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AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA VISUAL EM PRAÇAS E PARQUES

QUEIROZ, Virginia Magliano (1);


ONO, Rosaria (2)
(1) Universidade de São Paulo, Mestranda
e-mail: vimagliano@usp.br
(2) Universidade de São Paulo, Professora Livre-Docente
e-mail: rosaria@usp.br

RESUMO

Este artigo apresenta resultados de parte de uma pesquisa de mestrado que propõe explorar um
conjunto de técnicas para avaliação da eficácia da acessibilidade implantada em praças e parques para
as pessoas com deficiência visual. São analisadas entrevistas realizadas com especialistas de outras
áreas do conhecimento e com pessoas com deficiência visual, a fim de identificar as restrições que o
ambiente proporciona a estes últimos, bem como a eficácia dos métodos e elementos atualmente
regulamentados e projetados. Esta pesquisa possibilitou o aprofundamento sobre as limitações e
habilidades das pessoas com deficiência visual, além do entendimento de sua percepção do ambiente.

ABSTRACT

This article presents some results of a Research Project that aims at the study of a group of techniques
for the performance evaluation of accessibility in parks and squares for people with visual deficiency.
Interviews were carried out with experts on visual deficiency as well as with people with different degrees
of visual deficiency, in order to identify restrictions given by the environment and by today´s design
parameters. This research allowed the study and understanding of the abilities and limitations of people
with visual deficiency and their specific way of environment perception in open spaces.

1. INTRODUÇÃO

Definidos como “áreas a que todas as pessoas possam acessar e usufruir a qualquer momento, e onde a
responsabilidade por sua manutenção é assumida coletivamente” (HERTZBERGER, 2006, p.12), os
espaços públicos possuem papel fundamental para as cidades, formalmente e funcionalmente,
estimulando o lazer e a interação entre os usuários, e melhorando a socialização e a valorização da
comunidade. Segundo Bins Ely e outros (2006), os espaços livres “modificam a paisagem urbana e
interferem na configuração e escala da cidade”, assumindo função social, organizacional, ecológica e
cultural. Representados mais plenamente por praças e parques, estes espaços devem garantir a inclusão
social, integração e a consequente socialização da população urbana. Porém, isto não ocorre
efetivamente nas cidades brasileiras, pois a maioria das praças e parques públicos se apresenta
inacessível, não atendendo a toda população de forma satisfatória.
São inúmeras as barreiras físicas, informativas e atitudinais, e a falta de condições adequadas de
mobilidade, segurança e conforto restringindo a utilização dos espaços e a realização de inúmeras
atividades das pessoas com limitações. Essa inclusão parcial causa constrangimentos e a
impossibilidade de realizar diversas atividades no espaço. O ambiente se torna deficiente, e não atende
suas funções originais de integração e convívio.
Os dados estatísticos do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2011) mostram a importância e a necessidade, no Brasil, de se preocupar em preparar
o espaço para receber o grande número de pessoas com deficiência visual. Porém, a maioria dos
trabalhos e estudos existentes sobre acessibilidade pouco contempla este grupo de usuários, focando-se
principalmente em cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida, crianças e idosos.
Esta pesquisa propõe, portanto, o aprofundamento do estudo da acessibilidade de praças e parques para
as pessoas com deficiência visual. A partir desse estudo foi possível obter um conhecimento mais
aprofundado da percepção do espaço pela pessoa com deficiência visual, para futuramente possibilitar a
elaboração de propostas que se utilizem da percepção, que contemplem as pessoas com deficiência
visual na orientação e no entendimento do espaço, vindo a sugerir modificações e acréscimos às normas
e diretrizes existentes.
Como afirma Cambiaghi (2007) é fundamental conhecer os critérios de elaboração de projetos para os
diferentes grupos de pessoas (crianças, idosos, gestantes, etc.) com o intuito de se pensar na integração
entre grupos separados de usuários. Isto é, “pensar no ambiente como um local de interação a que todos
os tipos de seres humanos devem ter acesso e possibilidade de utilizar” (CAMBIAGHI, 2007, p.151).

2. MÉTODOS E INSTRUMENTOS UTILIZADOS

A base metodológica desta pesquisa consiste na aplicação de algumas técnicas de Avaliação Pós-
Ocupação centradas nas pessoas, antecedida de uma extensa revisão bibliográfica.

2.1 Revisão Bibliográfica

A revisão bibliográfica é atividade fundamental à fase inicial da investigação, por ser norteadora dos
demais procedimentos, estando presente em todo o desenvolvimento da pesquisa. Consistiu na
fundamentação teórica sobre a percepção espacial da pessoa com deficiência visual, e classificação do
grau de deficiência, assim como a sua natureza, a sua influência na percepção do ambiente e a forma de
desenvolvimento dos outros sentidos para orientação espacial das pessoas com este tipo de deficiência.

2.2 Entrevistas com Especialistas em Deficiência Visual

Em complemento à revisão bibliográfica, foram realizadas entrevistas com especialistas em deficiência


visual de diversas áreas do conhecimento, como orientação e mobilidade, psicologia, educação e serviço
social. Esta etapa da pesquisa objetivou auxiliar o correto entendimento das diferenciações cognitivas e
perceptivas do público-alvo, suas habilidades e limitações, bem como suas específicas percepções do
ambiente. Após a identificação dos possíveis entrevistados, elaborou-se um roteiro de entrevista
semiestruturado, partindo-se para a realização das mesmas de acordo com a disponibilidade dos
envolvidos.

2.3 Entrevistas com Pessoas com Deficiência Visual

Após a etapa de entrevistas com especialistas iniciou-se a elaboração de um roteiro semiestruturado


para ser aplicado ao público-alvo. Foram selecionadas, então, algumas pessoas assistidas por
instituições e grupos de apoio à pessoa com deficiência visual, para realização das entrevistas.
No primeiro momento, foram realizados pré-testes para avaliar se as perguntas estavam adequadas e de
fácil entendimento, e se o roteiro proporcionava respostas de acordo com os objetivos e resultados
esperados. A partir dos pré-testes foram realizados acertos ao roteiro, e iniciou-se a realização das
entrevistas de fato, com caráter qualitativo. Não houve definição prévia da quantidade mínima de
entrevistas, pois a proposta era realizar quantas fossem necessárias para atingir os objetivos
pretendidos, ou seja, obter relatos de diferentes experiências vivenciadas por sujeitos em parques e
praças. Pretende-se obter visões críticas, perceber as facilidades e dificuldades encontradas nos
espaços em questão, e conhecer a relação dos entrevistados com os parques e praças da cidade.
3. ANÁLISES DOS RESULTADOS

3.1 Visão dos Especialistas

A partir da revisão teórica e das entrevistas realizadas com profissionais de outras áreas do
conhecimento, como psicologia, pedagogia, e orientação e mobilidade, foi possível obter importantes
informações sobre a visão e o conhecimento dos especialistas sobre a questão em estudo.

Em relação aos parques especificamente, foram sugeridas algumas intervenções para melhoria da
acessibilidade como a utilização de elementos concretos para balizamento dos espaços, elementos que
possam ser tocados e cheirados, informações em todos os formatos, atentando para o fato de muitas das
pessoas com deficiência visual não terem conhecimento do Braille. Também foram sugeridos inclusão da
audiodescrição dos ambientes e o treinamento dos funcionários do parque, qualificando-os para lidar com
a diversidade de público que recebem.

3.2 Visão dos Usuários

A partir das nove entrevistas realizadas até então com pessoas com deficiência visual, identificou-se a
visão dos usuários em relação a sua percepção espacial e orientação. Foram entrevistados homens e
mulheres, de 29 a 54 anos, com níveis de escolaridade diversos, incluindo pessoas com baixa visão e
cegueira, congênita e adquirida, consequentes de causas diversas.
Foi possível confirmar algumas constatações dos especialistas, como a percepção do ambiente utilizando
todas as pistas possíveis - visual tátil-cinestésica, auditiva, e olfativa – e o não conhecimento do Braille
por muitas pessoas com deficiência. A entrevista estruturada incluiu questões como fatores de
insegurança no deslocamento, efetividade das maquetes, mapas em relevo e pisos táteis, além de
questões relacionadas às experiências e afinidades com espaços de parques e praças.
Foram sugeridas diversas melhorias como, por exemplo, a disponibilidade de audiodescrição em
audioguias com GPS para orientação no interior do parque, e maquetes táteis com localização eficiente
dos pontos de referência, além de pessoas qualificadas para atuarem como orientadores no parque.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As entrevistas com especialistas e com pessoas com deficiência visual se mostraram muito úteis para a
compreensão de aspectos específicos sobre este tipo de deficiência, em seus diferentes graus e sua
relação com a percepção de espaços abertos, e foram embasadas nas informações obtidas previamente
por meio da extensa revisão bibliográfica.
As informações obtidas nas entrevistas serão utilizadas para o desenvolvimento de um roteiro para
avaliação “in loco” de parques e praças com pessoas com deficiência visual na cidade de São Paulo, com
vistas à avaliação da eficácia dos parâmetros de projeto de acessibilidade atualmente vigentes e
proposição de novos.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMBIAGHI, Silvana Serafno. Desenho Universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.
HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/>.
Acesso em: 11 de janeiro de 2013.
BINS ELY, Vera Helena Moro et al. Projeto de Espaços Livres Públicos de Lazer para Todos. XI Encontro
Nacional dos Grupos PET (XI ENAPET), 2006, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2006.

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