Wirlan Pajeú
Disciplina: Filosofia
INTRODUÇÃO A FILOSOFIA
Filosofia é um termo composto de duas palavras
gregas: philein, que significa amar, e sophia, que significa
sabedoria. Ser filosofo, portanto, quer dizer ter amor à
sabedoria. Assim, o "filósofo" seria aquele que ama e busca a
sabedoria, tem amizade pelo saber e deseja saber. Conforme a
tradição histórica, a criação da palavra filosofia é atribuída ao
grego Pitágoras (c. 570-490 a.C.).
Mas o que havia antes da filosofia lá na Grécia?
Havia a mitologia, um farto conjunto de lendas, fábulas e
narrativas, escritas ou da tradição oral, e que se constituíam
em corpo de explicações para os fenômenos baseado em
crenças, deuses, seres sobrenaturais, magia, monstros, etc., os
quais interviam na vida dos seres humanos, na natureza e até
mesmo em nossos pensamentos, além de criarem o universo.
Os primeiros filósofos não estavam satisfeitos com
essas respostas baseadas em crenças, autoridade e tradição,
por isso queriam encontrar explicações lógicas para os
fenômenos. Surgia assim a Filosofia no Ocidente.
Atitude Filosófica é:
 Conhecer a si mesmo.
 Questionar o óbvio e o complexo.
 Não se contentar com ideias pré-estabelecidas.
 Sair da Matrix.
A MITOLOGIA GREGA
Explicar o mundo à nossa volta e também àquilo que
se passa dentro de cada um de nós é um constante desejo e
necessário do ser humano.
O mito é uma forma de atender a esse desejo, pois “se
trata de um corpo de explicações abrangendo a maioria dos
fenômenos, tanto os físicos quanto os psicológicos, os
históricos e os sobrenaturais”.
Nesta unidade estudaremos sucintamente a mitologia
grega, pois ela exerceu influência decisiva no surgimento da
Filosofia, que ocorreu por volta do século VI a.C., na Ásia
Menor.
O mito é também uma maneira de contar como algo
aconteceu e, por extensão, explicar com quem, quando, onde e
por que tal coisa aconteceu. Exemplo: O que é o amor? O mito
de Eros buscava dar resposta a essa pergunta.
Mas uma reportagem noticiosa ou uma pesquisa
científica também fazem exatamente isso que lemos acima. Há
uma grande diferença, porém, entre a mitologia e outras
formas de explicar as coisas: o mito relaciona os
acontecimentos a intervenções de deuses, do destino, das
forças da natureza e de entidades sobrenaturais diversas como
fadas, sereias, animais e objetos mágicos. E esses seres
sobrenaturais, eles mesmos submetidos ao destino, comandam
todos os acontecimentos.
Eles eram imortais. Acima de todos eles, estava Zeus,
o mais poderoso dos deuses, o senhor do Olimpo (monte onde
moravam os deuses).
Características da mitologia grega
Naturalismo – fogo, terra, água, etc. Os deuses mantinham
relação próxima com a natureza. Os próprios elementos da
natureza eram deuses, como Poseidon, deus dos mares, Gaia, a
mãe-terra, etc.
Explicação – o mito se apresentava como verdade no sentido
de que oferecia uma explicação para os fenômenos e
acontecimentos, claro, explicando que supunha crer.
Cosmogonia – os mitos tentam explicar o Cosmos (Universo)
a partir do nascimento dos deuses (cosmo + gonia = origem).
Antropomorfismo – os deuses possuíam muitas
características humanas – ódio, amor, beleza, etc.
Crença no destino – os deuses seriam sempre responsáveis
por tudo o que ocorria e sabiam, antecipadamente, o que ia
ocorrer. As deusas do destino (eram três, as moiras), por
exemplo, decidiam a vida dos gregos antes mesmo de eles
nascerem. Importante notar que os próprios deuses não tinham
controle total do destino.
O homem, por sua vez, era vítima desse destino, não tinha
como fugir dele, e assim era apenas figurantes dessas
histórias.
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Homero e Hesíodo
Alguns poetas gregos peregrinavam de cidade em
cidade para narrar os mitos. Na Grécia, esses contadores de
histórias eram quase autoridades e tinham espaço garantindo
em qualquer lugar, porque se acreditava que manteriam
conversas com os deuses. Homero e Hesíodo são os mais
conhecidos porque, por meio de suas obras, é possível
perceber a evolução do pensamento grego rumo a explicações
mais apuradas e racionais.
Homero (850 a.C.) escreveu dois livros: a
Ilíada, que conta a história da guerra de Tróia
(Ílion em grego), e a Odisseia, que conta o retorno
de Ulisses (Odisseu) para os braços de sua amada
Penélope, após a guerra de Troia.
Essas duas obras estão povoadas de deuses,
centauros, ninfas, etc. Lê-las é mergulhar no mundo mágico da
religião oficial grega, das intervenções de deuses na vida dos
homens e da criação de monstros e objetos com poderes sobre
os mares e sobre a Terra.
Hesíodo, também do século VIII a.C.,
escreveu a obra que conta como nasceu cada um
dos deuses, a Teogonia, além de Os trabalhos e
os dias, em que explica as fases da história
humana na Terra; o castigo do trabalho; o
sofrimento e a superioridade do homem sobre os seres da
Terra mediante a técnica (o fogo).
A PASSAGEM DO MITO AO LOGOS
Os pré-socráticos: primeiros filósofos
Os primeiros filósofos surgiram na Jônia, conjunto de
colônias gregas da Ásia Menor (hoje Turquia), e, mais tarde,
ao sul da Itália, na então chamada Magna Grécia. Esses
filósofos acatavam apenas parcialmente os mitos, pois
acreditavam que havia uma explicação racional para os
fenômenos. A maior preocupação deles era encontrar a arché
(em grego = princípio fundamental) do Universo, isto é,
queriam saber qual o elemento que dera início ao Cosmos
(Universo). Assim, dizemos que os primeiros filósofos eram
cosmológicos (cosmos = universo; logia = lógica, explicação)
e também físicos (ou fisicistas), pois queriam explicação para
o mundo físico – a natureza. Foram chamados pré-socráticos
porque com Sócrates tem início o período clássico da filosofia
e o surgimento dos grandes sistemas filosóficos.
Os principais pré-socráticos são:
Disciplina: Filosofia
Tales de Mileto
Considerado o “pai” da Filosofia, foi o primeiro a
formular um princípio filosófico. Dizia ele: “a água é o
princípio do Universo”. E dava uma explicação lógica para
sua afirmação: a água se apresenta em vários estados; a água é
imprescindível à vida; ela está em todos os lugares. Logo, deve
ter sido dela que surgiu o Universo, ou, deve ser ela o princípio
constitutivo (arché) da natureza (physis) e da essência das
coisas.
Essa metodologia de explicar logicamente aquilo que
se diz é o que faz a diferença, basicamente, entre a filosofia e a
mitologia. Trata-se de passar do aceitar para o entender; do
confiar para o compreender e do crer para o saber.
Heráclito de Éfeso
Para ele, o primeiro princípio era o fogo, pois que melhor
realiza e representa o vir a ser, isto é, esse constante movimento
que faz as coisas surgiram e desaparecerem continuamente, sem
nunca “serem”. Foi ele quem afirmou: “Ninguém se banha duas
vezes no mesmo rio”.
Parmênides de Eleia
Para Parmênides, não há movimento: tudo o que vemos
de movimento não passa de ilusão causada por nossos sentidos.
Para esse filósofo, o principio do universo era o ser, que é eterno,
imóvel e origem de todas as coisas. Logo, o movimento não
existe. Só o ser é lógico, pensável e verdadeiro.
Pitágoras de Samos e outros
O primeiro princípio para Pitágoras, era o número. Ao
observarmos o universo, segundo ele, percebemos a presença do
número em todas as relações.
Já para Empédocles de Agrigento, o princípio
fundamental do universo eram os quatro elementos: ar, água,
terra, fogo, e Demócrito de Abdera afirmava que o início de
tudo era o átomo, de onde tudo derivava. Anaximandro dizia
que o princípio de tudo era o apeiron, quer dizer, o ilimitado, e
Anexímenes afirmava que a origem do universo estava no ar.
Para Anaxágoras, porém, essa origem estava no nous, isto é, na
mente, na inteligência cósmica, que organiza as homeomerias
(partículas que formam o universo); para ele, as estrelas, a Lua e
o Sol eram rochas, não deuses.
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O PERÍODO CLÁSSICO
Sócrates, os sofistas, Platão e Aristóteles
No século V a.C., Atenas despontava como uma
importante cidade que tinha organizado o exército que unia
várias cidades gregas contra a Pérsia de Dario (guerras
Médicas).
Essa cidade grande, desenvolvida e rica, necessitava
de uma Filosofia que atendesse aos problemas mais humanos,
às inúmeras interrogações que os gregos já se faziam: O que é
viver em comunidade? Qual a melhor forma de governo? O
que é justiça, virtude, educação, etc.? E também sobre a
origem e o fim do ser humano.
Por isso, as inúmeras propostas dos pré-socráticos
vão saindo do primeiro plano de discussões entre os filósofos
e passando a ser à base das novas escolas. O novo período vai
ser antropológico, ou seja, vai à busca da lógica humana, dos
problemas humanos.
Sócrates, Platão e Aristóteles e os sofistas são os
grandes nomes dessa época, chamada de período clássico da
Filosofia.
Com eles, pode-se dizer que está completa a
passagem daquele período mítico (quando o homem usava
lendas, seres e fenômenos sobrenaturais para explicar as
coisas) para a Filosofia, quando o homem queria explicações
racionais.
#HORASOMA
#Probleminhas
1. (UEL-PR) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o
mundo está ordenado. Os deuses disputaram entre si,
alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu
etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou para a
Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com
eles? Quem são eles?”
(VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa
Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.)
O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando
que o mito pode ser uma forma de conhecimento, assinale a
alternativa correta.
a) A verdade do mito obedece a critérios baseados no
sobrenatural e no fantástico.
b) O conhecimento mítico segue um rigoroso
procedimento lógico-analítico para estabelecer suas
verdades.
Disciplina: Filosofia
c) As explicações míticas constroem-se de maneira
argumentativa e autocrítica.
d) O mito busca explicações definitivas acerca do
homem e do mundo, e sua verdade independe de
provas.
e) A verdade do mito obedece a regras universais do
pensamento racional, tais como a lei de não-
contradição.
2. (UFU-MG) No poema Teogonia, as Musas aparecem ao
poeta Hesíodo e dizem-lhe o seguinte: “sabemos dizer
muitas mentiras semelhantes aos fatos e sabemos, se
queremos, dar a ouvir verdades” (vv. 25-6)
Com base neste trecho é correto afirmar:
I – A Filosofia não se assemelha ao mito por entender que a
verdade baseia-se na pura racionalidade.
II – No mito, não há espaço para contradições e incoerências,
pois a verdade nele se estabelece em um plano em que atua a
racionalidade humana.
III – O mito entende que a verdade é bastante elástica, não
dependendo exclusivamente da racionalidade.
IV – A crença e a confiança no mito provêm da autoridade
científica do poeta que o narra.
a) II e III são corretas.
b) I e III são corretas
c) I e IV são corretas.
d) III e IV são corretas.
A filosofia é o que todos fazemos quando estamos livres
de nossas atividades cotidianas e temos uma chance de
nos perguntar o que é a vida e o universo. Como nos diz
o filosofo grego Platão: “Questionar é o atributo de um
filósofo, porque não há outro início para a filosofia além
desse”.
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