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O grupo BRICS reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e chegou a ter um certo
protagonismo no cenário internacional. Parece que o atual governo brasileiro não deve dar
muita importância para este bloco econômico e político. Mas o termo BRIC (soa como tijolo em
inglês) não foi invento por nenhum esquerdista globalista, mas sim pelo economista Jim O' Neill,
do banco de investimento Goldman Sachs, em 2001, com o objetivo de orientar as empresas e
os investidores mundiais sobre as oportunidades de negócios nos grandes países “emergentes”
do globo: Brasil, Rússia, Índia, China. Estes quatro países estão entre aqueles da comunidade
internacional com maior território ou maior população. O termo fez sucesso e para adquirir um
caráter mais amplo, em um segundo momento, foi incluída a África do Sul (South África) e o
termo BRIC ganhou mais uma letra, se transformando em BRICS.
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Brasil = 190 milhões e África do Sul = 76 milhões). No conjunto o BRICS deve representar 26,2%
dos 11,2 bilhões de habitantes da Terra, no final do atual século, conforme a projeção
populacional média da Divisão de População da ONU.
O pico absoluto da população do BRICS acontecerá em 2045 com o volume de 3,47 bilhões de
habitantes. Mas, em termos relativos, o pico da participação da população do BRICS, que foi de
aproximadamente 44,5% do total da população mundial, já aconteceu no período entre 1975 e
1995. Ou seja, a população dos 5 países do grupo BRICS vai continuar crescendo em termos
absolutos até 2045, mas em termos percentuais já está diminuindo do patamar mais elevado de
44,5% na última década do século passado e deve ficar em 26,2% no final do atual século.
A população em idade ativa (PIA) do BRICS, em 1950, era de 670 milhões e representava 43,5%
dos 1,54 bilhão de pessoas em idade ativa (15-64 anos) no mundo, conforme mostra o gráfico
abaixo. Este número, em termos absolutos, subiu durante toda a segunda metade do século
passado e deve atingiu o pico em 2030, com 2,29 bilhões de pessoas entre 15 e 64 anos. A partir
daí, a PIA vai diminuir e deve ficar em 1,67 bilhão de pessoas no final do atual século. Mas em
termos relativos, a PIA do BRICS atingiu o cume no período 1980 a 2005, com um percentual de
cerca de 44,6%, mas já está diminuindo e deve ficar em 25% em 2100. Ou seja, o potencial de
pessoas produtivas do BRICS, em relação à força de trabalho global, deve cair de quase 45% em
2005 para um quarto no final do século.
O gráfico abaixo mostra que os 44,5% da PIA do BRICS em relação à PIA global está bem acima
do percentual do território do BRICS em relação à área terrestre do mundo. O país mais extenso
é a Rússia, com 17,1 milhões de km2. Em seguida vem a China com 9,6 milhões de km2, o Brasil
com 8,5 milhões de km2, a Índia com 3,3 milhões de km2 e a África do Sul com 1,2 milhão de
km2. Em 2100, o percentual da PIA de 25% em relação à PIA global vai ficar mais próxima dos
26,7% do território do BRICS em relação ao território terrestre do Planeta.
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Um dos fatores que contribuem para o sucesso produtivo do grupo BRICS é a existência de um
bônus demográfico. Nota-se, pelo gráfico abaixo, que a Razão de Dependência do BRICS subiu
entre 1950 e 1965, mas começou a cair a partir de então e atingiu o nível mais baixo em 2015,
com 44,4% de pessoas dependentes para cada 100 pessoas em idade de trabalhar. Neste mesmo
período a percentagem da PIA passou de menos de 60% para o cume de 69,3% em 2015.
Portanto, o auge do bônus demográfico já aconteceu para o BRICS e a partir de 2015 a janela de
oportunidade começou a se fechar. Mas o quadro demográfico vai continuar ainda favorável até
2030, quando a PIA chega ao seu auge em termos absolutos. Entre 2030 e 2060 a janela
demográfica vai se fechar totalmente, já que em 2060 a percentagem da PIA de 61,2% será
menor do que o percentual da razão de dependência de 63,3%. Nas últimas quadro décadas do
século o quadro demográfico do BRICS vai ficar muito desfavorável.
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Ou seja, o BRICS tem até 2030 para avançar no aproveitamento do bônus demográfico. Terá
dificuldades para aproveitar o período seguinte até 2060 e terá um cenário difícil com o grande
envelhecimento populacional e indicadores demográficos desafiadores nas décadas derradeiras
do século XXI.
Evidentemente, a demografia não é destino. O grupo BRICS já caminha para o fim do 1º bônus
demográfico, mas poderá aproveitar um segundo bônus se elevar as taxas de investimento e
poupança (como tem feito a China). O mundo está passando por grandes transformações
econômicas e também ambientais. Há esperança na área de ciência e tecnologia e grande
preocupação na área ecológica. É preciso articular estas tendências gerais com a dinâmica
demográfica para garantir alta qualidade de vida com um meio ambiente sustentável.