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BOLETIM INFORMATIVO SINTIFRJ – N.

LUTAR CONTRA O ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO


O assédio moral consiste na jetivo do assediador, de re- ral, é a presença de conduta
exposição dos trabalhadores gra, é motivar o trabalhador que vise a humilhar, ridiculari-
a situações humilhantes e a pedir demissão ou remo- zar, menosprezar, inferiorizar,
constrangedoras, geralmente ção para outro local de tra- rebaixar, ofender o trabalha-
repetitivas e prolongadas, balho, mas o assédio pode se dor, causando-lhe sofrimento
durante o horário de trabalho configurar também com o psíquico e físico. O assédio
e no exercício de suas fun- objetivo de mudar a forma moral provoca a degrada-
ções, situações essas que de proceder do trabalhador ção do ambiente de traba-
ofendem a sua dignidade ou em relação a algum assunto lho, que passa a comportar
integridade física. Pode-se (por exemplo, para que deixe atitudes arbitrárias e negati-
dizer que o assédio moral é de apoiar o sindicato ou de- vas, causando prejuízos aos
toda e qualquer conduta - terminado movimento reivin- trabalhadores. Compromete,
que pode se dar através de dicatório em curso), ou assim, a dignidade e mesmo
palavras ou mesmo de gestos simplesmente visando a humi- a identidade do trabalhador,
ou atitudes - que traz dano à lhá-lo perante a chefia e bem como suas relações afe-
personalidade, dignidade ou demais colegas, como uma tivas e sociais, causando da-
integridade física ou psíquica espécie de punição pelas nos à saúde física e mental.
do trabalhador, põe em risco opiniões ou atitudes manifes- Conforme definição de Ma-
seu emprego ou degrada o tadas. O importante, para a rie-France Hirigoyen, por as-
ambiente de trabalho. O ob- configuração do assédio mo- sédio em local de trabalho

Boletim 3 – outubro de 2017


BOLETIM INFORMATIVO SINTIFRJ – N. 3

tem-se que entender por to- competência e o coloca em - Ridicularização do doente e


da e qualquer conduta abu- uma situação humilhante da sua doença;
siva manifestando-se, frente aos demais colegas de - Controle das idas aos médi-
sobretudo por comportamen- trabalho; cos;
tos, palavras, atos, gestos, - Fragilização, ridicularização, - Colocação outra pessoa
escritos, que possam trazer inferiorização, humilhação trabalhando no lugar do tra-
dano à personalidade, à dig- pública do trabalhador, po- balhador que vai ao médico,
nidade ou à integridade física dendo os comentários invadi- para constrangê-lo em seu
ou psíquica de uma pessoa, rem, inclusive, o espaço retorno, sendo que muitas
pôr em perigo seu emprego profissional; vezes o substituto serve ape-
ou degradar o ambiente de - Manipulação de informa- nas para observar os demais
trabalho. ções de forma a não serem trabalhadores, sem qualquer
repassadas com a antece- função;
COMO ELE SE MANIFESTA dência necessária ao traba- - Não fornecimento ou retira-
lhador; da dos instrumentos de traba-
São diversas as formas de - Troca de horários ou turnos lho;
manifestação do assédio mo- do trabalhador sem avisá-lo; - Estimulação da discrimina-
ral, sendo as mais correntes: - Estabelecimento de vigilân- ção em relação aos adoeci-
Recusa na comunicação di- cia especificamente sobre o dos ou acidentados,
reta entre o assediador e o trabalhador considerado; colocando-os em locais dife-
assediado, quando aquele - Contagem do tempo ou a rentes dos demais trabalha-
aceita se comunicar com es- limitação do número de ve- dores;
te apenas por e-mail ou bilhe- zes e do tempo em que o - Dificultação da entrega de
tes; trabalhador permanece no documentos necessários à
- Segregação física do traba- banheiro; realização de perícia médi-
lhador no ambiente de traba- - Comentários de mau gosto ca.
lho, ou seja, casos em que o quando o trabalhador falta
mesmo é colocado em local ao serviço para ir ao médico;
isolado, com dificuldade de - Proibição de tomar cafezi- POR QUE O ASSÉDIO MORAL É
se comunicar com os demais nho ou redução do horário FREQUENTE NO ÂMBITO DO
colegas; das refeições; SERVIÇO PÚBLICO?
- Impedimento do trabalha- - Advertência em razão de
dor se expressar, sem explicar atestados médicos ou de re- O setor público é um dos
os motivos; clamação de direitos; ambientes de trabalho onde
- Despromoção injustificada - Divulgação de boatos sobre o assédio se apresenta de
(ou, no serviço público, a reti- a moral do trabalhador (com forma mais visível e marcan-
rada de funções gratificadas os homens, em grande parte te. Muitas repartições públi-
ou cargos em comissão), das vezes o assédio se mani- cas tendem a ser ambientes
com o trabalhador perdendo festa através de piadas ou carregados de situações per-
vantagens ou postos que já comentários sobre sua virili- versas, com pessoas e grupos
tinha conquistado; dade); que fazem verdadeiros “plan-
- Imposição de condições e - Imposição de sobrecarga tões” de assédio moral. Mui-
regras de trabalho personali- de trabalho ou impedimento tas vezes, por falta de
zadas ao trabalhador, caso da continuação do trabalho, preparo de alguns chefes
em que são exigidas, de de- deixando de prestar informa- imediatos, mas com freqüên-
terminada pessoa, tarefas ções necessárias; cia por pura perseguição a
diferentes das que são co- - Colocação de um traba- um determinado indivíduo.
bradas das demais, mais tra- lhador controlando o outro, Neste ambiente, o assédio
balhosas ou mesmo inúteis; fora do contexto da estrutura moral tende a ser mais fre-
- Delegação de tarefas im- hierárquica da empresa, es- qüente em razão de uma
possíveis de serem cumpridas palhando assim a desconfi- peculiaridade: o chefe não
ou que normalmente são ança e buscando evitar a dispõe sobre o vínculo funci-
desprezadas pelos outros; solidariedade entre colegas. onal do servidor. Não poden-
- Determinação de prazo As condutas de assé- do demiti-lo, passa a humilhá-
desnecessariamente exíguo dio têm como alvo freqüente lo e sobrecarregá-lo de tare-
para finalização de um traba- as mulheres e os trabalhado- fas inócuas. Outro aspecto
lho; res doentes ou que sofreram de grande influência é o fato
- Não-repasse de trabalho, acidentes do trabalho, que de no setor público muitas
deixando o trabalhador ocio- são discriminados e segrega- vezes os chefes são indicados
so, sem quaisquer tarefas a dos. Em relação a estes últi- em decorrência de seus laços
cumprir, o que provoca uma mos, são comuns as seguintes de amizade ou de suas rela-
sensação de inutilidade e in- condutas: ções políticas, e não por sua
BOLETIM INFORMATIVO SINTIFRJ – N. 3

qualificação técnica e pre- as liberdades fundamentais. psicológica, destinada a gol-


paro para o desempenho da Uma forte estratégia do pear a auto-estima do em-
função. Despreparado para agressor na prática do assé- pregado, visando forçar sua
o exercício da chefia, e mui- dio moral é escolher a vítima demissão ou apressar sua dis-
tas vezes sem o conhecimen- e isolá-la do grupo. Neste ca- pensa através de métodos
to mínimo necessário para so concreto, foi exatamente que resultem em sobrecarre-
tanto, mas escorado nas re- o que ocorreu com o autor, gar o empregado de tarefas
lações que garantiram a sua sendo confinado em uma inúteis, sonegarlhe informa-
indicação, o chefe pode se sala, sem ser-lhe atribuída ções e fingir que não o vê,
tornar extremamente arbitrá- qualquer tarefa, por longo resultam em assédio moral,
rio, por um lado, buscando período, existindo grande re- cujo efeito é o direito à inde-
compensar suas evidentes percussão em sua saúde, nização por dano moral, por-
limitações, e por outro, consi- tendo em vista os danos psí- que ultrapassa o âmbito
derando-se intocável. quicos por que passou. Os profissional, eis que minam a
elementos contidos nos autos saúde física e mental da víti-
conduzem, inexoravelmente, ma e corrói a sua auto-
à conclusão de que se en- estima. No caso dos autos, o
JÁ EXISTEM DECISÕES JUDICI-
contra caracterizado o fe- assédio foi além, porque a
AIS SOBRE O ASSUNTO?
nômeno denominado empresa transformou o con-
assédio moral. Apelo despro- trato de atividade em contra-
Apesar de ser um tema em vido, neste particular. VALOR to de inação, quebrando o
início de discussão no Judi- caráter sinalagmático do
ciário, existem decisões favo- DA INDENIZAÇÃO. CRITÉRIO contrato de trabalho, e por
ráveis ao trabalhador, PARA A SUA FIXAÇÃO. A fixa- conseqüência, descumprindo
reconhecendo o direito de ção analógica, como parâ- a sua principal obrigação
buscar indenização pelos metro para a quantificação que é a de fornecer trabalho,
danos decorrentes da prática da compensação pelo dano fonte de dignidade do em-
do assédio moral, das quais moral, do critério original de pregado. (TRT - 17ª Região -
são exemplo as seguintes: indenização pela despedida RO 1315.2000.00.17.00.1 - Ac.
imotivada, contido no artigo 2276/2001 - Rel. Juíza Sônia
ASSÉDIO MORAL. CONFIGU- 478 Consolidado, é o mais das Dores Dionízio - 20/08/02,
RAÇÃO. O que é assédio mo- aconselhável e adotado pe- na Revista LTr 66-10/1237).
ral no trabalho? É a los Pretórios Trabalhistas. Res-
exposição dos trabalhadores salte-se que a analogia está ASSÉDIO MORAL - RESOLU-
a situações humilhantes e expressamente prevista no ÇÃO DO CONTRATO DE TRA-
constrangedoras, repetitivas texto consolidado como for- BALHO POR JUSTA CAUSA DO
e prolongadas durante a jor- ma de integração do orde- EMPREGADOR - INDENIZA-
nada de trabalho e no exer- namento jurídico, conforme ÇÃO POR DANO MORAL -
cício de suas funções, sendo se infere da redação do seu CABIMENTO. O assédio moral,
mais comuns em relações artigo 8º. Ademais, no silêncio como forma de degradação
hierárquicas autoritárias, on- de uma regra específica pa- deliberada das condições de
de predominam condutas ra a fixação do valor da in- trabalho por parte do em-
negativas, relações desuma- denização, nada mais salutar pregador em relação ao
nas e anti-éticas de longa do que utilizar um critério pre- obreiro, consubstanciado em
duração, de um ou mais che- visto na própria legislação atos e atitudes negativas
fes dirigidas a um subordina- laboral. Assim, tendo em vista ocasionando prejuízos emo-
do, desestabilizando a a gravidade dos fatos relata- cionais para o trabalhador,
relação da vítima com o dos nestes autos, mantém-se face à exposição ao ridículo,
ambiente de trabalho e a a respeitável sentença, tam- humilhação e descrédito em
Organização. A organização bém neste aspecto, fixando- relação aos demais traba-
e condições de trabalho, as- se que a indenização será de lhadores, constitui ofensa à
sim como as relações entre os um salário - o maior recebido dignidade da pessoa huma-
trabalhadores, condicionam pelo obreiro -, por ano traba- na e quebra do caráter sina-
em grande parte a qualida- lhado, em dobro. (TRT 17ª Re- lagmático do Contrato de
de de vida. O que acontece gião – Processo Trabalho. Autorizando, por
dentro das empresas é fun- 1142.2001.6.17.0.9 – Rel. Juiz conseguinte, a resolução da
damental para a democra- José Carlos Rizk – DJ de relação empregatícia por
cia e os direitos humanos. 15/10/2002) justa causa do empregador,
Portanto, lutar contra o assé- ensejando inclusive, indeni-
dio moral no trabalho é con- ASSÉDIO MORAL - CONTRATO zação por dano moral. (TRT
tribuir com o exercício DE INAÇÃO - INDENIZAÇÃO 15ª Região – 4ª Câmara (2ª
concreto e pessoal de todas POR DANO MORAL - A tortura Turma) - RO 01711- 2001-111-
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15-00-0 – Relatora Juíza Mari- Região, Relator Juiz Carlos mes Lobo, Publicado em
ane Khayat F. do Nascimento Augusto Gomes Lobo, publi- 19/08/2003).
– Publicada em 21/03/2003) cado em 27/08/2003) e RORA
No mesmo sentido, tem-se 335/2003 (TRT 14ª Região, Re- Fonte: Texto retirado da carti-
também os seguintes prece- lator Juiz Carlos Augusto Go- lha sobre assédio moral pro-
dentes: RO 437/2003 (TRT 14ª duzida pelo Sinasefe

SINTIFRJ APRESENTA SUA NOVA JORNALISTA

Pontifícia Universidade Conjunto de Favelas da


Católica do Rio de Ja- Maré. É representante
neiro (PUC-Rio). Mes- da Revista Viração, no
tranda em Educação, Rio de Janeiro, desde
Cultura e Comunicação 2007. Coordenou três
em Periferias Urbanas cursos de Comunica-
(UERJ-Febf). Atuou co- ção Comunitária na Ma-
mo Assessora de Comu- ré com o foco em:
nicação no Conselho Favela, Tecnologia, Ci-
O Sindicato dos Traba- Regional de Psicologia dade, Gênero, Raça e
lhadores do IFRJ (SINTI- do Rio de Janeiro (CRP- Segurança Pública.
FRJ) buscando avançar RJ). Trabalhou na Ge- Atualmente, organiza o
na construção de uma rência de Comunicação curso Histórias Vivas: o
política de comunica- da TV Brasil. Por mais de histórico de resistência
ção sindical acaba de dez anos foi repórter e das favelas do Rio de
contratar a jornalista Gi- jornalista responsável Janeiro.
zele Martins. do Jornal O Cidadão, Seja bem-vinda Gize-
Gizele Martins é forma- meio comunitário que le!
da em Jornalismo pela circula há 17 anos no

NOTA DE SOLIDARIEDADE AOS TRABALHADORES EM LUTA

O Sintifrj manifesta seu apoio e solidariedade às lutas dos trabalhadores de


diversas categorias em greve ou em processos de luta como os professores mu-
nicipais de Palmas/TO que acabam de sair de um bravo enfrentamento grevis-
ta, os docentes da UERJ que entrarão em greve dia 03/10, os servidores da
Fasubra que tiraram indicativo de greve, os trabalhadores dos Correios também
em greve, e aos trabalhadores do IFRJ do campus Belford Roxo em luta pela
defesa do terreno onde atualmente o campus funciona. Recebam todo o nos-
so apoio e solidariedade!
Saudações sindicais!

Coordenação Sintifrj
Boletim informativo sintifrj – n. 3

SOBRE A CARGA HORÁRIA DOCENTE

O Regulamento de Carga Horária Docente foi elaborado a partir de uma ampla con-
sulta nos campi e a realização de duas audiências abertas à comunidade que resul-
taram na Resolução 48/2014. Até o final do 2º semestre letivo de 2015 deveria ter sido
implementado de forma escalonada e sofrer uma revisão. Entretanto, isto acabou
não ocorrendo. Em 2016 o MEC emitiu a Portaria SETEC 2017 que interferiu na nossa
Resolução 48, pois altera o que foi decidido, de forma coletiva, pela comunidade,
além de desrespeitar a autonomia dos IFs. O SINASEFE participou de reuniões e reali-
zou análises sobre a Portaria 17 que podem ser encontradas no link a seguir:
(http://www.sinasefe.org.br/v3/index.php?option=com_content&view=article&id=194
5:gt-do-mec-rediscute-texto-da-portaria-17&catid=1:latest-news&Itemid=75).
Em função da Portaria 17, o Consup formou uma comissão que concluiu o seu traba-
lho apontando propostas de alteração/adequação da Resolução 48 para que o
Conselho Superior analise e decida.
A análise destas propostas está na pauta da próxima reunião do Conselho Superior e
não sabemos ao certo se o Consup irá encaminhar as propostas da comissão para a
comunidade, ou se irá debatê-las e aprová-las direto, sem uma nova rodada de de-
bate nos campi.

FLEXIBILIZAÇÃO DAS 30 HORAS

O Consup, no mandato anterior, formou uma comissão para analisar e elaborar pro-
postas visando a implementação da flexibilização da carga horária dos técnicos ad-
ministrativos em 30 horas. Esta comissão percorreu os campi realizando reuniões para
debate. A comissão elaborou então uma proposta de Regulamento que foi disponibi-
lizado no site para consulta pública e aprovado pela maioria dos servidores. Esse Re-
gulamento foi aprovado no Consup e oficializado na Resolução 22/2017.
Neste momento, acaba de ser emitida pelo reitor a Portaria 340 de 25 de setembro
de 2017, que designa as subcomissões locais que tem 60 dias, de acordo como pró-
prio regulamento, para elaborar um estudo para viabilizar a flexibilização da jornada
em 30 horas.
Boletim informativo sintifrj – n. 3

NOTA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES DO INSTITUTO FEDERAL DO RIO DE


JANEIRO SOBRE A LIMINAR JUDICIAL QUE ABRE BRECHA PARA A PATOLOGIZA-
ÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE

O Sindicato dos Trabalhadores do Instituto Federal do Rio de Janeiro (SINTI-


FRJ) vem a público se solidarizar com a causa LGBT e repudiar as tentativas de patologiza-
ção da homossexualidade e à LGBTfobia, realizadas por grupos homofóbicos e
obscurantistas, que conseguiram na justiça uma liminar que autoriza profissionais de psicolo-
gia a tratarem a homossexualidade como enfermidade. Os tratamentos de “reversão sexual”
são proibidos por uma resolução do Conselho Federal de Psicologia de 1999, baseados nu-
ma movimentação da Organização Mundial de Saúde que deixou de considerar a homosse-
xualidade uma doença em 1990. A liminar concedida pelo juiz federal Waldemar Cláudio de
Carvalho, da Justiça Federal do Distrito Federal, abre brechas para práticas homofóbicas.

O SINTIFRJ se coloca aberto para somar no debate público sobre o questio-


namento jurídico da Resolução 01/1999 do Conselho Federal de Psicologia e se posiciona no
sentido de contribuir para a construção de uma cultura de enfrentamento dos preconceitos e
na proteção dos direitos da população LGBT, especialmente considerando-se que a escola e
as instituições educacionais são espaços formadores de opinião e transmissão de valores.

Preconceito machuca, mata e deve ser combatido. Respeitar é dever de to-


dxs. Diga não à LGBTfobia e a todas as formas de opressão.

Coordenação Sintifrj

POR UMA SOCIEDADE PLURAL,


JUSTA, LIVRE DE PRECONCEITOS E
SEM LGBT´S - FOBIA
Boletim informativo sintifrj – n. 3

OPINIÃO

COM QUEM E COM O QUE SE COMPROMETE A ATUAL REITORIA E OS


DIRETORES GERAIS DO IFRJ?

A construção de uma gestão participativa e democrática continua sendo o principal dilema do IFRJ. A ex-
pansão da Rede Federal Tecnológica com a criação dos Institutos Federais, em 2008, e seu processo de inte-
riorização significou a construção de um grande número de campi que, por sua vez, gerou inúmeros de
cargos de direção, funções gratificadas, fluxos de recursos, e representou moedas de troca em circulação no
jogo político. Ironicamente, essa política chegou a ser denominada de política da distribuição de bombons.
Dependendo do grau de subserviência, do número de votos que uma pessoa possa vir a arregimentar, do pu-
xa-saquismo e do comprometimento político com os coronéis do andar superior, aparece no horizonte a pos-
sibilidade de ganhar um bombom, de ser convidado para um carguinho, de receber das mãos de um Reitor
um campus para tornar-se gestor. Aliás, a palavra gestor compõe o léxico das políticas neoliberais que, por
principio, entende que para algo ser eficiente deve ser gerido como uma empresa. E isso inclui o próprio Ins-
tituto. A palavra gestor é emprestada da lógica da iniciativa privada e, imaginem, nada tem a ver com ideolo-
gia. A gestão nada tem a ver com a política, certo?
Deparamo-nos assim com uma combinação do coronelismo autoritário característico da cultura política
brasileira com o discurso gerencialista empresarial do neoliberalismo globalizado. O atrasado e o avançado
coexistindo. O sociólogo Francisco de Oliveira utiliza uma metáfora para pensar essa articulação entre o ar-
caico e o moderno. Recorreu ao estranho animal ornitorrinco, dotado de bico de pato, considerado ao mes-
mo tempo réptil, pássaro e mamífero, para falar do impasse evolutivo do Brasil. Um país que convive com a
extrema miséria e o luxo ostensivo e uma sociedade que não abre mão das relações mais primárias, de pes-
soalidade e mandonismo, mas que deseja ser moderna, avançada, ou, no caso do IFRJ, se tornar algo próximo
a uma "empresa eficiente". Seria o IFRJ um ornitorrinco dentro de um país ornitorrinco?
Concentremos um pouco mais na figura dos gestores. Na busca por um bombom, fazem de tudo, inclusive
e talvez até, primeiramente, colocar-se contra os trabalhadores em defesa de seus privilégios. O bom senso
dos gestores não deixa espaço para a política. É claro que há exceções que fogem à regra, mas a regra parece
mais a um conto de Machado de Assis. Em Teoria da Medalhão, Machado narra um diálogo entre um pai e
um filho. O pai aconselha ao filho como tornar-se “grande e ilustre, ou pelo menos notável”. Diz o pai ao fi-
lho: “A vida, Janjão, é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspi-
ros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra”.
Para tornar-se um “medalhão”, um notável bem-sucedido, é preciso tomar muito cuidado com as ideias,
preferencialmente não tê-las. “Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuida-
do nas ideias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente”. Po-
dendo ocorrer de o filho vir a ter algumas ideias próprias, o pai recomenda: “podendo acontecer que, com a
idade, venhas a ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito. As ideias são de
sua natureza espontâneas e súbitas; por mais que as sofreemos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza
com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o medalhão completo do medalhão incom-
Boletim informativo sintifrj – n. 3

pleto”. No conto de Machado de Assis, o personagem do pai recomenda várias técnicas para desabilitar o
pensamento e reduzir o intelecto.
De modo geral, os gestores do IFRJ, a começar pela Reitoria e seguindo pelas direções dos campi, parecem
se encaixar bem na caricatura que Machado de Assis faz da sociedade brasileira. Uma gestão central que se
posiciona pela falta de posicionamento, que é não sendo, que se recusa a assumir publicamente posições.
Uma gestão que não se posiciona claramente contra o golpe e seus desdobramentos cujas consequências
diretas para uma instituição de educação como a nossa tem sido a destruição da educação pública. É o suca-
teamento que abre espaço para a privatização. Mais do que isso, uma gestão incapaz de produzir uma leitura
crítica da situação política e econômica e não comprometida em protagonizar a defesa e a sobrevivência da
própria instituição.
Com o que se compromete a atual gestão da Reitoria do IFRJ?
Com os trabalhadores não é. Com os estudantes tampouco. É uma gestão que não dialoga com o sindica-
to, nem com as reivindicações dos trabalhadores e dos discentes. O comprometimento dessa gestão é com a
burocracia, com as empresas privadas que se beneficiam da mão de obra formada pelo IFRJ e agora, pas-
mem, com o Exército.
No último dia 14, dia nacional de lutas e de paralisação, um movimento de trabalhadores e discentes bus-
cou construir uma mobilização em busca de diálogo, realizando um ato na Reitoria, sendo recebidos por uma
comissão da Reitoria. O magnífico reitor não deu o ar da graça, não soltou uma nota, não disse nada. Talvez
esteja seguindo o conselho de Machado de Assis, melhor não ter opinião.
A comissão da Reitoria recebeu os representantes do movimento que apresentaram suas reivindicações e
exigiu que elas fossem encaminhadas às instâncias decisórias devidas. Trata-se de reivindicações históricas
dos trabalhadores e dos discentes que jamais tiveram respostas satisfatórias: orçamento financeiro do IFRJ,
flexibilização da jornada dos técnicos, posicionamento contra o ponto eletrônico e política de assistência es-
tudantil. A comunidade acadêmica está apreensiva com as notícias de cortes no orçamento, circulam rumo-
res de que alguns campi não terão recursos para fechar as contas e o assunto não recebe nenhum
tratamento público, nenhum esclarecimento é dado.
Outro ponto fundamental é o esvaziamento proposital das instâncias decisórias, como o Consup, trans-
formando o espaço em local de despacho de memorandos e de pouca ou nenhuma discussão política. Políti-
ca educacional é o que menos se discute, sobram ofícios e memorandos. As formalidades da democracia
representativa liberal não estão satisfazendo nossa necessidade de democracia de alta intensidade.

Com quem dialoga a gestão Paulo Assis?

Construir uma gestão coletiva, participativa e democrática não foi uma opção da gestão Paulo Assis, mas
foi uma opção contratar uma empresa privada para fazer o que tem sido chamado de “planejamento estra-
tégico”. Qual a lógica de entregar o planejamento estratégico de uma instituição pública nas mãos de uma
empresa privada? Que planejamento estratégico é possível sem a participação da comunidade acadêmica e
sem a publicização dos dados orçamentários da instituição?
Boletim informativo sintifrj – n. 3

Acesso à informação não deve ser privilégio e exclusividade dos gestores. Acesso aos dados orçamentários
do IFRJ não diz respeito apenas à Reitoria e aos diretores gerais, diz respeito a todxs, também não pode virar
um especialismo onde só os entendidos entendem.
O Reitor não teve disponibilidade para receber e dialogar com estudantes e trabalhadores do IFRJ, mas
não falta disponibilidade, tempo e interesse, em dialogar e servir à política de militarização que o mesmo go-
verno golpista, em articulação federal e estadual, está levando a cabo nas favelas e periferias do Rio de Janei-
ro, com a participação do Exército. O mesmo Exército cujas autoridades vêm a público dizer, sem nenhum
constrangimento, que está à disposição e preparado para entrar em ação, caso seja necessário, defender a
“ordem pública”. Qual ordem pública? Essa ordem pública que o Exército se refere é a ordem que mantém as
desigualdades sociais em níveis absurdos; ordem pública dos banqueiros, do agronegócio, do capital financei-
ro; ordem pública que mobiliza repertório e práticas de guerra para exterminar jovens pobres, pretos e peri-
féricos; retórica política para justificar uma política de segurança pública com derramamento de sangue. O
resultado dessa política bélica de segurança pública fundamentada em práticas políticas coloniais, como a
“pacificação de territórios”, tem sido a produção de mortes, o cerceamento do direito de ir e vir, o fechamen-
to de escolas e unidades de saúde. Uma forma de governar a partir do terror e do racismo institucional.
A Assessoria de Comunicação central, a mesma que não para de defender a privatização da previdência
social e abrir espaço na instituição para a Funpresp, acabou de divulgar no site do IFRJ
(http://portal.ifrj.edu.br/ifrj-e-academia-militar-avancam-dialogo-sobre-parceria-institucional-0) uma notícia
informando sobre uma parceria institucional entre a instituição e a Academia Militar. É o IFRJ trabalhando
para a criminalização e o extermínio da juventude pobre e preta. A Reitoria do IFRJ deve explicações à comu-
nidade escolar-acadêmica sobre o que significa essa parceria com o Exército.
O IFRJ poderia ter um protagonismo na luta pelos direitos humanos, na defesa da vida das populações que
vêm sendo oprimida e assassinada pela polícia e pelo Exército em seus locais de moradia, mas, em seu núcleo
gestor central, tem optado por apoiar o massacre genocida do Estado brasileiro contra seu povo. Isso não
significa que não existam no IFRJ bravos lutadores, pesquisadores e militantes comprometidos com a defesa
dos direitos humanos, lamentavelmente a gestão central não fez essa opção.
No último domingo, a polícia entrou atirando numa festa no Jacarezinho (há informações de pessoas mortas)
e uma dezenas de jovens presos foram levados para a Cidade da Polícia. Centenas de parentes e amigos de-
sesperados logo se dirigiram para a Cidade da Polícia em busca de informações.
Boletim informativo sintifrj – n. 3

(Fotos divulgadas nas redes sociais)


Que compromisso a Reitoria do IFRJ que apoia e vê no Exército um parceiro tem com essa juventude? É
comum encontrar gestores do IFRJ se vangloriando da presença do IFRJ em territórios historicamente aban-
donados, mas que relações políticas e institucionais essa instituição vem de fato construindo em favor desse
segmento? Cadê o Reitor, os Pró-Reitores, os Diretores Gerais, nas periferias e nas favelas protagonizando a
defesa da vida contra o extermínio?
Na condição de uma instituição de educação, é certo que qualquer compromisso com a juventude perifé-
rica, favelada, pobre, oprimida, deve passar por uma política estudantil efetiva, que garanta o acesso e a
permanência acadêmica, onde transporte, alimentação e moradia sejam absoluta prioridade. Na reunião do
dia 14 na Reitoria, o que vimos foi um jogo de empurra com os representantes da reitoria argumentando que
a construção de restaurantes universitários é das direções dos campi. No limite, chegou-se a dizer que a
construção dos restaurantes universitários não saiu do papel porque os estudantes não se movimentaram
para isso, o que foi devidamente contestado pelos estudantes presentes. Responsabilizar os estudantes pela
ausência de política estudantil é incompetência e cinismo sem limites. Quem recebe salário e ocupa cargos
de direção e função gratificada para gerir a instituição não são os estudantes.
Boletim informativo sintifrj – n. 3

Por um IFRJ que se engaje na luta contra o extermínio da juventude negra e favelada. Encontra-se em fase
de construção pelos movimentos sociais de favela uma nova mobilização contra a violência policial nesses
territórios, tal como aconteceu em 2006/2007, durante os jogos pan-americanos, com a campanha contra o
uso do caveirão. Caveirão é o nome do carro blindado da polícia que ficou conhecido por entrar nas favelas
cariocas com o alto falante anunciando aos moradores que veio buscar suas almas.
É fundamental que o IFRJ participe da luta contra a violência policial. Que se engaje, efetivamente e não
apenas na retórica, na defesa da vida dos jovens. Para ter acesso à educação, é necessário primeiro ter direi-
to à vida, a não ser exterminado. Nem só para produzir mão de obra para a Petrobras e para formar soldados
do Exército serve o IFRJ. Por um IFRJ menos cínico e mais comprometido com as lutas sociais.

Fábio Araújo. Sociólogo, professor do IFRJ. Coordenador do Sintifrj. Autor do livro “Das téc-
nicas de fazer desaparecer corpos: desaparecimentos, violência, sofrimento e política”,
editora Lamparina, 2014.

AGENDA
Boletim informativo sintifrj – n. 3

AGENDA SINTIFRJ

- 04/10/2017, 13h, visita ao campus Resende


- 05/10/2017, 14h, visita ao campus Volta Redonda
- 11/10/2017, 15h, visita ao campus Pinheiral

FILIE-SE AO SINDICATO! PARTICIPE!


O SINDICATO É UM INSTRUMETO DE LUTA DOS TRABALHADORES!

Visite o site do sindicato:


http://sintifrj2.hospedagemdesites.ws/sintifrj/sobre-o-sintifrj/
Coordenação Sintifrj

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