Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
DO
MERGULHO
DOS PRIMÓRDIOS AO MERGULHO
AUTÔNOMO RECREATIVO
Há evidências, diretas e indiretas, de que
o homem mergulha desde a mais remota
antiguidade.
Inicialmente deve ter mergulhado para
obter alimento, mais tarde para coleta de
pérolas, madrepérola, esponjas, coral...
No Norte do Chile, onde o deserto de Ata-
cama encontra o mar, floreceu uma cultu-
ra, a dos Chinchorros que, há 10.000
anos, já mumificava seus mortos.
Devido ao deserto, não cultivavam grãos
e sua dieta era baseada em carne de
leões marinhos, peixes e moluscos.
Um quarto das múmias de homens adul-
tos apresenta uma deformação, hoje cha-
mada de exostose auricular, causada por
exposição continuada à água fria.
Junto às múmias foram encontrados arpões, raspadeiras e outros ins-
trumentos que reforçam a tese da prática regular do mergulho.
O vaso da ilustração, encontrado no Sul do Peru, representaria um mer-
gulhador com suas presas, equipado com uma máscara de mergulho.
No Brasil, os primeiros cronistas relatam a habilidade dos índios nadan-
do e mergulhando.
Nos sambaquis – amontoados pré-históricos de conchas de moluscos,
prováveis monumentos funerários – foram encontrados crânios com a
exostose auricular, prova incontestável de longas e repetidas exposi-
ções à água fria.
Madrepérola, a parte nacarada de conchas coletadas vivas, foi encon-
trada decorando colunas de templos da VI dinastia Tebana (cerca de
3200 anos aC).
As conchas da foto foram encontradas num túmulo egípcio.
A púrpura, que na Roma impe-
rial tingia a toga dos podero-
sos, era extraída, por um pro-
cesso hoje esquecido, de um
molusco, o humilde corongon-
dó.
O coral vermelho, considerado
uma substância mística, era
desde tempos remotos coleta-
do e trabalhado no Sul da Itá-
lia e exportado para os locais
mais remotos.
O filósofo grego Aristóte-
les menciona mergulha-
dores coletando esponjas.
Menciona também uma
espécie de sino de mer-
gulho, que chama de Co-
limpha, que teria permiti-
do permanecer algum
tempo debaixo da água.
Nos tratados de História
Natural descreve com
muita precisão peixes e
outros seres marinhos e
seus hábitos, quase co-
mo se alguém os tivesse
observado pessoalmente
em seu hábitat.
Hipócrates, considerado o
pai da medicina, também
cita esponjas sendo usa-
das para estancar hemor-
250 AC ragias.
Alexandre "O Grande" teria
enviado mergulhadores pa-
ra destruir obstruções no
porto de Tiro, cidade que
havia conquistado depois de
longo sítio.
Teria descido pessoalmen-
te para vistoriar as obras,
provavelmente em algum
tipo de sino. Afinal, seu tu-
tor foi Aristóteles.
Neste tempo, no Leste do
Mediterrâneo, se estabele-
ceu uma indústria voltada
para a recuperação de va-
lores perdidos em restos de
naufrágios.
O pagamento dos mergu-
lhadores era estipulado por
lei sobre o valor da carga
salva e aumentava com a
profundidade.
No Japão e na Coréia, até recentemente, viviam mulheres que, numa
tradição milenar, se dedicavam à coleta de frutos do mar mergulhando
equipadas com óculos semelhantes aos que hoje se usam para nadar.
Chamadas AMAS no Japão,
eram apoiadas da superfície
por um ou dois homens.
A foto é relativamente
recente e a Ama está com
uma máscara que permite
equalizar.
Tradicionalmente os
homens coletavam ostras
perlíferas e pescavam de
mergulho usando os “goggles”
e um arpão manual.
Do que podiam ser capazes em
apnéia estes mergulhadores primi-
tivos foi demonstrado por um cole-
tor de esponjas.
O encouraçado Regina Margherita
capitânea da frota italiana, perdeu
uma âncora e parte de sua amarra
em 76m de fundo, na ilha de Kar-
pathos, no Mar Egeu.
Georghios Haggi Statti, 35 anos,
franzino,com enfisema, apnéia em
seco de 40", lingou o conjunto de-
pois de diversos mergulhos entre
50 e 80 metros.