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15-00-0 – Relatora Juíza Mari- Região, Relator Juiz Carlos mes Lobo, Publicado em
ane Khayat F. do Nascimento Augusto Gomes Lobo, publi- 19/08/2003).
– Publicada em 21/03/2003) cado em 27/08/2003) e RORA
No mesmo sentido, tem-se 335/2003 (TRT 14ª Região, Re- Fonte: Texto retirado da carti-
também os seguintes prece- lator Juiz Carlos Augusto Go- lha sobre assédio moral pro-
dentes: RO 437/2003 (TRT 14ª duzida pelo Sinasefe
Coordenação Sintifrj
Boletim informativo sintifrj – n. 3
O Regulamento de Carga Horária Docente foi elaborado a partir de uma ampla con-
sulta nos campi e a realização de duas audiências abertas à comunidade que resul-
taram na Resolução 48/2014. Até o final do 2º semestre letivo de 2015 deveria ter sido
implementado de forma escalonada e sofrer uma revisão. Entretanto, isto acabou
não ocorrendo. Em 2016 o MEC emitiu a Portaria SETEC 2017 que interferiu na nossa
Resolução 48, pois altera o que foi decidido, de forma coletiva, pela comunidade,
além de desrespeitar a autonomia dos IFs. O SINASEFE participou de reuniões e reali-
zou análises sobre a Portaria 17 que podem ser encontradas no link a seguir:
(http://www.sinasefe.org.br/v3/index.php?option=com_content&view=article&id=194
5:gt-do-mec-rediscute-texto-da-portaria-17&catid=1:latest-news&Itemid=75).
Em função da Portaria 17, o Consup formou uma comissão que concluiu o seu traba-
lho apontando propostas de alteração/adequação da Resolução 48 para que o
Conselho Superior analise e decida.
A análise destas propostas está na pauta da próxima reunião do Conselho Superior e
não sabemos ao certo se o Consup irá encaminhar as propostas da comissão para a
comunidade, ou se irá debatê-las e aprová-las direto, sem uma nova rodada de de-
bate nos campi.
O Consup, no mandato anterior, formou uma comissão para analisar e elaborar pro-
postas visando a implementação da flexibilização da carga horária dos técnicos ad-
ministrativos em 30 horas. Esta comissão percorreu os campi realizando reuniões para
debate. A comissão elaborou então uma proposta de Regulamento que foi disponibi-
lizado no site para consulta pública e aprovado pela maioria dos servidores. Esse Re-
gulamento foi aprovado no Consup e oficializado na Resolução 22/2017.
Neste momento, acaba de ser emitida pelo reitor a Portaria 340 de 25 de setembro
de 2017, que designa as subcomissões locais que tem 60 dias, de acordo como pró-
prio regulamento, para elaborar um estudo para viabilizar a flexibilização da jornada
em 30 horas.
Boletim informativo sintifrj – n. 3
Coordenação Sintifrj
OPINIÃO
A construção de uma gestão participativa e democrática continua sendo o principal dilema do IFRJ. A ex-
pansão da Rede Federal Tecnológica com a criação dos Institutos Federais, em 2008, e seu processo de inte-
riorização significou a construção de um grande número de campi que, por sua vez, gerou inúmeros de
cargos de direção, funções gratificadas, fluxos de recursos, e representou moedas de troca em circulação no
jogo político. Ironicamente, essa política chegou a ser denominada de política da distribuição de bombons.
Dependendo do grau de subserviência, do número de votos que uma pessoa possa vir a arregimentar, do pu-
xa-saquismo e do comprometimento político com os coronéis do andar superior, aparece no horizonte a pos-
sibilidade de ganhar um bombom, de ser convidado para um carguinho, de receber das mãos de um Reitor
um campus para tornar-se gestor. Aliás, a palavra gestor compõe o léxico das políticas neoliberais que, por
principio, entende que para algo ser eficiente deve ser gerido como uma empresa. E isso inclui o próprio Ins-
tituto. A palavra gestor é emprestada da lógica da iniciativa privada e, imaginem, nada tem a ver com ideolo-
gia. A gestão nada tem a ver com a política, certo?
Deparamo-nos assim com uma combinação do coronelismo autoritário característico da cultura política
brasileira com o discurso gerencialista empresarial do neoliberalismo globalizado. O atrasado e o avançado
coexistindo. O sociólogo Francisco de Oliveira utiliza uma metáfora para pensar essa articulação entre o ar-
caico e o moderno. Recorreu ao estranho animal ornitorrinco, dotado de bico de pato, considerado ao mes-
mo tempo réptil, pássaro e mamífero, para falar do impasse evolutivo do Brasil. Um país que convive com a
extrema miséria e o luxo ostensivo e uma sociedade que não abre mão das relações mais primárias, de pes-
soalidade e mandonismo, mas que deseja ser moderna, avançada, ou, no caso do IFRJ, se tornar algo próximo
a uma "empresa eficiente". Seria o IFRJ um ornitorrinco dentro de um país ornitorrinco?
Concentremos um pouco mais na figura dos gestores. Na busca por um bombom, fazem de tudo, inclusive
e talvez até, primeiramente, colocar-se contra os trabalhadores em defesa de seus privilégios. O bom senso
dos gestores não deixa espaço para a política. É claro que há exceções que fogem à regra, mas a regra parece
mais a um conto de Machado de Assis. Em Teoria da Medalhão, Machado narra um diálogo entre um pai e
um filho. O pai aconselha ao filho como tornar-se “grande e ilustre, ou pelo menos notável”. Diz o pai ao fi-
lho: “A vida, Janjão, é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspi-
ros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra”.
Para tornar-se um “medalhão”, um notável bem-sucedido, é preciso tomar muito cuidado com as ideias,
preferencialmente não tê-las. “Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuida-
do nas ideias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente”. Po-
dendo ocorrer de o filho vir a ter algumas ideias próprias, o pai recomenda: “podendo acontecer que, com a
idade, venhas a ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito. As ideias são de
sua natureza espontâneas e súbitas; por mais que as sofreemos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza
com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o medalhão completo do medalhão incom-
Boletim informativo sintifrj – n. 3
pleto”. No conto de Machado de Assis, o personagem do pai recomenda várias técnicas para desabilitar o
pensamento e reduzir o intelecto.
De modo geral, os gestores do IFRJ, a começar pela Reitoria e seguindo pelas direções dos campi, parecem
se encaixar bem na caricatura que Machado de Assis faz da sociedade brasileira. Uma gestão central que se
posiciona pela falta de posicionamento, que é não sendo, que se recusa a assumir publicamente posições.
Uma gestão que não se posiciona claramente contra o golpe e seus desdobramentos cujas consequências
diretas para uma instituição de educação como a nossa tem sido a destruição da educação pública. É o suca-
teamento que abre espaço para a privatização. Mais do que isso, uma gestão incapaz de produzir uma leitura
crítica da situação política e econômica e não comprometida em protagonizar a defesa e a sobrevivência da
própria instituição.
Com o que se compromete a atual gestão da Reitoria do IFRJ?
Com os trabalhadores não é. Com os estudantes tampouco. É uma gestão que não dialoga com o sindica-
to, nem com as reivindicações dos trabalhadores e dos discentes. O comprometimento dessa gestão é com a
burocracia, com as empresas privadas que se beneficiam da mão de obra formada pelo IFRJ e agora, pas-
mem, com o Exército.
No último dia 14, dia nacional de lutas e de paralisação, um movimento de trabalhadores e discentes bus-
cou construir uma mobilização em busca de diálogo, realizando um ato na Reitoria, sendo recebidos por uma
comissão da Reitoria. O magnífico reitor não deu o ar da graça, não soltou uma nota, não disse nada. Talvez
esteja seguindo o conselho de Machado de Assis, melhor não ter opinião.
A comissão da Reitoria recebeu os representantes do movimento que apresentaram suas reivindicações e
exigiu que elas fossem encaminhadas às instâncias decisórias devidas. Trata-se de reivindicações históricas
dos trabalhadores e dos discentes que jamais tiveram respostas satisfatórias: orçamento financeiro do IFRJ,
flexibilização da jornada dos técnicos, posicionamento contra o ponto eletrônico e política de assistência es-
tudantil. A comunidade acadêmica está apreensiva com as notícias de cortes no orçamento, circulam rumo-
res de que alguns campi não terão recursos para fechar as contas e o assunto não recebe nenhum
tratamento público, nenhum esclarecimento é dado.
Outro ponto fundamental é o esvaziamento proposital das instâncias decisórias, como o Consup, trans-
formando o espaço em local de despacho de memorandos e de pouca ou nenhuma discussão política. Políti-
ca educacional é o que menos se discute, sobram ofícios e memorandos. As formalidades da democracia
representativa liberal não estão satisfazendo nossa necessidade de democracia de alta intensidade.
Construir uma gestão coletiva, participativa e democrática não foi uma opção da gestão Paulo Assis, mas
foi uma opção contratar uma empresa privada para fazer o que tem sido chamado de “planejamento estra-
tégico”. Qual a lógica de entregar o planejamento estratégico de uma instituição pública nas mãos de uma
empresa privada? Que planejamento estratégico é possível sem a participação da comunidade acadêmica e
sem a publicização dos dados orçamentários da instituição?
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Acesso à informação não deve ser privilégio e exclusividade dos gestores. Acesso aos dados orçamentários
do IFRJ não diz respeito apenas à Reitoria e aos diretores gerais, diz respeito a todxs, também não pode virar
um especialismo onde só os entendidos entendem.
O Reitor não teve disponibilidade para receber e dialogar com estudantes e trabalhadores do IFRJ, mas
não falta disponibilidade, tempo e interesse, em dialogar e servir à política de militarização que o mesmo go-
verno golpista, em articulação federal e estadual, está levando a cabo nas favelas e periferias do Rio de Janei-
ro, com a participação do Exército. O mesmo Exército cujas autoridades vêm a público dizer, sem nenhum
constrangimento, que está à disposição e preparado para entrar em ação, caso seja necessário, defender a
“ordem pública”. Qual ordem pública? Essa ordem pública que o Exército se refere é a ordem que mantém as
desigualdades sociais em níveis absurdos; ordem pública dos banqueiros, do agronegócio, do capital financei-
ro; ordem pública que mobiliza repertório e práticas de guerra para exterminar jovens pobres, pretos e peri-
féricos; retórica política para justificar uma política de segurança pública com derramamento de sangue. O
resultado dessa política bélica de segurança pública fundamentada em práticas políticas coloniais, como a
“pacificação de territórios”, tem sido a produção de mortes, o cerceamento do direito de ir e vir, o fechamen-
to de escolas e unidades de saúde. Uma forma de governar a partir do terror e do racismo institucional.
A Assessoria de Comunicação central, a mesma que não para de defender a privatização da previdência
social e abrir espaço na instituição para a Funpresp, acabou de divulgar no site do IFRJ
(http://portal.ifrj.edu.br/ifrj-e-academia-militar-avancam-dialogo-sobre-parceria-institucional-0) uma notícia
informando sobre uma parceria institucional entre a instituição e a Academia Militar. É o IFRJ trabalhando
para a criminalização e o extermínio da juventude pobre e preta. A Reitoria do IFRJ deve explicações à comu-
nidade escolar-acadêmica sobre o que significa essa parceria com o Exército.
O IFRJ poderia ter um protagonismo na luta pelos direitos humanos, na defesa da vida das populações que
vêm sendo oprimida e assassinada pela polícia e pelo Exército em seus locais de moradia, mas, em seu núcleo
gestor central, tem optado por apoiar o massacre genocida do Estado brasileiro contra seu povo. Isso não
significa que não existam no IFRJ bravos lutadores, pesquisadores e militantes comprometidos com a defesa
dos direitos humanos, lamentavelmente a gestão central não fez essa opção.
No último domingo, a polícia entrou atirando numa festa no Jacarezinho (há informações de pessoas mortas)
e uma dezenas de jovens presos foram levados para a Cidade da Polícia. Centenas de parentes e amigos de-
sesperados logo se dirigiram para a Cidade da Polícia em busca de informações.
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Por um IFRJ que se engaje na luta contra o extermínio da juventude negra e favelada. Encontra-se em fase
de construção pelos movimentos sociais de favela uma nova mobilização contra a violência policial nesses
territórios, tal como aconteceu em 2006/2007, durante os jogos pan-americanos, com a campanha contra o
uso do caveirão. Caveirão é o nome do carro blindado da polícia que ficou conhecido por entrar nas favelas
cariocas com o alto falante anunciando aos moradores que veio buscar suas almas.
É fundamental que o IFRJ participe da luta contra a violência policial. Que se engaje, efetivamente e não
apenas na retórica, na defesa da vida dos jovens. Para ter acesso à educação, é necessário primeiro ter direi-
to à vida, a não ser exterminado. Nem só para produzir mão de obra para a Petrobras e para formar soldados
do Exército serve o IFRJ. Por um IFRJ menos cínico e mais comprometido com as lutas sociais.
Fábio Araújo. Sociólogo, professor do IFRJ. Coordenador do Sintifrj. Autor do livro “Das téc-
nicas de fazer desaparecer corpos: desaparecimentos, violência, sofrimento e política”,
editora Lamparina, 2014.
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