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Questão 1
O mundo da literatura, como o da linguagem, é o mundo do possível. Esta
afirmação não tem nada de novo. Já Aristóteles, respondendo a Platão, dizia
que, enquanto a história narrava o que realmente tinha acontecido, o que podia
acontecer ficava por conta da literatura.
Devagar, leitor. Esse compromisso da literatura com o mundo possível não
implica o abandono do projeto de fazer do presente seu ponto de partida ou de
chegada.
(Marisa Lajolo)
Questão 2
Considerando a maneira própria de cada escritor se expressar e o estilo que
predomina nas manifestações culturais de uma determinada época, é correto
afirmar que
I. o estilo de um autor caracteriza-se, individualmente, como decorrência do
seu objetivo ao escrever um texto e de como trabalha o material linguístico que
escreveu.
II. o emprego das palavras, a construção frasal e a elegância de um estilo
individual são ditados, exclusivamente, pela tradição linguística.
III. um texto literário é resultante do cruzamento do estilo de época com o estilo
individual.
IV. as inovações linguísticas consagradas por escritores, com base na
tendência da fala popular, podem se institucionalizar gerando mudanças na
língua.
Estão corretas
(A) apenas as afirmações I, II e III.
(B) apenas as afirmações I, II e IV.
(C) apenas as afirmações I, III e IV.
(D) apenas as afirmações II, III e IV.
(E) as afirmações I, II, III e IV.
Questão 3
A expressão Pré-Modernismo traz implícita uma significação peculiar, uma vez
que o termo “pré” remete a uma situação de anterioridade, dentro de um
contexto abrangente e múltiplo de sentidos; “modernismo”, em sentido amplo,
refere-se à evolução, ao progresso, e, em sentido estrito, especificamente, a
um gênero literário que apresenta características próprias e inerentes. Dessa
maneira, pode-se dizer que, ao usar a expressão
Questão 4
Este novo período, que incluímos cronologicamente entre 1900 e 1920, é o que
chamamos de eclético, porque tudo que vai entre o Simbolismo e o
Modernismo se caracteriza, acima de tudo, por não poder ser resumido numa
escola dominante e, ao contrário, compreender a coexistência dos simbolistas,
realistas e parnasianos, até mesmo os da geração que, em 1920, iriam
desencadear o Modernismo. Foi o Pré-Modernismo.
(Alceu Amoroso Lima.)
Questão 5
Assinale a opção que apresenta a típica postura literária do Pré-Modernismo.
(A) Necessidade de superar, em termos de um programa definido, as estéticas
românticas e realistas.
(B) Pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro à nossa literatura,
que os escritores julgavam por demais europeizada.
(C) Preocupação com o estudo e com a observação da realidade brasileira.
(D) Necessidade de fazer crítica social, já que o Realismo havia sido ineficaz
nessa matéria.
(E) Aproveitamento estético do que havia de melhor na herança literária
brasileira, desde suas primeiras manifestações.
Questão 6
Assinale a opção correta a respeito da produção literária brasileira considerada
pré-modernista.
(A) Trata-se de um período de transição, em que os escritores, apesar de ainda
guardarem traços das estéticas realista, naturalista ou parnasiana,
expressaram um viés crítico que será explorado pelos modernistas.
(B) O nacionalismo pré-modernista identificava-se com o da primeira geração
romântica, em que autores como Gonçalves Dias e José de Alencar
idealizavam as origens e a constituição do povo brasileiro.
(C) As obras apresentaram uma clara sobreposição aos ideais literários do
Parnasianismo, pois os escritores, do início do século XX, pretenderam retratar
o Brasil de modo otimista e idealizante.
(D) Os textos apresentam um caráter polêmico e uma linguagem descuidada,
com pouca consciência estética, já que seus escritores não tiveram uma
formação literária adequada.
(A) animalização.
(B) ridicularização.
(C) marginalização.
(D) socialização.
(E) idealização.
Questão 10
Lima Barreto foi uma das figuras mais contraditórias e controvertidas da
literatura brasileira do início do século XX. Sobre sua obra, assinale V para
verdadeiro e F para falso.
Questão 11
A partir da comparação entre Monteiro Lobato e Euclides da Cunha, assinale o
que for incorreto.
(A) A descrição de dois tipos regionais brasileiros, o caipira e o sertanejo, revela a
preocupação dos autores em denunciar nossa distância em relação à imagem pós-
republicana e parnasiana de um país civilizado, próximo à Europa, no ritmo da
modernidade.
(B) Apesar das diferenças estilísticas e de tipos específicos de enfoque, Monteiro
Lobato e Euclides da Cunha mostram, respectivamente no "Jeca Tatu" e no
"sertanejo", paisagens regionais.
(C) A denúncia da existência desses tipos nacionais marginalizados, esquecidos pela
literatura oficial cosmopolita, aproxima Monteiro Lobato e Euclides da Cunha de nosso
Modernismo, fazendo com que o anunciem, razão pela qual são designados pré-
modernistas.
(D) Monteiro Lobato e Euclides da Cunha tinham por objetivo fazer a denúncia de
problemas estruturais da sociedade brasileira de uma maneira bastante mecanicista
ou determinista.
(E) Ao focalizar diferentes regiões, as duas obras promovem um descentramento que
nunca havia sido realizado na literatura brasileira.
Questão 12 (FGV)
Monteiro Lobato antecipou algumas ideias defendidas pelos modernistas, mas
também adotou posição contrária à arte moderna. Em sua obra, exemplificam
essas atitudes antagônicas, respectivamente, a
Questão13
Os sertões
Os menores vinham às costas dos soldados agarrados às grenhas
despenteadas há três meses daqueles valentes que havia meia hora ainda
jogavam a vida nas trincheiras e ali estavam, agora, resolvendo
desastradamente, canhestras amas-secas, o problema difícil de carregar uma
criança. Uma megera assustadora, bruxa rebarbativa e magra — a velha mais
hedionda talvez destes sertões — a única que alevantava a cabeça espalhando
sobre os espectadores, como faúlhas, olhares ameaçadores; e nervosa e
agitante, ágil apesar da idade, tendo sobre as espáduas de todo despidas,
emaranhados, os cabelos brancos e cheios de terra, — rompia, em andar
sacudido, pelos grupos miserandos, atraindo a atenção geral. Tinha nos braços
finos uma menina, neta, bisneta, tataraneta talvez. E essa criança horrorizava.
A sua face esquerda fora arrancada, havia tempos, por um estilhaço de
granada; de sorte que os ossos dos maxilares se destacavam alvíssimos, entre
os bordos vermelhos da ferida já cicatrizada... A face direita sorria. E era
apavorante aquele riso incompleto e dolorosíssimo aformoseando uma face e
extinguindo-se repentinamente na outra, no vácuo de um gilvaz. Aquela velha
carregava a criação mais monstruosa da campanha. Lá se foi com o seu andar
agitante, de atáxica, seguindo a extensa fila de infelizes..
(Euclides da Cunha.)
GABARITO
1. C C C C
2. (C)
3. (D)
4. (B)
5. (C)
6. (A)
7. (D)
8. (E)
9. (C)
10. ECCCE
11. (D)
12. (A)
13. CCCEEE
14. (E)