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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA

Professora: Luciana Aliaga


Aluno: Matheus Vieira Silva1 mat.: 11403872 Período: 2017.1

REVOLUÇÃO PASSIVA: Também compreendida como uma reforma moral e


intelectual, visa a transformação da sociedade a partir do imaginário e da consciência
coletiva, usando de espaços privados da razão (jornais, escolas, associações, sindicatos,
clubes esportivos, etc) e também através da guerra de posição no estado democrático de
direito burguês. O critério utilizado na revolução passiva, para que se possa estabelecer
se determinada ação é benéfica ou maléfica, deve ser avaliado pelo crivo do moderno
príncipe, isto é, do partido. Gramsci afirma no parágrafo 1 do caderno 13:

O moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações


intelectuais e morais, uma vez que seu desenvolvimento significa de fato que
todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso,
somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio moderno
Príncipe e serve ou para aumentar seu poder ou para opor-se a ele. O Príncipe
toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-
se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e
de todas as relações de costume.”

A revolução passiva possui, portanto, como um de seus objetivos a laicização


total do estado, rejeitando quaisquer explicações metafísicas (como a do imperativo
categórico como força ética) como fonte da análise social e de seus prognósticos acerca
do que se fazer para se atingir a revolução. Ao estado e aos aparelhos de hegemonia
deve-se incumbir a tarefa de educar o homem do presente para que ao homem do futuro
seja possibilitado a tarefa de transformação da sociedade.
Uma das condições de possibilidade para que ocorra uma revolução passiva é a
acumulação de força que uma determinada classe alcançou em determinada situação
histórica objetiva, afinal, num momento de crise em que a classe dominante perde a

1
vieira.matheus@outlook.com.br
hegemonia e não consegue mais exercer sua dominação através do consenso, mas tão
somente de força, é a hora que se mostra oportuna à sublevação de uma classe que até
então se manifestava subalterna, porém, exercendo o conflito no âmbito das trincheiras,
conseguiu atingir um certo grau de forças que agora se mostra como aquilo que
possibilita sua ascensão. A revolução passiva é aquela que é feita pelo alto, pelo
controle dos dirigentes e na sua condução nos interesses de classe. Gramsci afirma:

O elemento decisivo de cada situação é a força permanentemente organizada e há


muito tempo preparada, que se pode fazer avançar quando se julga que uma
situação é favorável e só é favorável na medida em que esta força exista e seja
dotada de ardor combativo. Por isso, a tarefa essencial consiste em dedicar-se de
modo sistemático e paciente a formar esta força, desenvolvê-la, torna-la cada vez
mais homogênea, compacta e consciente de si. Isso pode ser comprovado na
história militar e no cuidado com que, em qualquer época, os exércitos estiveram
preparados para iniciar uma guerra a qualquer momento. Os grandes Estados
foram grandes Estados precisamente porque sempre estavam preparados para
inserir-se eficazmente nas conjunturas internacionais favoráveis; e essas eram
favoráveis porque havia a possibilidade concreta de inserir-se eficazmente
nelas.”

Dessa forma, como mostra Gramsci, é necessário ao partido subalterno sempre


estar preparado para a guerra e para a tomada do poder, pois, no interior da luta de
classes, é sempre preciso ficar alerta para que se compreenda o momento em que se
pode sair da guerra da guerra de posição para o assalto da guerra de movimento. A
revolução passiva, no entanto, ocorre de modo gradual, trincheira por trincheira,

CRISE: Pode-se afirmar que o conceito de crise vem à tona no momento em que
ocorre uma separação entre a civilização e a política, isto é; no instante em que a
população civil de um determinado território não consegue mais enxergar a classe
política como seu legítimo representante. Isso também ocorre quando os dirigentes das
classes ao qual ele representara, deixa de advogar por sua classe e é cooptada pelas
forças hegemônicas do estado, abandonando, assim, o próprio interesse da classe ao
qual ele anteriormente representava. No parágrafo 23 Gramsci diz:

Observações sobre alguns aspectos da estrutura dos partidos políticos nos


períodos de crise orgânica (devem ser vinculadas às notas sobre as situações e as
relações de força). Em um certo ponto de sua vida histórica, os grupos sociais se
separam de seus partidos tradicionais, isto é, os partidos tradicionais naquela
dada forma organizativa, com aqueles determinados homens que os constituem,
representam e dirigem, não são mais reconhecidos como sua expressão por sua
classe ou fração de classe. Quando se verificam estas crises, a situação imediata
torna-se delicada e perigosa, pois abre-se o campo às soluções de força, à
atividade de potências ocultas representadas pelos homens providenciais ou
carismáticos. Como se formam estas situações de contraste entre representantes e
representados, que, a partir do terreno dos partidos (organização de partido em
sentido estrito, campo eleitoral parlamentar, organização jornalística), reflete-se
em todo o organismo estatal, reforçando a posição relativa do poder da
burocracia (civil e militar), da alta finança, da igreja e, em geral, de todos os
organismos relativamente independentes das flutuações da opinião pública? O
processo é diferente em cada país, embora o conteúdo seja o mesmo. E o
conteúdo é a crise de hegemonia da classe dirigente, que ocorre ou porque a
classe dirigente fracassou em algum grande empreendimento político para o qual
pediu ou impôs pela força o consenso das grandes massas (como a guerra), ou
porque amplas massas (sobretudo de camponeses e de pequenos burgueses
intelectuais) passaram subitamente da passividade política para uma certa
atividade e apresentam reivindicações que, em seu conjunto desorganizado,
constitui uma revolução. Fala-se de “crise de autoridade”: e isso é precisamente a
crise de hegemonia, ou crise do Estado em seu conjunto.”

Alguns aspectos desse parágrafo devem ser destacados. O primeiro é a crise


como crise de hegemonia da classe dominante que quando perde a instabilidade que ela
dispunha tanto no estado, como na população civil (afinal, esta separação já é o espelho
da própria crise), se perde mediante sua falta de força na implementação do consenso.
Quando, por exemplo, o partido social democrata alemão aprova os créditos de guerra
em 1914, ela perde o consenso da população alemã, que na sua maioria eram
pertencentes ao ardor revolucionário do espírito da época, e então ocorre uma diferença
entre o interesse da população civil e as ações da classe dirigente até então hegemônica.
Com isso, se perde o apoio e o consenso, e a base governamental passa agora a residir
muito mais no âmbito da força militar do que no da hegemonia cultural das
consciências.
Também há de se ressaltar o aspecto da impotência das classes subalternas (ou
de seus dirigentes) em se aproveitar desse momento de crise porque não conseguiu
acumular forças o suficiente para a tomada de poder. Portanto, quando a classe
hegemônica entra em crise e as classes subalternas não possuem forças suficientes para,
através do consenso, tomar o poder e o controle das massas acabando com a dualidade
entre a sociedade civil e política, representando definitivamente a vontade popular para
que o povo os enxergue como seus representantes, se instaura uma crise.

GUERRA DE POSIÇÃO: Gramsci compara à guerra de posição a guerra de


trincheiras que ocorreu na segunda guerra mundial. Este modelo estratégico não é de
modo algum escolhido deliberadamente, antes, se é impelido a este tipo de guerra. A
guerra de posição é adotada por uma classe quando a derrota na guerra de manobra é
evidente, quando o campo aberto se mostra favorável apenas ao inimigo. Na ditadura
militar que ocorreu no Brasil na segunda metade do século XX, por exemplo, as
guerrilhas que adotaram a guerra de manobra foram dizimadas pelos militares no campo
de batalha e seus líderes foram todos mortos, portanto, a única estratégia restante foi a
guerra de posição, ou seja, adentrar na disputa pelo controle dos aparelhos privados de
hegemonia. Gramsci assim diz:

“[...] as superestruturas da sociedade civil são como o sistema de trincheiras da


guerra moderna. Assim como nesta última ocorria que um implacável ataque de
artilharia parecia ter destruído todo o sistema defensivo do adversário, mas, na
verdade, só o havia destruído na superfície externa, e, no momento do ataque e
do avanço, os assaltantes defrontavam-se com uma linha defensiva ainda
eficiente, algo similar ocorre na política durante as grandes crises econômicas:
nem as tropas atacantes, por efeito da crise, organizam-se de modo fulminante no
tempo e no espaço, nem muito menos adquirem um espírito agressivo; do outro
lado, os atacados tampouco se desmoralizam, nem abandonam suas defesas,
mesmo entre ruínas, nem perdem a confiança na própria força e no próprio
futuro. É claro que as coisas não permanecem tais como eram; mas também é
certo que falta o elemento da rapidez, do tempo acelerado, da marcha
progressiva, tal como esperariam que ocorresse os estrategistas do cadornismo
político.”

No entanto, essa estratégia possui seus perigos. Na guerra de trincheira, mais


especificamente no confronto entre Alemanha e França, por exemplo, enquanto os
alemães avançavam três trincheiras e, ao mesmo tempo, recuavam cinco, e após
recuarem cinco trincheiras avançavam 8. Ou seja, as derrotas sempre ocorrem e é
preciso compreender que como no xadrez, a guerra de posição é uma guerra de
paciência, onde se tem que ter em mente que as derrotas são naturais e da própria
natureza deste determinado tipo de estratégia. A guerra de posição é, portanto, a guerra
exercida no interior do estado pelo seu controle, como também é a guerra exercida fora
do estado, como ocupação de lugares públicos e também do desenvolvimento de formas
particulares de propaganda para diálogo com a população civil.

GUERRA DE MOVIMENTO: Ou guerra de manobra, é similar a guerra


travada na segunda guerra mundial, travada em capo aberto. A guerra de movimento na
sociedade civil em detrimento do poder político e a revolução aberta, tal como foi a
revolução francesa de 1789, ou como a revolução bolchevique de 1917. É o assalto
armado contra a classe hegemônica; é sua derrubada e morte através da força bélica.
Este tipo de estratégia só pode ser empreendida quando as forças objetivas de uma
determinada sociedade permitem tais ações, como na crise hegemônica do Czar, por
exemplo. Também é necessário ressaltar que nem toda crise de hegemonia é uma
abertura para a guerra de movimento, pois, para que ela venha a ocorre, é necessário
uma acumulação de forças anteriores que a permitam adotar este método sem medo que
a derrota ocorra.

HEGEMONIA: A hegemonia é o controle das consciências exercido pelo grupo


dominante sobre a sociedade civil e sua dominação dos dirigentes das classes
subalternas no âmbito político e jurídico, assim como a legitimação do modo de
produção que faça com que a classe se mantenha no poder. Tal controle é exercido pelo
equilíbrio da força e do consenso, no entanto, quanto mais controle consensual mais
hegemonia há. Gramsci afirma:

“O exercício “normal” da hegemonia, no terreno tornado clássico do regime


parlamentar, caracteriza-se pela combinação da força e do consenso, que se
equilibram de modo variado, sem que a força suplante em muito o consenso,
mas, ao contrário, tentando fazer com que a força apoiada no consenso da
maioria, expresso pelos chamados órgãos de opinião pública – jornais e
associações -, os quais, por isso, em certas situações, são artificialmente
multiplicados. Entre o consenso e a força, situa-se a corrupção-fraude (que é
característica de certas situações de difícil exercício da função hegemônica,
apresentando o emprego da força excessivos perigos), isto é, o enfraquecimento
e a paralisação do antagonista ou dos antagonistas através da absorção de seus
dirigentes, seja veladamente, seja abertamente (em casos de perigo iminente),
com o objetivo de lançar a confusão e a desordem nas fileiras adversárias.

Os meios utilizados para o exercício da hegemonia são os aparelhos privados de


consciência, principalmente aqueles responsáveis pelo desenvolvimento da opinião
pública em geral: os jornais, a mídia e as escolas. É importante salientar que não são
esses meios que determinam a hegemonia da classe, mas ao contrário, é o controle
hegemônico da classe que anteriormente determina o controle dos órgãos de opinião
pública. Quando outra classe começa a disputar o controle hegemônico de tais
aparelhos, pode ocorrer que o consenso da classe hegemônica se enfraqueça. Quando
isso ocorre será necessário à classe dominante a utilização da força – este fenômeno é
chamado crise de hegemonia, ou seja, quando outra classe começa a disputar espaços
ideologicamente e a opinião pública começa a se dividir, o controle que até então se
baseava no consenso da maior parte da população, se divide, e a repressão policialesca
se torna urgente. O estado de sítio ou estado policial é uma evidência da perda de
hegemonia de uma classe.

ESTADO:
O Estado é certamente concebido como organismo próprio de um grupo,
destinado a criar as condições favoráveis a expansão máxima desse grupo, mas
este desenvolvimento e esta expansão são concebidos e apresentados como força
motriz de uma expansão universal, de um desenvolvimento de todas as energias
“nacionais”, isto é, o grupo dominante é coordenado concretamente com os
interesses gerais dos grupos subordinados e a vida estatal é concebida como uma
contínua formação e superação de equilíbrios instáveis (no âmbito da lei) entre
os interesses do grupo fundamental e os interesses dos grupos subordinados,
equilíbrios em que os interesses do grupo dominante prevalecem, mas até um
determinado ponto, ou seja, não até o estreito interesse econômico-corporativo.”

Para Gramsci, o estado é criado a partir da força de determinado grupo dirigente


dominante com o interesse de manter sua hegemonia se expandindo ideologicamente
nos aparelhos privados de dominação. No entanto, mesmo que o estado seja não apenas
suporte, mas também seja a própria classe dominante legitimada na sua exploração
através do direito burguês, ela (a classe hegemônica) precisa subordinar as classes
subalternas (pelo menos seus dirigentes) neste próprio estado, os impelindo à luta de
trincheira no interior do próprio estado. O estado, portanto, não é uma criação de várias
classes opostas, mas sim, uma criação de uma classe dominante que percebe – no
próprio estado – o modo legitimador de sua dominação. Também é função do estado
punir aqueles que negam a sua ordem, através do direito que é sua própria essência
dominadora. O estado, sendo ferramenta do partido, precisa criar o novo homem
desenvolvido no solo revolucionário.

PARTIDO POLÍTICO: A concepção de partido político presente no caderno


13 não é a mesma ideia de partido político que se tem hoje em dia, ou seja, o
pensamento de que o partido político é uma associação de indivíduos em vista de
governabilidade institucional no estado democrático de direito. O partido, em Gramsci,
ganha um significado muito maior. Pode-se dizer que partido político é todo
conglomerado de indivíduos que possuem um determinado objetivo e que agem em pró
desse objetivo, seja essa ação exercida no campo jurídico, institucional, ou não. O
partido político também é chamado de moderno príncipe por Gramsci. Quando
entendido em sua função revolucionária, o partido político precisa preparar líderes
(dirigentes) que compreendam a similaridade entre a arte militar e a política, para que
possam conduzir o partido na revolução, seja ela conduzida de modo passiva ou na
guerra de movimento. Gramsci afirma:

“Pode-se dizer que os partidos tem a tarefa de elaborar dirigentes qualificados:


eles são a função de massa que seleciona, desenvolve, multiplica os dirigentes
necessários para que um grupo social definido (que é uma quantidade fixa, na
medida em que se pode estabelecer quantos são os componentes de cada grupo
social) se articule e se transforme, de um confuso caos, em exército político
organicamente preparado.”

A tarefa do partido não se resumi exclusivamente a formação dos dirigentes


qualificados, mas também possui um papel fundamental na revolução passiva, afinal, é
tarefa do partido ocupar os aparelhos privados de hegemonia. Como afirma Gramsci,
toda moral e ação devem ser concebidas a partir do ponto de vista do partido. O partido
político é, desse modo, também o fornecedor de critérios para determinada ação no
campo político. Podemos definir, assim, o partido como o próprio critério e agente
revolucionário responsável por transformar a sociedade a partir de suas próprias
premissas. Quando Gramsci coloca o partido político como substituto do imperativo
categórico ele deixa esse caráter muito claro, o de obediência total as máximas
partidárias para se alcançar a emancipação a partir de cima.

DIRIGENTE: É aquele capacitado pelo partido cuja tarefa é dirigir a classe ao


qual ele pertence à vitória, isto é: é o incumbido de comandar as estratégias e táticas
revolucionárias na sociedade civil para que a classe ao qual ele representa possa exercer
hegemonicamente o controle da sociedade civil. Ele deve ter conhecimento de estratégia
militar e se possível ter experiência bélica:

“Para comandar, não basta o simples bom senso; este, se existe, é fruto de um
profundo conhecimento e de longo exercício. A capacidade de comando é
especialmente importante na infantaria; se, nas outras armas, formam-se
especialistas em tarefas particulares, na infantaria formam-se especialistas em
comando, isto é, na tarefa de conjunto: portanto, é necessário que todos os
oficiais destinados a graus elevados tenham exercido comando na infantaria (isto
é, antes de serem capazes de organizar as “coisas”, devem ser capazes de
organizar e dirigir os homens). Finalmente, considera a necessidade da formação
de um estado maior amplo, eficaz, popular entre as tropas.”

Assim, Gramsci caracteriza o melhor dirigente como aquele que já possui


experiência com os homens no âmbito militar. Ele precisa ter a capacidade de organizar
as consciências dos homens e influenciá-las a fazer o que for preciso para a vitória do
partido no âmbito da hegemonia.

POTÊNCIA HEGEMÔNICA:

Elementos para calcular a hierarquia de poder entre os Estados: 1) extensão do


território, 2) força econômica, 3) força militar. O modo através do qual se
exprime a condição de grande potência é dado pela possibilidade de imprimir à
atividade estatal uma direção autônoma, que influa e repercuta sobre os outros
Estados: a grande potência é potência hegemônica, líder e guia de um sistema de
alianças e de pactos com maior ou menor extensão. A força militar sintetiza o
valor da extensão territorial (com população adequada, naturalmente) e do
potencial econômico. No elemento territorial, deve-se considerar concretamente
a posição geográfica. Na força econômica, deve-se distinguir entre a capacidade
industrial e agrícola (forças produtivas) e a capacidade financeira. Um elemento
“imponderável” é a posição “ideológica” que um país ocupa no mundo em cada
momento determinado, enquanto considerado representante das forças
progressistas da história (exemplo da França durante a Revolução de 1789 e o
período napoleônico).

Assim como ocorre em um determinado estado existem classes dominantes e


classes dominadas, também há entre os países esta hierarquia. Para um país subalterno
(ou periférico, como no caso do Brasil) também se faz necessário para que ocorra uma
emancipação de uma classe subalterna perante a classe dominada, uma emancipação
nacional, isto é; é necessário para que ocorra uma revolução num país periférico
também uma independência desse país à nação que exerce o poder hegemônico. A
potência hegemônica, portanto, é a potência que contribui para que uma classe se torne
hegemônica ou não de acordo com os seus próprios interesses.

CESARISMO: É quando uma revolução começa a ser levada a cabo por um


líder carismático que seja capaz de agregar as forças populares, ao mesmo tempo que é
capaz de aceitar os limites impostos pela classe dominante. O líder carismático tem, no
entanto, o poder de acabar com o contexto das relações de força que se mostram naquele
determinado momento, inaugurando um novo período, trazendo à tona ações do
interesse da classe ao qual ele representa. O cesarismo também pode ser uma possível
solução para uma crise orgânica de hegemonia. Leiamos algumas reflexões de Gramsci
acerca desse fenômeno:

O cesarismo é progressista quando sua intervenção ajuda a força progressista a


triunfar, ainda que com certos compromissos e acomodações que limitam a
vitória; é regressivo quando sua intervenção ajuda a força regressista a triunfar,
também neste caso em certos compromissos e acomodações, os quais, no
entanto, tem um valor, um alcance e um significado diversos daqueles do caso
anterior. César e Napoleão I são exemplos de cesarismo progressista. Napoleão
III e Bismarck, de cesarismo regressivo. Trata-se de ver se, na dialética
revolução-restauração, é o elemento revolução ou o elemento restauração que
predomina, já que é certo que, no movimento histórico, jamais se volta atrás e
não existem restaurações in toto. De resto, o cesarismo é uma fórmula polêmico-
ideológica e não um cânone de interpretação histórica. Pode ocorrer uma solução
cesarista mesmo sem um César, sem uma grande personalidade “heroica” e
representativa.
Como mostra Gramsci, o cesarismo pode servir tanto aos interesses progressistas
e revolucionários, como também aos interesses da direita. No Brasil, por exemplo, Lula
é um típico exemplo de cesarismo (pelo menos o foi em 2002) progressista, no qual é
construída a imagem de um heroísmo de um homem capaz de transformar a sociedade a
tornando um lugar melhor. Por outro lado, atualmente Bolsonaro se mostra como um
exemplo do cesarismo de direita, conservador, onde sua imagem de homem
incorruptível é vendida como a solução para os problemas nacionais. O cesarismo,
portanto, é a solução de uma crise através de um líder “heroico”, capaz de mobilizar o
partido político no estado, um dirigente da classe. Mas, ele pode ser uma solução tanto à
direita, como também à esquerda. No final das contas, ele é o modo mais simples na
resolução de uma crise, já que o sistema dificilmente se oporia a esse líder, pois, ao se
fazer isso, o estado apenas aprofundaria ainda mais a crise na qual ele se insere.

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