADE DA NOTIFICAÇÃO?


Porque existe um conjunto de normas legais (leis e portarias) que determina a
obrigatoriedade da notificação da violência, além de termos essa obrigação como
cidadão:

Lei Federal n° 10.741/2003- Estatuto do Idoso Art. 19.

É imprescindível capacitar os profissionais e os serviços públicos e sensibilizar a


população em geral para as questões da violência. Construir uma rede de
atendimento e proteção, com identificação e acolhimento fortemente articuladas e
eficazes.
162
Referências Bibliográficas e leituras complementares:

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Referência bibliográfica específica do cap 10:

[CATTANI & PERLINI] Roceli Brum Cattani & Nara Marilene Oliveira Girardon-perlini.Cuidar do Idoso
doente no domicílio na voz de cuidadores familiares
Site: Disponível : www.fen.ufg.br

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