Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA
DIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
UNIDADE ACADÊMICA IV
CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM INSTRUMENTO MUSICAL
João Pessoa, PB
Fevereiro/2019
MARINA GOMES BARBOSA
João Pessoa, PB
Fevereiro/2019
VEM CUIDAR DE MIM: LEVANDO MÚSICA A CRIANÇAS DA COMUNIDADE
DO TIMBÓ
__________________________________________
Orientadora
__________________________________________
Avaliador
__________________________________________
Avaliador
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha mãe Iyémọnjá, aquela que me cobre e me protege com seu manto
sagrado, me acompanha em todos os meus passos e me dá forças para não desistir nos
momentos de provação. Obrigada por nunca ter desistido da sua filha, e cuidar de mim mesmo
quando eu não merecia seu acalento. Por isso, é a minha mãe divina a quem agradeço em
primeiro lugar, sempre.
Em seguida, agradeço a minha família – minha mãe, minha avó e minha tia – três
mulheres feitas de ferro e cobertas de ouro que durante essa curta caminhada aqui na terra, me
cobriram de amor, carinho, proteção e cuidado. Não há palavras para expressar minha
gratidão por ter crescido com três exemplos de mulheres fortes, e também amorosas, ao meu
redor.
Aos meus professores, a cada um deles que me guiou por estes caminhos cheios de
obstáculos, mas também muito recompensador. Gratidão. Agradecimento especial a minha
professora favorita, minha tia, Jandynéa e aos professores da minha banca, Gil, Radamir e
minha orientadora Olga, que me deu todo o apoio incondicional para que eu chegasse aqui. À
minha co-orientadora Ana Carolina Petrus, obrigada pelos ensinamentos dados nesses 2 anos.
Aos funcionários do IF, que sempre dão o seu melhor para oferecer o melhor ambiente
possível. Por 4 anos vocês foram a minha alegria diária, especialmente os funcionários da
biblioteca e as “tias da limpeza”. Vocês merecem todo o carinho do mundo!
Uma menção especial a Brunna, minha irmã de alma, saiba que sem o seu amor
incondicional eu não teria chegado aqui. Você é uma imensa parte da minha vida e das
diversas lições sobre amizade que aprendi e me tornaram alguém melhor. À minha eterna
mousse, apenas gratidão.
Aos meus amigos, que tanto me fizeram bem dentro do instituto e foram meu porto
seguro nos melhores e piores momentos. Sou grata por cada encontro no corredor, cada
mensagem via Whatsapp e cada abraço inesperado que me renovam toda a energia. Lembrarei
de todos com muito carinho, contem comigo para tudo.
E por fim, ao meu namorado, Gabriel, que me abraçou e me apoiou durante todo este
trabalho. Prometo compensar todo esse tempo com vários encontros e comidas gostosas. Não
tenho palavras para agradecer sua presença da minha vida. Obrigada!
[...] Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna
Oração de São Francisco de Assis
RESUMO
Este trabalho foi realizado com crianças em situação de vulnerabilidade social, participantes
da ONG Instituto Vem Cuidar de Mim, localizada na comunidade do Timbó, em João Pessoa,
na Paraíba, através de oficinas de musicalização infantil e flauta doce. Tais oficinas estão
inseridas num projeto maior, cujo objetivo é a aquisição e ampliação de saberes das crianças,
traduzidos em competências relacionadas à Arte, Literatura e Língua inglesa. E
especificamente em música, esperávamos que 70% das crianças demonstrassem competência
em tocar um instrumento musical, participando de apresentações. Como metodologia
adotamos a pesquisa-ação com a utilização da observação, diário de bordo, fotos e filmagens
como instrumentos de coleta de dados.
1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………… 8
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 MÚSICA E MUSICALIZAÇÃO INFANTIL ………………………………………………….. 9
2.2 A COMUNIDADE DO TIMBÓ……………………………………………………………... 13
2.3 INSTITUTO VEM CUIDAR DE MIM ………………………………………………....…… 15
2.4 PROJETO CUIDANDO E EDUCANDO ATRAVÉS DA ARTES VISUAIS, MÚSICA, LITERATURA E LÍNGUA
ESTRANGEIRA ………………………………………………………………….…. 17
2.5 OFICINAS DE MÚSICA…………………………….…………………………………..…. 17
2.6 OFICINAS DE MUSICALIZAÇÃO………………………………………………………...… 18
2.6.1 ATIVIDADES DAS OFICINAS DE MUSICALIZAÇÃO…………………..………………....... 18
2.6.2 OFICINAS DE FLAUTA DOCE………………………………….…………………….…. 21
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ……………………………………………………………….... 24
4. REFERÊNCIAS …..………………………………………………………………………... 26
1 INTRODUÇÃO
1
Entrevista disponível em https://www.youtube.com/watch?v=W3CM24QMifs&t=5s
Desde o final do século XX, a musicalização tem sido crescente alvo de pesquisas e
estudos, da mesma maneira intensificou-se os estudos sobre a relação entre a música e o
desenvolvimento infantil - qual a importância e influência da musicalização para o
desenvolvimento pleno de uma criança, qual é a fase mais apropriada para a introdução
musical e quais os métodos mais adequados para cada faixa etária.
Segundo Weigel (1988) e Barreto (2000), mencionados por Chiarelli (2012, p. 3), a
Musicalização Infantil pode auxiliar no desenvolvimento cognitivo/linguístico, sócio-afetivo e
psicomotor da criança. O aprendizado da criança é feito a partir de suas experiências, quanto
mais estímulos recebidos, melhor será seu desenvolvimento intelectual - quando trabalham
com os sons, desenvolvem seus sentidos e capacidade de percepção auditiva, já o ritmo é um
aspecto importante para a formação e equilíbrio do sistema nervoso, desenvolvem o senso
rítmico e a coordenação motora. Além disso, através destas atividades, a criança encontra uma
identidade de si em relação ao mundo, entendem que são diferentes do grupo, mas ao mesmo
tempo, integram-se a ele. Isto é essencial para o desenvolvimento da auto-estima e
auto-realização, para que exista a aceitação do eu, e da mesma maneira, o reconhecimento das
suas capacidades e limitações.
Em alguns países, a educação musical é tradicionalmente bem estabelecido e acessível
para crianças desde a tenra idade - seja no ensino regular ou através de conservatórios,
institutos de música ou aulas particulares. Porém, em um país tão culturalmente diverso como
o Brasil, o nosso ensino musical sofreu por idas e vindas durante diversos períodos históricos
e a falta de uma base educacional consolidada e organizada.
Além disso, a educação musical no Brasil é marcada por disparidades
socioeconômicas, diferentes crenças culturais e políticas, além de diversas mudanças em seu
currículo. Sendo, inclusive, fundida com educação artística em 1971, época que o ensino
básico no Brasil era marcadamente tecnicista e voltado para formação de mão de obra
trabalhista. Apenas em 2008, a obrigatoriedade da educação musical desde o ensino básico foi
garantida pela lei 11769/08. E esta foi posteriormente modificada e substituída pela lei
13.278/2016, que acrescenta a obrigatoriedade do ensino de outras modalidades artísticas à lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) “Art. 26. § 6o As artes visuais, a dança, a
música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o
§ 2o deste artigo." Alcançar o reconhecimento do ensino da música como área separada do
“ensino de artes em geral” é um passo considerável para a história do ensino musical no país,
mas ainda há muito caminho para trilhar. Apesar da obrigatoriedade prescrita por lei, a
implementação ainda é um processo em curso com alguns obstáculos - como a contratação de
professores qualificados em música, estrutura adequada e a disponibilidade de instrumentos.
Devido às dificuldades existentes no tanto no acesso, quanto na execução do ensino de
música no Brasil, ideias e projetos surgem para tentar alcançar o objetivo de uma educação
musical ampla e acessível para todos desde o ensino infantil, sendo a Musicalização Infantil
uma dessas experiências (Ilari, 2010). Conforme firma Bréscia (2003) apud Chiarelli (2012) o
acesso a educação musical ainda é escasso e privilégio para poucos, e a musicalização infantil
é uma das ferramentas para transformar este cenário.
As experiências com Musicalização Infantil são largamente utilizadas não apenas em
escolas comuns, mas também em espaços de educação não-formais, como as ONGs. Deste
modo, é necessário pensar o papel da Musicalização Infantil dentro de espaços de educação
não-formais. A princípio, essas atividades visam ocupar o jovem em situação de
vulnerabilidade social em atividades produtivas, para que este não passe seu tempo livres nas
ruas, exposto a violência e ao tráfico de drogas, além de oferecer uma oportunidade para o
oferecimento de acesso à educação e lazer precarizados pelo Estado dentro de comunidades.
Porém, ao mesmo tempo, este trabalho deve ser pensado e planejado para a produtividade
efetiva das atividades, afinal, não adianta manter o jovem longe das ruas e da influência de
facções sem engajamento no trabalho realizado, causando frustração e desinteresse dos
participantes. De acordo com Ilari (2007, p. 41-42) apud Penna (2012)
Nesse sentido, Ilari (2007, p. 41-42), aponta que a música tem uma
“função adaptativa”, na medida em que permite “passar o tempo em
segurança, sem correr riscos”. Em comunidades em que as crianças e
jovens estão expostos a riscos constantes – de cair na marginalidade ou
até mesmo risco de vida – isso pode ser relevante, sem dúvida. Mas
essa autora, ao analisar experiências de educação musical
extraescolares, considera que, enquanto estão fazendo música, “os
indivíduos passam um tempo ‘tranqüilo’ e desenvolvem inúmeras
habilidades e competências, musicais e extramusicais” (ILARI, 2007,
p. 41). (PENNA, 2012, p. 72).
Percebe-se, então, que a cada ano que passa aumenta a população morando
em “ilhas de pobreza”. Estas ilhas são representadas pelas favelas que ocupam
terrenos vazios em bairro de alta renda com condições sub-humanas de
sobrevivência. Entretanto, uma grande parte da sociedade, exacerba luxo,
isolando-se em sua própria cidade com a construção de muros altos no intuito
de proteger-se dessa população pobre, e ainda, com espaços de lazer
exclusivos para pessoas do mesmo nível social. Deste modo, pode-se dizer
que ao mesmo tempo em que ocorre um aumento da distância social entre
pobres e ricos, há uma redução da distância espacial entre os condomínios
fechados e as “ilhas de pobreza”. Com isso, a cidade torna-se segregada com
um tecido urbano heterogêneo havendo apenas algumas pequenas regiões
homogêneas. Essa situação fica clara no Timbó, pois apenas uma via
duplicada separa a comunidade de um dos maiores condomínios fechados da
cidade. (PITA, 2012. p. 125-126)
Fonte: <http://www.ledbr.com.br/joao-pessoa-pb-comunidade-do-timbo/>.
Acesso em: 13/02/2019
Fonte:<https://bit.ly/2HhqDPb>.
Acesso em: 13/02/2019
2.4 Projeto Cuidando e Educando através das Artes Visuais, Música, Literatura e
Língua Estrangeira
Mim. A ação foi com crianças e adolescentes entre 7 e 15 anos, que totalizam o número de 60,
roda de leitura, contação de história, artes - desenho, música - e iniciação à língua inglesa, no
Literatura e Língua Inglesa, juntamente com 6 estudantes do quarto ano do curso técnico em
projeto. Foi traçado como objetivo geral, a aquisição e ampliação de saberes das crianças,
porcentagem foi estabelecida para facilitar a análise dos resultados quantitativos obtidos.
Optou-se por oficina pelo fato de se tratar de uma metodologia que enfatiza a
construção do conhecimento de maneira ativa no sentido de ser uma atividade na qual a
pessoa não somente recebe informações, mas também executa, de forma a aprender fazendo.
É um espaço aberto ao diálogo, a troca de saberes, na qual “é formada uma equipe de
trabalho, onde cada um contribui com sua experiência. O professor é dirigente, mas também
aprendiz. Cabe a ele diagnosticar o que cada participante sabe e promover o ir além do
imediato. (VIEIRA et al, 2002, p. 17) . Realizamos dois tipos de oficinas: de musicalização e
flauta doce.
2.6 Oficinas de Musicalização
No turno da manhã, a decisão pela flauta doce se deu ao fato de dois dos quatro
voluntários do turno possuírem formação musical no instrumento, quantidade suficiente de
flautas disponíveis para a turma e a faixa etária das crianças, consideravelmente mais velhas
em comparação ao turno da tarde. Logo, percebeu-se o interesse da maioria das crianças pelo
instrumento, o que motivou mais ainda a escolha definitiva da flauta doce como instrumento
alvo das oficinas.
Dentre os objetivos buscados pelas oficinas de flauta doce estão: desenvolver a
percepção rítmico-musical, adquirir a habilidade de tocar a flauta doce, desenvolver a prática
e a percepção de tocar em grupo.
Foto 5: Oficina de flauta doce.
HAMMOND, Claudia. Does listening to Mozart really boosts your brainpower?. BBC.
Disponível em <http://www.bbc.com/future/story/20130107-can-mozart-boost-brainpower>.
Acesso em: 13/02/2019
PENNA, Maura et al. Educação musical com função social: qualquer prática vale?. Revista
da ABEM, v. 20, n. 27, 2014.
VIEIRA, Elaine, VALQUIND, Lea. “Oficinas de Ensino: O quê? Por quê? Como?”. 4º ed.
Porto Alegre. EDIPUCRS, 2002.