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C R IS T O

D OS

PACTO S

O. Palmer Robertson
Luz Para o Caminho
C a m p i n a s - SP
Cristo d o s P a c t os
O. Palm er Robert son

© 1997 Direit os reser vados p o r Luz Para o C am inho


Caixa Postal 130 - CEP 13001-970 - Campinas, SP

Robertson, O. Palmer
R547c Cristo dos Pact os / O. Pa lme r
Robertson. Trad. Américo J. Ribeiro.
Ca mpinas - SP: Luz Pa ra o C am inh o, 1997.
275pp.
Da obra: T he Christ of the Cov enants.

1. Te olo gia Bíblica. 2. Bíblia - In te rp re


tação. I. Rib eiro, Améric o J. trad. II. Título.

CDD-230.01
220.6

1- Ediç ão: 1997 - 3.00 0 ex em plar es

Capa: Edson Ramos/Lucas Pedro dos Santos


Revisores: Elione Gama e Rubens Castilho
L uz Para o Ca m inh o
Caixa Postal 130 CEP 13001-970 Campinas SP
Sumário
Prefácio .................3
PRIMEIRA PARTE
INTRODU ÇÃO ÀS ALIANÇAS DIVINAS
1. A Natureza das Alianças Divinas ..........................................................7
2. A Unidad
3. A Extensão das Aliança
e das Alianças Divinas ........................................................19
s Divinas ....................................................... 27
4. Diversidade nas Alianças Divinas ....................................................... 49

SEGUNDA PARTE
5. A Aliança da Criação ...........................................................................61

TERCEIRA PARTE
A ALIANÇA DA REDENÇÃO.................................................................. 83

6. Adão: A Aliança do Começo ..............................................................85


7. Noé: A Aliança da Preservação ..........................................................99
8. Abraão: A Aliança d a P rom essa..................................................... 115
9. O Selo da Aliança Abraâmica ........................................................133
10. Moisés: A Aliança da Lei ................................................................151
11. Excurso: Alianças ou Dispensações:
Qual Destas E strutura a Bíb lia?..................................................... 181
12. Davi: A Aliança do R e in o ................................................................207
13. Cristo: A Aliança da Consumação.................................................243
índice de Citações Bíblicas ..................................................................269
Prefácio

Este livro focaliza duas áreas essenciais ao interesse da inter


pretação bíb lica hoje: a significação das alianças de Deus e a
relação dos dois testamentos. Mediante a correta compreensão
das iniciativas de Deus em estabelecer alianças na história será
lançado sólido fundamento para desemaranhar a questão
comp lexa da relação dos dois testamentos.
Virtualmente, toda escola de interpretação bíblica hoje tem
chegado a apreciar a significação das alianças para a compreen
são da mensagem distintiva das Escrituras. Que o Senhor da
aliança abençoe esta discussão em andamento, de tal maneira
qu e se infl am e nos corações de hom ens de todas a s nações am or
mais com ple to ao q ue se fez ser “um a aliança para os povos” .
PRIMEIRA PARTE

INTRODUÇÃO ÀS
ALIANÇAS DIVINAS
1
A N at ureza da s
Alianças Divinas
Q ue é a\iança?
Pedir definição de “aliança” é como pedir definição de
“mãe”.
Pode-se definir mãe como a pessoa que nos trouxe ao
m un do. Est a def ini ção po de ser form alm ente corr eta. Ma s quem
se sen
Astirá satisf eito
Escrituras testicoficam
m ela?co m clareza a respeito da signi ficação
das alianças divinas. Deus entrou, repetidamente, em relação de
aliança com indivíduos. Referências explícitas encontram-se na
aliança divina estabelecida com Noé (Gn 6.18), Abraão (Gn
15.18), Israel (Êx 24.8) e Davi (SI 89.3). Os profetas de Israel
predisseram a vin da dos dias da “nova” aliança (Jr 31.31), e Cristo
m esm o falou da últim a cei a em linguag em de alianç a (Lc 22.20).
Mas que é aliança?
Alguns irão desencorajar qualquer esforço no sentido de
ap res en tar um a defini ção sum ária de “ ali ança” que abranja todos
os variados usos do termo na Escritura. Sugeririam que os
múltiplos e diferentes contextos em que a palavra ocorre impli
cam muitos sentidos diferentes.1
1. Cf. com D. J. McCarthy, “A aliança no Velho Testam ento: O Estado Presen te
Inquirição”, Revista Trimestral Católica Bíblica (Catholic Biblical Quarterly, 27, (1965): 219,
239. Delbert R. Hillers comenta a respeito da tarefa de definir aliança em Aliança: A
História de um a Idéia Bíbl ica ( Covenant: The Histm y ofa Biblical Idea, Baltimo re, 1969) , p. 7-
“Não é o caso de seis cegos e o elefante, mas de um grupo de eruditos paleontólogos
crian do m on stros diferen tes dos fósseis de sei s espé cies separad as.”

7
8 Cristo dos Pactos

Qualquer definição do termo “aliança” deve admitir


claramente amplitude tão larga quanto o exigem os dados da
Escrit ura. Todavi a, a m esm a integ ridad e d a históri a bíbli ca ao ser
determinada pelas alianças de Deus sugere uma unidade
ab rang en te n o conceit o d e al iança.
Que ené,treentão,
aliança Deusaliança?
e o se u Como
pov o?2definiria você a relação de
Aliança é um pacto de sangue soberanamente administrado.
Q ua nd o Deus entra em relaç ão de ali anç a com os hom ens, El e de
maneira soberana institui um pacto de vida e morte. A aliança é
um pacto de sang ue, ou um pacto de vida e morte, soberanamente
administrado.
Três aspectos desta definição das alianças divinas devem ser
considerados com m aior cui dado.

ALIANÇA É UM PACTO
Em seu aspecto mais essencial, aliança é aquilo que une
pessoas. N ada está mais perto do coração do conceito bíblico de
aliança do que a imagem de um laço inviolável.
Extensaspara
Testamento investigações na etimologia
“aliança” (rTTQ) do termo
têm-se provado do Velho
inconclusivas
n a de term ina ção do sentido da palavra .3 Todav ia, o uso

2. O próprio fato de que a Escritura fala de alianças “divinas”, alianças feitas por Deus
com o seu povo, pode ser de grande significação em si mesmo. Quanto parece, este
fenô m en o de alian ças d ivina s não oco rre fora de Isr ael. “Fora do Velho Tes tam ento n ão
temos evidênci a cl ara de u m tratado en tre u m deus e o seu povo”, diz Ronald E . Clement s,
em Abraão e Davi: Gênesis 15 e sua Significação para a Tradição Israelita ( AbraJiam and
David: Gmesis 15 and. its Mea.ni.ng for the. Israelite Tradition, Naperville, IL, 1967), p. 83. Cf.
também com o comentário de David Noel Freedman em “O Compromisso Divino e a
Obrigação Humana”, na revista Interpretação (Interpretation), 18, (1964): 420: “Não há
paralelism o convin cente no m u n do pagão...” com re lação às alianç as de D eus com o
ho m em como se acha na Bíblia.
3. O cará ter inc onclusivo d a evidência etimológica é quas e geralm ente reco nh ecid o. Cf .
com M oshe W einf eld, Theologisches Wòrterbuc.h zum Alten Testament,(Stuttgart, 1973), p. 783;
Leon Morris, A Pregação Apostólica da Cruz {The Apostolic Preaching o f the Oross, London,
1955), pp. 62ss. Uma sugestão indica o verbo barah, qu e signif ica “co m er” . Se for est e o
caso, a referência pode ser à refeição sagrada que muitas vezes estava associada com o
pro cess o de firm ar a lian ça. M artin N oth , “Firm ar P acto no V elh o T esta m ento à Luz d e um
Tex
Otherto Essays,
de M ari”, em As Leis
Edinburgh, do p.Pen
1966), tateuco
122, e O utros
argumenta Ensa aios
contra ( ThSugere
hipótese. eL awsque
in the Pentateuch and
a frase
“aliança” envolveria alusão a métodos diferentes para se íirmar uma aliança. De um lado,
indicari a a autom aldição d a div isão animal. Do o utro lado, indi caria a part icipação de u m a
A Natureza das Alianças Divinas 9

contextual do termo nas Escrituras indica, de maneira


razoavelmente consistente, o conceito de “pacto” ou “relaciona
m en to” .4 E sem pre u m a pessoa, ou Deu s ou o hom em , qu em faz
uma aliança. Ainda mais, é outra pessoa que se contrapõe como
a outra pa rte d a al iança, com poucas exceções. 5 O resultado de
um comprom iss o de aliança é o estabel ecimento de u m a rel ação
“em conexão com”, “com” ou “entre” pessoas.6
O elem en to formalizador es sencial ao estabelecimento de toda s
as alianças divinas nas Escrituras é a declaração verbalizada do
caráter do pacto qu e está sendo estabel ecido. Deus fa la para estabe
lecer sua aliança. Fala graciosamente ao comprometer-se com as
suas cr iatu ras e ao d eclarar a base sobre a qua l se relacionará co m a
sua criação.

ref eiçã o de ali ança . N olh é a fav or da s ugestão de q ue “ali ança” deri va do acad iano birit,
que se rel aciona co m a preposição h ebraica *f 3 “en tre ”. Ele elabora u m processo de pa sso-
múltiplo pelo qual o termo atingiu independência adverbial através da frase “matar um
asno de entre-meio”, assumiu o sentido substantivo de “meditação” que conseqüen
tem ente re qu ereu a i ntroduç ão d e um a segunda preposiçã o “en tre” e, fi nalmente , evol uiu
p a ra a palavra no rm al “ali ança” , que podia ser usada com outr os verbos alé m do verb o
“co rtar” (en tre ). U m a terceira sugest ão etimológi ca sugere a r aiz acadiana baru, “amarrar,
agrilhoar”, e o substantivo relacionado biritii, “faixa” ou “grilhão”. Weinfeld, op., cit. p.
783 , co ns ide ra esta últim a sugestão com o a mais válida.
4. As recentes argumentações de E. Kutsch de que o termo “aliança” significa
“ob rigação” ou “com prom isso” são , na verdade, fasci nant es. Ma s não são adequad as p ara
der ribar o conceito bási co de qu e a “ aliança” é “ pac to” . Kuts ch argum enta q ue a defini ção
de “aliança” como “obrigação” é válida se o tipo de aliança é um em que a pessoa se
“obriga”, é “obrigada” por um poder externo, ou chega a uma “obrigação” mútua com
um a parte igu al. El e obs erva tam bém qu e o para lel ismo hebraico freqü en tem en te alt erna
“aliança” com “estatuto” e “juramento”, fato que a seu ver favorece o sentido de
“obrigação” (E. Kulsch, “Gottes Zuspruch und Anspruch berit in der alttestamentlichen
Theologie”, em Questões disputadas do Velho Testamento (Questions clisfmtées cUAncim
Testament, Gembloux, 1974), pp. 71ss). Discordância cordial com a teoria de Kutsch,
expressa em arti gos m ais antigos, é registrada p or D. J. M cCarthy em “Berit e a Aliança na
História D eute ron om ista” , em.Estudos da Reli giã o d o Antigo Is rael, S uplem ento ao Vel ho
Testamento (Stud ies in the Religion of Ancim t Israel, Sup plement to Vetus Testamentum, 23, 1972):
81ss. McCarthy conclui que a tradução tradicional pode permanecer, apesar das
argumentações de Kulsch. Embora as alianças divinas invariavelmente envolvam
obrigações, seu propósito último vai além da quitação compreendida por um dever. Ao
con trário, é a inter-relação pess oal de D eus com o seu povo que está no coração da al iança .
Este con ceito d o coraçã o d a ali ança f oi pe rceb ido na história dos inve sti gadores da aliança
desde os di as de Jo h n Cocc eius, com o se vê pela sua ênfa se sobre o efeit o d a aliança no
fazer paz entre partes. Cf. com Charles Sherwood McCoy, A Teologia da Aliança de
Joh ann es Coc ce ius (The Covenant Theohgy ofjohannes Coccáus, New Haven, 1965), p. 166.
5. Uma exceção seria Gênesis 9.10, 12, 17, em que Deus estabelece o pacto com os
animais d o c am po. Cf. tam bém com Oséias 2 .18; Jerem ias 33.20, 25. A despeito do pape l
das partes impessoais com relação ao pacto nestas passagens, é ainda um “pacto” que está
sen do estabel ecido com elas.
6. As pre po siç õe s *p3, D3J, HK, e V p odem se r usad as p ar a descre ver esta relação.
10 Cristo dos Pactos

A preeminência de juramentos e sinais nas alianças divinas


realça o fato de que a aliança, em sua essência, é um pacto. A
aliança estabelece compromisso de uma pessoa com outra.7
Um juramento obrigatório da aliança podia assumir várias
forma s. Em um po nto pod ia esta r envolvido um jura m en to ver bal
(Gn 21.23, 24, 26, 31; 31.53; Êx 6.8; 19.8; 24.3, 7; Dt 7.8, 12; 29.13;
Ez 16.8). Em outro ponto, algum ato simbólico podia estar ligado
ao compromisso verbal, tal como a concessão de uma dádiva (Gn
21.28-32), o comer uma refeição (Gn 26.28-30; 31.54; Êx 24.11), o
erg uim en to de u m m em orial (Gn 31 .44s.; Js 24. 27), o espargir de
sangue (Êx 24.8), o oferecimento de sacrifício (SI 50.5), o passar
debaixo do cajado (Ez 20.37), ou o dividir animais (Gn 15.10,18).
Em várias pass agen s da Escritur a a relaç ão integral do ju ram en to
com a al iança
construção (Dt é29.12;
ap resen tada11.4;
2 Rs mais1clCraram enteSIpelo
16.16; 105.paral elismo
9; 89.3, 4; dEza
17.19). Nestes c asos, o ju ra m en to altern a co m a ali ança e a ali ança
com o juram ento.
Essa estr eita relação e ntre ju ra m en to e alianç a enfa tiza o fato de
que a aliança em sua essência é um pacto. Pela aliança, as pessoas
tomam-se com prometidas um as com as outras.

7. M uita evidência ap óia a signi fica ção do jura m en to no processo de fazer aliança. Para
um a comp leta expos ição da evi dênci a de que um juram en to pertencia ã es sên cia da ali ança,
ver a obra d e G. M. Tuc ker, Formas d e Ali ança e Fon nas de C ontrato, Velho Testam ento 15
(CovmantForms and ContradFonns, Vetus Testamentum 15, (1965): 487-503).
En quan to o jura m en to aparece v árias vezes em rel ação a um a al iança, não é cl aro que um a
cerimônia formal de fazer juramento era absolutamente essencial ao estabelecimento de
um a rel ação de ali ança . Nem na ali ança com Noé, ne m com Da vi, se m enciona, de m aneira
explí cita, a declaraç ão de ju ra m en to no po nto histórico em q ue est as alianças foram fe itas,
em bora a Es cri tura, subseqü entemen te, m encione um jura m en to em associação a a mbas
(Gn 9; 2 Sm 7; cf com Is 54.9; SI 89.34s.) Na sua análise, agora clássica, dos elementos dos
tratados de suz erania hit ita, G eorge A M end enhall p rime iro arrola os s eis elementos bási cos

do trat ado.
estavam A l ista
en volv não
idos, porincl
qu ui
e ajura
verm en to. M
ificação doend enhallnã
tratado como seenta:
d ava“pela
Sabemos
simplque
es m outros fat uores
inu ta de ma
forma escrita” (“Formas de Aliança na Tradição Israelita”, O Arqueólogo Bíblico 17)
(“Co ven ant Form s in Israel ite T rad itio n” , T he Biblical A rcheologist 17 (1954) : 60s. ). E nesta
base que M endenhall conti nua para in troduzir o item sete na form a do tratad o, que ele
ch am a “o ju ra m en to form al”. Todavia, ele me sm o se sente com pelido a acrescentar: " ...
embo ra não tenhamos n enh um a l uz sobre a sua for m a e conteúdo.”
A Escrit ura sugeriria não m eram ente qu e a ali ança contém, d e m odo ger al, um juramento.
Em ve z disto, pode- se afirmar que um a ali ança é um juram ento. O comprom isso da rela ção
de aliança un e as pe sso as com um a solidari edade equivalente aos r esul tados alca nçados p or
um proc ess o formal de fazer juram ento . O “juram ento” capt a tã o adeq uada m ente o
relac ion am ento a tingido pela “ aliança” qu e os termos p od em ser inte rcambi áveis (c f. com S I
89.3, 34s.; 105. 8-10). O processo form alizante de fazer jura m ento po de o u n ão es tar presen te.
Mas um compromisso com caráter de aliança resultará inevitavelmente em uma obrigação
altamen te solen e.
ANatureza das Alianças Divinas 11

A presença de sinais em muitas das alianças bíblicas também


enfatiza qu e as alianças div inas un em as pessoas. O sinal do arco-íris,
o selo da circuncisão, o sinal do Sába do - estes sinais d a aliança
reforçam o caráter de ligação da aliança. Um compromisso
int erp esso al que po de ser garant ido en tra em vig or po r meio de um
pacto com caráter de aliança. Da mesm a form a, como um a noiva e
ixm noivo trocam as alianças como um “sinal e penhor” de sua
“fideli dade cons tante e am or p er m an en te ”, assim tamb ém os sinais
da alianç a divina simb olizam a pe rm anê nc ia do pacto e ntre Deus e
o seu povo.

ALIANÇA É UM PACTO DE SANGUE


A frase “ pa cto de s an gu e”, ou pa cto de vid a e m orte, expressa
o caráter absoluto do compromisso entre Deus e o homem no
co ntex to da alian ça. Em in iciando alianças, Deu s jama is e ntra em
relação casual ou informal com o homem. Em lugar disto, as
implicações d e seus pactos estendem-se à s últ imas con seqü ências
de vida e m orte.
A terminologia básica que descreve o estabelecimento de uma
relação de aliança vivifica a in tens idad e de vida e m orte das alianças
divinas. A frase trad uzid a “fazer um a aliança” , no Velho T estam ento,
significa, literalmente, “cortar uma aliança”.
Esta frase “cortar uma aliança” não aparece apenas em um
estágio na história das alianças bíblicas. Muito pelo contrário,
ocorre proeminentemente através de toda a extensão do Velho
Testamento. A lei8, os profetas9, e os escritos10, todos contêm a
frase de m ane ira r epetida.
Poderia se
da imagem supor na
contida quefrase
a passagem
“cortar do tempo
uma diluiriaTodavia,
aliança”. a vivideza
evi dên cia de u m a pe rm an ente cons ciênc ia da plena im portânci a
da frase ap are ce em alguns dos m ais antigos text os das Es crituras,
tanto quanto em passagens associadas com o próprio fim da
presença de Israel na terra da Palestina. O registro original do
estabelecimento da aliança abraâmica, carregada como está com
8. Gn 15.18; 21.27, 32; 26.28; 31.44; Êx 23.32, 34; 24.8; 34.10, 12, 15, 17; Dl 4.23; 5.2, 3;
7.2; 9.9; 29.1, 12, 14, 25, 29; 31.16.
9.Js 9.6ss.; 24.25; Jz 2.2; 1 Sm 11.1, 2; 2 Sm 3.12ss.; 1 Rs 5.12ss.; 2 Rs 7.15ss.; Is 28.15; 55.3;
Jr 11.10; 31.31ss.; Ez 17.13; Os 2.18; Ag 2.5; Zc 11.10.
10. Jó 31.1; SI 50.5; 1 Cr 11.3; 2 Cr 6.11; Ed 10.3; Ne 9.8.
12 Cristo dos Pactos

sinais intern os de a ntigüida de, prim eiro in trod uz ao leitor bíbl ico
o conceito de “cortar uma aliança” (cf. com Gn 15). E na outra
extremidade da história de Israel, a advertência profética de
Jerem ias a Zede qui as, no tem po do cer co de Jerusal ém po r
N abucodonosor, encrespa-se literalm ente com alusões a um a
teologia de “ co rtar a aliança ” (cf. c o m jr 34).
Uma indicação adicional da permeante significação desta
frase acha-se no fato de que ela se relaciona com todos os três
dos tipos básicos de aliança. E empregada para descrever
alianças estabelecidas pelo homem com o homem11, alianças
estabelecidas p o r Deus c om o h o m em 12, e al ianças est abelecidas
pelo hom em com Deus.13
Particularm en te notá vel é o fato de que o verbo “ cortar” po de
ficar só e, ainda assim, significar claramente “cortar uma
alian ça”. 14 Este uso in dica q uã o essen cialm ente o c onc eito de
“co rtar ” veio a relacionar-se co m a idéia d e aliança nas Escri turas.
Este relacionamento de u m processo de “cortar” com o
estabelecimento de uma aliança manifesta-se através das línguas
e cult uras ant iga s do O riente M édi o. Não som ente em Isr ael, mas
em muitas culturas circunvizinhas o caráter obrigatório de uma
aliança est á relacio na do com a term inolog ia de “co rtar”. 15
Não com
associado som oente a term in ologia,
estabelecimento mas
da aliança o ritual
reflete, com um ente
de maneira

11. Gn 21.27, 32; 2 Sm 3.12, 13.


12. G n 15.18 (Ab raâm ico); Êx 24.8 e D t 5.2 (Mosaico); 2 Cr 21.7 e S I 89.3 (Davídico); J r
31.31, 3 3 e Ez 37.2 6 (novo). A fra se não é usada em con exão c om a aliança de Noé.
13. Essas relações de aliança in ici adas pelo ho m em com Deus devia m ser entend idas n um
contexto de renovação de aliança . E som ente n a base de um a rel açã o previamente exist ent e
que o h om em p od e o usar en tra r em aliança com Deus. C f. com 2 Rs 11.17; 23.3; 2 Cr 2 9.10.
14. 1 Sm 11.1, 2; 20.16; 22.8; 1 Rs 8.9; 2 Cr 7.18; SI 105.9; Ag 2.5. No th, op. cil., p. 111,
não considera esta fra se mai s curta com o con tend o um a elipse na qual o term o “alia nça”
devesse ser suprido. Em lugar disto, ele propõe que a frase “coriar entre”, como ocorre
nessas passagens, seja considerada como uma “expressão particularmente antiga e
srcinal” servindo de equivalente lingüíst ico c ia fra se “ m atar (um asn o)” , com o se ach a nos
textos de Mari. Esta análise da frase corresponde ã hipótese bastante elaboradamente
desenvolvida de No th seg un do a qual o term o “aliança” deriva-se etim ologicam ente d a
palavra “en tre ”, com o ante s se m encio nou. De acordo com a sua construção, a frase “corta r
entre” representaria uma forma bem mais antiga da frase, anterior ao tempo em que
“en tre” evol uiu para um uso nom inal, exigindo a ssim a i ntrodu ção d e um segu ndo “en tre”,
resultando daí que a frase seria lida em sua forma tornada mais familiar “cortar uma
alianç a en tre ”. N oth não se aventura a explicar por qu e a fras e toda “cortar u m a ali ança”
ap arece ria nos textos mais antigos (i.e. Gn 15. 18), ou p or qu e a form a abreviada ocorre ria
ain da em textos pós-e xflicos (i.e., Ag 2.5).
15. Para u m a ap rese ntaçã o co m pleta ci a evidência ext rabíbl ica, ver a obra d e D ennis J.
McCart hy, T ratad o e A liança (7 reaty and Covenanf, Ro m e, 1963), pp. 52ss.
Adao: A Aliança do Começo 95

“desejará” seu marido, não no sentido de dependência excessiva,


mas no senti do de determ inaçã o excessiva de dom inar. Seu anelo
será de pos suí-lo, controlá- lo, dom iná- lo. Da m esm a form a q ue o
personificado desejo de pecado foi dirigido no sentido da
possessão de Caim, assim o desejo da m ulher será dirigido no
sentido da pos sessão do seu m ari do.
A declaração concernente ao “governo” do homem sobre a
m ulh er pode não req u ere r o conce ito d e dom ínio op ressivo. Ma s
o contexto o sugere fortemente. Deus pronuncia a maldição
sobr e a m ulhe r po r caus a da si tuaçã o que surg iu ori ginariamente
de sua usurpação da prerrogativa do marido. Isto indica que ela
habitualmente manifestará esta tendência em seu “desejo” com
relação ao marido. Mas ele, em reação, a “dominará”.

vidaAdamaldição do deseq
mulher. Na medidauilíbrio
em quem ela
ari tal se estabelece
tenta no estilo de
perpetuamente
possuir o m arid o, ele responde dom inando-a excessivamente.

PALAVRA DE DEUS AO HOMEM (Gn 3.17-19)


A palavra ao hom em contém tam bém bênção e mal dição . N a
m edida e m que Deus int roduz seu comp rom eti m ento de al iança
para redim ir um povo para si m esmo, ele pronuncia sim ulta
nea m en te as maldi ções d a alianç a da criação.
A bênção s e acha no fa to de que o hom em comerá pão (Gn
3.17). O susten to essenci al à m an ute nç ão da vid a será pr ovi do.
O caráter gracioso dessas palavras simples não deve ser
desprezado. Já a maldição da morte pairava sobre o homem
pecador. Ele trouxera toda a criação sob a maldição, e por isto
merecia morrer.
sustentar-lhe a vida.Todavia,
Provisão Deus
adequadagraciosamente
de alimento opromete
manterá,
de sorte que os propósitos de Deus de redimir um povo para si
mesm o po de m ser realizado s.
Essa provisão graciosa de Deus caracteriza a totalidade da
história do homem, desde o primeiro dia do seu anúncio até o
presente. A referência de Jesus a Deus que faz com que a sua
chuv a cai a sobre jus tos e injustos testi fica a favor da consistência
da graça comum de Deus (Mt 5.45).
Mas a mald ição está e nvo lvida. “No su or do rosto com erás o
teu pão... ” (Gn 3.19) . O esf orço de auto-sust ento do hom em será
desfigurado pelo excessivo trabalho.
96 Cristo dos Pactos

A maldição do homem não reside na exigência de que ele


trabalhe. O trabalho também coroou o pacto da criação entre
Deus e o homem. Pelo contrário, a maldição do homem reside
na excessiva exigência de trabalho para que a terra produzisse.
A maldição máxima do homem consigna-o à sepultura:
“po rq ue és pó e ao pó voltarás” (Gn 3.19). A am eaç a d a aliança
da criação encontra cumprimento sombrio na dissolução da
pessoa do hom em . Adão foi criado para govern ar a terra. Agora
o p ó da te rra o gov ernará.
Em conclusão, podem-se notar alguns aspectos desse pacto
srcinal entre Deus e o homem em pecado. Estes pontos
enf atizam particul armente a relação orgân ica dessa al iança com
tod a a histó ria q ue se segue.
Primeiro de tudo, pode-se n ota r a ope ração co ntínu a das est i
pulações desta aliança no reino da graça com um de Deus. Se esses
versículos, como tem sugerido a mente incrédula do homem,
foram escritos como uma história para explicar por que as
serpentes rastejam, eles devem, na verdade, ter sido compostos
po r u m gênio. Porque com todo o refinam ento da vida m oderna,
os princípios afirmados nesses breves versículos continuam a
caracterizar a e xistência total do ho m em . Ain da hoje , a lu ta bási ca
da humanidade
executar envolve
trabalho, a questão
gerar filhos de prover
e tratar com a pão, aliviar dores,
inevitabilidade da
morte.
Em seg und o lugar, as pa lavras de Deus a Adão pr en un cia m a
história subseqüente da redenção. Em relação orgânica com
todas a s minis trações subseq üentes da aliança d a r ed en çã o, esses
versículos antecipam tanto o método pelo qual a redenção deve
ser cump rida, com o o mistér io d a aplicaçã o d a rede nç ão .
NoEsse
tativo. devido
homemtempo,
úniconasceu
entrou da
em m ulher mortal
conflito um hom comem represen
Satanás.
Conquanto ferido ele mesmo, destruiu, não obstante, o poder de
Satanás. Po r mei o dessa luta, c on su mou a red enç ão .
Alguns homens respondem em fé à provisão graciosa de
salvação de Deus e acham libertação da corrupção do pecado.
Ou tros con tinuam na obsti nação de seus coraç ões como
inimigos de Deus.
Por que alguns recebem o evangelho de Cristo, enquanto
outros rejeitam o oferecimento salvador? A resposta final a esta
questão encon tra-se na distinção en tre os ho m en s, feita po r esses
versículos. Deus coloca, soberanamente, inimizade contra
Adão: A Aliança do Começo 97

Satanás no coração de alguns. Esses indivíduos representam a


semente da mulher. Outros continuam em sua condição de
decaídos. Esses representam a semente de Satanás. O progresso
na história do programa de Deus para redimir um povo para si
mesmo pode ser traçado ao longo da linha de inimizade entre
essas duas sementes.
Finalmente, essa aliança com Adão antecipa a consumação
dos propósitos de Deus na redenção. A exigência a Adão no
sentido de traba lhar ecoa o m an da do cultural ori ginal da ali ança
da criaç ão com o seu enc argo de trazer toda a terra à su a sujeiç ão
para a glória de Deus.
O alvo último da redenção não será alcançado puramente
por um a volta aos princípio s prístinos do jardim . U m a nova
image m do paraí so surg e n a Escr itura - a imagem de u m a cidade
- um cen tro plen o de at ividad e e animação para os red imid os.
Esta consumação gloriosa focaliza a redenção do homem no
contexto das suas potencialidades totais. Na inteireza de uma
criatura feita à imagem de Deus, o homem será trazido à
red en çã o pe la visualização d a ple nitu de das p ossi bil idades ao seu
alcance.
Até esta altura, não vemos todas as coisas sujeitas ao homem.
A criação
pleno em sua totalidade não tem liberado aos redimidos seu
potencial.
Toda via, a esperan ça do fu turo pe rm an ece sela da em cer teza.
Porque ago ra vemos Jesus coroa do de glór ia e honra. Sen tado à
mão direita de Deus, Ele tem todas as coisas sujeitas a si mesmo
(Hb 2.8, 9). Da sua exaltada posição de poder, Ele finalmente
Irará todas as coisas ao servi ço dos h om en s qu e têm sido p o r Ele
redimidos para a glória de Deus.
7
N o é: A Al ianç a
da Preservação
Na ALIANÇA de Deus com Adão, aparec e a prim eira referênc ia às
duas l inh asà de
pertence semdesenvol
ente deviment o ena tre
Satanás, a humpertence
outra anida de.à U m aente
sem li nhada
m ulh er . Gênesis 4—11 esb oça o desen volv im ento p rimitivo destas
duas linhas divergentes.1
A aliança com Noé aparece no contexto do desabrochar
dest as duas l inhas, e manifesta a at itude de D eus pa ra com ambas .
Destruição total e absoluta se acumulará sobre a semente de
Satanás, enquanto livre e imerecida graça será prodigalizada
sobre a semente da mulher.
Q ua tro pas sagens apresentam , primariam ente, a natureza da
aliança estabelecida com Noé: Gênesis 6.17-22; 8.20-22; 9.1-7 e
9.8-17.2 Pod em -se n ota r, à base de stas passagens, as segu intes
caract erí sti cas da aliança com Noé.

1. Gerhard von Rad, Teologia do Velho Testamento (Old Testament TJwoIogy, New York,
1962), 1: 154 refere-se a Gn 3-11 como “a grande hamartologia doJawista”. Ainda que von
Rad tenha visto corretamente a ênfase do desenvolvimento da linha de Satã, deixou de
no tar a m anu tenção paralel a da l inha de “ a m ulher”.
2. Os comprometimentos de Deus a Noé, pré-diluviano e pós-diluviano, ajustam-se ao
freqü ente m odelo da m ini stra ção da aliança na Escri tur a. Não é necessár io postular dua s
alianças com Noé, uma antes e outra depois do dilúvio. Entendimentos preliminares

99
100 CristodosPactos

1. A alianç a co m No é enfatiza a estreita inter-relação da


alianças criativa e redentiva. Muito do pacto de Deus com Noé
implica uma renovação das estipulações da criação e até reflete
claramente a linguagem da aliança srcinal. A referência às “...
aves... gado... e aos répteis que rastejam” de Gênesis 6.20 e 8.17
compara-se com a descrição semelhante em Gênesis 1.24, 25, 30.
A ordem de Deus a Noé e à sua família no sentido de “frutificar-
se, m ulti plicar e en ch er a terra ” (Gn 9 .1, 7) , reflete m and am en to
idêntico dado na criação (Gn 1.28).
Ainda mais, o mandado cultural de “subjugar” a terra (Gn
1.28) en co ntr a estreit o paralelo na aliança com Noé. O ju lg a
mento de Deus contra o pecado trouxe desarmonia no papel do
governo do hom em sobre a criação. C om o cons eqüência , o m edo
edaocri
terror
açãodo(Gn
homem
9 .2).deviam cair sobre
O governo do ho todo
m emanimal, ave e do
será exerci peixe
em um
contexto anormal de “terror” e “medo”. Todavia, ele continua a
m an te r sua posição criada como “sub jugad or”.
A repetição explíci ta desses m and ado s recebidos na criação no
contexto da alian ça da rede nçã o exp and e a visão dos hori zont es da
redençã o. O ho m em redim ido n ão deve int eriorizar s ua salvação de
modo a pensar estreitamente em termos de um livramento de
“salvação da alma”. Ao contrário, a redenção envolve seu estilo de
vida total como criatura social e cultural. Ao invés de retrair-se
estreitamente a uma forma restrita de existência “espiritual”, o
homem redimido deve avançar com uma perspectiva total de
m und o e vida.
Ao m esm o tem po , essas implicações mais ampl as da alianç a de
Deus com Noé devem ser vistas em um contexto distintivamente
redentivo, em vez de em um contexto mais generalizado.3Deus
nã o se relaciona com a cri ação at ravés de N oé em sep arado de seu
program a de redenção em andam ento . Mesmo as estipulações
co nc erne ntes às ord en an ça s das estaçõe s devem ser entendidas na
estrutura dos propósit os de Deus com respei to à redenção.
precedem os procedim ento s de in augura ção form al. O com prom etim ento de Deus d e '
“preservar” Noé e sua família antes do dilúvio relaciona-se integralmente com o princípio
de “pres eivação” qu e form a o coração do co m pro m etim en to de ali ança de Deus de pois do
dilúvio . Cf. D. J. Mc.Carthy, “ Be rith e A liança n a História D euteron om ística, Su plem entos
ao Velho Tes tam ento” ( Supplements to Vetus Testament um, 1972), p. 8 1. M cCar thy nota vár ios
exem plos na Escritur a nos quais um pacto d e aliança sel a um relacionam ento já exi stent e.
3. Cf. em particu lar com a discus são de L. D equ eke r, “N oé e Israel: A Etern a Alianç a
Div ina com a H um anid ade ” ( Noah a nd Israel. TheEverlastmgDivm e Covenant with Ilumanity ),
em Questões Disputadas do Velho Testamento. Métodos e Teologia (Qiiestions Dispiitées
(ÍAncien Testament, Mêthodeet Théohgie, Gembloux, 1974), p. 119.
Noé: A Aliança da Preservaçao 101

Um dos mais primitivos escritos dos profetas de Israel


enfatiza, de maneira vigorosa, a unidade dessas dimensões mais
amplas da aliança com Noé com os propósitos redentivos de
Deus. Oséias expressa-se na linguagem da aliança de Deus com
Noé em questõ es relativas aos propósitos da divina redenção em
andamento para Israel.4 Deus “fará uma aliança” com o universo
criado, in clu ind o os anim ais do c am po, as aves do c éu e o s répteis
que rastejam na terra (Os 2.18; cf. com Gn 6.20; 8.17; 9.9, 10).
Em antecipação da atividade redentiva futura a Israel, Oséias
emprega as categorias distintivas do universo achadas na aliança
de Deus com Noé.5
Assim, Oséias antecipa a continuada significação dos
comprometimentos da aliança mais ampla de Deus diretamente
no con texto dos propósit os de D eus de red im ir um pov o pa ra si.
O sustento de todas as criaturas de Deus pela graça da aliança
com Noé relaciona-se imediatamente com o fato de Deus
restabelecer Is rael nu m a relação frutí fera com Ele mesmo.
A al iança com N oé u n e os propósitos de D eus n a cri ação com
seus propó sitos na red enç ão. Noé, sua semente, e toda a cr iaç ão
se beneficiam desse relacionamento gracioso.
2. U m a se gu nd a caracter ísti ca distintiva da ali ança com No
relaciona-se
Ante com a aparticularidade
s do dilúvio, i m pieda de dodah graça
om emredentiva
provocoudeaDeus.
dec isão de
Deus de destruí-lo d a face d a t er ra (Gn 6.5-7) .r>Em co ntras te c om
esta determinação solene, Deus expressou uma atitude graciosa
4. Cf. espec ificam en te Os éias 2.18-23 (H b 2.20-2 5).
5. Essencialmente, estas mesmas categorias descrevendo o universo acliani.se na
ordenação srcinal do mundo por Deus (cf. Gn 1.20, 24-26, 28, 30). Assim, a aliança de
Deus com Noé enfatiza que a presente continuação da ordem da criação descansa na
palav ra de aliança falada a Noé.
6. O autor faz observações sobre a tradução de Gênesis 6.6 na Versão Autorizada
("Authorized Version’’, dispensáveis à tradução para o português). A tradução de Gênesis
(3.6 na Versão Autorizada (Aulhorized Version do inglês, assim como versões em
portu guês) freq üe n te m en te causa indevid a preocupação. Assim se trad uz: “E o S en h o r se
arrependeu de ter feito o homem.” O problema desta tradução resulta da corrente
limitação no uso do termo arrepender-se. Hoje, o termo é usado somente para descrever
a m ud anç a de pensar com res pei to a a lgo err ado.
Por certo qu e Deus nad a fe z de m oralmen te errado ao cri ar o hom em de qu e pr ecisasse
“arrepender-se”, e o verbo hebraico empregado ( DjJJ ) não envolve tal conotação. Mas
Deus não respondeu apropriadamente ao desenvolvimento histórico da depravação
humana. “Moveu-se de tristeza” porque fizera o homem sobre a terra à luz das
circunstâncias que surgiram. Esta asserção de maneira alguma implica que Deus havia
cometido um erro ao criar o homem, ou que foi apanhado de surpresa ante o
ap arecim ento do pecado. A penas deixa evidente que Deus resp ond e signi ficat ivament e às
circunstâncias que surgem na história humana.
102 Cristo dos Pactos

para com Noé: “Mas Noé achou graça aos olhos do Senhor” (Gn
6.8). Do m eio de toda a mass a da hum an ida de depr avada, Deus
dirigi u sua g raça a íim homem e sua família.
Pode ser que a graça de Deus impediu Noé de afundar-se no
nível de depravação en co ntra do en tre seu s contempo râneos. M as
nada indica que a posição favorecida de Noé surgiu de qualquer
outra coisa que não a graça do Senhor para com ele. O termo
“graça”, que descreve a atitude de Deus para com Noé,
ocasionalmente se refere a alguma outra coisa que não uma
resposta de misericórdia a uma situação de pecado (cf. Gn 39.4;
50.4; Nm 32.5; Pv 5.19; 31. 30). P oré m qu an do descrev e a res posta
de Deus ao homem decaído, “graça” descreve uma atitude
misericordiosa para com um pecador que não merece. Nos dias
de Noé,
hom em toda
("Q1?formação
rOÜIlQ inicial
"K r* ??dos pensamentos
!, Gn 6.5) e ra só do
m ácoração do ente.
con tinuam
Mas Noé achou graça aos olhos do Senhor.7
E m bo ra G ênes is 6. 9 afi rme que Noé era “ ho m em justo” ,
considerações estruturais características do livro de Gênesis
proíbem a conclu são de que Noé recebeu “graça” p o r causa de
uma justiça previamente existente. A frase “estas são as gerações
de...” que inicia Gênesis 6.9 ocorre 10 vezes em Gênesis. Cada

vez,
Esta afrase
frasesepara
indicadecisivamente
o começo deaoutra seçãodeprincipal
afirmação que “Noédoachou
livro.8
graça” (Gn 6.8) da afirmação de que Noé era um “justo” (Gn
6.9). A graça de Deus p ara co m No é n ão foi con ced ida p o r causa
da justiça do ho m em , mas p o r caus a da part icul ari dade do
program a de redenção de Deus.
O princípio de particularidade tal como é visto no favor de
Deus para com Noé representa uma antiga manifestação de um
tema que continua através da aliança da redenção. Como
aparece sublinhada pelo apóstolo Paulo, toda a experiência de
7. W. Zimmerli, cm “Xapiçfetc.]” no Dicionário Teológico do Novo Tcslamenlo
(Theologiail Dicfioraiy of the, New Testament, ed. Gerhard Friedrich, Granel Rapids, 1974),
9:380, diz desse lexio: “Indubitavelmente há implicado aqui o mistério da livre decisão
divina pela qual Noé veio a ter essa atratividade diante de Deus.” Ele define ][! como uma
“aproximação afetuosa de uma pessoa a outra como expressa num ato de assistência” (p.
337), notando que é “sempre a livre graça de Deus” (p. 378) e muitas vezes é unido com
nni
8. Gênesis 2.4; 6.9; 10.1; 11.10; 11.27; 25.12; 25.19; 36.1; 36.9; 37.2. Para uma discussão
da significação da frase, ver William Henry Green, A Unidade do Livro de Gênesis (The
Unity oj the Book ofGenesis, New York, 1895), pp. 9ss.; Martin II. Woudslra, “O Toledot do
Livro de Gênesis e Sua Significação Histórico-Redentiva’’, Periódico Teológico Calvino, 5,
1970:184-191.
Noé: A Aliança da Preservação 103

salva çã o de g raça m ed iante a fé vem c om o do m de Deus aos que


estão mortos em delitos e pecados (cf. Ef 2.1, 2, 8-10).
3. Um terceiro princípio inerente ao estabelecimento da
aliança com Noé relaciona-se com a intenção de Deus de tratar
com as toda
destruirá famílias emMas
a terra. seusdisse
relacionamentos
a Noé: de aliança. Deus
“Contigo, porém, estabelecerei a minha aliança; entrarás na
arca tu, e teus filhos, e a tua mulher, e as mulheres de teus
filhos.” (Gn 6.18)
A r epetição d est e tem a no trat am ento de Deus com a fa míl ia
de N oé atra vés da narrativa i nd ica a signif ic ação do co nce ito p ar a
a aliança com N oé .9 De ve-se n o ta r um text o em parti cular:
“Disse o Senhor (Yahweh) a Noé: entra na arca, tu e toda a
tua ca sa; p orq ue reco nh eço que tens s ido jus to diante de
mim no meio desta geração.” (Gn 7.1)
A jus tiça do cabe ça singular d a famíli a se rve de bas e p ara a
entrada de todos os seus descendentes na arca. Porque Noé era
justo , to d a fam ília e x p e rim e n to u o livram ento do dilúvio.
4. Em qu arto luga r, a ali ança com No é p od e ser car acter izada
p rim aria m en te com o a aliança da preservação. Esta dim ensão da
ali ança com N oé tor na-s e evidente na resposta de Deus à oferta de
gra tidão de N oé, d epois d e baixadas a s águas do dilúvio:
“Levantou Noé um altar ao Senhor e, tomando de animais
limpos e de aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar.
E o Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo:
não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem,
porque é m au o desígnio ímpio do hom em desde a sua
mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz.
Enquanto
ceifa, frio durar a terra,
e calor, verãonão deixará dia
e inverno, de haver sementeira
e noite.” e
(Gn 8.20-22)
Por este decreto, Deus obriga-se a preservar a terra na sua
p re sen te o rd e m universal até o tem p o da consum ação.
Em alguns aspectos, a razão dada para a afirmação de Deus
de não mais amaldiçoar a terra parece ser um non sequitur.
“P orq ue é m au o des ígni o ímp io do hom em desde a m ocidad e” ,
D eus n ão mais am aldiçoará a ter ra. Pod er-se- ia espe rar qu e D eus
determinaria amaldiçoar
persistente depravaçãoa do
terrahom
repetidamente
em . por causa da

9. Cf. Gênesis 7.1, 7, 13, 23; 8.16, 18; 9.9, 12.


104 Cristo dos Pactos

Entretanto, De us entende que o pr oblem a do peca do nun ca


ser ia resol vido p o r m eio de julg am en to e mal dição . Para q ue
devesse aparecer alívio apropriado da corrupção do pecado, a
terra deveria ser preservada, durante algum tempo, de
julgam en to tal com o o dilúvio.
Deus exe rceu sua prerrogativa de justo julga m en to nos di as
de N oé nã o p or qu e Ele ign orasse a incapacidade d o jul gam ento
p ara curar o pecado. O Senhor conhecia precisam ente o estado
do coração do homem antes do dilúvio, e certamente entendia
as limit ações do p od er do julgam en to para m ud ar o cor açã o do
homem (cf. Gn 6.5-7).
Entretanto, para prover uma apropriada demonstração
histórica do destino último de um mundo sob o pecado, Deus
consumiu
se a terra
mais tarde com odo
o modelo dilúvio. Este evento
julgamento final dacataclísmico torna-
terra por Deus e
a ba se pa ra a ref utação dos argum entos dos es carnecedor es que
zom bariam da certeza de um últ imo dia de acerto de conta (cf.
2 Pd 3.4-6).
O m od o divi no de tratar com o ho m em depoi s do di lúvio deve
ser visto com esta perspectiva global na mente. O homem é total
m en te depravado, inclinado à autodest ruição, e digno de julga
mento. Mas Deus em graça e misericórdia determina preservar a
vida do h om em e prom ove a multipli cação dos seus descendente s.
O comprometimento de Deus de preservar o homem depois
do dil úvi o torna-se tam bém evide nte nas provi sões de Gêne sis 9.3-6:
“Tudo o que se move, e vive, ser-vos-á para mantimento;
como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora. Carne,
porém , com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.
Certamente requererei o vosso sangue, o sangue da vossa
vida; de todo animal o requererei, como também da mão do
homem, sim, da mão do próximo de cada um requererei a
vida do homem. Se alguém derramar o .sangue do homem,
pelo hom em se derram ará o seu; porque Deus fez o homem
segundo a sua imagem.” (Gn 9.3-6)
T oda vida cria da c sagrada. Todavia, o valor mais alto d eve-se
vincul ar à vida do hom em . Para m an ter a vida, o ho m em pode
comer de todos os animais da criação de Deus (v. 3). Todavia,
deve-se mostrar reverência pelo princípio de vida da criatura,
sim boliz ado pe lo seu san gu e (v. 4). 10
10. A sub seq üen te elabo ração bí blica deste tópico indica que, po rqu e o sangue foi um
símbolo da “vida”, ele pertence a Deus. Este princípio acha representação vivida no
requisito de que o sangue (que corre) de animais não deve ser comido, mas deve ser
ap re se nta do sob re o a ltar de Deu s (Lv 17. ] 0-14).
Noé: A Aliança da Preservação 105

Mais particularmente, o homem ou o animal que cometer


ho m icídio suje ita-se a sanções especiai s (w. 5s .). Deus r eq u er que
a vida do ho m icida s eja ti rada pela mão do hom em .
A preservação da humanidade não é explicitamente
estabelecida como a razão dessa exigência. A razão vai mais
fundo. E porque a imagem do próprio Deus está estampada no
ho m em que o assassino d eve m orre r.11
Tod avi a, a pre ser vação da r aça des em penh a um papel m aior
nessa legislação. O versículo que se segue imediatamente reitera
o mandamento anterior a Noé e sua família no sentido de “ser
frutífero, e multiplicar-se, e encher a terra” (v.7; cf. Gn 9.1). Para
que este mandato divino de multiplicação seja efetuado, a
hu m an ida de dev e ser preservada das forças as sassinas do ho m em
emdos
un doanimais, que estão
depravado. T irarpresentes
a vida de
do maneira tãoacentu
assassino óbvia em um
a a santidade
da r ida hum ana e preserva a raça p ara a sua futu ra m ulti pli cação.
Antes , Deus havia reserva do p ara s i som ente o direito de tratar
com o homicida. No caso de Caim, Deus profere julgamento
contra quem ousasse tocá-lo (Gn 4.15). Mas agora, deliberada
mente, Deus coloca a responsabilidade da execução do malfeitor
sobre o pró prio ho m em . Se o caráter deg enerado do h om em deve
ser refreado da autodestruição total, devem-se adotar freios
adequados ao avanço da iniqüidade. Na sabedoria de Deus, a
execução do homicida provê um freio superior para conter os
excessos d a iniqü idade.
Ainda que as palavras ditas a Noé não apresentem uma
teologi a elab orad am en te des env olvida do pap el do estad o, certa
m en te o conce ito de sem ente acha-se pr es en te.12 C om efe ito,
Deus i nst itui o po de r tem poral do est ado como se u instrum ento
na insistente necessidade de controlar o mal. Esse poder da
espada, agora posto pela primeira vez nas mãos dos homens,
11. Para uma discussão das duas maneiras primárias pelas quais essas frases podem ser
interpretadas, ve r John Mm ray , Princí pios de Co nd uta (Prindples ofComlud, G rand Rapi ds,
1957), pp. 11 lss. Meredilh Kline, “Genesis”, Novo Comentário Revisado da Bíblia (Neto
Bibk Commentary Reviwcl, Grand Rapids, 1970), O. 90, funde ambos os entendimentos
possíveis d a frase: “Isto (i.e., o fato de o hom em te r sido feito à im agem de Deus) podia
explicar tanto a enormidade do assassínio quanto a dignidade do homem que justificou
atribuir-lhe tão grave respo nsab ilidade judicial .”
12. João Calvino, em Comentários sobre o Primeiro Livro de Moisés Chamado Gênesis
(Commentary on the First Book ofM oses Called Genesis, G ran d Rapi ds, 1948), J: 295, ju lg a qu e
o ve rsí culo antecipa o desenvolvimento posterior do p od er do estad o, mas tamb ém que o
escopo da declaração inclui mais ainda. Por uma variedade de ordenamentos providen
ciais, Deus vel ará para qu e aqu ele que de rram a sangu e não íique impu ne.
106 Cristo dos Pactos

intimida o malfeitor potencial e restringe a atividade consciente


da iniq üid ad e.13
Os com entadores tend em geralmente a modif icar a referên
cia à p en a capit al na alianç a com Noé. O u el es negam a presença
de tal referência, ou se opõem à aplicação do princípio às estru
turas sociais co rrente s.
Uma série de perguntas relativas ao assunto pode ajudar a
esclar ecer o problem a:
Primeira pergunta: A ali ança de Deus com N oé sanciona o tirar
a vid a do hom icida em qu alqu er cir cun stânc ia?
Esta pergunta pode ser feita sem entrar imediatamente nos
proble m as particulares envolvidos na determ inação da relevância
corrente desta estipulação para o crente da nova aliança. A
aliança com Noé oferece em si mesma sanção divina à pena
capital?
Gênes is 9 .5,6 po de ser interp retad o como afi rmando simple s
mente um fato que ocorrerá. Se alguém derrama sangue, seu
sangue será derramado. Do outro lado, o versículo pode ser
en ten did o com o oferec end o sanção di vina para se t irar a vida do
assassino.
A primeira consideração no sentido de decidir-se entre estes
pontos
da frase de
quevista
podeopcionais relaciona-se
ser literalmente traduzidacom a significação
assim: “da mão (doprecisa
ho m em ou animal) eu a requ er er ei. ” A frase po de significar: “Pela
instrumentalidade (do homem) eu exigirei conta.” Neste caso, o
homem seria o instrumento pelo qual Deus levará o assassino à
prestação de conta. Assim ficaria estabelecido o princípio da p ena
capital.
Entretanto, esta interpretação desta frase particular esbarra
em dificuldade imediata. Porque o versículo diz que “pela mão
de animais”, tanto quanto “pela mão do homem”, Deus
requereria a vida. Seria muito difícil imaginar um animal
selvagem servindo de instrumento do julgamento de Deus no
m esmo sentido em que o hom em funcionar ia ne sta função.
13. ”Se Deus, po r causa cia inala peca m inosid ade do hom em , nã o mais trouxe sse um
ju lg am ento exlerm inador sobre a criação te rre na, seria neces sá rio que por m andados e
autoridades Ele erguesse uma barreira contra a supremacia do mal, e assim lançasse o
fundamento para o desenvolvimento civil bem ordenado da humanidade, de acordo com
a s pala vras de b ênç ão qu e são rep etidas n o versíc ulo 7 , mo strando a intenção e o o bjetivo
desse novo período histórico.” C. F. Keil e F. Delitzsch, Comentário Bíblico do Velho
Testamento: O Pentateuco (Biblical Conunmtcny on the Okl Testament.: The Pcn.tateu.ch,Grand
Rapids, 1949-50, 1: 153.)
Noé: A Aliança da Preservaçao 107

A interpretação mais provável desta frase “pela mão de


(homem ou animal) eu exigirei conta” é: “Do (homem ou
anim al) eu exigirei co nta .” Isto é, Deus exigiria jus tiça qu er do
hom em , qu er do ani mal que mat a.
Est a interpre tação da f rase “da mão de (hom em ou ani mal)
eu r eq ue rere i” é apoiada em ou tro lugar na Es critura . O profeta
Ezequiel afirma que Deus “requererá” da mão do atalaia o
sangue de quem não foi avisado, usando fraseologia idêntica à
encontrada em Gênesis 9.5, 6 (Ez 33.6; 34.10).
Gênesis 9.5 em si mesmo não pareceria decidir a questão
sobre se Deus tenciona ou não que o homem seja seu
instrumento na execução da justiça contra o assassino. Na
verdade, Deus requererá a vida do assassino. Mas, irá requerê-la
especificamente da mão de outro homem?
Gênes is 9. 6 respo nd e a est a pe rgu nta afi rmati vamente. Tanto
o paralelismo na estrutura do versículo quanto a indicação do
instr um ento p ara execut ar ajustiça apon tam nest a di reçã o.
O paralelismo de fraseologia tal como se encontra no texto
srcinal da Escritura pode ser representado como segue, em
traduç ão para o po rtuguês:
a Aquele que derrama
b o saneue de
o

c homem,
c pel o hom em
b seu sangue
a será derramado (Gn9.6).
A estrutura do versículo sugere em si mesma a lex talionis, a
lei de olho p or olho e den te p o r dente. O ho m em que derram a
sangue de homem terá seu sangue derramado pelo homem.
Mais espe cif ica mente, o hom em é indicado como o agente pel o
qual o sangue do assassino será derramado. Quando este pensa
mento é combinado com a afirmação, no versículo 5, de que
Deus “exigirá conta” do assassino, torna-se claro que a intenção
da passagem é designar o homem como agente de Deus na
execu ção da justiça co ntra o assassino.
Esta conclusão é apoiada por subseqüente legislação escritu-
rística. Êxodo 21.28 indica que o animal que tirar a vida de um
ho m em deve te r sua vida tirada pelo h om em . E m acrésci mo, Isr ael
é explicitamente incumbido da responsabilidade de executar a
pena capital contra o assassino (Ex 21.12; Nm 35.16-21).
Davi:
A Ali ança do R eino
N a a l i an ça davídica os propósitos de Deus de redimir um povo
para si mesmo atingem seu estágio culm inante de realização, no
que diz respeito ao Velho Testamento. Sob Davi, o reino chega.
Deus estabel ece form alm ente a m aneira pela qual governar á seu
povo.
Antes dessa ocasião, Deus certamente se manifestará como o
Senhor da aliança. Mas, agora, ele situa abertamente seu trono
em luga r es pecífico. Em vez de go vernar d e u m santuário móve l,
Deus rein a do M onte Si ão, em Jerusalém . N um senti do
superlativo, pode-se dizer que, sob Davi, veio o reino.
Não apenas veio o reino, veio o rei. A arca é triunfalm ente
trazi da p ara Jerusalém. Deus m esm o associa sua r eale za com o
trono de Davi. Rejeitando a tribo de Efraim, Deus se alegra em
de signa r a t ribo de Ju d á e a cas a de Da vi com o seus instrum entos
escolhidos para ato de soberania (cf. SI 78.60-72).
A aliança de Deus com Davi centraliza-se na vinda do reino.
A ali ança s erve com o u m pacto form alizador pelo qual o reino de
Deu s vem ao p ovo .
Ao considerarmos a aliança de Davi, é apropriado começar
com capítulo
Este alguns comentários introdutórios
específico estabelece baseados em da
o compromisso 2 Samuel
aliança 7.
de
Deus com Davi.
207
208 Cristo dos Pactos

COMENTÁRIOS INTRODUTÓRIOS
BASEADOS EM 2 SAMUEL 7

A Ocasiao Histórica
A ocasião do estabelecimento formal da aliança davídica tem
gra nd e importância. Deus já hav ia un gid o Davi como rei de
Israel. Mas a inauguração formal da aliança do reino teria de
esp erar al guns out ros acon tecimentos.1
Prime iro, Da vi tom ou Jerusa lém dosjeb use us, e esta bel eceu
o lugar permanente do seu trono (2 Sm 5). Reinou durante
cerca de sete anos em Hebrom, cidade estrategicamente

local izada
Mas agora no
ele mseeiomovimenta
do território
paradecapturar
Ju d á, auma
pr ópcidade
ria tri bo de Davi.
que
ain da n ão tinh a sido tom ad a po r Israel , em posi ção ma is central
com respeit o à nação como um todo.
Em seg un do luga r, Davi trouxe a arca de Deus para [emsalém
(2 Sm 6). Assim fazendo, manifestou publicamente o desejo de
ver seu próprio governo em Israel imediatamente relacionado
com o trono de Deus. Desta maneira, o conceito de teocracia
enco ntrava express ão plena.
Em terceiro lugar, Deus deu a Davi descanso de todos os seus
inimigos (2 Sm 7.1). Em outras palavras, ele firmou o trono em
Israe l a u m grau jam ais ex pe rim en tado ant es. Em v ez de estar
p erm an entem en te am eaçado p o r exércitos saqueadores, Israel
sentiu-se seguro como entidade nacional. Na verdade, os
inimigos de Israel não tinham sido todos aniquilados, mas Deus
lhe tinha “dado descanso” dos seus opressores.2
Agora , o c ontexto está prep ara do pa ra a inauguração f ormal
da aliança davídica. A interconexão entre o trono de Davi e o
trono de Deus, entre o filho de Davi e o filho de Deus, encontra
estrutura apropriada neste contexto histórico. A situação de
descanso da opressão dos inimigos antecipa apropriadamente o
rein o esca tológico da paz .
1. Co m o foi an teriorm ente no lado, o term o berith não é usad o em 2 Samu el 7. Tod avia,
não pode haver dúvida de que uma aliança realmente foi estabelecida nesta conexão
particula r na his tó ri a de Israel. A Escritu ra p osteri orm ente laia da “alian ça” feita por Deus
com Davi (cf. 2 Sm 23.5; SI 89.3; 132.11, 12).
2. Cf. D. J. M cCarthy, “ 2 Sa m uel 7 e a E stru tura da H istória D eu tero nô m ica”, Journal o f
Biblical Literalure, 84 (1965): 131, que considera esta frase como “um termo praticamente
técnico nos escr itos de utero nô m icos p ara a bên ção fina l de Yah weh sobre Isra el”.
Davi: A Aliança do Reino 209

A Essência do Conceito de Aliança


2 Samuel 7 dá im po rtância espec ial à e ssê nci a do conc eito da
aliança. A passagem descreve a maneira singular pela qual Deus
continuou a identificar-se com seu povo: “Porque em casa
n enEgito
do h u m aatéhabit ei, de
o dia desde
hoje;o mas
dia em qu eandado
tenho fiz subir
emo stenda,
filhosem
de Israel
tabernáculo” (2 Sm 7.6). Durante todos os dias da peregrinação
de Israel, Deus pe reg rino u com ele. Sua glór ia se al ojou em u m a
tenda, assim como Israel habitava em tendas.
A descrição paralela em Crônicas é ainda mais específica:
“Po rque em casa n en h u m a habi tei , desde o dia em qu e fiz subir o
povo de Israel até o dia de hoje; mas ten ho andado de tenda em
tenda, de tabernáculo em tabernáculo” (1 Cr 17.5). Enquanto o
povo da aliança vivia vida errante, viajando de um a habitação
temporária para outra, o Deus da aliança manifestava a sua
prontidão em identificar-se com ele, viajando tam bém com ele.
Mai s pa rticularm ente , a ess ênci a da ali ança s e man ifest ou n a
relação de Deus com Davi. Embora errado em sua conclusão
inicial, o pro feta Natã c ertam ente mos tra-se co rreto com respeit o
à sua premissa básica quando declara: “Vai, faze tudo o que está
no teu coração; porque o Senhor é contigo” (2 Sm 7.3). O
Senhor
disse: “Emesmo reforçou
u fui contigo p oar on
correção
de qu erdesta
q ue perpectiva
an da ste” ( quando
2 Sm 7. 9). No
coração da aliança daví dica es tá o princípio Em anuel.
Interconexão Entre D inastia e L ugar de Habitação
U m dos mai s admirá veis aspect os de 2 Sam uel 7 é, no sentido
estrutural, a inver são das f rases com o fo rm a d e expressar ênf ase.
Esta maneira específica de expressão estabelece relacionamento
muito íntimo entre o conceito de “dinastia” e o de “lugar de
habitação”.
Primeiro, Deus responde com ênfase à proposta de Davi:
“Edificar-me-ás tu [HFlN] casa [ITS] para a minha habitação?” (v.
5). Determinarás tu, um ser mortal, o lugar de habitação para o
Todo-Poderoso?
Então Deus inverte o modelo do pensamento: “... também o
S en hor te f az sa be r qu e ele m esm o3 te edificará cas a [!V3].” ( v.
11). Obviamente, a casa que o Senhor construirá para Davi não
será um paláci o rea l, d esde que Davi já habi tava em um a cas a de
3. O no m e di vin o é rep etido pela .segun da vez, ap aren tem en te para efei to de ênf ase , e
assim correspondendo à ênfase com “te” (i. e., Davi), no v. 5.
210 Cristo dos Pactos

cedro (v. 2). Davi entende que a referência de Deus à “casa” era
relativa à sua posteridade: "... também falaste a respeito da casa
do teu servo para tempos distantes.” (v. 19).
Davi não construirá a “casa” de Deus, mas Deus construirá a
“casa” de Davi. A inversão de frases intercambia “lugar de
habitação” com “dinastia”. Em ambos os casos, a perpetuidade é
o p on to de ênf ase. D avi desej a estabelecer pa ra Deu s um lugar de
habitação permanente em Israel. Deus declara que estabelecerá
a dinast ia pe rp ét u a d e Davi.
Em suas palavras graciosas a Davi, Deus indica que estas duas
“permanências” estarão interligadas. Ele estabelecerá a dinastia de
Davi, e a dinastia de Davi est abelecerá seu lugar d e habitação p erm a
nen te. Mas a ordem de graça d eve ser mantida. Pri meir o, o Se nho r
soberanamente estabelece a dinastia de Davi, e então a dinastia de
Davi estabelecerá o lugar de habitação do Senhor (v. 13).
O efe ito claro deste íntimo intercâm bio n a ba se da figura de
“casa” é ligar o governo de Davi ao governo de Deus. E vice-versa.
Deus m anterá seu lugar de habit ação perm anen te como rei em
Israel através do reinado da linhagem de Davi.
Filho de D avi / Filho de Deus
Est e capítulo tam bém dest aca a íntim a conexão e ntre o filho
de Davi e o filho de Deus. Davi e sua descendência estão sendo
estabelecidos em sua qualificação real por essa aliança. Deus
afir ma q ue os des cend entes de Da vi se assen tar ão pa ra sem pre no
tron o de Israel.
Ao mesmo tempo, o rei davídico de Israel manterá relação
especial com Deus. Deus será seu pai, e ele será Filho de Deus

A posição do rei como filho de Deus encontra, posterior


m en te, claro desenvolvimen to n a Escr itu ra. D avi mesm o declara,
de m an eira poética, o decreto de Deus com respeito à posi ção de
honra atribuída ao messias de Israel:
“Proclamarei o decreto do Senhor;
Ele me disse:
Tu és m eu filho;
Eu hoje te gerei.” (SI 2.7)
A relação estabelecida entre “filho de Davi” e “filho de Deus”
na inauguração da ali ança da vídica en con tra consumaçã o na vinda
do Messias. Jesu s C risto aparece com o o c um prim en to fin al de stas
duas fi liações.' Com o filho de Davi, ele e ra tam bé m filho de Deus.
índice de Citações Bíblicas

39.6........... ...........238 19.7 . . . ..............123 34.18 . . . . ___13,11 !)


42.6 ........................48 23.5 . . . ..............225 34.19 . . . . ..........119
42.9 .....................251 23.6 . .. ..............225 34.20 . . . . ............13
43.19 ........ ...........241 23.9 . .. ..............261 50.4 ........ . . .245,248
44.25 ........ ...........254 24.7 . .. ...............45 50.5 ........ . . .246,248
...........251 25.12 .. ............. 267 50.6-18 . . ..........246
........... ...........48
48.6...........
49.8 26.4 .. . ..............252 50.19 . . . . ..........246
51.7........... ...........261 26.5 . . ...............252 50.20 . . . . ..........248
54.9 ........... ...........10 29.10 . . ..............267 61.8 ........ ..........249
55.1-5 ...........245 30 . . . . ..............249
55.3 ......... ___ 11,48 30.3 . .. ........246,250 Ezequiel
55.4 ........... ...........48 3 1 ___22,245,249,259 11.19 ..........251
57.15 ........ ...........261 31.3 . . ................19 16.8 ........ ............10
59.21......... ...........37 31.27 . . ..............250 16.59 . . . . ..........255
61.1-3 ...........64 31.31 . . .7,11,12,19 16.60-63 . ..........245
,39,
16.63 . . . . ..........248
61.8...........
61.1-9 ...........248
...........245 31.31-34 248,250,257
----245,249 17.13 . . . . ............11
62.2 . . . . . . ...........251 31.32 . . .251,252,253, 17.19 . . . . ............10
65.17 .... ...........251 255 20.37 . . . . ............10
66.22 .... ...........251 31.33 ..:12,45,247,251, 25.15 . . . . ............88
252,260 28.10 . . . . ..........141
Jeremia s 31.33-34 ............172 31.18 ..........141
2 .5 ........... ...........252 31.34 . .. .247,253,262 32.19-32 . ..........141
2 . 8 ........... ...........252 31.35 . ............21,22 33.6 ........ ..........107
2.13 ......... ...........252 31.38 . . ..............250 34 .......... ..........225
2.20
2.32 ......... 252
. . . . . . ...........
....... 252 31.38-40 ............246 34.1-31 . . ..........245
32 .... ...............40 34.10 . . . . ..........107
3.11-18 . . ...........245 32.23 . . ..............252
' 34.13 . . . . ..........246
3.14 . . . . . ....... 253 32.27-44 ............245 34.20 . . . . ............40
3.17 . . . . . . . . .247,261 32.33 .. ..............262 34.23 . . . . ___40,248
3.18 . . . . . ....... 246 32.33 .. ..........45,246 34.24 ........40,45
4 .4 ............. . . .141,261 32.39 .. ..........39,259 35.5 ........ ............88
4.14 . . . . . ....... 261 32.40 . ..........39,247 36.24-28 . ..........251
6.19......... ...........252 32.41 . . ...............39 37.12 . . . . ..........246
7.24 ......... ...........261 32.43 .. ..............246 37.14 . . . . ..........247
7.26 ......... ...........239 3 3 ....... ........... 22,23 37.15 . . . . ..........248
7.33 ......... ...........123 33.1-26 ..............245 37.15-28 . ..........245
9.12 .......... . . .252,261 33.8 . . .............. 248 37.21 . . . . ..........246
9.13 ......... ...........252 33.15-26 ............225 37.23 . . . . ..........247
9.14 ......... ...........261 33.20 . ...........21,25 37.24 . . . . . . .225,247
9.25 . . . . . ....... 141 33.21 . . ...............21 37.24-26 . ............40
9.26 . . . . . ...........141 33.25 . ................21 37.25 . . . . ..........247
11.8 . . . . . ....... 261 33.26 . ...........21,246 37.26 . .12.,19,246,248
11.10 . . . . . . . .11,255 3 4 ......... . .12,122,124 37.26-28 . ............47
14.21 . .....
12.2 . . . ...........
....... 261
255 34.8 . . ...............212
34.8-12 ............. 121 44.7 ........ ..........255
16.4 . . . . . ....... 123 34.17 . . .............122 Daniel
17.1 . . . . . ...........261 34.17-20 ............119 9.1.......... ............65
274 Cristo dos Pactos

9.21 .................... 65 22.30 . ................70 2.21-23 . . ...........162


9.24.27 . ............. 65 25.41 . . ...............89 2.25-29 .. ...........145
26.28 . . . .48,124,130 3.20......... ...........162
Oséias
26.39 . ................78 3.21 ........ ...........162
1.11 ........ ..........225
26.42 . ................78 3.27 ........ ...........162
2.18.......... . ..11,101
...........144
2.18-23 . . .......... 101 Marcos 4 . 3 ...........
4.9-12 ... ...........144
3 . 4 .......... .......... 225 2.27 ... ...............63
6.4 10.6-8 . ............... 69 4.11 ........ 38,144,146
6.7 .......... ___ 23,25 4.12 .......... .............38
8.12 ........ ..........161
Lucas 4.16 ........ ...........165
10.14 ....... ..........237 1 ........ ...............88 4.17 ........ ...........165
14.1 ...................237 2.21 .. . ............. 142 5.18 .......... .............78
3.7 .... ...............90 5.19 .......... .............78
Amós 4.18 ... ...............64 6 . 4 ........... ...........149
1.3-5 ....... ..........237 4.19 . . . ............... 64 6.14 .......... . . .161,164
9.11 ...................225 4.25 . . . ............. 233 7 .6 ........... ...........161
4.26 . . . ............. 233 7 .7 ........... ...........162
Miquéias
18.11 . . ............... 78 7.12 ........ ...........162
4.1-3 ................. 225 22.20 .. .7,19,30,41,48,
5 .2 ........... .........225 8 .3 ........... ...........195
124,ISO,266 8.22 ........ ...........110
Ageu 9 .6 ........... .............38
Jo ã o
2.5 .......... .11,12,251 9.13 ........ ............38
1.14 . . ................47
Zacarias 1.17 ... ............. 156 9.22 ........ ............93
2.11.......... ...........45 6.9 ... . .............236 10.12 7. .. ...........111
8.8............ ...........45 7.22 .. . .............
7.23 ... .............136
136 10.18
11.17 .... ...........111
.............38
8.16 .................... 45
11.10 ........ . . .11,255 8.44 ... ...............90 11.19 .... .............38
18.11 . . ............... 78 12-4......... ..........179
Malaquias ...........110
13.1.........
1 .2 ........... ...........38 Atos
14.14 .... ...........109
1.3............ ...........38 2.30 .. . ............. 199
2.30-36 .............227 15.22 .... ...........165
Mateus 2.32 ... ............. 199
16.20 .42,90,165
3.15 ...................142 2.34-36 ............. 199 1 Coríntios
4.1............ ..........77
5.17 .................. 179 . . ................ 47 .4 .........................84
3.25
7.51 ... 37
5.17-19 .. . ........162
............. 239 .1 ............ .............70
10.44-48 ............142 7 .7 ..........................70
5.22 ......... ......... 179 15.1 . . .............. 143
5.32 .....................71 7.15 ......................71
15.8-9 . ............. 143 7.26 .......... ............70
5.45.......... ...........95 15.20 .. ............. 109
7.24-27 . . ......... 166 9.22 ........ ..........143
15.29 . . ............. 109 10.25 .... ..........109
14.16 ....... ......... 236 16.3 . . .............. 143
14.20 ....... ......... 236 11.9 .......................69
17.2 ......... .........179 Romanos 11 ........... ...........267
17.5 ......... .........
19.4 .......... 179
..........69 1.3 ...
1.4 ... .. .............
............. 211
211 11.11 ...................
11.12........ ............71
19.5.......... ..........69 1.26 ... ...............72 11.25........ . . .41,266
19.6.......... ..........69 1.27 ... ...............72 11.30-32 ........... 167
índice de Citações Bíblicas

2 Coríntios __ 103
2 .1 ............... 5 .5 .......... ..........213
1.22 ............... . . .146 2 . 2 ............... . . .103 5 .6 .......... ..........2)3
3 ...................___ 173 2.8-10 .......... C .C 103 5.8.......... ............78
3 .3 .................266,268 2.10.............. ___52 5.13 ........ ............35
3 .6 ................. ___ 19 2.21.............. ___ 47 5.15 ........ ............45
3.6-8 .............___ 268 4.25.............. ___ 46 6.4-6 .... ..........196
4.30 ............. 7.18........ ..........195
3.7 ...........173,174,176
3.7-9 .............___ 173 __
5 .2 ............... . .
146
.143 7.19........ ..........195
3.10 ...............___ 174 5.25.............. ___ 70 8.6.......... ............41
3 .1 1 ............... ___ 174 5.31.............. ___ 69 8.6-13 . . . ............41
3.12-15 .... ___ 175 6.1-3 ........... __ 166 8.8 ........ .19,201,266
3.13 ........ 174,176,177 6.12.............. ___ 87 8.10 ........ ............46
3.14 ............. ___ 175 Filipenses 9 ............ ..........125
3.18 ...............___ 268 3 .3 ............... . . .146 9.15 ........ C19J41,126
6.16 ............... ___ 46 9.15-20 ... .17,124,125
Colossenses -
.......................87 2 .8 ............... 9.16
9.17 ........
11.3
G aiatas 2.9 __ 146 ........ .17,127
.17,127 -129
129
2.10 .............__ 146
2.14rl6 ........ ........53 9.18-20 . . . . .126,12 7
3 ...................___ 265 9.22 ........ ............14
2.11.............. 146,147 10.15 . . . .41,201,266
3 .1 ......................... 53 2.12 ........146,147,150
3 .8 ..........................54 10.15-18 . . .19,41,268
2.14 .....................92
3 .9 ............... .........54 11.14-16 . ..........194
2.15 .....................92
3.13 ............. .........37 11.17-19 . ..........194
2 Tessalonicenses 12.6........ ..........167
3.15 ............. ___ 127 3.10-12 ...............74
3.15-19 .... .........54 12.22-24 . ..........226
3.17 . . .32,56,156,157, 1 Timóteo 12.24 . . . . ............19
263 2 .5 .............. ___265 Tiago
3.19 ............... .56,170 2.14 .................... 87 1.22 ........ ..........166
3.20 ............. ___ 263 2.15 .................... 88
3.23 ....................... 54 1 Pedro
Hebreus
3.23-25 .... ___ 161 2.13 ........ ..........110
1.1-14 ........ ___213
3.23-26 .... ___ 171 2.14 ........ ..........110
3.24 ............. ___ 163 1.2.............. ___ 213
1.5.............. ___ 211 2 Pedro
3.25 ............. .........54 3.3-10 . . ...........111
2 .8 .......................97
3.29 .............
3.28 ............. .........70
.........38 2 .9 .......................97 3.4-6 ..........104
2.20-25 .... ___101 3.5-7 ..........165
4 ................. .........56
4 . 4 ............... ___ 142 3 . 5 ...............___179 1Joã o
3 . 6 ...............___179
4.21 ............. ___ 163 2.27 ........ .. .266,268
3 . 7 ...............___196
4.25 .........56,163,226 3.12 . . . . ........89,90
3.14 .............___196
4.26 ............. ___ 226 Apocalipse
3.15 .............___196
4.31-5.2 .................53 4 .1 .............. ___ 196 4.3.......... ..........112
5 .2 ............... .........55
4 .2 .............. ___ 196 7.15 ........ ............47
é io -
Ef s s .........
1.7-14 ___ 150 4.9 .....................
4 .8 ............... 65
. .65,67. 12.79........
21.1 . . . ............47
............89
1.13 ............. .133,146 4.10 .................... 67 21.3........ ............47
1.14 ............. ___ 133 4.11............ ___196 22.2........ ............79

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