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INTRODUÇÃO
Quando Vicente de Paulo nasceu, a França passava por uma situação difícil, estava
envolvida também em guerras internas e com outros povos.
França Século XVII Império da Morte.
Três calamidades esmagam a população: A guerra, a peste e a fome. Produzindo
milhares de vítimas, e isto ocorre devido aos soldados serem indisciplinados e mal pago. Com
suas mentes e consciências embotadas, não controlam seus excessos: invadem os povoados,
roubam os camponeses, violentam as mulheres e incendeiam as moradias.
Na França do século XVII a idade média de vida das pessoas era de 35 anos. Pe.
Vicente viveu 79 anos, uma longevidade bem superior à de seus contemporâneos que não
ultrapassou aos 50 anos.
Será porque ele viveu tanto?
NASCIMENTO
Quem faz a história são os homens, mas quem segura as rédeas da história é Deus.
Deus aliás, é o único que tem condições de abarcar, com sua presença, o universo inteiro e
conhecer, mediante sua sabedoria, o íntimo de cada criatura. Por isso Ele: Intervém quando
menos imaginamos, age da maneira mais correta e obtém os resultados mais satisfatórios.
Assim, no final do século XVI, o olhar providente de Deus pousa sobre uma família
simples que habita humilde aldeia no sul da França, quase na divisa com a Espanha. A aldeia
se chama Pouy, e a família leva o sobrenome De Paulo. Vicente é o terceiro entre os seis
filhos do casal João de Paulo e Bertranda de Moras. Os documentos assinalam 24 de abril de
1581 como a data do nascimento de Vicente de Paulo.
BATISMO
Foi batizado no Santuário de Nossa Senhora de Landes, poucos dias depois do seu
nascimento, pois seus pais, eram excelentes cristãos. Recebeu o nome de Vicente em
homenagem a São Vicente de Xaintes – Padroeiro de Dax – Primeiro Bispo da Diocese
martilizado na Espanha.
INFÂNCIA
Seus pais possuem alguns hectares de terra e um rebanho de vacas, ovelhas e porcos.
A terra, no entanto, é ingrata; a produção de cereais, reduzida; os trabalhos, pesados.
Isso, porém, não impede a família de viver sob os olhares de Deus, e honestamente.
Cedo Vicente, e os seus cinco irmãos e irmãs, foram aproveitados no trabalho da
fazenda. Muitas vezes ia as pastagens tomar conta dos rebanhos.
Vicente tinha um bom coração. Um dia, tendo encontrado um pobre mendigo, deu-lhe,
sem hesitar, tudo que tinha, que seriam uns trinta reais. Ele já sabia que quem dá aos pobres
empresta a Deus.
ESTUDOS
No catecismo, ele se mostrou tão estudioso e fervoroso nos estudos, que o bom cura
aconselhou seus pais que o enviassem para estudar no colégio da cidade de Dax, onde
freqüentou com sucesso o curso de gramática e de Latim. Era para seus colegas um exemplo.
Tornando-se então, preceptor dos filhos do Sr. M. de Comet.
Nesta atividade tomou gosto pelo apostolado e foi encorajado a se tornar sacerdote de
Jesus. Para tanto faltava fazer longos estudos de teologia na universidade mais próxima –
Universidade de Toulouse.
Bom cristão que era, o pai de Vicente vendeu uma junta de bois para lhe assegurar as
despesas com a hospedagem.
“Quando ainda menino, como meu pai me levasse a passear pela cidade, eu tinha
vergonha de acompanhá-lo e de dizer que era meu pai, porque ele se vestia mal e era
meio manco... Em outra ocasião, quando estudava com os franciscanos, informaram-lhe
que seu pai estava lá fora e queria vê-lo. Vicente se recusou a ir falar com o pai”.
O pai na verdade o amava de todo o coração e, antes de morrer, alguns anos mais
tarde, intimará a família à não deixar faltar nada a este filho, de quem tanto se orgulhava.
“Quem ama a rosa, suporta os espinhos”.
Vicente, de sua parte, propõe-se corrigir seus excessos: “Eu me dirigia a Deus e com
insistência lhe rogava que mudasse este meu caráter seco e repugnante e me concedesse
um espírito doce e benigno”.
ORDENAÇÃO SACERDOTAL
Seguir os estudos eclesiásticos, naquela época era no mínimo deixar a dura condição
de camponês. Poderia também ser um meio de fazer carreira, arrumar-se na vida. Teria sido
essa a intenção dos pais de Vicente ao encaminhá-lo para o sacerdócio?
Quanto a Vicente, é possível que ele almejasse obter um “honesto benefício”,
conforme expressão se suas cartas na juventude.
Na cidade de Dax, Vicente estuda durante nove anos com os franciscanos. Desde o
início mostra-se aluno receptivo. Está atento a tudo quanto lhe possa servir de: Instrução,
inspiração e guia.
Em Toulouse, para manter os estudos e a estadia, lecionava para os filhos de algumas
famílias da nobreza. É assim que vai conhecendo o mundo dos nobres.
Aos 16 anos, Vicente recebe a “tonsura”, era a sua entrada para o clero e que, desde
então devia usar batina.
Durante cinco anos ainda, ele estudou a Ciências religiosas, continuando sempre a se
ocupar com seus alunos, que gostavam muito da clareza de seu ensino e da jovialidade do seu
caráter; o que não o impedia de ser rigoroso quando se fazia necessário.
Depois de ter recebido as ordens menores, o subdiaconato, depois o diaconato, ele foi
ordenado padre em 23 de setembro de 1600.
Em Buzet, numa capela solitária no fundo do bosque, onde muitas vezes rezava
quando menino, que ele celebra com fervor sua primeira missa.
Padre Vicente prossegue seus estudos de teologia até 1604, quando a Universidade lhe
confere o título de Bacharel em Teologia. E por causa deste curso, mais tarde Pe. Vicente
conta: “Tenho particular devoção em seguir, passo a passo, a adorável Providência de
Deus”.
CATIVEIRO
Padre Vicente contraiu algumas dívidas para terminar o seu curso de Teologia.
Felizmente uma bondosa senhora, antes de morrer, o fez seu herdeiro, mas para isso tinha de
ir buscar uma importância em dinheiro, que um credor desonesto, fugiu para Marselha para
não pagar.
Na viagem de volta de Marselha a Toulouse – Ataque de três bergantins (navios)
turcos. Houve resistência e Vicente lutou ao lado dos marinheiros. Foi ferido por uma flecha
nas costas, e um ferimento de sabre nas costas.
No mercado de escravos foi vendido a um pescador. Novamente vendido a um médico
químico que durante 50 anos procurava descobrir a Pedra Filosofal – transformar qualquer
metal em ouro, ficou cativo de setembro de 1605 a agosto de 1606.
Vendido novamente a um Renegado de Nice – Homem desumano e cruel – tinha três
mulheres – Grega, Muçulmana e Turca.
A mulher árabe orava a Deus e tinha um bom coração, notou o espírito piedoso de
Vicente e se emocionava até as lágrimas ao escutá-lo cantando louvores divinos com tão bela
voz.
Certo dia pediu que ele traduzisse seus cânticos, especialmente a Salve Rainha.
Vicente contou-lhe então a mais bela das histórias: a história de Cristo vindo a terra para
salvar todos os homens e para ensiná-los a se amarem uns aos outros.
E foi esta mulher, que a noite contou a seu marido como estava maravilhada com tudo
aquilo que havia ouvido, e o convenceu a libertar Vicente, e o repreendeu por abandonar tão
bela religião.
Ela o repreendeu com tanto ardor que ele, caindo em si, resolveu voltar para Cristo e
libertar Vicente.
OBS: Alguns autores que escreveram sobre São Vicente de Paulo, não narram em suas
obras o episódio do seu cativeiro. Segundo eles, não foi encontrado nenhum documento,
escritos ou narrativas do fato.
RETORNO À FRANÇA
Padre Vicente ficou muito feliz com a conversão sincera do renegado que de joelhos e
com lágrimas nos olhos pediu perdão e confessou seus pecados. Numa noite, embarcaram
clandestinamente de volta para a França. Onde vivia o Núncio Apostólico, Monsenhor
Montorio. E foi ali na Igreja de São Pedro – Convento de “Fate bene fratelli”, que o
apóstata, em lágrimas, fez sua abjuração, e foi reintegrado na Igreja Católica.
CALÚNIA
Por economia, e por humildade, aceitara compartilhar do mesmo quarto do hotel com
um de seus conterrâneos, o Juiz de Direito, Sr. M. de Sore.
Daí lhe veio um dia uma situação penosa... Vicente dormia profundamente, vitimado
por uma febre, quando o empregado veio trazer o remédio, e vendo o armário do Juiz com a
chave, apossou-se do dinheiro e fugiu.
De volta o juiz, vendo o armário aberto, vazio e sem a pequena fortuna, pediu
explicações a Vicente que não sabia de nada e nem poderia saber. Então, foi acusado
injustamente de ladrão pelo seu amigo Juiz M. de Sore.
Vicente apenas disse: “Deus sabe a verdade”. Felizmente, anos mais tarde, o
verdadeiro ladrão, tendo sido preso por outro crime, foi à prisão em Bordéus, chamou o Sr.
Sore e confessou o crime. Imediatamente o juiz escreveu para Vicente pedindo-lhe perdão,
porém ele já o perdoara há muito tempo.
VIGÁRIO DE CLICHY
Dentre os discípulos do Oratório encontrava-se o Pe. Bourgoing, cura de Clichy. O
cardeal de Bérulle, desejando que este devotasse todo o seu tempo à Congregação recém-
fundada, pediu-lhe que passasse a paróquia de Clichy às mãos de Vicente.
Esta paróquia era pequena em importância, mas muito extensa e contava com centenas
de habitantes, quase todos hortelãos e camponeses.
Sua grande bondade e sua simplicidade fizeram com que ele conquistasse todos os
corações rapidamente. Foi modelo de Vigário. Reconstruiu a Igreja velha, e mais tarde fez
uma outra nova bem maior. Instituiu a Comunhão Geral em todos os primeiros domingos de
cada mês – 12 de maio de 1612.
Na paróquia de Clichy, Pe. Vicente ficou como o “Anjo de Clichy”. Atualmente ela
tem o seu nome.
CHÂTILLON-LES-DOMBES
Após receber uma carta dos Oratorianos de Lyon, relatando o estado lamentável de
uma importante paróquia da região – Châtillon-Les-Dombes. O cardeal de Bérulle oferece o
cargo de cura a Vicente. Ele aceita com presteza. E numa bela noite, para evitar súplicas do
senhor e da senhora De Gondi, ele sai sem se despedir.
A aldeia era paupérrima do ponto de vista religioso, pois havia muito protestantes. A
igreja estava em ruínas e servia de abrigo para os animais.
Como ele fez em Clichy, aqui ele também reconstruiu a igreja e conquistou os
corações. Pelo exemplo de sua bondade e da sua fé, tocou o coração do hoteleiro. Ele abjurou
o protestantismo, e se tornou um dos colaboradores mais fervorosos do novo cura.
Vicente lecionava o Catecismo com tanta emoção, que a freqüência e a conversões se
multiplicavam. Em cinco meses o vilarejo se transformou.
REFORMA DO CLERO
Padre Vicente se preocupou muito até conseguir apoio para reformar o clero, com
criação de seminários para a formação dos novos padres – fiéis servidores de Jesus Cristo.
E também a instituição de retiros de aprofundamento religioso e cristão.
COMBATE AO JANSENISMO
Oposição de S. Vicente de Paulo aos ideais de Jansen. Coordenava o Jansenismo e o
Calvinismo.
Desde então já era considerado um santo. Em 1724, o Papa Bento XIII o beatificou, e
em 16 de junho de 1737 ele foi canonizado pelo Papa Clemente XII. Seu corpo repousa,
atualmente em Paris, na capela dos Lazaristas, Rua de Serves 95, aonde acorrem peregrinos
de todo o mundo para venerá-lo.
“Os pobres são nossos mestres e senhores”, dizia São Vicente. Servir a eles é
condição para a autenticidade de nossa fé. Hoje, vendo o que os bispos em Puebla nos dizem,
entendemos que optar pelos pobres, descobrir as causas da pobreza e trabalhar na construção
de uma sociedade justa e fraterna, mais do que convite é uma exigência do Evangelho. Este é
o caminho para o qual nos aponta São Vicente.
Caríssimos irmãos vicentinos! Que o exemplo deste santo sirva para nós como
incentivo para uma corajosa opção pelos pobres, na luta contra as injustiças que oprimem e
escravizam a pessoa; que nos fortifiquem no compromisso de viver com como viveu e
ensinou São Vicente de Paulo: “Amemos a Deus, meus irmãos, com a força de nossos
braços e com o suor de nosso rosto”.
CONCLUSÃO:
A semelhança de muitos de seus contemporâneos, Vicente de Paulo, na juventude,
buscava subir na vida, adquirir bens materiais, viver comodamente.
Ambicionava riqueza, e encontra pobres; almejava comodidades, mas esbarra numa
multidão de indigentes que lhe gritam por socorro: estão morrendo de fome e longes de Deus,
sonhava talvez com o sossego de uma vila ou o conforto de um palácio, no entanto seu
caminho é freqüentado por menores abandonados, órfãos, viúvas, presidiários, mutilados de
guerra, débeis mentais... A necessidade e os acontecimentos apontam e dão outro rumo a esse
homem, que aos poucos vai se fazendo um gigante do amor e da ternura de Deus para os
pobres. Sua obra caritativa não conhece limites de tempo ou geográficos: comprova-o a
imensa família vicentina presente e atuante em todas as partes do mundo.