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Emely Kely de Souza Gomes

O PAPEL DAS ENTIDADES DE CLASSE


NA FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO

Goiânia
2014
1

Emely Kely de Souza Gomes

O PAPEL DAS ENTIDADES DE CLASSE


NA FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO

Projeto Final de Curso apresentado à Banca


Examinadora da Escola de Engenharia Elétrica,
Mecânica e de Computação da Universidade Federal de
Goiás, como requisito para a obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia Elétrica.
Área de concentração: Engenharia Elétrica
Orientadora: Profa. Dra. Rosângela Nunes Almeida de
Castro.
Coorientador: Engo. Me Cláudio Henrique Bezerra
Azevedo

Goiânia
2014
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3

Aos meus pais por todas as oportunidades que me concederam e pelo apoio ao longo da minha vida.
Ao meu futuro esposo pela parceria neste trabalho.
Aos meus amigos do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Goiás (CREA-GO) Júnior,
que participaram dos grandes desafios e vitórias conquistadas.
Á geógrafa Ângela Daher, assessora do CREA Júnior e ao Presidente do CREA-GO engenheiro Gerson
Taguatinga, pela oportunidade de liderar o CREA-GO Júnior e crescer junto com esta equipe.
Aos engenheiros Cláudio Henrique Bezerra de Azevedo e Gerson Tertuliano, dirigentes do Sindicato dos
Engenheiros do Estado de Goiás (SENGE-GO) pelo apoio e confiança.
Á todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram com o desenvolvimento deste trabalho.
4

Agradecimentos

À minha Orientadora, Professora Dra. Rosângela Nunes Almeida de Castro, pela


orientação, apoio e inspiração neste projeto.
Ao Mestre, Engenheiro Claudio Henrique Bezerra Azevedo, pela confiança e apoio
durante este projeto e em todos os anos da minha graduação.
À Coordenação e aos Professores do curso de Engenharia Elétrica da Escola de
Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação da Universidade Federal de Goiás, pela
oportunidade de cursar a graduação e pela contribuição para a minha formação técnica e
profissional ao longo dos últimos cinco anos.
Ao Sindicato dos Engenheiros do Estado de Goiás (SENGE-GO) e seus dirigentes, pela
confiança nos trabalhos já realizados.
Ao Conselho Regional de Engenharia do Estado de Goiás (CREA-GO) e ao CREA-GO
Júnior, pela oportunidade de crescimento, pela confiança e responsabilidade a mim concedida de
liderar uma equipe que me tornou melhor.
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"Na vida, não vale tanto o que temos, nem tanto importa o que somos. Vale o que realizamos
com aquilo que possuímos e, acima de tudo, importa o que fazemos de nós!"

Chico Xavier
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RESUMO

A Educação em Engenharia tem sido cada vez mais reconhecida como uma área do
conhecimento que existe não como um simples somatório das duas áreas que compõe a sua
denominação (Educação e Engenharia), mas como uma área que vem a corresponder aos
atuais desafios da formação e do exercício profissional em Engenharia na atualidade. Os
modelos atuais exigem não só requisitos que contemplam a formação técnica e teórica, mas
requisitos de um profissional multidisciplinar. Neste sentido, coloca-se a importância de um
profissional bem informado em relação aos aspectos da sua profissão, ciente dos seus deveres
e direitos como profissional e consciente das suas ações como cidadão.
Os Cursos de Engenharia são responsáveis pela formação profissional dos
engenheiros. E as Entidades de Classe? Qual o papel das Entidades de Classe na formação do
engenheiro? Este trabalho de conclusão de curso consiste em desenvolver um estudo sobre a
influência das entidades de classe na formação acadêmica dos estudantes de engenharia, em
particular no caso dos estudantes do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de
Goiás.
O modo de investigação compreende a pesquisa bibliográfica e documental sobre as
entidades de classe em Goiás e uma contextualização nacional, uma pesquisa de campo
realizada por meio da participação em eventos e reuniões de cada entidade a fim de melhor
conhecê-las, além da realização de entrevistas com roteiro semiestruturado para colher o
depoimento de dirigentes de cada entidade (CREA-GO, SENGE e CENG), professores e
estudantes da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Goiás, para tornar mais
frutíferas as discussões dando a todos os lados maior base substantiva.

Palavras-chave: Educação em Engenharia, Investigação, Entidades de Classe, Formação


profissional.
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ABSTRACT

The Engineering Education has been increasingly recognized as an area of knowledge


that does not exist as a simple sum of the two areas that compound this name (education and
engineering), but as an area that answer the current challenges of training and professional
practice in engineering nowadays. Current models does not require only technical training,
but a multidisciplinary professional training. In this sense, there is the importance of a
professional knowledgeable in those aspects of their profession, aware of their rights and
duties as a professional and aware of their actions as a citizen.
The Engineering courses are responsible for the training of engineers. And what about
the Class Entities? What is the role of Professional Associations in the formation of the
engineer? This course conclusion work is to develop a study on the influence of professional
associations in the academic training of engineering students, particularly in the case of
students of Electrical Engineering from Federal University of Goiás
The investigation includes the bibliographic and documentary research on the
associations in Goiás and in a national context, a field survey conducted by participating in
events and meetings of each entity in order to best know them, in addition to performing with
semistructured interviews to collect testimony from leaders of each entity (CREA-GO, Senge
and CENG), teachers and students of the School of Engineering of the Federal University of
Goiás script, to make it fruitful discussions giving all sides greater substantive basis .

Keywords: Education, Engineering, Research, Professional Associations, Professional


Training.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 − Reunião do CREA Júnior.

Figura 2 − Plenária do CREA Goiás.

Figura 3 − Evento Cresce Brasil realizado pelo SENGE-GO em parceria coma FNE.

Figura 4 − Reunião realizada no SENGE-GO com acadêmicos e recém-profissionais de


engenharia.

Figura 5 − Evento realizado no CREA pelo CREA Júnior em parceria com a UFG.

Figura 6 − Reunião realizada pelo SENGE com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil e Empresas Juniores de Goiás.

Figura 7 − Reunião realizada no CREA com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil.

Figura 8 − Evento realizado pelo CONFEA com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil.

Figura 9 − Evento realizado na Escola de Engenharia da UFG pelo CREA Júnior em parceria
com a ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).

Figura 10 − Reunião realizada na FNE com a presença do presidente do CONFEA e


dirigentes dos sindicatos dos engenheiros.

Figura 11 − Reunião realizada no CREA Goiás pelo CONFEA, com a presença dos
presidentes de CREAs do País.
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LISTA DE SIGLAS

ABEE − Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas

ABES − Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

ASES − Associação dos Engenheiros da Saneago

CELG-D − Centrais Elétricas de Goiás S.A-Distribuição

CENG − Clube de Engenharia de Goiás

CNTU − Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados

CONFEA − Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

CONSUNI − Conselho Universitário

CREA-GO − Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Goiás

EMC − Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação

FNE − Federação Nacional dos Engenheiros

PUC − Pontifícia Universidade Católica

REUNI − Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades


Federais

SENGE − Sindicato dos Engenheiros do Estado de Goiás

UFG − Universidade Federal de Goiás


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SUMÁRIO
Resumo........................................................................................................................................6
Abstract.......................................................................................................................................7
Lista de Ilustrações......................................................................................................................8
Lista de Siglas.............................................................................................................................9
Introdução.................................................................................................................................11

CAPÍTULO 1 – O SISTEMA PROFISSIONAL..................................................................14

1.1. O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – CONFEA..........................................15

1.2. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA.............................................16

1.3. O Sindicato dos Engenheiros – SENGE............................................................................17

1.4. O Clube de Engenharia......................................................................................................18

1.5 A Mútua...............................................................................................................................19

1.6 A Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação da UFG.............................20

CAPÍTULO 2 – A EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA........................................................22

2.1 A Formação do Engenheiro Eletricista Egresso da Escola de Engenharia da UFG............25

CAPÍTULO 3 – PERCEPÇÕES SOBRE O PAPEL DAS ENTIDADES DE CLASSE...27

3.1 Percepção do Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia-GO............27

3.2 Percepção do Vice-presidente do Clube de Engenharia de Goiás.......................................30

3.3 Percepção de Presidentes do Sindicato dos Engenheiros do Estado de Goiás....................33

3.4 Percepção de Diretores da Escola de Engenharia da UFG.................................................38

3.5 Percepção dos Acadêmicos e Jovens Profissionais.............................................................44

CONSIDERAÇÕES POSSÍVEIS..........................................................................................49

REFERÊNCIAS......................................................................................................................55

APÊNDICES............................................................................................................................58

ANEXOS..................................................................................................................................71
11

INTRODUÇÃO

Em Goiás, a história do ensino de engenharia está associada a uma Entidade de Classe


representativa da Engenharia no estado: o Clube de Engenharia. A criação oficial do Clube de
Engenharia se deu em 10 de janeiro de 1951. No ano seguinte, quando da comemoração do
Dia do Engenheiro (11 de dezembro), os membros do Clube de Engenharia resolveram
mobilizar esforços para fundar nesta capital uma Escola de Engenharia. Assim, no dia 13 de
setembro de 1952 foi lavrada a primeira Ata da Assembleia Geral Extraordinária da criação da
Fundação da Escola de Engenharia do Brasil Central.
Em 1960, foi criada a Universidade Federal de Goiás (UFG) que incorporou a Escola
de Engenharia do Brasil Central, que passou a denominar-se Escola de Engenharia da UFG.
Assim como a Escola de Engenharia da UFG ampliou o ensino de engenharia, as Entidades de
Classe representativas da Engenharia se ampliaram no estado. Foi criado o Conselho Regional
de Engenharia e Agronomia do Estado de Goiás (CREA-GO), o Sindicato dos Engenheiros do
Estado de Goiás (SENGE-GO), a Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas-Seção
Goiás (ABEE-GO), dentre outras Entidades de Classe.
O objetivo deste trabalho é investigar o papel das entidades de classe na formação
acadêmica dos estudantes de Engenharia, bem como se o Projeto Pedagógico do Curso de
Engenharia Elétrica atende além da formação profissional, a necessidade de uma formação
humana e política, e se os engenheiros egressos das instituições de ensino estão cientes de
seus deveres e direitos perante a sociedade.
A formação dos profissionais de engenharia tem sido alvo de inúmeros
questionamentos, entre estes alguns muito polêmicos como: o número de profissionais que
vem se formando nos últimos tempos, que, na visão de alguns estudiosos é insuficiente; as
iniciativas do governo como o programa “Mais Engenheiros”; a falta de profissionais bem
qualificados no mercado; a problemática da valorização profissional, incluindo o não
cumprimento do salário mínimo profissional; a integração de jovens profissionais no mercado
de trabalho; as relações entre o sistema profissional e os engenheiros e a falta de profissionais
éticos, humanos e que exerçam a cidadania.
Sabe-se, porém que, todas essas problemáticas refletem a situação atual do nosso país,
onde percebe-se certo desinteresse pelo coletivo e a falta de planejamento a longo prazo nas
organizações.
12

Dessa forma, pretende-se neste trabalho levantar algumas dessas problemáticas a partir
de estudos sobre o sistema profissional, suas influências na formação do profissional
engenheiro, estudar a proposta pedagógica da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de
Computação da UFG quanto ao caráter ético, humanístico e social da profissão e por fim
sugerir caminhos para uma melhor formação, que atenda não só aos interesses dos estudantes
como também do mercado de trabalho e da sociedade como um todo.
Destaca-se neste trabalho a importância histórica das entidades de classe da engenharia
para o Estado de Goiás, no desenvolvimento social, econômico e político do Estado. E a partir
dessa temática será abordado como têm acontecido o envolvimento das entidades de classe
com a academia e suas contribuições.
É importante citar que este trabalho abordará o sistema profissional como um conjunto
de cinco subsistemas, sendo eles: de formação profissional, de Serviço Público, sindical,
associativo, e de assistência, e não somente o Sistema CONFEA/CREA.
A metodologia utilizada neste trabalho compreende a pesquisa bibliográfica sobre as
entidades de classe em Goiás e uma contextualização nacional. A investigação contempla
também uma pesquisa de campo realizada por meio da participação em eventos e reuniões de
cada entidade a fim de melhor conhecê-las, além da realização de entrevistas com roteiro
semiestruturado (Anexo C) para colher o depoimento de dirigentes de cada entidade (CREA-
GO, SENGE e CENG), professores e estudantes da Escola de Engenharia da Universidade
Federal de Goiás, para tornar mais frutíferas as discussões dando a todos os lados maior base
substantiva.
Após o período de coleta de dados, passa-se ao tratamento dos mesmos. Alberti (1990)
chama de processamento da entrevista o conjunto de etapas necessárias à passagem do
depoimento da forma oral para a escrita. Ou seja, transcrição, conferência de fidelidade,
leitura final, digitação e conferência da digitação.
Segundo Queiroz (1998), a narrativa oral, uma vez transcrita, transforma-se num
documento semelhante a qualquer texto escrito. De fato, o cientista social interroga uma série
de escritos, contemporâneos ou não, que constituem a fonte de dados em que apoia seu
trabalho. É sobre essa fonte que se realizará o procedimento primordial de toda pesquisa – a
análise.
Em relação à exposição da pesquisa esta se apresenta em três capítulos fundamentais:
o que trata do sistema profissional, o da educação em engenharia e o que apresenta a
percepção das entidades do sistema profissional.
13

Finalmente, em considerações finais avalia-se o cumprimento dos objetivos desta


investigação e apresenta-se as sugestões cabíveis sobre o tema.
14

CAPÍTULO 1
O SISTEMA PROFISSIONAL

Neste trabalho, trataremos o sistema profissional de acordo com a visão de Ênio


Padilha [2013], o Sistema Profissional da Engenharia e Agronomia composto por cinco
subsistemas, sendo eles: de formação profissional, de Serviço Público, sindical, associativo, e
de assistência.
A INSTITUIÇÃO DE ENSINO representa a organização correspondente à fase da
formação profissional. Tem como seus objetivos a qualificação do profissional através do
ensino, a geração de tecnologias através da pesquisa e a integração à comunidade através da
extensão. Foi, e em parte continua sendo, através da escola que a sociedade transfere ao
cidadão os conhecimentos acumulados historicamente sobre determinada área do saber e o
transforma em cidadão-profissional (PADILHA, 2013).
OS CONSELHOS PROFISSIONAIS são órgãos auxiliares da administração pública
federal, nos quais o registro dos profissionais respectivos é obrigatório. São pessoas jurídicas
criadas por leis específicas para o desempenho de atividades públicas perfeitamente
caracterizadas. São investidos de capacidade contenciosa e, especialmente no caso do Sistema
Confea/Creas, conforme determina a Lei 5.194/66, de capacidade de regulamentação da lei
que o criou, podendo aplicar penalidades, arrecadar taxas e exercer o chamado “poder de
polícia”. Existem fundamentalmente para a verificação, a fiscalização e o aprimoramento do
exercício profissional e representam, de um lado, a presença do Estado, através de prepostos
autorizados – os Conselhos Regionais, no controle desse exercício e, de outro, a presença dos
próprios profissionais em sua gestão (PADILHA, 2013).
É importante lembrarmos a singularidade da natureza multi- profissional do Sistema
CONFEA-CREA, sendo o único Conselho no Brasil e no mundo que congrega mais de 300
profissões (engenheiros de todas as modalidades, Agrônomos, técnicos industriais e agrícolas,
geógrafos, meteorologistas, geólogos, e etc.), representando um universo de mais de
1.137.488 profissionais (CONFEA, 2014).
OS SINDICATOS são os organismos propriamente corporativos das profissões.
Entidades de direito privado cujo funcionamento é regido por disposições constitucionais e
instrumentos legais específicos. Essa legislação estabelece como princípio geral a chamada
unicidade sindical, de acordo com a qual só poderá existir um único sindicato representativo
15

de uma categoria profissional operando numa mesma base territorial, base esta que não
poderá ser inferior à área de um município.
Os sindicatos, nos quais a participação é sempre voluntária, objetivam
fundamentalmente a defesa dos direitos e interesses das categorias profissionais que
representam, inclusive em questões jurídicas e administrativas. Desenvolvem, também,
atividades assistenciais junto a seus associados e promovem a ação política para o
fortalecimento do profissional como trabalhador (PADILHA, 2013).
AS ASSOCIAÇÕES , CLUBES, CENTROS, INSTITUTOS, etc., são entidades que
promovem a reunião e a integração dos profissionais em torno de interesses comuns, tais
como os de ordem cultural, política, de lazer, desportiva, social e outros. Dentro do Sistema
Profissional o subsistema associativo é o de maior número de unidades, o mais disseminado
no território nacional e o de maior número de participantes voluntários, através do qual pode-
se integrar à comunidade profissional e experimentar o intercâmbio e a convivência
indispensáveis tanto ao desenvolvimento pessoal como profissional (PADILHA, 2013).
A MÚTUA atua como entidade assistencial do Sistema CONFEA/CREA/Mútua e com
o objetivo constante de propiciar melhor qualidade de vida aos seus associados, a Mútua de
Assistência dos Profissionais do CREA é uma Sociedade Civil sem fins lucrativos, criada por
uma resolução do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), em
1977. Possui Jurisdição em todo o território nacional através de suas representações junto aos
Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia – CREA’s (PADILHA, 2013).
A partir deste estudo prévio, são abordados de forma mais detalhada cada subsistema,
através das entidades presentes e mais atuantes no Estado de Goiás.

1.1. O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA


O CONFEA surgiu oficialmente com esse nome em 11 de dezembro de 1933, por
meio do Decreto nº 23.569, promulgado pelo então presidente da República, Getúlio Vargas e
considerado marco na história da regulamentação profissional e técnica no Brasil.
Em sua concepção atual, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia é regido pela
Lei 5.194 de 1966, e representa também os geógrafos, geólogos, meteorologistas, tecnólogos
dessas modalidades, técnicos industriais e agrícolas e suas especializações, num total de
centenas de títulos profissionais.
O CONFEA é uma autarquia federal, especial, que tem como missão fiscalizar e
regulamentar o exercício ético e legal da profissão em prol da sociedade. Não se pode,
portanto, confundir com a defesa os interesses individuais e coletivos dos profissionais
16

(função reservada aos sindicatos) e com a fiscalização do uso e ordenamento do solo urbano,
liberação de alvarás ou embargar construção de obras irregulares (papel legalmente atribuído
às prefeituras municipais).
Em seus cadastros, o Sistema CONFEA/CREA tem registrados cerca de um milhão de
profissionais que respondem por cerca de 70% do PIB brasileiro, e movimentam um mercado
de trabalho cada vez mais acirrado e exigente nas especializações e conhecimentos da
tecnologia, alimentada intensamente pelas descobertas técnicas e científicas do homem.
O Conselho Federal é a instância máxima à qual um profissional pode recorrer no que
se refere ao regulamento do exercício profissional (CONFEA, 2014).

1.2. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia - CREA


O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás - CREA-GO é entidade
autárquica de fiscalização do exercício e das atividades profissionais dotada de personalidade
jurídica de direito público, constituindo serviço público federal, vinculada ao Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA, com sede e foro na cidade de Goiânia e
jurisdição no Estado de Goiás, instituído pela Resolução nº 170, de 29 de agosto de 1968, na
forma estabelecida pelo Decreto Federal nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933, e mantida
pela Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, para exercer papel institucional de primeira e
segunda instâncias no âmbito de sua jurisdição.
No desempenho de sua missão, o CREA é o órgão de fiscalização, de controle, de
orientação e de aprimoramento do exercício e das atividades profissionais da Engenharia, da
Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia, em seus níveis médio e superior,
no território de sua jurisdição.
O CREA, para cumprimento de sua missão, exerce ações:
a) Promotora de condição para o exercício, para a fiscalização e para o aprimoramento
das atividades profissionais, podendo ser exercida isoladamente ou em conjunto com o
Confea, com os demais Creas, com as entidades de classe de profissionais e as
instituições de ensino nele registradas ou com órgãos públicos de fiscalização;
b) Normativa, baixando atos administrativos normativos e fixando procedimentos para o
cumprimento da legislação referente ao exercício e à fiscalização das profissões, no
âmbito de sua competência;
c) Contenciosa, julgando as demandas instauradas em sua jurisdição;
d) Informativa sobre questão de interesse público; e
e) Administrativa, visando:
17

− Gerir seus recursos e patrimônio; e


− Coordenar, supervisionar e controlar suas atividades nos termos da legislação federal,
das resoluções, das decisões normativas e das decisões plenárias baixadas pelo Confea.

Para o desenvolvimento de suas ações, o CREA é organizado, administrativamente,


em estrutura básica, estrutura de suporte e estrutura auxiliar (CREA, 2005).

1.3. O Sindicato dos Engenheiros - SENGE


O Sindicato dos Engenheiros no Estado de Goiás, com sede e foro em Goiânia, foi
criado em 10 de dezembro de 1976 e é constituído para fins de estudo, defesa dos interesses
econômicos e profissionais da categoria e dos interesses individuais dos associados,
coordenação, proteção e representação legal da categoria engenheiros (Civis, de Minas,
Mecânicos, Eletricistas, Industriais, Agrônomos e demais especialidades profissionais fixadas
pelo CONFEA), na base territorial do Estado de Goiás, conforme estabelece a legislação em
vigor sobre a matéria e com o intuito de colaboração com os poderes públicos e as demais
associações, no sentido da solidariedade social e da sua subordinação aos interesses nacionais
(SENGE, 1996). Estão entre as prerrogativas do Sindicato:
a) Representar perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses gerais da
categoria profissional estabelecida no artigo anterior, bem como os interesses
individuais dos associados, relativamente à aludida categoria;
b) Celebrar contratos coletivos de trabalho;
c) Eleger ou designar os representantes da respectiva categoria;
d) Colaborar com o Estado, como órgão técnico e consultivo, no estudo e solução dos
problemas que se relacionem com a sua categoria;
e) Impor as contribuições a todos àqueles que participem da categoria representada, nos
termos da legislação vigente;
f) Fundar e manter agência de colocação;
g) Fundar e manter cursos, notadamente de aperfeiçoamento e especialização e de modo
geral pugnar pela imediata elevação do nível técnico no País, pelo apuro continuado
do ensino da engenharia e pelo prestígio da profissão.
Estão entre os deveres do Sindicato:
a) Colaborar com poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade das classes;
b) Manter serviços de assistência técnico- judiciárias para seus associados, visando à
orientação e proteção da categoria;
18

c) Fundar e manter instituições de assistência social;


d) Promover a conciliação nos dissídios de trabalho;
e) Promover a fundação de cooperativas de consumo e crédito;
f) Elaborar o código de ética profissional em colaboração com entidades congêneres e
associações de classe;
g) Manter elevado nível cultural, moral e social da categoria profissional;
h) Elaborar e adotar tabela de honorários profissionais e propugnar pelo cumprimento
dos valores fixados;
i) Fixar e reivindicar uma remuneração condigna para a classe;
j) Zelar pelo bom atendimento aos associados por parte dos Institutos de Previdência; e
k) Realizar congressos para tratar de assuntos de interesses profissionais, da técnica e da
indústria.

1.4. O Clube de Engenharia


O Clube de Engenharia de Goiás foi inicialmente constituído como Entidade de Classe
representativa da Engenharia em Goiás em janeiro de 1951, tendo como meta primeira a
criação da Escola de Engenharia do Brasil Central que funcionou por quatro anos com
engenheiros ministrando gratuitamente aulas em locais emprestados até quando foi
transformada em Escola de Engenharia da UFG. Após a euforia inicial a entidade esbarra em
1964, quando num processo de delação em reunião histórica, a entidade acabou. A partir de
1968, outros profissionais tentaram reerguer com muita dificuldade o CENG que vinha
funcionando em locais locados e cedidos, chegando a funcionar na casa de um dos seus
idealizadores Engenheiro Eval Soares dos Santos.
Em 1970, o Governo do Estado de Goiás doou a área, longínqua à época, cujo termo
de doação pedia a construção em tempo limitado. Em meados de 1973 a direção do clube se
mobilizou 3 até certo ponto impôs uma arrecadação compulsória aos engenheiros funcionários
do Estado de Goiás, fazendo uma “venda de titulo de sócio fundador” aos mesmos, conforme
bem citado pelo requerente. Após esta gestão o Clube entrou em mais um período de
decadência.
Em 1979, uma nova mobilização acontece e o maior desafio foi fazer existir uma
Entidade de Classe sem que ofereça aos profissionais uma contrapartida, a alternativa
encontrada foi oferecer serviços aos associados. Com a posse da área doada e uma construção
já iniciada, iniciou-se o processo de transformar o patrimônio em uma área de convivência
social que por intermédio da manutenção daria suporte à sua existência.
19

Desde então, o CENG tem como finalidades principais (CENG, 2004):


a) Congregar os profissionais de nível superior da Engenharia, Arquitetura, Agronomia e
Geologia;
b) Contribuir para o aperfeiçoamento técnico e cultural dos Engenheiros, Arquitetos,
Agrônomos e Geólogos;
c) Estudar questões técnicas, econômicas e sociais de interesse público correlacionadas
com a classe congregada;
d) Atuar, isolado ou com outros órgãos de classe, na defesa da sociedade;
e) Fazer com que a Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia nas suas várias
modalidades sejam justa, humana e social, objetivando o bem da coletividade a que
serve;
f) Orientar com base no “Código de Ética Profissional” todas as atividades relacionadas
com a Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia;
g) Colaborar com outros órgãos de Classe pela valorização dos profissionais da
Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia;
h) Promover o entrosamento com Instituições de Ensino Superior da Engenharia,
Arquitetura, Agronomia e Geologia do Estado de Goiás, visando contribuir na
melhoria e qualidade do ensino técnico e científico;
i) Desenvolver atividades técnicas, culturais, sociais, esportivas e de lazer para os
associados e seus familiares;
j) Contribuir para o aprimoramento das instituições nacionais e colaborar na defesa dos
princípios democráticos e do estado de direito;
k) Representar a Classe perante os poderes públicos constituídos, outras entidades
congêneres e a sociedade; e
l) Promover competições e atividades desportivas a seus associados, dotando para tanto
o CENG de locais apropriados.

1.5 A Mútua
A Mútua - Caixa de Assistência dos Profissionais dos Creas - é uma sociedade civil
sem fins lucrativos, criada pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(Confea), pela resolução nº 252 de 17 de dezembro de 1977, conforme autorização legal
contida no artigo 4º da Lei 6.496 de sete de dezembro de 1977.
O principal objetivo da Mútua é oferecer a seus associados planos de benefícios
sociais, previdenciários e assistenciais, de acordo com sua disponibilidade financeira,
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respeitando o seu equilíbrio econômico-financeiro. Sua missão é atuar como entidade


assistencial do Sistema Confea/CREA e Mútua, prestando benefícios diferenciados que
propiciem melhor qualidade de vida aos mutualistas. Seu negocio é promover soluções em
benefícios para os mutualistas.
Apoia-se nos seguintes princípios e valores: Integridade, ética e cidadania; parcerias e
relacionamentos de qualidade; serviços de excelência; valorização e desenvolvimento
profissional e funcional; descentralização, unidade de ação e transparência; compromisso com
a aprendizagem organizacional; inovação e compromisso com o desenvolvimento sustentável;
espírito de equipe.
Podem se associar á ela todos os profissionais com registro nos Conselhos Regionais
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Creas) - desde que atendam às condições
estabelecidas em seu regimento -, além de empregados dos Creas, do Conselho Federal de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) e da Mútua (MÚTUA, 2014).

1.6 A Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação da UFG


A história da EMC/UFG vem sendo construída desde 1952, com o esforço dos seus
primeiros idealizadores, os dirigentes do Clube de Engenharia. Ela teve início com a Escola
de Engenharia do Brasil Central, com sede em Goiânia, criada em 1952 e reconhecida pelo
Decreto nº. 45.138A de 29 de dezembro de 1958, publicado no Diário Oficial da União em 12
de janeiro de 1959. Naquela ocasião havia apenas o curso de graduação em Engenharia Civil.
Posteriormente, com a criação da Universidade Federal de Goiás (UFG) em 14 de
dezembro de 1960 através da Lei nº. 3.844C, a Escola de Engenharia do Brasil Central
tornou-se a Escola de Engenharia da UFG. Em 1964, foi implantado o curso de graduação em
Engenharia Elétrica, reconhecido pelo Decreto nº. 67.032 de 10 de agosto de 1970.
Em 1968, a turma pioneira, colou grau na então Escola de Engenharia da UFG. A
partir da Escola de Engenharia da UFG, surgiram, em 09 de dezembro de 1991 a Escola de
Engenharia Elétrica (EEE) e a Escola de Engenharia Civil (EEC), situadas na Praça
Universitária, Campus Colemar Natal e Silva (Campus 1), no Setor Universitário de Goiânia.
O curso de graduação em Engenharia Elétrica ficou sob responsabilidade da EEE. Em 1998,
teve início na EEE o curso noturno de graduação em Engenharia de Computação. No mesmo
ano, iniciou-se também o curso de Mestrado em Engenharia Elétrica e de Computação.
21

Em 2003, por decisão aprovada no Conselho Universitário (CONSUNI) da UFG, a


Escola de Engenharia Elétrica passou a chamar-se Escola de Engenharia Elétrica e de
Computação.
Em 2009, aproveitando-se do REUNI a EEEC passou a ofertar o curso de Engenharia
de Computação também no período matutino, tendo como estratégia a otimização dos espaços
físicos. Também, com o incentivo do REUNI, teve início em 2009 o curso de Engenharia
Mecânica, iniciando assim um novo tempo na EEEC. Em 2012, a EEEC passou novamente
por uma mudança em seu nome, ficando Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de
Computação – EMC.
A EMC tem como missão ser um centro de formação profissional com produção e
divulgação de conhecimento de forma humanística e continuada, através do ensino, da
pesquisa e da extensão e visa desenvolver a Engenharia Elétrica, Mecânica e Computação,
formando profissionais críticos, responsáveis, criativos e empreendedores, gerando e
difundindo conhecimento para atender a sociedade (EMC, 2014).
22

CAPÍTULO 2
A EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA

Conforme a definição em Holtzapple e Reece (2005), os engenheiros são profissionais


que combinam conhecimento de ciência, matemática e economia para solucionar os
problemas técnicos com os quais a sociedade se depara e o aumento do impacto na sociedade
à medida que a civilização progride e torna-se mais tecnológica. Diante disso, os princípios
éticos devem ser respeitados, tais como: garantir a segurança, a saúde e o bem-estar públicos;
atuar apenas em áreas de competência; comportar-se de forma honrosa e digna; e
principalmente, proteger o meio ambiente por meio do desenvolvimento sustentável.
As mudanças tecnológicas e organizacionais das últimas décadas trouxeram impactos
à todos os setores da sociedade e afetaram a qualificação profissional através do surgimento
de novos perfis profissionais e novos requisitos para o trabalho. A evolução dos modelos de
trabalho e produção originaram novos conceitos como qualidade, produtividade,
competitividade entre outros. Para isto, além da aplicação dos conhecimentos técnicos e
científicos, exige – se dos novos profissionais uma melhor performance e desenvoltura nas
atividades desempenhadas.
Estas novas exigências tem grande repercussão na formação do profissional de
engenharia no que se refere aos cursos de graduação. Modelos anteriores traziam
organizações hierarquizadas e rígidas, baseadas no” taylorismo” onde o profissional deveria
se encaixar como mais uma peça no sistema produtivo. Novos modelos de trabalho, são
menos verticalizados e mais flexíveis, exigindo do profissional uma integração por completo
com o sistema produtivo e uma interpretação da organização de trabalho.
Apesar da Resolução CNE/CES 11/2002 ter flexibilizado a organização curricular,
verifica-se que a maioria das escolas de engenharia continuaram ministrando seus cursos sem
conseguir dar a devida atenção a estas questões. A estruturação atual dos cursos de engenharia
ainda é basicamente a mesma da École Polytechnique, fundada na França em 1795, por
iniciativa de Gaspard Monge e Fourcroy e que se tornou modelo para a fundação de escolas
de engenharia em diversos países, inclusive o Brasil (Telles, 1994). Desde então, os currículos
têm sido dispostos, na maioria dos casos, levando em consideração a divisão e a
hierarquização das ciências em básicas e aplicadas de engenharia ou profissionalizantes
(Oliveira e Pinto, 2006).
23

Este tipo de organização curricular dificulta a integração entre as diversas disciplinas e


consequentemente o estudante enfrenta dificuldades em associar a prática que existe entre elas
com o desenvolvimento do projeto ou execução de um determinado empreendimento. Isto
sem mencionar os aspectos didáticos que acabam por agravar a “aprendizagem”, devido a
metodologias de ensino que consideram mais a questão do “como ensinar” do que o “como
aprender”.
Discussões a cerca deste assunto tem levado diversos estudiosos do mundo inteiro à
pesquisas de novos métodos e propostas curriculares afim de que o ensino da engenharia se
torne mais adequados às necessidades atuais de formação profissional, em atendimento às
demandas da sociedade.
O novo perfil profissional requer um engenheiro multidisciplinar e aponta para a
ampliação do campo de atividade dos engenheiros para áreas de gestão e administrativas.
Essas mudanças exigem reestruturação de conceitos e da concepção destes profissionais e
requer novos arranjos nos cursos e na disposição das disciplinas, introduzindo noções de
psicologia, comunicação, sociologia, entre outros.
Além disso, surgem novos requisitos necessários ao novo perfil do engenheiro crítico,
empreendedor, criativo, dinâmico e capaz de dar respostas adequadas aos novos problemas.
Como:
• Apropriar-se de novos conhecimentos e para registrar e expressar ideias de forma
autônoma e independente;
• Acompanhar e contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico;
• Desenvolver soluções originais e criativas para os problemas de projetos, da
produção e da administração;
• Trabalhar em equipe e coordenar grupos multidisciplinares;
• Conceber, projetar, executar e gerir empreendimentos de engenharia;
• Compreender e intervir na sociedade como cidadão pleno, principalmente no que se refere
às repercussões éticas, ambientais e políticas do seu trabalho.
Estes novos requisitos representam um desafio para às instituições de ensino, uma vez
que as metodologias tradicionais, que contemplam aulas expositivas, algumas práticas em
laboratórios e a verificação do aprendizado através de provas, não são eficientes para
desenvolvê-los. É notável o esforço de profissionais da área de Educação em Engenharia para
formatar novos padrões que alcancem as melhorias desejadas, porém à complexidade do
assunto não é compatível aos resultados práticos obtidos, uma vez que os mesmo são bastante
sutis.
24

Neste caminho de atender às novas demandas, torna-se essencial a vivência da


academia. Durante a formação são propostas pelas instituições de ensino diversas
oportunidades para que o acadêmico vivencie o aprendizado teórico. Em alguns casos, essas
iniciativas são pouco divulgadas e nem sempre tão claras, mas entende-se a Universidade
como campo fértil para o desenvolvimento das aptidões e dessa forma, campo disponível para
novas iniciativas que venham por parte dos acadêmicos. Projetos de iniciação científica,
projetos de extensão, empresas juniores, núcleos de pesquisa aplicada, intercâmbios,
agremiações estudantis, são apenas algumas propostas que podem acrescentar ao futuro
profissional o desenvolvimento dessas novas habilidades.
Ainda relacionado às novas iniciativas, traz-se a importância do docente nessa
empreitada. Como bem colocado por Paulo Freire, não ha docência sem discência e ensinar
não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção. Neste sentido, a figura do professor como orientador e criador de novas
oportunidades aos acadêmicos reitera a recusa do ensino bancário, restrito à formação em
depósitos de informações.
Em seu livro, Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire levanta os requisitos necessários
aos docentes e as exigências para o ato de ensinar. Segundo ele, ensinar exige rigorosidade
metódica, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criticidade, estética e ética,
corporificação da palavra pelo exemplo, risco, aceitação ao novo e rejeição à qualquer forma
de discriminação. Estabelece reconhecimento e assunção da identidade cultural, reflexão
crítica sobre a prática, consciência do inacabamento, o conceito de ser condicionado, o
respeito à autonomia do educando, bom senso, humildade, tolerância, apreensão da realidade,
a alegria e esperança, convicção de que a mudança é possível, curiosidade, segurança, muita
competência profissional e generosidade. O professor deve ser uma figura comprometida à
compreender que a educação é uma forma de intervenção que requer tomada consciente de
decisões e disposição para saber escutar, sendo disponível aos educandos.
Educadores estão sempre em contato com o saber e consequentemente em constate
aprendizado que por sua vez será ampliado e diversificado a medida que haja a integração e
interação entre o corpo docente e o corpo discente abrangendo uma melhor formação e
atendendo a demanda atual do mercado.
25

2.1 A Formação do Engenheiro Eletricista Egresso da Escola de Engenharia da


UFG
No caso do engenheiro eletricista egresso da UFG, sua educação visa formar um
profissional dedicado ao desenvolvimento e à aplicação de um conjunto de conhecimentos
científicos necessários à pesquisa, ao projeto e à implementação de diversos sistemas,
utilizados para efetuar o processamento da energia elétrica e da informação. Nessa prática, são
considerados os aspectos de qualidade, confiabilidade, custo e segurança, bem como questões
de natureza ambiental, ética e social.
Portanto, desde sua criação em 1964 o curso de Engenharia Elétrica vem sofrendo
constantes mudanças em atendimento à legislação e/ou normatização, tanto interna da UFG,
como externa (MEC) e de órgão classistas (CONFEA, CREA) sobre a formação/atuação do
engenheiro. Estas leis e/ou normas surgem em função das mudanças/inovações tecnológicas,
da necessidade de formação de profissionais para o mercado de trabalho.
Inicialmente, o curso de Engenharia Elétrica formava profissionais habilitados em
duas áreas: Sistemas de Energia e Telecomunicações. O estudante cursava dois anos de
disciplinas básicas e três anos de disciplinas profissionalizantes. Com o desenvolvimento da
eletrônica surgiram os microprocessadores, o computador, a automação industrial, a eletrônica
de potência, dentre outras disciplinas. Porém, a Escola de Engenharia Elétrica da UFG
continuou a formar o engenheiro eletricista generalista, para atuar nas áreas de energia,
telecomunicações, computação, dentre outras.
A expansão nas áreas do conhecimento também refletiu no currículo do curso de
engenharia elétrica. A modernização e atualização curricular aconteceram à medida que seus
professores voltavam de cursos de doutorado e traziam novas ideias, disciplinas dentro do
contexto atual e formavam grupos de pesquisa. Buscavam financiamento para implantar
novos laboratórios através de projetos no CNPQ, FINEP, MECBID, Secretaria de Ciência e
Tecnologia do Estado de Goiás (SECTEC) dentre outros.
Em 2005 foi implantado o primeiro Projeto Pedagógico do Curso (PPC1) de
Graduação em Engenharia Elétrica desenvolvido em função da necessidade de atender: o
novo Regulamento Geral de Cursos de Graduação da UFG (RGCG/UFG); os anseios da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), a
Resolução CNE/CES Nº 11 de 11 de março de 2002, o Parecer CNE/CES Nº 329 de 11 de
novembro de 2004, Portaria nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004, a Resolução nº 1.010 de
1
O Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Elétrica da UFG está disponível em:
www.emc.ufg.br.
26

22 de agosto de 2005, a Resolução CNE/CES Nº 2 de 18 de junho de 2007; bem como a


necessidade de mudanças no ensino e reformulação curricular, continuamente detectada pela
própria unidade, fruto da dinâmica da profissão do Engenheiro Eletricista.
Em janeiro de 2008 foi feita uma primeira revisão do PPC, seguida de uma segunda
revisão em janeiro de 2011. No PPC são descritos os aspectos pedagógicos do curso de
Engenharia Elétrica, estabelecendo as estratégias para a formação de um profissional
comprometido não apenas com a sua atuação técnica, mas também ciente do seu papel social
e da sua capacidade criativa, buscando torná-lo capaz de atuar também na pesquisa, na
inovação tecnológica e na formação de uma sociedade mais justa.
Hoje, em atendimento a Resolução CNE/CES 11 de 11 de março de 2002, os Cursos
de Engenharia devem possuir uma carga horária mínima de 3600 horas distribuídas em seis
grupos de atividades: disciplinas do núcleo de conteúdos básicos, disciplinas do núcleo de
conteúdos profissionalizantes, disciplinas do núcleo de conteúdos específicos, estágio
supervisionado, trabalho de final de curso e atividades complementares. O curso é de período
integral, com duração de cinco anos.
Atualmente, o engenheiro eletricista, graduado na UFG, está habilitado para atuar nos
campos de Automação Industrial, Computação, Eletrônica, Sistemas de Energia Elétrica e
Telecomunicações. O atual currículo do curso tem como principais características a formação
abrangente, e a ênfase nos conhecimentos considerados fundamentais para que o Engenheiro
Eletricista egresso da UFG tenha grande mobilidade no mercado de trabalho, capacitando-o a
atuar nas diversas especialidades da sua profissão (EMC, 2008).
27

CAPÍTULO 3

PERCEPÇÕES SOBRE O PAPEL DAS ENTIDADES DE CLASSE

Neste capítulo são apresentadas as percepções de profissionais dirigentes, e ex-


dirigentes, dos subsistemas do Sistema Profissional, entre eles do CREA-GO, do Clube de
Engenharia de Goiás, do Sindicato dos Engenheiros do Estado de Goiás, da Escola de
Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação da UFG, da Escola de Engenharia Civil, de
acadêmicos de engenharia e recém-profissionais, em relação ao papel de cada entidade na
formação dos profissionais de engenharia.

Estas percepções resultam da transcrição de entrevistas gravadas para esta pesquisa.


Pretendia-se entrevistar, pelo menos, três dirigentes de cada entidade. No início da pesquisa,
doze foram convidados. No entanto, seis foram entrevistados. Além dos seis dirigentes, foram
entrevistados três acadêmicos de engenharia e dois recém-profissionais. Ao final, foram
realizadas onze entrevistas. Os depoimentos dos entrevistados aparecem no texto em itálico,
entre aspas, com letra menor que a do texto (tamanho 10) e de forma recuada.

3.1 Percepção do Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia-


GO

Este subitem dedica-se a apresentar a percepção do dirigente do Conselho Regional de


Engenharia, Engenheiro Gerson de Almeida Taguatinga, em relação à sua função no sistema
profissional e à formação dos profissionais de engenharia. .

Como se deu o contato com o sistema profissional quando acadêmico de Engenharia


Civil, na Escola de Engenharia da UFG?

De acordo com o dirigente, enquanto acadêmico de Engenharia não houve contato


com o sistema profissional. Isso se dava principalmente pelo momento vivido por ele, quando
a sede do CREA-GO era ainda muito recente, antes localizada em Minas Gerais, e as outras
entidades, muito jovens, tinham uma atuação muito discreta.

“Não houve nenhum contato com o sistema profissional. Não éramos informados
sobre as questões referentes à profissão [...]”. (TAGUATINGA, 2014).
28

Como o senhor vê a importância do sistema profissional para o engenheiro?

O dirigente vê como fundamental a existência do sistema profissional e


particularmente do conselho profissional, órgão fiscalizador e normatizador da profissão.

“O nosso sistema tem por finalidade normatizar e fiscalizar nossa profissão. Eu ainda
acho que nosso sistema fiscaliza e normatiza pouco, deveria ser mais rigoroso ainda.
Existem diversos casos de desvio de conduta de profissionais que são verdadeiras
aberrações. Esses profissionais que agem dessa maneira denigrem a imagem do bom
profissional, da engenharia e do conceito de honestidade e exemplo para o nosso país
[...]”. (TAGUATINGA, 2014).

Como se deu o seu envolvimento com o sistema profissional?

Neste caso específico, a maioria dos presidentes do CREA-GO vieram do Clube de


Engenharia, entidade forte e representativa na plenária do CREA-GO. Todos vivenciaram
momentos importantes como conselheiros na plenária deste órgão, conquistando prestígio e
respeito para assumir cargo de tal envergadura.

“Eu sempre tive participação muito ativa como membro do Clube de Engenharia,
passei por todos os cargos, dos mais altos aos mais simples. Quando houve eleição
para representação do clube no conselho, eu me inscrevi e fui eleito. Fui conselheiro
por dois mandatos e na metade do segundo mandato fui eleito presidente do CREA.
Foi algo inesperado para mim, eu já mais imaginei presidir o conselho, até porque
sempre fui muito critico. Mas quando eleito me comprometi a valorizar o profissional
e interiorizar o conselho”. (TAGUATINGA, 2014).

Durante as gestões como dirigente do CREA como foi o contato com a universidade?

Percebe-se na leitura das falas do dirigente que a relação com a universidade é


delicada e que se pretende sanar os problemas existentes, a fim de reequilibrar e tornar
complementar as ações de cada uma.

“A academia sempre foi distante daqui. Não adianta buscar culpados. O que vemos é
que a academia devia estar próxima do conselho e o conselho próximo da academia,
mas isso não acontece. A prova disso é que mesmo com o CREA Júnior é muito
pequena essa aproximação. Vejo que o CREA Júnior tem sido a melhor ferramenta no
sentido de preencher essa lacuna que é a falta de relacionamento entre a academia e
os nossos estudantes. Nisso o CREA não tem poupado esforços e na política de
aproximação tem sido correspondido. Tenho feito palestras em diversas
universidades, debatendo assuntos inerentes a elas. É importantíssimo esse
relacionamento, não podemos nunca estar distantes, um é complemento do outro
[...]”.(TAGUATINGA, 2014).
29

Quais projetos foram desenvolvidos para a efetiva aproximação CREA e academia?

Percebe-se por parte dos dirigentes, grande preocupação com a formação profissional.
Não no que diz respeito à formação técnica, dada pela universidade. Mas à formação ética e
ao entendimento da função social da profissão, os deveres e direitos do profissional. Com
isso, idealizou-se grande projeto denominado CREA Júnior, existente há 15 anos a nível
nacional e presente em Goiás há três anos. Este projeto destina-se a aproximar os acadêmicos
do conselho por meio de atividades que forneçam a eles informações sobre o sistema
profissional como um todo, noções de ética e legislação e vivências do sistema profissional.
Além disso, com a criação da Comissão de Educação e Cultura no CREA, pretende-se manter
ações junto às instituições de ensino e assessorar o CREA nas ações que objetivem o
aperfeiçoamento técnico e cultural do profissional do Sistema CONFEA/CREA.

“Quando eu me formei eu recebi um registro profissional, olhei para a carteira e


fiquei bobo pensando para que serve esse negócio. Não recebi um aperto de mão, nem
um cumprimento, nem uma palestra. Isso que na minha formação havia uma cadeira
de ética e legislação profissional, mas que era muito mal aproveitada, tanto pelo
professor quanto pelos alunos. A partir disso eu vi que o estudante não poderia ficar a
ver navios, ele precisava ser informado e ter acesso ao CREA. Daí veio o CREA
Júnior, que não é novidade e muito menos criação minha. Mas vem intensificando
esse trabalho de aproximação com as universidades [...]”.(TAGUATINGA, 2014).

Como o senhor vê a formação dos profissionais. Acredita que as instituições de ensino


tem formado profissionais éticos, cidadãos e cientes do seu papel social?

No discurso do dirigente, é notável a preocupação com as gerações futuras e as


questões éticas e morais. Evidenciam a importância do conselho e das entidades do sistema
como norteadoras de condutas e orientadoras para as novas gerações de profissionais. O que
demonstra que o profissional deve se sentir amparado no seguimento de suas atividades. Traz-
se, porém como barreira a figura da universidade e é atribuída a ela a função de formação.

“Estamos muito longe dessa formação adequada em relação à ética, humanística e


cidadania. Mas não podemos sacrificar só nossas academias, o maior responsável por
isso ainda é o estudante, que de maneira egoísta pensa em si próprio, nas suas
conquistas particulares, realizações financeiras e está deixando certos valores morais
de lado, o que é muito perigoso e não aconselhável. Estou falando como líder
classista e como pai. [...] Não podemos deixar nossa juventude sem orientação
segura. Essa juventude é muito bonita, mas está muito desamparada de orientações
nossas. A juventude tem o dever de sonhar, e buscar e nós devemos aconselhar e
orientar [...] Deveríamos ter uma formação mais humana, nas nossas universidades.
E acredito que deveríamos incentivar mais o assistencialismo e a filantropia através
das atividades de engenharia, incentivar a cuidar do outro utilizando a parte técnica
como ferramenta [...]”. (TAGUATINGA, 2014).
30

O CREA poderia participar da formação dos profissionais?

O dirigente, não se abstêm da responsabilidade do Conselho. Porém, surge novamente


a mesma barreira, evidenciando que para este trabalho complementar do conselho na
formação profissional, é necessário um trabalho conjunto e contínuo com as instituições de
ensino, para que seja efetivo e eficaz.

“Eu acho que a parcela maior cabe a nossas escolas, mas por consequência o CREA
está inserido nisso também. Não podemos fugir da nossa responsabilidade e o CREA
tem sim, um papel fundamental na formação do profissional, principalmente no que
diz respeito à ética e legislação. Grande parte das multas e outras punições vêm mais
por ignorância do que por má fé do profissional, por isso devemos estar vigilantes à
formação nesse sentido, pois eles estão sendo formados baseados no “ouvi dizer” e
eles devem ter argumentos próprios e conhecimento de caso [...]”. (TAGUATINGA,
2014).

3.2 Percepção do Vice-presidente do Clube de Engenharia de Goiás

Este subitem dedica-se a apresentar a percepção de um ex-presidente do Clube de


Engenharia, Engenheiro Luiz de Queiroz, atualmente vice-presidente desta entidade, em
relação à sua função no sistema profissional e à formação dos profissionais de engenharia.

Como foi o contato com o sistema profissional quando acadêmico de Engenharia Civil,
na Escola de Engenharia Civil da UFG?

Segundo o dirigente o contato com as entidades foi superficial, porém possibilitou


alguns esclarecimentos.

“Na época o presidente do Clube de Engenharia e o presidente do CREA fizeram


visita na Escola de Engenharia, e nós passamos a entender um pouco mais de cada
coisa. Mas foi algo muito passageiro [...]”. (QUEIROZ, 2014).

Como o senhor vê a importância do sistema profissional para o engenheiro?

Segundo ele, o estudante é pouco e mal informado sobre o sistema profissional, o que
dificulta o entendimento e o interesse por este.

“É preciso o profissional saber diferenciar cada entidade, para o estudante isso é


muito difícil, pois pouco contato ele tem com essas entidades. Ele deve saber a função
de cada um, seus objetivos, a forma como sobrevive cada entidade”. (QUEIROZ,
2014).
31

Qual era o contexto histórico e político ao assumir a presidência do clube de engenharia?

De acordo com o depoimento, o Clube de Engenharia tem uma particularidade por ser
uma entidade e uma associação recreativa. Esta dupla função do Clube de Engenharia traz
certo problema de compreensão do seu real papel perante os profissionais e nem sempre é
bem compreendida pelas outras entidades. A visão do Clube de Engenharia como associação
recreativa muitas vezes suprime a visão como entidade de classe representativa.

“Toda Entidade de classe sobrevive com muita dificuldade econômica e financeira,


porque ela depende da boa vontade do profissional para que ele contribua e ajude na
sobrevivência da entidade. Nós já tínhamos o privilégio de ter ganhado essa área do
governo do estado de Goiás. Então, pensamos em fazer uma associação recreativa
junto com uma entidade de classe, seria uma maneira de criar a sustentabilidade
financeira para a entidade. Foi um aproveitamento de oportunidades. Para que isso
acontecesse houve um trabalho significativo de alguns profissionais, que abstiveram
por algum tempo de suas carreiras para a dedicação exclusiva à entidade. Até então a
contribuição era pequena, e as pessoas não viam retorno. Começou-se um processo
de venda de ações, porque à medida que as pessoas começavam a ver o retorno,
participando da parte recreativa e social, mais profissionais queriam contribuir, para
usufruir das atividades. Dessa forma, a entidade também foi crescendo e prestando
serviço para os profissionais, foi e é uma troca. Fizemos um aproveitamento da
estrutura para que a entidade funcionasse junto”. (QUEIROZ, 2014).

Como é o contato do Clube de engenharia e da Escola de Engenharia?

Na história do Clube de Engenharia, há um momento de decaimento e logo após a


retomada das atividades. A retomada das atividades marcou um momento feliz para a
Engenharia em Goiás e trouxe o envolvimento social para os engenheiros. Percebe-se neste
discurso que após a euforia, veio um afastamento de todos os subsistemas do sistema
profissional e as ações conjuntas ficaram cada vez mais esparsas.

“Em um primeiro momento, houve grande euforia no meio da engenharia, o clube


estava crescendo e todos os profissionais viam o clube retomando as atividades. Todas
as entidades se envolveram e houve uma troca muito boa, a Escola de Engenharia
chamava para dar palestras, mas com o tempo foi caindo na obrigação e deixou de
ser uma vantagem. Hoje em dia, a gente cumpre com a obrigação, pois as instituições
de ensino não reconhecem o trabalho que a gente faz, mas isso é normal, também vai
muito do momento, da gestão, varia muito. [...] É necessário um equilíbrio entre o
esporte, o lazer e a função como entidade, da defesa profissional, da área técnica
[...]”. (QUEIROZ, 2014).

Como o clube busca se aproximar os acadêmicos?

De acordo com o dirigente, é de interesse da entidade aproximar o acadêmico pelo


viés social e técnico, através da associação ao clube e através da participação nos eventos
32

organizados por ele. Porém, percebe-se que o estudante, em maioria, não tem acesso a essas
informações e elas pouco são divulgadas. O argumento do desinteresse generalizado para
explicar o pouco envolvimento com os acadêmicos também é presente no discurso.

“Existe hoje a iniciativa de trazer o estudante por duas maneiras: pelo segmento
profissional e pelo segmento social. No segmento social, os estudantes já podem se
associar com valores bem acessíveis. No segmento técnico, fazemos muitos eventos
técnicos, todos eles abertos aos estudantes, como o Dia da Água, onde tivemos cerca
de 800 inscritos, em sua maioria estudantes” [...].O que vem acontecendo, e não é
privilégio nosso, da engenharia, é uma situação social, é o desinteresse pelas coisas
que estão acontecendo no país, um desinteresse generalizado. As pessoas se julgam
cada vez melhores e não participam dos eventos, das reuniões. Isso é da sociedade
[...]”. (QUEIROZ, 2014).

O senhor acredita que os profissionais estão cientes do papel social da engenharia?

Segundo o depoimento do dirigente, o desinteresse sobre a profissão e seu papel, seus


conceitos e condutas é muito grande. Isso leva ao desconhecimento do sistema profissional e
traz complicações para a profissão em geral.

“Eu não sei dizer com precisão se os profissionais têm saído conscientes do seu papel
social, mas como profissional eu sinto que há um pleno desconhecimento, por parte
dos jovens profissionais, da importância social da engenharia, vejo uma apatia, mas
já houve momentos até piores.” (QUEIROZ, 2014).

O senhor acredita que o Clube poderia participar da formação dos profissionais?

De acordo com o dirigente, o Clube tem muito a contribuir, porém surge novamente a
figura da instituição de ensino focada na formação profissional, em detrimento da formação
humana. A academia convida para palestras técnicas, no entanto, pode-se fazer um viés ligado
a questões polêmicas, como postura ética dos engenheiros, que os acadêmicos aceitam bem. .

“É preciso o querer, não adianta eu querer levar para a universidade uma coisa que a
Universidade não quer, não pode ou não interessa. Toda vez que eu sou convidado por
um professor para dar uma palestra, eu levo no bolso outra, sobre “Postura e
Compostura do Engenheiro”, ela é ótima e bem aceita. Mas se eu digo que vou falar
sobre isso ninguém aceita, porque ela é polêmica, traz questionamentos, e isso é
importante [...]”. (QUEIROZ, 2014).

Como o Clube de Engenharia trata a coexistência da associação recreativa e da entidade


de classe?

Segundo o dirigente, a coexistência como associação e entidade foi e é primordial para


a manutenção de ambas. Nota-se que não há como desvencilhar o clube do seu viés de lazer,
33

porém, há grande esforço em manter o viés técnico e profissional vivo e ativo, trazendo à tona
a figura representativa da entidade de classe, mesmo que abalada pelo desinteresse dos
profissionais.

“É um assunto um pouco complicado. Atualmente os profissionais estão muito


desatentos, desinteressados de assuntos técnicos. A grande maioria dos profissionais
que buscam o clube vê o lazer como chamariz. A revista do Clube é o que têm salvado
a parte técnica, trazemos as notícias mais importantes do meio e promovemos
discussões importantes que mobilizam os profissionais mais interessados. Então, está
muito complicado. Quanto à representatividade no CREA, o nosso grande crescimento
do ponto de vista social, gera muito ciúme em algumas outras entidades, que
infelizmente não tiveram a mesma oportunidade que nós tivemos como mencionei lá
atrás, sobre a doação da área, por isso existem alguns oportunismos quando se fala
do clube apenas na sua função social e recreativa. Eu defendo que todas as entidades
devem ser fortes, devemos ter nosso espaço, por uma engenharia mais forte, não pode
haver disputa, precisamos ser parceiros”. (QUEIROZ, 2014).

3.3 Percepção de Presidentes do Sindicato dos Engenheiros– do Estado de Goiás

Este subitem dedica-se a apresentar a percepção do atual presidente do SENGE-GO,


Gerson Tertuliano, e do ex-presidente Engenheiro João Bosco, em relação à sua função no
sistema profissional e à formação dos profissionais de engenharia.

Na universidade, como acadêmico de engenharia, houve alguma participação em


movimentos estudantis? E havia contato com o sistema profissional?

Os dirigentes viveram períodos distintos, porém muito delicados no que diz respeito à
participação política, período pré e pós-ditadura. Nota-se que o contato com o sistema
profissional foi muito discreto e que apesar das dificuldades políticas, participaram de
agremiações estudantis.

“Eu peguei um período da universidade, pós-ditadura, onde não havia participação,


as pessoas não tinham motivação. Mas mesmo assim, eu participava do grêmio
estudantil, que tinha uma atuação muito discreta. As informações sobre entidades do
sistema profissional chegavam de maneira muito dispersa. Eu sempre me interessei
muito pelo sistema profissional junto ao CREA MG, onde eu frequentava e participava
das reuniões. Mesmo sem ter uma visão mais ampla do sistema. Era um período onde
todas as lideranças políticas estavam apáticas, ninguém mais se interessava por nada
[...]”. (TERTULIANO, 2014).

“Era um momento histórico muito delicado, ditadura, havia muita delação, todo
mundo desconfiava de todos, e como eu era militante, devia agir de forma muito
discreta para não levantar desconfianças. Eu sempre participava do movimento
estudantil, mas o envolvimento político maior era no meio operário. Na faculdade,
tínhamos que ser cautelosos. Professores, que haviam sido delatores de colegas e de
34

alunos, ministravam aulas com revolver ostensivamente à vista. Por ocasião do golpe
militar de 64, a Escola de Engenharia teve um grande contingente de professores e
alunos presos. Mesmo assim, éramos atuantes. A primeira panfletagem na Escola de
Engenharia foi feita com minha participação, durante a noite, para que na manhã
todos tivessem acesso ao conteúdo [...] O Clube de Engenharia teve papel
fundamental na criação da Escola de Engenharia. Naquela época, não havia
nenhuma outra associação ou entidade, até mesmo o CREA ainda era o de Minas
Gerais. Foi a minha turma que serviu de massa crítica para a implantação do CREA-
GO, meu registro é o n. 58. Em virtude desta ocorrência fomos agraciados com um
desconto de 80% em nossas anuidades”. (BOSCO, 2014).

Como o senhor vê a importância do sistema profissional?

Percebe-se nos discursos certo afastamento entre sindicato e conselho


profissional, através de argumentos que trazem estes como sistemas muito distintos. Nota-se
ainda a percepção do ponto de vista do profissional que se sente desamparado e desassistido.

“Deve-se diferenciar sistema sindical de sistema profissional, o meu entendimento é


que são coisas que, apesar de terem o mesmo sentido são totalmente diferentes. Por
exemplo, o sistema profissional, até por força de lei, da 5.194, é como se fosse um
regulamento que traz direitos, deveres, obrigações. O sistema profissional se presta a
acompanhar o histórico profissional, se ele está adimplente, no que ele tem
trabalhado, se ele está cumprindo as regras e a mais importante, registrando ART’s. O
registro das ART’s confere ao profissional a CAT, Certidão de Acervo Técnico, que
comprova e assegura a experiência profissional. O sistema sindical é diferente, é um
sistema mais puro. Que nasceu de ideologia, pessoas que em grupo decidiram buscar
as medidas que atendessem ao interesse coletivo. Um país pouco sindicalizado é um
país fadado ao fracasso. Os sindicatos são um dos pilares da democracia. Os
sindicatos se preocupam muito com a questão social, com o salário mínimo
profissional, com o desenvolvimento do país, com a mudança de conduta. Resumindo,
o sindicato atua na representação da vontade do trabalhador, o sistema profissional
ele regula as atividades do profissional. São duas coisas muito distintas”.
(TERTULIANO, 2014).

“Acho que as entidades (CREA, Sindicato, associações) deixam o engenheiro muito


desassistido. Em alguns momentos elas olham muito mais para os interesses próprios
do que para os interesses da classe. Cobra muito dos profissionais, exige muito e não
dá retorno. Deveria haver mais apoio, ter mais cursos de aperfeiçoamento
profissional gratuito ou com valor reduzido. Também deveriam investir nos
treinamentos dos funcionários, eles são mal treinados, não conseguem ajudar os
profissionais a resolver problemas burocráticos e acabam sendo ineficientes e até
grosseiros no atendimento aos profissionais”. (BOSCO, 2014).

Como se deu a sua participação no sistema profissional?

Ambos os dirigentes, além do sindicato, tiveram passagens pela plenária do CREA,


câmaras especializadas e Federação Nacional dos Engenheiros. Nos dois discursos é colocada
a necessidade de representação ativa e crítica e trazem à tona questões como interesses
35

pessoais sobrepondo os profissionais e o oportunismo e autopromoção que parasitam o


sistema.

“Quando eu vim para Goiás me interessei em me aproximar do sistema, como eu


tinha um passado de movimento estudantil, de movimentos sindicais, eu decidi
conhecer o CREA. Comecei como conselheiro e acabei virando coordenador da
câmara de elétrica. Eu vejo que o CREA é um local que com vontade e bem
trabalhado, seria uma casa fantástica para o profissional. Mas o sistema presidencial
ainda é muito prejudicial e acaba ficando a mercê de vontades próprias. Os
representantes devem ser representantes das maiorias e não de si mesmos, e isso deve
ser mudado. A participação deve ser mais profissional e menos pessoal e deve ser
encarada por ideal, e não por mera obrigação. No sindicato, estou no segundo
mandato como presidente, mas já participo desde a época do Luiz Borges, na
diretoria”. (TERTULIANO, 2014).

“Comecei a participar mais ativamente do Sindicato dos Engenheiros na década de


70. Fui inicialmente Primeiro Secretário e sucessivamente fui eleito Vice Presidente e
posteriormente presidi a Entidade por seis anos. Fui, ainda, depois de terminado meu
mandato representante do SENGE junto à Federação Nacional dos Engenheiros. Fui
também Conselheiro do CREA-GO, tendo sido coordenador da Câmara de
Engenharia Civil desta Entidade. No CONFEA, eu fui eleito vice-presidente nacional
da Câmara de Engenharia Civil. Na época, percebi que muitas pessoas oportunistas
viviam parasitando o sistema. Hoje em dia, a situação está pior. As entidades estão
muito aparelhadas, não se vê críticas nem movimentações. A inércia é muito grande,
mesmo no momento atual de ampla mobilização da sociedade em busca de melhores
condições de saúde, educação, mobilidade urbana e segurança”. (BOSCO, 2014).

Como o senhor vê o momento político e histórico atual?

Os dirigentes deixam clara a preocupação com a luta da classe trabalhadora com os


empresários. Evidenciando os riscos de uma profissão desregulamentada e do fim das leis
trabalhistas. Ainda é colocada a importância de trabalhar a assistência apoiada na formação
técnica e reprimir a autopromoção nas entidades classistas.

“Por mais que a gente queira, existe uma disputa muito grande entre o empresário e o
trabalhador. Vemos um interesse muito grande da classe empresarial em
desregulamentar o serviço profissional e modificar as leis do trabalho, enfim algo que
prejudica profundamente a classe trabalhadora. Esse é um momento muito sério e
delicado. A representação trabalhista está muito desvalorizada, onde quem é ouvido é
a classe dos empresários e isso é muito prejudicial. Nosso momento político é muito
difícil. E a função do sindicato é importantíssima, temos acompanhado todas as ações
no congresso através do DIAP2 e estamos preocupados com este momento”.
(TERTULIANO, 2014).

“Eu sempre fui classista, e sempre procurei elevar o nível de conhecimento dos
engenheiros. Na época em que eu presidia o Sindicato, uma coisa que nós fazíamos
muito, era assistência aos bairros mais carentes. Todos os sábados, nós ajudávamos

2
DIAP: Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
36

com projetos e orientações técnicas subsidiando a luta das associações de bairros.


Estimulávamos o plantio de árvores, a criação de um ambiente comunitário, de uma
vida social. Orientávamos o pessoal para que suas reivindicações contemplassem
suas necessidades objetivas. [...] Na minha época, e ainda hoje existem algumas
pessoas que não estavam dedicadas de fato em uma militância classista, tais pessoas
se interessam mais em se auto proteger, gozar das vantagens de ser sindicalista. As
entidades muitas vezes são usadas como trampolim político, meios de autopromoção.
[...] O papel do presidente não é fácil, principalmente em entidades pequenas, acaba
havendo um acúmulo de tarefas para o presidente e dificultando o andamento das
atividades. E a representatividade hoje é um assunto delicado, os trabalhadores
perderam a voz para o empresariado, o que é muito preocupante”. (BOSCO, 2014).

Como é o contato do SENGE com a universidade?

Em ambos os depoimentos, nota-se o interesse e o bom relacionamento com os


acadêmicos. Porém percebe-se que o contato com a universidade é indireto, parte dos próprios
acadêmicos e não dos professores das instituições de ensino. Coloca-se ainda que o Sindicato
tem mais a oferecer do que o ponto de vista financeiro, e que pretende intensificar as ações
relacionadas aos futuros e jovens profissionais, mas espera-se uma maior aproximação dos
mesmos para que ocupem seus lugares no sindicato.

“Eu tenho um apreço estupendo pelo movimento acadêmico/estudantil. Mas da


mesma forma que eles sentem a distância por parte do sindicato, nós sentimos em
relação a eles. E um bom negócio é quando as duas partes ganham. À medida que os
estudantes se aproximam eu sinto muito honrado, enquanto somos procurados temos o
maior prazer em recebê-los e apoiá-los. Vejo que essa relação tem amadurecido, e têm
ajudado inclusive outros dirigentes do sindicato a entender a importância da
aproximação com os acadêmicos. Eu também espero que a academia venha até o
sindicato, para que a gente possa fazer um trabalho conjunto, mas efetivo. [...]. A
primeira aproximação que nós vemos é a financeira, mas o sindicato tem muito mais a
contribuir. O sindicato não tem que comprar ninguém, o que estamos tentando fazer
no momento é patrocinar eventos, apoiar o desenvolvimento dos profissionais. Mas
não é só isso, o sindicato pode oferecer muito mais. Desejo que mais profissionais se
envolvam com o movimento, e para isso precisamos que os jovens profissionais
ocupem seus espaços no sindicato e trabalhem em prol da maioria. Mas o sindicato
procura o profissional à medida que o profissional procura o sindicato”.
(TERTULIANO, 2014).

“Na época em que presidi o Sindicato tivemos uma interação boa com os alunos de
engenharia. Por dois motivos, um que havia muitos engenheiros do sindicato que
eram professores, outra que éramos convidados para dar palestras na universidade.
Nós os incentivávamos a se envolverem nos movimentos estudantis, a buscarem
aprendizado de liderança, se envolver com a vida profissional, social e política”.
(BOSCO, 2014).
37

Como o senhor vê a formação profissional no que diz respeito à ética e humanística?

Em ambos os discursos percebe-se a indignação com a falta de esclarecimentos sobre


a profissão. Os dirigentes sugerem ainda que o sindicato pode e deve ajudar a levar as
informações aos estudantes, e que a lacuna entre o sistema profissional e a academia é muito
grande, necessitando de um trabalho contínuo e bem planejado para alcançar a eficácia.
Colocam ainda o sindicato com papel norteador e de referência para os profissionais.

“Hoje falta uma coisa fundamental, que existia antigamente, é uma matéria que
chamava OSPB, Organização Social e Política Brasileira. Eram ensinados os valores
e respeito ás instituições. É inconcebível hoje que a gente denigra e faça chacota
contra o próprio país. Por isso acredito que se no último período da universidade
houvesse uma disciplina que ensinasse o que é sistema profissional, o que é sistema
sindical, ajudaria muito. Não basta o CREA dar uma palestra antes do recebimento
do registro. O código de ética deveria ser estudado, as leis deveriam ser objeto de
estudo, as leis trabalhistas,... Deveríamos propor às instituições e até ao MEC esse
ensino mais profundo sobre o sistema e se isso não adiantar as entidades de classe
deveriam atuar junto aos profissionais, levar através de uma parceria com os
professores, palestras com o sindicato, com o CREA. Existe uma lacuna muito grande
entre o profissional e a academia e isso deve ser tratado com muita cautela.
Resumindo, a entidade de classe pode sim ajudar muito na formação do profissional,
principalmente o recém-formado.” (TERTULIANO, 2014).

“Eu vejo sim que o sindicato pode vir a ter um papel importante na formação do
profissional, hoje em dia, a maioria das infrações cometidas pelos profissionais se
deve mais à falta de esclarecimento, e não por má-fé [...]. Os jovens precisam de um
despertar e de terem um maior espírito de classe e também comunitário. As entidades
carecem de pessoas comprometidas, de líderes de verdade, que possam ser um farol
ou um ponto de referência para os jovens profissionais.” (BOSCO, 2014).

Como o senhor vê o contexto de formação atual?

O discurso mostra a preocupação com as próximas gerações de profissionais e a


importância de apoiar, orientar e estar presente na formação dos jovens engenheiros. O
dirigente trouxe ainda o apelo à função social da profissão e a não mercantilização do ensino,
apoiando-se em uma formação pautada na produção e não no consumo.

“Fui professor de saneamento na antiga católica, atual PUC. Infelizmente, o ensino


está demasiadamente mercantilizado. O estudante está muito alienado,
desinteressado, mal educado, não existe mais respeito com o professor. Eu vejo que o
professor tem um papel muito importante, além do ensino da engenharia, o professor
devia ensinar cidadania No entanto grande parte do professorado serve mais aos
interesses políticos do Partido dos Trabalhadores e transformam suas aulas em
momentos de apologia àquele partido. [...] Outro ponto negativo é a supervalorização
do mestrado e doutorado menosprezando a vivência de mercado, isso dificulta muito a
vida do professor e o aprendizado do aluno. [...]. A universidade está precisando de
um choque de gestão, gente competente e que gosta mesmo de engenharia. [...] Hoje
38

em dia, nós estamos formando profissionais para o consumo e não para a produção.
Nós temos que formar engenheiros voltados para as necessidades da comunidade e do
mercado de trabalho. As Universidades, por analogia com um sistema de castas,
parece conferir, ao final do curso, um título de nobreza. Assim o recém-formado é
obrigado a trocar o ônibus ou a bicicleta por um carro próprio, o restaurante
universitário pelos restaurantes da moda, a roupa simples por um terno. Deve ainda
adquirir um anel de formatura, assumindo um status de consumista. Como o ensino se
processa divorciado da realidade do mercado os formandos têm dificuldades para se
inserirem no mercado produtivo.” (BOSCO, 2014).

3.4 Percepção de Diretores da Escola de Engenharia da UFG

Este subitem dedica-se a apresentar a percepção dos dirigentes da Escola de


Engenharia da Universidade Federal de Goiás em relação à função do sistema profissional e à
formação dos profissionais de engenharia.

.Os trechos seguintes são referentes às entrevistas com o ex-diretor da Escola de


Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação, Reinaldo Gonçalves Nogueira e com o atual
diretor da Escola de Engenharia Civil, Osvaldo Luiz Valinote. Para maior compreensão dos
argumentos, as entrevistas são colocadas separadamente.

Houve contato com o sistema profissional quando acadêmico de Engenharia Elétrica, em


Uberlândia?

Segundo o dirigente, ele não teve nenhum contato com o sistema profissional
enquanto acadêmico e percebe-se no discurso certa indiferença em relação ao conselho
profissional.

“Nenhum contato, inclusive não havia nenhum assédio do CREA em relação à


obtenção da carteira profissional.” (NOGUEIRA, 2014).

O senhor vê prejuízos da falta de contato com o sistema profissional enquanto


estudante?

Para o diretor, a falta de contato com o sistema nunca resultou em algum tipo de
prejuízo, e ele acredita que, para quem escolhe a vida acadêmica, o CREA não tem utilidade.
Evidencia ainda que a exigência do Conselho para o credenciamento dos professores de
cursos de engenharia gera animosidade por parte de alguns dos professores das Escolas de
Engenharia em relação ao CREA.
39

“Sinceramente nunca senti falta. Para quem está na vida acadêmica não vejo
nenhuma necessidade do CREA e esse vem sendo um grande embate entre
Universidade e CREA.” (NOGUEIRA, 2014).

Como o senhor começou a sua vida profissional?

Segundo o professor, na época da conclusão da graduação não houveram outras


oportunidades além do mestrado e logo ele identificou esta oportunidade como uma
alternativa interessante.

“Nunca tive contato com o mercado de trabalho. Quando sai da universidade foi um
período complicado para conseguir emprego e logo consegui uma bolsa de mestrado
e vi que a docência poderia ser uma boa alternativa.” (NOGUEIRA, 2014).

Como o senhor vê a importância do sistema profissional de engenharia?

De acordo com o professor, o sistema profissional é fundamental no sentido de


regulamentação da profissão, porém as estratégias de aproximação com o profissional acabam
obtendo resultados contrários, afastando-os do conselho. Ele destacou ainda que as outras
entidades nunca ou pouco buscaram a Universidade e que as experiências vivenciadas não
foram felizes.

“Para quem atua no segmento acadêmico não vejo a importância nem necessidade do
CREA. Mas reconheço sua função e importância fundamental no meio profissional.
Vejo que a luta pela regulamentação e fiscalização é importantíssima, mas que a
forma como eles (CREA) vêm tentando se relacionar com a universidade é que está
errada. Como profissional eu nunca recebi nenhum informativo, nenhum tipo de
contato além de cobrança de anuidade e isso só piora o relacionamento com os
profissionais. A universidade não tem informações sobre o que está acontecendo no
conselho e só é procurada por eles para cobranças. A pouca representatividade da
Engenharia Elétrica e a hegemonia da Engenharia Civil também dificulta a luta pelos
nossos interesses. Nunca ganhamos nada com o CREA, só cobranças. Procuramos
por diversas vezes apoio para projetos sociais na engenharia e nunca obtivemos
nenhum. Também não conhecemos as outras entidades, a mútua, ninguém conhece,
ninguém sabe para que serve. O sindicato que nós professores estamos vinculados é o
dos professores, mas também pouco contato tivemos com o SENGE, eles nunca vieram
aqui na Escola, nunca buscaram nenhuma aproximação. Tivemos algumas poucas
parcerias em eventos, com a ABEE quando realizávamos os Fóruns de Engenharia,
mas logo se findaram devido ao envolvimento extremamente político e busca por
interesses particulares por parte dessa entidade e que não era bem vista por nós.”
(NOGUEIRA, 2014).
40

Como o senhor percebe o envolvimento da Escola com o mercado de trabalho e sistema


profissional? Houve alguma iniciativa para mudar a situação?

De acordo com o depoimento, a Escola vive um isolamento, do sistema profissional e


das empresas e indústrias o que dificulta inclusive o acesso dos acadêmicos e recém-formados
ao mercado de trabalho. Ressalta ainda que algumas iniciativas foram tomadas, mas que não
houve aceitação por parte das empresas e entidades.

“O perfil do nosso professor é de dedicação exclusiva. Nós tentamos mudar um pouco


isso, através de concursos com menor carga-horária que trariam profissionais com
vivência do mercado de trabalho. [...] Nós também temos uma grande dificuldade em
convencer á empresa, á indústria da importância da Universidade. Nosso
relacionamento é muito frio, ficamos muito distantes. E isso dificulta inclusive à
entrada do profissional no mercado de trabalho em Goiás. [...] Em outras gestões, já
tentamos promover aproximação com a FIEG, mostrar que a Universidade poderia
auxiliar através da pesquisa. Mas a dificuldade de aceitação foi grande por parte das
empresas. E em relação às entidades do sistema profissional, elas estão fechadas às
nossas ideias, não há abertura para isso. [...] Temos muitas possibilidades, mas falta
vontade.”. (NOGUEIRA, 2014).

O que o senhor acha que as entidades poderiam oferecer para os profissionais?

Pelo depoimento, percebe-se que muitas vezes as ofertas de benefícios por parte das
entidades não chega aos profissionais e que o principal benefício vai de encontro com a
formação continuada a preços acessíveis.

“O profissional busca coisas básicas, auxílio médico, odontológico, mas essas ofertas
devem chegar até nós. Mas, na minha opinião, o mais importante diz respeito à
educação continuada, atualizações para engenheiros, para que pudéssemos nos
manter atualizados em relação ao mercado.” (NOGUEIRA, 2014).

O que o senhor diz sobre a formação ética, humanística e política do profissional?

De acordo com o professor, o que foi feito é em relação ao cumprimento de


exigências da lei, mas que tem buscado a conscientização em relação à ética e sistema
profissional desde a disciplina de Introdução à Engenharia, e que através de algumas
iniciativas estão tentando aproximar os professores e o conselho.

“Na verdade isso começou com a criação de normas para horas complementares, de
forma que abrangesse a doação de sangue, serviço voluntário, entre outros. Eu acho
que quando a gente valoriza atividades que o aluno faz fora do universo da
engenharia, isso já ajuda na formação social. Também houve a inclusão da disciplina
Ética e alguns itens da disciplina de Direito que deveriam suprir a exigência da lei e
colaborar para essa formação humana. [...] Outra coisa que tem sido feita é a
conscientização a partir da disciplina de Introdução à Engenharia, o CREA é
convidado para palestras e outras entidades também. Mas isso deve ser contínuo, só
41

no primeiro período não adianta. Também temos incluído no conselho diretor os


informes do CREA, até para tentar aproximá-los e tentar quebrar a rixa entre
professores e conselho.” (NOGUEIRA, 2014).

Os próximos trechos se referem á entrevista com o Engenheiro Civil, Osvaldo Luiz


Valinote, diretor da Escola de Engenharia Civil da UFG:

Houve contato com o Sistema Profissional quando acadêmico de Engenharia Civil da


UFG?

Segundo o diretor, havia muitos argumentos para explicar certo distanciamento do


sistema profissional, porém o fato de os professores atuarem no mercado de trabalho e
conhecerem o sistema profissional fazia com que as informações chegassem aos estudantes.
Os eventos técnicos conjuntos com a entidade de classe também faziam com que o acadêmico
tivesse mais contato com o sistema profissional e com a área técnica desde cedo.

“Na época, nosso registro era de Minas Gerais, o que impunha certo distanciamento.
Mas o Sistema era bem diferente, as eleições ainda eram indiretas. Apesar de tudo
isso, nós tínhamos muita informação através dos professores, porque todos atuavam
no mercado de trabalho. Não era como hoje, que muitos se quer conhecem o Sistema,
nunca nem exerceram a profissão de engenheiro. Naquela época também não havia
uma militância classista, uma luta pela profissão como hoje eu tenho visto. O Clube
de Engenharia era a única entidade e acabava apoiando na promoção de eventos
técnicos e muitos destes eram feitos em conjunto, Universidade e Clube.
Posteriormente, com a criação de outras associações, e sindicato, o panorama mudou
um pouco. [...] Exerci por dois anos a função de presidente do diretório acadêmico, e
nós buscávamos o interesse dos alunos, em todos os sentidos, de esporte, e da visão
técnica. Nós nos envolvíamos com as grandes questões da engenharia, inclusive essa
foi a época da construção da usina de Itaipu”. (VALINOTE, 2014).

Como foi o início da vida profissional do senhor?

O depoimento do professor demonstra sua vivência no mercado de trabalho e


posteriormente o ingresso na vida acadêmica. O que, segundo ele, também contribuiu para sua
atuação docente.

“Depois de formado, eu tinha minha empresa de Engenharia Civil e nenhuma


pretensão em ingressar na vida acadêmica. Mas um professor me procurou sobre meu
interesse em prestar o concurso para dar aula, me mantive um pouco resistente, mas
acabei me inscrevendo e passando. Ingressei com carga-horária de 12 h, minhas
aulas eram aos sábados, para que não atrapalhasse a minha empresa. Com a
mudança do regime acabei indo para 40 horas, fechei minha firma e posteriormente
passei à dedicação exclusiva. E hoje, tenho 39 anos de casa.” (VALINOTE, 2014).
42

Como o senhor vê a importância do sistema profissional?

Segundo o diretor, a formação acadêmica deve ser conduzida para o exercício


profissional, e norteada pelo caráter social da profissão. Ele traz ainda a importância da
parceria entre universidade e conselho, e que não são sistemas distintos, e sim
complementares. Ainda é colocado que o afastamento da Universidade em relação ao
Conselho pode ser muito prejudicial.

“A lei que instituiu o sistema profissional, em seu artigo primeiro, ele tem uma
particularidade muito especial, fala que a atividade da engenharia é voltada para
área social. Se é uma profissão social, ela tem que defender a sociedade, e isso
começa na formação de bons profissionais, de bons acadêmicos de Engenharia. E
nisso, a Universidade é totalmente envolvida, por isso eu não consigo diferenciar
sistema profissional de sistema acadêmico, e acredito inclusive que quem faz essa
diferenciação é por que não conhece um dos dois. Vejo que na formação do aluno, nós
temos que conduzi-lo para o exercício profissional. E no exercício profissional ele
deve cumprir a lei e principalmente o artigo primeiro, que é o fazer em prol da
sociedade, fazer pelo bem da sociedade. O sistema não foi feito para perseguir
profissionais ou para proteger profissionais, mas sim para defender a sociedade. [...]
E hoje em dia tem-se muitos embates quanto ao que o MEC permite, passando por
cima do conselho, e da opinião da sociedade sobre isso. Nesse ponto eu vejo que em
muitos casos não é o conselho que se afasta da academia, mas a academia que se
afasta do conselho. Por isso eu acho que academia e o conselho deveriam andar
juntos, e se isso acontecesse, metade dos problemas estariam resolvidos”.
(VALINOTE, 2014).

Como o senhor acredita que deve ser a formação do profissional por parte da
universidade?
Segundo o depoimento, a cidadania é primordial para a formação do profissional. Mas
coloca-se a importância da formação desde os primeiros anos de idade, e não somente na
Universidade.

“A academia não tem que formar primeiro o profissional, ela tem que formar primeiro
o cidadão, depois o profissional. Porque se você forma um bom cidadão ele vai ter
coerência, ele vai ter conhecimento e seriedade no exercício profissional, e não vai ter
nenhum problema com fiscalização. [...] Ainda assim é muito complicado a gente
formar um cidadão. O cidadão não é formado na rua, essa formação começa em casa
e é sempre contínua, em todas as fases da vida. A função da Universidade é promover
a troca de conhecimento e a cidadania tem que começar em casa. A falta de limites,
de cidadania, de educação, reflete na ética do profissional. E esse é o grande
problema do exercício profissional. [...] Tenta-se fazer tudo para melhorar a
formação. A criação de um código de ética já é um grande passo. A universidade tem
feito a sua parte, mas vejo que a cidadania deve começar em casa.” (VALINOTE,
2014).
43

Como foram estes anos na diretoria da Escola de Engenharia Civil da UFG?


De acordo com o professor, nos últimos anos na direção da Escola de Engenharia Civil
foram vivenciadas grandes mudanças e muitos avanços para a Universidade.

“Já são doze anos como diretor e eu passei por momentos distintos dentro da
Universidade. Acompanhei todo o crescimento da instituição, acompanhei as
modificações de regime acadêmico, de crédito para seriado anual, com isso a rapidez
no envolvimento de professores com a pós-graduação, o crescimento de número de
doutores e mestres, o alavancamento da pesquisa, o envolvimento dos alunos com
pesquisa. Outro momento importante foi com o REUNI, a criação do curso de
engenharia ambiental e a melhoria na infraestrutura e nos cursos.” (VALINOTE,
2014).

Como tem sido o relacionamento da academia com as entidades do sistema profissional?


O professor coloca que tem buscado a aproximação entre os professores e as entidades
do sistema. E também vê com grande importância a representação da instituição de ensino na
plenária do CREA.

“Nós temos procurado agregar os profissionais às associações, ao Clube de


Engenharia e ao Sindicato. Temos também nos envolvido com o CREA através da
representação na plenária.” (VALINOTE, 2014).

O senhor acredita que o sistema contribui para a formação profissional?

Segundo o diretor, o sistema tem papel fundamental por meio da fiscalização. E isso
contribui para manter o conselho atualizado de informações sobre as instituições de ensino.

“O engenheiro nunca está pronto. E o estudo deve ser um componente do exercício


profissional, ele deve estar sempre se atualizando. A função da Universidade é estar
preparada para receber estes profissionais com especializações, mestrado, doutorado,
cursos de reciclagem, e a Universidade deve cumprir esse papel, pois evitamos que
haja um abismo entre formação profissional e exercício profissional. E o sistema deve
atuar cobrando isso da gente, mantendo o sistema atualizado de informações sobre a
formação profissional.” (VALINOTE, 2014).

Como o senhor vê o acesso às informações do sistema profissional?


Percebe-se claramente no discurso do diretor a preocupação com o acesso às
informações relativas ao sistema profissional e ele ainda coloca que o professor bem
informado e conhecedor do sistema tem papel fundamental neste processo. E que iniciativas
que busquem sanar estes problemas serão sempre bem recebidas pela direção da escola.

“É obrigação da Universidade levar ao estudante as informações sobre o sistema


profissional. Eu não sou favorável à criação de uma disciplina exclusiva de Ética e
Legislação, mas acho que isso deveria ser abordado na disciplina de Direito.
44

Infelizmente isso não tem acontecido, até porque o profissional que esta ali não é
capacitado para falar do sistema. Na Civil, a gente tenta suprir fazendo palestras,
reuniões, trazendo elementos do sistema para apresentá-los aos acadêmicos. Mas é
complicado, pois como já falamos muitos dos nossos professores nem sabem o que é,
de que se trata o sistema, das vantagens oferecidas pelo sistema. E quem sabe, como a
sua sugestão, um seminário para os professores e acadêmicos poderia ajudar, mas
trazendo as pessoas certas, para falar as coisas certas e serem objetivos. Absurdo é
não fazer, a gente tem que tentar realizar, fazer algo diferente. A gente deve cobrar,
fazer a nossa parte, mas trabalhar em prol do nosso sistema, participar de fato. Eu
vivo o sistema, tenho paixão por ele, pois eu acredito que ele tenha uma função
fundamental para o desenvolvimento do nosso país, da nação. (...] E se tivermos um
sistema atuante, competente, observador, podemos resolver o problema da falta de
ética e corrupção do nosso país”. (VALINOTE, 2014).

3.5 Percepção dos Acadêmicos e Jovens Profissionais

Este subitem dedica-se a apresentar a percepção dos acadêmicos e recém-profissionais


de Engenharia em relação à sua formação e a função do sistema profissional.

Os trechos seguintes são referentes às entrevistas com a Engenheira Civil, recém-


formada, Samantha Junqueira, com o Engenheiro Eletricista, recém-formado, Felipe Resende
e com três acadêmicos de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Goiás que
preferiram não se identificar.

Durante a sua formação, houve contato com o sistema profissional?


O Grupo enfatizou a dificuldade de acesso às informações e colocou que muitas vezes
os professores representam uma barreira às informações. Nota-se também a importância dos
eventos técnicos e de iniciativas como o CREA Júnior para aproximar os acadêmicos do
Sistema Profissional e do mercado de trabalho.
“Durante a faculdade eu tive contato com o sistema apenas devido ter um curso
técnico, então buscava algumas informações no conselho. Também acho que devido
eu ter estudado em faculdade particular, e tudo chega mais lentamente do que nas
faculdades públicas, o nosso acesso acaba sendo restrito. Tive contato através das
minhas pesquisas apenas, ficava atenta e procurava as informações sobre o
conselho.” (JUNQUEIRA, 2014).

“Tive pouco contato, através de palestras, mas era uma média de no máximo uma vez
por ano. Essas palestras eram ministradas na disciplina de Introdução à Engenharia
e nos Congressos e Semanas de Engenharia.” (RESENDE, 2014).

“O contato é pequeno, e raramente vem através dos nossos professores, parece que
existe uma barreira entre eles e o sistema profissional [...]” (Acadêmico de
Engenharia Elétrica , 2014).

“Até hoje foram poucas oportunidades de conhecer o sistema, mas principalmente


pelo CREA Júnior, por algumas palestras realizadas na sede do Conselho e alguns
45

eventos que eles participaram o CET, o DEMEC, entre outros”. (Acadêmico de


Engenharia Elétrica 2,2014).

“Desde o início da minha graduação busquei me aproximar do centro acadêmico, do


conselho diretor e me envolver com o sistema profissional, participei da fundação do
CREA Júnior e isso me possibilitou conhecer o sistema, participar de inúmeros
eventos profissionais e conhecer melhor as entidades. Mas encontrava muitas
barreiras dentro da Universidade, pois os professores pareciam avessos ao conselho e
dificultavam o acesso às informações e aproximação com os meus colegas.”
(Acadêmico de Engenharia Elétrica 3, 2014).

O que você conhece sobre o sistema profissional?


Em geral, os depoimentos mostraram que a maioria dos estudantes tem um
conhecimento superficial do sistema, que muitas vezes é deturpado por alguns que não o
conhecem. Percebe-se novamente que as iniciativas como o CREA Júnior, os eventos
técnicos, tem papel de intermediar as informações e aproximar o estudante do sistema.
“Todo contato que eu tive, de informações, foi pela internet. Depois fiquei sabendo
do CREA Júnior, procurei participar e fui representante da Engenharia Civil da
IUESO no fórum do CREA Junior. Com isso eu pesquisei mais, procurei me informar
sobre legislação, que se consolidou como o meu maior contato. Além disso, nunca
recebi nenhum contato nem mesmo para visitar nenhuma outra entidade.”
(JUNQUEIRA, 2014).

“Basicamente eu conheço três órgãos: CREA, CONFEA e SENGE. Pelo que eu sei o
CREA e CONFEA são como órgãos reguladores, que servem para fiscalizar. E o
SENGE serve para apoiar de fato o engenheiro. Quanto às outras entidades e
associações, nunca tive nenhum contato, nem acesso, nem convite. Até gostaria de me
associar ao clube, por exemplo, mas não sei como funciona.” (RESENDE, 2014).

“O pouco que eu ouvi, por parte de alguns professores, trazia o CREA como um órgão
que servia exclusivamente para cobrança de anuidade. Ainda me foi colocado que
eles não oferecem nenhuma vantagem ou benefício para o engenheiro.” (Acadêmico
de Engenharia Elétrica 1, 2014).

“Nos eventos em que participei tive contato com o CREA e o SENGE, e entendi que o
CREA fiscaliza e o SENGE tem um papel mais de apoio ao profissional. Queria ainda
ter mais informações sobre o Clube de Engenharia, porque acredito que seria muito
interessante se pudéssemos participar”. (Acadêmico de Engenharia Elétrica 2, 2014).

“As oportunidades que eu tive me fizeram conhecer o sistema profissional como um


conjunto de vários outros sistemas, o acadêmico, o sindical, o associativo e o
assistencial. Por isso pude entender a grandiosidade deste sistema e como ele é único
no mundo por representar tantas profissões.” (Acadêmico de Engenharia Elétrica 3,
2014).

Como você vê a importância do sistema profissional para o engenheiro?


No discurso dos acadêmicos e jovens profissionais, é perceptível que eles reconhecem
a importância, mesmo quando não entendem a função do sistema profissional.
46

“Para tudo na vida precisa-se de organização. Então vejo o conselho com função
integradora dos profissionais, como órgão que serve para fiscalizar, mas também
para conscientizar o profissional.” (JUNQUEIRA, 2014).

“Os conhecimentos que eu tive ainda não me possibilitaram entender a importância


do sistema profissional, mas acredito que sem ele nossa profissão não seria bem vista
pela sociedade”. (Acadêmico de Engenharia Elétrica 1,2014).

“O sistema profissional é de grande importância para os engenheiros e todas as


profissões abrangidas por ele. O conselho regulamenta e protege a sociedade dos
maus profissionais, o sindicato apoio nas questões trabalhistas, às associações tem
um papel de congregar os profissionais e ainda tem cooperativas de crédito e órgãos
de assistência ao profissional para amparar do ponto de vista financeiro. Vejo que é
um sistema completo, e que só não é melhor, pois não trabalha em conjunto.”
(Acadêmico de Engenharia Elétrica 3, 2014).

Como você vê a relação do sistema com o estudante e jovem profissional e as iniciativas


de aproximação?
A partir dos discursos percebe-se o distanciamento do estudante com o meio
profissional e o formato burocrático que é atribuído às entidades.
“Inicialmente eu não entendia claramente a função do CREA Júnior. Com a
participação mais ativa eu fui percebendo a importância do ponto de vista de um
“treinamento” sobre ética, sobre legislação, para que aquele acadêmico, futuro
profissional, já estivesse mais integrado aos seus direitos e deveres e tivesse mais
ciência da sua profissão. E isso aproxima o acadêmico de se tornar um profissional
mais qualificado, mais antenado, ciente da movimentação classista. Mas
principalmente vejo a importância desse treinamento no que tange à ética e
legislação. Hoje em dia vemos um problema muito grave que é do salário mínimo
profissional, e se houvesse maior conscientização por parte dos profissionais,
provavelmente eles não aceitariam propostas abusivas e que não atendem as
exigências da lei. Mas essa disseminação de conceitos tão importantes deve ser feita
de forma muito cuidadosa, porque muitos de nós até tem a disciplina de ética e
legislação na faculdade, mas ela não é tratada com a devida seriedade pelos alunos e
até mesmo pelos professores. ”(JUNQUEIRA, 2014).

“Vejo que esta relação é muito burocrática, as pessoas pegam o registro no CREA, se
associam às entidades por obrigação, nem sabem o porquê, ou qual a necessidade de
se associar e buscar as entidades representativas da classe. Acredito que deveria
haver um trabalho mais intensivo para aproximar os acadêmicos e jovens
profissionais, explicar a função de cada entidade no sistema profissional.”
(RESENDE, 2014).

“Acredito que poderia haver um trabalho mais intenso e em conjunto por parte de
todas as entidades do sistema. Quem sabe um informativo, algo que trouxesse
informações básicas para o jovem e futuro profissional. O CREA Júnior também é
legal, quem sabe se as outras também fizessem esse contato com a gente seria mais
interessante”. (Acadêmico de Engenharia Elétrica 2, 2014).

“Todas as iniciativas de aproximação são muito bem vindas, pois demonstra a


vontade das entidades em levar aos acadêmicos e jovens profissionais a vivência da
engenharia. Acredito que um tipo de manual, cartilha, algo que viesse com
informações de todos, aliado à palestras e eventos durante a graduação e outras
47

iniciativas como o CREA júnior poderiam nos aproximar mais.”(Acadêmico de


Engenharia Elétrica 3, 2014).

Você já está com o registro? Como foi receber a carteira profissional?


Em ambos os discursos, pode-se observar o interesse do jovem profissional em se
sentir parte da profissão e a pretensão de participar e contribuir com a categoria.

“Já estou com o registro provisório, não foi difícil dar entrada e fazer o pedido. Mas
as informações poderiam ser mais claras e melhor divulgadas. [...] Logo que me
formei procurei me a associar ao sindicato dos engenheiros e me envolver com as
atividades desenvolvidas. Foi simples para me associar, e o profissional recém-
formado tem um ano de isenção de anuidade. Me informei sobre as reuniões com os
profissionais, mas soube que só haviam reuniões mensais com membros da diretoria.
Ainda assim fui convidada para algumas reuniões de diretoria, mas não há reuniões
frequentes com os profissionais associados”. (JUNQUEIRA, 2014).

“Ainda não me registrei, além da falta de tempo tive um pouco de dificuldade de


encontrar as informações sobre o registro no site. Hoje eu sinto falta de mais
informações sobre o sistema, acho que poderia ter mais apoio se soubesse mais. Mas
mesmo assim sinto que tenho amparo. Pretendo me registrar o quanto antes, além de
me associar ao SENGE e ao IEEE. Ao CREA pela obrigatoriedade para exercer a
profissão, ao SENGE porque eu vejo como um órgão de proteção do engenheiro e
posso vir a precisar de apoio futuramente e ao IEEE para ampliar meus
conhecimentos técnicos.” (RESENDE, 2014).

O que você pensa sobre a formação recebida na universidade e os desafios do mercado


de trabalho?
Nestes discursos, percebe-se que o estudante tem clara noção que a formação
acadêmica tem lacunas e que estas poderiam, em parte, ser supridas por um maior
envolvimento das entidades de classe. Principalmente no que trata da formação ética e
humanística do profissional.

“Eu acho que a Universidade não forma um profissional. A Universidade forma seres
mais pensantes. O grau de envolvimento do acadêmico com aquilo que ele gosta, se
identifica, é que vai determinar se aquele profissional vai ser mais ou menos
aproveitado. Quando entramos na faculdade, a grande maioria é extremamente
jovem, acabou de sair da adolescência. Sentamos no banco da faculdade e esperamos
envolvimento com o mercado de trabalho, mas encontramos inúmeras dificuldades,
como exigências de experiência em processos de estágio, que eu acho sem
fundamento, e ainda salários que não chegam a um salário mínimo. Então, vejo o
acadêmico muito desamparado, sem muitas expectativas. E acredito que isso dificulta
a formação dos futuros profissionais”. (JUNQUEIRA, 2014).

“Eu vejo que a Universidade ensinou a mim e aos meus contemporâneos o


autodidatismo, de a gente correr atrás das coisas por conta própria, o que não chega
a ser tão ruim. Do ponto de vista técnico a Universidade deixou a desejar, talvez mais
pela questão da qualidade da transmissão do conhecimento do que da qualidade
48

técnica dos professores, também pela grade da Engenharia Elétrica que tem muito a
melhorar. Do ponto de vista humanístico e social, poderíamos ter mais matérias
abordando isso e até uma disciplina com menor carga horária abordando o sistema
profissional, legislação etc.. A meu ver hoje, a Universidade está cada vez mais
distante do sistema profissional e do mercado de trabalho e se tivéssemos mais
convívio com as entidades esse gap poderia ser amenizado.” (RESENDE, 2014).

Como você vê o ingresso na vida profissional e quais são suas expectativas me relação ao
conselho?
Percebe-se que o jovem profissional enfrenta alguns problemas no ingresso do
mercado de trabalho e se depara com situações onde as entidades são o apoio que este
profissional precisa.

“É muito fácil à gente falar mal, ironizar, criticar, mas devemos fazer algo além. O
contato com o conselho pode fluir ou não, isso depende do profissional. Até agora eu
tenho tentado usufruir de tudo que o sistema oferece, utilizo a sala do profissional no
CREA, a minibiblioteca. [...]. Mas pelo que eu vejo o próprio conselho não cumpre
efetivamente algumas leis, como a do salário mínimo profissional. Vejo que o
sindicato vem fazendo uma campanha ativa de cumprimento do salário mínimo
profissional, mas no meio privado isso ainda é pouco efetivo. Eu gostaria que de
alguma forma o sistema profissional fiscalizasse e apoiasse o profissional quanto ao
cumprimento dessas leis. Muitas vezes, o profissional, sem outras opções acaba se
submetendo a cargos e salários incompatíveis com a categoria e a tendência desses
casos é só aumentar. Gostaria de estar amparada em relação a isso.” (JUNQUEIRA,
2014).
49

CONSIDERAÇÕES POSSÍVEIS

Acredita-se que este trabalho alcançou os objetivos inicialmente propostos de estudar


a importância das entidades de classe para a profissão e investigar o papel de cada uma na
formação do profissional de engenharia.

Percebe-se por parte dos estudantes o desconhecimento sobre o sistema profissional e


por parte de alguns o desinteresse por este assunto. Nota-se que em poucas ocasiões durante a
graduação o estudante entra em contato com o sistema profissional. Apenas nas disciplinas
Introdução à Engenharia e Ética, ou em alguns eventos técnicos e científicos. .

Este problema se agiganta quando o profissional, agora formado recebe sua carteira
profissional e com ela suas atribuições e responsabilidades técnicas. É apenas nesta ocasião
que grande parte dos recém-formados sente o peso da profissão e a falta que as informações
vão fazer. Coloca-se nas entrevistas que é neste momento que grande parte dos profissionais
comete grandes erros, e descumprem preceitos éticos, morais e legais em relação ao exercício
profissional, e pode-se dizer que a maioria destas infrações não ocorre por má-fé, mas por
desconhecimento do que é certo. Ao adentrar no mercado de trabalho são muitas as dúvidas e
desafios enfrentados pelo jovem profissional e é neste momento que as entidades devem
auxiliar e orientar os engenheiros.

Em relação à Universidade, observou-se que no passado iniciou-se uma política de


aproximação com o sistema profissional e com o mercado de trabalho, através dos Fóruns de
Engenharia, que eram eventos organizados pela Escola em parceria com a Associação
Brasileira de Engenheiros Eletricistas- ABEE e com empresas da área. Porém os eventos com
o passar do tempo tornaram-se políticos e mercantilistas, o que causou certo desconforto e
desagradou a academia, que colocou fim à iniciativa.

Concomitantemente, o relacionamento da Escola com o Conselho se fragilizou devido


ao entendimento, por parte de alguns professores que se dedicam exclusivamente à academia,
que o professor de engenharia não necessita se registrar ao CREA e devido à forte cobrança
de anuidades e outros documentos que a Universidade entende não ser necessária.

Entende-se que os professores são peças fundamentais ao aprendizado, inclusive sobre


o sistema profissional e que o fato de serem profissionais registrados e atuantes serviria de
exemplo e traria noções da vivência profissional aos acadêmicos. Por parte das Escolas de
Engenharias, algumas iniciativas têm colaborado para uma recente aproximação, como a
50

veiculação das informações do CREA nas reuniões de Conselho Diretor, a presença constante
de um representante da Escola na plenária do CREA-GO e a participação de um membro da
Assessoria de Educação do CREA-GO na Comissão de Avaliação Institucional da UFG.

A Universidade têm grandes oportunidades de levar as informações aos estudantes,


através da criação de uma disciplina denominada Deontologia, onde poderia ser trabalhado o
Código de ética profissional, ou através da disciplina de Direito, onde deveria ser estudada a
legislação profissional e em palestras e eventos que poderiam ser realizados em parceria.

Em relação ao Clube de Engenharia, nota-se a relevância da entidade na criação da


Escola de Engenharia e a importância desta entidade para o cenário da profissão em Goiás.
Porém, em relação à aproximação com estudantes, as iniciativas não chegam a eles. Poucos
são os que sabem sobre a possibilidade de associação e os eventos realizados pela entidade
não ganham muita repercussão na instituição de ensino. Apesar de vários de seus professores
serem filiados ao Clube.

O Clube é visto pela maioria principalmente pelo viés do lazer e poucas são as ações
realizadas como entidade de classe, dessa forma, sugere-se que seja feita uma campanha
contínua não só para intensificar a associação dos acadêmicos, mas também para envolvê-los
nas atividades profissionais realizadas pelo Clube.

Uma importante iniciativa do Clube e que pode ser estendida aos acadêmicos é sua
revista mensal de grande alcance, que cumpre papel essencial de informar e manter
atualizados seus sócios sobre as principais notícias de engenharia no Estado de Goiás.

O Conselho Regional é visto pela Universidade e demais entidades como organização


extremamente burocrática e nem sempre aberta ao profissional. Sem dúvida, a melhor
iniciativa para iniciar uma mudança de comportamento em relação a isso foi o CREA Júnior,
que este ano completa quatro anos.

O CREA Júnior foi criado com o objetivo de ser um fórum composto por estudantes,
membros dirigentes e corporativos, representantes de cada curso de cada instituição
cadastrada no conselho com objetivo de executar atividades que aproximem o acadêmico do
CREA. Ao longo de suas atividades já conta com mais de 1800 futuros profissionais
cadastrados no site do CREA Júnior; mais de 50 palestras realizadas sobre Ética, Legislação,
Sistema Profissional entre outros; participação e realização de mais de 60 eventos técnicos e
formação de novos líderes. A iniciativa têm tido boa aceitação e alcançado bons resultados,
porém, para manter os bons resultados os dirigentes do Conselho devem estabelecer uma
51

política maior de aproximação com os professores e dirigentes das instituições de ensino. É


essencial para a manutenção do programa CREA Júnior uma estratégia de comunicação e um
planejamento estratégico em conjunto com todos os subsistemas do sistema profissional.

Além desta iniciativa acredita-se que o trabalho em conjunto com a Comissão de


Educação e Cultura do Conselho pode vir a trazer melhores resultados às tentativas de
aproximação com a academia.

Observou-se também que poucos profissionais conhecem e já usufruíram da


infraestrutura do conselho que dispões de excelente auditório e sala do profissional, com
computadores, e ótimo ambiente à disposição dos engenheiros.

Relativo ao Sindicato dos Engenheiros nota-se seu crescimento como entidade através
do trabalho relevante que vem fazendo ao longo dos anos de sua existência na defesa do
trabalhador engenheiro. Sua participação em dissídios coletivos e o presente discurso em prol
dos direitos da categoria conferiram maior responsabilidade e reconhecimento.

Os benefícios oferecidos aos profissionais associados são assessoria jurídica,


atendimento odontológico e convênio médico, são serviços importantes e já ofertados há anos
pelo sindicato. Porém percebe-se por parte do profissional, que alguns desconhecem os
benefícios e outra parte vê outras necessidades que poderiam ser supridas pela entidade, tais
como cursos de capacitação, reciclagem e palestras técnicas. É claro o interesse por parte dos
dirigentes em atender os desejos dos associados, mas percebe-se também o pouco
envolvimento do sócio e algumas dificuldades em executar as atividades por parte dos
dirigentes uma vez que, apesar do grande número de pessoas na direção, poucas realmente
tem disponibilidade para trabalhar em prol da entidade. O Sindicato oferece uma
infraestrutura confortável, dispondo de minibiblioteca e auditório e ainda dispõe de seu
informativo mensal, que é disponibilizado impresso e digital aos profissionais. Acredita-se
que com a criação de uma nova modalidade de sócios aspirantes, acadêmicos de engenharia, o
sindicato tenha uma renovação e desenvolva mais atividades em prol dos profissionais. E
possa adicionar ao rol de benefícios cursos de capacitação, coaching de carreira, banco de
empregos, palestras, eventos técnicos, promoção de atividades sociais entre outras.

Constata-se ainda que as unidades do sistema profissional não se reconhecem como


subsistemas, mas como instituições isoladas. Percebe-se também um discurso pautado na
existência de diferentes barreiras limitadoras para as ações conjuntas e que o argumento do
52

desinteresse geral por parte dos profissionais serve como pretexto para explicar as ações
discretas e o pouco envolvimento com a classe.

Observa-se também que, na teoria, todas as entidades investigadas trazem como


objetivos/missões ações que visam o apoio à formação do profissional, como pode ser
observado nos trechos transcritos dos respectivos estatutos/regimentos:

“Contribuir para o aperfeiçoamento técnico e cultural dos Engenheiros,


Arquitetos, Agrônomos e Geólogos; [...] Estudar questões técnicas, econômicas
e sociais de interesse público correlacionadas com a classe congregada; [...]
Promover o entrosamento com Instituições de Ensino Superior da Engenharia,
Arquitetura, Agronomia e Geologia do Estado de Goiás, visando contribuir na
melhoria e qualidade do ensino técnico e científico; [...]”. (CLUBE DE
ENGENHARIA)

“Apoia-se nos seguintes princípios e valores: [...] valorização e


desenvolvimento profissional e funcional; [...] compromisso com a
aprendizagem [...]”. (MÚTUA).

“Fundar e manter cursos, notadamente de aperfeiçoamento e especialização e


de modogeral pugnar pela imediata elevação do nível técnico no País, pelo
apuro continuado doensino da engenharia e pelo prestígio da profissão; [...]
Realizar congressos para tratar de assuntos de interesses profissionais, da
técnica e daindústria; [...] Manter elevado nível cultural, moral e social da
categoria profissional; [...]”. (SENGE).

“Celebrar convênios com órgãos públicos e privados, instituições dasociedade


civil, entidades de classe e instituições de ensino; [...] manter ações junto às
instituições de ensino e assessorar o CREA nas ações que objetivem o
aperfeiçoamento técnico e cultural do profissional do Sistema Confea/CREA;
[...] Organizar e divulgar eventos culturais relativos aos profissionais do
Sistema [...]”. (CREA).

Porém, de acordo com as pesquisas de campo e entrevistas, as ações que tornam


prática os objetivos acima descritos são inexpressivas ou muito sutis.
Pela ótica de Macedo (1999), Nogueira (2012) e Nogueira (2013), entende-se os
subsistemas do sistema profissional como organizações complexas, caracterizadas por
culturas diferentes e que devem ser cuidadosamente geridas do ponto de vista de comunicação
externa, interna e planejamento. Como já foi colocado, ao longo da atuação destes
subsistemas surgiram divergências nos relacionamentos entre as entidades, que provavelmente
poderiam ter sido evitados por meio da gestão da comunicação e destes relacionamentos.
53

Do ponto de vista de planejamento, as organizações complexas devem ser pensadas


por um ponto de vista estratégico. Necessitam, portanto de planejamentos que englobam o
longo prazo e que envolvam também as ações das outras entidades, uma vez que atendem o
mesmo público.

O que deve ocorrer é a tão conhecida política da “boa vizinhança” onde os subsistemas
coexistem em harmonia, cientes cada um de seu verdadeiro papel e sua importância para o
profissional sem concorrência ou preciosismos.

A partir de um panorama nacional percebe-se pouca interação das entidades com os


profissionais. Observou-se em alguns casos a falta de líderes ativos e de renovação de
lideranças. Paralelamente, surgem algumas iniciativas mais discretas de renovação do quadro
de efetivos das entidades, de promoção de eventos e cursos que fomentam o cooperativismo e
o associativismo, que são fundamentais para a conservação e continuidade das entidades
como organizações que atendem à profissão e a sociedade.

Acredita-se, portanto que cada entidade deve buscar cumprir com a sua respectiva
missão e objetivos, porém deve-se envolver o associado instigando-o a se colocar como
agente da profissão. Cabe também às entidades incentivar o profissional a se envolver com o
seu ofício e se apropriar das suas responsabilidades como engenheiro-cidadão. Devem-se
intensificar também as ações de comunicação, que informam a sociedade da importância da
figura do profissional engenheiro.

O engenheiro deve ser bem visto não pelo status que é atribuído a ele no ato da
formatura, como um título de nobreza, mas por ser um agente de mudança da sociedade,
promotor de melhorias na qualidade de vida do cidadão, profissional atuante e que trabalha
pela infraestrutura do país e evolução da nação, pautado pela ética profissional e pela
transparência das suas ações. Ainda neste sentido, campanhas de valorização profissional
devem reforçar ao profissional reconhecer a sua função social e o impacto das ações da sua
categoria na sociedade.

Constatou-se ao longo das pesquisas de campo e entrevistas a necessidade de um


material que reunisse informações sobre o sistema profissional e acredita-se que esta é uma
grande contribuição deste trabalho, através do Guia do Engenheiro (apêndice A). Espera-se
que as informações contidas no Guia sejam refinadas pelas entidades e reproduzidas aos
interessados.
54

Durante este projeto outra grande contribuição foi alcançada, a criação do SENGE
Jovem, através da resolução no. 001/2014, DE 18 DE Junho de 2014, que cria a modalidade
de estudante de engenharia filiado ao Sindicato dos Engenheiros no Estado de Goiás. Mais
uma iniciativa que poderá informar amparar e defender os interesses da categoria, pautada
pela valorização profissional, formação de novos líderes e formação do engenheiro.

Este trabalho abriu portas e caminhos para o início de um relacionamento mais


saudável e harmonioso entre as entidades e acredita-se que, com um plano estratégico e a
gestão da comunicação, serão alcançados muitos objetivos que tornarão a categoria mais forte
e trará mais orgulho aos profissionais.

Além disso, constatou-se que é fundamental que coordenadores e representantes dos


cursos de Engenharia tenham uma efetiva participação nas discussões públicas acerca dos
temas ligados à Engenharia e à Tecnológica. Também observou-se a necessidade dos cursos
de Engenharia procurarem interagir com o setor produtivo ou com o setor público, procurando
criar uma rede que integre o conhecimento a sua aplicação. Isso é o que se tem chamado de
Parques Tecnológicos, espaços onde a indústria se aproxima da academia. Porém, cabe
destacar que as iniciativas não precisam ser sempre da dimensão da criação de um parque
tecnológico. Essa integração pode ser realizada por convênios específicos, que podem dar
conta da utilização de espaços dos cursos para atividades das empresas, com a participação
dos alunos e dos funcionários. Os estágios obrigatórios ou não obrigatórios são vivências
institucionais extremamente propícias para essa integração e que podem ser aproveitados com
este objetivo.

Como já colocado inicialmente a Escola de Engenharia da UFG já promove algumas


iniciativas que vem alcançando resultados positivos na interação do profissional com a
sociedade e mais especificamente com o mercado, como pesquisas aplicadas; projetos de
iniciação científica; P&Ds realizados em parceria com diversas empresas; projetos de
extensão e cultura; grupo PET (Conexões de Saberes) que contempla o grupo Clown
Engenheiros Sem Fronteiras; o núcleo de robótica Pequi Mecânico e espera-se que novos
trabalhos surjam e que estes propiciem uma formação multidisciplinar ao engenheiro.
55

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56

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engenheiro: Introdução ao Exercício profissional. Minas Gerais: Senge MG, 2011.

SENGE-GO - SINDICATO DOS ENGENHEIROS DO ESTADO DE GOIÁS. Estatuto do


Sindicato dos Engenheiros. Goiânia, 1996.
57

TELLES, P C S. História da Engenharia no Brasil: Século XX. 2 Ed. Rio de Janeiro: Clavero,
1994.

TELLES, P C S. História da Engenharia no Brasil: Séculos XVI a XIX. 2 Ed. Rio de Janeiro:
Clavero, 1994.
58

ANEXO A
PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Este anexo tem por objetivo apresentar um breve currículo de cada entrevistado e seu
perfil.
1.
Gerson de Almeida Taguatinga, 64 anos, bacharel em Engenharia Civil pela UFG em
1977. Nascido em Goiânia no ano de 1949, sua vida profissional começou aos 22 anos, como
professor de matemática nos colégios Lyceu, Assis Chateaubriand e Olavo Bilac. Após a
graduação trabalhou como engenheiro na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e no
Grupo Sotreq. Dentro das atividades empresariais, fundou a Construtora Rochedo em 1982 e
encerrou suas atividades em 1990. Desde o ano de 1991, é sócio-diretor da Pórtico
Construtora. Parte da sua vida profissional é dedicada também às atividades classistas. Em
2002 foi presidente do Clube de Engenharia de Goiás, onde também foi vice-presidente,
membro do Conselho Fiscal e do Conselho Deliberativo e diretor Financeiro. No período de
2005/2006 foi vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
de Goiás – CREA-GO. Atualmente presidente do Conselho regional de Engenharia e
Agronomia de Goiás.

2.
Reinaldo Gonçalves Nogueira possui graduação em Engenharia Elétrica pela
Universidade Federal de Uberlândia (1991), mestrado em Engenharia Elétrica pela
Universidade Estadual de Campinas (1995) e doutorado em Engenharia Elétrica pela
Universidade Estadual de Campinas (2001). Atualmente é professor associado da
Universidade Federal de Goiás e diretor da FUNAPE - Fundação de Apoio à Pesquisa. Foi
diretor da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação de 2006 a 2014. Tem
experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Controle e Automação Industrial,
atuando principalmente nos seguintes temas: controle, sistema multiagente, robótica
cooperativa, automação e descoberta de conhecimento.

3.
Osvaldo Luiz Valinote possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade
Federal de Goiás (1973), especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho (1978) e
59

mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Goiás (2005). Atualmente é


professor titular da Universidade Federal de Goiás. Tem experiência na área de Engenharia
Civil, com ênfase em Segurança do Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas:
acidentes do trabalho, construção civil, saúde e segurança do trabalho, doenças ocupacionais e
segurança do trabalho. Presidente do Conselho de Curadores da UFG (2011 e 2012).
Conselheiro da Fundação de Apoio à pesquisa do Estado de Goiás - FAPEG (2012 a 2014).
Conselheiro Suplente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA (2012 a
2014). Conselheiro do Conselho Nacional do Direito das Pessoas com Deficiência -
CONADE (2013 a 2015).

4.
Luiz Soares de Queiroz, Engenheiro Civil, formado pela Universidade Federal de
Goiás. Atuante no Clube de Engenharia de Goiás desde 1979 onde já desempenhou diversos
cargos diretivos foi presidente da entidade e atualmente exerce o cargo de Vice-Presidente
para Assuntos Administrativos.

5.
João Bosco é Engenheiro Civil, formado na Universidade Federal de Goiás. Foi da
primeira turma a obter o CREA de Goiás. Iniciou sua vida profissional na SANEAGO, onde
protagonizou a criação da Associação de Engenheiros da Saneago-ASES, entidade que
recentemente completou 30 anos de existência. Foi ainda professor da UNB e da
Universidade Católica, atual PUC. Participou ativamente do sistema profissional através do
SENGE-Goiás desde a década de 70. Foi membro da diretoria e presidiu por seis anos a
entidade. Foi, ainda, representante do SENGE junto à Federação Nacional dos Engenheiros;
Conselheiro do CREA-GO; coordenador da Câmara de Engenharia Civil desta Entidade e no
CONFEA foi eleito Vice-presidente Nacional da Câmara de Engenharia Civil. Atualmente
está aposentado.

6.
Gerson Tertuliano é Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho. Atualmente
desempenha suas atividades na Companhia Elétrica do Estado de Goiás – CELG-D. Atuante
no sistema profissional através do Sindicato dos Engenheiros de Goiás- SENGE-GO é
atualmente presidente da entidade e representante do SENGE junto à Federação Nacional dos
60

Engenheiros. Foi também conselheiro do Conselho regional de Engenharia e Agronomia de


Goiás e desempenhou a função de Coordenador da Câmara de Engenharia Elétrica.

7.
Felipe Resende de Carvalho Sousa é Engenheiro Eletricista (com ênfase em Sistemas
de Potência) e Mestrando em Inteligência Computacional pela Escola de Engenharia Elétrica,
Mecânica e Computação da Universidade Federal de Goiás (EMC-UFG). Foi estagiário da
CELG Distribuição S.A. na área de Engenharia de Manutenção, onde trabalhou com
equipamentos do sistema elétrico e técnicas de manutenção preditiva e corretiva. Também
estagiou no Laboratório de Metrologia em Equipamentos de Conversão de Energia e no
Laboratório de Máquinas Especiais, ambos da EMC-UFG. Tem interesse nas áreas: Sistemas
de Potência, Manutenção de Equipamentos Elétricos, Inteligência Computacional
(Otimização de Sistemas) e Computação Aplicada à Engenharia.

8.
Samantha Moreira Junqueira, Engenheira Civil, formada pela IUESO. Atualmente é
fiscal de obras da Universidade Estadual de Goiás, lotada na Gerência de Infraestrutura.
Possui experiência na área de fiscalização de obras, planejamento e levantamentos; Na área de
Controle Tecnológico, atuou como Coordenadora de Laboratório, sendo responsável pelo
controle de produções de Indústria de Artefatos de Cimento, desenvolvimento de traços de
concreto, pesquisa e inovação. Enquanto Técnica em Edificações atuou em Construtoras, com
ênfase em planejamento e acompanhamento de serviços, medições, controles de estoque,
mapeamentos, levantamentos quantitativos e fiscalização. Possui experiência também na área
de instrução profissional, para cursos técnicos na área da Construção Civil.
61

ANEXO B
REGISTROS DAS PESQUISAS DE CAMPO

Para a realização deste trabalho julgou-se necessário maior envolvimento com as


entidades e para isso a participação em reuniões e atividades de rotina das mesmas. As
pesquisas de campo se referem à participação em reuniões do CREA Júnior, em Plenárias do
CREA, em reuniões de diretoria do SENGE e em eventos organizados pelo Clube de
Engenharia, CREA, CONFEA, FNE, SENGE, CREA Júnior, Mútua e Escola de Engenharia.
As figuras
Figura 1− Reunião do CREA Júnior.

Fonte: Autora.
62

Figura 2 − Plenária do CREA Goiás

Fonte: Autora.

Figura 3 − Evento Cresce Brasil realizado pelo SENGE-GO em parceria coma FNE.

Fonte: Autora.
63

Figura 4 − Reunião realizada no SENGE-GO com acadêmicos e recém-profissionais de


engenharia

Fonte: Autora.

Figura 5 − Evento realizado no CREA pelo CREA Júnior em parceria com a UFG.

Fonte: Autora.
64

Figura 6 − Reunião realizada pelo SENGE com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil e Empresas Juniores de Goiás.

Fonte: Autora.

Figura 7 − Reunião realizada no CREA com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil.

Fonte: Autora.
65

Figura 8 − Evento realizado pelo CONFEA com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil.

Fonte: Autora.

Figura 9 − Evento realizado na Escola de Engenharia da UFG pelo CREA Júnior em parceria
com a ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental)

Fonte: Autora.
66

Figura 10 − Reunião realizada na FNE com a presença do presidente do CONFEA e


dirigentes dos sindicatos dos engenheiros.

Fonte: Autora.

Figura 11 − Reunião realizada no CREA Goiás pelo CONFEA, com a presença dos
presidentes de CREAs do País.

Fonte: Autora.
67

ANEXO C
ROTEIRO DAS ENTREVISTAS REALIZADAS
Para a realização das entrevistas, optou-se por elaborar previamente roteiros que
servissem como guia para as entrevistas, que se dividiram em categorias de professores,
profissionais que participaram ativamente do sistema profissional, recém profissionais e
acadêmicos dos cursos de Engenharia.

Roteiro das entrevistas realizadas com profissionais que participam ativamente do


sistema profissional:

1. IDENTIFICAÇÃO
a. Nome:
b. Local de nascimento:
c. Graduação
d. Universidade:
e. Curso:
f. Período (ano de início e formatura):

2. FORMAÇÃO PROFISSIONAL
a. Na sua formação houve algum contato com entidades de classe/ sistema profissional?
Como aconteceu? De quem foi a iniciativa?
b. O senhor teve alguma participação política dentro da universidade? Centro
Acadêmico, Diretório Estudantil, etc.? Qual foi a motivação para participar?

3. VIDA PROFISSIONAL/ PARTICIPAÇÃO POLÍTICA


a. Em sua opinião qual é a importância do sistema profissional para o engenheiro? O que o
levou a participar de maneira ativa?
b. Qual era o contexto histórico e político do momento em que o senhor presidiu a
organização?
c. Qual era a proximidade da academia e da organização presidida pelo senhor?
d. Durante sua trajetória política, o senhor desenvolveu algum projeto com objetivo de
aproximar os acadêmicos de engenharia do sistema profissional? O senhor pode detalhar isso?
68

e. Em sua opinião, o projeto pedagógico dos cursos da Escola de Engenharia atendem além da
formação profissional, a necessidade de uma formação humana e política? Os engenheiros
estão cientes de seus deveres e direitos perante a sociedade?
f. Em sua opinião, as entidades de classe podem contribuir para a formação humanística e
política dos engenheiros?

4. OUTRAS INFORMAÇÕES
a. O senhor gostaria de acrescentar mais alguma informação que não tenha fornecido por
meio dessas questões? Por favor, sinta-se à vontade.

5. AVALIAÇÃO
a. Que avaliação o senhor faz desta pesquisa?

Roteiro das entrevistas realizadas com professores da Escola de Engenharia:

1. IDENTIFICAÇÃO
a. Nome:
b. Local de nascimento:
c. Graduação:
d. Universidade:
e. Curso:
f. Período (ano de início e formatura):

2. FORMAÇÃO PROFISSIONAL
a. Na sua formação houve algum contato com entidades de classe/ sistema profissional?
Como aconteceu? De quem foi a iniciativa?
b. O senhor teve alguma participação política dentro da universidade? Centro
Acadêmico, Diretório Estudantil, etc.? Qual foi a motivação para participar?

3. VIDA PROFISSIONAL
a. Quais motivações o levaram a escolher a vida acadêmica?
b. Em sua opinião qual é a importância do sistema profissional para o engenheiro?
c. Qual era o contexto histórico e político do momento em que o senhor dirigiu a escola?
d. Qual era a proximidade da academia e das entidades de classe?
69

e. Durante sua trajetória na escola, o senhor desenvolveu algum projeto com objetivo de
aproximar os acadêmicos de engenharia do sistema profissional? O senhor pode detalhar isso?
f. Em sua opinião, o projeto pedagógico dos cursos da Escola de Engenharia atendem além da
formação profissional, a necessidade de uma formação humana e política? Os engenheiros
estão cientes de seus deveres e direitos perante a sociedade?
g. Em sua opinião, as entidades de classe podem contribuir para a formação humanística e
política dos engenheiros?

4. OUTRAS INFORMAÇÕES
a. O senhor gostaria de acrescentar mais alguma informação que não tenha fornecido por
meio dessas questões? Por favor, sinta-se à vontade.

5. AVALIAÇÃO
a. Que avaliação o senhor faz desta pesquisa?

Roteiro das entrevistas realizadas com acadêmicos e recém profissionais de


Engenharia:
1. IDENTIFICAÇÃO
a. Nome:
b. Local de nascimento:
c. Graduação:
d. Universidade:
e. Curso:
f. Período (ano de início e formatura):

2. FORMAÇÃO PROFISSIONAL
a. Durante a vida acadêmica, houve algum envolvimento/contato com o sistema profissional?
Como ocorreu?
b. O que você conhece como sistema profissional e as formas de atuação de cada entidade?
c. Você já recebeu algum convite para conhecer ou participar?
d. Como você vê a importância do sistema profissional para a profissão?
e. O que você acha que o sistema profissional poderia fazer para aproximar do estudante e do
jovem profissional?
70

3. VIDA PROFISSIONAL (PARA OS RECÉM PROFISSIONAIS)


a. Você já fez o registro? Se não, por quê?
b. Como você se sente fazendo parte do sistema profissional?
c. Você procurou se associar à alguma entidade? Como foi isso?

4. OUTRAS INFORMAÇÕES
a. O senhor gostaria de acrescentar mais alguma informação que não tenha fornecido por meio
dessas questões? Por favor, sinta-se à vontade.

5. AVALIAÇÃO
a. Que avaliação o senhor faz desta pesquisa?
71

APÊNDICE A
72

O GUIA DO ENGENHEIRO SUMÁRIO


Apresentação
A História da Engenharia

Guia do Engenheiro A Engenharia em Goiás


Regulamentação Profissional
O que o futuro e jovem profissional devem saber sobre o Sistema Profissional
sistema profissional de engenharia e agronomia. O CONFEA
O CREA Goiás
O SENGE GOIÁS
A FNE
O CLUBE DE ENGENHARIA
A ESCOLA DE ENGENHARIA
A Mútua
A Engecred
As responsabilidades profissionais
O exercício profissional
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)
Acervo Técnico
As atribuições profissionais
As Áreas de Atuação
73

As Atividades Profissionais APRESENTAÇÃO


O Salário Mínimo Profissional
A Ética profissional Este material tem como objetivo apresentar ao futuro e
Curiosidades jovem profissionais a organização do sistema profissional, tirar
dúvidas e trazer novos conceitos sobre as profissões abrangidas
pelo CONFEA/CREA.
Espera-se que este leitor seja um agente consciente de sua
profissão e contribua para o desenvolvimento técnico, ético e
sustentável da Engenharia.
74

A HISTÓRIA DA ENGENHARIA Na Ásia, a Engenharia teve desenvolvimento isolado, mas


muito similar ao do Ocidente, com técnicas de construção,
Entende-se por Engenharia, a atividade profissional de hidráulica e metalurgia que contribuíram para o estabelecimento de
aplicação da ciência e da tecnologia à transformação dos recursos civilizações como o Império Mongol. A Engenharia Oceânica foi
da Natureza, para o usufruto da Humanidade. A resolução de revolucionada com a Escola de Sagres, fundada pelo Infante D.
problemas é comum a toda a atividade de engenharia. Os Henrique em 1416, que alçou Portugal à condição de potência
problemas podem envolver aspectos qualitativos e quantitativos, marítima e viabilizou a integração de todos os continentes da Terra.
físicos ou econômicos, e podem demandar modelagem matemática A geração de tecnologia estava integrada a um projeto nacional e a
ou senso comum. O processo de síntese criativa ou projeto, uma formação escolar planejada. A Engenharia Mecânica tem seu
associando idéias na criação de soluções novas e melhores, é de berço na Inglaterra e na Escócia, como uma derivação das invenções
grande importância. do escocês James Watt e das máquinas têxteis da Revolução
A Engenharia, como profissão, é antiga. O primeiro Industrial. A indústria de máquinas-ferramenta inglesa promoveu a
engenheiro conhecido pelo nome próprio e por suas realizações é engenharia mecânica no mundo. As lâmpadas elétricas de Thomas
Imhotep, construtor da Pirâmide de Saqqarah, no Egito, Edison, dos EUA, e o motor e gerador elétrico do Z.T. Gramme,
provavelmente em torno de 2550 A.C.. Seus sucessores belga, em torno de 1872-75, levaram ao desenvolvimento da
desenvolveram a Engenharia Civil e elaboraram registros como a engenharia elétrica e eletrônica. O número de engenheiros
"De Architectura”, de Vitruvius, uma obra em 10 volumes publicada eletricistas e eletrônicos superou todas as outras especialidades, no
em Roma, no século I D.C., sobre materiais de construção, mundo, ao final do século XX. A Engenharia Química se
hidráulica, medidas e planejamento urbano. desenvolveu, no século XIX, a partir da difusão de processos
industriais envolvendo reações químicas na metalurgia, produção
75

de alimentos, têxteis e outros produtos. O uso de produtos No Brasil. o ensino de engenharia originou-se na área militar,
químicos demandou uma indústria de produção em massa destes em 1699, no Rio de Janeiro, por ordem do Rei D. Pedro I, de
produtos, por volta de 1880. No início do século XX, nos EUA, o Portugal, dando origem à bicentenária Escola Politécnica da UFRJ,
projeto de processos, de produção em massa, de produtos antecedendo à École Politechnique (Paris, 1794), considerada
complexos montados teve início, com a “Administração Científica" referência, e a todas as escolas de engenharia das Américas.
de F.W.Taylor e H. Ford, e inaugurou a engenharia de produção, Em dezembro de 1933, no Governo de Getulio Vargas, é
galgando importância crescente ao inovar e criar soluções para a promulgado o Decreto Federal 23.569, que regulamentou as
produção em massa. Na produção em grande escala de produtos profissões de Engenharia, Arquitetura e Agrimensores e instituindo
complexos remanufaturados, os estudos de engenharia de os Conselhos Federal e Regionais de Engenharia e Arquitetura. Em
produção se agregam aos de engenharia de produtos, numa 1966, a Lei 5.194 revoga tacitamente este decreto, conferindo maior
atividade de engenharia propriamente simultânea (ou concorrente), autonomia ao CONFEA, incluindo a expressão Agronomia nas
descaracterizando uma visão de práticas de engenharia por denominações dos Conselhos.
especialidades. Ao final do século XX, tendências como a
nanotecnologia apontam para a criação de novos materiais
apoiados em manufatura molecular, como os fulerenos, assim como
para processos de produção-consumo planejados de modo a
recuperar materiais e componentes produzidos, como a
remanufatura, em implantação na indústria automobilística da
Alemanha, por força de leis federais.
76

A ENGENHARIA EM GOIÁS Atualmente nosso estado conta com mais de 25.508


profissionais habilitados nas profissões abrangidas pelo sistema
Em Goiás, a história do ensino de engenharia está associada CONFEA/CREA e a participação das mulheres já é de cerca de 15,7%
a uma Entidade de Classe representativa da Engenharia no estado: do total. São mais de 113 instituições de ensino formando
o Clube de Engenharia. A criação oficial do Clube de Engenharia se profissionais e o sistema profissional ainda conta com 47 Inspetorias
deu em 10 de janeiro de 1951. No ano seguinte, quando da Regionais do CREA e mais de 11 entidades de classe.
comemoração do Dia do Engenheiro (11 de dezembro), os membros
do Clube de Engenharia resolveram mobilizar esforços para fundar REGULAMENTAÇÃO PROFISSIONAL
neta capital uma Escola de Engenharia. Assim, no dia 13 de
setembro de 1952 foi lavrada a primeira Ata da Assembléia Geral No Brasil existem profissões regulamentadas e outras não, as
Extraordinária da criação da Fundação da Escola de Engenharia do primeiras adotam regulamentação própria, por intermédio de
Brasil Central. normas especificas que disciplinam o exercício e a fiscalização das
Em 1960, foi criada a Universidade Federal de Goiás (UFG) atividades dos profissionais a ela submetidos. A regulamentação se
que incorporou a Escola de Engenharia do Brasil Central, que passou justifica nas profissões cujas as atividades causam impactos
a denominar-se Escola de Engenharia da UFG. Assim como a Escola econômicos, ambientais e sociais, na saúde humana e animal. No
de Engenharia da UFG ampliou o ensino de engenharia, as Brasil, apenas é regulamentada a profissão cujo exercício
Entidades de Classe representativas da Engenharia se ampliaram no indiscriminado afeta ou coloca em risco a sociedade. Assim cada
estado. Foi criado o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia categoria profissional tem a sua legislação própria: a Lei 4.215/63
de Goiás (CREAGO), o Sindicato dos Engenheiros no Estado de Goiás (advogados), Lei 3.268/57 (Médicos), Lei 3.820/67 (Farmacêuticos),
(SENGE) dentre outras Entidades de Classe.
77

a Lei 5.194/66 (Engenheiros, Agrônomos e as demais profissões 2. OS CONSELHOS PROFISSIONAIS são órgãos auxiliares da
afins) e a Lei 12.378/2010 (Arquitetos e Urbanistas). administração pública federal, nos quais o registro dos profissionais
É importante ressaltar que é condição necessária e respectivos é obrigatório. São pessoas jurídicas criadas por leis
fundamental para o exercício das profissões regulamentadas, o específicas para o desempenho de atividades públicas
registro e o pagamento da anuidade no devido conselho perfeitamente caracterizadas. São investidos de capacidade
profissional. contenciosa e, especialmente no caso do Sistema Confea/Creas,
conforme determina a Lei 5.194/66, de capacidade de
O SISTEMA PROFISSIONAL regulamentação da lei que o criou, podendo aplicar penalidades,
arrecadar taxas e exercer o chamado “poder de polícia”. Existem
O Sistema Profissional da Engenharia e Agronomia é fundamentalmente para a verificação, a fiscalização e o
composto por cinco subsistemas, são eles: de formação profissional, aprimoramento do exercício profissional e representam, de um
de Serviço Público, sindical, associativo, e de assistência. lado, a presença do Estado, através de prepostos autorizados – os
1. A INSTITUIÇÃO DE ENSINO representa a organização correspondente Conselhos Regionais, no controle desse exercício e, de outro, a
à fase da formação profissional. Seus objetivos são a qualificação do presença dos próprios profissionais em sua gestão.
profissional através do ensino, a geração de tecnologias através da É importante lembrarmos a singularidade da natureza multi-
pesquisa e a integração à comunidade através da extensão. Foi, e profissional do Sistema CONFEA-CREA, sendo o único Conselho no
em parte continua sendo, através da escola que a sociedade Brasil que congrega mais de 300 profissões (engenheiros de todas
transfere ao cidadão os conhecimentos acumulados historicamente as modalidades, técnicos industriais e agrícolas, geógrafos,
sobre determinada área do saber e o transforma em cidadão- meteorologistas, geólogos e etc.), representando um universo de
profissional. 850 mil profissionais.
78

Com a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), por 4. ASSOCIAÇÕES, CLUBES, CENTROS, INSTITUTOS, etc., são entidades que
meio da lei 12.378/2010, os profissionais de arquitetura e promovem a reunião e a integração dos profissionais em torno de
urbanismo passaram a ser abrangidos por este Conselho. O CAU interesses comuns, tais como os de ordem cultural, política, de
começou a funcionar, efetivamente, a partir de 19/12/2011, com a lazer, desportiva, social e outros. Dentro do Sistema Profissional o
conclusão do seu primeiro processo eleitoral. subsistema associativo é o de maior número de unidades, o mais
3. OS S INDICATOS são os organismos propriamente corporativos das disseminado no território nacional e o de maior número de
profissões. Entidades de direito privado cujo funcionamento é participantes voluntários, através do qual pode-se integrar à
regido por disposições constitucionais e instrumentos legais comunidade profissional e experimentar o intercâmbio e a
específicos. Essa legislação estabelece como princípio geral a convivência indispensáveis tanto ao desenvolvimento pessoal como
chamada unicidade sindical, de acordo com a qual só poderá existir profissional.
um único sindicato representativo de uma categoria profissional 5. A MÚTUA atua como entidade assistencial do Sistema
operando numa mesma base territorial, base esta que não poderá Confea/Crea/Mútua e com o objetivo constante de propiciar melhor
ser inferior à área de um município. Os sindicatos, nos quais a qualidade de vida aos seus associados, a Mútua de Assistência dos
participação é sempre voluntária, objetivam fundamentalmente a Profissionais do Crea é uma Sociedade Civil sem fins lucrativos
defesa dos direitos e interesses das categorias profissionais que criada por uma resolução do Conselho Federal de Engenharia,
representam, inclusive em questões jurídicas e administrativas. Arquitetura e Agronomia (Confea), em 1977. Possui Jurisdição em
Desenvolvem, também, atividades assistenciais junto a seus todo o território nacional através de suas representações junto aos
associados e promovem a ação política para o fortalecimento do Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia – Creas.
profissional como trabalhador.
79

Objetivos do Sistema CONFEA/CREA O CONFEA

É importante ressaltar que os Conselhos não são órgãos de O CONFEA surgiu oficialmente com esse nome em 11 de
defesa dos interesses econômicos, políticos, sociais, econômicos ou dezembro de 1933, por meio do Decreto nº 23.569, promulgado
trabalhistas. A missão deles é proteger a sociedade contra o risco a pelo então presidente da República, Getúlio Vargas e considerado
que estará exposta pela execução de atividades técnicas por leigos marco na história da regulamentação profissional e técnica no
ou ainda pelo mau exercício profissional. Para a sociedade, essa Brasil.
atuação significa segurança nas obras e serviços prestados. Em sua concepção atual, o Conselho Federal de Engenharia e
A capacidade de ação dos CREAS está restrita às leis que Agronomia é regido pela Lei 5.194 de 1966, e representa também
regulamentam o exercício das profissões e às normas estabelecidas os geógrafos, geólogos, meteorologistas, tecnólogos dessas
pelo Conselho Federal. Contudo, é permitido aos Conselhos modalidades, técnicos industriais e agrícolas e suas especializações,
Regionais baixar Atos no sentido de garantir o cumprimento das leis num total de centenas de títulos profissionais.
e, também, das resoluções do Confea, no âmbito de suas O CONFEA é uma autarquia federal, especial, que tem como
jurisdições. missão fiscalizar e regulamentar o exercício ético e legal da
Os Conselhos Regionais são mantidos através de anuidades profissão em prol da sociedade. Não se pode, portanto, confundir
recolhidas pelos profissionais e empresas e, entre outras taxas, a da com a defesa os interesses individuais e coletivos dos profissionais
ART – Anotação de Responsabilidade Técnica. Parte dessa receita é (função reservada aos sindicatos) e com a fiscalização do uso e
repassada ao Confea, às Entidades de Classe e Instituições de ordenamento do solo urbano, liberação de alvarás ou embargar
Ensino que mantém convênio com o CREA e parte é destinada à construção de obras irregulares (papel legalmente atribuído às
manutenção da Mútua (Caixa de Assistência dos Profissionais). prefeituras municipais).
80

Em seus cadastros, o Sistema Confea/Crea tem registrados O CREA GOIÁS


cerca de um milhão de profissionais que respondem por cerca de
70% do PIB brasileiro, e movimentam um mercado de trabalho cada O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás -
vez mais acirrado e exigente nas especializações e conhecimentos CREA-GO é uma autarquia federal de fiscalização do exercício das
da tecnologia, alimentada intensamente pelas descobertas técnicas profissões de Engenheiros, Engenheiros Agrônomos, Geólogos,
e científicas do homem. Geógrafos, Meteorologistas, Tecnólogos e Técnicos de nível médio
O Conselho Federal é a instância máxima à qual um das modalidades mencionadas, defendendo a sociedade no que diz
profissional pode recorrer no que se refere ao regulamento do respeito à qualidade, ética e, principalmente, coibindo a prática do
exercício profissional. exercício ilegal dessas profissões.

Fonte: CREA, [6].


O CREA Goiás foi criado no ano de 1967, de acordo com a
Fonte: CONFEA, [10].
resolução 170 do CONFEA, protocolada pelo então presidente do
clube de Eng. Civil Nilson Paulo de Siqueira.
81

Em Goiás, o Conselho é constituído por 66 Conselheiros, Presidência é o órgão executivo do Conselho. O Presidente
sendo 33 efetivos e 33 uplentes, com renovação anual de um terço exerce função em caráter honorífico com mandato de três anos e é
de seus membros. Exercendo uma função honorífica, o Conselheiro eleito pelo voto direto de todos os profissionais registrados no
tem mandato de três anos. CREA, desde que estejam com suas anuidades atualizadas. Compete
O Plenário é o órgão supremo do Conselho, sendo ao Presidente: dirigir, coordenar e administrar todas as atividades
constituído pelo Presidente e pela totalidade dos conselheiros do Conselho.
efetivos e suplentes, estes na falta ou impedimento daqueles. É a A diretoria é o órgão auxiliar da Presidência. É constituída
última instância administrativa no âmbito do Estado, na decisão de pelo Presidente e mais seis Conselheiros (dois vice-presidentes, dois
assuntos relativos à competência do Regional. secretários e dois tesoureiros).
As Câmaras Especializadas são órgãos incumbidos de julgar e As comissões permanentes são órgãos auxiliares do Plenário
decidir, em 1ª instância, sobre assuntos de fiscalização pertinentes do Conselho, no desenvolvimento de atividades contínuas
às respectivas profissões e infrações ao Código de Ética Profissional. relacionadas a um tema específico de caráter legal, técnico ou
Cada Câmara é composta por, no mínimo, quatro Conselheiros, administrativo. São compostas por, no mínimo, três Conselheiros.
sendo três da mesma modalidade profissional e um representante Atualmente o Conselho conta com as seguintes Comissões
do Plenário. Permanentes:
Atualmente o Conselho possui quatro Câmaras: 1 - Ética Profissional;
-Câmara Especializada de Agronomia (C.E.A.); 2 – Orçamento e Contas;
-Câmara Especializada de Engenharia Civil (C.E.E.C.); 3 - De Meio Ambiente;
-Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (C.E.E.E.); 4 - De Estudo de Renovação do Terço;
-Câmara Especializada de Engenharia Industrial (C.E.E.I.). 5 - De Engenharia de Segurança do Trabalho;
82

6 - De Licitações; O CREA JÚNIOR


7 - De Educação e Atribuição Profissional; e O Crea Júnior de Goiás – Crea-GO Júnior é um programa que
8 - De Inspetorias; tem como objetivo principal romover a aproximação entre o
As comissões especiais são órgãos auxiliares da estrutura Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Goiás –
básica do Regional, que tem por finalidade desenvolver atividades Crea-GO e os acadêmicos dos cursos das profissões abrangidas pelo
de caráter temporário relacionadas a temas específicos, técnicos ou Sistema CONFEA/Crea, no estado de Goiás.
administrativos. São compostas por, no mínimo, três Conselheiros Valores: Transparência, liderança, ética, responsabilidade e
Efetivos. Atualmente o Conselho conta com as seguintes Comissões organização.
Especiais: Missão: Promover a aproximação entre o Conselho Regional
1 - Do Mérito; de Engenharia e Agronomia do Estado de Goiás – Crea-GO e os
2 - Eleitoral Regional; acadêmicos dos cursos das profissões abrangidas pelo Sistema
3 - De Inquérito e de Sindicância; CONFEA/ Crea, no estado de Goiás.
Os grupos de trabalhos são órgãos de caráter temporário Visão: Integrar todos os acadêmicos dos cursos das profissões
com a finalidade de subsidiar os órgãos da estrutura básica e da abrangidas pelo sistema CONFEA/Crea com o CREA-GO,
estrutura de suporte por intermédio do estudo de assuntos de promovendo uma relação saudável entre os membros e o Conselho.
interesse geral, objetivando fixar entendimentos e apresentar Os objetivos do Crea-GO Júnior são:
propostas. São compostos por Conselheiros e por profissionais do I- Orientar os acadêmicos dos cursos das profissões vinculadas ao
Sistema CONFEA/CREA. sistema CONFEA/Crea sobre a legislação vigente;
Atualmente o Conselho conta com o Grupo de Trabalho II- Difundir o Código de Ética Profissional da Engenharia e
sobre Acessibilidade, Mobilidade e Transporte. Agronomia dentre os acadêmicos das profissões vinculadas ao
83

sistema CONFEA/Crea, conscientizando o acadêmico quanto ao O SINDICATO DOS ENGENHEIROS - SENGE GOIÁS
papel do profissional junto à sociedade e orientando-o para o
exercício profissional dentro dos princípios éticos; O Sindicato dos Engenheiros no Estado de Goiás, com sede e
III- Fortalecer junto aos acadêmicos o espírito participativo foro em Goiânia, foi criado em 10 de dezembro de 1976 e é
associativo, apresentando as entidades classistas profissionais aos constituído para fins de estudo, defesa dos interesses econômicos e
acadêmicos, a fim de despertar o interesse e o envolvimento profissionais da categoria e dos interesses individuais dos
destes; associados, coordenação, proteção e representação legal da
IV- Inserir os acadêmicos na vida institucional do sistema, buscando categoria engenheiros (Civis, de Minas, Mecânicos, Eletricistas,
entender as necessidades deste; Industriais, Agrônomos e demais especialidades profissionais
V- Oferecer serviços informativos relacionados a Engenharia e fixadas pelo CONFEA), na base territorial do Estado de Goiás,
Agronomia aos acadêmicos das profissões vinculadas ao sistema conforme estabelece a legislação em vigor sobre a matéria e com o
CONFEA/Crea; intuito de colaboração com os poderes públicos e as demais
VI- Propiciar oportunidades de complementação curricular técnica, associações, no sentido da solidariedade social e da sua
buscando contribuir com a formação do futuro profissional; subordinação aos interesses nacionais.
VII- Estabelecer parcerias com as Instituições de Ensino para a A cada três anos o sindicato realiza eleições e até hoje sete
realização de eventos de formação profissional; presidente estiveram à frente do destino da entidade.
VIII- Disponibilizar aos acadêmicos dos cursos das profissões Na primeira eleição do Sindicato dos Engenheiros no Estado
vinculadas ao sistema CONFEA/Crea demais parcerias e de Goiás mais de 700 profissionais já faziam parte da entidade. Hoje
oportunidades que o Crea-GO possa oferecer. são mais de quatro mil filiados que compartilham dos benefícios do
SENGE-GO.
84

Dentre os benefícios oferecidos aos filiados estão: SENGE JOVEM


- Fundo de Saúde em parceria com a Unimed; O Senge Jovem é uma nova iniciativa do sindicato para trazer
- Assistência Odontológica com consultório próprio; os acadêmicos para a entidade de classe. Tem como objetivo a
- Assessoria Jurídica Trabalhista, com advogado próprio; renovação do quadro de filiados, a formação de jovens lideranças e
Atualmente o sindicato está sediado na Avenida Portugal, a inserção dos jovens e futuros profissionais no sistema
482 - Setor Oeste, Goiânia. E conta com uma excelente estrutura profissional.
para atender seus associados. Auditório com capacidade para 50 O SENGE Jovem dissemina e desenvolve ações relacionadas aos
pessoas, que possibilita aos sócios capacitação e orientação técnica seguintes temas:
através de palestras e seminários. Biblioteca com inúmeros I ­ Defesa da classe profissional;
exemplares disponíveis inclusive para “locação”, sala para II ­ Aprimoramento Profissional;
assistência odontológica e sala para assistência jurídica, cozinha e III ­ Consciência Sindical;
demais cômodos para servidores internos. IV – Ética do exercício profissional;
V - Integração dos jovens e futuros profissionais ao mercado de
trabalho;
Com o intuito de:
a) Proporcionar a rápida integração dos recém­formados ao meio
profissional e sindical;
b) Promover a liderança sindical por meio do sistema
CONFEA/CREA;

FONTE: SENGE, [5].


85

c) Incentivar e promover a participação de jovens e futuros e trabalho e pelo fortalecimento da democracia e suas instituições.
profissionais em atividades de benefício da profissão e no conselho Direitos dos profissionais, melhores condições de trabalho, inclusão
profissional; social e fortalecimento da democracia são suas principais bandeiras.
d) Prepará­los para uma ativa representação perante os órgãos Trabalha fortemente pelo desenvolvimento nacional por meio do
públicos e no meio político; projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”.
e) Participar de eventos acadêmicos para promoção da classe A FNE engajou-se ao esforço de criação da CNTU porque
profissional junto à comunidade acadêmica. observou que suas questões não eram uma discussão só dos
engenheiros, mas sim de muitas categorias. A criação da CNTU é
A FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS – FNE uma forma concreta de unir forças, somar com as reivindicações de
outras entidades que têm objetivos em comum.
A FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), filiada a CNTU A Constituição de 1988 proíbe a interferência do Estado na
(Confederação Nacional dos Trabalhadores liberais Universitários organização dos sindicatos, definindo o enquadramento sindical por
Regulamentados),foi fundada em 25 de fevereiro de 1964, tem categoria profissional.
sede em Brasília e, hoje, é composta por 18 sindicatos estaduais, A Federação Nacional dos Engenheiros representa os
aos quais estão ligados cerca de 400 mil profissionais. A entidade foi profissionais em questões trabalhistas, como Acordos, Convenções
constituída com o objetivo de representar nacionalmente a e Dissídios Coletivos de Trabalhos , independente dos mesmos
categoria, atuando na coordenação, na defesa e na representação serem associados ou não aos sindicatos. No entanto, se um
dos profissionais, por intermédio de seus sindicatos. profissional se associa a outros sindicatos, que não representam a
Atua intensamente na congregação de seus representados e sua categoria, não tem a garantia da aplicação dos acordos e
luta pelos direitos dos profissionais, por melhores condições de vida dissídios promovidos por esses sindicatos.
86

* Em alguns Estados a FNE possui sindicatos com a inclusão - Atuar, isolado ou com outros órgãos de classe, na defesa da
dos arquitetos e agrônomos. sociedade;
Constituem a FNE os seguintes sindicatos dos Estados do Acre, - Fazer com que a Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia
Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, nas suas várias modalidades sejam justa, humana e social,
Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio objetivando o bem da coletividade a que serve;
Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São - Orientar com base no “Código de Ética Profissional” todas as
Paulo e Tocantins. atividades relacionadas com a Engenharia, Arquitetura, Agronomia
e Geologia;
O CLUBE DE ENGENHARIA – CENGE GOIÁS - Colaborar com outros órgãos de Classe pela valorização dos
profissionais da Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia;
O Clube de Engenharia de Goiás, Entidade de Classe da - Promover o entrosamento com Instituições de Ensino Superior da
Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia, também Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia do Estado de Goiás,
denominado CENG, foi fundado em dezembro de 1942 e tem como visando contribuir na melhoria e qualidade do ensino técnico e
finalidades principais: científico;
- Congregar os profissionais de nível superior da Engenharia, - Desenvolver atividades técnicas, culturais, sociais, esportivas e de
Arquitetura, Agronomia e Geologia; lazer para os associados e seus familiares;
- Contribuir para o aperfeiçoamento técnico e cultural dos - Contribuir para o aprimoramento das instituições nacionais e
Engenheiros, Arquitetos, Agrônomos e Geólogos; colaborar na defesa dos princípios democráticos e do estado de
- Estudar questões técnicas, econômicas e sociais de interesse direito;
público correlacionadas com a classe congregada;
87

- Representar a Classe perante os poderes públicos constituídos, A ESCOLA DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
outras entidades congêneres e a sociedade; e A história da EMC/UFG vem sendo construída desde 1952,
- Promover competições e atividades desportivas a seus associados, com o esforço dos seus primeiros idealizadores, os dirigentes do
dotando para tanto o CENG de locais apropriados. Clube de Engenharia.
Atualmente o regimento do clube de engenharia já abrange A Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação
a modalidade de sócio aspirante, podendo assim o estudante de da Universidade Federal de Goiás teve início com a Escola de
engenharia se associar a partir do quinto ano da sua formação Engenharia do Brasil Central, com sede em Goiânia, criada em 1952
acadêmica. e reconhecida pelo Decreto nº. 45.138A de 29 de dezembro de
1958, publicado no Diário Oficial da União em 12 de janeiro de
1959. Naquela ocasião havia apenas o curso de graduação em
Engenharia Civil.
Posteriormente, com a criação da Universidade Federal de
Goiás (UFG) em 14 de dezembro de 1960 através da Lei nº. 3.844C,
a Escola de Engenharia do Brasil Central tornou-se a Escola de
Engenharia da UFG. Em 1964, foi implantado o curso de graduação
em Engenharia Elétrica, reconhecido pelo Decreto nº. 67.032 de 10
Fonte: CENGE, [8].
de agosto de 1970.
88

como estratégia a otimização do uso dos espaços físicos. Também,


com o incentivo do REUNI, teve início em 2009 o curso de
Engenharia Mecânica, iniciando assim um novo tempo na EEEC. Em
2012, a EEEC passou novamente por uma mudança em seu nome,
ficando Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação -
EMC.
Em 1968, a turma pioneira, colou grau na então Escola de
Engenharia da UFG. A partir da Escola de Engenharia da UFG,
surgiram, em 09 de dezembro de 1991 a Escola de Engenharia
Elétrica (EEE) e a Escola de Engenharia Civil (EEC), situadas na Praça
Universitária, Campus Colemar Natal e Silva (Campus 1), no Setor
Universitário de Goiânia. O curso de graduação em Engenharia
Elétrica ficou sob responsabilidade da EEE. Em 1998, teve início na
EEE o curso noturno de graduação em Engenharia de Computação.
No mesmo ano, iniciou-se também o curso de Mestrado em
Fonte: EMC, [9].
Engenharia Elétrica e de Computação.
Em 2003, por decisão aprovada no Conselho Universitário
(CONSUNI) da UFG, a Escola de Engenharia Elétrica passou a
chamar-se Escola de Engenharia Elétrica e de Computação.
Em 2009, aproveitando-se do REUNI a EEEC passou a ofertar o curso
de Engenharia de Computação também no período matutino, tendo
89

A MÚTUA compromisso com o desenvolvimento sustentável; espírito de


equipe.
A Mútua - Caixa de Assistência dos Profissionais dos Creas - é Todos os profissionais com registro nos Conselhos Regionais
uma sociedade civil sem fins lucrativos criada pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Creas) - desde que
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), pela resolução nº atendam às condições estabelecidas em seu regimento -, além de
252 de 17 de dezembro de 1977, conforme autorização legal empregados dos Creas, do Conselho Federal de Engenharia,
contida no artigo 4º da Lei 6.496 de sete de dezembro de 1977. Arquitetura e Agronomia (Confea) e da Mútua.
O principal objetivo da Mútua é oferecer a seus associados planos
de benefícios sociais, previdenciários e assistenciais, de acordo com
sua disponibilidade financeira, respeitando o seu equilíbrio
econômico-financeiro. Sua missão é atuar como entidade
assistencial do Sistema Confea/CREA e Mútua, prestando benefícios
diferenciados que propiciem melhor qualidade de vida aos
mutualistas. Seu négocio é promover soluções em benefícios para
os mutualistas.
Apoia-se nos seguintes princípios e valores: Integridade,
ética e cidadania; parcerias e relacionamentos de qualidade;
serviços de excelência; valorização e desenvolvimento profissional e
funcional; descentralização, unidade de ação e transparência;
compromisso com a aprendizagem organizacional; inovação e
90

A ENGECRED de associados, isto é, o Sicoob Engecred-GO avalia a solicitação de


associação de qualquer cidadão na capital e região Metropolitana.
O Sicoob Engecred-GO foi criado no dia 24 de abril de 2000,
em Assembleia de Constituição no Clube de Engenharia de Goiás, e
suas atividades tiveram início em 2001, quando sua primeira sede
foi inaugurada.
Entidade sem fins lucrativos tem como objetivo a
cooperação e ajuda mútua na concessão de créditos em condições
vantajosas aos seus associados. Oferece uma ampla gama de
produtos e serviços, sendo uma excelente alternativa ao sistema
financeiro tradicional. As taxas praticadas, os serviços e o Fonte: Engecred, [11].
acolhimento proporcionam condições excepcionais aos cooperados,
que são os verdadeiros donos do empreendimento. As sobras
financeiras (lucros) são distribuídas anualmente aos associados,
proporcionalmente à movimentação e as operações realizadas por
cada cooperado.
Em seu início o Sicoob Engecred-GO era restrito apenas a
categoria de Engenheiros e Arquitetos; Atualmente a cooperativa
tem a autorização do Banco Central do Brasil para a livre admissão
91

AS RESPONSABILIDADES PROFISSIONAIS No exercício diário das profissões, surgem responsabilidades


que se enquadram entre as modalidades a seguir:
O profissional integrado ao Sistema Confea/Creas, em
decorrência de suas atividades, está sujeito a responsabilidades que RESPONSABILIDADE ÉTICO-PROFISSIONAL
podem advir de três fontes: a Lei (responsabilidade legal), o Esta responsabilidade deriva de imperativos morais, de
Contrato (responsabilidade contratual) e o Ato Ilícito preceitos regedores do exercício da profissão, do respeito mútuo
(responsabilidade extracontratual). entre os profissionais e suas empresas e das normas a serem
A responsabilidade legal é aquela que toda lei impõe para observadas pelos profissionais em suas relações com os clientes. Os
determinada conduta, independentemente de qualquer outro deveres ético-profissionais não são estranhos às relações jurídicas
vínculo. Tal responsabilidade é de ordem pública e por isso mesmo e, muitas vezes, consorciam-se para fundamentar
irrenunciável e intransacionável pelas partes. A responsabilidade responsabilidades. Os desrespeitos aos preceitos éticos
contratual é aquela que surge do ajuste das partes, nos limites em consignados no Código de Ética Profissional do Engenheiro e
que for convencionado para o cumprimento das obrigações de cada Agrônomo, instituído pela resolução 205/71 do Confea, são punidos
contratante. É normalmente estabelecida para a garantia da com uma das sanções previstas no artigo 72 da Lei 5.194/66, ou
execução de um contrato, tornando-se exigível nos termos seja, advertência reservada ou censura pública, aplicadas
ajustados diante do descumprimento do estipulado. A inicialmente ao infrator (sempre um profissional) pela Câmara
responsabilidade extracontratual é toda aquela que surge de ato Especializada competente do Crea, com recurso para seu Plenário e,
ilícito, isto é, contrário ao direito. Tal responsabilidade, é óbvio, não posteriormente, para o Confea.
é regulada por lei, nem depende de estipulação contratual, porque
tanto a lei como o contrato só regem atos lícitos.
92

RESPONSABILIDADE TÉCNICO-ADMINISTRATIVA para a execução de obras e serviços representa violação do preceito


É aquela que obriga os profissionais, como exercentes que legal ou regulamentar e configura a responsabilidade em apreço
são de atividades regulamentadas e fiscalizadas pelo Poder Público, como autônoma e inconfundível com as demais. Ela diferencia-se
tanto pelos Conselhos Profissionais como por outros órgãos da fundamentalmente, entretanto, da responsabilidade civil, já que
administração direta e indireta, ao cumprimento das normas, dos esta provém da lesão ao patrimônio e/ou integridade física de
encargos e das exigências de natureza técnico-administrativas. outrem e aquela origina-se simplesmente do atentado ao interesse
Entre esses elementos aparecem, em primeiro lugar, as várias leis público, sempre presumido nas imposições da administração ao
que definem a extensão e os limites do já citado “privilégio administrado.
profissional”, E, no Sistema Confea/ Creas, há uma centena de A responsabilidade técnico-administrativa se formaliza, na
instrumentos administrativos (Resoluções) que regulamentam essas relação profissional-cliente-Conselho Regional, através da chamada
leis. Mas não param aí as normas, encargos e exigências que Anotação de Responsabilidade Técnica – ART (Lei 6.496/77).
balizam o exercício profissional. Há também aquelas inseridas nas
normas técnicas brasileiras e internacionais, aplicáveis, nos códigos RESPONSABILIDADE CIVIL
de obras e posturas municipais, nas normas de proteção e defesa É aquela que impõe a quem causar um dano a obrigação de
ambiental, nas normas estabelecidas pelas empresas públicas repará-lo. Essa reparação deve ser a mais ampla possível,
exploradoras dos serviços de energia elétrica, de telecomunicações, abrangendo não apenas aquilo que a pessoa lesada perdeu como
de saneamento, nas exigências de proteção contra incêndios e também o que ela deixou de ganhar. A responsabilidade civil por
outras. Inclua-se nesse rol, cada dia mais, as normas de segurança determinada obra dura, a princípio, de acordo com o Código Civil
crescente estabelecidas pelas companhias seguradoras. Assim Brasileiro, pelo prazo de cinco anos, a contar da data que a mesma
sendo, o descumprimento de exigências técnicas e administrativas foi entregue, podendo, em alguns casos, estender-se por até vinte
93

anos se comprovada a culpa do profissional pela ocorrência. Dentro RESPONSABILIDADE PENAL OU CRIMINAL
da responsabilidade civil, de acordo com as circunstâncias de cada Ela resulta da prática de uma infração que seja considerada
caso concreto, poderão ser discutidos os seguintes itens: contravenção (infração mais leve) ou crime (infração mais grave) e
• Responsabilidade pelo projeto; pode sujeitar o causador – no caso o profissional da engenharia ou
• Responsabilidade pela execução da obra contratada; agronomia – conforme a gravidade do fato, a penas que implicam
• Responsabilidade por sua solidez e segurança; na eliminação da liberdade física (reclusão, detenção, ou reclusão
• Responsabilidade quanto à escolha e utilização de materiais; simples), a penas de natureza pecuniária (multas) ou a penas que
• Responsabilidade por danos causados aos vizinhos; impõe restrições ao exercício de um direito ou de uma atividade
• Responsabilidade por danos ocasionados a terceiros; (interdições).
Em se tratando de obras e serviços contratados, o Por outro lado, as infrações penais podem ser dolosas ou
responsável técnico responde menos como profissional do que culposas. “São dolosas quando há intenção, de parte do agente
como contratante inadimplente, uma vez que o fundamento da causador, de corolário”. E mais, não haverá distinções relativas à
responsabilidade civil não é a falta técnica, mas sim a falta espécie de emprego e a condição do trabalhador, nem entre
contratual, isto é, o descumprimento das obrigações assumidas. trabalho intelectual, técnico ou manual.
Quanto à falta técnica, se ocorrida por qualquer uma de suas várias • Empregador: “a empresa, individual ou coletiva que, assumindo
motivações, sujeitar-se-á o profissional infrator a outros tipos de os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
responsabilidade. prestação pessoal de serviços.”.
Esclarece ainda a CLT que se equiparam ao empregador os
profissionais liberais que admitem trabalhadores como
empregados, decorrente daí o vínculo empregatício e toda a
94

responsabilidade do profissional liberal no âmbito da legislação registrado em um Estado pretenda exercer a atividade em
trabalhista. outro, deve solicitar um "visto" em sua carteira no CREA do
Estado onde pretende trabalhar.
O EXERCÍCIO PROFISSIONAL Registro Empresarial é a inscrição de pessoa jurídica para
habilitá-la a exercer atividades inerentes às profissões fiscalizadas
A graduação confere o título ao profissional e indica que ele pelo Conselho. O registro somente habilita a empresa para o Estado
está qualificado para desenvolver atividades próprias de sua onde é requerido. Da mesma forma que ocorre com o registro
formação, porém, para exercer a profissão este deve estar profissional, caso a empresa registrada em um Estado pretenda
habilitado pelo CREA, através do seu registro profissional. exercer atividades em outro, deve solicitar um "visto" junto ao
Registro Profissional é o ato de inscrição, no CREA, dos CREA do Estado onde pretende atuar.
profissionais das modalidades mencionadas, no Estado onde
pretendem exercer suas atividades. É o documento que habilita ao CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL
exercício profissional. Há dois tipos de registros: Para o exercício da profissão, o engenheiro conta com as
1 - Provisório: Com validade por um ano, prorrogável por suas ferramentas técnico-científicas: o seu diploma e sua carteira
idêntico período, e destina-se ao profissional que ainda de registro no Crea.
não obteve seu diploma. Para requerê-lo basta apresentar O art. 2º da Lei 5.194/66 estabelece as condições de
declaração de conclusão do curso. capacidade e exigências legais para o exercício profissional:
2 - Definitivo: Com validade indeterminada, destina-se ao Art 2º - O exercício, no País, da profissão de engenheiro, arquiteto
profissional já diplomado. O registro somente o habilita ou engenheiro-agrônomo, observadas as condições de capacidade
para o Estado onde é requerido. Caso o profissional e demais exigências legais, é assegurado:
95

a) Aos que possuam devidamente registrados, diploma de O USO DO TÍTULO PROFISSIONAL


faculdade ou escola superior de engenharia, arquitetura ou O título profissional é considerado como patrimônio
agronomia, oficiais ou reconhecidas, existentes no País; inalienável dos profissionais respectivos, a estes deferidos como
b) Aos que possuam, devidamente revalidado e registrado no País, uma espécie de reserva de mercado, como um privilégio
diploma de faculdade ou escola estrangeira de ensino superior de legalmente garantido, de forma perfeitamente justificada, pois vem
engenharia, arquitetura ou agronomia, bem como os que tenham sempre acompanhado de salvaguardas.
esse Os artigos 3º, 4º e 5º da lei 5.1947/66 definem esta questão.
exercício amparado por convênios internacionais de intercâmbio; Art.3º - São reservadas aos profissionais referidos nesta lei as
c) Os estrangeiros contratados que, a critério dos Conselhos Federal denominações de engenheiro ou engenheiro-agrônomo, acrescidas,
e Regionais de Engenharia e Arquitetura ou Agronomia, obrigatoriamente, das características de sua formação básica.
considerados a escassez de profissionais de determinada Parágrafo Único – As qualificações de que trata este artigo poderão
especialidade e o interesse nacional, tenham seus títulos ser acompanhadas de designações outras referentes a cursos de
registrados temporariamente. especialização, aperfeiçoamento e pós-graduação.
Parágrafo Único – O exercício das atividades de engenheiro, Art.4º - As qualificações de engenheiro e engenheiro-agrônomo só
arquiteto e engenheiro-agrônomo é garantido obedecido os limites podem ser acrescidas à denominação de pessoa jurídica composta
das respectivas licenças e excluídas as expedidas, a título precário, exclusivamente de profissionais que possuam tais títulos.
até a publicação destas licenças e excluídas as expedidas, a título Art.5º - Só poderá ter em sua denominação as palavras engenharia
precário, até a publicação desta Lei, aos que, nesta data, estejam e agronomia a firma comercial ou industrial cuja diretoria for
registrados nos Conselhos Regionais. composta, em sua maioria, de profissionais registrados nos
Conselhos Regionais.
96

O EXERCÍCIO ILEGAL E ILEGÍTIMO DA PROFISSÃO engenharia, da arquitetura e da agronomia, com infrigência do


A lei 5.194/66, que regulamenta as profissões de Engenheiro disposto parágrafo único do artigo 8º desta lei.
e Engenheiro-agrônomo, é uma das mais importantes para seu
conhecimento e observação constante. Veja, por exemplo, o que
ela diz com referência ao exercício ilegal da profissão:
Art.6º - Exerce ilegalmente a profissão de engenheiro, arquiteto e
engenheiro-agrônomo:
a) A pessoa física ou jurídica que realizar atos ou prestar serviços,
públicos ou privados, reservados aos profissionais de que trata esta
lei e que não possua registro nos Conselhos Regionais;
b) O profissional que se incumbir de atividades estranhas às
atribuições discriminadas em seu registro; ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA (ART)

c) O profissional que emprestar seu nome a pessoas, firmas,


organizações ou empresas executoras de obras e serviços sem sua Uma peculiaridade da prática da engenharia, da arquitetura, da

real participação nos trabalhos delas; agronomia e áreas afins é que qualquer atividade, projeto, obra ou

d) O profissional que, suspenso do seu exercício, continue em serviço nestas profissões deve ser precedido de uma Anotação de

atividade; Responsabilidade Técnica (ART).

e) A firma, organização ou sociedade que, na qualidade de pessoa


O que é ART?
jurídica, exercer atribuições reservadas aos profissionais da
Por força da própria Lei 6.496/77, a ART é um instrumento
formal pelo qual o engenheiro ou o engenheiro agrônomo
97

registram os seus contratos profissionais junto ao Crea, mediante o em geral. O desempenho de cargo ou função técnica, seja por
pagamento de uma taxa. A ART é feita por intermédio de um nomeação, ocupação ou contrato de trabalho, tanto em entidade
formulário próprio fornecido pelo Crea, onde são declarados os pública quanto privada, obrigada a Anotação de Responsabilidade
dados principais do contrato escrito ou verbal, firmado entre o Técnica no Crea em cuja jurisdição for exercida a atividade.
profissional e seu cliente. A ART é, assim, a súmula de um contrato Das ARTs pessoais extrai-se o seu acervo técnico. O acervo
firmado entre o profissional e o cliente para a execução de uma técnico é um documento oficial onde consta em detalhes toda a sua
obra ou prestação de serviço. Ela define, além das obrigações atividade profissional e constitui-se num comprovante idôneo para
contratuais, a identificação do(s) responsável(véis) técnico(s) pelo seu “curriculum vitae”. Pela exigência da ART, o Crea pode coibir o
serviço ou obra, bem como a delimitação clara desta exercício ilegal da profissão por leigos, o que é uma garantia das
responsabilidade. prerrogativas profissionais, constituindo-se, também, num
Lei nº 6.496/77: “Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução instrumento de defesa do seu mercado de trabalho.
de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referente A ART é uma forma de defesa dos direitos autorais de planos
à engenharia, à arquitetura e à agronomia fica sujeito à Anotação de projetos dos profissionais que os elaboram. Pela ART fica
de Responsabilidade Técnica”. anotado o que a lei assegura ao profissional em termos de direitos
A ART é o documento que define para os efeitos legais o(s) de autoria ou co-autoria. Sendo a ART uma expressão fiel do
responsável (eis) técnico(s) pela obra/serviço. Assim, quando o acordado entre o profissional e o cliente, por seus termos
profissional prestar um serviço, desde uma simples consulta até estabelecem-se os limites da responsabilidade que o profissional
uma grande obra, deverá fazer previamente uma ART. Da mesma terá no seu trabalho. Nela estará anotado exatamente o que se
forma, a ART deverá ser feita para o desempenho de cargo ou propôs a fazer para seu cliente e qual o seu nível de
função técnica nos órgãos públicos, instituição de ensino, empresa responsabilidade.
98

Da mesma forma, ficam documentados na ART as compatível com as suas atribuições, desde que anotada a respectiva
obrigações contratuais de ambas as partes. A ART é um documento Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no Crea.
hábil para a garantia de sua remuneração por serviços ou obras O acervo técnico de uma pessoa jurídica é representado
prestadas, mesmo que contratados verbalmente. Nenhum pelos acervos técnicos dos profissionais de seu quadro técnico e de
profissional pode exercer atividades para as quais não tenha seus consultores técnicos devidamente contratados. Nas licitações,
habilitação específica. Pela ART, o Crea pode controlar as tanto no setor público como no privado, é cada vez mais frequente
atribuições profissionais e coibir a exorbitância, evitando que a sua a exigência de comprovação das atividades técnicas
prerrogativa profissional seja assumida por outro profissional não desempenhadas, quer por profissionais, que por pessoas jurídicas,
legalmente habilitado. por meio de certidões emitidas pelos Creas. Assim, é da maior
conveniência que o profissional mantenha em dia as ARTs das
ACERVO TÉCNICO atividades exercidas, sobretudo aquelas referentes às
coparticipações e ao desempenho de cargos ou funções técnicas. É
À medida que o profissional vai efetuando suas Anotações bom lembrar que a comprovação futura, além de difícil, nem
de Responsabilidade Técnica (ARTs), o seu Acervo Técnico vai sendo sempre é possível.
construído. No momento em que houver necessidade ou Lei 5.194/66:
simplesmente vontade de obtê-lo, bastará ao profissional dirigir-se Art. 68º: “As autoridades administrativas e judiciárias, as
ao Crea e requerer uma certidão de seu acervo técnico (CAT). repartições estatais, paraestatais, autárquicas ou de economia
Considera-se Acervo Técnico do profissional toda a mista não receberão estudos, projetos, laudos, perícias,
experiência por ele adquirida ao longo de sua vida profissional, arbitramentos e quaisquer outros trabalhos, sem que os autores
99

(profissionais ou pessoas jurídicas) façam prova de estar em dia AS ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS


com o pagamento da respectiva anuidade. ’
Art. 69º: “Só poderão ser admitidos nas concorrências públicas para As atribuições profissionais dos engenheiros podem ser
obras ou serviços técnicos e para concursos de projetos, agrupadas nas seguintes atividades:
profissionais e pessoas jurídicas que apresentarem prova de 1. Pesquisa - com base na matemática e em conceitos científicos,
quitação de débito ou visto do Conselho Regional da jurisdição técnicas experimentais e raciocínios indutivos e dedutivos, o
onde a obra, o serviço técnico ou projeto deva ser executado.” engenheiro de pesquisa busca novos princípios, leis, teorias e
processos.
2. Desenvolvimento - o engenheiro aplica os resultados da pesquisa
a problemas concretos, gerando modelos de novos produtos,
processos e sistemas de produção.
3. Projeto - o engenheiro elabora, planeja, especifica e dimensiona
os processos de produção, equipamentos, instalações, materiais, de
modo que atenda os requisitos técnicos que assegurem a qualidade
do produto.
4. Produção e Operação - o engenheiro atua especialmente em
processos de produção, reciclagem e remanufatura em grande
escala, projetando sistemas integrados de pessoas, equipamentos e
materiais, assegurando a qualidade, a produtividade, e a
preservação das pessoas e do meio-ambiente. O engenheiro cuida
100

da gestão das máquinas, materiais e energia, informações e humano que importem na realização dos seguintes
pessoas, de modo a assegurar a confiabilidade e economia dos empreendimentos:
processos de produção. I - aproveitamento e utilização de recursos naturais;
5. Ensino - atua basicamente, na formação e capacitação de novos II - meios de locomoção e comunicações;
profissionais, da mão-de-obra técnico operacional e de apoio às III - edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e
atividades da Engenharia. regionais, nos seus aspectos técnicos e artísticos;
IV - instalações e meios de acesso a costas, cursos e massas de água
AS ÁREAS DE ATUAÇÃO e extensões terrestres; e
V - desenvolvimento industrial e agropecuário.
A Resolução nº. 1048/2013 do CONFEA estabelece as áreas
de atuação do engenheiro e engenheiro agrônomo.
Art. 1º Consolidar as áreas de atuação, as atribuições e as
atividades dos Engenheiros Agrônomos ou Agrônomos, Engenheiros
Civis, Engenheiros Industriais, Engenheiros Mecânicos Eletricistas,
Engenheiros Eletricistas, Engenheiros de Minas, Engenheiros
Geógrafos ou Geógrafos, Agrimensores, Engenheiros Geólogos ou
Geólogos e Meteorologistas, nos termos das leis, dos decretos-lei e
dos decretos que regulamentam tais profissões.
Art. 2º As áreas de atuação dos profissionais contemplados nesta
resolução são caracterizadas pelas realizações de interesse social e
101

AS ATIVIDADES PROFISSIONAIS O SALÁRIO MÍNIMO PROFISSIONAL

De acordo com a resolução nº. 1048/2013 do CONFEA as Em 1966, o Congresso Nacional aprovou a legislação que
atividades dos profissionais citados no art. 1º desta resolução são as estabelece o Salário Mínimo Profissional para os diplomados em
seguintes: Engenharia. Por esta legislação, o salário mínimo do engenheiro é
I - desempenho de cargos, funções e comissões em entidades calculado em função do número diário de horas trabalhadas. Assim,
estatais, para o profissional que cumpre jornada diária de seis horas o salário
paraestatais, autárquicas e de economia mista e privada; é de 6 vezes o Salário Mínimo vigente no país. Quando a jornada
II - planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, diária for superior a seis horas, o tempo excedente desse limite será
obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais apurado, tomando-se o custo da hora - um salário mínimo por hora
e desenvolvimento da produção industrial e agropecuária; - acrescido do adicional de 25%. Assim, teremos, por exemplo,
III - estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, jornada de 7 horas diárias, 7,25 salários mínimos e jornada de 8
pareceres e divulgação técnica; horas diárias, 8,5 salários mínimos.
IV - ensino, pesquisa, experimentação e ensaios; A dúvida maior quanto à aplicação da lei 4950-A/66 surge
V - fiscalização de obras e serviços técnicos; quando o engenheiro trabalha no setor público. O Senado Federal
VI - direção de obras e serviços técnicos; considerou a lei inconstitucional em relação aos funcionários
VII - execução de obras e serviços técnicos; públicos estatutários.
VIII- produção técnica especializada, industrial ou agropecuária. Assim, se o engenheiro é contratado sob o regime
estatutário, a lei 4950-A/66 não se aplica. Já quando o funcionário é
102

contratado sob o regime da CLT, o Judiciário tem entendido que o grupo social, que o constitui, pensa e define sua própria identidade
ente público se submete ao que está previsto na lei 4950-A/66. política e social; e como aquele grupo social se compromete a
Tabela para cálculo do Salário Mínimo Profissional realizar seus objetivos particulares de um modo compatível com os
princípios universais da ética.
A resolução nº. 1002/2002 do CONFEA adotou o seu código
de ética profissional.
Ética é um dos principais instrumentos da valorização
profissional. Ao agir dentro da legítima conduta ética, os
profissionais da área tecnológica – responsáveis pelas habitações,
cidades, produção de alimentos, segurança, sustentabilidade
ambiental etc. – têm sua função social reconhecida pela sociedade.
Pautar a conduta profissional pelo princípio da ética é o
caminho para a consolidação da identidade social que a Engenharia

Fonte: SENGE, [5]. merece.


De um modo geral, a Ética tem como objetivo facilitar a vida

ÉTICA PROFISSIONAL em sociedade sem que a realização pessoal de cada indivíduo


prejudique outro. É a parte da filosofia que visa à evolução da

O Código de Ética é um acordo explícito entre os membros humanidade.

de um grupo social, uma categoria profissional, um partido político,


uma associação civil etc. Seu objetivo é explicitar como aquele
103

Para consolidar padronizações de comportamento, cada O nome Minerva está vinculado a “mens” mente, e
grupo cria seus códigos de ética, para nortear a correção das “memini” recordar. Esta relação da deusa com os politécnicos tem,
intenções e das ações, nas relações entre a profissão e a sociedade. em realidade, correspondência com seus atributos mitológicos.
No âmbito das atividades da Engenharia, Agronomia, Minerva é deusa guerreira e protetora, mas, ao mesmo
Meteorologia, Geografia e Geologia, técnicos e demais profissões tempo, deusa da sabedoria e da reflexão. Ela não vence seus
afins, o cumprimento estrito do Código de Ética resulta na evolução inimigos pela força bruta, mas pelos ardis que inventa, pela astúcia
das nossas profissões. O documento trata do relacionamento e pela inteligência de seus estratagemas. Minerva tem a face
profissional, da intervenção profissional sobre o meio, da liberdade feminina e a masculina: embora mulher, é uma deusa virgem que
e segurança profissionais, dos deveres, dos direitos e do objetivo, defende o poder masculino. É a senhora das técnicas, da
natureza, honradez e eficácia profissionais. racionalidade instrumental, a criadora das saídas de
engenhosidade.
Deusa guerreira, da sabedoria, das atividades práticas, mas
CURIOSIDADES também do trabalho artesanal de fiação, do espírito criativo e da
Símbolo da Engenharia vida especulativa, ela reúne aspectos fundamentais à formação do
A Minerva tornou-se um símbolo que identifica as profissões politécnico. A Minerva sintetiza duas dimensões do trabalho do
abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREAs, com suas insígnias: a engenheiro: a criação, por um lado, e a execução, por outro.
lança, o capacete e a égide. É tida na Mitologia greco-romana como
uma das principais guerreiras de um longínquo passado utópico.
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