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ENSINO A DISTÂNCIA:

UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA EMERGENTE PARA A EDUCAÇÃO DE


JOVENS E ADULTOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

3
Manuel Alfonso Dias Munoz
4
Denílson Diniz Pereira
5
Sandra Gorete Calixto Alves de Lima
Resumo:

O presente artigo propõe refletir sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) como
um direito garantido a todo cidadão brasileiro que não teve acesso ao ensino regular
na idade apropriada e o Ensino a Distância (EAD) como uma ferramenta de ensino
aprendizagem que emerge na conjuntura educacional brasileira garantindo a inclusão
de um número expressivo de alunos no processo de escolarização. O primeiro tópico
traça uma linha histórica da Educação de Jovens e Adultos no cenário educacional
brasileiro no intuito de verificar como esta modalidade de ensino foi construída e com
quais objetivos. No tópico seguinte, garante o embasamento legal para Educação de
Jovens e Adultos e para o Ensino a Distância e finalmente analisa as implicações para
o docente e discente da inserção do ―mundo‖ tecnológico na educação de jovens e
adultos.

Palavras – Chave: Educação de Jovens e Adultos- EJA, Ensino a Distância -EAD,


Mercado de Trabalho, Tecnologia, Internet
Abstract:
The present article considers to reflect on the Education of Young and Adults (EJA) as
a guaranteed right the all Brazilian citizen whom access to regular education in the
appropriate age did not have education in a distance (EAD) as an education tool
learning that emerges in the Brazilian educational conjuncture guaranteeing the
inclusion of a expressive number of pupils in the learning process. The first topic traces
a historical line of the Education of Young and Adults in the Brazilian educational
scene in intention to verify as this modality of education as constructed and with which
objectives. In the following topic, it guarantees the legal basement for Young Education
of e adult and for teaching in the distance and finally it analyzes the implications for the
teacher and student of the insertion of the “technological world” in adult the young
education.
Key Worlds: Education of Youth and Adults (EJA), Education in a distance
(EAD), Job Market, Technology, Internet

3
Professor Orientador do TCC. Doutorando em Teologia. MS em Psicologia Social e em Teologia.
Graduado em Psicologia e Teologia. Professor do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Metodista
Izabela Hendrix.
4
Professor co-orientador. Mestre em Educação e em Ensino de Ciências na Amazônia. Especialista em
Psicopedagogia e Gestão Escolar. Pedagogo e Biólogo. Professor do curso de Pedagogia do Centro
Universitário Metodista Izabela Hendrix
5
Graduanda em Pedagogia do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix
18

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um direito garantido a todo cidadão


brasileiro que não teve acesso ao ensino regular na idade apropriada. Esta é uma
afirmação é legitimada pelas leis da educação brasileira. Historicamente, porém, este
direito vem sendo infringido pelas políticas públicas que não dão a verdadeira atenção
a esta modalidade de ensino ou a tem usado apenas para fins eleitoreiros sem o
compromisso com uma educação transformadora.

―A educação de jovens e adultos é um campo de práticas e reflexão


que inevitavelmente transborda os limites da escolarização em
sentido estrito. Primeiramente abarca processos formativos diversos,
onde podem ser incluídas iniciativas visando a qualificação
profissional, o desenvolvimento comunitário, a formação política e um
sem número de questões culturais pautadas em outros espaços que
não o escolar‖. (Pierro, 2001, p.58)

Para Gaddotti (2001) ―a educação de jovens e adultos – EJA visa à


transformação necessária, com objetivo de cumprir de maneira satisfatória sua função
de preparar jovens e adultos para o exercício da cidadania e para o mundo do
trabalho, necessita de mudanças significativas‖. Neste artigo é apresentado o Ensino a
Distância (EAD), como uma das mudanças possíveis no cenário da EJA, sendo uma
ferramenta de ensino aprendizagem que emerge na conjuntura educacional garantindo
a inclusão de um número expressivo de alunos no processo de escolarização e no
mercado de trabalho. Mercado este que exige cada vez mais a formação básica do
profissional ingressante, como impõe ao trabalhador que já atua na área há mais
tempo, uma capacitação constante decorrente das novas necessidades surgidas pela
demanda da globalização, entre elas a utilização de tecnologias.
―A crescente produção acadêmica sobre Educação a Distância (EAD)
revela o que muitos já previam no passado, a saber, a influência
indubitável que essa modalidade teria sobre o sistema educacional
como um todo. As possibilidades de alcançar maior parcela da
população, de forma mais flexível e personalizada, utilizando-se
criativamente das atuais tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC), incentivam a revisão de políticas públicas e de gestão escolar
e universitária, além de desafiar alunos e professores a rever suas
práticas e concepções‖. (Satlher, 2008, p.7)

Tecnologias estas que já são utilizadas em grande escala em espaços de


educação principalmente nos da rede privada, visando o aperfeiçoamento
educacional, onde computadores com programas sofisticados e tecnologia de ponta
fazem parte do cotidiano dos alunos. As barreiras com o mundo são ―quebradas‖
através da Internet, o conhecimento vai se ampliando e modificando numa velocidade
jamais vista.
19

Segundo Assann (2005. p.19), ―uma quantidade imensa de insumos


informativos está à disposição nas redes (entre as quais sobressai a internet). Um
grande número de agentes cognitivos humanos pode interligar-se em um mesmo
processo de construção de conhecimento‖. Para ele o desafio do futuro imediato é
entender melhor as novas formas de construção deste conhecimento e as novas
experiências do aprender. O que se lamenta diante de tudo isto é que esta escola
equipada com tantos recursos tecnológicos tem ficado restrita a uma minoria
privilegiada.

Os estabelecimentos de ensino privado estão cada vez mais,


montando salas de informática e contratando técnicos e professores
para o funcionamento das mesmas. Enquanto o técnico cuida da
infra-estrutura, montagem e manutenção dos equipamentos o
professor cuida da orientação dos alunos quanto ao correto uso
educacional do conteúdo dos computadores instalados na instituição.
Sem duvida este contato com a tecnologia da informação prepara o
aluno, desde o ensino fundamental para o contato com o mundo
digital, preparando-o para o mercado de trabalho e as mais diversas
atividades que o acompanharão durante a vida. Cuore (2009.p.2)

Do processo educacional milhares de indivíduos são excluídos, incluindo


grande parte de jovens e adultos que por diversos problemas, principalmente os
sociais, não tiveram acesso em idade regular à escolarização básica. Quase que
diariamente sofrem com as dificuldades e contrastes gerados por uma sociedade
onde, atrás de uma aparência de democracia e igualdade social impede que todos
participem do seu ―desenvolvimento‖ tecnológico e econômico.

Coure (2009. p.2), diz sobre a tecnologia nos estabelecimentos de ensino


público:

Nos estabelecimentos de ensino publico a realidade é outra. Não são


todas as Escolas que possuem salas de informática e, quando estas
existem são montadas, na sua maioria, com equipamentos obsoletos e
uma grande deficiência de profissionais técnicos e orientadores.

Essa defasagem apontada pelo INAF6 (Índice Nacional de Alfabetismo


Funcional), Leitura e Escrita 2005, revela que no Brasil há 7% de analfabetos, 30% de

6
Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) é um indicador que revela os níveis de alfabetismo funcional
da população adulta brasileira. Seu principal objetivo é o de oferecer informações qualificadas sobre as
habilidades e práticas de leitura, escrita e matemática dos brasileiros entre 15 e 64 anos de idade, de modo
a fomentar o debate público, estimular iniciativas da sociedade civil, subsidiar a formulação de políticas
públicas nas áreas de educação e cultura, além de colaborar para o monitoramento do desempenho das
mesmas.
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alfabetizados em nível rudimentar (conseguem localizar informações explícitas em


textos muito curtos), 38% de nível básico (localizam informações em textos curtos a
médios) e 26% de nível pleno (domínio completo das habilidades).

De acordo com os Referenciais Curriculares da Educação Básica (2000, p.11),


os alunos que demandam a EJA são ―sujeitos sociais e culturais marginalizados nas
esferas socioeconômicas e educacionais, privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo uma participação mais ativa no mundo do
trabalho, da política e da cultura‖; As atuais propostas do EAD em conjunto com a
EJA visam atender a este público cada vez maior e mais sedento em aprender, e
―acertar o passo‖ na educação, mesmo que tardia.

Para o trabalhador que procura a EJA esta modalidade de EAD surge


como uma possibilidade tangível e acessível para complementação
dos estudos, obtenção do reconhecimento formal de suas aptidões e
conhecimentos empíricos e maneira de manter-se como elemento
ativo dentro de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo,
absorvente e exigente no qual não apenas os conteúdos, mas as
competências e capacidades são exigidas e postas à prova, e
também, as funções e promoções passam a exigir a certificação em
nível médio (em sua grande maioria). (PELLEGRINI, 2005.p.5)

Segundo Brasil (2000), a legislação educacional brasileira contempla este


público dando-lhe a possibilidade de associar o Ensino a distância com a Educação de
Jovens e adultos. Esta é garantida através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº 9394/96 - artigos 32º, 37º e 80º, no Decreto nº 5.622 de 19/12/05 que
regulamenta o art.80 da Lei nº 9394/96 - artigos 1º, 2º, 18º, 19º, 30º, 31º, 32º e da
Resolução CEB nº01/00 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação de Jovens e Adultos - artigos 10º e 13º.

A dimensão social desta pesquisa se dá à medida que se propõe aprofundar a


discussão em torno de questões referentes à EJA/EAD que requer ainda análises e
reflexões mais profundas por parte da comunidade e órgãos de educação em todos os
níveis, quer Federal, Estadual ou Municipal.

Diante da demanda de Educação de Jovens e Adultos para 65


milhões de brasileiros com 15 anos e mais, sem o ensino
fundamental completo (PNAD, 2003), a educação a distância e/ou
ensino a distância apresenta-se como uma estratégia de política
pública possível que, no entanto, exige uma cuidadosa análise de
viabilidade, na justa medida de nossa capacidade criativa de
afirmação de nossa identidade brasileira no atual processo de
construção de uma política pública de Estado em educação de jovens

(http://www.ipm.org.br/acesso em 03/11/2009)
21

e adultos na diversidade com a contribuição dos movimentos sociais‖.


(ANGELIN, 1999.p.3)

Atender a esta demanda cada vez mais crescente é um desafio para todos os
educadores, principalmente através dos cursos de formação de professores que
contemplem a EJA e que preparem igualmente para o Ensino à distância, como já
acontece em determinados cursos de Pedagogia. Além da formação através da
graduação, é importante que este profissional esteja em constante processo de
capacitação para preparar o jovem e adulto, público alvo desta modalidade de ensino
e que, como crianças e adolescentes, precisa de uma aprendizagem continuada e de
qualidade.

O objetivo geral deste artigo é apresentar o Ensino à Distância como uma


proposta emergente para o processo ensino-aprendizagem para a Educação de
Jovens e Adultos na Educação Básica e ainda como objetivos específicos:
Contextualizar historicamente a Educação de jovens e adultos no cenário educacional
brasileiro; Verificar a legislação do EAD no que se refere à educação de jovens e
adultos e ao Ensino a Distância e analisar as implicações da inserção da tecnologia
através do EAD para o docente, o discente e comunidade escolar.

Por ser ainda uma proposta nova no meio educacional, muitas interrogações se
levantam sobre esta parceria entre EJA/EAD que serão discutidas e refletidas neste
artigo: Na trajetória da Educação de jovens e adultos a Educação a Distancia ocupou
em algum momento um lugar de destaque no cenário educacional brasileiro? O que a
legislação brasileira diz sobre EAD no que se refere à educação de jovens e adultos?
Como é este novo professor que utiliza do Ensino à distância para ensinar o jovem e
adulto da EJA? Como é esta nova sala de aula? Como se dá o processo de interação
aluno e professor? Como se dá a interação aluno/professor em um ambiente virtual?
Quais os pré-requisitos para m professor em EAD? Dentre muitas outras.

O artigo destaca a autonomia do aluno, segundo o referencial de Freire (1996),


que nas duas modalidades de ensino, tanto na EJA como no EAD, está presente como
condição necessária para o aprendizado. Segundo Belloni (2008.p.7), surgem dois
novos autores principais no cenário da educação do futuro: o professor coletivo e
estudante autônomo. Em EAD para estudar e apreender os conteúdos ensinados com
a presença de um professor virtual, que o aluno encontra uma vez na semana, no
pólo, ele precisa se organizar de forma que faça seus estudos com independência,
que procure tirar suas dúvidas através da pesquisa e grupos de estudo.
22

A Educação de Jovens e Adultos e o Ensino a Distância surgem como formas


de ―empoderamento‖ destes indivíduos e como uma opção de inclusão para todos os
que se reconhecem como sujeitos participantes e transformadores dessa sociedade
globalizada, prontos a apropriar-se das tecnologias educacionais como mediadoras no
seu próprio processo de ensino-aprendizagem. ―Programados para aprender‖ e
impossibilitados de viver sem a referência de um amanhã, onde quer que haja
mulheres e homens há sempre o que fazer, há sempre o que fazer, há sempre o que
ensinar, há sempre o que aprender ―. (FREIRE, 1996.p.5). Assim se expressa
quando trata que ensinar exige a convicção que a mudança é possível.

Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo


socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram
que era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao
longo dos tempos mulheres e homens perceberam que era possível –
depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar.
(Paulo Freire, 1996 p.20)

O presente estudo tem como referencial metodológico, a pesquisa


bibliográfica7, que consiste no estudo das teorias sobre o tema EJA/EAD que darão
alicerce para a fundamentação de conceitos que envolvam a prática educativa
direcionada para o público jovem e adulto.

Trajetória histórica da Educação de Jovens e Adultos no cenário educacional


brasileiro

Na leitura, discussão e análise de vários artigos sobre a Educação de Jovens e


adultos no curso de Pedagogia através de um arcabouço teórico variado e rico em
detalhes sobre esta modalidade de ensino pode-se perceber em todos eles são feitos
um levantamento histórico numa linha de tempo que vai desde a década de 1930 até
os dias atuais. A maioria atrela a EJA a interesses políticos e a políticas públicas
educacionais voltadas para fins eleitoreiros.

A opção pelo referencial teórico a partir do texto ―Educação para jovens e


adultos: ensino fundamental: proposta curricular‖ de Masagão (1997.p.19) se deu pela

7
A pesquisa bibliográfica consiste no exame da literatura científica, para levantamento e
análise do que já se produziu sobre determinado tema. www.normalizacao.ufjf.br.acesso em
22/11/2009
23

clareza da exposição dos fatos históricos abordados pela autora com destaque aos
momentos vivenciados pela educação básica de adultos que, segunda ela, começou a
determinar seu lugar na historia da educação do Brasil a partir da década de 30.

A educação básica de adultos começou a delimitar seu lugar na


história da educação no Brasil a partir da década de 30, quando
finalmente começa a se consolidar um sistema público de educação
elementar no país. Neste período, a sociedade brasileira passava
por grandes transformações, associadas ao processo de
industrialização e concentração populacional em centros urbanos. A
oferta de ensino básico gratuito estendia-se consideravelmente,
acolhendo setores sociais cada vez mais diversos. A ampliação da
educação elementar foi impulsionada pelo governo federal, que
traçava diretrizes educacionais para todo o país, determinando as
responsabilidades dos estados e municípios. Tal movimento incluiu
também esforços articulados nacionalmente de extensão do ensino
elementar aos adultos, especialmente nos anos 40.

Depois da década de 1940, a Educação de Jovens e Adultos no Brasil foi


marcada pela concepção que era preciso acabar definitivamente com o analfabetismo,
o termo bastante usado na época foi o de ―erradicar‖, como se fosse um mal a ser
eliminado. Após 1945, a EJA ganhou destaque dentro da preocupação geral com a
universalização da educação elementar.

Assim, entre 1946 a 1958, segundo Masagão (1997. p.19), foram realizadas
campanhas nacionais, no âmbito da iniciativa oficial e, entre os anos de 1958 e 1964,
ocorreu a implantação do Plano Nacional de Alfabetização de Adultos.

Com o fim da ditadura de Vargas em 1945, o país vivia a


efervescência política da redemocratização. A Segunda Guerra
Mundial recém terminara e a ONU — Organização das Nações
Unidas — alertava para a urgência de integrar os povos visando a
paz e a democracia. Tudo isso contribuiu para que a educação dos
adultos ganhasse destaque dentro da preocupação geral com a
educação elementar comum. Era urgente a necessidade de
aumentar as bases eleitorais para a sustentação do governo central,
integrar as massas populacionais de imigração recente e também
incrementar a produção.

No início da década de 1960, a pedagogia de Paulo Freire torna-se referencial


da Educação de Jovens e Adultos e passar a servir de inspiração aos principais
programas de alfabetização popular. Massagão(1997), destaca os intelectuais,
estudantes e católicos engajados numa ação política junto aos grupos populares. Os
educadores do MEB — Movimento de Educação de Base, ligado à CNBB —
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dos CPCs — Centros de Cultura Popular,
organizados pela UNE — União Nacional dos Estudantes, dos Movimentos de Cultura
Popular, que reuniam artistas e intelectuais amparados politicamente por
24

administrações municipais. Estes passaram a pressionar o governo federal para que


os apoiasse e estabelecesse uma direção nacional das iniciativas voltadas para a
Educação de Jovens e Adultos.

Este movimento, pelo seu envolvimento social e político, representou uma


ameaça ao governo militar que se estabelecia. A partir de 1967 o próprio poder público
federal assume o programa de alfabetização de adultos, agora com caráter
assistencialista e conservador, cria-se então o MOBRAL (Movimento Brasileiro de
alfabetização), que perdurou até1985, com a retomada da redemocratização, foi
extinto e criado a Fundação EDUCAR. Segundo LOPES (2005), ―O contexto da
redemocratização possibilitou a ampliação das atividades da EJA. Estudantes,
educadores e políticos organizaram-se em defesa da escola pública e gratuita para
todos.

A nova Constituição de 1988 trouxe importantes avanços para a EJA: o ensino


fundamental, obrigatório e gratuito, passou a ser garantia constitucional também para
os que a ele não tiveram acesso na idade apropriada.

A partir da década de 1990, percebe-se um retrocesso em relação às políticas


públicas da Educação de Jovens e Adultos. Segundo VENTURA (2007. p. 20),

A Constituição Brasileira de 1988 reconheceu o direito de todos à


educação, ao afirmar o ensino fundamental, obrigatório e gratuito,
independentemente da idade. Entretanto, nos anos de 1990, a LDB
9.394/96, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF) e a reforma da
Educação Profissional, por meio do Decreto 2.208/97, redefiniram os
rumos da política educacional, o que significou expressivo retrocesso
no âmbito da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Acentuou-se,
então, o lugar secundário ocupado pela EJA no conjunto das políticas
educacionais.

A idade mínima é reduzida para 15 anos, descaracterizando o público da EJA


que até então era formado por pessoas com idade mais avançada, BRUNEL
(2004.p.19), estabelece em seu livro ―Jovens cada vez mais jovens na Educação de
Jovens e Adultos‖, que vários são os fatores para tal redução, entre eles destaca-se:
fatores pedagógicos, políticos, legais e estruturais.

A falta constante de professores na escola pública, a carência


evidenciada nas condições físicas de muitas de nossas escolas, bem
como falta material didático-pedagógico são alguns exemplos. Não
podemos esquecer, também, os aspectos políticos e legais, que
devem ser considerados neste contexto. Eles facilitam o ingresso dos
alunos, cada vez mais cedo nesta modalidade de ensino, pois do
25

ponto de vista legal houve um rebaixamento na idade mínima para o


seu ingresso.

Em julho de 2004, é criada a Secretaria de Educação Continuada,


Alfabetização e Diversidade – SECAD – pela primeira vez na história do MEC, se
reúnem temas como alfabetização e educação de jovens e adultos, educação do
campo, educação ambiental, educação escolar indígena, e diversidade étnico-racial.
Esta secretaria tem por objetivo contribuir para a redução das desigualdades
educacionais por meio da participação de todos os cidadãos, em especial de jovens e
adultos, em políticas públicas que assegurem a ampliação do acesso à educação
continuada.

Ainda segundo VENTURA (2007),

O período compreendido entre 2003 e 2006, referente ao primeiro


governo de Luiz Inácio Lula da Silva, traz para a EJA um maior
destaque do que o obtido nos governos anteriores da Nova
República. Entretanto, se há um discurso que anuncia sua
valorização, esse não se faz acompanhar de ações concretas para a
superação da matriz construída na década anterior. Assim, embora
vejamos ampliado o arco de ações no âmbito da EJA, o mesmo
permanece centrado nas políticas focais, fragmentadas e
fragmentadoras do tecido social.

Neste novo contexto, 2008, com a continuação da Gestão Federal de caráter


popular, do governo Lula, pode-se perceber uma maior organização e a mobilização
não apenas em torno das diretrizes fornecidas pela UNESCO, mas também na
possibilidade, dentro dos Fóruns de EJA8 e nos movimentos em paralelo do
levantamento da discussão sobre o tema levando educadores e educandos a pensar e
repensar a prática e a concepção de EJA.

Legislação EJA/EAD

Neste tópico será apresentada, primeiramente a legislação referente à


Educação de Jovens e Adultos, logo a seguir se fará um levantamento das Leis que
abordam o Ensino a distancia seguindo os mesmos critérios. Na conclusão será

8
O Portal dos Fóruns de EJA busca a conexão entre o movimento social pela EJA e as Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC´S), no momento em que se constitui como um ambiente virtual
interativo multimídia. O Portal é construído em software livre e desenvolvido de forma descentralizada
por estudantes, professores, integrantes dos movimentos sociais e governos que atuam na área de
Educação de Jovens e Adultos. Ainda que haja parceria com estudantes e professores da área de
Tecnologia, o Portal é administrado coletivamente pelos próprios integrantes dos Fóruns de EJA.
(http://forumeja.org.br/brasil)
26

apresentado EJA e EAD em conjunto indicando as leis que contemplam as duas


modalidades de ensino.

A Constituição de 1988 apresentou um grande avanço na área educacional em


relação à Educação de Jovens e Adultos. De acordo com a Carta Magna, no artigo
208, alínea I (1988, p.89) esta modalidade de ensino no nível fundamental deve ser
oferecida gratuitamente pelo Estado a todos os que a ele não tiveram acesso na idade
própria. Trata-se de um direito público subjetivo (CF, art. 208, § 1º). Por isso, compete
aos poderes públicos disponibilizar os recursos para atender a essa educação.

A Constituição Federal de 1988 estendeu o direito ao ensino


fundamental aos cidadãos de todas as faixas etárias, o que nos
estabelece o imperativo de ampliar as oportunidades educacionais
para aqueles que já ultrapassaram a idade de escolarização regular.
Além da extensão, a qualificação pedagógica de programas de
educação de jovens e adultos é uma exigência de justiça social, para
que a ampliação das oportunidades educacionais não se reduza a
uma ilusão e a escolarização tardia de milhares de cidadãos não se
configure como mais uma experiência de fracasso e exclusão.
(MASAGÃO, 1997. p.15)

A partir daí surgem novas leis para regulamentar os artigos constitucionais e


estabelecer diretrizes para educação no Brasil, dentre elas destaca-se a LDB - Lei de
Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394, de 20/12/1996 que na seção V, destaca
também a Educação de Jovens e Adultos:

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que


não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria. § 1º. Os sistemas de ensino
assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não
puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
cursos e exames

No Portal do MEC, BRASIL (2001, p.1) a Resolução CNE/CEB nº1, de 5 de


julho de 2000 estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação e
Jovens e Adultos, com destaque para os artigos de nº 1 e 2:

Art. 1º Esta Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais


para a Educação de Jovens e Adultos a serem obrigatoriamente
observadas na oferta e na estrutura dos componentes curriculares de
ensino fundamental e médio dos cursos que se desenvolvem,
predominantemente, por meio do ensino,em instituições próprias e
integrantes da organização da educação nacional nos diversos
sistemas de ensino, à luz do caráter próprio desta modalidade de
educação. Art. 2º A presente Resolução abrange os processos
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formativos da Educação de Jovens e Adultos como modalidade da


Educação Básica nas etapas dos ensinos fundamental e médio, nos
termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em
especial dos seus artigos 4º, 5º, 37, 38, e 87 e, no que couber, da
Educação Profissional.

O Plano Nacional de Educação 9(PNE) tem respaldo legal na Constituição de


1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em
dezembro de 1996. A LDB, em sintonia com a Declaração Mundial de Educação para
Todos, determinou a elaboração de um plano nacional de educação no prazo de um
ano, a contar da data da sua publicação. Entretanto, depois de três anos de tramitação
no Congresso Nacional e muito debate com a sociedade civil organizada e entidades
da área educacional, o PNE foi sancionado em janeiro de 2001.

O Capítulo 3 do PNE é destinado à caracterização e descrição detalhada das


modalidades de ensino oferecidas em nosso país, sendo que o item 5 trata-se da
Educação de Jovens e adultos.

A Constituição Federal determina como um dos objetivos do Plano


Nacional de Educação a integração de ações do poder público que
conduzam à erradicação do analfabetismo (art. 214, I). Trata-se de
tarefa que exige uma ampla mobilização de recursos humanos e
financeiros por parte dos governos e da sociedade. (Plano Nacional
de Educação, 2001.p.22)

No item 5.3 (2001. p.51) estabelece os objetivos e as metas da Educação de


Jovens e Adultos, com destaque para os seguintes tópicos que envolvem desde a
alfabetização até o Ensino Médio, ou seja, a Educação Básica:

1. Estabelecer, a partir da aprovação do PNE, programas visando a


alfabetizar 10 milhões de jovens e adultos, em cinco anos e, até o
final da década, erradicar o analfabetismo. 2. Assegurar, em cinco
anos, a oferta de educação de jovens e adultos equivalente às quatro
séries iniciais do ensino fundamental para 50% da população de 15
anos e mais que não tenha atingido este nível de escolaridade. 3.
Assegurar, até o final da década, a oferta de cursos equivalentes às
quatro séries finais do ensino fundamental para toda a população de
15 anos e mais que concluiu as quatro séries iniciais. 16. Dobrar em
cinco anos e quadruplicar em dez anos a capacidade de atendimento
nos cursos de nível médio para jovens e adultos.

9
É um instrumento da política educacional que estabelece diretrizes, objetivos e metas para todos os
níveis e modalidades de ensino, para a formação e valorização do magistério e para o financiamento e a
gestão da educação, por um período de dez anos. Sua finalidade é orientar as ações do Poder Público nas
três esferas da administração (União, estados e municípios), o que o torna uma peça-chave no
direcionamento da política educacional do país. (Portal do MEC, 2001)
28

A Regulamentação da Educação a Distância estabelecida na Legislação


Brasileira é um pouco mais recente, se dá a partir de 1996 com a Lei nº 9.394,
LDB e o Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998.

"Art. 80 O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a


veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e
modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1.º A educação
a distância, organizada com abertura e regime especiais, será
oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.§
2.º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames
e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. §
3.º As normas para produção, controle e avaliação de programas de
educação a distância e a autorização para sua implementação,
caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver
cooperação e integração entre os diferentes sistemas.§ 4.º A
educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de
radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais
com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo
mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de
canais comerciais."

Também no Capítulo 3 do PNE o item 6 é destinado ao Ensino a distancia que


tem como objetivos:
14. Expandir a oferta de programas de educação à distância na
modalidade de educação de jovens e adultos, incentivando seu
aproveitamento nos cursos presenciais.
25. Observar, no que diz respeito à educação de jovens e adultos, as
metas estabelecidas para o ensino fundamental, formação dos
professores, educação à distância, financiamento e gestão, educação
tecnológica, formação profissional e educação indígena. (PNE, 2001.
p.52)

Somente a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 há


associação da EJA e EAD em seus artigos 32º e 80º. O 4º. Parágrafo do artigo 32
destaca que ―o ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância
utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais‖.
(BRASIL, 2000). Já no artigo Art. 80. LDB - DECRETO N.º 5.622, DE 19 DE
DEZEMBRO DE 2005 - Regulamenta o art. 80 da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. ―o Poder Público
incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em
todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada‖, o que podemos
concluir que se refira como modalidade de ensino também a EJA (Educação de
Jovens e Adultos).

A Resolução CEB nº01/00 (2000) que estabelece as Diretrizes Curriculares


Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos no artigo 10º estabelece que:
29

Art. 10 No caso de cursos semi-presenciais e a distância, os alunos


só poderão ser avaliados, para fins de certificados de conclusão em
exames supletivos presenciais oferecidos por instituições
especificamente autorizadas, credenciadas e avaliadas pelo poder
público, dentro das competências dos respectivos sistemas, conforme
a norma própria sobre o assunto e sob o princípio de regime de
colaboração.

Já o Decreto N.º 5.622, de 19 de Dezembro de 2005 que regulamenta o art. 80


da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, nos artigos 1º, 2º, 18º, 19º, 30º, 31º, 32º, onde destaca também a
importância do EAD e ―caracteriza-se a educação à distância como modalidade
educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e
aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e
comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em
lugares ou tempos diversos‖. No artigo 2º do Capitulo I, em seu inciso II, coloca que ―a
educação a distância poderá ser ofertada nos seguintes níveis e modalidades
educacionais: II - educação de jovens e adultos, nos termos do art. 37 da Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996‖. (BRASIL, 2005)

O novo docente do Ensino a Distância na Educação de Jovens e Adultos:


novas funções e novos paradigmas

Este último tópico é um convite a reflexão sobre o papel do docente diante das
novas formas de pensar a educação, suas novas funções exigidas pela tecnologia, a
quebra de velhos paradigmas e a construção de novos para a adequação à realidade
que se apresenta no cenário educacional. Segundo LOPES (2005), o professor da
atualidade precisa ―ressignificar as palavras aprender e ensinar; reconhecer o ser
humano como coletivo auto-organizado; valorizar sentimentos, as emoções e o
inconsciente, compreender o ser indivíduo como parte integrante de um sistema
complexo; reconhecer a técnica como parceira indissociável‖.

No Ensino a Distância muitos desafios são colocados a este novo professor e a


este novo aluno. A figura do mestre perde a característica centralizadora, agora o
aluno pode aprender sozinho, os estudos podem ser independentes. O docente ensina
um grande número de pessoas ao mesmo tempo e em diversos lugares. O aluno vê o
professor que não o pode ver.
30

Segundo Brunel (2004.p.24), Paulo Freire quando fala em sujeitos da educação


(educador educando), reconhece no educando um sujeito da sua própria educação e
não um mero objeto, ou apenas um receptor de conhecimentos, respeitando os
direitos do outro vivenciando no espaço escolar um ambiente de exercício da
liberdade. Respeito este que deve ser estendido ao ambiente virtual.

Satlher (2008) destaca que mesmo com essa autonomia discente quanto ao
aprendizado tecnológico, o docente continua a ter um papel essencial, principalmente
à de ensinar o aluno a aprender, torná-lo capaz de buscar, classificar e selecionar a
informação. Significa ser sujeito de sua própria educação. Autonomia na educação a
distância implica o desenvolvimento de sujeitos capazes de definir recursos
pedagógicos para o seu próprio, processo de aprendizagem e em interações com
outros que participem do processo de construção do conhecimento.

―A educação vai além da técnica. Os valores que marcam a


contribuição individual e coletiva à sociedade estão sob fortes
ameaças, justamente pela aparente facilidade com que os grupos e
indivíduos que defendem visões excludentes de mundo se inserem
nas mídias, especialmente a internet. (Satlher, 2008. p.52)

O novo docente precisa conhecer a tecnologia, dominá-la com habilidade e


segurança, adquirir novos conhecimentos e estabelecer novas competências.
Segundo a UNESCO (2005, p.85) ele, o professor, deve, dentre muitas características:

Ter habilidade de decidir porque, quando onde e como as


ferramentas das tecnologias podem contribuir com os objetivos de
aprendizagem. Melhorar a didática e valorizar as metodologias de
ensino com a adoção das tecnologias. Enfatizar os resultados dos
trabalhos dos estudantes e promover a interação entre eles,
selecionar usar ferramentas apropriadas de comunicação para
contato com outros professores e alunos, para desenvolver o trabalho
colaborativo.

Adaptar as propostas pedagógicas já existentes ao novo modelo é a primeira


tentativa de instituições que buscam trabalhar na nova modalidade. No entanto, a
soma de outras metodologias como preparar, ministrar aulas de forma criativa,
acompanhar e avaliar os alunos de forma diferenciada são fatores que acabam por
exigir uma completa revisão da prática docente.

A presença, por exemplo, de tutores e equipes de apoio para


disponibilização de recursos didático-pedagógicos mais intuitivos,
criativos, com design adequado e que ajudem a cumprir os objetivos
31

de aprendizagem propostos obriga que profissionais do ensino


invistam mais tempo em diálogos interdisciplinares. SATLHER, 2008.
p.7)

Através das Novas Tecnologias os alunos e professores constroem o


conhecimento a cada nova experiência de investigação e passam a desenvolver seus
próprios estilos de aprendizagem, avaliação, recuperação e organização das
informações. Ao explorar novos ambientes virtuais, os estudantes constroem novos
ambientes cognitivos e adquirem novas linguagens. Ainda segundo SATLHER (2008.
p. 8), no Ensino a distância:

Faz-se necessário repensar a comunicação entre docentes e destes


com os alunos. Reexaminar as estratégias de ensino, definir o que
deve continuar e o que deve ser deixado de lado dentre as práticas
usualmente adotadas. Como atuar sem a comunicação interpessoal
face a face, síncrona e no mesmo espaço? Como ser claro o
suficiente nas instruções quando a escrita é o principal meio de
interagir? Como saber quando alunos estão confusos? Como fazer
todos os alunos participarem? Como ser flexível e aberto às
necessidades dos alunos diante da obrigação de planejar e preparar
todo o curso com antecedência? Como saber se os estudantes estão
realmente aprendendo? Como evitar a praga do plágio e do uso sem
reflexão das ferramentas de busca? Como se apropriar da tendência
de autoria-universal, ou seja, a possibilidade de todos produzirem e
divulgarem os próprios vídeos, websites e blogs? Como incorporar as
ferramentas e a lógica da Web 2.0, que incentiva a construção do
conhecimento de forma colaborativa, dinâmica e quase anárquica?

Como se percebe são muitos os questionamentos que envolvem a prática


educativa principalmente para o profissional que se ―aventura‖ a adentrar no mundo da
tecnologia para ensinar. É preciso saber lidar com os tempos e espaços virtuais.
Segundo Delcin (2005) as novas tecnologias desenvolvem: novos ambientes de
aprendizagem capazes de romper fronteiras temporais, espaciais, disciplinares e
curriculares, para vivenciar diferentes tipos de espacialidade, temporalidade, novas
formas de leitura, escrita e de construções coletivas.

Ambientes cognitivos que favoreçam a capacidade de formular e


resolver perguntas, a reflexão crítica, a ampliação da liberdade e criem
novas e complexas características para as interações entre os seres
humanos. Na era das redes não é mais possível permanecer fechado
no espaço e tempo escolar e prisioneiro de um pensamento
disciplinar, mutilador das ideias, dos sonhos e dos pensamentos como
expressão da vida (DELCIN, 2005, p.71).

Na sua prática educativa o professor passa por um processo de reformulação


quando ingressa na modalidade a distância. Segundo Lopes (2005, p. 39) ―sua ação
educativa centra-se na construção de um processo educativo alicerçado na
interatividade e na criatividade. A sua autoridade não se estabelece de forma
32

unilateral‖. Nesse sentindo, barreiras são superadas a partir das novas metodologias
que precisam ser utilizadas. Percebe-se como primordial que o docente seja
inicialmente capacitado, para entender as especificidades da modalidade, para
compreender seus novos papéis e para aprender a aprender, para que então possa
ensinar na modalidade, até mesmo pelo fato de que ―não há ensino de qualidade, nem
reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada formação de
professores‖ (NÓVOA, 1992. p. 09)

A nova postura do educador concentra-se naquele que conduz seus alunos nos
caminhos da aprendizagem significativa, aquele que não dá a palavra final, mas
aquele que antes escuta as diversas opiniões, até as contrárias ao seu pensamento.

Como portador de saberes que continuamente são desconstruídos,


não reconhece sua autoridade na imposição do que sabe, pelo
contrário, sua presença é marcante porque possui a maestria de
provocar discussões, dúvidas e acenas a possibilidade de existência
de vários caminhos a serem percorridos. (LOPES, 2005, p.39)

O novo docente precisa entender que no Ensino a Distância, não se trabalha


de acordo com o modelo convencional, pois em EAD novos paradigmas educacionais
que embasam a modalidade superam as barreiras do tradicional e se reconstroem
constantemente, daí surgem novos. Cunha (1998) ao analisar o efeito do EAD sobre a
ação docente argumenta que passamos por mudanças de paradigmas, consistentes
com a ciência pós-moderna. O professor tem o desafio de tentar acompanhar a
transição do paradigma dominante para o emergente, o EAD representa esta
mudança. Nesta modalidade a interação acontece intensamente principalmente
através das ferramentas de comunicação que subsidiam a prática pedagógica, prática
essa que também é incentivada pela nova postura docente que passa a ser mais
instigadora e argumentativa e que busca desenvolver o mesmo perfil nos seus
estudantes.

Considerações Finais

Apresentar o Ensino à Distância como uma proposta emergente para o


processo ensino-aprendizagem para a educação de jovens e adultos na educação
básica foi o objetivo geral deste artigo. Para isto primeiramente se percorreu o
caminho histórico da educação de jovens e adultos para verificar se em alguma parte
da história o ensino a distancia teve algum lugar de destaque. A conclusão neste
tópico é que praticamente não há registro histórico do atrelamento EJA/EAD, na
33

atualidade algumas experiências neste ramo são percebidas através de algumas


Instituições isoladamente.

No segundo tópico se trabalhou a legislação da EJA, verificando que existe


realmente uma linha histórica em relação às leis desta modalidade de ensino, como
uma preocupação dos órgãos públicos e de políticas de governo. Mais recentemente
se percebeu que foi inserida nas leis a Educação a Distância, como um instrumento
facilitador da aprendizagem com acessibilidade ao número maior de pessoas. Ainda
neste tópico colocado o atrelamento da EJA ao EAD, o que pode facilitar futuramente
ações que usem a tecnologia no ensino aprendizagem na Educação de Jovens e
Adultos.

No ultimo tópico o artigo propôs pensar a formação de professores refletindo


sobre as nossas concepções de educação, pensar no que, para quem e com qual
propósito que se quer com a inserção na tecnologia na educação. No contexto atual
da sociedade, onde o acesso a informação é facilitado pelas tecnologias digitais
virtuais, o modelo de educação tradicional centrado no professor não atende as
necessidades dos envolvidos no processo.

Acreditamos que, a partir do momento em que o docente vivencia esta


preparação e formação ―em‖ EAD, ele tem a oportunidade de romper ―velhos‖
paradigmas educacionais construídos e vividos ao longo de sua vida, e assim efetivar
as mudanças necessárias para uma educação a distância de qualidade.

Acreditamos ainda que, somente a partir de uma reconstrução de significados


sobre aprender e ensinar é que seja possível tornar as mudanças possíveis,
independente da modalidade educacional. As mídias favorecem essas mudanças, pois
possibilitam a construção de simulações que muitas vezes não se consegue com
recursos tradicionais e, permite ainda, que o aluno represente seus conhecimentos
através das tecnologias

O professor deve saber e entender qual é seu papel nesta sociedade global,
saber que ele não deve ser este simples transmissor de conhecimentos tecnológicos
existentes, é preciso saber que não é apenas ensinar o beabá, colocar um computador
em sala de aula, ou coisa parecida, que é realmente importante, ele tem que refletir e
pensar no peso e na responsabilidade que está em sua frente: formar uma nova
geração para reconstruir um mundo novo.
34

O educador tem que está com os olhos voltados para o futuro, que requer de
certa forma não fugir à responsabilidade de enfrentar as dificuldades que advém da
chamada globalização, é enfrentar e saber-se adaptar aos novos comportamentos que
a mesma produz na vida dos educandos e nos próprios educadores.

Finalizamos refletindo como é importante não esquecer que é através da


aceitação do papel político do professor que o mesmo encontrará forças para enfrentar
todos estes desafios que foram traçados neste capítulo, e que esta capacidade de
conduzir e ensinar vidas, leve antes de mais nada a um comprometimento maior de
que a despeito da globalização e do avanço tecnológico, a função maior do educador
deve ser a de formar cidadãos capazes modificar o mundo em que vivemos, fazendo-
o mais humano e sustentável.
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