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A HISTÓRIA

DO
MERGULHO
DOS PRIMÓRDIOS AO MERGULHO
AUTÔNOMO RECREATIVO
Há evidências, diretas e indiretas, de que
o homem mergulha desde a mais remota
antiguidade.
Inicialmente deve ter mergulhado para
obter alimento, mais tarde para coleta de
pérolas, madrepérola, esponjas, coral...
No Norte do Chile, onde o deserto de Ata-
cama encontra o mar, floreceu uma cultu-
ra, a dos Chinchorros que, há 10.000
anos, já mumificava seus mortos.
Devido ao deserto, não cultivavam grãos
e sua dieta era baseada em carne de
leões marinhos, peixes e moluscos.
Um quarto das múmias de homens adul-
tos apresenta uma deformação, hoje cha-
mada de exostose auricular, causada por
exposição continuada à água fria.
Junto às múmias foram encontrados arpões, raspadeiras e outros ins-
trumentos que reforçam a tese da prática regular do mergulho.
O vaso da ilustração, encontrado no Sul do Peru, representaria um mer-
gulhador com suas presas, equipado com uma máscara de mergulho.
No Brasil, os primeiros cronistas relatam a habilidade dos índios nadan-
do e mergulhando.
Nos sambaquis – amontoados pré-históricos de conchas de moluscos,
prováveis monumentos funerários – foram encontrados crânios com a
exostose auricular, prova incontestável de longas e repetidas exposi-
ções à água fria.
Madrepérola, a parte nacarada de conchas coletadas vivas, foi encon-
trada decorando colunas de templos da VI dinastia Tebana (cerca de
3200 anos aC).
As conchas da foto foram encontradas num túmulo egípcio.
A púrpura, que na Roma impe-
rial tingia a toga dos podero-
sos, era extraída, por um pro-
cesso hoje esquecido, de um
molusco, o humilde corongon-
dó.
O coral vermelho, considerado
uma substância mística, era
desde tempos remotos coleta-
do e trabalhado no Sul da Itá-
lia e exportado para os locais
mais remotos.
O filósofo grego Aristóte-
les menciona mergulha-
dores coletando esponjas.
Menciona também uma
espécie de sino de mer-
gulho, que chama de Co-
limpha, que teria permiti-
do permanecer algum
tempo debaixo da água.
Nos tratados de História
Natural descreve com
muita precisão peixes e
outros seres marinhos e
seus hábitos, quase co-
mo se alguém os tivesse
observado pessoalmente
em seu hábitat.
Hipócrates, considerado o
pai da medicina, também
cita esponjas sendo usa-
das para estancar hemor-
250 AC ragias.
Alexandre "O Grande" teria
enviado mergulhadores pa-
ra destruir obstruções no
porto de Tiro, cidade que
havia conquistado depois de
longo sítio.
Teria descido pessoalmen-
te para vistoriar as obras,
provavelmente em algum
tipo de sino. Afinal, seu tu-
tor foi Aristóteles.
Neste tempo, no Leste do
Mediterrâneo, se estabele-
ceu uma indústria voltada
para a recuperação de va-
lores perdidos em restos de
naufrágios.
O pagamento dos mergu-
lhadores era estipulado por
lei sobre o valor da carga
salva e aumentava com a
profundidade.
No Japão e na Coréia, até recentemente, viviam mulheres que, numa
tradição milenar, se dedicavam à coleta de frutos do mar mergulhando
equipadas com óculos semelhantes aos que hoje se usam para nadar.
Chamadas AMAS no Japão,
eram apoiadas da superfície
por um ou dois homens.
A foto é relativamente
recente e a Ama está com
uma máscara que permite
equalizar.

Tradicionalmente os
homens coletavam ostras
perlíferas e pescavam de
mergulho usando os “goggles”
e um arpão manual.
Do que podiam ser capazes em
apnéia estes mergulhadores primi-
tivos foi demonstrado por um cole-
tor de esponjas.
O encouraçado Regina Margherita
capitânea da frota italiana, perdeu
uma âncora e parte de sua amarra
em 76m de fundo, na ilha de Kar-
pathos, no Mar Egeu.
Georghios Haggi Statti, 35 anos,
franzino,com enfisema, apnéia em
seco de 40", lingou o conjunto de-
pois de diversos mergulhos entre
50 e 80 metros.

Descia arrastado por uma pedra


de 14,5kg presa a um cabo, pelo
qual voltava. Apnéia: 3’30”.
Em seu relatório, o médico de bor-
do concluiu que ele devia absor-
ver oxigênio pela pele !!!
Este baixo-relevo assírio
sugeriu um mergulhador
de combate re-respirando
em um saco com ar.
Outros pensam que repre-
sente um nadador de com-
bate apoiado num odre
que o ajuda a flutuar e que
ele deve manter cheio.
O historiador grego Heró-
doto conta a saga dos
mergulhadores Cílias e de
sua filha Ciana, aliciados,
no sec.V AC, pelo rei per-
as Xerxes para recuperar
tesouros perdidos em nau-
frágios.
Quando, posteriormente, Xerxes com sua esquadra ameaçou a Grécia,
durante uma tempestade, Cílias e Ciana teriam se jogado ao mar e cor-
tado as amarras dos navios, fazendo-os dar à costa. Em seguida teriam
fugido, nadando várias milhas até o cabo Artemísio.
A primeira descrição
conhecida de um tu-
bo para respirar é
dada por Plínio, o
Velho, em 77 DC.
Em 375 DC, Vegécio
em De Re Militare ci-
ta os Urinatores,
mergulhadores mili-
tares romanos.
Numa nova edição,
xilogravuras ilustram
aquele livro. Mais
uma vez a pressão
da água não é levada
em conta.
É provável, porém, que na Idade Média tenham sido utilizados
engenhos de mergulho. Em 1240, Roger Bacon faz referência a:
instrumentos com os quais um homem pode caminhar, sem perigo, no
fundo do mar e no leito dos rios e efetuar salvados.
Com o fim da
era clássica e
o advento da
Idade Média
o homem pas-
sa a negar o
próprio corpo
e se afasta da
água.
Mas, a partir
do século XV,
tem inicio o
Renascimento
Surge um gênio como Leonardo da Vinci
que pesquisa em todos os campos do co-
nhecimento de seu tempo. Arquiteto, pin-
tor, escultor, scientista, inventor.
Especula sobre a respiração subaquática,
desenha mãos-de-pato. Projeta submari
nos.
A falta de tecnologia adequada torna estes
projetos exercícios de futurologia, mas o
homem ocidental desperta.
Guglielmo di Lorena rein-
venta o sino de mergulho,
conforme é descrito em
Arquitectura Militari de
Francesco di Marchi.
Este equipamento recebe
seu nome por ter a forma
de um sino. O ar fica reti-
do nele, na mesma pres-
são da água à sua volta.
A capacidade de manobra
é reduzida e condicionada
pela do barco de apoio,
mas é um avanço que
permite recuperar, perto
da Florida, parte dos bens
naufragados com a frota
do ouro de 1622.
Finalmente os mergulhadores podem prolongar sua estadia no fundo
por horas. Posicionados perto do local de trabalho, podem sair do sino
e realizar tarefas em apnéia.
O padre e fisiologista
Giovanni Alfonso Borelli
foi um precursor. Neste
seu projeto estão as se-
mentes de diversos
equipamentos atuais.
Trata-se de um recicla-
dor que filtraria a umi-
dade e os miasmas do
ar expirado por conden-
sação. Não funcionou,
claro, mas lançou uma
idéia.
Já, o cilindro com uma
cremalheira é...um
compensador de flutua-
ção!!!
Finalmente, nos pés,
nadadeiras com garras.
Mais do que inventor,
Borelli foi um visioná-
rio profético.
Em 1650 Von Guericke monta a
primeira bomba de ar eficiente.
Boyle formula a lei que leva seu
nome e inicia experimentos
comprimindo e descomprimindo
animais.
Em 1667, relata ter observado
uma bolha no olho de uma ví-
bora que dá sinais de mal-estar
ao ser descomprimida.
Halley, cientista e astrônomo,
que deu seu nome a um come-
ta, aumenta a autonomia dos
sinos, renovando o ar no seu
interior por meio de barris las-
trados. No Tâmisa, permanece
a 18m de profundidade por 90
minutos.
Tempos depois, já com 65 anos, permanece num sino 4 horas a 20 m
de fundo com mais três ocupantes. Na volta à superfície, surpreenden-
temente, ninguém sofre de mal descompressivo.
John Lethbridge, inglês,
desenvolve um escafan-
dro rígido, de carvalho
recoberto de couro.
O equipamento possuía
uma vigia e, para os
braços, aberturas torna-
das estanques com cou-
ro e sebo.
Operava até 20m, e po-
dia permanecer no fun-
do por cerca de 30 e
poucos minutos.
Sem mobilidade e com
pouca autonomia, era
no entanto mais mano-
brável do que um sino.
Letherbridge participou do salvado de diversos naufrágios por toda a
Europa. No arquipélago de Cabo Verde recuperou boa quantidade de
prata do "Vansittart", navio inglês da carreira das Índias.
Fréminet cons-
trói e ensaia um
escafandro de
circuito fechado
O aparelho que
possuía um ca-
pacete de metal
com três vigias
e roupa de cou-
ro, foi chamado
machine hydro-
statergatique.
De um reserva-
tório vinha ar,
que era feito cir-
cular por um fole, acionado por um motor a mola.
Como não havia dispositivo para absorver o gás carbônico produzido,
nem ninguém para dar corda, mesmo que o escafandro funcionasse,
sua autonomia seria forçosamente reduzida.
Parece impossível, mas há relatos de que foi utilizado por algum deste-
mido para recuperar âncoras perdidas nos portos do Hávre e de Brest.
Klingert desenvolve o
que pode ter sido o
primeiro escafandro
funcional.
Alimentado por algum
sistema para bombear
ar, certamente poderia
ter funcionado.
Não há relatos positi-
vos quanto a isso e, se
o ar tivesse que ser
sugado da superfície,
não seria utilizável.
O desenvolvimento
posterior do aparelho,
quando foi acoplado a
um cilindro descomu-
nal para o abasteci-
mento de ar, junto a
um pistão como o de
Borelli, sugere um pro-
jeto que nunca saiu do
papel.
A partir de 1788, o americano
John Smeaton introduz me-
lhorias no sino.
Desenvolve uma bomba de
ar mais eficiente e, para man-
ter o ar no sino, instala uma
válvula de não-retorno no
umbilical.
Usados para recuperar bens,
esses sinos, em pouco, esta-
rão presentes nos maiores
portos do mundo.
O alemão Friedrich von Drie-
berg, desenvolve o Tritão
Nele o ar é fornecido por uma
bomba e um recipiente, leva-
do às costas, serve de tan-
que de volume.
O ar é liberado para o bocal
inclinando a cabeça pra
frente.
É prevista alimentação de ar
até para a vela da lanterna.
Os irmãos John e Char-
les Deane patenteiam o
Smoke Helmet, para o
combate a incêndios.
O capacete, alimentado
de ar por uma manguei-
ra, passa a ser utilizado
para mergulhos apenas
apoiado sobre os
ombros e ali mantido por
pesos.
Se o mergulhador se
abaixasse correria o
risco de se afogar na
água que penetraria no
capacete.
Em 1928, comercializam o Deane's Patent Diving Dress. O capacete
ainda não é preso à roupa.
Os Deane montaram uma empresa muito bem sucedida na
recuperação de bens perdidos em naufrágios, incluindo canhões
retirados dos restos do Royal George,em 1834/35.
Em 1836, publicam o que provavelmente é o primeiro manual de
mergulho já escrito.
Augustus Siebe, alemão es-
tabelecido em Londres,
constrói um capacete de co-
bre e o acopla a um jaleco
que vem até a cintura, por
onde escapa o ar, fornecido
por uma bomba que ele
vinha desenvolvendo desde
1819.
Em 1837 acrescenta uma
roupa inteira emborrachada
e estanque, botas lastreadas
e uma válvula de não
retorno, para impedir que o
ar volte pelo umbilical caso a
bomba pare.

Estava criado o escafandro


pesado, o pés de chumbo
português, o pieds lourds
francês que, por mais de um
século, tornou-se o equipa-
mento padrão para trabalhos
submersos.
Logo foram surgindo outros
escafandros semelhantes, com
destaque para o de Cabirol,
adotado pela Marinha
Francesa.
No inicio dos trabalhos para a
remoção dos destroços do
HMS Royal George, afundado
em Spithead, foi decidido que
seriam testados os vários
equipamentos disponíveis.
O escafandro de Siebe acabou
sendo o escolhido para a faina
que se prolongou até 1843
quando, com a experiência
adquirida, foi organizada a
primeira escola de mergulho
da Royal Navy.
Depois do trabalho concluído, um historiador referiu que quase todos os
mergulhadores, que haviam trabalhado de seis a oito horas por dia a 18-
21m de fundo, tinham sido vítimas de ataques, tidos na época como sem-
do de reumatismo e de frio.
O engenheiro Benoît Rou-
quayrol e o oficial da Mari-
nha francesa Auguste Dena-
yrouze constroem o Aéro-
phore, que pode ser consi-
derado o antepassado direto
do escafandro autônomo
atual.
Nele um diafragma acionava
uma válvula, que fornecia o
ar contido num recipiente, só
quando o mergulhador inspi-
rava.
O achado era o ar ser forne-
cido sob demanda e na mês-
ma pressão da água na pro-
fundidade do usuário.
O recipiente de ar suportava apenas 30 bar de pressão, reduzindo a
autonomia do equipamento, e ele foi usado mais como escafandro de-
pendente.
O escafandro recebeu melhoramentos e chegou a ser comercializado
com máscara ou capacete, roupa de lona emborrachada, uma corneta
acústica (um tipo de fonia) e uma lanterna.
O progresso tecnológico permitiu fa-
bricar compressores de ar mais efici-
entes. Obras como fundações de pon-
tes passaram a ser realizadas empre-
gando "caixões", aperfeiçoados por
Fleur Saint-Denis.
Neles ar comprimido expulsava a
água e vários homens podiam traba-
lhar ao mesmo tempo no fundo,. O
acesso era pela campânula, onde
eram equilibradas as pressões.
Freqüentemente, ao voltarem à pres-
são atmosférica, depois de uma jor-
nada de 8 a 10 horas, esses traba-
lhadores se queixavam de dores que
foram atribuídas ao reumatismo ou à
atrite.
Com o aumentar da profundidade e do tempo de exposição os sintomas
se tornam mais freqüentes e mais graves.
Durante a construção da ponte de Brooklyn, em Nova York, foram tan-
tos casos que foi cunhado o nome "Bends", algo como curvado de dor,
usado até hoje.
O fisiologista Paul Bert, professor
na Sorbonne, passa a estudar os
efeitos da respiração sob diferen-
tes condições de pressão.
Descobre que o oxigênio puro res-
pirado sob pressão pode causar
convulsões.
Estabelece que é o N2 que se dis-
solve nos tecidos, quando respira-
mos ar submetidos a uma pressão
maior do que a atmosférica, a
causa do MD.
Em 1879 publica "La préssion ba-
rometrique", onde expõe os resul-
tados de suas pesquisas sobre a
fisiologia nas altitudes e nas pro-
fundezas.
No livro recomenda que os trabalhadores em ambientes hiperbáricos
sejam descomprimidos lentamente. Com isso consegue diminuir os
casos de mal descompressivo.
Henry A. Fleuss, da marinha mer-
cante inglesa, desenvolve o pri-
meiro reciclador a oxigênio real-
mente funcional.
Neste equipamento o CO2 da res-
piração era absorvido por uma
corda embebida de potássio cáus-
tico. O O2 era adicionado manual-
mente a medida que ia sendo con-
sumido.
Em 1880, o escafandro de Fleuss
foi utilizado por Alexander Lam-
bert, célebre mergulhador inglês,
para abrir uma comporta a 18m de
fundo, no final de um túnel de
300m de comprimento !!!

Fleuss foi trabalhar com a Siebe-


Gorman, já estabelecida como fa-
bricante de escafandros. O seu foi
comercializado para ser usado em
incêndios e, mais tarde, para esca-
par de submarinos presos ao
fundo.
O fisiologista escocês John Scott
Haldane estuda mergulhadores
da Royal Navy.
Detecta a necessidade de uma
maior ventilação nos capacetes
para evitar o acumulo de CO2.
Em 1906 publica as primeiras ta-
belas de mergulho a estabelecer
paradas para descompressão
em função do tempo passado no
fundo e da profundidade alcança-
da.
Mesmo reavaliado e modificado,
o método por ele adotado está na
base da maioria das tabelas em-
pregadas hoje em dia.
Estudos atuais levam a uma vi-
são ampliada sobre as causas, a
evolução e a prevenção do mal
descompressivo e novas tabelas
vêm sendo elaboradas para mais
segurança nos mergulhos.
A firma alemã Draeger comerciali-
za um sistema autônomo que utili-
za uma mistura de ar comprimido e
oxigênio (sim, é Nitrox!!!) num re-
ciclador.
O mergulhador continua usando
botas com chumbo e um cabo-de-
vida. O complexo equipamento
não oferece vantagens em relação
ao escafandro tradicional.
O mesmo se passa com o "Ogushi
Peerless Respirator", escafandro
japonês patenteado em 1918 na
Inglaterra.
Com ele mergulhou-se no entorno
dos 100m, depois não é mais men-
cionado.

Em 1937, desenvolvido por Georges Commeinhes, é registrado junto à


Marinha francesa o primeiro verdadeiro escafandro autônomo e de de-
manda a ar comprimido. Com a morte do inventor em 1944, durante o
cerco a Estrasburgo, também acabou esquecido.
No Mediterrâneo, ao final dos anos ’20,
a reboque do turismo nascente, nasce o
mergulho como forma de lazer.
A paternidade do esporte é incerta. Na
França são citados: o polinésio Canaldo
na área de Marselha, os irmãos Pulvé-
nis na Cote d’Azur e o americano Guy
Gilpatric em Cap d’Antibes.
No início é uma atividade reservada aos
bem de vida, com muitos estrangeiros
que se permitem longas férias à beira
mar.
Na Itália, mais pobre, os pioneiros são o pai e dois genros de uma famí-
lia japonesa, treinados na escola Sakanaciuki em Nagasaqui.
Eles operam em Nápoles e são acompanhados pelo professor Luigi Mi-
raglia, que escreve a tese Nuovo Sistema di Osservazione e di Caccia
Subacquea. Serão logo imitados pelo salva-vidas Pasquale Ripa, vulgo
“U pesce”.
Gilpatric, escritor, divulga com artigos em importante revista americana
este estranho jeito de pescar – que é à pesca que todos se dedicam. A
seguir, passa a responder a cartas e troca experiências com novos
mergulhadores, que começam a surgir em diversas partes do mundo.
Gilpatric se relaciona com outros pioneiros
como Le Prieur e apadrinha e inspira alguns
dos futuros expoentes do mergulho como
Hass, Cousteau, Dumas, Taillez... Em ’38 pu-
blica The compleat Goggler, manual de caça
submarina, escrito com finíssimo humor.
Para nós engraçado também por recomenda-
ções como descer com os pulmões vazios
para ter estabilidade, usar bolas de cera nos
ouvidos para resistir à pressão e outras que,
apropriadas na época, hoje...
Os anos iniciais da nova atividade assistem a
um desenvolvimento vertiginoso no número
de praticantes e de novos equipamentos.
Le Corlieau (mais um oficial da Marinha fran-
cesa) patenteia as nadadeiras, comercializa-
das a partir de ’35, provocando uma revolu-
ção nas técnicas de mergulho adotadas até
então
São fabricadas as primeiras armas. Com propulsão por molas distendi-
das ou comprimidas, por elásticos, a pólvora...
Pêras de borracha para equalizar a pressão dentro dos óculos,a más-
cara que cobre o nariz, o snorkel...
Desde 1912, Fernez fabrica óculos, semelhantes
aos hoje usados para natação, que emprega com
um aparelho extremamente simples que permite
respirar, por uma mangueira, ar bombeado da su-
perfície.
Com um cilindro de ar comprimido, o oficial da
Marinha francesa Yves le Prieur, torna autônomo
o escafandro Fernez e, novidade, aos poucos, o
emprega para mergulhos de lazer.
O aparelho deve ser regulado manualmente e o ar
é desperdiçado pelo débito contínuo, mas é sim-
ples e funcional. É aperfeiçoado e comercializado.
Um grupo forma o “Clube dos Subaquáticos”.
Le Prieur é também um dos que desenvolveram a
máscara de mergulho que cobre o nariz, permitin-
do a equalizar a pressão interna com a externa.
Inventivo, constrói um fuzil lança arpão a pólvora.
Em 1935, encapsula uma câmara de cinema e ro-
da em 35mm o documentário: Le Club des sca-
phandres et la vie dans l'eau.
Desconhece as nadadeiras e anda pelo fundo.
Hans Hass, austríaco, co-
meça a praticar caça sub-
marina no Sul da França,
onde conhece Gilpatrick.
No ano seguinte organiza
com colegas da faculda-
de uma expedição à costa
da Iugoslávia, onde foto-
grafa mergulhando com
uma câmara encapsulada
artezanalmente.
Em 39, com dois colegas,
parte para Curaçao e Bo-
naire. Acampam em Klein
Bonaire onde, em apnéia,
pescam, fotografam e ro-
dam um documentário. A
II Guerra Mundial inter-
rompe a expedição.
De volta, apresenta trabalhos para a faculdade, escreve artigos, dá con-
ferências, publica um primeiro livro. Incansável, faz contatos, levanta
fundos, consegue apoios...
Em plena guerra con-
segue montar nova
expedição agora ao
mar Egeu, na Grécia
ocupada.
Pelos meios postos à
sua disposição, devia
estar sendo patroci-
nado para testar um
reciclador de circuito
fechado a oxigênio
da tradicional firma
alemã Draëger, cer-
tamente desenvolvi-
do para uso bélico.
Da
, expedição resul-
tam o livro e o docu-
mentário Homem en-
tre tubarões.
Os tubarões são atraidos com peixes se debatendo atordoados por
explosões de dinamite.
É um filão que não abandonará mais. Os tubarões serão uma constan-
te em quase todos os seus muitos futuros trabalhos.
O documentário é o primeiro registro
de alguém nadando com nadadeiras
e usando um escafandro autônomo.
Ao reciclador a O2 se manterá fiel
em seus futuros trabalhos e com ele,
por seus relatos, operava com sua
equipe até cerca de 20m. Na época
os limites do O2 não estavam bem
definidos e eles tiveram sorte.
Depois da guerra , em 51, ganha em
Veneza um Leão de Ouro com um
documentário sobre o Mar Vermelho,
estrelado por sua linda mulher Lotte.
A seguir realiza um antigo sonho: se
torna o proprietário da “Xarifa”, uma
majestosa escuna de três mastros e
nela inicia uma viagem em volta do
mundo, por etapas, de mais de 6
anos.
Rodou diversos documentários,escreveu artigos e livros, promoveu
pesquisas científicas. Muito conhecido na Europa, foi o primeiro grande
divulgador do mergulho.
Desde a I guerra mundial a Marinha Militar Italiana vinha pesquisando
meios de ataque não convencionais. Um, chamado “mignatta” e pilota-
do por dois homens, era um torpedo com a cabeça explosiva removível.
Presa debaixo do encouraçado Viribus Unitis, capitânea da frota austrí-
aca, em 1/ 11/1918, a põe fora de combate, quando ancorada no porto
de Pola. Os nadadores de combate são feitos prisioneiros, mas o con-
flito termina logo em seguida e eles são libertados.
Durante a II guerra o equipamento evolui, são empregados o reciclador
a O2 de circuito fechado, a roupa seca e nadadeiras.
Submarinos são mo-
dificados para trans-
portar os torpedos
para perto dos alvos.
As primeiras ações
fracassam, surprendi-
dos pelo radar, até en-
tão desconhecido, os
italianos sofrem uma
séria derrota ao atacar
Malta.
Apanham mas criam
experiência.
Reorganizados,
conseguem os
primeiros resul-
tados. No mais
notável, em Ale-
xandria põem
fora de combate
o "Valiant" e o
"Queen Elisa-
beth“, os dois
encouraçados
ingleses mais
aguerridos em
ação no Mediter
râneo.
Em Gibraltar,
operando a partir do “Olterra”, um navio atracado na Espanha
fronteiriça, supostamente em reparos, conseguem novas vitórias.
É formado o grupo dos homens Gamma, mergulhadores de combate
que, infiltrados em território inimigo, operam nadando. Prendem nos
navios cargas que só explodem depois de um tempo de navegação,
fora do porto onde estavam abrigados, assim mascarando a origem do
ataque.
, aos 26 anos, instigado por Philippe
Tailliez – co- mo ele oficial da
Marinha Francesa – descobre o
mergulho.
Como todos na época, seu primeiro
interesse é a pesca submarina à qual
se dedica com afinco.
Com Taillez e Frédéric Dumas – civil
de grande habilidade aquática – for-
ma uma equipe que, mesmo durante
a II Guerra Mundial, consegue se
manter mergulhando unida.
Em 1942, com o armistício, para não
ser apresada pelos alemães,a frota francesa se auto afunda e o trio
passa a dispor de mais tempo para suas atividades particulares.
Em apnéia rodam um primeiro documentário “Par dezuit mètres de
fond” É sobre pesca submarina e na seqüência principal Dumas captura
cinco garoupas e um enorme olho-de-boi, num total de 140kg. A deter-
minação da equipe filmando na França ocupada é notável, os desloca-
mentos são feitos de bicicleta, a película virgem é obtida colando ponta
a ponta filme para fotográfia, a pesca é obrigatória para complementar
a alimentação...
Para prolongar
sua permanên-
cia submerso,
Cousteau testa
um reciclador a
O2. Depois de
duas convul-
sões opta de
vez pelo ar
comprimido.

O aparelho Fernez, também experimentado, era limitado pela manguei-


ra – “O mergulhador fica como um cachorro preso na guia”.
O de Le Prieur pecava pela autonomia insuficiente e por seu débito pre-
cisar ser regulado manualmente.
Cousteau expõe seu problema ao engenheiro Émile Gagnan que lhe
apresenta uma válvula desenvolvida para outra finalidade. Depois de
poucos ajustes esta se revela a solução do problema: fornece o ar sob
demanda e na pressão ambiente. Nascia o moderno escafandro autô-
nomo a ar.
A exploração e o conhecimento do mar são a paixão, o escafandro au-
tônomo a ferramenta, e o todo será compartilhado através do cinema.
Ao término da Guerra novo documentário: “Épaves”, sobre navios afun-
dados. Nele o aparelho é a estrela e são demonstradas todas as
potencialidades do mergulho autônomo.
Na Marinha, sob o comando de Tailliez, Cousteau e Dumas criam e or-
ganizam uma unidade de pesquisas submarinas (G.E.R.S. – Grupo de
Estudos e Investigações Submarinas) para levar avante experiências
técnicas e de laboratório para o estudo do mergulho, possibilitando
maior conhecimento desta atividade, seus riscos e possibilidades.
Primeira tarefa: retirar das costas francesas as minas deixadas pela
guerra
Graças à um mecenas que manteve o anonimato – só se sabe que era
inglês – Cousteau consegue reformar um velho caça-minas americano.
Depois de diversas transformações, renasce como o Calypso, um bem
equipado navio oceanográfico, que se tornará personagem de inúmeros
livros, artigos, filmes e séries para TV,
Em ’51 parte para uma primeira viagem ao Mar Vermelho. Leva cientis-
tas de várias disciplinas, mas seu interesse maior são as filmagens e a
elas vai dedicar cada vez mais tempo e energias.
Em ’54 Louis Malle – que se tornaria um conhecido cineasta – embarca
para aprimorar o manuseio da câmara de cinema.
Malle e Cousteau rodam “Le Monde
du Silence”, um documentário de
longa metragem que, em ’56, rece-
beu uma Palma de Ouro no Festival
de Cannes.
Pode-se dizer que o filme é marco
do início da popularização definitiva
do mergulho.
Mais do que o inventor, Cousteau
foi o grande divulgador do mergulho
autônomo que, aberto a todos, em
pouco tempo se popularizou.
Ainda mais importante do que isso,
Cousteau nos ensinou a conhecer
melhor o mar e perceber a deterio-
ração generalizada a que está sujei-
to e da urgência de uma nova atitu-
de em sua relação.
O Comandante Jacques Yves
Cousteau nos ensinou a conversar
com o mar que, para quem sabe
ouvir, fala.
FIM
Arduino Colasanti

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