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Carlos Souza Jr.

& Adalberto Veríssimo (Imazon)


Laurent Micol & Sérgio Guimarães (ICV)

Resumo
O desmatamento detectado pelo SAD (Sistema de Entre os municípios mais desmatados, Colniza
Alerta de Desmatamento), desenvolvido pelo Imazon, (noroeste do Estado) foi o campeão mensal, com 198
revela um aumento expressivo no desmatamento no quilômetros quadrados. Este município tem se man-
Estado de Mato Grosso para o mês de setembro de tido na liderança do desmatamento desde 2003.
2006: 1.120 quilômetros quadrados (contra apenas 106 Apresentamos uma análise inédita do
quilômetros quadrados no mês de agosto de 2006). desmatamento (perda de vegetação florestal e cerra-
A maior parte (81%) desse desmatamento ocor- do) nas macrobacias hidrográficas de Mato Grosso até
reu em propriedades privadas, mas a participação dos 2005. Revelamos que a situação é particularmente crí-
assentamentos de reforma agrária no desmatamento tica na bacia do rio Teles Pires onde o desmatamento
dobrou de 9% (agosto de 2006) para 18% do total atingiu 46% do seu território até 2005. Além disso,
em setembro de 2006. essa bacia é muito vulnerável a novos desmatamentos
A ilegalidade continua elevada: atingiu 88% do por ter apenas 9% do seu território protegido como
total desmatado em setembro de 2006. Terras Indígenas e Unidades de Conservação.

Estatísticas de Desmatamento Esse aumento era esperado, pois, desde 2004 o


desmatamento tem atingido o seu pico no mês de
De acordo com o SAD, em setembro de 2006 o setembro (Figura 1). Porém, se comparado ao
desmatamento em Mato Grosso atingiu 1.120 qui- desmatamento de setembro de 2005, houve uma
lômetros quadrados contra apenas 106 quilômetros queda significativa de 42% e, em relação a setem-
quadrados em agosto deste mesmo ano (Figura 1). bro de 2004, de 55%.

Figura 1. Desmatamento mensal de agosto de 2004 a setembro de 2006.

Outubro 2006 - nº 3 1
Geografia do Desmatamento Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais
(SLAPR) – que é ilegal – atingiu 651 quilômetros
Em setembro de 2006, a maior parte (81%) do quadrados (58% do total). Já nas propriedades ca-
desmatamento detectado pelo SAD ocorreu em pro- dastradas no sistema de licenciamento do Mato Gros-
priedades rurais. A participação relativa dos assenta- so, apenas 253 quilômetros quadrados (23% do to-
mentos de reforma agrária na taxa de desmatamento tal) foram desmatados. Contudo, quase metade (116
dobrou atingindo 18% (contra 9% no mês anterior), quilômetros quadrados) deste desmatamento foi tam-
enquanto nas Áreas Protegidas manteve-se nos 2% bém ilegal, pois ocorreu nas áreas de reserva legal
do mês anterior (Figura 2, Tabela 1). dessas propriedades. Portanto, o desmatamento ile-
Propriedades Rurais gal nas propriedades rurais totalizou 767 quilôme-
Em setembro de 2006, o desmatamento em pro- tros quadrados (68% do total) em setembro de 2006
priedades rurais não cadastradas no Sistema de (Tabela 1, Figura 2).

Figura 2. Desmatamento detectado pelo SAD em Mato Grosso em setembro de 2006.

Tabela 1. Desmatamento detectado pelo SAD em Mato Grosso,


por tipo de propriedade, em setembro de 2006.

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Assentamentos de Reforma Agrária Municípios Críticos
O desmatamento neste tipo de propriedade aumen-
tou expressivamente em setembro de 2006 em rela- A maior parte (54%) do desmatamento em Mato
ção a agosto de 2006, totalizando 202 quilômetros qua- Grosso ocorreu em dez municípios, com destaque
drados (18% do total). Esse desmatamento foi signifi- para Colniza, no noroeste do Estado, cuja perda flo-
cativo nos projetos de assentamentos situados no mu- restal representou 15% do território estadual
nicípio de Colniza, no noroeste do Mato Grosso (Pro- (Tabela 2, Figura 3). Nos municípios de Nova Ban-
jetos de Assentamento Perseverança, Pacutinga e deirantes, Aripuanã e Peixoto de Azevedo o
Colniza I) e em Matupá e Peixoto de Azevedo, no ex- desmatamento tem se mantido elevado desde janei-
tremo norte do Estado (Projetos de Assentamento ro de 2005, o que reforça a necessidade de intensifi-
Padovani, São José da União e Cachimbo II). car a fiscalização contra o desmatamento ilegal nes-
ses municípios.
Áreas Protegidas
Aproximadamente 14 quilômetros quadrados
(1.400 hectares) de Áreas Protegidas foram ilegalmen- Tabela 2. Dez municípios mais desmatados em Mato Grosso
em setembro de 2006.
te desmatados em setembro de 2006 no Mato Grosso.
Esse desmatamento concentrou-se na Terra Indígena
Marâiwatse e no Parque Nacional do Juruena, áreas
afetadas pelo desmatamento nos últimos meses con-
forme revelam os boletins anteriores. Dados de focos
de queimadas para o mesmo período apontam para
atividades de desmatamento nessas áreas. Por essa ra-
zão, elas devem ser priorizadas para ações de comba-
te ao desmatamento ilegal pelo Ibama (Parque Nacio-
nal de Juruena) e Funai (Terra Indígena Marâiwatse).

Desmatamento Ilegal

Propriedades Privadas. Em setembro de 2006,


o desmatamento ilegal representou 767 quilômetros
quadrados (68% do total desmatado no Mato Gros-
so) nessas áreas, considerando-se as ocorrências nas
propriedades não cadastradas no SLAPR e nas áreas
Desmatamento nas Bacias
de reserva legal das propriedades cadastradas. Hidrográficas de Mato Grosso
Áreas Protegidas. Nessas áreas, o desmatamento
ilegal somou 14 quilômetros quadrados (2% do O Mato Grosso é conhecido como o “Estado
total). das águas” por abrigar três grandes bacias
Assentamentos de Reforma Agrária. De acor- hidrográficas (Amazonas, Araguaia e Paraguai)
do com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e por conter as cabeceiras da maioria dos rios que
no Estado (Sema), somente um único assentamento formam essas bacias (Figura 4). Portanto, a con-
de reforma agrária possui licenciamento no Mato servação da cobertura vegetal de Mato Grosso
Grosso e, mesmo assim, está irregular. Portanto, o (florestas e cerrados) é essencial para a manu-
desmatamento dos 202 quilômetros quadrados tenção das funções e serviços ambientais que es-
(18% do total) nos assentamentos de reforma agrá- sas bacias e seus tributários prestam ao Estado e
ria é considerado ilegal. ao Brasil.

Outubro 2006 - nº 3 3
Figura 3. Dez municípios mais desmatados em Mato Grosso em setembro de 2006.

Figura 4. Macrobacias hidrográficas de Mato Grosso.

4 Outubro 2006 - nº 3
Neste boletim, resumimos a situação do desmatamento macrobacias são cobertas principalmente por cerra-
(perda de vegetação florestal e cerrado) nas três dos.
macrobacias de Mato Grosso até 2005 com base nos Até 2005, o desmatamento já atingia 32% da
dados da Sema. A macrobacia do Amazonas, cuja macrobacia do Amazonas no Mato Grosso enquanto
vegetação é majoritariamente florestal, ocupa 66% nas macrobacias do Araguaia, a perda de cobertura
do território do Estado e é formada pelas bacias do original já somava 42% e na macrobacia do Paraguai,
Xingu, Teles Pires, Juruena, Aripuanã e Guaporé. A 43%. Entretanto, a taxa de desmatamento no perío-
macrobacia do Araguaia representa 15% de Mato do 2003-2005 foi mais elevada na Bacia do Amazo-
Grosso e está concentrada no sudeste enquanto a nas (2% ao ano) em relação às macrobacias do
macrobacia do Paraguai (19% do território) ocorre Araguaia (1,3%) e do Paraguai (1%) (Tabela 3,
principalmente no sul do Estado. Essas duas últimas Figura 5).
Tabela 3. Desmatamento nas bacias hidrográficas de Mato Grosso (com base em dados da Sema, 2006).

* Desmatamento = perda de cobertura florestal e conversão de cerrados.

Figura 5. Desmatamento nas bacias hidrográficas de Mato Grosso (com base em dados da Sema, 2006).

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Desmatamento na Bacia do Teles Pires situação das outras bacias (Xingu, Juruena, Aripuanã
e Guaporé).
Neste boletim, abordaremos a situação do A situação é crítica nas cabeceiras do rio Teles
desmatamento na bacia do rio Teles Pires por três Pires onde o desmatamento já atingiu 58% da super-
razões: (i) o desmatamento é o mais crítico, atingin- fície ocupada pelas sub-bacias dos rios Verde e
do 46% do território até 2005; (ii) a taxa anual de Paranatinga. Na sub-bacia do rio Verde, por exem-
desmatamento é a maior (2,2% ao ano) entre as baci- plo, o desmatamento já destruiu 62% da vegetação
as; e (iii) é a bacia mais vulnerável ao desmatamento original e a taxa anual de desmatamento é bem ele-
por ter apenas 9% de seu território em Áreas Prote- vada (2,2%) (Figura 6). A situação também é grave
gidas, enquanto na bacia do Aripuanâ, por exemplo, no médio Teles Pires, onde a taxa de desmatamento
essas áreas totalizam 35% do território (Tabela 3). e o desmatamento acumulado são expressivos. Além
Nos próximos números do boletim abordaremos a disso, essa parte do rio Teles Pires é muito vulnerá-

Figura 6. Pressão de desmatamento na bacia hidrográfica do rio Teles Pires,


2005 (elaborado a partir de dados da Sema, 2006).

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vel ao desmatamento, pois não abriga nenhuma Área de parte desse desmatamento ocorre nos outros rios que
Protegida (Tabela 4). compõem essa sub-bacia; os rios Carlinda, Santa Hele-
No baixo Teles Pires, a situação é um pouco melhor. na e Paranaíta. No rio Cristalino especificamente, as
Porém, na sub-bacia do rio Cristalino, o desmatamento florestas ainda estão conservadas em função da presen-
alcançou 40% em 2005. É importante ressaltar que gran- ça do Parque Estadual do Cristalino.

Tabela 4. Desmatamento na bacia hidrográfica do rio Teles Pires, 2005 (elabora-


do a partir de dados da Sema, 2006).

NOTAS
Parque do Cristalino ameaçado. Está tramitando na As- final é reduzir o tempo entre a identificação do desmatamento
sembléia Legislativa de Mato Grosso um substitutivo de auto- ilegal e a responsabilização do infrator.
ria do deputado e vice-governador eleito Silval Barbosa O Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente)
(PMDB) propondo a redução do Parque Estadual do Cristali- aprovou duas resoluções para assegurar a transparência na
no em 25 mil hectares. Há uma ampla campanha envolvendo gestão florestal. Pela resolução No 379, o poder púbico
entidades ambientalistas e a sociedade civil contra essa pro- (União e Estados) deverá publicar na internet dados sobre
posta. Maiores detalhes acesse www.icv.org.br. planos de manejo, supressão de vegetação nativa e planos
O Ministério Público Estadual de Mato Grosso (MPE) integrados de indústria e floresta. Por sua vez, a resolução
firmou uma parceria técnica com o Imazon e o ICV para forta- No 378 (regulamenta o artigo 19 do Código Florestal) es-
lecer a atuação do órgão na responsabilização dos crimes tabelece competência para o licenciamento da exploração
ambientais relacionados ao desmatamento ilegal. O objetivo florestal.

Colaboraram nesta edição: Dr. Teodoro Irigaray (UFMT e Fontes de Dados: Para as estatísticas mensais de
Escritório Modelo de Advocacia Ambiental); pelo Imazon: desmatamento foram utilizados os dados do SAD (Imazon).
Amintas Brandão e Anderson Costa (Sensoriamento Remoto) e Para a análise do desmatamento por bacia hidrográfica de Mato
Rodney Salomão (Geoprocessamento); pelo ICV: Roberta Grosso foram utilizados os dados de desmatamento da Sema
Roxilene dos Santos (Geoprocessamenteo) e André Luis Alves; (Mato Grosso) e as delimitações das bacias e sub-bacias de
RL|2 Comunicação e Design (Diagramação e Projeto Gráfico) e acordo com o ZEE de Mato Grosso.
Gláucia Barreto (Revisão de Texto).

Apoio:
Embaixada do Reino dos Países Baixos
Fundação Lucile e David Packard

Outubro 2006 - nº 3 7

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