Vous êtes sur la page 1sur 262

PREFÁCIO

O trabalho apresentado neste livro é o fruto da minha pesquisa, no sentido


de apresentar uma visão sistematizada da Obra de Meishu Sama.
O esforço foi motivado pelas dificuldades encontradas em pesquisar
assuntos relativos à Sua Vida e Obra, pretendendo facilitar o caminho a eventuais
interessados em aprofundar seus próprios conceitos.
O estudo está centralizado no movimento messiânico brasileiro, sendo
que faz referências a várias Obras e Entidades, mencionando a sua fonte nos
devidos casos, sendo que não houve envolvimento direto de nenhuma Entidade
Religiosa nesta apresentação.
É meu desejo subsidiar os interessados neste caminho, facilitando o
produto de árduo trabalho que eu tive.
Por conseguinte, tem como principal objetivo divulgar para o maior
número de pessoas possível o grande homem que foi Meishu Sama, sua
importância de ter vivido como homem, o que ele nos deixou e como descobriu ser
o Messias da Era de Luz.
Às vezes, as pessoas ouvem falar, até mesmo dentro da religião
Messiânica, mas não tem nada de concreto, é preciso fazer cursos ou comprar
livros que nem todos têm condições de obtê-los, porque esses livros só são
vendidos em três volumes e na Igreja Messiânica Mundial.
Por isso, decidi fazer pesquisas na Internet e até mesmo no livro Luz do
Oriente para que fique de uma maneira resumida sua vida, suas obras, seus
poemas, suas caligrafias, enfim, para que as pessoas tenham conhecimento de
quem realmente foi Meishu Sama como homem e é como Messias.
Na primeira parte do livro, está escrita sua vida muito sucintamente. Na
segunda parte, está resumida, porém mais detalhada.
Essa minha iniciativa, acredito ser pioneira, foi devido a grande vontade
de minha parte, conhecê-Lo melhor. Também saber por que um homem tão
importante para a humanidade, a sua vida não é tão divulgada quanto à de Jesus
Cristo. E com obras muito importantes tanto quanto a Bíblia, que, aliás, essa não
foi escrita por Cristo e sim pelos apóstolos e Paulo de Tarso que nem seu apóstolo
foi. E a obra de Meishu Sama nenhuma pessoa teve interesse em divulgá-lo para o
mundo, somente para as pessoas da religião.
Acredito que depois desse livro todos que são realmente messiânicos e
até aqueles que não são, acreditarão mais em suas palavras nos seus
ensinamentos e poderão ver que ele realmente é o Messias da Era de Luz.
E também é o desejo do meu sentimento sincero daquele amor verdadeiro
que tenho por Meishu Sama, em cuja etapa final reside exclusivamente o bem da
humanidade e a Glória de Deus.
Por isso, posso afirmar com toda a convicção que Deus e Meishu Sama
reinarão para sempre num mundo novo que surgirá sem pobreza, conflito e
doença. Onde todas as religiões se unificarão fazendo então o mundo Ideal, com
mais equilíbrio e finalmente vivenciaremos o Reino do Céu na Terra.

Ana de Jesus
1ª PARTE
Meishu-Sama (Mei = Luz; Shu = Senhor; Sama apenas um tratamento
respeitoso em japonês, portanto seu nome quer dizer: o Senhor da Luz) nasceu
no dia 23 de dezembro de 1882 em Tóquio, capital do Japão, num bairro chamado
Hashiba. Tanto a data quanto o local de seu nascimento estão, do ponto de vista
espiritual, estritamente relacionados à missão que deveria desempenhar durante a
sua vida terrena, como propagador da Luz do Oriente, através da divulgação dos
Sagrados Ensinamentos que lhe foram revelados por Deus, visando à salvação da
humanidade. O interessante é que 23 de dezembro corresponde ao dia seguinte do
solstício de inverno no hemisfério norte, dia em que o período noturno é o mais
longo durante todo o ano. O dia 23 é a data em que o período diurno começa a
alongar-se novamente.

Por ter nascido num dos da Era do Dia, semelhante ao Sol no


bairros mais orientais de Tóquio, mundo material. Revestido de tamanho
cidade também situada bem ao poder, concretizou a estrutura do Reino do
Leste do Japão, o país do Sol Céu na Terra, estabelecendo as colunas
Nascente, que, por sua vez, está mestras que estão sintetizadas nos seus
localizado no extremo Oriente do Ensinamentos. São princípios resultantes
Globo Terrestre, já é um sinal de que de suas experiências sobre Agricultura da
seria o percussor das mudanças da Grande Natureza e Johrei como meio de
Noite para o Dia. Tal transformação eliminar doenças e demais sofrimentos e
ocorrerá quando, após o milenar criar felicidade. Também sobre sua
reinado das trevas, a Luz de uma maneira de interpretar a missão da Arte,
Nova Era despontar no horizonte. segundo a qual a expressão da verdadeira
Por outro lado, é também em 23 de beleza contribui para elevação espiritual
dezembro que, no Hemisfério Norte, de quem a aprecia. Tão preciosos
os dias começam a ficar mais longos conceitos são que vão despertar a
do que as noites e a Luz ganha consciência divina no homem, permitindo-
terreno sobre as trevas. lhe criar, em comunhão com Deus, uma
nova civilização. Meishu-Sama foi uma
criança doentia. Em sua adolescência e
juventude, padeceu de muitos males
físicos. Aos 16 anos teve pleurisia e ficou
seis meses hospitalizado. Aos 19 anos,
ficou tuberculoso e curou-se com um
regime alimentar vegetariano.
Posteriormente, teve tifo, sofreu de males
do estômago, reumatismo, cistite,
amidalite, dermatites purulentas,
distúrbios cardiovasculares e terríveis
dores de dente.

São, portanto, todos esses


dados altamente significativos na
vida de um menino simples que, ao
nascer, recebeu o nome de Mokiti
Okada, e para quem estava
destinada à missão de tornar-se o
Senhor da fonte inesgotável de Luz
olhos o obrigou a abandonar tal sonho.
Tentou, posteriormente, estudar makiê
(arte típica japonesa em laca). Porém, um
profundo e acidental corte no seu dedo
indicador que ficaria permanentemente
paralisado, interrompeu o seu segundo
projeto e ele, então, voltou-se aos
negócios e neles prosperou. Em torno de
1916, tinha adquirido uma base financeira
suficiente com a qual pretendia fundar um
jornal para transmitir o protesto pelas
. injustiças que via ao seu redor. Para
Durante a juventude, assegurar-se do capital destinado ao
Meishu-Sama não teve nenhum empreendimento, formou uma companhia
envolvimento direto em assuntos financeira em 1918. Por isso, ficou
religiosos e certamente nem bastante desalentado quando a quebra do
qualquer experiência com cura. As seu principal banco levou também sua
atividades dele como líder religioso firma à falência no ano seguinte.
só começaram após ter chegado à Em fevereiro de 1920, formou
meia idade, quando sentiu ser uma nova companhia. Esta faliu após um
chamado por Deus para mês, atingida pelo grande pânico que
desempenhar uma missão específica abalou profundamente a economia
no mundo. Nada na sua infância japonesa. A morte de sua esposa no ano
sequer sugeriria tal evento; na anterior, e o fato de nenhum dos seus
verdade, durante muitos anos de sua quatro filhos ter sobrevivido, somada,
fase adulta, mostrou-se nitidamente agora, a esses dois prejuízos
desinteressado por religião. consecutivos deixaram-no ainda mais
Desde seus primeiros anos, Meishu- deprimido e desorientado. Mesmo assim,
Sama demonstrou uma vontade continuou lutando para se reerguer.
profunda de amar as pessoas. Casou-se novamente. Estava apenas
Freqüentemente fazia donativos para começando a construir uma nova base
o Exército da Salvação e para outras para sua vida e para seus negócios
instituições de caridade, não por quando ocorreu o Grande Terremoto de
qualquer fé, mas movido pelo desejo Kanto, em 1923, no qual foram afetados
de colaborar com o trabalho que milhares de pessoas, ocasião em que
estes grupos faziam pela sociedade. Meishu-Sama se viu mais uma vez
Sua preocupação com o bem-estar completamente arruinado, do ponto de
alheio foi imensa e nele vista econômico.
desenvolveu-se um elevado senso O terremoto foi o marco decisivo
de justiça, o que lhe iria orientar o para Meishu-Sama reformular o seu
pensamento pelo resto da vida, conceito de vida. Estava com a idade de
como se pode constatar em seus 41 anos e começou a indagar sobre o
Ensinamentos. Comportamento verdadeiro sentido da existência do ser
desleal, desonestidade e corrupção humano e do destino de cada um em
eram abomináveis para ele, de modo particular e a pensar sobre a possibilidade
especial em políticos ou em qualquer de salvação das pessoas. Ele, então,
pessoa que estivesse numa posição finalmente, decidiu-se a procurar obter
de liderança ou de responsabilidade algum tipo de resposta na religião e, ao
junto à sociedade. final daquele ano, entrou para a
Desde muito cedo, Meishu- Oomotokyo, uma seita do tipo renovação
Sama, que amava as artes, desejava mundial, com uma base sincrética
ser pintor. Mas uma doença nos
xintoísta fundada em 1892 por Nao para construir, na Terra, o Reino do Céu.
Deguchi (1837 - 1918).

INÍCIO DA RENOVAÇÃO

Meishu-Sama, ao ingressar
na religião, passou a meditar mais
freqüentemente sobre o destino das
pessoas. Deve ter sido nesta época
que ele, conscientemente, se
apercebeu de existir em si uma força
poderosa e sobrenatural. O seu
envolvimento cada vez mais
profundo com a Oomotokyo viria a
confirmar isso. Meishu-Sama, na
busca pessoal do relacionamento
entre essa força e o homem, sentiu No início de sua missão, Meishu-
que os ensinamentos específicos da Sama ficou em dúvida a respeito de tantas
Oomotokyo tinham para ele um e tão extraordinárias revelações. Não
significado menor do que a aceitava que ele, um simples mortal,
experiência da oração. Logo após se pudesse ter sido incumbido de tamanha
ter tornado membro da Oomotokyo, missão. Pouco a pouco, porém,
começou a sentir que através da ocorrências misteriosas à sua volta o
oração podia ajudar as pessoas que fizeram aceitar a verdade dos fatos sem
sofriam de doenças. Para ele, esta contestação. Assim, na década de 30, já
era a maior bênção imaginável. com 45 anos, era um Grande Mestre, com
Apoiado por uma constante o grau de Ken jin jitsu (sabedoria que
meditação e por uma crescente transcende o tempo e o espaço) que lhe
certeza da existência de um Ente permitia não só enxergar o presente, o
Supremo prosseguiu em suas passado e o futuro da humanidade, mas
buscas para aprender mais sobre a também ter a possibilidade de, já
natureza deste Ente que ele sentia. revestido de todo esse poder, trabalhar
"Naquela época", ao se referir aos concomitantemente no mundo material e
meses de imersão em pensamento Divino.
religioso, disse: "algo se movia
dentro de mim por vontade própria IGREJA INDEPENDENTE E JOHREI
porque algum milagre estava me
levando pouco a pouco a conhecer o A consciência desta grandiosa
Mundo Divino. Estava tão feliz que missão reservada a Meishu-Sama parecia
mal me pude conter para não fazer aumentar nele o calor e a simpatia
explodir de alegria". pessoal que sentia pelos outros. Neste
Em um dia de dezembro de ínterim, tanto o poderoso carisma de
1925, à meia noite, Meishu-Sama Meishu-Sama quanto os inacreditáveis
começou a receber as primeiras casos de cura e de recuperação de
revelações, através das quais doentes passaram a repercutir, atraindo
descobriu o grande Plano Divino um grupo rapidamente crescente de
para eliminar do mundo todos os seguidores pessoais. Era só uma questão
infortúnios, tais como: doenças, de tempo para que as qualidades de sua
pobreza e conflitos. Ao mesmo liderança se tornassem evidentes e lhe
tempo, tomou conhecimento de que fosse confiada à direção de um templo da
ele fora o escolhido pelo Criador Oomotokyo em Tóquio. No entanto, a
partir daí, foi que seu trabalho alcançou
uma dimensão bem diferente, aproximava a Era do dia, marco inicial de
passando a divergir da corrente uma nova civilização. Dias mais tarde,
principal da Oomotokyo. Na época, instalou-se em seu ventre uma "Bola de
essa seita ainda estava afeita a Luz", conhecida em sânscrito como
fatores culturais e nacionalistas: Cintâmani e em japonês como Nyoi-
roupas e alimentos ocidentais eram Hoshu, sendo Hoshu=Cinta, termos que
proibidos, dentre muitas outras em português correspondem à palavra
restrições. bola; Nyoi=Mani cujo significado é "força
Registros contemporâneos, capaz de realizar todas as vontades".
contudo, atestam que a orientação Durante a Era da Noite essa
de Meishu-Sama era realista e "Bola" permaneceu sob o domínio do
liberal. Ele preocupava-se, Dragão. No momento em que a Aurora
basicamente, com coisas práticas. começou a desapontar, Meishu-Sama a
Meishu-Sama jamais se envolveu recebeu e passou a usufruir um poder
em movimentos políticos ou capaz de concretizar a estrutura do Reino
ideológicos dentro ou fora da do Céu na Terra, oferecendo assim aos
Oomotokyo. Dedicou-se por inteiro, a homens meios concretos para criarem um
ajudar os que sofriam, ensinando, mundo de verdade, virtude e beleza..
também, o significado da fé religiosa E, a partir de então, tornou-se um
e o que ela envolvia. Foi, antes de poderoso e inesgotável manancial de Luz
tudo, um mestre, e assim Divina, energia que lhe permitia obter o
permaneceu o resto da sua vida. único método autêntico de cura. Contudo,
Vivenciou a sua crença na igualdade até 1935, Deus não lhe revelaria que essa
entre os homens, sendo sempre desconhecida força em expansão, a Luz
capaz de entrar em contato com Divina, seria o que se conhece por Johrei.
criaturas de diferentes níveis. A O procedimento divergente de
todas, inspirava completa confiança. Meishu-Sama, na Oomotokyo, aliado ao
Quando iniciou suas atividades crescente número de membros daquela
normais de cura em 1928, muitos seita, que o seguiam, geraram motivos
naturalmente o procuravam para para causar-lhe antagonismo,
obter dele ajuda e conselhos. especialmente da parte dos líderes. Na
atmosfera tensa do início dos anos 30,
qualquer tipo de discordância já
encontrava terreno fértil para gerar
polêmica. Alguns fanáticos dentro da seita
ficaram tão fortemente contrários às
atividades de Meishu-Sama a ponto de o
deixarem preocupado, pois os ataques
eram abertamente dirigidos a ele e aos
seus seguidores.
Em 1934, a posição de Meishu-
Sama na Oomotokyo ficou insustentável.
Deixou-a, desse modo, para fundar uma
nova organização religiosa, cujo início se
Foi assim que, na concretizou mediante a formalização de
madrugada de 15 de junho de 1931, um serviço próprio de culto com orações.
Meishu-Sama, acompanhado de sua Assim, estava constituída a Igreja de
esposa e 30 discípulos subiu ao Meishu-Sama "Dai Nipon Kannon Kai" (A
Monte Nokoguiri para aguardar o Grande Sociedade Japonesa de Kannon).
nascer do Sol e fazer oração. Portanto, ele ficava, doravante, em
Ao alvorecer, recebeu a condições favoráveis para pôr em prática
extraordinária revelação de que se à missão que Deus lhe confiara e que
deveria servir de transição para o
advento da Nova Era. Pela primeira
vez, surgia uma doutrina no campo
religioso baseada em um conceito
científico, fato até então
completamente inédito no trato das
coisas sacras. Oito anos já se
haviam passado desde as primeiras
revelações em 1926. Durante todo o
tempo em que Meishu-Sama
permaneceu na Oomotokyo, pensou
muito sobre se deveria formar um
grupo independente. Porém, só se No começo, apenas a Meishu-
decidiu a agir nesse sentido após ter Sama era concedido por Deus o poder de
absoluta convicção de que o seu canalizar o Johrei. Como as curas eram
trabalho poderia ser realizado melhor prodigiosas, muitos doentes iam procurá-
fora do que dentro da seita a que ele lo em busca de uma orientação pessoal.
se havia dedicado por tanto tempo. Isso fazia com que Meishu-Sama
Sua saída foi provavelmente o único trabalhasse até altas horas da noite,
caminho encontrado para edificar a embora soubesse que somente uma
obra da qual fora incumbido pelo pessoa jamais poderia salvar toda a
Criador, embora nada ainda lhe humanidade. Finalmente, ainda em 1935,
houvesse sido relevado por Deus logo após o estabelecimento de "A
sobre a Luz Divina que seria Grande Sociedade Japonesa de Kannon",
canalizada com o surgimento do Deus revelou a Meishu-Sama como a
Johrei. Várias centenas de energia espiritual do Johrei poderia
seguidores da Oomotokyo também ser canalizada por outras
permaneceram com ele. As fileiras pessoas. Bastava, apenas, que ele
de seus adeptos continuaram a escrevesse a palavra "Luz" (Hikari) em
serem engrossadas por muitas algum objeto para que este ficasse, a
adesões. Nos primeiros anos do seu partir de então, impregnado da própria
trabalho missionário de cura, Energia Divina da qual se tornara o
Meishu-Sama basicamente apenas instrumento. Desse modo, Meishu-Sama
recorria a orações, ainda que nele se passou a confeccionar medalhões
expandisse a energia de Luz Divina. (Ohikaris) para o uso individual dos seus
Em 1935, por revelação de Deus, seguidores, utilizando-se de pedaços de
passou a ter consciência dessa papel de seda de tamanho, formato e
energia espiritual - o Johrei - e a ser espessura adequados. Assim, qualquer
o seu primeiro canalizador para a pessoa que usasse o Ohikari, por ele
cura de doenças. O Johrei, no preparado e a ela outorgado, podia
tratamento das enfermidades, canalizar a Luz Divina do Johrei. Desse
demonstrou ser, sem qualquer modo, o próprio membro teria a certeza de
comparação, muito mais eficaz que que não mais se encontraria só quando
as orações. orasse a Deus. Meishu-Sama começou,
desde então, a instruir seus discípulos e a
falar-lhes da revelação que recebera de
Deus. Os primeiros seguidores
contemplados com o Ohikari passaram a
ministrar o Johrei aos seus familiares e
amigos, com notáveis e inesperados
resultados.
Em conseqüência, o novo
grupo das pessoas portadoras do
Ohikari dedicou-se a espalhar o
significado do Johrei e a praticá-lo
com mais fervor, ficando, portanto,
livre das críticas doutrinais e
comportamentais da Oomotokyo.
Para denominar a Igreja
recém fundada, Meishu-Sama fez
questão de incluir o nome de
"Kannon". Vários motivos existiam
para isso. Um primeiro motivo era
político: qualquer alusão a que a
força de cura emanava de Deus Durante quinze anos, Meishu-
seria o mesmo que afirmar que a Sama visou a elucidar aos seus adeptos o
pessoa portadora do Ohikari tinha significado de "amor de Deus" e a
um poder pelo menos igual ao que necessidade de arrependimento pessoal
possuía o imperador, criatura que na de cada um, através do constante
época era considerada um "deus emprego da frase: as graças de Kannon.
vivo". A Igreja se tornaria passível de Finalmente, em 1950, o grupo foi
acusação de lesa majestade e seria, reorganizado como Sekai Meshiakyo
provavelmente, condenada. Um (Igreja Messiânica Mundial) e daí por
segundo motivo, mais importante diante cessaram, quase que totalmente,
ainda, é que Kannon sempre foi as referências a Kannon, nos escritos de
familiar para os japoneses. Isto era Meishu-Sama. As exposições do fundador
vital, porque Meishu-Sama tinha que sobre a natureza de Deus e de Seus atos
ter muito cuidado para começar de no mundo derivaram das revelações por
maneira simples a propagação dos ele obtidas. Uma análise dos
seus inéditos Ensinamentos, de Ensinamentos de Meishu-Sama, para
modo que as pessoas pudessem determinar exatamente o que ele
melhor entendê-los. Nada existia nas aprendeu nas primeiras revelações
tradições religiosas do Japão para indicam quatro pontos principais: 1) Deus
ajudar o povo a compreender e mostra aos homens o caminho do
aceitar a existência de um único arrependimento; 2) Deus confia aos
Deus que ama todas as pessoas. No homens a tarefa sagrada de construir um
entanto, Kannon podia ser mundo de Verdade, Virtude e Beleza; 3)
considerado como intermediário de Deus informa aos homens que aqueles
Deus, a divindade que comunicava a que não se arrependerem serão punidos
vontade do Céu na Terra. Por este no julgamento; 4) Deus concedeu a
motivo, a referência a "Kannon" Meishu-Sama a responsabilidade de
permaneceu quando o nome da transmitir estas coisas para todos os
Igreja foi alterado em agosto de homens. Assim, através de Meishu-Sama,
1947. o Johrei foi dado a conhecer ao mundo,
atraindo multidões para serem curadas.
Os resultados obtidos pelo Johrei
contribuíram para que muitos aceitassem
a existência de Deus. Desse modo,
mesmo enfrentando a crescente
prepotência de um governo que
caminhava para a guerra e para a
repressão nacional, o número de seus
adeptos aumentava cada vez mais.
Investido, então, de um passaram a ministrá-lo, inicialmente a
poder ilimitado, passou a dedicar-se familiares e amigos, com resultados
em tempo integral à salvação da surpreendentes.
humanidade. Nos primeiros tempos, Ainda nesse mesmo ano (1935),
quando Meishu-Sama começou a Meishu Sama fundou a primeira igreja,
curar doenças através do Johrei, a mas logo foi obrigado a fechá-la. Por
Era do Dia estava apenas no início e imposição do regime militar, não havia
a Luz Divina estava ainda bastante liberdade de crença. Daí, as autoridades
fraca; por essa razão, somente Ele japonesas ordenaram-lhe que não
era capaz de canalizá-la e, assim misturasse ensinamentos religiosos com
mesmo, empregando força física por trabalho de cura. Impuseram-lhe a
meio de massagens, feitas com a escolha entre um ou outro. Optou, então,
ponta dos dedos, em determinadas pela cura.
partes do corpo.
GUERRA

Por volta de 1937, acentuou-se


mais o controle dos militares, que
começaram a sufocar a vida das igrejas e
a dos grupos religiosos de todos os
credos. As novas doutrinas místicas,
incluindo a Oomotokyo, foram tratadas
ainda com maior severidade. Para "A
Grande Sociedade Japonesa de Kannon",
o primeiro golpe foi a proibição de
Também nessa época, qualquer tipo de cura sob o patrocínio de
Meishu-Sama adquiriu a firme grupo religioso. Em resposta a isto,
convicção de que o Johrei resolveria Meishu-Sama parou com todas as suas
todos os problemas da humanidade. atividades públicas de ensinamentos.
Imbuído de tamanha certeza, Manteve, porém, o seu grupo unido pela
começou a divulgar essa verdade, continuidade da prática do Johrei em
tendo, como suporte, a própria todos os lugares possíveis, ensinando aos
experiência resultante de suas outros como ministrá-lo. Foi ainda durante
pesquisas e observações. Procurou os meados dos anos 30 que ele iniciou a
então uma forma de outorgar para prática da agricultura pura para mostrar o
toda a humanidade a Luz que estava verdadeiro método de cultivo a ele
nele. Foi assim que descobriu ser inspirado por Deus. Até 1943, a maioria
possível fixá-la em papel, através da dos seus seguidores morava e trabalhava
letra. A partir daí, escrevia em Tóquio, com exceção de alguns que
diariamente a palavra Ohikari (Luz). foram para diversas localidades realizar
Depois de prontos dez pacotes, cada seminários e ensinar a ministrar o Johrei.
um com cinqüenta escritos, Meishu Mas quando o bombardeio a Tóquio se
Sama se concentrava durante cinco intensificou a partir de junho de 1944, boa
minutos, para impregná-los com a parte da população foi evacuada para o
Luz de Deus, centralizando assim, interior e, dentre ela, estavam muitos
em cada um dos Ohikari, toda a discípulos de Meishu-Sama. Por
força oriunda de sua "Bola de Fogo". ocorrerem estes freqüentes
Dessa forma, começou a conceder deslocamentos forçados, criou-se uma
aos seus seguidores (Mamehito) oportunidade favorável para a introdução
permissão para canalizar Johrei. do Johrei em localidades que, de outra
Desde então, todos os Mamehito forma, não seriam atingidas de modo tão
fácil. Os acontecimentos perversos da
guerra, especialmente em Tóquio, museu de artes no jardim de Hakone,
deram às pessoas o ensejo de reunindo valioso acervo de obras primas
constatarem os reais benefícios do de origens japonesa, chinesa e coreana.
Johrei, através do ministério de Dentre a coleção da arte japonesa,
Meishu-Sama e de seus incluem-se pinturas de Ogata Korin e
colaboradores, em curar os feridos e Sotatsu, caligrafias e trabalhos em laca
em aumentar a proteção daqueles por Hon'ami Koetsu e cerâmicas por
que ainda não haviam sido atingidos. Ninsei, Ogata Kenzan e muitos outros.
Dos vinte seguidores que estavam Todas refletem na sua escolha, o fino
em Hiroshima quando caiu à bomba senso artístico de Meishu-Sama, um
atômica, nenhum morreu. Todos eles pintor de sublime sensibilidade, mestre
portavam o Ohikari, medalhão que inexcedível em caligrafia, cerâmica,
continha um pedaço de papel no decoração, arranjo de flores e cerimônia
qual estava escrito por Meishu-Sama de chá, além de primoroso poeta
a palavra "Luz". Após o fim da devotado à causa que Deus lhe deu como
guerra, novos horizontes se abriram missão. A coleção diversificada que ele
para as religiões, no Japão. Todas formou, em poucos anos - um tesouro
as restrições foram abolidas e a artístico de valor incomensurável - é
liberdade de culto foi assegurada considerada uma das mais preciosas do
pela nova constituição. O grupo de Japão.
Meishu-Sama foi reconhecido como
sendo algo mais do que uma
sociedade de cura e, por isso, foi-lhe
permitido formar-se como uma
organização religiosa. O conceito
central da fé ensinada por Meishu-
Sama é que o homem irá participar
da construção do Paraíso na Terra,
com a ajuda do poder de cura do
Johrei. Meishu-Sama também
ensinou que o Belo na Natureza e
nas artes criativas exerce uma
engrandecedora influência no
aprimoramento da alma. Embora
destacasse que as saúdes espiritual MESTRE E PASTOR
e física são as condições mais
importantes para que a pessoa Meishu-Sama evitou qualquer
desempenhe a missão da sua vida, tipo de adulação que poderia desenvolver-
ele constantemente referia-se à se num culto. Aqueles que o conheceram
importância da beleza no nosso descrevem sua liderança, bem definida
ambiente cotidiano. Durante a por qualidades carismáticas derivadas do
guerra, Meishu-Sama comprou amor, da humildade, da simplicidade e do
algumas áreas de terra em Hakone e calor humano. Respondia pessoalmente
Atami com a intenção de construir cada carta recebida e, com freqüência, a
locais apropriados e favoráveis à resposta por ele enviada por si só já era
inspiração para a contemplação do suficiente para ajudar pessoas que ele
Belo, desde que neles os valores nunca havia conhecido Como tinha
estéticos preponderassem. Após a memória prodigiosa, estava sempre a par
guerra, ele construiu jardins das condições individuais de cada pessoa.
aprazíveis em ambos os locais de Assim, acompanhava a recuperação dos
acordo com os modelos traçados por doentes, aos quais também aconselhava.
Deus. Em 1952, inaugurou um
Um caso que demonstra sua total denodado fervor para que conseguisse
atenção ocorreu pouco antes do fim um veículo que a conduzisse até Atami, o
da guerra. Uma mulher, após ficar 15 que aconteceu no dia seguinte. Lá, sob os
anos imobilizados na cama, por um cuidados de Meishu-Sama, ela logo se
problema de coluna vertebral, ao recuperou. Muitas pessoas ainda se
receber o Johrei ministrado por lembram de uma reunião que ocorreu em
Meishu-Sama, voltou a caminhar. No 1943. Tinha-se juntado a ele um grande
entanto, após algum tempo, ficou grupo, incluindo militares de alta patente e
com a parte inferior do seu corpo empresários. Era tempo de guerra e
paralisada, não podendo mais andar. Meishu-Sama estava impedido de fazer
Tratava-se de pessoa bastante ativa divulgação religiosa. Apesar dessa
e que tinha satisfação em ajudar os proibição, quando um solitário estudante
outros. secundarista se levantou e começou a
fazer-lhe perguntas sobre o significado
teológico do Johrei, as respostas de
Meishu-Sama foram diretas, sem
nenhuma evasiva. Tratou o assunto com a
firmeza e com a profundidade adequadas.
Assim, mereceu dele o mesmo respeito
dispensado a um adulto. Antes e durante
a guerra os anos foram penosos para
Meishu-Sama, que foi forçado pelas
autoridades a parar com muitas das suas
atividades. Proibido de praticar
Meishu-Sama esclareceu, abertamente a cura como um líder
no seu Ensinamento "A Minha Luz", religioso, teve que prosseguir em sua
o processo pelo qual tal milagre tarefa de uma forma parcial e clandestina.
ocorria: "Muitos doentes me pedem Após a guerra, quando as pessoas
ajuda enviando telegramas de passaram a ter liberdade de culto,
localidades longínquas e recebem multiplicou-se, rapidamente, o número de
graças. Assim que tomo membros da Igreja, tornando-se
conhecimento de um pedido, um necessários novos prédios e instalações.
segmento da Luz se separa de mim Assim, durante vários anos, o demorado
e imediatamente chega até o trabalho de planejamento, que só cabia a
solicitante, que recebe a graça Meishu-Sama, impediu-o de dedicar-se
através do fio espiritual". com mais tempo à sua atividade de cura.
Meishu-Sama, ao ficar
ciente desse fato, telefonou-lhe e
pediu-lhe que se dirigisse
urgentemente a ele. Era 1945 -
época de guerra - e, portanto, muito
problemático se encontrar um táxi
disponível. Ela não tinha condições
físicas de tomar o trem de
Yokossuka para Atami, para receber
o Johrei. Além disso, ela ignorava
totalmente o quanto o seu estado de Na 1ª Sessão de seu julgamento
saúde era grave e preocupante.
Todavia, alertada sobre tal situação, Em 12 de julho de 1950 Meishu-Sama foi
pois tinha confiança absoluta em acusado formalmente de infração da Lei
Meishu-Sama, passou a rezar com dos assuntos econômicos e suborno.
A primeira sessão foi Mamehito o assistiam no trabalho do
realizada em 11 de outubro tendo Johrei e o número de freqüentadores
um total de 41 sessões que duraram aumentava cada vez mais. Uma
2 anos e 2 meses, sob fortes organização religiosa formal foi
torturas, chegando até desmaiar em estabelecida em 1947, com oito igrejas
certos momentos devido a sua filiais espalhadas pelo país. Em 1950,
fraqueza. recebeu o nome de Sekai Meshya Kyo
A sentença do julgamento (Doutrina do Messias para o Mundo). O
foi dada em dezembro de 1952 com número de Templos passou para oitenta,
a vitória da Promotoria., pois esta com algumas centenas de Casas de
alegava que Meishu Sama tinha Difusão.
confessado as acusações sem ter Quando Meishu-Sama passou
sido torturado, quando não era para o mundo espiritual, em 10 de
verdade. Os advogados do Mestre fevereiro de 1955, aos 72 anos, já contava
queriam recorrer da sentença, mas, com mais de 150 mil seguidores no
ele não permitiu, ele comentou: Japão. Em menos de dez anos, conseguiu
“Nossa Igreja se expandiu organizar a Igreja, formar Ministros,
rapidamente atraindo ódio e inveja escrever os Ensinamentos e edificar um
de muitas sociedades. Assim com a museu com valiosíssimas coleções de
condenação de hoje, tais obras de arte orientais.
sentimentos serão desfeitos o que é Também do ponto de vista
benefício para nós”. organizacional, essa nova e inédita
O grupo que pertencia a religião, fundamentada em conceito
Igreja que havia sido preso junto científico, introduziu alterações após a
com Meishu Sama acatou a ordem guerra. Na sua primeira reestruturação,
dele. Porém o grupo que não em 1947, "A Grande Sociedade Japonesa
pertencia a Igreja recorreu da de Kannon" passou a contar com oito
sentença, e por falta de prova, que a núcleos autônomos, cada qual liderado
confissão teria sido sob torturas, apenas por um dos seguidores mais
esse grupo ganhou na justiça e diretos de Meishu-Sama. O núcleo de
consequentemente Meishu Sama e Miroku cresceu rápido e, isoladamente,
os outros também. tinha mais membros que o total dos outros
sete somados. No ano seguinte, este
principal núcleo da Igreja de Meishu-Sama
tornou-se legalmente independente sob o
nome de Nihon Miroku Kyokai ("Igreja
Miroku no Japão"). Porém, em 1950 foi
novamente reagrupado aos outros
núcleos, sob a denominação única de
Sekai Meshiakyo (Igreja Messiânica
Mundial), todos sob a direção exclusiva de
Meishu-Sama. De início, os membros
foram distribuídos em três diferentes
DESENVOLVIMENTO PÓS- agrupamentos. Por dificuldade de
GUERRA administração, no ano seguinte, foi
Foi somente após a restabelecido o sistema anterior de 80
Segunda Guerra Mundial que a núcleos, todos diretamente
liberdade de culto passou a ser supervisionados pela Igreja Matriz dirigida
garantida pela Constituição por Meishu-Sama. Ao todo, foram
japonesa. Meishu-Sama pôde, constituídos 80 núcleos. Ao completar 68
então, dedicar-se livremente à sua anos, em 23 de dezembro de 1950,
missão. Nessa época, centenas de Meishu-Sama anunciou que iria escrever
"A Criação da Civilização", onde Ensinamentos de Meishu-Sama e, como
revelaria, por desígnio da conseqüência, permaneceram sem a
Providência, o amplo e profundo verdadeira compreensão a respeito dos
significado do Johrei. Este livro, a princípios básicos da Fé.
verdadeira Bíblia da nossa fé, traz os Nos dez anos seguintes, dedicou-
Ensinamentos essenciais da nossa se somente à salvação daqueles que
religião. Em 1953, dois núcleos vinham procurá-lo, impregnando a Luz
foram abertos nos Estados Unidos, Divina como se fosse um tratamento,
num esforço de iniciar a propagação visando apenas à cura física. Mesmo
da fé por todos os países. Quando assim, as pessoas que se aproximavam
Meishu-Sama faleceu, em 10 de dele sentiam intensamente a presença de
fevereiro de 1955, tinha 72 anos. Deus; por isso retornavam e o indicavam
a outras. Dessa forma, o número de seus
seguidores ia aumentando.
É de se notar ainda que todos os
grandes mestres do passado também
realizaram milagres e curaram doentes.
Nenhum deles, porém, legou tal poder a
todos os seus seguidores. Já, o fim da
vida terrena de Meishu Sama, não
interrompeu a canalização do Johrei. Pelo
contrário. Como ele mesmo previa a "Bola
de Fogo" que possuía uma vez liberta das
limitações do corpo físico, aumentou ainda
mais, permitindo a todos os Mamehito
efetuarem curas prodigiosas.
À medida que o tempo passa, as
profecias de Meishu-Sama vão se
Milhares de pessoas
confirmando. A contaminação dos
estavam presentes no seu funeral:
alimentos por agrotóxicos, o aumento dos
Grandioso tributo a um homem que
índices mundiais de criminalidade,
tanto tinha feito para ajudar ao
resultante da obnubilação do corpo
próximo. Naquela época, a Igreja
espiritual pelas máculas, o agravamento
não estava adequadamente
das enfermidades existentes e o
preparada para prosseguir sem ele,
surgimento de novas e terríveis moléstias
pois a maioria dos membros ainda
- muitas delas causadas pelos próprios
não havia atingido um grau de
medicamentos utilizados pela moderna
conscientização suficiente dos
ciência médica - são hoje fatos
Ensinamentos de Meishu-Sama. Os
incontestáveis.
seus seguidores mais imediatos, que
praticavam o Johrei, tinham sobejas
experiências de seus benefícios,
pois haviam salvado da morte
inúmeras pessoas gravemente
enfermas e, também, evitado a
invalidez em outras. Entretanto, os
resultados maravilhosos das
experiências com o Johrei fizeram
com que muitos discípulos o
considerassem como meio e fim da
Nada, pois, a não ser o poder da Luz, poderá
sua fé. Deixaram, por conseguinte, livrar a humanidade de tantos infortúnios.
de estudar com mais afinco os
FILOSOFIA DE MOKITI OKADA
“Ao longo de três mil anos a humanidade veio se afastando cada vez mais
da Lei da Natureza que é a Lei do Universo, a Vontade de Deus, a Verdade”.
Movido pelo materialismo, que o faz acreditar somente naquilo que vê, e pelo
egoísmo, que o leva a agir de acordo com sua própria conveniência, o homem
tornou-se prisioneiro de uma ambição desmedida e inconseqüente e vem
destruindo o equilíbrio do planeta, criando para si e seu semelhante, desarmonia e
infelicidade.
As graves conseqüências do desrespeito às Leis Naturais podem ser
verificadas na agricultura, na medicina, na saúde, na educação, na arte, no meio-
ambiente, na política, na economia, e em todos os demais campos da atividade
humana. Essa situação já chegou ao seu limite. Se continuar agindo assim, é certo
que o homem acabará destruindo o planeta e a si mesmo.
O propósito da Filosofia de Mokiti Okada é despertar a humanidade,
alertando-a para essa triste realidade. Ela cultiva o espiritualismo e o altruísmo, faz
o homem crer no invisível e ensina que existem espírito e sentimento não só no ser
humano, mas também nos animais, nos vegetais e nos demais seres.
O Johrei, a Agricultura Natural e o Belo são práticas básicas dessa filosofia,
capazes de transformar as pessoas materialistas em espiritualistas e as egoístas
em altruístas, restituindo ao planeta seu equilíbrio original.
Seu objetivo final é reconduzir a humanidade a uma vida concorde com a
Lei da Natureza e construir uma nova civilização, alicerçada na verdadeira saúde,
na prosperidade e na paz".
Em função desse seu objetivo sua vida passou a ser unicamente religiosa,
dedicando-se exclusivamente na Salvação da Humanidade.
Acima já descrita resumidamente sua vida e obra. A partir daqui, alguns
fatos importantes mais detalhados.

GOSTOS E PREFERÊNCIAS DO MESTRE: ESCALADA DE


MONTANHAS
No período de 1912-1926 Meishu-Sama visitou diversas regiões para
escalar montanhas. Mas o que é que o levaria a isso?
Ao ingressar na fé religiosa o Mestre foi se elevando em direção ao topo
de sua escalada espiritual, poderemos considerar que essas seguidas escaladas
encerravam um plano profundo, determinado por Deus. No início, entretanto, para
ele próprio, talvez a intenção de se distrair e fazer exercício fosse mais forte.
A ESCALADA ESPIRITUAL
O cume do Pico Yari-ga-Take é uma rocha que parece cortada
verticalmente e por essa razão recebeu o nome de Grande Lança. Meishu-Sama
começou a subir segurando-se numa corrente que estava pendurada em ângulo
reto, mas, como a subida era muito íngreme, ele desistiu de pisar no topo. Pegou,
então o caminho a beira de um precipício denominado Yarissawa e desceu para o
Planalto Kami-Koti. Antigamente, o nome Kami-Koti também podia ser escrito com
letras que possuindo os mesmos sons, significam “interior dos muros de Deus” ou
“terra de Deus”, por isso o planalto era tido como local profundamente ligado a
Deus. Após inúmeras dificuldades para chegar ao Planalto tendo passados
momentos de perigo, escorrendo pela neve dura. Depois atravessou uma forte
correnteza agarrado num tronco de árvore, até que finalmente chegou ao Planalto
kami-Koti onde passou a noite.
Meishu-Sama registrou suas impressões com as seguintes palavras: O
Planalto kami-Koti é uma grande mata virgem. Nele, existem árvores e ervas que
nunca vi em nenhum outro lugar, e o ar de montanha acaricia-nos a pele. É um
mundo totalmente diferente distante do mundo dos homens e tem-se a impressão
de que a qualquer momento irá aparecer uma eremita de cabelos brancos”.
Meishu-Sama sempre gostara de viajar, antes mesmo de ser comerciante.
Desde jovem lavava a alma com as belezas naturais e deleitava-se com os
contatos humanos que fazia nos locais visitados. A partir do momento, porém, em
que passou a buscar Deus e alcançou o ponto mais elevado no caminho da Fé, as
viagens e escaladas começaram a ter um novo significado para ele. À primeira
vista, essas escaladas pareciam viagens de empresário. Entretanto, não as fez
simplesmente para vivenciar a beleza natural, mas pelo sentimento religioso de
querer captar ainda mais profundamente o Plano de Deus dentro da Grande
Natureza.
INÍCIOS DOS CULTOS – RECEBENDO LUZ
Meishu-Sama jamais exigia das pessoas o que ele próprio não praticava.
O mesmo acontecia no caso das entrevistas. Uma vez que dizia aos outros para
comparecerem, por maior que fosse o obstáculo, ele também agia assim. Um certo
dia ele estava com uma forte dor de dente, que ele não conseguia nem levantar a
cabeça nem por isso mudava a programação de suas atividades e jamais mostrava
seu sofrimento perante as pessoas. Ele fazia um entrega total de sua vida a tarefa
de desenvolver a Obra Divina juntamente com Deus.
Um encarregado da leitura dos ensinamentos, que sempre ia
cumprimentá-lo assim que terminava a entrevista, inesperadamente, presenciou
aquela cena. Refletindo sobre a postura do Mestre reconheceu que seria falta de
consideração se eles, que eram dedicantes, também não servissem dando suas
vidas.
Dessa forma a entrevista era uma ocasião de estudo sério, onde a
elevada espiritualidade de Meishu-Sama e seu intenso entusiasmo pela obra de
salvação do mundo se encontravam com a devoção e a sinceridade dos discípulos
e demais fiéis, sentimentos nascidos desse espírito do Mestre. Ao mesmo tempo
era uma oportunidade sagrada em que através do contato com um ser tão sublime,
as pessoas recebiam o virtuoso poder da salvação. Quando os fiéis ali reunidos em
busca do Caminho e da Luz chegavam perto dele, sentiam seus sofrimentos
desaparecem e ficavam cheios de alegria e gratidão, tendo o maior cuidado para
não perderem uma única palavra sequer do que ele dizia.
Devemos dizer que esses fatos eram realmente o resultado da influência
exercida naturalmente, sobre o coração das pessoas, pela elevada espiritualidade
de Meishu-Sama, o qual não usava de moralismo. Ele costumava dizer: “ A fé não
se ensina nem se impinge. É algo que se obtém através da virtude. Ou seja, ele
achava que o pregador não faz as pessoas entenderem a fé por meio das palavras:
é pela sua virtude que ele consegue impressioná-las.
Em 1948, quando instalou a Sede Provisória de Shimizu, em Atami, ficou
estabelecido realizar-se um Culto antes da entrevista com Meishu-Sama. Nessa.
Nessa época no palácio da Luz do Sol e na referida Sede havia uma imagem de
Kannon pintada pelo Mestre, a qual se utilizava como Imagem da Luz Divina. O
Culto, feito pelas pessoas ali reunidas sob a chefia de um dirigente era realizado
como forma de reverência à Imagem. Assim, se fizermos uma retrospectiva do
processamento dos Cultos da Igreja Messiânica Mundial, veremos que eles tiveram
origem nas entrevistas, oportunidade em que as pessoas iam a Meishu-Sama
buscar a força da salvação e manifestar-lhe seu amor e gratidão pelas bênçãos
recebidas.
JOHREI DO AMOR
Por volta de 1946 e 1947 era bem elevado o número de ministros que
haviam sido salvos de severas purificações graças ao Johrei ministrado por
Meishu-Sama. Este sempre dizia: “ Quando alguém me pede Johrei, eu atendo
mesmo que já tenha ido dormir e precise me levantar”. Era muito comum as
pessoas lhe solicitarem Johrei nos momentos críticos da purificação e, ao recebê-
lo, logo se sentirem aliviadas. Quando alguém ficava agüentando o sofrimento e
não lhe pedia Johrei, por achar que se o fizesse iria atrapalhar seu trabalho, ele
passava-lhe uma repreensão, dizendo: “ É pecado fazer cerimônia para pedir
Johrei”.
PEDIDO DE PROTEÇÃO
Nessa época, Meishu-Sama recebia vários pedidos de proteção,
provenientes dos mais diversos pontos do país, que chegavam à sua casa
diariamente. Nele, o remetente escreveu seu nome, endereço, idade, sexo, data
em que ingressara na Fé, nome da Igreja a que estava filiado e a situação da
purificação.
O fato que se segue aconteceu por volta de 1948 ou 1949. Como sua
esposa, Tamako tivesse tido um ataque de eclampsia (estado compulsivo) após o
parto e corresse risco de vida, katusuiti Watanabe (porteiro Reverendíssimo
Watanabe e pai do presidente da IMMB reverendo Tetsuo Watanabe) enviou a
Meishu-Sama um telegrama de “pedido de Proteção”. Em pouco tempo ele
melhorou e Watanabe apressou-se a mandar outro, desta vez, em agradecimento.
Uma semana depois, quando se acreditava que o caso estivesse
liquidado, Tamako teve uma recaída. Vendo a gravidade do seu estado, ele
começou a preparar-se para a sua morte. Entretanto, pensando que talvez ela
ainda pudesse ser salva, enviou a Meishu-Sama um novo “Pedido de Proteção”.
Sentado a sua cabeceira tomava-lhe a pulsação a toda hora. Já fazia mais de dez
minutos que esta havia parado, mas Watanabe continuava entoando uma oração,
desesperado. Seus seis filhos pequenos, reunidos à cabeceira da mãe, choravam,
dizendo: “Mamãe já morreu”.. O pai procurou consolá-los: “A mamãe vai para um
lugar muito bonito”. Mas ele mesmo sentia o coração apertado, de tanta tristeza.
Exatamente nessa hora a pulsação voltou, com batidas ritmadas. Atento
às reações da esposa, Watanabe viu que o seu rosto ia retomando a cor normal e
que ela recomeçava a respirar. Dali a pouco abriu os olhos e meio atordoada,
perguntou, onde estava e aos poucos retomou sua vida normal. Cerca de um mês
depois Tamako foi agradecer a Meishu-Sama, acompanhada do marido. Nessa
ocasião, ministrando-lhe Johrei, o Mestre disse: “Agora já não há mais perigo, mas
eu também fiquei assustado quando recebi o segundo telegrama, achando que a
situação não era nada boa. Então, fiz um pedido especial a Deus”. Ouvindo isso,
Watanabe desatou a chorar, sua gratidão era tão grande, que ele não conseguiu
dizer uma só palavra.
Esses telegramas de Pedido de Proteção eram tratados com um cuidado
todo especial, porque se ligavam a obra Divina de salvação. Se alguém se
atrasasse para entrega de algum pedido Meishu-Sama dizia que a pessoa tinha
falta de sinceridade porque seja uma pessoa que entende os problemas e
sofrimentos dos seus semelhantes. Isso é sinceridade. Meishu-Sama costumava
repetir: “Quando a gente quer, logo entende o sentimento das outras
pessoas”, e também: “Alegra o próximo é o meu divertimento”. Por
conseguinte, ele captava profundamente o sentimento de todos que procuravam a
salvação através daquele apelo desesperado, não conseguindo deixar de
estender-lhe imediatamente sua mão salvadora.
MUDANÇA NO MÉTODO DO JOHREI
Assim, o Johrei foi sendo difundido por todo o país, como círculo da
salvação, pelos fiéis que captavam os sentimentos de Meishu-Sama. Até 1950, ele
era ministrado tocando-se o corpo da pessoa, mas, a partir de então, passou a sê-
lo de uma certa distância (basicamente, cerca de trinta centímetros). Em dezembro
daquele ano, no artigo intitulado “Mudança no método do Johrei”, publicado no
Jornal Eikô, o Mestre explicou o significado dessa mudança:
“Por Ordem Divina mudamos o método de ministrar Johrei e por esse
motivo eu gostaria de que, a partir de hoje, todos procedessem conforme
determinamos. A mudança foi feita com base na grande mudança ocorrida no
Mundo Espiritual. O método utilizado até aqui englobava a parte espiritual e a parte
material. Irradiando-se a Luz espiritual pela palma da mão, acrescentava-se um
pouco de força. Força é matéria e por isso, na medida em que entra a força
material, o poder da Luz diminui (...). Entretanto, de agora em diante, aquela
mudança vai se tornar “mais evidente de modo que é indispensável tirar toda a
força material, irradiando apenas a Luz espiritual. Explicando mais
detalhadamente, a Luz Espiritual de Deus chega até o Ohikari de todos os fiéis
através do elo que os liga a mim, sendo irradiada, pela palma da mão, para a parte
afetada do doente. Portanto, daqui para frente devem transmitir a Luz sem colocar
força, e num estado de espírito leve e descontraído”.
A primeira fase do método do Johrei foi estabelecida em 1934. por
ocasião da inauguração do Õjin-Dõ, após Meishu-Sama ter-se conscientizado do
poder espiritual que lhe fora atribuído por Deus através da Revelação Divina
recebida em 1926. Depois de ter sido praticado de diversas maneiras, em
dezembro de 1950, com o desenvolvimento da Providência Divina, o Johrei teve a
sua forma definida apresentando-se como método de salvação eterna.
Em 1952, a partir do Culto do Início da Primavera, realizado no mês de
fevereiro, Meishu-Sama começou a ministrar Johrei após o término de todos os
ofícios religiosos. Por ser dirigido a um grande número de pessoas ao mesmo
tempo, esse Johrei foi denominado “Johrei coletivo”.
ATIVIDADES ESCRITURAIS – LIVROS
As atividades escriturais de Meishu-Sama tiveram início na época da
fundação da Igreja. Estando-se numa situação social em que havia controle sobre
o pensamento e livre pronunciamento das pessoas, todos os atos do Mestre
estavam sob a rigorosa vigilância das autoridades e, pouco depois, até suas
atividades religiosas concretas foram proibidas. Por conseguinte, embora ele
escrevesse teses, não podia exprimir-se como desejava, nem publicá-las.
No ano de 1942, por milagre, o primeiro e o segundo volume do livro “A
Medicina do Futuro” foram aprovados para edição. Assim, e 1943, foi possível
realizar uma reunião comemorativa do lançamento do livro. Ainda no mesmo ano
ele publicou o terceiro volume dessa obra e outra intitulada “A Verdadeira Face da
Tuberculose”, em um só volume; infelizmente, alguns meses depois, esses livros
foram censurados, por intervenção da policia.
Em agosto de 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, a liberdade
de expressão ficou garantida e Meishu-Sama pode voltar às atividades
interrompidas. Inicialmente, reuniu os três volumes de “A Medicina do Futuro” em
um só, publicando-o com o título “Boas-Novas do Paraíso”. Trata-se de uma
coletânea de textos daquela obra selecionados por ele próprio e adequados à nova
época. No prefácio, o Mestre escreveu:
“O maior e último objetivo da humanidade é em poucas palavras a
felicidade. Certamente não há ninguém que negue isso. Entretanto, para aqueles
que deseja alcançar a felicidade e também para aqueles que já a alcançaram e
querem preservá-la“ a saúde física” indiscutivelmente é algo que não pode ser
dissociada dela. Jesus de Nazaré disse que de nada adianta ter o mundo nas
mãos e perder a vida, o que realmente é uma verdade”.
Em setembro de 1948, publicou uma coleção de teses intitulada “Assuntos
Diversos sobre a Fé”. Ensinamentos onde se expõe todo que desejava em termos
de conteúdo religioso.
No prefácio ele explica que os textos foram escritos com base em sua
experiência sobre os grandes sofrimentos da vida, como, por exemplo, o que é
causado pelas dívidas e pela doença. Relembra também seus trinta anos de vida
religiosa, em que, com a proteção de Deus e o apoio das pessoas, veio vencendo
esses sofrimentos. E encerra com estas palavras “Procurei escrever de modo
compreensível, tanto para os crentes como para os descrentes, para os estudiosos
e para as pessoas comuns e ficarei muito feliz se a leitura deste livro servir ainda
que pouco, para atingir o objetivo de paz e tranqüilidade espiritual”.
A partir de “Assuntos Diversos sobre a Fé”, Meishu-Sama publicou muitas
teses, sendo que o número de artigos escritos por ele durante toda a sua vida é
superior a dois mil. Seu conteúdo versa sobre Religião, Política, Economia,
Educação, Ciência, Arte e todos os outros setores da vida humana. Assim, as
diretrizes para a Construção da Verdadeira Civilização foram sendo lançadas umas
após outras.
Entre os artigos escritos pelo Mestre existem os que ele destinou aos fiéis
como Ensinamentos e também os que foram publicados e vendidos à sociedade
em geral, como, por exemplo, Tratamento da Tuberculose pela Fé, Salvar os
Estados Unidos, Coletânea de Milagres da Igreja messiânica Mundial e outros.
Entre os artigos publicados naquela época, havia alguns cujo conteúdo
contradizia os conhecimentos científico e o senso comum da medicina então
vigentes. Obviamente, isso era ensinado por Meishu-Sama através de sua
inteligência sobrenatural, nunca vista antes. Entretanto, após a ascensão do
Mestre, inclusive no sentido de evitar choques com o pensamento da sociedade,
achou-se prudente interromper durante algum tempo a publicação desses artigos.
Depois de muitos estudos, editou-se a série intitulada “Alicerce do Paraíso”
contendo artigos escolhidos entre as teses de conteúdo exclusivamente religioso.
COLETÂNEA DE POEMAS
Além de escrever Ensinamentos, Meishu-Sama escrevia poemas; no
decorrer de sua vida, compôs cerca de 5.500. São composições onde ele canta a
natureza, os sentimentos e também a Religião, abrangendo, portanto, uma vasta
área. Alguns são entoados como salmos, outros expressam os seus sentimentos
em épocas de sofrimento e ainda, suas emoções como a alegria e a tristeza, a ira e
os desejos que sentiu como ser humano.
Quando as atividades religiosas passaram a serem desenvolvidas
oficialmente, com a Instituição da Igreja Kannon do Japão, o Mestre publicou a
Coletânea de Salmos, editada em julho de 1948. Nela estão contidos os poemas
entoados nos cultos em forma de salmos. No prefácio comenta: “A poesia Waka
tem um poder misterioso. Consegue-se expressar em apenas 31 sílabas o que não
se consegue dizer com milhares de palavras. E o seu poder de mover as pessoas,
então, é inimaginável. O livro reúne poemas que eu próprio escolhi e que, entre
outros temas, cantam os sentimentos, a moral e as virtudes, expressando aquilo
que eu sentia na ocasião em que os escrevi. Como não sou poeta, compus a
maioria sem pensar muito, exprimindo-me com naturalidade. Meu único cuidado foi
torná-los de fácil compreensão, mantendo a elegância e a beleza do espírito das
palavras”.
Em 30 de novembro de 1949 foi publicada a coletânea poética intitulada
“Akemaro Kin’eishu” (As ultimas composições de Akemaro), constituída de 486
poemas compostos por Meishu-Sama entre janeiro de 1936 e setembro de 1949.
Neles, expressa francamente o seu estado de espírito desde a fundação da Igreja.
ÓRGÃOS INFORMATIVOS
Logo após a publicação do livro “Assuntos Relacionados à Fé”, em 1948,
lançou uma revista mensal e um jornal semanal (este, mais tarde, passou a sair de
dez em dez dias). A revista recebeu o nome de “Tijõ Tengoku” (Paraíso Terrestre)
e teve o seu primeiro número editado em dezembro de 1948. As capas dos
números 1, 2 e 3 apresentavam imagens coloridas de Kannon pintadas por Togõ
Seiji (1897-1978).
Paralelamente ao lançamento da revista “Tijõ Tengoku”, Meishu-Sama
institui a Empresa Jornalística Hikari, Em março de 1949, foi lançado o Jornal
“Hikari” (luz), cujo nome foi mudado, posteriormente para “Eikõ” (Glória). A
empresa iniciou suas atividades sediadas no Distrito de Minato, em Tóquio,
mantendo, também um escritório no bairro Higashiyama em Atami. O mestre
participava do trabalho como redator-chefe, repórter e revisor. Por conseguinte,
não só ele escrevia Ensinamentos, em forma de teses, para o jornal “Hikari” como
também colaboravam todos os meses na revista “Tijõ Tengoku”, além de continuar
compondo poemas assinados com o nome artístico de Akemaro Lia, ainda, as
matérias enviadas pelos fiéis, inclusive as Experiências de Fé e dava instruções
para a redação do jornal e da revista.
Os ensinamentos eram elaborados diretamente por Meishu-Sama, mas
ele os pregava com a postura de representante de Deus. Conseqüentemente,
tratava-os como palavras do Criador Existem diversas provas de que elaborava
seus ensinamentos no estado espiritual de união com Deus, inclusive a própria
força do que ele ditava. Meishu-Sama chegava a ditar doze ou treze folhas de
papel sulfite por hora por isso os Ensinamentos iam se acumulando. Certo dia
disse: “Os artigos estão sobrando. Portanto, estreite as margens do jornal “Eikõ” e
procure colocar o máximo de letras que puder”. Fez-se então o possível para que
fosse publicado o maior número de artigos seus.
Mas o Mestre não escrevia apenas para os órgãos da Igreja. Como era
uma pessoa para a qual convergia a tenção da sociedade, jornais e revistas de
outras religiões solicitavam sua colaboração. Era freqüente chegarem pedidos
especificando o número de laudas e os temas. Ele os aceitava sem nenhuma
preocupação, ele ditava-os mostrando muita alegria.
Meishu-Sama explica que nos ensinamentos das religiões existentes
desde a antiguidade há muitos pontos difíceis de serem entendidos, razão pela
qual não só surgiram ramificações, como também, por meio deles, não se
conseguiu promover a salvação desejada. Por isso, ao ditar seus Ensinamentos ele
tomava muito cuidado para torná-los de fácil compreensão para velhos e jovens,
homens e mulheres, de todas as idades e níveis de educação ou condição social.
Conseqüentemente, não se limitava a deixar os textos na forma como os ditara.
Corrigia-os quantas vezes fossem necessárias, fazia modificações ou acréscimos
procurando formas de expressão mais compreensíveis. Às vezes chegava a passar
o Ensinamento a limpo mais de vinte vezes. Depois que ele ficava pronto pedia ao
encarregado dessa parte que o lesse e desse sua opinião. Será que se eu usar
essa expressão, os fiéis vão entender o que eu quero dizer? E você entende o que
quero dizer? Entende? Perguntava-lhe.
VOCÊ TEM LIDO OS MEUS ENSINAMENTOS?

Meishu-Sama assim resumiu o sentimento que se deve ter a ao elaborar


um texto: “Os textos refletem, através das letras, o pensamento da pessoa que os
escreveu, o qual é transmitido para o pensamento de quem lê..
Conseqüentemente, tudo aquilo que eu escrevi guiado pela Vontade Divina, irradia
a Luz de Deus para o leitor. Podemos dizer que este recebe Johrei através dos
olhos, pela Luz irradiada das letras. Assim, quanto mais a pessoa lê, mais
aprofunda sua fé, e mais purificado vai ficando seu espírito. Quanto mais a fé
ganha plenitude, mais irrefreável é à vontade de ler. Por isso, é bom que leiam
meus Ensinamentos muitas vezes, até os assimilarem bem”.
A vida de Meishu-Sama estava sempre centralizada em Deus e
diariamente desenvolvia a Obra Divina sem desperdiçar um minuto sequer. Sendo
assim, os dedicantes tinham de tomar os devidos cuidados para ajustar seus
passos com os dele. Ele dizia que se a pessoa lesse sempre os ensinamentos,
saberia naturalmente que cuidados deveria tomar para fazer esse ajuste; portanto,
não cometeria falhas. Não bastaria o dedicante ler somente com os olhos e com a
cabeça, deveria ler principalmente com o coração, pois assim poderão ser
praticados e não apenas lidos.
Meishu-Sama sempre dizia: Leia os meus ensinamentos com o
objetivo de praticá-los”. Assim, na sua vida diária, ele praticava tudo aquilo que
pregava aos fiéis. Considerando, por exemplo, que desrespeitar os horários é falta
de sinceridade, era muito exigente com os dedicantes, em relação a isso. Assim,
todos os dias, desde o momento em que acordava até a hora de dormir, seguia
rigorosamente a programação que ele mesmo estabelecera.
Pragmatismo como filosofia em ação
Adotando o pragmatismo no campo religioso, Meishu-Sama disse:
“Pretendo fundir a Religião e a vida real numa relação íntima e inseparável. Assim
ao pregar seus ensinamentos por escrito ou oralmente sempre se baseava na
crença de que eles só teriam valor se fossem praticados. Sempre mantinha
autodisciplina e que em sua vida não havia falsas aparências, existindo perfeita
coerência entre palavras e ações”.
Após a perseguição religiosa sofrida em 1950, o Mestre passou a pregar
vigorosamente a importância daquilo que escrevia. Pois dizia que a Bíblia havia
sido escrita posteriormente à ascensão de Cristo. Assim também, ele pregava de
acordo com a ocasião, mas quem iria organizar os seus ensinamentos eram os
servidores dele. E continuou dizendo: “Os jovens, daqui para frente precisam
compreender bem os ensinamentos. Se não assimilarem sua natureza ideológica,
não conseguirão realizar bons trabalhos”. Com essas palavras ele expressou a
esperança que depositava em suas próprias teses.
É preciso ler os Ensinamentos
Em novembro daquele mesmo ano, Meishu-Sama publicou, no número 80
do jornal Eikõ, o artigo intitulado “È preciso ler os Ensinamentos” onde dizia que
para aprofundar a fé e adquirir maior poder de salvar as pessoas, os fiéis
precisavam ler seus Ensinamentos. Ouvindo aquelas palavras do mestre e lendo
essa tese, o servidor que ganhara a missão de editá-los, adquiriu uma
compreensão mais profunda sobre a importância dos ensinamentos e sentiu a
grandeza da missão de editá-los, a qual lhe fora destinada. Assim, ele compilou os
que lhe pareceram mais representativos e mostrou seu trabalho ao mestre. Com a
autorização deste, publicou-os em março de 1954, no livro que recebeu o nome de
“Livro de Deus” – volume sobre Religião”.
CALIGRAFIAS E PINTURAS

Meishu-Sama caligrafando ajudado por dedicantes.


Os quadros que Meishu-Sama caligrafou durante mais de vinte anos,
desde que iniciou a Obra Divina de salvação do mundo, atingem uma quantidade
surpreendente.
Em 1931, O Mestre pintou o Hiode Kannon, em 1934 o Senju Kannon e
muitos outros quadros. Em 1936 através das atividades da Associação dos Cem
Kannon, pintou imagens de Kannon coloridas e a partir de 1941 começou a pintar
também, imagens de Komyo Nyorai e Daí Komyo Nyorai. Ainda mesma época com
o avanço da Obra Divina, ele dava de presentes a fiéis imagens de Kannon para
que divulgassem a obra pintando em grande quantidade. Pintou Kannon segurando
uma pedra preciosa ou um sutra; em cima das nuvens; sentado cerimoniosamente;
fazendo pregações; vagando pelas nuvens, etc.
Kannon é abreviação de Kanzeon Bossatsu, Deus que salva mostrando
piedade em relação às pessoas que busca salvação e as salva. Conhecido
também como Miroku.
Além das pinturas Meishu-Sama fez inúmeras caligrafias. No período final
da Segunda Grande Guerra Mundial, quando os ataques aéreos se intensificaram,
caligrafou, em letras grandes “kamikaze” (Vento Divino), Shinryu (Deus Dragão) e
ainda, Kômyo (Luz Intensa), instruindo as pessoas no sentido de que esta última
fosse colocada em cima da imagem de Kannon na hora dos bombardeios. Por isso,
todos diziam que o Kômyo era para afastar bombas.
Contam-se muitos milagres obtidos através das suas caligrafias por
ocasião da Segunda Guerra Mundial.
E mesmo após o término da guerra, quando as matérias primas e o
combustível eram escassos, só de se pendurar na parede à caligrafia “Shunkõ”
(Luz da Primavera), o recinto misteriosamente, ficava aquecido inclusive durante o
inverno. Dizem ainda, que, pendurando-se a caligrafia “Keissui” (ser abençoado
com água) numa casa cujo poço secaria, este voltava a ter água.
No início de 1946, quando a Obra Divina entrou numa nova fase, com a
rápida expansão da difusão, o Mestre começou a caligrafar mais dois tipos de
imagem da Luz Divina: Kômyo Nyorai e Daí Nyorai, além de continuar pintando
imagens de Kannon. Alguns meses depois, purificando com sarna, doença que o
deixou acamado, não pôde pegar no pincel por uns tempos; no ano seguinte,
porém, quando começou a se restabelecer, passou a confeccionar as imagens da
Luz Divina unicamente com letras, não pintando mais a figura de Kannon. Segundo
Meishu-Sama nos ensina letra é Espírito e desenho é matéria e por isso, aquela
tem um nível mais elevado. Daí podem concluir que essa modificação foi uma
Providência de Deus, decorrente da expansão da Obra Divina.
A partir dessa época, o “omamori” (protetor) constituído pela palavra
“Kõmyo” o qual levava o sinte “Nyorai” teve esta palavra substituída por “Jô”
(Purificação) com o sinte “Gyo”. Ao ser instituída a Igreja Kannon do Japão, em
1948, passou a ser caligrafada “Hikari” (Luz). Criaram-se também, mais dois tipos
de protetor, respectivamente com as palavras Kõmyo (luz intensa) e Daí Kõmyo
(Luz muito intensa). Mais tarde as palavras que constituíam as três categorias de
protetor foram substituídas por “JÔ”, “Joriki” (Poder Purificador) ou Jokõ (Luz
Purificadora) e Daí Jôriki” (Grande Luz Purificadora). Mas logo voltaram as
palavras primitivas, ou seja, “Hikari”, Kõmyo” e Daí Kõmyo, escritas em sentido
vertical, as quais continuas até o presente. A partir de 1962, o termo “omamom” foi
substituído por “Ohikari” (Luz Divina). Assim, o Ohikari usado pelos fiéis sofreu
diversas modificações trançando sua história de acordo com a Providência de
Deus ns diferentes épocas.
Meishu-Sama tinha a mão cheia de calos por fazer tantas caligrafias, que
ele colocava tanto empenho porque o Poder de Deus atuava através delas, ou
seja, elas tinham um papel central na Obra Divina. Assim, durante toda a sua vida,
pintou cerca de 7.000 figuras de Kannon e Nyorai e, incluindo os protetores, fez
pelo menos 1 milhão de caligrafias.
VIVIFICAÇÃO PELAS FLORES
Quando jovem Meishu-Sama quis ser pintor e, mais tarde, profissional de
“maki-e”. Mas como tomou o caminho da religião não se tornou uma coisa nem
outra. Mas continuou, durante toda sua vida a dispensar um grande amor a Arte,
nunca deixando de apreciar as coisas belas. E entre elas estavam as flores,
cultivando-as em seu jardim mesmo quando morou em casas pequenas. Depois
que se mudou para o solar da Montanha Preciosa, cujo terreno era bem espaçoso,
iniciou um verdadeiro cultivo, passando a ter flores das quatro estações do ano.
Assim, a flor se tornou inseparável de sua vida.
O Mestre fazia do tratamento das plantas uma tarefa diária. Andava pelo
jardim e podava-as, tirando-lhes os galhos supérfluos e dando-lhes um belo
formato. Na época em que residia no Solar da Montanha Preciosa, além de flores,
começou a vivificar árvores e ervas do jardim em vasos e cestos. Fez uma
quantidade infinita de vivificações, durante quase vinte anos, até o final de sua
vida. Com base nessa experiência ensinou que a postura com que as flores devem
ser vivificadas: “Eu jamais forço o formato das flores; vivifico-as da maneira mais
natural possível. Com isso, elas ficam bem vivas, durando bastante. Se mexermos
muito, elas morrem e perdem a graça. Sempre que vou fazer uma vivificação,
idealizo antes o seu formato, corto as flores e coloco-as imediatamente no vaso e
assim a vivificação fica mais bonita”.
A rapidez era um forte no Mestre ele vivificava em meia hora mais de dez
vasos.
As pessoas geralmente se preocupam em saber se o material a ser
empregado nas vivificações absorve bem a água. Mas o Mestre não tinha a menor
preocupação com isso. Utilizava qualquer planta da estação. A esse respeito, ele
escreveu: “É preciso conversar com as flores e vivificar seu sentimento. Se não
fizermos isso, elas não ficam contentes. Não ficando contentes, murcham logo. As
flores não gostam de ver negligenciadas as suas características, isto é, de serem
arrumadas com muita técnica, como faz a maioria das pessoas”.
Quando Meishu-Sama recebia uma visita, procurava agradá-la
ornamentando a sala com obras de arte, que ela apreciasse. Por conseguinte,
também no caso das flores, não fazia vivificações apenas para si. Ele se deleitava
com a sua beleza em companhia da família, dos fiéis e dos visitantes. Assim,
vivificava as flores, com grande respeito e por isso, em toda oportunidade, falava
sobre elas. Por exemplo: “Não há pessoas más entre as que amam as flores”, “O
Mal não gosta de flores”, “As flores dão boa influência ao Mundo Espiritual”, etc. E
elas também serviram de tema para os seus poemas, como os que seguem:
Quem deseja igualar-se
A beleza das flores,
Possui um coração
Que a elas se assemelha”

Quem desvia os olhos


Do sentimento humano
Da lua, da neve e da flor
Não possui espírito elevado.

Amar as flores
Na primavera,
E o bordo no outono,
É corresponder
As bênçãos de Deus.

Campanha de Formação do Paraíso por meio das Flores

Em maio de 1949, Meishu-Sama escreveu um ensinamento intitulado “A


Campanha de Formação do Paraíso por meio das Flores”, no qual orientou:
“Vamos nos esforçar para que haja flores no interior das residências, nos locais de
trabalho, enfim, em todos os lugares onde houver pessoas., fazendo com que por
meio delas, este mundo se transforme num Paraíso”. E não foi só, também
mandou que se tirassem fotografias coloridas de suas vivificações. Os trinta e nove
slides que existem das flores vivificadas por ele, são fotografias tiradas em 1953
por Yoshika Yõji, posteriormente diretor do Museu de Arte de Hakone.
Entre essas fotografias, vemos vivificações coloridas, com um galho verde
de bordo e pequenos crisântemos amarelos; vivificações exuberantes, com buquê
de noiva e azaléia; vivificações requintadas de bambu ornado com campainha;
vivificações modernas com duas tulipas num cesto, etc. As vivificações de meishu-
Sama possuem as formas mais variadas, mas estão em perfeita harmonia como os
vãos. O conjunto é original e ao mesmo tempo delicado, descortinando um
magnífico mundo de beleza.
As primeiras fotos foram tiradas em 15 de março de 1953, e na entrevista
realizada imediatamente após, o Mestre fez uma explanação cujo ponto central era
o trecho que se segue:
“Ultimamente têm aparecido vivificações esquisitas. Elas matam as flores,
razão pela qual não agradam, mesmo que o formato seja bom. Por isso é preciso
expressar ao máximo as melhores características naturais das flores. Foi para levar
ao conhecimento de todos a verdadeira forma de vivificá-las que mandei fazer
estes slides. Seja como for, é uma forma revolucionária. Serve como ensinamento,
mostrando a maneira como devem ser feitas as vivificações; além disso, através
das flores assim vivificadas a pessoa recebe Johrei”.
Graças a essas fotos coloridas, dezenove anos mais tarde, em 15 de
junho de 1972, maravilhoso dia do culto do Paraíso Terrestre, foi criado a
Academia Sanguetsu de Vivificação pela Flor – herança do sentimento que o
Mestre depositou nas flores.

VIAGENS MISSIONÁRIAS - PALESTRAS

Meishu-Sama no Hobiya Public Hall, falando entusiasticamente sobre o verdadeiro


mundo civilizado.
A partir de 1950, além de difundir a fé através do Johrei e das
publicações, Meishu-Sama decidiu empenhar-se também na difusão direta, por
meio de palestras. Para tanto, foi criado um departamento de propaganda na Sede
e, em fevereiro de 1951, realizou-se a primeira palestra.
No local escolhido – o auditório Kyõritsu, situado em Kanda, na cidade de
Tóquio – reuniram-se mais de quatro mil espectadores. O interesse foi tão grande
que, como o recinto não comportasse tanta gente, havia pessoas do lado de fora.
De pé, todos os fiéis ouviam atentamente a leitura das palavras de saudação do
Mestre, formando-se um ambiente cheio de entusiasmo.
A partir dessa palestra, que alcançou grande sucesso, foram realizadas
outras, em diversas regiões do Japão. Além da palestra de Meishu-Sama, outros
membros da diretoria falavam e havia ainda relato de experiência de fé.
Demonstrando grande interesse por essa atividade, quando não podia participar
diretamente, Meishu-Sama sempre transmitia sua mensagem através de um texto.
A palestra realizada no Hybiya Public Hall, no dia 22 de maio de 1951,
merece ser lembrada na história da Igreja Messiânica Mundial. Após as palavras
sucessivas de Ito Mussei, que fez amizade com Meishu-Sama depois de sua
participação no espetáculo teatral apresentado no Culto do Outono do ano anterior;
de Suzuki Shõgo e de outras pessoas, o Mestre subiu ao palco e falou durante
cerca de trinta minutos para mais de três mil espectadores, entre fiéis e não fiéis.
Essa foi à primeira palestra em que desejoso de salvar o mundo, ele explicava a
sociedade em geral a essência dos Ensinamentos.
Descrevendo o que sentiu na ocasião, Meishu-Sama disse: “Quando
chegou a minha vez de subir ao palco, as palavras me foram brotando
naturalmente e acabei falando sem me prender ao texto que havia preparado há
muito”. Assim, movido pela atmosfera reinante, ele deixou transbordar seu
sentimento, seguindo os ditames do coração.
Primeiramente, apontou que este mundo em que vivemos, mergulhado na
tendência unilateral de considerar a Ciência como código de ouro, não é
absolutamente o mundo civilizado, pelo qual a humanidade anseia. Em seguida,
esclareceu que o Mundo ideal, ou seja, o verdadeiro mundo civilizado é aquele,
onde os problemas da humanidade estão resolvidos, a segurança de vida é
assegurada e todos são felizes, não só espiritual como materialmente. “Para tanto,
é preciso que as pessoas tomem conhecimento da existência do espírito e que se
desenvolva a cultura espiritual”. “Com base nesse conhecimento e no
desenvolvimento paralelo das duas culturas espiritual e material é que surgirá a
verdadeira felicidade”. Assim dizendo, pregou com vigor que aquela era a hora de
se dar impulso a verdadeira cultura espiritual voltada para a existência do espírito.
Indicou, ainda, que a época presente, sem dúvida alguma é o momento em que o
Mundo Ideal está sendo construído pela Providência Divina e que ele era o
executor dessa construção. E foi além, disse, com toda convicção que possuindo a
Força de Deus e a Verdade, cabia-lhe a missão de criar a Nova Civilização
encaminhando os homens a mais alta felicidade.
Nesse dia, Meishu-Sama usava terno azul marinho e gravata vermelha,
traje que combinava muito bem com seu rosto rosado e seus cabelos brancos. O
ardente desejo que mostrava de salvar a humanidade, fazia-o parecer bem jovem.
Foram apenas trinta minutos, mas a convicção e o fervor religioso que
transbordavam de suas palavras simples impressionaram profundamente os
espectadores.
A Primeira Viagem
A partir de maio de 1951, Meishu-Sama começou a empreender
anualmente, na primavera e no outono, viagens missionárias a região Tyubu e a
região Kansai. Eram viagens promovidas com o objetivo de ministrar Johrei e fazer
palestras para os fiéis dessas regiões, cada vez mais numerosos, encaminhando-
os a uma fé mais elevada e pura. Além disso, ele aproveitava tais oportunidades
para contatar não só com a essência da arte sacra, através de obras
historicamente famosas da região, principalmente de Quioto e Nara, como as
construções religiosas, as estátuas e quadros de Buda e os quadros representando
Deus, mas visitava também os jardins em estilo japonês. Portanto, eram viagens
de objetivo religioso e aprimoramento artístico, em que o Mestre saboreava e
estudava a arte tradicional do Japão nos próprios locais onde ela foi cultivada.
Em todos os lugares visitados pelo mestre o rosto das pessoas brilhava de
felicidade – seja o das que o recepcionara, seja o das que se reuniram para ouvir
sua palavra; inclusive, podiam-se observar alguns fiéis com as palmas das mãos
unidas, em sinal de respeito. Diante de tão pura imagem de devoção e êxtase
religiosos, o coração de Meishu-Sama também transbordou de infinita alegria.
Nessa viagem missionária, além de muitos jardins famosos e templos
antigos, visitou cinco museus: o Museu de Arte Sumitomo (atualmente Museu de
Antiguidades Sem’oku) na cidade de Quioto, cujo acervo é constituído
principalmente de peças de bronze de eras antigas da China; o prédio Yurin de arte
chinesa, editado pelo empresário Fuji Zensuke; o Museu Histórico Nacional de
Quioto; o Museu de Arte Municipal de Quioto e o Museu de Arte Hakusuru, situado
em Kõbe. Este último, especialmente, causou uma forte impressão a Meishu-
Sama, que sobre ele, registrou: “Sinto grande respeito pelo elevado discernimento
do Sr. Kanõ, proprietário da referida casa, falecido recentemente, com a idade de
noventa anos, e pelo seu mérito de haver colecionado somente obras de primeira
qualidade (...) Naquela viagem, essa foi a melhor colheita que fiz”. O Mestre visitou
o museu de Arte Hakutsuru rês vezes; na primeira, no outono daquele ano e na
primavera de 1953.
A Terra da Tranqüilidade
Na viagem a Quioto, Meishu-Sama captou uma importante Vontade
Divina: construir aí, o terceiro Solo Sagrado, o qual se somaria aos de Hakone e
Atami. Ele pregou a necessidade desse Solo Sagrado com base na percepção
espiritual de que concluído o de Hakone que representa o Fogo, o de Atami, que
representa a Água e o de Quioto que representaria a Terra estaria constituída a
Trindade que daria o impulso final a Obra Divina. E seus propósitos se
concretizariam na primavera de 1952, quando empreendeu a terceira viagem
missionária aquela região.
Em Sagano, local situado na parte noroeste de Quioto, existe um lago de
águas abundantes e tranqüilas chamado Hirossawa. No dia 30 de abril de 1951,
Meishu-Sama visitou Sagano e tendo gostado do local a primeira vista deu
instruções para que se procurasse um terreno nas redondezas. No ano seguinte,
em ocasião bem propicia foi colocada à venda uma propriedade situada próximo ao
Lago Hirossawa. Pertencia a Ussami kanji, que se destacou muito na China
durante a guerra e foi presidente dos Transportes kahoku. As negociações
começaram imediatamente, mas não foram levadas adiante, pois o preço era muito
alto. No outono daquele mesmo ano, entretanto, como a família Ussami estivesse
necessitando de capital urgente, elas se reiniciaram sendo a compra efetuada sem
mais delongas.
Como a propriedade foi adquirida um pouco antes da viagem missionária
empreendida por Meishu-Sama no outono de 1952 ele deu-lhe o nome de Vila
Primavera Outono, passando desde então a utilizá-la como ponto central de suas
viagens à região Kansai. Mais tarde, conseguiu-se adquirir o terreno e a casa
situados do outro lado da estrada (Casa Beira do Lago) e o Mestre chamou o
conjunto de “Terra da Tranqüilidade” determinando-o como terceiro Solo Sagrado.
Misteriosamente, a afinidade de Meishu-Sama com a família Ussami não
se limitou à compra da propriedade. Em 1953, sua coleção de obras de arte foi
enriquecida com a aquisição de uma obra-prima de fama mundial pertencente
àquela família. Tratava-se do “Kõdan Kanyõ Seiji Taiko”, vaso de porcelana verde
feito na China durante o Período Nansõ, no forno administrado pelo próprio
governo da Província Kõ.
Meishu-Sama depositava grandes esperanças na Terra da Tranqüilidade,
localizada em Quioto, lugar rico em matéria de cultura tradicional do Japão. Assim,
em janeiro de 1953, Nakamura Ebiji, dirigente da igreja Shinsei, foi encarregado de
dirigir a construção do jardim daquele Solo Sagrado. Por ocasião das viagens
missionárias feitas na primavera e no outono, Meishu-Sama sempre ia ao local,
onde ouvia o relatório sobre a obra e dava diversas instruções. Nakamura, com a
colaboração dos demais dirigentes que faziam difusão na região Kansai colocaram
grandes emprenho nessa construção, baseando-se nas orientações recebidas.
Assim, a Terra da Tranqüilidade foi tomando um aspecto adequado à serenidade
de Sagano.
As duas viagens missionárias feitas a Quioto em 1951, o Mestre visitou os
principais monumentos da região. Essa viagem não passava então, de simples
projeto e só um número bem limitado de pessoas tinha conhecimento dela. No
entanto, um adepto de outra religião fora avisado, antecipadamente sobre a
qualificação espiritual de Meishu-Sama, o itinerário de sua viagem e até os
preparativos que estavam sendo feitos e tudo sem o mínimo erro. Diante dessa
ocorrência, os três dirigentes sentiram-se invadidos por um grande respeito e
compreenderam ainda mais profundamente o Plano Divino e o poder do Mestre.
Entre as sete viagens missionárias de Meishu-Sama a região kansai,
merece destaque à visita ao pavilhão Yume, um salão octogonal situado no lado
leste do Templo Hõryu. Este templo foi construído no inicio do século VII pelo
príncipe regente Shõtoku Taishi. Segundo dizem, ele o construiu na intenção de
cura de seu pai, Yõmei (585-587 d.C), o 31º imperador o qual estava doente. No
Pavilhão Yume onde ficava absorvido no estudo das leis búdicas ou lendo
interpretações das escrituras budistas trazidas da china, às vezes o príncipe
Shõtoku recebia avisos de Deus.
Meishu-Sama visitou o Templo no dia 29 de abril de 1952. Sabendo que o
Kusse kannon, imagem principal do templo, seria exposto aos visitantes postou-lhe
diante do Pavilhão Yume com grande respeito. Abertas as duas bandas da porta
central e também o “zushi” (móvel budista onde se guardam imagens, sutras, etc)
que havia no recinto, apareceu a imagem, esculpida no Período Assuka.
Diante dessa imagem o Mestre se sentiu que pouco a pouco foi
diminuindo a distância entre os dois os quais foram se tornando um único ser. A
respeito dessa experiência ele escreveu: “Quando me coloquei diante da Imagem
de Kannon a energia espiritual que ela emanava começou a penetrar em mim. Era
uma sensação inexprimível e eu tive vontade de chorar. Isso significa que há muito
tempo Kannon estava esperando por aquele momento. De fato, para os deuses
também existe o tempo certo. Até que este chegue, eles nada podem fazer:
Kannon esperava tempo certo até então, no Pavilhão Yume do Templo Hõryu”.

A Última Viagem Missionária

No dia 10 de abril de 1954, abençoado com um bom tempo primaveril,


Meishu-Sama partiu rumo à sétima viagem missionária a região Kansai, tendo
pernoitado na casa do responsável pela Média Igreja Meshia, Fujieda Massakazu,
situada na cidade de Nagoya.
No dia 11 Meishu-Sama fez uma palestra para quatro mil espectadores no
Ginásio Kanayama situado na região Tyubu. Em seguida, partiu para Quioto. Como
de costume, foi recepcionado na Ponte Seta-no-Karahashi pelos dirigentes de
igrejas da Região Kansai. Quando já passavam das 18 horas, chegou a Vila
Primavera-Outono, na Terra da Tranqüilidade sendo recebido por muitos fiéis.
Atendendo ao desejo demonstrado, tempos atrás, pelo Mestre de fazer
uma palestra em Nara, os dirigentes que se ocupavam dos preparativos dessa
viagem tentaram alugar o Nara Public Hall para o dia 12 de abril. Entretanto, o
salão já estava alugado para essa data e não havia na cidade outro recinto que
comportasse uma platéia numerosa. Vendo a necessidade de alugá-lo a qualquer
custo, eles insistiram. Ficaram, então sabendo que uma firma de eletrodomésticos,
em combinação com seus fregueses havia convidado um grande número de
pessoas para visitarem Nara, tendo alugado aquele salão para ali almoçarem caso
chovesse. Os dirigentes fizeram novos pedidos, prometendo que com chuva ou
sem chuva, a palestra terminaria na parte da manhã e até a hora do almoço o local
estaria desocupado. Assim, conseguiram finalmente alugá-lo.
O Nara Public estava bastante estragado de modo que com a colaboração
dos fiéis fez-se uma limpeza geral, trocaram-se inclusive os papéis de parede. Ao
fim, o recinto nem parecia o mesmo.
Meishu-Sama na palestra feita no Nara Public Hall

Todos os dirigentes locais, preocupados com o tempo oravam para que


não chovesse. Na manhã do dia 12, porém caiu um temporal em Quioto e em
Nara. Eles sentiram um peso no coração ao pensarem nas dificuldades que os fiéis
encontrariam para participarem da palestra e na confusão que haveria depois.
Apenas o Mestre tinha um sorriso nos lábios e continuava tranqüilo como de
costume dizendo: “ O Deus Dragão (considera-se que o Deus Dragão comanda a
chuva) fará com que tudo corra bem”.
Quando o carro de Meishu-Sama proveniente de Quioto aproximava-se de
Nara, um sol bem fraco começou a raia, só voltando a chover depois que ele
terminou a palestra e que todos os fiéis haviam deixado o salão.

Templo Murou

Na tarde desse dia, o Mestre dirigiu-se para o Templo Murou, situado na


Vila Murou, no Estado de Nara. Vulgarmente chamado de Altos Campos das
Mulheres ele é conhecido pelo seu belo pagode de cinco andares, no estilo
característico do final da Era Nara. Foi construído no início da Era Heian, para
cultura Ryuketsujin, o Deus Dragão das cavernas de Murou. Nesse velho templo
dentro do mato, também ocorreram fatos misteriosos.
A visita havia sido decidida poucos dias atrás antes de sua realização os
diretores foram ver o local. Depois de explicarem por que o seu Líder Espiritual
desejava visitar o templo, perguntaram se ele poderia ser recebido no salão nobre.
Entretanto foi-lhes respondido: “Para os senhores ele pode ser um Líder Espiritual
muito importante, mas nós só poderemos deixá-lo entrar no salão nobre se o
reconhecer digno dessa honraria”. Sem alternativa os diretores foram embora
pensando em arranjar um local apropriado para o descanso do Mestre naquela
oportunidade.
No dia combinado, quando Meishu-Sama chegou ao Templo Murou,
acompanhado de sua comitiva, o Bonzo responsável foi recepcioná-lo vestido
cerimoniosamente e além de encaminhá-lo ao salão nobre limpo e arrumado,
tratou-o com a maior gentileza possível.

Após o Florir a Frutificação

No dia 15 de junho de 1954 solenemente realizada no Templo Messiânico,


que estava noventa por cento pronto, a Cerimônia de Comemoração provisória da
Vinda do messias. Nesse dia, o estado de Meishu-Sama não era bom, tendo ele
subido ao Altar com muito custo e ajudado por terceiros. Como ficaram sabendo
que poderiam encontrá-lo, depois de dois meses sem vê-lo, os fiéis ali se reuniram
em número superior a dez mil, provenientes de todo o país. Era a primeira vez que
o Mestre aparecia em público desde o início de sua purificação. Estava todo
vestido de branco e fez uma saudação bem simples. Nessa oportunidade, o
presidente da Igreja Õkussa Naoyoshi, comunicou aos presentes a deliberação de
chamá-lo dali em diante pelo nome de Meshia-Sama (Messias) e não mais de
Meishu-Sama.
Após dois meses de purificação, o Mestre sentira-se firmemente convicto
de que era hora de mostrar abertamente a Verdade, ou seja, que ele viera ao
mundo com a missão de salvá-lo. Achou que os fenômenos misteriosos
representados pelas linhas que lhe apareceram na mão e pela mudança observada
em seu cabelo indicavam a chegada desse momento. Assim nos dois messes que
sucederam a Comemoração Provisória da Vinda do Messias, revelou a toda a
sociedade o advento do Salvado do Mundo, apresentando-se ele próprio como
sendo o Messias.
Em várias oportunidades, Meishu-Sama havia se referido ao termo
“Messias”. Na entrevista realizada em setembro de 1948, por exemplo, dissera em
resposta a uma pergunta: “Esta palavra é hebraica e por isso é um pouco difícil de
ser entendida em japonês. Significa “Senhor da Salvação”, mas, na verdade, ele é
o Senhor da Redenção, o que é bem diferente de Senhor da Salvação do Mundo.
Redentor é aquele que redimiu os pecados de todos os povos, tornando-se
representante desses pecados, sacrificou sua vida para ser perdoado, e sim o que
perdoa. Bem darei maiores explicações com o passar do tempo”.
Essa interpretação na qual nenhum especialista em judaísmo e
cristianismo chegara a pensar era resultado de uma assimilação total do significado
do termo. Com base na convicção de que o Mestre era o Messias, nossa Igreja,
durante certo tempo foi denominada Igreja Messias Mundial.
Ainda a propósito do assunto Meishu-Sama referiu-se diversas vezes ao
oratório intitulado “Messias” da autoria de Hendel, compositor alemão (1685-1759).
É desnecessário dar maiores esclarecimentos a respeito dessa música, pois se
trata de uma obra mundialmente famosa, mas dizem que no primeiro concerto em
que ela foi executada o Rei da Inglaterra tirou o chapéu, gesto que, a partir daí, se
tornou uma tradição. Outra composição a que o Mestre não poupava elogios é o
conhecidíssimo coral “Aleluia” sobre o qual dizia: “Foi preparado por Deus”. Aliás,
ele chegou a instalar um “Box” de orquestra dentro do Templo Messiânico, para a
realização de concertos.
Depois de Meishu-Sama passou a ser chamado de Messias suas
orientações diárias tornaram-se ainda mais rigorosas. Assim que entrou em
purificação ele falou a um dedicante: “Daqui para frente será o Mundo do Espírito,
o Mundo do Pensamento. Enquanto o corpo físico está em movimento, a ação é
limitada. É quando o corpo já não se move que dá para se fazer um grande
trabalho”. Nessa época, frisou repetidas vezes que os fiéis deveriam voltar seus
corações para ele, procurando captar seu sentimento.
Meishu-Sama sempre fora rigoroso em relação às faltas cometidas pelos
dedicante, tais como mentir, mistificar e transferir a responsabilidade dos erros
para outrem. Após a purificação, entretanto, seu rigor tornou-se ainda maior, ele
chamava a atenção e repreendia até as falhas mais insignificantes. E agia assim
não só com os servidores, mas, também com Yoshi a quem dava orientações
bastante severas.
A Purificação determinada por Deus

Após a Cerimônia de Comemoração Provisória da Vinda do Messias,


realizada no dia 15 de junho, o Mestre transferiu-se para Hakone, conforme fazia
todos os anos. Enquanto convalescia, ocupava o seu tempo inspecionando o
andamento da construção que tanto o preocupava, apreciando as obras de arte,
etc. Como tinha dificuldade de caminhar, usava uma cadeira de rodas, e todos os
dias, ao entardecer dava uma volta pela Terra Divina e pelo Museu, o que era uma
grande alegria para ele. Na época todos os locais onde havia degraus de pedra
foram forrados com tábuas, para que a cadeira de rodas pudesse passar com
facilidade.
Os musgos enviados pelos fiéis de todo o Japão haviam criado raízes
firmes e o Jardim dos Musgos muito original sem outro que o igualasse já estava
concluído. Do outro lado dos trilhos do bondinho que parte de Gora, no local
denominado Colina Kõmyo começara-se a preparar o terreno para construir o
santuário fundamental da nossa Igreja – o Santuário da Divina Luz.
Devido as dores que sentia e a falta de apetite, Meishu-Sama estava
abatido, mas seu entusiasmo pela Obra Divina era maior do que antes. Da cadeira
de rodas, dirigia seu aguçado olhar para todos os cantos e continuava dando
orientações precisas. Depois que se transferiu para Hakone esteve um pouco
melhor durante algum tempo, chegando mesmo a dar alguns passos no Palácio da
Luz do Sol. Entretanto a alteração de seu estado era muito acentuada. Por
diversas vezes ele perdeu totalmente o apetite e foi acometido de dores violentas.
Numa dessas crises, chamou Yoshi e lhe disse: “Se eu continuar como estou, sem
conseguir comer em breve deixarei este mundo...”
Nessa época mesmo quando estava passando mal, o Mestre examinava
diariamente as obras de arte, escolhendo ele mesmo aquelas que seriam expostas.
Durante sua convalescença em Hakone, Meishu-Sama ficou instalado na
Casa de Contemplação da Montanha. Certo dia, apontando para o local onde estão
atualmente os Sepulcros Sagrados, comentou: ”Em breve estarei residindo ali para
sempre”. Imaginando simplesmente que talvez ele pretendesse construir uma casa
nova naquele local, o dedicante que estava ao seu lado não teve a menor
preocupação. É muito provável, entretanto, que nessa hora ele estivesse
pressentindo que ia morrer. Não seria por isso que apressava a Obra Divina
esforçando-se para inspecionar as obras apesar do estado em que estava, a para
ler diariamente os relatórios sobre a situação da Igreja e da sociedade?
Entre o verão e o outono de 1954, enquanto Meishu-Sama descansava
em Hakone, começaram a correrem diversos boatos. No inicio de setembro, os
jornais publicaram notícias sobre sua morte. Boates geravam boatos, tudo
indicando que a situação não ia parar ali. Assim que ele retornou a Atami,
preocupado com os fiéis convidou representantes dos jornais “Assahi” “Maintini”
“Yomiuri” e jornais da cidade e deu-lhes uma entrevista no dia 9 de novembro,
desfazendo todas as dúvidas.
Entretanto, o estado de saúde do Mestre que parecia relativamente
melhor no inicio do verão, não se apresentava muito bom no dia da entrevista. No
dia 3 de novembro, logo depois que ele voltou para Atami, consta, em seu diário, o
seguinte registro, feito por um dedicante: “Total falta de apetite por volta das 10h eu
pedi a minha esposa que chamasse sua tia, pois queria conversar com ambas,
inclusive sobre questões relativas a testamento”.
Anteriormente, por ocasião de algumas entrevistas com os fiéis, o Mestre
suportara dores de dente muito fortes, mantendo diante deles a atitude de sempre.
Durante a entrevista com a Imprensa naquele dia em plena purificação ele não
deu a menor mostra do que estava sentindo, tendo posado sorridente para as
câmeras. Agiu assim para não preocupar as pessoas e especialmente, pelo zelo de
não se tornar um empecilho para o andamento da Obra Divina.

O Palácio de Cristal e a Luz da Coluna

Interior do Palácio de Cristal no dia 11 de dezembro de 1954


Para entrevista do Fundador com os dirigentes da Igreja

O Palácio de Cristal começou a ser construído no dia 17 de setembro de


1954. Como Meishu-Sama quis apressar-lhe a conclusão a obra foi realizada dia e
noite e em menos de três meses em cima do Monte Paisagem tendo abaixo a
Colina das Azaléias, erguia-se uma construção toda peculiar, com o formato da
metade de uma esfera. Daí tem-se um panorama maravilhoso podendo avistar
como se estivéssemos vendo um quadro à magnífica paisagem que se estende da
Baía de Atami até o longínquo Izu. Sagami e Bõsso.

“O mundo onde não é possível


Ocultar nenhum crime ou pecado
Chama-se Mundo Cristalino”

No poema transcrito o Mestre referiu-se ao Mundo Ideal com a expressão


“Mundo Cristalino” por ser o cristal um corpo que não possui impurezas. Pela
mesma razão deu ao prédio concluído no dia 11 de dezembro o nome de Palácio
de Cristal, tornando-o como símbolo do Mundo Ideal.

O TÃO ANSIADO POTE DE GLICÍNIAS

Está no Tesouro Nacional


Três dias depois, ou seja, 7 de fevereiro, a purificação de Meishu-Sama
intensificou-se. Sentindo dores violentas, ele passou o dia inteiro na cama,
descansando. No dia seguinte, porém,como estivesse um pouco melhor, foi à Terra
Celestial, sob os olhares aflitos dos dedicantes, que se preocupavam com sua
saúde. Do carro, passou para as cadeiras de rodas e começou a percorrer as
obras, observando o seu andamento. Era surpreendente ver a figura daquele ser
que, ultrapassando as limitações do corpo físico, mais fraco a cada minuto, queria
manter a liderança da construção do Solo Sagrado enquanto estivesse vivo, no
ardente desejo de dar sua vida pela Obra Divina. Ao verem-no de volta ao Solar da
Nuvem Esmeralda, depois da inspeção das obras, os dedicantes sentiram-se
aliviados.Na tarde daquele mesmo dia, o Mestre teve a maior alegria de sua vida:
chegou-lhe às mãos o Pote de Glicínias, que há muitos anos ele desejava possuir.
Esse pote é uma obra de Nonomura Ninsei, ceramista que, tendo ido para Quioto
no início da Era Edo, tornou-se o pai da cerâmica “Kyõyaki”. Ninsei era
considerado um mestre de torno e, de fato, a riqueza da forma do pote é
inigualável, assim como também a exuberância de seus desenhos, que mostram
as glicínias em pleno florir, balançando-se ao vento num belo colorido. É realmente
uma obra prima representativa desse artista. No final de 1954, assim que soube da
possibilidade de adquirir o Pote de Glicínias, imediatamente Meishu-Sama firmou o
propósito de comprá-lo. Entretanto, por tratar-se de uma obra-prima e estar
indicado para receber a qualificação de Tesouro Nacional do Japão, seu preço não
baixava de 3 milhões de ienes, quantia que a Igreja não possuía em mãos. Diante
disso, Meishu-Sama resolveu abrir mão do Solar da Montanha Preciosa, em
Tamagawa, propriedade que há muito tempo estava em litígio. Solucionou a
questão amigavelmente e decidiu aplicar na compra do pote a quantia obtida.
Quando o Pote de Glicínias foi entregue em sua casa, o Mestre estava sentado
numa cadeira, olhando para o jardim. No momento em que tiraram a peça da caixa
de madeira que a embalava, ele ficou admirando-a calado, com profunda emoção,
parecendo saborear uma intensa alegria. À sua volta, havia um profundo silêncio.
Naquela noite, quando foi dormir, Meishu-Sama colocou o pote junto à sua
cabeceira. De início, estava previsto que o Pote de Glicínias só seria entregue
muito depois do dia 8, mas repentinamente, por necessidade do seu proprietário, a
data foi antecipada. Na tarde do dia 9, o estado de Meishu-Sama agravou-se, e ele
ficou semi-inconsciente. Assim, se o pote tivesse chegado um dia depois, ele não
teria podido colocar ao seu lado essa obra prima pela qual esperara durante tanto
tempo, nem teria tido o prazer de acariciá-la. Após a ascensão do Mestre,
considerando um grande milagre a chegada do pote às suas mãos enquanto ele
ainda estava com vida, às pessoas que fizeram as negociações disseram: “Que
bom que ele tenha chegado a tempo! Que bom que Meishu-Sama tenha tido essa
alegria!”.
A ascensão de Meishu-Sama

Na noite do dia 8 de fevereiro, o Mestre adormeceu muito contente, mas,


pela madrugada, começou a se sentir mal e daí em diante não conseguiu dormir
direito.
Na tarde do dia 9, depois de ter dado instruções sobre a construção em
Atami e também sobre a reforma do anexo do Museu de Arte de Hakone e a
preparação de sua reabertura, ele foi para a sala de visitas, onde ficou muito tempo
olhando fixamente para as velhas ameixeiras vermelhas e brancas, que estavam
em pleno florir, e para as flores de cerejeiras “hikan”. No silêncio do Solar da
Nuvem Esmeralda, em cujo jardim batia o fraco sol do início da primavera, que
estaria pensando Meishu-Sama enquanto apreciava as flores? Pensaria na sua
vida atribulada que teve início num ponto de Assakussa? Ou no futuro da Obra
Divina, que deveria continuar avançando firmemente, mesmo depois que ele não
estivesse mais neste mundo? Eis um enigma indecifrável até mesmo para os
parentes que estavam ao seu lado. A última crise do Mestre teve início exatamente
nesse momento. Ele falou que estava sentindo algo anormal no peito e, quase
carregado pelos dedicantes, foi levado para o quarto. Deitado na cama dormia,
acordava e voltava a dormir. Nesse ínterim, vez por outra, falava com Yoshi e com
Rei, que estavam cuidando dele, mas suas palavras foram ficando cada vez mais
espaçadas. No amanhecer do dia 10, Meishu-Sama entrou em coma. Desde a
noite anterior, o presidente Õkussa e os demais diretores permaneciam reunidos à
sua cabeceira, orando pelo seu restabelecimento, mas, às 15h33m desse dia, ele
encerrou sua vida de setenta e dois anos.

A notícia chocante

Pela manhã, como o Mestre continuava em perigo de vida, tinham-se


enviado telegramas a todos os dirigentes de Igreja do país, com a seguinte
mensagem: “Venha urgente à Sede”. Recebendo esses telegramas e imaginando o
que havia acontecido, todos eles pegaram condução apressadamente, rumo a
Atami. A ascensão de Meishu-Sama foi anunciada aos órgãos de comunicação,
pelo presidente Õkussa Naoyoshi, às 18h do mesmo dia, sendo transmitida ao país
inteiro no noticiário das 19h. Prestando atenção às notícias, um dirigente que
sentia o seu coração angustiado desde o recebimento do telegrama e ainda estava
na estação do local onde fazia difusão, inesperadamente ouviu o nome da Igreja
Messiânica Mundial. Sentindo como que uma facada no peito, aguçou os ouvidos.
Escutou, então, a triste notícia da ascensão do Mestre. Disse a si mesmo que
aquilo era um boato, mas, pensando que talvez fosse verdade, empalideceu, suas
pernas começaram a tremer, e ele ficou sem ação. Tristonhos, os fiéis que
estavam com ele também não disseram uma só palavra. As lágrimas rolavam de
seus olhos sem parar, e eles não sabiam o que fazer. Uma dirigente de Igreja que,
casualmente, foi ao escritório de Atami naquele dia, sem saber de nada, encontrou
todo mundo triste e desanimado. Apesar disso, ela não imaginou que havia
acontecido o pior, e perguntou a um dos presentes como estava passando Meishu-
Sama. Quando ouviu a resposta desatou a chorar. Os fiéis reagiram das formas
mais diversas. Ao tomarem conhecimento da triste ocorrência, tinham uma reação
de dor, e não apenas de tristeza, e seus corações ficavam sombrios. Os que
acreditavam que o Mestre era eterno, como um ser que havia superado a morte,
jamais poderiam supor que teriam de enfrentar sua ascensão. No dia 11, apesar de
ser fevereiro, o mês mais frio no Japão, o corpo de Meishu-Sama permanecia
quente, e seus braços e pernas ainda estavam macios. Os dedicantes hesitavam
em colocá-lo no caixão, pensando que a qualquer momento ele iria reviver e abrir
os olhos.

Dedicação em prantos

Ante o inesperado acontecimento, os diretores da Igreja realizaram, na


mesma noite, uma reunião de emergência e, seguindo a vontade do Mestre,
acolheram Yoshi como Segunda Líder Espiritual. Nessa reunião ficou decidido
realizar o Culto de Sepultamento no dia 17 de fevereiro e construir o Sepulcro
Sagrado na Terra Divina de Hakone, para aí enterrar o corpo de Meishu-Sama.
Mais tarde, soube-se que, misteriosamente, o local escolhido coincidia com o lugar
onde ele dissera a alguns discípulos e dedicantes que deveria ser construída sua
morada eterna. Tomando conhecimento de que, em 1954, no seu último verão em
Hakone, ele dissera a um dedicante que, em breve, estaria residindo ali para
sempre, as pessoas relacionadas àquela decisão novamente foram tocadas pela
sensação de mistério.

A construção do sepulcro e o sepultamento

A construção do sepulcro foi considerada uma obra milagrosa realizada


pelos dedicantes, que, erguendo-se da tristeza, trabalharam dia e noite para
terminar o trabalho a tempo do Culto de Sepultamento, o qual seria realizado dali a
uma semana. Situada dentro do Parque Nacional Fuji-Hakone-Izu, a Terra Divina é
também uma região paisagística. Por isso, era proibido construir sepulturas no
local e enterrar corpos sem cremar. Mas esse difícil problema também foi vencido
milagrosamente, graças ao ardoroso empenho dos discípulos. Quem se empenhou
mais intensamente para obter a compreensão do governo do Estado de Kanagawa,
foi Isihara Torayoshi, que, mais tarde, ocupou o cargo de conselheiro.
Anteriormente, ele trabalhara na sede da delegacia daquele Estado e tinha muitos
conhecidos nesse setor. Quando era chefe da delegacia do Estado de Hiroshima,
Ishihara sofria com os sintomas da radiação causada pela bomba atômica, mas
fora salvo por intermédio do Johrei, tornando-se fiel. Graças à sua atuação e a de
outros discípulos, o “Pedido de Construção de Cemitério Privado”, entregue no dia
12, foi deferido oficialmente no dia 15.
A obra teve início com o desmatamento e o aplainamento do terreno.
Derrubou-se o aclive acentuado e aterrou-se a parte baixa, para aí se construir
uma sepultura redonda constituída de três camadas, respectivamente com 12,7m,
11m e 9m de diâmetro. Na época, os integrantes do Grupo de Dedicação não
chegavam a cem, mesmo juntando os de Hakone e os de Atami; além disso, entre
eles também havia mulheres, de modo que, na realidade, era uma obra impossível
de ser realizada em número tão limitado de dias. Recorreu-se, então, a uma firma
construtora; entretanto, ao ser-lhe apresentado o projeto e mostrado o local da
construção, ela recusou o serviço, dizendo que não poderia terminá-lo dentro do
tempo estipulado. Obviamente, a situação não permitia adiamento do prazo, sendo,
portanto, necessário realizar o trabalho com a força dos fiéis. Pediram-se
dedicantes nas Igrejas mais próximas, e, até que todos os preparativos ficassem
prontos e a obra fosse iniciada, já era dia 14. Mas, tão logo ela teve início, foi
efetuada sem interrupção. Durante o dia, todos trabalhavam e, à noite, faziam
revezamento a cada duas ou três horas.
O inverno de Hakone é rigoroso, e, à noite, faz frio a ponto de se sentir os
ossos congelados. Entretanto, a tristeza superava a baixa temperatura, e a dor no
coração era maior que a dor causada pelo frio, o qual penetrava na pele. Alguns
dedicantes, carregando terra e usando pás, relembravam a figura e a voz do
Mestre e não conseguiam reprimir os soluços. Na hora do descanso, tanto os fiéis
como os profissionais tiravam um cochilo com a roupa de serviço mesmo e, na
hora do revezamento, acordavam e recomeçavam a trabalhar. Soma Naoji e outras
pessoas encarregadas da obra não tinham tempo sequer para tomar banho, fazer
a barba ou trocar de roupa, ficando realmente sem dormir e descansar. Devido ao
frio e ao excesso de trabalho, o desgaste físico era intenso; por isso, todos
aqueciam o corpo tomando água quente com açúcar, feijão doce com caldo,
engoliam ovos crus, a fim de ganharem força. Se, por um acaso, chovesse ou
nevasse, a terra ficaria enlamaçada, o que dificultaria muito o serviço. Entretanto,
naqueles quatro dias, felizmente quase não choveu nem nevou, de modo que a
obra pôde ser desenvolvida conforme fora programada.
Relembrando a época, Soma Naoji disse, comovido: “Trabalhamos
realmente sem dormir e sem descansar. Quando penso naqueles dias, fico atônito,
sem saber como pudemos agüentar. Até nós, que executamos a tarefa, não
conseguimos acreditar quando ela ficou pronta. Ao lembrar-me daquele momento,
não posso conter as lágrimas. ”O Sepulcro Sagrado foi construído pelas mãos de
1200 dedicantes e 555 profissionais, em pouco mais de três dias, iniciando-se no
dia 14 e terminando na manhã do dia 17. Originariamente, ele era formado de três
camadas de terra e não estava revestido com as pedras que o revestem hoje. À
sua volta, não existiam as calçadas de pedra nem os gramados que existem
atualmente, mas apenas alguns pinheiros altos e velhos, que ainda se erguem no
local e em volta de cujas raízes só havia montes de terra preta.

O sepultamento

O Fundador descansando eternamente no Sepulcro Sagrado

No dia 17 de fevereiro, às 2h da madrugada, apesar da temperatura


abaixo de zero, um grande entusiasmo envolvia os últimos momentos da obra.
Nessa mesma madrugada, no Solar da Nuvem Esmeralda, em Atami, com as
ameixeiras vermelhas e brancas sobressaindo na escuridão da noite e o perfume
do incenso pairando silenciosamente no ar, realizou-se um Ofício Religioso diante
do ataúde do Mestre. Sob a liderança de Yoshi, que havia sucedido a ele como
Segunda Líder Espiritual, a Oração Amatsu-Norito foi entoada serenamente. Ao
término da cerimônia, com todo sentimento, os presentes depositaram flores no
ataúde, e, em seguida, este foi carregado nos ombros por dez pessoas e colocado
no carro funerário, atravessando a cidade rumo ao Templo Messiânico, quando
ainda não tinha amanhecido.
No Templo Messiânico, os preparativos para o Culto de Ascensão já
estavam prontos. No palco, onde fora pendurada uma foto de Meishu-Sama em
tamanho real, e de ambos os lados da nave, havia mais de cem coroas de flores,
enviadas pelo ministro da Educação e Cultura, pelo ministro da Agricultura e
Florestamento e por outras pessoas. Os fiéis, que tinham começado a chegar à
noite, elevavam-se a mais de dez mil na hora do culto, lotando até o espaço
externo do templo. Naquela época, ainda não existiam poltronas no interior da
nave, e os participantes ficavam todos de pé; apesar disso, não havia espaço nem
para as pessoas se moverem. A cerimônia teve início às 9h, com o som grave dos
instrumentos musicais. Quando a oração do Culto de Ascensão começou a ser
entoada, todos, a cada palavra que era dita, começaram a relembrar a figura do
Mestre. Aqui e ali se ouviam soluços abafados, que foram se multiplicando e
ecoando pelo templo como o barulho das ondas, quando a maré está subindo. A
seguir, foram apresentadas palavras de condolências por altas personalidades
representativas do mundo religioso, político, financeiro, artístico e cultural, entre
elas Miki Tokutika, líder da Entidade Religiosa P.L. Em seguida, foram lidos os
telegramas enviados à Igreja. Lamentando imensamente a ascensão de Meishu-
Sama, o presidente da Comissão de Preservação do Patrimônio Cultural,
Takahashi Seitirõ, enviou as seguintes palavras: “Expresso o meu mais profundo
respeito em relação ao trabalho por ele executado não só instituindo como se
dedicando à Fundação Tomei de Preservação da Arte, para preservar as belas-
artes japonesas, e também, dirigindo o Museu de Arte de Hakone, atividade
através da qual ele divulgou o patrimônio cultural do país e contribuiu para a
elevação da cultura. Eu tinha grandes expectativas de uma contribuição ainda mais
longa de sua parte, de modo que expresso respeitosamente meu profundo
sentimento pela sua súbita passagem e minha mais elevada consideração.
“Através das palavras dos participantes” e dos telegramas enviados, as pessoas
presentes ao Culto de Ascensão sentiram mais uma vez o grandioso trabalho
realizado pelo Mestre, o qual abrangia não apenas o aspecto religioso, mas vários
outros aspectos da cultura, inclusive o artístico. Quando a leitura dos telegramas
terminou, Yoshi, a Segunda Líder Espiritual, com uma vestimenta funerária de cor
branca, fez o Ofertório de Gratidão. Sua figura mostrava a tristeza de ter perdido
aquele que era seu Mestre e esposo, mas revelava a firme decisão de vencer a dor
e prosseguir o trabalho que ele havia deixado. Às 11h, o ataúde foi novamente
levado para o carro funerário, que acompanhado por um carro-guia e seguido por
mais de trinta veículos, passou por Odawara e rumou para Gora, em Hakone.
Imediatamente após a chegada àquele local, foi realizado solenemente o Culto de
Sepultamento, frente ao Sepulcro Sagrado, que acabava de ser concluído. No
Sepulcro Sagrado, havia uma abertura lateral voltada para o nordeste, coma
entrada na direção sudoeste. Como que deslizando, o ataúde foi sendo colocado
vagarosamente no fundo dessa abertura, até ficar depositado no centro da
sepultura esférica. A seguir, os familiares de Meishu-Sama, os dirigentes de Igreja
e os dedicantes que o serviam de perto foram, um a um, colocando uma pá de
terra para fechar a entrada do sepulcro. Assim, o corpo do Mestre ficou
descansando eternamente nesse local, com a cabeça voltada para o nordeste e os
pés para o sudoeste.
Hoje em dia o sepulcro de Meishu-Sama

A eternidade da vida

No dia 4 de outubro de 1952, Meishu-Sama dialogou, em Hakone, com


Issato Tsuneatsu, vice-diretor do Departamento Científico do jornal Yomiuri: –
Apenas o senhor possui essa bola de Luz? – Exatamente. – Sendo assim, caso
daqui a uns cem anos o senhor venha a partir para o Mundo Espiritual, ela passará
a não existir..– Pelo contrário. Eu irradiaria a Luz do Mundo Espiritual. E seria
melhor ainda, pois o corpo físico atrapalha. Assim, nesse diálogo, o Mestre disse
claramente que, embora viesse a ascender, continuaria a enviar Luz aos fiéis, e até
com mais intensidade.
A Mão que Salva o Em 13 de junho de 1952 No jardim apreciando
Mundo preparando as peças Caligrafando uma a beleza como forma
Um fotógrafo tirou que seriam para imagem da Luz Divina de elevar o espírito
quando ministrava Johrei inauguração do Museu

Trabalhava sempre Tomando chá.


alegre para os trabalhos Importante para o
apresentarem bom Admirador da Beleza
Material de caligrafia equilíbrio da saúde
resultados Kannon de mil braços

Pregando ensinamentos
Na terra Divina em em 1948 em uma Tiradas para fotos do
Inspecionando o trabalho altar escolhido por ele
Hakone em 1950 em Hakone entrevista
para esse propósito
Andava muito bem Compondo sátiras
Após a velhice nascendo vestido humorísticas
cabelos pretos Um homem singelo

A primeira sessão 2 de abril de 1950 era


chamado pelos alunos 1ª Sessão de
humorística organizada
por ele na Associação
Subindo a colina de Daí Sensei (Grande julgamento em 11 de
íngreme de Hakone Mestre) outubro de 1950

Culto de Primavera em
4 de fevereiro de 1954
Ministrando Johrei após
onde se deu o último Cuidando de um
a uma entrevista no
encontro com seus doente
Ministrando Johrei Palácio do Sol em 1953
discípulos

Meishu-Sama e sua Pintando imagens de


Ministrando Johrei em esposa em frente ao Kannon no Fukimi Tei
uma criança prédio Nonkai no Templo Quando tirou uma foto e (Solar de
Nihon na Montanha estava ao fundo a Contemplação do
Nokoguiri imagem de Kannon de Monte Fuji)
mil braços
Penitência: Suportar
Palestrando no Hibiya
Uma pessoa tranqüila Cuidando de Camélias com paciência as
Public Hall em 22 de
em Hakone dívidas e controlar a
maio de 1951
ira

Corrigindo textos de seus Consultando livros de


ensinamentos ditados arte na casa de chá
aos discípulos Monte e Lua
Caligrafando imagens
Cuidando do Jardim
da Luz Divina

Mestre e os
componentes do
grupo Juikai no
Santuário Isse
Casamento com Yoshi No topo do monte Fuji comemorando seu
Revisando um texto no Grande Santuário de com sua esposa e mais aniversário
Hibiya em 1919 11 acompanhantes

Entrevista na sede Cerimônia Provisória da


provisória de Sakimi Vinda do Messias Lendo Atendendo convidados
no Museu de Hakone
Foto tirada nas Com sua família
Inspeção de Obras no proximidades do Atual (mulher e seis filhos)
Junto a plantação de Templo Messiânico Templo Messiânico é o no Fukimi-Tei *
milho no Jardim de 4º da esquerda p/ direita
Hozan-So

Com sua esposa Nidai- Em uma palestra Caligrafando


No Templo
Sama

Com sua esposa


escolhendo tecido na Palestra no Hibiya
loja Mitsukoshi Public Hall
Na passarela do trevo
em sua casa - Hakone
Com sua esposa
apreciando cerejeiras
* Nome dos filhos: da direita para esquerda Mihomaro, Shigueyoshi, kunihiro,
Itisuki, Miyako e Mitiko
2ª PARTE

LIVRO LUZ DO ORIENTE


A EXPRESSÃO LUZ DO ORIENTE

Creio que a expressão “Luz do Oriente” surgiu há uns dois mil anos, em
determinada parte da Europa, tendo se propagado gradativamente a ponto de hoje
não existir quem a desconheça. Até agora, no entanto, por ignorância do seu
verdadeiro significado, ela continua envolvida em mistério. Assim, gostaria de
mostrar o que realmente significa essa expressão.
Indiscutivelmente, “Luz do Oriente” era uma predição relacionada a minha
pessoa. Não haverá quem não se espante ao tomar conhecimento dessa verdade,
e poucas pessoas conseguirão aceitá-la de imediato. Por isso, tentarei me explicar
melhor, apresentando provas reais do que estou dizendo.
A primeira prova é o local onde nasci e o trajeto das mudanças que fiz.
Nasci num bairro pobre, antigamente denominado Hashiba, situado em
Assakussa, na cidade de Tóquio. O país chamado Japão, como todos sabem,
localiza-se no extremo leste do globo terrestre, acrescente-se que Tóquio é uma
cidade do leste do Japão. O leste de Tóquio é Assakussa, cujo leste, por sua vez é
Hashiba, o bairro ao qual me referi há pouco. A leste desse bairro está o rio
Sumida. Assim, Hashiba é realmente o leste do leste; em termos mundiais, é o
extremo leste do mundo.
Aos oito anos, fui morar no bairro de Senzoku, a oeste de Hashiba; mais
ou menos na época em que conclui o curso primário, mudei-me para o bairro de
Naniwa, em Nihon0bashi, e em seguida, para Tsukiji, em Kyô-bashi; depois fui para
os bairros de Ôi e Õmori, ambos em Ebara; mais tarde, me transferi para Kõji e a
seguir para Tamagawa, onde existe, atualmente o Solar da Montanha do Tesouro.
Posteriormente, dando um salto bem grande me mudei para Hakone e Atami, e
agora, para Quioto. Assim, troquei de residência dez vezes e dessas mudanças,
excetuando-se o bairro de Kõji, nove foram para o oeste. Naturalmente daqui em
diante a Luz do Oriente avançará cada vez mais para o oeste; um dia, é óbvio
chegará a China e finalmente a Europa.
Analisando os diferentes aspectos da cultura japonesa até o presente
momento, constatamos que todos eles nasceram no oeste e foram se expandindo
em direção do leste. Entre as religiões, o budismo, incluindo todas as suas
ramificações, o cristianismo e o xintoísmo – este último, originário do Japão –
nasceram no oeste e foram se propagando para o leste. A religião budista Nitiren
foi a única que nasceu no leste. E isso tem uma profunda razão de ser. Vejamos:
O budismo, como tenho dito, foi criado para promover a salvação das
criaturas na Era da Noite, isto é, o período em que o mundo era protegido pela
Deusa da Lua. Entretanto, como tudo ocorre primeiramente no Mundo Espiritual,
chegando a época apropriada a mudança para a Era do Dia, iniciou-se naquele
mundo, há setecentos anos o primeiro estágio do alvorecer.
Foi por isso que nasceu Nitiren Shõnin. Crendo em Buda, assim que
terminou seus primeiros aprimoramentos ele tomou a decisão inabalável de se
dedicar a divulgação do sutra “Hoke” pregado pelo Mestre. Primeiramente foi a
Awa sua terra natal e escalando o Monte Kiyossumi, próximo ao mar, entoou em
voz alta no momento em que o Sol estava para nascer, às palavras: “Nan-myõ-hõ-
ren-gue-kyõ” (para pedirem a Nitiren proteção e atingirem a iluminação). A partir de
então, divulgou para o mundo o sutra “Hoke” com todas as suas forças,
enaltecendo-lhe os benefícios. Mais tarde, lutou contra inúmeras perseguições, até
que finalmente estabeleceu uma seita inabalável como é hoje a Hoke-kyõ *religião
de Nitiren), que merece todo o nosso respeito.
Esse grande feito de Nitiren representava o primeiro raio da Luz do
Oriente. Em termos espirituais, podemos dizer que, no extremo leste do Mundo
Espiritual, até então imerso nas trevas, era um brilho bem fraco e pequeno o
primeiro indício de que o Sol estava para nascer. Naturalmente, isso não se
evidenciava aos olhos humanos. Mas em verdade constituía uma importante
realização Divina no avanço da Grande Providência.
Seiscentos e tantos anos depois chegada a hora do Alvorecer no dia 15 de
junho de 1931, levando trinta e poucos acompanhantes escalei o monte Kenkon
(nome oficial da Montanha Nokiguiri, no estado de Tiba) situado em monte, em
direção ao céu do leste, entoei uma oração. Na mesma hora, ocorreu algo
misterioso. Ainda não me é permitido revelá-lo, mas significa a demarcação da
mudança da Noite pra o Dia, promovida pela Providência de Deus. E o interessante
é que a leste do Monte Kenkon está localizado o Monte Kiyossumi, a uma distância
tão irrelevante que se uma pessoa chamar por outra de um dos lados, será ouvida
por ela. São realmente montes irmãos. E Nihon, o nome do templo que significa
“Nascente do Sol”, também está insinuando aquela mudança.
Acima escrevi sobre a afinidade do Japão com o budismo. Quanto ao
confucionismo, a moral, a sinologia, a medicina chinesa e todas as primeiras
expressões da cultura japonesa foram importadas da China e da Coréia. Nos
últimos tempos, foi introduzida no país a cultura ocidental de modo que a maior
parte da sua cultura provém do oeste. Além da religião Nitiren, não existia
nenhuma outra expressão cultural japonesa que tivesse nascido no leste.
Mas agora precisamos refletir: se dessa cultura nascida no oeste, se
tivesse conseguido formar um mundo ideal de paz e felicidade, que teria eu para
falar? O que vemos, entretanto, é justamente o contrário. Materialmente, o
importante que é a felicidade humana; não foi alcançada; e o pior é que segundo
tudo indica, também não o será no futuro. Certamente todos pensam assim. No
entanto, embora o homem contemporâneo não possua nenhuma esperança e viva
uma vida cotidiana sem objetivos, sentindo uma intranqüilidade inexplicável, a
maioria das pessoas, no íntimo, não cessa de ansiar pela luz da esperança. O
centro desse desejo na realidade é a Luz do Oriente.
Como podemos ver, os fundamentos da civilização seguiram uma
trajetória contrária a rodem natural, o que pode ser muito bem compreendido ao
observamos a Natureza: o Sol e a Lua despontam no leste e descrevem órbita em
direção do oeste. Sendo esta uma verdade eterna, o que nasce no leste representa
a própria Verdade. Assim, posso afirmar com toda segurança que as pessoas que
acreditarem em minhas palavras, procedendo em conformidade com elas,
conseguirão obter a verdadeira felicidade. Em resumo: eu purificarei toda a água
turva impelida do oeste para o leste, devolvê-la-ei pura e construirei um mundo
límpido como o cristal.
(Jornal Eikõ, nº 182, 12 de novembro de 1952)

MINHA HISTÓRIA

Introdução

Atualmente, mais de metade das pessoas do mundo inteiro professam


alguma fé religiosa. A grande maioria segue uma das três religiões: o cristianismo,
o islamismo ou o budismo, fundadas respectivamente, como todos sabem, por
Jesus Cristo, Maomé e Sakyamuni.
O principal meio de divulgação empregado por esses religiosos foi a
palavra escrita e oral, fundamentada em seus ensinamentos: parece mesmo que
não se utilizaram de nenhum outro método. O meu caso, porém, é totalmente
diferente. Tal como essas religiões, também temos ensinamentos, mas eles
constituem apenas um dos nossos meios de divulgação e no seu conjunto,
abrangem todos os aspectos da cultura necessários a vida humana. Pretendemos
especialmente corrigir os erros da civilização já formada e o fazemos através dos
mais diversos métodos e de fatos reais.
O nosso maior objetivo é eliminar deste mundo à doença, a miséria e o
conflito. Entretanto, como sempre tenho falado sobre esse tema, não me aterei a
ele aqui. Aqueles que me conhecem, cientes da grande obra de salvação por mim
realizada, naturalmente gostariam de saber tudo o que for possível a meu respeito;
no futuro, será incalculável o número de pessoas, no mundo inteiro, que terão o
mesmo desejo. Assim, como criador do princípio do Mundo Paradisíaco, pretendo
deixar para as gerações vindouras a imagem mais fiel da minha pessoa e por isso
escreverei a meu respeito.
Parece-me estranho que aqueles três grandes religiosos – Cristo, Maomé
e Sakyamuni – tenham expressado suas idéias de forma tão bem elaborada,
através de magníficos ensinamentos, como poder ver, por exemplo, nos oitenta e
quatro mil livros relacionados ao budismo – esforço esse reverenciável – mas nada
tenham falado a respeito de si mesmos. É como se estivessem trajados com
magníficas vestes e não quisessem tirá-las; desse modo, não podemos conhecer
suas impressões e confissões. Talvez eles não nos tenham revelado o seu íntimo
por não terem vontade de fazê-lo, mas acho isso realmente lamentável.
Quanto a mim, acontece justamente o contrário. Desejo escrever tudo a
meu respeito, com todos os detalhes. Provavelmente encontrarão pontos
incompreensíveis em minhas explanações, fatos que lhes parecerão verossímeis
ou inverossímeis, grandes ou pequenos, claros ou obscuros, finitos ou infinitos etc.
Por isso, creio que, saboreando minhas palavras, conseguirão obter a sabedoria da
vida e tornar-se-ão possuidores de espírito inabalável.

Meu mistério

Acredito que desde a criação do mundo, nunca existiu pessoa tão


misteriosa quanto eu. Realmente, sou misterioso em tudo. Ora, se eu próprio
penso dessa forma, quanto mais as outras pessoas. Certamente ficarão como
cegos, tentando captar minha imagem real. É curioso, entretanto, que nada atrai
mais o interesse do homem que o mistério. E existe mistério em todas as coisas.
Antropólogos pesquisam ruínas antigas e a vida dos povos primitivos para
descobrir o mistério que envolve aquela época; cientistas chegam a dedicar toda a
sua vida a pesquisa dos fenômenos físicos, dissecando-os e fazendo estudos
especiais sobre eles, criando a partir do nada, descobrindo o átomo e tentando
conhecer a teoria da transformação da matéria, para revelar esses mistérios,
médicos passam a vida inteira olhando por um microscópio, dedicando-se a análise
de cadáveres e experiências com animais, no objetivo de descobrir o mistério da
vida; astrônomos vivem a observar o céu através de telescópios, pesquisando
compenetradamente os astros, o vento, a chuva, os relâmpagos, as mudanças do
tempo etc. Idêntico esforço é desenvolvido por historiadores, geógrafos e outros
estudiosos. Literatos e artistas plásticos também fazem o mesmo, a fim de
receberem inspiração e descobrirem o mistério da Arte. A forma difere de acordo
com a especialidade, mas todos são guiados por um só desejo: desvendar o
mistério.
O assunto é um pouco diferente, mas até mesmo o amor-paixão entre um
homem e uma mulher se fundamenta na atração do mistério. Também é um
grande mistério alguém se envolver sentimentalmente a ponto de dar fim a própria
vida por não querer se separar da pessoa amada. Dessa forma, podemos dizer
que a vida é uma luta incessante contra o mistério. Realmente, esse é inexplicável,
quer por meio de teorias, quer por mio da lógica. Além disso, seu poder é infinito.
Conseqüentemente, podemos afirmar que a condição fundamental para a cultura
ter chegado ao ponto em que chegou foi a pesquisa do mistério.
Mas devemos dizer que o mistério dos mistérios é a fé. O mistério da
crença nos deuses supera o do amor-paixão, muito embora, hoje em dia, salvo
raras exceções, não existam religiões com mistérios. Na época de sua fundação,
certamente elas os possuíam em grande quantidade, mas todos eles foram
desvendados com o decorrer do tempo. Em comparação, algumas religiões novas
encerram muitos mistérios e por isso, embora criticadas, passaram a frente das
religiões tradicionais e estão se expandindo amplamente. A diferença é semelhante
a que existe entre uma moça que acabou de se casar e uma senhora casada há
muito tempo. Entretanto, é claro que mesmo nas religiões novas a quantidade de
mistérios varia bastante de uma para outra. Modéstia a parte não existe religião tão
cheia de mistérios quanto a nossa Igreja Messiânica. Poderão comprová-lo pela
rapidez com que ela está se expandindo. Como sou eu a origem desse milagre,
não se pode calcular quão rico é o poder misterioso que está no meu interior. Por
isso, desejo fazer com que compreendam profundamente as minhas palavras,
embora seja realmente difícil explicar, porque depois de certo limite, o
entendimento é proporcional ao grau de inteligência de cada um. Para que me
compreendam, não há outro meio, portanto, a não ser polirem a alma e tornarem-
se sábios.
Farei agora uma autodissecação dos mais diversos ângulos da minha
personalidade, para me revelar inteiramente.

Sou Deus ou ser humano?

Não existe pessoa tão singular quanto eu. Nos limites do que se conhece
desde os tempos antigos, através das biografias de religiosos, sábios, grandes
personagens etc., não há ninguém que se encaixe nos mesmos moldes. Com
certeza, trata-se um fato inédito desde o início do mundo. Eu próprio quanto mais
penso nisso, creio que tudo se resume numa palavra: mistério. Conseqüentemente,
no futuro, quando se fizerem pesquisas sobre minha pessoa, inevitavelmente
surgirão inúmeras críticas. Com esse pensamento, quero deixar retratada a minha
imagem mais real.
O que julgo mais interessante, ao escrever sobre mim mesmo, é a minha
própria personalidade. Os mistérios que envolvem são tantos, que eu vou me
analisar não só de acordo com o meu próprio ponto de vista, mas também de
terceiros. Até as pessoas que têm contato comigo há mais de dez anos ainda não
compreenderam realmente esses mistérios, nem mesmo minha esposa parece
entender-me muito bem.
Naturalmente, sou religioso, mas não sou um fundador de religião como o
foram Sakyamuni ou Jesus Cristo; tampouco sou um personagem sobrenatural.
Em verdade, abranjo aspectos muitos amplos.
Quando jovem, nunca atentei para esse fato; tinha apenas uma leve
consciência de ser um pouco diferente das pessoas comuns. A principal diferença
que eu encontrava em mim é que não sentia nenhuma inclinação para adorar
qualquer pessoa, fosse ela um grande personagem histórico ou qualquer outra
eminência. A verdade é que eu não julgava ninguém tão relevante a ponto de ser
superior a mim. Não era pretensão nem presunção, era um sentimento que surgia
naturalmente e por isso muitas vezes cheguei até sentir solidão.
Outra de minhas características particulares é um forte sentimento de
justiça e o dobro de ódio ao mal sentido pelas pessoas comuns. Eu sofria bastante
para dominar o furor que sentia ao ler os jornais diários. Acreditava, então, que
para diminuir as injustiças que se me deparavam, o melhor meio era fundar um
jornal. Naquela época, uma pessoa só conseguiria abrir uma empresa jornalística
se tivesse mais de um milhão de ienes, e eu tive de trabalhar bastante para obter
essa quantia. Lamentavelmente, ao contraio do que esperava, acabei fracassando.
No entanto, como esse fato se tornou um dos motivos que me levaram a seguir a
vida religiosa, considero-o até positivo.
Foi assim que ocorreu o meu ingresso na Religião Õmoto. Graças a essa
religião, eu, que até então era completamente agnóstico, pude conscientizar-me
profundamente da existência de Deus. Como me aconteciam surpreendentes
milagres, uns após outros, é claro que meu sentimento mudou completamente,
dando uma volta de cento e oitenta graus. A cada dia aumentava o número de
milagres, até que finalmente recebi a revelação espiritual sobre a minha vida no
passado, no presente e no futuro, além de ser investido de um poder sobre-
humano e da grande missão de salvar a humanidade.
Um fenômeno que achei muito curioso, nessa época, é que uma força
grandiosa me manejava livremente, fazendo com que, por meio de milagres eu me
encontrasse pouco a pouco com o Mundo de Deus. A minha alegria, nessas horas
era irrefreável. Era uma sensação indescritivelmente profunda, nítida e elevada.
Além do mais, os milagres continuavam acontecendo fatos interessantíssimos. Não
sei quantas vezes cheguei a provar essas sensações num só dia. O maior de todos
os milagres foi o que ocorreu em dezembro de 1925, último ano do reinado do
imperador Taishõ.
(Artigo não publicado, escrito em 1952)

ESTADO DE UNIÃO COM DEUS

Desde os tempos antigos, muito se tem falado sobre pessoas que vivem
em estado de perfeita união com Deus, mas eu creio que jamais existiu alguém
que realmente tivesse vivido nesse estado. De fato, os três grandes religiosos –
Sakyamuni, Jesus Cristo e Maomé – pareciam unos com Deus, mas, em verdade,
eram apenas mensageiros da Vontade Divina: em termos mais claros, eram
mensageiros de Deus. Dessa forma, não se sabia fazer diferença entre uma
pessoa em estado de união com Deus e um mensageiro de Deus.
Os mensageiros de Deus atuam através de encostos ou seguindo as
determinações Divinas. Por isso, sempre rezam a Deus e pedem sua proteção. Eu,
porém, não faço nada disso. Como os fiéis sabem, não oro a Deus nem lhe peço
orientação. Basta que eu aja de acordo com a minha própria vontade, o que é
muito fácil. Visto que poderão estranhar o que estou dizendo, por ser algo inédito,
explanarei apenas os pontos que não acarretam nenhum problema.
Como sempre digo, há uma Bola de Luz em meu ventre. Essa Bola é o
Espírito de Deus, de modo que Ele mesmo maneja livremente meus atos, minhas
palavras, tudo. Ou, seja; em mim não há distinção entre Deus e o homem. Este é o
verdadeiro Estado de União com Deus. Como o Espírito Divino que habita o meu
ser é o mais elevado, não existindo nenhum deus superior a este, não faz sentido
reverenciar outros deuses. A melhor prova são os milagres manifestados
diariamente pelos fiéis. Ora, se até os meus discípulos evidenciam milagres que
não são inferiores aos manifestados por Cristo, poder-se-á através desse único
fato, imaginar a minha hierarquia divina.
Acrescente-se, ainda, que todos os religiosos existentes até agora
previram a concretização de um mundo paradisíaco, mas não disseram que seriam
eles os construtores desse mundo. Isto porque seu nível divino era inferior, e seu
poder, insuficiente. Mas eu afirmo que o Paraíso Terrestre, mundo sem doença,
miséria e conflito, será construído por mim. Daqui para frente evidenciará inúmeras
realizações surpreendentes, nunca vistas até agora, e por isso gostaria de que as
observassem com muita atenção. Surgirão inúmeras ocorrências inconcebíveis em
termos de realização humana.
(Jornal Eikõ, nº 155, 7 de maio de 1952)

NASCIMENTO DA IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

Por que foi criada a nossa igreja?

Quando analisamos a cultura moderna, que há milhares de anos a


humanidade vem edificando com incansável esforço e dedicação, ficamos
deslumbrados ante o seu aspecto esplendoroso e o incrível progresso que ela
apresenta externamente. É desnecessário dizer que os homens da atualidade
dispensam os maiores elogios a tudo isso. Entretanto, ao observamos o outro lado
dessa cultura, isto é, o seu conteúdo deparamos, com algo inesperado: ele é
exatamente o contrário da parte externa. O que se opõe a esta é, naturalmente, a
parte espiritual, onde não se vê nenhum progresso, a ponto de pensarmos que os
homens do passado eram até superiores. No presente, se pesássemos numa
balança o bem e o mal que existem no coração dos seres humanos, veríamos que,
infelizmente o mal tem muito mais peso.
A influência maléfica que esse fato exerce sobre a sociedade humana é
muito maior do que poderíamos imaginar. Isso se torna bem claro ao constatarmos
que a guerra – o maior dos sofrimentos humanos – a doença, a pobreza, o crime,
as calamidades naturais, enfim, todas as ocorrências desagradáveis, ao invés de
diminuírem, tendem até a aumentar. Assim, é estranho que a cultura espiritual não
acompanhe o progresso da cultura material e as pessoas não manifestem
nenhuma desconfiança a respeito; pelo contrario, vão se deixando viciar pela
cultura material, incrementando-a cada vez mais. Mas por que será que os
religiosos, os escolásticos, os políticos e o grande número de intelectuais
existentes em todos os países não despertam para essa realidade? Dentre eles
talvez haja algumas exceções, mas tais pessoas nada fazem, pois, não
conhecendo os fundamentos da questão, consideram que o fato é inevitável.
Parece que elas estão resignadas, achando que se trate de uma condição inata da
humanidade.
O principal desejo do homem é ser feliz, e ele veio empregando toda a sua
inteligência e utilizando-se dos mais diversos meios para concretizá-lo. Mas a
aspiração de um mundo ideal acabou se tornado um sonho utópico. Nesse sentido,
inicialmente, a humanidade procurou apoio na Religião. Entretanto, como a
possibilidade de atingir seu objetivo unicamente através da Religião tornava-se
pequena, procurou alcançá-lo através do Ensino, da Moral, da filosofia e de outros
meios surgidos no Oriente e no ocidente a partir do século V. No oriente,
apareceram sábios como Confúcio, Meng-tzu e Chur-tzu; no Ocidente, educadores
como Sócrates e filósofos como Kant, Hegel e outros. Logicamente a humanidade
depositou neles suas esperanças.
A partir do século XVII, porém, começou a surgir no Ocidente a Ciência
materialista e foram se promovendo revoluções gradativas em todos os setores. O
progresso da tecnologia mecânica deu origem à revolução industrial e o mundo
inteiro ficou encantado pela Ciência. Assim, ao invés de continuar seguindo
caminhos tortuosos e longos como o da Religião e da Moral, considerou-se que
para aumentar a felicidade do ser humano e construir o mundo ideal, não havia
meio mais eficiente que a cultura científica – visível, palpável e comprovável. Além
do mais, constatando que quanto mais adiantada é a cultura de um país, mais rico
e próspero ele é, mais armamentos possui, mais abençoada é a vida de sua
população mais ele é respeitado pelo mundo, chegando o seu poder influenciar as
nações vizinhas, os países, disputando entre si, procuraram imitá-lo. Por esse
motivo, a cultura científica foi evidenciando um rápido progresso até chegar ao
estágio atual. Entretanto, como a humanidade se deslumbrou demais com ela,
depositando-lhe excessiva confiança, sua parte espiritual acabou ficando debilitada
e seus preceitos morais decaíram. Assim, buscando apenas as coisas visíveis, os
homens, inconscientemente, acabaram por se tornar escravos da ciência. O ser
humano, que na verdade deveria dominá-la, passou a ser dominado por ela. É o
que se percebe atualmente. Por esse motivo, podemos dizer que estamos a um
passo da catástrofe mundial e que o futuro da humanidade corre um sério perigo.
A felicidade e até o mundo ideal que eram aspirados inicial de todos os
homens, foram esquecidos, não se sabe quando, tendo-se chegado a um momento
em que não se vai nem para frente e nem para trás. Assim, quanto mais a cultura
progride, mais o homem se distancia da felicidade. É um resultado extremamente
irônico. Parece uma gangorra quando um dos lados sobe, o outro desce.
Em termos mais concretos, inicialmente se tentou construir o Paraíso
Terrestre com a cultura espiritual, mas, como a sua concretização parecia
impossível, apelou-se para a cultura científica. Os homens avançaram com força
total. Entretanto, como foi exposto anteriormente ao invés de se alcançar o
Paraíso, chegou-se a um estado pior que o do próprio inferno; a iminência da
destruição da humanidade, com a descoberta da bomba atômica. O fato, porém, é
que, embora se tenha chegado a uma época tão perigosa como a atual, os homens
ainda não despertaram, continuando a venerar a ciência materialista. Em poucas
palavras, eles fracassaram recorrendo à cultura espiritual e também a cultura
material, mas infelizmente ainda não se cansaram das coisas ruins. Como
solucionar esse problema? A tarefa mais importante de toda a humanidade é
reconhecer os erros cometidos até agora e recomeçar da estaca zero. Ou seja, a
solução é formar uma cultura cruzada, que não pende nem para o espírito nem
para a matéria, mas funde e iguala ambas as partes. Somente assim estará
concretizado o Paraíso Terrestre.
Por tudo que vimos até agora, podemos dizer que a época atual é a época
da mudança da velha para nova cultura, a era da grande transição mundial a que
sempre nos referimos. Será que, na história da humanidade, já foi registrada uma
mudança tão grande? Em verdade, é um fato inédito. E como será essa nova
cultura que ocupará o lugar da velha? Incontestavelmente, trata-se de algo que não
pode ser compreendido, ainda que em pequena parcela, pela inteligência do
homem contemporâneo. E quem se encarregará de criá-la?
Nesse momento que estamos vivendo, independentemente de cremos ou
não é imprescindível começarmos a admitir a existência do ser conhecido como
Deus. Por conseguinte, darei explicações a respeito.
Embora falemos simplesmente Deus, na verdade existem níveis –
superior, médio e inferior – com inúmeras funções. Até hoje, quando se fala em
Deus, pensa-se no monoteísmo cristão ou no politeísmo xintoísta. Entretanto,
ambas são visões arbitrárias. Na verdade, existe um único e verdadeiro DEUS, que
se subdivide, transformando-se em vários deuses. Por isso, Ele é um e muitos ao
mesmo tempo. Cheguei a essa conclusão através de longos anos de pesquisa
sobre o Mundo Divino. Trata-se de um pensamento que já existia, mas parece que
não se conseguiu dar maiores explicações a respeito. Até aquele Deus que veio
sendo adorado como Supremo está abaixo da segunda classe. DEUS está muito
além e só veio sendo venerado de longe pela humanidade. Mas quem é Ele,
então? Não é outro senão o Senhor e Criador do Universo, ou seja, o Princípio de
tudo. Aquele a quem os povos têm se referido como Jeová. Logos, Deus. Tentei,
Mukyoku, Segunda Vinda de Cristo, Messias etc.
O Objetivo de DEUS é a construção do Mundo Ideal de perfeita Verdade,
Bem e Belo, e, para tanto, era necessário que todas as condições fossem
preenchidas. Ele estava aguardando o tempo certo. Essa hora chegou: é a época
atual. Sendo assim, é preciso, antes de mais nada, que a humanidade se
conscientize disso e que se processe a revolução espiritual de cada indivíduo.
Darei uma prova do que escrevi acima.
Nos Estados Unidos, começou a usar-se, ultimamente a expressão Nação
Universal. Obviamente, representa o Mundo Ideal, que eles julgam possível graças
ao progresso alcançado pela civilização materialista. Entretanto, por mais que se
fale em construir o Paraíso Terrestre, se a cultura for inferior, se os países
estiverem isolados uns dos outros e as condições de transporte forem deficientes,
o mundo continuará conturbado e o que é fundamental será impossível unificar o
pensamento da humanidade.
Visto que finalmente chegamos à época da criação da nova cultura, é
preciso conhecermos de antemão como é esse grandioso plano. Naturalmente,
para que ele se concretize, Deus se utiliza um ser humano. Considerando que a
pessoa escolhida sou eu, não é nada difícil entender a razão pela qual foi criada a
Igreja Messiânica. DEUS revela-me a cada hora, o Plano do paraíso e eu o ponho
em prática conforme Suas ordens. Ao mesmo tempo, o que houver de útil na velha
cultura será mantido, e o que não tiver utilidade será reformulado. Esse é o grande
amor de DEUS. Aquilo que não puder se tornar útil, infelizmente terá de ser
destruído para sempre. E o que é isso senão o Juízo Final? Realmente, constitui
um motivo de gratidão e também de temor.
Lamentavelmente, porém, embora eu apresente os fatos tal como eles me
foram revelados por DEUS, os materialistas os interpretam de forma herética,
fazendo severas críticas. Mas isso é natural, pois durante longo tempo os homens
só tiveram a experiência de viver uma das formas da cultura – a espiritual ou a
material – de modo que eles não podem compreender facilmente uma cultura
cruzada, que não pende para nenhum dos lados. As pessoas que estão do lado da
cultura espiritual, dizem que as graças materiais manifestas por nós são
realizações de uma fé de nível inferior que busca apenas as coisas materiais. Elas
acham que a fé superior busca unicamente a satisfação espiritual e sentem
satisfação sozinhas, enfileirando, escolasticamente, palavras difícieis. Entretanto,
os resultados obtidos pelas religiões teóricas para salvar um grande número de
pessoas, são insignificantes, e eu creio que essa é a causa da estagnação das
religiões tradicionais. Já os que estão do lado da cultura material, devido a
valorização exagerada do materialismo, afirmam que além das coisas visíveis, tudo
não passa de superstição. Naturalmente, não vêem motivos para crer na existência
de Deus. E o pior é que, sobretudo entre a classe dirigente e a classe intelectual do
Japão é grande o número de pessoas desse tipo. Assim, elas olham
supersticiosamente para a nossa Igreja, contestando-a com palavras orais e
escritas. Os mais extremistas chegam até a pedir que o povo se acautele, evitando
aproximar-se dela. Influenciadas por essa atitude, as pessoas hesitam em
conhecê-la e, assim, não conseguem aprender sua verdadeira imagem.
Conseqüentemente, a maioria dos intelectuais, sem o saber, constitui um
empecilho para a nova cultura.
Sempre que nasce algo novo, fatalmente surgem opositores. Isso
acontece tanto no Ocidente como no Oriente. Podemos dizer que é a triste
predestinação de todos os anunciadores de uma nova época. O mais engraçado é
que, quando surge uma teoria de nível não muito superior ao da cultura da época,
os intelectuais a elogiam em coro. Isso ocorre porque as pessoas que receberam
uma educação representativa da cultura tradicional têm maior facilidade para
entende teorias desse nível. Os detentores do Prêmio Nobel enquadram-se em tal
categoria. Todavia, quando surge uma teoria muito elevada, distante do nível
cultural da época, os intelectuais consideram-na herética, combatem-na e tentam
neutralizá-la. Isso também se evidencia entre os ocidentais, como podemos
constatar pelos sofrimentos infligidos a inovadores como Jesus Cristo, Sócrates,
Copérnico, Galileu, Lutero e outros.
A teoria exposta por mim é muito mais inédita que a desses inovadores,
adiantada um ou dois séculos em relação a época atual, e por isso as pessoas que
a ouvem pela primeira vez e aquelas que estão bitoladas pela cultura tradicional
ficam boquiabertas e não pensam em analisá-la devidamente? Anulam-na,
afirmando de forma taxativa que se trata de mera superstição. Mas, reflitamos: se
ela não passa de uma teoria evasiva, por que será que, sem sofrer o menor abalo,
a nossa Igreja continua aumentando a sua expansão, embora receba tantas
censuras, tantos ataques, e sofra opressões por parte das autoridades? Deve
existir alguma razão. Não sei quantas vezes ela percorreu caminhos espinhosos e
atravessou chuvas de flechas. Apesar de tudo, a obra de construção do Paraíso
Terrestre está avançando bem mais rápido do que se esperava. Inegavelmente,
isso é ininteligível para o raciocínio humano.
O fato é que, uma vez se tornando membro da Igreja Messiânica, qualquer
pessoa consegue manifestar um poder semelhante ao do fundador de uma religião.
Um simples fiel manifestar milagres é coisa mais do que comum em nossa Igreja;
é, realmente, uma extraordinária graça material. Além disso, através dos nossos
ensinamentos, esse fiel consegue captar a essência da vida, despertar para a
Verdade, melhorar sua vida cotidiana e ficar mais alegre; sustentado por inabalável
fé, pode até mesmo vislumbrar o futuro. Assim, ele passa a viver com verdadeira
segurança e tranqüilidade. A prova mais evidente é que, com o decorrer do tempo,
suas feições e sua pele melhoram. Isso acontece porque uma vez que seu sangue
se torna mais puro, sua saúde aumenta, desaparecem suas incertezas quanto ao
futuro, seu caráter se eleva e ele se torna uma pessoa virtuosa. Dessa forma,
ganha maior confiança de terceiros e por eles é respeitado.
A condição fundamental para se construir o Paraíso Terrestre, objetivo de
nossa Igreja, é que o indivíduo se eleve e adquira a qualificação de ente celestial.
Como o mundo é um agrupamento de indivíduos, se aumentar o número de
pessoas com essa característica, obviamente surgirá o Paraíso Terrestre.
20 de novembro de 1950
(Extraído de “Ligeiras noções sobre a Igreja Messiânica Mundial”)

ELIMINAÇÃO DA TRAGÉDIA

Entre tudo que existe no mundo, o que o homem mais detesta é tragédia.
Eliminá-la totalmente é impossível, mas, de certo modo, não será tão difícil diminuí-
la. Estudemos sua natureza.
A realidade evidencia que a maior parte das tragédias tem como causa a
doença. Elas também são causadas por problemas sentimentais e pela
desonestidade decorrente de interesses materiais. Todavia, através de uma
pesquisa acurada, descobri que tudo tem raiz na enfermidade espiritual. Dizem que
um espírito são habita um corpo são, e é uma grande verdade. Verifiquei, após
longos anos de pesquisa, que a imoralidade, a injustiça, a impaciência, o
alcoolismo, a preguiça e a corrupção de jovens existem quase sempre em físicos
doentes.
Infelizmente, não encontramos meios positivos para curar a doença e
restabelecer a saúde física e espiritual, seja apelando para a medicina ou para
outros recursos. E mesmo que tivéssemos descoberto a causa do problema, faltar-
nos-iam recursos para solucioná-lo. Há pessoas que se orgulham de terem
descoberto a origem e o processo de cura das doenças; a maioria dos processos,
entretanto, não passa de paliativos. É realmente desolador.
A verdadeira solução da doença e de todas as desgraças depende de uma
força invisível, e só aos que a experimentaram é dado reconhecer o
incomensurável Poder Divino. Os homens contemporâneos não se convencem
senão através de fatos ou de provas; portanto, sem a apresentação de resultados
concretos é inútil querer pregar princípios elevados e divulgá-los. Para esses
homens, a salvação da humanidade e a obra em prol do beneficio da sociedade
não passam de um sonho.
A essência da verdadeira Fé consiste na ação do poder invisível mover o
que é visível.. Esse poder maravilhoso está sendo manifestado pela nossa Igreja e,
por essa razão, creio que se poderia dizer que ela é a Religião do Poder. Dentre os
casos milagrosos expostos em nossas publicações, existem muitos exemplos de
cura de doenças gravíssimas, e a alegria e a gratidão dos agraciados nos
comovem até as lágrimas.
Como a maioria das religiões se limita a pregar doutrinas, sua força age do
exterior para a alma. Mas o ato purificador empregado pela Igreja Messiânica – o
JOHREI – projeta a Luz Espiritual diretamente na alma, despertando-a
instantaneamente. Ou seja, a igreja converte a pessoa sem a intervenção humana,
deixando os sermões para segundo plano. Os que nela ingressam, alcançam
rapidamente uma percepção superficial e, pouco a pouco, uma percepção mais
profunda. Além de superarem a sua própria tragédia, tornam-se aptos a eliminar a
tragédia alheia.
11 de junho de 1949
(Extraído do Livro Alicerce do Paraíso)

O PARAÍSO E O MUNDO DA ARTE

Sempre tive muito interesse pela Arte. Como é do conhecimento de todos


os fiéis, planejei e estudei a construção, em Hakone e Atrami, de jardins, edifícios e
outras instalações de elevado teor artístico, nunca vistos até agora. Antes, eu
também me dedicava bastante ao desenho, mas atualmente estou tão atarefado
que já não posso fazê-lo. Mesmo assim, faço caligrafia, componho poemas, vivifico
as flores, realizo a cerimônia do chá e tenho grande interesse pelas obras de
belas-artes, chegando até a comprá-las, de acordo com as possibilidades
financeiras. As vezes, os fiéis também ofertam objetos artísticos, de modo que eu
tenho saciado um pouco a minha sede em relação a eles. Também gosto de teatro
e de música japonesa e ocidental, mas, como disponho de pouco tempo, tenho me
contentado com o cinema e o rádio. Todos dizem ser muito raro uma pessoa de
minha idade apreciar músicas ocidentais e cinema; entre os americanos, parece
que isso é muito comum, mas não entre os japoneses.
Pelo que puderam ver, a maior parte do meu dia-a-dia é dedicado a Arte,
de modo que se poderia dizer que eu levo uma vida artística. Penso sempre que
Deus me atribuiu essa característica devido a minha missão de construir o Paraíso
Terrestre que é o Mundo da Arte. Vejamos porquê.
Até agora, estávamos no Mundo da Noite. Tratando-se de um mundo
escuro, sem luz, era fácil o ser humano cometer pecados e crimes em segredo, o
que o levava, naturalmente, a gostar das coisas más: enganar as pessoas fazê-las
sofrer, ter vontade de roubar o que pertence aos outros, procurar relações impuras
com o sexo oposto e provocar conflitos. Os próprios fatos mostram isso.
Entretanto, uma vez que estamos entrando no Mundo do Dia, tudo se tornará claro
e nítido, não sendo mais possível esconder nada. O ser humano deixará
naturalmente de ter inclinação para o mal; tenderá inevitavelmente para o que é
bom e correto. Assim, é claro que sua atenção se voltará para a Arte. Tudo que se
relaciona as belas artes, a poesia, ao canto, aos instrumentos musicais, enfim,
todas as manifestações artísticas assim com as construções, as ruas, as cidades,
os teatros, as instalações recreativas, as decorações de interior, as vestes
individuais e tudo mais se tornará extraordinariamente belo.
Conforme o exposto, devemos entender que o Mundo de Miroku, ou seja,
o Paraíso Terrestre é o Mundo da Arte.
25 de fevereiro de 1950
(Extraído do Jornal Kyussei, nº 51)

PRINCÍPIO DA AGRICULTURA NATURAL

A fim de que todos entendam realmente o principio da Agricultura Natural,


proponho-me explicá-lo por meio da ciência espiritual, da qual tomei conhecimento
por meio de Revelação Divina, pois é impossível fazê-lo através do pensamento
que norteia a ciência material. No inicio, talvez seja muito difícil compreender esse
principio, mas, a medida que o lerem várias vezes e o saborearem bem, fatalmente
a dificuldade irá diminuindo. Caso isso não aconteça, é porque a pessoa está muito
presa as superstições da Ciência.
O que eu exponho é a Verdade Absoluta. Os próprios fatos o comprovam.
Seguindo o princípio da Agricultura natural, é certo obter-se, desde o primeiro ano,
um aumento de dez a cinqüenta por cento na produção. Como todos sabem, o
método agrícola utilizado atualmente consiste na fusão do método tradicional com
o método científico. Pensa-se que houve um grande progresso, porém os
resultados mostram exatamente o contrário, conforme podemos ver pela grande
diminuição da produção no ano passado. Os pés de arroz não tinham força
suficiente para vencer as diversas calamidades que ocorreram, e essa foi a causa
direta daquela diminuição. Mas qual a razão do enfraquecimento dos pés de arroz?
Se eu disser que o fenômeno foi causado pelo tóxico chamado fertilizante, todos se
surpreenderão, pois os agricultores até agora, vieram acreditando cegamente que
o fertilizante é algo imprescindível no cultivo agrícola. Devido a essa crença, ao
pouco conhecimento dos agricultores e a cegueira da Ciência, não se conseguiram
descobrir os malefícios dos fertilizantes.
É inegável o valor da Ciência em relação a muitos outros aspectos, mas,
pelo menos no que se refere à agricultura ela não tem nenhuma força, ou melhor,
está muito equivocada. Por exemplo,: aprova-se o método humano e negligencia-
se o poder da Natureza porque ainda se desconhece a natureza do solo e as
propriedades dos fertilizantes. Há longos anos, o governo, os grandes agricultores
e os cientistas vêm desenvolvendo um grande esforço conjunto, mas não se vê
nenhum progresso ou melhoria.
Diante de uma fraca produção como a que ocorreu no ano passado,
podemos dizer que a Ciência não consegue fazer nada, sendo vencida
naturalmente, sem oferecer nenhuma resistência. Não há mais nenhum método a
ser empregado. A agricultura japonesa está realmente num beco sem saída. Mas
devemos alegrar-nos: Deus ensinou-me o meio para sair dele – a Agricultura
Natural. Afirmo que não existe outra maneira, além dessa, para salvar o Japão.
A base do problema é a falta de conhecimento em relação ao solo. A
agricultura até agora, tem negligenciado esse fator, que é o principal, dando maior
importância ao fertilizante, algo acessório. Pensem bem. Sem a terra, o que podem
fazer as plantas, sejam elas quais forem? Um bom exemplo é o daquele soldado
americano que após a guerra, praticou o cultivo na água, despertando grande
interesse. Creio que ainda devem estar lembrados disso. No início, os resultados
foram excelentes, mas ultimamente pelo que tenho ouvido falar, eles foram
decaindo e o método acabou sendo abandonado.
Até hoje, os agricultores fizeram pouco caso do solo, chegando a acreditar
que os fertilizantes eram o alimento das plantações. Com essa atitude cometeram
um espantoso engano. O resultado é que o solo se tornou ácido, perdendo seu
vigor original. Isso está muito bem comprovado pela grande diminuição da safra no
ano passado. Não percebendo seu erro, os agricultores gastam inutilmente
elevadas somas em fertilizantes, despendendo árduo esforço. É uma grande tolice,
pois se está produzindo a própria causa dos danos.
Empregarei agora o bisturi da ciência espiritual para explicar a natureza do
solo. Antes, porém, é preciso conhecer o seu significado original.
Deus, Criador do Universo, assim que criou o homem criou o solo, a fim de
que este produzisse os alimentos para nutri-lo. Basta semear a terra que a
semente germinará e se desenvolverá o caule, as folha, as flores e os frutos,
proporcionando-nos farta colheitas no outono. Assim sendo, o solo, que produz os
alimentos, é um maravilhoso técnico ao qual deveríamos dar grande preferência.
Obviamente, como se trata do poder da Natureza, a Ciência deveria pesquisá-lo.
Entretanto, ela cometeu um grande erro: confiou mais no poder humano.
Mas o que é o poder da Natureza? É a incógnita surgida da fusão do Sol,
da Lua e da Terra, ou seja, dos elementos Fogo, Água e Solo. O centro da Terra,
como todos sabem, é uma massa de fogo, a qual é a fonte geradora do calor do
solo. A essência desse calor, infiltrando-se pela crosta terrestre, preenche o
espaço até a estratosfera. Nela também existem duas partes: a espiritual e a
material. A parte material é conhecida pela Ciência com o nome de nitrogênio, mas
a parte espiritual ainda não foi descoberta por ela. Paralelamente, a essência
emanada do sol é o elemento Fogo, que também possui uma parte espiritual e uma
parte material; esta é a Luz e o Calor, mas aquela também ainda não foi
descoberta pela Ciência. A essência emanada da Luz é o elemento Água e sua
parte material é constituída por todas as formas em que a água se apresenta;
quanto a parte espiritual também ainda não foi descoberta. Assim, a incógnita X é o
produto da união desses três elementos espirituais ainda não descobertos. Através
dele é que todas as coisas existentes no Universo nascem e crescem. Essa
incógnita X é o nada e também a origem da força vital de todas as coisas.
Conseqüentemente, o desenvolvimento dos produtos agrícolas também se deve a
esse poder. Ele é o fertilizante infinito. Reconhecendo-se essa verdade, amando-se
e respeitando-se o solo, a capacidade deste se fortalece espantosamente. Eis o
Verdadeiro método agrícola. Não existe outro. Através de sua prática, o problema
da agricultura será solucionado pelas raízes.
Sem dúvida as pessoas ficarão boquiabertas, mas existe outro fator
importante. O homem, até agora, pensava que a razão e os sentimentos limitavam-
se aos seres animados. Entretanto, eles existem também nos corpos inorgânicos.
Obviamente, como o solo e as plantações estão nesse caso, respeitando-se e
amando-se o solo, sua capacidade natural se manifestará ao máximo. Para tanto, o
mais importante é não sujá-lo, mas torná-lo ainda mais puro. Com isso, ele ficará
alegre e logicamente, se tornará mais ativo. A única diferença é que os seres
animados se movimentam livremente, mas o solo e as plantas não têm essa
liberdade, são inertes. Assim, se pedirmos uma farta colheita com sentimento de
gratidão, nosso sentimento se transmitirá a Deus e a graça não deixará de se
produzir. Por desconhecimento desse principio, a Ciência comete uma grande
falha, determinando que tudo aquilo que é invisível e impalpável não existe.

(Extraído de “A grande revolução da agricultura japonesa”, artigo


publicado no Jornal Eikõ, nº 245, 27 de janeiro de 1954).

FORMAÇÃO FAMILIAR

A família do Fundador era constituída de cinco pessoas seu pai, Kissaburõ


Okada, sua mãe, Tori; sua irmã Shizu, seu irmão Takeijirõ e ele. Havia uma irmão
mais velha, chamada Haru, mas esta faleceu um ano antes do seu nascimento.
Nessa época a família morava numa humilde casa de aluguel situada no
bairro de Hashiba, nº 63 (atualmente Hashiba, quadra 2 nº 2, Distrito de Daitõ). O
local hoje faz parte da Sede Metropolitana de Tóquio da Igreja Messiânica Mundial.
Anos mais tarde, o Fundador escreveu sobre a sua vida nessa época:
“Nasci em Hashiba, bairro pobre localizado em Assakussa, Tóquio.
Lembro-me vagamente de que meu pai negociava com objetos usados e de que
2
nossa casa só tinha dois cômodos: um, com mais ou menos 4,90m onde
2.
funcionava a loja, e uma sala de estar com aproximadamente 7,30 m Todas as
noites ele ia ao Parque Assakussa, distante mais ou menos um quilômetro para
abrir sua barraca noturna.
Desde que tenho consciência, muitas vezes ouvi meu pai falar que se não
conseguisse determinada quantia naquela noite, não teríamos o que comer no dias
seguinte. Então, caso não chovesse, ele carregava uma pequena carroça com
alguns utensílios velhos e minha mão levando-me às costas, ia empurrando-a.
Vivendo numa pobreza extrema, ela ficou desnutrida e como não tinha leite para
me amamentar, ia pedir leite materno à esposa de um bonzo do Templo Rensõ,
que ficava próximo. Quando eu estava para terminar o curso primário, a situação
financeira de minha família melhorou um pouco, e então pude ingressa na Escola
de Belas Artes.
Portanto, em minha infância, e mesmo quando já tinha uma família para
cuidar, durante um bom espaço de tempo provei o sabor da pobreza, podendo
compreender o quanto o dinheiro é motivo para gratidão. Isso me foi de grande
proveito, pois ainda hoje não consigo desperdiçar nada, nem viver no luxo, de
modo que sou até grato pela adversidade daquela época”.

Escola Primária

Em janeiro de 1889, com seis anos o fundado entrou na Escola Primária


Básica Nishin, situada no bairro de Sanya. Passou para o segundo ano com o
Diploma de Honra ao Mérito onde está escrito: “Honramos o seu esforço nos
estudos e a excelência de sua caligrafia feita a pincel”.
Em maio de 1889 a família Okada mudou-se de Hashiba para Assakussa
Sanya, como o bairro ficava bem próximo do local onde estava situa a Escola
Primária do fundador, esta se tornou de fácil acesso para que ele pudesse
freqüentar.
Em novembro de 1891 a família mudou-se novamente, desta vez para o
bairro de Senzoku, que ficava mais longe então ele foi transferido para a Escola
Primária Assakussa, ele estudou nessa escola durante quatro anos e meio, até o
término do curso, em março de 1896. Seu aproveitamento sempre foi excelente,
sempre sendo premiado com Diploma de Honra ao Mérito, do primeiro e segundo
anos do segundo Nível. A respeito dessa época o fundador escreveu: “Até os doze
ou treze anos eu era uma criança fraca e doentia e vivia tomando remédios.
Consegui terminar o curso primário com muito sacrifício e apesar de minha pouca
idade, sentia inveja quando via crianças saudáveis. Mas era interessante como eu
tinha bom aproveitamento na escola; sempre estava em primeiro ou segundo lugar,
nunca ficando abaixo”.

Lembrança da Infância

Em abril de 1889, a família Okada, mudou-se para o bairro de Naniwa,


situado em Nihon-bashi , saindo pela primeira vez de Assakussa. Esse distrito,
onde o fundado passara a infância – base para a formação do ser humano – ficava
situado na zona industrial e comercial da cidade. Nele assim nesse bairro como em
outros distritos pertos desta zona, localizados perto da sede do governo do xógum
Tokugawa, afloravam as qualidades do caráter das pessoas naturais de Edo Mas
quem nascia em Assakussa, além dessas qualidades tinha o calor humano próprio
das pessoas ricas de sentimento. . Era um local onde morava todo tipo de gente,
inclusive zonas de meretrício Indiferentes as distinções de situação econômica, as
crianças brincavam amigavelmente e os adultos da mesma forma, se relacionavam
sem nenhum constrangimento. Quando havia alguma dificuldade todos se
ajudavam mutuamente. O Fundador nasceu e cresceu num lugar como esse,
assimilando muitas características que ali se cultivavam.

A Escola de Belas Artes de Tóquio

Em março de 1896, com o término do segundo nível o fundado entraria


para a linha do comércio, tendo trabalhado nesse ramo por algum tempo.
Entretanto o fundador tinha um sonho: ser pinto. Ele que desde pequeno
gostava de desenhar, manifestava, cada vem com maior entusiasmo, este desejo:
“”Se eu puder ganhar a vida com a pintura de que tanto gosto”.
Com a ajuda de sua irmã mais velha Shizu, que trabalhava desde os
quinze anos ele pode ingressar em setembro de 1897, no curso Preparatório da
Escola de Belas Artes de Tóquio, atual Universidade de Artes de Tóquio.
A Mussashyi-ya que durante longo tempo fora uma próspera loja de
Sanya, há muito já havido falido. O casal: Kissaburõ e Tori, depositando grandes
esperanças no filho tão provido de boas aptidões, certamente sonhava com o
soerguimento da família Okada. Achavam que a pintura era a profissão mais
adequada para ele, doentio de nascença, pois lhe permitiria trabalhar em casa.
Certamente havia esse cuidado por parte do casal.
O Fundado sentia-se indescritivelmente feliz por ter ingressado na Escola
de Belas Artes. Agradecido por poder seguir a carreira desejada, apesar da
situação difícil, o seu jovem coração deve ter ficado saltitante com as esperanças
que se lhe apresentavam.
Em 1897, quando o Fundador ingressou no Curso preparatório, ele ainda
ocupava o cargo de diretor e inclusive dava aula de História. O empenho que fazia
para criar a arte de uma nova época baseada no decurso da arte tradicional do
Japão e de outros países do Oriente moveu o coração de muito alunos e dessa
escola saíram vários gênios representativos de belas artes japonesas.
Entretanto, a alegria do Fundador durou pouco. Certo dia, poucos meses
depois de ter começado a freqüentar a Escola ele sentiu sua vista embaçar e
começou a ver as coisas duplicadas. De início, pensou que era devido ao cansaço:
todavia a doença dos olhos tornava-se persistente, demorando a sarar. Ele iniciou,
então, um tratamento na Clínica Oftalmológica Meimeidõ, muito famosa na época,
mas não ficou curado. Os médicos preocupados limitavam-se a inclinar a cabeça.
Para alguém que aspirava ser pintor, uma doença maligna na vista era
fatal. E não se podia fazer idéia de quando o Fundador iria sarar daquela
enfermidade complicada. O medo ia invadindo seu coração. Depois de muito sofre,
reprimindo a tristeza, ele deixou a escola oficialmente. Podemos imaginar como
deve ter sido grande o sofrimento e a tristeza daquele jovem coração que viu
desabar tão cedo os seus castelos de sonhos e esperança no futuro, em virtude de
uma condição inesperada e decisiva.

Contínua luta contra doença

O período transcorrido dos quatorze anos, idade em que ingressou na


Escola de Belas Artes, até os vinte anos – período em que todos os jovens sentem
a energia da vida – foi para ele uma seqüência de anos negros de sofrimento
causado pela doença.
O problema dos olhos, que já se prolongava há dois anos, não melhorava
e ele então resolveu desistir dos tratamentos. Logo depois, como que para
derrubá-lo, foi acometido de pleurisia, doença que lhe acarretou grandes despesas.
Estas acabaram se tornando insustentáveis, e ele teve de ser internado no setor de
tratamento gratuito do hospital da Faculdade de Medicina da Universidade Imperial
de Tóquio. A internação e o tratamento eram inteiramente grátis; em contrapartida,
tinha de servir de cobaia para as aulas práticas dos estudantes. O sofrimento
psicológico pelo qual o Fundador passou no hospital não foi, portanto, nada
pequeno. Além do mais, a pleurisia é uma doença complicada. Quando se acumula
água na pleura é preciso fazer punção, extraindo-a com uma grande seringa.
Após quase um ano de tratamento, o Fundador parecia completamente
curado, mas depois teve uma recaída. A respeito dessa época, ele escreveu:
“Quando eu tinha quinze anos, contraí pleurisia. Através de tratamento
médico, feito durante quase um ano, fiquei completamente curado. Por algum
tempo tive saúde, mas depois sofri uma recaída. Desta vê, a doença progredia
aceleradamente e eu ia piorando cada vez mais. Passado pouco mais de um ano,
diagnosticaram-me tuberculose de terceiro grau. Nessa época eu estava
exatamente com dezoito anos. Resolvi, então, consultar o falecido Prof. Irissawa
Tatsukiti o qual depois de minuciosos exames, disse-me que já não havia
esperança de cura”.
Em plena juventude, quando seu coração deveria encher-se de
esperanças e perspectivas infinitas, o Fundador sentiu-se vazio, devido ao grande
choque recebido ao ouvir palavras do médico. Muito triste ele não sentia vontade
de fazer coisa alguma, passando grandes dias de preocupação. Tempos depois, o
Fundador descreveu seu estado de espírito: “Era como se eu tivesse sido
condenado a morte sem dia determinado para a execução”.
Entretanto, das entranhas de seu enfraquecido corpo surgiu uma força
misteriosa. O que fazer para corresponder ao apelo que vinha do fundo do seu
coração dizendo-lhe que era preciso viver e querer viver?
O Fundador passou dias procurando uma resposta e por fim resolveu:
“Então, eu me decidi. Já que ia morrer de qualquer maneira, achei que não havia
outro jeito senão tentar o milagre da cura através de algum método diferente. Pus-
me a procura desse método”.
Nessa época ele já estava um pouco melhor da vista. E na luta contra
doença tinha uma única alegria, pintar quadros. Aprendia folheando velhos álbuns
de pintura.
Certo dia, o Fundador leu um livro sobre plantas medicinais. Observou os
desenhos das raízes das plantas e das cascas das árvores, leu as explicações
sobre os efeitos terapêuticos das flores, folhas e frutos e nisso teve uma idéia
brilhante: seguir uma dieta vegetariana já que as plantas contêm elementos tão
proveitosos. Fez, então a experiência, para ver os resultados e constatou que o
método era muito bom. Sob orientação médica, ele, que comia alimentos de origem
animal, passou a alimentar-se exclusivamente de vegetais. E qual foi o resultado?
Sarou miraculosamente, da tuberculose, diagnosticada pelo médico como sendo
incurável.
Relembrando essa fase de sua vida, ele escreveu:
“Dos quinze aos vinte anos mais ou menos, eu era mais tímido que
qualquer outra pessoa. Sem nenhum motivo, tinha receio de me encontrar com
desconhecidos, principalmente quando achava que a pessoa era um pouco mais
importante, nem conseguia falar direito com ela. Diante de moças, eu enrubescia,
meus olhos ficavam perdidos, e eu nem ao menos conseguia olhar para o seu
rosto ou falar-lhes. Como me tornei pessimista por causa disso!
Conseqüentemente tive muitas dúvidas se conseguiria integrar-me na sociedade
como cidadão adulto. Naquela época, quando me via em frente de qualquer
pessoa, sempre tinha a impressão de que ela era mais inteligente e mais
importante do que eu”.

O NOVO CAMINHAR

Em abril de 1899, o pai de Meishu Sama, Kissaburõ, mudou-se do bairro


de Senzoku, em Assakussa para o bairro de Naniwa, em Nihon-bashi, onde abriu
uma loja de utensílios usados. Após a guerra Sino Japonesa a região alcançou na
economia um progresso espantoso. Nessa mesma época sua irmã mais velha
Shizu assumiu a administração da Pensão Seiguetsu. Como o negócio foi
prosperando sua irmã pediu ajuda ao pai, porque faltava mão de obra, então ele se
mudou para o bairro de Kobiki. Melhorando seu estado de saúde, o Fundador
começou a colaborar na contabilidade, enquanto ia se restabelecendo.
Em fevereiro de 1902, Shizu faleceu repentinamente de pneumonia aguda.
Achando que o serviço de hospedaria era negócio para mulher, Kissaburõ não quis
dar-lhe prosseguimento. Assim, logo depois vendeu a Seiguetsu. Com o dinheiro
da venda, construiu uma casa e mudou-se para Tsukiji, num bairro vizinho. A partir
de então, a família a família passou a ter uma vida recatada.
A essa altura o Fundador já passava dos vinte anos, desejando abrir
futuramente, com seu pai, uma loja de antiguidades, sonho que acalentava,
começou a fazer pesquisa nesse sentido.Pouco a pouco com foi adquirindo
experiência e tornando-se capaz de avaliar antiguidades. Adquiriu uma aguçada
capacidade de apreciação e avaliação às belas artes em geral.
Nessa época interessou-se também pelo maki-e (é um tipo de artesanato
em laca, usado em móveis antigos, guarda roupas, cômodas, utensílios de uso
diários. Bandejas etc), começou a aprender essa técnica com um profissional da
vizinhança.
Com o passar do tempo o Fundador foi conseguindo executar todo o
processo sozinho, desde o esboço até o acabamento do objeto. Mais tarde, na loja
de miudezas que passou a administra, colocou a venda trabalhos seus..
Embora com muitas modificações, os anos vividos em Tsukiji foram para a
família Okada, uma época mais fácil e tranqüila em termos familiares, mesmo com
a saúde não totalmente restabelecida e adoecia seguidamente e tivesse inúmeros
desmaios, sempre consegui erguer-se e olhar de frente para o futuro.
O fundador relembra aquela época dizendo:
“Nunca me esquecerei. Eu estava com dezesseis ou dezessete anos
quando assisti a uma exibição cinematográfica pela primeira vez. Isso faz mais ou
menos cinqüenta anos; posso dizer, portanto, que sou o mais antigo fã do cinema,
que estava entrando no Japão nessa época. Naturalmente, os filmes mostravam o
movimento das ondas do mar, cachorros correndo, pessoas andando etc. Em
comparação com os filmes atuais, eram extremamente infantis; mesmo assim,
todos ficavam boquiabertos, o que mostra a diferença de época. O primeiro filme
historiado que eu vi, era francês. Um marinheiro voltava para casa, depois de uma
viagem, ao chagar lá, aconteceu um fato do qual não me lembro muito bem. Eram
filmes muito simples, exibidos numa casa modesta chamada Denki-Kan, situada no
Parque Assakussa. Logo depois, surgiu o famoso apresentador Somei Saburõ”.
(Texto extraído de uma obra editada em 30 de agosto de 1949)

ESFORÇO PARA O CRESCIMENTO

No período entre 1902 e 1905, o estado de saúde do fundador foi


melhorando cada vez mais. Levava uma vida tranqüila contanto apoio de seus
familiares. Esforçou-se bastante, principalmente na leitura onde gostava de livros
sobre homens de negócios que subiram na vida. Sua vontade de progredir era fora
do comum, mesmo tendo ouvido a sentença de que estava com uma tuberculose
incurável, jamais abandonou a leitura.
Lia muitas revistas e jornais com entusiasmo, onde numa época que ainda
não existia nem rádio e nem televisão, portanto era o único meio de ficar sabendo
do que acontecia dentro e fora do Japão. Já nessa época tinha o objetivo de
encaminhar grande número de pessoas a felicidade por meio de uma posição
privilegiada. Podemos constar isso pelas palavras que ele costumava dizer a sua
família: “Quando eu subir na vida, vou ajudar os que estão em dificuldades, pois
quero acabar com as pessoas que perturbam a sociedade. É uma idéia que não sai
da minha mente”.
Quando um cristão defensor do princípio de que todas as normas da Igreja
são desnecessárias e de que o estudo e a divulgação da Bíblia são muito
importantes e proclamou através de um jornal a instituição do “Grupo Ideal”, com o
objetivo de melhorar a sociedade e pediu a participação dos leitores, o fundador
sentiu-se profundamente identificado com essa iniciativa e mais tarde, aspirou a
administrar uma empresa jornalística com o propósito de defender a justiça social.
Essa postura esta ligada ao pensamento de Kuroiwa Ruikô (cristão defensor) que
ele conheceu no Jornal. Que por sua vez também fazia conferências e o Fundador
foi assistir a várias. A esse respeito ele escreveu: “O Sr. Kuroiwa Ruikô, ex-diretor
do antigo Jornal Yorozu-tyõhõ e famoso tradutor de romances, também cultivava a
filosofia. Fui ouvinte assíduo de suas palestras. Citarei um trecho que ouvi e muito
me impressionou. Todo homem nasce mesquinho. Para aperfeiçoar-se deve
cultivar uma segunda personalidade, isto é, nascer pela segunda vez. Estas
palavras ficaram gravadas na minha mente e me esforcei no sentido de colocá-las
em prática na minha vida, o que me trouxe muitos benefícios”.
Em outra ocasião, esse mesmo ex-diretor fez uma conferência em Tóquio,
intitulada “Problemas da vida: método de aprimoramento”, para aproximadamente
quinhentos pessoas a maioria estudantes. Nessa conferência, desenvolvia-se o
tema “fazer renascer o velho eu, tornando-se uma nova pessoa”. Certamente foi
nessa oportunidade que o Fundador, presente entre os ouvintes, ficou tão
impressionado. O pensamento e as ações de Ruikô influenciaram muito a sua
formação pessoal na juventude, quando ele não se cansava de procurar o caminho
que deveria seguir.

ESTUDOS DE FILOSOFIA

O Fundador leu ainda muitos livros de filosofia ocidental. A “filosofia da


intuição” de Henri Bérgson, e o “pragmatismo”. De William James, foram as teorias
com as quais ele se sentiu mais identificado e as quais deu mais valor.
Henri Bérgson (1859 – 1949) é um francês de origem judia nascido em
Paris nos meados do século XIX. Opondo-se ao pensamento que considerava
absoluto o conhecimento científico, pregou a “filosofia da vida” e a “filosofia da
intuição” as quais o Fundado resumiu de forma muito simples e compreensível,
colocando-as bem próximas da vida diária e mostrando-as como diretrizes da vida.
Tempos depois ele escreveu:
“Quando jovem fui simpatizante da teoria de Henri Bérgson, o eminente
filósofo francês. Ainda me lembro dessa teoria e vou expô-la nesta oportunidade,
porque considero ser de grande proveito do ponto de vista religioso.
Segundo minha interpretação, a filosofia de Bérgson baseia-se nestes três
princípios. “Todas as coisas se movem”, “Teoria da Intuição” e “O eu do momento”.
Dentre estes, o que mais me impressionou foi a “Teoria da Intuição”. Ela diz o
seguinte: “É algo dificílimo observar as coisas tal qual elas são sem cometer o
mínimo engano. É realmente difícil captar o verdadeiro sentido das coisas”.
Estudemos a causa disso.
Os conceitos formados pela instrução que recebemos, pela tradição, pelos
costumes etc., ocupam o subconsciente humano como se fossem uma barreira, e
dificilmente o percebemos. Por essa razão, tal “barreira” constitui um obstáculo
quando observarmos as coisas (....).
A “Teoria da Intuição” encarrega-se de corrigir tais erros, comuns entre os
homens, libertando estes completamente de preconceitos e ensinando-lhes a fazer
uma fiel observação dos fatos. Para isso é necessário ser “O eu do momento”, isto
é, fazer com que a impressão instantânea, captada pela intuição, corresponda a
verdadeira substância do objeto de observação”.
Em outra oportunidade, o Fundador escreveu:
“Dentro de sua filosofia, ele emite um conceito muito interessante. Todas
as coisas se movem. Isso significa que tudo está em contínuo movimento. Por
exemplo, este ano difere do ano passado em tudo. O mesmo podermos dizer a
respeito do mundo, da sociedade e dos nossos próprios pensamentos e
circunstâncias. Somos diferentes até mesmo do que fomos ontem, ou há cinco
minutos atrás. Aqui podemos aplicar o velho ditado. Trevas a um palmo do nariz.
Assim se aplicarmos a teoria bergsoniana ao homem, em todas as
circunstâncias, notaremos que diante de um fato as nossas observações e
pensamentos de hoje diferem das observações do ano anterior.
Em sentido amplo, observemos a radical diferença entre o período anterior
e o período posterior a última guerra. É surpreendente a mudança que ocorreu em
tão breve espaço de tempo. Mas a maioria dos indivíduos não consegue captar,
com exatidão, a realidade atual, bloqueados pelos métodos e conceitos antigos,
que eles herdaram de seus antecessores e que constituem um verdadeiro
obstáculo. Chamo a esses indivíduos de conservadores antiquados, porque
mantêm a mente estagnada, enquanto tudo obedece à lei do movimento perpétuo.
Eles sofrem o abandono do mundo e vão ao encontro de um trágico destino”.
O fundador também atribuiu um alto valor ao pensamento de William
James (1942 – 1910). Escolástico americano que tem profundo conhecimento
sobre fisiologia, psicologia, filosofia e teologia. James também se interessava pelos
fenômenos parapsicológicos e dizem que fez pesquisa sobre esse assunto,
embora estivesse consciente das censuras que receberia de uma parte dos
intelectuais.
Na obra intitulada “Como tornar claras as nossas idéias (1878), Charles
Sanders Pierce (1839 – 1914) diz que o significado de uma idéia é reconhecido por
meio dos efeitos reais que ela produz. James, amigo de Pierce, denominou essa
teoria de “pragmatismo”. O Fundador aderiu a ela, apreendendo-lhe o princípio
fundamental, ou seja, que nenhuma crença ou ensinamento podem ser
considerados corretos se não forem aplicáveis a nossa vida cotidiana. Sobre o
pragmatismo, ele escreveu:
“Na mocidade, apreciei muito a filosofia. Dentre as inúmeras teorias
filosóficas, a que mais me atraiu foi o pragmatismo, do famoso norte-americano
William James. James não considerava as filosofias como divertimentos
intelectuais, para ele, as doutrinas só eram válidas se fossem postas em prática.
Acho interessante a sua teoria, cujo realismo autêntico é característico do filósofo
americano. Aderi, portanto, as suas idéias e me esforcei por adotá-las em meu
trabalho e na vida cotidiana.
O benefício que o pragmatismo me proporcionou nessa época não foi
pequeno. Mas tarde, quando iniciei meus trabalhos religiosos, julguei necessário
aplicá-lo à Religião”.
O pragmatismo de James, a filosofia da vida de Bérgson, e outras teorias
filosóficas que o fundador estudou, têm um ponto comum: não se limitam
unicamente ao mundo do conhecimento, mas procuram concretizar o pensamento
e as idéias na vida diária, produzindo resultados reais. Tornam-se, assim, uma
crença viva para se conseguir viver. Em outras palavras: são filosofias
profundamente relacionadas com o conceito de que o pensamento e as idéias
devem ser uma força que precisa ser manifestada.
Fosse a história do sucesso de seus precursores, ou mesmo uma notícia
de jornal, o fundador não as deixou ficar como teorias vãs. Ele deu importância aos
estudos concretos, enraizados na realidade e passíveis de serem aplicados em sua
própria vida. Como fez total emprenho nesse tipo da realidade, isto é, não ficou
brincando no mundo do conhecimento abstrato. Além disso, aplicando as teorias
ou crenças em sua própria vida, certificava-se elas eram boas ou más, verdadeiras
ou falsas. Assim, aprendeu que a verdadeira filosofia é aquela que transmite o
sopro da vida.

INDEPENDÊNCIA
MORTE DO PAI

Kissaburõ, pai do fundador, não vinha se sentindo bem há algum tempo:


ao fazer uma consulta médica, constatou-se que estava muito mal do coração.
Começou a se tratar, mas a enfermidade foi se agravando, e por fim ele já não
podia sair da cama. Pouco antes de ficar acamado, completara cinqüenta e três
anos. Com o falecimento de seu pai que era seu grande pilar, a vida tranqüila da
família Okada mudou bastante. O triste evento ocorreu no dia 22 de maio de 1905.
Antes de falecer, Kissaburõ deixou de herança para o filho mais velho a
casa alugada, e para o mais novo, a quantia de 3.500 Ienes, como capital para ele
fazer a sua vida.
A respeito da morte de seu pai, o fundador escreveu: “Daiõ” durante vinte
ou trinta anos sem falhar um só dia. Tomava-o porque, se não o fizesse, sentia-se
mal. Antes de falecer, ficou doente do coração. Consultando um médico, este lhe
disse que não duraria mais que meio amo e de fato ele morreu depois de alguns
meses.

A LOJA DE MIUDEZAS KÕRIN-DÔ

Graças ao amor e aos cuidados do pai, o fundador não ficou em


dificuldades no que se referia ao capital para abrir a loja de antiguidades.
Entretanto, agora seu pai já não existia, administrá-la sozinho, com tão pouca
experiência, parecia-lhe simplesmente uma aventura. Não tendo conseguido
tornar-se pintor e vendo também fechado o caminho dos negócios, que deveria
fazer? Com certeza, olhando para o céu, sentia vontade de gritar bem alto. Assim,
diante da contingência de escolher um caminho na vida pela terceira vez, o
Fundador se viu completamente perdido.
Um dia, um conhecido que freqüentava assiduamente a sua casa veio
visitá-los e disse: “Na Rua Nishinaka, no bairro de Oke, está a venda uma loja de
miudezas. Vocês não estão interessados?” Essa pessoa merecia confiança e o
local era uma zona comercial de grande movimento.
Como não entendia nada de miudezas, ou seja, batom, pó de arroz,
pentes, adornos para cabelos etc., ficou indeciso para comprar. Mas incentivado
por sua mãe, que se proporá a ajudá-lo ele fechou negócio. Mudou-se para esse
bairro. Sua vida estava voltando ao normal, pois já se passara 49 dias da morte de
seu pai.
A loja era uma pequena casa alugada com uma entrada que media
aproximadamente 2,7 metros. Justamente por isso parecia mais acessível para as
compras descontraídas das senhoras e moças das redondezas. O fundador deu-
lhe o nome de Kõrin-dõ em homenagem ao pintor Ogata Kõrin como manifestação
da mais elevada arte. Mesmo ao aprender maki-e criar as suas próprias obras, o
fundador tinha por objetivo vivificar a arte de Kõrin na atualidade. Assim, quando
abriu a loja de miudezas, concretizando o desejo acalentado a tantos anos, colocou
a venda suas obras de maki-e.
O fundador acorda bem cedo, fazia a limpeza da loja, saia para comprar
mercadorias e depois que voltava, começava a atender os fregueses. Era assim
todos os dias. No início como se tratava de um campo completamente
desconhecido para ele, sentia-se inseguro e nem sequer sabia o nome e a
finalidade dos produtos. Uma loja de miudezas vende as mais variadas
mercadorias, desde produtos de beleza até bijuterias e ele não conseguia decorá-
las todas. Entretanto, com a ajuda de sua mãe, pouco a pouco foi se inteirando de
tudo. Sempre cumprimentava amavelmente os fregueses, até mesmo aqueles que
vinham comprar um simples vidro de óleo de cabelo ou uma fitinha. Dizia-lhes
“Seja bem vindo”, “muito obrigado”.
A loja foi prosperando. Em pouco tempo o movimento era tão grande que
faltava mão de obra. Então o fundador empregou Ume, filha do dono da barbearia.
Nessa época, um parente seu, pessoa de muita experiência, advertia-o
constantemente. A propósito dessas advertências, ele escreveu:
“Ele dizia: Um individuo tão honesto como você nunca vai conseguir
sucesso neste mundo. Os bem sucedidos de agora pregam boas mentiras,
portanto, é preciso que você proceda de acordo com o método triangular (faltam o
senso de justiça, o calor humano e a amizade). Achei sensato e depois que me
tornei independente, esforcei-me bastante para mentir com habilidade. Mas nada ia
bem, além disso, eu sempre sentia um aperto no coração. Como resultado, pensei:
Uma pessoa como eu não consegue nada com mentiras. Mesmo que eu não
alcance o sucesso vou voltar a agir com a honestidade de antes.
Assim decidi, assim fiz. E inesperadamente as coisas melhoraram. Eu me
sentia bem e as pessoas confiavam em mim. Fui prosperando rapidamente. Dez
anos depois de ter começado como um pequeno comerciante sem nenhum capital,
pude considerar-me um bem-sucedido, coisa muito rara na época. Meu capital
elevava-se então, a mais de 100 milhões de ienes”.
Entretanto, na época do Kõrin-dõ, apesar do progresso da loja, o fundador
passou por mais uma decepção: teve de desisti da produção de “maki-e”, em
conseqüência de um acidente.
Como já falamos, o Fundador também vendia obras de maki-e; não só as
que ele mesmo confeccionava, mas também as que ele desenhava e mandava um
profissional confeccioná-las. Entretanto, um dia ele cortou o nervo do dedo
indicador direito não podendo mais fazer porque esse dedo é essencial para esse
tipo de arte. Sentindo uma enorme tristeza pelo fato ocorrido.

CASAMENTO

A Kõrin-dõ prosperou com a ajuda de sua mãe, podendo dedicar-se de


corpo e alma aos negócios. Assim a loja tornou-se pequena e teve de alugar uma
casa maior situada na mesma rua, mas em outro bairro. Como os negócios
começaram a correr bem e o fundador adquiriu autoconfiança, se julgou capaz de
viver independente e separou-se de seu irmão e assumiu a responsabilidade da
família.
Pouco tempo depois, a necessidade de casar-se. Logo depois, seu
padrinho, Takahashi Guentarõ apresentou-lhe Aihara Taka, cuja família era da
cidade de Yokahama. O pai dela Fussakiti era dono de uma loja de arroz. Tori, a
mãe do fundador, gostou muito da moça e o casamento ficou resolvido. Eles se
casaram em junho de 1907, depois do ofício religioso de três anos de falecimento
de Kissaburõ, seu pai.
O fundador estava com vinte e quatro anos e Taka, dezenove.
Sendo a segunda filha dos proprietários da loja de arroz, aprendera, não
teoricamente, mas na prática, o serviço de uma casa comercial, não perdendo para
nenhum homem no que concerne a transações, administração etc. Depois que se
casou com o Fundador, ela também pôs em prática toda essa experiência. Tinha
grande habilidade para qualquer tipo de serviço e era muito trabalhadeira não
podendo ficar parada, sem fazer nada. Executava o trabalho de várias pessoas,
desde os serviços domésticos até os da loja. Conseguindo uma folga nesse ritmo
atarefado de vida, aprendia vivificação floral e cerimônia de chá.
Foi graças à valiosa ajuda de Taka que o Fundador em apenas dez anos
de comerciante, pode obter um sucesso tão grande como fabricante e atacadista
de miudezas.
A AMPLIAÇÃO DOS NEGÓCIOS

Em fevereiro de 1907 aproximadamente um ano e meio depois que


inaugurou a loja de miudezas, o fundador reformou sua casa, para usá-la como loja
e aí iniciou o comércio por atacado.
No início, o emblema da Loja Okada era um MO (primeira sílaba de Mokiti,
prenome do fundador) dentro de um círculo (“maru”) e o por isso também
chamavam o dono do estabelecimento de Sr. Marumo.
Ao iniciar o comércio por atacado, o fundador fez um contrato oficial com
Kimura que era um colaborador excelente e que era sub-gerente da outra loja
concorrente que veio a falir posteriormente e pela larga experiência nessa
atividade, o fundador convidou-o para trabalhar na Loja Okada, de modo que era
fácil lhe fazer as vendas, acrescente-se a isso o fato de que era muito conhecido
pelos demais compradores. Levava, portanto, muitas vantagens. Não há dúvidas
de que, unindo a capacidade do fundador e as qualidades de Kimura, o fundador
pôde confiar no sucesso do empreendimento e com isso a ampliação dos
negócios.

CRIAÇÃO DE BIJUTERIAS

Desde que machucou o dedo, o fundador nunca mais fabricara nada, mas,
utilizando sua experiência, dedicava-se a pesquisa do desenho de pentes e outros
adornos para cabelo. Enviava esses desenhos a um profissional para ele fabricar
os objetos que depois de prontos, eram colocados à venda. Em abril de 1909, dois
anos após ter começado o comércio por atacado, expôs um adorno para cabelo,
representando a Loja Okada, numa exposição de artigos infantis promovida pela
loja de roupas Mitsukoshi com a finalidade de ampliar sua clientela entre o povo.
Tratando-se de uma exposição de artigos infantis poder-se-ia pensar
apenas em brinquedos, mas nela se expunham roupas, adornos e outros artigos de
utilidade para crianças. Quanto a qualidade, eles não diferiam nem um pouco dos
artigos para adultos.
Nessa exposição onde foram expostos 1835 objetos, o fundador e mais
quarenta e nove pessoas receberam Premio de Bronze. Nove foram agraciadas
com Premio de Ouro e trinta e três com Premio de Prata.
Durante os quinze anos que vão de 1909 a 1923, o fundador criou
inúmeros objetos de adornos, na maioria objetos inéditos com novos detalhes em
que ele utilizava a tradicional técnica do maki-e e a técnica denominada “raden”
(consiste em cortar conchas finas e brilhantes em pedaços de diversos formatos e
utilizá-los para enfeitar vasilhames de laca ou madeira crua).
Havia uma grande concorrência em lojas de miudezas que vendiam por
atacado, mas devido às bijuterias inovadoras e inéditas do fundador, a loja Okada
foi se destacando e acabou ocupando o primeiro posto no mundo empresarial.
O Fundador tirava as idéias para essas criações em jornais, revistas, livros
e utilizava o método prático dos cinemas, as barracas de shows e o yosse.
Watanabe Sõtarõ, funcionário da Loja Okada, fala-nos sobre aquela época:
“O patrão, que chamávamos de Oyaji (nome afetuoso de pai), além de ir
ao teatro, era um assíduo freqüentador de cinema. Sempre dizia às pessoas que
trabalhavam na loja : “Ontem fui a ao cinema X. Está passando um filme muito
bom, não deixe de ir!”. Entretanto, nós achávamos que ele se ia a esses lugares
mais por interesse comercial do que para se divertir. Nessa oportunidade ao
mesmo tempo em que assistia ao filme, ficava observando os adornos de cabelos
das mulheres.
Observando os tipos de penteados, o fundador pesquisava o adorno que
combinasse com cada um.
O senso de beleza que ele possuía foi empregado não apenas no
desenho das mercadorias como também na decoração interna da loja.
Logo depois o fundador dedicou-se a produção de bijuterias.

A MORTE DA MÃE

Em maio de 1915, Tori (sua mãe), foi visitar uns parentes, em Sussaka.
Aproximadamente um mês depois Tori mandou um telegrama dizendo que
retornaria a Tóquio. Exatamente nessa ocasião o fundador estava viajando pela
Região Kansai, com funcionários da loja. Quando ela desceu do trem, se rosto
estava tão pálido que Takeijirõ e sua esposa Sue, que tinham ido buscá-la, ficaram
assustados. Passados dois ou três dias, o médico diagnosticou nefrite. Acamada,
Tori foi piorando rapidamente. Ela, que sempre mostrara um caráter forte, dizia:
“parece que desta vez estou chegando ao fim. Chamem Mokiti, pois preciso falar
com ele”.
Imediatamente a família mandou um telegrama ao hotel onde ele estava
hospedado, mas infelizmente ele já havia partido. Continuaram a passar
telegramas os quais sempre chegavam quando ele já tinha deixado o local.
Ansiosa pela chegada do filho, Tori não parava de perguntar: Mokiti ainda não
chegou?
A situação não era fácil para Tekeijirõ, Sue e Taka, que estavam cuidando
dela. Nesse meio tempo, sem saber de nada, o fundador voltou. Tori quase
inconsciente, por alguns instantes recobrou o vigor e assim que o viu, falou: “Mokiti,
você voltou...” Estas foram as suas últimas palavras. Faleceu em 25 de maio de
1915.

AS DOENÇAS

Como já escrito antes, o fundador sempre fora fraco e doentio. Após ter
contraído doença dos olhos, teve pleurisia e depois tuberculose.
Após ter aberto sua loja de miudezas ele sofreu uma grave isquemia
cerebral, em conseqüência da sobrecarga de trabalho. Certo dia, uma pessoa
indicou-lhe o tratamento com moxa, que ele começou a seguir a titulo de
experiência. O terapeuta prescreveu-lhe caminhadas, e todos os dias ele
caminhava um pouco. Gradativamente foi ganhando forças e quando o tempo
estava bom, conseguia andar mais de quatro quilômetros seguidos por dia. Talvez
por efeito desse exercício começou a melhorar da isquemia cerebral e no fim de
dois ou três meses estava completamente curado.
Entretanto a saúde dele ainda continuou debilitada por algum tempo.
Mesmo depois de ter aberto a loja atacadista, ele adoecia algumas vezes por ano.
Em 1909, com a idade de vinte e seis anos, contraiu tifo intestinal ficando num
estado tão grave que chegou a expressar seus últimos desejos. Anos mais
escreveu: “Como pensei que não me salvaria, externei meus últimos desejos. Na
época minha primeira esposa ainda vivia e eu tinha uma loja de miudezas. Cheguei
a dizer a ela: Como não vou resistir por muito tempo, quando eu morrer, deixe os
negócio s com fulano e faça assim, assado...” Estava, portanto, completamente
desapegado da vida”.
Perto de sua casa havia um hospital muito renomado, o Hospital Okada e
por sorte ele era amigo do irmão do Diretor. Através de um pedido especial, pôde
ser atendido por este, o que não acontecia comumente. Terminado o exame, o
médico lhe disse em tom frio: “No estado em que você está, não há esperanças de
cura. Caso eu interne uma pessoa que sei estar condenada, meu hospital perderá
a confiança de que desfruta, por isso não posso interná-lo”.
Como a casa do fundador era pequena e se ele recebesse muitas visitas,
não daria para acomodá-las. Então ele fez novo pedido ao diretor e solicitou ao
irmão que também o fizesse. Finalmente conseguiu a internação. Dessa época ele
escreveu: “Deitado na maca e vendo as pessoas caminhando pela cidade, pensei
que aquela era a última vez que eu via gente. Não conseguia deixar de ter visões
de cemitério, acreditei, mais do que nunca que já estava no fim”
Aconteceu, porém, um milagre. Embora lhe tivessem dito que não se
salvaria, ele se restabeleceu por completo do grave tifo intestinal, com um
tratamento de apenas três meses. Naquele tempo não existia remédio para o tifo,
ele ficou curdo apenas com alimentação líquida.
Entretanto suas sofridas doenças ainda continuaram durante dez anos. A
loja de miudezas prosperava com o vigor do nascer do sol, mas o fundador ainda
adoecia muito. Além de ter ficado internado durante um mês com crises de
hemorróidas, sofreu de dores de cabeça e de estomago, reumatismo, prostração
nervosa, uretrite, amidalite, catarro intestinal, problemas das válvulas cardíacas,
periodontite e um incontável número de outras enfermidades. Assim, ele vivia sob o
temor da doença e por isso cuidava muito da higiene diária, a ponto de parecer
neurótico. Segundo reminiscências dos funcionários da loja, o fundador se precavia
a ponto de ir ao médico por causa de um espirro. Quando ia ao toalete e lavava as
mãos, jamais usava a toalha usada por outras pessoas; abanava as mãos para
secá-las. Depois das refeições tinha o trabalho de trocar o algodão com o qual
tampava as cáries dentárias. Através do trecho que se segue, fica patenteado o
quanto ele era dependente da Medicina nessa época, pelo medo atroz que tinha da
doença.
“Creio que este fato aconteceu quando eu tinha mais ou menos trinta
anos”.
Fui para uma estância de águas termais, situada em Shinshu, num local
bem afastado e assim que cheguei a hospedaria, perguntei a funcionária:
- Nestas termas existem médicos?
- Sim, há um, respondeu ela.
- É um clínico ou um cientista?
- Ouvi dizer que se formou este ano.
Ao ouvir essas palavras, fiquei tranqüilo, achando que poderia permanecer
ali dois ou três dias sem me preocupar.
Mais adiante ele escreveu:
“Como o homem nunca sabe quando vai ficar doente, eu queria encontrar
um médico atencioso que na hora em que eu precisasse e lhe desse um
telefonema, me atendesse imediatamente fosse de noite o u de madrugada. Acabei
encontrando um médico assim a quem eu tratava da melhor maneira possível.
Tornamo-nos tão íntimos como se fôssemos parentes. Ele é o padrinho de
casamento de minha atual esposa. Podem ver, portanto, como eu acreditava na
Medicina, naquela época”.
No entanto, das doenças contraídas pelo fundador, a que mais o fez sofrer
e durou mais tempo, foi a dor de dente que ele teve de 1914 a 1916. “A dor de um
só dente já é terrível. Imaginem então, quatro dentes doendo ao mesmo tempo
todos os dias. Era insuportável” – assim se expressou ele, anos mais tarde.
O fundador correu o hospital da Universidade Imperial de Tóquio, a clínica
Odontológica Especializada de Lidabashi e todos os hospitais famosos de Tóquio,
mas não obteve a cura. A dor de dentes tornou-se tão forte que chegou a colocar
em perigo a sua vida. Ele disse: ”Minha cabeça foi ficando tão perturbada que eu
me vi num beco-sem-saída, achando que teria de escolher entre ficar louco ou me
suicidar”.
Nisso retornou ao Japão um famoso dentista que trabalhara durante longo
tempo nos Estados Unidos. Imediatamente ele foi bater a sua porta. Durante um
ano, esse dentista fez tudo que estava ao seu alcance, mas os dentes do fundador
iam ficando em estado cada vez pior. Por fim, desistindo do tratamento que lhe
estava fazendo, o próprio dentista, disse a ele: “Já usei todos os remédios que
conheço. Agora só resta esperar pelo novo medicamento que um amigo meu vai
trazer dos Estados Unidos”.
Entretanto, dessa vez também aconteceu algo misterioso. Um conhecido
do Fundador apresentou-lhe um sacerdote da Religião Nitiren. Não suportando
mais o sofrimento por que passava dia e noite, ele resolveu experimentar durante
uma semana o tratamento que esse sacerdote lhe aconselhou. Parou de ir ao
dentista e começou a freqüentar a casa do sacerdote. Não se sabe ao certo que
tratamento era, mas no quarto dia, voltando de lá, o fundador começou a se sentir
bem melhor, quando ainda estava no trem. A dor havia diminuído, e ele se viu
tomado por uma sensação agradável que não sentia há meses. Naquele momento,
repentinamente, ocorreu-lhe uma idéia: a causa da dor de dente não seriam os
remédios? Não seria por causa deles que a dor de dentes não passava? Os
analgésicos não estariam causando uma dor ainda maior? Pensando assim, parou
de ir à casa do sacerdote e também nunca mais foi ao dentista.
Através dessa longa e sofrida experiência, o fundador tomou consciência,
na própria pele, da nocividade dos medicamentos. Aprendeu que o remédio que
deveria curar a doença, na verdade, cria a doença.

SUCESSO

A INVENÇÃO DO “DIAMANTE ASSAHI”

O que veio consolidar a posição da Loja Okada, que havia alcançado


sucesso em tão pouco tempo, foi o “Diamante Assahi”, produto criado por um
método inteiramente novo, pesquisado pelo próprio Fundador e utilizado para
confeccionar bijuterias.
Numa tarde do verão de 1913 ou 1914, em sua mansão de Kanazawa, no
Estado de Kanagawa, o Fundador estava dormindo, quando acordou ao som
refrescante do tilintar do sininho de vidro pendurado à frente da casa. Olhando na
direção de onde o som partia, viu que do sol, que começava a se deitar no poente,
irradiavam-se feixes luminosos avermelhados, os quais, incidindo sobre o sininho,
que balançava de leve, brilhavam em sete cores, como um arco-íris. Enquanto
admirava aquela beleza, ele pensou: “Seria maravilhoso se eu pudesse aproveitar
esse brilho para a confecção de adornos de cabelo ou bijuterias...”.
Compenetrado nessa idéia, o Fundador aprofundou-a e, depois de mil
experiências, chegou à conclusão de que deveria utilizar espelho. O método
consistia em colar um espelho bem fino em papel ou seda e cortá-lo em pequenos
pedaços que, em seguida, seriam colados no metal ou no celulóide a ser usado
para a confecção do objeto. O material obtido através desse método brilhava
ofuscantemente, como um diamante, e o seu brilho assumia cores diversas. Além
disso, podia ser amplamente utilizado em pentes, adornos para cabelos e broches.
Logo o Fundador passou a vender objetos confeccionados com esse
material, requerendo-lhe a patente com o nome de “Diamante Wari”. Isso
aconteceu em maio de 1915. Em agosto do ano seguinte, requereu a patente do
desenho de uma combinação de estrela e lua e, a partir desse momento, o produto
passou a ser chamado “Diamante Assahi”.
A beleza inédita do “Diamante Assahi” conquistou por completo o coração
das mulheres da época. (Vide foto colorida no início deste livro). Sendo espelho,
brilhava de forma ofuscante sob o efeito da luz e mudava de cor de acordo com o
ambiente. Além do mais, entre os objetos feitos com esse material, os mais
baratos, na compra por atacado, custavam aproximadamente 1 iene e 30 “sen” a
dúzia, preço que qualquer pessoa podia pagar com facilidade. Some-se a isto a
excelência do produto. Assim, do país inteiro choviam pedidos; eram tantos que,
por maior que fosse a quantidade de artigos produzidos, não se conseguia atender
a todos.
Kinzo Kimura II, filho do gerente da Loja Okada, conta-nos uma
lembrança inesquecível sobre o “Diamante Assahi”. O fato ocorreu em sua infância,
certa vez em que ele foi ao teatro com a família. No intervalo da representação,
seu pai lhe disse: “Levante-se e olhe para a platéia”. Ele assim fez e avistou uma
poltrona de onde irradiava uma luz meio clara. Logo percebeu que, em todos os
lugares do teatro, pouco iluminado, a cabeça das senhoras reluziam. Enquanto ele
permanecia absorto na contemplação daquela beleza estranha, seu pai lhe
explicou, num tom que demonstrava grande orgulho: “Todo esse brilho é do
“Diamante Assahi” da Loja Okada, sabia?”.
Só nas bijuterias feitas com o “Diamante Assahi” a loja obteve um lucro de
100 mil ienes da época. Assim, em 1916, quando o Fundador estava com trinta e
três anos, a Loja Okada se tornou uma das melhores do ramo, ocupando uma
sólida posição.
Em julho de 1915, poucos meses depois da invenção do “Diamante
Assahi”, o Fundador criou um tipo de pente a que chamou “Pente Bright. Essas
criações do Fundador deixavam as pessoas maravilhadas e produziam um efeito
extraordinário.
Analisando mais profundamente a história do artesanato japonês,
concluímos que o “raden” é um tipo de “kanso” elaborado como processo para
enfeitar objetos de laca. O “kanso” consiste em colar ou fincar numa superfície de
laca pedaços de conchas cortadas, formando desenhos.
Naquela época, surgiram muitos artesãos típicos que trabalhavam com
laca, mas um dos que manifestaram sua individualidade com maior vigor foi Korin.
A obra intitulada “Yatsuhashi Maki-e Suzuribako” propriedade do Museu Nacional
de Tóquio, é muito famosa, constituindo uma de suas obras-primas. As flores de
íris feitas com pedaços de conchas, aplicadas nesse trabalho, atraem
profundamente aqueles que o apreciam. A admiração do Fundador por Korin não
se restringe apenas ao campo da pintura, mas abrange também o artesanato em
geral; daí ele ter aplicado a técnica do “raden” nas suas criações.
O desejo de usar coisas belas é comum a todos os seres humanos; nas
mulheres, principalmente, ele é muito forte. Entretanto, as verdadeiras obras de
“maki-e” e “raden”, os pentes e adornos de cabelo enfeitados com diamantes etc.,
são inacessíveis ao povo. Para atender a esse desejo é que surgiu o “Diamante
Assahi” e os demais objetos mencionados, os quais, embora sejam imitações,
foram criados com muito engenho e esforço, para dar alegria ao povo,
aproximando-se muito dos verdadeiros, e a preços módicos. No documento da
“patente de novo produto”, datada de 1915, lê-se esta frase: “Além de ter uma
aparência muito bela, assemelhando-se ao “maki-e”, pode ser adquirido a preços
bem baixos. E grande, ainda, a possibilidade de permanecer no mercado por longo
tempo, sendo, pois, uma criação oportuna”. Por essas palavras podemos constatar
o verdadeiro objetivo do Fundador.
A fim de atender aos pedidos que aumentavam vertiginosamente, ele
alugou uma casa bem grande, no bairro de Missuji, situado no Distrito de
Assakussa, e reformou-a, para usá-la como fábrica. Nela, dezenas de operárias
produziam o “Diamante Assahi”, trabalhando dia e noite.
Além desse trabalho vigoroso para atender ao mercado interno, o
Fundador também visava o mercado externo, tendo traçado um plano de amplitude
mundial. Atente-se para o fato de que ele requereu patente do “Diamante Assahi”
no exterior. Na época, apenas dez países tinham o sistema de patentes: Japão,
Inglaterra, Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Austrália, Canadá, Índia e
Brasil. O Fundador obteve a patente em todos eles, antes mesmo de tê-la obtido
no Japão. Esse fato mostra claramente que, desde o início de seus
empreendimentos, ele tivera uma visão bem ampla, objetivando não apenas o
Japão, mas o mundo.
Para vender o “Diamante Assahi” nos Estados Unidos, o Fundador enviou
a esse país um indivíduo chamado Tsukamoto, que falava inglês fluentemente.
Chamou, também, um jovem que residia em Shinshu, terra natal de Tori, sua mãe,
e fez que ele freqüentasse uma escola de idiomas, preparando-o para que, no
futuro, quando se formasse, pudesse trabalhar na Loja Okada como encarregado
dos negócios no exterior.
Era pensamento geral entre os japoneses que o Japão fosse um país
subdesenvolvido e que os países ocidentais fossem desenvolvidos. Achava-se que
todas as coisas boas provinham do Ocidente. Assim, por incrível que pareça,
estava totalmente fora de cogitação vender aos Estados Unidos qualquer produto
artesanal japonês. Em face disso, as pessoas ligadas ao mesmo ramo de negócios
que o Fundador, espantaram-se sobremaneira quando tomaram conhecimento das
transações realizadas por ele.
Nos Estados Unidos, Tsukamoto foi vítima de fraudes e, infelizmente, não
pôde concretizar os planos traçados. Através, porém, de sua viagem àquele país,
podemos ver que, já na Era Taisho, o Fundador tinha os olhos amplamente
voltados para o mundo.

A ÉPOCA DO BAIRRO DE KITAMAKI

Com a venda explosiva do “Diamante Assahi”, o prédio onde até então se


localizava a Loja Okada tornou-se muito pequeno. Morar ali, naquelas condições,
era muito incômodo. Não havia sequer lugar onde guardar os produtos recém-
fabricados, nem sala de espera para os artesãos que viviam entrando e saindo.
Além do mais, vinham muitas pessoas da terra natal da mãe e da esposa do
Fundador, para trabalhar na loja, havendo, portanto, necessidade de assegurar-
lhes moradia.
Ele resolveu, então, mudar-se para outro local. Comprou um terreno no
bairro de Oga, perto de Minamimaki, bairro onde estava situada a loja, ambos no
Distrito de Kyo-bashi, e lá construiu uma casa, para a qual se mudou em abril de
1916. Era uma casa grande, em estilo japonês, com um amplo jardim, e ficava
situada num lugar que tinha muita facilidade de transporte, perto da Estação de
Tóquio, a qual era e continua sendo o “cartão postal” da cidade. O prédio de tijolos
vermelhos que ainda hoje existe no lado Marunouti foi concluído em 1914, pouco
antes da mudança do Fundador para o bairro de Oga. Com a sua conclusão, os
arredores da Estação de Tóquio tiveram uma prosperidade ainda maior.
Logo depois que mudou de residência, o Fundador, com a ampliação dos
negócios, transferiu a loja para um prédio situado no bairro de Kitamaki, perto da
Ponte Yaessu, bem em frente ao pátio da atual entrada Yaessu da Estação de
Tóquio. Era a melhor zona da capital, localizada em pleno centro.
A partir de 1915, o progresso da Loja Okada foi espantoso. Após a
mudança para as novas instalações, os negócios prosperaram cada vez mais.
Todos os dias o movimento era grande desde cedo, com o entra-e-sai dos
funcionários e artesãos.
Por volta de 1918 ou 1919, o Fundador comprou um carro importado e
contratou um motorista. Isso foi muito comentado na vizinhança e nos arredores do
bairro de Kabuto, pois, nos meados da Era Taisho, poucas pessoas possuíam
automóveis particulares. Desde que o Japão importou pela primeira vez um
automóvel, em 1901, até os meados da Era Taisho, o total de carros importados
era pouco mais de mil, incluindo caminhões, carros do governo e carros militares.
Mori, diretor do Departamento de Vendas Regionais da Loja Okada, disse: “Ele não
fez isso por luxo, mas para tornar as negociações mais práticas. No comércio só se
usavam “jinrikisha”. Entretanto, nós tínhamos trabalhos a ponto de ficarmos zonzos
e não conseguíamos dar conta do recado; então, para tornar mais prático o
serviço, o Fundador comprou o automóvel”.
Na época, a situação financeira da Loja Okada era muito boa, e entrava
dinheiro mesmo sem se fazer nenhuma propaganda. Portanto, podemos dizer que
a compra do automóvel foi uma manifestação não só do otimismo do Fundador em
relação aos negócios, mas também do seu desejo de tornar o empreendimento
cada vez mais racional, adotando tudo que era bom e moderno.

ADMINISTRAÇÃO DO CINEMA

O Fundador, que sempre fora um ardoroso admirador do cinema, em


determinada época quis ser diretor cinematográfico. Entretanto, como o cinema
japonês ainda estava numa fase incipiente, não havia terreno para se produzirem
bons filmes. Ele, então, planejou administrar um cinema onde fosse exibidos
excelentes filmes ocidentais, e ficou aguardando o momento oportuno. Nisso,
conheceu uma pessoa que tinha adquirido os direitos para a construção de um
cinema, mas estava sem capital. O fato aconteceu em outubro de 1913, quando ele
já havia conseguido prosperar como dono da Loja Okada, que continuava tendo
sucesso. Depois de conversarem diversas vezes e estudarem o caso, os dois
decidiram fundar uma empresa cinematográfica com um capital de 25 mil ienes,
dando-lhe o nome de “Eidai Katsudo Shashin Kabushikigaisha” (Eidai Fotografias
em Movimento S.A.). Ela seria instalada perto da Ponte Eidai, situada na foz do Rio
Sumida, de onde foi tirado seu nome. Inicialmente tinham determinado administrá-
la juntos; entretanto, como o Fundador entrara com a metade do capital, ficou com
o cargo de Superintendente Geral. Comprado o terreno, iniciaram a construção do
prédio.
A respeito dessa época, ele escreveu: “Até então eu nunca havia lidado
com empreendimentos desse tipo, mas, apesar de não ser algo fácil, eu achava
que tudo serviria de experiência. Assim, com muito sacrifício, construí e inaugurei
um pequeno cinema.
Naquele tempo, os chamados “prédios de exibição de fotografias em
movimento”, diferentemente do que acontece hoje, requeriam a contratação de um
orador, de uma banda musical, de uma pessoa que tocasse “shamissen”, de um
locutor que explicasse o filme etc., assim como também a exibição das películas
para as figuras importantes da cidade. Enfim, era preciso lidar com pessoas de um
mundo completamente diferente. Por isso, meu sofrimento psicológico era muito
grande. “Além disso, como eu era amador e entrara de repente nesse mundo, sem
saber nada sobre a face oculta da sociedade, fui enganado e não sabia mais o que
fazer”.
É interessante que, desde o início, sempre que surgia alguma questão
relacionada com esse cinema, o Fundador ficava indisposto e com febre alta.
Entretanto, suportando o sofrimento, ele saía para tratar do assunto. Concluído o
prédio, este recebeu o nome de Eidai-Kan; só se esperava pelo dia da
inauguração. Receberam convites, como convidados de honra, o administrador do
distrito e do bairro, ilustres personalidades locais e muitas outras pessoas. Na
qualidade de Superintendente Geral, o Fundador é quem deveria recepcioná-los.
Todavia, no dia da inauguração, ele teve uma febre de quarenta graus, não
estando em condições de comparecer à cerimônia. Sem outra alternativa pediu que
o representassem, e assim o cinema pôde ser inaugurado. Entretanto, mesmo
depois, sempre que ele ia àquele prédio, sentia dores lombares, sendo obrigado a
subir as escadas agarradas ao corrimão, quase que se arrastando. Ao voltar para
casa, logo se recuperava.
Esse fato misterioso repetiu-se durante bastante tempo. Como o Fundador
achasse o caso muito estranho, foi a um sacerdote, incentivado por algumas
pessoas. Este lhe disse que, mais ou menos no cenho do palco, enxergava o rosto
rancoroso de um morto. Ao ouvir isso, ele sentiu calafrios, mas, como era ateu, não
deu crédito às palavras do sacerdote.
O estranho fato continuou a acontecer, até que finalmente o Fundador
perdeu o entusiasmo pelo empreendimento e deixou a administração do cinema. A
partir daí, seu estado de saúde foi melhorando a cada dia.
Não se sabe ao certo quando e de que forma o Fundador deixou a
empresa. Seja como for, o fato de naquela época, ele ter empregado a quantia de
12 mil ienes - metade do capital - e administrar essa empresa como
Superintendente Geral, mostra o seu grande interesse pelo cinema e também
pelas atividades culturais de vanguarda. Felizmente ainda resta um título desse
tempo, cuja data nos informa que o Eidai-Kan ainda estava funcionando em janeiro
de 1918.

AMOR QUE NÃO VISA À RECOMPENSA

A Loja Okada parecia um barco navegando com vento favorável. Seria


bem adequado dizer que ela ia “de vento em popa”. As mercadorias se esgotavam
com rapidez, e havia bastante movimento de dinheiro. A produção, as vendas, tudo
corria normalmente. Como o empreendimento que iniciara sozinho teve um grande
sucesso em pouco tempo, é natural que o Fundador tenha sentido uma grande
confiança em sua inteligência e capacidade, tornando mais sólida a crença de que
a felicidade ou a infelicidade dependem unicamente do esforço e da inteligência da
própria pessoa. Ao mesmo tempo, o pensamento materialista e agnóstico que tinha
desde jovem foi se fortalecendo cada vez mais.
Até por volta dos quarenta anos, o Fundador nunca tinha rezado. Além de
não rezar, achava tolas as pessoas que professavam alguma religião. Para ele, as
imagens dos santuários eram simples espelhos, pedras ou letras escritas em
papel; portanto, não fazia sentido adorá-las. Considerava que os ídolos não
passavam de estátuas ou desenhos de Sakyamuni, Amithaba etc.; eram produtos
da imaginação humana e, por isso, adorá-los fazia menos sentido ainda. Enfim,
segundo ele, tudo não passava de idolatria.
Nessa época, o Fundador sentia-se identificado com a teoria do filósofo
alemão Rudolf Cristoph Eucken (1846 - 1926), Prêmio Nobel de Literatura em
1908. Essa teoria diz que os ídolos são criados pelos próprios homens, porque
estes têm o instinto de adorar alguma coisa, o que não passa de auto-satisfação.
Conseqüentemente, quando ficava sentado nos templos, por ocasião de algum
ofício religioso pelos mortos, o Fundador cochilava.
Seu materialismo ainda foi mais longe. A constatação de que os países
que possuem muitas igrejas, como a Itália, por exemplo, estavam em decadência,
e que, ao contrário, países com poucas igrejas, como os Estados Unidos, vinham
alcançando um grande progresso, levou-o a pensar que os templos e os santuários
eram um obstáculo para o progresso do Japão.
Entretanto, nessa época, o Fundador fazia doações periódicas ao Exército da
Salvação (Ramificação do cristianismo fundada em 1865 por William Booth (1829-
1912).
Certa vez, um missionário visitou-o e perguntou-lhe: “A maioria das
pessoas que colaboram conosco são cristãs. Por que o senhor, não sendo cristão,
nos envia donativos?” Ele respondeu claramente: “O Exército da Salvação ajuda os
ex-presidiários a se recuperarem, transformando homens maus em homens de
bem. Por conseguinte, se ele não existisse, um ex-presidiário poderia entrar em
minha casa para me roubar. Uma vez que ele me livra desse perigo, é natural que
eu me sinta agradecido e colabore com as suas atividades”. Dessa forma, o
Fundador era agnóstico, mas tinha um profundo desejo de praticar boas ações em
favor do próximo. Muitos episódios dessa época mostram o seu grande empenho
em servir aos homens e ao mundo. Comecemos pelos fatos relacionados com as
pessoas que lhe eram mais próximas.
Um deles foi o amor que demonstrou quando sua esposa contraiu
tuberculose, em 1908, pouco mais de um ano depois que eles se haviam casado.
Ao consultarem um médico, este falou: “Como não existem remédios para essa
doença, não há outra alternativa a não ser ela mudar-se para um lugar de ar puro e
ficar em repouso”.
Na época, considerava-se a tuberculose uma doença incurável e
acreditava-se que era hereditária. Por isso, os parentes do Fundador
aconselharam-no a levar a esposa para a casa dos pais, para o bem dela própria.
Durante algum tempo ele achou que seus familiares tinham razão, mas não
conseguia se conformar com essa idéia. Ajudar-se mutuamente, haja o que houver,
é a atitude que um casal deve ter, pensava o Fundador. Ele sentia-se confiante,
por já ter se curado da tuberculose contraída tempos atrás. Além disso, nascia-lhe
a certeza de não haver razão para que uma pessoa que vivia justa e corretamente
fosse contagiada por essa doença. Era uma opinião pessoal, que deixou o médico
e os familiares espantados. Seguindo uma dieta vegetariana, em três ou quatro
meses Taka ficou totalmente curada, sem que ninguém tivesse pegado a doença.
A história que se segue refere-se a uma moça de dezesseis ou dezessete
anos que trabalhou por uns tempos na casa do Fundador. Tendo ela ficado doente,
ele a mandou de volta para casa, no Estado de Tiba. Entretanto, pouco tempo
depois, a moça apareceu inesperadamente. Estava muito pálida. Inquirida sobre o
que havia acontecido, respondeu que, depois que ela fora embora, a doença se
agravara, tendo sido diagnosticada como tuberculose em estado avançado. Pelo
fato de sua casa ser muito pobre, ela não conseguia repousar. Tornara-se um peso
para os familiares, os quais lhe disseram que voltasse para o trabalho. E ali estava
ela. Olhando comovido para a jovem, que falava em prantos, o Fundador lhe disse:
“É um absurdo você trabalhar nessas condições. Volte imediatamente para casa,
pois, enquanto você estiver viva, eu lhe enviarei a quantia necessária para o seu
sustento e para o tratamento médico”.
A moça voltou para sua terra muito feliz. Desde então, ele passou a lhe
enviar 15 ienes mensalmente.
Os parentes e amigos do Fundador, desaprovando sua atitude,
recriminaram-no: “Se essa moça tivesse possibilidade de se curar, ainda vá lá.
Mas, do jeito que está, é certo que vai morrer. O que adianta ajudar alguém que
está condenado à morte? Se ela pudesse lhe retribuir o favor, trabalhando, depois
que ficasse boa, ainda bem... Mas não é esse o caso. Portanto, você está
gastando dinheiro à toa. Que tolice! É melhor parar logo com isso!” Entretanto,
como havia tomado aquela iniciativa sem pensar em lucros ou perdas, o Fundador
lhes respondeu: “Não tenho a mínima intenção de ser recompensado pelo que
estou fazendo. Ajudar as pessoas visando à recompensa é uma espécie de troca.
É como vender favores. E isso não é caridade, é um meio de ostentar bondade. Eu
ajudo essa moça porque tenho pena dela e não posso deixá-la desamparada. É
um sentimento natural, que sai de dentro de mim. Que mal há nisso, se eu me sinto
bem? Não se intrometam no que não lhes diz respeito. Vocês podem achar tolice;
para mim, tanto faz o que vocês estejam pensando”.
Ouvindo essa resposta, aqueles que o censuraram ficaram tão
decepcionados que se calaram.
Conta-se também que, certo dia, o Fundador se acomodou num
“jinrikisha” e, mal este começou a andar, ele percebeu que o condutor era um
novato sem nenhuma prática. Ora, os “jinrikisha” só possuem duas rodas e não
têm equilíbrio próprio, de modo que, para manter o equilíbrio, o condutor precisa
segurar firme as barras e colocar o corpo na posição correta, sendo-lhe necessário
muito treino, para correr bem. Aquele, entretanto, ia quase cambaleando.
Percebendo isso, o Fundador perguntou: “Você ainda é novato nesse serviço, não
é?” O rapaz, continuando a puxar o “jinrikisha”, respondeu: “Sim, faz pouco tempo
que comecei. Na verdade eu sou estudante e não queria estar fazendo este
serviço. Mas quero ver se continuo até me formar.”.
Sentindo muita pena do rapaz, o Fundador deu-lhe o seu endereço e
disse-lhe que fosse a sua casa, pois queria ajudá-lo. O jovem ficou emocionado e,
pouco tempo depois, apareceu lá. O Fundador prometeu que lhe enviaria a quantia
para ele pagar as despesas escolares até se formar. Ouvindo isso, a alegria do
estudante foi tão grande que ele se levantou da cadeira e, sentando-se no tapete à
maneira japonesa, fez várias reverências em agradecimento. Dizem que, após ter
se formado com excelente aproveitamento, esse jovem se tornou policial, mas não
se sabe o seu nome nem outros dados a seu respeito.
Ainda existe um caderno de despesas dessa época, bem detalhado. Nas
folhas correspondentes ao período que vai do final de 1919 até 1920, existem três
registros de despesas feitas com aquele estudante. Uma delas foi uma despesa
extra, de 100 ienes, no final do ano de 1919; a seguinte, de 30 ienes, em março de
1920; a terceira também de 30 ienes, em maio do mesmo ano. A soma de 100
ienes daquela época corresponde, atualmente, a uma quantia de 200 a 300 mil
ienes, e 30 ienes por bimestre significavam 15 ienes por mês, o que, em termos
atuais, eleva-se a mais de 20 mil ienes.
O Fundador conhecera a pobreza desde a infância e sabia os problemas
que ela acarretava. Graças ao seu contínuo esforço e à sua capacidade, tornara-se
um grande capitalista, mas jamais esqueceu o sofrimento por que passara em
tempos antigos. Ao ouvir a triste história do estudante, não quis deixá-lo
abandonado, como se o caso não lhe dissesse respeito.
SENTIMENTO DE JUSTIÇA

Para entendermos bem a pessoa do Fundador, é muito importante


conhecermos o caráter que ele manteve desde a juventude até os seus últimos
anos de vida, e refletirmos sobre o princípio em que se fundamentava esse caráter.
Certamente, este será também o caminho para apreendermos sua pessoa como
um todo.
A expressão do amor que não visava à recompensa e não se prendia a
nada; os aspectos inovadores que estavam muito à frente de sua época; o gênio
progressista que não se cansava de buscar o que havia de mais prático e racional,
tudo isso fazia parte do seu imutável caráter. Mas o forte sentimento de justiça,
superior ao das pessoas comuns, também foi uma característica que ele manteve
durante toda a sua vida. A esse respeito ele próprio falou: “De nascença, tenho um
forte sentimento de justiça, maior que o das pessoas comuns”. Por tais palavras
vemos que esse sentimento não era fruto do ambiente onde ele viveu ou da
educação que lhe deram, mas uma característica inata. Além de ser uma forma de
autodisciplina que o fazia policiar-se rigorosamente para não cometer injustiças,
era algo que não lhe permitia ficar impassível diante das injustiças e da falta de
ética por parte de terceiros.
Diante do grande sucesso alcançado pelo “Diamante Assahi” da Loja
Okada, que subiu ao ápice do mundo comercial, começaram a se fazer sentir a
inveja e as atitudes maldosas dos que trabalhavam no mesmo ramo. Nessas
horas, fossem quais fossem os ataques recebidos, o Fundador jamais contrariava
os seus princípios. Ele lutava tenazmente para defender a justiça, não se
importando se o assunto dizia respeito a lucros ou perdas. Por isso, ainda que
levasse desvantagem por algum tempo, a situação acabava se invertendo, ou seja,
o adversário se rendia. No final das contas, ele se recuperava da desvantagem
inicial e alcançava um lucro ainda maior.
O fato que se segue aconteceu por volta de 1916, quando o Fundador
tirou a patente do “Diamante Assahi”. Nessa ocasião, ele fez um contrato especial
com a Mitsukoshi, passando a negociar com uma grande quantidade de
mercadorias. Entretanto, o Sindicato das Pequenas Lojas de Miudezas fez-lhe uma
exigência muito conveniente para essas lojas: entre dois tipos de mercadorias, ele
deveria vender um para elas e o outro para a Mitsukoshi. Ora, isso seria boicotar
esta última, com a qual ele já havia feito contrato; portanto, não podia atender a tal
exigência. Então, para forçá-lo, o Sindicato pediu a todas as lojas pequenas que
boicotassem os produtos da Loja Okada. Em conseqüência, ela sofreu um duro
golpe. Mas o Fundador não cedeu às pressões; suportou firme até o fim. Depois de
dois anos, o Sindicato acabou desistindo dos seus propósitos, e o problema se
solucionou por si mesmo.
Nessa época, a Mitsukoshi começou a fazer, nas negociações, uma
exigência impossível de ser atendida. Então, sem hesitar, o Fundador solicitou-lhe
a rescisão do contrato que haviam feito. A Mitsukoshi ficou espantada, pois, até
então, mesmo quando ela fazia algum pedido impossível, era costume o atacadista
atender. “Nunca houve ninguém que nos dirigisse palavras tão duras quanto o
senhor”, disse ela. Entretanto, como o Fundador estava com a razão, a Mitsukoshi
desculpou-se, tornando-se possível o entendimento.
Embora fizesse parte do mundo dos comerciantes, onde era mais
freqüente dar-se primazia aos lucros e vantagens do que à justiça ou à razão, o
Fundador, para estar ao lado da justiça, não cedera à pressão do Sindicato das
Pequenas Lojas de Miudezas e virara as costas para a grandiosa Mitsukoshi,
sabendo muito bem dos prejuízos que isso lhe acarretaria.
Entretanto, a situação momentaneamente favorável gerou distorções em
vários aspectos da sociedade. Com a repentina alta no mercado de ações,
intensificou-se o entusiasmo pela especulação, motivado pela ganância de altos
lucros. Em virtude do aparecimento de grandes fortunas de uma hora para outra, a
sociedade foi entrando num clima de decadência e de puro divertimento.
Acontece, porém, que as boas condições econômicas eram bastante
instáveis. Então, com o término da guerra, as conseqüências começaram a
aparecer: o mercado de ações caiu, e as falências, as greves e a depressão
sucediam-se. Nessa situação, os comerciantes, que visavam apenas ao seu
próprio bem, compravam mercadorias em grande quantidade, e o arroz, alimento
básico do povo japonês, teve seu preço elevado de forma exorbitante. A
insatisfação popular explodiu em forma de motim, ocorrido em agosto de 1918,
motim esse que progrediu, transformando-se num grande movimento, o qual
envolveu 700 mil pessoas, em 305 pontos diferentes do Japão.
Ao tomar conhecimento da corrupção do mundo político e financeiro, o
Fundador sentiu-se invadido pelo seu forte sentimento de justiça e ódio ao mal.
Justamente por isso, tempos depois, escreveu um elogio a esses dois membros do
Congresso que apontaram a corrupção e lutaram firmemente pela justiça social:
“No mundo político da atualidade, quase não existem pessoas assim. A maioria é
muito esperta e versátil, sendo muitos os que se mostram hábeis em forçar
situações perigosas. Torna-se evidente o vazio em que o mundo político se
encontra. Dessa forma, o que mais falta, atualmente, é um homem de fibra, que
todos possam seguir”.
Nessa época, o Fundador havia alcançado um sucesso considerável em
seus empreendimentos, e sua vontade de fazer algo em prol da sociedade e
diminuir um pouco que fossem os males sociais, ia aumentando dia a dia. Para
tanto, foi estudando diversas medidas, com o propósito de verificar qual era a mais
eficaz. Na ocasião talvez por ainda ser agnóstico, ao ouvir dizer que os comunistas
ajudavam os fracos, combatiam os donos do poder e estavam tentando construir o
mundo dos que trabalham e são honestos, chegou a pensar seriamente em
colaborar com suas campanhas, depois que fizesse fortuna. Mas, após ter pensado
muito, resolveu abrir um jornal.
Naquele tempo, não existia rádio nem televisão, de modo que o jornal era
o único meio pelas quais as pessoas podiam inteirar-se dos acontecimentos do
mundo e das mudanças ocorridas na opinião pública. Conseqüentemente, sua
função, na sociedade, era incomparavelmente maior que a de hoje. Entretanto,
depois de organizados, os periódicos freqüentemente se incorporavam a outros,
tendendo gradativamente a crescer. Ao mesmo tempo, começou-se a dar maior
importância à rapidez e à precisão das notícias e, por outro lado, aumentou nos
jamais a tendência para proporcionar diversão ao povo. Justamente por isso, eles
começaram a deixar de transmitir à sociedade as idéias elevadas da própria
empresa.
Anteriormente, Ruiko Kuroiwa, diretor do Jornal “Yorozu-tyoho”,
denunciara a corrupção da sociedade e, colocando-se na posição dos pobres e
sofredores, indicara o caminho que o Japão deveria seguir. Triste com a linha
seguida pelos jornais, o Fundador, que tanto apreciava o “Yorozu-tyoho”, pensou
em fundar um periódico que combatesse os males sociais e se empenhasse em
corrigi-los. Segundo suas pesquisas, soube que, para fundar um jornal com tiragem
de média escala, era preciso um capital de 1 milhão de ienes. Decidiu, então,
conseguir essa quantia o mais breve possível.
OS SEGUIDOS SOFRIMENTOS

FALÊNCIA DO BANCO SOKO

Por volta de 1916, onze anos depois que abrira a loja de miudezas o
Fundador já possuía um capital de 150 mil ienes. Com os lucros provenientes do
“Diamante Assahi”, sua fortuna aumentava a cada ano. Entretanto, ainda lhe
faltava muito para alcançar o capital de 1 milhão de ienes que precisava para abrir
o jornal.
Interessado pelo mercado de ações, que, nessa época, estava fervendo,
em virtude das condições favoráveis decorrentes da Primeira Guerra Mundial,
iniciou negociações com os cambistas, emprestando o dinheiro que possuía.
Pouco depois, ganhando a confiança do Banco Soko, situado no bairro de
Kakigara, em Nihon-bashi, levava os cheques e as letras de câmbios trazidos por
eles e, com a confiança de que desfrutava, convertia-os em dinheiro, o qual
emprestava a juros. Como o negócio ia muito bem, estendeu ainda mais a sua
mão. Agora era ele que cortava os cheques e os entregava aos cambistas, os
quais, usando-os como garantia, tomavam dinheiro emprestado ao banco e
pagavam juros a este e ao Fundador. Para o proprietário da Loja Okada, isso
significava menos trabalho, pois não era preciso que ele próprio conseguisse o
dinheiro; além do mais, havia um lucro de 5 “sen” por dia. Era um empreendimento
arriscado, mas muito rendoso.
Quem se encarregava desse trabalho era um indivíduo chamado
Yoshikawa. O Fundador tinha toda confiança nele e deixara a administração da
financeira em suas mãos, entregando-lhe até o seu sinete. No período mais
próspero, a quantia que o Fundador possuía em seu nome - em dinheiro e em
cheques - atingia mais de 100 mil ienes.
Entretanto, na primavera de 1919, o Banco Soko, que era o escudo
protetor da financeira, repentinamente parou de fazer os pagamentos e abriu
falência. A decadência da Loja Okada veio de forma inesperada. Yoshikawa tinha
um depósito em nome do Fundador naquele banco, depósito esse que ficou
reduzido à zero. Achando que o problema era de sua inteira responsabilidade,
tentou recuperar o dinheiro sem que o Fundador soubesse de nada. Entretanto,
nessa situação difícil, ele escolheu o pior caminho: tomar dinheiro emprestado com
agiotas a juros altíssimos. O resultado foi que os juros renderam juros, e ele
acabou ficando num beco-sem-saída.
Quando tudo veio à tona, a situação estava muito séria. Premido pelas
circunstâncias, o Fundador pediu ao banco que sustasse o pagamento dos
cheques, como solução para o momento. Furiosos, os agiotas providenciaram a
penhora de seus bens e acusaram-no de fraude. Foi realmente uma tempestade
em dia de sol.
Certo dia, três oficiais de justiça entraram em sua casa, situada no bairro
de Oga, e, depois de lhe entregarem uma notificação, passaram de um cômodo
para outro, lacrando os principais móveis. Por fim, colaram num guarda-roupa um
papel onde se explicava o motivo do embargo e os regulamentos legais, e foram
embora. Estava escrito que os bens embargados não podiam ser utilizados nem
mesmo pelo proprietário, e que, se o lacre fosse rompido, haveria uma penalidade.
Entretanto, nas gavetas dos armários estavam roupas que precisavam ser usadas
no momento. Conta-se que o Fundador se sentiu aliviado ao tirar o lacre sem
danificá-lo, e pegar aquilo de que necessitava.
Com a denúncia dos agiotas, ele foi chamado à delegacia, onde recebeu
séria advertência. Os cheques usados por Yoshikawa estavam todos em seu
nome, de modo que, obviamente, lhe foi imposta a responsabilidade legal do caso.
Não era fácil resgatar a dívida, no montante de 120 mil ienes. Assim, o
Fundador pediu aos credores que a diminuíssem para dois terços, ou seja, 80 mil
ienes. Segundo o acordo que fizeram cinqüenta por cento dessa quantia seria paga
à vista, e os cinqüenta por cento restantes, em mensalidades. A partir desse
momento, começou a sofrida luta do Fundador para saldar as dívidas, que se
estenderam durante vinte e dois longos anos, até 1941. Essa foi a maior
dificuldade que ele passou em quinze anos de comércio, desde a fundação da
Korin-do.
Tempos depois, Yoshikawa suicidou-se. Embora ele fosse a pessoa que o
colocara naquela terrível situação, o Fundador participou de seu funeral com todo
respeito. Cheio de compaixão, disse: “Afinal, eu é que fui o culpado, por ter
confiado demais”. Não disse uma só palavra que demonstrasse rancor.

MORTE DA ESPOSA E DOS FILHOS

Taka havia entrado para a família do Fundador logo depois da criação da


Loja Okada, em 1907. Durante cerca de dez anos, até que eles tivessem casa
própria, no bairro de Oga, deu conta de todo o serviço doméstico, ajudou na loja,
colaborando com o marido, e cuidou dos funcionários. Entretanto, um ano após o
casamento, devido à sobrecarga de trabalho, seu físico não suportou, e ela
contraiu tuberculose.
Especialmente no período de formação dos alicerces da Loja Okada, a
colaboração de Taka teve um grande significado. Crescendo numa casa vendedora
de arroz e casando-se com um comerciante, ela se impetrou nos negócios com
toda a prática que possuía. Devia sentir uma alegria inexprimível toda vez que,
saindo de sua casa, localizada nos fundos, ia para a loja, onde ficava entre os
funcionários, que trabalhavam alegremente; também devia alegrar-se muito com o
crescimento gradativo das vendas, a cada mês. Era uma dona de casa que teve o
mérito de prestar uma ajuda exemplar, pois tinha uma grande força de vontade,
caráter comum às mulheres que, da sombra, vieram sustentando a sociedade
japonesa após a Era Meiji.
O interessante é que, desde que Taka se casou com o Fundador, os
negócios começaram a crescer num ritmo intenso e, logo depois de seu
falecimento, a loja foi à falência. Certamente ela nasceu sob a estrela da boa sorte,
que atrai a fortuna. Assim, podemos dizer que, na época em que o Fundador
alcançou sucesso popular, Taka foi a mulher adequada para ser sua companheira
e esposa.
Entretanto, por trás do glorioso êxito nos negócios, o lar do casal era um
pouco triste, pois durante longo tempo eles não foram agraciados com filhos.
Depois da morte de Tori, continuaram cuidando de Hikoitiro, a quem consideravam
como filho, mas Taka sentia-se sozinha. Talvez por isso ela tenha se apegado
tanto aos gatos, para os quais chegavam a fazer roupas.
No oitavo ano de casamento, quando já haviam desistido de ter filhos,
Taka ficou grávida. Podemos imaginar como foi grande a alegria do Fundador. Ela
estava com vinte e sete anos, idade que, segundo o senso comum da época, já
não era muito adequada para a mulher ter o primeiro filho. Eles passaram a contar
os dias que faltavam para o nascimento da criança e sentiam-se invadidos por uma
felicidade nunca saboreada até aquele momento.
O Fundador, muito atencioso com a esposa, levou-a para descansar,
durante algum tempo, na mansão de Kanazawa, para que os trabalhos da loja e da
casa não lhe fossem prejudiciais. Assim, no dia 1º de outubro de 1915, Taka deu à
luz uma menina, que recebeu o nome de Shigueko. Mas o parto fora muito difícil, e
por isso, logo depois de seu nascimento, a criança veio a falecer.
A tristeza do casal foi enorme. Realizaram um funeral bem íntimo, e a
solidão continuou.
Logo depois, Taka engravidou novamente. Entretanto, o desejo de que
tudo transcorresse bem também não se concretizou: nasceu outra menina, mas já
estava morta.
Taka ficou grávida pela terceira vez em 1918. Como que numa atitude de
prece, dispensou todo o cuidado ao seu corpo, e o Fundador envolveu-a com um
carinho muito especial, fazendo, também desta vez, que ela fosse descansar na
mansão de Kanazawa. Mas foram esforços em vão. “O que acontece duas vezes,
acontece três, diz um ditado. Perto do parto, Taka contraiu tifo intestinal e, depois
de muito sofrimento, no dia 4 de junho de 1919, teve uma menina, na casa do
bairro de Oga. A criança, prematura, não teve forças para sobreviver, morrendo
logo em seguida. Taka ficou muito enfraquecida e, uma semana depois, no dia 11
de junho, acabou falecendo.
O funeral foi realizado no Templo Kannon-ji, onde está o jazigo da família
Okada. Embora íntimo, foi efetuado com toda pompa. Terminada a cerimônia,
sentado na sala de visitas, de braços cruzados e bastante pensativo, o Fundador
disse a Hanako Ugai, sobrinha da esposa, que viera ajudá-lo: “Cortaram-me um
dos braços”. Ele era uma pessoa que em situação alguma mostrava fraqueza;
devia, portanto, estar muito deprimido.
Após a morte de Taka, o Fundador deu à sogra a mansão de Kanazawa.
Disse a ela nessa ocasião: “Um dia, vou ter de me casar pela segunda vez. A
senhora não ficaria muito à vontade se eu e minha esposa viéssemos passar as
férias aqui. Por isso, ofereço-lhe esta casa. Use-a a vontade”. E acrescentou:
“Todas as vezes que Taka esteve grávida, demos muito trabalho à senhora...” Deu-
lhe, ainda, um terreno que possuía naquele local. Também gratificou
generosamente a parteira Hissa Mizutome, que morava perto de sua casa, em
Oga, e assistira Taka em todos os partos, numa dedicação total, dia e noite.

SEGUNDO MATRIMÔNIO

Cuidar dos funcionários, da casa, fora, até então, trabalho da esposa.


Assim, logo após a morte de Taka, pela necessidade de ter alguém que se
incumbisse dessa tarefa, o Fundador pensou em contrair segundo matrimônio.
Poderíamos dizer que isso foi uma decorrência natural da situação.
Perto de Oga, havia um bairro chamado Minami Saya. Nele, morava uma
moça chamada Yoshi Ota, com sua tia, de nome Rei, e sua avó. Sendo uma casa
onde só moravam mulheres, tudo era bem
No outono de 1919, um vendedor de roupas que freqüentava a casa da
família Ota, foi lá como representante do médico Shota Matsumoto, do bairro de
Oga. Esse vendedor disse à tia e à avó de Yoshi: “Um indivíduo de nome Okada,
do bairro de Oga, diz que deseja desposar a Srta. Yoshi”.
A família Ota recusou a proposta, por tratar-se do segundo casamento do
proponente. Passado pouco tempo, esse vendedor voltou, dizendo: “O Sr. Okada
falou que está firmemente disposto a desposar a Srta. Yoshi. Não poderiam pensar
melhor no caso?”.
Entretanto, a decisão da família já estava tomada. Muito respeitosamente,
recusaram a proposta de novo: “Por favor, dê este assunto por encerrado”.
Quando se acreditava que o caso estava realmente encerrado, o médico
Matsumoto em pessoa, acompanhado de sua esposa, foi à casa de Yoshi e disse:
“O Sr. Okada está muito entusiasmado e me falou que quer desposar Yoshi de
qualquer jeito”. Demonstravam, assim, que não iriam desistir.
A família Ota acabou então cedendo: “Se insistem, podemos aceitar
embora Yoshi seja uma moça sem maiores habilidades”. Consultada, a jovem
respondeu afirmativamente: “Se ele insiste tanto assim, eu aceito”.
No primeiro encontro do casal, que se deu num jantar realizado num
restaurante de Tóquio, tudo correu muito bem.
Foi justamente nessa época que o Fundador recebeu a notícia da falência
e sofreu embargo de seus bens. Quando isso aconteceu, ele já havia oficializado o
noivado com Yoshi e marcado a data do casamento. Então, sufocando os seus
sentimentos, ele disse: “Contraí uma dívida enorme, por determinado motivo, e
seria muito penoso para Yoshi casar-se comigo nessas condições. Por isso, peço
permissão para desmanchar o noivado”.
Esse pedido sincero e franco fez com que a família Ota aumentasse ainda
mais a confiança depositada no Fundador. “É comum esconderem-se tais coisas” -
pensaram - “no entanto, ele falou tudo abertamente”. Achando-o muito honesto e
diferente das outras pessoas, responderam: “O noivado foi oficializado, e
recebemos a quantia para comprar o vestido de noiva. Portanto, Yoshi já pertence
à família Okada. Não temos a mínima intenção de desfazer o compromisso só
porque o senhor se endividou. Não importa que venham a morar numa casa
humilde, pois dinheiro é coisa que poderão conseguir com o esforço dos dois.
Jamais tomaremos a atitude de chamar Yoshi de volta por causa disso”.
Foi uma resposta brilhante.
O casamento do Fundador com Yoshi realizou-se no Grande Santuário
Hibiya, perto do Palácio Imperial, no final de 1919. “Grande Santuário Hibiya” é um
nome popular; oficialmente, chamava-se Jingu Hossai-kai Hon’in (Principal Prédio
Xintoísta Hossai-kai). É um importante santuário xintoísta do Japão, no qual se
cultua a deusa Amaterassu e o deus Toyo-uke. Mais tarde ele foi transferido para
Iidabashi e recebeu o nome de Grande Santuário Tóquio.
O Grande Santuário Hibiya foi construída em 1880, para os habitantes de
Tóquio que não podiam ir rezar no Santuário Isse, localizado muito distante. A
cerimônia do casamento do Imperador Taisho foi realizada nele, e dizem que foi a
partir daí que tiveram início os casamentos em santuários, na cidade de Tóquio.
Sentimos a atuação misteriosa do destino no fato de ter sido celebrado nesse
santuário o matrimônio do Fundador, agnóstico naquela época, com Yoshi. Após a
cerimônia, houve uma recepção no Edifício Taisho-Kaku, situado próximo ao
santuário. O Fundador contava trinta e sete anos, e Yoshi, vinte e dois.
Na manhã seguinte, o Fundador e Yoshi partiram, em viagem de núpcias,
para To-no-Sawa, em Hakone. O Hotel Kansuiro, onde o casal se hospedou, ficava
de frente para a Rodovia Nacional 1, e ainda hoje apresenta um aspecto bem
tranqüilo:
O SEGUNDO NASCIMENTO

À PROCURA DA SALVAÇÃO

Depois de recuperar a paz na sua vida pessoal, com o segundo


matrimônio, o Fundador empreendeu o maior esforço para recuperar-se em seus
negócios. Sua vida de empresário não mudara, aparentemente. Entretanto, devido
às amargas experiências que passara com a morte da esposa e das filhas e com a
falência, começava, bem no seu íntimo, uma grande mudança de pensamento.
Desde que adquirira consciência até aquele momento, sempre negara a
existência de Deus. Para ele, as imagens dos santuários xintoístas, as estátuas
budistas e as cruzes cristãs eram objetos feitos pelos homens; por isso lhe parecia
por demais irracional os homens adorarem o que eles próprios fizeram. O
Fundador achava que a vida era algo que se construía com o esforço e a
inteligência de cada um, crença que também aplicava à vida cotidiana. Em suma,
tinha absoluta confiança em suas possibilidades e acreditava que, se somasse
esforço e vivesse corretamente como ser humano, não havia nada no mundo que
pudesse sair em desacordo com os seus desejos.
Entretanto, chegou à época em que essa autoconfiança foi pouco a pouco
desaparecendo. Os seguidos e sérios infortúnios que o atingiram levaram-no a
sentir a insignificância da força humana e a insondável profundidade do destino, o
qual fazia as coisas correrem sem que o homem pudesse modificar nada. A visão
que, até aquele momento, o Fundador tinha da vida e do mundo, mudou por
completo, e ele, como se não fosse a mesma pessoa, passou a pesquisar diversas
religiões, em busca do caminho da salvação, isto é, de uma forma para se livrar
dos infortúnios.
Na época, ele tinha um conhecido que seguia a Religião Tenri-Kyo, e,
entre os seus parentes, havia até um bonzo, responsável por um templo dessa
religião. Ambos incentivaram-no a se converter, mas ele não mostrou nenhum
interesse.
Não há maiores registros sobre outras religiões que o Fundador tenha
conhecido na época. Entretanto, anos mais tarde, ele falou sobre uma visita a Ekai
Kawaguti; a quem fez muitas perguntas sobre questões que o perturbavam, como,
por exemplo, a vida após a morte. Mas as respostas não o atraíram, e a visita não
teve maior importância.
Ekai Kawaguti (1866 - 1945) foi um bonzo da Religião Obaku que por
duas vezes esteve sozinho no Tibete, fazendo pesquisas sobre os ensinamentos
budistas. Tornou-se muito famoso por ter trazido ao Japão uma grande quantidade
de dados. Por volta de 1919 ou 1920 ele morava no bairro de Nezu Miyanaga,
perto de Ueno. Como fazia conferências em diversas localidades, acredita-se que
foi nessa época que o Fundador o procurou. Na ocasião em que este estava
buscando o caminho da salvação, desenvolviam-se muitas atividades religiosas em
Tóquio. Mumom Yamada, mestre da Religião Rinzai, que era discípulo de
Kawaguti, fala-nos sobre o ambiente dos arredores de Kanda, em Tóquio, por volta
de 1918 ou 1919:
“Após a Primeira Guerra Mundial, desenvolvia-se, em Tóquio, um intenso
movimento social, mas os movimentos espirituais também estavam sendo bastante
ativados. À noite, em determinado lugar do bairro de Kanda, o Exército da
Salvação batia seus tambores; em outro, o grupo budista Saissei tocava corneta.
No Templo Rinsho-in, de Yushima, o dirigente Sugawara, do Templo Kentyo-ji,
fazia as pregações nas sessões de Zen. Na Igreja do bairro Fujimi, o Professor
Massahissa Uemura (Pastor cristão, nascido em 1857 e falecido em 1925. Fundou
uma Igreja em 1887 em Tóquio e traduziu o Antigo Testamento) atraía a atenção
dos estudantes, e sob a liderança do Professor Kanzo Utimura (Religioso cristão e
crítico. Fundou a revista “Seisho no Kenkyū” -“Pesquisa sobre a Bíblia”), reuniam-
se jovens fiéis entusiasmados. No Edifício Central Budista, ouvia-se, todas as
noites, um sermão feito por alguém. Podemos dizer que aquela era uma época
próspera da Religião” (Extraído da obra “Unir as mãos”, da autoria de Mumon
Yamada - Editora Shunju).
À procura do caminho da salvação, é provável que o Fundador tenha
participado dessas reuniões, atento ao que nelas se pregava.
Embora fosse comerciante, ele não era uma pessoa que avaliasse as
coisas pelas vantagens ou desvantagens que elas proporcionavam. Não
negligenciava esse aspecto, mas não tinha pena de gastar dinheiro naquilo que
acreditava ser correto. Os gastos que teve com os estudos daquele puxador de
“jinrikisha”, a ajuda que enviou à empregada doente e os donativos feitos ao
Exército da Salvação eram manifestações desse seu sentimento. Como, desde
jovem, sempre fora uma pessoa muito ativa, o Fundador orgulhava-se de ter
somado boas ações na medida do possível. Apesar de tudo isso, o que o destino
lhe trazia era muito trágico. Assim, quanto mais ele pensava na razão pela qual era
atormentado por tantos sofrimentos, menos entendia. Perguntou-se, então, se não
seria possível solucionar essas dúvidas entrando para a Fé. Todavia, o seu desejo
de encontrar uma religião que o atraísse realmente, não se concretizava.
Nessa época, a Religião Omoto colocava propagandas vistosas nos
jornais e realizava conferências em diversas regiões do país, desenvolvendo uma
diligente atividade de difusão. Certo dia, o Fundador foi a uma dessas
conferências, realizada no Edifício Kinki, de Kanda, onde costumava assistir a
sessões cinematográficas. Sentiu, então, que algo o atraía fortemente. Para ele,
que, devido aos constantes sofrimentos, viera perguntando a si mesmo o
significado da vida, era uma luz nas trevas. Assim, decidiu converter-se àquela
religião. Isso ocorreu no mês de junho de 1920.
A Omoto foi fundada por Nao Deguti em 1892, no Distrito de Ayabe, em
Quioto. Sua fundadora faleceu em 1918, aos oitenta e dois anos. Desde que
fundou a Igreja até a sua morte, escreveu uma grande quantidade de
ensinamentos. Na coletânea intitulada “Ofudessaki”, faz-se presente, do começo
ao fim, a crença de que, com a vinda do deus Ushitora no Konjin (é tido
normalmente como o Deus que governa o nordeste), os erros do mundo serão
corrigidos e concretizar-se-á o Mundo Ideal. Ou seja, no “Ofudessaki” há um
propósito de reforma e reconstrução do mundo. Essa profecia é mencionada
repetidas vezes, com palavras vigorosas e peculiares. Kissaburo Ueda, que se
filiou à família Deguti e posteriormente passou a chamar-se Onissaburo Deguti,
organizou o “Ofudessaki” e sistematizou e reformou a organização do grupo
religioso, elevando a Omoto a uma categoria de grande entidade nacional. Os fiéis
o chamam de “Seishi” (“Mestre Sagrado”).
Em outubro de 1919, foi instalado, em Tóquio, o primeiro núcleo de
difusão dessa Igreja: a “Associação Kakushin”, localizada no bairro de Minami
Tera, no Distrito de Yotsuya. Desde então, ativou-se a sua difusão em Tóquio, e, a
partir da primavera de 1920, realizaram-se conferências em várias localidades,
utilizando-se os cinemas e os anfiteatros das Universidades. A conferência feita no
Edifício Kinki, de Kanda, à qual o Fundador assistiu, foi uma delas.
O que o fez sentir-se atraído pela Omoto, entre tantas outras religiões, foi
principalmente o propósito que ela manifestava de reformar o mundo. Em todas as
partes do “Ofudessaki” fala-se sobre essa reforma e reconstrução, dizendo-se que,
com a grande limpeza e lavagem dos três mil mundos, a Terra se converterá no
Reino de Deus, o qual perdurará pela eternidade. O Fundador tinha um inato
sentimento de justiça, muito mais forte que o das pessoas comuns, e não
conseguia controlar sua ira ao ver a corrupção dos políticos e da classe dominante.
Levado por esse sentimento pensara na fundação de uma empresa jornalística,
objetivando a construção de uma sociedade desprovida do mal, e muito se
esforçara para conseguir o capital de 1 milhão de ienes, necessário à
concretização desse empreendimento. Ora, no “Ofudessaki” estava escrito
claramente que o mundo correto idealizado por ele ia ser construído por Deus, dali
em diante. Esse ensinamento moveu bastante o seu coração.
O segundo motivo pelo qual o Fundador se sentiu atraído pela Omoto foi o
ensinamento relacionado aos tóxicos contidos nos remédios. Ele, que era doentio
desde criança, acreditava cegamente na medicina. Tanto assim que acabou se
tornando amigo íntimo de um médico, a ponto de parecerem parentes. Mais tarde,
devido à experiência que teve com uma dor de dentes, sentiu na sua própria pele o
terrível mal que era o remédio; remédio que deveria curar a doença, mas que, na
verdade, era a causa dela. Isso aconteceu por volta de 1914 ou 1915. Anos depois,
ele fortificou sua convicção ao ver expostas as mesmas idéias no “Ofudessaki”.
O Fundador penetrou no mundo da Fé como se estivesse sendo atraído
por um ímã. Logo se mostrou tão fervoroso que passou a incentivar seus
funcionários a se aprimorarem em Ayabe.
No verão de 1920, quando já havia alguns fiéis entre os seus familiares e
funcionários, aconteceu um fato inesperado: Hikoitiro, o sobrinho do qual ele vinha
cuidando há longo tempo como se fosse seu próprio filho, faleceu, vítima de um
acidente. Ele fora a um aprimoramento em Ayabe, com alguns funcionários da loja,
tendo morrido afogado no Rio Wati, num lugar chamado Izekishita, situado perto
daquele local. Tentando salvar um dos funcionários, que estava preso num
redemoinho, Hikoitiro se atirara no rio: salvou-o, mas perdeu a vida. Ele ainda era
estudante e tinha menos de vinte anos.
Por tratar-se de um fato ocorrido durante a viagem de aprimoramento a
Ayabe, foi um grande choque para o Fundador, que tinha um carinho especial pelo
sobrinho. O mesmo sentiu Takejiro, seu irmão. Este, voltando sua ira contra a
religião que se tornara a causa indireta da tristeza que eles estavam sentindo,
resolveu deixar a Fé.
Depois desse acontecimento, o Fundador ficou afastado da Omoto
durante aproximadamente três anos. Entretanto, os olhos que uma vez foram
despertados para o mundo invisível, nunca mais se fecharam. Com a morte de seu
amado sobrinho, ele sentiu que o destino dos homens é movido por uma força
invisível e então penetrou a fundo no mundo da Religião, pesquisando o
“Ofudessaki”, os fenômenos parapsicológicos etc.. Aquele homem que sempre fora
completamente agnóstico, tornou-se teísta a partir daí, o que mostra ter-se operado
nele uma mudança de cento e oitenta graus. É a chamada “conversão”.
Relembrando essa época em que abriu os olhos para o Mundo Espiritual e mudou
sua visão de vida, o próprio Fundador disse claramente: “Foi o meu segundo
nascimento nesta vida”.

INSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA

Tendo contraído enormes dívidas em virtude das falhas cometidas por


Yoshikawa, o Fundador imediatamente se pôs a lutar pela reconstrução de sua
vida empresarial. A questão mais urgente era o que se referia o dinheiro.
Para o bom andamento dos negócios de uma firma é sempre necessário
haver uma reserva de dinheiro, pois este pode tardar a entrar, mas nunca demora
a sair. Entretanto, em conseqüência do embargo dos bens do Fundador e do
posterior resgate das dívidas que ele assumira isso se tornou difícil para a Loja
Okada. Tomando uma grande decisão, ele instalou um escritório para instituir a
Loja Okada Sociedade Anônima, transformando a administração, que era
individual, numa sociedade anônima com um patrimônio de 2 milhões de ienes.
Estava decidido a recuperar tudo aquilo que havia desmoronado, transformando o
infortúnio em felicidade.
Não só ele próprio tentava conseguir dinheiro, fazendo empréstimos com
parentes e amigos, mas também incumbiu Kimura e Mori de consegui-lo. Assim,
estes percorreram os fregueses de todo o país, a começar pelos de Tóquio e
Ossaka.
A maior parte dos fregueses da loja se concentravam em Tóquio, mas
também havia muitos em Ossaka. Eles estavam espalhados desde Niigata, na
parte ocidental do Japão, até Shimo-no-Seki, na Ilha Honshu, situada a oeste de
Tóquio, que fica na parte oriental do país. Isso mostra a extensão dos negócios da
Loja Okada.
Além das pessoas mencionadas, Kojiro Matsuda, Presidente da
“Associação Sofuku” e dono da Loja Hakubotan, situada em Guinza, também
aplicou grandes somas.
Assim, a Loja foi vendida à nova sociedade anônima, incluindo-se na
venda os estoques de mercadoria, a patente do “Diamante Assahi” e outros bens
que eram propriedades exclusivas da antiga firma. O dinheiro que entrou foi
aplicado na sociedade recém-criada, para o planejamento do controle do capital de
giro, os pagamentos estavam previstos para serem feitos em quatro vezes.
Liquidado o primeiro, de 500 mil ienes, logo depois do casamento com Yoshi, ou
seja, em fevereiro de 1920, a situação parecia favorável ao reerguimento da Loja
Okada. Em 1919 o Fundador começara a registrar os seus gastos num livro de
despesas, o que mostra sua decisão de planejar esse reerguimento fazendo
economia nas despesas domésticas. O “Diamante Assahi” e as outras mercadorias
continuavam sendo vendidas normalmente. Assim, tendo recuperado a
tranqüilidade, ele devia estar com esperança de resgatar toda a dívida e conseguir
um progresso ainda maior que o obtido anteriormente.
Quando o Fundador estava empenhado nesse trabalho de recuperação,
Yoshi ficou grávida do primeiro filho. Isso aconteceu no inverno do ano posterior ao
do casamento. Como os três partos da sua primeira esposa não tinham sido
normais, e, no último, ela perdera a vida, ele ficou muito preocupado. Assim, por
exemplo, quando saía com Yoshi de “Jinrikisha”, às vezes ele alugava três: um ia à
frente e outro atrás, vazios, e no meio, o que eles ocupavam. O Fundador seguia
muito atento, sentado ao lado da esposa. Se o puxador corria um pouco mais,
dizia: “Está muito rápido, vá mais devagar”. Certo dia, a tia de Yoshi, presenciando
a cena, disse ter sentido uma grande emoção, por ver como o marido da sobrinha
era carinhoso.
Entretanto, apesar de todos os cuidados que recebia, Yoshi contraiu uma
doença pulmonar durante a gestação. Felizmente, não foi nada grave; mas, como
se tratava de uma doença, o Fundador, por precaução, mandou a esposa
repousar, durante algum tempo, numa casa alugada em Kamakura. Contrataram
uma empregada e, durante certo período, ele também morou lá, indo todos os dias
à sua loja, em Tóquio. Tudo que era humanamente possível foi feito; ela não
poderia ter tido maiores cuidados. E esses cuidados não foram em vão: sem
maiores problemas, Yoshi deu à luz uma menina na Maternidade Kamakura,
situada em Omati, Kamakura, no dia 11 de outubro de 1920. Essa primeira filha
recebeu o nome de Mitiko.
Mesmo depois do nascimento da criança, a saúde de Yoshi não era muito
boa. Então, como local de descanso para a esposa, o Fundador alugou uma casa
de estilo japonês bastante cômoda e com um jardim bem amplo, em Kanoezuka,
nome popular do bairro de Oi, situado na circunscrição de Ebara, em Tóquio, perto
da praia de Shinagawa.
Na casa aí alugada, Yoshi veio a ter, posteriormente, seu primeiro filho
homem, que nasceu a 31 de dezembro de 1921 e recebeu o nome de Mitimaro.

COLAPSO DA EMPRESA

O início da Loja Okada S.A. não foi fácil. Em março de 1920, a crise
iniciada nos Estados Unidos assolou o mundo inteiro, e também no Japão a Bolsa
de Valores caiu, porque, com a repentina queda dos preços, o mundo financeiro
entrou num grande colapso. Seguiam-se falências de empresas, o desemprego
aumentava, e começava a corrida aos bancos.
O Fundador escreveu: “No dia 15 de março do ano seguinte, começou a
famosa crise financeira. As ações tiveram uma grande baixa, e o preço das
mercadorias caiu bruscamente. Por isso, a Loja Okada S.A., que havia acabado de
nascer, desmoronou sem oferecer nenhuma resistência, ficando num beco-sem-
saída”.
Entretanto, com nova coragem, ele se esforçou para reerguer a empresa.
O segundo golpe que ela sofria, representado por essa crise, em seqüência ao
embargo dos bens do Fundador, abalou sua estrutura, mas, com o esforço de
todos os funcionários, a situação começou a melhorar, se segundo ele próprio nos
diz: “Mesmo assim, fizemos esforço para levantar o destino da empresa, e, por
volta de 1922, finalmente a situação começou a melhorar...”.
No caderno de despesas do final de maio de 1920, ao lado de uma
quantia registrada, está escrito: “Economia possível”. É um registro que nos faz
conhecer a situação apertada da época.
Ao mesmo tempo em que reduzia as despesas, o Fundador começou a se
esforçar para a ampliação das vendas. Reiniciou, então, a atividade de criação
artística que havia interrompido durante certo período, após a invenção do
“Diamante Assahi”, tendo requerido seguidas patentes de novo modelo de produtos
que já existiam. Em abril de 1919, pouco antes do “Caso Yoshikawa” vir à tona, ele
concluíra uma nova experiência. Trata-se da técnica conhecida pelo nome
“kaigashiki”, que consiste em fazer pinturas sobre um pano ou papel e colá-lo num
objeto, utilizando adesivos como a laca. Na data referida acima, requereu patente
para o “Kaigashiki Kushi” (pente em “kaigashiki”), e em julho do mesmo ano, para o
“Kaigashiki Pin” (presilha em “kaigashiki”). Em fevereiro de 1922, criou o “Hosseki-
ire Kamidomegu”, presilha de cabelo feita de metal, com orifícios onde se colocam
pedras preciosas, e para ela também requereu patente. Através dessas novas
criações, podemos ver o esforço feito pelo Fundador no sentido de reerguer a
empresa, pois considerava a mercadoria como a chave do sucesso nos negócios.
Em maio de 1923, ele vendeu a casa do bairro de Oga, na qual vivera
durante sete anos, e comprou uma mansão no bairro de Iriarai, na circunscrição
Ebara, em Tóquio.
A mudança para Omori ocorreu por diversas razões, mas acredita-se que,
em termos de negócios, foi para conseguir capital de giro através da venda da casa
de Oga. O terreno onde estava situada a mansão pertencia a outra pessoa,
havendo uma grande diferença entre o preço das duas residências, pois a de Oga
ele vendera com o terreno.
Os esforços do Fundador receberam novo golpe com o grande terremoto
que assolou repentinamente as regiões Kanto e Tokai às onze horas e cinqüenta e
oito minutos do dia 1º de setembro de 1923. Houve dois violentos tremores
seguidos e, pouco depois, um terceiro tremor bem forte. Foi por ocasião desse
terremoto que o Edifício Ryoun-Kaku, de doze andares, todo construído de tijolos,
o qual era considerado o símbolo da modernização e da prosperidade de
Assakussa, partiu-se mais ou menos no oitavo andar.
A Loja Okada salvou-se de uma destruição total. Pelo fato de nela
trabalharem muitos homens, as paredes desabadas puderam ser logo reerguidas,
e as mercadorias empilhadas, que se espalharam, foram recolocadas no lugar.
Assim, os funcionários tiveram condições de ir prestar ajuda aos fregueses de
Guinza e de outros lugares.
Entretanto, os danos causados pelo terremoto em si não passaram de
uma parte da catástrofe que atingiu a Região Kanto. O golpe fatal foi o grande
incêndio que sobreveio com toda fúria, logo em seguida ao terremoto. Esse
incêndio, irrompido na zona industrial e comercial, ao invés de diminuir, a tarde foi
avançando gradativamente para oeste. Só em Hifukusho (lugar situado perto da
Estação Ryogoku), ele vitimou trinta e oito mil pessoas. Destruindo um grande
número de casas e roubando inúmeras vidas, o incêndio avançou para Kyo-bashi e
Shiba e finalmente se apagou quando circundava o Palácio Imperial. Foi uma
grande calamidade que causou a morte de cinqüenta mil pessoas e a destruição de
mais de quatrocentas mil casas.
Já bem tarde da noite, as labaredas, que se propagavam na direção de
Kanda levadas pelo vento, muito forte devido à impetuosidade do fogo,
aproximaram-se da parte sul da Estação de Tóquio, onde se localizava a Loja
Okada. Os funcionários, preparados para o momento em que o fogo atingisse o
local, colocaram as mercadorias em caixas, empilharam estas nas águas do Canal
Sotobori, de Yaessu, e ficaram esperando pelo incêndio. Entretanto, quando viram
as labaredas se aproximando, correram na direção de Guinza e se refugiaram no
estacionamento dos trens, atravessando a Ponte Kaji, que existia em frente à atual
Estação Yuraku-tyo. A essa altura, já estavam refugiadas nesse local as pessoas
desabrigadas em conseqüência do incêndio, as quais eram provenientes de
Honsho, Fukagawa, Assakussa e outros bairros da zona industrial e comercial, de
modo que o estacionamento e o pátio em frente ao Palácio Imperial estavam
totalmente lotados.
Os funcionários da Loja Okada passaram dois dias e duas noites dentro
dos trens parados, comendo o arroz que haviam levado junto com as bagagens.
No terceiro dia, depois que saíram do abrigo, arranjaram uma carroça, resgataram
as mercadorias afundadas no canal e, juntamente com os seus objetos pessoais,
levaram tudo até a mansão do Fundador, no bairro de Hakei-En.
As mercadorias que haviam sido entregues para serem pagas através de
promissórias viraram cinza, e a maioria dos clientes com os quais a loja negociava
foram à falência. Assim, a Loja Okada, que tinha esperanças de se recuperar,
recebeu outro golpe muito duro.
Poucas semanas depois, entretanto, tal como a relva do campo, que logo
se ergue depois de pisoteada, as atividades econômicas da Região Kanto
reiniciaram-se com grande vigor.
As bijuterias são mercadorias de ocasião, e as lojas atacadistas,
antecipando cada estação do ano, enviavam estoques para as lojas varejistas. A
Loja Okada vendia por atacado e também fabricava produtos. Por isso, na
primavera e no verão, já se estavam fabricando os artigos de inverno e fazendo-se
os estoques. Conseqüentemente, em agosto, antes do terremoto, ela já havia
mandado grandes estoques de inverno para os atacadistas com os quais
negociava em Ossaka e Quioto. Por terem coberto os encargos de Tóquio, que
ficou perto da destruição total, essas duas cidades foram abençoadas com uma
boa situação; assim, em outono, a Loja Okada pôde receber o pagamento das
vendas.
Antes de ser reconstruída no bairro de Kitamaki, a loja funcionou durante
algum tempo na mansão de Omori. Os artesãos levavam para aí os trabalhos que
aprontavam, pois os funcionários não só os que já moravam com o Fundador,
como também os que ficaram desabrigados - passaram todos a morar nessa casa.
Nagashima, Kinzo Fukumoto, que ficou mais tarde com a Loja Okada, e
outros funcionários colocavam as mercadorias em maletas e rodavam pela
clientela, para vendê-las. Depois do terremoto, inúmeras lojas abriram falência e,
como sempre, a confiança mútua era muito vacilante. Por isso, não se usavam
promissórias nem cheques nas negociações; tudo era pago à vista. Na volta dos
funcionários, havia muito dinheiro no fundo das maletas, que de manhã saíam
cheias de mercadorias. Muitas vezes, depois de voltarem para Omori, eles ficavam
fazendo cálculos até mais de meia-noite, e só então iam à casa de banhos
públicos. Mas os rendimentos obtidos dessa forma foram preciosos recursos
financeiros para a Loja Okada, que havia sofrido um sério abalo econômico.
A partir do grande terremoto ocorrido na Região Kanto, houve muitas
modificações no quadro de funcionários da loja. Em primeiro lugar, Kimura tornou-
se independente, depois de ter sido o braço direito do Fundador durante dezesseis
anos. Sem dúvida ele não desejava separar-se daquele a quem estimava mais do
que se fosse um parente e com quem partilhara tantas alegrias e tristezas;
provavelmente tomou essa decisão graças ao incentivo do próprio Fundador, o
qual desejava que ele se tornasse independente por causa da forçada redução dos
negócios. Aliás, imaginamos que tenha sido uma decisão tomada só depois de
muita conversa. Mori, o diretor do Departamento de Vendas, seguiu o mesmo
caminho. De fato, terminara a era de ouro da Loja Okada.

ESFORÇO PARA A RECUPERAÇÃO

Após a reconstrução da Loja Okada, no bairro de Kitamaki, o Fundador


voltou a pegar o trem em Omori para fazer o trajeto de dezessete a dezoito minutos
até aquele bairro.
Com a ampliação das ruas pelo Projeto Metropolitano de Recuperação, a
loja, reconstruída após o terremoto, ficou um pouco menor, e o número de
funcionários também foi reduzido. Apesar disso, o “Diamante Assahi” continuava
vendendo bem e, graças à confiança que granjeara, o estabelecimento tinha
sempre um grande movimento de profissionais e funcionários. Tal como antes, mal
ele chegava à loja, sentava-se à sua mesa, chamava os profissionais um a um e
examinava os artigos que eles traziam. Cansando-se do serviço, fumava um
cigarro ou lia o jornal. Tudo era como no período anterior ao terremoto, mas com
uma exceção: ele agora atendia os profissionais com um rádio ao lado e um fone
nas suas grandes orelhas. Dois anos depois do terremoto, em julho de 1925, assim
que começaram as transmissões da Emissora Tóquio Shibaura, ele comprara um
rádio, que ficava ouvindo com muito prazer. Ao anoitecer, terminando o serviço,
despedia-se dos funcionários e voltava para Omori. Às vezes pegava um
“jinrikisha” e ia até a Estação Shin-bashi, apreciando as movimentadas ruas de
Guinza; dali tomava o trem para aquela localidade.
A vida do Fundador e de Yoshi, em Omori, diferia da vida da maioria dos
casais. Parece que ela, criada como “filhinha de mamãe”, não era muito habilidosa
nos afazeres domésticos, mesmo depois do casamento. Conta-se que até os
mínimos detalhes, como por exemplo, o cardápio do dia, era orientado pelo marido.
Teiko Kobatake, pintora de quadros em estilo japonês e amiga de Yoshi
desde a época de estudante, foi morar com a família Okada em 1924, com ela
permanecendo durante o período de um ano e meio em que seu esposo, também
pintor, esteve no estrangeiro. O fato que se segue aconteceu nessa época:
Certo dia, depois que o Fundador saíra para a loja, Yoshi lembrou-se de
que não lhe perguntara o que deveria pôr no “missoshiru” (sopa de soja) da manhã
seguinte. Então, telefonou para o marido e perguntou-lhe:
— O que seria melhor colocar no “missoshiru” de amanhã?
— Vejamos. . . Coloque “tofu”(queijo de soja) - respondeu ele. Como esse
tipo de diálogo era freqüente Kobatake disse a Yoshi, certa vez: “Você é que é
feliz, pois não precisa pensar no cardápio...”.
Nesse tempo, o Fundador dormia muito tarde. Ele aproveitava a noite para
o planejamento de novos produtos, a fim de reerguer a loja. Na maioria das vezes,
ia se deitar quando já passava da uma hora da madrugada, e por isso acordava
tarde. Durante o período em que Kobatake esteve em sua casa, ele tomava o café
da manhã com Yoshi e com ela, conversando sobre pintura e crianças. Depois,
saía para trabalhar.
Foi nessa época, no dia 15 de agosto de 1925, que nasceu Miyako, a
segunda filha do casal (mas no total seria o terceiro).

RETORNO À RELIGIÃO

Embora tivesse ingressado na Omoto em 1920, o Fundador, devido à


morte de Hikoitiro e outros fatores, esteve afastado dela por uns tempos.
Exatamente nessa época, ela sofreu uma forte pressão por parte das autoridades,
pressão que se tornou conhecida pelo nome de “Primeiro Caso Omoto”.
De 1916 ou 17 a 1920, época em que essa Igreja alcançou grande
expansão houve um acentuado aumento do número de trabalhadores, em
conseqüência do desenvolvimento da indústria moderna. Entretanto, com a crise
econômica ocorrida posteriormente, intensificou-se a tensão entre empregados e
patrões, irromperam greves e houve uma baixa nos preços dos produtos agrícolas,
de modo que até para os agricultores a vida se tornou difícil. Em face de uma
situação tão conturbada, as pregações da Omoto, segundo a qual o mundo estava
se aproximando de um beco-sem-saída e por isso se tornava urgente uma reforma
baseada nos Ensinamentos de Deus, pareceu muito perigosas para o governo.
No dia 12 de fevereiro de 1921, o Solo Sagrado da moto, em Ayabe, foi
cercado por duzentos policiais, e Onissaburo Deguti e dirigentes da Igreja, entre os
quais Wassaburo Assano foram detidos, sob suspeita de crime de desrespeito e
infração das leis da imprensa. A entidade foi altamente pressionada, e as
autoridades divulgaram que ela escondia bombas e cem mil flechas de bambu,
planejando uma revolução geral. Embora o caso ainda estivesse em julgamento,
ordenaram a destruição do Santuário e do sepulcro da fundadora da Igreja, Nao
Deguti. Entretanto, os acusados receberam anistia, devido ao falecimento do
Imperador Taisho, ocorrido quando o caso estava sendo julgado novamente, pelo
Supremo Tribunal.
O Fundador esteve afastado da Omoto durante três anos, mas isso não
significa que o seu sentimento religioso, despertado em 1920, houvesse
desaparecido. Nesse ínterim, ele dirigiu especial atenção ao estudo do
“Ofudessaki”, livro de ensinamentos de Nao Deguti, teve ligações com um grupo de
pesquisa parapsicológica etc. Como vemos, o Fundador continuava estudando os
mistérios do além. Por sua própria intuição, fez prognósticos sobre o futuro, oculto
no sentido das palavras de Nao Deguti, entre as quais este ensinamento: “Tóquio
voltará a ser um campo aberto”. Baseado nessa afirmativa teve o pressentimento
de que brevemente Tóquio viraria chamas.
Em maio de 1923, conforme já foi mencionado, ele vendeu sua casa do
bairro de Oga e mudou-se para Omori, subúrbio de Tóquio. Vendeu-a por 36.500
ienes, quando ela valia no mínimo 50 mil. Um parente seu, admirado, perguntou-
lhe: “Por que vendeu essa casa por um preço tão barato?” Mas o Fundador
respondeu misteriosamente: “Você fala assim, mas logo terá de vir para cá...”
Desapontado, o parente calou-se.
Nessa época, o estranho pressentimento que ele tivera sobre Tóquio não
o largava. A venda repentina da casa de Oga e as palavras enigmáticas ditas
àquele parente parecem mostrar isso. Quanto às mercadorias da Loja Okada,
dizem que, na ocasião, o Fundador fazia o possível para não acumular estoques,
vendendo-as à medida que elas eram confeccionadas, de acordo com os pedidos.
Isso foi muito benéfico, pois, como havia pouco estoque quando ocorreu o grande
terremoto da Região Kanto, os prejuízos foram mínimos.
Após a catástrofe, a casa de Omori encheu-se de parentes, conhecidos e
funcionários da loja que ficaram desabrigados. Apesar disso, os que lá chegavam
não eram recusados; sem pensar em vantagens ou desvantagens, o Fundador
assistiu a todos com amor. Entre eles, estava aquele parente que implicara com a
venda da casa de Oga. Ele chegou de carro, com uma pequena bagagem, e,
baixando a cabeça, disse: “Acabou acontecendo o que você previa...”.
Já falamos sobre a “Associação Sofuku”, entidade de confraternização
dos donos das lojas de renome situadas nos arredores de Kyo-bashi e Guinza. No
final de junho de 1923, Kojiro Matsuda, líder dessa associação e dono da Loja
Hakubotan, decidiu transferir-se de Yokohama para Guinza, em Tóquio, e, numa
comemoração antecipada, convidou os companheiros para um jantar. Na ocasião,
o Fundador disse: “Em breve Tóquio ficará em chamas”. Espantado, Matsuda deu
gargalhada, falando: “Não diga tolices”. Entretanto, no dia 1º de setembro, pouco
tempo depois desse jantar, Tóquio virou realmente um campo em chamas, em
conseqüência do incêndio causado pelo terremoto. Conta-se que, admirado,
Matsuda comentou: “Onde foi que Okada ouviu aquilo? Ele diz coisas terríveis!”
Desde então, por ter, como Deus, “acertado na mosca”, o Fundador foi apelidado
de “Deus”.
Presume-se que ele tenha retornado à Omoto logo depois do grande
terremoto, ou seja, entre o outono e o inverno de 1923.
Além dos percalços que atingiram seus negócios por causa dessa
calamidade, o Fundador perdeu Mitimaro, o primeiro filho homem que teve com
Yoshi, o qual faleceu no dia 3 de outubro do mesmo ano. Ele tinha apenas um ano
e nove meses e, apesar de pequeno, era muito inteligente. Após a catástrofe,
houve um surto de cólera infantil, e Mitimaro, que ninguém percebera ter contraído
a doença, acabou não sendo socorrido a tempo.
Com o terremoto, a Loja Okada sofreu uma grande mudança. Seus danos
reduziram-se ao mínimo, mas inúmeras lojas abriram falência sem conseguir saldar
suas dívidas. Novamente ela ficou em más condições financeiras, e o caminho
para a recuperação de sua antiga prosperidade se fechava. Nos primeiros dois
anos, o “Diamante Assahi” seguia vendendo bem, e a loja continuava com certo
movimento; mas depois ele começou a vender menos, e a situação foi piorando a
cada ano. Mais uma vez o Fundador teve a tristeza de ver cortadas as suas
esperanças, como já lhe ocorrera por duas vezes, quando quis ser pintor e quando
pretendeu ser artífice de “maki-e”. Desta vez, porém, diante de tanto infortúnio, ele
mudou finalmente o seu pensamento, passando a dedicar-se à Fé com todo o
empenho.
Pode-se pensar, ainda, que outro motivo o fez ligar-se fortemente à
Religião: ter visto concretizar-se a sua previsão de que Tóquio viraria chamas. Ele
intuíra esse acontecimento depois de pesquisar o “Ofudessaki”, e a previsão se
concretizara - evidência misteriosa que não podemos negligenciar.
Assim, adquirindo uma sólida crença no invisível mundo misterioso, o
Fundador se firmou no caminho da Fé; mais do que antes, aumentou o seu
interesse pela pesquisa dos mistérios. Ele estudou diversos livros e, relacionando-
se com grande número de pessoas, pôs-se a buscar soluções. Esse foi o caminho
que o levou a fazer uma renovação de sua própria pessoa: polir a espiritualidade
que por longo tempo se mantivera oculta em seu íntimo, refletir sobre o significado
de sua existência neste mundo e buscar uma forma verdadeira de vida. Como
resultado, o caminho que se lhe apresentou não ficou restrito a uma forma de vida
aplicável unicamente à sua pessoa. À medida que ele aprofundou e aperfeiçoou
suas pesquisas, esse caminho foi se ampliando, até se tornar o caminho que todo
homem deve seguir.

PESQUISA DO MISTÉRIO

O Fundador, que retornara a Omoto após o grande terremoto ocorrido na


Região Kanto em 1923, lia os livros dessa Igreja, especialmente o “Ofudessaki”,
com um empenho incalculável em pesquisar o Mundo do Mistério. Em contato com
um grupo que fazia pesquisas parapsicológicas, leu diversas obras de
parapsicologia e dedicou-se com todo afinco ao estudo da existência do Espírito
Divino, da relação entre Deus e o homem, dos princípios fundamentais da Fé e
outras questões. A esse respeito ele escreveu: “Minha vida sofreu uma mudança
de cento e oitenta graus. Fiquei sabendo que o homem recebe a proteção de Deus
e que, se ele não reconhece a existência do espírito, não passa de um ente vazio.
Mesmo nas pregações morais, caso não o façamos reconhecer essa existência, as
pregações não passarão de sermões sem valor.”.
Entre os livros que o Fundador leu nessa época figuram “The Survival of
Man” (Londres - 1909) e “Gone West: Three Narratives of After-Death Experiences”
(Londres - 1917), da autoria dos ingleses Sir Oliver Lodge e J. S. M. Ward
respectivamente; o primeiro foi editado em japonês em 1917, e o segundo, em
1925. São livros muito adequados à Inglaterra, país que desenvolveu a ciência
moderna e deu origem à revolução industrial. Neles se registram diversos
fenômenos paranormais de forma objetiva e experimental, mostrando-se
claramente a realidade do Mundo Espiritual do Ocidente. O Fundador, que não
gostava de recorrer ao subjetivismo e atribuía muita importância às provas
objetivas, deu grande valor a essa forma de pesquisa parapsicológica, tendo
aprendido bastante com os referidos livros.
Para o Fundador, a emoção de ver abrir-se o Mundo do Espírito Divino,
campo totalmente desconhecido pelo qual o seu interesse aumentava cada vez
mais, era algo semelhante ao amor. A atração que ele sentia pelo mistério
encerrado no âmago da Religião assemelhava-se à atração por um namorado a
quem se ama infinitamente. Ele voltou-se para o Mundo do Espírito Divino com o
mesmo ardente desejo que leva essa pessoa a se aproximar do objeto amado para
conhecê-lo de forma ainda mais profunda. Pela sua própria experiência; o
Fundador escreveu: “O ponto culminante da Fé é a paixão a Deus”.
A palavra japonesa “shukyo”, que significa “religião”, é uma tradução das
palavras em inglês e alemão provenientes do latim “religio”, cujo sentido é “estar
ligado”, “pensar sempre numa mesma coisa”, “apegar-se”. A paixão é a mais
simples expressão desse conceito. Ele se completa com o casamento e vai se
transformando num sentimento tranqüilo e contínuo, ou seja, o amor. Todavia, em
se tratando dos mistérios do Mundo do Espírito Divino, quando algo é desvendado,
abre-se, em seguida, um mundo ainda maior - um novo Mundo do Mistério. Assim,
a paixão a Deus nunca termina; vai aumentando e tornando-se cada vez mais
profunda com o passar do tempo.
O Fundador canta esse sentimento em alguns poemas:

“É possuindo um caloroso amor


Pelo homem, que se ama a Deus
A ponto de se lhe entregar a vida.”
“Conheci um amor
Que supera os amores
Aos quais entreguei minha vida.”

Foi por volta do final da Era Taisho que o Fundador começou a ser
envolvido pela ocorrência de fatos misteriosos. Quando isso aconteceu, ele ainda
não se havia conscientizado claramente de sua afinidade-missão, mas a atuação
do Mundo Divino já havia começado sub-repticiamente.
O fato que se segue teria acontecido no final do verão ou no início do
outono de 1924, quando um indivíduo chamado Hidemassa Noguti, que trabalhava
com projetos de mapas geográficos, foi visitá-lo e pediu-lhe que falasse sobre a
Omoto. Trocaram diálogos sobre a Fé e, durante a conversa, olhando para o rosto
do Fundador, de repente Noguti lhe perguntou: “A Omoto tem relação com
Kannon?” Ao que o Fundador respondeu: “A Omoto está relacionada a Deus, e
Kannon a Buda. Um não tem nada a ver com o outro”. Noguti começou, então, a
falar sobre coisas inesperadas: “Entretanto, à direita do lugar onde o senhor está
sentado, eu vejo a figura de Kannon, com uma estatura um pouco maior que a sua.
Há pouco, quando o senhor se levantou para ir ao toalete, Kannon o seguiu;
quando o senhor voltou e se sentou, ele também se sentou”. Achando estranho, o
Fundador perguntou qual era a expressão de Kannon, e Noguti respondeu:
“Kannon está de olhos fechados, e seu rosto e seu corpo são iguais aos que se
vêem em desenhos e esculturas”.
Naquele momento, repentinamente, Noguti tivera a clarividência espiritual
da figura de Kannon. Pouco tempo depois, um fiel da Omoto disse ao Fundador:
“Estou vendo um redemoinho dm cima de sua cabeça; bem no centro dele, está
Kannon. Vejo, também, uma cruz nas suas costas”.
Assim, vez por outra, Kannon surgia perto do Fundador, e as pessoas o
enxergavam. Esse misterioso fenômeno ocorreu seguidas vezes. Naturalmente,
até então, ele não acreditava absolutamente em Kannon; através desses fatos,
porém, começou a se conscientizar gradativamente da afinidade existente entre
ambos.
Rememorando a trajetória do Fundador, vemos que, desde pequeno, ele
possuía uma profunda ligação com Kannon. Como já foi dito o templo que guarda o
jazigo da família Okada, em Mikawashima, Tóquio, chama-se Templo Kannon-ji, e
a sua imagem principal é o Kannon de Onze Faces. A imagem principal do Templo
Senso-ji, onde seu pai ia armar a barraca noturna, e também a do Templo Tyosho-
ji, em cujo pátio o Fundador brincava quando criança é o “Sho Kannon”. Além
disso, sua esposa, Yoshi, nasceu em Nagoya, cidade onde está o templo de Ossu
Kannon.
Relembrando diversos fatos que vieram ocorrendo desde a sua infância, o
Fundador conscientizou-se ainda mais da grande afinidade que tinha com Kannon,
afinidade essa que remontava aos seus antepassados.
A VOZ DE DEUS

Através do estudo do “Ofudessaki” e também dos acontecimentos


misteriosos que ocorriam à sua volta, o Fundador foi abrindo rapidamente os olhos
em relação ao Mundo Espiritual. À medida que se tornava mais profunda sua
compreensão sobre o invisível Mundo do Mistério, ia se formando gradativamente,
em seu íntimo, um estado de tensão apropriado às manifestações Divinas que se
lhe deparariam.
No dia 25 de dezembro de 1926, ele entrou em estado de transe e
recebeu uma Revelação Divina. Exatamente nesse dia faleceu o Imperador Taisho,
que foi sucedido pelo príncipe herdeiro, Hirohito. A partir de então, entrou-se na
Era Showa. Sobre a estranha ocorrência, o Fundador escreveu:
Certo dia do mês de dezembro de 1926, por volta das vinte e quatro
horas, tive uma sensação muito estranha, jamais sentida até então. Ao mesmo
tempo em que experimentava essa agradável sensação, sentia-me induzido a falar.
Queria deter esse impulso, mas não conseguia. Insopitável força me impelia, de
dentro para fora. Não podendo resistir, deixei-a expressar-se livremente. As
primeiras palavras foram: “Prepare papel e pincel”. Pedi à minha esposa que assim
procedesse. As palavras que, em seguida, brotaram ininterrupta e
compassadamente, expressavam fatos surpreendentes”.
As revelações duraram cerca de três meses, chegando a preencher de
trezentas a quatrocentas folhas de papel-carta. Seu conteúdo era inimaginável,
versando sobre a formação do Japão no período que remontava há quinhentos mil
anos e estendia-se até sete mil anos atrás; sobre a história da humanidade, no
passado e no futuro, e sobre a vida passada, presente e futura do próprio
Fundador, esclarecendo, também, a Vontade de Deus, Senhor de todo o Universo.
As previsões sobre o futuro mais tarde se concretizaram: o incidente da Manchúria,
a Segunda Guerra Mundial e a situação do mundo após a guerra.
Na época, era muito difícil acreditar-se em tudo isso, de modo que,
durante algum tempo, muitas vezes o Fundador leu esses escritos e depois os
guardou. Pelo fato de “não entender, por mais que pensasse”, ele,
espirituosamente, intitulou-os “Hatena?” (“Será?”). Então, decidido a comprovar
todas as coisas passíveis de experimentação, iniciou um grande esforço no sentido
de somar práticas e fazer auto-indagações.
Naqueles escritos, havia vários fatos relacionados com a Família Imperial,
de modo que seria muito perigoso se eles viessem a cair nas mãos das
autoridades. Assim, durante longo tempo, o Fundador os deixou enterrados, dentro
de uma lata de zinco. Entretanto, o controle das autoridades se tornava mais
rigoroso a cada ano, e todas as religiões novas começaram a sofrer pressões,
prisões, interrogatórios, etc.. Ele não foi exceção. Passou a ser vigiado e a receber
repetidas intimações para depor. Pressentindo o perigo, acabou queimando os
papéis em questão.
Mais tarde, o Fundador pensou diversas vezes em reescrever as
revelações recebidas; achou, porém, que ainda era muito cedo, e acabou não o
fazendo. Após a Segunda Guerra Mundial, julgando que era o momento oportuno,
escreveu o artigo intitulado “O Século XXI”, apresentado no início do presente livro,
onde se descrevem de forma bem clara as características do mundo futuro: o
desenvolvimento do intercâmbio cultural entre as nações e a concretização de um
mundo de paz e de uma vida agradável, rica em caráter artístico. Muitas profecias
já se concretizaram, e o fato do Fundador ter conseguido prever tais
acontecimentos no início da Era Showa (1926) mostra uma parte da profundidade
das revelações recebidas.
Foram revelações misteriosas, o primeiro indício de que Deus começara a
atuar sobre ele diretamente. Naquele momento, Deus atuou sob o nome de
Kannon. Embora, no budismo, Kannon apresente formas diversas, em verdade, ele
representa o próprio DEUS. O Fundador ficou sabendo que Kannon, usando o seu
corpo, iria executar a grande obra de salvação da humanidade. Entretanto, ao
compreender o conteúdo dessa Revelação, que nem sequer pudera imaginar, ele
ficou espantado e, por vezes, chegou a duvidar e hesitar. O seu estado de espírito,
naquela ocasião, pode ser conhecido através destas palavras escritas
posteriormente:
“Por tratar-se de uma missão grandiosa demais, nunca vista até então,
não pude deixar de achá-la muito pesada para um ser comum como eu. Entretanto,
como era Deus, maravilhoso para todas as pessoas, quem me incumbia dessa
missão, é claro que eu não podia recusá-la. No início, duvidei bastante, chegando
mesmo a rebelar-me, mas de nada adiantou. Deus me manipulava livremente”.

“KENSHINJITSU”

Desde essa época, os estudos que o Fundador vinha fazendo sobre o


Mundo Espiritual sofreram grande modificação. Ampliaram-se da pesquisa
centralizada em livros para a busca do método de salvação que liberta as pessoas
do sofrimento através da força espiritual, encaminhando-as para a felicidade. Ou
seja, ele avançou para a parte prática: consolidar o método concreto de salvação.
Centralizou-se unicamente no “tinkon kishin-ho”, método secreto de
aprimoramento ensinado pelo antigo xintoísmo, que já existia antes da introdução
do budismo e do confucionismo. Esse método assemelha-se um pouco às práticas
do zen-budismo e, na época, era muito aplicado na Omoto. Consiste em serenar a
alma, excluindo os próprios sentimentos, e tornar-se uno com Deus. Para isso, a
pessoa se senta sobre as pernas dobradas, com os braços cruzados e os olhos
cerrados, e planeja o engendramento da própria espiritualidade, tendo por objetivo
a união com Deus. Considera-se que, repetindo essa prática, a pessoa recebe
poderes Divinos, através dos quais lhe é possível curar doenças e manifestar
diversos milagres.
Estando na Omoto, o Fundador concentrava-se no “tinkon”, restaurado da
época antiga por essa Igreja; por outro lado, guardando no fundo de seu coração a
Revelação recebida em 1926, empenhava-se seriamente na busca de provas
sobre a salvação através do misterioso poder do Espírito Divino.
Entregando-se de corpo e alma à concretização de seus objetivos,
começou a praticar o “tinkon” em muitas pessoas, a começar pelos seus familiares,
empregados, conhecidos etc.. E qual foi o resultado? O poder de salvação era
extraordinário, conseguindo-se curas miraculosas. Pessoas com doenças difíceis
de serem curadas e pessoas em estado grave iam sendo salvas umas após as
outras.
Tomando conhecimento da fama do Fundador, muita gente ia procurá-lo.
Além disso, os milagres não surgiam apenas sob a forma da cura de doenças.
Sobre essa fase, ele escreveu: “Naquela época, a minha vida era um contínuo
milagre. Quanto mais eu duvidava, mais milagres surgiam, possibilitando-me
desfazer as dúvidas”. E, como sucediam milagres que, de alguma forma, indicavam
a resposta para aquilo que ele desejava saber, concluiu: “É mesmo, Deus existe de
fato e está muito próximo. Ou melhor, talvez esteja até dentro de mim mesmo”.
Até então, o Fundador almejara seguir diversos caminhos, mas sempre se
vira frustrado em suas aspirações, sendo lançado na escuridão do desespero.
Entretanto, agora que tinha consciência de que fora escolhido por Deus e de que
viera a este mundo com uma grandiosa missão, descobriu que tudo havia sido
planejado pelo Criador. Assim, conscientizado do infinito poder de salvação e da
inteligência que recebera para construir, aqui na Terra, o Paraíso ansiado por toda
a humanidade, começou a dedicar-se à grande obra de salvação do mundo.
Durante a sua busca para entender o verdadeiro significado da Revelação
que recebera de Deus, o Fundador teve oportunidade de ir à sede da Omoto e
conversar com Onissaburo Deguti, o qual, enquanto falavam sobre diversos
assuntos, lhe disse: “Daqui para frente, se você se dedicar à cura de doenças,
poderá curá-las quanto quiser. Faça-o o mais possível. Se, por acaso, você colocar
água num copo e disser que a tomem, porque é remédio, essa água se
transformará em remédio, sabia?”.
Refletindo sobre essas palavras, poderemos concluir que Onissaburo
Deguti, possuidor de uma grande percepção espiritual, há muito já compreendera o
nível espiritual e a missão do Fundador.
Dessa forma, através dos diversos acontecimentos ocorridos à sua volta e
também das Revelações recebidas diretamente de Deus, o Fundador
compreendeu que a missão a ele atribuída estava acima dos ensinamentos e
determinações da Omoto. Pertencendo a essa Igreja, seria desagradável
transgredir as regras por ela definidas; entretanto, Deus afirmava que era ele quem
devia concretizar a Revelação e que não havia outro caminho. Não lhe era
permitido desviar-se, de modo que, embora sabendo quão árdua fosse, começou a
jornada por esse caminho só seu. A atividade que, naquele momento, iniciou-se
bem no fundo de sua alma, mais tarde manifestou-se na forma da Obra Divina
concreta que ele levou a cabo durante alguns anos.
Após o transe de 1926, que durou três meses, o Fundador sentira dúvidas
sobre o conteúdo das Revelações recebidas, mas agora, através de diversos fatos
concretos, tinha adquirido uma certeza inabalável. Já não havia nenhum motivo
para dúvidas; pelo contrário, ele ganhara uma sólida consciência de que Deus
existe e de que a missão que lhe fora atribuída por Ele era real. Descreveu isso da
seguinte maneira:
“Algo muito grandioso me manejava livremente, fazendo com que, por
meio de milagres, eu me encontrasse, pouco a pouco, com o Mundo de Deus.
Nessas horas, eu sentia uma alegria irrefreável. Era uma sensação
indescritivelmente profunda, nítida e elevada. Além do mais, os milagres
continuavam a suceder, acontecendo fatos interessantíssimos. Não sei quantas
vezes cheguei a experimentar essas sensações num só dia”.
Escreveu ainda:
“Há uma Bola de Luz em meu ventre. Ela é o Espírito de DEUS, de modo
que Ele mesmo maneja livremente meus atos, minhas palavras, tudo”.
Assim, como resultado de incansável pesquisa e sentindo que, desde a
Revelação Divina, havia uma Bola de Luz em seu ventre, a qual era o Espírito de
DEUS, o Fundador chegou à inabalável convicção de que Ele utilizava livremente o
seu corpo e, tendo-o como Seu instrumento, salvaria toda a humanidade. Cantou
esse seu estado de espírito nos poemas abaixo:

“O Ensinamento desfez
A longa dúvida que eu tinha
Sobre o motivo do meu nascimento
Neste mundo.”
“É venerável o Kannon
Que habita o corpo material
De um homem que, antes, era insignificante.”

Nessa ocasião, o Fundador utilizou a palavra “Kenshinjitsu” para designar


o estado em que se possui sólida consciência de tudo e inteligência esclarecida. É
o estado em que a pessoa enxerga o caminho que a humanidade percorreu e irá
percorrer, e, além de evidenciar os erros do passado, é capaz de indicar a postura
correta da humanidade no futuro. E como estar no cume de uma pirâmide e avistar
as quatro direções lá de cima. A esse respeito, ele escreveu:
“A Religião, a Filosofia, a Educação e outros ramos da cultura sempre
consideraram impossível entender todas as coisas além de certo limite e captar a
sua essência mais profunda”. Sakyamuni disse ter atingido o “Kenshinjitsu” aos
setentas e dois anos, e Nitiren, depois dos cinqüenta. “Kenshinjitsu” significa a
capacidade de entrar em contato com esta essência.
Tendo atingido esse estado, o próprio Fundador praticou a Verdade que
conseguiu conhecer, concretizou-a e transmitiu-a amplamente às pessoas.
Conseqüentemente, as palavras e ações do Fundador expressam a própria
Verdade. Anos mais tarde, ele costumava repetir: “Não desvie de mim a sua
atenção. Fixe atentamente os olhos na minha pessoa e faça o serviço entregando-
se de corpo e alma” Dessas palavras vigorosas, sentimos irradiar estes
pensamentos:

“Busquem a Verdade que eu materializo.”

“Deus, nosso Senhor,


Deu-me poder e inteligência.
Todos os seres vivos
Serão salvos.”

“Tudo que preguei


Desde os quarenta e cinco anos,
Idade em que atingi o “Kenshinjitsu”,
Expressa a Verdade.”.

Dessa forma, tendo sofrido completa modificação e sentindo que o seu


destino estava sendo dirigido por Deus, o Fundador deixou os serviços da Loja
Okada, no dia 4 de fevereiro de 1928, para concentrar-se de corpo e alma na Obra
Divina. Deixou a parte administrativa ao encargo de Kinzo Fukumoto e a parte de
vendas ao encargo de Takashi Nagashima. Afastou-se dos trabalhos, passando a
ocupar a posição de conselheiro; todavia, não abandonou por completo os
negócios nessa ocasião. Durante muitos anos continuou indo à loja como dono e
participando das reuniões da Associação Sofuku”.
Na época em que o Fundador atingiu o estado de “Kenshinjitsu”, nasceu
em Omori, no dia 4 de junho de 1927, sua terceira filha, que recebeu o nome de
Itsuki e mais tarde se tornou a terceira Líder Espiritual da Igreja Messiânica
Mundial.
SUCESSIVOS MISTÉRIOS

No dia 14 de abril de 1929, mais de dois anos após a Revelação de 1926,


o Fundador foi a Kameoka (Ayabe, Quioto), para participar do Culto da Primavera
da Omoto, o qual seria realizado nos dias 14 e 15. O fato que se segue aconteceu
no dia 16.
Tendo idéia de assistir ao ofício religioso do Santuário Obata, localizado
em Anao (circunscrição de Sokabe, Quioto), terra natal de Onissaburo Deguti, ele
chamou um carro. Quando estava de saída, encontrou-se com a esposa de Watari
Shiga, membro do partido político mais representativo do Japão antes da Segunda
Guerra Mundial, partido esse criado em 1900, sob a direção de Hirobumi Ito. A
senhora em questão lhe disse que acabara de chegar do Estado de Saitama e
pediu-lhe que a levasse com ele. “Chegou na hora!”, respondeu o Fundador, que
lhe deu carona gentilmente. No momento em que o carro começou a andar, ele
estremeceu, sentindo algo de misterioso no sobrenome Shiga, daquela senhora.
Pensou então: “O Lago Biwa, de Omi, também é chamado Lago Shiga. Será que o
culto de hoje tem algo a ver com o Lago Biwa?”.
Terminado o ofício religioso em Anao, o Fundador voltou para Tóquio. Por
sua vez, Onissaburo Deguti, após o culto, pegou um carro e foi até o Lago Biwa,
tendo passado a noite num famoso restaurante situado à beira desse lago. No dia
seguinte, antes de partir, escreveu num papel as palavras “Doto Tyuten”
(“Gigantescas ondas sobem ao Céu”) e entregou-o ao dono do restaurante, que
também era fiel da Omoto.
Dias depois, misteriosamente, houve uma tempestade que atingiu um
vasto território, assolando regiões como Kinki, Hokuriku e Kanto. Na região onde
está situado o Lago Biwa, a tempestade foi violenta, e um navio de turismo e
muitos barcos pesqueiros afundaram. Nesse momento, o Fundador recebeu uma
Revelação extremamente importante, sobre a qual escreveu em prosa e em verso:
“O Dragão Dourado, deus guardião de Kannon, esteve submerso, durante
milhares de anos, no fundo desse lago. Chegado o momento propício, quando ele
ia emergir das águas, o Dragão Vermelho (na Bíblia é satã), que observava de
longe, ciente de que surgiria o deus mais temido por ele, veio correndo, e, para
derrotá-lo, travou uma enorme batalha sobre o lago. Vencido, fugiu para o norte.
Essa luta é que se transformou naquela tempestade.“

“Surgiu
O deus Dragão Dourado,
Oculto nas profundezas
Do Lago de Shiga.”

“Finalmente surgiu
O deus Dragão Dourado
Que se escondia
No “Manai”(fonte de água sagrada) de Yassugahara-ame.”.

No dia 23 de maio, um mês após a ocorrência desse mistério, Tóquio foi


assolada por um temporal. O Fundador não foi à loja, tendo ficado a desenhar num
“shikishi” (papel grosso quadriculado onde se faz desenho, para presentear). De
repente, por volta do meio dia, reboou uma forte trovoada nos arredores da
mansão Shofu, em Omori. Intuindo nesse acontecimento a chegada do Dragão
Dourado, o Fundador, anos mais tarde, escreveu: “Desabara uma tempestade e,
aproximadamente ao meio-dia, ecoou uma forte trovoada sobre a minha
residência. A partir desse momento, o Dragão Dourado tornou-se meu Espírito
Guardião”.
No dia 11 de abril, pouco antes desse acontecimento, por volta das cinco
horas da manhã, Yoshi, que estava grávida, começou a sentir as dores do parto.
Na família Okada, desde a época de Taka, primeira esposa do Fundador,
costumava-se chamar a parteira Hissa Mizutome. Desta vez, também, estava
combinado chamá-la, quando chegasse à hora. Entretanto, como ainda era muito
cedo, Mizutome não havia chegado, e tudo indicava que o bebê estava prestes a
nascer. Assim, o próprio Fundador começou a fazer os preparativos, apanhando
água, preparando a bacia etc.. Mizutome acabou não chegando a tempo, e ele teve
de exercer a função de parteiro. Sem nenhum problema, nasceu um menino, que
recebeu o nome de Shigueyoshi. Era o seu terceiro filho homem.
Desde o período inicial da Era Showa, o Fundador escrevia um diário.
Nele, registrava as suas impressões sobre os principais acontecimentos do dia em
forma de poemas. Atualmente, resta um total de quinze cadernos, escritos até
1943.
No início da Era Showa, o Fundador desenvolvia simultaneamente a Obra
Divina e as atividades comerciais. Aproveitando qualquer oportunidade, dedicava-
se à pesquisa do Mistério. Tudo isso está descrito vivamente no diário dessa
época. A respeito do nascimento de Shigueyoshi ele escreveu os seguintes
poemas:

“Mizutome
Não havia chegado,
E vejam só!
Chorando bem forte,
Nasceu um menino.”

“Parteiro virei,
Sem alternativa.
Eu precisava
Ajudá-la no parto,
Aparando o bebê.”.

“Não sei se é
Algum Plano Divino,
Mas, em minha vida,
É a primeira vez
Que assisto a um parto.”

Através do nascimento de seu próprio filho, o Fundador conscientizou-se


ainda mais profundamente do seu próprio destino e da missão que lhe fora
determinada. Agora, havia no mundo mais tristeza do que alegria, mas ele sabia
que um mundo assim não duraria para sempre. Com o poder e o amor absoluto de
Deus, haveria de nascer um novo mundo aqui na Terra. Como representante de
Deus, ele é quem iria construí-lo. Tudo isso lhe fora esclarecido na Revelação de
1926, e mais uma vez Deus lhe mostrou claramente esse mistério, fazendo com
que ele servisse de parteiro.
Naquela época, a Omoto mantinha intercâmbio com a “Associação Sekai
Komanji”, criada em 1930, na China, quando Gofukurin e Ryushoki, naturais de
Santo-Sho, naquele país, instalaram uma igreja em Sainan, capital de Santo-Sho.
Era uma entidade religiosa que cultuava Shissei-Senten-Rosso como Deus
Supremo e realizava intensa atividade beneficente. A seu respeito, o Fundador
escreveu:
“Na Igreja Messiânica Mundial, conhecemos a existência de Deus através
de graças e milagres. A “Associação Sekai Komanji”, no entanto, faz com que as
pessoas O conheçam através de um método completamente diferente. Instalam
um assento para Deus bem no centro do local onde vai ser aplicado o método,
queimam incenso e, depois de lerem sutras, realizam uma cerimônia chamada
“futi”. Em cima de uma mesa, coloca-se uma bandeja rasa, quadrada, forrada de
areia prateada. Nas laterais, ficam duas pessoas segurando uma vara com formato
de T. A ponta da vara vai se movendo automaticamente, traçando letras. É a
mensagem de Shissei-Senten-Rosso. Grandes religiosos como Sakyamuni,
Confúcio, Jesus Cristo e outros praticaram o “futi”. Eles escreveram sob a ordem
de Rosso. Sai escrito assim: “Kannon, por ordem de Rosso, transmite X
ensinamento”. As palavras fluem com muita rapidez, e por isso é impossível que as
duas pessoas se consultem”.
O fato que se segue aconteceu no dia 26 de março de 1930. Na Sede
Aishin-Kai da Omoto (atual Kakushin-Kai), situada no bairro de Koji, em Tóquio, ia
se realizar um “Futi” com a presença de dez diretores da “Associação Sekai
Komanji”. O Fundador participou da cerimônia em companhia de Yoshi. Nessa
oportunidade, ele ganhou uma folha de papel no meio da qual estava escrita, em
letra bem grande, a palavra PURIFICAÇÃO; ao lado, em letra pequena, “Mokiti
Okada”. Junto, entregaram-lhe um folheto explicativo: “Foi escrito no “futi” realizado
na Sede Geral da Omoto, em Ayabe, pouco antes da comitiva da “Associação
Sekai Komanji” ir para Tóquio”.
A propósito desse “futi” o Fundador escreveu:

“Saí com Yoshi


Para ir a Aishin-Kai
A fim de assistir
À cerimônia de escrituras.”

“Ganhei uma folha


Com a palavra PURIFICAÇÃO
Em letra bem grande,
Escrita por Rosso.
Segundo disseram, foi feita em Ayabe.”

Mais tarde, ele comentou: “O meu trabalho mais importante é purificar o


espírito através da ministração do Johrei (purificação do espírito). Naquele
momento, isso já estava determinado por Deus”.
O papel recebido pelo Fundador foi um presente misterioso que indicava o
seu destino.

PESQUISAS SOBRE O ESPÍRITO DIVINO

Mesmo depois de ter alcançado o estado de “Kenshinjitsu”, o Fundador


continuou suas pesquisas sobre o Mundo Espiritual. Não o fazia levado
simplesmente pelo desejo de obter conhecimentos desvendando mistérios e
decifrando enigmas. Ele sabia que, uma vez que o Mundo Espiritual é o princípio
de tudo, movendo o visível Mundo Material, a grandiosa obra de salvação da
humanidade não podia ser concretizada sem o esclarecimento daquele mundo.
Justamente por isso ele se dedicou a pesquisá-lo, o que julgava de capital
importância para encaminhar a humanidade a uma vida feliz e concretizar o Mundo
Paradisíaco.
Quando mal começara sua pesquisa sobre o Espírito através do “tinkon”,
o Fundador, atendendo a um pedido, utilizou esse método com uma moça de
dezenove anos que estava tuberculosa em terceiro grau. O caso fora considerado
perdido; entretanto, com dois “tinkon”, começaram a surgir indícios de melhora. No
terceiro, a mãe da jovem, que estava sentada ao seu lado, levantou-se
repentinamente, com uma expressão de quem ia devorar o Fundador. “Canalha!
Só faltava mais um pouco para eu acabar com a vida dessa moça e você me
atrapalhou, salvando-a. Estou furioso e vou fazer você pagar por isso”.
Era uma voz grossa de homem, totalmente diferente da voz daquela
senhora. Incontestavelmente, tratava-se de um fenômeno de encosto. Espantado,
o Fundador perguntou ao espírito que se encostara ao corpo da jovem:
— Quem é você, afinal?
— Sou Hirokiti.
— Qual é a sua relação com esse corpo?
— Sou o irmão mais novo da quarta geração de ancestrais dessa família.
— Mas porque se encostou-se a esta moça para tirar-lhe a vida?
— Eu havia saído de casa e, quando morri, como não tinha mais nenhum
contacto com a família, ninguém se preocupou comigo. Eu queria que sufragassem
o meu espírito e tentei fazer com que meus parentes percebessem esse desejo.
Para isso, entre muitas outras coisas, eu os fiz adoecer, mas ninguém entendeu.
Fiquei tão indignado, que resolvi matar essa moça. Assim, eles vão compreender.
— Mas você não veio lá do Inferno?
— É eu estava lá há muito tempo, mas já não agüentava mais. Por isso
fugi, para pedir que me sufragassem.
— Mas você sabe que, se matar essa jovem, vai para um lugar ainda pior
do que aquele onde estava até agora?
— É verdade?!
— É mais do que verdade. Eu trabalho para Deus. Jamais poderia mentir.
Mas fique tranqüilo: eu vou sufragar você.
O espírito falava com o sotaque das pessoas de Edo, e seu timbre de voz
era bem claro, parecendo um trabalhador daquela cidade, nos últimos tempos do
governo feudal. Esse espírito, que dizia chamar-se Hirokiti, não apenas acatou as
palavras do Fundador, como prometeu ajudá-lo a curar a doença da moça. Assim;
ela foi se recuperando normalmente. O fato que se segue também aconteceu no
início da Era Showa.
Havia uma estudante de Belas-Artes, de aproximadamente vinte anos,
que estava fazendo estágio na Loja Okada, como desenhista. Certo dia, uma
amiga sua foi à loja, procurando por ela. Como a moça estivesse ocupada, o
Fundador pediu-lhe que há aguardasse um pouco, na sala de espera. A visitante
parecia bastante deprimida. Intrigado, ele perguntou à estudante desenhista o que
estava acontecendo.
A explicação foi inesperada. Durante longo tempo, as duas moças
mantiveram relações homossexuais, mas, descobertas por seus genitores, foram
advertidas severamente, vendo-se obrigadas a escolher entre acabar com o
relacionamento ou sair da escola. Sem saber o que fazer haviam decidido suicidar-
se juntas. E aquele era o dia marcado. Surpreso, o Fundador levou a desenhista
para outra sala e fez-lhe um exame espiritual.
Um espírito de pato, que nela encostara, manifestou-se e disse que
estava apaixonada pelo espírito de rouxinol encostado na amiga. O Fundador
repreendeu-o severamente e, com repetidos tratamentos espirituais, fê-lo deixar o
corpo da moça. Com isso, o sentimento da amiga também esfriou, e o problema foi
solucionado. Através dessa experiência, o Fundador compreendeu que o amor-
paixão é uma ação espiritual e que, para solucionar um amor ilícito, basta tirar o
encosto de uma das pessoas envolvidas.
Dessa forma, a cada experiência concreta, as pesquisas parapsicológicas
foram se tornando precisas. Justamente por isso, cheio de confiança, ele escreveu:
“Talvez as pessoas da atualidade achem que essa descrição, feita em termos
genéricos, seja produto da minha imaginação, mas em verdade trata-se de pontos
coincidentes entre levantamentos e estudos que fiz durante mais de vinte anos
com inúmeros espíritos, através de médiuns e de todos os meios possíveis. Por
isso podem estar certos da veracidade do que lhes estou transmitindo”. (Alicerce
do Paraíso - Mundo Espiritual e Mundo Material)
O Fundador dedicou-se à pesquisa do Mundo Espiritual não apenas
através das experiências com os fenômenos de encosto que acompanhavam o
“tinkon”, mas também através da literatura de muitos livros. Participava, ainda, de
sessões de parapsicologia, como podemos comprovar pelo poema escrito em seu
diário no dia 14 de novembro de 1929:

“Fui à sessão experimental


De uma associação de pesquisas parapsicológicas
E vi curiosas manifestações espirituais.”

Não se sabe exatamente quais eram os dirigentes dessa associação, mas


o primeiro em quem se poderia pensar é Wassaburo Assano, que, na época, se
dedicava à pesquisa parapsicológica. Ele estudara num colégio de primeira
categoria, ingressara na Universidade de Tóquio, muito renomada, e tornara-se
professor da Escola de Oficiais da Marinha. Tinha profundo conhecimento da
literatura inglesa e, desde que ingressara na Omoto, em 1916, encarregou-se da
redação dos textos dos seus órgãos informativos, de atividades voluntárias de
difusão etc., utilizando a sua cultura e a sua fé ardorosa. Chegou a ocupar uma
posição elevada na Igreja.
Entretanto, após a primeira pressão sofrida pela Omoto, em 1921, ele
fundou, em Tóquio, a “Associação de Pesquisas Científico-Parapsicológicas” e, em
1925, afastou-se da Igreja. Desde então, desejando provar objetiva e
cientificamente a existência do Espírito Divino, empenhou-se em apresentar ao
Japão a ciência parapsicológica, muito desenvolvida na Europa e nos Estados
Unidos. Posteriormente, mudou-se para Ossaka. Tempos mais tarde, o Fundador
escreveu sobre ele: “No Japão, temos Wassaburo Assano, um profundo
pesquisador com quem eu tinha certo relacionamento e que deixou vários
trabalhos. Infelizmente, ele faleceu há alguns anos.”.
O objetivo da pesquisa espiritual feita pelo Fundador evidencia-se através
destas palavras: “Crendo nos fenômenos espirituais, torna-se claro que poderemos
apreender a causa fundamental da verdadeira felicidade. Em outras palavras, para
se obter a perfeita paz de espírito, é necessário profundo conhecimento de tais
fenômenos, seja qual for a Fé que se professe.“ (Alicerce do Paraíso - Prefácio do
Livro “O Mundo Espiritual“)
Como se pode constatar, ele possuía a consciência fundamental de que,
para a humanidade ser encaminhada a uma vida feliz, era preciso, antes de mais
nada, que ela conhecesse a realidade do Mundo Espiritual e se conscientizasse
profundamente da atuação dos espíritos.
FOMENTO PARA A FUNDAÇÃO DA IGREJA

ATIVIDADES LITERÁRIAS

Por volta de 1923, quando o Fundador retornou à Omoto, essa Igreja


desenvolvia uma intensa atividade literária, como parte da Obra Divina. Em 1927,
ela fundou a Editora Meiko e começou a publicar uma revista mensal de poesia
“waka” (poema composto no Japão desde os tempos antigos semelhante ao haical,
diferenciando-se deste no que diz respeito aos pés métricos, que são trinta e um. É
constituído de cinco versos, dos quais o primeiro e o terceiro são pentassílabos, e
os demais, heptassílabos) e “kanku” (poema derivado do haical), chamada “Meiko”.
Imediatamente, o Fundador passou a enviar seus poemas para essa revista. Eram
composições de conteúdos diversos: poemas religiosos que expressavam a busca
de Deus, poemas que retratavam a natureza, poemas que cantavam os
sentimentos humanos, e também poemas românticos. Eles revelavam o coração
do Fundador, que, em todos os aspectos de sua vida, nunca se fixava em um só
ponto.

Editora Meiko, 6ª sessão de “waka”, 10/06/1927.


Tema: Andorinha

“Graciosa é a andorinha
Que, determinando
O canto do telhado
Como sua eterna residência,
Vai e vem voando.”

Editora Meiko, 6ª sessão de “waka”, 15/06/1927.


Miscelânea de poemas

“Meu amor tornou-se


Algo impossível,
E conversar com ela
É um sonho raro.”

Editora Meiko, 8ª sessão de “waka”, 07/08/1927.


Temas: Chuva Branca, Chuva de Verão.

“Chuva de verão
Que reanima pessoas,
Animais e outros seres
Abatidos pelo intenso
Calor do Sol.”

O Fundador, que se caracterizava por realizar com perfeição tudo aquilo que
empreendia, estudou literatura com entusiasmo, buscando a avaliação e a
orientação de pessoas abalizadas. Também Yoshi, sua esposa, há muito já
possuía fama de habilidade literária; mostrou sua capacidade assim que iniciou a
composição de poesia “waka”.
Os dois exemplos que se seguem são obras do Fundador, feitas
respectivamente em 1928 e 1929.
Tema: “Tossokiguen” (saquê que se toma por ocasião das festas do ano
novo)
“ Tossokiguen “
Que na primavera
Faz ver o diabo como Buda.”.

Tema: “Deitado à toa”

“Deitado à toa
Passei o domingo
Sem fazer nada.”

Mostrando sua habilidade com uma destreza incrível, o Fundador recebeu


de Onissaburo Deguti, o cognome de “Assanebo Kiguetsu” (“Lua brilhante
dorminhoco”) com o qual passou a promover sessões de “kantoku” e a selecionar
as obras. Posteriormente, refletindo sobre o seu hábito de acordar tarde, ele
começou a usar o pseudônimo “Akegarassu Aho” (“Corvo bobo madrugador”) e
disse que, desde então, passou a acordar cedo. Talvez se referindo a isso, compôs
o seguinte poema:

“Tencionava compor
Um poema sobre a geada.
Dorminhoco que sou,
Quando acordei,
Nem vestígios encontrei.”

DIFUSÃO EM TÓQUIO

Na Omoto, havia uma qualificação sacerdotal denominada “divulgador”, a


qual tinha divisões hierárquicas. Em 1927, depois que retornou à Igreja, o
Fundador tornou-se diretor da filial da Editora Meiko na Sede de Aishin, em Tóquio.
Em abril de 1928, tornou-se semidivulgador; em julho, divulgador. Foi subindo
rapidamente e, em fevereiro do ano seguinte, nomearam-no membro executivo da
Sede de Tóquio. Pelo trabalho realizado durante esses anos, podemos constatar
que o Fundador trilhou unicamente o caminho da Fé, atraindo o coração das
pessoas que sofriam muitas das quais ele conseguiu encaminhar.
Suas pregações eram muito apreciadas. Ele não tinha nenhuma atitude
ostensiva e causava uma impressão agradabilíssima. Mesmo na composição de
poesia “waka” e “kanku” não se detinha apenas no mundo da Fé; também
abordava temas como os sentimentos naturais dos seres humanos, entre os quais
o amor. O mesmo acontecia quando transmitia ensinamentos às pessoas que
estavam entrando para a Fé: não começava a pregar sobre Religião logo de início,
mas sobre assuntos mais acessíveis e próximos, avançando pouco a pouco até
chegar ao tema de Deus. Em contato com a sua personalidade, as pessoas eram
atraídas por uma força que as envolvia ampla e calorosamente. Comovidos pelo
seu poder de salvação, os membros aumentavam a cada dia. Sobre esse trabalho
de difusão, o Fundador escreveu, em seu diário:

“À medida que meu poder


Vai aumentando dia após dia
Aumentam os fiéis que me seguem.”
“Que alegria é ver aumentar,
A cada dia, a cada mês,
As pessoas que acatam minhas palavras.”
“A Obra Divina avança cada vez mais,
E eu vou ficando atarefado.
Finalmente sou o Kannon de Mil Braços.”

Na época, entre os fiéis que respeitavam o Fundador, havia um indivíduo


chamado Mitsuo Massaki, o qual havia ingressado na Igreja em outubro de 1920.
Presume-se que ele se tornou discípulo do Fundador atraído pela sua virtude. Esse
indivíduo, na época, ocupou o cargo de conselheiro de todas as filiais da Omoto e
mais tarde foi vice-presidente da “Dai Nipon Kannon Kai” (“Igreja Kannon do
Japão”), nome com a qual teve início a Igreja Messiânica Mundial. Ele residia em
Tóquio e freqüentava a casa de um membro chamado Yamamuro, comerciante de
chá que morava no mesmo distrito e que pode ser considerado o primeiro discípulo
do Fundador. Este, em abril de 1929, alugou uma casa no bairro de Koji, à qual
deu o nome de Baiko-So, e entregou-a a Yamamuro, para que aí se dedicasse à
atividade de difusão. Graças ao trabalho realizado por ele, a difusão foi se
expandindo gradativamente no bairro de Koji. No dia 8 de março de 1929, o
Fundador já havia registrado em seu diário o seguinte poema:

“Valeu a pena a atividade


Realizada pelo Sr. Yamamuro.
Finalmente, a difusão cresce
Sob o castelo sagrado.” (Palácio Imperial)

A EVIDÊNCIA DAS PROVAS

O ano de 1930 foi muito difícil para a sociedade japonesa, que entrou num
longo período de crise. A grande queda de preços no mercado financeiro de Wall
Street, em Nova York, ocorrida no mês de novembro de 1929, ainda permanecia
viva na lembrança das pessoas. Esse fora um ano tenebroso: a começar pelos
produtos agrícolas, o preço de tudo caiu; a produção baixou e houve um grande
aumento de desemprego.
Entretanto, apesar dessa situação, o início de 1930 tiveram seguido dias
de céu límpido. O amanhecer era muito frio e tudo ficava branco com a geada.
Aguardando a expansão da Obra Divina, o Fundador iniciou o novo ano com muita
decisão e esperança. Era o ano do cavalo, no horóscopo oriental, e correspondia
ao signo do Fundador, que completava quarenta e oito anos. A propósito de 1930,
ele escreveu:

“Este é o ano em que a Obra Divina


Deve ter um grande avanço.
Não sei por que,
Meu coração se enche de coragem.“

“Enquanto eu tiver vida,


Vou me esforçar
Pela Obra Divina da Salvação,
Para o Bem de Deus e do Mundo.”
Como acontecia anualmente, no dia primeiro de janeiro, Fukumoto e
Nagashima gerentes da Loja Okada, vieram cumprimentá-lo pelo Ano Novo,
trazendo os demais funcionários. Mitsuo Massaki, do bairro de Koji, também o
visitou com o mesmo objetivo.
No dia 2, houve Culto Mensal em Omori, com a presença de dezoito fiéis.
O Fundador desenhara a figura de Kannon com tinta carvão, em folhas próprias
para caligrafia a pincel, e ofereceu-as aos fiéis. Até então, ele só desenhava o
Monte Fuji e outros motivos; essa foi a primeira vez que desenhou Kannon. No
registro feito em seu diário no dia 6 de janeiro, consta:

“Movido pelo fervor


Da mãe de Utiyama,
Acho que vou dar-lhe
O meu “miteshiro”.”.

O “miteshiro” corresponde ao antigo “mitegurashiro” e significa “segurar as


oferendas feitas a Deus”, ou simplesmente, “oferendas”. Entretanto, na Omoto, a
palavra era usada para designar algo que substitui a mão. Onissaburo Deguti
escrevia em colheres de bambu para pegar arroz:

“Colher que salva todas as vidas,


Atenda ao meu pedido:
Salve as pessoas da sociedade.”

E imprimia o seu sinete. Valia-se desse meio para salvar as pessoas


doentes.
O “miteshiro” oferecido pelo Fundador era um leque, em cuja parte frontal
ele escrevia palavras como estas:

“Este leque purifica


E salva todos os espíritos.”

“Este leque purifica


O corpo espiritual de todas as coisas.”

“Este leque branco purifica


O corpo e o espírito.”

Ele os distribuía aos principais fiéis e fazia que estes realizassem o


“tinkon”.
O primeiro registro que se tem de “miteshiro” escrito e atribuído pelo
Fundador, data de 30 de abril de 1929. Nesse dia, consta registrado no diário:

“Ao receber um leque branco


Do Sr. Yamamura, pedindo-me
Que lhe desse um “miteshiro”
Eu escrevi um poema.”.

No dia 12 de agosto do mesmo ano, ele registrou um milagre relacionado


ao “miteshiro”.
“Yamamura contou-me que viu
O leque que lhe dei
Irradiar uma luz espiritual.”

Assim, o Fundador, que desde a Revelação de 1926 viera procurando


descobrir sua própria natureza, a partir de 1929 começou a manifestá-la através de
Obras Divinas concretas, sendo que, em 1930, deu um passo ainda mais definido.
Entretanto, se de um lado a Obra Divina ia dando passos cada vez mais firmes, a
Loja Okada estava numa situação muito diferente da prosperidade alcançada no
passado, e ia decaindo cada vez mais. À medida que o Fundador foi se dedicando
unicamente à Fé, a situação foi ficando cada vez pior. No dia 4 de janeiro, vemos
registrado:
“Hoje, pela primeira vez,
Vi um rapaz sozinho
Tomando conta da loja.”

Embora estivesse vivendo dias de plenitude, dedicando sua vida à


salvação do homem, com certeza o Fundador deve ter-se lembrado da época de
ouro em que dezenas de funcionários desenvolviam uma intensa atividade na loja
e o ”Diamante Assahi” ia sendo vendido rapidamente, tão logo era confeccionado.
Na figura do jovem funcionário que, sozinho, estava tomando conta da loja vazia,
sente-se a nostalgia do próprio Fundador, que vivera como empresário. De 1929 à
primavera de 1930, sentimos a sua paixão pelos negócios, os quais, como uma
brasa ainda vermelha, permaneciam vivos numa parte do seu coração, que tentava
dedicar-se unicamente ao caminho religioso. A propósito, ele escreveu:

“Até que sinto muita vontade


De impulsionar novamente o comércio,
Como em tempos passados.”

“Embora o comércio
Seja o meu sustento,
O Plano Divino já existe.”

“Embora fosse domingo,


Fui à loja e, sozinho,
Os rascunhos dos desenhos
Fiquei corrigindo.“

Do final de 1929 ao Ano Novo de 1930, o Fundador registrou o seu


carinho e apego pela Loja Okada; entretanto, com a ocorrência de sucessivos
mistérios, pouco a pouco foi pressentindo que estava perto o dia em que iria viver
somente para a Obra Divina. No diário dessa época, vemos muitos registros sobre
o início desses pressentimentos:

“Até os enigmas do Céu e da Terra,


Com a chegada do tempo,
Misteriosamente são decifrados.
Que alegria!”
“Captando o avanço da Obra Divina
Nos mais diversos acontecimentos,
Meu coração palpita.”
“Conforme o previsto,
Na hora de tirar a fotografia,
Ocorreu um fato profundamente misterioso.”

Entre tantos poemas, merece especial atenção o que foi escrito no dia 8
de fevereiro:

“Tenho a forte impressão


De que em junho deste ano
Receberei uma grande missão.”

Esses versos mostram que o Fundador estava conscientizado de que a


Bola de Luz localizada em seu ventre ia ganhando plenitude a cada dia, e de que o
poder de salvação manifestado por Kannon, o qual atuava por seu intermédio, ia
lhe acrescentando virtudes cada vez maiores.
Fazendo uma profunda reflexão sobre o advento do mês de junho,
descobriu uma misteriosa coincidência numérica. O dia 1o de junho de 1930
correspondia ao dia 5 do mês 5 do ano 5 do antigo calendário, e o signo desta data
correspondia ao dia do cavalo, do mês do cavalo, do ano do cavalo. Essa
coincidência entre os números e os signos era um fato muito raro.
O Fundador compreendeu que aquele era o dia misterioso indicado no
seu pressentimento de fevereiro e que, a partir de então, se iniciaria uma nova
atuação do Poder Divino. Quando finalmente chegou aquela data, erigiu, num
canto do jardim de sua casa, uma torre de pedra constituída de treze secções
superpostas, à qual deu o nome de Torre Miroku. Ele a havia preparado há muito
tempo e fez uma cerimônia bem simples. No decorrer de todo aquele dia, sentiu
uma alegria infinita invadir seu coração. Estava palpitante e não conseguia reprimir
um novo entusiasmo pela missão que lhe foi atribuída por Deus.
Exatamente por aqueles dias, ocorreu um importante milagre, o qual fez o
próprio Fundador conscientizar-se ainda mais da elevação do poder espiritual da
Bola de Luz localizada em seu ventre. O fato aconteceu quando ele salvou, pelo
“tinkon”, um jovem que estava para se suicidar juntamente com uma meretriz.
Tendo levado esse jovem para casa e procedido a um exame espiritual, percebeu
que havia um espírito de raposa encostado nele. Então, advertiu esse espírito e fez
que ele se afastasse. O jovem, porém, continuava de olhos cerrados e com as
palmas das mãos unidas. Passados alguns minutos, finalmente abriu os olhos e,
com uma fisionomia muito impressionada, disse que havia visto uma cena
interessantíssima. Falou que alguém ao seu lado estava tocando “koto” (instrumento
musical tipicamente japonês) e que o som desse instrumento era extraordinariamente
belo e nobre. Embevecido, ele olhara à sua volta, tendo percebido encontrar-se
num lugar que lhe parecia o interior de um santuário muito espaçoso. No fundo,
havia uma escada que levava a uma sala toda acortinada. Segundo disse o rapaz,
o Fundador, vestido com trajes litúrgicos, subiu essa escada suavemente e entrou
na sala.
Nesse momento, o Fundador interrompeu-o:
— Se você viu a pessoa de costas, não podia ter reconhecido quem era.
O jovem, parecendo muito confiante, respondeu:
— Tenho a certeza de que era o senhor.
Como à esquerda do lugar onde o rapaz estava sentado ficava o Altar, o
Fundador interpretou que, de fato, embora momentaneamente, ele tivera a
faculdade da visão espiritual.
No dia 21 de julho de 1930, mais de um mês, portanto, após a ocorrência
o
de 1 de junho, o Fundador escalou o Monte Fuji com sua esposa e mais onze
acompanhantes.

“Saí de casa às nove da manhã


Para realizar a importante Obra Divina
De escalada do Monte Fuji.”

Assim, um dos objetivos da escalada era visitar esse santuário e orar


diante dele.
No início, o Fundador pensou que o santuário do qual lhe falara o espírito
de dragão ficava no sopé do monte. Indagou sobre ele, mas, como ninguém o
conhecia, foi direto ao todo. Perto da entrada, se deparou com um magnífico
santuário onde estava escrito: “Santuário Kussushi” (“Kussushi” significa
“misterioso”, “estranho”). O Fundador ficou sabendo que o “okumiya” (pequeno
santuário) do Santuário Assama também era chamado de Santuário Kussushi.
Terminado o culto, a comitiva viu cumprido o objetivo da escalada. Então, deu uma
volta pelo topo e desceu na direção da entrada Subashiri.
O fato que se segue aconteceu depois que eles voltaram para o Shofu-So,
em Omori. Misteriosamente, um dos acompanhantes do Fundador teve a visão
espiritual de uma bela deusa, de aproximadamente dezoito anos, sentada no sofá
de uma sala em estilo ocidental. Tinha uma bijuteria no cabelo e vestia um
magnífico quimono. Era muito bela e elegante. Ouvindo isso, os fiéis comentaram
entre si que essa deusa não poderia ser outra senão Konohana Sakuyahime no
Mikoto, deusa do Santuário Assama, que ali viera com alegria, agradecer a
escalada feita pela comitiva.
Meses depois, ocorreu um fato que fez o Fundador abandonar por
completo o comércio e tomar a decisão de dedicar-se unicamente à Obra Divina.
Trata-se do mistério relacionado à família Sakuragui, residente em Magome, bairro
vizinho a Araijuku, onde está localizado o Shofu-So. Esse fato aconteceu na
madrugada do dia 6 de dezembro de 1930.
Por volta das três horas, o Fundador recebeu um telefonema pedindo-lhe
que fosse à casa de um senhor chamado Sakuragui, que trabalhava numa gráfica
e cujos familiares eram, todos eles fiéis ardorosos. Yayoi, sua filha, menina de sete
anos de idade, estava com muita dor de barriga.
Imediatamente ele se dirigiu para a casa de Sakuragui. Entretanto,
chegando lá, viu que, misteriosamente, as dores sentidas pela criança eram iguais
às dores do parto. Depois de algum tempo, parecia que algo ia nascer, mas
finalmente as dores passaram.
Quando o Fundador entrara no quarto da menina enferma, notou, em cima
do armário, no canto do quarto, uma estatueta de Kannon que media
aproximadamente 5,5 centímetros. Perguntando a respeito, disseram-lhe que, por
ocasião da guerra civil, quando os samurais saíam para a luta, levavam-na consigo
como talismã, amarrada no braço, e que a estatueta era preservada pela família
desde épocas antigas.
Pela manhã, depois que voltou para casa, o Fundador recebeu um
telefonema dizendo que a menina estava completamente restabelecida e que, tão
logo se recobrara, sentiu uma grande vontade de tomar um copo de leite.
Refletindo sobre a ocorrência daquela madrugada, ele viu nesse fato a
prova de que Kannon nascera neste mundo. À tarde, quando Sakuragui o visitou, o
Fundador explicou-lhe: “Yayoi deu à luz Kannon”. No seu diário, ele escreveu:

“Voltei para casa


Às seis da manhã.
Hoje foi realizada
Uma importante Obra Divina.”

Através desse misterioso fato, o Fundador conscientizou-se de que a Bola


de Luz que havia em seu ventre intensificara ainda mais o seu brilho e de que ele
fora elevado a uma grandiosa hierarquia espiritual. Assim, finalmente, tomou a
decisão de organizar seus trabalhos.
No dia 23 de dezembro daquele ano, sabendo que estava perto o dia em
que se dedicaria exclusivamente à Obra Divina de salvação da humanidade, o
Fundador comemorou pela primeira vez o seu aniversário. Escreveu poemas
“waka” em “shikishi” e com eles presenteou os fiéis. Estava completando o seu
quadragésimo oitavo ano de vida.

“Hoje, realizamos o Culto


Juntamente com a comemoração
Dos meus quarenta e oito anos.”

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA À OBRA DIVINA

Desde 1927 ou 1928, o Fundador já deixara a maior parte da administração,


das vendas e da parte burocrática da Loja Okada ao encargo dos gerentes Kinzo
Fukumoto e Takashi Nagashima. Entretanto, no dia 21 de janeiro de 1931,
comunicou-lhes que cederia a ambos os direitos sobre a loja; no dia 5 de fevereiro
já havia decidido as condições. Ele a entregaria com toda a sua clientela, mas o
valor das mercadorias que restavam lhe seria pago aos poucos, dos lucros obtidos
mensalmente.
Muitas mudanças propícias ocorreram desde a época em que o Fundador
despertara para a Fé, em 1920, até ele se conscientizar da sua missão de salvar a
humanidade e construir o Paraíso Terrestre. Ele não teve logo consciência dessa
missão. O motivo que o fez buscar a Religião e apoiar-se em Deus foi, em primeiro
lugar, o desejo muito humano de se libertar do sofrimento. Entretanto, Deus fez
que seguidos milagres acontecessem ao seu redor, para despertá-lo realmente.
Por um lado, era uma magnífica seqüência de milagres; por outro, era um caminho
rigoroso que o fazia sentir-se num grande dilema, pois sabia que, tanto espiritual
como fisicamente, muitos sofrimentos o esperavam. A respeito dessa época, ele
escreveu:
“Uma vez que eu havia cortado a minha fonte de renda, tornou-se impossível
saldar as dividas que ainda me restavam, e os agiotas começaram a me pressionar
constantemente. Os agradecimentos em forma de dinheiro que eu recebia pela
cura de doenças através da Fé eram quantias irrisórias, e tive de economizar ao
máximo, agüentando viver nas mais precárias condições, a fim de poder saldar as
dívidas aos poucos. Mas as coisas não corriam conforme eu esperava”.
Quando Mitiaki Okaniwa, que ficara de dedicar ao seu lado a partir de 5 de
junho de 1930, chegou ao Shofu-So pela primeira vez, ficou assustado ao ver os
papéis vermelhos lacrando os armários como sinal de embargo. Entretanto, num
tom bem tranqüilo, o Fundador lhe disse: “Agora estou passando dificuldades,
como pode ver, mas logo começará a chover dinheiro”.
Não lhe era nada fácil deixar a vida de cidadão comum para cumprir a
grande incumbência que recebera de Deus. De fato, mais tarde, seu telefone foi
cortado, por estar com o pagamento atrasado, e durante certo período houve dias
em que seus únicos alimentos eram feijões fermentados e manjuba seca. Num
poema que compôs nessa época, ele confessou:

“Passei a não ter vergonha


De usar um chapéu
Que por duas vezes
Fora mandado ao tintureiro.”

Através desse poema, podemos imaginar a vida difícil que o Fundador


levava e o seu esforço para suportá-la. No dia 30 de dezembro de 1930, ele
registrou no diário:

“Como há muito não acontecia


Neste final de ano
Não precisamos
Sofrer por causa de dinheiro.
Que alegria!”

Esse poema canta, de forma sincera, o que o Fundador sentia naquela


época. Anos mais tarde, ele escreveu:
“Finalmente decidi dedicar-me de corpo e alma, obedecendo à Ordem
Divina. Como cinqüenta por cento eram vontade de Deus e cinqüenta por cento
minha consciência, eu sentia maior segurança que as pessoas comuns, mas
também sentia maior solidão que elas. Naturalmente, eu não tinha uma vida fácil,
economicamente falando, e, em principio, só dispunha do suficiente para me
manter durante alguns meses, não havendo qualquer perspectiva de renda certa.
Era uma vida extremamente insegura, mas os seguidos milagres e Revelações
interessantes me faziam esquecer a preocupação financeira, de modo que a vida
se tornava realmente alegre.”
Dessa forma, podemos dizer que, não obstante a situação insegura, o
Fundador seguiu firmemente o caminho para a salvação do mundo graças às
sucessivas Revelações de Deus e às emoções, à convicção e à alegria que sentia
por ver as pessoas serem salvas.

“Hoje estou abandonando


O comércio de miudezas
Que comecei há vinte anos.”

“A partir de hoje
Finalmente vou viver
Exclusivamente para a Obra Divina.”
“A partir deste início de primavera
Vou me empenhar na Obra Divina
Sem lamentar o que ficou para trás.”
VISITA AO TEMPLO NIHON-JI

O TEMPLO NIHON-JI DO MONTE KENKON


( Ou Montanha Nokoguiri )

A partir do dia 4 de fevereiro de 1928, o Fundador, que, através


do transe de 1926, se conscientizara da sua importante missão de salvar o mundo,
solidificou a decisão de dedicar-se de corpo e alma à Obra Divina. Três anos mais
tarde, em meados de maio de 1931, ele recebeu a seguinte Ordem de Deus: “No
dia 15 de junho, vá ao Templo Nihon-ji, no Monte Nokoguiri, situada em Boshu, no
Estado de Tiba”. Imediatamente, iniciou os preparativos para seguir a Vontade do
Altíssimo.
Podemos tecer diversas considerações sobre o acontecimento Divino
representado pela visita do Fundador ao Templo Nihon-ji, mas a mais importante
relaciona-se ao profundo significado contido na palavra “kata” (modelo,
exemplificação), empregada por ele a propósito do desenvolvimento do Plano de
Deus: “A Providência Divina constrói todas as coisas em dimensões extremamente
pequenas e vai ampliando-as pouco a pouco, até que elas se tornem mundiais.
Isso é realmente misterioso e também se aplica ao Mundo Material: quando o
homem vai construir algo grandioso, primeiro faz o modelo e só depois dá inicio à
obra”. Assim, podemos dizer que “kata” é uma amostra simbólica do Plano Divino a
ser concretizado.
O Templo Nihon-ji, localizado no Monte Nokoguiri, é o mais antigo templo
da Região Kanto. Construído por ordem do Imperador Shomu e da Imperatriz
Komyo para nele se fazerem os pedidos de harmonia, proteção, segurança, beleza
e outras graças para o país, foi inaugurado pelo bonzo Gyoki a 8 de junho do ano
725, como o Templo Nascente do Sol que cultua Yakushi Nyorai, divindade oriental
cuja existência foi captada pela Imperatriz. Dizem que, na ocasião, juntamente com
o documento do edito, escrito por seu próprio punho, o Imperador doou a esse
templo aproximadamente dezenove quilos de ouro; a Imperatriz, entre outras
doações, ofertou um quadro bordado por ela própria, representando as trinta e três
transformações de Kannon.
A imagem principal do Templo Nihon é de Yakushi Ruriko Nyorai e foi feita
por Gyoki. Além dela, estão assentadas a imagem do Kannon de Mil Braços, feita
por Jikaku Daishi, a de Daikokuten da Sorte, feita por Kobo Daishi, e outras.
Antigamente, a construção abrangia uma enorme área de aproximadamente
230.000 m2, incluindo sete torres, doze santuários e cem residências para bonzos.
O Templo Nihon-ji é considerado um dos poucos locais antigos de
aprimoramento situado no Japão, e nele estiveram por algum tempo bonzos
famosos como Roben, Kobo, Jikaku e outros dirigentes budistas que percorriam o
país fazendo difusão. Seu vasto terreno abrange três picos ao norte: o Ruri, o
Nitirin e o Gatsurin. O templo fica a 329 metros acima do nível do mar e daí podem
ser avistado dez estados ao mesmo tempo. Árvores velhas e densas ocupavam
toda a montanha, e entre as rochas de formatos interessantes existiam estátuas de
pedra de Sakyamuni, Yakushi, Amida, diversas estátuas de Dainiti, Monju, Fuguen,
Kannon, Seishi, Miroku, Jizo, Kokuzo, Fudo, Aizen, Konpira, Daikoku, estátuas dos
dez grandes discípulos de Sakyamuni, dos seminaristas budistas adoradores de
Yuima, que não deixaram suas casas, do Príncipe Shotoku, do Mestre Kobo, mais
de mil e quinhentos Rakan etc.. Assim, o Monte Nokoguiri possuía aspectos que
faziam lembrar a Montanha Grdhrakuta, situada na Índia, local das pregações de
Sakyamuni.
Entretanto, as magníficas e grandiosas construções que faziam parte do
Templo Nihon-ji, foram atingidas por diversos incêndios causados pelas guerras,
tendo sido restauradas várias vezes. Na Antigüidade, chegaram a ser reformadas e
retocadas por Yoritomo Minamotono e Takauji Ashikaga, mas, depois da
Restauração Meiji, a montanha toda entrou em decadência, e muitas estátuas
foram destruídas. Isso aconteceu não apenas por causa da discriminação sofrida
pelo budismo a partir da Restauração Meiji, mas também por causa das
superstições e crendices populares. No Templo Nihon-ji, segundo dizem, a
destruição das estátuas foi maior que em outros templos, pois começara a entrar
em moda a caça às cabeças das estátuas de Rakan, como registra o famoso
romance escrito por Kaizan Nakazato, “Daibossatsu Togue” (“Pico do Grande
Bossatsu”), no capítulo “Awa no Kuni” (“Estado de Awa”), a propósito das estátuas
de Rakan existentes naquele templo: “Sempre existe uma cabeça parecida com a
da pessoa em quem pensamos. Se pegarmos essa cabeça sem que ninguém
saiba e a sufragamos secretamente, os nossos desejos são atendidos”. Por isso,
os Rakan sem cabeça do Templo Nihon-ji ficaram famosos. Em 1915, todas as
estátuas desse templo haviam sido recuperadas, mas dizem que, logo depois,
entrou em moda a caça às cabeças. No mês de junho de 1931, quando a comitiva
do Fundador visitou o local; muitas se encontravam nesse estado de depredação.
A respeito do Templo Nihon-ji, o Fundador disse: “Seu nome é Nihon e
não existe outro com o mesmo nome. Além do mais, Kenkon, outra denominação
do Templo Nihon-ji, significa “Céu e Terra”. Por isso, esse templo possui um
grande significado”.
Em frente ao prédio principal do Templo Nihon-ji há uma figueira-dos-
pagodes (árvore originária da Índia, de flores amarelas e perfumadas). Associando
que Sakyamuni dormiu o sono eterno debaixo de uma dessas árvores e que nesse
templo existem diversos tipos de estátuas budistas, o Fundador interpretou que o
local é uma região sagrada, que representa o “kata” do mundo budista no Japão.
Depois da visita que ele fez ao Templo Nihon-ji, este sofreu um grande
incêndio, no dia 26 de novembro de 1939, o qual atingiu a maioria dos santuários e
destruiu grande número de estátuas budistas. Posteriormente, durante a Segunda
Guerra Mundial, o Monte Nokoguiri tornou-se uma região estratégica e,
infelizmente, os famosos santuários e os locais pitorescos foram devastados. A
restauração do templo só foi iniciada muito depois da guerra, em 1962.

VISITA AO TEMPLO

O Templo Nihon-ji, que na época de sua construção pertencia à Religião


Hosso, mais tarde passou a pertencer à Religião Tendai e, posteriormente, à
Religião Shingon, sendo que, na Era Edo, tornou-se templo da Religião Soto. No
início da Era Showa, época em que o Fundador o visitou, ele era terra santa desta
última na Região Kanto. Seu administrador era o bonzo zen Sogaku Harada, e o
bonzo responsável era Jossetsu Tanaka (19a geração). Por coincidência, este e
Seitaro Shimizu, discípulo do Fundador, eram amigos íntimos, e por isso Shimizu
foi incumbido de fazer os preparativos para a viagem ao Templo Nihon-ji em junho.
A programação de dois dias consistia em hospedagem no templo na noite
do dia 14 de junho; na manhã seguinte, apreciação do nascer do Sol no topo do
Monte Nokoguiri; após o desjejum, no regresso da escalada, a realização de uma
sessão de poesia. Os aspirantes a acompanharem o Fundador eram vinte homens,
entre os quais dois fotógrafos, e oito mulheres, perfazendo um total de vinte e oito
pessoas. Na época, seus seguidores não chegavam a quarenta, de modo que os
participantes da peregrinação perfaziam mais da metade deles. No dia 10 de junho,
encontramos registrados no diário, o seguinte poema:

“Shimizu atendeu as pessoas


Que se reuniram para participar
Da visita ao Templo Nihon-ji, no dia 15.”

No dia 14 de junho, apesar de ser época de chuva, felizmente fez bom


tempo desde a manhã. O Fundador, acompanhado de Yoshi, sua esposa, saiu do
Shofu-So, em Omori, para ir à Estação Ryogoku, local de encontro com as demais
pessoas. Os trintas partiram no trem das dezesseis horas, conforme estava
programado.
No trem, o Fundador fazia as pessoas rirem com suas graças, e os
diálogos afluíam seguidamente, de modo que eles chegaram à Estação Hota sem
terem tido tempo para olhar a paisagem que se descortinava pela janela. Na
estação, dividiram-se, tomando táxis em direção à casa de chá situada no sopé da
montanha. Daí subiram pela escadaria de pedra com a ajuda de uma lanterna de
papel preparada de antemão. Quando chegaram ao Templo Nihon-ji, localizado no
meio do Monte Nokoguiri, já eram mais ou menos dez e meia da noite.

“Com a fraca luz


Da lanterna de papel
Vamos subindo
A escada de pedra
E finalmente chegamos.”

“O imponente portão
Do tão almejado Templo Nihon-ji
Ergue-se após o sopé
Do Monte Nokoguiri.”

Parece possuir relação


Com o Deus da Luz do Sol.
Seu nome é
“Templo da Nascente do Sol.”.

Já era tarde quando, depois de banhar-se numa sala de banho bem


simples, o Fundador jantou com toda a comitiva. Em seguida, tiveram uns
momentos de conversa com o Responsável do templo, indo dormir por volta de
meia-noite.

“Entro na água
E sinto-me ressuscitar,
Na sala de banho
Com melancólica
Cobertura de palha.”
“É bem ampla
A esteira do templo.
O seu aspecto antigo,
Que se nota mesmo à noite,
Causa familiaridade.”
“No templo zen
A noite avança
Cada vez mais
E nosso diálogo
Continua sem fim.”
Os acompanhantes do Fundador alojaram-se no próprio templo; ele e sua
esposa foram encaminhados a um prédio que ficava um pouco acima, onde
descansaram.
Às três horas da manhã do dia 15, como não conseguia dormir
tranqüilamente, o Fundador levantou-se. Logo em seguida, toda a comitiva, de
lanterna na mão, partiu pelo escuro caminho, úmido do orvalho da noite, rumo ao
topo da montanha.

“Adentrando pela escuridão


Do caminho da montanha,
Alcançamos o topo
Com a ajuda da lanterna.”

Levaram cerca de uma hora para subir a escadaria de pedra que o bonzo
responsável pelo templo levara quatro anos para construir. No momento em que
estavam chegando ao topo da montanha, na linha do longínquo horizonte, junto ao
mar, o céu começava a clarear. Felizmente, o tempo estava bom. Da névoa da
manhã, pouco a pouco surgia à grandiosa paisagem: o mar de Bosso, as
montanhas das redondezas e os dez estados da Região Kanto, que podem ser
divisados ao mesmo tempo. Era um cenário de beleza inexprimível.

“Reverenciando a Luz do Sol”.


Que surgirá dentre as nuvens,
Juntos, entoamos a oração respeitosamente”

Em direção ao Sol que se levantava, rompendo o alvorecer, a comitiva,


liderada pelo Fundador, entoou em voz alta a oração “Amatsu-Norito”. Não há
adjetivos que possam qualificar a sensação sublime e misteriosa experimentada
naquele momento, e todos, emocionados, entoaram a oração com profundo
respeito. Naquele instante, o Fundador teve uma misteriosa sensação espiritual e
sussurrou para si mesmo: “Algo misterioso ocorreu”. Ele parecia ocultar alguma
coisa no fundo de seu coração.
Deixando o topo da montanha a comitiva empreendeu a descida. No meio
do percurso, sob a luz bem clara da manhã, viram uma estátua budista muito
estranha. Quando eles subiram, estava escuro, de modo que não puderam vê-la.
Era uma estátua sem cabeça. Ao vê-la, o Fundador associou-lhe a misteriosa
sensação experimentada no topo da montanha. Compreendeu, então, que no
mundo budista estava se processando uma grande mudança.

“Será que metade


Das estátuas de Rakan erigidas
Não têm cabeça porque existem
Muitas pessoas sem coração?”

Os integrantes da comitiva retornaram ao Templo Nihon-ji e, depois de


tomarem o café da manhã todos juntos, inclusive o responsável do templo, tiraram
uma foto de lembrança, em frente ao prédio principal. O Fundador e sua esposa
tiraram outra, em frente ao Prédio Donkai, templo budista construído no lado
direito, num lugar plano, abaixo do prédio principal do templo. Foi doado por um
comerciante de Edo, chamado Heibee Ogutiya, em 1788. À sua volta, construiu-se
um jardim muito pitoresco, com pinheiros raros e pedras de formatos curiosos.
Desse local, podem-se avistar todas as montanhas de Awa.
Embora a comitiva fosse integrada por dois fotógrafos, só existem essas
duas fotos da ida ao Monte Nokoguiri, porque, até o final da Segunda Guerra
Mundial, aquela região foi estratégica, sendo proibido tirar fotos ali. Assim, as duas
fotos só puderam ser tiradas a muito custo, depois de concedida à autorização.
Dando continuidade à programação da visita ao Templo Nihon-ji, foi
realizada uma sessão de poesia no jardim em frente ao Prédio Donkai. Todos se
sentaram na grama, em grupos de três a cinco pessoas, e puseram-se a escrever
poemas, apreciando a maravilhosa paisagem. O Fundador compôs os versos que
transcrevemos a seguir:

“É inesquecível essa viagem


Em que olhei para o mar de Awa
Das matas verdes
Onde paira o perfume da brisa.”

Yoshi, relembrando o caminho que haviam subido naquela madrugada,


compôs:

“Sob os nossos olhos


Brilham as luzes da cidade.
Olhando-as de longe,
Subimos o caminho da montanha.”

Envolvidos por uma bela natureza, os integrantes da comitiva ficaram


compondo poemas durante mais de duas horas. Antes de tomarem o rumo de
casa, foram ao templo para fazerem os cumprimentos. Pegaram o trem na Estação
Hota e desceram na Estação Nago Funagata, a quarta na direção sul. Visitaram o
Kannon de Nago e o de Funagata e novamente pegaram o trem de volta para
Tóquio.
Motokiti Inoue, um dos acompanhantes do Fundador, assim registrou suas
impressões: “Nós não tínhamos condições de penetrar na parte mais profunda
daquele acontecimento Divino, mas foram dois dias paradisíacos, repletos de
extasiante emoção, de alegria inigualável”.
Essa viagem, envolvida numa atmosfera solene e artística, deixou uma
lembrança inesquecível no coração dos participantes, independente da misteriosa
Revelação.

REVELAÇÃO DO ALVORECER DA NOVA ERA

Durante os três dias que se seguiram ao dia 15 de junho, ocorreram


fenômenos misteriosos. O Fundador surpreendeu-se ao constatar que todos esses
fenômenos tinham relação com o acontecimento Divino vivenciado no Templo
Nihon-ji e mostravam o seu destino e a transformação do mundo. Assim, atirou-se
à solução desse mistério com grande interesse.
Terminada a viagem, no entardecer daquele dia, ele separou-se da
comitiva na Estação Ryogoku e, na companhia de algumas pessoas, foi à casa do
membro Tazo Akashi, situada no bairro de Honjo Midori, para realizar um ofício
religioso que haviam combinado há muito tempo. Como o Espírito da Palavra
contido no nome Akashi (Pedra Clara) liga-se a “akashi” (revelação), o Fundador
sentiu a Providência Divina no fato de haver programado ir a casa dessa família
justamente naquele dia. Ao mesmo tempo, sentiu uma grande alegria, pressentindo
que o significado da misteriosa percepção espiritual alcançada no topo do Monte
Nokoguiri, em breve seria esclarecido.
Voltando para sua residência, em Omori, depois da cerimônia na casa de
Akashi, ele recebeu a visita de Mitsuo Massaki, seu discípulo, que fazia difusão no
bairro de Koji. Massaki mostrou-lhe uma telha quebrada, dizendo tê-la achado
numa construção perto de Hanzo-Mon, destruída por ocasião do grande terremoto
ocorrido na Região Kanto. Examinando a telha, o Fundador viu que ela continha o
símbolo real do crisântemo e que só o local correspondente ao símbolo se
conservava intacto; o resto estava danificado. Com a telha quebrada nas mãos, ele
repentinamente se lembrou da expressão “Gyokussai Gazen”. “Gyokussai” significa
“morrer bravamente em defesa da própria honra ou por uma causa em que se
acredita”; “gazen” significa “viver sem nenhum objetivo, deixando-se levar pelo
tempo”. Teve, então, um pressentimento relacionado ao futuro da Família Imperial.
Entretanto, como na época seria desastroso revelá-lo, guardou-o consigo, só vindo
a anunciá-lo depois da guerra.
No dia 16, ocorreu outro fato misterioso. Por volta das dez horas, um
indivíduo chamado Seizaburo Koike foi a Omori. Tratava-se de um tamanqueiro
residente em Oi, bairro vizinho, que de vez em quando visitava o Fundador e
gostava de receber ensinamentos referentes à Fé. Nesse dia, porém, diferente das
outras vezes, Koike falou com um ar muito sério: “Pela manhã, tive um sonho
terrível”.
Era um sonho extremamente simbólico:
Um indivíduo chamado Yamaguti, amigo de Koike, estava cavando um
buraco na rua. Enquanto cavava, disse com uma expressão triste: “Sr. Koike, o
mundo é realmente sem graça. Afinal, nós cavamos o buraco para nós mesmos
entrarmos nele”. E Koike acrescentou que o rosto de Yamaguti se parecia com o
de Sakyamuni. Ao ouvir essas palavras, o Fundador sentiu que elas se
relacionavam à sua própria pessoa, indicando que seria ele o continuador dos
veneráveis e misericordiosos atos de Buda.
O sonho de Koike ainda continuava. Ele disse que alguém jogara uma
pedra no pequeno lago existente na casa do Fundador e que, na superfície da
água, formara-se um círculo que foi se expandindo cada vez mais, até que se
tornou do tamanho do mundo. Um número infinito de pessoas ia sendo engolido
por esse redemoinho e morrendo. Por fim, o redemoinho desapareceu. Quando
cessaram os gritos de agonia e sofrimento, o local ficou deserto, os se vendo
figuras de Kannon em vários pontos.
Terminado o relato de seu sonho, Koike continuava sério, dando a
impressão de que estava pensando em algo. Então, o Fundador lhe explicou:
“Esse sonho foi uma mensagem que Deus me mandou através de sua pessoa; não
tem nenhuma relação com você. Por isso, não se preocupe”. Entretanto, Koike
parecia não estar convencido. Disse que achava ser ele a pedra jogada no lago e
que assim terminaria sua vida. Parecia estar em pânico. O Fundador tranqüilizou-o,
explicando-lhe o significado do sonho. Desvendado o mistério, Koike foi embora
contente.
Pouco depois, entretanto, a esposa dele telefonou, pedindo ao Fundador
que fosse à sua casa, porque o marido estava muito estranho. Ele atendeu
imediatamente. Chegando lá, Koike lhe falou: “Mestre, finalmente eu preciso
ajustar os ponteiros do mundo, caso contrário, será desastroso. Eu nasci para
ajustar os ponteiros do mundo”. Ao ouvir essas palavras, o Fundador ficou sério e
disse: “Se você precisa ajustar os ponteiros para salvar o mundo, ótimo. Mas você
não deve praticar nenhum ato leviano”. Dito isso, como querendo convencê-lo, foi
embora.
No dia 19, bem cedo, a esposa de Koike voltou a telefonar, avisando que,
naquela manhã, o marido se dirigira à praia de Suzuga Mori (praia próxima de
Omori, Tóquio), entrara no mar e morrera afogado.
Associando o sonho de Seizaburo Koike e seu trágico fim, o Fundador
apreendeu o significado oculto dos fatos iniciados com o acontecimento ocorrido no
topo do Monte Nokoguiri, dias atrás: a percepção espiritual que ele tivera
significava a Revelação Divina sobre a transição da Noite para o Dia. O grupo de
estátuas destruídas, o pedaço de telha quebrada, o sonho e a morte de Koike
eram, sem dúvida, a “mostra” da grande transição processada no Mundo Espiritual.
Ele soube, inclusive, que o momento da transição fora exatamente aquele. No
registro feito no diário no dia 16, consta:

“O Sr. Koike contou detalhadamente


Seu sonho simbólico
E, desfeito o enigma,
Foi embora contente.”

E, no dia 19:
“De manhã cedo,
Recebi, por telefone,
O comunicado
De que Seizaburo Koike
Morrera afogado.“

No dia 17, o escultor Hossei Mori, que era amigo íntimo do Fundador, fez-
lhe uma visita e explicou-lhe que queria esculpir a estátua de Amaterassu Omikami
em madeira, mas estava em dúvida se uma pessoa como ele poderia esculpir uma
imagem tão sagrada. Então, o Fundador lhe disse que achava muito bom ele fazer
aquela estátua; que não deixasse de fazê-la. O tamanho ideal acrescentou ele, era
aproximadamente 1,70 metros. Ouvindo isso, Mori foi embora todo contente.
Quando a obra ficou pronta, o Fundador foi à casa do escultor, em
Yanaka, perto de Ueno, atendendo ao pedido que ele lhe fizera.
A estátua fora esculpida com muita arte, e Mori perguntou como deveria
fazer a auréola. “No sentido de expressar o Sol, seria bom uma circunferência bem
grande, em alto relevo”, orientou o Fundador.
Aproximadamente meio ano depois que começara a esculpi-la, Mori
concluiu a magnífica imagem, do tamanho de um ser humano. Como, na época,
ele era fiel da Omoto, envolveu-a com um pano branco e ofereceu-a essa Igreja.
Através dos fatos misteriosos ocorridos no alvorecer do dia 15 e dos
diversos fenômenos estranhos que vinham acontecendo ao seu redor, o Fundador
conscientizou-se ainda mais de que sua missão era divulgar amplamente a
chegada do Mundo do Dia e construir uma nova civilização.
SIGNIFICADO DA REVELAÇÃO

TRANSIÇÃO DA NOITE PARA O DIA

Qual seria o conteúdo daquela importante Revelação Divina que o


Fundador recebera no topo do monte onde está situado o Templo Nihon-ji, na
madrugada do dia 15 de junho de 1931, e que, a seguir, fora confirmada,
concretamente, através de diversos fatos misteriosos?
Mais tarde, o Fundador denominou-a “Revelação Divina da Transição da
Noite para o Dia no Mundo Espiritual”. Naquele dia 15 de junho, ocorrera
solenemente, no Mundo Espiritual, um acontecimento Divino: a transição da Era da
Noite para a Era do Dia. Em outras palavras, ele ficou sabendo que, no Mundo
Espiritual, chegara a Era do Alvorecer. O fato, realmente, é algo muito misterioso,
totalmente inédito, nunca pregado por ninguém até então. Entretanto, tendo
alcançado o estado de Suprema Iluminação Espiritual, o Fundador captou o
profundo significado dessa Revelação. Para compreendê-lo, precisamos conhecer
a “Transição da Noite para o Dia” e a “Lei do Espírito Precede a Matéria”, pregadas
pelo Mestre.
Assim como no período de vinte e quatro horas existe a claridade do dia e
a escuridão da noite, e no período de um ano existe o verão e o inverno, no
período de dez, cem, mil, dez mil anos também se intercalam a claridade e as
trevas. Atualmente, estamos na Era do Alvorecer, saindo da longa Era das Trevas
para entrar na Era da Luz. Isto é, estamos na Era da Transição da Noite para o
Dia.
Essa transição começou primeiramente no Mundo Espiritual, a partir do
dia 15 de junho de 1931, e está se refletindo, pouco a pouco, no Mundo Material.
Estes dois mundos estão numa relação de frente e verso, relação íntima e
inseparável: todos os fenômenos ocorrem primeiro no Mundo Espiritual e depois se
refletem no Mundo Material, pois tudo está regido pela Lei do Espírito Precede a
Matéria. Agora que o Mundo Espiritual - o mundo das causas - tornou-se Dia, o
Mundo Material, que é o seu reflexo, irá realizar a transição inédita do Mundo
Infernal das Trevas para o Mundo Paradisíaco da Luz.
Captando o significado da Revelação que recebera, o Fundador
apreendeu claramente que a “Chegada do Reino dos Céus”, mencionada por
Jesus Cristo, e o “Mundo de Miroku”, anunciado por Sakyamuni, eram previsões
sobre o advento deste Mundo do Dia. Ao mesmo tempo, descobriu que está se
aproximando a época em que irão se concretizar os fatos que os antigos
fundadores de religiões simplesmente se limitaram a prever. “É a ocorrência de
uma grande, assustadora, terrível e alentadora mudança”, disse ele. E expressou
essa emoção nas seguintes composições:

“Kannon vai
Concretizar, em breve,
Os ensinamentos
De Sakyamuni, Confúcio e Yasso.”

“Fala-se na Luz do Oriente,


Mas trata-se do Poder de Salvação
Manifestado por Kannon.”
“Dando o sinal de que surgiu
A tão desejada salvação,
Vou despertar a humanidade.”

“O dia 15 de junho é o aniversário do deus Amaterassu e o sentido


esotérico da palavra “aniversário” é “nascimento do Sol”. Quando fui ao Templo
Nihon-ji, em Boshu, era o dia 15 de junho de 1931, e esse dia corresponde ao
nascimento do Sol no Japão. Isso representa o Alvorecer do Mundo”.

Compôs, ainda, estes versos:

“No maravilhoso
Dia 15 de junho de 1931
Abriram-se às portas do Céu.”

O Fundador também captou que a lenda sobre a abertura das portas do


Céu, constante no “Kojiki” (o mais antigo Livro de História existente no Japão), era uma
grande previsão de que, com o advento de Amaterassu Omikami, o mundo se
tornaria Dia. Ao mesmo tempo, ele compreendeu que a antiga profecia sobre
advento da Luz do Oriente, transmitida desde tempos remotos no Ocidente,
relacionava-se ao nascimento da Era do Dia. Com o avanço da transição para essa
era, a civilização da Noite, que perdurara até então, seria destruída e, em seu
lugar, seria construída a Nova Civilização do Dia. Era preciso transmitir a toda a
humanidade o verdadeiro significado dessa destruição e construção e salvar as
pessoas do estado de confusão e sofrimento em que elas se encontravam. Assim,
o Fundador sentiu em sua pele a importante missão que lhe era confiada. Ardendo
em desejo de construir a Nova Civilização do Dia, esperou o momento oportuno
para fundar uma religião.

O ALVORECER DA NOVA CIVILIZAÇÃO

A Grande Transição da Noite para o Dia começou a ocorrer, propriamente


dita a partir da ocasião em que o Fundador esteve no Templo Nihon-ji, mas ele
disse que o primeiro passo do Alvorecer fora dado há mais de setecentos anos.
Resumindo sua explicação sobre o mistério que envolve a mudança da cultura,
podemos dizer que a verdadeira civilização que encaminhará os seres humanos à
felicidade nascerá no Oriente e deverá chegar ao Ocidente.
Analisando a história do mundo, constatamos que, principalmente a partir
da Era Moderna, a cultura ocidental tem invadido o Oriente. Em conseqüência, o
mundo atingiu um grande progresso material, mas o homem não alcançou a
felicidade. Como prova da grave falha existente na cultura até o momento, o
Fundador levanta o fato de que a humanidade tem se tornado mais infeliz do que
feliz. Eis a causa que aponta para o fenômeno: “Até hoje, havia pontos em que a
Verdade não estava bem esclarecida; assim, pensando tratar-se da Verdade,
muitas vezes o homem pregou Pseudo-Verdades”. E o Fundador explica que a
nova civilização que exterminará o sofrimento da humanidade, trazendo Saúde,
Riqueza e Paz, será transmitida do Leste para o Oeste, tal como acontece na
Natureza, em que o Sol e a Lua despontam no oriente e descrevem órbita em
direção do ocidente.
No caso do Japão, a cultura transmitida desde os tempos antigos até a
Era Medieval veio do Continente Asiático. Dentro do próprio país, as diversas
ramificações do xintoísmo e do budismo - se pensarmos no Japão dividindo-o em
leste e oeste - nasceram no oeste e foram transmitidas para o leste. Refletindo
sobre esses acontecimentos históricos, o Fundador descobriu um profundo
significado no fato de Nitiren ter nascido num estado do leste e aí fundado uma
religião. Ele interpretou isso como indício de uma nova realidade: a verdadeira
civilização é transmitida do Oriente para o Ocidente.
Depois de estudar em diversos locais durante mais de dez anos, a
começar pelo Monte Hiei, Nitiren adquiriu a certeza de que o “Hoke-Kyo” era o
último livro de sutras de Sakyamuni e também o de mais alto valor. Assim,
solidificou a decisão de difundi-lo e voltou para Awa, sua terra natal, situada em
Kominato, no Estado de Tiba. Subiu, então, ao Monte Kiyossumi, localizado nas
proximidades, e, entoando as palavras “Myo-ho-ren-gue-kyo” em direção do Sol,
que estava para nascer no Oceano Pacífico, declarou fundada a Religião Nitiren.
Começou, a partir daí, a sua incansável divulgação do “Hoke-kyo”.
Interpretando espiritualmente esse fato relacionado a Nitiren, o Fundador
explicou que era o prenúncio da aproximação do Mundo do Dia, da chegada do
momento oportuno no ciclo da movimentação celeste; representava, também, uma
claridade bem fraca e pequena, como aquela que se tem antes do momento em
que o Sol está prestes a nascer.
Assim, o primeiro raio da Luz do Oriente foi lançado por Nitiren. Mas ainda
era cedo para se planejar a transformação do Mundo. Através da Revelação
Divina, o Fundador tomou conhecimento de que ele é quem lançaria o raio
seguinte que seria definitivo.

ESTABELECIMENTO DO JOHREI (1ª fase)

Depois de ter recebido a Revelação Divina, o Fundador, solidificando


ainda mais a sua convicção e compenetrando-se profundamente do sentimento de
missão, empenhou-se em salvar as pessoas do sofrimento que as afligia. O núcleo
e também a força motora dessa salvação foi o Johrei, que passou por diversas
modificações até ser estabelecida a sua forma definitiva.
A fonte do poder manifestado pelo Fundador foi-lhe atribuída por Deus na
Revelação de 1926. Desde então, ele teve de percorrer um longo caminho, à
procura de uma forma para manifestar esse poder de salvação. Através de
experiências e da Providência Divina, foi arquitetando e intuindo diversas formas,
avançando cada passo com firmeza. Esse era o caminho que Deus lhe reservara.
No período inicial - por volta de junho de 1930 - de acordo com os
registros feitos por Shinjiro Okaniwa, que servia ao lado do Fundador, o Johrei
começava com a entoação da oração “Amatsu-Norito”; em seguida, depois de uma
reverência com as mãos unidas, pressionava-se a região enferma com os dedos,
passava-se nela a palma da mão e, por fim, soprava-se o local. Um pouco mais
adiante, por volta de 1932, estendia-se a palma da mão em direção da pessoa e
entoava-se em silêncio, três vezes, a oração da contagem dos números sagrados.
Outra forma consistia em escrever-se no ar, com o próprio dedo, a certa distância
da pessoa: “Que esse interior seja purificado”, e outras palavras desse gênero. Às
vezes, utilizava-se, paralelamente, o poder do Espírito da Palavra. Por exemplo: no
caso de uma pessoa com dor de cabeça, falava-se: “Dor de cabeça, deixe esta
criatura”, e dava-se um sopro. Além destes, empregava-se também o seguinte
método: depois de se fazer a prece com as mãos unidas, levantava-se a mão em
direção da pessoa e, ao mesmo tempo, dava-se um sopro, que era a
materialização da ação do Deus da Purificação, o qual exorciza e purifica os crimes
e pecados.
Mais tarde, o Fundador disse: “Tempos atrás, quando eu curava doenças
e me perguntavam com quem eu aprendera aquilo, eu respondia: “Aprendi com a
Grande Natureza”. O meu professor é, em primeiro lugar, a Grande Natureza, e em
segundo, o doente. Aprendi muito na prática da cura de doenças”.
Através da ministração diária do Johrei em grande número de pessoas
portadoras das mais diversas enfermidades, o Fundador, concentrando o seu
pensamento na figura e na ação da Grande Natureza, esforçou-se em empregar as
Leis do Céu e da Terra naquele ato sagrado, onde foi introduzindo uma atitude
muito natural do homem: colocar a mão no lugar dolorido. Baseava-se em que a
mão é o lugar onde o homem consegue concentrar melhor a sua vontade e
também no fato de que, quando sacudimos alguma coisa, manifesta-se um poder
espiritual. É incontestável que isso se liga ao “tamafuri” (sacudir um espírito
destruído, fazendo-o renascer), mencionado nos livros clássicos.
Assim, somando diversas pesquisas, buscando conhecer a
Vontade Divina e fazendo-o passar por inúmeras modificações, o
Fundador estabeleceu, em maio de 1934, a forma do Johrei atribuído por
Deus. Entretanto, na época, o método ainda não tinha esse nome. Até
aquela data, chamava-se “tinkon”; depois, recebeu o nome de “shijutsu”
(técnica de aplicação). Posteriormente ao “Primeiro Caso Tamagawa”
(Antes da Segunda Guerra Mundial, por duas vezes – em 1936 e em 1940 – o Fundador
prestou depoimento na delegacia de Tamagawa, por suspeita de ter infringido as leis da
Medicina. Em 1936, ficou preso durante dois dias, e em 1940, durante três . Esses
acontecimentos são conhecidos, respectivamente, como Primeiro e Segundo Caso
Tamagawa.), quando o Fundador reiniciou suas atividades, em outubro de 1937,
passou a ser chamado de “tiryo” (tratamento). Após a Segunda Guerra Mundial, em
agosto de 1947, o Fundador instituiu a “Nipon Kannon Kyodan” (Entidade Religiosa
Kannon do Japão), e o método recebeu o nome de “okiyome” (purificação). Só
meses mais tarde seria chamado de Johrei.
Na época em que se desenvolvia o estabelecimento do método do Johrei,
ocorreu o seguinte episódio:
Certo dia, quando Yoshihide Takei, diretor da filial situada na cidade de
Omiya, no Estado de Saitama, visitou o Fundador, este lhe disse: “Sr. Takei, hoje
eu vou permitir que o senhor aplique uma vez o tratamento através do Espírito da
Palavra. Experimente”.
Naquele exato momento, Tomozo Hida, amigo de Takei e dono de uma
loja de saquê em Assa-gaya, no Distrito de Suguinami, Tóquio, veio receber Johrei,
em virtude de uma forte dor de barriga. Imediatamente, Takei lhe disse: “Sr. Hida,
deite-se aí. Hoje quem vai lhe fazer o tratamento sou eu”. E, fazendo-o deitar-se,
aplicou o método purificador que recebera. Primeiramente, disse: “Dor de barriga,
deixe o Sr. Hida”, depois, soprou o local enfermo e, timidamente, perguntou: “Como
está?”.
O comerciante ficou bastante surpreso ao constatar que a dor que sentia
ainda há poucos instantes atrás passara sem deixar o menor vestígio. Com um
respeito ainda mais profundo pelo Fundador, que havia conferido tal poder a Takei,
também decidiu dedicar-se exclusivamente à sagrada tarefa de salvar as pessoas
através do Poder de Deus. Abandonando sua profissão de comerciante, tornou-se
discípulo do Fundador e ofereceu uma devotada dedicação à Obra Divina na época
em que o Mestre residia no bairro de Koji.
Naquela época, o Fundador dedicava-se intensamente ao tratamento por
meio do Johrei, hospedando muitos doentes no Shofu-So. Além disso, usava
também seus filhos, nas experiências que fazia. Na ocasião, somando Kunihiro,
nascido em 24 de março de 1932, ele tinha seis filhos: três meninos e três
meninas. A respeito desse tempo, Mihomaro, seu segundo filho homem, nos conta:
“Na época em que residíamos em Omori, havia lá muitos doentes em
estado que requeria internação”. Eram portadores de doenças mentais ou
tuberculose, e nós convivíamos com eles. Meu pai, tomando-os como base de
suas experiências, ministrava-lhes Johrei todos os dias, fazendo várias pesquisas.
Eu também tinha um organismo frágil e sempre recebia Johrei.
Paralelamente, meu pai fez experiências dando-nos de comer apenas legumes e
verduras, a mim e a meus irmãos; dessa forma, ele comprovou como uma pessoa
se torna forte e saudável com esse tipo de alimentação. Parece que, através dos
filhos, fez pesquisas que não poderiam ser feitas com pessoas que não fossem de
sua família. Nessa época, fui acometido várias vezes de parotidite e sofri
intensamente. Lembro-me de que ele fez uma experiência para saber o grau de
diferença no processo da cura: não fazer nada, deixando a doença a cargo da
natureza, ou ministrar Johrei.
Meu pai também dava de comer àquele grande número de doentes,
estudando bastante o cardápio. Por isso, a nós, crianças sadias, não eram
permitidas nenhum luxo, e só podíamos comer peixe de vez em quando. “Todos os
dias chegavam muitos doentes, que às vezes ocupavam até o quarto das crianças,
mas ele ministrava Johrei nessas pessoas com todo amor”.

ESTABELECIMENTO DO JOHREI (2ª fase)

Assim, em contato com grande número de doentes e curando diversos


tipos de enfermidades, o Fundador foi descobrindo, pouco a pouco, a forma de
Johrei que estava de acordo coma Vontade Divina. Ao mesmo tempo, descobriu a
“Lei da Purificação”, profundamente relacionada com o Poder Divino do Johrei.
Deus lhe revelou que a doença, considerada por todos como algo terrível,
na verdade é uma ação de limpeza do interior do corpo humano e, ao invés de ser
prejudicial à saúde, é algo alentador, que torna o homem verdadeiramente
saudável. A isso o Fundador chamou de “ação purificadora”.
O homem, enquanto vive, acumula impurezas. As impurezas externas são
retiradas com uma limpeza, como o banho, por exemplo; quanto às internas, em
princípio, deveriam ser expelidas por uma ação fisiológica. Entre elas, porém,
existem partes que não conseguem ser expelida, permanecendo no corpo. Quando
esses resíduos atingem certo grau, começa uma ação eliminadora, com o trabalho
do poder natural de cura que o próprio organismo possui. Esse processo é
acompanhado de sofrimento. Eis a realidade do que se chama doença. Assim, a
purificação é um processo da Grande Natureza para aumentar a saúde,
representando uma grande bênção Divina. As impurezas do interior do corpo, em
termos patológicos, são chamadas de toxinas, e em termos religiosos, máculas do
espírito.
A ação purificadora não surge apenas na forma de doença, mas também
na forma de infortúnios, calamidades naturais etc.. Tudo isso é uma ação
purificadora, com o término da qual a situação será melhor que antes. A esse
respeito, o Fundador explicou: “É ótimo que nos aconteçam coisas boas. Mas as
coisas ruins ocorrem para a nossa purificação, e, quando esta tiver chegando ao
fim, é óbvio que tudo será melhor. Por isso, tanto umas como outras são boas.
Estar doente também. Essa é a verdadeira paz de espírito”.
O Johrei elimina as máculas espirituais, que são a causa fundamental de
todos os sofrimentos, e acelera a ação purificadora. Como resultado, de acordo
com a Lei do Espírito Precede a Matéria, se houver impurezas acumuladas no
interior do corpo humano, o Johrei as expelirá, amenizando o sofrimento causado
por todos os tipos de problemas e conduzindo o homem à felicidade. Sendo assim,
o Fundador afirma: “O objetivo do Johrei não é curar doenças. O Johrei é um
método criador de felicidade. Isto por que a doença também é uma purificação e
sua origem é a ação eliminadora das máculas do espírito. Mas não é só. O Johrei é
uma ação que acaba com todos os sofrimentos do ser humano”.
Até o início da Era Taisho, o Fundador contraiu diversas doenças;
vitimado por tuberculose e tifo intestinal, esteve à beira da morte. Por isso, temia a
doença, chegando mesmo a desejar ser amigo íntimo de algum médico.
Entretanto, esse pensamento foi se modificando aos poucos, e mais tarde ele veio
a experimentar verdadeiro horror pelas toxinas resultantes do uso de remédios
acumulados. Além disso, desde que entrou para o mundo da Fé, recebeu de Deus
grande poder e inteligência, e seu pensamento em relação à doença sofreu uma
modificação de cento e oitenta graus.

“Sendo a doença
Uma ação para purificar
O corpo e a alma,
Ela é a maior
Bênção de Deus.”

“A ação que purifica


As criaturas possuidoras de muitas máculas
É a tábua
Da verdadeira salvação.”

Assim, nos poemas que compunha, o Fundador empenhava-se


ativamente para a salvação do próximo. Na Era Taisho, como qualquer ser
humano, ele deparava com muitos sofrimentos e, ultrapassando-os um a um,
compenetrara-se na busca do que é a Verdade, na vida humana. Recordando o
seu próprio caminhar, conscientizou-se mais uma vez de que as experiências por
que passara eram imprescindível para poder salvar as pessoas. Ele exprimiu o
poder de salvação do Johrei - a Luz de Deus - com a expressão “Radiação do
Espírito Divino”.
Existem episódios que provam o grande poder espiritual do Fundador,
nessa época. Um deles aconteceu em agosto de 1929. Yamamuro, seu primeiro
discípulo, que se empenhou no trabalho de difusão nas proximidades do bairro de
Koji, localizado no centro de Tóquio, ficou espantado ao ver que o leque que lhe
dera emitia uma Luz Espiritual, e imediatamente lhe relatou o fato, conforme já
dissemos em páginas anteriores.
No dia 04 de janeiro de 1934, aconteceu um fato interessante:
Depois de passar os três primeiros dias do Ano Novo muito atarefado, o
Fundador estava no jardim de sua casa, em Omori, empinando um papagaio que
havia comprado no dia anterior. O grande papagaio com o desenho de Dharma ia
subindo pelo límpido céu de inverno. De repente, olhando para o céu, Shinjiro
Okaniwa, que ocasionalmente havia saído para o jardim teve uma surpresa: o
papagaio com um aspecto imponente emitia raios de luz violeta para todos os
lados, como acontece com os fogos de artifício, num raio de mais ou menos 2
metros. Ele chamou todo mundo para ver, gritando bem alto. As pessoas ali
reunidas disseram que, ao contemplar aquela luz, chegaram a estremecer,
emocionadas com a sua magnificência. Nisso, o Fundador disse a alguém: “Segure
um pouco, que eu vou ao toalete”, e entregou o cordão do papagaio a essa
pessoa. A maravilhosa luz apagou-se instantaneamente. Entretanto, quando ele
retornou e pegou o cordão, novamente ela se expandiu no céu. Okaniwa, que
estava ao seu lado, perguntou admirado, a razão daquele fato misterioso. Muito
tranqüilamente, o Fundador respondeu-lhe: “Não é nada de mais. A Luz que se
irradia do meu corpo, passa da mão para o fio e, chegando ao papagaio, não tem
mais campo para ser transmitida. Começa, então, a irradiar-se. É só isso”.
E todos ficaram ainda mais admirados.
Esse poder espiritual conferido ao Fundador por Kannon tinha profunda
relação com o fenômeno da Transição da Noite para o Dia. Enquanto era Noite no
Mundo Espiritual, o Mundo Material também estava num período de trevas, como
acontece à noite. Entretanto, assim como ao nascer do dia o Sol brilha
intensamente, também o Mundo Espiritual fica todo iluminado. Conseqüentemente,
à medida que a Transição avança nesse mundo, o poder de Deus aumenta cada
vez mais e, obviamente, o fenômeno causará grande influência no futuro da
humanidade. É que, na medida em que o Mundo Espiritual se torna Dia e a Luz
aumenta o bem e o mal são focalizados pela Luz do Dia, sendo revelados
nitidamente; chegou o momento em que as pessoas têm de purificar os pecados
cometidos e lhes é exigido que paguem por eles. A isso, Jesus Cristo referiu-se
com as expressões “Juízo Final” e “Fim do Mundo”, e Sakyamuni, com as
expressões “Destruição de Buda” e “Destruição da Lei”.
Essa verdade foi apreendida pelo Fundador com base na Revelação
Divina e por isso é de uma natureza que supera explicações e compreensão
teórica.
“Sagrado é o Deus
Que com o nome de Kannon
Salva o mundo.”

“Kannon, Messias,
Miroku, Komyo Nyorai.
Os nomes diferem,
Mas Deus é um só.”.

SEGUINDO UNICAMENTE O CAMINHO DA SALVAÇÃO DOS HOMENS

COMO MISSIONÁRIO

Desde o início da Era Showa, a Omoto colocava grande empenho em


campanhas de reformulação de ideais, tal como a Campanha da Fraternidade
Humana. Tinha como diretriz reformular o pensamento de toda a sociedade e
construir um novo mundo, ao invés de minorar o sofrimento em nível individual.
Conseqüentemente, o Fundador, que curava as doenças por meio do Johrei e se
dedicava de corpo e alma à salvação daqueles que sofriam, passou a seguir o seu
próprio caminho.
Certo dia, por volta de 1931, o responsável pelas campanhas ideológicas
da Omoto lhe disse: “Sr. Okada, é muito bom curar doenças. Mas não é bom que
faça apenas isso. Gostaria que o senhor se empenhasse nas campanhas”. Não
recuando nem um passo, ele respondeu: “Sei disso muito bem. Mas eu recebo
pedidos de vários lugares e por ora não tenho tempo para campanhas. Além do
mais, acho que, no momento, o mais importante é salvar as pessoas que estão
sofrendo. Com as campanhas não é possível salvá-las de forma direta”.
O Fundador, que, na época exercia o cargo de divulgador na Omoto, em
verdade não estava negligenciando as campanhas ideológicas. Quando ele fazia
palestras nas filiais, sempre falava sobre essa atividade. Entretanto, ao mesmo
tempo em que a desenvolvia, não era nada pequeno o entusiasmo que colocava
na ajuda às pessoas através do Johrei, mesmo sabendo das críticas e censuras
que receberia.

No seu diário de 1931 ele escreveu:

“A Obra Divina vai ficando


Cada vez mais pesada.
Meu corpo e minha mente
Estão exaustos.”
“Chegam seguidos doentes,
Mesmo antes que eu possa
Abrir os olhos.
Estou ficando muito atarefado.”

Nessa época, o Fundador ia à casa dos membros ou então orientava


aqueles que o procuravam, esquecendo-se até do transcorrer das horas. Além
disso, ministrava Johrei nas pessoas, dedicando-se à obra de salvação do homem
e do mundo como missionário. Era a própria figura do crente que praticava os
Ensinamentos de Kannon, como expressam as palavras “wako dojin”, cujo sentido
é “ocultar as próprias virtudes e forças e lançar-se à salvação das criaturas”. No
seu diário, entre 1929 e 1931, constam os seguintes poemas:

“O Senhor X vai embora


Contente e orgulhoso
Da Obra Divina
Que Ihe expliquei
Durante cinco horas.”

“Meu resfriado
Ainda não passou.
Como sofro indo
Para lá e para cá,
Nas noites de frio!”

“Talvez por falta de dormir,


Hoje, o dia inteiro,
Não tive muita disposição.”

“Por causa do resfriado


Que peguei desde ontem,
Indisposto apliquei o “tinkon”
Em grande número de pessoas,
E estou exausto.”.

“Com a permanência
De cinco a seis fiéis,
Passamos a noite
Em claro, falando
Sobre os benefícios da Fé.”
Em abril de 1932, Tomozo Hida, que ficara curado de uma dor de barriga
e deixara o comércio de saquê para se tornar missionário, estava fazendo
dedicação numa casa em Omori. Informado de que seu sobrinho, residente em
Nanao, no Estado de Noto, havia contraído pneumonia e se encontrava em estado
grave, foi lhe ministrar Johrei. Sentindo, porém, que seu poder não era suficiente
em face da situação do enfermo, voltou para Tóquio e pediu ao Fundador que
fosse até aquela localidade. Este teve o pressentimento de que, embora fosse
ministrar Johrei na criança, ela não se salvaria. Entretanto, sabendo do amor de
Hida pelo sobrinho, atendeu ao seu pedido.
Às vinte horas do dia 8 de abril, ele pegou um trem noturno em
Yokohama, rumo a Noto, tendo chegado à casa da família Assai as quatorze horas
e trinta minutos do dia seguinte. Depois de ministrar Johrei no menino por três
vezes, este apresentou melhoras. Sendo assim, o Fundador partiu nessa mesma
noite, às vinte horas. Passou por Ayabe e no dia 12 retornou a Tóquio.
Na manhã do dia 14, chegou um telegrama dizendo que o estado da
criança se agravara, e novamente ele foi até Noto, viajando no trem noturno.
Tempo depois, disse a Hida: “Na primeira vez que vi o menino, achei que ele não
se salvaria, mas senti tanta pena dos familiares que estavam cuidando dele com
tanto empenho, que não tive coragem de dizer-lhes que não havia mais jeito”.
Pensando que talvez a criança pudesse se salvar, o Fundador mesmo
atarefado como era, conseguiu tempo e foi duas vezes à longínqua cidade de
Nanao. Entretanto, o menino faleceu no dia seguinte ao seu retorno daquele local
pela segunda vez. Os fatos ocorridos nesse ínterim estão registrados no diário do
Fundador:

“Fazendo baldeação em Maibara,


Cheguei a Nanao, no Estado de Noto,
Às duas e meia da tarde.”

“Com três aplicações do “tinkon”“.


A criança ficou bastante aliviada
Eu e seus pais ficamos muito felizes.”.

“A doença do enfermo recuou,


Mas eu me preocupo
Com a sua grande fraqueza.”

Aproximadamente um mês depois, nos meados de maio, não se


importando mais uma vez com as dificuldades de transporte, o Fundador foi
ministrar Johrei numa cidade do interior do Estado de Tiba, onde pernoitou. Yoshi
Kawagoe, uma fiel residente no bairro de Koji, em Tóquio, viera pedir-lhe que
salvasse Koshikawa X, um cunhado seu que sofria de epilepsia e morava na Vila
Azuma, situada na circunscrição de Issumi, naquele Estado. Na tarde do dia 14 de
maio, o Fundador partiu da Estação Ryogoku, tendo chegado às dez e meia da
noite à casa dos Koshikawa, uma família agricultora do interior. Assim que chegou,
ministrou Johrei no enfermo. Pela manhã, logo que acordou, ministrou mais uma
vez, retornando a Tóquio no mesmo dia.

“Por volta das dez e meia da noite


Cheguei à casa dos Koshikawa,
Agricultores residentes no interior”.
“Deixei a casa dos Koshikawa
Por volta do meio-dia
E, desembarcando na Estação Ryogoku,
Fui ao bairro de Koji”.

SALVAÇÃO ATRAVÉS DAS PINTURAS E ESCRITAS

A partir de 1929 ou 1930, atendendo aos pedidos dos fiéis, o Fundador


começou a pegar o pincel para fazer caligrafias e pintar. Na época, centralizou
esse trabalho nas imagens de Kannon, feitas em diversos tamanhos, desde
pequenas pinturas em “shikishi” até grandes quadros. Elas eram outorgadas aos
fiéis como Imagem da Luz Divina, Proteção ou “Ohineri” (pequena folha de papel
de seda onde o fundador pintava ou escrevia e depois dobrava). Além das imagens
de Kannon, tinha como tema de pintura Sakyamuni, Dharma etc.. Às vezes,
também pintava, em cores, paisagens representando a água, a montanha, à neve,
a lua e as flores.
O Fundador fazia esses trabalhos à noite. Nessa época, o número de
pessoas que o procuravam era bem menor que o de tempos depois, e por isso,
além de pintar e escrever, ele lia poemas e realizava outras tarefas. No seu dia-a-
dia, em Omori, eram muitas, portanto as oportunidades que se lhe apresentavam
de contatar com a Arte, apesar das dificuldades financeiras. Obviamente, ele não
se dedicou às atividades artísticas por simples divertimento. Seu verdadeiro desejo
era a salvação através dos quadros de caligrafia e pintura. Também por esse
motivo é que as pinturas que assumiam o papel mais importante eram as imagens
de Kannon, as quais tinham a finalidade de salvar.
Especialmente depois da Revelação recebida em junho de 1931, as
atividades de caligrafia e pintura tornaram-se, juntamente com o Johrei, uma parte
muito importante da Obra Divina realizada pelo Fundador. Ele passou, então, a
desenhar em papéis de tamanhos grande, médio e pequeno, próprios para
desenho “Shikishi” e “tanzaku” (papel estreito e comprido utilizado para escrever
poemas ou fazer desenhos).
No diário dessa época estão registrados os nomes das pessoas que o
procuravam e nas quais ele ministrava Johrei. Além disso, há muitos registros de
oportunidades em que ele pegou o pincel para pintar imagens de Kannon.

No dia 21 de junho de 1931:


”Num raro domingo de folga
Desenhei Kannon
Num papel de aproximadamente
Quarenta centímetros de largura.”
No dia 29 de julho:

“À noite, pintei,
Em oito folhas de “shikishi”,
Imagens de Kannon.”.

No dia 28 de agosto:

“Desde o entardecer
Fiquei a desenhar
Várias figuras de Kannon
Em “hansetsu” (Folha de papel cortada ao meio longitudinalmente) e “shikishi.”.

No dia 13 de outubro:

“Devido ao temporal,
Fiz poucos “tinkon”.
Desenhei grandes quadros
De Kannon.”.

Pelo conteúdo dos registros acima, podemos compreender que, nessa


época, o Fundador não desenhava as imagens de Kannon apenas para outorgá-las
aos fiéis. Em seu íntimo, talvez se preparando para a criação de uma nova religião,
ele já o fazia visando à Imagem da Luz Divina na futura Sede.
Ao invés do sinete “Jikan”, usado mais tarde, o Fundador usava
“Kiguetsu”, que significa “Sol e Lua” e simboliza a ação de Kannon. Ele o usou até
1934, quando se afastou da Omoto. A partir de 1934, passou a usar o sinete
“Jikan”. Além das imagens de Kannon que ele desenhava para serem usadas
como Imagem da Luz Divina, havia as que se destinavam a serem usadas como
proteção.
Relatam-se diversos episódios misteriosos sobre as imagens de Kannon
desenhadas pelo Fundador. Muitas pessoas viram uma luz irradiar-se dessas
imagens sagradas; houve, também, quem visse a imagem sorrir, abrir e fechar os
olhos, sair do quadro e andar alguns metros. Dizem até que aconteceram milagres,
como, por exemplo, ver-se a Luz irradiada pela Imagem de Kannon entronizada no
andar de cima de uma residência alcançar a parte de baixo, e uma nuvem de cinco
belas cores flutuar, transformando o lar em que ela fora entronizada num
verdadeiro paraíso. Na filial de Omiya, no Estado de Saitama, Shizu, filha do dono
de uma loja de roupas, ficara neurótica depois do parto, mas, entronizando em sua
casa, a Imagem de Kannon, restabeleceu-se por completo depois de apenas três
dias. Quando ela fez reverência diante da Imagem, Kannon saiu do quadro e,
aproximando-se da enferma, deu-lhe diversas orientações, graças às quais ela
pôde voltar ao normal.
As imagens de Kannon desenhadas pelo Fundador tinham o rosto mais
branco que as outras partes do corpo. Na época em que ele residia no Shofu-So,
em Omori, sua casa era freqüentada por um moldurador de quadros. Certa vez,
quando este fazia um serviço aí, apareceu um indivíduo que trabalhava no mesmo
ramo e que, admirando a Imagem de Kannon, perguntou: “Esse rosto foi polvilhado
de branco, não foi?” Entretanto, ao esfregar-lhe o dedo, ficou estupefato.
E os milagres não foram apenas esses. Muitos outros poderiam ser
relatados.
No registro feito no diário no dia 12 de agosto de 1931, consta:

“Nesta tarde,
Pude desenhar,
Pela primeira vez,
Onze Kannon
Para protetores de veículos.“

Na ocasião, o setor de automóveis da Companhia de Energia Elétrica da


cidade de Tóquio tinha feito ao Fundador um grande pedido de protetores para
ônibus. Por se tratar de uma época em que estes veículos finalmente se tornavam
populares, ele aceitou de bom grado o pedido, motivado pelo desejo de evitar
acidentes de trânsito.
Imediatamente, ordenou a um profissional que abrisse um pequeno
buraco no centro de umas longas placas de metal onde colocou imagens de
Kannon desenhadas em papel. Foi assim que ele confeccionou os protetores de
veículos.
No dia 30 de setembro, encontramos registrados no seu diário:

“Atendendo ao pedido
De protetores para carro,
Feito pela Companhia de Energia Elétrica da cidade,
Passei a noite inteira
Confeccionando-os respeitosamente.”

No diário do dia 2 de outubro, consta o seguinte:


“Hoje mandei entregar trinta protetores
De veículos para a Companhia de Energia Elétrica.”.
O Fundador mandou entregar os trintas protetores no escritório de
Shinjuku, pedindo que pendurassem cada modelo na parte da frente do volante
dos ônibus e verificassem qual era a incidência de acidentes. Segundo Seitaro
Shimizu, o setor de veículos daquela companhia informou que os acidentes
acabaram por completo, depois que se colocaram os protetores.
Devem ter sido feitos novos pedidos posteriormente, pois no dia 19 de
maio de 1932 consta registrado o seguinte poema:

“Fiquei a confeccionar,
Com quarenta e cinco pessoas,
Até tarde da noite,
Os protetores contra acidentes de trânsito
Para serem colocados nos ônibus municipais.”

Nessa época, como já dissemos antes, atendendo aos pedidos que lhe
faziam, o Fundador confeccionava os “ohineri” e os outorgava aos fiéis.

“Para dar a Magara,


Matsuhissa e Shinozaki,
Desenhei três Kannon
Para confeccionar o “ohineri.”.

Naquele tempo, também se confeccionava “ohineri” na Omoto, mas o


Fundador, separadamente, escrevia-os de seu próprio punho. No início, só
desenhava imagens de Kannon, mas depois passou a escrever “Hikari” (Luz) em
“hiragana” (sinais gráficos que são usados na língua escrita japonesa e que, por si
só, não tem sentido) e, por fim, em “kanji” (ideogramas japoneses). Através do
“ohineri”, muitos fiéis ficavam curados de suas doenças e recebiam grandes
graças, de modo que havia muitos pedidos.
Assim, alguns anos antes da fundação da Igreja Messiânica Mundial, o
Fundador já desenvolvia a salvação através das pinturas e escritas, juntamente
com o Johrei.
CAMINHO DA SALVAÇÃO DO MUNDO

CHEGADA DO MOMENTO OPORTUNO

A Omoto colocava grande empenho nas campanhas ideológicas, ao


passo que o Fundador, como já dissemos, dedicava-se mais à cura de doenças,
pois considerava que o mais importante era salvar de forma concreta aqueles que
estavam sofrendo. A pedido dos fiéis, confeccionava-lhes amuletos e “ohineri”.
Entretanto, no que diz respeito à distribuição de jornais, a filial de Omori, que
estava sob a sua responsabilidade, sempre se colocava à frente das outras,
obtendo surpreendentes resultados. Todos esses fatores fizeram com que alguns
dirigentes e fiéis da Omoto fossem acumulando maus sentimentos em relação a
ele, como mal-entendidos, menosprezo e inveja, e passassem a tratá-lo como
intruso. Isso tomaria vulto, transformando-se num movimento de rejeição à sua
pessoa.
Em meados de março de 1931, chegou ao conhecimento da Omoto que o
Fundador estava distribuindo “ohineri”. Por esse motivo, um dos diretores da Igreja
foi por conta própria à filial de Koji, situada em frente a Hanzo-Mon, e repreendeu-o
publicamente. Além de ofendê-lo perante um grande número de fiéis, queimou no
braseiro os “ohineri” feitos por ele. Um dos seus discípulos assim se refere à
situação: “Naquele momento, vendo o Fundador passar tanta vergonha na frente
dos fiéis, senti muita pena dele. Entretanto, ele agüentou tudo quieto, sem dizer
uma palavra”.
Os problemas iniciados com o caso dos “ohineri” não pararam aí. No ano
seguinte, pareciam aumentar cada vez mais. No dia 11 de fevereiro de 1932, um
jovem fiel da Omoto chamado Yoshikawa visitou o Fundador, em Omori, como
costumava fazer de vez em quando, há aproximadamente meio ano, atraído pela
sua hospitalidade. Ele fora membro do Partido Comunista, mas depois se desligou
e ingressou na Omoto. Tinha uma fisionomia tão severa que provocava medo;
aliás, já nos tempos do Partido Comunista era temido por muitas pessoas. Naquele
dia, ele apresentava uma atitude completamente oposta ao seu habitual
comportamento amigável para com o Fundador. Enfurecido, dizia para si mesmo:
“Okada esta distribuindo aos fiéis os sagrados amuletos e “ohineri” sem pedir
ordem a ninguém. É um homem desprezível que perturba a ordem da Omoto. Por
isso, conforme o caso vou matá-lo”.
Assim que encontrou o Fundador, Yoshikawa puxou uma faca e, fincando-
a no chão, falou:
— Você vai ou não vai parar com isso? Se não parar, vou acabar com sua
vida! Responda!
O Fundador, calmamente, respondeu:
— Não posso parar.
Yoshikawa olhou-o com ódio. Entretanto, nesse momento, pôs a mão no
ventre e começou a se contorcer de dor.
- O que foi? Perguntou o Fundador.
— Estou com uma dor insuportável na barriga, respondeu ele gemendo.
- Vou curá-lo; deite-se, disse o Fundador. E ministrou-lhe Johrei.
Quando a dor passou, Yoshikawa, numa atitude completamente diferente,
propôs que os dois fossem juntos à Sede de Kameoka, pedir a opinião de
Onissaburo Deguti. Uma semana depois, no dia 17, ambos foram até aquela sede,
levando Seitaro Shimizu e Mitsuo Massaki.
Quando Yoshikawa expôs o caso dos amuletos e “ohineri”, Deguti falou:
“Isso não pode ser feito por um fiel. Eu mesmo não posso fazê-lo; quem está
encarregado dessa tarefa é o terceiro líder da Omoto. Entretanto, agindo com mais
discrição, não há problema. Caso você o faça muito abertamente, quem terá
problemas serei eu; todos irão me censurar. Se as pessoas pedirem, pode dar,
mas aja de forma discreta”.
Diante dessa resposta tão inesperada, Yoshikawa ficou sem fala. A
reação de Onissaburo Deguti era mais uma prova de que, no íntimo, ele
reconhecia o elevado nível espiritual do Fundador, a quem considerava uma
pessoa especial dentro da Omoto.
Obviamente, a atitude de Yoshikawa não era uma atitude pessoal;
representava a oposição existente na Omoto em relação ao Fundador. O caso foi
resolvido com a interferência de Deguti, mas os ressentimentos e as hostilidades
continuaram. Era natural, entretanto - devemos reconhecê-lo - que a Omoto,
desenvolvendo suas atividades como entidade religiosa organizada, tomasse uma
posição rigorosa em relação a ele que estava seguindo um caminho próprio, além
dos limites permitidos.
A causa direta que levou o Fundador a se desligar dessa Igreja foi a
questão ocorrida em julho de 1934, em torno da distribuição do Jornal Aizen, órgão
informativo da entidade. Insatisfeitos com o transcorrer dos acontecimentos, Issai
Nakajima, Shinjiro Okaniwa, Seitaro Shimizu e Shiguenori Matsuhissa chegaram a
uma decisiva discordância de opinião com um dos diretores da Omoto na Região
Kanto. Esses discípulos do Fundador, que estavam sendo sempre advertidos no
sentido de que se acautelassem, pediram perdão ao Mestre por terem causado
esse problema. O Fundador considerou o fato como um descuido da parte deles,
mas, ao mesmo tempo, captou fortemente a atuação de Deus por trás dos
acontecimentos. Assim, assumindo a responsabilidade pela atitude de seus
discípulos, decidiu afastar-se da Omoto. Entregou o pedido de afastamento no dia
15 de setembro. A partir daí, iniciou uma nova caminhada.

PRESSÃO SOBRE AS NOVAS RELIGIÕES

No período inicial da Era Showa, quando o Fundador percorria o seu


próprio caminho pesquisando sobre o Mundo Espiritual e o estabelecimento do
Johrei, o controle sobre as novas religiões aumentou ainda mais.
Em 1882, o xintoísmo do Japão passara a abranger dois aspectos:
santuários xintoístas e religiões xintoístas. Foram reconhecidas treze religiões,
entre as quais a Tenri-Kyo e a Konko-Kyo. Até 1900 os dois aspectos estiveram
sob a administração da Secretaria de Santuários do Ministério dos Negócios
Internos; mais tarde, quando esta foi dividida em Secretaria de Santuários e
Secretaria de Religiões, passaram a serem regulamentados separadamente. As
entidades religiosas de linhagem xintoístas criadas depois disso, só eram
reconhecidas legalmente se pertencessem a alguma das treze religiões oficiais,
mas passavam a ficar sob rigoroso controle da polícia. De qualquer forma, naquela
época as atividades religiosas não podiam ser desenvolvidas livremente.
Essa tendência foi aumentando cada vez mais com a criação da Polícia Especial
(possuía grande poder na administração direta do Ministério dos Negócios Internos e fazia
total pressão sobre os crimes ideológicos e os movimentos sociais. Em 1945 foi dissolvida
pelas tropas de ocupação militar), em 1923, e com a decretação da Lei de Segurança,
em 1925. Como resultado, qualquer movimento organizado que tivesse “o objetivo
de revolucionar o país ou não reconhecer o sistema de propriedade particular”
recebia severa punição. Com a instalação das delegacias de Polícia Especial, em
1928, foi instituído o sistema de total controle sobre as questões ideológicas e
especialmente sobre as novas religiões.
Entretanto, apesar de todos esses movimentos de segurança por parte
das autoridades, havia, entre o povo, uma forte expectativa em relação às novas
religiões, pois, como já dissemos as más condições financeiras do início da Era
Showa e a grande crise que veio logo a seguir, tornavam difícil a vida da massa
popular. Em meio à intranqüilidade social decorrente do desemprego, das falências
e das controvérsias, o povo procurava um novo apoio para as suas esperanças.
Convém dizer que, por trás do nascimento ou do crescimento de novas religiões no
início da Era Showa, havia uma forte ansiedade popular em relação a elas.
Nos 10 anos da Era Showa (1935 -1945), a tempestade das pressões
ainda não apresentava nenhum indício de acabar. Pelo contrário, tornava-se ainda
mais intensa. Em 1935, a Omoto que já fora pressionada anteriormente, sofreu a
segunda pressão. Em 1936, prenderam Tokuharu Miki, fundador da Hito no Miti
(atual PL), e em 1937, os diretores dessa Igreja, que foi dissolvida por ordem do
Ministério dos Negócios Internos.
Entre todas, a Omoto foi a mais pressionada. No dia 8 de dezembro de
1935, trezentos policiais fardados invadiram suas instalações em Ayabe e
Kameoka e, além de recolherem os documentos que serviam de prova, detiveram
Onissaburo Deguti e todos os diretores. Sob a diretriz do Ministério dos Negócios
Internos - “exterminar da face da Terra a Omoto, essa religião infernal” - as
instalações da Sede foram destruídas com dinamite, e a entidade foi dissolvida.
Temendo sua restauração as autoridades levaram os alicerces das instalações
destruídas até o Mar do Japão e os jogaram nas águas. Os presos sofreram
atrozes interrogatórios e ficaram detidos por longo tempo. Onissaburo Deguti e sua
esposa Sumi a Segunda Líder da Omoto, permaneceram detidos durante seis anos
e oito meses, até obterem a liberdade por meio de fiança. Milhares de fiéis também
se tornaram alvo de investigações. Foi realmente uma grande pressão, inédita em
toda a história moderna das religiões.
Mesmo estando-se numa época tão difícil, o desejo de salvar o mundo,
que nascera no íntimo do Fundador a partir da Revelação de 1926, continuava
inabalável. A cada dia aumentava o número de pessoas que o procuravam em
busca da salvação, e os acontecimentos à sua volta anunciavam a Vontade de
Deus: “Está chegando o momento de você se levantar”. Embora soubesse
perfeitamente que aquela era uma ocasião extremamente inoportuna para se criar
uma nova religião, ao pensar nas pessoas que agonizavam em sofrimento surgia-
lhe o desejo irrefreável de salvar a humanidade, custasse o que custasse. Era um
desejo semelhante a uma oração que afluía do fundo de sua alma de forma
totalmente irreprimível, por mais preocupado que ele estivesse com o seu próprio
físico e as dificuldades da sua vida.

ABERTURA DA CASA OJIN-DO

No dia 1o de maio de 1934, o Fundador deixou a esposa e os seis filhos


no Shofu-So, sua residência em Omori, e alugou uma casa no bairro de Hiraga,
quadra 1, no 2-4, no Distrito de Koji, à qual deu o nome de Ojin-do, ali iniciando as
atividades de salvação.
O Ojin-do era uma casa assobradada em estilo japonês, com uma área de
66 m2 e cinco cômodos. Na entrada, o Fundador colocou uma placa com os
seguintes dizeres: “Ojin-do - Tratamento Espiritual de Digitopuntura no Estilo
Okada - Sede”, utilizando o andar de cima como local para as atividades da Obra
Divina. A casa ficava perto do Ministério do Exército, num lugar de fácil acesso,
entre Yotsuya e o Palácio Imperial. Nas proximidades, estava o Parque
Shimizudani; era, portanto, um local tranqüilo, apesar de situado no centro da
cidade. Koji é, de fato, o ponto central do Japão, próximo ao Palácio Imperial e
abrangendo o Congresso Nacional. Há muito tempo que o Fundador pensava
estabelecer-se ali.
No Ojin-do, ele iniciou o tratamento religioso denominado “Tratamento
Espiritual de Digitopuntura no Estilo Okada” (pressão com os dedos). Através das
pesquisas sobre o Espírito Divino e a realidade dos mundos Divinos, Espiritual e
Material, e também das descobertas que fez sobre a doença e a saúde, o
Fundador adquiriu a certeza de que a cura por meio do Espírito Divino é o método
vital para a concretização de um mundo sem doenças.
A respeito da salvação através do Johrei, ele nos ensinou:
“Ante a iminência do Fim do Mundo, recebi a grande missão de ser o
dirigente supremo da obra de salvação de toda a humanidade e construir o Paraíso
Terrestre, isento de doença, pobreza e conflito, de acordo com o Plano de Deus.
Por isso, Ele me atribuiu absoluto poder de salvação, poder que consiste no
conhecimento e na força para solucionar o problema da doença, que é o ponto vital
para a eliminação da pobreza e do conflito. O conhecimento diz respeito à Ciência
dos erros da Medicina e das teorias sobre a doença; a força refere-se ao poder de
cura por meio do Johrei.“
Na inauguração do Ojin-do, o Fundador fez uma ampla distribuição de
folhetos de propaganda. Neles, explicava o caminho que percorrera
incansavelmente, desde a Revelação Divina, com o grande desejo de salvar o
mundo, e falava também sobre o maravilhoso poder do Johrei.

PROPOSIÇÃO:

“O Tratamento Espiritual de Digitopuntura no Estilo Okada, iniciado por


mim, é uma decorrência da sensibilidade espiritual que repentinamente me foi
atribuída há oito anos por Kannon, o qual me deu um grande poder para curar todo
e qualquer tipo de doença. Objetivando cumprir a tarefa de corrigir os erros do
mundo e salvá-lo, durante estes anos vim aplicando esse poder nos mais variados
tipos de doentes, em número superior a mil. Os resultados alcançados foram
verdadeiramente surpreendentes: as enfermidades mais sérias, os casos mais
graves, como milagres de Deus, foram completamente curados. (...).
Instalei um centro terapêutico em Koji, no centro da cidade imperial, e
almejo alcançar o meu objetivo de salvar o mundo.
Das entrelinhas desse texto aflui o sentimento do Fundador, mostrando
que, terminada a sua pesquisa de oito anos, iniciada em 1926, e convicto de que
chegara o momento oportuno, tão esperado, ele se erguia com o intenso desejo de
salvar o homem e o mundo.
Na época em que iniciou a ministração do Johrei, o Fundador já recebia
doentes todos os dias, mas, graças aos milagres ocorridos, umas pessoas foram
chamando outras. Graças, também, aos folhetos de propaganda, o número
daqueles que o procuravam foi aumentando gradativamente, e o local começou a
ficar pequeno. Então, três ou quatro meses mais tarde, mudou as instalações do
Ojin-do para a filial de Koji, que ficava perto.
Entretanto, os folhetos de propaganda logo deram motivo a problemas
com as autoridades, e o Fundador foi chamado à Polícia. No dia 28 de agosto de
1934, encontramos este poema registrado no seu diário:
“De manhã cedo, fui à delegacia
E me fizeram entregar
O relatório sobre os folhetos.”
Provavelmente fora um chamado decorrente de denúncia anônima.
Presume-se que ele compareceu à delegacia de Koji, foi inquirido, e o caso ficou
encerrado com a entrega do relatório.
Desde que se mudou para o Ojin-do, o Fundador passou a ser servido por
Teruyo e Hiromi, respectivamente mãe e irmã de seu discípulo Issai Nakajima; seu
secretário era Motokiti Inoue. Vez por outra, ele chamava para lá a esposa e os
filhos ou então ia para Omori, mas levava uma vida diária muito atarefada,
dedicada ao Johrei.

PREPARAÇÃO PARA A FUNDAÇÃO DA IGREJA

A IMAGEM DO KANNON DE MIL BRAÇOS

No dia 15 de novembro de 1934, o Fundador recebeu Orientação Divina


para que desenhasse a imagem do Kannon de Mil Braços. Imediatamente fez o
plano e iniciou os esboços. Pensando que, um dia, ela deveria ser usada como
Imagem da Luz Divina da nova Igreja, resolveu fazer um quadro bem grande, de
1,50 metros de largura por 1,80 metros de comprimento. O Ojin-do, onde residia na
época, era muito pequeno e não tinha um cômodo onde fosse possível pintar um
quadro com tais dimensões. Entretanto, Maki Kanetaka, fiel que fora salva por ele,
veio lhe dizer: “No segundo andar de minha casa, ficou pronto um cômodo de
aproximadamente 10 m2 que eu estava construindo para instalar a imagem de
Kannon. Use-o sem cerimônia”.
O Fundador ficou muito contente e a partir do dia 2 de outubro iniciou a
confecção do Kannon de Mil Braços sentado sobre uma flor de lótus, em cima das
nuvens.
“A partir de hoje
Ficou decidido desenhar
O quadro de Kannon
Na sala do segundo andar
Da casa de Kanetaka.”
A casa ficava em Akassaka Tamati, bem atrás do Santuário Hie, e era
perto do Ojin-do.
Três anos antes, por volta de 1931, Kanetaka era proprietária de um
instituto de beleza chamado “Ruri”, onde empregava aproximadamente dez
pessoas. Nessa época, ela era muito doente e, embora ainda estivesse na casa
dos trinta anos, sua pele era áspera e escura, e seu rosto, bastante maltratado.
Entretanto, depois que passou a receber Johrei com o Fundador, rejuvenesceu e
tornou-se saudável, a ponto de parecer outra pessoa. Certa noite, Kanetaka tivera
um sonho. Sonhou que fora para o Mundo Espiritual e que, quando estava para
atravessar o Rio dos Três Caminhos, sentiu-se dominada por algo, ficando sem
ação. Mas foi salva por Kannon, que surgiu brilhando ofuscantemente. Mais tarde,
depois de ter sido salva pelo Fundador, ela tomou consciência de que o Kannon
daquele sonho era ele, e, muito contente, passou a dedicar com todo fervor.
No dia 11 de outubro de 1934, por volta das duas horas da tarde, um
fotógrafo chamado Mitsuo Azuma foi ao Ojin-do pela primeira vez. Ao ler o seu
cartão de visitas, o Fundador achou que o nome dele era muito interessante,
possuindo relação com a Obra Divina, pois “azuma” significa “leste”, e “Mitsuo”,
“homem de luz”. Em vista disso, atendeu-o imediatamente.
Azuma começou a lhe falar com todos os detalhes sobre os fatos que o
levaram a visitá-lo nesse dia.
No início da Era Taisho, numa viagem à China, ele tornara-se fiel da
Religião Do. Certa vez, entrando em transe, recebeu uma mensagem de uma
divindade: “Daqui a vinte anos, surgirá, no Japão, uma pessoa com os poderes de
Kannon”.
Retornando à sua pátria, Azuma ficou esperando pela época determinada.
Na primavera daquele ano de 1934, teve á percepção espiritual de que, a leste de
onde ele morava, havia alguém com tais poderes. Então, procurando por essa
pessoa nas redondezas de Akassaka e Koji, que ficam a leste de sua casa, situada
em Shibuya, um conhecido seu lhe disse, por acaso: “No bairro de Hiraga existe
uma pessoa que cura doenças com o poder de Kannon. Vá procurá-la”.
O Fundador teve a certeza de que a pessoa por quem Azuma procurava
era ele. Durante alguns momentos, ainda conversaram sobre Religião, e, quando a
conversa estava para terminar, Azuma pediu-lhe que o deixasse tirar uma
fotografia sua, no “toko-no-ma” (nas casas japonesas é a parte mais elevada de um
cômodo, a qual tem a altura de um degrau), o que ele aceitou de bom grado. Tirada a
foto, Azuma despediu-se.
No dia seguinte trazendo a fotografia, ele disse: “Veja que interessante
saiu”.
Era uma foto misteriosa, onde aparecia algo semelhante a uma fumaça
esbranquiçada, saindo mais ou menos da altura do lado esquerdo do abdômen do
Fundador para cima de sua cabeça, e nela se via o Kannon de Mil Braços.
No dia anterior, quando se sentara em frente ao “toko-no-ma”, ele
pressentira algo, mas não pôde deixar de ficar surpreso. Até então, já havia visto
muitas fotos em que se registram fenômenos espirituais tiradas no Japão, na
Europa e nos Estados Unidos, mas, na maioria, apareciam espíritos de pessoas
mortas. Mesmo aquelas que mostravam a figura de Jesus Cristo, eram evidentes
truques de fotografia. Entretanto, não havia como duvidar da autenticidade da foto
que tinha diante dos seus olhos.
O Fundador sentiu uma infinita esperança invadir-lhe o coração, ao pensar
nos milagres que esse poder de mostrar numa fotografia uma figura existente em
lugar distante e não muito preciso, manifestaria dali para frente.
O mistério da foto em que aparecia Kannon ocorreu exatamente na época
em que ele estava indo à casa de Kanetaka, diariamente, para pintar o quadro a
que nos referimos, arrumando tempo nos seus dias atarefados com a ministração
do Johrei e os ofícios religiosos. No dia 19 de outubro, uma semana depois que
recebeu a foto, encontramos este poema registrado no diário:

“O trabalho no Ojin-do
Terminou logo,
E pude ir à casa de Kanetaka
Pintar o quadro de Kannon.”

Entretanto, no dia seguinte, aconteceu um fato terrível: Kimiyoshi, esposo


de Maki Kanetaka, voltou bêbado e destruiu o quadro que já estava mais de um
terço pronto.
“Quando já estava
Quase no meio do desenho
Do Kannon de Mil Braços,
Avisaram-me
De que o marido de Kanetaka
O rasgara.”

Correndo à casa de Kanetaka logo que foi avisado do sucedido, o


Fundador ficou absorto por alguns instantes, olhando para a figura que estava
desenhando com tanto cuidado. Naquele momento, sem querer, pensou na foto em
que aparecia Kannon. Deveria haver alguma razão, algum significado especial para
que o quadro, que estava tão adiantado, fosse rasgado. Ainda mais tratando-se do
quadro que ele acreditava estar pintando para ser usado como Imagem da Luz
Divina da nova Igreja que seria fundada.
Para esse trabalho, o Fundador tomara como referência um livro de
figuras de Kannon copiadas, nos tempos antigos, por bonzos e outras pessoas,
para criações e pesquisas posteriores. Será que, insatisfeito com tais figuras, não
estaria Kannon ordenando que ele pintasse outro quadro, tendo como modelo a
figura que aparecera na foto? Pensando seriamente nisso, o Fundador
compreendeu que a destruição do quadro que estava pintando não era uma
desgraça; pelo contrário, era motivo de gratidão.
Assim, ficou decidido que a auréola, limitada à volta da cabeça na pintura
que fora rasgada, seria ampliada, circundando o corpo inteiro; ao invés de estar em
cima das nuvens, a figura ficaria sentada em cima de uma rocha e teria um rosto
jovem, sem bigode.
No dia 5 de novembro, depois de refazer o esboço e arrumar novos
pincéis e lava-pincéis, o Fundador iniciou a pintura da nova imagem. No registro
que fez no diário, nesse dia, ele escreveu:

“Hoje comecei a pintar,


No segundo andar
Da casa de Kanetaka,
A segunda imagem
Do Kannon de Mil Braços.”

No dia 17 de novembro, finalmente ficou pronto o grande quadro.

“Hoje, bem tarde da noite,


Terminei finalmente
O Kannon de Mil Braços.
Estou satisfeito.”

A nova imagem de Kannon, sentada em cima de uma rocha, tinha mais


movimento e simbolizava ainda mais nitidamente o Plano Divino: a grande obra de
salvação do mundo não seria realizada no Céu, e sim, na Terra.
Existem, ainda, mais duas fotos do Fundador, tiradas por Mitsuo Azuma,
nas quais se registram fenômenos espirituais. Ambas foram batidas no dia 21 de
outubro de 1934, dez dias depois da primeira. Numa delas aparece uma auréola
bem nítida rodeando o Fundador, que está sentado, com as palmas das mãos
unidas. A forte luz da auréola irradia-se por toda a sala, e, exceto a almofada e o
vaso, tudo está indistinto como uma névoa. Na outra foto, ele aparece debruçado
sobre a mesa, cochilando. Em cima de sua cabeça vê-se um dragão enrolado, cuja
cabeça está erguida e de cujo corpo se irradiam vários raios de luz. O Fundador
teve a intuição de que se tratava do deus Dragão de Ouro.
Mitsuo Azuma era possuidor de uma aguçada sensibilidade espiritual e,
de vez em quando, mesmo em estado normal, entrava em transe. De olhos
fechados, ficava fazendo perguntas a que ele próprio respondia indício de que
estava recebendo uma intuição espiritual. A respeito da foto em que aparece o
Dragão, Azuma disse: “O senhor é protegido pelo deus Dragão, não é? Sempre
que vou me encontrar com o senhor, garoa. Isso é prova de que ele o protege.
Esta noite há pouco, choveu, e eu tirei a foto certa de que ele apareceria nela”.
A respeito da foto do Kannon de Mil Braços, foi publicada, no jornal
“Komyo Sekai” (número 1, de 4 de fevereiro de 1935), editado após a fundação da
Igreja, a seguinte explicação:
“Esta foto em que o Mestre Jinsai (um dos pseudônimos do fundador)
aparece sentado, foi tirada às três e meia da tarde do dia 11 de outubro de 1934,
no “toko-no-ma”, a uma distância de aproximadamente 2,7 metros, no andar
superior do Ojin-do situada no bairro de Hiraga, quadra 1, n°2, Distrito de Koji, pelo
Sr. Mitsuo Azuma, pesquisador de fotos em que se registram fenômenos
espirituais. Foi tirada sem nenhuma pretensão, constituindo mera casualidade.
Entretanto, na época, o Mestre Jinsai havia começado a pintar um grande quadro
do Kannon de Mil Braços. Dessa forma, provavelmente a ocorrência seja inédita
em todo o mundo, e devemos dizer que ela constitui um grande enigma para a
sociedade”.

A ORAÇÃO “ZENGUEN-SANJI”

No dia 4 de dezembro de 1934, em plena preparação para a fundação da


Igreja, Shinjiro Okaniwa recebeu do Fundador o seguinte telefonema: “Venha ao
Ojin-do trazendo o sutra “Kannon” (Prega que Kannon salva todas as dificuldades,
satisfaz todos os desejos e converte todos os homens.).
Imediatamente, Okaniwa levou ao Mestre o sutra pedido, ou seja, o
vigésimo quinto dos vinte e oito sutras “Hoke-Kyo”. Assim que o recebeu, o
Fundador disse: “Vou compor uma oração”.
Começou, então, a ditar, tendo aquele sutra como referência. Motokiti
Inoue foi quem tomou nota das palavras ditadas por ele, as quais constitui a oração
“Zenguen-Sanji”, uma oração especial que louva a inteligência e a virtude de
Kannon e descreve o aspecto do Mundo de Miroku, que surgiria com o seu poder.
No fundo, ela expressa a profunda Providência de Deus referente à Transição da
Noite para o Dia no Mundo Espiritual, ou seja, a transição do Mundo de Buda para
o Mundo de Deus.
No sutra “Muryogui”, pregado pouco antes do “Hoke-Kyo”, Sakyamuni
disse que passados quarenta anos ainda não conseguiram enxergar a Verdade. O
“Hoke-kyo”, que é como um balanço geral da vida de Sakyamuni pode ser
considerado como livro em que a Verdade foi pregada pela primeira vez. Assim, é
tido como um dos mais importantes livros de sutras do budismo. Foi escrito em
sânscrito, língua falada na antiga Índia, há mais de dois mil anos, e destinava-se ao
povo daquele país; por isso, algumas partes não se adaptam perfeitamente aos
homens contemporâneos.
Captando o significado espiritual do sutra “Kannon”, o Fundador elaborou
a “Zenguen-Sanji” em forma de oração xintoísta. Ele nos explicou o seu objetivo:
“Os ofícios religiosos do Japão, nos tempos antigos, seguiam aquele estilo. O
budismo foi introduzido no país há mil e trezentos anos, mas até então tudo seguia
o estilo xintoísta. A “Zenguen-Sanji” constitui o ponto positivo do budismo adaptado
ao estilo xintoísta”.
Essa oração contém palavras existentes no sutra “Kannon, e seus
maravilhosos sons, límpidos, claros e ritmados, purificam o espírito das pessoas,
despertando nelas o desejo de se deleitarem no Paraíso”. Está realmente de
acordo com o seu nome: “Zenguen” (palavras boas) e “Sanji” (oração de louvor).
A propósito, em dezembro do ano anterior à fundação da Igreja, o
Fundador estudou a doutrina xintoísta e seus ritos com Yoshiro Uzuki, que ocupava
a posição de Responsável de Kazussa na Sede Geral Xintoísta. Recebeu, então,
no início de 1935, a qualificação de sacerdote xintoísta. Podemos considerar que
essa preparação que o Fundador fez recebendo uma qualificação religiosa oficial
antes da fundação da Igreja foi um dos cautelosos cuidados tomados por ele para
desenvolver a Obra Divina numa época em que as autoridades eram rigorosas com
as novas religiões.

ELABORAÇÃO DO ESTATUTO

Com a aproximação do final de 1934, aumentava gradativamente a


atmosfera para a instituição da “Dai Nipon Kannon Kai”. No dia 25 de novembro foi
realizado o Culto do Outono, no Shofu-So, em Omori, e nessa ocasião o Fundador
expôs o seu propósito: “No dia 1º de janeiro de I 935 vou fundar uma Igreja sob o
nome de “Dai Nipon Kannon Kai”“.
No dia 28 de dezembro, ele fez uma reunião com seis diretores, no Ojin-
do definindo o estatuto da “Kannon Kai” e outros detalhes. Nesse dia, escreveu em
seu diário o seguinte poema:

“Está quase pronto


O estatuto da “Kannon Kai”.
É simples, mas bem elaborado.”.

O estatuto é constituído de onze artigos. Eis os principais itens:


I - A presente organização tem o objetivo de participar e trabalhar para a
grande obra de construção do Mundo de Luz, desejo de Kannon.
II - A presente tem sua sede provisória no bairro de Koji, quadra 1, nº 1,
Distrito de Koji, na cidade de Tóquio.
III - A presente terá um presidente, dois vice-presidentes, alguns
conselheiros, um diretor executivo, alguns diretores, e um secretário acumulando o
cargo de tesoureiro.
Do sétimo ao décimo primeiro artigo consta, entre outras referências:
“Só poderão ser membros aqueles que tiverem entronizado em seus lares
a imagem de Kannon e pago a taxa de ingresso, que é de 50 “sen”. A mensalidade
mínima é de 10 “sen” por pessoa, devendo ser entregue na Sede. Os membros
deverão participar de todos os cultos mensais e dos cultos da Primavera e do
Outono. No caso de fiéis do interior, a participação nos cultos mensais fica a
critério de cada um”.
Em dezembro, foram inauguradas, sucessivamente, quatro filiais na
capital, com a presença do Fundador. No dia 7, inaugurou-se a Filial Assa-gaya,
localizada em Assa-gaya, no 1-728, Distrito de Suguinami, Tóquio, a qual ficou sob
a responsabilidade de Issai Nakajima. Em seu diário, o Fundador registrou:

“À tarde, fui,
Com quatro ou cinco acompanhantes,
À inauguração
Da filial da “Kannon Kai”
A cargo de Nakajima.”.
Inauguração das outras três filiais e nome de seus responsáveis:

15 de dezembro: Filial Midori.


Bairro de Midori, no 4-32, Distrito de Honjo,
Tóquio.
Responsável: Yoshihiko Kihara.
20 de dezembro: Filial Nishi-ga-hara.
Nishi-ga-hara, no 489, Distrito de Takino, Tóquio.
Responsável: Shiguenori Matsuhissa.
26 de dezembro: Filial Setagaya.
Bairro de Mishuku, no 54, Distrito de Setagaya,
Tóquio.
Responsável: Otomatsu Araya.

No dia 22 de dezembro foi entronizada a imagem de Kannon na redação


do jornal da Igreja, instalada em Koji, quadra 4. Até então, o local servia de
alojamento para os responsáveis pela distribuição do jornal; a partir daí, tornou-se
a Editora Toko e nelas passaram a se realizar os trabalhos de redação e
publicação da Igreja.

INSTITUIÇÃO PROVISÓRIA

No dia 23 de dezembro de 1934 o príncipe Akihito Tsugunomiya


comemorava o seu primeiro aniversário. Nesse dia, o Fundador completava
cinqüenta anos. Foi também a data em que se efetuou a instituição provisória da
“Dai Nipon Kannon Kai”, no Ojin-do.
Na tarde desse dia, entronizou-se a grande imagem do Kannon de Mil
Braços desenhada pelo Fundador e magnificamente emoldurada no “toko-no-ma”
de 2,7 metros do andar superior do Ojin-do. Olhando a sua figura divina e piedosa,
todos os dirigentes da entidade ali presentes, totalizando mais de trinta pessoas,
sentiram uma emoção que os deixou sérios, numa atitude de profundo respeito.
Exatamente às dezoito horas teve início a cerimônia de instituição
provisória, e, após as oferendas, foi entoada a oração “Amatsu-Norito” (Essa oração,
que é entoada nos cultos, expressa o sentimento do Fundador) sob a liderança do
Fundador. Depois do Ofertório de Gratidão, entoou-se pela primeira vez a oração
“Zenguen-Sanji”, elaborada por ele, terminando a cerimônia religiosa propriamente
dita com o salmo “Tohoko” (“Luz do Oriente”).

“Luz do Oriente”

Deus, o Altíssimo,
Que há muito tempo não se manifestava,
Surgiu, transformando-se
Na Luz do Oriente.

Fala-se na Luz do Oriente


Mas trata-se do Poder de Salvação
Manifestado por Kannon.
Valeu a pena
Esperar três mil anos.
A Luz do Oriente
Está para despontar.

A Luz do Oriente surge


Brilhando esplendorosamente
No céu onde pairam
Nuvens celestiais.

A Luz do Oriente
É uma determinação de Deus
Que surgirá no país
Da Nascente do Sol, no Oriente.

Após o “naorai” (Distribuição de saquê aos participantes dos cultos após o término
destes), o Fundador narrou tudo que sucedera até a fundação da “Kannon Kai”,
detendo-se especialmente nos fatos ligados às três fotografias que mostram a
elevada espiritualidade de Kannon. Em seguida, para encerrar a cerimônia, houve
a apresentação da música “Mikuni no Homare” (“Orgulho da Pátria”), tocada em
“koto” no estilo “Ikuta” pela senhora Kisseko, esposa de Issai Nakajima. Segundo o
Fundador, o som límpido do “koto” ecoou ainda mais profundamente no coração
dos participantes, que renovavam sua alegria pela fundação da Igreja e prometiam
dedicar-se à Obra Divina a partir daquele momento.
Nesse mesmo dia, após a cerimônia, uma senhora que havia ingressado na
“Kannon Kai” recentemente, trouxe uma moeda de 1 “rin” (significa também “um por
cento”) e ofereceu-a ao Fundador. Na parte da frente dessa moeda havia a figura
do Kannon de Mil Braços em alto-relevo, e no verso, quatro ideogramas: “Sen
JuKan Non” (Kannon de Mil Braços). Imediatamente, o Fundador foi mostrá-la a
uma pessoa que há trinta ou quarenta anos lidava com moedas antigas, e essa
pessoa lhe disse: “É a primeira vez que eu vejo esse tipo de moeda”.
Parece que era realmente uma moeda rara. A esse respeito, o Fundador
comentou: “Creio que, através de um fato aparentemente insignificante, Deus
levou-me ao conhecimento de que o Kannon de Mil Braços faz o trabalho de um
por cento”.
O Fundador costumava explicar sobre a ação incompleta e imperfeita do
99% e a ação perfeita do 100%. Ele ensinava que a diferença, ou seja, “a ação do
1%”, manifestava o poder absoluto de completar as coisas.
Na noite da véspera da cerimônia de instituição da Igreja, o Fundador
recebera esta Orientação Divina: “Faça a instituição da Igreja e utilize como Sede
Provisória o prédio situado em Hanzo-Mon”.
O prédio de Hanzo-Mon fora utilizado até setembro como filial de Koji.
Logo na manhã seguinte, o Fundador foi ao local e orientou para que ali
construíssem um palco. Embora fosse uma época muito agitada, de final de ano,
as obras foram realizadas normalmente. O enfeite de pinheiro ficou magnífico, e só
restava esperar pela cerimônia de instituição.
Os nomes dos diretores da “Dai Nipon Kannon Kai” foram publicados no
Nº 1 do jornal “Toho no Hikari” (“Luz do Oriente”1, conforme a lista abaixo):

Mestre Jinsai Okada - Presidente Ryozo Takemura


O Banco do Japão, que possui a maior coleção de moedas do país,
recebeu um pedido da Igreja no sentido de que pesquisasse sobre essa moeda.
Dentro de um mostruário composto de cento e setenta mil peças, foram achadas
duas moedas que correspondiam à descrição. A foto mostra a frente e o verso de
uma delas.
As moedas desse tipo são chamadas de “moedas com desenho” e, em
termos precisos, não têm valor de troca. Nelas está cunhada a figura de deuses,
entre os quais os sete deuses da sorte. Foram confeccionadas por colecionadores
populares a partir da Era Edo, como enfeites e amuletos. Dizem que as moedas
com desenhos de Buda estiveram muito em moda durante algum tempo, servindo
de amuleto. Presume-se que a moeda oferecida ao Fundador por aquela senhora
era igual à da foto.
Vice-Presidente
acumulando o cargo
de tesoureiro Mitsuo Massaki
Diretor executivo Issai Nakajima
Diretor Missao Nakano
Diretor Kiyomatsu Horiguti
Diretor Otomatsu Araya
Diretor Shiguenori Matsuhissa
Diretor Yoshihito Shimizu (Seitaro)
Diretor Kimiyoshi Kanetaka
Diretor Maki Kanetaka
Diretor Yoshihiko Kihara
Diretor Shinjiro Okaniwa
A partir de 1934, o Fundador abandonou o seu sinete “Kiguetsu”,
passando a usar “Jinsai” para os textos relacionados ao Johrei e aos tratamentos
médicos e “Jikan” para as obras de caligrafia feita a pincel. Os fiéis, que até então
o chamavam de “Sensei” (mestre), passaram a chamá-lo de “Dai Sensei” (Grão-
Mestre).

PIONEIROS DA IGREJA

A instituição definitiva da “Dai Nipon Kannon Kai”, a 1o de janeiro de 1935,


é o grande marco do nascimento da Igreja. O período que abrange os nove
primeiros anos da Era Showa (1925 -1933) até esse acontecimento corresponde à
época inicial da Obra Divina realizada pelo Fundador, sendo um período muito
importante, em que foram solidificadas as bases da Igreja. Nessa época,
obviamente, não havia nada do que se vê hoje, como as suas magníficas
instalações, por exemplo, e a vida do Fundador era cheia de dificuldades, tanto
espiritual quanto materialmente. Entretanto, apesar de tais condições, existiram
alguns pioneiros que, acreditando em Deus, serviram de baluarte para a Obra
Divina, oferecendo a ele sua sinceridade.
Entre esses pioneiros, destaca-se Motokiti Inoue, cujo nome de registro
era Fukuo. Ele foi a primeira pessoa que dedicou ao lado do Fundador, como seu
secretário, e, mesmo depois da ascensão do Mestre, continuou a dedicar com igual
sinceridade. Nasceu em Matsue, no Estado de Shimane, em agosto de 1908. Sua
família era proprietária de uma tradicional casa vendedora de chá situada à beira
do Lago Shinji; todos eram membros fervorosos da Omoto. Inoue criou-se e tornou-
se adulto num ambiente religioso. A fim de prestar os exames vestibulares, foi para
Tóquio em março de 1927 e, assim que chegou lá se dirigiu à Sede Aishin Kai,
perto de Hanzo-Mon. Essa sede tornou-se posteriormente a Filial Koji, centro da
difusão feita pelo Fundador nesse local. Foi aí que Inoue teve o seu primeiro
contato com o Fundador, o qual lhe disse: “Venha nos visitar sempre”. Mais tarde,
ele recordou que, nesse primeiro contato, sentira uma força irresistível, a qual
transcendia os limites da matéria, e ficara muito tenso.
Inoue foi à casa do Fundador pela primeira vez em novembro de 1928.
Nessa ocasião, indo à Região Tohoku, Onissaburo Deguti passou por Omori, e
todos os fiéis da Omoto residentes em Tóquio reuniram-se na casa do Fundador.
Aí nessa casa onde estava indo pela primeira vez, Inoue sentiu um ambiente
aconchegante, descontraído, que aquecia o coração; ao mesmo tempo, sentiu a
grandiosidade da criatura fora do comum que era o Fundador e uma profunda
admiração pela amabilidade com que ele atendia a todos.
Nesse dia, um dos fiéis lá reunidos fez ao Fundador uma pergunta
relacionada à Fé, tendo recebido a seguinte resposta: “A presunção é condenável,
mas se for à presunção de ter superado a presunção, não há problema”. O fiel
ficou espantado, com a cara de insatisfeito. Inoue também ficou surpreso. Isto
porque, na Omoto, a presunção era muito recriminada, sendo considerada a
armadilha mais temível. Não obstante, Inoue interpretou que, embora de maneira
imprecisa, o Fundador se referia ao estado incomum de quem ultrapassou o estado
comum de preocupação com a presunção.
Inoue tinha uma vida um tanto, retraída pelo fato de ser doentio de
nascença, mas sua visão de vida sofreu uma grande modificação depois que ele
conheceu o Fundador. Este estava sempre cercado de ambiente celestial, e suas
palavras não tinham nenhuma entonação exagerada, nem o tom de sermão que
geralmente caracteriza as palavras dos religiosos. Eram palavras serenas e
agradáveis, cheias de bom senso. Mas o que Inoue mais admirou nele foi a
profundidade de sua inteligência, que o fazia responder rápida e precisamente a
qualquer pergunta formulada.
Certo dia, por ocasião de uma palestra na Filial Oi, perguntaram ao
Fundador o que era “Espírito Yamato” (antigo nome do Japão). (Nessa época, a cada
ano aumentava a tensão no contexto internacional, e o Japão estava numa
situação difícil, isolado do resto do mundo. A expressão “Espírito Yamato” era
freqüentemente empregada pelas pessoas). Ele, então, respondeu: “É o espírito do
pinheiro, que se caracteriza por esperar pela ocasião propícia; é a sinceridade que
nunca muda”.
Ao ouvir essas palavras, Inoue sentiu uma profunda emoção, pois o
Fundador expressara a essência da Fé em poucas palavras. Assim, compreendeu
a grandiosidade do seu poder, sendo também tocado pela sua personalidade.
Inoue cursava a Faculdade de Direito, mas, por volta do outono de 1930, passou a
empenhar-se na Obra Divina ao lado do Fundador. Provavelmente nessa época,
quando o Mestre estava passando por dificuldades financeiras, com freqüência,
Inoue lhe entregava todo o dinheiro que sua família enviava para as despesas com
os estudos.
Inoue tinha uma personalidade muito singular. Contam-se vários episódios
engraçados a seu respeito. Certa vez, ao ser chamado pelo Fundador, saiu
correndo, pondo o cigarro que estava fumando na manga do quimono, a qual se
queimou na frente do Mestre; outra vez, ao ser incumbido de podar os galhos de
uma árvore do quintal, quase cortou o galho onde estava trepado, e o Fundador,
que estava em baixo, dando as orientações, ficou assustado. E outras histórias
desse teor.
Entretanto, por sua boa memória, por sua excelente caligrafia, por seu
vasto conhecimento dos ideogramas, por sua ótima redação e por outras elevadas
habilidades no campo das letras, Inoue foi um dedicante muito importante para o
Fundador, que fazia caligrafias a pincel, ditava textos, editava jornais e revistas e
desenvolvia amplas atividades culturais. Sua voz era excelente, e, quando ele
tomava a frente das pessoas na entoação dos salmos ele penetrava fundo no
coração daqueles que o ouviam. Era ainda um bom declamador de “kanku”
humorístico.
Anos depois da ascensão do Fundador, Inoue faleceu, em outubro de
1962, com a idade de cinqüenta e três anos.
Ryozo Takemura, que, por ocasião da instituição da “Dai Nipon Kannon
Kai”, colaborou principalmente em termos políticos e econômicos, nasceu em maio
de 1883, meio ano depois do Fundador. Era o terceiro filho da família Suda,
Milionários residentes na Vila Komae, na circunscrição de Kitayama, em Tóquio
(atual cidade de Komae, na Região de Tóquio). Aos quinze anos, tornou-se filho
adotivo de Denbee Takemura, dono da Morita-ya, loja atacadista de calçados
situado em Koji, quadra 3. Era uma casa tradicional, que tinha sido fundada em
1831 e atendia à família do Imperador.
Ryozo conheceu o Fundador em 1929, quando este ministrou Johrei em
seu neto doente. Impressionado com ele, ingressou na Omoto e, a partir daí,
empenhou-se bastante na atividade de difusão, ao seu lado. Em julho de 1930,
quando a filial de Omori foi concluída, o Fundador tornou-se o seu Responsável;
Takemura, diretor-executivo, e Mitsuo Massaki, diretor. Em 1934, quando o
Fundador se desligou da Omoto, Takemura o acompanhou. Com a fundação da
“Kannon Kai”, tornou-se seu presidente, a pedido do Fundador; nos cultos, era o
chefe do cerimonial, vestindo-se com as indumentárias próprias.
Na época, Ryozo era membro do Congresso Distrital de Koji e acumulava
o cargo de vice-presidente da Associação de Segurança da Delegacia de Koji.
Granjeando larga confiança da sociedade, deu uma grande contribuição à “Kannon
Kai”, fundada recentemente. Além de participar todos os meses das reuniões de
“waka” e haicai, acompanhava o Fundador em suas viagens, juntamente com
Naoko, sua esposa, como aconteceu por ocasião do acontecimento Divino ocorrido
no Monte Nokoguiri, em 1931, na visita aos santuários Kashima e Katori e em
outras oportunidades.
O Fundador e Ryozo não estavam ligados apenas pelos laços religiosos.
Na vida particular também tinham um relacionamento bastante íntimo. O Fundador
não costumava beber muito, mas freqüentemente ia beber fora com Ryozo, que
gostava de bebidas alcoólicas. Dizem que eles ficavam a praticar o “ninjo banashi”
(um tipo de rakugo que tem por tema o sentimento humano) sozinhos, sem a presença de
nenhum familiar, dando a isso o nome de “diálogo secreto”.
Hideko, filha de Ryozo, fala-nos sobre aquela época:
“Por volta de 1929, quando meu filho ficou doente, o Sr. Yamamuro, um
vizinho nosso, apresentou-nos o Sr. Massaki. Este nos disse: “Há um Mestre
melhor que eu”, e veio à nossa casa com o Fundador. Foi o primeiro contato que
tivemos com ele.”.
Quando o Fundador era empresário e vendia miudezas para a Mitsukoshi,
essa loja tinha uma associação chamada “Sansho-Kai”. As condições para se fazer
parte dela eram bastante rigorosas: entre dez pessoas, só duas ou três as
preenchiam. Como a Loja Okada fazia parte dessa associação, desfrutava de
absoluta confiança. Pois o Fundador largou um negócio desses para entrar no
caminho da Fé, chegando até a passar dificuldades financeiras. Por isso, não sei
me expressar bem, mas ele não era uma pessoa comum; tinha muita
determinação.
Quando deu início à “Kannon Kai”, parece que a vida do Fundador não era
muito fácil, pois seu telefone estava preste a ser cortado, por falta de pagamento;
nas refeições, a família comia apenas arroz com soja fermentada ou sardinha seca.
Apesar disso, tanto ele como sua esposa pareciam sempre superiores não
aparentando pobreza em nenhum aspecto.
Naquela época, nossas famílias eram muito íntimas. Por isso, quando o
Fundador nos visitava, era como se estivesse em sua própria casa. Ele fazia o que
bem entendia: entrava sem falar nada, ia deitar-se e, às vezes, aparecia altas
horas da noite, dizendo: “Não consigo dormir”. “Freqüentemente pedia que eu lhe
emprestasse uma tesoura e, cortando a linha que saía da bainha da manga, dizia
algum gracejo como, por exemplo: Minha esposa não faz nada para mim”.
Entretanto, meu avô (Gonbee) era uma pessoa muito intransigente e, quando ele
estava em casa, até o Fundador se mostrava circunspecto, embora, para nós,
dissesse rindo:
“Com esse velho eu não consigo ficar à vontade...”.
O Fundador gostava da enguia da Casa Akimoto, situada na vizinhança, e
da comida que um pequeno restaurante chamado Kiyoshi preparava para viagem.
O dono desse restaurante era um indivíduo chamado Yoshihide Takei, que mais
tarde se tornou Responsável de uma filial da “Kannon Kai”.
Assim nos falou Hideko, filha de Ryozo Takemura.
Logo depois que o Fundador se mudou de Koji para Omori, Ryozo
demitiu-se da presidência da “Kannon Kai” e, quando foi fundada a “Dai Nipon
Kenko Kyokai” (“Associação Japonesa de Saúde”), ocupou o cargo de conselheiro.
Depois disso, nunca mais apareceu publicamente, passando a prestar uma
colaboração oculta. Veio a falecer no dia 14 de abril de 1955.
Issai Nakajima, cujo nome de registro era Takehiro, foi presidente da
“Tengoku Dai Kyokai” (“Igreja Filial Paraíso”) e, como um dos elevados discípulos
do Fundador, edificou os alicerces para a expansão da Igreja. Ele se tornou fiel no
dia 1º de janeiro de 1932.
Tudo começou quando Mihoko, sua filha mais velha, contraiu cólera
infantil. Com uma febre de quarenta graus, estava correndo perigo de vida. Por
intermédio de um amigo, Nakajima ficou conhecendo Mitsuo Massaki, que fazia
difusão em Koji, e para lá se dirigiu, levado unicamente pelo desejo de salvar a
vida de sua filha. Com o Johrei ministrado por Massaki, o estado de Mihoko
melhorou, e ela foi se recuperando, até que, em pouco mais de uma semana, ficou
completamente restabelecida. Através desse milagre, a visão que Nakajima tinha
da vida mudou bastante. Isso aconteceu quando ele tinha trinta e dois anos.
Mihoko, que teve sua vida salva nessa ocasião, mais tarde tornou-se esposa de
Mihomaro, segundo filho do Fundador.
Nakajima nasceu em 1899, em Hagui, no Estado de Yamaguti, e sua
família servia ao daimio de Tyoshu. Após ter concluído o Primeiro Grau, tornou-se
professor substituto da Escola Primária Hagui, onde se formara. Posteriormente, foi
para Tóquio, cursar a Faculdade de Comércio da Universidade Meiji, mas ficou
doente e viu-se obrigado a voltar para sua terra natal. Depois, teve uma vida de
assalariado, trabalhando como funcionário da Biblioteca de Shimo-no-Seki, em
empresas de minério e eletricidade, na companhia automobilística Ford, na Pneus
Bridge Stone e em outros empregos. Na Bridge Stone, tornou-se chefe de setor
quando ainda era jovem, mas em seu coração havia um pouco de tristeza. Não
conseguindo reprimir o pensamento de que estava num lugar inadequado, demitiu-
se em 1931, voltando para Tóquio. O milagre recebido por sua filha Mihoko ocorreu
logo em seguida.
Estupefato com esse milagre, Nakajima ficou de se encontrar com o
Fundador por intermédio de Massaki. Assim, sua vida começou a tomar um rumo
que nem ele próprio imaginara. Enquanto ouvia as palavras do Mestre, tudo aquilo
que até então estava reprimido em seu coração foi se libertando. E então ele
concluiu que não havia outra razão para viver a não ser segui-lo. Tocado pelo
entusiasmo com que Nakajima se dispunha a entregar sua vida, imediatamente o
Fundador o aceitou como seu discípulo.
Já no dia seguinte Nakajima veio hospedar-se em Omori e, depois de
receber aulas durante uma semana, tornou-se fiel, abraçando a carreira
missionária. Durante algum tempo, teve como único rendimento o dinheiro da
venda de jornais destinados à difusão, vivendo em extrema pobreza. Não foram
raros os dias em que colheu cavalinha do campo para comer. Entretanto, Deus
correspondeu à sua fé com um grande amor e poder, fazendo-o receber mais um
milagre, desta vez ocorrido com Seihatiro, seuilho mais velho.
Antes de Mihoko contrair cólera, Seihatiro tivera unheiro. No início era
uma ferida pequena, mas com o passar dos dias o dedo foi inchando cada vez
mais. Ao examiná-lo, o médico falou: “Se não amputar o dedo imediatamente, a
ferida vai se estender até o pulso”. Assim, cortaram-lhe o dedo polegar pela
metade. Isso aconteceu antes de Nakajima conhecer o Fundador. Este, ao tomar
conhecimento do fato, disse: “Foi uma pena. Nunca ouvi dizer que algo vivo
apodrecesse. O que está vivo jamais apodrece”.
À medida que o menino foi recebendo Johrei do Fundador, o dedo que
fora cortado ia voltando ao tamanho normal, e até unha nasceu. Ao ver isso, seus
pais sentiram a prova do grande poder de Deus.
Ao contrário de Inoue e de outros discípulos, que dedicavam ao lado do
Fundador, Nakajima foi, desde o início, fazer difusão junto à sociedade. O ardor
com que ele buscava Deus manifestou-se sob a forma de grande entusiasmo pela
difusão. Ao mesmo tempo, procurou esclarecer com o Mestre, até se sentir
plenamente satisfeito, tudo aquilo que, para ele, era motivo de dúvida. No dia 22 de
fevereiro de 1932 encontramos registrado, no diário do Fundador, o seguinte
poema:
“O Sr. Nakajima
Ficou conversando até tarde
Sobre assuntos de Fé.
E pernoitou na Filial.”

Logo depois que se converteu, Nakajima vendeu sua casa, situada em


Hagui, e ofereceu ao Fundador todo o dinheiro recebido, para ajudá-lo na difícil
situação em que ele se encontrava. Na família Nakajima, todos dedicavam,
liderados por ele. Sua mãe e sua irmã mais nova ficaram encarregadas de cuidar
do Ojin-do depois que o Fundador foi para Koji, e Kisseko, sua esposa, distribuía
os jornais de difusão carregando dois filhos pequenos. Realmente, toda a família
tinha muita fé no Fundador. Issai criou muitos elementos humanos que difundiram
a Igreja como missionários. Faleceu em janeiro de 1950, aos cinqüenta e um anos
de idade.
Entre as pessoas que trabalharam ao lado do Fundador antes mesmo da
fundação da Igreja, destacaram-se Shinjiro Okaniwa, nascido em 1893, e seu
irmão Mitiaki, nascido em 1905 e cujo nome de registro era Ryohei. A família
Okaniwa era uma família muito antiga, de lida, no Estado de Nagano. O pai de
Shinjiro e Mitiaki era prefeito da vila, mas, depois que ele ficou paralítico, a família
foi atingida por graves doenças; basta dizer que, num período de dez anos, houve
oito mortes. Além disso, a casa em que moravam sofreu dois incêndios, os quais
destruíram por completo. A filha de Ryozo Takemura, residente em Koji, casou-se
com um dos Okaniwa e com isso estabeleceu-se o parentesco entre as duas
famílias. Mais tarde, quando Takemura contou ao Fundador os infortúnios da
família Okaniwa, o Mestre disse que o nome Ryohei, do irmão de Shinjiro, não era
bom, e deu-lhe o nome de Mitiaki.
Tempos depois, Mitiaki teve pleurisia, que durou três anos, chegando a
ser desenganado pelos médicos. Vindo a Tóquio com muita dificuldade, recebeu o
primeiro Johrei do Fundador na casa de Takemura. Nessa ocasião, dizem que o
Mestre falou muito tranqüilo: “Isso passa com três ministrações de Johrei”. Dois
dias depois, Mitiaki recebeu o segundo Johrei, dessa vez no Shofu-So, em Omori.
Foi até lá acompanhado do irmão, a quem o Fundador disse: “Sr. Okaniwa, em
breve o senhor passará a cuidar deste local”. E Shinjiro, que ainda não sabia de
nada, respondeu por responder: ”É mesmo?!”.
Terminando de ministrar Johrei em Mitiaki, o Fundador perguntou-lhe
como estava, e ele respondeu que se sentia aliviado. Então o Mestre lhe disse:
“Você já está curado”. Surpreendido, Shinjiro não dizia uma palavra. Mitiaki falou,
então: “É, não sinto mais nada. Em agradecimento, peço que me deixe dedicar na
limpeza deste local”. Dias depois, ele voltou a Omori e começou a fazer a
dedicação, conforme havia combinado.
No mês seguinte, o Fundador escalou o Monte Fuji, e Mitiaki também
participou da escalada. Ele mal se havia recuperado, mas pôde participar da
viagem sem nenhum problema. No dia seguinte, o Fundador outorgou-lhe uma
imagem de Kannon, um “miteshiro” e um “ohineri”, ordenando-lhe: “Volte para
Shinshu, abra uma filial e salve as pessoas”.
O “miteshiro” era um leque onde estava escrito: “Este leque purifica e
salva todos os espíritos”.
Mitiaki voltou para Shinshu e começou a fazer difusão, mas em dezembro
desse mesmo ano retornou a Omori, onde começou a dedicar.
Shinjiro, desde que o irmão fora salvo, ia quase todos os dias a Omori. À
medida que ouvia as orientações do Fundador, foi solidificando sua decisão e, a
partir de janeiro de 1932, começou a dedicar ali. Em 1933, conforme o Mestre
havia previsto, ele foi designado para ser o Responsável da filial de Omori. Nesse
fato, também podemos sentir o poder do espírito das palavras do Fundador e a
figura sagrada dos pioneiros que, como que correspondendo aos desejos dele, o
seguiram, abandonando tudo o mais.
Os irmãos Okaniwa eram muito disciplinados e por isso se empenharam
na dedicação ao lado do Fundador, que não negligenciava os mínimos detalhes.
Tornaram-se suas pernas e braços. Shinjiro faleceu em 15 de junho de 1954, aos
sessenta e dois anos, e Mitiaki, no dia 23 de fevereiro de 1970, aos sessenta e
quatro.
No final de 1931, o Fundador recebeu a visita de Otomatsu Araya, que
administrava uma siderúrgica em Kameido, Tóquio, e era fiel da Omoto. A esposa
de Wassaku, seu irmão mais novo, estava doente e recebia Johrei com o
Fundador. Otomatsu ficara sabendo da existência deste através de seu irmão.
Acompanhando-o a Omori, recebeu Johrei e viu-se aliviado do peso que tinha na
cabeça, sentindo-se muito bem disposto. No momento em que se despedia do
Fundador, perguntou-lhe: “Quantos anos o senhor precisou para adquirir um poder
tão grande assim?” Ele, então, respondeu com a maior naturalidade: “Qual!
Seguindo o que eu ensino, qualquer pessoa é capaz de fazer o que eu faço. Até
você.” E acrescentou: “Você tem vontade de fazer isso? Com um pouco de
aprimoramento, conseguirá”.
Entretanto, Otomatsu não se julgava com essa capacidade e, diante de
palavras tão inesperadas, ficou confuso e não disse nada. Então, olhando-o
fixamente, o Fundador falou: “Você nasceu para fazer isso”.
A partir daí, Otomatsu ia freqüentemente a Omori. Não conseguia deixar
de ir. Algo muito forte o atraía. Era uma força misteriosa que o puxava. E, toda vez
que ia lá, presenciava o milagre de ver pessoas doentes serem curadas umas após
outras. Ficava admirado, e seu respeito pelo Fundador ia aumentando.
Mais tarde Otomatsu entronizou em seu lar a imagem de Kannon pintada
pelo Fundador, a quem sempre pedia que participasse de seus Cultos Mensais.
Quando Otomatsu lhe solicitava a presença, ele respondia: “Vou sim”, e sempre
comparecia. Na época, ainda não havia muitos fiéis, e o Fundador deslocava-se
para lá e para cá sem dificuldade. Às vezes ia à casa de Otomatsu e almoçava ou
jantava com ele. Dizem que conversava alegremente e comia todos os pratos que
lhe serviam, parecendo achá-los muito saborosos.
Pouco tempo depois, Otomatsu Araya deixou a siderúrgica e entrou para a
Obra Divina, sendo designado para Responsável da Filial Koto. Fez difusão na
região industrial e comercial por algum tempo e, assim que ele conseguiu formar
determinado número de fiéis, o Fundador lhe disse: “Vá para Setagaya”.
Dessa forma, no dia 26 de outubro de 1934, Otomatsu mudou-se para
perto de Shibuya, estabelecendo-se no bairro de Mishuku, nº 54, no Distrito de
Setagaya, onde continuou a fazer difusão. Como ainda não havia recebido
permissão para ministrar Johrei, o meio de que se utilizava para difundir a Igreja
era a venda de jornais, que custavam 2 “sen” cada um. Empenhava-se nessa
atividade juntamente com Hideko, sua esposa, vivendo com uma parte do dinheiro
arrecadado. Para os dois, a alegria de poder participar da Obra Divina era algo que
não se trocava por nada neste mundo. Entretanto, no final de 1934, eles já haviam
gastado todas as suas economias e estavam levando uma vida difícil, sem
condições para comemorar o Ano Novo.
No dia 26 de dezembro de 1934, quando a filial de Setagaya da “Dai
Nipon Kannon Kai” foi instituída oficialmente, Otomatsu recebeu o cargo de
Responsável, e seu irmão mais novo, Wassaku, foi designado para Sub-
responsável. Três dias depois, ele recebeu um chamado para encontrar-se
imediatamente com o Fundador. Infelizmente, pelas dificuldades passadas durante
o ano, não tinha dinheiro para a passagem de trem, de modo que teve de ir a pé,
percorrendo mais de 10 quilômetros, do bairro de Mishuku até o Ojin-do, no bairro
de Hirakawa, onde o Fundador morava nessa época.
Lá chegando, o Mestre Ihe disse: Você trabalhou muito bem durante estes
três anos. Com o aprimoramento por que passou até agora, já entendeu mais ou
menos a Obra Divina, não é verdade? A partir de hoje vou permitir que você
ministre Johrei. Portanto, empenhe-se ao máximo em salvar as pessoas”. E deu-
lhe o “miteshiro”.
Dizem que, levado unicamente pelo desejo de contar à esposa, sua
companheira de tristeza e alegrias, a emoção sentida com o recebimento de tão
sagrado poder, ele fez quase que correndo o percurso de volta para casa, e juntos
festejaram o acontecimento.
Mais tarde, Otomatsu dedicou-se à difusão na cidade de Iti-no-Seki, no
Estado de Iwate, onde instituiu a Filial Shinshin. No dia 7 de agosto de 1967,
deixou este mundo, aos setenta anos de idade. Por outro lado, seu irmão Wassaku
voltou para a terra natal, Noto, e aí, no bairro de Nakajima, instituiu a Filial Seiwa.
Veio a falecer no dia 30 de julho de 1964, aos sessenta e quatro anos.
Outra pessoa que se dedicou à Obra Divina ao lado do Fundador, nos
primórdios da Igreja, foi Seitaro Shimizu (conhecido comumente pelo nome
Yoshihito). Na Era Taisho, eles tiveram contato por questões comerciais e, com o
tempo, Shimizu ingressou na carreira missionária. Em virtude de seus dons no
campo das letras, dedicou-se à Obra Divina na parte de publicações.
Shimizu nasceu em março de 1898, na Vila Onyu, situada na
circunscrição de Onyu, no Estado de Fukui. Por volta dos quatorze ou quinze anos,
estudou a técnica do artesanato Meno, próprio dessa região, e em 1918, com a
idade de dezenove anos, foi para Tóquio, onde iniciou a atividade de lapidação de
pedras preciosas em Kudan Shita.
Ele passara a freqüentar a Loja Okada desde a primavera de 1923. No
início, só recebia pedidos do gerente Kinzo Kimura; com o tempo, passou a
recebê-los diretamente do Fundador, cuja sala ficava nos fundos da loja. Naquela
época, os pedidos de objetos desenhados pelo Fundador eram sempre feitos
diretamente por este. Relembrando aquela época, Shimizu disse:
“O Fundador recebia as pessoas fumando cachimbo. Quando seus
pedidos eram atendidos, ficava muito contente e nunca regateava. Era um bom
cliente. Entretanto, quando achava que o trabalho não estava bom, tinha-se de
refazê-lo quantas vezes fossem necessárias. Isso me deixava admirado. Os
atacadistas comuns, se o preço fosse abaixado, deixavam passar esses pequenos
detalhes, mas ele nunca fazia isso”.
Em 1928, incentivado pelo Fundador, Shimizu ingressou na Omoto e foi
fazer aprimoramento na sede. Na época, ele morava no bairro de Suguinami, em
Tóquio. Tendo conhecido Motokiti Inoue, que era universitário, ficou impressionado
com sua fé ardorosa e principalmente com o respeito fora do comum que ele nutria
pelo Fundador. Reformou, então, sua casa, para hospedar Inoue, e quase todos os
dias os dois iam juntos à casa do Mestre, em Omori.
Como já mencionamos em setembro de 1930 o Fundador instituiu a
“Ten’nin-Kai”, uma associação de “kanku” humorístico dirigido por ele próprio. À
parte dos poemas publicados pela Editora Meiko, da Omoto, instituiu, em maio de
1931, a Editora Zuiko. Ela foi instalada em Mabashi, na casa de Shimizu, que
ocupou o cargo de presidente. Ficou decidido publicar-se a revista mensal “Zuiko”,
e quem se encarregou da sua redação e revisão foi Inoue.
No primeiro volume do no 1 da revista “Zuiko”, publicado em junho de
1931, constam a foto comemorativa da instituição da associação e o artigo
referente à primeira sessão de poesia “Zuiko”, realizada na residência de Shimizu,
no dia 03 de maio de 1931, às dezoito horas. Segundo esse artigo, escrito por
Inoue, o Fundador, que estava presente, fez uma conferência intitulada “Religião e
Arte” e, na sessão de poesia, compôs os seguintes poemas com os temas
“Montanha” e “Luz”:

“Mussashino apresenta-se
Todo verde.
E o pico do Fuji,
Límpido, neste dia
Ensolarado, depois da chuva.”

“A poesia “waka” iniciada


Por Mizumitama Sussa-no-Ono Kami
É a Luz do País.”.

Nesse dia, também estavam presentes Ryozo Takemura e Mitsuo


Massaki. Os participantes totalizavam vinte e cinco pessoas.
Em 1932, a Editora Zuiko teve o seu nome mudado para “Shofu Kai”.
Após a instituição da “Kannon Kai”, esse nome foi mudado para “Shion Kai”, e a
sede da editora foi instalada na Sede Provisória de Koji. Seu Presidente era o
Fundador, e o Vice-presidente, Shimizu.
O jazigo da família Shimizu está guardado no Templo Kokubun-ji, situado
em Kokubu, na cidade de Obama, Estado de Fukui, e, desde pequeno, Seitaro ia
freqüentemente passear nesse templo. O irmão mais novo do Responsável era o
bonzo Jossetsu Tanaka, que mais tarde se tornou o Responsável do Templo
Nihon-ji, do Monte Nokoguiri, no Estado de Tiba. Seitaro e Jossetsu eram, portanto,
amigos de infância, e foi também devido a esse laço de amizade que Seitaro se
encarregou da preparação da visita feita pelo Fundador àquele Templo.
Em 1935, quando foi instituída a “Kannon Kai”, Shimizu tornou-se diretor.
Era encarregado da redação e publicação do jornal “Toho no Hikari”, escrevendo
os artigos sob o nome de “Bunsai”. A partir de 1940, deixou a dedicação ao lado do
Fundador para se ocupar de trabalhos relacionados à mineração, na cidade de
Mizussawa, Estado de Iwate. A partir de 1932, Sayo, sua mãe, também ofereceu
seus serviços ao Fundador, ocupando-se, em especial, da educação de Kunihiro, o
quarto filho homem do mestre. Ela veio a falecer em 1961, depois de cumprir
oitenta e três longos anos de vida.

A RELIGIÃO DA LUZ
INSTITUIÇÃO DA DAI NIPON KANNON KAI (Associação Kannon do
Japão)

O Fundador, que havia começado a trilhar um novo caminho a partir do


dia 15 de setembro de 1934, teve a intuição que, de acordo com a Providência
Divina, havia chegado o momento de transmitir sem hesitação os Ensinamentos de
Deus. Apoiado pela grande sinceridade dos fiéis, que, embora em número limitado,
ofereciam uma dedicação fervorosa, ele passava o dia-a-dia compenetrado, tendo
em mira a fundação da Igreja.
Sabedor, por meio da Revelação Divina de 1926, do advento do
Mundo da Luz, o Mundo Paradisíaco, e consciente de que, como representante de
Deus na Terra, ele era a pessoa que deveria concretizar esse mundo, o Fundador
realizou diversos estudos e pesquisas, preparando-se para a ocasião oportuna.
Especialmente depois da Revelação da Transição da Era da Noite para a Era do
Dia — recebida no Monte Nokoguiri em 1931, através da qual ficou sabendo que a
época presente não passa de uma fase transitória do Mundo da Noite para o
Mundo do Dia — o propósito de fundar uma religião permanecia em seu íntimo
como algo definitivo, sólido e inabalável.
A Transição da Noite para o Dia, esclarecida pela Revelação de 1931,
significa uma ampla revolução na cultura, a qual inclui todas as atividades da
humanidade. Nesse momento, será efetuada a grande transição da civilização
dirigida pela Cultura Material, que vigorava até agora, para a Nova Civilização,
dirigida pela Cultura Espiritual.
Atualmente, a sociedade humana enfrenta inúmeros problemas.
Embora se observe um grande progresso nos mais diversos campos, isso nem
sempre se liga à felicidade do homem, o que, evidentemente, é um paradoxo. E a
causa desse paradoxo é que os homens contemporâneos, não reconhecendo a
existência do espírito, vieram caminhando como bem entendiam, esquecendo-se
dos Ensinamentos de Deus. Esse caminhar errado precisa ser corrigido a qualquer
custo. A civilização contemporânea entrou num beco sem saída e irá desmoronar
por causa da contradição que encerra em si mesma; após isso, construir-se-á uma
nova civilização fundamentada na Vontade Divina. A transformação será iniciada
exatamente nesse momento. Compenetrado na sua missão de executor dessa
tarefa e repleto de orgulho e alegria por ser a pessoa encarregada de trazer ao
mundo a Luz da Salvação, o Fundador instituiu, no dia 1º de janeiro de 1935, no
bairro de Koji, em Tóquio, a Dai Nipon Kannon Kai, apresentando à sociedade.
O Fundador nasceu no extremo leste do Japão, no dia seguinte ao
solstício de inverno. Tendo vindo ao mundo nessa ocasião em que novamente os
dias, radiantes da luz do sol, começam a ficarem mais longos. O Fundador marcou
o primeiro passo da ação salvadora de Kannon num ponto de Tóquio indicado pelo
Plano de Deus. Relembrando o mistério de seu destino desde que nasceu e a
missão que lhe foi atribuída de ser a "Luz do Oriente", ele extravasou o seu
sentimento nos poemas abaixo:

"Penso profundamente
No meu destino
De escolhido
Como depositário de Deus,
Para salvar o mundo. "

“Finalmente
Chegou o momento
Em que todos os cantos do mundo
Serão purificados
Pela Luz de Deus. "

A expressão "Luz do Oriente" figura numa profecia sobre a vinda


do Salvador, divulgada desde os tempos antigos, numa região do litoral do
Mediterrâneo. Representa o nome pelo qual era chamado o "Soberano da Paz"
que seria enviado do local da nascente do Sol e através de quem as pessoas
seriam salvas. Considera-se que essa é a primeira vez que a expressão aparece
registrada na História.
O Fundador conscientizou-se de que o termo "Oriente"
referido pela profecia significa o extremo leste do Japão; "Luz" significa a Luz de
Kannon, e a expressão "Senhor da Luz", ele próprio. Descobrindo, na sua
caminhada até ingressar no mundo da Fé, coincidências misteriosas que
sustentavam suas próprias convicções, ele disse, anos mais tarde: "A expressão
‘Luz do Oriente’ diz respeito à minha pessoa. Existem diversas provas disso, mas a
mais evidente é que o extremo leste do mundo é o Japão, cujo leste é Tóquio. O
nome ‘Tóquio’ significa ‘Cidade do Leste’, o que mostra que a cidade está de fato
no leste. O leste de Tóquio é Assakussa; por sua vez, o leste deste distrito é
Hashiba, local onde eu nasci. Nasci aí e depois vim me mudando gradativamente
para o oeste”. Assim, a vida do Fundador, exatamente como o Sol, que nasce no
leste e avança em direção do oeste, foi uma trajetória simbolizada, envolvida e
guiada pela Luz. No dia 1º de janeiro de 1935, ele ergueu-se com a Luz da
Verdade, ou seja, com a Luz de Kannon.
PROPOSIÇÃO

"Fala-se
Na Luz do Oriente,
Mas trata-se
Da Luz Salvadora de Kannon. "

A Luz do Oriente
Finalmente está se expandindo
E, com o tempo, iluminará
O extremo oeste. "

A verdadeira salvação
Do Supremo Deus
É a Luz do Oriente
Que nascerá no Fim dos Tempos."

A instituição da Dai Nipon Kannon Kai — ponto de partida dos


messiânicos — foi realizada às dezoito horas do dia 1º de janeiro de 1935, numa
sede provisória situada no bairro de Koji, quadra 1, nº 7-1, a uma distância de
apenas quinhentos metros do Ojin-Do.
Antes da cerimônia de instituição, foi realizada, à zero hora desse dia, a
entronização da imagem de Hinode Kannon, pintada pelo Fundador. Contrastando
com a iluminação da Rua Utibori, as matas do Palácio Imperial mostravam-se
escuras, enquanto a chuva traçava linhas brancas. Na presença dos principais
fiéis, em número de dezoito, o Fundador entoou a oração Amatsu-Norito. Em
seguida, liderados por ele, todos entoaram respeitosamente a oração Zenguen-
Sanji, além de outras orações e salmos. Com essa solene vibração, abriu-se o ano
de 1935 — ano da fundação da Igreja. Terminada a cerimônia, cuja duração foi de
uma hora mais ou menos, os fiéis tomaram rumo de casa. A chuva, que caía até
aquele momento, cessou, e todos chegaram a seus lares envolvidos por uma
sensação misteriosa.
O dia de Ano Novo foi muito tranqüilo. No pilar do portão da sede
provisória da Igreja, foi colocada uma grande placa de "hinoki" (cipreste), árvore
cujo nome significa "árvore de fogo", ou "árvore de sol", ou, ainda, "árvore de
espírito" e que antigamente consideravam sagrada. Nessa placa, de um metro e
setenta, havia um letreiro escrito pelo Fundador: "Dai Nipon Kannon Kai - Sede
Provisória". À tarde, a pequena sede ficou lotada com a presença de
aproximadamente cento e cinqüenta fiéis, que chegavam uns após outros.
Às dezoito horas, com a nova música "Yamato Shimane" ("A Ilha Japão"),
cantada entusiasticamente ao som do "yagumo koto", teve início à cerimônia.
Ryozo Takemura presidente da Kannon Kai e chefe do cerimonial entoou a oração
"Amatsu-Norito" e, após a entrada do Fundador, outra oração. Depois do ofertório
de gratidão, todos, liderados pelo Mestre, entoaram a oração "Zenguen-Sanji" e um
salmo, encerrando-se, assim, a cerimônia de instituição da Kannon Kai.
Em prosseguimento, perante os fiéis ali presentes, o Fundador pronunciou
as primeiras palavras após a instituição da Igreja. Ele esperara por aquele
momento durante longo tempo; assim, nessas palavras vigorosas, estavam
contidas a sua grande ansiedade por aquele evento e uma alegria irrefreável.
Nesse dia, em que foi dado o primeiro passo com base na Providência de Deus,
cada palavra pronunciada pelo Fundador tinha um importante significado, servindo
de diretriz para a Obra Divina. Por isso, compartilhando de sua alegria, os fiéis
mostravam-se muito interessados e atentos, para não deixarem escapar uma única
palavra.
A proposição apresentada na fundação da Igreja intitulava-se "A
construção do Mundo da Grandiosa Luz" e tinha o seguinte conteúdo:
"Feliz Ano Novo.
Com a graça de Deus, pudemos instituir a Dai Nipon Kannon Kai, fato que
me parece muito alvissareiro. Pretendia fazê-lo mais tarde, mas Kannon estava
muito apressado. (...)
Hoje, gostaria de falar sobre a construção do Mundo da Grandiosa Luz,
que é o objetivo da Kannon Kai.
Conforme o seu nome indica, trata-se de um mundo sem trevas,
construído através da Luz de Kannon, e mundo sem trevas é um mundo sem
sofrimento, um mundo sem pecados e males. Com o desejo de verem surgir um
mundo assim, há milhares de anos que santos, grandes religiosos e outros
mentores vêm pregando muitos ensinamentos e desenvolvendo grandes
atividades. Entretanto, ele não se concretizou até hoje; não apareceu sequer nada
de semelhante. Considerando-se que esse mundo não passava de um ideal da
humanidade, até o presente duvidava-se de seu advento. Entretanto, eu afirmo que
ele vai se concretizar. "
O Fundador descreveu, ainda, o caminho que ele percorrera até aquele
dia. Disse que, no início, duvidara, mas que, através dos inúmeros milagres que
recebera, adquirira absoluta convicção sobre a possibilidade do Mundo Ideal e
inabalável certeza de que Kannon o concretizaria por seu intermédio:
"Qual a base disso? É o Poder de Kannon.
Até o momento, esse poder nunca havia se manifestado realmente.
Sakyamuni pregou a piedade, Jesus Cristo, o amor, e diversos santos ensinaram
ao homem o Caminho, mas nenhum deles tinha poder suficiente para fazer com
que seus ensinamentos fossem praticados. Ou melhor: conseguiram que muitas
pessoas os praticassem, mas não toda a humanidade. Assim, tudo se limitou a
simples profecias e ideais, e o mundo almejado não se concretizou até hoje. A
sociedade humana se degradou, entrando num estado de extrema confusão,
porque essas religiões ou morais tinham bastante poder, mas não o Poder
Absoluto. Isto é, elas perdiam para o Mal por faltar-Ihes poder.
Finalmente chegou a hora: daqui para frente, o Poder Absoluto vai se
manifestar na Terra. Surgirá um poder desconhecido pela humanidade durante
milhares de anos e acontecerão fatos que ninguém sequer imagina. (...)
O mundo é formado por países, constituídos pelo conjunto de seres
humanos; os países são constituídos de cidades, bairros e vilas; estes são
compostos de famílias, e as famílias, de indivíduos. Por isso, se o indivíduo, que é
a unidade, não for salvo, não há condições para que o mundo o seja.
Conseqüentemente, assim como a Fé Shojo, que visa às vantagens individuais, é
errada, a Fé Daijo, que sacrifica o indivíduo, também o é. Torna-se, pois,
imprescindível que ambas sejam corrigidas, para que o todo seja salvo. O indivíduo
é salvo e se aperfeiçoa; ampliando-se isto, o mundo será salvo e se aperfeiçoará.
Assim, em primeiro lugar, é preciso que o indivíduo seja salvo. Se o lar é o modelo
do mundo, este estará salvo quando aquele se tornar um paraíso e se salvar. (...)
Doravante, com o Poder de Kannon, isso irá ser concretizado. Explicando
melhor, surgirão lares isentos de doenças, miséria e conflitos, e,
conseqüentemente, despontará um mundo isento desses males. Doença, miséria e
conflito são o mesmo que doença, fome e guerra, ou seja, as três pequenas
calamidades, mas acho mais adequadas aquelas denominações. Sem nenhuma
sombra de dúvida, tudo isso será totalmente eliminado. Até então, por melhor que
fosse a Fé professada, não se conseguiam lares isentos dessas desgraças, mas
agora, professando a fé em Kannon, eles se tornarão uma realidade. (...)
A construção do Grandioso Mundo da Luz parece ser muito difícil, mas
não é tanto assim; basta que o mundo se encha de lares sem doença, miséria e
conflito, pois, com isso, ficará banhado de verdadeira paz.
O Poder Kannon é a Luz do Oriente, da qual se fala desde os tempos
antigos. Essa expressão, surgida a esmo, na antigüidade, encerra um grande
mistério. A partir do dia 4 de fevereiro de 1928 — faz sete anos, portanto — adquiri
diversos conhecimentos sobre o assunto, por Revelação de Kannon.
Pacientemente, esperei pela chegada do tempo certo. Ou melhor, fiquei fazendo os
preparativos. (. . .)
Mas vejamos por que a Luz do Oriente só se manifestou nos dias de hoje.
A cultura do Japão sempre foi importada do oeste, até a própria civilização
vinda da China, pois este país localiza-se a oeste do Japão. Creio que puderam
compreendê-lo pelo salmo lido há pouco: ‘Vou corrigir a civilização do oeste e
construir o caminho do leste, que prosperará pela eternidade.’(...)
Retrocedendo no tempo, também se observa claramente que a política, a
economia, a educação, enfim, todos os setores da cultura japonesa entraram num
beco sem saída, donde se conclui a falência do espírito ocidental. Inicialmente,
introduziu-se no Japão a cultura oriental, isto é, a civilização chinesa e o budismo
da Índia; quando ela já havia sido assimilada o suficiente, penetrou a civilização
ocidental. Isso é bastante significativo. (. . .)
As primeiras civilizações que surgiram no mundo foram a chinesa e a
hindu. Como acontece atualmente com a civilização européia, elas prevaleceram
durante longo tempo, em todo o mundo. Depois, a civilização oriental transportou-
se gradativamente para o oeste, dando origem às civilizações egípcia, grega,
assíria etc. e, através da civilização romana, desenvolveu-se a civilização ocidental
da atualidade.
O fato da civilização oriental ter surgido primeiro que a ocidental, encerra
um profundo significado e a Providência de Deus para governar o mundo. A
civilização oriental é espiritual e vertical, e a civilização ocidental é material e
horizontal. Assim, já estava pronto o modelo das duas grandes civilizações.
Também no que se refere à ordem de grandeza, a oriental é uma civilização de
caráter restrito, e a ocidental é de caráter amplo. Podemos compreender isso ao
observarmos que o pensamento oriental é egoístico e isolacionista, ao passo que o
pensamento ocidental é expansionista. Entretanto, ambas as civilizações,
crescendo o suficiente e atingindo a fase de maturação, entram num beco sem
saída. É exatamente essa a situação da civilização ocidental hodierna. Assim, tanto
o caráter restrito de uma como o caráter amplo da outra são impotentes. A
questão, portanto, é saber para onde vão essas duas grandes civilizações. Eis a
missão da Kannon Kai. A sua união, no final, é a Providência de Deus. O ponto de
união é o Japão, e a hora da união é a partir deste momento. É como se formar um
casal. O noivo, chamado Oriente, e a noiva, chamada Ocidente, se casam, e o
padrinho de casamento é Kannon. A criança que nascerá dessa união é a
‘Verdadeira Civilização’, o ‘Mundo Ideal’, tão esperado pela humanidade — o
Paraíso Terrestre, o Mundo de Miroku. O poder, nunca visto antes, que executará a
grande tarefa de promover esse casamento, fazendo nascer uma criança bela e
perfeita, é, em suma, o Poder Kannon.
A época atual é o momento crítico do mundo para o nascimento dessa
civilização. É o momento final e também o momento inicial. A cruz gamada que
constitui o emblema da Kannon Kai e existe desde os tempos antigos, simboliza
essa união do vertical e do horizontal. As pontas dobradas representam que,
depois de feita a união, a cruz começa a girar. Girar significa gerir, movimentar-se
para a esquerda. (. . . )
Quando a civilização que, até o presente, veio do oeste, atingiu os 99% de
seu desenvolvimento, surgiu uma Luz no extremo leste do Japão (. . .): a Luz do
Oriente. Com essa Luz, a civilização que vinha avançando para o leste e que
estava destinada a desmoronar, será reformulada e aperfeiçoada, nascendo a
civilização ideal, caracterizada pela harmonia e pela fusão do vertical e do
horizontal. Ela se tornará o caminho da Luz, o caminho da eterna prosperidade, e,
ao contrário de antes, avançará cada vez mais para o oeste. (. . . )
O ponto de partida da atuação da Luz do Oriente é a instituição desta
Igreja, que ora se realiza. Por isso, daqui a diante, ela irá se expandir com grande
impulso. O Kannon de Mil Braços é também conhecido pelo nome de Kannon de
Mil Olhos; com os mil braços, ele dá vida a todas as coisas, fazendo-as renascer, e
banha-as e salva-as com a Luz que irradia de seus mil olhos.
A partir deste momento, daqui da Kannon Kai, situada em Koji, no centro
do Japão, tem início a civilização que avança para o oeste. Será construído o
Mundo Perfeito, isto é, o Mundo da Grandiosa Luz, objetivado por nós. Por isso,
trata-se de um movimento absolutamente inédito. (...) Deus vinha preparando-o de
forma latente há mais de dez mil anos, e finalmente esse momento chegou."
Assim, mostrando o avanço da civilização ocidental em direção do leste e
o avanço da civilização oriental em direção do oeste, o Fundador proclamou
vigorosamente a chegada da civilização ideal, resultante da fusão entre as duas. E
essa observação histórica da civilização mundial não foi feita apenas através de
uma análise objetiva dos fatos. Ele visualizou aguçadamente o destino da História,
que iria se concretizar a partir daquele dia, quando a Luz do Oriente irradiando-se
de Koji onde estava situada a Dai Nipon Kannon Kai, começaria a avançar para o
oeste. Plenamente convicto dessa verdade, ele a divulgou com palavras proféticas.

KANZEON BOSSATSU (nome completo de Kannon)


E A BOLA DE LUZ

Por trás do fato de o Fundador ter instituído a Igreja com o nome Dai
Nipon Kannon Kai, havia uma dedicada trajetória em que ele fora despertando para
a sua profunda afinidade com Kanzeon Bossatsu. Desde o ano de 1926, este o
acompanhava, protegendo-o e, às vezes, manejando-o livremente. Nessa relação
íntima e inseparável, atuavam em prol da salvação da humanidade.
O Fundador, que viera provando incontáveis milagres através da cura de
um grande número de pessoas enfermas, foi esclarecendo pontos básicos
teológicos, tais como a fonte do poder de salvação que ele próprio manifestava
convictamente, a relação entre Deus e Kanzeon e a sua relação com este.
Mas que nível hierárquico de Kanzeon Bossatsu se manifestou ao
Fundador?
Nas escrituras budistas, Kanzeon Bossatsu era considerado como
materialização da ilimitada piedade que faz a salvação ansiada pelo povo. Não
existe nenhuma outra divindade que tenha sido alvo tão familiar de fé para os
povos do Oriente, desde os tempos antigos, a começar pela Índia, China e Coréia.
A Fé Kannon, no Japão, foi professada indistintamente por todas as classes
sociais, servindo de tema para poemas e histórias, como divindade de grande
poder.
Segundo os filólogos, o nome original de Kanzeon Bossatsu é
Avalokitesvara, em sânscrito, antiga língua da Índia. Este nome foi traduzido para o
chinês como "Kanzeon" e "Kozeon", pelo bonzo e escolástico Kumaraju, do
período inicial da Dinastia Tang. "Kozeon" significa "possuidor do nome que
concede Luz ao Mundo", e "Kanzeon","pessoa que atende aos pedidos do povo
sofredor". Assim, são considerados como nomes que englobam a grande piedade
e virtude de Kannon.
Kannon aparece em muitas escrituras budistas Daijo como encarnação da
salvação do mundo, recebendo nomes variados, de acordo com a sua atuação.
Existe, por exemplo, o "Fukukensaku Kannon ("Kannon que não despreza os
desejos das pessoas"), o Nyoirin Kannon ("Kannon possuidor do poder de realizar
todos os desejos") e outros, como Taissei, Bato, Byakue, Juitimen, Senjussengan
etc. Dizem que ele apresenta trinta e três faces, conforme o tipo, a hora e o local
da salvação que realiza.
Como já mencionamos, antes de fundar a Dai Nipon Kannon Kai, o
Fundador compôs a oração "Zenguen-Sanji ". Ele explicou que ela é uma súmula
do sutra "Kanzeon Bossatsu - Fumonbon", ou simplesmente sutra "Kannon", o
vigésimo quinto dos vinte e oito capítulos do sutra "Myo-horen-gue", chamado
comumente de sutra "Hoke".
O sutra "Hoke" influenciou não só a fé e a filosofia, mas também
a arte e a literatura budista. Muitas seitas, considerando-o como uma compilação
completa das últimas pregações sistematizadas de Sakyamuni, têm-no como
centro máximo de todas as escrituras budistas. Quem lhe deu essa posição foi
Tendai Daishi, na China, e, no Japão, o Príncipe Shotoku. O "Hoke Guisho", onde
este último interpretou o sutra "Hoke" e fez uma minuciosa pesquisa ideológica,
colocando-lhe observações, está guardado, atualmente, no Palácio Imperial, como
propriedade do Imperador. Nele está escrito: "Este não é um livro de alguém de
além-mar que se reúne a mim, Príncipe Shotoku, no Japão". Com isso, o príncipe
esclareceu que se trata de um livro de explicações elaboradas por ele próprio e
não um livro de interpretações budistas transmitidas por adeptos do continente
chinês. Segundo pesquisas atuais, há uma tendência a crer-se que essa frase
inicial tenha sido acrescentada posteriormente. De qualquer forma, fazendo-se
uma análise minuciosa do "Hoke Guisho", percebe-se que o sentido da frase é bem
preciso.
O sutra "Kannon" é considerado a parte mais importante do sutra
"Hoke" e geralmente veio sendo venerado como uma escritura independente.
Tomando por base o sutra "Kannon" ao fazer, antes da fundação da Igreja, uma
oração para ser rezada perante Deus, o Fundador assumiu a mesma posição que
o Príncipe Shotoku: não é uma reprodução do pensamento budista; baseia-se na
sua própria subjetividade.
A visão de Kannon pregada por ele, ou seja, a visão de Deus segundo a
nossa Igreja, está fundamentada numa interpretação feita através da Inteligência
Divina.
No dia 11 de janeiro de 1935, logo após a instituição da Igreja, o Fundador
dirigiu aos fiéis uma palestra sobre Kanzeon Bossatsu. Ensinou, então, que este é
a encarnação de Deus, tendo ido do Japão para a Índia, onde realizou diversas
providências. No sutra "Kegon", das escrituras budistas, conta-se que Zenzai Doji
(considerado a encarnação anterior de Sakyamuni) foi procurar Kanjizai Bossatsu
no Monte Hodaraka, em busca de seus ensinamentos. Esse Bossatsu, explicou
ele, é a encarnação de Deus que foi do Japão para a Índia.
Na fase em que o budismo, introduzido no país, foi sendo assimilado pela
sociedade japonesa, pregava-se ao povo a teoria sobre a identidade entre Buda e
Deus; segundo essa teoria, ambos possuem a mesma raiz, sendo que Buda é a
figura original, e Deus, a sua manifestação. Entretanto, baseado na Orientação
Divina, o Fundador pregou o contrário, ou seja, que Deus é a figura original, e
Buda, a sua manifestação.
Foi a primeira palestra oficial que ele fez sobre Kanzeon Bossatsu, o qual
atuava em sua pessoa e é o alvo da fé na Dai Nipon Kannon Kai. Desde então,
sempre que tinha oportunidade, nas palavras dirigidas aos fiéis ou nos artigos que
publicava, o Fundador, com uma interpretação completamente diferente dos sutras
"Daijo", posicionou o Kanzeon pregado por ele acima de Amida e não como
acompanhante deste.
Conforme está escrito na oração "Zenguen-Sanji", relembremos
respeitosamente o fato: "Sesson Kanzeon Bossatsu desceu do Céu à Terra,
manifestou-se como Komyo Nyorai e como Oshin Miroku; tornando-se Gusse no
Mikami, ele extermina os três males e as cinco impurezas do mundo, realiza o seu
grande desejo de salvar todas as criaturas, estabelece o Mundo de Eterna Luz e
Gozo. ."
Kanzeon é a encarnação de Deus, Criador do Universo, que, para salvar
a humanidade, desceu até o nível de Bossatsu (divindade incumbida da conversão
e salvação das pessoas e que se situa logo abaixo de Buda). Com o passar e a
mudança dos tempos, transforma-se em Komyo Nyorai e depois em Miroku
Omikami, estado original de Deus, através do qual passa a atuar. Portanto,
Kanzeon Bossatsu, posteriormente Komyo Nyorai, é a própria figura do Criador do
Universo, isto é, do Deus Supremo que se manifesta e atua de acordo com cada
época.
O Kanzeon Bossatsu, que é alvo da fé na Dai Nipon Kannon Kai, não se
limita à concepção budista. Ele não é outro senão o Ente Absoluto, fonte de todas
as divindades, Deus Salvador que deseja vivificar todos os seres. O Fundador
explicou, ainda, a forma como se manifesta a grande virtude de Kanzeon Bossatsu
e como se desenvolve a Providência Divina de salvação, dizendo que, quando o
poder de Kanzeon Bossatsu se irradia através dele, é que se manifesta como o
"Poder Kannon", capaz de salvar as pessoas e o mundo.
Através de um grande número de misteriosas vivências religiosas, o
Fundador conscientizou-se de que esse poder de salvação atuava intensamente na
Bola de Luz localizada em seu ventre, a qual é a fonte do milagroso poder de
salvação manifestado por ele. A esse respeito, ele escreveu: "Dessa Bola,
irradiam-se ondas de Luz infinitamente. E onde se localiza sua fonte? Localiza-se
no poder concretizador da vontade de Kanzeon Bossatsu, no Mundo Espiritual;
dele me é fornecida uma Luz infinita. Esse poder nada mais é que o ‘Poder
Kannon’, também referido como ‘Misterioso Poder da Inteligência Suprema’. Essa
Bola de Luz é a que Nyoirin Kannon também possui ".
O Nyoirin Kannon mencionado pelo Fundador é uma das manifestações
de Kanzeon Bossatsu, cuja forma varia de acordo com a atuação que vai ter.
Consideram-no como o Kannon encarregado de concretizar todos os desejos e
dizem que ele é capaz de atendê-los, de acordo com a sua vontade, graças à
misteriosa Bola de Luz que possui.
Na época, entre as pessoas que tiveram a oportunidade de contatar com o
Fundador, havia algumas que, tendo a faculdade da visão espiritual, enxergavam a
Bola de Luz que estava localizada em seu ventre. Através do poder manifestado
por ela, a Obra Divina ia sendo desenvolvida conforme os desígnios de Deus.

"A Bola de Luz


Que possuo,
A cada dia, a cada mês,
Vai se expandindo,
E um dia envolverá o Mundo. "

AS PUBLICAÇÕES

Desde a instituição da Dai Nipon Kannon Kai, em janeiro de 1935,


começou a publicar um jornal e uma revista periódica. Devido à missão Divina que
recebera de erguer-se, como Luz do Oriente, para a construção do Mundo de Luz,
ele deu ao primeiro o nome "Luz do Oriente", e ao segundo, "Mundo de Luz".
O jornal, publicado pela Editora Toko, foi lançado no dia 23 de
janeiro, e a revista, no dia 4 de fevereiro. Neles, o Fundador esclareceu o objetivo,
o significado e as atividades da Dai Nipon Kannon Kai, indicou os erros da
civilização, lançou aguçadas críticas sociais etc., escrevendo ele mesmo sobre
amplos assuntos. Os fiéis, tendo-os como ponto de apoio para a elevação de sua
fé, empenharam-se bastante em estudá-los. No estatuto da Dai Nipon Kannon Kai,
o Fundador orientou: "Os membros devem, na medida do possível, adquirir e ler os
Ensinamentos, revistas e boletins publicados por esta associação, a fim de polirem
a sua espiritualidade e estarem a par da situação geral das nossas atividades." Ao
mesmo tempo, distribuiu essas publicações de modo que fossem lidos pelo povo
em geral. Na época, as atividades por meio das letras tinham a grande finalidade
de abrir o caminho para a difusão.
Essas publicações deixaram de ser editadas porque, a partir do final de
1935, a Polícia Especial começou a fazer freqüentes visitas à Editora, dando início
a uma intervenção direta das autoridades; em 1936, intensificou-se o movimento
para dissolver a Dai Nipon Kannon Kai, o que tornou difícil a continuação das
atividades religiosas, a começar pelas publicações.

MUDANÇA PARA O JIKAN-SO ("Casa de Jikan")


(outro pseudônimo do mestre)

Após a fundação da Igreja, a atividade de difusão expandiu-se de forma


espantosa. Aproximadamente cento e cinqüenta pessoas estiveram presentes à
cerimônia de instituição. No dia 1º de maio, quatro meses depois, o Fundador
realizou, pela primeira vez, o Culto da Primavera. Dele participaram mais de
duzentas pessoas, que lotaram a Sede Provisória. No dia 1º de cada mês, era
realizado o Culto Mensal. Após o ofício religioso, o Fundador fez uma palestra para
os duzentos e poucos fiéis que estavam ali reunidos e nela mencionou a grande
expansão alcançada pelas suas atividades desde que inaugurara o Ojin-Do. Ele
disse que, assim como havia sido dado um novo passo no mês de maio de 1934,
haveria um grande avanço na Obra Divina dali por diante.
No mesmo mês, o Fundador transferiu sua residência para o Jikan-So. A
partir de então, como se falará mais adiante, o "talismã" usado pelos membros foi
renovado. Em conseqüência, a ministração do Johrei, que até ali só era permitida a
um limitado número de pessoas, passou a ser permitida a qualquer um que
freqüentasse as aulas e recebesse o "talismã" com o poder de salvação. Essa era
uma abertura inédita.
Em abril, o Fundador pedira a Shimizu que lhe procurasse uma casa para
morar, separado do Ojin-Do, o qual se tornara pequeno com o crescimento da
Obra Divina. Dois ou três dias depois, Shimizu achou uma casa muito boa, no
bairro de Koji, quadra 1. Era uma residência assobradada, em que se fundiam os
estilos japonês e ocidental. Tinha quase o mesmo tamanho da antiga sede
provisória de Hanzo-Mon, e o segundo pavimento, onde ficaria o Altar, era bem
amplo dividido em dois compartimentos. As janelas do andar superior estavam
pintadas de preto, e as paredes, de vermelho, de acordo com a moda chinesa; o
andar de baixo seguia o estilo ocidental. A casa era tão graciosa e o Fundador
gostou tanto dela, que logo resolveu alugá-la. Mudou-se para lá no dia 5 de maio,
um ano depois que entrara no Ojin-Do, e deu-lhe o nome "Jikan-So" talvez pelo
desejo de torná-la o ponto focal para o amplo desenvolvimento da Obra Divina de
Kannon a ser efetuado por ele.

A PUBLICAÇÃO DA "APOSTILA DA TERAPIA JAPONESA"

Além das atividades iniciais com a instituição da Dai Nipon Kannon Kai, o
Fundador também se dedicava ao método de tratamento que viera aplicando
desde sua ida para o Ojin-Do, isto é, o "Tratamento Espiritual de Digitopuntura no
Estilo Okada", desenvolvido ativamente como processo de cura por meio do
Espírito Divino. Seus eficazes resultados iam aparecendo com o passar do tempo,
e tornavam-se cada vez mais numerosas as pessoas que buscavam a salvação.
Paralelamente, aumentava o número daqueles que se interessavam pelo princípio
da cura da doença através da Fé e pelos princípios de higiene. Então, depois de
sua mudança para o Jikan-So, o Fundador planejou o estabelecimento e a
sistematização do princípio da cura da doença, o qual ele descobrira por meio do
método de tratamento praticado durante um ano. Mudando o nome desse método
para "Terapia Japonesa", pensou em derrubar, com ele, o extremismo da Ciência,
que pendia exageradamente para o materialismo, e torná-lo a chave para dar início
à Nova Civilização. Com esse propósito, empenhou-se na formação de pessoas
habilitadas na terapia espiritual, fundamentando-se no que escreveu e elaborou de
acordo a Orientação Divina.

"Apostila da Terapia Japonesa" mimeografada

A "Terapia Japonesa", baseada no Espírito Divino do Fundador, recebeu


esse nome por ser um poder espiritual de salvação criado por ele, que é natural do
Japão. Seu conteúdo foi reunido e publicado num livro intitulado "Apostila da
Terapia Japonesa". Esse livro não era impresso. Era uma cópia mimeografada do
texto manuscrito. No início, como proposição, ele escreveu sobre o princípio e o
objetivo do “Tratamento de Digitopuntura no Estilo Okada":
"Esse método de tratamento foi criado por desígnio do Deus Supremo,
que deseja eliminar por completo a doença, o maior dos sofrimentos da
humanidade. Para concretizar esse objetivo, Ele passou a manifestar um grande
poder de perfeita união Deus-Homem através do corpo espiritual de Kannon, Sua
representação, e do corpo material de Jinsai.
Eu recebi Ordem Divina para executar essa grandiosa obra e, desde
então, durante sete anos, em contato com todos os tipos de doentes, vim fazendo
estudos e passando por aprimoramentos. Nesse período, graças à orientação
espiritual de Kanzeon, consegui resultados surpreendentes, jamais imaginados
pela medicina tradicional. Portanto, sob o novo nome de ‘Terapia Japonesa’,
resolvi, agora, iniciar a grandiosa e fundamental providência de salvação da
humanidade.
Esse tratamento pode ser efetuado por qualquer pessoa; uma vez
recebendo a minha permissão, ela conseguirá uma extraordinária capacidade de
cura através do Poder Kannon, que se manifesta através do seu corpo espiritual. "
Depois de publicar esse trabalho, o Fundador iniciou, na sede provisória
da Dai Nipon Kannon Kai, a 4 de junho de 1935, o Curso de Terapia Japonesa,
com base na apostila. Até ali, investido do Poder Kannon de Salvação, adquirido
por orientação espiritual de Kanzeon Bossatsu, o próprio Fundador ocupara-se dos
tratamentos, mas, com o desenvolvimento da Obra Divina, ele planejou a formação
de pessoas que também os praticassem.
Na época inicial da Dai Nipon Kannon Kai, a aplicação do método de
salvação só era permitida a treze diretores. Eles curavam as doenças colocando no
local da enfermidade um papel ou leque chamado "miteshiro" com palavras
escritas pelo Fundador. Assim, na época em que foi fundada a Dai Nipon Kannon
Kai, apenas um limitado número de discípulos tinha permissão para ministrar
Johrei.
Entretanto, captando que, a partir do dia 5 de maio, a Obra Divina
caminhara para uma nova fase, o Fundador resolveu permitir a ministração do
poder de salvação a um grande número de fiéis. Foi para formar elementos
humanos que ele abriu o Curso de Terapia Japonesa, o qual deu origem,
posteriormente, ao Curso Kannon, mencionado mais adiante; o espírito deste
último foi herdado pelo atual Curso de Iniciação.
O Curso de Terapia Japonesa tinha a duração de uma semana, constando
da observação de práticas de Johrei e da leitura completa da apostila. Àqueles que
o concluíam, era atribuída a qualificação de terapeuta. Fazendo-se esse curso e
usando-se o talismã com as palavras "Poder Kannon de Tratamento" escritas pelo
punho do Fundador, era possível manifestar-se infinito poder de salvação. Assim, o
poder do Johrei, até então manifestado através de leques, passou a sê-lo através
de talismãs. Como resultado, o Johrei, que só o Mestre ministrava diretamente,
com as palmas das mãos, foi permitido aos seus discípulos e a um grande número
de fiéis.

"O misterioso Poder Kannon


Salva a humanidade
Através das pessoas. "

No boletim "Dai Nipon Kannon Kai", publicado no dia 11 de novembro de


1935, constam os nomes de cento e uma pessoas que concluíram o curso de
terapeutas até aquela ocasião.

A ELABORAÇÃO DOS TALISMÃS

"Até as letras escritas


A tinta carvão,
Em papel branco,
Emitem Luz
Pelo Poder Kannon. "
“No poder
De cada uma das letras,
Está a misteriosa
Obra Divina que salva
A vida das pessoas. "

Antes mesmo da fundação da Igreja, o Fundador criara um talismã que


servia de protetor para a pessoa. Depois da mudança para o Jikan-So, ele criou
mais dois tipos: um novo talismã protetor e aquele que permitia ministrar Johrei a
outras pessoas e salvá-las.
O primeiro talismã protetor possuía a palavra "Luz", escrita pelo Fundador;
o novo continha as palavras "Luz Intensa" e a imagem do Kannon de Mil Braços,
colocadas num mesmo invólucro, e se usava pendurado ao pescoço. Com esse
talismã não se podia ministrar Johrei, mas, pelo simples fato da pessoa enferma tê-
lo no peito, ela ficava banhada pela Luz de Kannon e pela divina espiritualidade do
Fundador; havia ocasiões em que esse talismã podia ser emprestado a doentes
graves, por exemplo.
O talismã que permitia a ministração de Johrei a terceiros continha as
palavras "Poder Kannon de Tratamento" ou "Poder Kannon de curar doenças",
escritas em sentido vertical. Normalmente, ficava guardado numa caixa feita de
paulóvnia; na hora da ministração do Johrei, que se fazia através das palmas das
mãos, ele era pendurado ao pescoço. Pode-se dizer que esse talismã correspondia
ao atual "Ohikari”; que possibilita qualquer pessoa ministrar Johrei, quando ela se
converte à Fé Messiânica. Entretanto, como já foi dito, ele era outorgado apenas
àqueles que, tendo cursado as aulas para se habilitarem a praticar a cura das
doenças por meio do Espírito Divino recebiam do Fundador a qualificação de
terapeuta.

O CURSO KANNON

Tendo instituído a Dai Nipon Kannon Kai, seguindo a determinação Divina,


o Fundador lançou-se à obra de construção do Paraíso Terrestre. Ele estava
convicto de que o poder de salvação atribuído por Deus e a Verdade ensinada por
Este eram os dois pilares para a concretização desse ideal. A "Apostila da Terapia
Japonesa" explicava da forma mais comprobatória possível o poder de salvação
atribuído por Deus; relacionado com ela, o Curso Kannon esclarecia a Verdade
baseada na Revelação Divina, como, por exemplo, a Providência de Deus, a
verdadeira natureza de Kanzeon Bossatsu, a realidade dos Mundos Divino,
Espiritual e Material e a missão do homem.
O Curso Kannon teve início no dia 15 de julho de 1935. Quatro dias antes, o
Fundador dissera, explicando o seu conteúdo:
"Os ensinamentos da Kannon Kai — embora a palavra "ensinamento" não
seja adequada — são de compreensão muito difícil, devido aos costumes urgentes.
Por isso, vou sistematizá-los e abrir o Curso Kannon.
Explanarei algo que não existe em nenhuma religião ou organização similar. Trata-
se do verdadeiro aspecto da execução do Plano de Deus para o Céu e a Terra.
Vou esclarecer, em todos os sentidos, que Deus construirá o Mundo de Luz por
meio desta Igreja.“
O conteúdo do Curso Kannon, bem como a data e o número de alunos,
era o que consta na tabela abaixo.

DATA CONTEÚDO Nº DE
ALUNOS
15/07/35 - 1ª aula - O objetivo de Deus Supremo e o verdadeiro aspecto 114
da execução do Seu Plano para o Céu e a Terra.
25/07/35 - 2ª aula - A origem da Religião e a vinda do Salvador. 127
05/08/35 - 3ª aula - A verdadeira natureza de Kanzeon Bossatsu. 112
15/08/35 - 4ª aula - A realidade dos Mundos Divino, Espiritual e Material 123 .
25/08/35 - 5ª aula - A essência do Bem e do Mal e a construção do 120
Mundo de Luz.
05/09/35 - 6ª aula - A missão do Japão e dos outros países. 140
15/09/35 - 7a aula - A doença; princípios e métodos infalíveis para se 140
obter à saúde.

Assim, durante três meses, o Fundador ministrou, ele mesmo, o curso


sobre a doutrina da Kannon Kai. Àqueles que assistiram às sete aulas, foi atribuída
a qualificação de "Sendo-shi" (missionário).
Esse curso tornou-se a base da doutrina da Kannon Kai e a maioria
daqueles que concluíram o Curso de Terapia Japonesa também participaram dele
e se tornaram missionários.
No dia 5 de outubro de 1935, encontramos o seguinte poema registrado
no diário do Fundador:

"Na primeira aula


Do segundo curso
Eu também palestrei
Durante cerca de uma hora".

Após o término da sétima aula, no dia 15 de setembro, tivera início o


segundo curso, a partir do qual o Fundador designou sete pessoas — Mitsuo
Massaki, Shinjiro Okaniwa, Shintaro Shimizu, Issai Nakajima, Shiguenori
Matsuhissa, Yoshihiko Kihara e Tomozo Hida — para ministrarem o Curso Kannon
como seus auxiliares. As apostilas acabaram não sendo editadas e por isso cada
participante anotava em seu caderno as aulas do Fundador. O curso posterior foi
ministrado com base nessas anotações.

AS PRESSÕES

INSTITUIÇÃO DA DAI NIPON KENKO KYOKAI (Associação Japonesa de


Saúde)

No dia 26 de fevereiro de 1936, houve, na região de Tóquio, uma nevasca


como não acontecia há trinta anos. Na manhã desse dia, ocorreu um trágico
incidente: mais de mil e quatrocentos militares, entre suboficiais e soldados,
comandados por vinte e dois jovens oficiais, atentaram contra autoridades do
Governo, assassinando o Ministro dos Negócios Internos Makoto Saito, o Ministro
das Finanças Korekiyo Takahashi e o Supervisor Geral de Ensino Jotaro
Watanabe; além disso, feriram gravemente o Chefe de Gabinete Kantaro Suzuki e
depredaram a Polícia Metropolitana e o Jornal Assahi. Por ocasião dessa terrível
ocorrência, o então Primeiro-Ministro Keissuke Okada se salvou, mas, em seu
lugar, foi morto o Secretário de Estado. Esse é o conhecido "Caso 2.26". O grupo
rebelde apoderou-se de todo o bairro de Nagata, no Distrito de Kojimati, onde está
situado o Palácio do Governo e outros prédios governamentais.
Naquela manhã, o Fundador foi à sede de Tóquio da Kannon Kai, que
ficava bem perto do local onde estava reunido o grupo rebelde; entretanto, sentindo
algo de estranho no ar, retornou a Tamagawa antes do almoço. Conta-se que,
quando estava para sair, ele disse ao Responsável: "Hoje, o dia não está muito
bom, por isso deixe a Imagem da Luz Divina guardada no armário. Caso aconteça
alguma coisa, cubra-o com vários ‘tatami’ e esconda-se dentro dele. Os detalhes,
você ficará sabendo depois. . . "
No dia 27, o Fundador escreveu em seu diário:

"Nas proximidades da Sede,


Agruparam-se soldados fardados.
Tudo ficou como se fosse
Em tempo de guerra. "

Os jovens oficiais que lideraram o "Caso 2.26" assim se pronunciaram: "O


nosso país está diante de uma grande crise; no entanto as autoridades
governamentais e os grupos financeiros querendo obter lucros pessoais, não
fazem o mínimo de reflexão. É preciso acabar com isso o quanto antes." Após esse
pronunciamento e com o lema "Respeito à Família Imperial e Fim à Maldade",
deram um golpe de Estado. Entretanto, por trás desse movimento, ocultava-se a
disputa interna existente no Exército. De qualquer maneira, foi um incidente que
teve grande influência na política japonesa. A partir de então, o poder de
pronunciamento do Exército aumentou ainda mais, crescendo a ponto de nada
conseguir controlá-lo.
Na primavera de 1935, o artigo "Tenno Kikan Setsu" ("Teoria
sobre os órgãos governamentais"), escrito por Tatsukiti Minobe, que dava
conferências sobre legislação na Universidade Imperial de Tóquio (atual
Universidade de Tóquio), foi atacado pelos militares e pelos direitistas; no outono
de 1936, foi firmado o "Acordo de Mútua Defesa", entre o Japão e a Alemanha de
Hitler. Esses acontecimentos são representativos da época que se estava vivendo.
Paralelamente, à medida que o militarismo avançava, o controle ideológico foi se
tornando rigoroso, principalmente em relação às entidades religiosas.

A DISSOLUÇÃO DA DAI NIPON KANNON KAI E A "ORDEM DE


PROIBIÇÃO DA PRÁTICA DE TRATAMENTOS"

Logo após a instituição da Dai Nipon Kenko Kyokai, a intervenção das


autoridades tornou-se maior. No diário do Fundador, está registrado que no dia 30
de junho ele recebeu a visita de um indivíduo chamado Shima, da Polícia Especial.
A maior preocupação das autoridades policiais era o rápido crescimento
da Dai Nipon Kannon Kai que, embora ainda fosse uma Igreja pequena, poderia vir
a se tornar, um dia, um estorvo para os planos nacionais. Por isso, ela foi alvo de
diversas intervenções ostensivas por parte das autoridades, cuja intenção era
esmagá-la enquanto ainda estava pequena.
Assim, no dia 1o de julho, menos de um mês e meio após a criação da Dai
Nipon Kenko Kyokai, o Fundador com imenso pesar, viu-se forçado a dissolver, por
iniciativa própria, a Dai Nipon Kannon Kai. O Culto Mensal realizado nesse dia, no
Gyokussen-Kyo, foi o último ofício religioso da instituição. No diário do Fundador,
foi registrado apenas um poema:

"Após a cerimônia
Do Culto Mensal,
Expliquei detalhadamente
O motivo da dissolução
Da Kannon Kai. "

Após dez anos de estudos e buscas, sempre lutando contra censuras e


difamações e levando uma vida instável, ele instituíra a Igreja. Agora, quando
finalmente as atividades começavam a engrenar, com que sentimento a estaria
dissolvendo?
O Fundador já fizera uma previsão muito clara sobre o futuro do Japão.
No dia 17 de janeiro de 1934, aproximadamente um ano antes da fundação da Dai
Nipon Kannon Kai, falara, entre outras coisas, sobre a guerra entre o Japão e o
mundo, que viria a ocorrer. Obviamente, por ser demasiado perigoso fazer uma
afirmativa dessa natureza numa época como aquela, dirigiu-se apenas a um
pequeno grupo, centralizado nos discípulos, que sempre estavam ao seu lado. A
dissolução da Dai Nipon Kannon Kai, com certeza, foi uma providência que ele
tomou com base nessa previsão.
Entretanto, apesar de ser uma época rigorosa, o Fundador não cruzou os
braços pura e simplesmente. Embora tivesse dissolvido pelas suas próprias mãos
a Dai Nipon Kannon Kai como atividade religiosa, colocou todo o seu empenho na
Dai Nipon Kenko Kyokai, que continuava as atividades daquela na forma de
tratamentos. Tendo por marco o dia 6 de julho — pouco depois da dissolução da
Dai Nipon Kannon Kai — iniciou-se, no Gyokussen-Kyo, o "Curso Especial de
Verão", sobre a técnica do tratamento de doenças no Estilo Okada. Esse curso
compunha-se de doze aulas intensivas e foi realizado quase que em dias
alternados. Perante os cinqüenta ou sessenta terapeutas que dele participaram, o
Fundador, encarregando-se de todas as aulas, criticou a medicina ocidental
apontando-lhe os erros.
Entretanto, o controle das autoridades era muito rigoroso e persistente. A
Delegacia de Polícia Metropolitana, alertada para a realização do curso,
repentinamente, sem nenhum aviso prévio, baixou a "Ordem de proibição da
prática de tratamentos", no dia 28 de julho. Essa lei significava a dissolução da
própria Dai Nipon Kenko Kyokai. No diário do Fundador, estão registrados estes
dois poemas:

"Como a tempestade
Que vem após a bonança,
Veio da Delegacia de Policia Metropolitana
A ordem de proibição de tratamentos. "

“Ainda não se sabe


O motivo da ordem.
Fico penalizado
Com a má política
Que faz o povo sofrer "

O CASO "OMIYA"

No dia 4 de agosto de 1936, uma semana depois que o Fundador


recebera aquela ordem, chegou, também de forma repentina, uma intimação da
delegacia de Omiya, no Estado de Saitama. Naquela cidade, havia uma filial da Dai
Nipon Kannon Kai, cujo responsável era Yoshihide Takei. Lá, também existia uma
fábrica, a Tecelagem Katakura, onde trabalhavam mais de mil operárias, algumas
das quais, doentes, ficaram curadas através do Johrei ministrado por ele. Esse fato
causou celeuma, por dizerem que contrariava a Lei da Medicina, e Takei foi
denunciado à polícia. Naturalmente, ele foi detido, e, mais tarde, como Presidente
da Kannon Kai, o Fundador respondeu pela culpa. Aquela intimação também teve
por motivo a foto espiritual tirada por Mitsuo Azuma, a qual foi considerada como
sendo truque de fotografia.
No dia 5, o Fundador respondeu ao interrogatório do chefe do setor de
Polícia Especial e de mais dois policiais da delegacia. Esse interrogatório
caracterizou-se pela parcialidade e brutalidade. Caso as respostas não
correspondessem exatamente aos seus desejos, eles apelavam para a agressão,
puxando os cabelos do Fundador ou ameaçando-o com uma espada de bambu. Na
ocasião, ocorreram fatos estranhos, como por exemplo, a repentina dor de cabeça
sentida pelo policial que o agredira, dor tão forte que o obrigou a sair da sala. Sem
se saber como, permaneceu no recinto apenas o chefe do setor de Polícia
Especial. Este, pouco depois, elaborou o depoimento, escrevendo: "A foto
espiritual não passa de uma foto artística feita por Okada." Como essa afirmativa
contrariava a verdade, o Fundador pensou em protestar, mas, ante o perigo de ser
agredido, não teve outra alternativa a não ser assinar. Assim, o documento foi
parar na Polícia Metropolitana e o seu nome entrou para a lista negra. A esse
respeito, ele disse:
"Com um depoimento falso feito por meios forçados, acabam
transformando um cidadão bom num cidadão mau. Por isso acho que este mundo
é realmente terrível. Através do fato em questão, podemos ver o quanto as
autoridades da época eram tiranas e feudais. A partir daquele momento, por ter
entrado para a lista negra, eu vivia pressionado. Todas as vezes que mudava de
residência, tinha de comunicar à polícia local, que não cessava de exercer
vigilância sobre mim, fazendo tudo para me incriminar. Por isso, além de nada
poder fazer, eu estava sempre preocupado e nem sequer conseguia dormir
tranqüilo, por saber que a qualquer momento poderia ser preso ou ter a minha casa
revistada. Dessa forma, pode-se dizer que, até o fim da Segunda Guerra Mundial,
as novas religiões recebiam o mesmo tratamento que o comunismo.
Em face de tal situação, eu sempre pensava: ‘Embora esteja realizando
ações tão benéficas para a humanidade, sou oprimido desse jeito! Que tristeza!
Entretanto, isso também é um aprimoramento que Deus me dá’. Pensando assim,
reprimia a ira."

"PRIMEIRO CASO TAMAGAWA"

Na delegacia de Omiya, o Fundador foi solto no dia seguinte ao de sua


prisão. Logo em seguida, porém, ele e Shimizu foram novamente intimados, desta
vez pela delegacia de Tamagawa, que, entre outros motivos, os acusava de
atrapalharem os tratamentos médicos. Shimizu foi dispensado no mesmo dia, mas
o Fundador ficou detido do dia 10 ao dia 20 de agosto, para investigações. A
principal razão alegada — atrapalhar os tratamentos médicos — não passava de
um pretexto. O verdadeiro motivo da intimação era investigar a relação entre a
Kannon Kai e a Omoto. O Gyokussen-Kyo foi revistado, sendo apreendidos não
apenas os livros, mas tudo que se relacionava às duas entidades. Esse
acontecimento recebeu o nome de "Primeiro Caso Tamagawa".
No Gyokussen-Kyo, a casa, que ficara na maior desordem após a revista,
foi arrumada pelos familiares do Fundador. Entretanto, os quadros que estavam na
sala de estar e na sala de visitas e os quadros caligrafados por ele foram todos
apreendidos; desde os guarda-louças até o guarda-roupa, todos os objetos foram
revistados um a um. Os documentos e todas as outras coisas que se relacionavam
a Omoto foram colocados numa carroça relativamente grande e levados, como
provas, até a delegacia, que ficava a uma distância irrisória dali.
Logo depois que, por iniciativa própria, dissolveu a Dai Nipon Kannon Kai,
o Fundador recebeu a notificação da proibição da prática de tratamentos, ficando,
assim, com as suas rendas totalmente cortadas. As sucessivas dívidas que
acumulara desde 1919 ainda estavam sendo pagas e ele tinha muitos dedicantes
para sustentar, de modo que o futuro se apresentava sombrio. Sem alternativa
vendeu o Shofu-So, onde funcionava a Filial Omori, empregando nas despesas
diárias os 6 mil ienes que recebeu.
Os demais terapeutas também estavam na mesma situação. Nada podiam
fazer abertamente. A única exceção era Takeuti, de Morioka, que, aproveitando-se
de sua posição de médico e sob o nome "Tratamento de Digitopuntura no Estilo
Takeuti", instalou em sua casa uma clínica de tratamento pela "Terapia Japonesa",
podendo desenvolver intensas atividades. Como já foi mencionado, ele expandiu o
Johrei com a ajuda dos terapeutas de Tóquio, que receberam excelente formação
do Fundador. As pessoas enviadas para auxiliá-lo, mais tarde se dispersaram
pelas diversas regiões do nordeste do Japão e foram ampliando o círculo da
salvação através do Johrei.

A OBRA DIVINA SOB PRESSÃO

A KANNON HYAPUKU KAI (Associação dos Cem Kannon) E O FUJIMI-TEI


(Solar de Contemplação do Monte Fuji)

A partir de agosto de 1936, o Gyokussen-Kyo teve o seu nome mudado para


Hozan-So (Solar da Montanha Preciosa). Por trás desse fato percebe-se a intenção
de eliminar o aspecto religioso da instituição até mesmo no que se refere ao nome
da sede. Entretanto, sem outra alternativa, ia-se caminhando para a Segunda
Guerra Mundial. Até maio de 1944, período agitado em que o obscuro mundo
entrava num clima turbulento de guerra, o Solar da Montanha Preciosa continuou
sendo, para os fiéis existentes nos vários pontos do país, o lugar da esperança, a
fonte de alegria, tornando-se o baluarte de seus corações, como a única luz a
iluminar o mundo de trevas em que estavam vivendo.
Em setembro de 1936, pouco depois do "Caso Omiya", foi instituída, no Solar da
Montanha Preciosa, uma associação com o nome de Kannon Hyapuku Kai. No seu
estatuto, consta o seguinte:
"Por serem as imagens de Kannon, pintadas com o máximo cuidado pelo
Fundador, diferentes das imagens pintadas pelos artistas e possuírem uma
elegância altiva e delicada, não encontrada na atualidade, ele recebeu muitos
pedidos, mas, infelizmente, até o momento não foi possível atendê-los; fato
inevitável, porque o Mestre não dispunha de tempo.
Agora, tendo conseguido tempo disponível, o Fundador irá se empenhar na
confecção de cem imagens de Kannon, desejo que vem acalentando há longos
anos. Tratando-se de obras confeccionadas com todo o amor, nem é preciso falar
sobre a excelência de suas qualidades, devendo ser preservadas para as gerações
futuras como tesouro de família. Acreditamos que uma oportunidade como esta
jamais se repetirá. Portanto, façam o seu pedido o quanto antes."
As imagens de Kannon foram desenhadas em papéis de aproximadamente 45 ou
67 cm de largura, e foram vendidas a 50 ienes cada uma. Hoje, restam-nos pouco
mais de dez, entre as quais a de Itiyo Kannon, Dharma Kannon e Narihira Kannon,
todas elas possuidoras de muita delicadeza, harmonia e elegância, qualidades que,
somadas ao colorido suave e às linhas expansivas e belas, transportam aqueles
que apreciam essas imagens ao estado de máxima felicidade.
A Kannon Hyapuku Kai foi um meio do qual se valeu o Fundador, que tivera as
suas atividades interrompidas, para, através da pintura de obras de arte, outorgar
imagens de Kannon. Como o seu nome indica, estava prevista a distribuição de
cem imagens. (N.T.: O ideograma “hyaku”, que compõe a palavra “Hyapuku”,
significa “cem”)
Nesse período logo após os acontecimentos de Omiya e Tamagawa, muitos fiéis
vacilavam, e a distribuição não podia ser feita conforme se desejava. Entretanto,
havia pessoas convictas que continuaram ao lado do Fundador e receberam as
imagens coloridas, de elevado teor artístico, como objeto de fé. Assim, não
obstante a época rigorosa, as imagens de Kannon pintadas por ele com todo amor
serviam de apoio e davam grande força e esperança às pessoas, que não se
cansavam de venerar o Mestre, sem se importar com o perigo que corriam.
Mas voltemos ao período que antecedeu a pressão ocorrida em 1936.
O número de dedicantes aumentava, assim como também era cada dia maior o
número de pessoas que vinham em busca do Johrei; além disso, muitos doentes
se hospedavam no Hozan-So, que já estava se tornando pequeno demais. Então,
o Fundador teve a idéia de construir uma moradia particular. Tendo resolvido
edificá-la na parte sudoeste do Hozan-So, chamou um carpinteiro e deu-lhe a
instrução. Logo depois, por causa da pressão que sofreu, ele ficou em dificuldades
financeiras, mas, graças à ajuda de Rei, tia e mãe de criação de Yoshi, a obra foi
iniciada no dia 5 de julho, ficando concluída três meses depois, nos meados de
outubro.
A nova residência tinha aproximadamente três compartimentos "hall" de entrada e
cozinha. Era uma casa bem pequena, mas foi construída voltada para o oeste, de
modo que, de seu interior, se pudesse ver o Monte Fuji; por essa razão, recebeu o
nome de Fujimi-Tei, ou seja, o Solar da Contemplação do Monte Fuji. No dia 15 de
outubro, encontramos o seguinte poema registrado no diário do Fundador:

"A partir de hoje


Passamos a morar
No Fujimi-Tei.
O final do dia
foi muito atarefado".

Desde que fundara a Igreja, por diversas vezes, o Fundador havia reformado e
ampliado casas, mas aquela era a primeira que ele construía. Além do mais, na
época do Hozan-So, em que se edificaram os alicerces da Igreja, o Fujimi-Tei foi o
lugar onde ele viveu durante quase dez anos.
Valorizando o silêncio que ali reinava, o Fundador passou a fazer, nessa casa, as
caligrafias a pincel e a escrever os Ensinamentos. Sob a rigorosa vigilância das
autoridades, o Fujimi-Tei adquiriu um importante significado na Obra Divina, por
sua localização nos fundos do terreno, o que o transformava num ótimo lugar para
as conversas com os discípulos.
Pensando agora, acho estranho que Meishu-Sama (o segundo nome de é de
respeito do fundador), a quem agradavam os ambientes alegres e claros, tenha
deixado aquele lugar quase como era, sem modificá-lo muito. Fico imaginando que
talvez ele o tenha deixado assim porque Nidai-Sama (nome de respeito de Yoshi)
gostava das coisas ao natural e ele não tivera outra alternativa diante da sua
relutância um tanto persistente.
O Fundador, que, possuindo aguçada sensibilidade religiosa, compenetrava-se na
paisagem natural e sentia-se totalmente envolvido em sua atmosfera de silêncio e
tranqüilidade, viria, mais tarde, a transformar em Solo Sagrado um lugar pitoresco,
muito mais próximo do Fuji, que dali podia ser apreciado entre tantos outros
aspectos da natureza. Podemos dizer que sua afinidade com esse monte sagrado
já começava a nascer em seu íntimo naquela época.

O REINÍCIO DAS ATIVIDADES DE TRATAMENTO

No outono de 1936, o médico Keijiro Takeuti, que, tendo voltado para


Morioka, sua terra natal, colaborava com a Obra Divina, apresentou a Otomatsu
Araya o General de Exército Saburo Yassumi, o qual Ihe pedira para curar a
doença de sua filha. Araya, sentindo que havia algum mistério no fato de uma
pessoa tão importante vir em busca de auxílio, disse-lhe que fosse procurar o
Fundador. Yassumi imediatamente foi ao Hozan-So com a esposa e a filha. A partir
do dia seguinte, a menina, acompanhada da mãe, passou a ir lá diariamente, e seu
estado de saúde foi melhorando pouco a pouco.
Entretanto, o caso chegou ao conhecimento da polícia, e a senhora
Yassumi teve de fazer um relatório por escrito. O marido, que presenciava a
melhora gradativa da criança, ficou indignado e, recorrendo à Secretaria de Saúde
do Ministério dos Negócios Internos, ao Superintendente Geral da Polícia
Metropolitana e a outras autoridades, empenhou-se intensamente em anular a
ordem de proibição de tratamento recebida pelo Fundador. No dia 22 de outubro de
1937, graças também à ajuda de Tago Itimin, amigo de Yassumi, que tempos
depois se tornou Ministro da Agricultura, essa ordem foi anulada.

"Finalmente,
Passado pouco mais de um ano,
A longa proibição de tratamento
Foi anulada. "

Assim, depois de um ano e três meses, o Fundador pôde praticar


livremente os tratamentos. Entretanto, talvez para determinar os meios de controle,
a polícia exigiu-lhe que se definisse entre a religião e o tratamento. Decidido a
prosseguir com este último, ele reiniciou suas atividades sob o nome de
"Tratamento de Digitopuntura no Estilo Okada". Na ocasião, quase todos os
membros da Dai Nipon Kannon Kai estavam afastados, e por isso podemos dizer
que ele partiu da estaca zero.
Liberada a prática de tratamento, o Fundador esforçava-se ao máximo
para recuperar o espaço de um ano e três meses que ficara em branco.
Quando foram iniciados os tratamentos, em 1937, iam receber Johrei
aproximadamente dez pessoas por dia; em 1938, esse número elevou-se a cerca
de vinte e foi aumentando cada vez mais, de modo que, no final do ano, já eram
trinta ou quarenta pessoas. Entre elas, muitas receberam Johrei do Fundador,
vivenciaram milagres e a ele se ligaram por um forte elo espiritual.
Diversos milagres foram vivenciados por Meishu Sama: a filha mais velha
de um pintor estava com problema no fêmur e deveria amputar a perna. A menina
foi levada na presença dele, aproximando a palma de sua mão da criança que
estava de pé diante dele, ficou de olhos semicerrados, prendendo a respiração por
alguns segundos, e, como que em prece, ministrou-lhe Johrei durante
aproximadamente dois minutos. Iwamatsu, tocado por sua inexprimível dignidade,
ficou aguardando ao lado, com grande respeito. Ouvindo o Fundador dizer:
"Pronto, ela já está curada; não precisa vir aqui outra vez", ele caiu em si e,
instintivamente, fez uma profunda reverência com a cabeça; mas no íntimo, pela
rapidez com que tudo se processara, duvidou do que acabava de escutar. Como,
porém, as crianças são espontâneas, a menina, que viera carregada, pois não
podia pisar no chão, de tanta dor, saiu da sala antes do pai, de cujo pensamento
ela nem sequer desconfiava, e foi correndo para a rua.
Um prognóstico também feito pelo fundador, em 1940, foi dele dizer que o
Japão e a Alemanha se desentenderiam com os Estados Unidos e esse
desentendimento resultará em Guerra.
Outro milagre: Uma senhora, carregando nos braços uma criança
pequena, foi procurar o Fundador no maior desespero. Era Naoko Hiramoto. A
criança, chamada Tiyoko, era sua filha mais velha, de três anos de idade; desde
aquela manhã, vomitava seguidamente, tendo começado a agonizar. Com a
intuição de que se tratava de cólera infantil, Hiramoto pegou a menina às pressas,
de pijama mesmo, e foi correndo até o Hozan-So. Como seu filho mais velho,
atacado de meningite, havia sido salvo pelo Fundador, ela achou que só a este
poderia recorrer.
A criança estava como morta: os olhos cerrados, o corpo gelado e a
respiração quase imperceptível. Percebendo a gravidade do caso num relance de
olhos, o Fundador disse: "Não é aqui que deveria trazê-la". Desesperada, Hiramoto
gritou: "O senhor não me falou que viesse a qualquer hora, quando estivesse em
apuros?" E colocou a menina diante dele. Compreendendo que a senhora estava
muito nervosa, o Fundador não a recriminou. Tirou rapidamente o "haori"
(vestimenta que corresponde ao paletó) e, calado, estendeu as mãos em direção
da criança, que estava prostrada. Depois, deixou um dos braços de fora do
quimono e, concentrando-se mais, continuou a ministrar Johrei. Dizem que ele
ficou assim durante mais ou menos vinte minutos. Ao fim desse tempo, a menina
abriu os olhos e balbuciou: "Mamãe, mamãe"; em seguida, levantou-se e, sorrindo,
abraçou sua mãe. Hiramoto, muito contente, pôs-se a chorar em voz alta. O
Fundador, que também ficou muito feliz, comentou: "Eu ficaria em má situação se
essa criança morresse aqui, sabe? Se a senhora tivesse demorado um pouco
mais, teria sido tarde", dizendo isso, deu uma tragada gostosa no cigarro.
Como mencionamos anteriormente, Hiramoto tornou-se membro naquele
mesmo mês. Um vizinho seu, que ficou sabendo do milagre que lhe acontecera,
começou a receber Johrei com ela e também recebeu um grande milagre. Daí por
diante, todos os dias, Hiramoto ministrava Johrei num grande número de pessoas.
No dia 23 de novembro daquele ano, quando Hiramoto chegou ao Hozan-
So, o Fundador, sem nenhum motivo aparente, lhe disse: "Eu vou parar de
ministrar Johrei. De agora em diante vocês é que irão fazê-lo. Por isso, venham
aqui todos os dias. Vou ensinar-lhes muitas coisas". No dia 28, ele foi preso pela
delegacia de Tamagawa, por suspeita de estar infringindo as leis da medicina.
Vemos, pois, que, cinco dias antes do fato acontecer, o Mestre já previra a
intervenção das autoridades policiais.
Hiramoto abraçou a carreira sacerdotal em abril de 1941. Na ocasião,
perguntando ao Fundador com que sentimento se deveria fazer difusão, ele lhe
ensinou três pontos: "Salve as pessoas esquecendo-se de dormir e de comer";
"Gratidão é para se ter e não para se fazer às pessoas terem"; "Tudo deve ser
feito em conjunto comigo". A partir daí, Hiramoto entregou-se completamente à
difusão, tendo essas palavras como credo.
Assim, entre as pessoas salvas pelo Fundador, ia aumentando, com o
tempo, o número daqueles que decidiam seguir a carreira sacerdotal. Eram
pessoas desejosas de salvar outras ministrando-lhes a maravilhosa Força Divina,
para retribuir, ainda que em pequena parcela, o grande benefício que haviam
recebido. Embora fosse permitido praticar o Johrei como tratamento popular, todas
elas estavam na mesma situação do Fundador. A vigilância e o controle da polícia
continuavam rigorosos, e a difusão era feita dentro de um clima de tensão, pois as
pessoas sabiam que, a qualquer momento, poderiam ser presas.
Entre o verão e o outono de 1940, o Johrei chegou ao auge como
tratamento milagroso. Inoue, encarregado da recepção, entregava às pessoas um
cartão numerado, e elas ficavam esperando pela sua vez. Primeiramente, recebiam
Johrei de um dos discípulos e, depois, do próprio Fundador. Este não fazia
discriminação entre as pessoas que atendia; tratava a todas igualmente, e não de
acordo com sua posição ou condição social. Dizem que por isso ele granjeava o
respeito e a admiração de todo mundo. Podemos afirmar que essa sua
característica e o calor com que ele envolvia aqueles que o rodeavam, contribuíram
grandemente para a expansão da Igreja.
Nessa época, o Fundador costumava acordar por volta das sete horas e,
depois do desjejum, pegava a tesoura e andava pelo jardim, apanhando flores e
galhos. De sua casa, dirigia-se para a sala de Johrei, que ficava em outro prédio, e
fazia uma vivificação floral no "toko-no-ma", onde estava a Imagem de Kannon. Em
seguida, começava a ministrar Johrei. Não almoçava; às quinze horas, tomava um
lanche que constava apenas de doce e chá. Terminado o Johrei, por volta de
dezoito e trinta ou dezenove horas, tomava banho e jantava. Às vinte e duas horas
mais ou menos começava a caligrafar a palavra "Komyo" ("Luz Intensa") e a
confeccionar os "ohineri" (pequena folha de papel de seda onde o fundador pintava
ou escrevia e depois dobrava).
Exatamente nessa época o Japão caminhava às cegas para a Segunda
Guerra Mundial. Em setembro de 1940, organizaram-se os chamados "Tonari
Gumi" (Grupo de Vizinhos), formando-se assim um sistema através do qual as
autoridades poderiam ter controle sobre toda a sociedade.
A partir do momento em que os policiais passaram a ir com freqüência ao
Hozan-So, começou a diminuir o número de pessoas que procuravam o Fundador.
Havia muitos dias em que, à tarde, não aparecia ninguém; mesmo assim, na
solitária sala de Johrei, ele continuava sentado até o anoitecer. Através dessa
atitude, podemos entender o sentimento do Mestre, que nada podia fazer contra as
persistentes pressões.
Dois meses mais tarde, no dia 28 de novembro, dois policiais
apareceram repentinamente no Hozan-So e intimaram o Fundador a acompanhá-
los. Chegando à delegacia de Tamagawa, disseram-lhe apenas: "Você infringiu as
leis da Medicina, não foi?", e colocaram-no atrás das grades. Passados três dias, o
investigador começou os interrogatórios, dizendo: "Você se lembra de ter falado a
um doente que ele ficaria curado sem precisar ir ao médico, não lembra?" Pelo seu
jeito, estava evidente que, desde o início, ele tinha a intenção de induzir o
Fundador a reconhecer a infração de que o acusavam. Diante da resposta positiva,
o investigador falou: "Suas palavras mostram uma total infração às leis da
Medicina". O Fundador havia contado os fatos tal qual se haviam passado, e
estava tranqüilo, porque qualquer terapeuta diria a um cliente palavras
semelhantes. Então, o investigador prosseguiu: "Aos pequenos infratores nós
perdoamos, mas aqueles como você, que agem abertamente, nós consideramos
elementos nocivos à sociedade e não podemos deixar que continuem
prejudicando-a." Pela atitude do investigador, o Fundador previu que seria proibido
de exercer suas atividades. Assim, antecipando a jogada, declarou, de livre e
espontânea vontade: "Se, por causa disso, eu for processado pelo crime de
infringir as leis da Medicina, ser-me-á totalmente impossível continuar com o meu
trabalho. Por isso, a partir de hoje vou abandoná-lo."
Pouco dias depois, talvez indignado por ter sido passado para trás, o
delegado intimou o Fundador a comparecer novamente à delegacia e mandou que
ele fizesse esta promessa por escrito: "Pelo resto de minha vida, jamais voltarei a
praticar a terapia". Reprimindo toda a sua indignação, o Fundador entregou, no dia
24 de dezembro, o pedido e a promessa de extinção de suas atividades.
Entretanto, isso não significou o fim das pressões e intervenções da
polícia. Era freqüente um policial ficar vigiando do lado de fora da cerca da casa.
Por isso, os discípulos que se reuniam com o Fundador, tomavam cuidado para
não irritar as autoridades, evitando, por exemplo, irem à sua casa em grande
número, para não dar muito na vista. Mas, mesmo assim, as suspeitas persistiam.
Mas a vigilância da polícia não se limitava ao Hozan-So. Em volta dos
discípulos do Fundador, que continuavam a agir como terapeutas de digitopuntura,
e das clínicas de tratamento, a mesma rede era alçada, com menor ou maior
intensidade. Os policiais, vestidos à paisana, ficavam por perto e, parando as
pessoas que saíam depois de terem recebido Johrei, interrogavam-nas; se
encontrassem a mínima brecha, intimavam o terapeuta a comparecer à delegacia e
o submetiam a interrogatórios.
Sabedores de que o Fundador fora preso e declarara extintas as suas
atividades, seus discípulos, que nele depositavam absoluta fé e por ele se
esforçavam dia e noite, suportando também as rigorosas pressões das
autoridades, ficaram profundamente abalados e inseguros. Desejando certificar-se
da segurança do Mestre com os seus próprios olhos, para se tranqüilizarem, e
querendo, além disso, receber as diretrizes para o futuro, eles dominaram a
vacilação que facilmente ocorre nessas situações e reuniram-se no Hozan-So, no
dia 1º de dezembro de 1940, dia seguinte àquele em que o Fundador foi posto em
liberdade pela delegacia de Tamagawa.
Com uma voz que não parecia de alguém submetido a interrogatórios até
a véspera, o Fundador declarou que, a partir do dia 1º de dezembro, não mais
exerceria a terapia, deixando a linha de frente dos trabalhos ao encargo deles.
Explicou-lhes, também, o significado daquela ocorrência, sobre a qual, mais tarde,
escreveu: "Espiritualmente, significava que eu havia subido mais um degrau, e por
isso, no íntimo, fiquei contente. Em verdade, até então, o meu trabalho estava
limitado ao tratamento; em outros termos, era trabalho corporal, como o de um
soldado na frente de batalha".
Ouvindo as palavras do Mestre, dissiparam-se as nuvens que seus
discípulos tinham no coração, pois eles compreenderam que as pressões, ao invés
de uma catástrofe, eram, na realidade, a Providência dos Céus para elevar a Obra
Divina a uma nova fase. Todos os presentes ficaram apreensivos ante a grandeza
da missão que estavam recebendo, mas renovaram a decisão de cumpri-la.
O Fundador gozava de grande fama entre as pessoas influentes, de modo
que, embora ele tivesse entregado o pedido de extinção de atividades, políticos,
empresários, militares e pessoas de suas famílias continuavam indo ao Hozan-So
em busca de Johrei. Entre essas pessoas, estava, por exemplo, a esposa do
Almirante Nobumassa Suetsugu, além da esposa de Fumio Goto, a qual
mencionamos anteriormente. Não podendo atendê-las, por estar proibido de
exercer a terapia, o Fundador desculpava-se, dizendo: "No momento, minhas
atividades estão suspensas e, por isso, não posso fazer tratamentos. Se quiserem
mesmo que eu faça, obtenham a permissão da Polícia Metropolitana e eu as
atenderei a qualquer hora". Então, essas pessoas se dirigiram àquele órgão, e
como elas eram muito influentes, seus pedidos não puderam ser recusados.
Depois de muitos apuros, foi comunicado ao Fundador que entregasse o "Pedido
de Prática de Tratamento". Isso aconteceu em 1941. Assim, ele passou a ministrar
Johrei, mas a um limitado número de pessoas.
Desde então, até o fim da Segunda Guerra Mundial, entre aqueles que
procuraram o Fundador e dele receberam Johrei, figuram as seguintes pessoas: o
ex-Ministro da Educação Hatissaburo Hirao; Hideo Hiraide, que, na época, era
Capitão da Marinha e se tornou muito famoso como porta-voz do quartel general
do Exército Japonês; Koiti Kawakami, Presidente do Banco Nihon Kogyo; Riken,
Rigu e outros membros da família real da Coréia. Todos eles eram pessoas muito
importantes naquela época.

OS MILAGROSOS QUADROS DE CALIGRAFIA

Durante vários anos, desde a fundação da Igreja, o Fundador servira de


modelo para a difusão; mas agora, finalmente, já começavam a se formar muitos
discípulos que, assimilando os seus Ensinamentos, conseguiam difundi-los.
Exatamente na época em que foi se organizando esse sistema, ele deixou a linha
de frente da difusão e entregou aos seus discípulos as tarefas que vinha realizando
sozinho, como, por exemplo, a ministração das aulas e a outorga dos talismãs.
Passou, então, a se dedicar à caligrafia e à formação de terapeutas.
A partir daí Nakajima, Shibui e os demais discípulos outorgavam o talismã
às pessoas que vinham em busca da salvação e, em seguida, encaminhavam-nas
ao Hozan-So, para fazerem a entrevista com o Mestre.
O talismã da época era uma folha de papel onde estava escrita, em
sentido horizontal, a palavra "KOMYO", caligrafada pelo próprio Fundador;
entretanto, para evitar aborrecimentos com a polícia, ele não era entregue com
essa denominação, e sim, como "lembrança".
O Fundador, que deixara de ministrar Johrei, passou a dedicar a maior
parte de seu tempo às caligrafias no Fujimi-Tei, onde, nas tardes de verão, batia
um sol tão forte que suas costas ficavam cobertas de suor. Até ali, ele só realizava
esse trabalho à noite, mas nessa época, pegava no pincel a qualquer hora. As
caligrafias que fez então, e as imagens que pintou, somaram um número bastante
elevado.

SOB A FORMA DE "CONFRATERNIZAÇÃO"

No dia 23 de dezembro de 1940, o Fundador completou cinqüenta e oito


anos. Em seu diário, datado desse dia, consta o seguinte registro: "Sendo dia do
meu aniversário, fomos comemorá-lo no Restaurante Nihon, em Higashi Nakano.
Além de mim e de Yoshi, havia mais vinte e cinco pessoas. Após o jantar
comemorativo do novo sistema, cantamos e compusemos ‘kanku’ humorísticos, e
as vozes de alegria se tornaram fortes".
Como podemos ver por esse registro, o Fundador denominou "novo
sistema" a modificação que fizera, deixando a linha de frente da difusão e
permitindo a seus discípulos a outorga do talismã. Ele a encarou de forma positiva,
de modo que o seu jantar de aniversário teve, na verdade, o objetivo de
comemorar o início do novo sistema. Pelas suas palavras, vemos que, embora
controlando suas ações por causa da pressão das autoridades, ele tinha, no íntimo,
um entusiasmo muito grande; nessas palavras, não se percebe o mínimo de
tristeza.
A partir desse jantar, as orientações, que eram efetuadas na casa do
Fundador, reunindo os representantes dos membros, passaram a ser feitas através
de jantares promovidos pelos principais discípulos. Ele incumbira Issai Nakajima de
promover esse primeiro jantar comemorativo. Nakajima, muito contente, logo
iniciara os preparativos, começando pela procura de um local. O Fundador decidiu-
se pelo Restaurante Nihon, situado em Higashi Nakano, no Distrito de Shinjuku.
Naquele dia, fez muito frio, mas o céu estava límpido e azul; um dia muito
agradável.
Às dezessete horas, quando o Fundador se sentou à mesa, Nakajima fez
a saudação como representante de todos; depois do brinde, o Mestre deu uma
explicação simples sobre o significado daquela comemoração. Em seguida, foram
apresentados por Motokiti Inoue os vinte e sete poemas que o Fundador
compusera especialmente para aquele dia. Neles, estavam expressos os mais
diversos sentimentos que afluíam ao seu coração naquela época, como, por
exemplo, a ira em relação às autoridades policiais, que atrapalhavam
persistentemente a Obra Divina de salvação das pessoas e do mundo; por outro
lado, ele também expressou o seu desejo de ver esse fato com amplitude, de um
plano bem mais elevado, e, ainda, as suas esperanças em relação à época de
atividades que haveria de chegar.

"Estando num mundo


Onde o Bem é visto como Mal,
O que posso fazer?
Vejo-me de mãos atadas."

“Em todas as épocas,


As pessoas sinceras
Que se dedicam ao bem da sociedade,
Percorrem caminhos espinhosos."

O sobre-humano poder ocultando,


Velo silenciosamente
Por este mundo
Que vai se degradando."

“O país se preocupa
Em construir um novo mundo,
E as pessoas sofrem
Sem saber o que é servir”

“Vendo Luz
No caminho que sigo,
Em meu íntimo aflora
A fonte da esperança"
ATIVIDADES DE SALVAÇÃO EM FORMA PROVISÓRIA

Após o "Segundo Caso Tamagawa", ocorrido em 1940, Nakajima, Shibui,


Kihara, Sakai, Araya e mais alguns diretores receberam permissão de ministrar as
aulas e outorgar o talismã, o que até então era feito pelo Fundador. Sakai fazia
difusão em Tóquio; Kihara, em Kyushu; Araya, em Itino-Seki, no Estado de Iwate;
Nakajima e Shibui conseguiram encaminhar pessoas de diversas partes do país,
dentre as quais surgiram muitos elementos que contribuíram para o crescimento da
Igreja.
Os discípulos iam três vezes por mês ao encontro do Fundador, cada qual
em dias determinados, para fazer-lhes os relatórios rotineiros e receber diretrizes e
orientações. Através do seu trabalho, as imagens de Kannon, os quadros com
caligrafias e os talismãs chegaram a todos os cantos do país e também à Coréia,
Formosa e Manchúria (região situada a nordeste da atual República da China), que
eram territórios japoneses na época, e até à China, salvando muitas pessoas.
Obviamente, o trabalho não assumia nenhum aspecto religioso, e como tudo era
realizado sob o nome de "terapia", cada um fazia individualmente o pedido para
exercício dessa atividade em seu próprio nome, como por exemplo: "Clínica
Terapêutica de Digitopuntura no Estilo Nakajima", "Clínica Terapêutica de
Digitopuntura no Estilo Shibui" etc., desenvolvendo as atividades sob o nome de
terapeutas.
Entretanto, por trás dessa prosperidade, havia o sofrimento inexprimível
dos discípulos, pois, apesar de tomarem o máximo de cuidado, estavam
constantemente sob o perigo de serem presos pela polícia. As autoridades, talvez
para mostrar jamais terem reconhecido oficialmente que eles continuassem a Obra
Divina na forma de terapia popular, constantemente arranjavam algum pretexto e
os detinham na delegacia. Nas aulas e nos locais onde se ministrava Johrei, às
vezes, havia um policial vigiando e, se o encarregado do curso, sem querer, tocava
em assuntos religiosos, não conseguindo reprimir o seu entusiasmo pela Fé, ele o
advertia: "Orador! Cuidado!"
Estava-se, portanto, numa situação que se assemelhava a caminhar em
cima de giletes; apesar disso, as atividades da Obra Divina continuaram a serem
desenvolvidas com muita persistência. Através da fé dos discípulos, firmemente
decididos a darem a vida pelo Fundador, se preciso fosse, seu ardente desejo de
salvação do homem e do mundo foi se expandindo amplamente.
Há bastante tempo o Fundador incentivava os fiéis a se refugiarem e, no
início de 1944, ele próprio também começou a procurar outro local para morar.
Naturalmente, não se tratava de simples refúgio. Havia uma razão de profundo
significado na Obra Divina para o Fundador querer afastar-se de Tóquio: procurar
um lugar que se tornaria a base das suas atividades, preparando-se para a
expansão da Obra Divina. Podemos constatar isso pelas palavras que ele disse,
nessa época, a uma pessoa relacionada com o assunto: "Quero um pavilhão para
expandir as Verdades que prego."
Os lugares que o Fundador teve em vista desde o início, para serem a
sede da Obra Divina, foram Hakone e Atami, cidades pelas quais ele sentia uma
grande atração desde jovem. Amou-as como a nenhuma outra, tendo-as visitado
diversas vezes. Por dois anos consecutivos, em 1941 e 1942, fez uma viagem de
dois dias a essas localidades.
Além de Hakone e Atami terem uma paisagem pitoresca e serem
excelentes pontos turísticos, devemos atentar, ainda, para o fato de que, desde os
tempos antigos, essas duas cidades possuem algo que as diferencia de outras: são
locais sagrados. Isto está esquecido pela maioria dos japoneses, mas,
pesquisando o passado, encontramos ocorrência de sentido extremamente
misterioso.
A "pequena ilha do alto-mar", que se tornou conhecida através de um
poema de Sanetomo Minamoto, general da Era Kamakura — "Vencendo o
caminho de Hakone, vejo a praia de Izu e as ondas batendo na pequena ilha do
alto-mar" — é a Ilha Hatsu, situada não muito longe da Baía de Atami. Olhando
dessa ilha, na direção do continente, avistamos o Santuário Messiânico e o Templo
Messiânico, erigidos no Solo Sagrado de Atami e voltados para o leste, de modo a
receberem de frente a luz do Sol, que nasce na Baía de Sagami.
No seguimento dessa linha vinda do leste, encontra-se a
Montanha Higane (conhecida também pelo nome de Pico Jikoku), de onde é
possível divisar-se os dez estados da região leste, na antiga divisão geográfica, e
as ilhas de Izu. O nome "Higane" é uma corruptela de "hikari" (luz). Literalmente,
significa "dia dourado", mas seu sentido conotativo é "Hi-ga-Mine" (pico do fogo).
As expressões "Izu-no-Takane" (alto pico de Izu), que encontramos na obra
"Manyo-shu, da Era Nara (645 - 794), e "Hikari-ga-Mine" (pico da luz), que aparece
em "Azuma Kagami", da Era Kamakura (1192 - 1333), referem-se a essa
montanha.
No pico da Montanha Higane, há um santuário onde se cultua
Homussubi-no-Mikoto, o deus do fogo. Ele está registrado na lista de santuários
constante nas "Normas de Procedimento em Cerimoniais", e daí se pode concluir
sua importância. No registro chamado "Kamakura Jiki", consta que, na Montanha
Higane, foi cultuado Ninigui-no-Mikoto, um deus bravo, neto de Amaterassu-
Omikami. A leste, localiza-se a Montanha Iwato, cujo nome se relaciona a "Amano-
Iwato" (portal dos céus), local situado em "Taka-amahara" (campo dos altos céus),
onde Amaterassu-Omikami se ocultou por uns tempos. Assim, pelos deuses
relacionados a essa região desde os tempos antigos, podemos entender o
significado misterioso dos locais situados nas proximidades da Montanha Higane.
Antigamente, a Península de Izu era denominada Província de Izu. Izu é
uma palavra que tem o mesmo sentido de "itsuku" (limpar as impurezas do corpo e
da alma e cultuar Deus). A antiga Província de Izu era considerada como "região
sagrada onde está o assento de Deus". Por trás dela, ergue-se o sagrado Monte
Fuji.
Já dissemos que no terreno do Hozan-So, situado numa colina, em
Tamagawa, foi construído o Solar de Contemplação do Monte Fuji, projetado pelo
Fundador. Negligenciando os costumes observados na edificação das casas,
segundo os quais se evitam o sol do verão e o vento noroeste do inverno, ele o
construiu voltado para o oeste, de modo que se pudesse avistar o monte. Antes
mesmo de mudar-se para Hozan-So, o Fundador já conhecia profundamente o
significado espiritual do Monte Fuji. Ele o escalou em 1930 e, na época em que
residia no Hozan-So, amou intensamente a sua bela figura, que lhe serviu de
motivo para desenhos e poemas.
Nascido em Hashiba, o Fundador foi mudando de residência sempre para
o oeste. Nesse fato, ele vê uma prova da sua missão de "Luz do Oriente". Durante
a Segunda Guerra Mundial, passou do Hozan-So para Hakone e Atami, aí
construindo locais sagrados. Essa linha espiritual do seu caminhar na direção
oeste, como Luz do Oriente, sempre objetivando o Monte Fuji, que ele amava há
tanto tempo, encerra um profundo mistério.
As regiões de Atami e Hakone determinadas pelo Fundador
como Solo Sagrado possuem, portanto, um significado misterioso, não só histórico
como geográfico. A esse respeito, dizendo que tudo segue a Providência Divina,
ele escreveu:
"Quando o Criador fez a Terra, traçou um projeto baseado num plano
eterno. Isso, com certeza, foi feito há milhares ou bilhares de anos, mas ele
determinou que, futuramente, haveria uma região paradisíaca, no Parque Mundial
chamado Japão; para tanto, preparou da forma mais perfeita o seu clima,
ambiente, beleza natural etc., e esperou pelo tempo certo. Obviamente essa região
paradisíaca é a nossa Atami, mas Hakone e o Fuji possuem a mesma missão.
Assim, dentro do Plano do Criador, estava programado que Atami, em
particular, seria um lugar ideal, o mais elevado e mais belo. Quando o progresso da
cultura material atingiu finalmente as condições adequadas, Ele determinou que eu
nascesse e, depois de diversas mudanças, viesse a morar nessa cidade, dando,
então, início à construção do protótipo do Paraíso Terrestre, Seu objetivo."
Atualmente, pela sua magnífica paisagem, a região que vai de Izu até
Hakone e o Fuji, passando pelas costas de Atami, constitui Parque Nacional, o que
comprova suas maravilhosas condições naturais. Não há outro lugar que possa ser
a base da concretização do grande ideal de construção do Paraíso na Terra.
Convicto dessa verdade, o Fundador começou a procurar um terreno. Mais tarde,
ele compôs:
"O Deus Criador,
Há milhares de anos,
Preparou a beleza
De Hakone e Atami. "

O SHINZAN-SO (Solar da Montanha Divina) E O TOZAN-SO (Solar da


Montanha do Leste)

Enquanto o Fundador fazia diversos preparativos, surgiu-lhe a


oportunidade de negociar com dois imóveis. O primeiro não foi de seu agrado;
então lhe ofereceu uma casa de veraneio em Gora, que havia sido construída
antes da guerra, por Raita Fujiyama, uma importante figura do mundo financeiro.
Gora era um lugar pelo qual ele tinha um amor todo especial; no final da Era
Taisho (1912 -1926), ali passara um verão, numa casa alugada. Portanto, quando
lhe falaram sobre aquela propriedade, foi vê-la imediatamente.
Por ser tempo de guerra, o estado de conservação da casa não era muito
bom, e o jardim estava estragado. Entretanto, da varanda do quarto — construído
em plano mais elevado, aproveitando o agrupamento natural das rochas — tinha-
se, por entre as árvores, uma vista muito tranqüila e de profundidade admirável,
bem característica de Hakone, divisando-se o Monte Myojo, famoso pela queima
da letra "dai". Além disso, misteriosamente, essa propriedade ficava bem próximo
da casa onde o Fundador estivera anteriormente, em veraneio. Tendo gostado
muito do lugar, ele deu ordem ao encarregado para que procedesse logo às
negociações.
Sobre a casa em questão, à qual deu o nome de Solar da Montanha
Divina, o Fundador assim se expressou: "Apesar de ser bem velha, essa casa não
2
deixa nada a desejar. O terreno tem aproximadamente 2.000 m , e a casa, por
2
volta de 330 m . A entrada está voltada para o sudeste. Subindo-se cerca de vinte
metros por uma escada de pedra natural e entrando-se no vestíbulo, vê-se uma
escada de três degraus. Subindo-se por ela e atravessando-se um corredor bem
largo, encontra-se outra escada, com oito degraus, ao final da qual há uma sala
adequada para servir de nave. A vista que se tem para os quatro lados, é
pitoresca. Creio que não existe nada igual em toda a cidade de Hakone."
No Solar da Montanha Divina, à esquerda da escada que conduzia ao
vestíbulo, havia uma sala de estilo japonês; à direita, uma sala de estilo ocidental.
Além disso, a sala ocidental tem o formato de navio, o que significa ‘avançar
cortando as ondas’. Tudo é ideal. Algo que merece destaque é que essa casa foi
totalmente construída em cima de uma rocha; creio, pois, que a descrição contida
numa oração ‘uma casa de pilares grossos construída sobre as raízes das rochas’
— refere-se a ela. É realmente adequada para Casa de Deus e, por isso, estou
bem certo de que foi preparada por Ele.
No Pico Kanmuri, vizinho à Montanha Kami, situa-se o Templo Jinben-ji,
que cultua os monges ascetas En-no-gyoja (era um místico) e Shin-no-gyoja, que
dizem ser os pais do ascetismo das montanhas. Shin-no-gyoja é de origem
samurai, sendo natural de Vila Haga, região que inclui a atual cidade de Mooka, no
Estado de Totigui. Durante um aprimoramento no Monte Mihara, na Ilha de O,
situada em Izu, ele recebeu uma ordem espiritual de En-no-gyoja para desbravar
as montanhas de Hakone, indo então para Miyaguino, onde esteve
aproximadamente de 1879 a 1890. Como resultado de seu aprimoramento, curou
pessoas doentes com o poder que adquirira, abriu estradas nas entranhas das
matas etc. Dessa forma, granjeou o respeito dos moradores da região. Anos mais
tarde, em 1885, escalou o Pico Kanmuri, onde morreu sentado à moda budista,
fazendo jejum.
Shin-no-gyoja fez diversas previsões para o povo de Vila Haga. Uma
delas foi que, em futuro próximo, tornar-se-ia possível escalar as montanhas de
Hakone num transporte muito cômodo o que faria a cidade prosperar como ponto
turístico. Outro fato que ele previu é que, em menos de cem anos, seria construído,
em Hakone, um santuário ultra-religioso e um monumento em homenagem aos
espíritos dos povos do mundo inteiro. Como que obedecendo a essas palavras, a
cidade passou a ser servida por uma linha de trem, instalou-se o bondinho de cabo
de aço e, como resultado, Hakone foi se tornando um ponto turístico de categoria
mundial. Além disso, em Gora, o Fundador construiu o Solo Sagrado e,
concretizando sua vontade não realizada em vida, foi edificado, em 1958, o
Santuário dos Ancestrais, para sufragar os espíritos. Em 1971, inaugurou-se o
Santuário da Divina Luz, como local espiritual básico. E o fato de ainda existir a
lápide de Shin-no-gyoja entre o arvoredo situado à esquerda desse santuário, é
muito significativo, se o associarmos à profecia feita por ele.
Anos mais tarde, a respeito do nome e da topografia de Gora, o Fundador
disse:
"O centro da nossa Igreja é Gora, em Hakone. ‘Go’ é ‘cinco’ e também
‘fogo’; ‘ra’ é ‘espiral’. Por isso, o nome Gora significa ‘expansão centrífuga da
essência do fogo’.
É muito profundo o significado do assento em forma de flor de lótus
(‘rengue-dai’) que constitui a base onde repousam as estátuas budistas. Gora,
situada em Hakone, é o próprio ‘rengue-dai’, porque está formada de montanhas
de alturas variadas em torno de uma montanha alta, assemelhando-se,
topograficamente, à flor de lótus."
Dessa forma, tanto pelo nome, como pela topografia e história, Hakone e
Gora possuem um sentido oculto, simbolizando a Obra Divina que as foi
determinando como local espiritual básico.
Em agosto de 1944, três meses após mudar-se para Hakone, o Fundador
comprou outra casa, situada em Higashiyama, na cidade de Atami, e para lá se
mudou em outubro. Ela fora construída por volta de 1933, por Kengo Ishi, antigo
Presidente do Banco Dai-iti e, em 1939, tornara-se propriedade de Kamessaburo
Yamashita, um empresário conhecido pela sua biografia de bem-sucedido na vida,
o qual fundou a companhia de navegação a vapor Yamashita. O Fundador deu a
essa casa o nome de Solar da Montanha do Leste, devido à sua localização.
Atami é a cidade de águas termais mais visitada por turistas em todo o
Japão. Em virtude de sua paisagem delineada por belas costas marítimas lembrar
a famosa Riviera Italiana, chamam-na de "Riviera do Oriente". Dizem que a Baía
de Atami, cercada por montanhas, formou-se com o afundamento da base da
cratera do Vulcão Atami, que outrora era ativo. A história de Atami é bem antiga e,
após a abertura do Túnel Tan-na, em 1934, a cidade alcançou rápido progresso.
Devido ao seu clima abençoado, as flores das ameixeiras começam a brotar no
final do ano, em pleno rigor do inverno e, no final de janeiro, já se pode ver o
"kanzakura", uma variedade de cerejeira que floresce antes das demais espécies.
A respeito do nome "Atami", o Fundador explicou: " ‘A’ significa ‘céu’; ‘ta’
significa ‘centro’ e se expressa com o sinal ... (. . .) ‘mi’ significa ‘água’. Portanto, o
nome ‘Atami’ significa ‘terras da Lua no centro do céu’." Ele também costumava
dizer: "O fogo arde em sentido vertical, e a água corre em sentido horizontal. . . "
Captando que a expansão ou crescimento horizontal é uma ação baseada na
propriedade da água, o Fundador explicou que o Solo Sagrado de Atami significa
expansão da difusão pelo mundo inteiro.
A partir de 1944, era praxe o Fundador, do outono à primavera, realizar os
trabalhos Divinos em Atami, e nos quatro meses de verão, ou seja, de junho a
setembro, em Hakone. Tendo adquirido terrenos nessas duas cidades com o
grande objetivo de construir protótipos do Paraíso Terrestre, dava instruções para
as obras de construção do Shinsen-Kyo (Terra Divina – nome do Solo Sagrado de
Hakone) enquanto estava em Hakone e, durante o tempo que passava em Atami,
procurava, pelos arredores, o terreno mais adequado a se tornar a sede do
desenvolvimento da Obra Divina.
O local para a construção do Zuiun-Kyo (Terra Celestial – nome do Solo
Sagrado de Atami) foi escolhido no outono de 1945, quando, depois de visitarem o
Pico Jikoku, o Fundador e mais trinta pessoas, entre discípulos e fiéis, andaram a
pé desde Yugawara, venceram a montanha e, entrando em Atami, chegaram às
proximidades do lugar onde, posteriormente, foi construído o Templo Messiânico.

A VIGILÂNCIA

Mesmo depois que o Fundador se mudou de Tamagawa para Hakone e


Atami, os olhos persistentes das autoridades continuaram a perseguir seus passos.
Até o término da guerra e a queda do regime de vigilância estabelecido pela Polícia
Especial, pela Polícia Militar e por outras corporações, o Fundador era tratado
como indivíduo suspeito, como elemento perigoso. Quando ele comprou o Solar da
Montanha do Leste, a notícia foi logo transmitida pelas autoridades de Tóquio às
de Atami e, no outono em que ele se mudou de Hakone para Atami, vez por outra,
um policial militar vestido à paisana ia ao Solar da Montanha do Leste para fazer
investigações. Dizem que o Fundador pressentia o momento em que o policial
estava saindo de casa e que, se calhasse de estar fazendo caligrafia nesse
momento, o pincel parava sozinho. Entretanto, mesmo diante do policial, ele
atendia as pessoas com a serenidade de sempre.
Participavam das investigações não apenas policiais militares vestidos à
paisana como também policiais da delegacia de Atami. Na época, o controle de
ideologias vinha sendo feito tanto pelos militares como pela polícia. O Fundador,
porém, não tomava nenhuma precaução especial. Servia-lhes doces raros e
atendia-os com um sorriso, apesar de se tratar de pessoas que estavam ali para
fazer investigações. Levava-os para o local de entrevistas, fazia com que ouvissem
a palestra junto com os fiéis, presenteava-os com imagens de Kannon pintadas por
ele e até lhes ministrava Johrei.
Essa forma de atendimento indiscriminado provinha, em primeiro lugar, do
seu desejo de não esconder nada, fazendo com que os investigadores
verificassem tudo com seus próprios olhos e ouvidos. Entretanto, podemos dizer
que era, também, uma manifestação do grande amor do Fundador, que, há muito
tempo, tratava todas as pessoas da mesma forma. Durante as visitas que lhe
faziam, os investigadores eram envolvidos pela sua personalidade e passavam a
simpatizar cada vez mais com ele. Essa simpatia ia se transformando em respeito
e admiração pela sua pessoa.
Assim, por um lado, o Fundador dispensava às autoridades um tratamento
amável; por outro, não se esquecia de ter os devidos cuidados para evitar que eles
se irritassem à toa. Os fiéis que vinham para as entrevistas, entravam
separadamente; uns pela porta da frente, outros pela porta lateral, pela cozinha
etc.. Tomava essa precaução porque, diariamente, cinco a seis elementos da
Polícia Especial vigiavam às ocultas. Às vezes, ele dizia aos fiéis: "Os agentes da
Polícia Especial são exigentes; por isso, é melhor o senhor não vir aqui.”
Pouco depois que o Fundador se mudou para Atami, um investigador foi
visitá-lo e, suspeitando que ele mantivesse contacto com os Estados Unidos, levou
dois ou três rádios que havia em sua casa, para que fossem examinados por um
especialista. E não era só. Às vezes, ficava um investigador escondido na casa em
frente ao Solar da Montanha do Leste, tomando notas minuciosas sobre os fiéis
que freqüentavam o Solar.
Certo dia apareceu um investigador da Divisão Especial, o qual lhe disse:
"Na sua casa, curam-se doenças, mas não é Kannon quem as cura. Elas são
curadas graças ao grande poder do Imperador; por isso, vocês deveriam agradecer
a ele." Acostumado com os métodos dos policiais, que tudo relacionavam ao poder
do Imperador, o Fundador respondeu com um pouco de ironia: "As pessoas que
foram curadas devem mesmo ir agradecer lá no Palácio Imperial, é?"
Entretanto, apesar das investigações insistentes, nada surgia que
pudesse incriminá-lo. Dizem que o policial, um tanto desapontado, se queixou:
"Investiguei bastante, fazendo tudo para prender Okada, mas estou em apuros,
porque não consigo achar nenhuma prova". Essas palavras chegaram ao
conhecimento do Fundador, o qual registrou: "Eu não pude deixar de rir. Prende-se
alguém quando há motivos; se não há, é porque a pessoa é honesta. Ele, no
entanto, diz que está em apuros porque quer me incriminar a qualquer custo. Não
consigo entender uma coisa dessas.”

O FIM DA GUERRA

A guerra se tornava mais acirrada e, em fevereiro de 1945, as tropas


americanas começaram a desembarcar na Ilha Io, ocupando-a após uma luta
desesperada durante um mês.
Também nos campos de batalha da Europa, a Itália, já em setembro de
1943, havia se rendido incondicionalmente às tropas aliadas. Isolada, a Alemanha
começou a recuar a partir de 1944, e o destino dos países do Eixo apresentava-se
sombrio.
Após a ocupação da Ilha Io, as tropas americanas intensificaram seu
ataque e, no dia 1º de abril, menos de um mês depois, iniciaram a estratégia de
desembarque na Ilha Okinawa. A batalha aí travada envolveu não só os soldados
como também muitos civis e, em menos de três meses, morreram duzentas e dez
mil pessoas, entre as quais cem mil não estavam em combate.
A partir de 1944, haviam-se intensificado os ataques aéreos ao Japão,
que ficara sem qualquer defesa. Especialmente após a ocupação de Okinawa,
começaram bombardeios indiscriminados, que atingiam não apenas as grandes
metrópoles e as instalações militares, mas também as cidades pequenas e médias
de todo o país. Em maio, os alemães se renderam por completo, e então as tropas
aliadas passaram a atacar o Japão com força total. Nos meados de julho, cidades
litorâneas como Kamaishi e Muroran foram bombardeadas por canhões navais,
sofrendo um golpe destruidor. Apesar de tal situação, o governo continuava a
preparar a batalha decisiva no território japonês.
Entretanto, o Japão foi vítima da tragédia histórica representada pelas
bombas atômicas lançadas no dia 6 de agosto em Hiroshima e no dia 9, em
Nagasaki. Só então, por decisão do Imperador, o governo resolveu se render,
colocando um ponto final naquela guerra que durara quase quatro anos.
No dia 15 de agosto de 1945, estavam reunidos no Solar da Montanha
Divina, em Hakone, cerca de cinqüenta fiéis, que tinham vindo de todo o país para
encontrar-se com o Fundador. Nesse dia, desde cedo, o rádio anunciava
repetidamente que, ao meio-dia, seria transmitida uma importante notícia, e o
Fundador ordenara que todos ouvissem essa transmissão. Pouco antes da hora
determinada, ele sentou-se cerimoniosamente diante do rádio, e todos fizeram o
mesmo. Ao meio-dia, foi anunciada a declaração do fim da guerra e quem deu a
notícia foi o próprio Imperador, fato inédito em toda a história do Japão.
Naquele grupo, havia pessoas a quem o Fundador já tinha
avisado que o Japão perderia a guerra; no entanto, ao ouvirem o triste resultado a
que o país chegara depois de ter empregado todas as suas forças, a maioria ficou
atônita e engoliu em seco. Passados alguns instantes de silêncio após o término da
transmissão, o Fundador disse aos fiéis, que o olhavam ansiosamente: "Foi bom
assim. O Japão irá melhorar". Falou apenas isso e deixou a sala. Essas palavras
ditas no tom costumeiro surpreenderam muito os diretores e fiéis, que estavam
desapontados. No dia seguinte, comentou ainda com aqueles que vieram para a
entrevista: "Não posso falar abertamente, mas, na verdade, esse resultado merece
uma grande comemoração". Ouvindo isso, os discípulos sentiram desfazer-se
aquela intranqüilidade que os assaltara há pouco, e compreenderam que, com o
término da guerra, por fim chegava o momento em que o Japão se tornaria
realmente um país correto.
Mas agora, mais do que nunca, quando haviam terminado os dias de
tensão causados pela vigilância incessante das autoridades e era possível falar
abertamente à sociedade sobre a fé em Deus que ocultara em seu íntimo durante
longo tempo, a firmeza do Fundador precisava ser muito grande.
Ele, que, com o fim da guerra, vira-se livre das vigilâncias e reiniciara suas
atividades, passou a ser procurado por um grande número de pessoas. Entre elas,
havia muitos militares profissionais, designação dada àqueles que entravam para a
carreira militar por intermédio de alistamento.
Pouco depois de terminada a guerra, um militar o visitou e, muito irado,
desabafou toda a sua insatisfação: “Não consigo entender o motivo da rendição. É
uma vergonha!" Entretanto, o Fundador nada disse para alimentar o assunto.
Admirado, o militar lhe perguntou: "O senhor é japonês?", ao que ele,
imediatamente, respondeu: "Não; não sou japonês". O homem teve um sobressalto
e começou a tremer, mas perguntou: "Então de que país é o senhor?" Diante da
resposta — "Eu sou universal" — ficou sem ação. Então, o Mestre lhe falou sobre o
amor à humanidade, que está acima da posição de um único país.
O período pós-guerra do Japão começou com a ocupação do
país pelas tropas aliadas. Com a rendição firmada pela aceitação da Declaração
Potsdam em 15 de agosto de 1945, todo o gabinete do Primeiro-Ministro Kantaro
Suzuki renunciou, sendo substituído pelo gabinete chefiado por Higashikuni-no-
miya Naruhiko, que se lançou à reorganização da situação de pós-guerra e à
restauração da ordem social. Na verdade, porém, tudo estava sob a direção do alto
comando do quartel general das tropas de ocupação. Essa situação durou cerca de
sete anos, até que o Japão se tornou independente, com o Tratado de Paz de São
Francisco, firmado entre quarenta e oito países, entre os quais os Estados Unidos.
A política das tropas de ocupação consistia em promover o
desarmamento, liquidar o militarismo e tornar o Japão uma nação pacífica; ao
mesmo tempo, pretendia-se assegurar a liberdade dos indivíduos e a democracia,
e reorganizar uma atividade econômica capaz de contribuir para a paz mundial.
Entretanto, se analisarmos atentamente, veremos que a situação do Japão era a
de um derrotado que tem de cumprir a pena imposta pelos vencedores através do
julgamento dos criminosos de guerra. Mesmo a liberdade de expressão não era
total: as notícias desvantajosas para as tropas aliadas eram rigorosamente
censuradas. De modo geral, porém, foi adotada uma política que visava à liberdade
ampla e à concretização da democracia. No campo da Religião, foi assegurada a
liberdade de culto, embora de forma relativa: as religiões não sofreriam
intervenções desde que respeitassem a ordem pública e os bons costumes.
Conseqüentemente, podemos dizer que era a primeira vez que a primavera
chegava para o mundo religioso.
Para nossa Igreja também terminou a época adversa de proibição das
atividades religiosas, e ela entrou numa fase de grande mudança histórica. A
propósito, existe um episódio que simboliza essa mudança.
Em setembro de 1945, um mês após o fim da guerra, um ministro foi a
Hakone levar oferendas e passou muito mal, chegando a desmaiar. Avisado do
acontecido, o Fundador foi ministrar-lhe Johrei e, quando ele melhorou, sentou-se
cerimoniosamente e entoou em voz alta a oração Amatsu-Norito. A maioria das
pessoas que estavam à sua volta haviam se tornado fiéis na época da terapia
popular, antes e durante a guerra; assim, elas se surpreenderam com a oração,
que ouviam pela primeira vez. Entretanto, sentindo uma profunda admiração pela
sua grande solenidade, curvaram-se respeitosamente.
Dessa forma, o caminho que vai tornando claro o trabalho de
nossa Igreja como religião começa a ser trilhado passo a passo, mas o Fundador
ainda esperou durante dois anos, até que a Lei das Pessoas Jurídicas de Natureza
Religiosa se firmasse. Ou seja, durante os quase dois anos transcorridos até que a
liberdade religiosa fosse assegurada, de direito e de fato, pela nova Constituição,
promulgada em 1947, o Fundador continuou as atividades de salvação ainda sob a
forma de terapia popular.
Com o final da guerra, a linha de difusão, que, apesar da liberdade
limitada, fora consolidada durante o conflito, expandiu-se de forma extraordinária,
como uma correnteza que encontra passagem, e chegou a todo o país. O Johrei
salvava as pessoas que, no difícil dia-a-dia, sofriam com doenças, problemas
financeiros e conflitos, e os Ensinamentos do Mestre tornavam-se a Luz que
ilumina o caminho daqueles que perderam o rumo a seguir.
No dia 11 de fevereiro de 1947, o Fundador reformulou o sistema de
atuação dos seus discípulos, cujas atividades se desenvolviam sob o nome de
"Tratamento de Digitopuntura no Estilo X", e organizou a Nipon Joka Ryoho Fukyu-
Kai (Associação de Divulgação da Terapia Japonesa de Purificação), planejando a
união da entidade. Ele próprio ocupou o cargo de Presidente; Sossai Shibui, o de
Vice-Presidente, e o escritório foi instalado em Atami.
A expansão da Associação era espantosa. Com a seqüência inumerável
de milagres produzidos, aumentou o número de pessoas que desejavam se tornar
associadas. Abriram-se cursos nas mais diversas regiões, e em todos eles havia
muitos participantes, ligados a pessoas salvas pelo Johrei ou que ali estavam por
causa de comentários que ouviram. Houve um curso ministrado no Estado de Guifu
em que toda uma vila ingressou na Fé.
Entre as pessoas que assistiam a esses cursos, começou a crescer o
número daqueles que, devido à experiência emocionante de terem sido salvos,
despertavam para a sua missão de servos de Deus e desejavam se tornar
exclusivamente terapeutas. Por outro lado, alguns não viam com bons olhos a
rápida expansão que a Associação vinha alcançando, e houve casos de denúncias
à polícia, sob a alegação de que ela infringia as leis da Medicina; vez por outra,
isso chegou a se tornar matéria jornalística. Por causa dessas denúncias, as
autoridades viram-se várias vezes obrigadas a deter os terapeutas e submetê-los a
interrogatórios. Entretanto, com a ardorosa fé dos dirigentes, tudo isso pôde ser
vencido. Aliás, esses fatos tornaram-se uma boa propaganda para atrair as
pessoas, e a difusão continuou a crescer de forma espantosa.

A GRANDE EXPANSÃO

INSTITUIÇÃO DA NIPON KANNON KYODAN (Igreja Kannon do Japão)

Após o término da guerra, as atividades da Obra Divina continuaram


durante algum tempo sob o aspecto de terapia popular. Entretanto, pouco depois,
as tropas de ocupação americanas começaram a fazer investigações sobre as
ideologias existentes no Japão, naquela época. A Associação de Divulgação da
Terapia Japonesa de Purificação também foi objeto dessas investigações e quem
as fez foi um indivíduo chamado Nicholas. Quando este visitou a clínica de
Shimizutyo, juntamente com sua esposa, o Fundador deu-lhe diversas explicações
sobre a nossa Igreja. Entretanto, como eles não conseguiam entender que da
palma da mão saísse uma luz espiritual, o Mestre os fez assistir a uma experiência.
Colocou algumas pessoas de pé à beira do lago e pediu a Issai Nakajima que, do
outro lado, ministrasse Johrei naquela direção. Quando Nakajima iniciou o Johrei,
as pessoas começaram a tossir e a bocejar. Suspeitando que tudo tivesse sido
combinado, Nicholas mandou que elas ficassem de costas e que Nakajima só
ministrasse Johrei quando ele desse o sinal. Obviamente, o resultado foi o mesmo,
e as suspeitas de Nicholas se desfizeram por completo. O Fundador assistiu a tudo
achando muita graça.
Nicholas ficou muito bem impressionado com essa visita e foi embora
achando que a Associação pregava coisas muito boas. Mais tarde, graças
principalmente ao seu trabalho, a instituição da Igreja Kannon do Japão pôde ser
preparada sem tropeços; em 30 de agosto de 1947, ela foi instituída oficialmente,
como entidade religiosa.
A cerimônia de instituição foi realizada solenemente, no dia 11 de
novembro do mesmo ano, no Hozan-So, em Tamagawa, com a presença dos
principais dirigentes e membros de todo o país. Na ocasião, o Fundador fez a
seguinte saudação:
"Em outubro de 1934, iniciei a campanha Kannon sob a denominação de
Associação Kannon do Japão, com o objetivo de construir um mundo isento de
doença, miséria e conflito. Naquela época, entretanto, as autoridades tinham como
diretriz pressionar indiscriminadamente todas as religiões e organização similar, e
por isso a Associação Kannon do Japão também não foi poupada, recebendo total
repressão. Conseqüentemente, desde então abandonamos o aspecto religioso e
viemos desenvolvendo atividades terapêuticas, o que é do conhecimento de todos.
Tudo isso está baseado na ação de Oshin-Miroku, uma das manifestações de
Kannon, e o fato encerra um profundo significado. Finalmente, com a marcha do
tempo, chegou a oportunidade de manifestar a força virtuosa, ou seja, o Poder da
Inteligência Superior de Kannon. "
Na Igreja Kannon do Japão, o Fundador ocupou o cargo de Conselheiro, e
Sossai Shibui, o de Presidente do Conselho Administrativo. A Sede foi instalada no
Hozan-So e compunha-se de quatro departamentos: Administrativo, Assuntos
Religiosos, Higiene e Saúde, e Empreendimentos Sociais.

A organização regional foi dividida em oito igrejas, a saber:

Igreja Miroku - Responsável: Sossai Shibui


Bairro de Kaminogue 110, Tamagawa
Distrito de Setagaya - Tóquio.

Igreja Tengoku - Responsável: Nakajima Issai


Ashikawa 136, Izussan Nishi, cidade de Atami, Estado de Shizuoka.

Igreja Daiwa - Responsável: Takao Sakai


Yukinoshita 66 - cidade de Kamakura - Estado de Kanagawa.

Igreja Showa - Responsável: Nobumassa Takato


Quadra 3, nº 6, Distrito de Oji - Tóquio.

Igreja Shinshin - Responsável: Otomatsu Araya


Bairro de Jinushi 25 - cidade de Iti no Seki - Estado de Iwate.

Igreja Meshiya (posteriormente mudada para Igreja Koho)


Responsável: Yoshihiko Kihara
Higashi Ueno 677, Mukaijima
Bairro de Okawa, Vila Mizuma - Estado de Fukuoka.

Igreja Ko-no-Hana - Responsável: Raku Naito


Shiroyama 1365, cidade de Fujinomiya - Estado de Shizuoka.

Igreja Taissei - Responsável: Teruhiko Onuma


Kitazawa, quadra 3, nº 1086 - Distrito de Setagaya - Tóquio.

Em julho de 1948 foi instituída a nona igreja filial: Igreja Jitsuguetsu (mais tarde
denominada Igreja Meissei)
Responsável: Hidejiro Kobayashi
Aratama, quadra 2, nº 224 - cidade de Odawara - Estado de Kanagawa.
Instituída a Igreja Kannon do Japão, as atividades de salvação foram
totalmente reformuladas. Na nova organização, que iniciou suas atividades como
religião, o Johrei até então denominado "tratamento" passou a ser chamado de
"Purificação" e, logo a seguir, de "Johrei". Quanto ao talismã, este passou a ter as
palavras "Hikari" ("Luz"), "Komyo" ("Luz Intensa") e "Dai-Komyo" ("Luz Muito
Intensa") escritas verticalmente. A partir de janeiro de 1948, começou a ser
entoada a oração Zenguen-Sanji e também os salmos.
Foi nessa ocasião também que, por determinação do Fundador, os fiéis
passaram a dirigir-se a Deus, diante de Sua Imagem, pelo nome Miroku Omikami.
Na Imagem de Deus estava escrito "Dai-Komyo Nyorai" ("Divindade de Luz Muito
Intensa"); mais tarde, na época da Segunda Líder Espiritual, essas palavras foram
mudadas para "Dai-Komyo-Shinshin" ("Deus Verdadeiro de Luz Muito Intensa").
Isso significa que, desejando a salvação da humanidade, Deus, Criador do
Universo, que descera até a posição de Bossatsu e se manifestara sob o nome de
Kanzeon Bossatsu, finalmente retornava à sua posição original e começava a atuar
para desenvolver a grande obra da salvação.
Assim, efetuou-se o grande salto da terapia popular denominada
Tratamento de Purificação por Digitopuntura, para a pessoa jurídica de natureza
religiosa chamada Igreja Kannon do Japão. Entretanto, houve alguns membros que
vacilaram. Aqueles que pensavam unicamente em solucionar os seus próprios
problemas sentiram muita insegurança ao ouvirem falar do ideal de salvar a
humanidade e transformar a Terra num paraíso. Entre as pessoas que se limitavam
a pensar no Johrei como um tratamento, não conseguindo reconhecer a existência
de Deus e o Seu amplo desejo de salvação, muitas interpretaram que tinham sido
enganadas, quando se revelou seu aspecto religioso. Quanto aos intelectuais,
havia os que, embora comprovando a grandiosidade do Johrei, achavam
incoerente reconhecer nele o Poder Divino, uma vez que tinham uma visão
materialista do mundo. Havia, ainda, aqueles para os quais era embaraçoso,
perante a sociedade, ter ligação com uma religião nova.
Assim, quando foi instituída a Igreja Kannon do Japão, muitos membros
da Associação de Divulgação da Terapia Japonesa de Purificação se afastaram.
Por outro lado, as pessoas que, desde a época da Associação, haviam despertado
para a missão de salvar seus semelhantes e que, por trás do Johrei, captavam a
Vontade Divina de construir o Mundo Ideal, sentiram uma alegria inexprimível ao
verem chegar à época pela qual tanto esperavam. Com seu ardente entusiasmo
pela difusão, surgiam grandes milagres em todo, o país e muitas outras pessoas
foram sendo salvas. Assim, apesar de haver um grande número de desligamentos,
alcançou-se uma expansão que supria e ultrapassava esse número. O ano de
1947, em que se instituiu a Igreja Kannon do Japão, foi um ano de crescimento
inédito em toda a história da Igreja. O número oficial de membros que, na época do
término da guerra, era de algumas centenas, em dois anos chegou a dezenas de
milhares.
Em outubro de 1948, o Fundador deu autonomia à Igreja Miroku, uma das
nove filiais, a qual recebeu o nome de Igreja Miroku do Japão. No primeiro número
da revista "Hikari", editada pouco depois, ele explicou a relação entre a Igreja
Kannon do Japão e a Igreja Miroku do Japão: "Todas as coisas têm positivo e
negativo, masculino e feminino, vertical e horizontal; assim, se ambas as partes
caminharem suprindo suas falhas e defeitos, a expansão será mais rápida. É como
ter braço direito e braço esquerdo. Esta é a Verdade". A partir daquela data,
comprovando as palavras do Fundador, as duas Igrejas tiveram uma expansão
assombrosa; em 1949, o número de fiéis elevava-se a mais de cem mil.
O OLHAR DESCONFIADO DA SOCIEDADE

A linha da difusão expandiu-se por todo o país como o fogo de uma


queimada, mas nem sempre a Igreja obteve a compreensão de todos os setores da
sociedade e foi recebida de bom grado. Pelo contrário. Era criticada, desprezada
ou então atacada. Como a expansão era admirável, a insatisfação de uma parte
das pessoas também aumentava.
Essa antipatia em relação à Igreja estava estreitamente ligada com a
situação em que se encontravam as religiões do Japão naquela época. No dia 28
de dezembro de 1945, logo após o término da guerra, foi baixada a Lei das
Pessoas Jurídicas de Natureza Religiosa, sendo reconhecida a liberdade de
crença; começaram, então, a surgir religiões novas umas após outras, na
devastada sociedade japonesa. Entre elas, havia algumas que, até o final da
guerra, com a pressão sofrida, não tinham tido alternativa senão colocar-se sob o
manto das religiões reconhecidas, e agora, após esse período de submissão,
tornavam-se independentes. Havia outras que não eram reconhecidas e,
finalmente, podiam apresentar-se como religião. Entretanto, como a Lei das
Pessoas Jurídicas de Natureza Religiosa, que vigorava na época, era um ato muito
simples, que não necessitava de qualquer aprovação do governo, bastando
entregar às autoridades do local os papéis exigidos, houve muitas organizações
criadas com finalidades desonestas, visando a aproveitar-se do fato das entidades
religiosas não pagarem impostos. Como essas religiões começaram a criar
problemas em diversos lugares, os olhos da sociedade tornavam-se cada dia mais
rigorosos em relação às novas religiões. Assim, a Igreja Kannon do Japão, que,
não obstante a essa conjuntura, continuava expandindo-se surpreendentemente,
passou a ser olhada com uma antipatia maior ainda.
Bem nessa época aconteceu um caso embaraçoso. O Ministério da
Fazenda, desconfiando da declaração de imposto de renda da Igreja relativa ao
ano-base de 1947, realizou inspeções em cinco instalações da Igreja, em
novembro de 1948, por suspeita de sonegação de impostos.
Para a Igreja, esse acontecimento foi uma tempestade em dia de sol.
Fazia pouco tempo que ela fora instituída como pessoa jurídica, em agosto de
1947, e ainda não estava devidamente organizada. Com o rápido crescimento da
difusão, a Igreja se tornara grande, e a parte burocrática fora ficando complexa. As
pessoas que cuidavam dessa parte naquela época, dedicavam-se também à
difusão e, além disso, não possuíam conhecimentos e experiências suficientes, no
campo jurídico e administrativo. Assim, a Igreja imediatamente solicitou os serviços
de dois advogados para tratarem do caso, sendo apurado o seguinte: na
construção da Terra Divina, em Hakone, as obras em grande escala tinham
acarretado gastos que atingiam altas somas; entretanto, devido à falta de
experiência no serviço de contabilidade, houvera falhas nos registros e isso foi
interpretado como desvio de dinheiro para as rendas individuais do Fundador e de
Shibui. O caso em si ficou resolvido em maio de 1949, com o pagamento de uma
multa, mas deu origem a diversos problemas, que influenciaram muito o destino da
Igreja.
Em dezembro de 1948, durante essas investigações a propósito da
suspeita de sonegação de imposto, o caso foi noticiado por um jornal de grande
circulação. Nessa reportagem, elaborada com base em boatos irresponsáveis e
denúncias provocadoras, exagerava-se absurdamente os bens da Igreja, dizendo
que eles alcançavam 2 bilhões a 3 bilhões de ienes. Desde então, começaram a
aparecer repetidamente, nos jornais, artigos onde se dizia que a Igreja enganava
pessoas inocentes, aproveitando-se de sua infelicidade para obter lucros
exorbitantes. E não foi só isso: faziam-se distorções dos Ensinamentos do
Fundador e publicavam-se notícias espalhafatosas ridicularizando o Johrei e a
Agricultura Natural.
As críticas em relação à Igreja começaram a aparecer não só nos jornais,
como também no rádio. Na cidade de Takayama, situada no Estado de Guifu, foi
realizada, no dia 1º de março de 1949, uma gravação de opiniões colhidas ao vivo;
nos dias 3 e 5 do mesmo mês, ela foi transmitida a todo o país por uma emissora,
com o título de "Superstição e Religião".
Entretanto, o conteúdo desse noticiário era injusto. Do começo ao fim,
tratava-se o assunto de forma sensacionalista, dando-se a entender que a Igreja
estava enganando o povo mal informado. Os participantes constituíam um grupo
reunido propositalmente por pessoas que não gostavam da Igreja. Entre eles, havia
fiéis corajosos que falavam abertamente sobre os milagres do Johrei, mas por
estarem entre pessoas ousadas, sua voz se perdia no tumulto.
Pouco tempo depois, em frente à estação ferroviária de Nagano, em
Shinshu, foi realizada outra gravação de opiniões colhidas ao vivo, desta vez sobre
o tema "O homem pode ser salvo através da Religião?" Como acontecera na vez
anterior, o grupo envolvia pessoas críticas, cheias de revolta e hostilidade. Tais
programas, em síntese, eram planejados de antemão, de modo a dar a impressão
de que a Igreja Kannon do Japão era uma religião supersticiosa e trapaceira que
enganava o povo.
Esses noticiários propiciaram o aparecimento de muitos extorsionários e
chantagistas, que sonhavam com os bens da Igreja, publicados nos jornais. Era
freqüente, eles visitarem o Solar da Montanha do Leste levando notáveis cartas de
apresentação. Sobre o assunto, o Fundador escreveu: "É interessante que existem
chantagistas do tipo afável e do tipo ameaçador. O primeiro é muito dócil e mostra-
se leal à Igreja. Dizendo que certa entidade planeja colocá-la em má situação, que
está confundindo os membros, e outras coisas do gênero, fazem hábeis roteiros e
exigem somas para promover campanhas. São bons atores e, se estivermos
desprevenidos, somos enganados. Mas os mais numerosos são aqueles cujo
método consiste em fazer ameaças, como por exemplo: ‘O Alto Comando e o
Poder Judiciário estão providenciando o fechamento da Igreja’; ‘Vou levá-lo à força,
mandar revistar a casa e destruir a Igreja’; ‘Vou mandar prender todos, inclusive
das filiais’; etc.. Ultimamente, têm aparecido os que se aproveitam do nome de
membros do Congresso e até do Partido Comunista".
Os mais perigosos atuavam junto aos jornais, à polícia e às tropas de
ocupação, através de cujo poder queriam pressionar a Igreja. O método utilizado
era o ataque escrito por meio de hábeis denúncias. Os jornais não conseguiam
discernir a verdade e, erroneamente, reconheceram o conteúdo dessas denúncias
como fato real; as autoridades, deixando-se levar por esses planos, partiram para
as investigações.

AS INVESTIGAÇÕES DA CRIMINAL INVESTIGATION DIVISION DAS


TROPAS DE OCUPAÇÃO

Os planos traçados através das denúncias manifestaram-se em forma de


inspeção das instalações da Igreja pela Criminal Investigation Division das Tropas
de Ocupação, no dia 25 de agosto de 1949. Nesse dia, por volta das vinte e uma
horas, o Fundador estava fazendo caligrafia a pincel no Soun-Ryo, quando, de
repente, lá fora, soou um disparo de revólver. Um dedicante foi até o "hall" de
entrada e deparou com soldados das tropas de ocupação entrando na casa,
empunhando pistolas.
Sem que se soubesse o motivo, por tratar-se de algo inesperado, o
Fundador e Yoshi foram levados ao Kanzan-Tei (Solar da Contemplação da
Montanha), e as demais pessoas foram reunidas no Soun-Ryo. Em seguida, os
soldados retiraram o forro do teto, removeram as pedras do jardim e realizaram
uma inspeção completa com detector de metal.
Mais tarde, soube-se que esse acontecimento tinha por base uma
denúncia enviada às tropas de ocupação, segundo a qual a Igreja escondia
materiais preciosos, como barras de ouro, platina, diamante, etc. Contudo, apesar
das buscas minuciosas, nada disso foi encontrado. Muito pelo contrário: depois que
os soldados se retiraram, se verificaram e que alguns objetos, entre os quais obras
de arte e artigos pessoais de Yoshi, haviam desaparecido. Cerca de dois meses
depois, num tom respeitoso, mas firme, o Fundador foi pedir ao comandante da
Criminal Investigation Division das Tropas de Ocupação que investigasse aquele
caso. Entretanto, os objetos perdidos não apareceram.
Na atitude do Fundador, que não cedia nem um passo para o que estava
errado e mantinha-se firme mesmo ao lidar com as tropas de ocupação, cujo
poder, na época, era absoluto, podemos ver que ele era uma pessoa que não se
deixava intimidar.
No dia 21 de setembro, quase um mês após esse incidente, foi publicado
o seguinte artigo no jornal "Nihon Trivium":
"A Igreja Kannon do Japão” era objeto das nossas investigações desde
janeiro devido a problemas relativos à sonegação de imposto de renda,
contribuições para partidos políticos, fundos e atividades políticas, posição pela
qual temos de aplicar-lhe as leis existentes. Havia também, contra ela, difamações
provenientes de outras organizações religiosas, mas ficou esclarecido que o caso
não era nada daquilo que se alardeava. Como não se colheram provas suficientes
às investigações foram encerradas.
O tratamento através do Johrei e do cultivo sem fertilizantes talvez possa
constituir um problema, pelo seu caráter anti-social; como, porém, isso não é da
nossa alçada, não podemos considerá-los como problema, desde que os fiéis
tenham uma compreensão elevada sobre isso.
O conteúdo desse artigo favorecia a Igreja, mas, ao mesmo tempo, mostra
que sua doutrina e as atividades nela baseadas eram objeto de muitas críticas por
parte da sociedade.
Além dos problemas relativos às finanças, o Johrei e a
Agricultura Natural também foram objetos de equívocos e difamações. Hoje,
finalmente, as limitações e as falhas da visão científico-materialista começam ser
levantadas, e a harmonia e o poder da natureza começam ser aceitos com
naturalidade. Mas na época, como as inovações técnicas se desenvolviam
grandemente, apenas se enalteciam as possibilidades da inteligência humana. Em
conseqüência, tudo que não pudesse ser provado pela Ciência, era rejeitado
antecipadamente, como sendo superstição.
No tocante à agricultura, os fertilizantes químicos, que começaram ser
usados antes da Segunda Guerra Mundial, passaram a sê-lo ainda mais. Entre os
defensivos agrícolas, o D.D.T. e o B.H.C. eram pulverizados em grande
quantidade, mas devido ao mal que faziam ao corpo humano, pararam de ser
fabricados. Todavia, como, naquele tempo, os tóxicos contidos nos fertilizantes e
nos defensivos agrícolas ainda não se manifestavam só se enalteciam os bons
resultados obtidos com a utilização dessas substâncias. A sociedade estava
mergulhada na cega crença nos fertilizantes e defensivos, e é incalculável a
intensidade das censuras e risos que a Agricultura Natural provocou.
Nesse clima, ocorreu uma desavença entre os dois advogados a quem a
Igreja encarregara de cuidar do caso ocorrido por ocasião das investigações do
Ministério da Fazenda; em novembro de 1949, essa desavença cresceu a ponto de
ser levada a juízo. No início, os dois trabalhavam em conjunto, mas em decorrência
de um desentendimento que envolvia problemas sentimentais, gerou-se um
equívoco em torno dos honorários de ambos, até que um deles acabou recorrendo
à Justiça.
Esse protesto chegou ao conhecimento de um jornal e foi noticiado
espalhafatosamente, na edição matinal do dia 20 de novembro, com as seguintes
manchetes:
"Grupo financeiro Igreja Kannon: grande sonegador de impostos?”
"Quatro milhões e meio para abafar o caso"
"Advogados brigam pela partilha de honorários e o caso é levado à
Justiça"
As investigações relativas a suspeita de sonegação de impostos e os fatos
ocorridos até o final do caso foram noticiados de maneira terrivelmente distorcida.
Desde então, as críticas à Igreja, partidas dos mais diversos periódicos,
aumentavam cada vez mais. No dia 14 de dezembro, saiu um artigo exagerando
desmedidamente os fatos e até contendo difamações infundadas. No dia 31 de
dezembro, no número 42 do jornal "Hikari", o Fundador publicou um artigo de
protesto contra esses noticiários.
Eis o artigo:
O jornal X infringe a ética do jornalismo.
"Como diz o adágio, quanto maior a árvore, mais sujeita ela está aos
ventos. Assim, com o surpreendente crescimento de nossa Igreja, começaram a
surgir muitas calúnias e difamações contra nós, por inveja ou por outro motivo. O
Jornal X, que se considera e é considerado um grande jornal, apesar de ter sido
refutado três vezes pela nossa Igreja, publica novamente, na edição do dia 14,
espalhafatosos artigos cheios de maledicência, o que só podemos interpretar como
feito intencionalmente. Não podemos deixar de ficar abismados com a falsidade do
seu conteúdo, nem tampouco de nos preocuparmos com a influência maléfica que
um instrumento público, como é o jornal, causa, ao tomar tal atitude. Pensando
nisso, enviamos ao Jornal X as palavras de protesto da Igreja, vítima direta, e do
Prefeito So, da cidade de Atami, vítima indireta, e publicamos as mesmas palavras
no nosso jornal, para transmitir a verdade e para que façam uma profunda reflexão
a respeito”.
As autoridades suspeitavam da Igreja por causa de denúncias que vinham
recebendo há muito tempo. Em agosto de 1949, agentes da Criminal Investigation
Division das Tropas de Ocupação foram revistar a casa do Fundador. Não se
encontrou nada que pudesse incriminá-lo, mas, em novembro do mesmo ano, com
a desavença dos advogados, as suspeitas das autoridades aumentaram e foram
iniciadas investigações sigilosas.

INSTITUIÇÃO DA IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

Na revista "Tijo Tengoku" de janeiro de 1950, o Fundador escreveu:


"Finalmente, entramos no ano de 1950. Para as pessoas comuns, é um ano como
outro qualquer; no nosso ponto de vista, é um ano muito importante, porque
corresponde a um nó no desenrolar da transição do Mundo da Noite para o Mundo
do Dia, preconizado por nós."
Como que comprovando essas palavras, naquele ano ocorreram fatos
importantes, dentro e fora da Igreja. Em janeiro, faleceu Issai Nakajima, grande
discípulo do Fundador; no dia 4 de fevereiro, Dia do Início da Primavera, foi
instituída a Igreja Messiânica Mundial; em abril, houve um grande incêndio que
destruiu a maior parte do cenho de Atami; em maio, a sede provisória da Igreja,
localizada no bairro de Shimizu, também em Atami, o Hekiun-So, residência do
Fundador, situada no bairro de Minaguti, na mesma cidade, e outros prédios, foram
revistados inesperadamente; pouco depois, o próprio Fundador foi preso. No
período em que esteve detido, ele teve uma experiência muito importante
relacionada à sua própria qualificação Divina, conforme será referido
posteriormente. Um mês após esse fato, eclodiu a Guerra da Coréia.
Foi estabelecido um sistema de grandes, médias e pequenas Igrejas, para
desenvolver a atividade de difusão da Fé.
Inicialmente, criaram-se três grandes igrejas Tengoku, Miroku e Taissei —
cujos responsáveis e endereços eram:

Igreja Tengoku - Kisseko Nakajima


Nishi Ashikawa 136 - Izussan, cidade de Atami — Estado de Shizuoka.

Igreja Miroku - Sossai Shibui


Midori, quadra 4, nº 589, cidade de Odawara — Estado de Kanagawa.

Igreja Taissei - Teruhiko Onuma


Gora 1300, Vila Miyaguino, Circunscrição de Ashigara Shimo — Estado de
Kanagawa.
Mais tarde, foi acrescentada a Igreja Koho, situada em Tossu, bairro da
Circunscrição de Miyoki, no Estado de Saga, cujo Responsável era Yoshihiko
Kihara. Ligadas a essas quatro grandes igrejas foram instaladas setenta e seis
igrejas médias e, filiadas a estas, setecentas e dez pequenas igrejas. A
organização da Sede estava constituída por departamentos, entre os quais a
Secretaria Interna, Administração e Serviços Religiosos, tendo sido criados os
cargos de conselheiro e diretor.
No dia 4 de fevereiro, o jornal "Hikari" teve o seu nome mudado para
"Kyussei". Na primeira página, sob o título "A respeito do nascimento da Igreja
Messiânica Mundial", o Fundador publicou a saudação de inauguração da Igreja,
que começava assim:
"A Igreja Kannon do Japão, fundada como pessoa jurídica de natureza
religiosa a 30 de agosto de 1947, e a Igreja Miroku do Japão, fundada sob os
mesmos termos a 30 de outubro de 1948, foram dissolvidas espontaneamente e,
com a união de ambas, sob um novo plano, criou-se a entidade religiosa
denominada Igreja Messiânica Mundial (Sekai Meshiakyo), portanto, no Dia do
Início da Primavera deste ano, 4 de fevereiro de 1950", no mesmo dia em que
mudou o nome do Jornal.
Em seguida, o Fundador explicava que aquilo estava acontecendo de
acordo com a Providência Divina; que Kanzeon Bossatsu, atuando para a salvação
da humanidade como Buda, passara a atuar como Deus, que era a sua verdadeira
natureza; que a sua função, até ali mais restrita ao Oriente, dava um grande salto,
passando a ser de âmbito mundial — salvar toda a humanidade — e que a Igreja
Messiânica Mundial era a manifestação de tudo isso.
Assim teve início o novo sistema e, como os trabalhos básicos da Obra
Divina haviam ficado prontos, o Fundador, que ocupava o cargo de Conselheiro
desde 1947, quando foi fundada a Igreja Kannon do Japão, passou a ocupar a
posição de Líder Espiritual e a aparecer no primeiro plano da Igreja. A partir desse
momento, baseado na Ordem Divina, começou a usar o nome de Meishu (Mei =
Luz; Shu = Senhor, portanto = Senhor da Luz); empenhando-se na expansão
da Grande Causa com o espírito e o corpo renovados.
Ao dar início à Igreja Messiânica Mundial e ao desenvolvimento da Obra
Divina propriamente dita, o Fundador escreveu: "Dei o primeiro passo em fevereiro
de 1928. Faz, pois, exatamente vinte e dois anos. Nesse período, ficaram prontas
as obras básicas e, por fim, estou organizando o pessoal, hasteando a grande
bandeira da salvação do mundo e começando as atividades propriamente ditas. Ou
seja, é como se eu estivesse me preparando no meu camarim e, já pronto, subisse
ao palco".

O GRANDE INCÊNDIO DE ATAMI

Dois meses depois que a Igreja, sob o novo sistema, iniciou a Obra Divina
de salvação do mundo com um vigor igual ao do nascer do Sol, Atami sofreu dois
grandes incêndios. O primeiro ocorreu na tarde do dia 3 de abril, no centro
comercial de Nakamisse, perto da estação, atingindo noventa e quatro casas. Dez
dias depois, aconteceu um incêndio como nunca se tinha visto antes: o fogo,
surgido pouco depois das dezessete horas numa empresa construtora situada no
aterro perto do mar, começou a se propagar com o forte vento que soprava, e logo
as ruas do centro foram engolidas pelas chamas. Conta-se que as labaredas que
se elevavam no céu noturno, podiam ser vistas até em Kamakura e Oisso, cidades
litorâneas como Atami, mas bem distantes dela. As chamas vigorosas, depois de
atravessarem a cidade, finalmente enfraqueceram, apagando-se no sopé da
Montanha Tenjin, na zona leste, por volta da meia-noite. De acordo com as
estatísticas, 979 casas foram queimadas, 1461 famílias ficaram desabrigadas, o
número de vítimas elevou-se a 5745, e os prejuízos foram avaliados em 3 bilhões
de ienes.
Além do forte vento, a precariedade do fornecimento de água foi fatal.
Devido à violência do fogo, os bombeiros da cidade e os que vieram ajudar
provenientes de cidades vizinhas, como Hayakawa e Yugawara, não conseguiram
trabalhar com eficácia, de modo que a situação chegou àquela grande tragédia.
Dizem que a causa direta do incêndio foi uma ponta de cigarro jogada por um
operário, a qual incendiou um tanque de gasolina.
Naquele dia, havia um grande número de dedicantes trabalhando nas
obras de construção do Solo Sagrado de Atami, junto com os profissionais. Na
época, o terreno onde se ergue o atual Templo Messiânico, os muros de pedra ao
redor, o terreno do Palácio de Cristal e outros aspectos básicos na Terra Celestial
delineavam as suas formas. Dali, a duzentos metros acima do nível do mar, as
labaredas, que começaram em determinado ponto da cidade, podiam ser vistas
bem em frente, dando a impressão de que era possível alcançá-las com as mãos.
Quando as sirenes começaram a tocar persistentemente e o incêndio parecia se
agravar, os dedicantes, preocupados com a Sede Provisória, situada relativamente
perto do ponto onde irrompera o fogo, desceram a montanha. No momento em que
eles chegaram lá, as faíscas caíam como chuva e pareceu-lhes que era questão de
tempo a Sede pegar fogo. A Imagem de Deus já havia sido levada para um local
seguro, juntamente com os quadros de caligrafia do Fundador.
Foi mais ou menos nessa hora que o Fundador chegou, na companhia de
Yoshi, vindo do Hekiun-So, situado no bairro de Minaguti. Depois de dirigir palavras
de agradecimento àqueles que apressadamente carregavam os objetos, ficou em
silêncio, ministrando Johrei na direção do fogo.
Logo em seguida as chamas atingiram a porta da frente, que caiu em
poucos instantes. O transporte dos objetos ainda continuou, e às pessoas que
estavam desocupadas, foram distribuídas baldes, bacias, panelas etc., a fim de
transportarem água para os lugares que pareciam estar em perigo. Ela era jogada
ininterruptamente, no telhado e nas paredes; entretanto, com a intensidade do
fogo, logo secava. Assim que isso acontecia, jogava-se mais água.
Enquanto repetiam esse trabalho às cegas, as pessoas não tinham nem
tempo para sacudir as fagulhas que caíam sobre seu próprio corpo. Além disso,
uma intensa chuva de fagulhas caía sobre o telhado. As casas e lojas situadas à
volta vomitavam fogo; a Sede estava cercada de três lados pelas labaredas, e as
árvores do jardim já não tinham mais folhas. O prédio do jornal "Hikari", que ficava
próximo, acabou sendo envolvido pelas chamas. Todos jogavam água no corpo,
para aliviar o calor, e até entravam no lago, para poderem continuar o trabalho,
mas as roupas logo secavam, parecendo que iriam pegar fogo a qualquer
momento. As pessoas que não tinham vasilhas para pegar água, subiam ao
telhado e estendiam desesperadamente a mão, ministrando Johrei na direção das
chamas que se aproximavam.
Exatamente na hora em que se pensava que era o fim, devagarzinho o
vento começou a mudar de direção. As labaredas, que pareciam prestes a engolir
a Sede a qualquer momento, foram empurradas para trás. Isso aconteceu por volta
das vinte e duas horas, ou seja, cinco horas após o início do incêndio.
Os avisos sobre a situação da Sede Provisória chegavam sucessivamente
ao Fundador, que havia retornado ao Hekiun-So: "Pegou fogo!" "Está queimando!"
etc.. Mas o Fundador, sem demonstrar o mínimo abalo, dizia, cheio de convicção:
"Não, ela não vai pegar fogo não." Pouco antes, quando o incêndio atingiu a Rua
Guinza, ele orientara: "Os bairros de Shimizu e Assahi também correm perigo. Por
isso, avise a todos e mande que se preparem para a evacuação." Ao mesmo
tempo, talvez convicto da absoluta proteção de Deus, disse também: "Pelo menos
a Sede Provisória será poupada."
Seria mesmo verdade?
O incêndio se alastrou de Guinza para Assahi e, em seguida, para
Shimizu, mas a Sede Provisória, que todos pensavam não escapar, continuou de
pé, em meio de escombros. E o milagre não foi só esse. Na manhã seguinte,
arrumando o local onde estava sediada a redação do jornal "Hikari", os dedicantes
descobriram, entre as cinzas e restos de objetos destruídos pelo fogo, alguns
jornais semiqueimados. Eram exemplares do primeiro número daquele periódico e
do número 53 do jornal "Kyussei", nome para o qual ele fora mudado. Todos
ficaram surpreendidos por eles terem sido poupados no meio do fogaréu, e essa
surpresa logo se transformou num sentimento de respeito, pois, na primeira página
do primeiro número do jornal "Hikari", havia sido publicada uma foto do Fundador
ocupando a metade da folha, e o fogo, como que se desviando da foto, queimara
apenas as bordas, em formato semicircular. No número 53 do jornal "Kyussei",
também na primeira página, havia sido publicada a figura de Daimiroku, desenhada
pelo Fundador. As pessoas que estavam realizando aquele trabalho descansaram
as mãos e, reunidas em volta dos jornais, choraram de emoção.
Esse milagre ocorrido durante o grande incêndio de Atami foi
pomposamente noticiado no jornal "Kyussei", ampliando o redemoinho de emoção
religiosa e dando coragem e esperança aos fiéis de todo o país, os quais tendiam a
ser malvisto, como integrantes de uma religião nova.

A PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA
INÍCIO

Pouco tempo depois do incêndio de Atami, quando a restauração da


cidade ainda estava sendo iniciada, um fiel chamado Hissashi Itino, que trabalhava
na delegacia local, recebeu a seguinte ordem: "Amanhã de manhã, às seis horas,
chegarão policiais federais e você deverá servir-lhes de guia e levá-los aonde eles
pedirem”.Não houve nenhuma explicação sobre o lugar aonde iriam nem sobre o
motivo da ordem. Isso ocorreu no dia 7 de maio de 1950, por volta das vinte horas.
O dia seguinte amanheceu frio. Conforme fora dito, chegaram a Atami
mais de setenta policiais da Sede de Shizuoka da Delegacia Regional da Polícia
Federal. Ao ouvir o nome dos locais para onde deveriam se dirigir, Itino duvidou de
seus ouvidos, pois o objeto das investigações era o Hekiun-So, o Solar da Nuvem
Esmeralda, Tozan-So, o Solar da Montanha do Leste e mais sete prédios
relacionados à Igreja Messiânica Mundial.
Naquele ano, Itino fora salvo de tuberculose em estado grave e, tornando-
se fiel, estava se empenhando na difusão. Certo dia, entretanto, foi chamado pelo
seu superior, do qual recebeu a severa ordem de abandonar suas atividades. Sem
alternativa, havia retirado o talismã. Caso tivesse ficado sabendo um pouco antes o
que os policiais vinham fazer, poderia ter avisado o Fundador — pensou ele —
mas agora era tarde.
Naquela manhã, o Mestre acordara num clima nada agradável. Aguçando
os ouvidos de dentro das cobertas, pareceu-lhe que o lado da cozinha estava muito
agitado. Mal ele acabou de formular esse pensamento, um dedicante entrou
apressadamente no quarto e disse: "Chegaram muitos policiais e estão dizendo
que vieram fazer investigações”.O Fundador, não se lembrando de ter dado
motivos para isso, achou o fato estranho, mas não ficou assustado. Nisso, ouviu-se
uma voz de homem: "Aqui está minha identificação”.Provavelmente, ele deve ter
mostrado o mandado de busca. Sua voz podia ser claramente ouvida de dentro do
quarto. Percebendo que a situação não era nada boa, o Fundador levantou-se e
abriu a porta. Viu, então, um policial vestido à paisana procurando alguma coisa
por todos os cantos. Esse policial lhe disse: "Não é necessário levantar-se.
Continue deitado", e prosseguiu a revista.
Os policiais, em número de doze ou treze, levaram oito horas revistando a
casa e, depois de recolherem documentos, correspondências, cadernetas de
bancos, dinheiro etc., retiraram-se.
Naquele dia, as autoridades prenderam Motokiti Inoue, secretário do
Fundador, e Kyuhei Kaneko, diretor do Departamento de Obras. Além disso,
revistaram todas as instalações da Igreja localizadas na cidade de Atami e a Sede
da Grande Igreja Miroku, num total de oito prédios. Foi um trabalho em grande
escala, mobilizando oitenta pessoas, entre investigadores e policiais. Todos os
prédios foram cuidadosamente revistados, especialmente a Sede Provisória, em
que os policiais removeram até as tábuas do assoalho. Através desse fato
evidenciava-se que eles tencionavam encontrar alguma coisa que achavam estar
escondida.
Isso foi o início da perseguição religiosa que abalou a Igreja durante três
anos.
Kaneko, preso naquela ocasião, era natural do Estado de Niigata.
Começara a dedicar ao lado do Fundador em 1940, quando este residia no Hozan-
So, e, após prestar serviço militar durante dois anos e retornar à vida comum,
continuara a dedicar ao lado dele. Sua capacidade de ação e seu discernimento
granjearam-Ihe o cargo de diretor do Departamento de Obras, e ele foi de grande
utilidade para a compra e a construção da Terra Celestial.

INVESTIGAÇÕES RESIDENCIAIS

Mas por que a Igreja era alvo de tantas investigações?


Como foi dito no capítulo anterior, a atividade de difusão tornara-se mais
intensa entre 1946 e 1947. Os milagres se sucediam, e o número de fiéis
aumentava gradativamente. Todavia, refletindo sobre aquela época, vemos que as
explicações sobre o Johrei e a Agricultura Natural, que eram as principais
atividades de difusão, foram insuficientes em alguns aspectos e que as orientações
não foram bem transmitidas a todos os pontos do país, sendo bem possível que
houvesse exageros. Por isso, iam se avolumando censuras e difamações contra a
Igreja, e as pessoas que antipatizavam com ela fizeram denúncias às autoridades.
Era, pois, natural que estas mantivessem uma atitude de desconfiança; aliás, esse
era também o objetivo dos que faziam as denúncias.
Nisso, ocorreu o caso da investigação determinada pelo Ministério da
Fazenda e, em seguida, a grande e completa busca feita pela Criminal
Investigation Division nas instalações da Igreja, especialmente na Terra Divina de
Hakone. Esta última não deu em nada, mas logo depois chegou ao conhecimento
público à desavença entre os dois advogados contratados pela Igreja, o que
supomos ter aumentado as suspeitas das autoridades. Entretanto, mesmo dando
busca na Igreja, não foi possível apreender nada de concreto. Então,
ocasionalmente, aconteceram dois ou três problemas dos quais as autoridades se
aproveitaram para prender os diretores da Igreja, conseguir provas e, com isso,
prender também o Fundador, averiguando assim, de uma só vez, a situação
interna da entidade.

As suspeitas incidiam sobre cinco pontos:

Primeiro: Ter feito suborno por ocasião da compra de terras agrícolas


para ampliar as ruas da Terra Celestial.
Segundo: Ter construído ruas sem antes fazer a transferência de usufruto
das terras, pois, na área comprada para construir a Terra Celestial, havia também
terras agrícolas.
Terceiro: Ter realizado, por duas vezes, reformas na Sede Provisória, em
1949, sem o necessário alvará e, nessa oportunidade, ter subornado a autoridade
encarregada do assunto.
Quarto: Na época, havia uma lei que controlava o fornecimento de
produtos considerados extraordinários e nela constava um regulamento relativo
aos produtos derivados do petróleo, os quais eram rigorosamente controlados.
Pessoas da Igreja eram acusadas de terem adquirido, por diversas vezes,
gasolina, que estava sob esse controle.
Quinto: Um funcionário de determinado Banco, fiel da Igreja, era acusado
de ter depositado parte do dinheiro do Fundador numa conta corrente em nome de
outra pessoa.
A grande investigação do dia 8 de maio fundamentava-se, aparentemente,
nessas cinco acusações, mas na verdade tinha por objetivo esclarecer as diversas
suspeitas que pairavam sobre a Igreja e, especialmente, encontrar os objetos
secretos que se dizia terem sido escondidos pelo antigo exército. Entretanto, não
foram achados metais, pedras preciosas nem nada que pudesse servir de prova.
Como o resultado da investigação não foi o que as autoridades esperavam, os
investigadores resolveram interrogar severamente Motokiti Inoue e Kyuhei Kaneko,
que já estavam detidos e, através de confissão de ambos, conseguir provas para a
prisão do Fundador.
Na delegacia de Shizuoka, Inoue e Kaneko sofreram constantes
interrogatórios. Sobre Inoue, pairava a suspeita de que, objetivando ocultar a
fortuna pessoal do Fundador, tivesse pedido ao funcionário do Banco para que
colocasse seu saldo bancário em nome de diversas pessoas e dado a ele uma
gratificação. Quanto a Kaneko, era suspeito de ter dado dinheiro à comissão das
terras agrícolas por terem facilitado a transferência de usufruto, na ocasião em que
o Fundador comprou terras agrícolas para construir a Terra Celestial. Como ambos
jamais haviam sequer pensado em semelhantes coisas, negaram por completo as
acusações. Entretanto, o investigador não se deu por satisfeito e prosseguiu nos
interrogatórios.
Com o passar dos dias, Inoue e Kaneko foram ficando exaustos física e
mentalmente, em virtude da violenta mudança de ambiente e dos incessantes
interrogatórios ameaçadores. Principalmente para Inoue, que era doentio de
nascença, o baque foi grande. A nevralgia ciática de que sofria agravou-se e,
devido à insuficiência de sono e à falta de apetite, sua fraqueza era muito grande.
Depois que saiu da prisão, ele foi acometido ao mesmo tempo de insuficiência
cardíaca e hepatite, e o médico lhe prescreveu repouso absoluto durante um mês.
Apesar de pressionados a tal ponto, Inoue e Kaneko suportavam tudo,
unicamente pelo desejo de que, acontecesse o que acontecesse, o Fundador não
fosse incomodado. Percebendo isso, o investigador contra-atacou habilmente,
fazendo ameaças: "Se vocês não confessarem, vou mandar que tragam
Okada”.Dispostos a sofrerem as conseqüências e a protegerem o Mestre mesmo
que eles próprios fossem incriminados, Inoue e Kaneko imaginaram o que o
investigador queria e confessaram terem feito aquilo de que eram acusados. Por
ironia do destino, no entanto, esses pronunciamentos tornaram-se o pretexto em
que se fundamentaram as autoridades para dar ordem de prisão ao Fundador.

PRISÃO

Na madrugada do dia 29 de maio, três semanas depois da grande


investigação, os prédios pertencentes à Igreja foram novamente revistados. Um
grupo de policiais foi ao Hekiun-So e pediu ao Fundador, que ainda estava
dormindo, para acompanhá-los. Aquilo que todos temiam intimamente acabara se
tornando realidade. O Mestre ficou abismado com o rumo dos acontecimentos,
mas atendeu ao pedido dos policiais, dizendo: "Deve haver algum ponto que não
está sendo compreendido, para que meus discípulos sejam interrogados por tanto
tempo. Irei dar as explicações pessoalmente”.
No dia seguinte, a prisão do Fundador foi noticiada em todos os jornais,
sendo muito comentada em todo o Japão.

"O Fundador Okada foi preso"


"A Igreja Messiânica sonega e suborna"
(Jornal Assahi)
"Detido o ”Ohikari-Sama""
"Sonegou impostos por meio de suborno"
(Jornal Mainiti)
"O "Ohikari-Sama" foi preso"
"Suspeito de ter sonegado impostos"
"Invadida a Igreja Kannon em Atami e Hakone" (Jornal Yomiuri)

Antes da Segunda Guerra Mundial, o Fundador tivera a experiência de ser


preso três vezes. Em agosto de 1936, na delegacia de Omiya, chegara a sofrer
torturas durante os interrogatórios, como, por exemplo, ter os seus cabelos
puxados. Entretanto, a respeito do caso ocorrido em maio de 1950, ele disse:
“Quando se fala em interrogatórios da Policia Especial, todos logo imaginam que
sejam de caráter extremamente feudal, mas o desta vez foi incomparavelmente
brutal e rigoroso”. Foi terrível.
O Mestre aceitara ser preso para dar explicações em favor de seus
discípulos e esclarecer a verdade, mas o que esperava por ele era interrogatórios
cruéis.
Antes de apelarem para a prisão, às autoridades haviam calculado uma
maneira para induzirem a culpa do Fundador. Inicialmente, os investigadores, entre
os quais o próprio diretor do departamento de investigação, trataram do problema
relativo a suspeita de que ele tivesse pedido ao funcionário de um Banco para
fazer depósitos em nome de várias pessoas. Intimado a dizer a verdade, o
Fundador disse o que sabia, negando terminantemente o que não sabia. Mas os
investigadores não recuaram dizendo: "Não há razão para que não saiba. Se tentar
fingir ou mentir, não lhe perdoaremos. Uma vez que as palavras de Inoue
coincidem com as do funcionário do Banco, não adianta você negar. São dois
contra um; é claro, portanto, que você está mentindo." Ouvindo isso, ele retrucou:
"Por mais que eu pense, acho que eu é que estou certo.”.
Mas os três investigadores já haviam decidido que o Fundador tinha culpa
e continuaram insistindo. Na verdade, o que eles queriam que ele confessasse era
como utilizara o dinheiro depositado no Banco e que dera uma gratificação ao
funcionário que o ajudara. Ora, como este era fiel da Igreja e estava zelando pelo
dinheiro do Mestre com a alegria de contribuir para Obra Divina, era totalmente
inviável que tivesse recebido propina para fazer isso. Assim, o Fundador não tinha
como se lembrar das coisas que não sabia. Diariamente, desde cedinho até tarde
da noite, ele desenvolvia grande número de tarefas da Obra Divina, não
desperdiçando um segundo sequer. Por isso, era natural que não soubesse de
memória detalhes relativos à contabilidade. Entretanto, os investigadores não
desistiram. Pelo contrário: mostravam-se irritados, e os interrogatórios iam ficando
cada dia mais severos.

AS TORTURAS MENTAIS

Durante o período em que esteve preso na Delegacia Regional de Ihara,


no Estado de Shizuoka, o Fundador recebeu a ajuda de Shin Makita, dona de uma
hospedaria situada nas proximidades, que há muito tempo vinha fornecendo
refeições aos presidiários, como atividade secundária, nas horas de folga do seu
trabalho. Enquanto arrumava a cela do Fundador, ela pedia-lhe conselhos. As
respostas dele tocavam-na profundamente e, sem que se dessa conta, Makita
passou a sentir grande respeito por ele. Mas isso não aconteceu apenas com essa
senhora. Exceto o investigador, todos os elementos da delegacia, a começar pelo
delegado, aprendiam alguma coisa com suas atitudes do dia-a-dia e passaram a
chamá-lo de "professor" e a dispensar-lhes cuidados especiais.
Certo dia, quando levou o café da manhã para o Fundador, Makita não o
encontrou na sala onde os presidiários costumavam fazer as refeições. Achou
aquilo estranho, mas ouvindo barulho de tamancos no corredor do primeiro andar,
para lá se dirigiu. Encontrou o Fundador andando de um lado para outro,
balançando os braços, e então lhe perguntou: "Que aconteceu, professor?" Acho
que ele respondeu: "Nada. Estou andando porque preciso fazer exercício. Aqui é
um bom lugar para isso, uma vez que não posso ir lá para fora." A amplitude de
pensamento daquele homem que andava pelo corredor do presídio para suprir a
falta de exercício, numa vida de liberdade restrita, atraiu-a misteriosamente.
Um fato que também tocou profundamente o coração de Makita foi o que
aconteceu numa outra manhã, quando ela foi levar-lhe a refeição de costume.
Nessa oportunidade, o Fundador Ihe disse: "Em breve, um indivíduo chamado
Motizuki, que está preso aqui, será posto em liberdade. Esse homem é um ladrão,
mas eu Ihe prometi que, quando o libertassem, eu Ihe daria 5 mil ienes, e peço à
senhora que diga isso a alguém de minha casa. De manhã, quando eu estava
lavando o rosto, Motizuki chegou perto de mim e pediu-me dinheiro emprestado.
Eu quis saber para que ele queria esse dinheiro e ele me disse que, quando saísse
da prisão, pretendia começar um negócio honesto, como vendedor de chá, e
precisava de capital. Tendo-Ihe eu perguntado de quanto necessitava, Motizuki me
respondeu que de 5 mil ienes, e eu aceitei ajudá-lo.”.
Assim, mesmo na prisão, o Fundador conservava o coração aberto e o
amor profundo que o caracterizavam, causando boa influência nas pessoas à sua
volta. Contudo, à medida que os dias se passavam, ele ia ficando impaciente. Um
dos motivos era a preocupação com os fiéis. Até então, alguns já tinham vacilado
em conseqüência de noticiários difamatórios, mas ele próprio pudera dar-lhes
orientações adequadas, de modo que as influências tinham sido insignificantes.
Desta vez, entretanto, como quem estava detido era ele, a insegurança e o
sofrimento dos membros eram muito grandes. Desde que fora preso, centenas de
fiéis se reuniam diariamente, em frente à delegacia, para verem o que estava se
passando e rezarem por ele.
Outro motivo da impaciência do Fundador era a insuportável humilhação
de ver-se obrigado a dizer mentiras, ele que sempre evitara os sentimentos, as
palavras e as atitudes falsas. Assim sendo, era natural que ficasse cada vez mais
impaciente diante da ameaça de permanecer preso para sempre, se não
confessasse aquilo que o investigador desejava. Chegando a tal ponto, o Fundador
teve de tomar uma decisão. Lendo o pensamento do investigador atrás das
palavras que ele dizia, fez declarações adequadas e, com isso, ficou encerrado o
depoimento sobre o problema do saldo bancário. Entretanto, a sua tranqüilidade
durou pouco. O interrogatório passou a versar sobre o problema das investigações
efetuadas pelo Ministério da Fazenda em 1948. Tratava-se de um caso
extremamente complicado e não era fácil fazer um pronunciamento favorável.
Quando o investigador não ficava satisfeito com as respostas do Fundador,
atacava-o com palavras grosseiras: "Imagine se você não vai se lembrar de um
problema tão evidente! Seria tão fácil se falasse com franqueza! O negócio demora
porque você tenta distorcer as coisas!”!
Devido à raiva e à perturbação que sentia por ver-se forçado a prestar um
depoimento falso, o Fundador foi pouco a pouco ficando exausto. Fazia dez dias
que fora preso e, somado ao fato de que tinha sessenta e sete anos, estava se
ressentindo da falta de exercício. Além do mais, sua mente e seu corpo estavam
completamente enfraquecidos em conseqüência da grande mudança de ambiente.
Durante um interrogatório, ele sentiu uma forte tontura e acabou desmaiando no
local. Segundo o diagnóstico do médico da polícia, o Fundador estava
neurastênico.
No dia seguinte, o interrogatório recomeçou e, tal como antes, diziam:
"Comece a lembrar!" O Fundador se esforçava para manter a calma, mas acabou
perdendo os sentidos novamente. Uma hora depois, finalmente conseguiu ficar de
pé, mas não podia andar. O chefe das investigações carregou-o nas costas e
levou-o até a cela. No percurso, sem querer, ele gritou: "Isso é uma tortura mental!"
Ao ouvir a palavra tortura, o investigador estremeceu.
A partir daquele momento, o Fundador passou a ser perturbado
incessantemente por tonturas. Quando tentava pensar em alguma coisa, ficava
tonto. Chegando a esse ponto, tomou consciência dos limites do seu corpo e da
sua mente. Seu estado de fraqueza era tal, que ele não conseguiu sequer
responder aos interrogatórios do dia seguinte. Partiu, então, para a última
alternativa que Ihe restava: invocou o espírito de Mitio Shibui — irmão mais novo
de Sossai Shibui — que, na época, havia se encarregado daquele problema, e
ficou sabendo da quantia aproximada. No outro dia, respondeu aos interrogatórios
enunciando com clareza a quantia da qual tomara conhecimento, e assim,
finalmente, o depoimento ficou encerrado.

CONSCIENTIZAÇÃO DO ESTADO DE UNIÃO COM DEUS

Os interrogatórios cessaram por algum tempo. No dia 15 de junho, o


Fundador foi transferido para a penitenciária de Shizuoka. Desde as pressões que
sofrera antes da Segunda Guerra Mundial, havia ficado detido várias vezes em
delegacias, mas essa era a primeira vez que ia para um presídio. Ele sentiu seu
coração apertado de tristeza. Entretanto, a nova cela era bem mais limpa que a da
delegacia. Tinha paredes brancas e janelas amplas, proporcionando bastante
claridade; possuía até uma pequena cozinha. Ao olhar aliviado pela janela, o
Fundador avistou pés de hortênsias com flores em botão, os quais pareciam ter
sido plantadas pelos presidiários. Já estando preso há um longo período, achou os
claros raios de sol e as flores extremamente belos.
Os interrogatórios complementares mais detalhados prosseguiram e, no
dia 19 de junho, cinco dias depois que ali entrara, o Fundador foi libertado, por
volta das vinte e três horas. Foram vinte e dois dias de interrogatórios, iniciados a
29 de maio.
A libertação do Fundador havia sido comunicada ao Hekiun-So, e os
dedicantes mais próximos, entre os quais o seu secretário foi buscá-lo de carro na
penitenciária de Shizuoka. No início estava previsto que ele sairia as dezenove ou
vinte horas; ao tomar conhecimento disso, um grande número de jornalistas foi
esperá-lo no portão da frente. Para despistá-los e evitar tumulto, a penitenciária
atrasou a saída do Fundador. Dessa forma, facilitaram-lhe as coisas, fazendo-o
sair pela porta dos fundos, por volta das vinte e três horas.
Ele nada levava consigo. Vestido com uma "yukata" e de tamancos,
entrou no carro. Podia notar um pouco de desgaste físico, mas para quem ficara
vinte e oito dias preso, seus passos foram vigorosos. Mal entrou no carro, disse: "O
pessoal está bem?" Assim, ao invés de preocupar-se consigo mesmo, o Fundador
quis saber como estavam os outros.
Os jornalistas que foram despistados ficaram furiosos, mas de nada
adiantou. Só um, do Jornal X, ficou esperando perto do Pico Jikoku e conseguiu
tirar uma foto de surpresa, que usou para uma notícia exclusiva do dia seguinte. O
carro, para evitar possíveis perseguidores, seguiu na direção do Hekiun-So,
aparentando levar o Fundador para sua residência, mas depois se dirigiu para
Hakone. Por volta das três e trinta da madrugada, o Mestre conseguiu chegar
sossegado à casa de um conhecido, em Sengoku-Bara.
No período em que o Fundador esteve preso na penitenciária de
Shizuoka, aconteceu um fato muito importante para a Obra Divina. O primeiro sinal
desse fato ocorreu no dia 13 de junho, quando ele ainda estava na Delegacia
Regional de Ihara. Na manhã desse dia, o Fundador começou a sentir dor de
barriga, a qual foi se intensificando e, à tarde, tornou-se insuportável. Ele ministrou
Johrei em si mesmo e com isso à dor amenizou um pouco, mas continuou até a
manhã do dia 14. Achando estranho, ele perguntou a Deus o que aquilo significava
e recebeu a seguinte resposta: "Isso se deve à Grande Providência e não pode ser
evitado. Portanto, agüente um pouco." Naquele momento, o Fundador se deu
conta de que o dia seguinte seria 15 de junho, data em que recebera a Revelação
Divina no topo do Monte Nokoguiri, em 1931, no Estado de Tiba, quando fora dado
o primeiro passo da transição da Era da Noite para a Era do Dia no Mundo
Espiritual.
Além disso, no mesmo dia 14, o Fundador teve um sonho maravilhoso.
Sonhou que, no cume do Monte Fuji, todo coberto de neve, havia um grande prédio
que parecia um palácio. Ele entrou nesse prédio, mas, quando estava para
apreciar a magnífica paisagem de neve, despertou. Desde os tempos antigos,
todos gostavam de sonhar com o Fuji, com águia e com berinjela, pois isso era
considerado sinal de boa sorte. Assim, embora estivesse na prisão, o Fundador
sentiu que algo de bom iria acontecer e esqueceu-se da dor de barriga. "Não há
dúvidas de que o meu ventre está sendo purificado para providenciar o progresso
da Obra Divina", pensou ele. Com essa convicção, ficou aguardando ansioso.
Chegou o dia 15 de junho. À medida que a consciência do Fundador foi se
abrindo, um pensamento começou a tomar forma definida. Relacionava-se à
misteriosa Bola de Luz que havia em seu ventre e de cuja existência ele se
conscientizara em 1926, pela Revelação Divina. Posteriormente, ele esclarecera
que essa Bola de Luz era a fonte da Luz da Salvação. Mais de vinte anos depois,
no dia 15 de junho de 1950, o Fundador apreendeu que o Espírito do Supremo
Deus havia se assentado nela.
Na tarde daquele dia, ele foi transferido para o presídio de Shizuoka. No
dia seguinte, amanheceu sem apetite e só à tarde conseguiu tomar um copo de
leite, que achou delicioso. Segundo o Mestre escreveu mais tarde, esse
acontecimento expressava que o Espírito Divino que habitava a Bola de Luz estava
se desenvolvendo tal como um recém-nascido que toma leite. A esse respeito, no
artigo intitulado "Um mistério", ele disse: "À medida que o Espírito de Deus for
crescendo e se tornando adulto, a Bola de Luz irá aumentando o seu brilho e, no
futuro, manifestará uma virtude extraordinária.”.
Até essa época de perseguição religiosa, o Fundador viera desenvolvendo
a atividade de salvação de acordo com a Orientação de Deus. Entretanto, após o
fato misterioso ocorrido quando ele estava preso, houve uma grande mudança na
sua qualificação Divina. Assim, a Bola de Luz, ganhando maior plenitude, passou a
manifestar uma força ainda maior que até então. Ao mesmo tempo, a relação entre
Deus e ele tornou-se mais direta e inseparável: Deus passou a manejá-lo
livremente. Por isso, tudo aquilo que se realiza de acordo com a orientação do
Fundador, é, em suma, a Vontade de Deus, a Sua Providência. Depois desse
acontecimento, ele tomou profunda consciência de que atingira o estado de união
com Deus.
Assim, esse fato de extrema importância dentro da Providência Divina
aconteceu secretamente, dentro da prisão, quando não havia nenhum discípulo
sequer ao lado do Mestre.
Essa perseguição religiosa, em que o próprio Fundador foi humilhado,
tornou-se um caso inesquecível para a Igreja. A vacilação dos fiéis foi grande, e a
difusão, que havia se desenvolvido de forma impetuosa, estacionou por algum
tempo. Entretanto, se pensarmos que, em meio dessa grande dificuldade, o
Fundador se conscientizou da elevação de sua própria qualificação Divina,
veremos que tudo não passou de um plano misterioso, baseado na Providência
Divina.

"O Grandioso Deus


Para realizar ocultamente
Uma obra misteriosa,
Escolheu a cela de uma prisão. "

Após ter sido libertado, o Fundador afastou-se de suas atividades por uns
tempos e foi descansar em Hakone, para recuperar-se da fraqueza mental e física
em que se encontrava. Deixou também de fazer as entrevistas com os membros e
de ditar os Ensinamentos. Passava os dias tranqüilamente, ouvindo música, por
exemplo. Quando foi se recuperando, deu início à confecção de mil quadros com a
caligrafia "As flores caem e os frutos se formam", os quais outorgou aos fiéis. Eram
quadros que expressavam este mistério da Providência: assim como é preciso que
as flores caiam para que os frutos se formem, em meio do sofrimento, há
ocorrências Divinas muito alentadoras.
Depois que Inoue, o secretário do Fundador, foi preso, no dia 8 de maio
de 1950, data em que teve início à perseguição religiosa, quem ficou no seu lugar
foi Teruaki Kawai, que mais tarde se tornou Presidente da Igreja. Sua principal
tarefa era atender os chantagistas que apareciam seguidamente. Na época, Kawai
tinha apenas vinte e cinco anos e estava fazendo difusão, sobretudo na Região
Kansai. Como era a primeira vez que iria dedicar ao lado do Fundador, perguntou a
este com que espírito deveria fazê-lo, ao que o Mestre respondeu: "Aqui não existe
nada disso." Ouvindo essas palavras, Kawai falou que tinha vontade de servir e de
se aprimorar, mas o Fundador replicou: "Você deve se aprimorar naquilo que for
necessário em cada ocasião. Não pense neste ou naquele aprimoramento. Ficarei
satisfeito se fizer o que eu digo." Diante disso, Kawai comentou: "Dessa forma,
parece que não há nada com que eu precise me preocupar. É isso mesmo?" O
Fundador então confirmou: "Sim. Isso é o que se chama de aprimoramento
celestial. Entretanto, como as pessoas que me procuram geralmente vêm atrás de
dinheiro, é preciso que seja suficientemente inteligente para enxergar a intenção
delas e tomar-lhes à dianteira. "
Pouco tempo depois, o Fundador fora preso e submetido a interrogatórios.
Passara aproximadamente três semanas detido e, sendo solto pela penitenciária
de Shizuoka, fora repousar em Hakone por algum tempo. Voltando a Atami, disse a
Kawai e às outras pessoas que ficaram cuidando da Igreja durante a sua ausência:
"Será que os fiéis não estão vacilantes? O meu sofrimento é imposto por Deus e,
por isso, não é nada grave. Mas eles não sabem da verdade e devem estar
preocupados." Ouvindo essas palavras, todos ficaram comovidos com o amor do
Mestre, que, embora ainda enfraquecido, preocupava-se com os fiéis.
Kawai fora acometido de uma grave tuberculose pulmonar em 1943,
quando cursava a Universidade de Wasseda, só lhe restando esperar pela morte.
Entretanto, recebendo Johrei com Issai Nakajima, pouco a pouco, recuperara a
saúde e, em contacto com os Ensinamentos do Fundador, despertara para um
novo mundo e decidira oferecer sua vida exclusivamente à Obra Divina. Na
ocasião em que foi dedicar ao lado do Mestre, em 1950, ocupava o cargo de
Responsável da Filial Tyokushin, ligada à Igreja Tengoku. Quando aquele ainda
estava vivo, Kawai dedicava-se à difusão na Região Kansai; depois, tornou-se um
dos diretores da Igreja; mais tarde, após o falecimento do Fundador, ocupou o
cargo de Presidente do Conselho Administrativo e, em seguida, o de Presidente da
Igreja.
SENTENÇA E REFORMA DA ORGANIZAÇÃO

A acusação do Fundador, de Shibui, de Inoue e de Kaneko foi definida no


dia 12 de julho de 1950. O Fundador foi acusado de infração da Lei dos Assuntos
Econômicos e de suborno.
Por ocasião da grande investigação do dia 8 de maio, alegando algumas
infrações legais, a promotoria determinou a prisão dos diretores da Igreja e, com
base na sua confissão, mandou prender também o Fundador. Fundamentada
numa confissão feita sob severa pressão, elaborou uma acusação de suborno a
autoridades públicas. Assim, de acordo com seu objetivo inicial, conseguiu levar o
Fundador a julgamento.
A primeira sessão do julgamento foi realizada no Tribunal Regional de
Shizuoka, no dia 11 de outubro, três meses depois da libertação do Fundador. A
Igreja foi bem preparada, sendo defendida por doze advogados, entre os quais o
ex-Ministro da Justiça Naoshi Obara e o ex-reitor da Universidade Meiji. Naoshi
Obara era aquele advogado que atuara como investigador-chefe no chamado
"Caso Siemens", acontecimento que, conforme já foi mencionado, presume-se ter
sido um dos motivos que levaram o Fundador a criar uma empresa jornalística, na
época em que era empresário, com o objetivo de corrigir os males da sociedade. O
julgamento da Igreja foi realizado em quarenta e uma sessões, durante dois anos e
dois meses. A disputa girou em torno da validade das confissões, e a defesa e a
promotoria permaneceram em pé de igualdade até o fim.
O Fundador escreveu um livro falando abertamente sobre a situação em
que foram realizados os interrogatórios e sobre a verdade desse caso de
perseguição religiosa. Nesse livro, publicado em 30 de outubro de 1950 com o
título "Registros sobre a Perseguição Religiosa", ele esclarece que sua confissão e
a de todos os outros réus foi feita sob condições extremamente forçadas. As
testemunhas e os advogados da Igreja comprovaram o fato, mas a promotoria
negou-o terminantemente, reforçando a espontaneidade da confissão.
A sentença do julgamento foi dada no dia 24 de dezembro de 1952. Ao
contrário do que se esperava, a vitória da promotoria foi absoluta, e o Fundador e
os outros réus foram condenados a prestar serviços na prisão. Os fiéis, que
acreditavam na inocência do Mestre, ficaram atônitos por algum tempo, mas, como
o cumprimento da pena foi adiado para três anos mais tarde, tranqüilizaram-se um
pouco.
Como era de se esperar, o grupo de advogados ficou extremamente
revoltado com a sentença. Mas a sua revolta não provinha apenas do fato de terem
perdido o caso. Para eles, uma vez que o reconhecimento de confissão
espontânea era a única prova contra a Igreja, não havia nenhuma infração da lei,
pois não admitiam a espontaneidade da confissão. Essa era a opinião uniforme do
grupo. Assim, todos eles incentivaram o Fundador a recorrer, pois, como o
fundamento da acusação da promotoria era fraco, pensavam que poderia ganhar
em caso de novo julgamento. Entretanto, o Fundador acabou não recorrendo. Na
noite em que foi dada a sentença, ele disse a Yoshi: "Como até agora a Igreja teve
uma grande expansão em curto espaço de tempo, deve haver, na sociedade, muita
gente que a inveje e odeie. Entretanto, como ela foi condenada pela sentença
decretada hoje, esses sentimentos irão se desfazer, o que é benéfico para nós.
Além do mais, ainda que tenhamos sido considerados culpados, a pena só será
cumprida mais tarde, não havendo, portanto, muitos danos."
Entre as outras pessoas que foram condenadas, as que pertenciam à
Igreja acataram a decisão do Fundador e também não recorreram, mas as que não
pertenciam imediatamente recorreram ao Tribunal Superior de Tóquio, após a
sentença. Dois anos depois, todos foram absolvidos. Isso aconteceu porque
surgiram suspeitas sobre a espontaneidade da confissão dos indiciados; por falta
de provas, a promotoria perdeu a causa. Assim, a inocência do Fundador e dos
demais componentes da Igreja ficou comprovada, mesmo que indiretamente, após
quatro anos e alguns meses.
Em junho de 1950, a Igreja deu início à reforma da Organização, pois
ficara claro que a perseguição religiosa fora motivada pela falta de estruturação
necessária à expansão da Igreja e pelo desconhecimento das leis. Paralelamente,
refletindo-se sobre a inesperada prisão do Fundador, concluiu-se que ela ocorrera
por ser ele o Líder Espiritual e, ao mesmo tempo, o Responsável e o
Representante da entidade jurídica denominada Igreja Messiânica Mundial.
Logo depois que ele voltou da prisão, todos os cargos foram extintos e,
em seu lugar, foi instalada a "Comissão Organizadora da Reconstituição da Igreja
Messiânica Mundial", que, acatando as idéias do Fundador, estabeleceu o seguinte
projeto:
- Abolir o sistema em que o Líder Espiritual acumula o cargo de
Representante e adotar o sistema de Presidência do Conselho Administrativo;
- Estabelecer o sistema de diretores, em número fixo de onze pessoas
(entre os quais, o Presidente do Conselho Administrativo e três diretores
executivos);
- Criar o cargo de fiscal, em número de três pessoas;
- Implantar o sistema de diversos conselheiros.
Com isso, o Fundador deixou a posição de Responsável da Igreja, sendo
substituído por Naoyoshi Okussa. Assim, foi organizado um sistema em que todas
as responsabilidades burocráticas ficavam ao encargo dos fiéis.
Okussa, que nessa ocasião ocupava o cargo de Presidente do Conselho
Administrativo, nasceu em 1894, na cidade de Tóquio e, logo após se formar na
Universidade Keio Guijuku, instalou uma firma industrial naquela cidade. Em
seguida organizaram empresas de mineração e comércio, manifestando, desde
jovem, seus talentos empresariais. Filiou-se à nossa Igreja em 1943. Entre os seus
parentes, havia uma senhora que sofria de tuberculose da laringe e podia morrer a
qualquer hora; com o Johrei ministrado pelo Fundador, ela viveu mais dois ou três
anos. Atraído por esse fato, Okussa procurou Issai Nakajima e, depois da conversa
que manteve com ele durante uma noite inteira, resolveu tornar-se fiel.
Alguns anos mais tarde Okussa, encarregou-se de tarefas importantes na
Obra Divina. Após o término da Segunda Guerra Mundial, a Igreja teve uma rápida
expansão, mas seu relacionamento com a sociedade era muito pequeno. Então,
utilizando-se de sua vivência, ele apresentava ao Fundador indivíduos que podiam
ser úteis à Organização e, às vezes servia-lhe de consultor na parte administrativa.
Além de se sentir atraído pela personalidade do Mestre, era grande a sua
admiração pelo ideal que ele alimentava, de modo que, após organizar suas
empresas, seguiu o caminho da dedicação à Obra Divina como um dos
componentes da sede da Igreja.
Okussa tinha uma natureza quieta e era de pouca conversa. Todavia,
graças à sua fidelidade e honestidade, gozava da inteira confiança do Fundador e
das pessoas em geral. Especialmente depois que se tornou Presidente do
Conselho Administrativo, em 1950, contribuiu para a expansão da Igreja como
responsável pelos assuntos burocráticos, tendo servido ao Fundador com muita
devoção. Anos depois da ascensão deste, numa época em que a Igreja passou por
sérias dificuldades, Okussa prestou grande ajuda a Segunda Líder Espiritual,
desenvolvendo um trabalho muito valioso como sustentáculo da Obra Divina. Veio
a falecer aos setenta e três anos, no dia 12 de junho de 1968.
O conteúdo da reformulação dos órgãos da Igreja foi anunciado pelo
próprio Fundador, no jornal "Eiko" de 23 de agosto de 1950. O jornal "Kyussei",
cuja publicação havia sido interrompida desde a prisão do Mestre, voltava a ser
editado; agora, sob aquele nome, e na primeira página, foi publicado um artigo
sobre a reforma em questão, intitulado "A Respeito da Volta do Nosso Jornal".
Nesse artigo, o Fundador explicava que a perseguição sofrida pela Igreja
representava uma profunda bênção de Deus para polir o seu espírito. Estendia o
assunto à guerra da Coréia, eclodida uma semana depois que ele saíra da prisão,
e, confrontando a com o que lhe acontecera, advertia que estava se iniciando uma
purificação de escala mundial. Assim, com base no significado da Providência
Divina, ficava esclarecido que, por trás daquela reforma, havia um profundo
cuidado de Deus. A respeito desse caso, o Fundador compôs poemas com o título:

"Perseguição Religiosa"

"Com a intenção de fortalecer


O meu fraco espírito,
Deus me impôs
Essa perseguição religiosa."

“Acho misterioso o meu destino.


Fazendo um retrospecto,
Vim passando diversas vezes
Por caminhos espinhosos."

“É meu destino
Ter maiores sofrimentos
E maiores alegrias
Que as outras pessoas."

No dia 5 de fevereiro de 1951, meio ano após o início do novo sistema da


Igreja Messiânica Mundial, o Fundador anunciou seu desejo de modificar por
completo o sistema de difusão, estabelecendo o sistema regional.
Um ano atrás, no dia 4 de fevereiro de 1950, a Igreja Kannon do Japão e
a Igreja Miroku do Japão haviam se fundido, sendo instituída a Igreja Messiânica
Mundial. Desde então, todas as unidades religiosas ficaram ligadas às três
Grandes Igrejas —Miroku, Tengoku e Taissei — e à Média Igreja Koho (logo
elevada à categoria de Grande Igreja). Pela nova organização, elas foram divididas
em dezessete regionais, devendo formar-se, com a ligação direta dos fiéis ao
Fundador, um sistema em que todos pudessem ter o mesmo sentimento que ele. O
quadro detalhado do pessoal foi publicado no dia 7 de março de 1951, no número
94 do jornal "Eiko". Entretanto, o sistema regional acabou não sendo implantado
nessa ocasião.
Teruaki Kawai, que não conseguia compreender a não-concretização do
sistema regional, o qual visava à elevação da fé e ao progresso da Obra Divina,
perguntou ao Fundador por que isso havia acontecido, e ele respondeu: "No início
eu também concordei em implantar o sistema, mas não deu certo, porque ainda é
cedo." Por trás dessa decisão do Fundador, podemos concluir que ele achava cedo
para implantar o novo sistema não pela confusão que este poderia acarretar, mas
pela situação que se atravessava, dentro e fora da Igreja.
Assim, o sistema regional limitou-se à apresentação de um plano do
Fundador e, até a ascensão deste, em 1955, acabou não surgindo à oportunidade
para concretizá-lo. A concretização da reforma da Igreja tornou-se, assim, uma
tarefa deixada ao encargo dos messiânicos da posteridade. Misteriosamente, esse
sistema regional foi concretizado mais de vinte anos depois, em 1972, através do
desenvolvimento da Unificação da Igreja realizada pelo então Presidente Teruaki
Kawai.

CONSTRUÇÃO DOS SOLOS SAGRADOS


HAKONE E ATAMI

SHINSEN-KYO (TERRA DIVINA) - SOLO SAGRADO DE HAKONE

O PROTÓTIPO DO PARAÍSO TERRESTRE


Com o chocante acontecimento que foi a prisão do Fundador, a Igreja,
durante algum tempo, sofreu o dano de ver a linha de difusão recuar bastante.
Entretanto, mesmo nesse período a construção do Solo Sagrado, em Hakone e
Atami, continuou a ser desenvolvida a firmes passos, pelas mãos das pessoas de
sólida fé. A construção tivera início em maio de 1944, quando o Fundador se
mudou de Tamagawa, bairro de Tóquio, para o Solar da Montanha Divina, em
Gora, na cidade de Hakone.
Assim que adquiriu aquela casa, definindo-a para sua moradia, o
Fundador comprou um terreno com cerca de 6.600 m2, o qual fazia parte de uma
propriedade pertencente à Estrada de Ferro Hakone Tozan e correspondia à área
que vai do Museu de Arte até o Palácio da Luz do Sol. Nesse terreno, estava
situada a casa de veraneio que ele havia alugado tempos atrás e da qual guardava
profundas recordações.
O terreno estava incluído no Parque Gora-En, construído pela Estrada de
Ferro Odawara Denki (posteriormente Estrada de Ferro Hakone Tozan) no período
que vai do final da Era Meiji ao início da Era Taisho. O Gora-En era constituído de
dois jardins, um em estilo japonês e outro em estilo francês, e foi muito comentado,
na época, por sua construção moderna. Entretanto, ele ficou bastante danificado
com o grande terremoto ocorrido na Região Kanto em 1923. Tendo permanecido
longo tempo sem cuidados durante a guerra, os galhos das árvores estavam todos
desordenados, e por isso, mesmo durante o dia, era um parque escuro. A área
adquirida pelo Fundador correspondia ao jardim de estilo japonês.
O objetivo do Mestre, ao comprar terrenos em Hakone e Atami numa
época material e psicologicamente difícil, ou seja, entre o final da guerra e logo
depois do seu término, era construir, com base na Providência de Deus, uma terra
ideal caracterizada pela harmonia entre a beleza natural e a beleza criada pelo
homem e fazer dela a base da Obra Divina. Esse Paraíso Terrestre, onde se
concretizaria a Verdade, o Bem e o Belo, teria a função de protótipo, visando a
mostrar a toda a humanidade a imagem do Mundo Ideal que seria estabelecido na
Terra quando chegasse à hora oportuna. A propósito, o Fundador escreveu: "O
Paraíso Terrestre que temos por ideal é um mundo de perfeita Verdade, Bem e
Belo." E ensinou, ainda: "Esse Paraíso Terrestre que é a Terra Divina, mostra o
futuro Paraíso Terrestre, de escala mundial."
A construção e a conclusão do protótipo idealizado pelo Fundador estão
intimamente relacionadas com o avanço da construção do Mundo Ideal. A esse
respeito, ele nos ensinou: "As realizações Divinas são elaboradas em forma
extremamente pequena e vão se expandindo gradativamente, até que adquirem
amplitude mundial". Superando a grande dificuldade financeira daquela época e
vencendo a escassez de material, o Mestre desenvolveu a construção do protótipo
do Paraíso Terrestre porque estava absolutamente convicto de que ela possuía um
profundo significado no desenvolvimento da Providência Divina.
À medida que se iam adquirindo terras em Hakone e Atami e que a obra
de construção avançava, foram ocorrendo sucessivos fatos misteriosos, os quais
mostravam que essas terras tinham sido antecipadamente preparadas pela
invisível Vontade Divina. O Fundador explicou isso dizendo: "É interessante como
os terrenos de que necessitamos vão chegando às nossas mãos uns após outros.
E não são terrenos dispersos: eles vão se ampliando de um vizinho para outro. O
mesmo acontece com o tempo. Quando está se aproximando a hora em que
teremos necessidade do terreno, os proprietários nos procuram, para vendê-los.
Tudo se processa conforme desejamos". Ele escreveu, ainda: "As pedras de que
precisamos, surgem abundantemente, num só lugar. Parecem não ter fim, por mais
que escavemos".
Mas esses acontecimentos não se limitaram à ampliação dos terrenos e
às pedras. Fatos misteriosos, como, por exemplo, conseguir na hora certa as
espécies de árvores desejadas ocorreram em sem-número de vezes, durante a
construção do protótipo do Paraíso Terrestre. Não seria exagero dizer que foi uma
seqüência ininterrupta de milagres.
Sobre o desenvolvimento da grande construção determinada pela
Vontade de Deus, o Fundador, baseado na teoria da Transição da Era da Noite
para a Era do Dia, escreveu:
"Desde 1931, o Mundo Espiritual tende gradativamente a clarear e por
isso tornou-se fácil construir o Paraíso. Não são os homens que o constroem, e
sim, Deus. Assim, a construção avança naturalmente, de acordo com o tempo,
bastando que o homem trabalhe em conformidade com a Vontade Divina. Deus é
quem fez o projeto e inspeciona o trabalho, utilizando livremente grande número de
pessoas; quanto a mim, pode-se considerar que represento o papel de mestre-de-
obras. Naturalmente, como parte de minha função, também estou construindo um
modelo do Paraíso, fato que é do conhecimento dos fiéis. Sendo assim, os terrenos
me são oferecidos inesperadamente, em lugares inesperados e por pessoas
inesperadas. Mal eu sinto que Deus me está dizendo para comprá-los, obtenho a
quantia necessária sem maiores sacrifícios. De acordo com o terreno, consigo não
só o projeto mais adequado como o melhor construtor, e o material necessário
também entra na medida exata. Até um arbusto para jardim me é trazido
inesperadamente por alguém, e há sempre um lugar onde ele se encaixa com
perfeição. Às vezes, aparecem-me várias árvores ao mesmo tempo e fico sem
saber onde colocá-las; entretanto, como creio que tudo isso é feito por Deus,
ponho-me a estudar o jardim e começo a plantá-las uma a uma. Resultado: elas
vão se encaixando perfeitamente. Cada vez que isso acontece, vejo que tudo está
sendo feito por Deus. Quando desejo colocar uma pedra ou uma árvore em
determinado lugar, em dois ou três dias elas vêm às minhas mãos. Que poderá ser
isso senão um milagre?"
A obra de construção propriamente dita dos jardins da Terra
Divina foi iniciada em 1945, sob a responsabilidade de um profissional
especializado. O Fundador ia ao local todos os dias e dava instruções nos mínimos
detalhes, até sobre uma árvore, uma planta ou uma pedra. Sem se prender às
normas da construção de jardins, ele construiu a Terra Divina dispondo pedras,
plantas e árvores com um método inovador. Era a expressão da mais elevada arte,
que combinava com a natureza de Hakone.
Poema escrito pelo próprio punho do Fundador:
"Limpando matagais /Cobertos de plantas e arbustos, / Construí, em Hakone, / Um
jardim de flores. "
Nos jardins da Terra Divina foram usadas grandes quantidades de pedras
em vários lugares. A composição de rochas da corrente de água, que passa pelo
jardim da Casa de Contemplação da Montanha, e as inúmeras rochas dispostas
em vários pontos dele formam um aspecto peculiar, em que foi habilmente
aproveitada a topografia de Gora, pois todas elas foram encontradas nesse mesmo
terreno. Através disso, o Fundador captou a cuidadosa preparação de Deus.
Dizem que as rochas soterradas em Gora caíram lá com a explosão do
Monte Soun, situado atrás da Terra Divina. Constatando que, durante a construção
da Terra Divina, toda vez que ele queria colocar uma pedra em determinado lugar,
a pedra adequada aparecia perto dali, o Fundador concluiu que, na longínqua
antigüidade, Deus já havia preparado aquele terreno. Assim, pelos diversos fatos
relacionados à construção do protótipo do Paraíso Terrestre, ele solidificou ainda
mais a sua crença de que Deus desejava tal construção, esperando vê-la concluída
o mais rápido possível. Os grandiosos planos decorrentes dessa crença foram
sendo concretizados seguidamente.
Em agosto de 1946 ficou pronta a Casa de Contemplação da Montanha,
moradia do Fundador na Terra Divina.
Em maio do ano seguinte, reformou-se uma das casas de aluguel que
existiam na época do jardim em estilo japonês, a qual recebeu o nome de Hagui-
no-Ya (Casa do Trevo); mais tarde, na sua frente, foi concluído o Hagui-no-Miti
(Caminho do Trevo). Em 1948, iniciou-se a construção do Soun-Ryo (Alojamento
Nuvens Ligeiras), que posteriormente teve o seu nome mudado para Niko-Den
(Palácio da Luz do Sol) ; em maio desse ano, foi realizada a sua pré-inauguração,
dando-se também início à construção do jardim e do lago. Os fiéis haviam
começado a dedicar desde 1945, mas foi a partir dessa obra que se formou o
Grupo de Dedicação, o qual passou a ajudar o trabalho dos profissionais. Em maio
de 1949, ficou pronto um jardim de rica variedade, que se estendia da Casa de
Contemplação da Montanha até o Alojamento Soun. No verão de 1950, inaugurou-
se o Sanguetsu-An (Casa de Cerimônia de Chá Monte e Lua), ao lado do qual foi
construído o Jardim de Bambus.
De 1948 a 1950, a Igreja viu-se atingida por diversos acontecimentos
funestos, mas isso não atrapalhou o ritmo da construção. Esta continuou sendo
firmemente desenvolvida e, na primeira metade de 1950, a parte fundamental da
Terra Divina estava quase pronta. Durante sete dias, a partir de 21 de setembro, foi
realizado solenemente o primeiro Culto de Outono, no Palácio da Luz do Sol. O
número de participantes que vieram de todo o Japão para essa cerimônia foi
surpreendente: até o mezanino especialmente construído na parte sul ficou lotado.
No rosto dos fiéis, não havia nem vestígios dos tenebrosos momentos vividos
quatro meses atrás, isto é, dos dias dolorosos e inseguros decorrentes da
perseguição religiosa. Todos eles mostravam-se contentes por terem conseguido
participar do Culto, no qual se festejava a conclusão das bases da Terra Divina. O
Fundador compôs dez poemas para essa oportunidade, dos quais transcrevemos
os que se seguem :
"Finalmente está se formando
O Paraíso Terrestre.
O Culto de hoje
Festeja essa alegria. "

“A Terra Divina
Reflete-se aos olhos das pessoas
Como imagem de perfeita
Verdade, Bem e Belo. "

No final do ano, teve início a preparação do terreno para a construção do


museu. O trabalho ficou concluído no verão de 1951 e, no outono, principiaram as
obras de edificação dos alicerces, erguendo-se fortes pilares para a construção de
concreto armado. Assim que voltou de sua primeira viagem missionária à Região
Kansai, o Fundador apresentou o projeto do Jardim dos Musgos, para cuja
construção se aterraria a depressão do terreno na parte leste da Casa de
Cerimônia de Chá Monte e Lua, e pediu a todos os fiéis que oferecessem musgos
de diversas regiões. Assim, o terreno coberto de bambu "kumazassa" transformou-
se por completo: em seu lugar, dando outro colorido raro à Terra Divina, surgiu um
belo jardim de musgos, enriquecido pelo Estilo Rin-pa. Em junho de 1952,
inaugurou-se o tão esperado Museu de Arte de Hakone, com o qual ficava
concluída a Terra Divina. Comemorando os dois eventos, foi realizado
solenemente, durante três dias, o Culto do Paraíso Terrestre.

O KANZAN-TEI (Casa de Contemplação da Montanha)

A primeira construção iniciada pelo Fundador na Terra Divina foi à Casa


de Contemplação da Montanha. Embora se estivesse em plena guerra, ele recebia
muitos visitantes e, além disso, vários dedicantes moravam com ele. Assim, o
Mestre construiu essa casa pela necessidade de ter uma residência mais
reservada, a fim de poder realizar as tarefas Divinas com tranqüilidade.
Aplainando o terreno inclinado ao norte do Solar da Montanha Divina, ele
conseguiu uma área de aproximadamente 100 m2, onde iniciou a construção. Na
época, as edificações estavam controladas, não podendo ter mais de 50 m2 e, por
isso, o Fundador viu-se obrigado a construir uma casa que não ultrapassasse
essas dimensões. Dada a impossibilidade de conseguir a madeira necessária,
lembrou-se daquela que havia comprado para construir um anexo no terreno do
Hozan-So, madeira que não tinha sido utilizada, pois, devido à disputa desse
terreno, o tribunal o havia proibido de fazer construções nele. Entretanto, embora a
madeira estivesse assegurada, havia o problema do transporte. Para transportar a
quantidade de madeira necessária, seria preciso um caminhão e gasolina, mas,
durante a guerra, até isso era difícil para um cidadão. Felizmente, graças à ajuda
de um fiel relacionado ao exército, o problema foi resolvido, tornando-se possível à
construção.
Eis, porém, que, iniciada a obra, em março de 1945, surgiu outro
problema: assegurar a alimentação dos trabalhadores. Se não lhes fornecessem
comida, eles teriam de parar o serviço para ir comprá-la, e a obra sofreria atraso.
Nessa época, a situação alimentar era péssima, mas na casa do Fundador,
felizmente, havia um estoque de arroz ofertado pelos fiéis do interior e ele o cedeu
aos trabalhadores. Certo dia, ao vê-lo comendo um simples pão feito de farinha de
macarrão, alimento que na época substituía o arroz, um discípulo imaginou que ele
estava vendendo este último para empregar o dinheiro nas despesas diárias.
Talvez decifrando o seu pensamento, o Fundador lhe disse: "Vou trabalhar nesta
casa. Quando ela ficar pronta, a humanidade estará mais perto da salvação. Se
deixarmos os trabalhadores passarem fome, a obra atrasará. Por isso estou Ihes
fornecendo arroz."
Quando a construção finalmente se normalizou e um terço da obra já
estava concluída, os ataques aéreos se intensificaram e o estoque de arroz
fornecido aos trabalhadores chegou ao fim. Entretanto, exatamente nessa época,
um discípulo chamado Otsuki Kyoji (posteriormente Responsável da Igreja Kossei)
comprou seis sacas de arroz branco e o enviou ao Fundador, que, através desse
fato, sentiu a vigorosa Vontade Divina de que a obra continuasse. Depois disso, a
construção da Casa de Contemplação da Montanha prosseguiu normalmente,
ficando concluída em agosto de 1946, um ano e cinco meses após ter sido iniciada
nas péssimas condições sociais do período durante e após a guerra. Tratando-se
de uma casa de apenas 50 m2, foi muito tempo, mas demonstra o esforço feito
para vencer os inúmeros obstáculos que surgiram.
Durante a construção da Casa de Contemplação da Montanha, ocorreu
um episódio que comprova o misterioso poder do Fundador. Foi no verão de 1945.
Os alicerces estavam prontos, e os pilares de pé; era hora, portanto, de fazer a
cobertura. Três dias depois, entretanto, quando faltavam apenas 40 ou 50 cm para
ela ficar terminada, o céu de repente começou a escurecer e surgiram nuvens
negras. O tempo muda com muita facilidade nas montanhas. Isho Murata, escultor
de estilo Kamakura, que ocasionalmente estava na obra para inspecionar o local
onde iria construir o "biwa-toko" (pano localizado ao lado do toko-no-ma), ficou
olhando as nuvens, preocupado com a chuva. Nisso, o profissional que estava
fazendo a cobertura, foi correndo ao seu encontro e lhe pediu: "Sr. Murata! Estou
em apuros. . . Se eu não terminar o trabalho antes que chova, os pilares ficarão
manchados. Por favor, diga ao Grande Mestre para fazer alguma coisa!" Em
seguida, ele acrescentou que, em trinta ou quarenta minutos, no máximo em uma
hora, a cobertura estaria pronta. Murata, por intermédio de Motokiti Inoue,
imediatamente transmitiu o pedido ao Fundador, que, no mesmo instante, foi lá
fora.
- Que aconteceu?
- Parece que vai começar a chover a qualquer momento e. . .
- Está bem. Quanto tempo ainda é necessário?
- Em uma hora, no máximo, a cobertura estará terminada.
- Sim, mas qual o tempo mínimo que ainda leva?
- Quarenta minutos.
- Ah, é?
Então, o Fundador fixou os olhos no céu durante dois ou três minutos, os
quais, para Murata, que estava ao seu lado, pareceram uma eternidade. Depois,
voltando-se para o operário, disse: "Pronto, termine logo a cobertura."
O profissional terminou o trabalho às pressas e, exatamente no momento
em que ia descer a escada, começou a cair uma chuva bem forte. Entretanto, não
estava chovendo até cerca de cinco metros ao redor da casa; dali para frente era
uma chuva torrencial. Murata, que se tornara fiel recentemente, duvidara do
resultado daquele olhar fixo do Fundador; constatando, porém, com seus próprios
olhos, o poder incomum do Mestre, sentiu por ele um respeito tão grande que
estremeceu instintivamente.
Da Casa de Contemplação da Montanha, como seu nome indica,
avistava-se, entre outras elevações, a Montanha Daimonji (Pico Myojo), a leste, o
Pico Myojin e o Monte Senguem. Mesmo no escaldante verão, os beirais bem
largos proporcionavam uma sombra refrescante, e o vento trazia o ar fresco das
montanhas. Com a expansão da linha de difusão, a vida do Fundador ia ficando
cada vez mais atarefada, mas podemos imaginar quanta tranqüilidade e descanso
esse panorama deve ter proporcionado ao seu coração.
A casa foi usada para os encontros com os diretores da Igreja, com os
comerciantes de obras de arte e com muitas outras pessoas; aí, também, foram
ditados e revisados um grande número de Ensinamentos. Ela foi muito importante
como ponto central da Obra Divina no Solo Sagrado de Hakone.

O HAGUI-NO-YA (Casa do Trevo)

Em maio de 1947, o Fundador transportou uma das casas de aluguel localizadas


no antigo jardim em estilo japonês do Gora-En para o declive existente atrás da
Casa de Contemplação da Montanha. Depois de reformá-la, deu-lhe o nome de
Casa do Trevo. Ele guardava uma lembrança especial dessa casa, pois no final da
Era Taisho, quando a Terra Divina ainda era o jardim de propriedade da Estrada de
Ferro Hakone Tozan, passara um verão numa daquelas casas. Não conseguindo
esquecer-se disso, reformou uma delas para usá-la como anexo.
No início, a Casa do Trevo era utilizada para hospedar visitantes, mas depois
passou a servir exclusivamente para o Fundador fazer as caligrafias a pincel. Em
frente a ela foi construído, mais tarde, o Caminho do Trevo. No começo do outono,
o trevo "miyaguino" dá flores vermelhas e brancas nos seus galhos pendentes, os
quais formam um túnel, proporcionando um espetáculo de graça e elegância que
deleita os olhos dos visitantes.
Nesse local, devemos atentar para a disposição das rochas que margeiam o
caminho. O tamanho e a altura de cada uma foram aproveitados habilmente, de
modo a tornar o caminho harmonioso e fazê-lo, por si mesmo, delinear
reentrâncias e saliências. Um especialista em construção de jardins, vendo essa
composição, comentou: "Geralmente se utiliza o método de ‘enfileirar as faces’,
que consiste em dispor as rochas em fila, com a parte plana voltada para o
caminho; aqui, entretanto, a composição é totalmente diferente, o que me deixou
muito surpreso. Na maioria das vezes, não se consegue aproveitar e ordenar bem
as rochas." De fato, colocando-nos no Caminho do Trevo e observando-o de forma
mais atenta, descobrimos nele um sabor muito especial. A sensibilidade com que o
Fundador o construiu, utilizando o trevo para esconder, de forma natural, a
composição das rochas, a qual exigiu tanto trabalho e tempo, causou admiração
até mesmo a um especialista no assunto.
O Fundador disse: "Como sempre falo, não gosto de falsidade; por isso, além de
achar que enfeitar ou usar de artifícios é uma espécie de falsidade e também de
esnobação, acho que, de certa forma, causa má impressão aos outros." Esse seu
sentimento está contido não apenas no Caminho do Trevo, mas em toda parte dos
jardins sagrados de Hakone e Atami.

O NIKO-DEN (Palácio da Luz do Sol)

Pouco tempo depois que a Casa de Contemplação da Montanha ficou


pronta, as leis que regulamentavam as construções tornaram-se mais tolerantes. O
Fundador planejou, então, a construção de um local para fazer as entrevistas com
seus discípulos e com os fiéis e, com esse objetivo, comprou aproximadamente
278 m3 de cedros, que eram propriedade de um templo situado no Estado de
Akita, transportou-os para Odawara em mais de vinte caminhões, a fim de
transformá-los em madeira, e, em seguida, levou-os para a Terra Divina. Pouco
depois, vieram lhe oferecer um terreno de aproximadamente 2.000 m2, localizado
abaixo do Solar da Montanha Divina, e ele imediatamente o comprou. Aplainando
esse suave declive, conseguiu um terreno relativamente reto. Solucionado o
problema do material e do local, a obra ia ser finalmente iniciada.
Exatamente nessa ocasião, o Fundador conheceu o arquiteto Issoya
Yoshida, por intermédio de Kossaburo Yoshizumi (4a geração), expoente de
"nagauta". Ele gostara muito da casa de Yoshizumi e, sabendo que fora construída
por Yoshida, quis conhecê-lo. Mais tarde, descrevendo a impressão que teve sobre
esse arquiteto, disse: "Ao conversar com ele, vi que tinha uma mente muito
esclarecida e que nossas opiniões coincidiam perfeitamente. Assim, achei que fora
realmente enviado por Deus." Com essa convicção, o Fundador pediu a Yoshida
que fizesse o projeto do novo prédio que iria construir.
Issoya Yoshida nasceu em Nihon-Bashi, na cidade de Tóquio, em 1894.
Após se formar arquiteto, quis estudar a arquitetura ocidental, tendo ido à Europa e
aos Estados Unidos. Maravilhado com a beleza das construções do período inicial
do Renascimento italiano, aprendeu a importância da tradição e retornou ao Japão
decidido a reconsiderar as construções tradicionais. Apresentando uma forte
tendência a seguir os modelos ocidentais, o mundo arquitetônico japonês teve um
grande impacto com o aparecimento de Yoshida, que, tomando por base o estilo
Sukiya aliado ao estilo das casas de cerimônia de chá, fez desabrochar uma nova
beleza arquitetônica.
Até seu falecimento, em 1974, Yoshida fez muitos projetos, que ficaram
na história da construção japonesa, entre os quais o Edifício Yamato Bunka e o
prédio principal do Templo Tyugu-ji, em Nara, o Teatro Cabúqui de Tóquio e obras
particulares. Em 1964, foi condecorado com o Prêmio Cultural. No livro intitulado
"Jozetsusho", aproveitando as palavras de um célebre arquiteto, mostrou o aspecto
ideal das construções residenciais: "Indo à festa de inauguração de uma casa, não
achei nada que pudesse ser relevantemente elogiado; tampouco encontrei algo a
criticar. Também não senti vontade de ir logo embora e por isso acabei não me
preocupando com as horas, tendo ficado lá um bom tempo. Uma casa assim é o
ideal."
"Sem supervalorizar a raridade, dar um toque especial, com
despretensiosa serenidade. . . " Esse pensamento de Yoshida em relação à
arquitetura deve ter encontrado ressonância no coração do Fundador, que também
tinha desenvolvido uma apurada sensibilidade em relação às construções
tradicionais do Japão. Ainda no livro a que nos referimos, Yoshida escreveu sobre
o sentimento que deve caracterizar o arquiteto: "Ainda que tenhamos consultado
pilhas e pilhas dos mais diversos livros de arquitetura estrangeira, a construção
que não foi feita com o sexto sentido parece ter alguma coisa faltando. Os
conhecimentos emprestados de terceiros, na maioria das vezes não servem.
Quando se pensa com toda a sinceridade e amor, tendo sido preenchidas todas as
condições, o sexto sentido sempre funciona." Esse pensamento também coincidia
com o do Fundador, que respeitava a intuição e orientava a construção do Solo
Sagrado de acordo com as idéias que lhe vinham à mente em cada momento.
Na base do pensamento comum que identificava o Fundador e Yoshida,
estava a profunda compreensão que ambos tinham da Arte e o fato de terem
estudado na mesma escola — Escola de Belas-Artes de Tóquio — e serem
possuidores do sentimento próprio dos "edoko" (pessoas natural de Edo-antigo
nome do Japão). E não eram "edoko" comuns. Eram dois "edoko" ligados por um
caráter extraordinariamente grandioso.
Assim, na construção do Palácio da Luz do Sol, como em todas as outras
construções do Solo Sagrado, o caminho se abriu graças à proteção de Deus. A
obra, iniciada no dia 23 de fevereiro de 1948, transcorreu normalmente, sendo pré-
inaugurada em maio do mesmo ano e concluída em maio do ano seguinte.
Inicialmente, esse salão foi denominado Soun-Ryo (Alojamento Nuvens
Ligeiras), pelo fato de o Monte Soun estar localizado logo atrás; em 1950, teve o
seu nome mudado para Palácio da Luz do Sol. Na época, como ainda havia leis
regulamentando as construções, cujo limite era de 330 m2, ele começou a ser
construído obedecendo a essas dimensões, mas em 1951, com o abrandamento
das leis, foi ampliado. Assim, o Palácio da Luz do Sol adquiriu o tamanho que
possui atualmente.
Yoshida também se encarregou do projeto de ampliação da Casa de
Contemplação da Montanha, quando foi construído o jardim de inverno e a sala de
banho.

"Não há nada
Que possa comparar-se
A alegria que eu sinto hoje,
Vendo construída
A morada de Deus."

“Está radiante o rosto dos fiéis


Que, com a chegada do momento certo,
Vieram visitar pela primeira vez
O jardim que cultua Deus."

O SANGUETSU-AN (Casa de Cerimônia de Chá Monte e Lua)

Em 1947, o Fundador pediu a Seibe Kimura (2a geração), especialista no


assunto, que construísse a Casa de Cerimônia de Chá Monte e Lua. A idéia surgira
no verão de 1946. Na época, o general Smith, do exército americano, que ocupara
o território japonês, e outros altos oficiais quiseram assistir a uma cerimônia de
chá. Atendendo ao pedido de uma pessoa influente de Atami que tomara
conhecimento disso, o Fundador cedeu-lhe a sala de chá do Solar da Montanha do
Leste. Há muito tempo convicto da chegada do dia em que se apresentaria ao
mundo à beleza das construções tradicionais do Japão, ele resolveu, nessa
oportunidade, construir uma casa de chá, idéia concretizada dois anos depois.
Havia uma misteriosa afinidade entre o Fundador e Seibe Kimura. No ano
de 1914, quando aquele era empresário e participou da Exposição Taisho,
realizada em Tóquio, com um adorno para cabelo, recebendo o Prêmio de Bronze,
Kimura participou da mesma exposição com uma sala de cerimônia de chá.
Quando aceitou o pedido para construir a Casa de Cerimônia de Chá Monte e Lua,
Kimura já estava perto dos oitenta anos. Não obstante, movido pelo entusiasmo e
pelo ideal do Fundador, dedicou-se de corpo e alma a esse trabalho, com a
intenção de construir algo único em todo o mundo, empregando a técnica e o
sentimento que viera polindo durante longo tempo. No verão de 1950, após três
anos de trabalho, finalmente a casa ficou concluída, ocupando uma área de 82,5
m2.
Hamakiti Akiyama, o pedreiro que trabalhou nessa construção, disse :
"A Casa de Cerimônia de Chá Monte e Lua foi construída pelo Sr. Seibe
Kimura, pelo marceneiro Oki e por mim. Na época, eu freqüentava assiduamente,
entre outras residências, a do empresário Yassuzaemon Matsunaga (deputado
estadual e presidente da Companhia de Eletricidade Kyushu), a do Sr. Koyata
Iwassaki (proprietário do Grupo Financeiro Mitsubishi desde a Era Taisho até logo
após o término da Segunda Guerra Mundial) e a do Sr. Ino Dan (membro do
Conselho de Nobres, presidente da Emissora Kyushu Assahi e conselheiro dos
Pneus Bridgestone). Através desses contatos, acabei participando também da
construção da Casa de Cerimônia de Chá Monte e Lua. O Fundador vinha de vez
em quando ao local da obra e mostrava-se satisfeito: "Puxa! Está muito bom!" Por
suas palavras, podia-se perceber que ele era uma pessoa compreensiva e de fino
gosto estético. A construção de uma casa de chá comum requer de doze a treze
marceneiros; para aquela, teriam sido necessários de cinqüenta a sessenta por
cada 3,3 m2. Provavelmente não será possível construir outra casa de chá tão
magnífica. O Fundador tinha uma profunda e calorosa compreensão pelo nosso
trabalho, e por isso conseguíamos executá-lo com muita satisfação e alegria."
A Casa de Cerimônia de Chá Monte e Lua, atualmente, goza de muita
fama na Região Kanto.
Terminada essa obra, foi construído, pegado a ela, o Jardim de Bambus,
que, com suas rochas cheias de musgos e com seus bambus crescidos de forma
dispersa, possui a graça característica do estilo chinês. Na Era Guen, existiu na
China um pintor, chamado Shizui Dan, que pintou muitos quadros de bambus e
rochas. O Fundador admirava suas obras e, há muito tempo, adquirira algumas. No
Jardim de Bambus, está expressa a sensibilidade desse artista, com pedras e
bambus verdadeiros. Os bambus criam inúmeras raízes e dão muitos brotos,
formando densos agrupamentos, o que lhes tira a graça. Para evitar isso, teve-se o
cuidado de enterrar blocos de concreto entre os bambus.
A graça do estilo chinês também foi expressa no aspecto exterior e no
telhado azul do Museu de Arte, construído mais tarde. Nessa parte da Terra Divina,
expressou-se uma harmoniosa beleza oriental.

ZUIUN-KYO (TERRA CELESTIAL) - SOLO SAGRADO DE ATAMI

INÍCIO DA OBRA

A construção da Terra Celestial foi iniciada em 1945, com a aquisição do


terreno de aproximadamente 16.500 m2 onde está situado o atual Templo
Messiânico. Na época, o local tinha o nome de Izussan Aza Okubo. Em 1946,
adquiriu-se um terreno de mais ou menos 10.000 m2, que compreendia a área
onde se ergue o Palácio de Cristal e a parte que vai do Jardim das Ameixeiras até
o Alojamento Shinjin. Com isso, a Terra Celestial tomou um aspecto semelhante ao
que tem hoje.

Mapa resumido da Terra Celestial (1981)

1 - Museu de Arte M.O.A


2 - Escada rolante subterrâneo
3 - Entrada para o Museu
4 - Local de descanso
5 - Alojamento para moças
6 - Internato "Tozankaku”
7 - Apartamento para funcionários casados
8 - Hospedaria Nuvem Auspiciosa
9 - Sede Administrativa
10 - Anexo da Sede Administrativa
11 - Templo Messiânico
12 - Monte Límpido
13 - Palácio de Cristal
14 - Colina das Azaléias
15 - Monte Paisagem
16 - Gabinete de Kyoshu-Sama
17 - Jardim das Ameixeiras
18 - Cabana de Cerimônia de Chá "Seiko-Tei”
19 - Alojamento “Shinjin”
20 - Monte Nuvem de Pedras
21 - Casa"Yomei"

Poema escrito pelo próprio punho do Fundador:

"Para construir o Paraíso Terrestre,


Escolhi Atami,
Que possui uma vista magnífica
Para o mar e para a montanha"

O local é muito pitoresco e de lá se pode avistar ao mesmo tempo a Baía


de Sagami, com a Ilha Hatsu, e as Penínsulas Miura e Bosso. Além do mais, é de
fácil acesso, possuindo um clima ameno e abundância de águas termais;
apresenta, portanto, ótimas condições. A esse respeito o Fundador disse: "Que
poderia ser o Solo Sagrado senão uma grande obra de arte preparada por Deus
quando criou o mundo"?
Naquele tempo, entretanto, a região era um lugar montanhoso, fechado e
de acesso muito difícil; para se chegar lá, só havia um pequeno caminho de terra
passando por entre as árvores. Certa ocasião, durante uma entrevista realizada no
Solar da Montanha do Leste, o Fundador expôs aos fiéis seus planos para o futuro:
"Em breve construirei, na montanha em frente, um prédio que comportará milhares
de pessoas." Para os fiéis, no entanto, era como se estivesse ouvindo falar de um
sonho, pois, na época, embora a difusão houvesse crescido, pouco mais de dez
pessoas se reuniam para os encontros com o Fundador; além disso, a "montanha
em frente" a que ele se referia, podia ser avistada a noroeste, do outro lado da
estação ferroviária, a uma distância de centenas de metros em linha reta, e estava
toda coberta de densas matas.
Malgrado tais condições, a obra de construção do Solo Sagrado de Atami
teve início naquele mesmo ano de 1946, com a terraplenagem do local onde existe
hoje o Alojamento Shinjin, para aí se construir a casa de administração. Em
seguida, a obra foi progredindo firmemente, do Templo Messiânico para o Palácio
de Cristal e para a Colina Sekiun (Nuvem de Pedra). O terreno era maior e mais
acidentado que o de Hakone, de modo que foi necessário um trabalho de grande
escala, para cortar montes e aterrar depressões. Na época ainda não se dispunha
de máquinas, e a maior parte do trabalho teve de ser executada com a força braçal
dos grupos de dedicantes. A terra e as pedras, explodidas com dinamite, eram
retiradas com pás, colocadas em caixas e levadas até os vagões, para serem
transportadas.

O PLANO DE DEUS

Na Terra Celestial aconteceu o mesmo que se deu em Hakone: as


necessidades eram supridas no momento necessário, numa seqüência de
milagres. Por exemplo: para o preparo do terreno onde seria erigido o Templo
Messiânico, foi preciso cortar parte da montanha, surgindo, durante essa obra,
grande quantidade de pedras, que puderam ser utilizadas nos muros levantados
em diversos pontos do Jardim Sagrado. Se essas pedras tivessem sido
compradas, as despesas com a sua aquisição e transporte teriam sido enormes.

Aconteceu, ainda, o seguinte fato:

Por volta de 1948 ou 1949, quando o terreno do Templo Messiânico


estava em pleno preparo, o Fundador determinou que se construíssem estradas
para automóveis, a fim de tornar o trabalho mais prático. Para isso, entretanto, era
necessário eliminar a inclinação do terreno, o que faria sair grande quantidade de
terra. O encarregado quis, então, saber o que deveria fazer com ela —
preocupação lógica de uma pessoa na sua posição. O Fundador respondeu: "Não
se preocupe com coisas que ainda estão por acontecer. É um cuidado
desnecessário, porque Deus está conosco. Ele fará o que for melhor." O
encarregado ficou abismado com essa resposta. Pouco tempo depois, foi adquirido
o terreno do Jardim das Ameixeiras, situado num vale muito fundo, de modo que a
terra excedente das obras da estrada pôde ser utilizada para aterrá-lo. As pedras
extraídas nessa oportunidade foram empregadas na construção da muralha
situada próximo ao Alojamento Shinjin.
Mais tarde, também, toda vez que havia necessidade de pedras, elas
apareciam nas proximidades, e a terra que sobrava, servia para aterrar depressões
do terreno. Assim, foi um suceder de milagres: tudo se encaixava perfeitamente.
Através desses fatos, as pessoas a eles relacionadas passaram a compreender
que, se procedessem de acordo com as palavras do Fundador, não haveria erros;
ao mesmo tempo, essas pessoas fortaleceram a convicção de que Atami, tal como
Hakone, era um Solo Sagrado preparado por Deus.
Poema escrito pelo próprio punho do Fundador: "Nas terras de Hakone e de Atami
/ Podemos reconhecer l O profundo Plano Divino"
Por volta do final da guerra, quando o povo, abatido pela crueldade da
contenda, vivia perseguido pelas dificuldades do dia-a-dia, o Fundador, com
ardoroso entusiasmo, comprou terrenos uns após outros, e, aproveitando-Ihes a
beleza natural, foi dando a eles um aspecto ainda mais belo.
Nem é preciso dizer que o avanço ininterrupto da construção do Solo Sagrado
deveu-se às rápidas decisões e orientações precisas do Fundador, o qual sempre
estava à frente de sua época. Por outro lado, não podemos esquecer-nos da
sinceridade dos membros, que se esforçavam por corresponder ao ardor do
Mestre. Com a união do amor oferecido pelos fiéis de todos os cantos do país,
diariamente salvos pelo Poder Divino, o Solo Sagrado foi sendo construído. A
construção jamais se desenvolveu dentro de boa situação financeira. Entretanto,
quando e quanto necessário, chegavam às mãos do Fundador as puras e sinceras
ofertas de gratidão feitas pelos membros. Com elas, o círculo da salvação e da
alegria de receber maior proteção de Deus ia se expandindo. No final de outubro
de 1948 o número de fiéis elevava-se a oitenta e oito mil; em maio do ano seguinte,
menos de meio ano depois, totalizava cento e dez mil pessoas.

O BAIEN (Jardim das Ameixeiras) e a TSUTSUJI-YAMA (Colina das


Azaléias)
O terreno destinado à construção do Templo Messiânico ficou pronto no
verão de 1950. Cortando-se parte da montanha, conseguiu-se uma área de 3.960
m2. A grande quantidade de terra que então se obteve, foi utilizada para aterrar
uma depressão e até serviu para formar montes. É nesse lugar que fica o atual
Jardim das Ameixeiras, cuja construção teve início na primavera de 1950. Na
época também foi construída a estrada que, saindo do Alojamento Shinjin, passa
ao lado do Edifício Nuvem Auspiciosa, atravessa o Jardim das Ameixeiras,
contorna a Colina das Azaléias e termina junto ao Templo Messiânico.
Dois anos depois, em dezembro de 1952, foi construída uma estrada
subterrânea ligando o Templo Messiânico ao Palácio de Cristal. Sua construção foi
feita com escavadeira. Quando a escavação atingira a metade do túnel, começou-
se a ouvir bem baixinho o barulho da máquina, a qual vinha avançando pelo outro
lado. Quando esse barulho se tornou mais nítido, a parede de terra que havia à
frente desmoronou e pôde-se ver o rosto preto de terra dos componentes do grupo
de dedicantes. Nesse momento, espontaneamente, ambos os lados soltaram vivas.
Na primavera do ano anterior, ficara concluído o Jardim das Ameixeiras,
cuja construção levara um ano. Da mesma forma que a Colina das Azaléias,
iniciada em setembro de 1951 e concluída em abril de 1952, ele foi idealizado pela
sensibilidade artística do Fundador, que admirava muito a arte do Estilo Rin-pa.
Esse jardim caracteriza-se pela graça de seus pequenos montes e pela elegância
de suas árvores, todas elas muito antigas. Representa nada mais nada menos que
a concepção artística do Biombo de Ameixeiras com Flores Vermelhas e Brancas
— de Ogata Korin, pintor que o Fundador tanto apreciava — transposta para a
Natureza.
Antes da construção do Jardim das Ameixeiras, quando iam ser
compradas às árvores, o Fundador disse ao jardineiro Issao Morimoto: "As
ameixeiras que só dão flores têm pouco perfume. Por isso plante árvores que
dêem frutos e que sejam velhas." Então, Morimoto andou por diversos locais, à
procura de ameixeiras com mais de cem anos. Das trezentas e sessenta plantadas
nesse jardim, uma parte foi adquirida na Mansão Mitsui, em Oisso, e o restante
provém da plantação existente em Shimo Soga, subúrbio da cidade de Odawara.
Pelo fato de se ter gastado muito tempo com a procura das árvores, foram
necessários quatro anos para arrancá-las, transportá-las e plantá-las.
A Colina das Azaléias, anteriormente, era um declive cheio de mato, mas
foi coberta com a terra extraída durante a preparação do terreno onde seria
construído o Templo Messiânico, e moldada no formato que possui atualmente. De
acordo com a orientação do Fundador, ela deveria apresentar um formato
arredondado vista de qualquer direção. Entretanto, a obra estava levando muito
tempo e não ficava conforme ele desejava. O Fundador ainda não havia dado sua
aprovação, mas o jardineiro, achando que o formato estava mais ou menos
delineado e sentindo pena dos trabalhadores e do grupo de dedicantes que faziam
aquele serviço, pensou: "Como o formato está mais ou menos pronto, se eu plantar
as azaléias, ele não vai me dizer para arrancá-las." Assim, plantou cerca de
trezentas mudas.
No dia seguinte, os profissionais e o grupo de dedicantes estavam muito
tensos, esperando a inspeção do Fundador. Quando este chegou, desceu
rapidamente do carro, como de costume e, após um relance de olhos para a Colina
das Azaléias, ordenou: "O formato não está bom. Por isso arranque os azaléias e
comece tudo de novo." Essas palavras breves, mas denotadoras de que ele não
admitia transigência, fizeram com que todos sentissem uma confiança inabalável.
Imediatamente, as azaléias foram arrancadas, recomeçando-se o transporte de
terra. Alguns dias depois, finalmente, ficou concluído um magnífico monte, que,
visto de todos os lados, apresentava o formato desejado pelo Mestre. Muito
contente, ele disse: "Agora está bem." E então as azaléias foram plantadas de
novo. Assim, com a orientação deste, surgiu uma arte de jardinagem baseada na
beleza da superfície arredondada.
Dias depois, olhando para a Colina das Azaléias com profunda emoção, o
Fundador dirigiu palavras de conforto aos dedicantes e aos trabalhadores, pelo
árduo trabalho executado: "Vocês conseguiram! Obrigado pelo esforço que fizeram
durante tanto tempo." E acrescentou: "Vocês devem ter se preocupado com o
tempo e com o dinheiro gasto para construir essa colina, mas isso não é problema.
Eu quero construir algo realmente magnífico e deixá-lo para a posteridade. Esse é
o meu único pensamento." Ouvindo tais palavras, todos ficaram impressionados
pela vigorosa determinação do Fundador quanto à construção do Solo Sagrado; ao
mesmo tempo, sentiram que esta era uma obra valiosa e de importante significado
dentro da Providência Divina.
As dificuldades enfrentadas na construção da Colina das Azaléias não se
limitaram ao delineamento de seu formato. Anteriormente, na aquisição dos pés de
azaléias, já houvera uma grande dificuldade. O Fundador havia determinado que
fossem plantados 3.600 pés; entretanto, as azaléias demoram muito para crescer e
não era nada fácil encontrar essa quantidade de arbustos com formato e tamanho
semelhantes. No início, procurou-se em Odawara, em Tóquio e até nas casas de
plantas do Estado de Saitama, mas as respostas eram negativas. Quando já se
aproximava o dia da conclusão da colina, o encarregado foi além de Amagui,
visitou uma casa tradicional de Nakaizumoto e procurou também com agricultores
residentes entre Mishima e Hakone, até que finalmente completou a quantidade
necessária de pés de azaléias. Através desse fato, ele renovou sua crença de que
as palavras do Fundador sempre se concretizavam.

O KYUSSEI KAIKAN (Templo Messiânico)

O Fundador desenvolveu a construção da Terra Celestial dividindo esta em


três partes, às quais deu o nome de Seissei-Dai (Monte Límpido), Keikan-Dai
(Monte Paisagem) e Sekiun-Dai (Monte Nuvem de Pedras). O centro é o Templo
Messiânico, erigido no Monte Límpido. Esse prédio, como se pode ver na foto, é
uma construção de concreto armado ao qual se adaptou o estilo de Le Corbusier
(1887 - 1965), que, na época, era o estilo arquitetônico mais moderno, tendendo a
dominar o mundo das construções. O Fundador adaptou-o à forma das
construções religiosas e projetou-o de maneira ainda mais moderna. Fez as
paredes internas brancas e deu à fachada um desenho simples, utilizando linhas
retas em branco e cinza escuro. A área do terreno ocupado pelo templo é de 3.960
m2, sendo que o andar térreo tem aproximadamente 2.300 m2, e o primeiro
pavimento, cerca de 1.130 m2, com capacidade para acomodar umas três mil
pessoas. Ele foi projetado não apenas para a realização de ofícios religiosos, mas
para utilidades múltiplas, entre as quais, projeção de filmes e espetáculos de teatro
e dança; possuindo também um camarote para orquestra, destinado a concertos
musicais.
Para a construção do Templo Messiânico, confeccionou-se, antes, uma
maquete de dois metros quadrados e fizeram-se muitos estudos. Diariamente,
numa hora determinada, o Fundador ia à Terra Celestial e dava instruções sobre a
obra. Especialmente na ocasião de decidir a grossura dos pilares, à medida que
ele mencionou, por intuição, foi exatamente a mesma que o especialista no
assunto calculou para sustentar o peso de prédio. Terminados os alicerces, deu-se
início à construção dos pilares. Ao inspecionar oito que já estavam sendo
edificados, o Fundador ordenou: "Reconstruam-no, porque está faltando
sinceridade." Derrubar, com força humana, pilares de concreto armado era um
serviço muito trabalhoso e demorado, mas eles é que iriam sustentar o prédio.
Assim, captando, por intuição espiritual, a falha que havia na obra, o Mestre
determinou que ela fosse refeita, embora estivesse ciente de que seria um trabalho
muito custoso.
A construção do Templo Messiânico desenvolveu-se sob a direção do
próprio Fundador e em meio de acontecimentos misteriosos, mas só pôde ser
concluída após sua ascensão, ocorrida em 1955. O nome do prédio, que
inicialmente era Meshiya Kaikan (Templo Messias), foi mudado para Kyussei
Kaikan (Templo Messiânico) em março de 1957. Na época, a construção foi
efetuada com o pensamento de se estar fazendo o melhor prédio possível; devido,
porém, a pouca firmeza do terreno e como medida de precaução quanto à
segurança dos visitantes, ele foi reconstruído em 1972, mantendo a imagem do
Templo Messiânico construído pelo Fundador.

O SUISHO-DEN (Palácio de Cristal)

No Solo Sagrado de Atami, a última construção dirigida diretamente pelo


Fundador foi o Palácio de Cristal. Eis um poema que ele compôs sobre o monte
onde está edificado esse prédio.

"No Monte Paisagem,


Fico embevecido.
É como se fosse
Um desenho em rolo
Que vai se desenrolando."

O Fundador denominou Monte Paisagem o lugar de onde se descortinava


o melhor panorama no Solo Sagrado de Atami, e nele, mais tarde, construiu o
Palácio de Cristal.
O prédio tem um formato muito original. É uma circunferência de
aproximadamente 22 metros de diâmetro cortada ao meio. Para que os fiéis e
todas as pessoas que visitassem a Terra Celestial pudessem apreciar da melhor
forma possível à paisagem que dali descortina, o Fundador construiu a face sul do
prédio todo em acrílico. O termo "Cristal" simboliza o mundo ideal, sem impurezas.
A transparência da parte da frente, bem ampla, sem nenhum pilar, é realmente
muito adequada a esse nome. Quando o terreno do Monte Paisagem ficou pronto,
o Fundador mandou construir um patamar e, subindo nele, estudou a direção para
a qual ficaria voltado o Palácio de Cristal, a altura do chão etc., de modo que a
paisagem pudesse ser vista da forma mais perfeita possível.
O projeto do Palácio de Cristal foi todo idealizado pelo Fundador. Como
seu formato arredondado e a ausência de pilares eram muito raros num prédio
independente, não se encontrou na época, em nenhum lugar, alguém que pudesse
calcular sua resistência. Conseqüentemente, o próprio chefe do Setor Técnico do
Ministério das Construções encarregou-se do trabalho e até escreveu uma carta de
recomendação, de modo que o pedido de "habite-se", entregue à repartição
competente, no Estado de Kanagawa, foi aprovado incondicionalmente.
A construção desenvolveu-se em ritmo acelerado, ficando pronta em
apenas três meses, graças à dedicação dos fiéis provenientes de todo o país. Após
sua conclusão, em dezembro de 1954, o Fundador disse: "O Palácio de Cristal não
pertence exclusivamente a nós. Desejo que o maior número de pessoas se deleite
com este lugar pitoresco concedido por Deus." Por trás dessas palavras,
percebemos o sentimento do Mestre, que, preocupando-se até com os
pormenores, queria fazer daquele local um ambiente de lazer e tranqüilidade não
só para os fiéis como para todos que o visitassem.
O Palácio de Cristal tornou-se famoso no mundo arquitetônico, e pessoas
relacionadas a esse campo, provenientes dos mais diversos locais, freqüentemente
iam visitá-lo, para estudos. O Fundador explicou que a muralha de pedra situada
atrás do prédio, a qual forma uma reentrância, representa a Lua, e a cor vermelha
do tapete representa o Sol.

AS DIVERSAS INSTALAÇÕES DA IGREJA EM ATAMI

O TOZAN-SO (Solar da Montanha do Leste)

Entre a aquisição do Solar da Montanha do Leste, situado em Atami, e a


construção do Templo Messiânico, na Terra Celestial, o Fundador comprou dois
prédios, um no bairro de Shimizu e outro no bairro de Sakimi, ambos na cidade de
Atami, para usá-los como Sede Provisória. Como sua última moradia particular, em
substituição ao Solar da Montanha do Leste, adquiriu o Solar da Nuvem
Esmeralda, no bairro de Minaguti, também em Atami. Essas instalações dispersas
pela cidade e todas elas relacionadas ao Fundador, desde antes do término da
guerra, constituem valiosos prédios que contam a história da Igreja e nos quais a
Obra Divina foi desenvolvida durante mais de dez anos.
Conforme já foi mencionado, desde 1944 o Fundador passara a morar no
Solar da Montanha do Leste durante o inverno e, a partir deste local, desenvolveu
a construção do Solo Sagrado na Terra Celestial. Ao mesmo tempo, por um
período de quatro anos, utilizou o anexo do Solar como local para entrevistas com
os fiéis. Nessa época, ele dividia os principais encontros entre os dias 1º e 9. As
entrevistas eram realizadas três vezes ao mês: no início, no meio e no final; o dia
10 era para descanso. Quando não havia entrevistas, o Fundador geralmente fazia
caligrafia a pincel ou ditava Ensinamentos durante a manhã, na sala Komyo, no
anexo do Solar e, na parte da tarde, cuidava do jardim. Com o mar claro
estendendo-se bem diante dos seus olhos, num jardim onde batia bastante sol,
podava as plantas com uma tesoura, para que ficassem redondas; no começo da
primavera, quando a velha ameixeira situada à beira do lago floria, ele ficava em pé
na frente dela e não se cansava de apreciá-la.

"Com sua bela vista


Para o mar e a montanha,
Possui também
Fartura de águas termais.
Não me canso de Atami."

"Abrigado do inverno
Em meu quarto,
Olhava todos os dias,
Pela janela,
O tranqüilo mar de Izu."

Na época do primeiro proprietário do Solar da Montanha do Leste —


Kengo Ishu, presidente do Banco Dai-iti — a família do jardineiro morava com ele.
Depois de adquirir o Solar, o Fundador quis que essas pessoas continuassem
morando ali, e sempre se preocupava com elas. Durante e depois da guerra, no
período de dificuldade alimentar, dava arroz e verdura e dizia com carinho: "Em
casa temos tudo com fartura, de modo que, se houver algo que desejem comer,
podem levar." O jardineiro e todas as pessoas de sua família sentiam-se muito
gratos por essas atenções e durante longo tempo o serviram com muita devoção.

Fato semelhante ocorreu quando o Fundador adquiriu o Solar da


Montanha Divina, em Hakone, e o anexo do bairro de Shimizu, em Atami,
comprado posteriormente. Para o zelador do Solar da Montanha Divina, ele deu
uma casa situada em Minotaira, local um pouco afastado de Gora; no caso do
anexo do bairro de Shimizu, permitiu que o zelador continuasse morando ali e
cuidando do jardim.

Atualmente, o Solar da Montanha do Leste é conservado como Prédio em


Memória do Fundador, sendo visitado por fiéis de todos os países.

A SEDE PROVISÓRIA DO BAIRRO DE SHIMIZU

Cerca de três anos após o término da guerra, o crescimento da difusão


continuava espantoso. O número de pessoas desejosas de se entrevistarem com o
Grande Mestre elevava-se cada vez mais, não só entre os recém-ingressos na Fé,
como entre aqueles que eram fiéis há muito tempo. Com isso, as entrevistas no
anexo do Solar da Montanha do Leste iam se tornando impraticáveis. A partir de
agosto de 1948, depois da inauguração provisória do Alojamento Nuvens Ligeiras,
realizada em maio, elas passaram a ser feitas aí. Nesse mesmo mês de maio, o
Fundador comprara a casa de veraneio do Presidente da Companhia Petrolífera
Ogura, situada no bairro de Shimizu, no centro de Atami, onde instalou a Sede
Provisória; de outubro em diante, realizou as entrevistas nesse local.

Vista externa da Sede Provisória de Shimizu

O terreno da Sede tinha aproximadamente 3.300 m2, sendo que o prédio ocupava
uma área de mais ou menos 570 m2, parte da qual foi utilizada como sala de
entrevistas. Comparando-se com o Solar da Montanha do Leste, era bem mais
amplo; entretanto, com o aumento cada vez maior do número de pessoas, tornou-
se pequeno em pouco tempo. Os fiéis que não conseguiam entrar tinham de
assistir aos cultos e participar das entrevistas em pé no jardim, durante mais de
duas horas. Assim, para que eles pudessem desfrutar de maior comodidade,
colocou-se ali, de início, um abrigo de lona e, posteriormente, uma cobertura
provisória, fazendo-se um corredor externo.
Por ocasião do grande incêndio ocorrido em Atami no dia 13 de abril de 1950,
todos os prédios da redondeza, conforme já se disse, foram destruídos pelo fogo;
todavia, rodeada pelas árvores carbonizadas, a Sede restou, o que constituiu um
grande milagre.

A SEDE PROVISÓRIA DO BAIRRO DE SAKIMI

Na Igreja Miroku, há muito se planejava a construção de uma sede.


Decidiu-se, então, construir, no bairro de Sakimi, próximo da estação ferroviária de
Atami, um sobrado de madeira onde também haveria um local para hospedar os
fiéis. Entretanto, quando os alicerces já estavam concluídos, ocorreu o grande
incêndio e, pouco depois, a perseguição religiosa, de modo que a obra esteve
interrompida temporariamente. Resolvido esse problema, foi reiniciada. Certo dia
de outubro em que Shibui estava lá, ocasionalmente o Fundador chegou,
expressando-lhe seu desejo de usar o prédio como sede provisória, porque a de
Shimizu já se tornara pequena e ficara muito danificada pelo incêndio. Acrescentou
que pretendia utilizá-lo a partir do dia 23 de dezembro e por isso gostaria de que a
construção terminasse em tempo.
Obedecendo a essas palavras, Shibui desenvolveu a Obra com novo
espírito. O Fundador deu ao prédio o nome de Sede Provisória de Sakimi,
começando a usá-lo como local para entrevistas no dia 23 de dezembro de 1950.

O HEKIUN-SO (Solar da Nuvem Esmeralda)

As entrevistas na Sede Provisória de Shimizu tiveram início em outubro de


1948 e, desde então, o Fundador morou lá durante certo período. Nisso, apareceu
à venda uma casa muito boa, perto da Estação Kinomiya, na linha Ito. Ela
pertencera à família Kuninomiya e por esse motivo era uma construção excelente.
Estava situada num lugar pitoresco, de onde se avistava a Ilha Hatsu, além da
cidade de Atami, e sua parte leste era aberta. O Fundador gostou muito dessa
casa e comprou-a imediatamente, dando o nome de Solar da Nuvem Esmeralda.
Estabelecendo nela sua residência, ia à Sede de Shimizu para dedicar-se às
tarefas da Obra Divina. Entretanto, como, na época, os chantagistas o viviam
perseguindo, a existência da casa foi mantida em segredo por algum tempo.
Quando havia cultos em Shimizu, o Fundador entrava e saía discretamente pelos
fundos.
O período em que o Fundador residiu no Solar da Nuvem Esmeralda, foi o
mais atarefado de toda a sua vida, devido à grande expansão da Igreja; ao mesmo
tempo, foi a época em que se concretizaram diversas Providências Divinas. Essa
casa é muito importante por ter sido o local onde ele passou os últimos anos de
sua vida, desenvolvendo a Obra Divina de acordo com o Plano de Deus, e também
o local onde ocorreu sua ascensão.
O SOM DA CONSTRUÇÃO

O GRUPO DE DEDICAÇÃO

A construção dos Solos Sagrados de Hakone e de Atami foi executada por


profissionais e por integrantes do Grupo de Dedicação. Esse grupo era composto
por homens e mulheres jovens e fortes, provenientes de todo o país. Ao partirem
de suas respectivas Igrejas, eles o faziam como seus representantes. Por isso,
incentivados a dedicarem também pelos que não podiam participar, empenhavam-
se na construção com imensa alegria e boa vontade, por terem recebido tal
permissão. Os homens estavam divididos de acordo com sua força física: os que
trabalhavam no corte de montanhas, no transporte de terra em carretas, no serviço
de ajudante de jardineiro etc. As mulheres se encarregavam dos trabalhos leves e
do preparo das refeições. Nos dias de chuva, em que não era possível trabalhar na
construção, tanto os homens como as mulheres iam preparar a tinta carvão que o
Fundador utilizava para fazer caligrafias.
Entre os dedicantes, havia muitos que tinham sido desenganados pelos
médicos e foram salvos pelo Johrei, mas todos suportavam muito bem aquele
trabalho pesado, conseguindo cumprir suas tarefas. Os pedidos para dedicar na
construção chegavam ininterruptamente, vindos de todo o Japão, e grande número
de fiéis foi enviado para o local das obras. Na ocasião de atender os pedidos,
porém, tomou-se cuidado para fazê-lo imparcialmente, não desfavorecendo
nenhuma Igreja.
A situação conturbada do período pós-guerra perdurava, mas nada
conseguia tirar daquelas pessoas a alegria de poderem dedicar na construção do
Solo Sagrado, sentindo de perto o Poder Divino e convivendo com quem tinha os
mesmos ideais. Especialmente o fato de poderem encontrar o Fundador, que ia
todos os dias inspecionar a obra, era motivo de imensa gratidão e alegria para
elas, de modo que seus problemas desapareciam.
Todos os componentes do Grupo de Dedicação, sem exceções,
empenharam-se devotadamente, considerando aquele lugar como o Sagrado
Jardim de Deus. Durante o trabalho, tinham em mente estarem concretizando o
modelo da sociedade ideal que haveria de existir na Terra. Conseqüentemente,
como se tratava da construção do protótipo do Paraíso, estavam conscientes de
que tudo que acontecia de bom e de mau na Terra Divina e na Terra Celestial iria
se refletir na sociedade. Mas isso não era apenas uma convicção; era, também,
motivo de orgulho para eles. Esse sentimento de missão refletia-se na forma como
trabalhavam. Quando recebiam do encarregado de obras um serviço fora da
programação, todos, mesmo que estivessem exaustos, corriam para o local, um
querendo chegar antes do outro, com o desejo de executar o trabalho custasse o
que custasse. Na época, quando iam dedicar no Solo Sagrado, os componentes do
Grupo de Dedicação faziam-no com o espírito mais nobre de um fiel: servir sem
nada buscar em troca. Assim, levavam consigo arroz e dinheiro para suas
necessidades. Entretanto, de todo o país chegavam-lhes alimentos em grande
quantidade, oferecidos pelos fiéis como manifestação de sua gratidão por aquelas
pessoas, que estavam dedicando na qualidade de seus representantes. Os
dedicantes, por sua vez, também os recebiam agradecidos, sentindo a sinceridade
dos fiéis nessas valiosas ofertas.
Havia, porém, entre os inúmeros componentes do grupo, alguns que,
apesar de serem membros da Igreja, constituíam um problema até mesmo para
suas próprias famílias. Para que pessoas desse tipo viessem dedicar no Solo
Sagrado existia um motivo justificável: aqueles que as cercavam, embora fizessem
o máximo pensando no seu bem, não conseguiam mudar seu íntimo e então
faziam-nas participar da dedicação pela crença de que elas só poderiam mudar
recebendo a Luz do Solo Sagrado.
Em abril de 1952 havia um grupo de vadios entre os dedicantes de Atami.
Conquanto fossem jovens e fortes, não tinham vontade de dedicar. Passavam as
horas debochando do trabalho dos demais e não obedeciam às instruções do
encarregado, a quem chegavam a tachar de incompetente. Poucos dias após o
início da dedicação, começou a desaparecer seguidamente dinheiro, relógios e
outros pertences dos dedicantes. Segundo opinião geral, os culpados eram
aqueles indivíduos vadios. Algumas pessoas se exaltaram, querendo logo colocar
tudo em pratos limpos, mas ficou decidido que todos iriam orar e velar por eles,
para que reconhecessem seus erros e mudassem de atitude.
Pouco tempo depois, a atitude dos jovens principiou a mudar. Eles
começaram, então, a dizer: “Não está certo que só nós fiquemos sem fazer nada,
quando viemos aqui para dedicar”. Assim passaram a participar dos trabalhos com
os demais componentes do grupo. No momento em que se empenharam para
valer, apresentaram um rendimento admirável, dando conta do serviço de duas ou
três pessoas. E não foi só: o dinheiro e outros objetos que haviam desaparecido,
foram sendo devolvidos. Quando os outros dedicantes se ausentavam para o
trabalho, eles os colocavam de novo em seus lugares sem que ninguém visse.
No fim do período de dedicação do grupo, durante uma confraternização
realizada no alojamento, o indivíduo que era uma espécie de líder daqueles jovens,
subitamente, levantou-se e, chorando, confessou que, através do contacto com a
postura de todos durante a dedicação, percebera que seu modo de vida estava
errado. Manifestando o propósito de mudar seu pensamento e viver com seriedade
dali em diante, ele se desculpou do fundo do coração, pela sua falta de respeito.
Em seguida, seus companheiros se levantaram sucessivamente e também se
desculparam. Os demais componentes do Grupo de Dedicação, tocados por esse
quadro, cumprimentaram-nos pela mudança de pensamento, e a emoção foi geral.
Houve muitos outros exemplos de pessoas que, tendo firmado o propósito
de elevar-se espiritualmente através de sua dedicação na construção do Solo
Sagrado, iniciaram uma vida nova. Muitas sentiram vontade de se dedicar
integralmente à Obra Divina e voltaram para seus lares decididas a seguir a
carreira missionária. Vendo a atitude dedicada dos fiéis, os trabalhadores
profissionais já não executavam as tarefas apenas porque aquela era a sua
profissão; passaram a realizá-las com alegria, considerando-as como trabalhos
atribuídos por Deus.
Pela absoluta confiança que depositava nos dedicantes, o Fundador não
estabeleceu horário de entrada e saída. Quanto ao prazo para o término de cada
obra, também estava sob a responsabilidade deles, que desenvolviam os trabalhos
por iniciativa própria. Até os profissionais, que começaram a trabalhar como se
estivessem iniciando um serviço comum foram tomando uma postura diligente à
medida que iam vivendo naquele ambiente. A propósito, o Fundador escreveu:
"Todos estão tão entusiasmados que nem querem saber de problemas
trabalhistas. Executam as tarefas da melhor forma possível, com muita vontade de
que tudo esteja ao meu gosto, e por isso os resultados são de uma categoria como
não se encontra na sociedade. Dependendo do serviço, eles usam lâmpadas e
ficam trabalhando até altas horas da noite. Vejo isso acontecer com muita
freqüência."
Com base na sua experiência de empresário e na realidade do Mundo
Ideal evidenciada por meio da Revelação Divina, o Fundador depreendia, através
da obra de construção do Solo Sagrado, a verdadeira imagem do relacionamento
entre patrão e empregado. Nessa obra, ficou patenteado que, quando o
empregado trabalha com todo afinco para engrandecer o patrão e este também
tem por objetivo a felicidade e o bem do empregado, o trabalho se desenvolve num
ambiente celestial, rende mais, e a empresa prospera.
A obra de grande escala efetuada em Hakone e Atami foi realizada logo
após o término da Segunda Guerra Mundial, quando os materiais e a maquinaria
eram limitados. Conseqüentemente, como dissemos, ela foi quase que totalmente
executada pelas mãos humanas. Numa grande obra em que a força humana é o
elemento principal, costumam acontecer acidentes; aquela, entretanto, graças à
proteção Divina, desenvolveu-se sem a ocorrência de nenhum acidente
considerável. Certa ocasião em que se pensou que iria ocorrer um grave acidente,
ele foi milagrosamente evitado. No dia 8 de março de 1949, o jornal "Hikari"
noticiou o seguinte fato :
"A construção do templo no Monte Zuiun, em Atami, apresenta um
adiantamento inesperado, graças à fervorosa dedicação de todos os fiéis. Dias
atrás, aconteceram dois milagres misteriosos, que absolutamente não foram uma
simples coincidência. Um deles ocorreu por ocasião da escavação de uma
montanha. Quando se escavam montanhas muito íngremes, ocorrem freqüentes
desmoronamentos de terra, os quais são extremamente perigosos. Ora, durante o
trabalho de alguns dedicantes, houve um desmoronamento bem em cima deles.
Como isso aconteceu de repente eles não tiveram tempo para fugir. Assim,
pensou-se que todos tinham ficado soterrados, mas qual não foi o milagre! Os
dedicantes estavam enterrados só até a cintura e seus ferimentos eram mínimos.
Assim que foram socorridos pelos companheiros, recomeçaram a trabalhar
normalmente. O outro milagre evidenciou-se durante o transporte de uma carreta,
que caiu num barranco de mais de dez metros de altura. A pessoa que a conduzia
chegou a pensar que ficaria esmagada sob ela, mas, emaranhando-se no mato
que havia no barranco, foi salva por um triz”.
O fato que se segue aconteceu no verão de 1945, quando se estava
colocando o telhado da Casa de Contemplação da Montanha.
Em Hakone, o transporte de rochas enormes era muito freqüente. Havia,
portanto, um grande perigo. Um jovem que dedicava na construção do jardim em
volta daquela casa, prendeu a mão entre duas rochas, e o sangue imediatamente
começou a escorrer. O Fundador passava por ali bem nessa hora e, tão logo viu o
que estava ocorrendo, começou a ministrar Johrei do lugar onde se encontrava, a
uns três metros e sessenta de distância do rapaz. O sangue, que saía em grande
quantidade, estancou em cerca de três minutos. Vendo isso, o Mestre deixou o
local como se nada tivesse acontecido, mas as pessoas que ali estavam ficaram
maravilhadas, sentindo-se tomadas por uma sensação arrepiante, semelhante à
emoção que se tem ao vencer uma guerra. Abismadas, permaneceram estáticas,
olhando o Fundador se afastar.

A CONSTRUÇÃO DOS JARDINS E OS PROFISSIONAIS


A partir de 1944, o Fundador costumava passar de quatro a cinco meses
em Hakone (época quente do ano), e o restante do ano, em Atami. Quando estava
nesta cidade, quase todas as tardes, ele ia à Terra Celestial, para dar instruções
sobre a construção, e permanecia lá durante uma ou duas horas. Estando em
Hakone, saía várias vezes para o jardim, mas ao entardecer, sempre dava uma
volta de uma hora pela Terra Divina, andando bem devagar. Nessa ocasião, às
vezes também dava instruções sobre a obra, mas sem se deter em pormenores.
Ao ver o que ficara pronto, dizia: "Está bom" ou "Não está bom", e dava novas
instruções. Uma vez dito "Está bom”, a coisa estava decidida, e ele jamais voltava
a tocar no assunto. De início, quando os profissionais recebiam suas orientações,
ficavam aborrecidos, pensando: "Ele é um amador e fica dando instruções."
Entretanto, devido ao aguçado sexto sentido que o caracterizava e ao modo como
ele dirigia o trabalho, jamais vacilando quando colocava um objetivo, logo lhe
tiraram o chapéu e, pouco a pouco, passaram a obedecer-lhe de boa vontade.
O discernimento e as decisões do Fundador eram tão rápidos que as
pessoas que recebiam suas instruções, ficavam em apuros para seguir-lhe o ritmo.
Os profissionais e os dedicantes, recebendo uma ordem sua, mostravam-se
preocupados com o prazo e o orçamento e, freqüentemente, achavam que seria
impossível executar a tarefa. Entretanto, quando eles se empenhavam com todas
suas forças, concluindo um trabalho depois de refazê-lo duas, três vezes,
constatavam que ele havia ficado conforme o Fundador determinara.
Surpreendiam-se, então, com sua visão precisa e com a grandeza de sua
inteligência.
As instruções e os planos do Mestre tinham por base a previsão de um
futuro bem distante e, por isso, ouvindo suas palavras, as pessoas não percebiam
sua verdadeira intenção, sentindo-se perdidas. Entretanto, com o passar do tempo,
aquilo que acreditavam não passar de um sonho, tornava-se realidade, e elas
compreendiam que a suposta utopia na verdade era um plano racional.
Ao executar uma tarefa, o Fundador costumava dizer: "Basta que façam
como eu digo para fazer." Entretanto, quando se tratava de pessoas experientes, a
tendência era que elas colocassem suas próprias idéias em ação, não conseguindo
obedecer às instruções do Fundador. Havia algumas que recebiam repreensões
um tanto estranhas: "Você trabalha bem demais e, por isso, o trabalho não fica
bom. Aqueles que não conhecem o serviço de jardinagem ou qualquer outro fazem
conforme eu digo para fazer. Quem o conhece, executa-o de acordo com a sua
própria cabeça. Isso não é bom".
O fato que se segue, aconteceu na época em que estava sendo
construído o Jardim dos Musgos, na Terra Divina, em 1952. O Fundador mandou
que o jardineiro movesse, uns trinta centímetros, uma grande rocha existente num
canto do jardim, mas ele a moveu apenas alguns centímetros. O Fundador mandou
que refizesse o trabalho e, desta vez, o jardineiro moveu a pedra apenas dez
centímetros. Mandando-o executar o serviço de novo, o profissional ainda não o
fez de acordo com suas instruções, e então, sem alternativa, o Fundador chamou o
chefe dos jardineiros. Este prestou bastante atenção às suas palavras e, em três
ou quatro horas, concluiu o trabalho conforme lhe fora indicado. A rocha em
questão encaixou perfeitamente no local.
Ensinando a importância da docilidade, o Mestre sempre dizia: "Ainda que
a pessoa se julgue com capacidade para realizar algo, ela deve fazer docilmente
aquilo que eu digo para fazer. Agindo-se assim, conseguem-se resultados
magníficos". Esse era também o princípio que o norteava na vida do dia-a-dia,
mesmo estando no estado espiritual em acordo com a Vontade de Deus.
Além do fator docilidade, devemos ver, nesse episódio da rocha, o zelo
que o Fundador tinha pela construção do Solo Sagrado. Se a rocha estivesse bem
no meio do jardim, estaria muito à vista das pessoas e, por isso, seria até natural
que fosse preciso refazer o trabalho duas ou três vezes. Mas não. Ela estava em
frente do salão de descanso do Museu de Arte, escondida atrás da ponte que vai
dar no Jardim dos Musgos, não ficando muito à vista das pessoas. Além disso, era
tão grande, que duas ou três pessoas não conseguiam movê-la. Para deslocá-la
um pouco era preciso usar uma cremalheira montada num cavalete formado de
três toras. Se fosse atualmente, ela seria facilmente deslocada com máquinas,
mas, na época, tudo era feito com a força humana, de modo que o trabalho não era
nada pequeno.
Na construção do Jardim Sagrado, como vemos, sem se importar com o
trabalho e o tempo despendidos, o Fundador esforçava-se para construir algo que
realmente estivesse impregnado de amor, até mesmo tratando-se de uma rocha
situada num canto. Esse seu sentimento está contido profunda e
pormenorizadamente em cada árvore e em cada pedra dos Solos Sagrados de
Hakone e Atami.

O DEUS-HOMEM ESTÁ AQUI

No dia 4 de outubro de 1952, o Fundador dialogou, em Hakone, com


Issato Tsuneatsu, vice-diretor do Departamento Científico do Jornal Yomiuri:
- Apenas o senhor possui essa bola de Luz?
- Exatamente.
- Sendo assim, caso daqui a uns cem anos o senhor venha a partir para o Mundo
Espiritual, ela passará a não existir. . .
- Pelo contrário. Eu irradiaria a Luz do Mundo Espiritual. E seria melhor ainda, pois
o corpo físico atrapalha.
Assim, nesse diálogo, o Mestre disse claramente que, embora viesse a
ascender, continuaria a enviar Luz aos fiéis, e até com mais intensidade.
Entre as muitas caligrafias feitas pelo Fundador há uma com os dizeres "A
vida eterna", os quais significam que, após o término da vida terrena, o espírito
continua a viver eternamente no Mundo Espiritual. E ele costumava afirmar: "Quero
salvar o maior número possível de pessoas", palavras onde está contida sua plena
determinação e seu desejo ardente de salvar o mundo. Ora, desde a sua ascensão
até o presente, diversos milagres vieram acontecendo sucessivamente, como
antes. Além disso, de vários pontos do mundo são transmitidas às vozes de alegria
daqueles que foram salvos. Esse fato, mais do que tudo é uma confirmação do que
o Mestre disse, ou seja, que no Mundo Espiritual, onde está vivendo para sempre,
ele continua realizando a Obra Divina.
Com o passar do tempo, o Fundador foi se conscientizando, cada vez
mais profundamente, de sua relação íntima e inseparável com Deus. Em 1926,
como já dissemos, Kanzeon Bossatsu (nome do Deus Supremo para os japoneses,
mais tarde com o nome de Miroku Oomikami) atuou sobre ele e comunicou-Ihe
todos os mistérios, como, por exemplo, a afinidade entre seu nascimento e sua
missão, a Transição da Era da Noite para a Era do Dia, e a Providência Divina.
Através dessas Revelações, o Fundador soube que, no seu ventre, havia uma bola
de Luz que lhe fora atribuída pelo Criador. Na época, já consciente da sua união
com Deus, ele falou: "É realmente misterioso. Eu não passo de um boneco movido
por um manejador de marionetes. E não é só. A partir daquela época eu entendi
diversas coisas que até aí não entendia. No início, esse entendimento era limitado,
mas, com o passar dos anos, foi se tornando maior. Tempos atrás, ouvi dizer que o
conhecimento adquirido através de estudos chama-se inteligência humana, e o
conhecimento adquirido sem aprendizado, Inteligência Divina. Achei, então, que se
tratava disso, com certeza: da Inteligência Divina. Assim que eu me deparo com
algo, logo sei as causas e as conseqüências. Não há nem tempo para pensar. O
interessante, porém, é que isso só acontece com as coisas necessárias. Recebo
várias perguntas dos fiéis e as respostas logo me vêm à boca. Nessas horas, acho
engraçado, porque aprendo com as minhas próprias palavras." Em outra
oportunidade, o Fundador disse: "Meu corpo é usado livremente por Deus. Ele
salva todos os povos utilizando-me como seu instrumento".
Por outro lado, alguns fatos nos mostram o Mestre um passo atrás de
Deus. Em 1948, quando foi acusado da suspeita de sonegação de impostos, ele
perguntou a Vontade Divina a esse respeito, mas Deus nada lhe respondeu, como
mais tarde ele próprio relatou: "Deus não disse uma só palavra, limitando-se a dar
gargalhadas. Entendi, então, que ele estava dizendo para eu não me preocupar.
Com o passar do tempo, vi que realmente não havia motivo para preocupação. Aí
fui eu quem começou a gargalhar. Coisas assim aconteceram diversas vezes.
Esse, como vemos, é o exemplo de um caso em que o Fundador recorreu à ajuda
de Deus. Assim, ora no estado de união com Ele, ora separado, ia desenvolvendo
a Obra Divina.
Em 1950 - um quarto de século depois da Revelação de 1926 - durante a
perseguição religiosa que sofreu, o Fundador viveu um importante acontecimento
através do qual consolidou ainda mais seu estado de união com Deus. Eis como
ele se refere ao fato:
"Quero falar sobre a minha pessoa no presente. Já falei a respeito da
misteriosa Ação Divina ocorrida quando eu estava preso, durante o "Caso
Shizuoka", ou seja, que naquela oportunidade entrou em meu corpo o Deus 00000 (Esses
cinco zeros foram escritos pelo próprio Fundador; em português,corresponderiam às
incógnitas x, y, z etc. Cada 0 corresponde a uma letra japonesa que comporia o nome desse
Deus ao qual ele se refere), o mais elevado e sagrado de todos. Em decorrência da
Providência Divina naquele momento, assim que fui libertado fiz mil quadros de
caligrafia com a frase "As flores caem e nascem os frutos" e os distribui entre os
principais fiéis. A partir de então, já não precisei mais perguntar as coisas a Deus,
como vinha fazendo até ali, pois, uma vez que o Espírito Divino estava em meu
corpo, à distância que havia entre Deus e o ser humano desapareceu por
completo, e eu atingi o estado de união com Deus. Ou seja, uma vez que eu sou
Deus e homem, o que eu realizo é diretamente feito por Deus. Por isso basta que
eu aja de acordo com a minha própria vontade”.
Em diversas oportunidades o Fundador referiu-se ao seu estado de união
com Deus, inclusive num poema:

"Fico a pensar em mim,


Que sou homem sem ser homem,
Que sou Deus sem ser Deus.

Existem, ainda, Ensinamentos sobre o assunto, entre os quais "O Estado


de União com Deus", que consta no início do primeiro volume da presente obra.
Nele, o Fundador ressalta que a pessoa que alcançou verdadeiramente esse
estado é totalmente diferente dos mensageiros da Vontade Divina e dos ministros
de Deus: todas as suas palavras e ações vêm diretamente de Deus.
Nessas condições, o poder virtuoso do Mestre manifestava-se também,
claramente, nos protetores que escrevia. No caso do protetor que tinha a palavra
"Hikari", conforme foi dito no item sobre as caligrafias e pinturas, ele conseguia
escrever 500 folhas em uma hora, com grande facilidade, o que significa que, em
média, escrevia cada folha em 7 segundos. Além disso, antes de caligrafar essa
palavra, não fazia nenhum tipo de benzimento ou purificação, nem tampouco
orava. Escrevia ouvindo rádio e conversando. Apesar disso, a pessoa que levava
aquele protetor pendurado no pescoço, era agraciada com o poder de salvar
milhares de criaturas, tirando-as do sofrimento e encaminhando-as para a
felicidade.
Mas isso não acontecia apenas com os protetores. O Fundador escreveu:
"Possuindo um poder tão grande como este, não há nada que eu não possa
entender. Como os fiéis bem o sabem, nunca fiquei em apuros para responder a
qualquer pergunta, fosse ela qual fosse. São freqüentes pessoas que moram longe
e estão sofrendo com alguma doença, me pedirem proteção através de telegramas
e receberem graças com essa simples atitude. Isto acontece porque, quando tomo
conhecimento do telegrama, em poucos instantes uma parte da minha Luz se
subdivide e chega a essa pessoa. Através do elo espiritual que nos liga, ela recebe
a graça. A Luz se multiplica milhares e milhares de vezes, sendo irradiada para
qualquer lugar, por mais distante que seja. Constitui, portanto, um tesouro
precioso. Falando de forma mais compreensível, o que irradia de mim, em suma, é
uma granada de Luz. Obviamente, a diferença entre a minha granada e a granada
comum é que esta mata, e a minha vivifica as pessoas; a comum é limitada, e a
minha, ilimitada. "
Nas entrevistas, o Fundador freqüentemente dizia aos fiéis que, em caso de
extrema urgência, era bastante eles dizerem: "Grande Mestre, peço-Ihe proteção."
Com efeito, confirmando suas palavras, há inúmeros exemplos de pessoas que,
em situações de emergência, como acidentes de trânsito ou incêndio, diziam, em
pensamento: Meishu-Sama proteja-me, por favor", e se livravam do perigo,
salvando suas vidas. Cada um desses exemplos concretos prova que o Fundador
vivia em estado de União com Deus, constituindo, de fato, um milagre da presença
do Deus-homem.

Caligrafia do Fundador:
"Shinjin Zaiji"
("O Deus-homem está aqui")

CORRESPONDENDO À VONTADE DO FUNDADOR

Assumindo a posição de Líder Espiritual como sucessora do Fundador,


Yoshi, em reverente oração, fez o seguinte juramento diante do Altar: "Na reunião
de diretores realizada imediatamente após a ascensão de Meishu-Sama, foi
decidido, por unanimidade, acolher-me como Segunda Líder Espiritual,
obedecendo à vontade que ele manifestou antes de ascender. Eu aceitei essa
decisão. Assim, darei continuidade ao plano de construção do Paraíso Terrestre,
empenhando-me no Servir neste Mundo Material. Para isso, peço que ele me
proteja do Mundo Espiritual."
Com efeito, alguns dias antes de sua ascensão, o Fundador dissera a
Yoshi: "Se, devido às circunstâncias da Obra Divina, eu vier a ascender, estarei
protegendo-a do Mundo Espiritual. Por isso, aqui no Mundo Material, você deve
dedicar-se à sagrada obra de salvação do mundo - a construção do Paraíso
Terrestre". Era uma ordem rigorosa que ele Ihe dava não como esposo, mas na
posição de quem transmitia a Providência de Deus. Em tom bastante comovido,
prosseguira: "Eu exigi muito de você, não foi?" Naquele instante, Yoshi começara a
entender que o rigor com que ele a tratara era um aprimoramento necessário ao
objetivo que tinha em mente.
A cerimônia de investidura da Segunda Líder Espiritual foi realizada no
Templo Messiânico, às 10h do dia 30 de março de 1955, véspera do Culto de
Cinqüenta Dias de Falecimento do Fundador. Nesse dia, reuniram-se ali sete mil
fiéis, além de um grande número de convidados especiais. Aqueles, sob o impacto
da ascensão do Mestre, por algum tempo sentiram-se perdidos, mas, erguendo-se
de dentro da tristeza, solidificaram a decisão de seguir em frente, procurando
captar a vontade dele, liderados pela Segunda Líder Espiritual.
Verificando os registros, observamos que, pouco mais de um ano antes da
ascensão do Fundador, entre janeiro e março de 1954, época imediatamente
anterior ao início de sua purificação, ele falara repetidamente e com muito
entusiasmo sobre os seus planos em relação ao futuro, nas entrevistas realizadas
na Sede Provisória de Sakimi, em Atami. Esse fato nos leva a pensar que,
prevendo a purificação que teria início em abril e até mesmo sua ascensão, o
Fundador fez os preparativos para recebê-las. Logo no início de 1954, por
exemplo, ele disse: "Quanto ao museu, ficará para o ano que uem. Creio que ele
será comentado mundialmente, atraindo a atenção do mundo inteiro. A obra ainda
está na metade, mas, quando estiver totalmente concluída, causará assombro.
Como resultado, surgirá esta pergunta". Afinal de contas, o que é a Igreja
Messiânica Mundial?" Sabendo que se trata de uma Igreja dirigida por um indivíduo
chamado Okada Mokiti, quererão saber quem é esse indivíduo. Assim, estou certo
de que terá início uma pesquisa sobre ele. " Com essas palavras, o Fundador quis
dizer que, quando as pessoas do mundo inteiro lerem os seus livros e começarem
a entender os erros da Medicina e da Agricultura, compreenderão que a Igreja
Messiânica Mundial não é uma religião comum, e que, expandindo-se o que ela diz
e faz, indubitavelmente o mundo ficará melhor.
Por ocasião de uma entrevista realizada nos últimos dias de janeiro, o
Mestre contou um episódio muito interessante, relacionado a Elise Grilli, repórter
do "The Japan Times", à qual já se fez referência anteriormente.
Sentindo-se identificada com o pensamento e as atividades do Fundador,
Elise não lhe poupava palavras de elogio. "Os protótipos do Paraíso Terrestre de
Hakone e Atami tornar-se-ão, no futuro, locais mundialmente famosos como as
cataratas do Niagara" - disse a jornalista. Tendo chegado ao Japão em 1948, ela
comprara um terreno, construíra uma casa, que mandou forrar com esteiras, e
iniciara uma vida igual à dos japoneses. Amara o país, segundo declarou, por ter
descoberto que seu povo possui qualidades extraordinárias, que nenhum outro
possui.
Em janeiro de 1954, Elise Grilli fez propaganda das idéias de Okada Mokiti
a representantes de grandes jornais japoneses. Nessa oportunidade, disse a eles:
"Tenho tido contacto com diversas pessoas importantes do Japão, mas acho que o
Sr. Okada Mokiti é a mais magnânima de todas. Por que vocês não escrevem isso
em seus jornais?" Surpresos, os jornalistas disseram: "Ali há algo que não é muito
bom"; explicaram, em seguida, que, no julgamento ao qual fora submetido, o
Fundador tinha sido considerado culpado e que o cumprimento da pena estava
adiado. Então Elise retrucou: "E que importância tem isso? É algo tão
insignificante. . . Quando se inicia uma grande obra, sempre se cometem falhas, e,
às vezes, até se infringem as leis. Não é bom, mas é inevitável. Ao invés de nos
atermos a esses detalhes, devemos pensar nos propósitos do Sr. Okada. Ele está
declarando que vai construir o Paraíso Terrestre, isento de doença, miséria e
conflito. Existe obra tão grandiosa como essa? Em verdade, não há outros
exemplos em todo o mundo. Foi através do Sr. Okada que eu descobri a
magnanimidade dos japoneses. Por que vocês não escrevem isso em seus
jornais?"
Pouco tempo depois, numa entrevista realizada nos meados de março, o
Fundador falou a respeito de uma senhora americana que Elise Grilli lhe
apresentara. Chamava-se Ellen Pusey (casando-se, passou a chamar-se Ellen D.
Conant). Fora enviada ao Japão como bolsista da Fulbright, para passar dois anos
pesquisando o patrimônio cultural do país, especialmente a obra do célebre pintor
Takeuti Seiho. Com esse objetivo, foi visitar o Fundador, para conhecer sua
coleção. Takeuti Itsu, filho mais velho de Seiho, acompanhava-a como intérprete e
cicerone.
Na conversa que teve com Ellen, nessa ocasião, o Fundador ficou
sabendo que os Estados Unidos tinham grande interesse pela cultura japonesa.
Parece que, tomando conhecimento disso, ele deixou ainda mais claro o seu plano
de contribuir para a paz mundial através da divulgação das belas-artes, colocando
como centro do intercâmbio de âmbito mundial o museu que deveria ser construído
em Atami. Pelas palavras ditas aos fiéis na entrevista do dia 16, as quais
transcrevemos a seguir, podemos conhecer parte do plano do Fundador: "Imagino
que o Museu de Arte de Atami será um órgão semelhante ao Setor de Patrimônio
Cultural da UNESCO; um órgão que, natural e gradativamente, irá cultivar o
pensamento artístico em escala mundial e aonde os especialistas de cada país ou
quaisquer pessoas que desejarem, poderão vir uma vez por ano ou por semestre,
levados pelo objetivo de construir um museu em sua pátria ou promover o
intercâmbio de valiosas obras de arte com o Japão. Portanto, se isso acontecer, o
Museu de Atami será uma obra grandiosa. Naturalmente, como se trata de uma
Providência de Deus para construir o Paraíso Terrestre, é claro que acontecerá, e
o rumo que as coisas começam a tomar é realmente interessante.
Nessa época, o Fundador escreveu um artigo intitulado "O que é Igreja
Messiânica", em cujo início ele diz: "Ao escrever estas palavras, quero, antes,
esclarecer que a nossa Igreja não é pura e simplesmente uma religião. Em parte, a
Religião está incluída nela, mas é óbvio que não constitui o seu todo. Então,
poderão me perguntar por que Ihe dei esse nome. Foi por não ter alternativa, uma
vez que se trata de uma obra de salvação inédita, nunca sequer imaginada, em
toda a história da humanidade. Ao invés de dar-Ihe outro nome, achei que esse era
mais compreensível e familiar; entretanto, para ser fiel à verdade, nossa Igreja é
uma religião que supera a Religião, ou seja, é uma Ultra-religião." Por essas
vigorosas palavras, ficou definido que as atividades da Igreja Messiânica são obras
de salvação ultra-religiosa, nas quais está incluída a Religião.
Por ocasião das entrevistas, o Fundador falou repetidas vezes sobre seu
grandioso plano: "Quando os protótipos do Paraíso Terrestre de Hakone e Atami
estiverem concluídos, a Igreja Messiânica Mundial será conhecida no mundo e,
paralelamente, seus Ensinamentos e sua obra de salvação serão compreendidos.
Certamente também terão início os estudos sobre o indivíduo chamado Okada
Mokiti. A conclusão do Museu de Arte de Atami, em especial, irá contribuir
enormemente não só para as atividades culturais de âmbito mundial, mas também
para a paz do mundo e a criação da Nova Civilização. Essa é a missão original da
nossa Igreja. E devemos acrescentar que esse momento finalmente está
chegando. "Tal plano está florescendo, atualmente, em diversas regiões do mundo,
correspondendo ao maior desejo do Fundador. Do Reino dos Céus, ele certamente
está contemplando-as com alegria.
Após a ascensão do Mestre, a Igreja não caminhou apenas por estradas
lisas e planas. Diversos obstáculos a esperavam. Quantas vezes a sua própria
existência esteve em perigo! Entretanto, mesmo nessas horas, a crise foi superada
graças à mão de elementos que se empenharam em seguir até o fim os desejos
dele, conseguindo transformar os problemas em purificação, para um avanço ainda
maior da Obra Divina. Em todas essas ocasiões, as pessoas envolvidas sentiram a
grande proteção e orientação que ele lhes dava, do Mundo Celestial.
O Fundador disse: "Brevemente chegará uma época em que, mesmo
existindo alimentos com fartura, não haverá nada que possa ser comido."
Passados pouco mais de trinta anos, qual é a situação que vemos à nossa volta?
Defensivos agrícolas e águas de esgoto, poluição dos produtos provenientes do
campo, dos rios e dos mares, gêneros alimentícios em conserva, produtos com
aditivos, etc. Entre os alimentos que adquirimos, quantos será que podemos comer
tranqüilamente? Ainda que fosse por esse único fato, não poderíamos deixar de
tirar o chapéu para a precisão das previsões do Fundador.
Os Ensinamentos da Igreja Messiânica abrangem problemas relativos à
Saúde, Política, Economia, Cultura, enfim, todos os problemas da sociedade
humana, para os quais se aponta à solução correta. Considerando que, com a
fusão da civilização material do Ocidente e a civilização espiritual do Oriente,
nascerá à Nova Cultura, que irá proporcionar ao homem a verdadeira felicidade, o
Fundador mostra os caminhos concretos para alcançá-la.
Erguendo-se das cinzas da derrota na Segunda Guerra Mundial, o Japão está nos
primeiros lugares do mundo em termos econômicos, mas torna-se desnecessário
repetir que, por trás dessa prosperidade, ele carrega um grande número de
problemas. E não só o Japão, mas todos os países do mundo, apesar do avanço
da civilização material, deparam com dificuldades seríssimas e sofrem devido às
contradições e à desordem. Além disso, o mundo preserva o equilíbrio com a farda
dos armamentos nucleares, de modo que a paz não passa de uma máscara.
Certamente nunca houve época como os dias atuais, em que, agonizando na
insegurança e no sofrimento, tantas pessoas esperam, do fundo da alma, uma
salvação celestial. Urge, portanto, que divulguemos para todo o mundo os
Ensinamentos da Verdade esclarecidos pelo Fundador e o seu poder de salvação.

"Na época atual,


Noite da véspera
Da destruição do Mundo,
Vou manifestar o Poder
Do Deus da Salvação. "
"Que venha logo o dia
Em que, pela eternidade,
Viveremos tranqüilos no Paraíso
Onde não há inverno nem noite. "

Em 1972, no bairro de Hashiba, situado no Distrito de Assakussa, onde,


noventa anos antes, o Fundador nascera, foi erigido um monumento em sua
memória. As palavras que transcrevemos abaixo, escritas na base de pedra, foram
pronunciadas por ele no dia em que foi instituída a Associação Kannon do Japão.
Quando as lemos agora, não podemos deixar de sentir que sua consciência como
Luz do Oriente e seu fervoroso e eterno desejo de construir o Mundo de Luz, de
perfeita Verdade, Bem e Belo continuam a existir mesmo depois de sua ascensão.

"Deus é Luz.
Onde há Luz, existe paz, felicidade e alegria.
Onde não há Luz e Claridade,
Existe conflito, pobreza e doença.
Vós que desejais Luz e Prosperidade, Vinde!
Vinde e Louvai o nome de Deus;
Assim sereis salvos!"

SUMÁRIO BIOGRÁFICO DO FUNDADOR


ANO IDADE HISTÓRICO FATOS RELACIONADOS
1882 0 - 23 de dezembro – Nasce
em Tóquio, Assakussa, no
bairro de Hashiba, quadra 2,
nº 2, Distrito de Daitõ

1889 6 - Entra na Escola Primária


Básica Nishin - Tóquio

1890 Promulgação do Decreto


Imperial referente ao
Ensino
1891 8 - Transfere-se para a Escola
Primária Assakussa - Tóquio

1894 Guerra entre o Japão e a


China
1896 14 - Conclui o Curso Básico

1897 14 - Entra no Curso


Preparatório da Escola de
Arte de Tóquio. Meio ano
depois, deixa o curso devido
à doença na vista.
Posteriormente, contrais
pleurisia por duas vezes.
Acometido também de
tuberculose e desenganado
pelos médicos, restabelece
com uma dieta vegetariana.

1902 19 - 10 de fevereiro – Morre


Shizu, sua irmã mais velha.

1904 Guerra entre o Japão e a


Rússia

ANO IDADE HISTÓRICO FATOS RELACIONADOS


1905 22 - 22/maio - Morre Kissaburo,
seu pai. Abre a loja de miudezas
Kõrin-Dõ na Rua Yaessu,
quadra 2, Distrito de Tyüõ, em
Tóquio.

1907 24 - Abre a Loja Okada, atacadista


de objetos de adorno. na
Quadra 1, n° 5, no bairro de
Kyõ-Bashi, Distrito de Tyüõ, em
Tóquio.
- Junho - Casa-se com Aihara
Taka.
- Visita Okakura Tenshin, em
Izura, no Estado de Ibaraki.
- A partir dessa época,
durante cerca de dez anos,
contrai várias doenças.

1909 26 - Expõe adornos para cabelo


na Exposição de Artigos
infantis, promovida pela Loja
Mitsukoshi, e recebe o Prêmio
de Bronze.

1912 29 - 25/maio - Falece Tori. Sua


mãe.
1914 31 - Expõe adornos para cabelo Primeira Guerra Mundial.
na Exposição Taishõ,
realizada no Parque Ueno, em
Tóquio, e recebe o Troféu de
Bronze. Nessa época, inicia-se
a transação com a Loja
Mitsukoshi.

1915 32 - Inventa o "Diamante Assashi",


requerendo patente deste
artigo em dez países. Além
disso, obtém patentes de onze
novos produtos.

ANO IDADE HISTÓRICO FATOS RELACIONADOS


1916 33 - Pensa em fundar um
periódico que combatesse
os males sociais e se
empenhasse em corrigi-los.
Inicia vários negócios para
conseguir capital.

1919 36 - Primavera - O Banco Sõko


abre falência, e o Fundador
passa por sérias dificuldades.
- 11/junho - Morre Taka, sua
esposa.
- Dezembro - Segundo
Matrimônio: com Õta Yoshi.
Crise financeira mundial
1920 37 - Transforma a Loja Okada em
Sociedade Anónima. Logo a
seguir, o mundo entra em
crise financeira, e o Fundador
sofre um grande prejuízo.
- Junho - Ingressa na Religião
Omoto.
- 11 /outubro - Nasce Mitiko,sua
filha primogênita.

1921 39 - Empenha-se em reerguer a


Loja Okada. Afasta-se
temporariamente da Fé.
- 31 dezembro - Nasce
Mitimaro, o filho primogênito.
Grande terremoto na
1923 41 - 1° /setembro - Sofre região leste da ilha principal
novamente grande prejuízo por do Arquipélago Japonês.
causa do grande terremoto
ocorrido na região leste da ilha
principal do Arquipélago
Japonês.
- 3/outubro - Morre Mitimaro.
- 2/dezembro - Nasce
Mihomaro, o segundo filho.
ANO IDADE HISTÓRICO FATOS RELACIONADOS

1924 41 - Aumenta sua atração pela Fé;


dedica-se ao estudo do Espírito
Divino. Presencia milagres.

1925 42 - 15/agosto - Nasce Miyako, a Promulgada a "Lei de


segunda filha. Preservação da Ordem da
Nação".

1926 43 - Dezembro - Através de


Revelação Divina, conscientiza-
se da sua própria missão.
Alcança o estado de
"Kenshinjitsu".

1927 44 - 4/junho - Nasce Itsuki, a


terceira f ilha.

1928 45 - 4/fevereiro - Deixa a


administração da Loja Okada a
cargo de funcionários para
dedicar-se de corpo e alma à
Obra Divina.

1929 46 - Confecciona "miteshiro" e


concede-o a seus discípulos.
- 1l/abril - Nasce Shigueyoshi, o
terceiro filho.
- 23/maio - O Dragão Dourado,
guardião de Kannon, torna-se
também guardião do Fundador.

1930 47 - 1º/junho - Erige a Torre Miroku


no jardim do Shõfü-Sõ, em
Õmori.
ANO IDADE HISTÓRICO FATOS RELACIONADOS
1931 48 - 15/junho - Recebe, no topo - Guerra da Manchúria.
do Monte Nokoguiri, Estado
de Tiba, a Revelação sobre a
Transição da Era da Noite para
a Era do Dia no Mundo Espiritual.

Caso 5. 15".
1932 49 - 24/março - Nasce Kunihiro, o
quarto filho.
O Japão sai da Liga das
1933 Nações.

1934 51 - l°/maio - Abre o Õjin-Dõ e


inicia o "Tratamento Espiritual de
Digitopuntura no Estilo Okada",
no bairro de Hiraga, quadra 1,
n° 4, Distrito de Tiyoda, em
Tóquio.
- 15/setembro - Deixa a Religião
Õmoto.
- 11/outubro – Manifestação
milagrosa da imagem do
Kannon de Mil Braços na foto
espiritual.
- 17/novembro - Conclui o
quadro da imagem do Kannon
de Mil Braços.
- 4/dezembro - Compõe a
oração Zenguen-Sanji.
52 - 23/dezembro - Culto
Provisório da Instituição da Dai
Nipon Kannon Kai no Õjin-Dõ.

1935 52 - 1º/janeiro - Culto Oficial de


Instituição da Dai Nipon Kannon "Segundo Caso Õmoto."
Kai na Sede Provisória do bairro
de Kõji, quadra 1, Distrito de
Tiyoda, em Tóquio.

ANO IDADE HISTÓRICO FATOS REALCIONADOS


1935 52 - 1º /outubro - Adquire a
mansão n P 3 do bairro de
Kaminogue, Distrito de
Setagaya, em Tóquio, e ali
instala a Sede Geral da Dai
Nipon Kannon Kai. Denomina-a
Gyokussen-Kyõ e,
posteriormente, Solar da
Montanha Preciosa.
- 10/outubro - Culto de
Oficialização da Sede Geral no
Solar da Montanha Preciosa.
No terreno do Gyokussen-Kyõ,
inicia a pesquisa sobre
Agricultura Natural.

1936 53 - 15/maio - Instituição da Caso 2. 26".


Dai Nipon Kenkõ Kyõkai
(Associação Japonesa de
Saúde).
- 1º /julho - Comunica a
dissolução da Dai Nipon
Kannon Kai, no Culto Mensal
de Agradecimento.
- 28/julho - Recebe, da
Delegacia de Polícia
Metropolitana, a "Ordem de
Proibição da Prática de
Tratamentos".
Conseqüentemente, houve a
dissolução natural da Dai Nipon
Kenkõ Kyõ-kai.
- 5 a 6/agosto - Detido pela
Delegacia de Õmiya, do
Estado de Saitama.
- 10 a 20/agosto - Detido
pela Delegacia de Tamagawa
("Primeiro Caso Tamagawa") .

ANO IDADE HISTÓRICO FATOS RELACIONADOS


1936 54 - 15/outubro - Conclusão do
(continuação) Fujimi-Tei (Solar da
Contemplação do Monte Fuji),
na parte sudeste do Hõzan-Sõ.

1937 55 - 22/outubro - Anulada a


"Ordem de Proibição da
Prática de Tratamentos."

1940 58 - 28 a 30/novembro - Detido Baixada a "Lei das


pela Delegacia de Tamagawa Organizações Religiosas
("Segundo Caso Tamagawa") .
- 1º /dezembro - Extinção das
atividades de tratamento.
Empenha-se, a partir dessa
época, na formação de
discípulos.

1941 59 - Requer, atendendo aos Segunda Guerra Mundial


desejos de pessoas influentes e
empresários, o "Pedido de
Prática de Tratamento". Nesse
ano, faz viagens a Tanba,
MotoIsse e aos Santuários
Kashima, Katori, etc.

1944 62
- 5/maio - Muda-se para o Solar
da Montanha Divina, em Gora,
Hakone (Terra Divina - Solo
Sagrado de Hakone) .
- 5/outubro - Muda-se para o
Solar da Montanha do Leste,
em Atami.

ANO IDADE HISTÓRICO FATOS RELACIONADOS


1945 62 - Adquire o terreno localizado no 1945 - Fim da Segunda
Monte Izu Õkubo, em Atami Guerra Mundial.
(Terra Celestial - Solo Sagrado de Promulgada a "Lei das
Atami) . Pessoas Jurídicas de
Natureza Religiosa."
1946 63 - 15/agosto - Conclusão do
Kanzan-Tei (Solar da
Contemplação da Montanha),
na Terra Divina.

1947 64 - 30/agosto - Instituição da Promulgada a nova


Nipon Kannon Kyõdan Constituição do Japão.
(Igreja Kannon do Japão).

1948 65 - Outubro - Instala a Sede


Provisória do bairro de Shimizu,
em Atami.
- 30/outubro - Instituição da
Associação Miroku do Japão.
- 8/novembro - Inspeção do
Ministério da Fazenda referente a
problemas sobre impostos.

- 25/fevereiro - Instituição da
1949 66 Igreja Miroku do Japão.
- Maio - Conclusão do Soun-Ryõ
(Alojamento Nuvem Ligeira)
posteriormente denominado
Nikõ-Den (Palácio da Luz do Sol)
, na Terra Divina.
- 5/junho - A Associação
Miroku do Japão filia-se à
Igreja Miroku do Japão.

ANO IDADE HISTÓRICO FATOS RELACIONADOS


1949 66 - 25/agosto - A "Criminal
(continuação) Investigation Division" das
Tropas de Ocupação Investiga as
instalações da Igreja sob a
suspeita de que ela escondia
barras de ouro, diamantes, etc.

1950 67 - 4/fevereiro - Instituição da Igreja Guerra da Coréia


Messiânica Mundial com a fusão
da Igreja Kannon do Japão e
Igreja Miroku do Japão.
- O Fundador passa a denominar-
se a si mesmo "MEISHU", Senhor
da Luz.
- 13/abril - Ocorre um grande
incêndio em Atami e a Sede
Provisória de Shimizu é poupada
dessa catástrofe.
- 8/maio - São investigadas as
instalações da Igreja sob a
acusação de suborno.
- 29/maio a 19/junho
- O Fundador é preso sob a
acusação de suborno.
- 15/junho - Ocorre um fenômeno
Divino durante a prisão na
Delegacia Regional de Ihara, no
Estado de Shizuoka.
- Verão - Conclusão do
Sanguetsu-An, (Casa de
Cerimónia de Chá Monte e
Lua).

1950 68 - 23/dezembro - Estabelecimento


do método do Johrei. Mudança
da Sede Provisória para o bairro
de Sakimi, em Atami.
ANO HISTÓRICO FATOS RELACIONADOS
1951 68 - 5/fevereiro - Anuncia a Alteração da "Lei das
reestruturação da Sede e do Pessoas Jurídicas de
Sistema Regional. Natureza Religiosa".

- 22/maio - Faz a palestra intitulada


"A Criação da Nova Civilização", no
Auditório Hibiya, em Tóquio. -
29/maio a 1°/junho - Primeira
viagem missionária à região oeste da
ilha principal do Arquipélago
Japonês. A partir dessa data, até
1954, realiza viagens missionárias
duas vezes por ano, na primavera e
no outono.

1952 69 - 15/junho - Conclusão do Museu de


Arte de Hakone, na Terra Divina. -
18/outubro - Adquire o terreno
localizado às margens do Lago Promulgação do Tratado
Hirossawa, em Saga, Quioto (Terra de Paz de São Francisco.
da Tranqüilidade - Solo Sagrado de
Quioto) .

1953 70 - 11 /fevereiro - Início da difusão na


América do Norte.
- 15/junho - Conclusão da Terra
Divina. Culto comemorativo da
conclusão do Paraíso Terrestre de
Hakone.
- 16/outubro - Culto da Cumeeira do
Templo Messiânico, na Terra
Celestial.
- 1º /dezembro - Estabelecimento da
Comissão de Divulgação da
Agricultura Natural.
ANO IDADE HISTÓRICO FATOS RELACIONADOS
1954 71 - 4/fevereiro - Adquire o
"Biombo de Ameixeiras com
Flores Vermelhas e Brancas", da
autoria de Ogata Kõrin .
- 19/abril - Tem uma purificação
com sintomas semelhantes aos
de derrame cerebral.
- 15/junho - Realiza, no
Templo Messiânico, a Cerimónia de
Comemoração Provisória da
Vinda do Messias.
- 9/novembro - Entrevista com
repórteres no Templo Messiânico.
- 11/dezembro – Conclusão do
Palácio de Cristal. Pernoita nesse
Palácio.

1955 72 - 4/fevereiro - Realiza o Culto da


Primavera, no Templo Messiânico.
Encontra-se pela última vez com os
fiéis.
- 8/fevereiro - Adquire o "Pote
das Glicínias", da autoria de
Nonomura Ninsei
- 10/fevereiro - Ascende às 15h
33m, no Solar da Nuvem
Esmeralda, situado no bairro de
Minakuti, em Atami.
- 17/fevereiro - Realiza-se o Culto
de Ascensão, no Templo
Messiânico.

Origem da Foto

A Mão que elimina o sofrimento do Mundo!

Em 22 de junho de 1952, o Editor-chefe de um


importante periódico francês realizou uma entrevista a
respeito da missão a que Meishu Sama se dedicava na
Terra.
Nessa ocasião, o jornalista quis fotografar
também a mão de Meishu Sama para, mais tarde,
publicá-la sob o título: "A mão que elimina o sofrimento do
mundo".
Tendo recebido imediatamente a aquiescência
do Mestre, a foto foi feita. Na verdade, com essa
permissão, Meishu Sama estava manifestando o desejo
de que mais um canal de Luz fosse oferecido a quem
busca o caminho da verdade.
ALTAR

Esta caligrafia está no Altar do Solo Sagrado de Hakone – Dai Komyo Nyorai

Esta é outra caligrafia que Meishu Sama fez para o altar da Igreja
Altar que Meishu Sama caligrafou para fazer a difusão
(Komyo e seu retrato especificamente tirado para o altar)
A Ikebana na figura é só uma amostra de como deve ficar no altar,
pode ser vivificada de diferentes flores.

KOMYO

Em 11 de Fevereiro de 1953, a Sra. Higuti e o Sr. Ajiki, ministros de


Meishu Sama, saíram do Japão para o Havaí. Era o início da difusão mundial da
doutrina Messiânica e do Johrei. Levavam com eles esta imagem que Meishu
Sama caligrafou especificamente nesta ocasião, para a difusão no exterior do
Japão. Meishu Sama fez com essa intenção.
Como podemos observar nos inúmeros registros fotográficos da época, foi
também esta a imagem com a qual os reverendos Shoda e Nakahashi chegaram
ao Brasil em 1955, e que serviu como imagem do lar e dos altares das igrejas, da
difusão, no Brasil, por longa data...

IKEBANA

Em maio de 1949, Meishu Sama escreveu um Ensinamento intitulado "A


campanha de formação do Paraíso por meio das flores", no qual orientou: "Vamos
nos esforçar para que haja flores no interior das residências, nos locais de trabalho,
enfim, em todos os lugares onde houver pessoas, fazendo com que, por meio
delas, este mundo se transforme num Paraíso". E não foi só. Também mandou que
se tirassem fotografias coloridas de Suas vivificações. Os trinta e nove "slides" que
existem das flores vivificadas por Ele, são fotografias tiradas 1953 por Yoshida Yôji,
posteriormente diretor do Museu de Arte de Hakone.
As primeiras fotos foram tiradas em 15 de março de 1953, e na entrevista
realizada imediatamente após, Meishu Sama fez uma explanação cujo ponto
central era o trecho que se segue: "Ultimamente têm aparecido vivificações
esquisitas. Elas matam as flores, razão pela qual não agradam, mesmo que o
formato seja bom. Por isso, é preciso expressar ao máximo as melhores
características naturais das flores. Foi para levar ao conhecimento de todos a
verdadeira forma de vivificá-las que mandei fazer estes "slides". Seja como for, é
uma forma revolucionária. Serve como Ensinamento, mostrando a maneira como
devem ser feitas as vivificações; além disso, através das flores assim vivificadas a
pessoa recebe Johrei".
Meishu Sama ensinou a postura com que as flores devem ser vivificadas:
"Eu jamais forço o formato das flores; vivifico-as da maneira mais natural possível.
Com isso, elas ficam bem vivas, durando bastante. Se mexermos muito, elas
morrem e perdem a graça. Sempre que vou fazer uma vivificação, idealizo antes o
seu formato, corto as flores e coloco-as imediatamente no vaso, e assim a
vivificação fica mais bonita"..."Se ficarmos perdendo tempo, a flor morre, e
vivificação feita com flores mortas, não é vivificação".
Sobre técnicas e materiais: "É preciso conversar com as flores e vivificar
seu sentimento. Se não fizermos isso, elas não ficam contentes. Não ficando
contentes, murcham logo. As flores não gostam de ver negligenciadas as suas
características, isto é, de serem arrumadas com muita técnica, como faz a maioria
das pessoas".
Sobre a música, sua preferência era "Hallelujah Chorus", From "The
Messiah" de Georg Friedrich Häendel (Alemanha,1685-1759).
<< Meishu Sama referiu-se diversas vezes ao oratório "Messias". É
desnecessário dar maiores esclarecimentos a seu respeito, já que se trata de uma
obra mundialmente famosa, mas dizem que no primeiro concerto em que ela foi
executada o Rei da Inglaterra tirou o chapéu, gesto que, a partir daí se tornou uma
tradição.
Do seu conteúdo, Meishu Sama não poupou elogios ao coral "Aleluia",
sobre o qual dizia: "Foi preparado por Deus". >>
Altar de Nidai Sama

Após a ascensão do Mestre como já foi dito Yoshi (Nidai Sama) sua
esposa, assumiu a posição de segunda líder espiritual da Igreja Messiânica
Mundial. Ela substitui todos os altares das difusões, mostrado acima (Komyo) por
esta caligrafia abaixo feito por ela, aliás, a única. Deixando o altar Komyo somente
para ser altar do lar. O motivo pelo qual ela fez isso não foi divulgado.

Altar da Igreja Messiânica Mundial no Brasil


Essa caligrafia está no altar dos Johrei Centers até os dias atuais.

Portanto chega-se a conclusão que a direção da Igreja Messiânica


Mundial não respeitou a vontade de Meishu Sama, modificando sua caligrafia e o
ritual dos cultos.
Aqui no Brasil, foi introduzido o "Pai-Nosso" em respeito ao mundo
ocidental-cristão, principalmente aos antepassados ocidentais.

OBS:
Os núcleos e dissidências conservam suas características, procuram fazer como
Meishu Sama, respeitando suas tradições e rituais, conforme posteriormente
descritos.

Meishu Sama introduziu duas orações de base na doutrina messiânica,


Amatsu Norito e Zenguen Sanji das quais são apresentadas abaixo às versões
originais, além de ter escrito milhares de Salmos, muitos dos quais com o objetivo
específico de serem entoados nos cultos. Os salmos podem ser encontrados
na Internet, em Igrejas Messiânicas e também em algumas livrarias.
As orações originais que Meishu Sama entoava:

Palavras de Meishu
AMATSU NORITO "sentido"
Sama
Taka Ama Hara ni Kami
tsu mari masu
Kamurigui Kamuromi no
Mikoto motite Ó deuses da purificação,
Sume mi oya kamu criados por ordem do pai
Izanagui no Mikoto e da mãe
Tsukushi no himuka no que habitam o Céu,
tatihana no justamente quando
Odo no awagui harani o Deus Izanagui no
misogui Mikoto
Harai tamou toki ni nari se banhou na foz estreita
maseru de um rio coberto
Haraido no Ookami tati por árvores
moromoro no permanentemente
"A oração Amatsu-Norito
Magagoto tsumi kegare o frondosas,
remonta a uma época
Harai tamae Kiyome na região Sul.
anterior
tamae Com todo o respeito
à de Jinmu,
to moosu kotono yoshi o e do fundo do coração
o primeiro imperador do
Amatsu kami Kunitsu pedimos que nos ouçam,
Japão.
kami tal como o equino que
Foi escrita por um "deus"
Yaoyorozu no kami tati ouve atento,
da linhagem de
tomo ni com ouvidos aguçados
Amaterassu-Oomikami,
Ame no futikoma no e,
adorado pelo clã Yamato.
Mimi furi tatete kikoshi juntamente com os
Por isso suas palavras
meseto demais
possuem
kashikomi kashikomi deuses do Céu e da
um espírito muito elevado
momoosu Terra,
e uma ação intensa,
Miroku Oomikami purifiquem todas as
tendo o poder de purificar
mamoritamae sakihae maldades, desgraças e
o Céu e a Terra."
tamae pecados.
Miroku Oomikami Miroku Oomikami
mamoritamae sakihae Abençoai-nos e protejei-
tamae nos
Meishu no Oomikami Meishu Sama
mamoritamae sakihae Abençoai-nos e protejei-
tamae nos
Meishu no Oomikami Para expansão da nossa
mamoritamae sakihae alma
tamae Seja feita a Vossa
Kannagara tamatihae vontade
mase
Kannagara tamatihae
mase
ZENGUEN SANJI Prece de Louvor a História
Deus
Uyauyashiku Meditemos com
omonmiruni. reverência no Senhor Em 23 de
Sesson Kanzeon Bodissatwa Kannon que, Dezembro de 1934,
Bossatsu ao descer do céu à terra Meishu Sama procedeu à
konodoni amorasse em Komyo Nyorai, cerimôniade fundação da
tamai transformou-se a seguir Igreja, de forma
Komyo Nyorai to guenji em Ooshin Miroku e prévia,em Sua residência,
Ooshin Miroku to kashi posteriormente em denominada Ôshin-Dô,
Meshia to narasse Messias. Salvar a todos situada em Kôji-Mati-ku,
Daisen sanzen sekai no os seres vivos é o Seu Hiraga-tyo, em Tóquio.
sandoku o me'shi gojoku sublime anseio Sendo dia do 52º
o kiyome. expurgando dos três aniversário de Meishu
Hyakusen man oku i'sai mundos os três venenos Sama, comemorou-se
shujo no dai nengan. e as cinco impurezas, essa data também, na
Komyo joraku eigono para que a luz e o júbilo mesma ocasião.
ju'po sekaio eterno para sempre se
narashimete. instalem em todos os Foi então entoada, pela
Gofu jyuuno kuruinaku cantos do mundo. No primeira vez, a oração
fukukaze edamo narassu reino de Miroku gerado Zenguen-Sanji, após a
naki. por Kannon a desordem Amatsu-Norito.
Miroku no myoo não existe.
umitamoo. Venta a cada cinco dias, Entoada novamente oito
Muryo muhen no chove a cada dez e a dias depois na cerimônia
daidihini, brisa é tão suave que oficial da fundação da
tenmarasetsumo nem os galhos farfalham. igreja, a 1º de Janeiro de
matsuroite. Com Sua grandiosa, 1935, passou a se
Shoaku jahouwa infinita e ilimitada constituir oração peculiar
aratamari, misericórdia, que até aos da igreja.
Yasha ryudinmo demônios celestes e aos
guedatsu nashi. diabos induz a Lhe Na passagem da
Shozen bushin prestarem obediência, Transição da Noite para o
kotogotoku Ele extingue os vários Dia no mundo espiritual, a
sono kokorozashio males e anula as leis Zenguen Sanji, na pura
toguru nari malignas, libertando acepção da palavra,
Sansen somoku igualmente os Yashas e evoca o insondável
kotogotoku os Dragões. intento Divino, em sua
Sesson no itokuni Todos os santos penetrante, bela, fluente,
nabikaite homens, os Budas e os límpida e harmoniosa
Kinjutyugyo no Devas podem, assim, ressonância. Descreve
suemademo cumprir as suas missões. ainda a situação do
mina sono tokoroo Os rios e montanhas, as Paraíso Terrestre que
ezarunashi plantas e as árvores será estabelecido no
massani kore shibi jísso recebem copiosas futuro.
sekainite. Karyobingawa graças de Kannon.
sorani mai As aves, os animais, os Alguns anos após a
zuiuntenni tanabikeba. insetos e os peixes fundação da igreja no
Banka fukuikutini kunji podem viver plenamente Japão, que entrara na
tahoo bu'to sossori tati. a sua vida, cada qual confusa época que
Hitidoo garanwa kassumi ocupando o seu exato precedeu a 2ª Guerra
tsutsu koganeno iraka lugar. E o mundo Mundial, as ideologias
sansanto assume, então, o seu passaram a ser
hini terieizu koukeiwa, verdadeiro aspecto. Por rigorosamente
guenimo tengoku jodo entre as nuvens de bom controladas, suas
nari. presságio a estender-se palavras censuradas e as
Gokoku minorite kurani pelo firmamento voa a religiões oprimidas.
miti ave do paraíso sobre a
sunadori yutakani terra perfumada na qual Em 1938, chegou-se ao
amegashita, milhares de flores ponto de se ver proibidas
iketoshi ikeru moromoro exalam a sua fragrância. as atividades das novas
no Ladeada de grandes religiões. Não obstante
eragui niguiwau templos obnubilados seu desempenho,
koegoewa pela distância destaca-se também Meishu Sama
tsutsu uraurani a torre sagrada com viu-se cerceado na
mitiwatari. seus muitos tesouros, liberdade religiosa em
Kunito kunitono em cujos telhados de face das circunstâncias, e
sakainaku ouro refulgem os raios voltou-se para um
hito gussa tatino do sol. Tal é a paisagem movimento de salvação
nikushimiya. do reino dos céus no pela cura.
Isakaigoto mo yumeto solo purificado. Fartas
kie colheitas de cereais Nesse período, a
í'tenshikai Kannonno abarrotam os armazéns, Zenguem Sanji não foi
jinjino mimuneni a pesca é abundante e entoada.
idakaren. as vozes de todos os
Wareraga hibino seres vivos elevam-se Após o término da guerra,
segyounimo animadas para o céu. em 1945, assegurada a
myotio tamai shinkakuo Desapareceram, como liberdade de crença, a
essashime iewa por encanto, as divisas igreja reiniciou suas
tomissakae. entre os países, os ódios atividades como "Nippon
Yowaiwa nagaku e motivos de disputa Kannon Kyodan" e a
muiyakuni entre as raças humanas Zenguen Sanji
zentoku koo kassane e a humanidade é novamente passou a ser
sasse abraçada pelo entoada com a Amatsu
fukujukai muryono misericordioso peito de Norito.
daikudoku. Taressasse Kannon. O verdadeiro
tamae mashimasse to despertar da sabedoria
nennen jushin divina é praticado em
guezatonshu nosso trabalho cotidiano.
kifuku raihai negui A família prospera
moossu. acumulando atos
Miroku Oomikami virtuosos e tem a sua
mamoritamae sakihae vida prolongada sem
tamae remédios ou
Miroku Oomikami medicamentos.
mamoritamae sakihae Concentrado, de todo o
tamae coração, de cabeça
Meishu no Oomikami baixa e corpo curvado,
mamoritamae sakihae peço humildemente que
tamae tais bênçãos chovam do
Meishu no Oomikami céu, formando um mar
mamoritamae sakihae de ilimitada bem-
tamae aventurança.
Kannagara tamatihae Assim seja.
mase
Kannagara tamatihae
mase
Quando se está sufragando espíritos de antepassados, ao invés de
"Miroku Oomikami" ou "Meishu no Oomikami", invoca-se "Kakuriyo no
Ookami" que é a Entidade que cuida das almas no mundo espiritual...

Na tentativa de elucidar pesquisadores e estudiosos sobre diferenças que


encontrarão de igreja para igreja, no mundo messiânico, tentamos anotar aqui
algumas das alterações nas orações originais e algum eventual comentário. A
Igreja Messiânica Mundial alterou sua oração e as dissidências e núcleos
conservam as orações deixadas por Meishu Sama. Comentário abaixo descrito.

Oração Original Alterado Comentário à


alteração
Amatsu Norito Kami tsu mari Kanzu mari "tsu" é um som
puro, enquanto
que "zu" é um
som "sujo",
"derivado". São
conceitos para
quem entende
um pouco mais
profundo da
língua japonêsa.
Terminações Meishu no Oshie mi Oya Nushi O 1º se refere a
Oomikami (e no Kami "O Senhor dos
Amaterasu ou Ensinamentos",
Oomikami e Meishu no Mikami e o 2º é um
Meshia Sama) (Okutsuki) tratamento não
tão polido.
Zenguen Sanji Meshiya to narase Guce no Kami to
narase tamaite
Sesson Mikami Alterações
posteriores ao
tahoo bu'to Shinden guiyokuro
Goshoten
Hitidoo garanwa Gusse no Miyakata (passagem para
Jodo rakudo o mundo divino)
de
Kannon no oshi nabete Miroku Meishu Sama.
no mite ni ki-itsu sare
OBRAS DE MEISHU-SAMA
Meishu-Sama deixou vários ensinamentos e publicações
nos jornais. No entanto, como sua obra é muita grande a Igreja Messiânica
Mundial editou várias obras. Como essa Igreja não é a única a divulgar
Meishu-Sama, existem outros templos messiânicos e casas de Johrei que
sua obra ficou mais extensa.
1. - Livros editados até 1955 – No Japão

951
Myonichi no Medicina para o Takeshi 1942- pp +
Tokyo
ijutsu amanhã Shiozawa 43 xx (3
vols.)
409
Tenguku no O Evangelho de Katsuyuki
Tokyo 1947 pp +
fukuin Deus Sakai
xiv
Nohon 106
Shinko Ensaios sobre a
Tokyo Kannon 1949 pp +
zatsuwa Fé
Kyodan vi
Nijusseiki
Atami,
Noções do Shuppan 77
Reikai sodan Shizuoka 1949
mundo espiritual Insatsu pp
pref.
Goshigaisha
Nijusseiki
Reflexões Shuppan 76
Jikan zuidan Atami 1949
Variadas Insatsu pp
Goshigaisha
Nijusseiki
Kiseki História dos Shuppan 78
Atami 1949
monogatari Milagres Insatsu pp
Goshigaisha

Poemas Odawara, Nihon


Akemaro 86
selecionados de Kanagawa Miroku 1949
Kin'eishu pp
Akemaro pref. Kyokai

Nihon
Hikari e no O caminho para 69
Odawara Miroku 1949
miti a Luz pp
Kyokai
301
Kaichiro
Yama to mizu Montanha e rio Tokyo 1950 pp +
Kosaka
viii
Uma abordagem
Shinji no divinamente Kyusei 72
Tokyo 1950
Kenkoho inspirada para a Shimbunsha pp
saúde
Sekai Uma introdução
57
Meshiyakyo para Sekai Tokyo Eikosha 1950
pp
hayawakari Meshiyakyo
Notas sobre 63
Tokyo Eikosha 1951
agricultura pura pp
Shizen nohoo
Kaisetsu Sekai 236
(edição revisada
Atami Meshiyakyo 1953 pp +
e ampliada)
Shuppanbu viii
Sekai 107
Antologia de
Sanka-shu Atami Meshiyakyo 1951 pp +
Hinos
Shuppanbu iv
Sekai 235
Kekkaku Cura espiritual da
Atami Meshiyakyo 1952 pp +
shinko ryoho tuberculose
Shuppanbu iv
Os trabalhos 300
milagrosos de 1953 pp +
Sekai Deus Sekai xi
Meshiyakyo Atami Meshiyakyo
kiseiki-shu Shuppanbu 302
(edição revisada) 1954 pp +
xi
Sekai 520
Goshinsho: Ensaios sobre a
Atami Meshiyakyo 1954 pp +
Shukyo-hen religião
Shuppanbu x
Sekai
Meshiyakyo Sekai 318
Ensaios sobre
seiten: Atami Meshiyakyo 1955 pp +
arte e sociedade
Geijutsu-hen, Shuppanbu vii
shakai-hen
Amerika wo Salvar os
. . . .
Sukuu Estados Unidos
Bunmei no A Criação da
Principal Obra, ainda não publicada
Soozoo Civilização
2. - Jornais e Revistas editados até 1955

Nihon Kannon
08/mar/49 Kaichiro Kyodan
Hikari Luz 1 - 47 Tokyo
28/jan/50 Kosaka Nihon Miroku
kyokai
04/fev/50 Kaichiro
Kyusei Salvação 48 - 65 Tokyo Hikarisha
03/jun/50 Kosaka
66/115-Masao Koyama +
116/149-Umeno Koyama
23/ago/50
Eiko Glória 66 - 258 (Tokyo/Eikosha); 150/258-
26/mai/54
Seiichi Momomi (Atami/Sekai
Meshiyakyo Shuppanbu)
Sekai
Tijyo Paraíso dez/48 Jitsutaro Meshiyakyo
1 - 59 Atami
Tengoku terrestre jun/54 Moriyama Shuppanbu
(desde 1950)

3. - Transcrições editadas até 1955

Relato de conversas 19 1948-


Gokowaroku Tokyo Shinsei Kyokai
iluminadas vols. 50
Sekai
30 1951-
Gosuijiroku Relato de instruções Atami Meshiyakyo
vols. 54
Shuppanbu
Sekai
Relato de 33 1951-
Mioshieshu Atami Meshiyakyo
Ensinamentos orais vols. 54
Shuppanbu

4. - Outros registros anteriores a 1955

Salmos / poemas / orações.


Diários anotados: existem 15 cadernos escritos entre 1929 e 1943.

Trabalhos posteriores a 1955 – No Brasil

(Ensinamentos de Meishu Sama - compilações e traduções, experiências


de fé, palestras, artigos, estudos, etc.)
Organização Editor
Templo Luz do Oriente Revº Minoru Nakahashi

Lux Oriens Editora Revº Minoru Nakahashi

Igreja Messiânica Mundial do Brasil diversas equipes

Sociedade do Johrei Revº Ichiro Nakamura

Comunidade Messiânica Universal Revº Minoru Fujii


Diversos: Ensinamentos "avulso", revista Glória, outros...

Na Igreja Messiânica Mundial existem vários livros dentre


os quais os mais importantes são:
Alicerce do Paraíso em 5 volumes - Luz do Oriente em 3
volumes
Alimentação com Energia Vital – Artes – A Outra Face da
Doença
Reminiscência de Meishu-Sama – Novos Tempos
O Médico e o Missionário – Pão Nosso de Cada Dia – Gotas
de luz
Encontrando um Caminho etc.
Tabela das Principais publicações (somente na Igreja Mundial)

Os Novos Tempos Ensinamentos de Meishu Sama 98 pp


O Alicerce do Em 5
Ensinamentos de Meishu Sama
Paraíso volumes
A Outra Face da
Ensinamentos de Meishu Sama 204 pp
Doença
volume 1-
Biografia de Meishu Sama (totalmente 394 pp
ilustrada e documentada - dois volumes volume 2-
A Luz do Oriente
no original em japonês, à venda na 286 pp
MOA-Japão em Hakone). Imperdível.
volume 3-
282 pp
Reminescências Impressões de pessoas que O 6 volumes ~
sobre Meishu Sama conheceram 800 pp
O Evangelho do Tradução do livro de Meishu Sama
254 pp
Paraíso (não é vendido ao publico)
Ensinamentos de Meishu Sama
A Chave da Difusão 348 pp
(não é vendido ao publico)
A Nova Civilização Tradução de "A Criação da Civilização"
319 pp
de 3/3 (não é vendido ao publico)
Tradução do livro de Meishu Sama
Terapia Espiritual 188 pp
(não é vendido ao publico)
O Pão Nosso de
Fragmentos de Ensinamentos 468 pp
cada Dia
O segredo da
Ensinamentos de Meishu Sama 110 pp
prosperidade
Johrei Revista (à venda nas bancas) .
Livro de Orações Orações e Salmos .
No Templo Luz do Oriente suas obras são editadas pela
Editora Lux Oriens e são:

Sinopse

ARTE DO JOHREI
Johrei é um manancial inesgotável de Luz,
liberada por Deus ao universo, que pode ser
canalizada através da palma da mão, constituindo
um método de tratamento da Nova Era. Traz,
como resultado, a cura de todas as doenças físicas
e espirituais, criando assim um mundo de paz e
prosperidade. Na verdade, vai ser, no novo
milênio, uma poderosa fonte de energia
renovadora da vida da humanidade.

Eis por que esta obra contém na sua essência os


Ensinamentos básicos de Meishu-Sama sobre o
Johrei, não apenas como mais um texto para
leitura, mas especialmente como um recurso
colocado à disposição de todos, visando ajudá-los
durante os períodos de sofrimento.

Dessa forma, cada um poderá realizar a sua


própria experiência. Procurando canalizar a Luz
de Deus através das mãos, todos terão
oportunidade de experimentar os efeitos
extraordinários e positivos de tão poderosa
energia.

Por outro lado, cada leitor, ao constatar o poder


do Johrei, terá oportunidade de transmitir aos
amigos e familiares os resultados das próprias
pesquisas, bem como suas conclusões pessoais.

A Mão que elimina o sofrimento do Mundo!

Em 22 de junho de 1952, o editor-chefe de um


importante periódico francês realizou uma
entrevista a respeito da missão a que Meishu-
Sama se dedicava na Terra.
Nessa ocasião, o jornalista quis fotografar
também a mão de Meishu-Sama para, mais tarde,
publicá-la sob o título: A Mão que elimina o
sofrimento do Mundo.

Tendo recebido imediatamente a aquiescência do


Mestre, a foto foi feita. Na verdade, com essa
permissão, Meishu-Sama estava manifestando o
desejo de que mais um canal de Luz fosse
oferecido a quem busca o caminho da verdade.
Foi com a intenção de tornar pública essa vontade
especial de Meishu-Sama que a foto foi colocada
neste livro, ilustrando a capa.
Sinopse

MISTÉRIO DA GRANDE
NATUREZA

Atualmente uma das preocupações de


suma relevância diz respeito aos
métodos alimentares empregados pelo
homem para que tenha condições de
permanecer firme e atuante no meio
onde se encontra.

A saúde é, pois, o ponto focal da


sobrevivência do planeta e está
diretamente relacionada aos nutrientes
indispensáveis à manutenção da vida de
qualquer ser vivo.

Da alimentação correta e saudável


advém, portanto, a força vital, bem como
a tranqüilidade e o equilíbrio necessário
para que todos possam manter-se
fortalecidos e bem dispostos.

Assim, uma vez nutrida adequadamente,


cada pessoa vai adquirir enorme
capacidade para o trabalho e, ao mesmo
tempo, condições de enfrentar com
determinação qualquer empecilho com
que se depare no caminho da existência
terrena.

Daí, então, ser primordial a atitude do


consumidor, que deve permanecer
sempre atento à qualidade dos produtos
oferecidos pelo mercado. Por outro lado,
precisa estar constantemente procurando
saber como é realizado o cultivo da
terra, qual o nível espiritual do
agricultor, que tipo de pensamento emite
ao lançar a semente ao solo e como se
concretiza a sua relação pessoal no trato
com as plantas.

Esta obra tem, por isso, o objetivo de


oferecer aos leitores algumas linhas
mestras que possam orientá-lo tanto no
que diz respeito ao cultivo da terra,
quanto na escolha de uma alimentação
de valor nutritivo incontestável. Então,
imbuído de um espírito de profundo
amor e respeito à humanidade, o tradutor
se deteve nas partes dos Ensinamentos
de Meishu-Sama que revelam o
extraordinário poder reprodutivo do
solo, para muitos ainda adormecido no
âmago da Grande Natureza como um
mistério insondável.
Sinopse

EVANGELHO DO CÉU - VOLUME


I - INICIAÇÃO

Esta obra trata, na essência do seu


conteúdo da Iniciação, entendida como a
primeira etapa no caminho da elevação
espiritual. Neste nível, quem deseja uma
união intensa com Deus precisa estar
disposto a uma mudança de vida de
acordo com os objetivos do processo
iniciático. Para tanto, são necessárias
algumas condições básicas, sem as quais
jamais pode ser construído um alicerce
sólido para servir de sustentáculo às
demais etapas do aprimoramento
espiritual.

Tendo, então, em vista tais objetivos,


torna-se condição indispensável ao
iniciando ter makoto, estar imbuído de
senso de justiça, ser calmo, paciente e
tranqüilo. Dessa forma, pouco a pouco,
irá abandonar egos e apegos e, ao
mesmo tempo, criar um Eu superior.

Para que o leitor possa, entretanto,


vivenciar esta fase inicial do
aprimoramento, precisa compreender
claramente o processo de purificação
como uma forma de limpeza tanto do
corpo físico quanto espiritual, que vai
capacitá-lo a atingir níveis mais
elevados de consciência.

A partir de então, poderá também


compreender corretamente o significado
da vida e da morte, bem como a
verdadeira composição do mundo
espiritual.

Uma vez vencida a etapa da iniciação,


automaticamente, inicia-se o próximo
degrau, qual seja, o do caminho da
Sabedoria cujos Ensinamentos, no
conjunto desta obra, constituem o
segundo volume.
Sinopse

EVANGELHO DO CÉU - VOLUME


II – SABEDORIA

Este volume - Sabedoria - constitui a


seqüência do que foi proposto na
primeira parte - Iniciação.

Após um processo de limpeza, realizado


através de ações purificadoras pelas quais
são eliminadas as toxinas do organismo e
as máculas do espírito, o ser humano
começa a enxergar e entender com mais
clareza que há leis imutáveis regendo o
Universo. Exatamente nesse momento,
começa a trilhar uma senda iluminada,
quer dizer, está entrando no caminho da
sabedoria. A partir daí, passa a querer
descobrir o porque da existência de
princípios os quais, uma vez violados,
causam tantos sofrimentos, desequilíbrios
e conflitos. É o instante em que, movido
pelo desejo de desvendar o segredo do
Universo, o homem se aproxima de sua
origem - Deus. Eis a razão pela qual esta
obra aprofundou conhecimentos relativos
às Leis Divinas, bem como a maneira de
colocar em prática as verdades que elas
contêm.

Desconhecer, então, os princípios divinos


imutáveis significa total ignorância e
constitui a causa maior que gera
infortúnios e hostilidades. A essa
conclusão evidente e lógica, Meishu-
Sama já havia chegado quando, durante
longos anos, observou o comportamento
humano.

Fica, portanto, muito evidente que, para


alcançar a verdadeira felicidade, qualquer
um de nós precisa adquirir sabedoria e,
para conseguí-la, o caminho mais curto
consiste em seguir a orientação do
Grande Mestre.
Sinopse

EVANGELHO DO CÉU -
VOLUME III - REINO DIVINO

Com o terceiro volume do


Evangelho do Céu, completa-se o
conjunto dos Ensinamentos de
Meishu-Sama que constituem a
base para a formação e
aprimoramento daqueles que
buscam viver de acordo com a
vontade de Deus.
Deve, portanto, ser lido até o final,
assim como os dois primeiros
exemplares. Ao completar a leitura
dos três volumes, o leitor já terá
adquirido uma noção do todo e
esclarecimentos de algumas
partes. A partir daí, poderá ser
feita uma nova leitura, começando
pela Iniciação (Volume I),
acompanhada de uma meditação
profunda sobre cada item. Ao
mesmo tempo, tentar pôr em
prática o que aprendeu. Dessa
forma, aos poucos cada leitor vai
perceber a existência de um plano
estabelecido por Deus visando
criar o Reino do Céu na Terra.
Entenderá também que a direção
para a qual o mundo se encaminha
não passa de um indício seguro da
concretização da vontade Divina.
Embora a realidade ainda não seja
tão clara, já existem sinais muito
evidentes de que uma nova
civilização está sendo formada.
Tais constatações trazem muita
esperança ao coração humano.
Como o leitor pode constatar, o
progresso da humanidade está
sendo conduzido por um
pensamento mais global, mais
daijo, já bastante evidenciado na
rapidez com que a comunicação se
processa e também no
desenvolvimento vertiginoso dos
meios de transporte, agora
acessíveis a praticamente todas as
pessoas.
Daí pode-se deduzir a importância
de ser resolvido com urgência o
problema das doenças e a razão
pela qual Meishu-Sama se
preocupou tanto em promover
uma revolução na medicina.
Estava, de fato, querendo, ensinar
a todos que o Reino do Céu na
Terra só se concretizaria com base
numa civilização isenta de
sofrimentos, pobreza e conflitos.
Sinopse

COLETÂNEA DE SALMOS -
VOLUME I - DEUS

A coletânea de salmos compostos por


Meishu-Sama foi publicada neste
trabalho a partir do original japonês,
com a correspondente transcrição em
romaji (letra romana) e também
tradução para o português. Foi
organizada com o objetivo de
apresentar, do ponto de vista
teológico, a idéia de Meishu-Sama a
respeito de Deus e da humanidade,
bem como da relação entre o divino e
o humano.

Indo um pouco mais além, o trabalho


destaca ainda uma parte de caráter
científico relacionada à doença, à arte
e à Grande Natureza. Dentro dessa
linha de raciocínio, o obra foi dividida
em três volumes: I - Deus, II -
Homem e III - Deus e o Homem. Por
sua vez, o primeiro volume, está
constituído de três partes: Deus, Plano
de Deus e, por último, Kannon e
Meishu-Sama.

Julgamos ser essa a forma ideal para


ajudar as pessoas a entenderem com
mais profundidade os Ensinamentos
Divinos. Daí a importância não
apenas da leitura e meditação sobre o
conteúdo de cada salmo, mas
principalmente do exercício prático na
vida diária daquilo que Meishu-Sama
nos transmitiu por meio de poemas
compostos com o coração repleto de
amor à humanidade.

Aconselhamos também cantar e rezar


o original em japonês. Dessa maneira,
os mamehito pouco a pouco
conseguirão harmonizar-se com o
kototama de Meishu-Sama e, como
resultado, usufruir as inúmeras graças
e bênçãos do Céu, além de concorrer
para a mudança espiritual do ambiente
onde o salmo está sendo entoado.

Desejamos que esta coletânea de


salmos traga a todos os leitores muita
Luz e esclarecimento para poderem
atingir um nível maior de elevação
espiritual e assim terem condições de
viver em comunhão com Deus.
Sinopse

ORAÇÕES - VOLUME I

Este livro contém orações e


salmos compostos por
Meishu-Sama.

São preces muito


significativas que podem ser
dirigidas ao Céu diariamente
ou em ocasiões especiais.

Por serem poemas compostos


em estilo waka, tanto os
salmos quanto as orações
contêm alto poder realizador
que atua na obtenção de
resultados satisfatórios. Por
outro lado, a intensa vibração
espiritual expressa pela
sonoridade presente nas
palavras que os compõem
permite uma união mais
perfeita com Deus e Meishu-
Sama no momento em que
estão sendo rezados.

Publicações da Sociedade do Johrei


Ichiro Nakamura Ed. Bibliografia

Osaka - Daijo Kyokai


Kyoto - Seiko Kyokai
Kobe - Kiko Kyokai

Guia para Osaka 1954 178 pp +m xiii


Dendo no tebiki o Kyoto (5ª ed.
ministério revisada) 1959 316 pp + xxvii

Johrei Kobe 1955 83 pp + x


Johrei (traduzido
C.M.U.- Kyoto (2ª ed.
1957 85 pp + ix
M.Fujii) revisada)
Goyo ni Tsuite Serviços Kobe 1955
sagrados Kyoto (4ª ed.
1959 108 pp + vi
revisada)
Nyushin Crença Kobe 1956 87 + vi
Kobe 1956 80 pp + iv
Ministério
Johrei fukyo Kyoto (2ª ed.
da cura 1958 118 pp + iv
ampliada)
Tsumi ni tsuite Pecado Kyoto 186 pp + xiii

Comunidade Messiânica Universal

Rua Dona Cesária Fagundes, 55 / 56


Saúde - CEP 04054 - São Paulo – Brasil

Possui uma coleção bem completa de Ensinamentos de Meishu


Sama traduzidos para o português.
Tem também a tradução para o português do livro "Johrei - A Luz
Divina da Salvação", da editora Ichiro Nakamura, pela Sociedade do Johrei
- 1984 (240 pp). Este livro divulga os pensamentos de Meishu Sama sobre
Deus e o Homem, o Mundo e a Natureza, a arte e a ciência de uma forma
totalmente inédita.

Ensinamentos de Meishu Sama, diversos:

-livro compilado da
EMS - revista Glória.
publicações -Informativo .
antigas messiânico.
- ...
Revista editada - É preciso permissão de Deus para
pelo mundo entrar na nossa religião.
messiânico - Entra nesta religião para receber Luz
brasileiro. Desde o e dedicar-se à salvação do próximo
nº 1 em Janeiro de - Missão dos membros.
1965, ainda como - Examinai a vossa Fé, e depois ...
Revista
jornal informativo - O primeiro passo no preparo
Glória, no
até Outubro de espiritual.
Brasil:
1969, no nº 43. - O nascimento desta religião.
Muito rica em - Religião que mostra Deus.
Ensinamentos, - O poder de Deus está mudando o
experiências de Fé curso dos acontecimentos.
e amplo - Princípio da Agricultura Natural.
documentário. Na - Métodos de purificação.
medida do - A Igreja Messiânica Mundial e a
possível, iremos Beneficência Pública.
publicando algum - Espírito de Justiça.
material aqui. - A pandorga emitiu Luz
(reminiscência).
- O homem e as doenças
Alguns
- Sussurro de Satanás
Ensinamentos
. - Por que sofremos.
não
- É difícil definir o Bem e o Mal.
publicados
- As doenças mentais e a epilepsia.

Ensinamento de Meishu Sama:

Kanagara Tamatihae Masse

Através desta frase, fazemos uma oração especial em que prometemos


cumprir a vontade de Deus, obedecendo-lhe as ordens (Kanagara); pedimos
também o fortalecimento e a ampliação da nossa alma (Tamatihae masse).
Esse pequeno trecho é, na verdade, o resumo que traduz a essência da
Amatsu Norito. Assim, em momentos de urgência ou em horas de grande perigo,
pode-se rezar somente essa parte, curta e rápida.
É bom também repeti-la muitas vezes durante o dia, pois assim estaremos
pedindo que a Luz de Deus nos envolva para que a nossa alma se expanda.
Parece incrível, mas poucas pessoas têm idéia de que muitas vezes a alma fica
pequena, não consegue ampliar-se porque está envolta em nuvens espessas.
Somente depois de serem eliminadas é que se torna possível o aumento da nossa
centelha divina, bem como o surgimento de condições para que a aura de cada um
de nós se torne mais compacta.

Ritual dos Cultos:

- Entrada das oferendas


- Oração Amatsu Norito seguida da Zenguem Sanji (orações originais)
- Leitura de Salmo de Meishu Sama
- Johrei Coletivo
- Encerramento

CONCLUSÃO

A religião, a vida e as obras foram relatadas aqui nesse pequeno livro,


onde nosso Mestre nos deixou um legado de ensinamentos e mostrando o
verdadeiro caminho não somente para a salvação material, como principalmente
espiritual.
Hoje tantas são as igrejas, dissidências e núcleos, solos sagrados, enfim
não somente a Igreja Messiânica Mundial tem esse privilégio e direito de ensinar
Meishu Sama, mas sim todos aqueles que se identificam com ele porque como ele
mesmo dizia que ele não era japonês e sim ele era UNIVERSAL, e em estado de
União com Deus Supremo ele é o Deus deixando para nós o grande ato de amor
para salvar a humanidade, o JOHREI.
Por isso não vi mais necessidades de estender sobre sua vida e obras,
porque todos que freqüentam a religião, sabem bem na prática que ele é o Deus da
Era de Luz.

BIBLIOGRAFIA

01. Internet - home pages: meishu sama.com.


02. ms.org.
03. artedojohrei.com.br.
04. temploluzdooriente.com.br.
05. Livros Luz do Oriente vol 1, 2 e 3.

Vous aimerez peut-être aussi