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Introdução
- As nascentes representam as surgências de água subterrânea e podem assim ser naturalmente captadas.
- Os poços tubulares são perfurações artificiais através nos quais se podem captar água subterrânea.
- Em função das condições locais, tipo e profundidade dos aquíferos, vazões pretendidas e disponibilidade
de equipamentos de perfuração no mercado, água subterrânea pode ser captada através de vários tipos de
poços, os quais podem ser classificados, de acordo com o método de perfuração em: escavados
manualmente (poços rasos); poços tubulares e galerias drenantes.
Poço tubulares
- São denominados tubulares todos os poços perfurados para a captação de água subterrânea que recebem ,
posteriormente à perfuração, um revestimento constituído por tubos (metálico ou plástico), que terão várias
finalidades durante a vida útil do poço;
- Pode ser total ou parcialmente revestido, dependendo da geologia local;
- São poços de diâmetro reduzido (6 a 27 polegadas por exemplo), profundos e perfurado com máquinas
especiais;
- Devem atender normas técnicas (NBR n° 12212/1992 – para projeto de construção de poço e NBR n°
12244/1992 – para construção de poço);
- Água entra no poço por aberturas denominadas filtros e/ou pelas fraturas das rochas. Estes podem ser
pontos não revestidos);
- Em SP existem poços tubulares com profundidades maiores do que 1.600 m (utilizados para abastecimento
público).
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A figura abaixo mostra poço tubular perfurado numa camada geológica de rocha sedimentar e poço
tubular perfurado passando por diferentes camadas geológicas (rocha sedimentar, rocha alterada e rocha
cristalina).
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Métodos de perfuração de poços tubulares
O método mais fácil e eficiente de captação de água subterrânea é através de poços tubulares.
Diversos são os métodos de perfuração para a construção de poços tubulares, porém os mais utilizados são:
percussão, rotativo e rotopneumático. Sendo, os dois primeiros mais utilizados.
Método à percussão
Baseia-se no movimento contínuo de subida e descida de uma ferramenta pesada, atingindo a rocha,
desagregando e fragmentando-a. Usa-se um instrumento denominado perfuratriz de perfuração à percussão.
O princípio do método consiste em se erguer e deixar cair em queda livre, alternadamente, um
pesado conjunto de ferramentas (porta-cabo, percussores, haste e trépano), que está suspenso por um cabo
(Figura A abaixo). O cabo é acionado por meio de um balancim de curso regulável. Ao cair em queda livre,
o trépano rompe o material rochoso, triturando-o, ao mesmo tempo em que gira sobre o seu próprio eixo,
proporcionando um furo circular. O material solto, conhecido como fragmentos da perfuração é retirado do
furo por meio de uma ferramenta denominada caçamba, necessitando para isto colocar água no furo
enquanto o poço não estiver ainda produzindo água.
A coluna de perfuração do método à percussão e os principais componentes serão descritos a seguir:
Trépano: Ferramenta que rompe a rocha (peso varia de 100-1200 kg);
Haste: serve para acrescentar peso à coluna de perfuração e guia, ajudando a manter a verticalidade do
poço (3-5m de comprimento; 400-1000 kg);
Percussor: serve para imprimir um segundo choque do trepano na formação (aumenta a capacidade de
perfuração) e também, imprime maior choque para cima na coluna, quando esta estiver presa à rocha;
Porta cabo: prende o cabo de aço ao restante da coluna de perfuração;
Cabo de aço: conecta a coluna de perfuração ao sistema precursor, possibilitando movimento de vai-e-
vem do trépano;
Balancim: componente da percussora que executa os movimentos de vai-e-vem do cabo de aço e de toda
a coluna de perfuração;
Caçamba de limpeza ou bomba de areia: ferramenta utilizada para limpeza do poço durante a perfuração,
retirando o material desagregado ou quebrado pelo trépano.
As figuras abaixo apresentam uma máquina perfuratriz percussora (A) e os acessórios (B),
respectivamente. Os acessórios consistem de porta-cabo, percussores, hastes, trépano e cabos, além de
ferramentas utilitárias diversas.
Trépano
Figura A Figura B
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Método rotativo (perfuratriz rotativa)
Baseia-se na trituração e/ou desagregação da rocha pelo movimento giratório de uma broca (Figura
abaixo). A perfuração rotativa é o método de fazer um furo em formações sedimentares, principalmente, por
meio de uma composição de perfuração rotativa que incorpora mecanismos de alimentação de fluido,
controles de peso sobre broca, dentre outros, cortando, triturando e desgastando as rochas. O fluído de
perfuração é injetado por dentro da haste e coluna de perfuração saindo pelos orifícios da broca e retornando
à superfície conduzindo os fragmentos da rocha triturada, através do espaço entre a coluna e a parede do
poço (espaço anular).
Perfuratriz rotativa (Foto: Paulino, 2011- Mina do Andrade - Bela Vista de Minas/MG
Coleta de amostras pode ser feita tanto no método à percussão quanto no rotativo. No primeiro, a
coleta é feita a partir do material coletado na caçamba de limpeza, e normalmente gera boas amostras. O
segundo, não há a paralisação do avanço da broca para coleta do material, sendo a amostragem feita antes de
o fluido passar pela peneira, e quando esta peneira não existe, a amostra é coletada na calha de lama (a
amostragem deve ser feita em intervalos regulares).
Broca (a); sub-broca (b) e Mesa rotativa (a); Kelly (b) e swivel (c)
haste (c) (Fonte Feitosa et al, 2008) (Fonte Feitosa et al, 2008)
Principais componentes da coluna de perfuração da perfuratriz (método rotativo)
Método rotopneumático
Poços mistos (aqüífero fissurado e poroso no mesmo poço) – construção do poço parcialmente
revestido:
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- Na parte superior perfurada são rochas sedimentares e na parte inferior, rochas cristalinas;
- O poço é construído da seguinte forma: no domínio das rochas permeáveis e porosas (parte superior)
colocam-se revestimentos e filtros e, na parte inferior, no domínio das rochas cristalinas onde o aqüífero é
fissural, sem revestimento.
A partir das informações obtidas nesses poços, prepara-se o projeto definitivo do poço tubular
produtor.
Conforme ABNT, para poços tubulares existem nove normas técnicas relacionadas ao tema poços
tubulares, conforme tabela abaixo:
Vários fatores determinam a profundidade de um poço, contudo o poço apresenta melhor rendimento
hidráulico quando toda a formação aqüífera é atravessada. Por outro lado, a profundidade pode ser limitada
por questões econômicas, pela vazão requerida (equipamento de bombeamento), etc.
Diâmetro de perfuração
Completação de poços:
Diz respeito ao ato de completar o poço, ou seja, colocar a tubulação do poço (revestimento e filtro),
o cascalho ou areia (pré-filtro) e o cimento (cimentação).
Revestimento
É a tubulação definitiva, que vai constituir as paredes do poço propriamente dito. É a que se coloca
para revestir definitivamente o poço e desempenha duas funções principais: sustentar as paredes do poço,
impedindo que a sequência litológica atravessada desmorone e constituir a condução hidráulica que põem os
aqüíferos em comunicação com a superfície. Como já foi dito, em rochas cristalinas, onde a água é extraída
a partir de fraturas na rocha, essa tubulação de revestimento pode ser dispensada, usando-se apenas o
revestimento de proteção superficial. O revestimento também é empregado para impedir a drenagem para o
interior do poço de água superficial ou de água poluída de aqüíferos impróprios, que iriam contaminar o
poço.
A porção do revestimento onde se instala a bomba chama-se câmara de bombeamento. O trecho do
revestimento onde localiza a zona de admissão de água para o poço, ou zona de entrada de água do aquífero
para o poço é ocupado por tubos ranhurados, denominados filtros.
Os tipos de tubos mais utilizados são os metálicos e os de PVC aditivado (geomecânico). A escolha
do material vai depender da resistência mecânica e química, de modo a adaptar às condições a que será
submetido. Assim, vai depender da qualidade da água, da profundidade do poço, do diâmetro de perfuração,
do método de perfuração e do custo. Os tubos metálicos mais utilizados são feitos em aço (mais utilizado no
passado). Atualmente, os tubos em PVC têm sido cada vez mais utilizados, principalmente, em poços com
menos de 300m de profundidade, que captam muitas águas corrosivas.
Filtro
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O comprimento e o diâmetro do filtro afetam a vazão específica do poço. A facilidade com que
permite a passagem da água para o interior do poço vem determinada pelo número e tamanho das aberturas
(ranhuras). A vida útil do filtro depende do tipo de material utilizado na sua construção, pois sua duração e
funcionamento são afetados pelas características fisico-químicas da água do aqüífero.
O filtro do tipo geomecânico (c) é o mais utilizado para poços até 20 metros. Tipo a e b não são mais
utilizados. Filtros de ranhura contínua são os que apresentam maior rendimento, contudo são mais caros.
Pré-filtro
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A permeabilidade do cascalho é tanto maior quanto mais homogêneo for o tamanho do grão. Sobre
este aspecto, pode ser mais bem utilizado um cascalho fino homogêneo do que um cascalho grosso
heterogêneo (partículas heterogêneas reduzem a porosidade e, consequentemente, a permeabilidade do
material).
Um material adequado para constituir o pré-filtro de um poço, deve ser limpo e isento de
contaminação, de grãos arredondados e relativamente uniformes, características essas que concorrem para
uma maior porosidade e permeabilidade. A espessura mínima do pré-filtro deve ser de 3 polegadas para
assegurar uma boa camada de pré-filtro e, a máxima de 8 polegadas a fim de evitar mal desenvolvimento.
Cimentação
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Figura: Desenvolvimento de poço tubular: aumento gradual de partículas de maior tamanho em direção ao
poço.
Superbombeamento: bombeamento do poço com vazão pelo menos duas vezes maior do que a sua
provável vazão de operação (não indicado para poços em formações não consolidadas e sem pré-
filtro);
Reversão de fluxo: superbombeamento com paralisações. Poderá fazer injeção de água na formação com
o objetivo de criar um fluxo do poço para o aquífero, passando pelo pré-filtro e ajudando a remover
partículas finas;
Air-lift: superbombeamento feito por um compressor. Este trabalha em pulsos, funcionando também
como fluxo e refluxo;
Pistoneamento; método bastante eficiente, realizado com máquinas percussoras. Consiste em pistonear
um êmbolo de borracha que é instalado dentro do revestimento do poço (semelhante a uma seringa
de injeção). O movimento constante de sobe-e-desce faz com que as partículas mais finas se
desloquem em direção ao poço. A intervalos regulares de tempo, retira-se o êmbolo e limpa o poço
com um compressor (air lift).
Instalação de um poço
Unidade de bombeamento
Bibliografia consultada:
Noções básicas sobre poços tubulares - Cartilha informativa. Elaboração: Waldir Duarte Costa Filho;
Manoel Júlio da Trindade Gomes Galvão; Josias Barbosa de Lima; Onofre Leal. 1998, 22p. CPRM / Serviço
Geológico do Brasil.
Poços tubulares e outras captações de águas subterrâneas: orientação aos usuários / Egmont Capucci et. al.
Rio de Janeiro: SEMADS 2001. 70p.
Projeto e construção de poços. J. Geilson A. Demetrio; João Manoel Filho; Normando T. de L. Lins. In:
Hidrogeologia-conceitos e aplicações, Feitosa et al., 3ª edição, 2008.
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