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Sumário

PARTE 1

1 Anamnese, 3
Introdução, 1

2 Exame Físico, 11

7 — TE 2 Exame Neurológico, 15

i
l Fácies. Atitude. Marcha, 17
Equilíbrio, 25
Sistema Motor, 27
6 Motilidade Voluntária, 31 /
7 Coordenação, 37 [/ÿ
8 Movimentos Involuntários Anormais, 41 \

9 Reflexos, 47 \/ÿ
10 Tono Muscular, 59'
i; 11 Sinais Meningorradiculares (Reações Musculares Patológicas), 65
12 Síndromes Motoras Centrais, 67 v
i*
13 Síndromes Motoras Periféricas, 71
14 Sensibilidade, 77
i
15 Síndromes Sensitivas, 83
i
16 Funções Tróficas e Neurovegetativas,
17 Estado Mental,
18 Distúrbios da Comunicação Através da Fala e da Linguagem,
r
19 Agnosias e Apraxias, tpQ
20 Nervos Cranianos, 113 v'
21 Paralisias Associadas dos Nervos Cranianos, 137
22 Comas, 141

23 Observação Neurológica, 149


1
Bibliografia, 153
índice Remissivo, 155
t

X
I

PARTE 1

(
(I

ti

Biblioteca do Centro de
-
iências da Saúde UFPE

Introdução
l
ii,

Anamnese
i
91

A anamnese em Neurologia deve ser pa¬ epilépticos é importante o interrogatório dos


ciente, pormenorizada e bem conduzida. Uma familiares, no sentido de caracterizar o tipo de
história completa e precisa, ao lado de um exa¬ crise.
me físico minucioso, permite em grande núme¬ Na anamnese deve ser apurada a queixa
ro de casos uma orientação diagnóstica segura. principal com a história da moléstia atual, além
H de boa norma permitir que o paciente conte dos antecedentes pessoais e familiares.
sua história com suas próprias palavras, deven¬
do o examinador precisar quais são os princi¬
pais sintomas e a cronologia de cada um deles. HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL
Durante a narração da história, o examinador 1
deve observar atentamente a conduta e as rea¬ É importante determinar quando se iniciou
t
ções emocionais do sentido de o paciente carac- a doença e o modo de instalação da mesma. A
terizar suas queixas, rejeitando diagnósticos an¬ instalação súbita de uma hemiplegia sugere
teriores ou presumidos por ele mesmo. A pala¬ patologia cerebrovascular aguda, enquanto
vra vertigem, por exemplo, nem sempre é em¬ uma hemiplegia de instalação progressiva,
pregada corretamente, e quando os pacientes a acompanhada de sinais e sintomas de hiperten¬
utilizam, em boa parcela dos casos, desejam são intracraniana, sugere um processo expansi¬ I
traduzir uma tortura, lipotimia ou até mesmo vo subjacente. As afecções de fundo degenera¬
uma crise convulsiva. O que deve ser valoriza¬ tivo (moléstia de Charcot-Marie, de Friedreich)
do e anotado não é o nome que o paciente dá à instalam-se de maneira gradual, enquanto as
f sensação, senão a descrição que faça da mesma. afecções inflamatórias (poliomielite anterior
H necessário, também, que o examinador, ao aguda, síndrome de Guillain-Barré (costumam
ter início súbito.
redigira história clínica, procure utilizar termos
simples, evitando termos técnicos ou expres¬ É importante também a análise crítica dos
sões interpretativas que possam gerar equívo¬ sintomas, como no caso particular das cefa-
cos ou confusões futuras. léias. Uma cefaléia de início súbito, acompa¬
Nem sempre é possível o interrogatório do nhada de fotofobia e vómitos, pode traduzir
próprio paciente, e nestas circunstâncias deve- uma crise de enxaqueca, uma hemorragia me-
mos recolher os dados clínicos fornecidos por níngea ou até mesmo um glaucoma agudo.
parentes e/ou acompanhantes eventuais. Esta A idade do paciente pode apresentar in¬
situação se apresenta nos pacientes em coma ou teresse relativo na orientação diagnóstica. Na
com distúrbios psíquicos (agitação psicomoto¬ infância são mais frequentes os processos infla¬
ra, confusão mental, demência). Também nos matórios, na adolescência e no adulto jovem os

3
_ O tipo de dor (pulsátil,
lancinante, cons¬
1
processos desmielinizantcs, e nos indivíduos,
us moléstias vasculares.
Outro elemento importante na história clí¬
__ tritiva, em queimação);
a presença de periodicidade de ritmo;
nica é o modo de evolução da moléstia. O presença ou não de sinais e sintomas
caráter progressivo é evidente nos processos associados (náuseas, vómitos, sudorese,
expansivos, nas afecções degenerativas (escle- palidez, edema de papila, lacrimejamen-
rose lateral amiotrófica, degenerações espino- to, fotobia, obstrução nasal, congestão
ocular);
; cerebelares, doença de Parkinson) e em deter¬
minadas miopatias (distrofia muscular progres¬ se há fatores que agravam a dor (tosse,
- esforço
! siva, distrofia miotônica de Steinert). Algumas físico, compressão das jugula¬
moléstias evoluem por surtos, ocorrendo remis¬ res, posição ereta, decúbitos, movimen¬
luminosidade);
sões espontâneas entre os surtos (esclerose em tos da cabeça, ruído,
placas). Na arteriosclerose cerebral podem se há fatores que aliviam a dor (analgé¬
- sicos,
ocorrer pequenas catástrofes vasculares que re¬ repouso, determinadas posturas).
gridem parcialmente e se sucedem, acabando Na crise enxaquecosa, a cefaléia costuma
por determinar um quadro pseudobulbar ou de- ser pulsátil, unilateral (hemicrania) e se faz
mencial. Determinadas moléstias neurológicas acompanhar de manifestações neurovegetati-
t traduzem-se por nítidas manifestações paroxís- vas (náuseas, vomitos, palidez). É frequente, no
í ticas (epilepsia, enxaqueca), apresentando acal¬ início da crise, a presença de sintomas oftálmi¬
mia no período intercrítico. cos (escotomas cintilantes, hemianopsia).
i Faremos em seguida uma análise sucinta A cefaléia da hipertensão intracraniana
dos principais sintomas neurológicos.
costuma ocorrer pela manhã, aliviando-se ou
k desaparecendo algum tempo depois de o pa¬
i » CEFALéIA ciente assumir a postura vertical. Pode ser lo¬
I calizada ou difusa, apresentando evolução in¬
O diagnóstico de determinado tipo de cefa¬ termitente; costuma se acompanhar de vómitos
I léia pressupõe análise pormenorizada de suas e edema de papila.
manifestações clínicas. Efetivamente, todo en¬ A cefaléia histamínica caracteriza-se por
fermo com queixa de cefaléia suscita uma série ser paroxística, unilateral (costuma localizar-se
de indagações, no sentido de precisar o meca¬ nas regiões ocular e temporal) e de grande
nismo etiopatogênico que a mesma comporta. intensidade. A crise, que é de breve duração,
A primeira tarefa que se impõe ao clínico é costuma ocorrer no período noturno e pode ser
discriminar se a queixa se confunde com a reproduzida pela injeção de histamina. Não é
própria doença
— cefaléia-doença
constitui epifenômeno de moléstia
— ou se
sistémica,
rara a associação de lacrimejamento e obs¬
trução nasal no lado comprometido.
neurológica ou psiquiátrica. Diante de todo en¬ Na hipotensão intracraniana, determinada
fermo com cefaléia, a investigação de processo por subtração de líquido cefalorraquiano em
orgânico subjacente deve ser preocupação nível lombar, a cefaléia costuma aparecer na
constante do médico. posição ortostática, sendo intensa, contínua e
Na caracterização da cefaléia é necessário não-pulsátil. Melhora com o repouso, quando o
precisar: paciente assume o decúbito com a cabeça em
- o modo de início (instalação súbita ou nível mais baixo.
gradual); Nas meningites purulentas e nas hemor¬
I
I
- a localização da dor (retro-ocular, occi¬
pital, frontal, num hemicrânio, holocra-
ragias meníngeas, a cefaléia. de grande intensi¬
dade, se faz acompanhar dos sinais e sintomas
>
niana); meningorradiculares (rigidez de nuca, fotobia.
- a presença ou não da irradiação da dor; sinal de Kemig, Brudzinski, Lasègue).

4
As cefaléias miogênicas (tensão emocio¬ tação do nervo occipital de Arnold ou de sua
nal, espondilose cervical, vícios de postura da raiz sensitiva (C2); a dor pode ocorrer em pa¬
cabeça) são crónicas, e a dor se caracteriza por roxismos ou ser de caráter constritivo (dor sur¬
f ser superficial, de caráter opressivo ou cons¬ da), localizando-se na metade posterior do crâ-
tritivo, localizando-se principalmente na região nio.
occipitocervical ou região temporal e vértex. A A dor radicular ou radiculagia é provocada
contração prolongada dos músculos de inserção pela irritação da raízes sensitivas raquianas. I
craniana provoca sensação de dor no couro Caracteriza-se por ser de caráter lancinante ou
cabeludo, que pode ser exacerbada pelo uso de fulgurante e por se agravar com o aumento da
pente ou escova. pressão intracraniana (tosse, espirro, defeca-
Outros tipos de cefaléia (da hipertensão ção) e com o estiramento da raiz correspon¬
arterial, da arterite temporal, do glaucoma agu¬ dente (sinal de Lasègue).
fí do, de determinadas formas de neurocisticer- A dor do tipo central não apresenta uma
cose) apresentam características especiais, que topografia precisa, sendo difícil caracterizá-Ia.
i merecem ser esmiuçadas na anamnese. Às vezes, a dor é descrita como uma sensação
de ardência, prurido ou de picada. Determina¬
dos doentes referem uma sensação de agulhada
* DOR ou de esmagamento de um segmento corpóreo.
V A dor talâmica caracteriza-se por ser de grande
O sintoma dor, freqúentemente, assume o
intensidade (hiperpatia), paroxística ou contí¬
primeiro plano na cena neurológica, obrigando
nua, podendo ser desencadeada ou agravada
o examinador a uma análise exaustiva de todos
por qualquer estímulo cutâneo ou emocional.
os seus elementos: caráter, topografia, irradia¬
costuma se localizar num hemicorpo, sendo
ção, duração, fatores que agravam e que aliviam
rebelde ao tratamento. São referidas também
a dor.
sensações dolorosas no chamado membro fan¬
Podemos distinguir três tipos fundamentais tasma, algum tempo após a amputação. Esta
de dor na propedêutica neurológica: neurítico, dor, geralmente em queimação, é descrita por
radicular e central. Na dor do tipo neurítico, que alguns pacientes como se um segmento de mem¬
se localiza no território de distribuição de um bro estivesse sendo arrancado ou esmagado.
(mononeuropatia) ou de vários nervos periféri¬ Além dos tipos descritos, são conhecidos
cos (polineuropatia), as características são ex¬ os estados álgicos quando do comprometimen¬
tremamente variáveis. A dor pode se apresentar to do sistema neurovegetativo (causalgia, sim-
sob a forma de queimação, de descargas elétri¬ patalgias da face, síndrome ombro-mão). A
cas ou de forma semelhante às dores fulguran¬ causalgia costuma ocorrer após ferimentos
tes de tabes dorsalis. Em determinados pacien¬ traumáticos do nervo mediano ou do nervo
tes, as dores se agravam ou são desencadeadas fibular (ciaticopoplíteo externo). Caracteriza-
pela compressão das massas musculares. As se por dor em queimação, distúrbios tróficos
câimbras também são comuns nos comprome¬ (pele lisa e brilhante) e aumento local da tem¬
timentos neuríticos. peratura. Finalmente, as psicálgias são dores de
No território dos nervos cranianos podem características imprecisas e de evolução bizar¬
ocorrer as chamadas neuralgias (trigêmeo, ra, encontradiças nos hiponcondríacos e psicas-
! glossofaríngeo), que se traduzem por dor pa¬ tênicos.
í roxística, de breve duração, do tipo lancinante.
A dor é descrita pelos doentes como uma faca¬
da, alfinetada ou um choque elétrico. Na neu¬ PARESTESIAS
ralgia herpética (herpes zoster), o paciente re¬
fere a dor em queimação no trajeto de um nervo; São sensações desagradáveis, mais ou me¬
l nos permanentes, que traduzem irritação de
este tipo de dor é extremamente rebelde ao
tratamento. A neuralgia occipital traduz irri- nervos periféricos sensitivos ou de raízes pos-

5
teriores. As parestesias, freqtientemente, se as¬ cem ser citadas as formas extravestibulares:
sociam à dor e costumam se traduzir principal¬ vertigem visual, das alturas, cortical e psicogê-
mente por formigamento, picada, adormeci¬ nica.
mento, queimação na planta dos pés, sensação Uma distinção que não tem fundamento
de água fria escorrendo sobre a pele. fisiológico, mas que apresenta grande utilidade
clínica, é aquela que divide as vertigens em
EPILEPSIA E ESTADOS CONVULSIVOS objetivas e subjetivas. A vertigem subjetiva
caracteriza-se pela sensação. Experimentada
Manifestações frequentes na patologia pelo paciente, de rotação de seu próprio corpo,
neurológica, devem ser exaustivamente estu¬ manifestação que tem como corolário uma sen¬
dadas em todos os seis pormenores: caracteri¬ sação de instabilidade. O indivíduo reconhece
zação da crise (grande mal, pequeno mal, crise que os objetos dentro de seu campo visual estão
focal); presença ou não de aura, entendendo-se imóveis; com efeito, não é o mundo exterior»
por aura a fenomenologia que precede a perda mas sim sua representação psíquica e interior
da consciência e que pode ser motora (mioclo- que é instável. Ao contrário, a vertigem é dita
nias), sensitiva (parestesias), psíquica (sensa¬ objetiva quando o deslocamento do mundo ex¬
ção do “já visto” ou do “nunca visto” ), vegeta- terior (as paredes do quarto, os objetos de seu
tiva (palpitações); presença de manifestações campo visual) é percebido pelo paciente.
pós-críticas (cefaléia, amnésia, paresia, afasia). Na anamnese é importante apurar: a inten¬
É importante precisar, no interrogatório, sidade do sintoma; a direção do movimento
determinados dados: ilusório; a duração do sintoma. Geralmente, a
- idade de início das crises; seguinte lei é válida: “quanto maior a intensi¬
- frequência das crises (às vezes, centenas dade da vertigem menor é a sua duração”.
por dia, no pequeno mal); No grande acesso vertiginoso, o início, às
- ritmo horário, (há alguns enfermos que vezes brutal, pode determinar a queda do pa¬
apresentam crises noturnas); ciente, circunstância que o obriga a acamar-se.
- presença de fatores precipitantes (tensão O acesso é freqtientemente acompanhado de
emocional, fadiga, excesso de bebidas um cotejo neurovegetativo caracterizado por
alcoólicas, jejum prolongado); palidez, sudorese, lentificacão do pulso e vómi¬
- relação com a menstruação; tos. Nesta fase, o doente permanece acamado
- tratamento já realizados.
Nas crianças, é importante indagar se a
inerte, com os olhos fechados, pois qualquer
movimento ou mesmo cobertura dos olhos po¬
convulsão ocorreu na vigência de febre. derá agravar o quadro. A anamnese deverá pre¬
cisar se existe alteração na esfera coclear (zum¬
VERTIGEM bidos, hipacusia, sensação de plenitude no ou¬
vido). Após a crise o paciente pode permanecer
Vertigem é a percepção consciente de com sensação de instabilidade nas pernas du¬
orientação desordenada do corpo no espaço. rante algumas horas ou até mesmo dias.
Não obstante a sensação rotatória seja a ma¬
nifestação mais frequente da vertigem, não é a
única, pois as vertigens provocadas através das PARESIAS E PARALISIAS
provas instrumentais podem se traduzir por ou¬
tras sensações, além da rotatória (sensação de Os déficits motores quando são completos
balanço do corpo, de deslocamento do solo sob recebem o nome de paralisia, e quando são
os pés, de queda num elevador ou precipício). parciais, de paresia; reserva-se o nome de im¬
As vertigens, geralmente, traduzem fenômenos potência funcional às dificuldades motoras de
subjetivos de disfunção da esfera vestibular. causas extraneurológicas (ósseas e/ou articula¬
Além da forma vestibular de vertigem, mere- res).

6
As purcsias e/ou paralisias podem ser de os hemisférios cerebrais, e constitui o sistema
origem central ou periférica, As primeiras rece¬ centrencefálico. As alterações dessas estruturas
bem o nome de piramidais ou do primeiro neu- podem provocar desordens no mecanismo do
rônio motor, e as últimas se chamam flácidas sono e da vigília (hipersônia, narcolepsia, insó¬
ou do segundo neurônio motor. A diferença nia, coma).
fundamental entre ambas é o todo muscular, A letargia ou hipersônia é um estado de
que se apresenta aumentado (hipertonia muscu¬ sono anormalmente prolongado, que se observa
lar) nas primeiras e diminuído ou abolido nas comumente em determinadas formas de ence-
últimas (hipotonia ou atonia muscular). falite. A narcolepsia consiste de crises de sono
profundo, de breve duração. A insónia é ma¬
DISTúRBIOS VISUAIS nifestação frequente em pacientes com distúr¬
bios de fundo neurótico; ocasionalmente, pode
r O paciente pode procurar o médico por ocorrer insónia nas encefalites. Os estados de
rebaixamento da acuidade visual, que poderá coma serão objeto de análise em capítulo es¬
ser uni ou bilateral, de instalação súbita ou pecial.
progressiva (neurites ópticas, atrofias ópticas .
primárias, edema de papila). Um quadro de
DOS ESFINCTERES
amaurose unilateral, de instalação súbita, pode DISTúRBIO *
sugerir embolia da artéria central da retina, A micção, que resulta da contração da mus¬
I insuficiência do território carotidiano homola- culatura lisa da bexiga, é apenas um fenômeno
li
teral ou uma crise enxaquecosa. reflexo de integração medular. O estímulo para
As alterações do campo visual (escotomas, a produção deste reflexo é representado pela
hemianopsias, quadrantonopsias) podem ser re¬ distensão da parede vesical; as vias aferentes e
feridas pelos doentes de bom nível mental, mas, eferentes são constituídas pelos nervos paras-
na maioria dos casos, somente serão evidencia¬ simpáticos, relacionados com os segmentos
das mediante um exame sistemático. medulares S2-S3-S4, onde está localizado o
A diplopia, que traduz uma paralisia oculo- centro reflexógeno.
motora, costuma ser referida pelo doente, sendo No entanto, a. micção como atoÿ reflexo
freqUente que este se apresente ao exame fecha¬ simples p Hf.mp.ntar f.xiste, normalmente, apq-
do voluntariamente um olho com o objetivo de nas na criança, mais ou menos até o fim do
eliminar a imagem dupla. primeiro ano de vida. Daí por diante, graças à
Finalmente, determinados distúrbios paro- mielinização dos sistemas superiores, apare¬
xísticos, como alucinações visuais, podem cem dois fatos novos que complicam o meca¬
constar das queixas do doente (aura epiléptica, nismo reflexo simples: a capacidade de impe¬
I alucinose peduncular). dir, pela ação da vontade, a contração do mús¬
culo detrusor, apesar de a bexiga estar cheia; a
possibilidade de provocar a contração da bexi¬
DISTúRBIOS DO SONO
ga, mesmo quando exista quantidade mínima
Na substância reticular do tronco do encé- de urina no seu interior.
falo há um sistema cuja função é ativar os níveis Dois grandes tipos de distúrbios da micção
superiores do sistema nervoso central, contri¬ podem ser observados:
buindo, deste modo, para a manutenção do es¬ - retenção de urina (globo vesical), com
tado de vigília. É o denominado sistema reticu¬ micção por regurgitamento quando a
lar ativado ascendente (SRAA). O SRAA es¬ quantidade de urina ultrapassar a capa¬
tabelece amplas conexões com o sistema límbi- cidade vesical (fase de choque espinal
co e com o córtex cerebral. Este conjunto de nas paraplegias agudas, tabes dorsalis);
estruturas, de situação mesodiencefálica, man¬ - micções involuntárias, quer se trate de
tém conexões aferentes e eferentes com ambos micções imperiosas conscientes (pseu-
Biblioteca do Centro de 7
Ciências da Saúde - UFPE
{

dobulbaresk quer se trate de micções ou palidez; necessidade do emprego de mano¬


automaticas inconscientes (paraplegias bras de reanimação; choro precoce ou demora¬
espasiicas sensit » vomotoras ). do. Indagar sobre a presença de icterícia ou de
No primeiro caso, a bexiga é hipotõnica ou crises convulsivas nos primeiros dias de vida.
artõwca (retenção urinária), enquanto no segun- Apurar sobre o desenvolvimento neuropsi-
do a bexiga e hipoiiõmca e hiper-reftéxica (in¬ comotor: condições de amamentação; precisar
continência urinaria VMI micção imperiosa). a época em que a criança sustentou a cabeça
Os distúrbios do esfmeter vesical, princi- (normal: entre três e quatro meses), sentou (seis
jxdmente por lesões medulares, se acompanham e sete meses), andou e falou (12 e 16 meses).
de incontinência de fezes, Interrogar sobre episódios tóxicos e infecciosos
Na medula sacra (S2-,Sÿ-S4) estão localiza- no primeiro ano de vida e inquirir se, na vigência
ckxs os centros de inervação dos órgãos genitais de moléstias infectocontagiosas (varíola, saram¬
externos masculinos, e sua lesão determina im¬ po. coqueluche), houve manifestações neu¬
potência sexual. rológicas. Anotar eventuais complicações às va¬
cinações anti-rábica ou antivariólica. Outros da¬
CHORO K RISO ESPASMóDICOS dos relevantes devem ser investigados; ren¬
dimento escolar, hábitos e comportamento; nas
O choro e o riso espasmódicos apresentam meninas, indagar sobre a menarca e catamênios.
como caraterísticas fundamentais o caráter Na idade adulta deve ser apurada referência
cpivcdico e a ausência do substrato emocional. a traumatismos (hematomas intracranianos,
Todav M. nem sempre as crises de chore ou riso síndrome convulsiva, hérnia discai), parasito¬
sào imottvadas, podendo mesmo ocorrer reações ses (cisticercose, esquistossomose, moléstia de
paradoxais como, por exemplo, a do paciente Chagas), passado venéreo (sífilis), manifesta¬
que diante de uma situação desagradável é aco- ções alérgicas, moléstia dos aparelhos cardio¬
iwtido de crise de riso. Estas manifestações vascular, digestivo, respiratório, urinário. In¬
podeni aparecer no decurso de moléstias cere¬ dagar se o paciente foi operado e a que tipo de
I brais difusas: .arteriosclerose cerebral dit'nci cirurgia se submeteu (síndrome neuroaquílica,
smdremes pscudobulbares. encetaiites. proces- na gastrectomia; metástase intracraniana, na
sos expansivos trontais. mastectomia ou pneumectomia). Indagar sobre
O riso paroxisitco i motivado pode traduzir os hábitos de vida, regime alimentar (carência
ense epiléptica. alimentar), vícios (alcoolismo) e intoxicações
(chumbo, monóxido de carbono, tálio, arsénico,
ANTECEDENTES PESSOAIS hidantoinatos, estreptomicina, hidrazida, ca-
namicina, manganês). Na presença de síndrome
È importante indagar como decorreu a ges¬ parkinsoniana deve ser investigado se o pacien¬ *>
tação: se houve peidas sanguíneas freqiientes te tez uso de neurolépticos (reserpina, clorpro-
nos primeiros meses: se a gestante fez uso de mazina. butirofenona) ou se há nos anteceden¬
determinados medicamentos com efeitos tera- tes elementos que possam sugerir encefalite.
togêrucos; se houve ou não ocorrência de pro¬ Um inquérito sobre a atividade profissional
cessos infecciosos (rubéola. toxoplasmose, va- não deve ser negligenciado. Às vezes, é trans¬
rtola); tentativa de abortamento, traumatismos parente a relação entre a atividade profissional
matemos, toxemia gravtdica. e a doença que o indivíduo apresenta (doenças
Interrogar sobre as condições de parto: a profissionais). O nistagmo dos mineiros, a
termo ou prematuro, rápido ou demorado; va¬ caimbra dos escrivães, a síndrome parkinsonia¬
riedade de apresentação; traumatismos obsté¬ na determinada pelo manganês, as neuropatias
tricos; anoxia neonatal (apurar se houve circu¬ profissionais (telefonistas, violinistas) são al¬
lar de cordão, sofrimento fetal, emprego de gumas doenças que podem ser vinculadas à
fórceps). Condições do recém-nascido cianose atividade profissional do indivíduo.

$
:
f
ANTECEDENTES FAMILIARES bólicas (degeneração hepatolenticular, coligo-
frenia fenilpirúvica e outros erros inatos do
Apresenta grande importância, na prática metabolismo). Podemos reconhecer nas molés¬
neurológica, a indagação sobre o caráter here¬ tias neurológicas várias modalidades de trans¬
ditário ou familiar de determinadas moléstias: missão hereditária (tipo dominante, recessivo e
heredodegenerações espinocerebelares (mo¬ ligado ao sexo).
léstia de Friedreich, paraplegia espástica de É importante verificar se existe consanguini¬
Striimpell-Lorrain), miopatias (distrofia mus- dade dos pais, dados de alcoolismo, sífilis, assim
cular progressiva, miotonia de Thomsen, dis¬ como incompatibilidade Rh feto-materna.
trofia miotônica), determinadas doenças meta-

9
2 Exame Físico

O exame físico geral do paciente neuroló¬ pode sugerir neuroleprose (Fig. 2.2), neurite
gico não deve ser negligenciado e, desde que intersticial hipertrófica, doença de Refsum e
bem conduzido, pode proporcionar elementos neuromas.
valiosos para a orientação diagnóstica. Ao exa¬ Ao exame do crânio deve ser observado:
me físico geral é importante observar o estado simetria; tamanho (hidrocefalia, macrocefa¬
de nutrição, temperatura, pele e anexos, siste¬ lia, microcefalia); deformidades (cranioeste-
ma ósseo, muscular e ganglionar, respiração, noses); proporção craniofacial (disostoses
pulsos periféricos. craniofaciais, hidrocefalias) (Fig. 2.3); sa¬
A simples inspeção da pele e anexos pode liências (Fig. 2.4); depressão (traumatismos
sugerir, muitas vezes, o diagnóstico: adenoma cranianos com afundamento); presença de en-
da face e fibromas subungueais (tumores de cefaloceles ou meningoencefaloceles (Fig.
i 2.5); sinal do pote rachado e do sol poente
Koenen) na esclerose tuberosa; angioma de cor
vinhosa, localizado numa hemiface, na molés¬ (hidrocefalias); presença de sopros à ausculta
tia de Sturge-Weber; manchas cor de “café com (fístula carótido-cavemosa, angiomas arte-
leite” e neurofibromas na moléstia de von riovenosos).
Recklinghausen (Fig. 2.1); ictiose síndrome de No pescoço deve ser verificado o nível de
Sjõgren-Larsen; máculas e/ou nódulos na neu¬ implantação dos cabelos, a presença de desvios
roleprose; telangiectasias na face e conjuntiva (torcicolos) ou de pescoço curto (impressão
ocular na ataxia-telangiectasia de Louis Bar; basilar, síndrome de Klippel-Weil).
erupções vesiculosas no herpes zoster; hipertri¬ Na coluna vertebral deve ser investigada
cose e hipertrofia de gengiva pelo uso prolon¬ a presença de deformidades, desvios, gibosi-
gado de hidantoinatos; alopecia na intoxicação dades, meningoceles, alterações sugestivas
pelo tálio e na lepra; alopecia e vitiligo na de espinha bífida oculta (hipertricose locali¬
síndrome de Vogt-Koyanagi. zada, cisto pilonidal), contraturas musculares
O exame dos nervos periféricos (inspeção paravertebrais, dor à pressão das apófises espi¬
e palpação) deve ser feito de rotina nas neuro- nhosas.
patias periféricas, com o objetivo de pesquisar- Ao exame das extremidades distais (mãos
se a existência de espessamento de troncos ner¬ e pés) deverá ser observado o tamanho (acro¬
vosos ou a presença de nódulos em seu trajeto. megalia, quiromegalia e siringomielia), a sime¬
Segundo Julião, os principais troncos nervosos tria, presença de edema (mão suculenta na si¬
que devem ser examinados são: ulnar, fibular, ringomielia e na síndrome ombro-mão), pre¬
radial, grande auricular, supra-orbitário, ramos sença de deformidades (sindactilia, pé cavo)
poroneais superficiais. A neuro-hipertrofia (Fig 2.6).

11
•'V.,
Bi.

Fig. 2.2 —Acentuado espessamento do nervo grand'


auricular em caso dc lepra nervosa (Cortesia do !)ÿ
Wilson Brouo).

Fig. 2.1— Volumoso neuroma de ciático em paciente


com doença dc von Recklinghausen.

EXAME FÍSICO DOS DIFERENTES


APARELHOS

O exame físico dos diferentes aparelhos L

deve ser realizado em razão das íntimas cone¬


xões do sistema nervoso com os demais depar¬
tamentos do organismo. Nos acidentes vascula¬
res cerebrais, por exemplo, é fundamental o
exame minucioso do aparelho cardiovascular: V
exame do coração, medida da pressão arterial
sistémica nos dois membros superiores, e em
determinados casos também nos inferiores,
palpação e ausculta dos vasos do pescoço, ve¬
rificação do isocronismo dos pulsos radiais e do
estado das artérias periféricas pela palpação.
Determinadas doenças do aparelho cardiovas¬
Fig. 2.3— Hidrocefalia caractcrizada pela desproporção
craniofacial com desvio para baixo dos globos oculares
(sinal do "sol poente”).
cular (cardiopatias congénitas, infarto do mio-

12
; ) K*J!

kv,v

Mg. -.4 hvsvnça Ue nódulo subcutâneo na região


ei miaiu. em paciente com paraplegia crural (metStases
do cuicinonui ik' tneoule* t %

Fig. 2.6
dactilia).
— Sindactilia na doença de Apert (acrocéfalo-sin-
aneurismas micóticos, abscessos, hemorragias.
oclusões vasculares).
Quando houver suspeita ou evidência de
neoplasias metastáticas, intracranianas e ra-

\ quianas, a investigação da neoplasia primitiva,


em determinados órgãos ou sistemas, se impõe
\ (carcinoma dos brônquios, da mama, próstata,
tireoide, hipemefroma, corioepitelioma. mela¬
noma). Além das metástases, determinadas
neoplasias podem provocar quadros neurológi¬
cos por ação a distância (neuropatias paraneo-
plásicas). Entre estas distinguem-se: a atrofia
cerebelar no adenocarcinoma de mama; a poli-
k neuropatia periférica no carcinoma brônquico.
mrrw Nos processos inflamatórios do sistema
nervoso central e de seus envoltórios (meningi¬
Kig. 2.5 Mcnmgoencelalocclc.
tes, tromboflebites cerebrais, abscessos intra¬
cárdio. moléstia vascular hipertensiva, endo- cranianos ou intrarraquianos) deve ser investi¬
eardite bacteriana subaguda, aneurisma disse- gada a presença de processos infecciosos nas
cante da aorta) podem provocar quadros neuro¬ estruturas vizinhas (otites, mastoidites, sinusi¬
lógicos por vários mecanismos (embolias, tes, fraturas de crânio, osteomielite) ou de in-

13
do sistema
nervoso Ce
t.memo doençÿ«<
que por via .en,oí«k
a disiância.
Scaÿemai
fecções

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sistémicasost
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da face.
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subaguda).
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(era-
falc.forme
cos no sistema
. P ,a biIinvbín;r
e foc
(amolec.mentos pinealo-
nervoso
cÿiO
isquéÿitei'
central,.
do
endocardite bacteriana intracranianos to-
tumoreshipofisános. (actden.es vasculares
vem o tea rombocitopêniCa cm°tra,,
Determinadostumores a função ei,endo- o amenorréia.
ra ron. leucemias (compTO,n ** <k
niofaringiomas. exame cerebral); nervoscranianos
mas). w convranMicni exigem um tnemnges.dos ícompressá'0
potálamo-hipofisãrio,
rigoroso
(obesidade, precoce,
puberdade
de {lod«k™
doenía mieloma múltiplo (compreÿV.'530 rad/cy,
crwológico hipertricose. dular);
galactorréia. do lo-medular). do colágeno, abu
aparelho
acromegal,a). pormenorizado na presença Das doenças e sintomas i ,Cai,Vos de
Um examedeve ser praticado nerxoso: evoluir com sinaisdo sistema nerv
do sistema
gastrintestinal afecções (dores abdo- comprometimento (mononeurites múlt,pasÿ'tópuj
de determinadas familiar degenera- nodosa
neuropatia amiloidótica
(crise C°nVUÿ,v«s,
diarréicos); (glossite, terite disseminado
surtos
subaguda da medula
vómitos, eritematoso dermatomi
psicóticos); reumática COrÿadeSy.
minais,
combinada hepatolenticular quadros
miopáticos); moléstia
i
ção atrófica):degeneração periférica
gastrite hepática); polineuropatiapsicomoto- denham). dnv
tevenjser/ni«o
(cirrose agitação
com Alguns sinais e metabólicos
coma
(gastrectomia); porto-cava). Osdistúrbios
ra (encefalopatia comuns emdeter-
são tieados em
virtude d*
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gastrintestinais vómitos
nervoso:
sintomasafecções do sistemahipertensões intra- tações neurológicas "a u<]®m,cas>:hipoeli-
(neurooatia e (encefaloDatinPh
1
j
minados labirintopatias,
(enxaquecas,
cranianas,
luços
meningites

hematémeses
, esclerose
hipertensões
(encefahtes,
em p/acas); so-
intracranianas);
cerebrais): dores ab-
(tomontÿas dorsal,abdominal,.
epilepsia s. hemopatia
ZSS
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14
J,
*

1 PARTE 2
.*

i-

Exame
Neurológico
15
3 Fácies. Atitude. Marcha.

FÁCIES modificar-se subitamente pela labilidade emo¬


cional que determina crises de choro e riso
‘ A expressão fisionómica do paciente as¬ espasmódicos.
í sume, em determinadas circunstâncias, uma Nas atetoses são comuns caretas ou expres¬
importância considerável ao permitir o imedia¬ sões grotescas no território inferior da face,
to reconhecimento da afecção em causa. Entre¬ com protrusão frequente da língua.
tanto, a inspeção da face não deve levar a con¬ A paralisia facial periférica unilateral ca-
clusões apressadas e não dispensa um exame racteriza-se pela assimetria da face, lagoftalmo,
neurológico sistemático. epífora, repuxamento da boca para o lado são
Um primeiro contato com o paciente já com apagamento do sulco nasolabial. Na diple¬
permite, ao examinador, observar a expressão gia facial, o paciente apresenta fácies amímica
emocional estampada na face: ansiedade (neu¬ ou hipomímica, com as fendas palpebrais au¬
rose de angústia ou tireotoxicose), tristeza (sín- mentadas (lagoftalmo bilateral) e imobilidade
dromes depressivas), euforia (esclerose em pla¬ dos lábios (riso transversal).
cas), indiferença (tumores frontais), labilidade A hemiatrofia facial caracteriza-se pela as¬
emocional (arteriosclerose cerebral difusa), o- simetria da face por atrofia de toda a metade da
lhar inexpressivo (demência). mesma, incluindo pele, músculos e ossos (Fig.
Na moléstia de Parkinson e nas síndromes 3.1).
parkinsonianas, a fácies caracteriza-se pela Na miastenia grave, doença da placa mio-
inexpressividade, fixidez do olhar, diminuição neural, ocorre com frequência ptose palpebral
ou abolição da mímica (fácies figée), aspecto bilateral acompanhada de déficits da muscula¬
gorduroso da tez (fácies empomadada) e boca tura estriada ocular (estrabismos), o que obriga
entreaberta com salivação abundante. A hipo- o paciente a contrair o músculo frontal e hipers-
mimia ou amimia da face (perda da mímica tener a cabeça para poder enxergar um objeto
automática) caracteriza a chamada máscara situado no mesmo nível de seus olhos (fácies
parkinsoniana. de Hutchinson).
Na degeneração hepatolenticular (fácies A fácies da distrofia miotônica caracteriza-
wilsoniana), o paciente apresenta-se com a boca se pelo seu aspecto alongado, ptose palpebral
entreaberta, hipersalivação, riso estereotipado, incompleta bilateral, calvície precoce, atrofia
sendo frequentes nos estágios avançados da doen¬ dos músculos masseteres e dos estemoclido-
ça crises de choro e riso espasmódicos. mastóideos.
Nos quadros pseudobul bares, a fáceis imó¬ Na distrofia muscular progressiva (forma
vel e monótona, nas condições de repouso, pode facioscapulumeral), o paciente apresenta fácies

17
/

Fig. 3.1 — Hemiatrolia facial direita em paciente com


atrofia congénita do hemicorpo direito.
Fig. 3.2 — Fácies na sindrome da Cushing.

alargada, lábios grossos, macroglossia, oreli;


inexpressivas, com oclusão palpebral incom¬ grandes e pescoço curto.
pleta, lábios separados (sendo o superior saliente Outros estados mórbidos podem apresent.:
— —
lábio de tapir e o inferior evertido), além de
desaparecimento das rugas e dos sulcos faciais.
fácies típicas: tétano (trismo, riso sardonic c
sindrome de Cushing (fácies de lua) (Fig. 3.2
Nos comas determinados por acidentes mongolismo (aspectos da raça amarela: ffonk
vasculares cerebrais, a fácies permanece imó¬ estreita, olhos amendoados com prega epicântic,.
vel, com a bochecha flácida no lado paralisado, malares salientes, crânio pequeno, cabelos escas
havendo ligeiro repuxamento da comissura bu¬ sos e espessos), acromegalia (aumento do maciço
cal para o lado são e levantamento da bochecha facial, nariz grande, prognatismo, lábios grossos),
durante a expiração (boca do fumador de ca¬ sindrome de Claude Bemard-Homer (ptose in¬
chimbo). Nestes casos, é frequente o desvio completa, miose, enoftalmo unilateral).
conjugado da cabeça e dos olhos para o lado da A pele da face pode apresentar anormalida¬
lesão. des que permitem caracterizar determinadas
Nas formas letárgicas de encefalite, o pa¬ moléstias: adenoma sebáceo na esclerose tube-
ciente apresenta aspecto sonolento, com boce¬ rosa (Fig. 3.3), angiomatose cutânea na doença
jos frequentes, podendo-se notar na maioria dos de Sturge-Weber.
casos paralisias oculares.
A fácies na doença de Crouzon caracteriza- ATITUDE
se peia conformação do nariz com a base alar¬
gada (aspecto de bico de papagaio), além de A observação da atitude do paciente cons¬
prognatismo do maxilar inferior (por atrofia do titui etapa importante do exame neurológico.
maxilar superior) e lábio superior curto (Fig. permitindo, muitas vezes, diagnosticar a afec-
20.6). No gargulismo, a fácies é grotesca, com ção existente e/ou quais sistemas ou estruturas
hipertelorismo, nariz em sela e com a base estão comprometidos (afecções musculares.

18
Biblioteca do Centro de
wônoasdaSajjdejiPDj

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Fig. 3.3 — Fácies na esclerose tuberosa. KiH. 3.4
drcich.
liscolioM.' pronunciada na moléstia <ic Fric-

neuropatias periféricas, síndromes piramidais e


extrapiramidais. meningites, afecções cerebe- pélvica e escapular), escápula alada, lordose
lares. sofrimento do tronco do encéfalo, lombo- lombar, abdome proeminente, pseudo-hiper-
ciatalgias). trofia das panturrilhas. O miopata, quando dei¬
O exame compreende desde a inspeção de tado, apresenta um modo característico de le-
um segmento corpóreo (atitude segmentar) até vantar-se: passa do decúbito dorsal para o ven¬
o aspecto geral do paciente na posição deitada, tral, apóia as mãos e os pés no chão, a seguir
sentada ou de pé (atitude geral). Observar ini¬ eleva o tronco apoiando as mãos sucessiva¬
cialmente se existe alguma deformidade corpó- mente nas pernas, nos joelhos e nas coxas (Fig.
rea evidente: cifose (mal de Pott). pescoço curto 3.6) como se subisse sobre si mesmo (levantar
(impressão basilar, síndromc de Klippel-Feil), miopático). Nas mioscleroses observamos atro¬
escoliose ou cifoescoliose (doença de Frie¬ fias acentuadas com retrações fibrotendíneas,
dreich. distrofia muscular progressiva) (Fig. que acabam por fixar os membros numa atitude
3.4), torcicolo, pé cavo com dedos em martelo flexora (Fig. 3.7).
(doença de Charcot-Marie) (Fig. 3.5).
Descreveremos em seguida algumas enti¬
dades neurológicas, cujo aspecto geral ou seg¬ HIPOTOMA MUSCULAR DA INFâNCIA
mentar são importantes para o diagnóstico.
Compara-se a atitude destes pacientes à da
boncca de trapo. Quando se eleva a criança, do
DOENçAS MUSCULARES
plano do leito, na posição de decúbito dorsal,
Na distrofia muscular progressiva observa¬ sua cabeça e seus membros pendem inertes. A
mos atrofia com distribuição proximal (cintura criança é incapaz de sustentar a cabeça ou de

19
Biblioteca do Centro de
Ciências da Saúde - UFPE
T\ **
Fig. i

r
w


Fig. 3.5 Pés deformados com dedos cm nuncio na
moléstia de Charcot-Mane.

manter-se sentada. Este tipo de hipotoma é


encontrado, principalmente, na doença de Wer-
ding-Hoffmann.

NELROPATIAS PERIFéRICAS

As lesões da ponta anterior da medula, dos


plexos, das raízes ventrais ou dos nervos perifé¬
ricos podem determinar atitudes caracteristicas
num segmento corpóreo: mão pêndula da para¬
Fig. 3.7
— RetrusCvs tibroicndinca> em nr
determinando uma atitude flexora no\ mernfyvw
riores.
lisia radial (Fig. 3.8); mão simiesca da para¬
lisia do nervo mediano; mão em garra da
paralisia do nervo ulnar; pé equino por para¬ bito lateral colocar a cabeça em hipertensa.
lisia do nervo fibular; escoliose antálgica na fletindo os membros superiores e os inferiores
lombociatalgia.
LESõES DOS CORDõES POSTERIORES
SÍNDROMES MENÍNGEAS

Nas meningites e nas hemorragias menín-


Nas ataxias sensitivas (tubes dors, »
pacientes apresentam-se com a
.
geas pode ocorrer rigidez de nuca e mesmo base de
tentação alargada, olhar fixo no chão e o
opistótono; quando o paciente assume o decú- recurvatum.

20
m (Fig. 3.9). Nos torcicolos espasmódicos, a ca¬
beça pode apresentar desvios acentuados (láte-
ro, retro ou anterocolo). Nas coréias, o paciente,
quando em posição ereta, apresenta movimen¬
tos involuntários frequentes, de forma brusca e
desordenada, em quase todos os segmentos cor¬
póreos ( le malade danse sur place).

LESõES PIRAMIDAIS
Nas hemiplegias espásticas é comum a ati¬
tude de Wemicke-Mann, determinada pela hi-
Fit*- 3.8
esquerdo.
— Mão pendula na paralisia do nervo radial pertonia muscular eletiva, que fixa o membro
superior numa postura flexora e o inferior numa
postura extensora. Na diplegia cerebral infantil
LESõES DO TRONCO DO ENCéFALO predomina o tono dos músculos extensores dos
As lesões altas do tronco, poupando o sis¬ membros inferiores e dos adutores da coxa,
tema vestibulospinal, podem determinar rigi¬
assumindo os pés uma postura em hiperexten-
são.
dez de descerebração: extensão e pronação dos
membros superiores, extensão dos inferiores
com adução e rotação intema dos pés. Esta HISTERIA
atitude é habitualmente reforçada pela estimu¬
lação nociceptiva. Na rigidez de decorticação, Nos estados histéricos podemos observar
os membros superiores assumem uma atitude atitudes bizarras, como no caso da camptocor-
flexora, enquanto os inferiores mantém a pos¬ mia, em que o paciente flete o tronco sobre os
tura em extensão. membros, chegando a formar um ângulo de 909
ao nível da cintura.

LESõES VESTIBULOCEREBELARES
MARCHA
No comprometimento do sistema vestibu¬
A marcha, que é um ato automático, depen¬
lar ou das estruturas cerebelares são comuns os
de de múltiplos mecanismos para que se faça
desvios laterais da cabeça, que costumam se
de modo normal. O exame da marcha deve ser
fazer para o lado do labirinto hipoexcitável ou
realizado com o paciente despido ou em trajes
da estrutura cerebelar acometida. Nas ataxias sumários, num recinto suficientemente amplo.
cerebelares. o paciente apresenta a base de sus¬ Inicialmente, o examinador deve apreciar a
tentação alargada e_p <ÿrpo ncrihmtp
marcha do paciente dentro de uma perspectiva
global, para em seguida observar atentamente
LESõES EXTRAPIRAMIDAIS determinados pormenores, como, por exemplo,
os movimentos associados dos membros supe¬
Nos parkinsonianos, a postura é rígida com riores.
a cabeça e o tronco ligeiramente fletidos, braços Algumas manobras poderão ser emprega¬
acolados ao tronco com os antebraços e joelhos dos durante o exame da marcha:
semifletidos, além da acinesia (atitude de es¬ - ordenar ao paciente para acelerar ou len-
tátua). Nas distonias de torção, em consequên¬ tificar os passos ou, eventualmente, até
cia dos movimentos involuntários e das varia¬ correr;
ções do tono muscular, o tronco, a cabeça e os - executar meia-volta durante a marcha ou
membros podem assumir posições grotescas deter-se bruscamente sob comando;

21
tf
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IP
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Fi>>. 3.9 Aspecto do paciente na distonia dc torção.

- andar sobre as pontas dos pés os calca¬ passos curtos, arrastando os pés no solo e po¬
nhares; dendo apresentar inclinações do tronco. Na pa¬
- andar de lado e para trás; raplegia da doença de Little (paralisia cerebral),
- andar de olhos fechado; além da hipertonia dos extensores, costuma
- subir e descer escadas. haver acentuada contratura dos músculos adu¬
Descreveremos em seguida os tipos fun¬ tores da coxa. Nestes casos, a marcha é espás¬
damentais de marcha patológica. tica, difícil, a passos curtos, com os joelhos
acolados de tal sorte que, ao caminhar, o doente
entrecruza-se altemativamente (marcha em te¬
MARCHA ESPáSTICA soura). Além das características descritas, a
marcha pode se fazer nas pontas dos pés numa
Na hemiplegia espástica, o doente caminha postura em extensão (marcha digitígrada).
traçando com o membro inferior comprometido
um semicírculo ou movimento de circundação
(marcha ceifante ou helicópode); em virtude da MARCHA ATáXICA DA SíNDROME
hipertonia cm extensão no membro inferior e RADICULOCORDONAL POSTERIOR
do movimento de circundação, o pé toca o solo (ATAXIA SENSITIVA)
pela borda lateral e ponta, produzindo um ruído
característico e maior desgaste do sapato na sua Nesta afecção o paciente, privado da infor¬
porção lateral e no bico. mação proprioceptiva das sensibilidades pro¬
Nas paraplegias espásticas, de origem me¬ fundas, caminha olhando para o solo procuran
dular, a marcha é do tipo paretoespástico: o do regularizar os movimentos incoordenados
paciente caminha com grande dificuldade, a dos membros inferiores através do controle vi-

22
suai. A marcha é insegura, e os passos desorde¬ MARCHA PARéTICA
nados; o doente caminha com as pernas afas¬
tadas uma da outra, levantando-as em excesso Este tipo de marcha é de observação cor¬
para em seguida projetá-las com energia sobre rente nas afecções do neurônio motor perifé-
o solo, tocando-o com o calcanhar (marcha rico.
talonante ou calcaneante). Este tipo de marcha Quando há comprometimento do nervo
piora ou é impossível com os olhos fechados. peroneal comum (fibular ou ciaticopoplíteo ex¬
Entre as moléstias que se distinguem pela pre¬ terno), que acarreta flacidez da perna e déficit
sença deste tipo de marcha temos a tabes dor¬ dos músculos dorsiflexores do pé, o paciente
salis, a degeneração combinada subaguda da caminha levantando excessivamente a perna, à
medula e as neuropatias periféricas com com¬ custa de enérgica flexão da coxa sobre a bacia
prometimento acentuado das sensibilidades (marcha escarvante ou em steppage). O fenô-
proprioceptivas (polineuropatia diftérica, dia¬ meno pode ser unilateral (hérnia do disco L5-
bética). Sl, poliomielite, neurite leprosa, neuropatia da
periarterite nodosa) ou bilateral (lesão da cauda
equina, doença de Charcot-Marie, polineuropa-
MARCHA ATáXICA DA SíNDROME tias, polirradiculoneurites). Nos casos de lom-
CEREBELAR bociatalgia, o doente mantém o membro aco¬
metido em atitude antálgica de semiflexão
Neste caso, a manutenção da atitude ereta (para evitar o estiramento da raiz comprometi¬
pode ser difícil, e o paciente, frequentemente, da). Por ocasião da deambulação, a atitude é
necessita ampliar sua base de sustentação. Na conservada, e o doente ao avançar inclina o
posição ereta pode haver oscilações do corpo e tronco para a frente, configurando o ato de
ser apreciada “a dança dos tendões” no dorso saudar (marcha antálgica ou saudatória).
do pé, fenômeno que traduz assinergia muscu¬ No comprometimento do nervo tibial (cia¬
lar durante a manutenção da bípede estação. O ticopoplíteo interno), em virtude do déficit do
andar é vacilante, com a base de sustentação músculo tríceps sural, é impossível a marcha na
alargada, apresentando o paciente tendência à ponta dos pés. O comprometimento do nervo
queda para qualquer direção. Ao ordenar-lhe femoral determina déficit do músculo quadri¬
marchar em linha reta apresenta desvios, como ceps, traduzido por dificuldade na extensão da
se estivesse embriagado (marcha do tipo ebrio- perna. Nestes casos, o paciente apresenta difi¬
so). Este tipo de marcha pode ser encontrado culdade ou é incapaz de subir escadas.
nas lesões do cerebelo e das vias cerebelares Nas polineuropatias periféricas (álcool, ar¬
(processos expansivos do cerebelo, degenera¬ sénico), acompanhadas de hiperestesia doloro¬
ções espinocerebelares, esclerose em placas, sa nas plantas dos pés, o doente caminha a
ataxia aguda benigna da infância). Quando a pequenos passos evitando apoiar todo o peso do
lesão é unilateral (hemissíndrome cerebelar), o corpo sobre os pés, procurando utilizar porções
desvio se faz na direção do lado comprometido. menos doloridas da superfície plantar (“o doen¬
te caminha como se pisasse sobre areias escal¬
Nas lesões do sistema vestibular, a marcha dantes”).
também é insegura, e o paciente apresenta des¬
vio ou queda na direção do lado comprometido.
A lateropulsão é melhor evidenciada durante a MARCHA NAS AFECçõES
marcha com os olhos fechados, e o sentido da EXTRAPIRAMIDAIS
lateropulsão se inverte quando o paciente anda
para trás (uma sucessão de caminhadas para Na doença de Parkinson e nas síndromes
diante e para trás, em recinto suficientemente parkinsonianas, a perda dos movimentos auto¬
amplo, pode configurar a marcha em estrela de máticos associados dos membros superiores e
Babinski-Weill). a rigidez muscular conferem à marcha um ca-

23
í

ráter em bloco, como se o doente fosse peça MARCHA DO TIPO MISTO


única. A cabeça e o tronco permanecem incli¬
nados para a frente, os passos são curtos e a Estes tipos de marcha traduzem compro¬
! marcha é vagarosa. Todavia, em determinadas metimento de mais de uma estrutura nervosa.
I» ocasiões, pode haver aceleração dos passos de Assim, podemos ter marcha ataxoespástica (es-
maneira involuntária (fenômeno da festinação) clerose em placas), paretoespástica (determina¬
e, às vezes, o paciente só se detém quando das mielopatias), ataxoparética etc.
encontra um obstáculo.
Nos quadros extrapiramidais com predo¬
í mínio de hipercinesias (coreias, atetoses, dis- OUTROS TIPOS DE MARCHA
tonias de torção), a marcha, de aspecto grotesco
i e extravagante, é vacilante e irregular. Na arteriosclerose cerebral difusa e nos
pseudobul bares podemos encontrar a marcha a
, MARCHA NAS MIOPATIAS pequenos passos: o paciente arrasta os pés, com
passos curtos e irregulares.
.1 Nas afecções musculares, com atrofia dos A marcha histérica, geralmente de descri¬
músculos da cintura pélvica (déficit dos glú¬ ção difícil, apresenta aspectos extravagantes.
teos), a marcha se caracteriza por amplo afas¬ As vezes, o paciente apresenta astasia-abasia (é
tamento das pernas, lordose exagerada e movi¬ incapaz de ficar de pé e caminhar), outras vezes
mentos oscilatórios da bacia (marcha anserina). apresenta a camptocormia (caminha com o
Este tipo de marcha é encontrado na distrofia tronco fletido para a frente). Na hemiplegia
t
muscular progressiva e na polimiosite, porém histérica, o doente costuma arrastar “o pé para¬
pode ser encontrada também nas neuropatias lisado” sobre o solo, ao invés da marcha ceifan-
pseudomiopáticas. te do hemiplégico orgânico.
)

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Í I 24

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W*
4 M
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Sil
Equilíbrio
'I

A manutenção do equilíbrio do corpo no impossibilidade de o paciente se manter de pé,


espaço é um fenômeno complexo que depende o equilíbrio pode ser investigado na posição
de mecanismos múltiplas. Com eleito, quando sentada.
estamos imóveis ou nos locomovemos mante- Em pé, o paciente pode apresentar oscila¬
I mos nosso equilíbrio, a despeito de o nosso çóes e aumentar a base de sustentação pela
1 organismo estar sujeito ãs mais diversas velo- separação das pés (comprometimento cerebe-
cidades e acelerações. lar) ou apresentar instabilidade pela presença
Esta função complexa só é possível graças de hipercinesias (movimentos coréicos, disto-
à integração de várias estruturas, a saber: o nia de torção). Em determinado número de
sistema motor (força muscular, tono muscular, casos, a perturbação ou rompimento do equilí¬
reflexas tônicos de postura); as sensibilidades brio depende do comprometimento das sensibi¬
proprioceptivas (que, a partir dos músculos, lidades proprioceptivas conscientes ou das es¬
tendões e articulações informam ao sistema truturas da esfera vestibular. Em tais circuns-
| nervoso central da posição dos segmentos cor¬ tãncias assume particular interesse a pesquisa
póreos e dos movimentos do corpo); o aparelho do sinal de Romberg, que deve ser realizada
vestibular (cujos receptores informam ao sis¬ com o paciente em posição ereta, pés unidos e
tema nervoso central a posição e os movimen- olhos fechados. A positividade da prova é
tos da cabeça); o aparelho da visão (enear- evidenciada pelo aparecimento de oscilações
i regado da percepção das relações espaciais); o corpóreas, podendo a queda sobrevir em qual-
cerebelo (encarregado da coordenação museu- qUer direção. Em determinadas circunstân-
lar). Das estruturas vestibulares assume parti- das, somente a utilização de manobras espe¬
cular importância o trato vestibulospinal, por dtús (ordenando-se ao paciente para colocar
presidir a contração tônica dos músculos anti- um nu frente do outro ou, então, para man-
gravitôrios, e das cerebelares o vérmis, por pre- ter-se apoiado num só pé) permite evidenciar
sidir a coordenação da musculatura axial do a positividade do sinal (Romberg sensibiliza-
corpo; ambas as estruturas desempenham papel jo)> 0 sinal de Romberg ocorre frequente- :
fundamental na manutenção da posição ereta. mente nos pacientes com distúrbios das sen¬
sibilidades profundas conscientes ( tabes dor¬
salis, degeneração subaguda combinada da
EXPLORAÇÃO medula, neuropatia diabética, neuropatia dif-
O estado de equilíbrio é investigado com o térica). I
paciente em posição ereta (equilíbrio estático) Nos distúrbios da esfera vestibular pode i
e durante a marcha (equilíbrio dinâmico). Na haver grande comprometimento do equilí-

25
Biblioteca do Centro de
-
Ciências da Saúde UFPE

t
I
brio, sendo impossível ao paciente assumir a tas posições dacabeça (vert igem postural paro-
I
postura ereta ou sentada (labirintopatias). xistica).
Quando é possível a pesquisa do sinal de Finalmente, o chamado Romberg histérico
Romberg, observamos certo período de latên- caracteriza-se por oscilações amplas ao nível da
cia, e os desvios, quando presentes, se proces¬ bacia ou por tendência à retropulsão. Pode
sam sempre na mesma direção (Romberg es¬ ocorrer, também, no histérico e no cerebelopa-
tereotipado). Em determinadas labirintopa¬ ta, a impossibilidade de se manter de pé (as¬
i
tias, a instabilidade sobrevém apenas em cer- tasia) e de andar (abasia).

26
5 Sistema Motor \
!
í
!

No homem, três formas de motricidade po¬ tudos experimentais permitiram a configuração


dem ser discriminadas; reflexa, automática e de um verdadeiro mapa das representações, na
voluntária. Todavia, seria excessivamente es¬ área motora cortical, dos vários segmentos do
quemática a divisão da motricidade nas três corpo. Assim, a laringe e a língua aparecem
formas mencionadas, pois sabemos que atos representadas na parte inferior deste mapa, su¬
delicados e complexos, por exemplo, podem se cedendo-se em sentido ascendente a face, pole¬
tomar automáticos após um período de apren¬ gar, mãos, antebraço, braço, tórax, abdome,
dizado; por outro lado, atos esterotipados po¬ coxa, panturrilha, pé e músculos do períneo. No
dem ser modificados pela ação da vontade. As homem, as áreas correspondentes à mão, língua
próprias ordens motoras são elaboradas a partir e laringe são desproporcionalmente grandes,
de informações sensitivo-sensoriais, que agem, fenômeno que encontra explicação no trabalho
em todos os níveis funcionais do sistema ner¬ mais delicado e complexo que devem realizar
voso e são transmitidas à via final comum. estes segmentos corpóreos. A organização es¬
A motricidade voluntária, seja na sua for¬ pacial da área motora cortical configura uma
ma simples ou elaborada, é comandada pelo imagem do corpo duplamente invertida: de bai¬
sistema piramidal. As células motoras corticais xo para cima e da esquerda para a direita (Fig.
e seus prolongamentos formam a via corticos¬ 5.1).
pinal. O sistema motor é bineuronal e se estende Os axônios da via piramidal, no seu trajeto
desde o córtex cerebral até a placa mioneural. descendente, passam pelo centro oval, cápsula
O primeiro neurônio (via piramidal ou corticos¬ interna e chegam ao tronco do encéfalo. O feixe
pinal) termina nos cornos anteriores da medula piramidal transita pelo tronco do encéfalo em¬
espinhal, de onde parte o segundo neurônio ou prestando, em vários níveis, contingentes de
neurônio motor periférico. A via piramidal tem fibras para os núcleos dos nervos cranianos
origem, principalmente, no córtex do lobo fron¬ motores (fibras corticonucleares). Ao nível do
! tal, e seria constituída pelo conjunto de células bulbo, a via piramidal segue duas rotas: 1)
gigantopiramidais de Betz da área 4 de Brod- algumas fibras se cruzam na decussação pira¬
mann. Entretanto, no momento, se aceita que midal, indo localizar-se no lado oposto no cor¬
quase a totalidade do córtex cerebral participa dão lateral da medula (feixe piramidal cruza¬
da constituição do sistema piramidal. A excita¬ do); 2) outras fibras passam ao cordão anterior
ção elétrica do córtex pré-rolândico (área 4), de homolateral da medula (feixe piramidal direto).
um lado, provoca movimentos de segmentos de As fibras dos feixes piramidal direto e cruzado
membros contralaterais e reações variáveis nos se dirigem para o como anterior (feixe corticos¬ :•

órgãos mediais (área motora do cérebro). Es¬ pinal), de onde emerge o neurônio motor peri-

27

í
paleostriado. O paleostriado, que compreende
o globo pálido e a substância negra, tem a seu
cargo os movimentos automáticos primários e
a inibição dos mecanismos ativadores do tono
muscular. A lesãodo conjunto nigropalidal (pa¬
leostriado) se exterioriza por perda dos movi¬
mentos automáticos primários e por rigidez
muscular ou hipertonia plástica (doença de Par¬
kinson). A lesão do neostriado determina hiper-
IV." . : •

. '
,
V.»
cinesia e hipotonia muscular (coréia de Syde¬
'
• • nham).
’ OB'Oy
Finalmente, o sistema motor segmentar da
• • MASTIOAçAO" medula está na dependência dos sistemas pira¬
midal, extrapiramidal e vestibulocerebelar,
apresentando como iniciativa própria apenas
alguns reflexos de defesa. Entretanto, o segun¬
do neurônio (neurônio motor periférico) cons¬
titui a via final comum, responsável pela exe¬
I
Fig. 5.1
— Representação da área motora cortical.
cução de todas as ordens motoras: reflexas,
automáticas e voluntárias.
férico. Cumpre assinalar que as fibras da via Os neurônios motores periféricos estão or¬
piramidal direta decussam-se em cada nível, ganizados em unidades motoras. Do como an¬
antes de atingir os comos anteriores. terior da medula e dos núcleos motores dos
i A motricidade automática tem como prin¬
cipal substrato anatômico o sistema extrapira¬
midal, porém seria um erro grosseiro atribuir
somente a esse sistema toda a responsabilidade
brosas de condução rápida
alfa — , que terminam —
nervos cranianos partem fibras nervosas cali-

nas
- motoneurônios
fibras musculares.
Ao lado delas, partem também fibras delgadas
i

do ato automático. Com efeito, nos principais


atos automáticos (marcha, fala, deglutição, suc¬
— —
motoneurônios gama oufusimotores que,
trafegando pelas raízes ventrais, dirigem-se aos
ção e mímica), todo os sistemas motores inter¬ fusos neuromusculares vindo terminar próximo
vêm, seja para iniciá-los, modificá-los, contro- às extremidades das fibras intrafusais (sistema
lá-los ou interrompê-los. Na realidade, a distin¬ gama). Nas fibras intrafusais distinguimos duas
ção entre funções piramidais e extrapiramidais porções contráteis, separadas por uma região
é esquemática e se justifica apenas do ponto de equatorial não-contrátil onde se localizam as
t vista didático. Os núcleos da base, associados a terminações sensíveis anulospirais. A fibra sen¬
i determinadas áreas do córtex motor, pré-motor sitiva, que conduz os estímulos recolhidos pelas
' e aos núcleos subtalâmicos (corpo de Luys, terminações anulospirais, apresenta conexão
;
'
substância negra, núcleo rubro, formação reti¬ com as células do como anterior (motoneurô¬
cular), constituem o sistema extrapiramidal, nios alfa e gama) e, desta maneira, fecha o
que harmoniza e motricidade voluntária, as¬ circuito (Fig. 5.2).
segura a motricidade automática e controla os Por ocasião da distensão de um músculo,
reflexos posturais de origem espinhal e ves¬ os receptores anulospirais informam sobre a
tibulocerebelar (Coers). No estudo dos núcleos energia do alongamento por intermédio de im¬
da base é fundamental a distinção entre duas pulsos enviados pelas fibras sensitivas. São,
estruturas que apresentam diferenças de ordem então, estimulados os motoneurônios alfa, e o
anatomofisiológica. O neostriado, representado músculo se contrai opondo-se ao alongamento;
pelo conjunto putâmico-caudado, de apareci¬ simultaneamente, os estímulos nos motoneurô¬
mento mais recente em relação ao pallidum ou nios gama determinam aumento do número de

28
i
los inibidores da atividade dos motoneurônios 1
gama e persistem os facilitadores, havendo, por
Via corticospinal Substância reticular conseguinte, hiperatividade do sistema gama
que determina um estado de hipersensibilidade !:
dos receptores anulospirais condicionando hi-
per-reflexia profunda e hipertonia muscular.
fibra aferente As alterações da motricidade têm como
sensitiva corolário dois tipos de sintomas:
- primários ou diretos, que são conse¬
quência imediata da lesão. Os sintomas
Fibra eferente alfa
fuso neuromuscular negativos se traduzem por perda ou re¬
Fibra eferente gama
dução da função (paresia ou paralisia,
hiporreflexia ou arreflexia, hipotonia ou
atonia, acinesia e apraxia). Em determi¬
nadas circunstâncias, sintomas positivos
J
podem ser provocados, como no caso
Unidade motora das crises bravais-jacksonianas, por ir¬
ritação do córtex cerebral;
-
Fig. 5.2
— Diagrama mostrando a unidade motora e as
estruturas supra-scgmenlarcs que aluam sobre a mesma.
(Reprodução da figura 3 de Cõers. C: Élèments de Sémio-
secundários ou indiretos, geralmente
positivos, exprimem fenômenos de li¬
bertação entre centros motores associa¬
dos que funcionam dentro de um esque¬
logie Ncurologique. Masson & Cic. Pans, 1964.)
ma de interdependência. Assim, na lesão i
descargas nos receptores anulospirais, contri¬ do conjunto putâmino-caudado (neos- i
buindo, desta maneira, para intensificar a con¬ triado). que está em associação com o
1
Ii tração reflexa do músculo. O sistema gama
mantém os fusos musculares num estado sensí¬
vel, facilitando as respostas dos reflexos fásicos
pálido (paleostriado), aparecem hiperci-
nesias (movimentos coréicos); também
secundários negativos podem eventual¬
e tônicos e intervém na manutenção do tono mente ser observados, como é o caso da
muscular. O sistema gama está subordinado a hipotonia que se instala na coréia de
centros supramedu lares que regulam o tono Sydenham.
muscular e também àqueles que comandam a Dentro deste sistema de associação de es¬
motricidade voluntária. Os estímulos motores truturas nervosas com fenômenos de inibição e
originados naqueles centros são, inicialmente, de íacilitação, a doutrina da subordinação dos
enviados aos motoneurônios gama que, por in¬ centros, de Jackson, sofre certas limitações.
f.
termédio dos fusos musculares, os distribuem Com efeito, os diversos "centros nervosos” se
aos motoneurônios alfa. Nas lesões dessas es¬ controlam reciprocamente por mecanismos de
truturas supra-segmentares cessam os estímu- retroaçào.
I
1

!
hl

29 ; . '

è
1
6 Motilidade Voluntária
1

A exploração do sistema motor deve come¬ são, adução, abdução, pronação, supinação e I
çar pela motilidade voluntária, apreciando-se rotação; antebraços: flexão, extensão, supina¬
sucessivamente os movimentos ativos, a força ção e pronação; braços: flexão, extensão, adu¬
muscular e as manobras deficitárias. ção, abdução e elevação; ombro: rotação, pro¬
; jeção para diante e para trás.
MOVIMENTOS ATIVOS
A investigação dos movimentos ativos é TRONCO
feita solicitando-se ao paciente que realize to¬
dos os movimentos possíveis nos diferentes Flexão, extensão, rotação e inclinação para
segmentos do corpo. Deverão ser analisadas, no os lados.
decorrer do exame, a velocidade, habilidade,
energia e amplitude dos movimentos realiza¬
dos. Na prática podemos nos valer de esti¬ MEMBROS INFERIORES
mativas quantitativas grosseiras, que nos per¬ Nos artelhos: flexão, extensão, separação e
mitem estabelecer o grau de incapacidade mo¬ aproximação; pés: flexão, extensão, adução.
tora. A pesquisa dos movimentos ativos deve abdução e rotação; pernas: flexão e extensão;
ser realizada de maneira sistemática, a fim de coxas: flexão, extensão, adução, abdução e ro¬
se testar os diferentes segmentos. tação.
CABEçA E PESCOçO
FORÇA MUSCULAR
Solicita-se ao paciente que realize os mo¬
vimentos de flexão, extensão, rotação e inclina¬ Na prática, a força muscular poderá ser
ção para ambos os lados. Os músculos depen¬ testada ao se solicitar ao examinando que rea¬
dentes dos nervos cranianos também devem ser lize um determinado movimento contra resis¬
avaliados: músculos oculomotores (III, IV, e tência oposta pelo examinador. A força muscu¬
VI), da mastigação (V), da mímica (VII), es- lar deve ser avaliada nos vários segmentas,
temoclidomastóideo e trapézio (XI), da língua testando-se metódica e comparativamente os
(XII). grupos musculares interessados.
Pode-se empregar a seguinte tabela na
MEMBROS SUPERIORES quantificação da força muscular:
Nos dedos: flexão, extensão, adução, abdu¬ Grau 0 = ausência de contração muscular
í ção, oponência do polegar; mãos: flexão, exten- (paralisia)

I 31
Tabela 6.1
Inervação dos Músculos Responsáveis pelos Movimentos do Tronco e Membros
(Segundo Eros A. Erhart) _
Nervos Fibras de Origem Músculos
Frênico C3-C5 Diafragma
Ramos musculares do plexo cervical e das C2-C7 Pré-vertebrais
raízes do plexo braquial
C2-C7 Da nuca
C2-C8 Escalenos
C2-C3 e n. XI Esternoclidomastóideo
C3-C4 e n. XI Trapézio
Dorsal da escápula C3-C5 Elevador da escápula
C4-C5 Rombóides
Torácico longo C5-C7 Serrátil anterior
Subclávio C5-C6 Subclávio
Suprascapular C4-C6 Supraspinal
C4-C6 Infraspinal
Peitorais C5-T1 Peitoral maior
C5-T1 Peitoral menor
Subescapular C5-C7 Subescapular
C5-C7 Redondo maior
Toracodorsal C6-C8 Grande dorsal
Axilar C5-C6 (C7) Deltóide
C5-C6 (C7) Redondo menor
'
t
Musculocutâneo C5-C6
C5-C6
Bíceps braquial
Braquial
V
Radial
C6-C7
C6-C8
Coracobraquial
Tríceps braquial f
C5-C6 Braquiorradial
C5-C7 Supinador
C6-C8 Extensores radiais longo e
curto do carpo
C6-C8 Extensor dos dedos
C7-C8 Extensor do mínimo
C7-C8 Estensor do indicador
C7-C8 Extensor ulnar do carpo
C7-C8 Abdutor longo do polegar
C7-C8 Extensor curto do polegar
C7-C8 Extensor longo do polegar
Mediano C6-C7 Pronador redondo
C6-C7 Flexor radial do carpo
C7-T1 Palmar longo
C7-T1 Flexor superficial dos dedos
C7-T1 Flexor profundo dos dedos II e III
C7-T1
C7-T1
C8-T1
C8-T1 __—
Flexor longo do polegar
Pronador quadrado
Abdutor curto do polegar
Flexor curto do polegar (porção
superficial)
(continua)

n
11
i:

Nervos
Fibras de Origem Músculos
T1 Lumbricais laterais
Ulnar
C7-T1 Flexor ulnar do carpo
C7-T1 -
Flexor profundo dos dedos IV e
V
C8-T1 Abdutor do mínimo
C8-T1 Flexor do mínimo
C8-T1 Oponente do mínimo
C8-T1 Flexor profundo do polegar
(porção profunda)
C8-T1 Adutor do polegar
C8-T1 Interósseos palmares e dorsais
C8-T1 Lumbricais mediais
C8-T1 Palmar curto
Torácicos
T1-T11 Intercostais
Serrátil póstero-superior
Serrátil póstero-inferior
Espinodorsais
Intercostais
T6-T2 Reto do abdome
llio-hipogástrico e ilioinguinal
T7-L1 Oblíquo externo do abdome
T7-L1 Oblíquo interno do abdome
T7-L1 Transverso do abdome
Obturatório e fibras dos nervos femoral e tibial L2-L3 Adutor longo
í
L2-L4 Adutor curto
L2-S1 Adutor magno ’
1
L2-L4 Grácil 1
L2-L4 Obturatório externo 1

Femoral e ramos diretos do plexo lombar T12-L3 Quadrado lombar


L1-L4 Iliopsoas
L2-L3 Pectínio
L2-L3 Sartório
L2-L4 Quadriceps femoral
Da cintura pélvica L4-S1 Tensor da fáscia lata
!
L4-S2 Glúteo máximo
Glúteo médio
i-
t Glúteo mínimo
L4-S2 Gémeos ‘i
L4-S1
L5-S2
Quadrado de fémur
Obturatório interno
ill
S1-S3 Piriforme
Tibial L4-S2 Semitendíneo
L4-S2 Semimembranáceo
L5-S3 Bíceps femoral
L5-S2 Gastrocnômio e sóleo
L5-S1 Tiblal posterior
L5-S2 Flexores longo e curto dos
dedos, longo do hálux e {
quadrado da planta
(continua)

33

!J
Fibras do Origem Músculos
L5-S2 Flexor curto, abdutor e adutor
do hálux
L5-S2 Flexor curto do abdutor do
mínimo
L5-S2 Interósseos e lumbricais
Ffcutar L4-S1 Tibial anterior
L4-S1 Fibulares longo e curto
L4-S1 Extensores longo e curto dos
dedos e do hálux
Pudendo S2-S4 Musculatura perineal

=
Grau I presença dc contração muscular
sevn deslocamento de segmento (a contração é
MANOBRA DE RAIMISTE
perceptível apenas a palpação) Com o paciente em decúbito dorsal, os
antebraços são fletidos sobre os braços em ân¬
=
Grau 2 contração muscular com desloca-
mento de segmento, desde que eliminada a ação
gulo reto, e as mãos são estendidas com os
da gravidade. dedos separados. Em caso de déficit motor, a
mão e o antebraço do lado comprometido caem
Grau 3 = movimento ativo contra a ação da
sobre o tronco de modo rápido ou lento.
gravidade.
Grau 4 = movimento com capacidade para
vencer uma resistência MANOBRA DE MINGAZZINI
Grau 5 = movimento ativo normal.
Paciente em decúbito dorsal flete as pernas \

MANOBRAS DEFICITÁRIAS
em ângulo reto sobre as coxas e estas sobre a *
bacia (Fig. 6.2). Em caso de déficit, esta posição
Para completar o estudo da motilidade vo¬ não se mantém por muito tempo, surgindo os-
luntária podem ser realizadas algumas mano¬
bras. que tém por objetivo evidenciar déficits
I motores mínimos.

:
MANOBRA DOS BRAçOS ESTENDIDOS
í Paciente, na posição sentada ou de pé, deve
XL
( manter seus membros superiores na posição de
juramento, com os dedos afastados um do outro \
í íFíg. 6.1). \
Depois de alguns segundos ou de meio a
! um minuto, segundo o grau de déficit motor, o
membro parético apresenta oscilações e tende
I
a abaixar-se lenta e progressivamente. Esta pro¬
va é útil, tanto na avaliação da musculatura
proximal como distai dos membros superiores.
Segundo Lange, a prova, além de evidenciar
déficit» motores flesão piramidal), pode tam¬
bém ser empregada para apreciação de dis¬
m
túrbios extrapíramidais, cerebelares, vestibu¬
lares e da sensibilidade profunda.
Fig. 6.1
— Manobra dos braços estendidos.

34
t

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I

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7/
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* *~**K~~
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Fig. 6.2
— Manobra de Mingazzini.
I

//
Fig. 6.4
— Prova da queda do membro inferior em abdução.

I de uma ou de ambas as pemas. Esta manobra


serve para evidenciar déficits dos músculos
flexores da pema sobre a coxa.

PROVA DA QUEDA DO MEMBRO INFERIOR


EM ABDUçãO
Fig. 6.3
— Manobra de Barré.

cilações e/ou queda progressiva da pema (défi¬


Com o paciente em decúbito dorsal, as
pemas são fletidas sobre as coxas, mantendo-se
: I
cit do quadriceps), da coxa (déficit do psoas) ou o apoio plantar bilateral sobre o leito, de tal
de ambos os segmentos (déficit do quadriceps sorte que os membros inferiores formem com o
e do psoas). tronco um ângulo reto (Fig. 6.4). Em caso de t
déficit motor num dos lados, surge queda do
membro de abdução, de maneira progressiva ou
MANOBRA DE BARRé imediata. Esta prova pode ser utilizada no pa¬
ciente em coma ou em vigília. i'
Paciente em decúbito dorsal ventral, com Outras manobras ainda poderão ser empre¬ :
as pemas fletidas formando ângulo reto com as gadas: provas da queda do joelho (Warten-
coxas (Fig. 6.3). Em caso de déficit surgem berg); da mão escavada (Garcin); do afasta¬
oscilações e/ou queda, imediata ou progressiva, mento dos dedos (Barré).

&

35

Biblioteca do Centro de
Ciências da Saúde -UFPE

7 Coordenação

Uma atividade motora útil, adequada e har¬ do e harmónico. Desta maneira, o cerebelo atua
mónica (coordenação muscular) exige a inter¬ por retroação para estabilizar os comandos mo¬
venção de mecanismos reguladores de alta tores. O cerebelo recebe, também, importantes
complexidade. aferências do labirinto.
A coordenação muscular depende de um De modo singelo, o cerebelo pode ser divi¬
sistema funcional cujo embasamento é propor¬ dido em duas partes: o paleocerebelo. filogene-
cionado pela sensibilidade profunda e cerebelo. ticamente mais antigo, constituído principaJ-
Por intermédio da sensibilidade profunda, o mente pelo vérmis; o neocerebelo. represen¬
indivíduo é constantemente informado tia posi¬ tado pela quase totalidade dos hemisférios ce-
ção exata de cada segmento de seu corpo e de rebelares. Há quem inclua o lobo floculonodu-
suas mudanças. Esta noção proporcionada pe¬ lar (arquicerebelo) entre as estruturas paleoce-
las aferências sensitivas (feixe grácil e cunei- rebelares.
forme), que constantemente informam ao cere¬
De modo esquemático, o arquicerebelo se¬
belo e ao córtex cerebral, é indispensável para
ria responsável pela regulação do equilíbrio, o
uma coordenação normal.
paleocerebelo pela regulação da motricidade
Segundo Coers, o cerebelo pode ser consi¬ automática, tono postural estático e cinético e,
derado o centro da coordenação motora, poden¬
finalmente, o neocerebelo regularia a motrici¬
do o seu funcionamento ser comparado, dentro
de um sistema cibernético, ao de um servome-
dade voluntária.
canismo*. O cerebelo recebe informações do
córtex cerebral para cada comando motor (via EXPLORAÇÃO
corticopontocerebelar) e informações dos mús¬
culos em relação com o movimento a ser efe¬ A coordenação muscular (laxia) pode ser
tuado (vias espinocerebelares). Da comparação
explorada de forma estática (pesquisa do sinal
destas informações, de origens central e perifé¬
rica, resulta um sinal que é enviado ao córtex
de Romberg) e dinâmica (prova índex-nariz,
calcanhar-joelho, marcha).
i
motor (via cerebelorrubrotalamocortical) que
pode modificar sua mensagem aos músculos
com o objetivo de tomar o movimento adequa- SINAL DE ROMBERG

*
Já descrito e analisado. Apenas deve ser
Servomecantsmo: principio de uutocorreção nas nulqutnas e
nos animais, que lhes permite adaptarem-se ctmtinuamenie a lembrado que os cerebelopatas não apresentam
novos dados e a novas situações. o sinal de Romberg.

37
Biblioteca do Centro de
-
'ièncias da Saúde UFPE
PROVA INDFA-NARIZ Nos distúrbios sensitivos profundos é fre
quente, durante a prova com os olhos fechados
Ordena-se ao paciente que estenda o mem¬ o aparecimento de discretos movimentos invo¬
bro superior e, em seguida, procure tocar a luntários nas extremidades distais (dedos),
poma do nariz com a ponta do indicador. A numa tentativa do paciente de localizar seus
prova deve ser realizada, inicialmente, com os segmentos no espaço. Ou, então, a prova poderá
olhos abertos, e posteriormente, fechados. evidenciar desvios e mesmo a queda do mem¬
Nos casos de distúrbios da sensibilidade bro sem que o paciente perceba a modificação
profunda, o paciente não consegue atingir o da atitude.
alvo ou o faz de modo imperfeito, com a parti¬
cularidade de a ataxia se agravar com os olhos
fechados. PROVA DOS MOVIMENTOS ALTERNATIVOS
Nos cerebelopatas, é frequente a ultrapas¬ Ordena-se ao examinando que estenda os
í sagem do alvo visado (hipermetria), sendo o
antebraços e mãos e efetue, com a maior velo¬
movimento feito por etapas (decomposição do cidade possível, movimentos sucessivos de
movimento). A dismetria do cerebelopata não
pronação e supinação; no indivíduo normal isso
melhora com o controle visual.
é possível, enquanto nos cerebelopatas, com
Podem ser utilizadas variantes da prova lesão unilateral, o movimento é mais lento no
índex-nariz, com o objetivo de evidenciar in-
lado afetado, sendo mal executado, podendo até
coordenação do examinando (índex-lobo da se fazer impossível (prova das marionetes). A
orelha. índex-nariz do examinador). função assim explorada é denominada diadoco-
cinesia, e seu distúrbio, adiadococinesia.
PROVA CALCANHAR-JOELHO
PROVA DE STEWART-HOLMES (OU DO í
Paciente na posição de decúbito dorsal e RECHAçO)
com ambos os membros inferiores estendidos,
deve tocar o seu joelho com a ponta do calca¬ Pede-se ao paciente, que deve estar sen¬
nhar do lado oposto. A prova deve ser repetida tado, para executar uma flexão do antebraço
diversas vezes, com os olhos abertos e fecha¬ contra resistência oposta pelo examinador que
dos. A sensibilização da prova é feita ordenan¬ bruscamente a relaxa. Em caso de distúrbio
do-se ao examinando para deslizar o calcanhar cerebelar, o antebraço não pode frear seu mo¬
ao longo da crista de tíbia, após ter tocado o vimento (assinergia muscular), indo se chocar
joelho. violentamente contra a região peitoral do pa¬
ciente. A positividade desta prova é mais co¬
mum nos cerebelopatas, porém também pode
PROVA DOS BRAçOS ESTENDIDOS ser encontrada em casos de hipotonia, déficit
motor periférico e até em certos distúrbios ex-
O paciente, de pé ou sentado e com os olhos
fechados, é convidado a levantar os membros
trapiramidais.
superiores estendidos, até o plano horizontal:
nas lesões unilaterais do cerebelo, o membro PROVAS GRáFICAS
superior ipsolateral à lesão desvia-se para fora,
em abdução; algumas vezes, os dois membros Pede-se ao paciente para ligar duas linhas
superiores não chegam ao mesmo nível, per¬ verticais por linhas horizontais. Esta prova tem
manecendo o ipsolateral à lesão um pouco mais por objetivo evidenciar uma dismetria, poden¬
abaixo ou elevando-se mais do que o outro. Nas do o alvo não ser atingido (hipometria) ou ser
lesões bilaterais há, em geral, abdução dos dois ultrapassado (hipermetria), além da irregula¬
membros superiores em relação ao plano me¬ ridade do traço. A caligrafia do cerebelopata é
dial (Lange). irregular, sendo as letras de tamanho maior que

38
0 normal (macrografia). As amostras destas posição vertical, o paciente oscila e tende a
provas devem ser anexadas à observação clíni¬ aumentar a base de sustentação para evitar a
ca do paciente. queda. Esta instabilidade confere à marcha um
caráter do tipo ebrioso. Na forma dinâmica ou
ALTERAÇÕES DA COORDENAÇÃO cinética, por comprometimento do neocerebe-
lo, é evidente uma incoordenação nos movi¬
Os distúrbios da coordenação muscular são mentos dos membros (dismetria, assinergia,
genericamente denominados ataxias. Dois ti¬ adiadococinesia, tremor cinético). A ataxia ce-
pos de ataxia são individualizados na clínica: rebelar se observa comumente na esclerose em
ataxia sensitiva, por comprometimento das es¬ placas, nos tumores do cerebelo, nas degenera¬
truturas sensitivas profundas; ataxia cerebelar, ções espinocerebelares.
por comprometimento do cerebelo e/ou de vias I
Outras formas de ataxia têm sido descritas:
a ele relacionadas. A ataxia também pode ser ataxia vestibular, calosa, talâmica e frontal.
mista (sensitivocerebelar). O cerebelo desempenha, também, um im¬
A ataxia sensitiva é estática e dinâmica. O portante papel na regulação do tono muscular.
sinal de Romberg é positivo, aparecendo osci¬ As lesões do paleocerebelo costumam determi¬
lações ou queda do paciente durante a realiza¬ nar exagero do reflexo miotático, com aumento
ção da prova. São evidenciados movimentos do tono dos músculos antigravitários e exagero
íncoordenados pelas várias provas referidas das reações posturais de sustentação. Estes fe¬
(índex-nariz, calcanhar-joelho) e a marcha é do nômenos traduzem liberação de mecanismos
tipo calcaneante. As doenças que mais freqúen- tônico-posturais vestibulares, normalmente
temente provocam este tipo de ataxia são a tabes inibidos pelo paleocerebelo. Do ponto de vista
dorsalis e a degeneração subaguda combinada da clínico podem aparecer as crises tônicas de
medula. Em determinadas formas de polineuro- Jackson {cerebellarfils), caracterizadas por pa¬
patia (diabetes mellitus, difteria) pode aparecer roxismos de hipertonia dos músculos extenso- i
um quadro de ataxia sensitiva, pelo comprome¬ res e opistótonos.
timento das sensibilidades profundas. >
As lesões do neocerebelo determinam hi-
A ataxia cerebelar também pode ser es- potonia muscular. Em virtude de o neocerebelo I
tática e dinâmica. A forma estática, por com- constituir a maior parte do órgão, os quadros
prometimento das estruturas do paleocerebelo, cerebelares no homem costumam evoluir com
traduz-se por ataxia axial ou do tronco. Em hipotonia muscular.
pi
I
ili
ri
v

i
o

.
<
39
. 1

!
1 1*

8 Movimentos Involuntários
Anormais

r
Li
I

No indivíduo normal, todos os movimentos MOVIMENTOS ATETÓTICOS


são adequados, visam um fim e se realizam de
modo harmónico. Quando determinadas estru¬ São movimentos lentos, ondeantes, irre¬ i1
turas do sistema nervoso (sistema piramidal, gulares e arrítmicos, sucedendo-se quase conli-
extrapiramidal, cerebelo) são lesadas, podem nuamente. Localizam-se particularmente nas
aparecer movimentos incoercíveis e sem fina¬ extremidades distais dos membros (dedos das
lidade, de diversos tipos, que recebem a deno¬ mãos e pés, articulações do punho e tornozelo),
minação genérica de hipercinesias. podendo atingir também os segmentos proxi- I
As hipercinesias, quando presentes, devem mais (pescoço, território inferior da face e lín¬
ser exaustivamente analisadas quanto à forma, gua). Ao realizar um ato voluntário, estes pa¬
regularidade, frequência, velocidade, ritmici- cientes nos dão a impressão de que o gesto é í
dade, localização e amplitude. Deve ser tam¬ laborioso. Além da movimentação voluntária,
bém analisado o comportamento das hipercine¬ outros fatores incrementam nitidamente os mo¬
í
sias em face de diversos fatores (repouso, mo¬ vimentos atetóticos (postura ereta, marcha,
vimentação voluntária, posturas, fadiga, aten¬ emoções), tal sorte a produzir atitudes típicas e
li',J
ção, estado emocional, sono, medicamentos). O bizarras (dedos em baioneta, movimentos de
estudo completo das hipercinesias abrange, ain¬ torção, caretas no território inferior da face, í!
da, a realização de provas gráficas, o exame prolrusão frequente da língua etc.). A atetose é
5
eletroneuromiográfico e a documentação cine¬ freqiiente em determinadas condições mórbi¬
matográfica. das: paralisia cerebral, doença de Hallervor-
den-Spatz.
I;
MOVIMENTOS CORÉICOS
BALISMOS %
São movimentos sem finalidade aparente,
desordenados, irregulares, bruscos, breves e ar- Movimentos de grande amplitude, abrup¬
rítmicos. Apresentam, geral mente, grande am¬ tos, contínuos, rápidos e ritmados; localizam-se
plitude e podem surgir em qualquer segmento predominantemente nos segmentos proximais
corporal, tendo, contudo, preferência para as dos membros. São estereotipados e violentos,
articulações distais dos membros, face e língua. sobrevindo muitas vezes em descargas que ar¬
A coréia de Sydenham ou reumática constitui o remessam o membro em várias direções. Esta ft
grande exemplo. Outras formas de coréia são:
heredodegenerativa de Huntington, vascular,
hipercinesia é relativamente rara, costuma afe¬
tar um hemicorpo (hemibalismo) e traduz lesão U
infecciosa (encefalites), tóxica (álcool metílico). do núcleo subtalâmico contralateral (núcleo i'J
41
li
i Ji
subtalâmico de Luys). A intensidade dos movi-
_
Outra característica importante das mioclo-
nias é ser espontânea. Esta regra não e absoluta
mentos costuma determinar fadiga muscular, e
o paciente» por vezes, assume posturas forçadas porque, além das epilepsias mioclonicas fotos-
objetivando alcançar certo repouso (por exem- sensíveis, o aparecimento de certas mioclonias
pio, mantém sob contenção o membro superior é favorecido por determinados estímulos vi-
comprometido apoiado sobre o peito). As prin- suais, sensoriais, auditivos e sensitivos. Tam-
cipais causas desta hipercinesia são os aciden- bém a movimentação de um segmento corporal
tes vasculares cerebrais hemorrágicos, os amo¬ ou a manutenção de uma atitude podem favo-
lecimentos vasculares cerebrais isquêmicos, as recer o aparecimento de mioclonias (mioclo¬
metástases, os tuberculomas e as necroses sifi- nias de ação e de atitude).
líticas. As mioclonias podem ser fisiológicas e pa¬
tológicas. As primeiras costumam ocorrer du¬
rante a fase de sono superficial sob a forma de
MIOCLONIAS sobressalto (le sursaut nocturne ou nocturnal
myoclonic jerks), levando, às vezes, ao des¬
A mioclonia pode ser definida como um
pertar (abalos maciços noturnos).
abalo muscular brusco, breve e involuntário.
Entre as moléstias que se distinguem pela
Do ponto de vista semiológico, as mioclo¬
nias podem ser elementares, complexas e ma¬
presença de mioclonias deve ser ressaltada a
epilepsia: crise de grande mal. pequeno mal
ciças. A mioclonia elementar caracteriza-se
mioclônico, epilepsia mioclônica progressiva.
pela contração em massa e isolada de um mús¬
culo; a contração é visível, porém não provoca Além da epilepsia, outras condições mórbidas
podem provocar mioclonias: hipsarritmia (es¬
deslocamento segmentar. Na mioclonia com¬
plexa ou segmentar (também denominada por
pasmos em flexão), dissinergia cerebelar mio¬
clônica, doença de Creutzfedt-Jakob, leucoen-
i alguns autores de clonia), a contração de um
cefalite esclerosante subaguda, encefalite letár¬
músculo pode ser sincrônica com aquelas de
í músculos funcionalmente sinérgicos, evento
gica, meningite tuberculosa.
que pode determinar então um efeito motor
; (movimento brusco de um segmento de mem¬ MIOCLONIAS VELOPALATINAS
bro. da cabeça ou do tronco). Nas mioclonias
maciças, o comprometimento de músculos si¬ A caracterização clínica e anatômica das
nérgicos pode ser ainda mais extenso e provo¬ mioclonias velopalatinas permite defini-las
car um sobressalto, que se assemelha a uma como uma entidade singular no estudo das
crise tônica. Finalmente, é possível que a con¬ mioclonias. Além de sua localização nos
tração muscular seja parcelada e, neste caso, a músculos orobrânquio-respiratórios. com
miclonia pode simulara fasciculação. ocasional ultrapassagem destes territórios, as
As mioclonias são freqúentemente bilate¬ mioclonias velopalatinas apresentam duas ca-
rais, mais ou menos simétricas, e costumam racterísticas importantes: um ritmo regular,
predominar nas porções proximais dos mem¬ usualmente entre 120 a 140 contrações por
bros. atingindo ou não a face. Podem ser unila¬ minuto, e persistência durante o sono. Esta
terais e mesmo se limitar a alguns grupos mus- última característica não é própria de outras
cuiures. formas de mioclonias, exceto as da encefalite
De acordo com o ritmo podem ser rítmicas epidêmica.
(miorritmias), que, salvo certas encefalites e Nas formas parciais e iniciais deste tipo de
encefalopatias, costumam ser apanágio das mioclonia, apenas o palato mole é compro-
mioclonias espinais. As mioclonias arrítmicas, metido, apresentando movimentos regulares e
simétricas ou não, irregulares e anárquicas, po- sucessivos de elevação e abaixamento, sendo
dem sobrevir por salvas sucessivas separadas cada fase de duração aparentemente igual. O
por intervalos mais ou menos longos. comprometimento inicial dos músculos do pa-

42
frÿente, nao sendo, porém,
luo é 0 nia's de Trousseau e Chvostek*. A tetania pode ser
,'nvariável este modo de início, podendo ocorrer provocada pela hipocalcemia e/ou alcalose.
comprometimento sucessivo ou simultâneo dos
másculos da laringe e da faringe. Movimentos
onginariamente unilaterais, podem, com o tem¬ ESPASMO FACIAL
po, atingir o outro lado. Na evolução podem ser
músculos da faringe, laringe, do
acometidos osboca, Caracteriza-se por contrações involuntá¬
da dos territórios inferiores da rias da musculatura facial. As contrações são
assoalho rápidas, produzindo-se a breves intervalos, as¬
face, os músculos oculares, intercostais e dia-
fragma.
sumido, às vezes, um caráter quase contínuo.
As lesões responsáveis por este tipo de Os espasmos podem localizar-se num determi¬
miclonia localizam-se, principalmente, no nado músculo, sendo frequente o comprometi¬
complexo dento-olivar (núcleo denteado ipso- mento do músculo orbicular das pálpebras (ble-
laieral e oliva bulbar contralateral). As princi¬ farospasmo) e/ou dos músculos da comissura
pais causas das mioclonias velopalatinas são os labial. O espasmo facial pode se apresentar
amolecimentos vasculares isquêmicos e, me- como complicação de paralisia facial peritonea
ou, então, traduzir processo compressivo-ir-
nos freqúentemente, os tumores do tronco do
encéfalo e do cerebelo, e a encefalite epidêmica. ritativo localizado na fossa craniana posterior;
às vezes, a causa não pode ser estabelecida
(espasmo facial idiopático).
SOLUÇOS

São determinados por um espasmo breve CRISES OCULÓGIRAS


do diafragma, associado à «ylucão das cordas
Caracterizam-se por espasmos tônicos da
\ocais. Costumam ser provocados por irritação
musculatura ocular extrínseca. Os olhos podem
5as terminações nervosas sensitivas do estô¬ ser desviados em qualquer direção, sendo mais
mago, esófago, diafragma e mediastino. Do frequente o desvio para cima (pelo espasmo dos
ponto de vista neurológico, os soluços podem músculos elevadores do globo ocular). As cri¬
ser determinados por lesões do sistema nervoso ses podem durar minutos e até horas. Estas
central (encefalites, tumores da fossa craniana crises são descritas nos quadros parkinsonianos
posterior, amolecimentos vasculares do hnlhoí.
pós-encefalíticos.
ESPASMO TETÂNICO DISTONIA DE TORÇÃO i
O espasmo muscular do tétano é pratica- Neste tipo de hipercinesia, as contrações
mente contínuo e costuma provocar trismo, riso musculares são lentas e intensas, podendo pro¬
sardónico e extensão da cabeca. A contratura duzir torções no tronco, pescoço e cabeça. As <
muscular pode se intensificar pela ação de es¬ posturas distônicas, determinadas pelas torções
tímulos externos (sonoros, luminosos, nocicep- musculares nos segmentos atingidos, conferem
tivos). a estes doentes atitudes grotescas e bizarras. O
doente pode permanecer durante algum tempo
numa postura distônica, até que pouco a pouco [
ESPASMO DA TETANIA se produz o relaxamento muscular. A atitude
!
Este tipo de espasmo predomina na muscu¬ * Sinal ile Trousseau: i pesquisado pela compressão do bruço
latura distai das extremidades (espasmo carpo¬ com um fiarrote. obtendo-se. em caso de tetania, o aspecto da
pedal). Nos membros superiores caracteriza-se mão de parteiro, sinal de Chvostek:i pesquisado percutindo-
se aface num ponto situado entre o t ondulo auditivo externo
pela postura típica da mão (mão de parteiro). e a comissura labial, obtendo-se como resposta a cimtnição
Nestes casos devem ser pesquisados os sinais dos nuisculos da henuface estimulada.

43 t

1 i
ereta, a marcha e as emoções propiciam o apa¬ tiramento do musculo acometido. As causas das
recimento ou a intensificação deste tipo de hi- cãibras não são conhecidas, porém elas estão
percinesia. freqíientemente associadas à fadiga e à priva¬
ção de sal. É queixa frequente em pacientes
com quadro de esclerose lateral amiotrófjCa
FASCICULAÇÕES
São contrações involuntárias de grupos de TREMORES
fibras musculares, visíveis durante o repouso.
As contrações são breves, irregulares e não Os tremores são caracterizados por oscila¬
provocam deslocamentos de segmentos corpó¬ ções rítmicas, involuntárias, que envolvem
reos, com exceção, às vezes, de discretos mo¬ todo ou parte do corpo em tomo de sua posição
vimentos ao nível dos dedos. de equilíbrio, resultantes da contração alterna¬
%ÿs fasciculações traduzem patologia do da de grupos musculares opostos (agonistas-
neurônio motor periférico, ocorrendo princi- antagonistas).
palmente na esclerose lateral amiotrófica (por No estudo dos tremores é necessária uma
sofrimento crónico das células da ponta anterior análise rigorosa de seus elementos clínicos:
da medula espinal). Ocasionalmente, podem ritmo, amplitude, frequência, sede, complexiè
ser observadas fasciculações na siringomielia, dade, circunstância de aparecimento (no repou¬
na doença de Werdnig-Hoffmann e de Kugel- so ou no decurso de atividade neuromuscular),
berg-Welander, também por comprometimento influência de estímulos externos (frio, emoção,
das células da ponta anterior. Elas podem ocor¬ fadiga).
rer, ainda, nas neuropatias crónicas (doença de Do ponto de vista semiológico costuma-se
Charcot-Marie, neurite intersticial hipertrófica classificar os tremores como de repouso, de I
de Déjerine-Sottas) e, ocasionalmente, nas ra- ação (postural e' cinético) e vibratório. Esta
diculopatias crónicas determinadas por espon- classificação é notoriamente incompleta, mas
dilose cervical, hérnias de disco, tumores raqui- tem se revelado bastante útil na prática. O es¬
dianos. Finalmente, nas miopatias, apenas nas tudo semiológico dos tremores deve compreen¬
polimiosites pode haver presença de fascicula¬ der: a) exame do segmento interessado na po¬
ções. sição de repouso (segmento apoiado, muscula¬
É importafite não confundiras fasciculaçõ¬ tura relaxada); b) realização de provas obje¬
es com as miocimias, que são abalos resultantes tivando evidenciar instabilidade nas posturas
da contração de um músculo ou de parte do (prova dos braços estendidos); c) execução de
mesmo. Estes movimentos, que não têm signi¬ movimentos voluntários: prova índex-nariz
ficado patológico, costumam ocorrer após um (uma vez atingido o alvo pede-se ao paciente
esforço muscular e nos estados de tensão emo¬ que mantenha a atitude), prova da oposição dos
cional, sendo sua localização mais frequente no indicadores (ao colocar um indicador em frente
músculo orbicular das pálpebras. Às vezes, o ao outro podem aparecer tremores num movi¬
diagnóstico diferencial com as fasciculações é mento semelhante ao de esgrimir), provas de
difícil, e somente a ausência de evolução (au¬ acender cigarro, enfiar agulha, escrever, mano¬
sência de déficit motor e de amiotrofias) é que bra calcanhar-joelho.
permite descartar uma patologia subjacente.
TREMOR DE REPOUSO
CÃIBRAS
É o tremor parkinsoniano. A denominação
São espasmos musculares dolorosos que “tremor de repouso” é passível de crítica quan¬
costumam aparecer em resposta a uma forte do se sabe que durante o sono (repouso muscu¬
contração de um músculo já encurtado, sendo lar absoluto) o tremor cessa; seria mais apro¬
aliviados por manobras que produzem o es- priado denominá-lo tremor postural. Todavia,

44
é mantida na prática pela sua
a denominação didas, podendo aparecer após um a dois minu¬
slmpl'cidade e utilidade* As Principais caracte- tos de latência, descargas alternativas de fle¬
de tremor são: ritmo relativa-
dsticas desteetipo
regular (quatro a seis oscilações
xão-extensão das mãos. O movimento lembra
lento o bater de asas de pássaro em vôo lento {flap¬
por segundo); aparecimento durante o repouso ping tremor te Adams e Foley). Os batimentos
interessado, com diminuição ou
do segmento são lentos e irregulares, porém síncronos. Este
desaparecimento durante o movimento volun¬ tipo de tremor é também conhecido pela deno¬
tário; localização predominante nos membros minação de asteríxis (do grego sterigma: inca¬
supenores (comparando-se, nos dedos, aos mo- pacidade em manter uma postura fixa).
vi mentos de
enrolar cigarros ou contar moe¬ A asteríxis, além de presente no coma he¬
das), podendo atingir também os membros in¬ pático iminente, pode ser observada na encefa-
feriores, lábios, mandíbula e língua. lopatia porto-cava, insuficiência pulmonar cró¬
nica, uremia.
TREMOR DE AÇÃO
DEGENERAçãO HEPATOLENTICULAR
Aparece durante a atividade gestual, seja
ela dinâmica ou estática. Nesta doença, a hipercinesia é um comple¬
Dependendo das circunstâncias de apareci¬ xo representado por movimentos desordena¬
mento, o tremor de ação pode ser cinético (que dos, tremores e espasmos de oposição.
aparece no decurso do movimento) ou postural A hipercinesia costuma aparecer por oca¬
(que aparece durante a manutenção de uma sião da execução de ato voluntário ou na manu¬
atitude). tenção de uma atitude. As oscilações são brus¬
O tremor cinético é um dos elementos da cas, irregulares e de grande amplitude. Nos
síndrome cerebelar, o que equivale dizer que membros superiores predominam nas extremi¬
traduz melhor um movimento realizado de dade distais, e as oscilações assemelham-se ao
modo irregular do que um verdadeiro tremor. A “bater de asas” das aves. Uma das principais
anomalia é caracterizada pelo fracionamento características da hipercinesia é a presença de
ou descontinuidade do movimento. O tremor espasmos de oposição. O espasmo de oposição
cinético poderá ser melhor evidenciado quando é mais evidente por ocasião do gesto voluntário
um movimento é realizado a uma velocidade e dá origem a movimentos desordenados que se
média (as oscilações, em geral, se intensificam opõem à execução do ato. Por exemplo, no ato
na última fase do movimento ou quando o pa¬ de levar o dedo indicador ao nariz, quando da
ciente procura manter a atitude final). Este tipo aproximação do objetivo, o dedo é arremessado
de tremor é observado nas afecções dos hemis¬ no sentido contrário (movimentos parasitas que
férios cerebelares, dos pedúnculos cerebelares se opõem ou dificultam a execução do gesto).
superiores, nas heredodegenerações espínoce-
rebelanes, na esclerose em placas. TREMOR VIBRATóRIO
O tremor postural ou de atitude aparece
durante a manutenção voluntária de uma atitu¬ É fino, rápido (oito a nove oscilações por
de. Localiza-se, comumente, nas extremidades segundo) e se localiza nas mãos. É melhor
distais dos membros superiores (posição de ju¬ evidenciado na posição de juramento, com uma
ramento), podendo interessar também a extre¬ folha de papel sobre o dorso das mãos. Este tipo
midade cefálica e os membros inferiores. de tremor é frequente no hipertireóideo.

FLAPPING TREMOR TREMORES TóXICOS

É um tipo peculiar de tremor de atitude. Inúmeras intoxicações podem determinar


ser pesquisado pela prova das mãos esten- tremores. No etilista crónico é frequente o apa-

45

r
9 Reflexos
t
l
'

De um modo singelo, podemos definir re¬ provocação de reflexo. Outra característica dos
flexo como uma resposta motora ou secretora a reflexos é a fadiga: a provocação repetida do
um estímulo adequado, externo ou interno. mesmo reflexo determina sua depressão até 1
A pesquisa dos reflexos constitui etapa fun¬ chegar à extinção, sendo necessário certo perío¬
damental do exame neurológico, tanto pela ob¬ do de tempo para seu reaparecimento. Por outro
jetividade da informação que fornece como lado, um estímulo insuficiente para provocar
pela não-obrigatoriedade da colaboração do pa¬ um determinado reflexo poderá fazê-lo, desde
ciente. Assim, os reflexos tanto podem ser pes¬
quisados no recém-nascido, como no indivíduo
demenciado ou no paciente em coma.
que repetido em várias sucessões
— é o fenó¬
meno da adição. O princípio da inervação re¬
cíproca estabelece que a contração reflexa de t
O grande interesse semiológico dos refle¬ um músculo se acompanha de uma inibição de
xos se fundamenta nas modificações quantita¬ seus antagonistas. Assim, na provocação do
tivas e qualitativas das respostas e na possível reflexo patelar ocorre contração do quadriceps
indicação topográfica que suas alterações po¬ femoral e descontração (inibição) dos grupos
dem proporcionar, já que a cada reflexo corres¬ musculares posteriores da coxa. A lei da loca¬
ponde um centro num determinado nível do lização determina que cada reflexo apresenta
neuroeixo. uma área específica de excitação e resposta.
A base anatômica da motricidade reflexa é Assim, o reflexo patelar é obtido pela percussão
o arco reflexo, cuja constituição compreende: do tendão rotuliano, que provoca contração do
uma via aferente (receptor e nervo sensitivo); músculo quadriceps femoral.
um centro (substância cinzenta do sistema ner¬
voso central); uma via eferente (nervo motor e
órgão efetor). Eventualmente, podem participar CLASSIFICAÇÃO DOS REFLEXOS
neurônios intercalares.
Os reflexos apresentam determinadas ca- De acordo com Sherrington, os reflexos j
racterísticas fisiológicas, cujo conhecimento podem ser exteroceptivos, proprioceptivos e
apresenta interesse relativo na prática neuroló¬ visceroceptivos. Nos reflexos exteroceptivos
gica. Por período de latência entende-se o tem¬ (ou superficiais), os estímulos atuam em recep-
po que transcorre entre a aplicação do estímulo tores localizados na pele e/ou mucosas exter¬
e a resposta. O reflexo patelar e o comeano são nas; nos proprioceptivos, os estímulos atuam ou
os que apresentam períodos de latência mais se originam nos músculos, tendões, labirinto.
breves. No período refratário não se obtém Os reflexos visceroceptivos apresentam escas¬
resposta a um estímulo adequado, logo após a sa importância em Neurologia.
tl
47 I
REFLEXOS PROPRIOCEPTIVOS determinar modificações do tono dos músculo*
antigravitários (troto vestibulospinal ), com »*,
Entre os reflexos proprioceptivos devem percussão no equilíbrio c na motricidade
ser discriminados os miotáticos e os labirín¬ locefálica (fascículo longitudinal medial),
ticos.
Reflexos Miotáticos Fáslcos
REFLEXOS MIOTáTICOS
Sfio pesquisados com auxílio de um mane.
No reflexo miotático ou de tração muscu¬ lo de reflexos, pela percussão de um tendão
lar, o estimulo é constituído pela distensão do muscular. Eventualmente. pode haver mterpo.
músculo (strech reflex). É um reflexo cuja ori¬ siçio de um dedo do examinador entre o tendão
gem se encontra nos receptores aferentes de e o martelo. O paciente deve estar despreo*
I cupado, com a região u examinar descoberta. A
tração (fusos de Kúhne), situados no seio dos
músculos esqueléticos e nos órgãos neuroten- pesquisa deve ser metódica e comparativa, uti-
díneos. O período de latência destes reflexos lizando-se, eventualmente, "manobras de refor*
(monossinápticos) é naturalmente mais curto ço", no sentido de esclarecer se a mreflexia ê
do que o dos reflexos exteroceptivos (polissi- real ou traduz uma técnica imperfeita de exame.
nápticos). Sua ação é mais evidente e potente Vários tipos de manobras são utilizados na
nos músculos de ação extensora. com função clínica: pede-se ao paciente para fazer cálculos,
antigravitária, porém também se faz presente fechar as mãos com energia ou entrelaçar os
nos músculos flexores. A resposta é dada pelo dedos das mAos e tracioná-los com energia em
próprio músculo estimulado, à custa de sua sentido oposto (manobra de Jendrassik) ( hg,
contração e do relaxamento dos músculos an¬ 9. 1 ). De acordo com Wartenberg, recomenda-
tagonistas (princípio da inervação recíproca). A se ligeira contração do próprio másculo efctor
inibição dos músculos antagonistas se realiza (na pesquisado reflexo aquileu, o paciente deve
por intermédio de um neurônio intercalar, que fazer ligeiro apoio plantar sobre u mAo do exa¬
exerce ativamente uma ação inibidora. O refle¬ minador, enquanto na pesquisa do palelar deve
xo miotático mantém uma atividade funcional, ser feita ligeira extensAo da pcmn contra resis¬
que depende do grau de facilitação a que estão tência oferecida pelo examinador), listas mano¬
constantemente submetidas as fibras intrafusais bras não parecem atuar por simples distração
por parte do sistema gama (Barraquer Bordas). do paciente, mas desencadeariam a ativarão
Dependendo do modo de pesquisa, o refle¬ dinâmica dos fusos neuromuseulares, toman¬
xo miotático pode apresentar dois tipos de res¬ do-os mais sensíveis a um estiramento passivo,
posta: fásica ou tônica. A resposta tônica, que Apenas descreveremos os reflexos profun¬
é prolongada e intensa, origina-se da oposição dos de maior interesse prático.
contínua que o músculo oferece a seus desloca¬
mentos por distensão (propriedade fundamen¬ Reflexos Axiais da Face
tal do tono muscular permanente). A resposta
fásica ou clônica caracteriza-se por ser pronta e Reflexo Profundo do Orbicular das INil-
breve, sendo capaz de deslocar um segmento pehras (Reflexo Nasopalpebral). Pel a per¬
corpóreo. O estímulo adequado para a pesquisa cussão da glubela, obtém-se contração bilateral
deste reflexo é a distensão muscular rápida, do músculo orbicular das pálpebras com oclu¬
provocada pela percussão tendinea ou óssea. são da rima palpebral. O centro do reflexo esto
Estes reflexos são conhecidos em clínica, tam¬ na ponte, c as vius aferente e eferente são cons¬
bém, sob a designação de reflexos profundos ou tituídas pelo nervo facial. Este reflexo aprescn-
osteotendíneos. ta-se hiperativo nas lesões supranucleaivs bila¬
Os reflexos labirínticos dependem da exci¬ terais (síndrome parkinsoniana, quadros pseu-
tação do aparelho receptor vestibular que pode dobulbnrcs, arteriosclerose cerebral ditosa).

48
Reflexos dos Membros Superiores
Reflexo Estilorradial (Reflexo Bra-
quiorradial). Centro: C5-C6 (braquiorradial)
e C7-C8-T1 (flexores dos dedos). A pesquisa é
feita com o antebraço semifletido. numa posi¬
ção entre a pronação e a supi nação com o punho
apoiado sobre a mão do examinador (Fig. 9.2).
Percute-se a apófise estilóide do rádio, poden¬
do-se obter como resposta flexão e ligeira pro¬
t nação dò antebraço e contração dos flexores da
mão e dedos (esta última resposta, freqiiente-

dtà ' i
mente ausente, costuma ser evidente nos casos
de hiperatividade reflexa). A “dissociação” do
reflexo estilorradial, caracterizada pela aboli¬
ção da resposta flexora do antebraço com con¬
servação da flexora dos dedos, apresenta certo
valor na indicação topográfica de lesão medular
ao nível de C5-C6.
Reflexo Cubitopronador (Reflexo dos
/J Pronadores da Mão). Centro: C6-T1. A pes¬
Fig. 9.1 — Manobra de Jcndiassik
quisa é feita com o antebraço apoiado sobre a
mão do examinador, em posição de semiflexão
Reflexo do Orbicular dos Lábios (Refle¬
xo Oro-Orbicular ). Pode ser obtido pela per¬
cussão do lábio superior, na linha axial, ha¬
vendo projeção dos lábios para diante pela
contração do músculo orbicular dos lábios
0 arco reflexo apresenta a seguinte, cons¬
tituição: trigêmeo-ponte-facial. Este reflexo é
de resposta débil ou nula em condições nor
mais, podendo ser evidente nos recém-nasci¬
dos e exaltado nas lesões supranucleares bila¬
W1 P*
terais (arteriosclerose cerebral difusa, qua¬
dros pseudobulbares, paralisia geral progres¬
siva).
Reflexo Mandibular (Reflexo Masseté-
rico). A pesquisa se faz pela percussão do men¬
to, com interposição do dedo do examinador,
estando o paciente com a boca entreaberta. A
resposta traduz por elevação da mandíbula
pela contfação dos músculos masseteres. O
p
arco reflexo apresenta a seguinte constituição:
trigêmeo-ponte-trigêmeo. Este reflexo, que
normalmente é de resposta débil ou nula, pode
se apresentar exaltado nas lesões supranuclea-
bilaterais; em certos casos, a acentuada hi-
pertonia dos músculos masseteres pode deter¬
minar um verdadeiro trismo. Fig. 9.2 — Reflexo esiilorradial.
49
c ligeira pronaçAo (big. 9..I). Pei cute se a apo
liso eslilóide do cúbito, obtendo-se como tos
posta pronaçAo via mAo. Segundo Wartonberg,
este reflexo é ntn dos primeiros a se tomar
hiperativo nos quadros ile liberação piramidal.
Reflexo Hieipilal. Centro: C5 Co A pes¬
quisa é feita eom o antebraço semifletido e
apoiado, eom a mAo em posição vle supinação.
Pereute-se o tendfto vlistal vlo bleeps, havendo
interposição do polegar vlo examinador (big.
9.4). A resposta se traduz por tlexAo e supina-
çâo do antebraço.
Reflexo Trieipital. Centro: (VC8. Para a
pesquisa coloca-se o braço vlo paciente em ab¬
dução e apoiado sobre a mão do examinador, vle
tal sorte que forme um Angulo vle 90° eom o
antebraço (big. 9.5). Percute se o tendão distai
do tríceps, obtendo-se a extensão do antebraço.
Pode ser observado o chamado reflexo trieipital
“invertido", traduzido por flexão do antebraço.
nas lesões medulares ao nível de C7-C8.
Reflexo dos Flexores dos Dedos, Centro:
C7-C8-TI . A pesquisa é feita com a mão apoia¬
da, na posição de supinação, percutindo-se a
superfície palmar das falanges com interposi¬
ção dos segundo e terceiro dedos do examina¬
Fia. 9.4 Reflexo bicipital.
dor. Outra técnica preconiza o pinçamento da
falange distal do dedo médio do paciente entre
o polegar e o indicador do examinador (Fig. posta flexão dos dedos (sinal de Hoffmann). A
9.6), submetendo-a a flexão súbita por pressão resposta é nítida nos regimes de hiper-reflexia.
sobre o leito ungueal. Pode-se obter como res-

i
/
r

Hl

FíR. 9.3 Rcllexo eubitopronador. Fig. 9.5 Retlexo trieipital.

50
V
ftip k
4.

pig. 9.6 — Reflexo dos flexores dos dedos.

Fig. 9.7 Reflexo paielar.


Reflexos dos Membros Inferiores
Reflexo Patelar (Reflexo Rotuliano).
Centro: L2-L4. A pesquisa pode ser feita com
o paciente na posição sentada, com as pernas
pendentes ou cruzadas (Fig. 9.7), ou na posição
de decúbito dorsal, com os joelhos semifletidos
e apoiados sobre a mão do.examinador. Percu¬

J
/
te-se o tendão rotuliano, oblendo-se como res¬
posta a extensão da perna pela contração do
quadriceps femoral.

m* A
Reflexo Aquileu (Reflexo Aquiliano).
Centro: L5-S2. É obtido quando se percute o
tendão de Aquiles; a resposta consiste numa
contração do tríceps sural com extensão do pé L,
sobre a perna. Existem várias posições para a
pesquisa deste reflexo: paciente de joelhos (Fig.
9.8); sentado com as pernas pendentes; deitado Fig. 9.8 — Reflexo aquileu.
na posição de decúbito dorsal ou ventral.
Reflexo Plantar Profundo. Centro: 1.5 Entre os reflexos profundos do tronco cum¬
S2. A pesquisa é feita com o paciente em decú¬ pre ressaltar o reflexo costo-abdominal, cuja
bito dorsal e os membros inferiores em exten- pesquisa é feita pela percussão do rebordo cos¬
são. Percute-se a superfície plantar dos artelhos tal com interposição do dedo do examinador. A
(sinal de Rossolimo) ou a região no dorso do pé resposta consiste na contração ipsolateral dos
(sinal de Mendel-Bechterew). A resposta con¬ músculos abdominais, com desvio da cicatriz
siste na flexão plantar dos artelhos. Este refle¬ umbilical para o mesmo lado. Em condições
xo, em condições normais, apresenta resposta normais a resposta é discreta ou nula, sendo
discreta ou nula, tomando-se nítido em regime evidente nos regimes de hiper-reflexia. Apre¬
de hiper-reflexia. senta certa importância a “dissociação dos re-'
Biblioteca do Centro de
Ciências da Saúde - UFPE 51
flexos abdominais”, traduzida pela abolição piramidal lato sensu (ortopiramidal e justap,.
dos reflexos cutâneo-abdominais com conser¬ ramidal). Os reflexos profundos costumam es¬
vação dos costo-abdominais. Segundo Warten- tar abolidos ao nível da lesão e exaltados abai\0
berg, este fenômeno pode ocorrer em lesões da mesma.
piramidais localizadas acima do nível T6. A denominação de reflexos vivos deve ser
reservada a um certo exagero dos reflexos, en¬
contrado em indivíduos ‘nervosos , não tra¬
Alterações dos Reflexos Profundos duzindo necessariamente caráter patológico.
Os reflexos profundos podem estar nor¬ Clono. É um reflexo iterativo. Em paciente
mais, hiperativos, hipoativos, assimétricos ou com hiperatividade reflexa muscular profunda.
abolidos. Comumente, após a obtenção de um provocando-se passivamente a distensão brus¬
reflexo se produz uma contração dos músculos ca de um tendão e mantendo-a determina-se
antagonistas, fenômeno que não ocorre nos ce- uma série de contrações clônicas, rítmicas e
rebelopatas, o que determina o aparecimento de involuntárias, do respectivo músculo. A dura¬
reflexos pendulares (um segmento de membro ção do clono é variável, porém geral mente está
oscila como um pêndulo). subordinada ao tempo que se mantém a dis¬
Quando os reflexos profundos não são ob¬ tensão. Assim, se pode evidenciar: clono de pé.
tidos, mesmo após manobras de reforço, ou pela distensão do tendão do tríceps sural (deter¬
somente são obtidos debilmente, se fala em minada pela flexão dorsal passiva do pé) e dos
arreflexia ou hiporreflexia, respectivamente. artelhos; clono de rótula (determinado pelo es¬
Este fenômeno ocorre sempre que se encontre tiramento brusco do tendão do quadriceps fe¬
interrompido o arco reflexo em qualquer de moral, consequente ao deslocamento passivo e
seus pontos: nervo sensitivo, raiz posterior, prolongado da rótula no sentido distai): clono
centro reflexógeno (medula espinal ou tronco da mão e dedos (determinado pela extensão
do encéfalo), raiz anterior, nervo motor e mús¬ passiva do punho e dos dedos); clono da man¬
culo. Qualquer processo que comprometa um díbula.
desses níveis pode determinar arreflexia ou hi¬ São descritos dois tipos de clono: esgotável
porreflexia, dependendo da gravidade da lesão e inesgotável. No segundo, a iteração persiste
(polineuropatia, radiculopatia, poliomielite an¬ durante todo o tempo em que o estímulo é
terior aguda, tabes dorsalis, miopatia). mantido. O clono inesgotável costuma acompa¬
É preciso considerar que alguns reflexos nhar os sinais e sintomas da síndrome piramidal
profundos (reflexo dos flexores dos dedos, es- de liberação. Nesses casos podem ocorrer nos
tilorradial, cubitopronador) são de difícil obten¬ membros inferiores trepidações, que são con¬
ção em indivíduos normais, e só a experiência trações clônicas e rítmicas provocadas por mo¬
do médico permite descartar patologia subja¬ vimentos, como por ocasião da marcha, por
cente. exemplo.
A verificação de desigualdade, ou assi¬
metria, de determinados reflexos constitui ele¬
mento semiológico de grande importância, tra¬ Reflexos Miotáticos Tônicos ou de Postura
duzindo, quase sempre, anormalidade do sis¬
tema nervoso. São reflexos proprioceptivos que partici-
A exaltação dos reflexos profundos (hiper- pam da sustentação das atividades posturais e
reflexia)écaracterizada pela obtenção de várias na regulação dos movimentos. Dependem de
respostas (reflexo policinético) quando da apli- estímulos originados dos músculos, labirinto e
cação do estímulo único; pela ampliação da no sistema visual, intervindo na manutenção do
área de obtenção do reflexo; pela impossibi- equilíbrio estático do corpo. Apresentam gran-
lidade de inibir voluntariamente o reflexo. A de interesse em neurofisiologia, sendo, porém.
hiper-retlexia traduz geralmente lesão da via de escassa aplicação na prática neurológica.

52
t "

t 1
Dos reflexos posturais, os cervicais são os i
culoneurites). Estes reflexos são pesquisados,
inais importantes em clínica. Quando da rota¬ principalmente, ao nível do tornozelo (fazendo-
ção passiva da cabeça para um determinado se a dorsiflexão e rotação interna do pé) e do ]

lado, “os membros do lado facial” tendem a punho (flexão passiva da mão). Quando da -A
adotar uma posição em extensão e os do ‘‘lado exaltação dos reflexos tônicos segmentares ob¬
occipital tendem à flexão, configurando, no tém-se uma contração anormalmente prolonga¬
seu conjunto, a posição do esgrimista (reflexos da dos grupos musculares agonistas do movi¬
;>í
tônicos cervicais de Magnus e De Kleijn). Estes mento realizado. I*
reflexos podem ser observados na paralisia ce¬
rebral, na meningencefalite tuberculosa e nas
lesões da porção superior do tronco encefálico. REFLEXOS EXTEROCEPTI VOS
É freqiientemente encontrado em recém-nasci¬ São também chamados superficiais e são
dos normais. obtidos pela excitação de receptores localiza¬
Também devem ser pesquisados nas crian¬ dos na superfície corporal: pele e/ou mucosas
ças os reflexos de Moro e de Landau. O reflexo externas (reflexos cutâneos e mucosos). Estes
de Moro é provocado por um estímulo brusco reflexos apresentam maior período de latência
(a técnica de puxar bruscamente o lençol sobre e são facilmente esgotáveis (reflexos polissi-
o qual a criança está deitada é a mais utilizada) nápticos). 1
e consiste num movimento de extensão e abdu¬
ção sucedido por flexão-adução nos quatro
membros (reflexo do abraçamento). Este refle¬ RFLEXOS CUTâNEOS
xo deve estar presente em todos os recém-nas¬
Reflexos Cutâneo-Abdominais. Centro:
cidos normais, e sua ausência significa grave
T6-T12. A pesquisa é feita pela estimulação
i
lesão do sistema nervoso central. O reflexo de cutânea, com estilete ou agulha, da parede do
Landau é pesquisado colocando-se a criança, abdome ao nível da região epigástrica (reflexos
acima do plano do leito, com a região peitoral abdominais superiores), umbilical (reflexos ab¬
apoiada sobra a mão do examinador. Obtém-se dominais médios) e hipogástrica (reflexos ab¬
como resposta extensão da cabeça, do tronco e dominais inferiores). Obtém-se como resposta
das extremidades, de tal sorte que a criança desvio da linha alba e da cicatriz umbilical para
assume uma postura descrevendo um arco de o lado estimulado, pela contração dos músculos
concavidade voltada para cima; se nesta postura abdominais ipsolaterais. A pesquisa destes re¬ ti
faz-se uma flexão lenta da cabeça, desaparece flexos pode estar prejudicada por alterações da !
a extensão do tronco e das extremidades. O parede abdominal: cicatrizes operatórias, obe¬
mecanismo deste fenômeno é dado, provavel¬ sidade, ascite, edema, estrias, flacidez.
mente, por uma associação de reflexos labirín¬ A abolição transitória ou permanente dos
ticos e tônicos cervicais. reflexos cutâneo-abdominais em determinadas 1
Determinadas atitudes corporais anómalas, lesões encefálicas (como, por exemplo, nas he¬
como a rigidez de descerebração, por exemplo, miplegias), não significa que estes reflexos te¬
dependem do exagero dos reflexos gerais de nham uma via longa que inclua o córtex e o
postura. sistema piramidal, como se acreditava. É pro¬
Os reflexos de atitude e os reflexos tônicos vável que a facilitação exercida desde os níveis
segmentares também são manifestações pos¬ superiores favoreça a obtenção destes reflexos,
turais tônicas. Os reflexos tônicos segmentares ocorrendo abolição nas lesões encefálicas que
costumam estar exaltados em determinados provoquem sideração dos centros de facili¬
quadros extrapiramidais (síndromes parkinso- tação.
nianas, degeneração hepatolenticular) e dimi¬ Reflexos Cremastéricos. Centro: L1-L2. %
nuídos ou abolidos em doenças hipotonizantes A pesquisa é feita com o paciente em decúbito
( tabes dorsalis, cerebelopatias, polirradi- dorsal, com os membros em extensão e as coxas

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FíR- 9-9 Sinal de Babinski.

54
observar elevação do mento
Dodendo-se
inferior ipsolateral à
e do tos reflexos que atingem em bloco os membros
,ábjo estimulação.
pode ser observado em indivíduos Hste e que se fazem, habitualmente, no sentido du
rctlexo nor¬ flexão. Numa paraplegia, por secção medular
mais, porém sua hiperatividade costuma tradu- completa, o paciente, embora não possa efetuar
zir lesões piramidais (arteriosclerose cerebral
difusa, esclerose lateral amiotrófica, quadros
pseudobulbares).
— —
voluntariamente qualquer movimento, queixa-
se de que suas pernas agitam-se se encolhem
e se estiram independentemente de sua von¬
tade. Alguns paraplégicos usam do artifício de
REFLEXOS MUCOSOS beliscar as pernas para que elas se estirem ou se
flexionem. Estes movimentos são comumcnte
Reflexo Corneano. A pesquisa é feita me¬ chamados de reflexos de automatismo medular
diante ligeira excitação da cómea com mecha ou reflexos de defesa.
de algodão, estando o paciente com os olhos Três manobras principais são descritas para
voltados para cima e para o lado oposto. Ob¬ pesquisar os reflexos de automatismo medular:
tém-se como resposta oclusão palpebral pela a de Babinski, que consiste no beliscamento do
contração do músculo orbicular das pálpebras. dorso do pé; a de Pierre Marie-Foix, que consis¬
A via aferente do reflexo é o nervo trigêmeo te na flexão forçada dos quatro últimos arte¬
(ramo oftálmico), o centro localiza-se na ponte, lhos; a de Tolosa, que é realizada pela percus¬
e a via eferente é o nervo facial. Este reflexo são rápida e repetida da face plantar dos pés
apresenta grande interesse prático, ficando pre¬ com um martelo de borracha. Podem ser obti¬
cocemente abolido nos tumores do ângulo pon- dos três tipos de resposta; a mais frequente é a
tocerebelar e sendo útil na avaliação do grau de da tríplice flexão, traduzida por flexão do pé
profundidade dos comas de um modo geral. sobre a perna, da pema sobre a coxa e desta
Reflexo Velopalatino (Reflexo do Véu). sobre a bacia. Estes movimentos são obtidos
A estimulação do véu do palato por meio de quando os membros se acham estendidos. No
estilete provoca retração da úvula e elevação do caso de haver flexão prévia, podem ser obser¬
palato mole. A via aferente do reflexo é o nervo vados movimentos de extensão, sendo tal fato
glossofaríngeo, o centro localiza-se no bulbo e denominado fenômeno dos alongadores em
a via eferente é o nervo vago. oposição ao primeiro, que é conhecido como
fenômeno dos encurtadores. Finalmente, pode-
se verificar o alongamento cruzado quando fle¬ $
REFLEXOS VISCEROCEPTIVOS xão e extensão se alternam nos membros infe¬
riores; os movimentos resultantes se asseme¬
Os mais importantes são o reflexo oculo- lham aos de andar em bicicleta. i
cardíaco, que consiste na diminuição de fre- Pode ocorrer, ainda, principalmente nos ca¬
qúência do pulso quando se comprimem os sos de transecção medular completa, a chamada
.
globos oculares e o reflexo pilomotor que se reação maciça de Riddoch, caracterizada por
obtém excitando a pele com estímulo térmico tríplice flexão, contração dos músculos abdo¬
(frio ou quente) ou beliscamento, procedimen¬ minais, esvaziamento da bexiga e do reto, hipe-
tos, que determinam nas áreas correspondentes ridrose, eritema reflexo e reação pilomotora nos
ou de forma generalizada uma reação com as¬ membros inferiores.
pecto de “pele de galinha”. Estes reflexos são I
de escassa utilidade na prática neurológica.
REFLEXOS PATOLÓGICOS
Constitui sinal muito importante de lesão
AUTOMATISMO MEDULAR da área 6 o aparecimento do reflexo de preensão !
:
{grasping reflex). Trata-se de resposta flexora
Todas as vezes que a medula se liberta da
inibição piramidal, os estímulos que a alcançam dos dedos, provocada pelo contato de um objeto
;
abaixo do ponto lesado determinam movimen- com a região palmar ou plantar, realizando um
:
1 55
\
normais Os movimentos associado*


cos. de caráter involuntáno. não devem n-u.k
a designação dc sincinesias. mas sim de Smr
gias adequadas ou inadequadas (Tolosa i
Sfio descritos três grupos dc sincim
globais, dc coordenação e dc imitação

SINCINESIA-S I»K IMITAçãO


Os movimento» realizados por um segm
to dc membro do lado normal são imitad< s p,
segmento homólogo do lado hemiplcgu.* >. tvi.
fenómeno pode ocorrer num hcmiplégico qu
Kig. »».II Rcllcvo ik* prccnvâo c dc pcr*cguit,3o (pa- ao fechar a mão no lado normal apresenta n,
ocnic tenu dcvcmhara\ .u -Nc do lençol para apreendei o vimento idêntico no lado comprometido A es
mando de reflexos)
cola neurológica francesa tem insistido nas sm
movimento de prcensfto (Fig. 9.1 1). É um ato cincsias homolatcrais de imitação em casos dc
compulsivo e reflexo, independente do controle
cortical.
Estes fenômenos constituem manifesta¬
ções motoras primitivas, observadas no recém-

síndrome taiâmica. Estas sincinesias podem vrr
evidenciadas ordenaiKlo-se ao paciente que
deve permanecer com os olhos fechados e eir
decúbito dorsal
— que realize movimentos de
nascido e ulteriormente inibidas pelo desenvol- flexão-extensão da mão que. em caso positi \ o.
\ imento dos centros superiores (córtex determinam movimentos idênticos no pé bo-
pré-mo¬
tor). Por vezes, a visão de molateral.
um objeto nas proxi¬
midades da mão afetada determina um movi¬
mento de perseguição ao objeto, com a finali¬ SlNCINESIA DE COORDEWÇÀO
dade de aprendê-lo. A este fenômeno os autores
ingleses denominam groping reflex ( reflexo de Neste tipo de sincinesia. quando o paciente
perseguição). realiza contração voluntária de determinado-
Estes reflexos assumem grande valor na grupos musculares, aparece contração involun¬
localização da lesão quando são unilaterais tária de grupos musculares funcionalmente si-
(área 6 contralateral). Sua importância é menor nérgicos dos anteriores.
quanao e bilateral, porem traduz lesão frontal. Entre as várias manobras preconizadas pan
Entretanto, estes reflexos só se revestem de explorar este tipo de sincinesia salientamos
valor diagnóstico em pacientes sem distúrbios fenômeno do tibial anterior de Strúmpell. a ma¬
mentais ou da consciência. nobra de Cacciapuoti e as provas de Raimiste

Fenômeno do Tibial Anterior


SINCINESIAS
A pesquisa deve ser realizada, se possíve
São movimentos involuntários provocados com o paciente sentado com as pernas pen
pela realização de determinados atos voluntᬠdentes. Nesta posição ordena-se ao pacienv.
rios. A fenomenologia motora no lado hemiplé- incapaz de realizar voluntariamente a dorsifk
gico. por exemplo, é traduzida por movimentos xão do pé. que estenda a pema contra discrr
associados despertados por movimentos volun¬ resistência do examinador. Em caso posun
tários no lado são. observa-sc contração associada e involuntary
As sincinesias
piramidal — —
coloráno da síndrome
não se observam nos indivíduos
do músculo tibial anterior, traduzida pelo ap.:
recimento da dorsiflexão do pé

56
n r-

>1a„.bra de Cacciapuo.i 1
SINCINESIA GLOBAL
Consiste na contração global dos músculos
ntena-se o seu abaixamento contra resistência- ?° lado hemiPlé8ic°' «forçando a amudede
irva-se, então, em caso positivo, h,pe,,oma era nexSo no membr0 superl0r

J-SSST-" com"
a elevação
Jma .* ™
»ÿ
provas de Raimiste ATIVIDADE IDIOMUSCULAR
Com o paciente em decúbito dorsal e os A atividade idiomuscular não deve ser con¬
membros inferiores em extensão e adução, or¬ fundida com atividade reflexa, e consiste numa
dena-se a abdução do membro normal opondo-
contração da fibra estriada pela percussão dire¬
se resistência; observa-se abdução associada e ta do próprio músculo. A contração idiomuscu-
involuntária do membro homólogo comprome¬ lar costuma ser evidente em determinadas neu-
tido. Quando o paciente adota postura idêntica, ropatias (polineuropatia periférica, polirradi-
porém com os membros inferiores em abdução, culoneurite, tabes dorsalis) que evoluem com
ordena-se um movimento de adução do mem¬ i
bro normal contra resistência observa-se adu¬
abolição dos reflexos profundos. Por outro
lado, nas miopatias a atividade idiomuscular *
ção no membro oposto.
costuma estar deprimida ou abolida. t!

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Biblioteca do Centro de
-
Ciências da Saúde UFPE

57
IQ Tono Muscular

É um estado de tensão permanente dos superiores, no homem. Durante a execução de


estado de tensão depende de
músculos. Estesendo um ato voluntário, o tono é mais acentuado nos
vários fatores, alguns de ordem física e músculos agonistas e sinergistas do movimen¬
outros nervosos. to, havendo uma inibição do tono nos músculos
Os fatores físicos proporcionam a elasti¬ antagonistas. Em última análise, durante a exe¬
cidade própria do tecido muscular, sua turges¬ cução de movimentos entram em jogo: o tono
cência em relação com fenômenos circulatórios de ação em determinados grupos musculares, o
locais e condições anatômicas eutróficas ou tono de postura em outros, além da diminuição
atróficas que podem modificar a consistência do tono naqueles grupos musculares que pode¬
das fibras. Estes elementos são responsáveis riam dificultar os movimentos (músculos anta¬
pelo chamado tono de repouso ou residual gonistas).
(Coêrs).
Pode ser comprovada a existência de um MECANISMO DO TONO
tono de postura, que determina a manutenção
das atitudes. Esta atividade contrátil tem por O reflexo miotático é a base do fenômeno
finalidade manter a atitude geral do corpo nas tonígeno. O arco do reflexo miotático é o mais
diversas posições que sua atividade lhe impõe. breve de todos porque não apresenta neurônios
E, finalmente, durante a execução de um movi¬ intemunciais, limitando-se à via aferente que
mento comprova-se a existência de um tono de conduz o estímulo até a coluna ventral da me¬
ação (tono de acompanhamento). dula de onde emerge a via eferente pela raiz
0 tono postural e o de ação dependem superior e nervo periférico, e se dirige ao mús¬
essencialmente de mecanismos reflexos, sendo culo. O estímulo adequado para a obtenção do
o reflexo miotático a base do fenômeno toní- reflexo é o estiramento muscular e, dependendo
geno. do modo de pesquisa, pode-se obter dois tipos
0 tono reflexo (postural e de ação) é, por¬ de resposta: fásico ou tônico. A contração re¬
tanto, essencialmente variável de um momento flexa fásica caracteriza-se por ser brusca, clô-
para outro. A mudança de posição de um seg¬ nica, de caráter cinético, isto é, capaz de provo¬
mento corpóreo modifica o equilíbrio de outros car deslocamento do segmento correspondente.
segmentos e exige um ajustamento das contra¬ Na prática clínica são os denominados reflexos
ções tônicas. Na posição vertical, em repouso, profundos (reflexo patelar, aquileu, bicipital
o tono é mais marcado nos grupos musculares etc). A contração reflexa tônica é prolongada,
que se opõem à gravidade: extensores dos intensa e tem caráter predominantemente está¬
membros inferiores e flexores dos membros tico. Estes reflexos sustentam as atividades
!
59

\
posturais e participam na regulação dos movi¬ A palpação permitirá uma avaliação I
mentos. consistência muscular, apresentando o músculo
Sobre o arco reflexo miotático atuam cen¬ normal uma consistência elástica. A consis. j
tro supra-segmentares que podem agir como tência poderá estar aumentada (hipertonia, rigj.
facilitadores ou inibidores da contração reflexa dez, fibrose, contraturas) ou diminuída (neuro-
tônica ou fásica e cujas lesões determinam, patias periféricas, tabes dorsalis). Nas miosi-
respectivamente, hipotonia ou hipertonia mus¬ tes, os másculos se apresentam muitas vezes
cular por liberação dos centros inferiores. O duros e enrijecidos.
sistema inibidor é constituído pelas áreas su¬ A percussáo permite apreciar o fenômeno
pressoras corticais (área 4S, área 6), por alguns miotônico, que se caracteriza pela contração
núcleos da base (paleostriado e substância ne¬ anormalmente prolongada de um músculo pela
gra), pelo cerebelo (paleocerebelo) e pela for¬ sua percussão ou mesmo durante a movimenta¬
mação bulborreticular inibidora (de localização ção espontânea.
ventromedial). Os impulsos são enviados para A movimentação passiva fornece informa¬
a medula por intermédio do trato reticulospinal ções sobre duas características importantes do
inibidor que ocupa o funículo lateral. O sistema tono muscular: a extensibilidade e a passivi¬
facilitador é constituído pelo neostriado (con¬ dade. Pede-se ao paciente completo relaxamen¬
junto putâmino-caudado), pelo núcleo vestibu¬ to, no sentido de não procurar ou opor-se ao
lar lateral (de Deiters), pelo neocerebelo, pela movimento feito pelo examinador. Em seguida,
formação reticular do diencéfalo, mesencéfalo, é feita a movimentação passiva nos diversos
ponte e pela formação bulborreticular facilita- segmentos dos membros. Com este procedi¬
dora (de localização dorsolateral). Estas estru¬ mento é possível apreciar a resistência que os
turas enviam impulsos para a medula através de músculos opõem passivamente ao movimento
vários tratos descendentes. Do desequilíbrio (passividade) e também a amplitude dos movi¬
entre os dois sistemas resultam hipotonias ou mentos passivos (extensibilidade). Nas hipoto-
hipertonias. A lesão das estruturas inibidoras nias, a amplitude dos movimentos é exagerada s
faz predominar a ação das facilitadoras sobre o (hiperextensibil idade) (Fig. 10.1) e a resistên¬
arco reflexo miotático gerando um estado de cia oposta ao movimento é mínima ou nula
hipertonia, ao passo que surgirão hipotonias (hiperpassividade). Nas hipentonias, a amplitu¬
sempre que se fizer sentir o predomínio das de do movimento é menor que o normal, e a
estruturas inibidoras. Ainda serão observadas resistência oposta à realização do movimento é
hipotonias todas as vezes que o arco do reflexo maior.Segundo André-Thomas e Ajuriaguerra,
miotático for interrompido, como ocorre nas é importante a distinção entre extensibilidade,
lesões do sistema nervoso periférico. que é o grau máximo de alongamento passivo
possível de imprimir a um músculo, e pas¬
sividade, que é grau de oposição que um mús¬
EXPLORAÇÃO DO TONO culo opõe a este alongamento.
O balanço passivo das articulações, reali¬
O tono muscular é explorado mediante a zado ao nível dos segmentos distais dos mem¬
inspeção, palpação, percussão, movimentação bros, permitirá apreciar, nos casos de hipotonia
passiva e balanço passivo das articulações. muscular, oscilações amplas das mãos ou dos
A inspeção permite observar, naqueles ca¬ pés, e nos casos de hipertonia, as oscilações são
sos marcada diminuição do tono, que mús¬
de de pequena amplitude ou estão ausentes (apre¬
culos se achatam flacidamente sobre o plano do
leito. Nos casos de aumento do tono, o relevo
dos músculos pode ser mais evidente quando
comparado com segmentos homólogos não

sentando-se os segmentos distais dos membros

antebraço-mão ou perna-pé como se fos¬
se peça única).
Também a rotação passiva do tronco, exe¬
comprometidos. cutada com o paciente na posição ereta, pode

60

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4

Fig. 10.2 Hipotonia muscular em paciente com doença Í


de Werdnig-Hoffmann (atitude em abdução dos quatro
Hiperextensibilidade em paciente com tabes membros).
fig. 10.1
dorsalis. congénita) (Fig. 10.2), distrofía muscular pro¬
fomecer subsídios para o exame do tono mus- gressiva.
cular: nos casos de hiperpassividade, as oscila¬
ções dos membros superiores são mais amplas, HIPOTONIAS CENTRAIS
enquanto na hipopassividade as oscilações es¬
tão ausentes ou são de amplitude reduzida. Os distúrbios funcionais do sistema ves-
Finalmente, a presença de reflexos pen¬ tibulocerebelar podem se acompanhar de hipo¬
dulares (patelar, tricipital) pode denunciar ou tonia homolateral, por deficiência dos influxos
comprovar a existência de hiperpassividade facilitadores vestibulospinais (Coers). Nas ce-
(cerebelopatia), assim como o exagero dos re¬ rebelopatias predomina a hiperpassividade, e
flexos locais de postura sugere a presença de os reflexos profundos podem se apresentar com
hipertonia (síndrome parkinsoniana). caráter pendular. Nas lesões piramidais (sín¬
Na exploração da movimentação passiva drome deficitária) predomina a hiperextensi¬
deverão ser descartadas lesões articulares, ós¬ bilidade. Das síndrome extrapiramidais, a co-
seas ou ligamentares, já que, por exemplo, a réia de Sydenham apresenta formas clínicas
diminuição da amplitude de um movimento com acentuada hipotonia muscular (coréia
pode ser devida a rigidez articular ou a fratura mole); nas atetoses pode ocorrer uma hipotonia
viciosamente consolidada. de repouso, com evidente hipertonia de ação.
I Certos tipos de encefalopatia, próprios da in¬
fância, podem evoluir com hipotonia (encefa¬
ALTERAÇÕES DO TONO
lopatia atônico-astática, idiotia amaurótica in¬ 4
\ De acordo com a topografia, as hipotonias fantil de Tay-Sachs, mongolísmo).
podem ser periféricas e centrais. A hipotonia muscular pode ser encontrada
na fase de choque do sistema nervoso central 1
consecutiva a determinadas lesões agudas do
HIPOTONIAS PERIFéRICAS cérebro ou da medula e nos graus profundos do
coma.
A interrupção do arco reflexo espinal deter¬ Finalmente, em determinados casos, a hi¬ t
mina a abolição do tono muscular. potonia muscular pode ser constitucional (acro¬
Na lesão radicular posterior ( tabes dorsa¬ batas, dançarinos).
lis), em que há comprometimento das sensibi¬ I
lidades proprioceptivas, a hipotonia é global e
muito acentuada (flacidez, hiperextensibilida¬ HIPERTONIAS
de e hiperpassividade). Entre outras condições
mórbidas periféricas que determinam hipotonia Distinguem-se vários tipos de hipertonia,
muscular, distinguimos: mononeuropatias, po- destacando-se, pela sua importância, os relacio¬ :
lineuropatias, polirradiculoneurites, poliomie¬ nados às lesões piramidais e extrapiramidais.
A “hipertonia piramidal” (espasticidade).
r
lite anterior aguda, amiotrofia espinal progres¬ i
siva (doença de Werdnig-Hoffmann, amiotonia observada freqúentemente nas hemiplegias

61 1 '
'!

\
xvreseqnentes a acidentes vasculares cerebrais, riormente, terminada a distensão, o
se8
rva cscktwse lateral annotróftca, na esclerose mento retoma progressivamente à posi-
t cm placas* was mtelues e cvMupressóes medula¬ ção primitiva;
res* was diplegias cerebrais infantis e, de modo
gml* cm todas as afecções que acometem o
- acompanha-se, na maioria das vezes, de
hiper-reflexia profunda, dos reflexos de
corquuto piramidal, tem como caracteristicas; automatismo, do sinal de Babinski e de
4
* -
c eletiva, preponderando em certos gru¬
pos musculares (os flexores nos mem¬
sincinesias.
A hipertonia ou rigidez extrapiramidal, ob¬
bros superiores e os extensores nos infe¬ servada nas afecções que acometem o conjunto
riores) (Fig, 10,5);
nigropalidal (síndromes parkinsonianas, dege¬
- ctêrvia muscular
elastiea,
encontrando-se grande resis- neração hepatolenticular), caracteriza-se por
I i
í
ã movimentação pas¬
siva no inicio do mov imento que, depois
de algum esforço, cede rápida e total-
ser global e plástica. A hipertonia interessa a
todos os grupos musculares, agonistas e an¬
1 mente to fenômeno lembra o que se ob¬
tagonista, flexores e extensores, apresentan¬
do contudo certa predileção para os músculos
serva ao se abrir um canivete); poste- do tronco, pescoço e raízes dos membros.
Nesta forma há exagero, sobretudo, do tono
í de repouso e de postura. À movimentação
passiva, a resistência encontrada é sempre a
! A l
mesma, invariável, determinando sensação
í: »
V comparada à “flexibilidade cérea”; terminada

•r1 !
/
Zr- a prova, o segmento fixa-se na posição em
que foi passivamente colocado (rigidez plás¬
tica). Outras vezes, a resistência oposta à dis¬
, 5
'< •
i
(

i
XçA tensão é menos uniforme e regular, apresentan¬
do-se um movimento com sucessivas inter¬
rupções (fenômeno da roda denteada de Negro).
A hipertonia pode ainda manifestar-se, de
modo transitório ou permanente, em outros nu¬
! merosos estados mórbidos. Revestem-se de

! Pn 1 I grande interesse semiológico a rigidez de des-


cerebração, a rigidez de decorticação, a rigidez
dos arterioscleróticos e dos estados lacunares,
i ,
IA
à v\
as crises tônicas cerebelares, as contraturas ob¬
servadas nos processos irritativos meníngeos,
no tétano, na hidrofobia, em determinadas into¬
í#
lli \ xicações (estricnina), na tetania, nas cãibras e

\\ 1 s nos estados histéricos.


Pode haver hipertonia de origem muscular,
como ocorre nas miotonias (doença de Thom¬
)\
sen, distrofia miotônica de Steinert). A mioto-
nia pode se manifestar espontaneamente, tradu¬
zida por dificuldade ou incapacidade transitória
para relaxar os músculos após uma contração.

i .. U» Fij. 10Jt
— Hipertonia "piramidal", evidenciada pela
anruóe flexora no membro superior e extensora no mem-
O fenômeno miotônico pode ser obtido pela
percussão de certos músculos (da eminência
taner, deltoide, da língua) que respondem com
:
\: boa inferior. uma contração cujo relaxamento se processa
i
*i 62
I j
*
3'

Nas polimiosiles pode ser


lentamente.
aumento do tono.
observa- de ação (distonia de torção, torcicolo espas¬
do um módico), enquanto em outras há uma altemân-
Em determinadas entidades mórbidas en • . •
hÍp0t°nÍa dura"te
contramos uma hipertonia predominantemente o repoulo oT"') ***° 6

Biblioteca do Centro de
Ciências oa Saude-UFPE

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i

t-

k í
í
f.
J.
V

63
I
:
t

11 Sinais Meningorradiculares
(Reações Musculares Patológicas) ‘

Na síndrome meníngea, a cefaléia é ma- brosite cervical, abscesso retrofaríngeo, sín¬


nlfesiação fundamental. De intensidade variᬠdrome de Amold-Chiari).
vel. apresenta localização difusa, podendo predo¬
minar, entretanto, nas regiões occipital e frontal. SINAL DE KERNIG
É de caráter contínuo, podendo se agravar com os
estímulos luminosos e sonoros ou pelos movi¬ Quando se passa o paciente da posição
mentos. A dor costuma se irradiar para a nuca, deitada para sentada aparece flexão das coxas
ombros, dorso e pernas. Além da fenomenolo- sobre a bacia, assim como das pernas sobre as
coxas; toda tentativa de extensão dos membros
gia dolorosa, o paciente apresenta fotofobia,
vómitos (geralmente em jato) e obstipação. inferiores é impossível e muito dolorosa. Tam¬
Entre os sinais da síndrome meníngea de¬ bém e possível pesquisar o sinal de Kemig com
vem ser ressaltados aqueles provocados pela a seguinte manobra: estando o paciente em
contratura muscular. Em determinados casos, o decúbito dorsal, flete-se passivamente a coxa
doente permanece em decúbito lateral com a sobre a bacia, em ângulo reto, tentando-se a
cabeça hiperestendida (opistótono), as pernas seguir estender a perna sobre a coxa tanto quan¬
fletidas, enquanto a coluna vertebral lombar to possível. No caso de patologia meningor- *ÿ

assume postura em hiperextensão (posição em radicular podemos observar resistência e limi¬


cão de fuzil). tação do movimento, ao mesmo tempo que o
Várias manobras são utilizadas na pratica paciente refere dor.
semiológica para o diagnóstico de comprome¬ Ti
timento meníngeo. SINAL DA NUCA DE BRUDZINSKI
A tentativa de flexão passiva da nuca deter¬
RIGIDEZ DA NUCA mina flexão involuntária das pernas e coxas
(Fig. 11.1).
Resistência à flexão passiva da cabeça, em Ainda pode ser pesquisado o sinal contra¬
vinude de contratura da musculatura cervical lateral da perna de Brudzinski: a flexão passiva
posterior. As causas mais frequentes de rigidez da coxa sobre a bacia e da perna sobre a coxa
da nuca são as meningites e as hemorragias determina movimento similar no lado oposto.
subaracnóideas, porém inúmeros outros pro¬ A síndrome radicular apresenta como ele¬
cessos patológicos podem determiná-la (tumo- mento fundamental dor de caráter lancinante ou
jcs da fossa craniana posterior, hémias cere- fulgurante, que pode assumir grande intensida¬
tétano, tumores cervicais, fratura ou lu- de. A dor, que pode ser de instalação paroxística
Xaçãode vértebra cervical, meningismo, miofi- ou gradual, costuma apresentar irradiação ca-
I
65 1
I

4
I
f
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I'
Fig. 11.1
— Sinal da nuca de Brudzinski.

racterística de acordo com a raiz comprometida SINAL DE NKRÍ


(obedecendo à inervação metamérica da medu¬
la). A radiculalgia pode ser desencadeada ou É explorado com o doente sentado, me¬
i! exacerbada por determinados movimentos (que diante flexão passiva enérgica da nuca. c sc
provocam tração da raiz afetada) ou por deter¬ caracteriza por dor no trajeto do ciático.
minados atos como a tosse, espirro ou o esforço
de evacuação (pelo aumento da pressão do lí¬
W
d quido cefalorraquiano com repercussão ao ní¬ SINAL DE NAFFZIGER
iíl vel da raiz afetada). O paciente pode apresentar,
também, posições antálgicas, com a finalidade A dor no trajeto do ciático é despertada pela
de relaxar a raiz e atenuar a dor. compressão das jugulares.
Entre as manobras utilizadas na prática clí¬ A percussão das apófises espinhosas lom-
V nica algumas visam qfêstiramento da raiz\(La- bossacras (L4-L5-S1) pode determinar dor no
1 sègue, Gowers, Kemig, Brudzinski), enquanto trajeto do ciático. Em determinados casos, o '
outras determinam dor pelo aumento da pressão diagnóstico diferencial entre lombociatulgia e
do líquido cefalorraquiano, fenômeno que acar¬ processos da articulação coxofcmorul sc im¬
reta compressão ao nível das raízes envolvidas põe. Nestes casos está indicada a pesquisa do

I <!4 pelas bainhas durais. sinal de Patrick: com o paciente em decúbito


dorsal, coloca-se passivumente o caleanhur da

I: SINAL DE LASÈGUE
Com o doente em decúbito dorsal faz-se a
flexão passiva da coxa sobre a bacia, mantendo
perna acometida sobre o joelho oposto, pres¬
sionando-se, em seguida, o joelho do ludo em
exame para baixo e para fora; nos cusos de

II
coxite ou de artrite coxofemural, observa-se
o membro estendido. Com esta manobra pode limitação do movimento e dor (Julião).
aparecer dor no trajeto do ciático a partir de
Em determinadas lesões da colunu cervical
determinado grau de elevação do membro.
alta (hérnias discais, espondilosc cervical, pro¬
cessos tumorais) e na esclerose em placas,
SINAL DE GOWERS pode-se observar o sinal de Lhermitte: pares- j
1 i

É explorado mediante flexão dorsal enérgi¬


tesias irradiadas para os quatro membros ou dor
em “descarga elétrica" ao lm>go da colunu e dos
ca do pé, estando o membro na posição para a membros inferiores por dfasiuo da flexão do
pesquisa do Lasègue. pescoço.

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66

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12 Sindromes Motoras Centrais j


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I

\ ,
0 comprometimento do sistema motor (pi¬ HEMIPLEGIA
ramidal, extrapiramidal, cerebelar, neurônio
motor periférico) pode se exteriorizar por défi¬ Caracteriza-se pela paralisia de metade do
cit muscular (paralisia ou paresia), incoordena- corpo. A hemiplegia pode ser orgânica e fun¬
çào muscular ou aparecimento de movimentos cional. Na orgânica ocorre lesão anatômica s
involuntários anormais (hipercinesias). num ponto qualquer do sistema piramidal, en¬
quanto na funcional ou histérica o distúrbio
SÍNDROMES PIRAMIDAIS motor existe sine materia. De acordo com a
topografia da lesão podemos reconhecer várias
As lesões do sistema piramidal traduzem- formas de hemiplegia. i
se por déficits motores que interferem na exe¬
cução dos movimentos e não sobre os músculos !
ou determinados grupos de músculos, como Hemiplegia Cortical
ocorre nas lesões do neurônio motor periférico. É determinada por lesão da área motora,
Hste fenômeno pode ser evidenciado 11a parali- sendo habitualmente menos extensa. Ao déficit
sia facial de origem piramidal, quando os mús¬ 1
motor podem se associar outras manifestações 3
culos da mímica, incapazes de obedecerem ao da esfera cortical (crises bravais-jacksonianas,
comando voluntário, conservam ainda os mo¬ 1
afasia, apraxia, astereognosia). ;
vimentos automiUicos (extrapiramidais) de na¬ 1:
tureza emocional. 5f<v/cWwv
Os déficits motores de origem piramidal Hemiplegia Subcortical
(lesão do neurônio motor central) costumam se
Ocorre por lesão no centro oval, sendo ;!
acompanhar de hipertonia elástica, hiper-reflc-
xia profunda, abolição dos reflexos superficiais nítido o predomínio de déficit num dos mem¬ !
(cutâneos-abdominais, cremastéricos), inver- bros e, sob este aspecto, esta forma assemelha-
!jodo reflexo cutâneo-plantar (sinal de Babins- se bastante à precedente.
lu). além de outros fenômenos (clono, sincinc-
Masj. Vem a propósito mencionar que na sín- Hemiplegia Capsular
drome piramidal de instalação súbita ocorre
Utna Jase de choque, traduzida por paralisia
precedendo a fase espástica.
É a forma mais freqiiente, e as lesões a esse
nível costumam determinar hemiplegias maci¬
í
Dependendo da sede da lesão, vários tipos ças pelo comprometimento do feixe piramidal
dc comprometimento motor podem ser encon- concentrado num espaço reduzido. Pode haver
,rad°s na clínica. comprometimento do tálamo (em virtude das

67 t >'í

!'
5

relações de vizinhança entre cápsula interna e Hemiplegias Pedunculares


tálamo) e, no quadro clínico, ao déficit motor,
se associam distúrbios sensitivos (síndrome Na síndrome de Weber (lesão no pé

i
capsulotalâmica). A hemiplegia capsular é ha¬ pedúnculo) ocorre paralisia do III nervo no
da lesão com hemiplegia completa contrai °

bitualmente de causa vascular (oclusão da arté¬ ate-
ria lenticulostriada). ral. Geralmente é provocada por amoleciment
i ou hemorragia no pé do pedúnculo. Na síndro
me de Benedikt, a lesão atinge a calota pedUrÿ
i! Hemiplegia Talâmica cular, comprometendo particularmente o
cleo rubro. Costuma determinar hemiataxia,
nu'
Na síndrome talâmica, a hemiplegia, quan¬ hemitremor, hemianestesia e hemiparesia con-
do presente, é frustra, assumindo o primeiro tralaterais à lesão e paralisia do III nervo do
!i plano os distúrbios da sensibilidade (síndrome mesmo lado. A síndrome de Foville peduncular
de Déjerine-Roussy). caracteriza-se por hemiplegia completa contra¬
lateral à lesão, associada à paralisia do olhar
Hemiplegias Alternas conjugado para o lado hemiplégico (o doente
não pode contemplar sua hemiplegia) (Fig.
Estas formas costumam ocorrer quando o 12.1, A).
i: comprometimento da via piramidal se faz ao
nível do tronco encefálico (pedúnculo, protube¬ Hemiplegias Protuberanciais
rância, bulbo). A hemiplegia alterna caracteri¬
za-se pela paralisia num hemicorpo (contrala¬ Na síndrome de Foville protuberancial su¬
teral à lesão) e pelo déficit de um ou mais nervos perior, a paralisia conjugada dos olhos é para o
cranianos (homolateral à lesão). De acordo com lado da lesão, de modo que o doente contempla
a topografia da lesão, várias formas de hemiple¬ sua hemiplegia de maneira completa (Fig. 1 2.1
gia alterna podem ser observadas. B). No Foville protuberancial inferior, o doen-

1
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n A B C

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Fig. 12.1
——A O doente não pode contemplar sua hemiplegia (Foville peduncular);
B O doente contempla sua hemiplegia de maneira completa (Foville protuberancial superior);
C O doente contempla sua hemiplegia de maneira parcial (Foville protuberancial inferior). (Reprodução da Figura da
pág. 79 de Guibert, A.: Les Grande Voies de Conduction. Librairie Maloine, Paris, 1958).

68
/

SsaSissSS2 =5í5S5£i=SBí
Vÿontramos
*ÿ** lesão,
trJ‘jU al
âe
à
hemiplegia incompleta

paralisia
con-
associada a paralisia
do abducente do
facial
mesmo
(poliomielite anterior aguda, polirradiculoneu-
rites. polineuropatias) são sempre flácidas.
Nas lesões medulares pode haver interrup¬
ção das fibras
corticospinais, reticulospinais e
vestibulospinais, dando origem à hipertonia
Regias Bulhares muscular em extensão ou em flexão. A paraple-
caas hemiplegias caracterizam-se pela au tl-T eX,ens5° dePende da preservação dos

£ SS? , 0"113
motor
mgua ispola-
de origem cutânea, predominam sobre os refle-
xos posturais. Nesta forma de paraplegia.
flitp- .. hipertonia predomina nos grupos musculares
J
<*.S°df X! d<?Pac,ente> ao
extenonzada, se desvia para o lado da lesão
flexores («exores da coxa sobre a bacia, da
perna sobre a coxa e nos flexores dorsais do pé)
**
tf» vlrtude ,dâaça° d°!mi?Culos gemoglossos, e não mais nos extensores (músculos
posturais).
I da P,ran!lde* 30 cÿprometer o A atitude flexora dos membros inferiores cons¬
ta» «mcospma1 antes de seu cmzamento, de- titui o reflexo da tríplice retirada (reflexo de
fem,pleg,a do ,ad0 °P°st0- fÿga), no qual o sinal de Babinski é a primeira
manifestação (Coérs).
Hemiplegia Espinal
TETRAPLEGIA
Pode ser determinada por lesões localiza- n
ie acima do espessamento cervical da medula, aracteriza-se por paralisia dos quatro
a particularidade de ser direta (a me"7°s* Pode ser Pÿvocada por Jesão
w piramidal já se decussou no bulbo) e respei-'
t* a face
medu!Sffn "‘vel cervical ou por lesão do iron-
co encefálico (como na trombose da artéria
basilar, por exemplo).
PARAPLEGIA
MONOPLEGIA
Este vocábulo serve para designar a parali¬
sa de dois membros homólogos (paraplegia Caracteriza-se pela paralisia de um só
tapial ou cnual), porém, comumeme, utiliza- membr° (monoplegia braquial ou crural). Uma
1
sr apenas “paraplegia" para nomeara paralisia monoplegia pode ser expressão clinica de pato-
í is membros inferiores. As paraplegias cem logia cerebral (acidentes vasculares cerebrais,
. .
imssão comumente provocadas por lesões me-
dilaiesfesclerose combinada aguda da medula,
Presses expansivos intracranianos)v ou medu-
"a smdrome de B™wn-Sequard. por
bões traumáticas, luéticas, tumorais, degene- exemP 0 •
aovas), porém lesões hemisféricas adquiridas
lp*mingioma parassagital), congénitas ou neo-
atais (doença de Little) também podem provo-
PARALISIAS FUNCIONAIS
É importante ressaltar que, nas formas Os déficits motores de fundo psicogêniço
nwJulares, é frequente o comprometimento dos podenTassumir o aspecto de qualquer das for-
«incteres. mas precedentemente analisadas (monoplegia,

69
r

hemiplegia, tetraplegia etc.). O diagnóstico di¬ SÍNDKOMK NEOSTRIADA


ferencial com os déficits orgânicos, íis vezes (PUTAMINOCAUPADA)
difícil, deve se basear nos seguintes elementos:
a) ausência de alterações reflexas, do tono Ocorre quando as lesões predominam ao
e do trofismo muscular; nível putâmen e núcleo caudado. Caracteriza-
b) distribuiçáo bizarra das paralisias (au¬ se pelo aparecimento de movimentos coréic0s
sência de paralisia facial nas hemiplegias); e de hipotonia muscular (coréia de Sydenham
c) aspecto da marcha (o doente ou reumática, coréia de Huntington ou heredo-
bizarro degenerativa). A coréia de Huntington, quadro
ao mvés de apresentar a marcha ccifante do caracterizado por movimentos coréicos e dis¬
hemiplégico orgânico); túrbios mentais, apresenta lesões extensas,
d) aos distúrbios motores se associam ou¬ abrangendo inclusive o córtex cerebral.
tros de natureza histérica (anestesia para todas
as formas de sensibilidade, dramatização das
queixas); SÍNDKOMK CEREBELAR
e) ausência de distúrbios dos enfíncteres
nas paraplegias. De maneira esquemática, o cerebelo pode
As paralisias histéricas costumam ser cura¬ ser dividido em paleocerebelo (vérmis) e neo-
das pela persuasão. cerebelo (hemisférios cerebclares). O paleoce¬
rebelo é o centro do equilíbrio estático do cor¬
po, que, conjugado ao sistema vestibular, ga¬
SÍNDROMES EXTRAPIRAMIDAIS rante o equilíbrio na nosicão de pé, e durante a
marcha. O neocerebelo é um centro cinético,
respondendo pela coordenação dos movimen¬
SÍNDROME PALEOSTRIADA tos voluntários. O arquicerebelo (lobo floculo-
(NIGROPALIDAL) nodular), que representa a porção ontogenetica-
mente mais antiga, tem menor interesse em
Determinadas síndromes extrapiramidais clínica.
exteriorizam-se por diminuição da iniciativa
1
motora (bradicinesia-ou acinesial. não se repro¬ A lesão do vérmis exterioriza-se por uma
, duzindo nestas o déficit motor das síndromes ataxia axial, caracterizada por alargamento da
piramidais. Além da pobreza dos movimentos base de sustentação e marcha do tipo ebrioso.
voluntários, também os movimentos automáti¬ A síndrome neocerebelar pode ser uni ou
cos e associados são deficientes, o que confere bilateral, traduzindo lesão num ou em e ambos
a estes doentes marcha e fáceis típicas (marcha os hemisférios ou da vias cerebelares. O quadro
- em bloco, a pequenos passos, com fáceis amí- é caracterizado por um conjunto de sinais e
mica). Outro elemento fundamental da síndro- sintomasrÿlismetria. tremor cinético, assinergia
me é a presença de hipertonia muscular (rigidez muscular, palavra escandida, adiadococinesia.
: plástica). Finalmente, é frequente a presença de reflexos profundos pendulares, hipotonia mus-
tremor rítmico de repouso por ocasião de com¬ cular.
prometimento do conjunto nigropalidal. Este Entre as principais causas da síndrome ce-
complexo sintomatológico é característico da rebelar alinham-se: tumores (meduloblastoma,
síndrome parkinsoniana (doença de Parkinson, astrocitoma), doenças desmielinizantes (escle-
síndromes parkinsonianas pós-encefalíticas, rose em placas), degenerações espinocerebela-
arterioscleróticas, tóxicas, medicamentosas). res (doença de Friedreich, de Pierre Marie,
A acinesia pode ser encontrada também na atrofias cerebelares), infecções (abscesso cere-
doença de Wilson (degeneração hepatolenti¬ belar, ataxia aguda benigna da infância), distúr¬
cular). bios vasculares (amolecimentos, hemorragias).

70
13i Sindromes Motoras Periféricas

As fibras nervosas motoras periféricas (cé¬ anterior (esclerose lateral amiotrófica, doença
lulas da ponta anterior da medula, raízes ven- de Werdnig-Hoffmann, espondilose cervical,
traise nervos periféricos) formam com as fibras siringomielia).
musculares um sistema funcional unitário. As
lesões desse sistema costumam se exteriorizar
por déficit motor (paresia ou paralisia), arre- SÍNDROMES RADICULARES
flexia profunda, hipotonia e atrofia muscular. A
paralisia é do tipo flácido, com abolição de SÍNDROME DAS RAÍZES VENTRAIS
todos os tipos de motricidade (voluntária, auto¬
mática e reflexa). Nas polirradiculoneurites (síndrome de
A topografia das paralisias depende da lo¬ Guillain-Barré) costuma ocorrer comprometi¬
calização das lesões e da natureza do agente mento difuso das raízes nervosas, predominan¬
enológico. do as lesões nas raízes ventrais. O déficit motor,
de instalação súbita, assume um caráter ascen¬
dente com distribuição simétrica. O líquido ce-
SÍNDROMES DA PONTA ANTERIOR falorraquiano apresenta dissociação proteino-
DA MEDULA citológica.
Na esclerose lateral amiotrófica, o déficit As lesões circunscritas das raízes podem
motor e a hipotrofia muscular acometem ini- dar origem a uma variedade de síndromes, ge¬
ralmente de natureza mista (sensitivo-motora).
cialmente as extremidades distais dos membros
superiores, podendo com a evolução da doença
atingir os músculos dependentes de inervação Síndrome Radicular Superior
bulbar. Nesta moléstia, o comprometimento (Duchenne-Erb)
motor, que é misto (ponta anterior + trato pira-
mídal), costuma ser simétrico, e as atrofias Traduz comprometimento das raízes C5-
Musculares se acompanham de fasciculações. C6. Caracteriza-se por paralisia proximal do
Em virtude da natureza mista do comprometi- membro superior com déficit motor dos mús¬
Mento motor, é frequente o encontro de elemen- culos deltoide supra-espinhoso, infra-espi-
,0s da
síndrome piramidal (sinal de Babinski, nhoso, bíceps braquial, rombóide e braquior-
biper-reflexia profunda, hipertonia muscular). radial. Ao lado do déficit motor encontramos
1a Poliomielite anterior aguda, o comprometi- hipotonia e hipotrofia dos músculos menciona¬
muscular é assimétrico. As fasciculações dos, além de abolição dos reflexos estilorradial
Requentes nas lesões crónicas da ponta e bicipital. Pode haver associação de hipoes-

71
11
i;
A lesão das ultimas raízes sacras (S3.§
M tesia ou anestesia na face lateral do braço, an¬
tebraço e mão. As causas mais freqúentes desta S5) compromete a musculatura do perineo e
sindrome são os traumatismos obstétricos e de acarreta distúrbios esfinctéricos (vesical ere-
outras naturezas, sendo frequente nestas even¬ tal) e sensitivos (anestesia em sela).
. tualidades a distensão das raízes referidas. A lesão da raiz L5 determina déficit d0
i; músculos glúteos, posteriores da coxa, dos exí
tensores do pé e dos artelhos. O
doente, quan<j0
H Sindrome Radicular Média (Remak) na posição de pé, é incapaz de realizar a dorsi.
. i Traduz comprometimento de C7. Este qua¬ flexão dos artelhos e de andar apoiado nos
i dro apresenta grande semelhança com a parali¬
sia do nervo radial; entretanto, na paralisia ra¬
calcanhares (marcha do tipo escarvante).
Entre as principais causas das síndromes
radiculares nos membros inferiores alinham-
dicular. o músculo braquiorradial é respeitado,
o que não ocorre na paralisia do nervo. se: hérnia de disco, processos tumorais intrar-
raquidianos (primitivos ou metastáticos), trau¬
matismos por arma de fogo ou arma branca,
:! Sindrome Radicular Inferior
(Déjerine-Klumpke)
fraturas de bacia, tuberculose óssea (mal de
Polt), traumatismos obstétricos maternos
(compressão do plexo lombossacro pela cabeça
Traduz comprometimento das raízes C8-
*1'! D1. Neste quadro observamos: paralisia atrófi¬
fetal ou pelo fórceps).

I ca e hipotônica dos pequenos músculos da mão,


regiões tenar, hipotenar, dos interósseos e lum- LESÕES DOS TRONCOS NERVOSOS
í bricais; abolição dos reflexos cubitopronador e
tricipital; hipoestesia ou anestesia do dedo mí¬
Vamos referir as principais síndromes en¬
nimo, face medial do anular, face medial da
contradas na clínica.
mão e antebraço; sindrome de Claude Bernard-
Homer. Nos casos de evolução prolongada po¬ NERVO MEDIANO
/ dem ocorrer edema e cianose na mão. Entre as
causas mais freqúentes distinguimos: trauma¬ A paralisia deste nervo caracteriza-se pela
11 '
tismos por arma branca ou de fogo, tumores do incapacidade de pronar o antebraço, de fletir os
, ápice pulmonar (sindrome de Pancoast), tumo¬ três primeiros dedos e de realizar os movimen¬
m
m1
res extradurais (neurinomas), costela cervical. tos de oposição dos dedos. A atrofia tenar e a
postura do polegar, que se coloca ao lado do
indicador, conferem à mão um aspecto caracte-
íl
ííí
Síndromes Radiculares dos Membros
Inferiores
rístico: mão simiesca. Nas paralisias do media¬
' no pode aparecer uma dor extremamente desa¬


gradável, caracterizada pelo seu caráter em
Nos membros inferiores, o comprometi¬ queimação (causalgia). Entre as principais cau¬
mento das primeiras raízes lombares (L1-L4) sas da paralisia do mediano distinguimos: feri¬
determina: paralisia de extensão da perna sobre mentos perfurantes do braço, aplicação de tor¬
a coxa (déficit do músculo quadriceps femoral) niquete, constrição do nervo na sindrome do
I:
i e da coxa sobre a bacia (déficit do psoas-ilíaco); túnel carpiano, neurite leprosa.
! arreflexia patelar. O doente é incapaz de passar
ii da posição sentada à posição de pé e de subir
escadas.
NERVO ULNAR
O comprometimento das primeiras raízes A lesão deste nervo caracteriza-se pela im-
sacras (S1-S2) provoca paralisia dos músculos possibilidade de flexão-adução do punho, fle¬
;
UíSi flexores do pé e dos artelhos, com abolição do
reflexo aquileu (o doente é incapaz de se manter
xão das primeiras falanges, abdução e adução
dos dedos (paralisia dos interósseos), além da
i na ponta dos pés). incapacidade de mover o dedo mínimo e de
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Cÿteca«° Centro de
I* binando a marcha es-
i'ÿMura um jornal entre o polegarV o CarVa"te'
A? altera?õesdada pema
sensibilidade locah-
*’cn",Sf de cada mão e em segLa procura "* 6
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mindo nervo
o sobre a cabeça do perónio (in-
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,ndicador e a a e P d!f n”po egar, com a
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* 8 8,186 d°
divíduos que trabalham de cócoras ou que per-
manecem longo tempo com as pernas cruzadas;
a o comprometi-
última falaHS® ef ’ compressão por aparelho de gesso), neurite le¬
do, 0 PaPe*

.6 C°Tÿn * H-00*?
estan 0 a a a"êe ista fletida.
n
P°*Pa do prosa. Os ferimentos traumáticos do nervo pe-
Na roneal comum podem determinar causalgia,em
do ulnar, a mao adota uma
paralis>a atitude virtude das fibras simpáticas que trafegam por
Lcterística com as duas ultimas falanges dos
este tronco nervoso.
Agios anular e mínimo mantendo-se em flexão
.jpra cubital). No entanto, a verdadeira mão
cm garra só aparece nas lesões combinadas dos POLINEUROPATIAS PERIFÉRICAS
pervos ulnar e mediano. Na paralisia do ulnar,
outros fenômenos ainda podem ser observados: Esta síndrome caracteriza-se por compro¬
hipoestesia ou anestesia na borda cubital da metimento simétrico dos nervos periféricos,
mão, no dedo mínimo e na metade interna do
predominando a sintomatologia nas extremida¬
des distais dos membros. No quadro clínico
dedo anular. Entre as principais etiologias ob¬
servamos: fraturas do cotovelo, artropatias cró¬ observamos manifestações motoras, sensitivas,
nicas do cotovelo, traumatismos por arma de tróficas e vegetativas. É frequente que o déficit
fogo ou arma branca, neuropatias profissionais motor nos membros inferiores predomine nos
(telefonista, relojoeiro), neurite leprosa. músculos da loja ântero-extema da pema, de¬
terminando a marcha escarvante. Nos membros
superiores, o déficit costuma ser moderado.
NERVO RADIAL Entre as principais causas de polineuropa-
tias devem ser ressaltadas: as tóxicas (alcoóli¬
Nas lesões deste nervo predomina o déficit cas, plúmbica, arsenical, tálica); infecciosas
motor nos músculos extensores do antebraço, (diftérica, leprótica); as carenciais (beribéri, pe-
da mão e dos dedos, além do comprometimento lagra, síndromes pluricarenciais); as metabóli¬
do músculo braquiorradial. Estes déficits deter¬ cas (diabetes mellitus, porfiria aguda intermi¬
minam a mão radial ou a mão pêndula (Fig. tente, paramiloidose); as paraneoplásicas (car¬
13.1). Entre as causas mais frequentes de para¬ cinoma broncogênico); as degenerativas (doen¬
lisia radial distinguimos: fraturas do úmero, ça de Charcot-Marie, neurite intersticial hiper-
compressão do nervo ao nível do canal de tor¬ trófica) (Fig. 13.2).
ção durante o sono (paralysie des amants) óu, Nas mononeuropatias múltiplas ou multi-
então, como pode ocorrer nos alcoólatras que neurites, o comprometimento de vários nervos
dormem com um membro superior em extensão periféricos não se faz de modo simétrico,
e pendente (Saturday night palsy), intoxicação podendo ocorrer, por exemplo, o acometimento
pelo chumbo (geralmente, o músculo braquior-
simultâneo do nervo radial e do peroneal co¬
radial é poupado nestas intoxicações). mum. Entre as principais causas de multineuri-
tes assinalamos a periarterite nodosa e a lepra.
NERVO PERONEAL COMUM
(CLATICOPOPLÍTEO EXTERNO) SÍNDROMES MIOPÁTICAS
Por ocasião de lesão deste tronco nervoso Diversas afecções podem comprometer a
observamos déficit dos músculos dorsiflexores musculatura estriada, sendo determinadas for-

73
H
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:
1 *i

-T


Fig. 13.2 Amiotrofias distais nos quairo membros, com
Fig. 13.1 —Paralisia radial traumática (ferimento por
arma de fogo ao nível do braço esquerdo), traduzida por
mão em garra bilateralmente, em caso de neurite inters¬
ticial hipertrófica, diagnóstico confirmado pelo estudo
déficit dos músculos extensores da mão esquerda (mão histopatológico.
pêndula).

apresenta diferentes formas clínicas. Este gru¬


mas hereditárias (distrofia muscular progres¬
siva, distrofia miotônica de Steinert), enquanto
po de miopatias apresenta algumas caracterís-
outras são adquiridas (polimiosites). Algumas
ticas clínicas comuns: comprometimento da
afecções comprometem a placa mioneural, in¬ musculatura proximal (cintura escapular e pél¬
vica); caráter progressivo; ausência de altera¬
terferindo no mecanismo de transmissão neuro¬
muscular (miastenia grave, botulismo, intoxi¬ ções da sensibilidade. Dependendo da topogra¬
cação pelo curare). As causas das miopatias são fia das amiotrofias, da idade de início da doença
múltiplas: inflamatórias (polimiosite, sarcoido- e da presença ou não de pseudo-hipertrofia.
se): metabólicas (paralisia periódica); endócri- várias formas clínicas são descritas.
nas (hipertireoidismo, mixedema, diabetes A miopatia pseudo-hipertrófica de Du-
mellitus)', tóxicas (cloroquina); imunológicas chenne é a forma mais frequente de distrofia
(miastenia grave); degenerativas (distrofia muscular progressiva. Costuma ter início na
muscular progressiva); paraneoplásicas (sín- infância (a partir do terceiro ano de vida) e
drome miastênico-miopática). predomina no sexo masculino. A modalidade
de transmissão hereditária é recessiva ligada ao
DISTROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA sexo. Tem início nos membros inferiores (cin¬
tura pélvica), chamando a atenção do examina¬
Afecção primitiva do músculo estriado, dor a “pseudo-hipertrofia” das panturrilhas que
freqúentemente de caráter heredofamiliar, traduz proliferação fibroadiposa na região (Fig

74
r
0 comprometimento
muscular acaba por dos membros; miopatia distal de Gowers; mio¬
|3 ?) scapular, porém a musculatu-
a cintura e sempre patia ocular e
oculofuríngea.
a'in?irfaCe é quase poupada. Na sua
t* ,-0 eSta forma pode determinar deformi-
e'°1UÇ retrações fibrotendíneas e desvios MIOSITES
da
Q prognóstico é sombrio.

C°IUA miopaíta do tipo facioscaPulumeral de


dflu:y-DVerine atinge na mesma proporção
São alterações musculares de natureza in¬
flamatória e degenerativa. Do ponto de vista
sexos, podendo ter início na infância etiológico são frequentemente vinculadas às

I
aana jdade adulta. A modalidade mais comum
hereditária é a autossômica do¬
doenças do colágeno, podendo apresentar evo¬
lução aguda, subaguda e crónica. Quando o
processo se restringe à musculatura estriada
ente. Inicia-se pela face (inexpressividade temos a polimiosite; quando, porém, há evidên¬
boca de tapir) e cintura escapular.
tacial eevolução cia de manifestações cutâneas e subcutâneas
A desta forma é lenta, acabando
configura-se o quadro da dermatomiosite. No
r haver comprometimento dos membros in¬ quadro clínico podem ser observados: mialgias
(marcha anserina). Outras formas de
feriores difusas, astenia muscular (dificuldade para
distrofia muscular progressiva têm sido descri¬ pentear os cabelos, para subir escadas), atrofias
tas: miopatia de
Leyden- Moebius (predomina a musculares (nos estágios avançados podemos
amiotrofia na cintura pélvica, havendo ausência observar miosclerose retrátil), comprometi¬
de pseudo-hipertrofia): miopatia das cinturas mento eletivo dos músculos das cinturas esca¬

-1 pular e pélvica. Nas formas graves podemos


encontrar disfagia, disartria e dificuldade res¬
piratória.
Entre outras causas de miosites ressaltamos
1 ainda: os vírus, os metazoários ( Trichinella s-
r piralis) e a sarcoidose.

MIOTONIAS
V

) *
í O fenômeno miotônico é caracterizado
pela contração anormalmente prolongada de
um músculo estriado. Pode ser obtido pela con¬
! tração voluntária de um músculo (fenômeno
miotônico espontâneo) e/ou pela percussão do
mesmo (fenômeno miotônico mecânico). En¬

.
contramos o fenômeno miotônico na doença de
Steinert e de Thomsen.
.
A distrofia miotônico de Steinert é uma
afecção hereditária que atinge os dois sexos,
podendo começar na adolescência ou na idade
adulta. No quadro clínico, além do fenômeno
miotônico (dificuldade para abrir a mão após
:: havê-la fechado, por exemplo), verifica-se a
presença de atrofias musculares simétricas, lo¬
calizadas principalmente na musculatura da
13 3 ~~ Mu,P*,t|a pscudo-hiperirútica. com atrofia face e do pescoço (músculos temporais, mas-
afdPÿiurrJh'05mÿscu*os coxas c pscudo-hipertrolla das seteres, estemoclidomastóideos). Com a evolu¬
ção da moléstia, a musculatura dos membros

75
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Fig. 13.4 Aspecto da paralisia ocular miaslcmca antes c após o emprego dc prostigmina.

também acaba sendo atingida. Associado ao tênica costuma se atenuar ou regredir com’a
quadro distrófico-miotônico observa-se catara¬ injeção de prostigmina.
ta, atrofia testicular, calvície precoce. A evolu¬ Além da miastenia grave, podemos obser¬
1 ção da moléstia é lenta. var na clínica as miastenias sintomáticas í hiper-
: Na doença de Thonisen observamos apenas tireoidismo, timomas, carcinoma broncogê-
a presença do fenômeno miotônico ao lado de nico).
musculatura exuberante. É uma afecção heredi¬ Na miastenia grave encontramos compro¬
5 tária dominante, predominando no sexo mascu¬
lino.
metimento da musculatura dependente de iner-
vação bulboprotuberancial, sendo frequente no
*i! quadro clínico: ptose palpebral, diplopia, disar-
tria, disfagia, queda do mento (Fig. 13.4).
MIASTENIA
1 A síndrome miastênica caracteriza-se por
PARALISIA PERIóDICA FAMILIAR
debilidade muscular, que se acentua com o É doença muscular paroxística de fundo
exercício e melhora com o repouso. O fenôme¬ metabólico (geralmente por hipopotassemia).
I no miastênico resulta de anomalia na transmis¬ Caracteriza-se por crises de paralisias flácidas
1 são neuromuscular, cuja natureza ainda não generalizadas com arreflexia, cuja duração
í esta bem determinada. A sintomatologia mias- pode ser de horas ou dias.

SI
1;
hl

-
j

76

1
V

14 Sensibilidade

M0,*ltVol7emattosoedrfUn‘ Entre •* F'me.ras; são eaudadas..«sBM,-


. criminação tátil. As sensibilidades profundas
estreita unidade biológica, sendo' mera- compreendem a palestésica ou vibratória, a ci-
artificial a separação entre sensibilidade
Íientemervaçâo nético-postural. a barestésica, a dolorosa pro¬
pU
aferente e motricidade ou inerva- funda e a estereognóstica. embora nesta úl¬
(Pérez Casas e Bengoechea).
ção eferente tima forma intervenham elementos de tipo
superficial. As sensibilidades profundas ou
CLASSIFICAÇÃO DA SENSIBILIDADE proprioceptivas ainda comportam um des¬
Existem várias classificações da sensibili- dobramento em sensibilidade profunda cons¬
ciente, veiculada pelos cordões posteriores da
dade, e serão mencionadas neste manual as
medula com uma conexão talâmica antes de
jjiais práticas e importantes.
Sherrington e sua escola propõem a divisão atingir o córtex pós-rolândico, e sensibilidade
profunda inconsciente, veiculada pelos feixes es-
da sensibilidade em
exteroceptiva, propriocepti¬
pinocerebelares e em conexão última com o
<> enteroceptiya. A enteroceptiva ou víscero-
oncêptiva recolheria estímulos originados dentro do cerebelo.
próprio organismo, na mucosa gastrintestinal, por De acordo com Head, admite-se dois tipos
exemplo. Por outro lado, todos os estímulos so¬ de sensibilidade: protopática e epicrítica, se¬
máticos externos ao organismo seriam recolhidos gundo as fibras terminem no tálamo ou no
e veiculados pela sensibilidade exteroceptiva, en¬ córtex pós-rolândico, respectivamente. A sen¬
quanto a sensibilidade proprioceptiva se ocuparia sibilidade protopática é rápida, grosseira e im¬
da avaliação da posição do corpo no espaço e de precisamente localizada, enquanto na epicrítica
suas mudanças, através dos movimentos. a percepção é mais fina, mais delicada e He
Déjerine distinguia uma sensibilidade es¬ localização precisa, embora mais lenta.
pecial e outra geral. A primeira, ou funçãb Também se costuma, no sentido da sensi-
sensorial, está na dependência de receptores bilidade, dividi-la em subjetiva e objetiva. A
altamente diferenciados e é representada pelos primeira refere-se aos dados colhidos na his¬
sentidos da visão, audição, olfação e gustação. tória da doença (dor e parestesias). Na segunda,
ATensibilidáde geral não é património de órg㬠provocam-se estímulos sensitivos no exami¬
os nitidamente localizados e se encontra dis- nando e analisa-se a qualidade e intensidade das
seminada por todas as partes do organismo. percepções referidas. Em última análise, ambas
Do ponto de vista clínico podemos dividir são subjetivas desde que se valem das informa¬
25 sensibilidades em superficiais e profundas. ções fornecidas pelo paciente.

77
Inconsciente
Visão
Especial Audição
Olfação
Gustação
í Consciente
i
: Exteroceptiva (superficial) Dor Superficial
Térmica (ftio © calor)
Sensibilidade Tátil
Geral
Proprioceptiva (profunda) Cinético-posutral
Vibratória
Barestósicn
Dor profunda
Enteroceptiva (visceroceptiva)

VIAS DA SENSIBILIDADE mas, o primeiro neurônio está constitu idojjdus


células ganglionares das raízes posienÿrcxÿqut»
Cada forma de sensibilidade tem receptores são bi polares com dcndritos e a\òtuos.ioiutos,
específicos e também uma via e terminação que Os dendritos participam da formação do nervo
lhes são próprias (tálamo, córtex pós-rolândico, periférico (que são mistos) e vão finalizar nos
cerebejo), cujo conhecimento é importante para corpúsculos específicos para cada forma de
melhor avaliar os achados semiológicos. As- sensibilidade, ou, então, abrem-se em termina»
sim, os corpúsculos de Krause (terminações ções livres para a recepção dos estímulos dolo¬
encapsuladas esféricas) são os órgãos recepto¬ rosos. Os axônios (prolongamentos centrais)
res da sensibilidade para qjxio, os de Ruffini encaminham-se à medula (raiz posterior) e che¬
(terminações encapsuladas alongadas) para o gam ao como posterior, dando origem ãs fibras
calor, os de Meissner (fibra espiralada localiza- ascendentes que constituem todas as vias extern
da numa cápsúia conjuntiva, ocupando as papi- e proprioceptivas. Nos nervos periféricos, ns
las dérmicas) são encarregadas de recolher os flbras sensitivas variam de diâmetro e também
estímulos táteis (particularmente para o tato na velocidade com que transmitem seus impul¬
epicrítico). Não existem terminações especí¬ sos e, neste aspecto. Gasser e col., descreveram
ficas encarregadas de recolher os estímulos do¬ três grupos de fibras: fibras A ( miclinizadax).
lorosos, e as fibras nervosas destinadas a esse que transmitem com maior velocidade os im¬
fim apresentam terminações livres. O estira¬ pulsos jáÿs, térimcos, dolorosos imediatos e
mento dos músculos excita os fusos musculares
os proprioccptivos: fibras B (mielinizadas),
e, por via reflexa, os músculos entram em ten¬
responsáveis pelas aferências autónomas; fi¬
bras C (nào-mielinizadas), responsáveis pela
são estimulando os receptores proprioceptivos
(corpúsculos de Pacini, de Golgi-Mazzoni). Es- ijor tardia. ,
tes corpúsculos, sensíveis à pressão, constituem t
provavelmente as principais fontes de informa¬ VIA DA SENSIBILIDADE TéRMICA (FRIO K
ções no que concerne à posição e ao desloca¬ CALOR) E DOLOROSA
mento dos diversos segmentos corpóreos.
As vias da sensibilidade são bi ou trineuro- Está constituída por fibras chamadas curtas
nais segundo terminem no tálamo ou que este que cruzam para o lado-imosto ã altura do
represente apenas uma conexão na marcha para mesmo segmento medular, onde penetram atra-
o córtex pós-rolândico. Em qualquer das for- vés da comissura cinzenta posterior upós ter

78
jyado sinapse nas células da coluna dorsal
,
onde emerge o segundo neurônio, cujos contin¬
, rorno posterior. Vão constituir o feixe es-
f
gentes se decussam e
!Ltalân]j£2JãíSral que finaliza nolálamo; chegam até a parte peri¬
férica do cordão lateral do lado oposto, vindo
P-ÿõníêça 0 terceiro neurônio desta via. colocar-se por diante do feixe direto (feixe es-
pinocerebelar ventral ou cruzado). Este feixe
VIA DA SENSIBILIDADE TÁTIL
toma direção ascendente até o mesencéfalo e
chega ao cerebelo após uma segunda decus-
Está constituída pelas fibras médias, assim sação pelo pedúnculo cerebelar superior. O fei-
lÿmadas porque após atingir a medula ascen- xe cerebelar dorsal conduz impulsos recolhidos
dem dois a
três segmentos antes de cruzar a preferentemente nos membros inferiores e o
|inha média e entrar na constituição do feixe ventral nos superiores.
c:ÿnotalâmico anterior. O cruzamento se faz
“«pe'obrigÿ
neurônio finaliza
O SEGUNDO NEURôNIO DA VIA SENSITIVA
o segundo no tálamo. Os im-
Os feixes espinotalâmicos anterior e Iate-
Spnnn amn Zi
zidos pores as
táteis tra egam p
- COn.clu"
simpusos
pos eriores, is-
ral, que conduzem os impulsos táteis e térmico-
dolorosos respectivamente, localizam-se no
tronco do encéfalo lateralmente ao lemnisco
posição que explica alguns fenomenos como a media, (fka de Reil mediana). Q ,emnisc0 me-
dissociação sinngomie ica a sensi 11 a e.
dial est£ pelo segundo neurônio da
via da sensibilidade profunda consciente, cujas
VIADA SENSIBILIDADE PROFUNDA fibras se decussam logo após a emergência dos
CONSCIENTE núcleos bulbares. Ulteriormente, se agrega o
feixe trigeminotalâmico, que trafega medial-
Está constituída por fibras longas que, ao mente ao lemnisco medial. O segundo neurônio
penetrarem na medula, apresentam trajeto as- das vias das sensibilidades tátil, térmica, dolo-
cendente e direto até o bulbo. Estas fibras ocu-
pãm os cordões posteriores e terminam no bul-
bo, nos núcleos grácil e cuneiforme, só se de-
cussando após abandonarem estes núcleos.
Conduzem a sensibilidade protunda consciente
____ ___
rosa, profunda, consciente e trigeminal termina

_
no núcleo ventral póstero-lateral do tálamo.

LOCALIZAÇÕES CORTICIAS
e tátil discriminativa.
Os feixes talamocorticais terminam, predo¬
minantemente, no córtex parietal pós-rolân-
VIA DA SENSIBILIDADE PROFUNDA dico, embora se tenha demonstrado que deter¬
INCONSCIENTE minados contingentes o façam nas circunvolu¬
ções posteriores e também numa pequena parte
As fibras que conduzem esta forma de sen¬ da circunvolução pré-rolândica.
sibilidade nascem em comum com as da sensi¬
bilidade profunda consciente, e parte delas pe¬
netra no corno posterior terminando nas células EXPLORAÇÃO
da coluna de Clarke, onde começa o segundo *
neurônio. Estas fibras não se decussam, toman- O exame da sensibilidade exige do médico
do direção lateral até a parte periférica,e dorsal habilidade e paciência, e do doente, disposição
do cordão lateral de onde seguem direção as- e cooperação. Deve ser realizado por etapas,
oendente, constituindo o feixe espinocerebelar evitando cansar o paciente, sendo de boa norma
dorsal du direto. Este feixe rhp.ga ao cerebelo explicar-lhe previamente cada um dos tipos de
cerebelar inferior. Outras fibras pesquisa que serão empregados, a fim de que as
lerroinãm nas células do corno posterior,, de respostas sejam precisas.

79
I
f

i
;
do ou em trajes sumários, tendo os olhos ven-
dados a fim de se evitar o controle visual. É
*— .fESíS?’
deve ser modi ica a em m cessivas.
Com a prova dos braços es en 1 os po eremos
i necessário saber interrogar o paciente, evitando apreciar desvios ou que a e um ou am os os
empregar qualquer palavra capaz de sugestio- membros sem que o paciente se aperce a do
r fato, estando com os olhos vendados. Segundo


-
I
ná-lo: não se deve, por exemplo, perguntar se
“sentiu a agulhada” durante a pesquisa da sen-
sibilidade dolorosa. Melhor será mesmo que o
paciente, convenientemente instruído pelo exa-
Julião, também são úteis, para a pesquisa da
sensibilidade postural, asÿ provas empregadas
na pesquisa da coordenação motora (index-na-
minador, acuse as excitações provocadas in- riz; calcanhar-joelho).
dependentemente de qualquer interrogatório. O A noção dos movimentos passivos deve ser
| exame deverá ser repetido várias vezes, se al- pesquisada deslocando-se, lenta e suavemente,
guma dúvida persistir no espírito do examina- uma articulação (dedos dos pés e das mãos,
dor. tornozelo, joelhos, punhos) em diferentes dire-
No final do exame, as áreas de sensibilida- ções, terminando por detê-la numa dada posi-
de prejudicadas devem ser reproduzidas em ção que o paciente deve determinar. Costu-
esquemas apropriados (gráficos da distribuição mamos iniciar esta pesquisa pelo hálux, toman¬
sensitiva). do o cuidado de separá-lo dos outros artelhos e
de imprimir-lhe movimentos suaves para cima
e para baixo, devendo o paciente indicar a po¬
SENSIBILIDADES SUPERFICIAIS OU
sição em que o artelho é fixado.
EXTEROCEPTIVAS
Em todas as manobras empregadas para a
A sensibilidade tátil deve ser pesquisada pesquisa da sensibilidade cinético-postural, o
utilizando-se uma mecha de algodão ou um paciente deve permanecer com os olhos fecha¬
pincel; a sensibilidade dolorosa é pesquisada dos.
I
por meio de agulha, e a sensibilidade térmica
(frio e calor) deve ser explorada utilizando-se VibratóT-ia ou Palestésica
I dois tubos de ensaio, um contendo água gelada
e outro água quente (temperatura entre 40 e 45° É pesquisada com o auxílio de um diapasão
: C). de vibrações lentas (128 ciclos/segundo), que
í se faz vibrar mediante golpe sobre o ramo em
[ SENSIBILIDADES PROFUNDAS OU U. O diapasão vibrando é aplicado, sucessi¬
vamente, nas diversas saliências ósseas (arte¬
PROPRIOCEPTIVAS
lhos, maléolos, tuberosidades anterior da tíbia,
Na prática devem ser pesquisadas as se- dedos, olecrânio etc. (Fig. 14.1), devendo o
guintes formas: cinético-postural, vibratória, paciente acusar ou não vibrações. A quantifica-
barestésica, dolorosa profunda, além da locali- Ção da sensibilidade vibratória poderá ser pro-
zação e discriminação táteis. , porcionada pelo emprego do palestesiômetro.

Cinético-Postural Barestésica (Sensibilidade à Pressão)


A noção da posição segmentar deve ser Na rotina clínica pode ser pesquisada exer-
explorada colocando-se passivamente um de¬ cendo-se pressão progressiva, com a polpa de
terminado segmento de membro numa dada um dedo ou um objeto rombo, sobre a pele. A
posição e ordenando-se ao paciente a reprodu- pesquisa é realizada em pontos diferentes do

80

j
Localização e Discriminação Táteis
Segundo Julião. a capacidade de localizar
um estímulo cutâneo (topognosia) e a de reco¬
nhecer se o estímulo aplicado é único ou duplo
(discriminação de dois pontos) podem ser apre¬
ciados pelos seguintes métodos:
- o paciente, com os olhos fechados, de¬
verá indicar exatamente o ponto em que
foi praticada a excitação cutânea;
- mediante o uso de compasso de Weber,
que informa sobre a distância mínima
abaixo da qual duas excitações cutâneas,
\ aplicadas simultaneamente, não são
C mais percebidas como sensações distin¬
tas (“os círculos de sensação” variam
grandemente nas diversas regiões do
corpo: na ponta da língua, 1 mm; lábios,
2 a 4mm; polpa dos dedos, 3 a 5mm; da
mão, 1 cm; planta do pé, 2 a 3cm; outras
regiões de 4 a 7,5cm);
- reconhecimento de números ou letras na
pele por meio de um objeto rombo (gra-

t
f
festesia), denominando-se grafoaneste-

\ 1
sia a incapacidade de reconhecimento;
- pela pesquisa do fenômeno da extinção
/ quando da aplicação de dupla estimu¬
lação simultânea. No fenômeno da ex¬
fig. 14.1
diapasão —Pesquisa da sensihilidadc vibratória com o
aplicado sobre a apófise cstilóidc do rádio.
tinção, quando o estímulo
— — tátil ou
doloroso é aplicado separada e com¬
corpo, devendo o paciente acusar em que ponto parativamente num e noutro lado do cor¬
se exerceu maior pressão. Existem métodos de
po, a sua percepção é normal; quando,
entretanto, são aplicadas estimulações
pesquisa mais precisos mediante a utilização de
simultâneas em dois pontos simétricos
discos metálicos de diferentes pesos ou pelo
do corpo, o paciente acusa percepção do
emprego de aparelhos.
estímulo apenas no lado normal. Este
fenômeno pode ser encontrado em deter¬
Morosa à Compressão Profunda minadas lesões parietais.

É pesquisada mediante a compressão das Sensibilidade Estereognóstica


flKsas musculares, dos nervos e dos tendões.
a compressão moderada dos A estereognosia é a capacidade que o in¬
músculos, nervos e tendões não provoca dor. divíduo apresenta de reconhecer objetos pela
porém- em palpação, estando com os olhos fechados. A
determinados estados patológicos
'beurites. miosites. poliomielites) a compres- exploração é feita colocando-se em cada uma
daquelas estruturas pode despertar dor; na das mãos objetos comuns (pente, chave, moeda,
; dorsalis, a compressão, mesmo enérgica. lápis, objetos de madeira, metal, vidro etc.)
dor. Devem ser evitados objetos cujo reconheci-

81
!

mento possa ser feito por intermédio da sensi¬


bilidade especial ou sensorial, como por exem¬
- qualidades
assimbolia tátil, condição em que as
elementares do objeto (f0r.
plo, molho de chaves, pela audição ou isqueiro, ma, tamanho, consistência, material) sà0
pelo odor do fluido. reconhecidas, porém, o paciente é inca¬
A abolição da sensibilidade eslerognóstica paz de reconhecer o objeto dentro de sua
recebe a designação de astereognosia ou agno¬ significação.
sia tátil. Nestes casos, as sensibilidades elemen¬
tares não devem estar comprometidas. A pre¬
SENSIBILIDADE VISCERAL
sença de astereognosia pode indicar lesão pa¬
rietal. É pesquisada mediante a compressão de
Segundo Delay, na agnosia tátil podemos determinadas estruturas ou órgãos (traquéia,
caracterizar: mamas, testículos). Costuma estar abolida na
- morfoagnosia, que é a perda da capaci¬ neurolues (forma parenquimatosa).
dade de distinguir a forma do objeto (o A sensibilidade da bexiga pode ser explo¬
paciente é incapaz de discriminar se o rada mediante a introdução de líquido em seu
objeto que tem na mão é cilíndrico, qua¬ interior. A introdução de aproximadamente
drado, esférico etc); 150ml de líquido no interior da bexiga deve
- hiloagnosia, que é a incapacidade de re¬ provocar, no indivíduo normal, desejo de uri¬
conhecer a estrutura material do objeto nar. A sensibilidade vesical pode estar diminuí¬
*
(o paciente é incapaz de informar se o da ou abolida nas lesões dos cordões posteriores
objeto é de madeira, vidro, metal plás¬ ( tabes dorsalis, degeneração subaguda combi¬
ticos etc.); nada da medula).

82
i

i
15í Síndromes Sensitivas

0 comprometimento das vias sensitivas - que


alterações objetivas da sensibilidade,
pode determinar sintomas positivos (dor, pares- freqiientemente assumem a forma
tesias, ilusões perceptivas) e/ou sintomas nega- “em bota e em luva” (Fig. 15.1 A),
I! vos (hipoestesias,
anestesias, agnosias). podendo se traduzir por hipoestesia ou
Já foram suficientemente analisadas, em anestesia de qualquer das formas de sen¬
capítulo precedente, as manifestações álgicas sibilidade (superficial e/ou profunda);
(dor, parestesias, causalgias). Vamos, em se¬ - dor à compressão dos troncos nervosos
guida, analisar as principais síndromes sensiti¬ e/ou das massas musculares
vas de acordo com a topografia.

SÍNDROME SENSITIVA DOS NERVOS SÍNDROME RADICULAR POSTERIOR


PERIFÉRICOS
Esta síndrome é exclusivamente sensitiva
Ocorre freqiientemente nas polineuropa- e caracteriza-se por dores e alterações objetivas
tias, particularmente na alcoólica e diabética; da sensibilidade. As dores são lancinantes ou
ocasionalmente, é uma síndrome sensitiva em queimação, contínuas ou intermitentes, com
pura, porém, com frequência, estão presentes distribuição topográfica em correspondência
sinais de déficit motor, o que se explica pelo com a raiz comprometida. A dor radicular cos¬
caráter misto dos nervos periféricos. tuma agravar-se com tosse, espirro ou esforço
A caracterização da síndrome compreende: de evacuação, assim como mediante mano¬
- distúrbios motores (paresia ou paralisia bras que provoquem o estiramento da raiz
flácida, hipotrofia muscular, hiporrefle- afetada (sinal de Lasègue). As alterações ob¬
xia ou arreflexia profunda); jetivas compreendem hipoestesia ou anestesia
dor, cuja presença, é suficiente nestes para as diferentes formas de sensibilidade no
casos para se afirmar de que se trata de território radicular correspondente (hérnias de
síndrome de nervos periféricos e não dos disco, tabes dorsalis, tumores extradurais, mal
corpos anteriores da medula (a dor cos¬ de Pott).
tuma ser de caráter lancinante ou em As áreas cutâneas correspondentes à iner-
Queimação, e freqiientemente se faz vação de um mesmo gânglio espinal são desig¬
acompanhar de cãibras, sendo de grande nadas dermatômeros. Estas áreas assumem de¬
intensidade e de difícil controle com os terminadas formas nas diferentes regiões do
analgésicos); corpo: forma de faixas aproximadamente trans¬
Parestesias, caracterizadas pelos doentes versais no tórax, oblíquas no abdome e longitu¬
COmo formigamentos; dinais nos membros (Fig. 15.2) A secção de

83
[% •

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Mi

A B C

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V
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D E F

Fig. 15.1
— Em A, distribuição do déficit sensitivo “em bota e em luva” na polineuropatia periférica; em B, anestesia
térmicodolorosa “suspensa” na sinngomiclia; cm C, anestesia térmicodolorosa por comprometimento do trato es-
pinotalâmico contralateral; em D, síndrome de hemissecção medular; em E, síndrome de secção medular completa; em
F síndrome superior do tronco encefálico traduzida por anestesia contralateral. (Reprodução da Fig. 43 de Poch, G. F.:
Neurologia Básica. Lopez & Etchegoyen, Buenos Aires, 1957.)

uma raiz sensitiva não determina áreas de anes¬ SÍNDROME DE DISSOCIAÇÃO


tesia cutânea, sendo encontrada hipoestesia em SIRINGOM1ÉLICA
toda a extensão do dermatômero. Em virtude da
lei das três raízes é necessário que pelo menos Também chamada síndrome comissural,
três raízes posteriores sejam comprometidas depende de lesões com sede na comissura cin¬
para dar lugar a uma anestesia. zenta medular e, ocasionalmente, na comissura

84
V

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L, L, S.

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S,, lu

fij, 15.2— Distribuição sensitiva radicular.

branca anterior (siringomielia, hematomielia, Clinicamente, além da disspciação siringo-


lumores intramedulares). miélica da sensibilidade, encontramos com fre-ÿ
As lesões comissurais provocam inter¬ qúência distúrbios tróficos (osteartopatias neu-
rupção das fibras que veiculam as sensibilida¬ rogênicas, panarício analgésico) e malformações
des táctil, térmica e dolorosa, havendo compro¬ associadas (escoliose, assimetria facial, costela
metimento clínico das duas últimas, em virtude cervical, quiromegalia). A área de distribuição
de os impulsos tácteis trafegarem também pelos dos distúrbios sensitivos pode adquirir um for¬
cordões posteriores. É a chamada dissociação mato peculiar (“em xale” ou “em jaqueta”). A
smngomiélica, traduzida por anestesia térmica doença apresenta evolução lentamente progres¬
c dolorosa com conservação da sensibilidade siva (costuma iniciar entre os 20 e 40 anos),
ktil. Outra característica desta síndrome é a com ampliação da cavidade centromedular e
suspensa e bilateral, que é determina- progressão do processo no sentido longitudinal.
dapor lesão localizada na medula cervical (Fig. Com o alargamento da cavidade pode haver
15.1 B). comprometimento do como anterior (amio-
A siringomielia é uma doença congénita de trofia, fasciculação) do trato piramidal (sín¬
ase malformativa (estado disráfico), devendo- drome piramidal) e dos cordões posteriores
56 ao
desenvolvimento da sirinx ou cavidade da (arreflexia e abolição das sensibilidades pro¬
espinal e/ou do bulbo (siringobulbia). fundas). O comprometimento bulbar (siringo¬
um processo de desmielinização ao re- bulbia) caracteriza-se pelo aparecimento de di-
Cavidade» gliose e dilatação progressiva sartria, nistagmo, atrofia e fasciculações de lín¬
gua.

85
I
>
da lesão vamos encontrar: £aresia_oU p.
SÍNDROME SENSITIVA DO CORDÃO r|p tipo piramidal ou do
ANTEROLATERAL I idadesprofuÿTÿlÿ
Por este cordão transitam os feixeses£ino- m anestesia térmicaataxiZ]ÿÿdJJÿ-
’ÿTV.inctico-nostural);
i
talâmicos anterior e lateral. As lesões
medii - lateral: (frio e
calor)
comprometimento dos e rosa; poderá haver anestesia táctil (Fig.
TêTunilaterais com
xes espinotalâmicos determinam anestesnL-

~
mica_e doiorosa ntralateral. e por baixo SECÇÃO MEDULAR COMPLETA
lesão (Fig. 15.1 C). Assensibilidadesprofundas
e táctil são poupadas pelos motivos lá expostos. Nos casos agudos, com choque tnedui
Os tumores extramedulares podem provocar ocorre uma primeira fase com parapleg,a
uma síndrome sensitiva de cordão anterolateral da que pode transformar-se em espástica \
como primeira manifestação. casos de instalação gradual da lesão, a Parai,su*
é espástica desde o início.
SÍNDROME CORDONAL POSTERIOR A síndrome completa compreende:
Nesta síndrome ocorre abolição das sensi- - rparalisia flácida com arreflexia profun-
bilidades profundas, principalmente jvibratória \da e hipotonia muscular, para numa fa*
€ cinético-postural; a alteração da discrimi- dar lugar àÿaralisiaeÿ
nação táctil é menos frequente. As alterações I tica com hipertonia. hiper-reflexia pro-
mencionadas se fazem acompanhar deÿataxia V tunda e sinal de Babinski;
sensitiva. Entre as causas mais frequentes desta - distúrbios dos esfíncteres (ocorrendo
síndrome encontramos a sífilis (tabes dorsalis) numa primeira fase, retenção de unnae
e a degeneração subaguda combinada da me- fezes, seguida de incontinência dos es¬
dula. fíncteres);
A tabes dorsalis (neurolues parenqui mato¬ - alterações tróficas, particularmente es¬
sa) caracteriza-se pela presença de ataxia sen¬ caras de decúbito;
sitiva: sinal de Romberg positivo, marcha ata- - alterações sensitivas, traduzidas por tu-
xocalcaneante, incoordenacão nos membros. poestesia ou anestesia para todas as for¬
abolição da sensibilidade cinético-postural. mas de sensibilidade cujo nível tem
"Também faz parte da síndrome sensitiva da como limite superior o metâmero cutâ¬
t
tabes asjdores fulgurantes/e ãfabolição da senT neo correspondente à lesão medular
Jsibilidãdedolorosa profundado tendão de Aaui- (Fig. 15.1 E). Imediatamente acima do
les e os testículos podem ser comprimidos sem
provocar dor). Além das desordens sensitivas,
.nível de anestesia costuma aparecer uma
pequena faixa de hiperestesia, que se
outros sinais poderão ser encontrados: sinal de
Argyll-Robertson, hipotonia muscular, osteo- observa particularmente nos casos de¬
artropia neurogênica (junta de Charcot), impo¬ terminados por tumor extramedular.
tência sexual, retenção urinária.
Na degeneração subaguda combinada da SÍNDROME DO CONE MEDULAR
medula (neuroanemia, neuroaquilia), além da
ataxia sensitiva, encontramos quadro de liber¬ O cone medular é a extremidade inferior
tação piramidal (hipertonia muscular, hiper-re- medula (segmentos S2-S3-S4-S5), correspon¬
flexia, sinal de Babinski). dendo ao corpo da segunda vértebra lombar
(L2). Esta estrutura é responsável
SÍNDROME DE HEMISSECÇÃO
MEDULAR (BROWN-SÉQUARD)
ção dos músculos do períneo, pela sensjbíijyÿ
cutânea da região gÿçrnrr>rf:ígea.
neo e órgãos genitais. No cone localize -
AjiemissecçãQ medular determina sinais e centros de inervurão Ha bpxiga e_dojSy
sintomas homolaterias e conirni--it.»rnj: 00
Iad0 lesões de cone medular provocam aneÿLe -
86
f

dculisljÿiosesfinctéricosedaesfera SÍNDROME DE WALLENBERG


situada imediatamente acima do Traduz um amolecimento lateral do bulK\
epícone, sendo constituída consiste em:
denominada
c
íóH® emcntos L5-S I . A síndrome do epícone - hemissíndrome cerebelar (honxúareral ã
?ty/.a-sc por déficit sensitivomotor dos lesão);
l,'rÍias Antero-externos eda perna (marcha es- - paresia do palato mole e da corda vocaL
|llíl! ntc ou cm steppage) abolição dos.refle- . também do mesmo lado da lesão);
c“rva ileus; não costuma haver comprometi-
<0$ Wl
- distúrbios da sensibilidade, sob a forma
de hemianestesia alterna. Os distúrbios
dos csfíncteres.
sensitivos apresentam-se sob a forma de
dissociação siringomiélica. acometendo
s,Nl)KOMK DA CAUDA EQUINA a face do mesmo lado da lesão, e os
membros e tronco do lado oposto. Além
está constituída pelo agra¬ dos distúrbios assinalados, é frequente a
/\ cauda eqúina
pamento das últimas raízes medulares, desde presença de desordens vestibulares ( sen¬
palé S5. sação vertiginosa e nistagmo) e da sm-
drome de Claude Bemard-Homer tho-
£ difícil o diagnóstico diferencial entre as molateral à lesão). Esta síndrome (Wal¬
síndromes do cone medular e da cauda equina, lenberg) costuma ocorrer por oclusão da
porém costuma ser mais frequente o compro¬ artéria cerebelar póstero-interior.
metimento da cauda eqúina em virtude da ex-
tensaio das raízes intra-raquidianas. SÍNDROME TALÂMICA
0 comprometimento das raízes lombos-
sacras, no seu trajeto intra-raquidiano, costuma O núcleo ventral póstero- lateral é a cone-
dar lugar a uma síndrome radicular caracterizÿM *ão talâmica para as vias que conduzem as
da por paraplegia flácida com arreflexia dos sensibilidades tátil, térmica, dolorosa e profun¬
aquilcus e patelares, déficit sensitivo dos mem¬ da consciente. Sua lesão determina a síndrome
bros que se estende ao períneo (anestesia em talâmica de Déjerine-Roussy, caracterizada por
sela), distúrbios dos esfíncteres. É frequente, - anestesia para todas as formas de sensi¬
também, a presença de radiculalgias, que se bilidade no hemicorpo contralateral (O
iniciam na região lombossacra e se irradiam comprometimento das sensibilidades
para a região perineal e membros inferiores. profundas é mais evidente);
- dor talâmica, caracterizada por sua in¬
tensidade, rebeldia aos tratamentos e por
SÍNDROMES SENSITIVAS DO sua tonalidade desagradável (hiperpa-
TRONCO ENCEFÁLICO tia);

Por ocasião de lesão das calotas bulbar,


-
-
astereognosia;
hemiplegia ou hemiparesia contralateral
protuberancial ou peduncular pode ocorrer he- (o déficit motor costuma ser discreto);
mianestesia contralateral, dissociada ou com- - ataxia e tremor contralaterais;
Plcla' Como as fibras supranucleares do trigê- - hemianopsia homónima, quando a lesão
meo sc dccussam abaixo da porção média da compromete os núcleos posteriores do
protuberância, quando a lesão se localiza acima tálamo.
Cs,c nível
determina hemianestesia contralate-
J1comPleta, incluindo a face (Fig. 1 5. 1 F). As
sôes s'ú>adas abaixo do nível mencionado
SÍNDROMES SENSITIVAS CORTICAIS
Mn n provocar hemianestesia alterna, contra- São comumente provocadas por tumores
acrul nos rnembros e homolateral na face. ou amolecimentos vasculares localizados na

87
região pós-rolândica e costumam acometer so¬ - astereognosia;comprometimento
mente um membro. Caracterizam-se por: - ausência de das sen-
- abolição da sensibilidade cinético-pos- sibilidades protopáticas;
tural; - crises jacksonianas somatossensitivas
- apalestesia; As sensibilidades superficiais (tátil, térmi¬
- anomalias na localização e discrimina¬ ca e dolorosa) estão pouco ou nada comprome¬
ção tátil; tidas porque suas fibras terminam no tálamo.

1
88
f

lá Funções Tróficas e
Neurovegetativas

Biblioteca do Centro de
Ciências da Saúde - UFPE

Além da atividade nervosa superior, o sis- de polineuropatia periférica associada à pig¬


tema nervoso apresenta funções motoras, sen¬ mentação cutânea de determinadas áreas (seg¬
sitivas. tróficas e vegetativas. O modus operem- mentos do corpo expostos à luz solar) pode
dido sistema nervoso, no que concerne as fun¬ sugerir pelagra.
ções tróficas e vegetativas, se faz através do
sistema periférico devidamente controlado por MAL PERFURANTE PLANTAR
centros escalonados no neuroeixo. Assim sen¬
do. numerosas afecções neurológicas podem Consiste numa ulceração crónica, indolor,
apresentar alterações tróficas e vegetativas na que costuma localizar-se em áreas da região
pele. ffineros, músculos, articulações e ossos. plantar com déficit sensitivo e submetidas à
pressão constante (hálux, dedo mínimo, calca¬
nhar, regiões metatarsofalangianas) (Fig. 16.2).
PELE E ANEXOS
O mal perfurante plantar ocorre, principalmen¬
te. no chamado pé neurovascular da neuropatia
PELE LUZIDIA ( GLOSSY SKIN) diabética e alcoólica, na neuroleprose, em de¬
terminados processos radiculares de tipo dege¬
Este distúrbio trófico caracteriza-se pelo nerativo (acropatia ulceromutilante familiar) e
aspecto liso e adelgaçado da pele, que pode em determinados processos medulares ( tabes
adquirir um brilho especial e tornar-se quebra¬ dorsalis, mielodisplasias).
da. Costuma ocorrer nas polineuropatias cró¬ As ulcerações tróficas indolores também
nicas. podem se localizar nos membros superiores,
comprometendo eletivamente a face palmar das
mãos e dedos (mal perfurante palmar). A lepra
DISTúRBIOS DA PIGMENTAçãO (Fig. 16.3) e a siringomielia são as causas mais
Placas de hipopigmentação ou com ausên- frequentes deste distúrbio trófico (panarício
C|a de pigmentação (leucodermia) podem ser analgésico de Morvan).
observadas na lepra e na sífilis. Na lepra, as
P*|ascas podem ser anestésicas. A presença de ESCARAS DE DECÚBITO
- com pigmentação marrom pode sugerir Desenvolvem-se em áreas da pele subme¬
urofibromatose (Fig. 16.1), porém áreas de
rp,8mentaÿ° também podem ser observa¬ tidas à pressão contínua (regiões sacra, glútea,
das na s'r'ngomielia trocantérica. maleolar e dos calcanhares). Cos¬
da, e em certos distúrbios do
nv°lvimento (espinha bífida). A presença tumam ocorrer em pacientes com moléstias

89
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Kin. 16.1 — Extensa área de htpcrpigmcntaçào n


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c dedos dc ambas a' màty*- cm


i Cortesia do Dr Wilson Brottc
j

toracolombossacra. com presença de inúmeros nódulos


crónicas (mielopatias. hemiplegia'
(moluscos), em paciente com neurofibromatosc. manência no leito é prolongada e .
da enfermagem são negligenctad. »>
Nas lesões medulares, acomp-
r abolição das sensibilidades secçãv '

da medula, mielites necrotizante* e \ :


ticular tendência à formação de escara
cúbito. Ocasionalmente, as escara*

m planos profundos determinando c T: .


que podem ser fatais (septicemias.
ósseas ou meníngeas).
m/+“

X * 7 ALTERAçõES l NGIEAIS

Em determinados tipos de poltnc..


S periféricas (arsêmcò. tálio. lepra). a> urr..*
dem atroftar-se e tomar-se muito friáw> N
I
intoxicação pelo arsénico e/ou tálio pods
recer no leito ungueal estrias esbranqi . I
SÉá
sob a forma de meia-lua (estnas de Mee>
Outros tipos de distúrbios tróficos
desenvolver-se na pele e nos fãneros: a '
|
localizada ou generalizada (neurolepro'.
xicaçao pelo tálio); hipertricose < em deu

Fig. 16.2 Mal perfurante plantar com
espontânea),
do hálux
ausência
em paciente com acropatia ulce-
das símfrontes neurendaScrinas); ictiosc
(amputação ça de Refsum, Sjõgren-Larsen : onipçõc'
romulilante familiar
culosas (herpes zoster)

90
vÿARW'l'l-AVÿKS bros. chegando até à reabsorção das extremida¬
des distais.
V.S.*
,s
P>«*> Deiuro de um cri.ério .opográfico. nem
Ws ' newn3ÿ°' sempre é inequívoca a relação entre determina-
.JMKHIU' ct"”ÿ '
r T 1 d‘> P»<°'ogia e o comprometimento de certas

a
> f
J.n'k',''",'Kta'k "T'T
'
nnporlan-
aUS0,KUI de
a,viKaS' A ,nsuUav>'i*° lHX,c tKor'
articulaÿ, porém. às veies, fica patenteada a
grande afinidade de certas moléstias por deter-
aJi»‘sUlN'vVs
svihaÿnKvnte durante a marcha (geral monte
minadas articulações. Nos casos de acidentes
vacu lares cerebrais, por exemplo, é trans-
pof sensação vle estalido articular ou parente a relação entre hemiplegia e síndrome
durante o sono, quando a ombro-mão. Nas acropatias ulceromutilantes,
v
pode se constituir em algumas hã flagrante eletividade da osteartropatia pelas
V!onu»d*de articulações assumem, ãs vezes, vo- extremidades distais dos membros inferiores.
As
consideráveis, podendo ou não haver Hnquanto a osteartropatia tábida acomete de
jfiriiix* articular. A ausência de manifestações prelerência as grandes articulações dos mem-
ilgKMs não deixa
de ser surpreendente dentro bros inferiores, a osteartropatia siringomiélica
v vju.klro articular de tal exuberância. Com localiza-se predominantemente nos membros
o mal-estar referido pelo paciente é superiores (Fig. 1 6.4).
jf oneeni mecânica, seja pelo volume que a Do pomo de vista clínico-radiológico as¬
alcança, seja pela instalação de su- sume maior importância a osteoporose, cuja
Ibxaçioou fratura. A ausência de dor pode ser evolução pode dar origem às osteólises, hi-
«nfkada pela mobilização passiva ou ativa da perosloses, neoformações ósseas, subluxações,
jrtkutosào interessada, bem como pela sua pal¬ fraturas (Fig. 16.5).
eio. Aos sintomas e sinais mencionados po- Nas paraplegias traumáticas podem ocorrer
jem se associar fenômenos vásculo-simpáti- ossificações justaarticulares (Fig. 16.6), nas
cu*, edema, dilatação venosa, aumento de tem- chamadas paraosteartropatias neurogênicas.
fvr.ttur.i local, lupcrpulsahlidade arterial e hi-
pmdrose localizada. A mobilidade articular ACROPATIAS ULCEROMUTILANTES
«wrnul pode ser apreciada durante os rnovi-
renios ativos; no joelho, por exemplo, por
Constituem uma síndrome particular, ca-
racterizada por distúrbios sensitivotróficos que
I «asiâo da marcha, a articulação pode apresen-
! ur desvios impressionantes. A mobilidade atingem de maneira predominante a planta dos
±Tormal pode levar à subluxação e até à fratura,
pés. O quadro costuma se iniciar com ulcerações
tróficas na planta dos pés, acompanhadas de
wndiçòes que podem tomar a marcha impos-
edema, osteoporose, osteólise, podendo ocor¬
apesar da ausência de dor. Na movimen-
rer, nos estágios avançados, reabsorção das ex¬
passiva, a mobilidade anormal é traduzida
tremidades distais (diabetes mellilus, alcoolis¬
pxhiperextensibilidade, hiperflexibilidade. hi- mo, neuroleprose, acropatia ulceromutilante
Nateraltzação, além da mobilidade exagera- familiar) (Fig. 16.7). Os mesmos fenômenos
1,orVào. estes aspectos semiológicos podem
podem ocorrer nas extremidades distais dos
k*fenr aos membros dos pacientes um traço membros superiores, nos pacientes acometidos
gutural, lembrando a figura do polichinelo. de lepra ou siringomielia (Fig. 16.8).
passiva das grandes articulações
* cv*deneiar também estalidos secos e gros- MÚSCULOS
k,n determinadas formas de osteartro-
tK}la ncurogèniea, assumem o primeiro plano, O estado trófico dos músculos deve ser
clínico, as ulcerações tróficas das explorado mediante inspeção, palpação e men¬
oridades
*em Pÿvoear
que. com o evoluir da moléstia,
mutilações graves nos mem-
suração de segmentos corporais homólogos.
Pela inspeção, pode-se observar a diminuição

91
eo I
fenômeno miotônico estudo da a
O fenômeno miotômUl '
1'

idiomuscular.fundamental de detenuÿ ‘ :‘
manifestação
(distrofia miotônica dc ' 1
po de miopatia

f - ‘

-A
miotonia de Thomsen), e a atividade j/'"ÿu
abolida em outro
cu lar pode ficar muscular progress
miopatia (distrofia
Entre os distúrbios do trofisnio m,,!
c'h
1 podemos observar:
atrofia, hipotrofia
pseudo-hipertrofiu. Ao exame da '
'P

V
trofia e
a distribuição das ,,,
"r
apreciada atentamente
nos segmentos Pn)Xa!"'"
trofias (localização
membros, presença ou n , !?
ou distais dos
simetria, comprometimento dos músculos
presença ou não do 1, r
J
segmetnto cefálico), a ,

fasciculações e dc rcn a
tar irliopático, de

articular, desvio do eixo do


membro e ausência de
dor
fíbrotendíneas.
dependendo da sede da lesão.
r iervinjÿJ
(siringomielia).

na maio¬ As atrofias miogênicas apresentam, habi-


metódico e comparativo. A palpação, reco- tualmente. uma distribuição pm\im,il
vezes, apenas corrobora os dados
'

ria das acompanham de distúrbios da SCIIMA


mensuração, com auxí-


Ihidos pela inspeção. A
dirimir dúvidas Estas amiotrofias não costumam det--m- -‘‘-
lio de uma fita métrica, permite
homólo- modificações dos reflexos (salvo n
no estudo comparativo de segmentos exata-
gos. Final mente, a percussão, não
sendo avançados da doença), porém a am idadc
mente um método propedêutico
paraotrofismo musCular pode ficar precocemente :
muscular, permite surpreender a presença
do (pjov. 15 9 e |6 |Q)

Fig. 16.5 — Osieartropaiui sirirtgomiélica, traduzida por hipcroslosc c ncotormaçõcs ósseas na articulaçao
92
1
'


H};. 16.8 Início de reabsorção das falanges distais da
mão esquerda, em caso de lepra nervosa.

podendo ou não se acompanhar de arreflexia


profunda e de distúrbios da sensibilidade.
As amiotrofias neurogênicas podem ser de¬
terminadas por lesões do neurônio motor peri¬
férico e do sistema nervoso central.
O comprometimento do neurônio motor
periférico pode ocorrer em várias sedes:
- lesão das células das colunas ventrais da
medula; este tipo de amiotrofia pode se
acompanhar de fasciculações (esclerose
lateral amiotrófica, siringomielia. polio¬
mielite anterior aguda);

Fig. 16.6 Ossificação justaarticular (articulação do
joelho), cm paciente com paraplegia traumática. - lesão das raízes ventrais e plexos (radi-
culopatias, polirradiculoneurites) (Fig.
16.11);
- lesão dos nervos periféricos (neuropa-
tias, polineuropatias).
Outras formas de amiotrofia. de menor in-
teresse em Neurologia, são descritas: atrofia de
desuso (por imobilização prolongada do pa¬
ciente); por lesões articulares (na vigência de
artropatias ou de fraturas); associadas às cau-
salgias.
A hipertrofia muscular ocorre na miotonia
de Thomsen e se acompanha do fenômeno mio-
_ tônico (dificuldade à descontração muscular).
Na pseudo-hipertrofia muscular, manifestação

fig. 16.7 Quadro radiológico de reabsorção de todas
as falanges na acropatia ulceromutilante familiar.
frequente na distrofia muscular progressiva do
tipo Duchenne. o aumento de volume de um
segmento de membro (panturrilha) depende da
LESàO PRIMITIVA DO SISTEMA NERVOSO proliferação de tecido intersticial (Fig. 16.9).
ATROFIA NEUROGêNICA OU
1
Algumas formas de amiotrofia apresentam
DEUTEROPáTICA) uma configuração típica, permitindo, freqiien-
temente, o diagnóstico da doença à simples
As atrofias neurogênicas costumam predo¬
minar nos segmentos distais dos membros, inspeção do paciente, como no caso da amio-

93
•»


JBM
Fig. 16.9 —Dislrolla muscular progressiva (forma pseu-
do-hipertrófica), traduzida por acentuada amiotrofia das
Fig. 16.10 Dislrolla muscular procv
capulumeral). traduzida por amiotrc::
«-

coxas e pseudo-hipertrofia das panturrilhas. lar bilateralmente. (Cortesia do Dr \\ .


trofia “em liga” na doença de Charcot-Marie (a
amiotrofia é mais acentuada nas pemas, porém
atinge também o terço inferior das coxas) (Fig.
16.12).
I
• » jL*. •*>
FUNÇÕES NEUROVEGETATIVAS
W4;
O sistema neurovegetativo compreende
V a k2
duas porções: a ortossimpática ou simplesmen¬
te simpática (toracolombar) e a parassimpática
(craniana e sacra). Este complexo simpático-
parassimpático, que preside as funções vegeta-
tivas, é regido por centros medulares e encefá¬
licos.
O sistema neurovegetativo está constituído
Fig. 16.11

Atrofia dos músculos da m.V c*-
pacicnte com cspondilose cervical

por uma rede ganglionar com disposição meta- vasos sangiiineos. músculo cardíaco.
mérica. As células desses gânglios estão em las, brônquios). Desta maneira, ao c oa:
relação com fibras originadas do neuroeixo,
emitindo, por sua vez, fibras destinadas às es-
músculos estriados que apresentam
direta com o neuroeixo, os músculos :>
-
truturas vegetativas (vísceras, músculos lisos, gem dois neurônios diferentes. O pnmc

94
depende do sistema em ação: acetilcolina (fi¬
bras colinérgicas) para o parassimpático e adre¬
nalina ou noradrenalina (fibras adrenérgicas)
para o simpático. A única exceção tem lugar nas
glândulas sudoríparas, cuja inervação é simpá¬
tica, porém do ponto de vista funcional as fibras
são colinérgicas.
O predomínio do sistema simpático deter¬
mina: midríase, taquicardia, vasoconstrição, pi-
loconstrição, broncodilatação, diminuição do
peristaltismo e das secreções (à exceção das
secreções sudorípara e sebácea que são esti¬
muladas)
— simpaticotonia. For outro lado, o
predomínio do parassimpático determina: mio-
se, bradicardia, vasodilatação. aumento do pe-
ristaltismo e das secreções (vagotonia).

EXPLORAçãO
Existem vários métodos para explorar o
sistema neurovegetativo, desde as manobras
destinadas a desencadear os reflexos oculocar-
díaco e do seio carotídeo até as provas para
estimular as glândulas sudoríparas.
Quando se objetiva explorar a sudorese de
determinadas áreas (na lepra, nos tumores me¬
Fig. 16.12
cot-Marie; — Amiotrotia "em liga" na moléstia de Char-
nos membros superiores observa-se
garra bilateralmente.
mão em
dulares) emprega-se a prova de Minor. Pince-
la-se com solução iodada em álcool a região
cutânea a explorar e que, após secagem, é bor¬
rifada com amido puro. A seguir, pelo aqueci¬
rônio (pré-ganglionar) do sistema simpático es¬ mento do paciente ou pela administração de
tá localizado no como lateral da medula, entre pilocarpina por via parenteral, observamos nas
os segmentos TI e L2. Os axônios deste primei¬ áreas que apresentam sudorese normal uma cor
ro neurônio atingem a cadeia ganglionar para¬ azul-violeta (pela formação do iodeto de ami¬
vertebral, estabelecendo sinapses com uma ou do), enquanto as áreas com anidrose permane¬
mais células ganglionares (segundo neurônio) cem inalteradas (Fig. 16.13).
cujos axônios vão constituir as fibras pós-gan As funções viscerais podem ser estudadas
glionares. O primeiro neurônio do sistema pa¬ por determinados métodos, como é o caso da
rassimpático tem origem nos núcleos motores cistometria, que permite estudar o funciona¬
nervos cranianos e na medula sacra. Este mento vesical e suas perturbações.
sistema apresenta como particularidade o tato
& as fibras pré-ganglionares se estenderem até
d0 gânglio situado junto ao órgão efetor, en
DISFUNçõES NEUROVEGETATIVAS
Quanto as fibras pós-ganglionares podem se
balizar até na intimidade do efetor. NEURôNIO MOTOR PERIFéRICO
A ação das fibras neurovegetati vas no nível
das sinapses ganglionares se faz através de um Os sinais e sintomas vegetativos costumam
acompanhar as lesões dos nervos periféricos,
raediador químico (acetilcolina). O mediador
Químico no nível das fibras pós-ganglionares em virtude do comprometimento das fibras
95
anidrose e abolição do reflexo pilomotor
xo do nível da lesão. A seguir, instala "
quadro de libertação ou uma síndrome de V"*
matismo que se traduz por vasoconstriçã(, (!"°'
diminuição da temperatura, palidez e cianÿ
presença do reflexo pilomotor espinal e hipÿ,
drose.
1 Nas lesões medulares são frequentes dis-
túrbios dos esfíncteres (vesical e retal), poden
do ocorrer incontinência ou retenção de
rias, dependendo da sede da lesão.
mul-'
O comprometimento do corno lateral da
medula (siringomielia) pode determinar impor.
tantes alterações tróficas e vegetativas: desor¬
dens vasomotoras (hiperemia), edema (mão su¬
v culenta), panarício analgésico, osteoporose, os-
teartropatias, reabsorção das extremidades
Finalmente, um comprometimento locali¬
zado dos segmentos C8-D 1 pode dar lugar à
síndrome de Claude Bernard- Horner (miose.
% ptose palpebral incompleta, enoftalmia, vaso-
dilatação e anidrose da hemiface homolateral à
lesão) por paralisia do simpático cervical.

Anidrose nos membros interiores eviden¬ TRONCO DO ENCéFALO


FíR. 16.13 -
ciada pela prova de Minor, cm paciente com mielopatia
pós-traumática. (Cortesia do Dr Wilson Brotto.) O comprometimento do núcleo de Edinger-
Westphal (núcleo vegetativo do 111 nervo cra¬
pós-ganglionares simpáticas. Determinadas le¬ niano) determina midríase, por paralisia do es-
sões provocam anidrose, paralisia da piloereção fíncter da pupila. Alterações bulbares podem
e alterações vasomotoras; nestes casos, a pele acometer o vago (X) e determinar distúrbios
pode tomar-se seca. descamativa. fria, cianóti- viscerais: vómitos, soluços, bradicardia. parada
ca e luzidia. O diabetes mellitus pode determi¬ cardíaca e/ou respiratória. Determinadas lesões
nar uma forma clínica de neuropatia (neuropa- do tronco podem dar origem à síndrome de
tia visceral autónoma) traduzida por sinais e Claude Bernard-Homer, por interrupção das
sintomas vegetativos: hipotensão postural. Fibras simpáticas descendentes procedentes do
diarreia noturna, distúrbios de esfíncteres, im¬ hipotálamo.
potência sexual.
HEMISFéRIOS CEREBRAIS (CóRTEX E
MEDULA ESPINAL SLIBCÓRTEX)

Nas lesões transversas da medula (transec- Nos hemiplégicos pode ocorrer a síndionie
ção medular traumática, mielite transversa) há ombro-mão. Esta síndrome, considerada i|I1ia
comprometimento das fibras vegetativas des¬ distrofia reflexa neurovascular, é um compE xo
cendentes que acompanham as fibras corticos- sintomático caracterizado por dor no ombro
pinais Ocorre, inicialmente. na fase de choque na mão, acompanhado de distúrbios irotM
medular, uma síndrome de inibição traduzida (edema de mão, reações vasomotoras. alteras1
por vasodilatação, aumento da temperatura, es tróficas) (Fig. 16.14).

%
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•Hstflíou “f*5* quadro cit* mrt» (mflo s‘«ÿ‘"lentil )
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‘’mbro-uifloi. hemiplegia vascular (níndromc

97
17i Estado Mental

Biblioteca do Centro de
-
Vencias da Saúde UFPE

Ao exame psíquico do paciente, os seguintes (sensação do “já visto” ou do “nunca visto”) são
aspectos deverão ser atentamente apreciados: manifestações frequentes de disfunção do lobo
- estado da consciência (coma, torpor, so¬ temporal.
nolência, estado confusional, estado de¬
lirante);
CONFUSÃO MENTAL
- atitude e comportamento geral (aparên¬
cia, modo de vestir-se, mímica facial,
Este estado caracteriza-se pelos distúrbios
modo de expressar-se, comportamento e da atenção, percepção, julgamento e memória.
reações durante o exame); O elemento mais característico é a deso¬
- conhecimentos gerais (testes para ava¬ rientação temporoespacial. O paciente não é
liação da capacidade intelectual); capaz de responder a questões simples: a data e
- estado emocional (apatia, depressão, an¬ o dia da semana, o tempo de duração de sua
siedade, hiperemotividade); doença. Localiza-se mal no espaço (acredita
- orientação auto e alopsíquica, atenção, estar em sua casa, quando na realidade já se
memória para os fatos antigos e recentes encontra no hospital).
(memória de fixação, conservação e de Em determinados casos, deve ser inves¬
evocação), associação de idéias, julga¬ tigada com cuidado a função mnésica. Para os
mento e raciocínio (idéias delirantes), fatos recentes, pode-se inquirir a respeito da
percepção (ilusões e alucinações). última refeição que o paciente fez ou há quanto
Após cuidadosa anamnese, o examinador tempo está hospitalizado, o que fez no dia an¬
já terá uma idéia global do estado mental do terior etc. Para os fatos antigos, perguntar-se-á:
paciente (atenção, reações emocionais, grau de quando e onde nasceu, sobre fatos da infância
preocupação com a doença), porém, em deter¬ e da adolescência etc.
minados casos, toma-se necessário um exame Além disso, deve ser verificado se o doente
metódico e rigoroso das funções psíquicas. é capaz de entender ordens ou de reconhecer
Um estado de euforia anormal ou uma per- objetos que lhe são mostrados (percepção).
foda iniciativa, do senso moral e da autocrítica, Deve ser investigada também a sua capacidade
P°dem ser expressão de lesão frontal (tumor de julgar, perguntando-lhe o que pensa de si, de
Pontal, paralisia geral progressiva, demência sua família, de sua profissão, do regime político
Pré-senil ou senil). A negligência, o não reco¬ vigente (julgamento).
nhecimento ou mesmo a negação da doença são Raramente se encontra um estado de con¬
Mementos importantes da síndrome parietal. fusão mental puro, sendo frequente a presença de
Fenômenos paramnésicos do tipo paroxístico delírio alucinatório (delírio confuso-onírico).

99
neurológicas
Entre as principais causas de síndrome con* Muitas outras afecções p0.
determinadas fases de sua
fusionai alinham-se: dem apresentar, em emocional tradu-
evolução, distúrbios da esfera
- tóxicas (álcool, intoxicação pelo CO);
/.idos, soja por apatia, depressão,
ansiedade ou
- paludismo);
infecciosas (febre tifóide. escarlatina, hipercmolividade (coréia de Huntington, r
arte-
riosclerose cerebral, demências
pre-sems).
- afecções neurológicas (meningites pu¬
rulenta ou tuberculosa, hemorragia me-
níngea, epilepsia, tumor cerebral, hema¬ DEFICIêNCIA INTELECTUAL
toma subdural, hipertensão intracrania¬ distinguir.
na, traumatismos cranioencefálicos, en- Dentre estes quadros cabe
cefalites, demências pré-senis, arterios¬ - retardo mental, que se caracteriza pelo
clerose cerebral): baixo nível mental do enfermo e porque
- afecção metabólicas (uremia, hipoglice- essa deficiência se manifesta desde os
mia, hepatopatias, portifiria aguda inter¬ primeiros momentos da vida da criança
mitente); (paralisia cerebral, oligofrenias);
- afecções psiquiátricas. - demências que se caracterizam pelo de¬
senvolvimento de rebaixamento mental
em indivíduos que apresentavam um ní¬
DISTÚRBIOS DO HUMOR E DA vel normal (panencefalite esclerosante
AFETIVIDADE subaguda, doença de Pick ou Alzheimer,
arteriosclerose cerebral, paralisia geral
Estes distúrbios podem ser encontrados pu¬ progressiva, doença de Creutzfeldt-Ja-
ros ou associados aos estados confusionais. Ex¬ kob).
teriorizam-se por modificações da personalida¬ Alguns elementos, apurados durante a
de, assumindo aspectos sintomáticos particula¬ anamnese. podem sugerir um déficit intelec¬
res (euforia, irritabilidade, labilidade emocio¬ tual: rendimento escolar baixo, queda da capa¬
nal, mória, atos obscenos) ou configurando cidade profissional, repetição de erros banais,
quadros bem caracterizados (estados depres¬ bradipsiquismo, restrição do vocabulário, po¬
sivos, hipomaníacos, histeróides). breza da mímica e alterações mnésicas. Em
Nos tumores cerebrais podemos encontrar, presença de tais sintomas, o examinador deve
dependendo da localização do tumor e da per¬ lançar mão de certos testes clínicos para melhor
sonalidade pré-mórbida do paciente, quadros evidenciá-los: resumo de um texto lido em voz
caracterizados por apatia, indiferença ou por alta, cálculo mental, crítica de frases absurdas.
irritabilidade e mória. Mória, segundo Jas- Nas formas moderadas de deficiência mental,
trowitz, é uma variante da euforia caracterizada será necessário recorrer-se aos testes psicoló¬
pelas atitudes brincalhonas que o paciente gicos.
assume. É elemento importante da síndrome
frontal.
DISTÚRBIOS PAROXÍSTICOS
Na síndrome pseudobulbar existe uma ver¬
dadeira “incontinência emocional”, traduzida Sob esta rubrica incluem-se, principalmen¬
por choro e riso espasmódicos. te, as
manifestações alucinatórias e as modifi¬
Nos pacientes com esclerose em placas é cações transitórias da consciência (perda da
frequente um estado de euforia. consciência, dreamy state, automatismo psico¬
Na neurolues (meningencefalite ou parali¬ motor).
sia geral progressiva) pode ocorrer euforia ou Estes distúrbios fazem parte, freqúente-
manisfestações depressivas nas primeiras fa¬ mente, de manifestações epilépticas, podendo
ses. que com o evoluir da moléstia pode chegar ocorrer também nos processos expansivos in¬
à demência. tracranianos e na patologia vascular encefálica.
l(X)
sÍnPROMES PSICOORGâNICAS fixação e amnésia retrógrada. O paciente, colo¬
cado diante de uma situação, 6 capaz de a
perceber e de reagir normal mente, porém al¬
SíNDROME DEMENCIAL guns minutos mais tarde dela já não se lembra
Caracteriza-se pelo rebaixamento do nível (pertuirbaçao da fixação). Hm virtude desse dis-
10 telectual,
corolário de lesão difusa do córtex túrbio da memorização, o paciente não faz no-
rebral. Na demência, o distúrbio abarca tarn- Vas a(luisi90es. situação que o obriga a viver de
2,,, a esfera emocional, traduzindo-se por la- rem>niscências bem anteriores ao iníciodo qua¬
lidade
1 o humor de tal maneira que o paciente dr0, 0 déficit mnésico
leva a fabulações, meca-
jrnta, ri ou chora aparentemente sem n‘smos que permitem ao paciente preencher a
motivo.
lacuna de memória (o paciente “inventa uma
história" quando lhe perguntamos como passou
SÍNDROME DE KORSAKOFF o dia anterior, por exemplo). Freqílcntemente, o
paciente apresenta desorientação no tempo e no
Esta síndrome caracteriza-se pela associa¬ espaço, podendo chegar até à confusão mental.
ção de amnésia, fabulação e desorientação. Entre as principais causas da síndrome de¬
Desta tríade, a amnésia é o elemento mais no¬ vem ser citadas as carências alimentares e o
tável e pode ser desdobrada em amnésia de alcoolismo crónico.

101
r'

m Distúrbios da Comunicação
Através da Fala e da Linguagem

tíiDiioteca do Centro oe
:iênciasoa Sauce -UFPE

Neste capítulo, vamos enfocar os distúrbios DISLALIA


clínicos da comunicação, estudando, sucessi¬
vamente, as alterações da fala (disartrias, disfo- Segundo Lefévre, dislalia é um distúrbio da
mas e dislalias) e da linguagem (afasias). articulação da palavra que decorre de causas
Inicialmente, é necessário precisar o signi- múltiplas, excluídas as perturbações neurológi-
ficado dos vocábulos linguagem e palavra ou cas, ao passo que disartría é o termo reservado
fala. 0 vocábulo linguagem refere-se a uma para os defeitos da articulação decorrentes de
etapa psíquica do pensamento, que poderá

ou não ser transmitida pela palavra escrita
— desordens neurológicas. Existe uma dislalia fi¬
siológica ou de evolução, que deve desaparecer
ou falada. Isto significa que pode haver uma ao redor dos quatro anos de idade íé a criança
“linguagem interior , plenamente elaborada, que fa|a “tasa” quando quer falar “casa”, “pa-
mas não necessariamente exteriorizada (Lefè- pato” por “sapato” etc.). As dislalias também
vre). A palavra oufala é um processo puramen¬ podem ser provocadas por malformações do
te mecânico, constituindo um dos veículos da aparelho fonador (língua, véu do palato, dentes,
expressão ideativa (Maia). lábios).

DISTÚRBIOS DA FALA
DISARTRIAS
Não contando com um critério satisfatório
para uma classificação vamos, em seguida, ape¬ São distúrbios da articulação da palavra
nas enumerar os principais distúrbios da pala- ocasionados por alterações neurológicas, em
vra. nível periférico ou central. No primeiro caso, as
disartrias ocorrem pelo comprometimento de
nervos cranianos ou dos territórios musculares
DISFONIAS por eles inervados. Deve ser considerado, par¬
ticularmente, o comprometimento dos nervos
0 distúrbio é de timbre e de intensidade do
som produzido. A voz é rouca, bitonal ou de bulbares e do facial. Como exemplo, pode ser
falsete. As disfonias ocorrem por comprometi¬ citada a voz anasalada que traduz déficit motor
mento da inervação motora das cordas vocais no véu do palato. Decorre de lesões que atin¬
fnervo vagospinal). Nas paralisias bilaterais gem os nervos glossofaríngeo e vago ou os
ocon-er afonia completa. músculos dependentes destes nervos (miaste-
A exploração das cordas vocais é feita pelo nia grave); é a “voz fanhosa” da linguagem
otorrinolaringologista ou pelo fonoaudiólogo. popular.

103
Entre as disartrias por lesões centrais são Devem ser considerados na etiopatogenia os
incluídas as dos pseudobulbares, cerebelares e fatores genéticos e emocionais.
as dos portadores de síndromes extrapirami-
dais. Nos cerebelopatas, a fala é denominada CLUTTER
escandida (silabada) e se caracteriza por ser
explosiva, com interrupções bruscas, dando um Consiste numa variação do ritmo, em
aspecto laborioso à emissão dos sons. no sentido da aceleração, que é corrigida pei0
A disartria do pseudobulbar apresenta ca- paciente. Disto resulta, principalmente, Uma
; racterísticas múltiplas: a fala é anasalada (pelo falta de isolamento das palavras, que se inter.
componente parético) e explosiva (pelo compo¬ penetram, de tal sorte que o fim de uma confun¬
nente espasmódico), podendo ser entrecortada de-se com o começo de outra (Lefèvre).
por crises de choro ou riso espasmódicos.
Nas síndromes palidais (doentes parkinso-
nianos), a fala é lenta, arrastada e monótona: o EXPLORAÇÃO
doente perde a “melodia da linguagem”. Na
O exame do paciente com distúrbios da
degeneração hepatolenticular encontramos a
palavra, é feito de maneira simples, apenas
chamada fala “estriada”: lenta, explosiva, algo
através da conversação, sem dar a impressão de
trémula.
que a fala está sendo observada.

i DISTÚRBIOS DO RITMO
DISLEXIA
Os distúrbios do ritmo ou disritmolalias
í! compreendem a taquilalia, bradilalia, gagueira
Além dos distúrbios mencionados, tem
sido verificado pacientes com dificuldade es¬
l
e o clutter.
pecial na aquisição da escrita e/ou leitura. A
dificuldade em adquirir a capacidade normal de
TAQUILALIA leitura por meio de métodos de ensino habi¬
tuais, denomina-se dislexia. Geralmente, o ní¬
Caracteriza-se por uma alteração do ritmo, vel mental dos disléxicos é normal e o exame
'
em que há aceleração da fala, tomando a arti¬ neurológico de rotina nada revela. Pode ser
í culação imprecisa e defeituosa (Lefèvre). Este apurado, nestes pacientes, um retardo de desen¬
tipo de disritmolalia pode ser encontrado nos volvimento da fala. Os disléxicos encontram
5 parkinsonianos (festinação). dificuldades em ler letras que apresentam se¬
melhança visual (d ef, p e q, g e d) ou acústica
BRADILALIA (d et, men,ft v). Na maior parte dos casos não
I há dificuldade no reconhecimento de letras,
Este distúrbio se caracteriza por lentidão
I em pronunciar as palavras. Na palilalia obser¬
vamos a repetição involuntária de palavras.
Estes distúrbios do ritmo podem ser encon¬
mas sim em juntá-las num conjunto formando
palavras. A leitura é lenta, sendo frequentes os
erros que se traduzem por omissões, inversões,
I repetições, substituições de consoantes ou vo¬
trados nas síndromes parkinsonianas. gais. E importante distinguir a dislexia de evo¬
lução da dislexia ou alexia occipital (geralmen¬
GAGUEIRA te adquirida após a aquisição da leitura), que
traduz um distúrbio da função gnósica.
É a disritmolalia mais frequente. Caracteri¬ Existe, também, disgrafia de evolução, que
za-se por uma interrupção da fala, com tal fre¬ costuma desaparecer com o processo de matu¬
; quência e anormalidade que chama a atenção e ração. A disgrafia decorrente de comprometi¬
; interfere na comunicação, causando mal-estar mento neurológico caracteriza-se por uma es
I para o gago e para sua audiência (Lefèvre). crita irregular e defeituosa, por disfunção dos

104
efetores da grafia. Assim, o parkinsoniano apre¬
tanto alguns atribuem a cada uma da» funçfic»
senta micrografia grafia é irregular e os ca¬
(a
(expressão oral e gráfica, percepção audiover-
racteres vãoo cerebelopata
progressivamente diminuindo
de bal e visuoverbal) uma localização cerebral
tamanho) e apresenta macrogra-
precisa, outros consideram a linguagem como
fía (escrita irregular e de tamanho maior que o um processo mental ou uma função psíquica
habitual). global, cujos elementos não podem ser dis¬
sociados e são atingidos no seu todo na» diver¬
AFASIA sas formas de afasia. A tendência “localiza-
cionista” se baseia no polimorfismo dos dis¬
A linguagem, atividade especificamente túrbios da linguagem e na possibilidade tie o
humana, constitui um instrumento fundamenta] paciente apresentar quadros de afasia pura
de comunicação e de elaboração do pensamen¬ (agrafia, alexia, anartria pura etc,), A tendência
to, adquirida pelo indivíduo a partir de um “globalista” considera que uma lesão, num pon¬
sistema arbitrário de sinais que representa a to qualquer das áreas da linguagem, repercute
língua (Hécaen e Angelergues). no conjunto da função. O tipo de afasia obser¬
No decurso de numerosas afecções do cé¬ vado dependerá da intensidade da desorganiza¬
rebro podem ocorrer distúrbios da comunica¬ ção global da função da linguagem e não do
ção. seja por dificuldade de expressão (oral ou comprometimento de determinado centro.
gráfica) ou de percepção (audioverbal ou visuo¬ Nos afásicos, os distúrbios se fazem mais
verbal), independentemente de qualquer altera¬ notáveis sobre os mecanismos da linguagem
ção de ordem sensitiva, sensorial, motora ou cuja aquisição é mais recente e de natureza mais
psíquica. A estes tipos de distúrbios denomina¬ elaborada. Desta maneira, o conhecimento de
mos afasias. uma língua estrangeira será perdido antes que
A afasia é uma síndrome focal, no sentido o da língua materna. É a dissociação automáti¬
de que comporta um centro lesionai, porém nos co-voluntária da linguagem. A clínica quotidia¬
parece abusivo o rigor “localizacionista” de na mostra que alguns afásicos, embora incapa¬
certas escolas, fixando a função da linguagem zes de se expressar voluntariamente, são capa¬
em centros nitidamente circunscritos. Entretan¬ zes de pronunciar palavras ou frases inteiras
to, é necessário considerar que certas áreas sob influência emocional ou, então, capazes de
coiticais apresentam vinculação nítida com de¬ recitar orações extensas ou de contar de I a 10,
terminadas funções. Assim, uma lesão interes¬ por exemplo. Determinados afásicos perdem a
sando a área auditiva, situada ao nível da pri¬ linguagem voluntária ou proposicional, poden¬
meira circunvolução temporal, atingirá sobre¬ do conservar relativamente a automática.
tudo a percepção (compreensão) da linguagem A linguagem é estruturada pela incorpora¬
falada e/ou escrita. Uma lesão da porção infe¬ ção de palavras que representam símbolos de
rior do lobo frontal pode dar origem a uma noções abstratas ou concretas. Durante o pro¬
dificuldade da expressão verbal . É aceito que as cesso de aprendizagem, as palavras são vincu¬
lesões hemisféricas anteriores perturbam fun¬ ladas aos objetos dentro de um determinado
damentalmente a expressão oral e/ou gráfica, conceito. Desde que a criança tenha assimilado
efiquanto as lesões posteriores comprometem o um determinado conceito através de um símbo¬
lo, toda vez que este vier à tona da consciência
perceptivo da linguagem. E necessário
também ter em mente o conceito de dominância arrastará consigo uma série de evocações e
hemisférica: nos dextromanos, a função da lin¬ associações baseada no aprendizado que lhe
hagem é comandada pelo hemisfério cerebtal deu o conceito. Assim, quando chegar no nível
esquerdo e vice-versa. da consciência a palavra lápis, por exemplo,
A localização dos “centros da linguagem serão evocados os conceitos relativos a este
lem suscitado muitas controvérsias e as opiniões objeto: forma, cor, utilidade etc. listes mecanis-
se polarizado em duas tendências. Entre- mos de percepção e de evocação é que permi-
105
tem a identificação de
conceitos já forman
compreende ®
. _
. e/ou gráfica. O vocabulário pode ficar red,
algumas palavras ou algumas fraseTÿ
! Desta maneira, o indivíduo reot,padas. Ao contrário dos padenÿ
do exterior através das palavras sia de Wemtcke. estes, com afasta de Bi£
nais acumulados pelo aprendizado. formulação verbal, sendo as palavras InJ* 1

Nas afasias de percepção, o Proces_ de p|etas e defeituosas.


nal desintegra o mecanismo da l,ngu‘ÿ
a co P
A compreensão da linguagem falada esti
modo a não permitir aos pacientes aparentemente pouco alterada, podendooafáL
í e
são de uma dada situação, em virtu executar ordens simples, todavia oconç ditW
vos.
reconhecimento dos símbolos ideati se o dadeà execução de ordens complexas. Pode ccor
desintegra
Nas afasias de expressão, rer, também, dificuldade ou impossibilidade de
mecanismo cinético responsável por uma
serie
escrita, ler, seja em voz alta ou mentalmente.
de movimentos que dá origem à palavra
falada e à mímica.
I Afasia Total (Mista)
FORMAS CLíNICAS DE AFASIA Quando ocorre uma desintegração da fei¬
:
ção da linguagem, com incapacidade do pacien¬
: Afasia de Percepção, Sensorial ou de te para entender ordens verbais (orais eescnta$i
I Wernicke e para a expressão oral e gráfica, caracteriza-se
Este tipo resulta de um comprometimento a chamada afasia mista ou total.
global da função da linguagem e se caracteriza Entre as formas particulares de afasia me-
por dificuldade ou incapacidade de entender a rece menção a chamada afasia amnéstica ou
| palavra escrita ou falada (surdez e cegueira nominal. Este tipo é caracterizado pela difwii-
verbal), além de distúrbios importantes do pen¬ dade que os doentes apresentam para nomear
samento e da expressão simbólica. Os pacientes objetos. Esta dificuldade de evocar a palavra é
falam abundantemente, cometendo frequentes evidenciada sobretudo através da prova de òe-
erros verbais e gramaticais. Com frequência, as nominação de objetos (avaliação da conserva¬
palavras e as frases são mal construídas, com ção do substantivo). Quando, porexemplo.se
omissão ou transposição de letras, palavras ou apresenta ao doente um relógio, ele pode. ao ser
frases (parafasia), sendo comum também a re¬ inquirido, responder que é “um objeto para veras
petição de uma mesma palavra para nomear horas”, sendo, entretanto, incapaz de nomeá-k?.
diversos objetos (intoxicação pelo vocábulo). As causas mais comuns das afasias são os
Nos casos mais graves, o paciente apresenta acidentes vasculares cerebrais, os traumatis¬
uma linguagem eivada de neologismos, trans¬ mos cranioencefálicos e os processos expansi¬
_
formando a expressão verbal num jargão in¬
compreensível (jargonofasia). O déficit de
. ,
vos hemisféricos. Nos acidentes vasculares ce-
rebrais, as afasias se instalam de modo súbito.
beremspnç30 estesPac'entes de perce- podendo regredir ou não. São comuns nos amo-
m0dera- lccimen,os cerebrais em que há comprometi-
menor
de compreensão verbai"1 mal0r °U n>ento do território da artéria cerebral mediado

pelo seu contexto global podem dar onSem a afas,as de ’


progressiva.

Afasia de Expressão, Motora ou de


Broca EXPLORAçãO
H Ti NM1H
dificuldade
t,P° dC afaS'a’ paciente apresenta
° na ex pressão
ou incapacidade A exploração da linguagem deve ser realiza
oral da de acordo com o um plano metódicode ex
106
Iniciamos com o exame da percepção, se- PERCEPçãO VISUOVERBAL
euind°-se da expressão oral e escrita.
Nesta fase utilizamos cartões onde estão
PERCEPÇÃO AUDIOVERBAL inscritas ordens que o paciente deve executar:
“faça o sinal da cruz”; “abra a boca”; “aperte-
I) o paciente deve apontar com o dedo me a mão”; “levante a mão direita”; etc.
artes de seu corpo nomeadas pelo examinador.
siesta fase deve ser investigada a noção de
esquerda-direita (ordena-se ao paciente para EXPRESSãO ORAL
elmtar a sua orelha esquerda, para levantar
aPão
111
direita, fechar o olho esquerdo, etc.).
2) Em seguida, dispõe-se na frente
a .
1) 0 examinador apontara partes do corp
do Paciente« <lue este deverá
ienIe do pà-
uma série de objetos, pedindo-lhe para nomear;
2) 0 paciente deverá nomear objetos-que o
Apanhar aquele que se lhe nomear. examinador lhe mostrar (lápis, relógio, pente,
3) Pede-se ao paciente para assinalar etc)-
obje-
(0ssemelhantes com qualidades diferentes: lᬠ3) O paciente deverá nomear os dias da
pis vermelho, lápis preto (testa-se, deste semana, os meses do ano (na ordem natural e
modo,
a compreensão de substantivos e adjetivos). inversa).
4) Ordena-se ao paciente execução de
vários atos, utilizando-se verbos diferentes:
mostrar os dentes, pegar o livro, fechar a mão. EXPRESSãO GRáFICA
5) Ordena-se ao paciente vários atos
simul¬
taneamente, devendo a execução dos mesmos Pede-se ao paciente para escrever seu
ser sucessiva. A prova clássica é a dos três papéis nome, endereço, profissão, etc.
de Pierre Marie: entrega-se ao paciente três peda- 2) Em seguida deverá escrever nomes de
ços de papel de diferentes tamanhos, pedindo-se objetos que lhe são mostrados.
ao mesmo para colocar o menor pedaço sobre 3) Finalmente, deverá fazer cópia, ditado e
o leito, guardar no bolso o de tamanho médio e cálculos
aritméticos.
devolver ao examinador o de maior tamanho.
Estas provas que enumeramos constituem
Esta prova permite avaliar a compreensão dos um roteiro simples para o exame de um afásico,
verbos, substantivos e adjetivos.
porém, dependendo do tipo de afasia e do nível
6) Pede-se ao paciente que mostre a língua
cultural do paciente, outros testes poderão ser
três vezes (compreensão auditiva dos números).
utilizados.

Biblioteca do Centro de
-
Ciências da Saúde UFPE

107
Q
J Agnosias e Apraxias

AGNOSIAS dificuldades ou incapacidade para reconhecer


fisionomias, mesmo de pessoas com as quais
Agnosia é a dificuldade ou incapacidade de convivem (prosopagnosia). Admite-se que nas
reconhecer objetos ou sons, em que pese a agnosias visuais para objetos, a lesão localiza-
ausôncia de ulteruções ópticas, auditivas ou tᬠse na segunda e terceira circunvoluções occipi¬
teis. As agnosias são provocadas por lesões tais do hemisférico dominante.
irri' hrnis focais. Somatognosia. A representação do próprio
As agnosias táteis, também denominadas corpo, chamada esquema corporal ou imagem,
astereognoslas, caracterizam-sc pelo não reco¬ permite ao indivíduo ter um conceito de seu
nhecimento de objetos de uso corrente quando corpo, dos diferentes segmentos que o integram
postos cm contato com a mão do examinando, e das relações que guardam entre si, assim
cujos olhos devem se manter fechados. A lesão como de sua localização no espaço. Este esque¬
responsável pela astereognosia ou agnosia tátil ma corporal se constitui mediante experiências
se localiza no córtex parietal contralateral. visuais, labirínticas, táteis e proprioceptivas,
As agnosias auditivas consistem na inca¬ que se integram nos lobos parietais. Cada lobo
pacidade de reconhecer determinados sons, na parietal assegura a somatognosia (conheci¬
ausência de qualquer lesão ótica. Este tipo de mento do “eu corporal” ) da metade contralate¬
ugnosia pode ser global ou parcial, reconhecen- ral do corpo.
do-sc a agnosia musical ou amusía, agnosia A dissolução da função somatognósica tra-
auditiva verbal ou surdez verbal pura e a agno¬ duz-se por várias perturbações. A negligência
sia para ruídos ou surdez psíquica. Admite-se por uma metade do corpo caracteriza-se por
que a sede da lesão responsável pela agnosia uma pobreza de movimentos ou uma repugnân¬
auditiva está localizada na parte posterior do cia em utilizar o lado comprometido, podendo
giro temporal superior. chegar até a uma perda da atenção e do interesse
Agnosia visual (cegueira psíquica) é a in¬ por esse lado. Neste caso, é importante o teste
capacidade que o paciente apresenta de reco¬ das luvas: ao se oferecer um par de luvas ao
nhecer os objetos que vê. Há várias formas de paciente, este calça somente a mão do lado não
agnosia visual, sendo uma das principais a ag¬ comprometido. O desinteresse pode se tomar
nosia visual para objetos. Neste tipo. o paciente, caricatural a tal ponto que o doente passa não
embora sendo incapaz de reconhecer os objetos cuidar de uma metade do corpo: não se lavando.
pela visão pode fazê-lo por outra forma de não se barbeando, não se penteando e negli¬
sensibilidade (talo, olfação). Também têm sido genciando, até mesmo, de se calçar e de se
descritos casos de pacientes que apresentam vestir desse lado (assomatognosia ou hemides-

1(W
:

personalização). A assomatognosia pode ocor¬ Entre as principais causas das agnosi»


rer nos hemiplégicos pela extensão da lesão ao vem ser ressaltados os acidentes vascular
lobo parietal. rebrais, os tumores intracranianos, os
trau
O comprometimento da somatognosia é tismos cranioencefálicos e as epilepsias n
' n°s
atribuída a lesões com sede no lobo parietal distúrbios gnósicos paroxísticos.
não-dominante. As lesões parietais do hemisfé¬
rio dominante podem determinar outras altera¬
ções do esquema corporal, entre as quais deve APRAXIAS
ser ressaltada a agnosia digital. Neste tipo de
agnosia, o paciente não é capaz de reconhecer A apraxia caracteriza-se por uma alte raÇào
os dedos de sua mão e, às vezes, da mão do -
da atividade gestual, não podendo o Paciente
executar determinados ato de maneira correta.
examinador.
Para se falar em apraxia. é necessário
. que os
Síndrome de Gerstmann. Caracteriza-se órgãos de execução estejam intactos (ausência
pela incapacidade, que apresentam certos pa¬
cientes, de nomear e de reconhecer os diferentes de distúrbios paralíticos, atáxicos e coreoatetó-
ticos). Desde que haja adequação do gesto
dedos, seja de suas próprias mãos ou das mãos a
cumprir e este seja levado a termo de maneira
do examinador. Ao lado deste distúrbio soma-
correta, fala-se que o indivíduo é eupráxico.
tognósico, encontramos confusão esquerda-di¬
reita, agrafia e acalculia. Em determinados ca¬ As apraxias surgem, frequentemente, em
sos pode ser encontrada também a associação associação com os distúrbios da linguagem,
de apraxia construtiva. A lesão, responsável havendo muitos pontos em comum entre fun¬
! ção práxica e linguagem.
pela síndrome, costuma localizar-se no giro
angular do hemisfério dominante. As funções práxicas dependem, essencial¬
i mente, de áreas parietais de associação, onde a
Autotopognosia. É um distúrbio do esque¬
ma corporal caracterizado pela dificuldade ou intervenção de centros psicomotores é respon¬
incapacidade que o paciente apresenta em desig¬ sável pela elaboração motora dos atos e dos
nar diferentes segmentos de seu próprio corpo ou gestos adquiridos pelo aprendizado. As repre¬
do corpo do examinador. O não reconhecimento sentações mentais dos movimentos transforma¬
persiste mesmo permitindo-se ao paciente olhar das em modelos (fórmulas cinéticas) na parte
ou tocar os segmentos de seu corpo. A lesão posterior do lobo parietal (giro angular do he¬
responsável localiza-se no hemisfério domi¬ misfério dominante) são transmitidas às áreas
motoras corticais homolaterais e heterolaterais
nante.
pelas fibras de associação subcorticais e pelo
Alterações Somatognósicas Paroxísticas. corpo caloso. Os centros motores distribuem
Este tipo de distúrbio pode ser encontrado com essas ordens à periferia pela via piramidal. O
alguma frequência entre as manifestações epi¬ comprometimento do córtex parietal dominan¬
lépticas. Entre as principais formas devem ser te ou das fibras associando esta região com as
ressaltadas: áreas motoras pode provocar apraxia.
-a sensação de ausência de determinado
segmento corpóreo (o paciente experi¬
menta subitamente a sensação de ausên¬ EXPLORAçãO
cia de um membro, cuja duração é breve
e pode constituir a aura de uma crise Um exame prévio do paciente deve elimi¬
convulsiva ou, então, um “equivalente nar distúrbios da linguagem (afasia de percep- •

epiléptico”): ção) e mentais.


- as ilusões de transformação corporal
(aumento ou redução do tamanho de um
1) Ordena-se ao examinando que execute
atos comuns como fechar a mão, abrir a boca,
segmento corpóreo); pentear os cabelos, escovar os dentes, abotoar
- as ilusões do membro fantasma. as vestes, tomar uma xícara de café, etc. Tais

110
vet alguns, com objetos
cumprido, O paciente seria capaz de imitar um
«to realizado em sua frente, mas
f k'Mnt)»\ÿ'**sc w o\ccv»v'Ao de atos mais com* mio é capaz de
planiticá-lo sob comando.
* t\mwwmclgwn)»«cen«
ApmvtVi para Vestir-se ou da Vestimenta.
paciente pura imitar
liste tipo de apraxia pode ser observado nas
0 M**» *«tocar atos lestes retro-rolándicas direitas. Pode ser evi¬
, como Pt«»u\ dirigir «utomó»
denciada ordenando-se ao paciente que se dispa
o'»
lestes para evidenciar apraxia
e torne a se vestir, Kle se mostra incapaz de
vestir as mangas do paletó, de abotoar a camisa,
,m,nv a, Otdena*se ao examinando que exe* de executar o laço da gravata ou de amarrar os
%v*'â tigur»umvieescada,
*
um quadrado, círculo, cubo, do
etc, Após as
desenhas
sapatos,
VK'
ao examinando para reproduzir um mo* Apraxia Construtiva. Este tipo é caracteri-
Ckv wtdt/amlo
Podc-se,
palitos de fósforos, lápis ou
ainda, ordenar ao paciente a
zado I've la impassibilidade que o paciente apre¬
senta de executar espontaneamente um desenho
iÿtn»Ç*> lk' w»« qwebra-cabeça simples ou (círculo, quadrado, bicicleta) ou de reproduzir
uma construção geométrica (usando palitos de
1' itcort* t'»,curas
geométricas, com e sem
fósforo, peças de madeira). O desenho é mal¬
«sdehvs,
st Fmalmente, pode-se ordenar ao exami- feito e incompleto; ao desenhar uma roda de
mnJoque se dispa e volte a se vestir. bicicleta, o paciente omite alguns traços impor¬
tantes, deixando de fazer, por exemplo, a maior
parte dos raios. FreqUentemente, o paciente é
iwM vs CUMCAS DE APRAXIA incapaz de realizar desenhos de perspectiva
Apraxia Ideomotora, Neste tipo, o paciente (cubo, casa, cadeira,cilindro, escada). Na cons¬
tfâpai de elaborar a idéia do ato que vai ser
trução de figuras geométricas, o paciente pode
eMOit&io, mas não é capaz, de realizá-lo. Há colocar as peças de madeira sobre o modelo
impossibilidade de executar sob comando um oferecido (closing-in).
simples, enquanto que a atividade uutomá- Admite-se, nas apraxias, que a sede da le¬
ocié poupada automático-volun- são esteja no lobo parietal do hemisfério domi¬
una!. Como exemplo, podemos citar o caso do nante, porém alguns tipos de apraxia podem
pkiente que ao entrar na igreja faz automa- aparecer por lesões em outras regiões (frontal,
ncameiue o sinal da cruz, porém, sob comando, temporal, calosa) ou mesmo no hemisfério não-
i cwuçào desse mesmo ato é defeituosa ou dominante.
impossível. Além das formas descritas, outros tipos de
.
Apraxia Ideativa É caracterizada por um apraxia podem ser mencionados: apraxia da
distúrbio da representação mental do ato a ser marcha, apraxia bucolinguofacial.

UI
20 Nervos Cranianos

Biblioteca do Centro de
vencias oa Saude-UFPF

GENERALIDADES - estágio peduncular: III e IV;


Os nervos cranianos, em número de 12
- estágio protuberancial: VI;
pares, têm origem nos diferentes segmentos do - estágio bulboprotuberancial: V, VII e
VIII;
encéfalo. com exceção do cerebelo. Eles nas- - estágio bulbar: IX, X. XI (núcleo princi¬
cem aos pares, são independentes, não formam pal) e XII; finalmente, o núcleo aces¬
plexos e seus trajetos compreendem um seg¬ sório do XI tem origem na medula cer¬
mento intracraniano; uma via de saída ou entra¬ vical.
da, por um forame da base do crânio; um seg¬ Os nervos cranianos abandonam ou pene¬
mento extracraniano de distribuição. tram no crânio por diferentes orifícios ou fora-
Os nervos cranianos têm uma origem real mes. Os filetes do nervo olfatório penetram no
(núcleos motores e vegetativos) ou uma termi¬ crânio pelos múltiplos orifícios da lâmina cri-
nação real (núcleos sensitivos e sensoriais), vosa do etmóide. O nervo óptico penetra no
representadas por massas de substância cinzen¬ crânio pelo forame óptico; enquanto o III, o IV,
ta constituídas pelos corpos celulares dos neu- o ramo oftálmico do V e o VI penetram na
rônios e situadas no neuroeixo. Apresentam, órbita através da fenda esfenoidal. Os ramos
também, uma origem aparente, representada maxilar superior e mandibular do V transitam
pelo ponto de emergência das fibras eferentes pelos forames grande redondo e oval, respecti-
motoras ou vegetati vas ou pelo ponto de impac¬ vamente. O VII penetra no conduto auditivo
to das fibras aferentes sensitivas ou sensoriais interno e, após trajeto intrapetroso, deixa o
no neuroeixo. crânio pelo forame estilomastóideo. O VIII pe¬
Os dois primeiros nervos cranianos, o olfa¬ netra no crânio pelo conduto auditivo interno;
tório e o óptico, não são verdadeiros nervos, o IX, o X e o XI deixam o crânio pelo forame
mas representam cordões brancos exterioriza¬ rasgado posterior, e o XII pelo forame con-
dos: o olfatório do rinencéfalo e o óptico do diliano anterior.
oftalmencéfalo. Os demais nervos cranianos
tascem do tronco encefálico, tendo, na sua NERVO OLFATÓRIO (I)
roaioria, origem aparente ventral ou anterior; só
°IV nervo craniano (troclear) apresenta origem A área olfativa da mucosa nasal contém as
parente dorsal ou posterior, ainda inexplicada. células sensoriais bipolares que representam os
A ongem dos 10 últimos nervos cranianos se neurônios olfatórios de primeira ordem. Seus
efetua em diferentes estágios do tronco encefá- prolongamentos centrais, amielínicos (nervos
llC0* kssim distribuída: olfatórios), atravessam a lâmina crivosa do et-

113
_ interrupções ou compressões das Vj
se seguir a UJ*S
móide e penetram nos bulbos
olfatórios, onde olfatórias que podem
estabelecem sinapses com os neurônios
de se¬
axônicos
comoção cerebral (com ou sem
crânio) a um tumor
fratUrJ
gunda ordem, cujos prolongamentos da base do
olfatória ou g|j0m

do espaço perfurado anterior. A


de
se dividem
percorrem as fitas olfatórias. Estas cada lado
em duas raízes, interna e externa, externa é
raiz
as fibras
_ gioma da goteira
frontal), a uma hidrocefalia;
lesões das vias olfatórias no decurso de
meningite ou de sífilis meningovas¬
d

a mais importante no homem e conduz (núcleo


para a área olfatória do córtex cerebral A raiz
amigdaliano e úncus do hipocampo).
interna se perde na porção anterior da
circunvo¬
_ cular;
tabes dorsalis (atrofia dos nervos olfaió-
rios).
lução calosa. As áreas olfatórias dos dois he¬ que designa perversão
comis¬ Parosmia é o termoalterações
misférios cerebrais são associadas pela de corticais. As
da ol fação e depende
sura branca anterior. é alucinações olfativas são queixas encontrada
Do ponto de vista estrutural, o olfatório talvez com maior predomi¬
ças em psicopatas,
mais um trato nervoso exteriorizado do córtex
íj cerebral (rinencéfalo) do que um nervo crania¬ nância em psicoses alcoólicas. Finalmente, me¬
.
i!
i:•.
no propriamente dito. recem menção as sensações olfativas sem obje¬
to, com que se iniciam crises convulsivas cujos
focos epilépticos se localizam no úncus do hi¬
EXPLORAçãO pocampo (crises uncinadas). Subitamente,
!! queixa-se o paciente de sensação olfativa desa¬
i: Para testar o olfato emprega-se, habitual¬ gradável e que, freqiientemente, compara ao
mente, algumas substâncias aromáticas: benzi-
odor de panos queimados ou de excrementos
na, extrato de limão, hortelã, pó de café, cânfo¬
(cacosmia).
ra. álcool ou outras substâncias adequadas. De¬
vem ser evitadas substâncias que irritam a mu-
cosa nasal (amoníaco, ácido clorídrico, ácido NERVO ÓPTICO (II)
acético), cuja ação se faz sobre as terminações
sensitivas do nervo trigêmeo. A pesquisa se faz O aparelho sensorial da visão é constituído
pela aspiração, cada narina em separado, das pelos orgãos receptores visuais da retina, pelas
substâncias aromáticas referidas. estruturas de percepção e de interpretação do
córtex occipital, e pelo conjunto de fibras e
ALTERAÇÕES centros sensoriais que realizam a conexão da
retina com o córtex visual. A este complexo de
As alterações quantitativas da olfação, que estruturas convencionou-se chamar “vias opti¬
variam desde uma redução (hiposmia) até sua cas” ou “sistema visual”, compreendendo a re¬
completa abolição (anosmia), são responsáveis, tina, nervo óptico, trato óptico, corpo genicula-
também, pela diminuição do paladar, fato de do lateral, trato geniculocalcarino ou radiação
observação corriqueira nos resfriados comuns. óptica e córtex visual (lobo occipital).
As reduções da olfação podem ser uni ou bila¬ O chamado “nervo óptico” não é um ver¬
terais, podendo no primeiro caso passar des¬ dadeiro nervo, apresentando características on-
! percebidas ao próprio doente. As anosmias uni¬ togenéticas, anatômicas e histológicas que o
laterais jamais podem depender de lesões cere¬ assemelham ao cérebro. O nervo óptico seria
brais, em virtude das comunicações entre am¬ um prolongamento do cérebro anterior.
bos os lados mediante a comissura branca ante¬ Os axônios das células ganglionares da re¬
rior e das conexões comissurais do hipocampo. tina formam os nervos ópticos. No nível do
As anosmias ou hiposmias podem ocorrer quiasma, as fibras provenientes das metades
por: nasais da retina se cruzam, de tal sorte que cada
- rinites agudas; trato óptico contém as fibras da metade homô-

114
dl,s duas
retinas, ( )s tratos óptieos contor-
a”"' da confrontação). O outro olho é fixado num
0S pedúnculos cerebrais e atingem os cor- ponto a igual distância do examinador, apro¬
ni,l",itfinculudos laterais, nos quais vem
parte das fibras. As
tormi- ximando-se um objeto aos poucos da periferia
‘a maior demais fibras para o ponto fixado; esta operação é levada a
"“dividem, alcançando a região pré-tectal. os cabo nos setores superior, inferior, interno e
Sl. i,vl,|os quadrigémeos anteriores e o pulvi- externo. A determinação mais precisa do cam¬
Ma itgiflo pré-tectal terminam as fibras po visual é feita com auxílio de instrumentos
1 liens que constituem
a via aferente do reflexo
Todas as fibras, em relação com a
(perímetros) pelo oftalmologista (perimetria
moinou*.
1
visual consciente, fazem sinapse nos
instrumental ou campimetria).
I*•orpos gcniculados laterais. Destes partem as
* * geniculocalcarinas. último elo do sistema ALTKRAçòKS DOS CAMPOS VISUAIS
visual, que silo constituídas pelas radiações óp-
,icas. cuja
função é veicular os reflexos visuais São representadas por falha ou redução do
do lobo occipital. Hsta última se campo visual. Normalmente existe uma falha
H área estriada
llispúc ao redor da fissura calcarina. no campo visual que corresponde à projeção no
espaço da papila óptica, pois a papila é des¬
provida de percepção (ponto cego ou mancha
KXPU)RAÇ*() cega). Este defeito é também chamado escoto-
mu fisiológico.
Costuma-se dividir o exame do aparelho Os escotomas patológicos podem ser clas¬
visual em três etapas: a medida da acuidade sificados em diversos tipos, de acordo com a
visual, a verificação dos campos visuais e o percepção, situação e evolução. Segundo a per-
exame dos fundos oculares (oftalmoscopia). cepçào, eles podem ser positivos e negativos.
A medida da acuidade visual só será deter¬ Escotomas positivos são aqueles percebidos
minada de modo preciso pelo oftalmologista. pelo próprio paciente como manchas escuras ou
Dc modo grosseiro poderá ser testada induzin¬ cegas e se projetam em negro sobre os objetos
do-se o doente a ler tipos pequenos de um jornal fixados. Os negativos não são percebidos e se
ou revista ou, quando a deficiência for maior, caracterizam somente pela ausência de visão ao
verificando a que distância é capaz de contar os nível de sua projeção no espaço (costumam ser
dedos do examinador. A diminuição da acuida¬ evidenciados pela campimetria). Segundo a si¬
de visual (ambliopia ) ou a sua abolição (aitutu- tuação, o escotoma pode ser central (por com¬
rose) que interessam ao neurologista são aque¬ prometimento da mácula), cecal (alargamento
las encontradas, particularmente, em casos de da mancha cega), cecocentral (quando o defeito
hipertensão intracraniana, em doenças degene¬ se estende da mancha cega para a mácula). Os
rativas do sistema nervoso, em doenças desmie- escotomas periféricos podem determinar uma
linizantes, nas atrofias de papila e nas neurites redução concêntrica da visão, configurando, às
ópticas. vezes, um estrangulamento do campo visual
O campo visual normal é o espaço dentro (visão tubular). O escotoma central costuma
do qual um objeto pode ser visto enquanto o ocorrer por ocasião de trombose da artéria cen¬
olho é fixado em determinado ponto. O campo tral da retina, de compressão do nervo óptico
visual representa o limite da visão periférica. A ou em consequência de neurite óptica ou retro¬
representação do campo visual corresponde à bulbar.
projeção espacial das várias porções da retina, Quando a falha se estende a uma metade do
de modo invertido, em virtude do cruzamento campo visual dos dois olhos fica caracterizada
dos raios luminosos no aparelho dióptrico (Fig. a hemianopsia. Quando o defeito compreende
20. 1 ). O campo visual pode ser verificado gros¬ um quarto do campo visual fica caracterizada a
so modo mediante vários procedimentos, tapan¬ quadrantanopsia (Fig. 20.1). As hemianopsias
do-se sempre um dos olhos do paciente (método são homónimas quando a falha atinge o campo

115
b %

r/~ O©
A C -A
CB-(B
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Fig. 20.1
— Esquema mostrando as hemianopsias e as quadrantanopsias. (Reprodução da Fig. 2 de Minvielle. J. 4
Vlahovitch, B.: Les Hémiplégies Vasculaires. Masson & Cie. Pans, 1959.)

temporal de um lado e o nasal contralateral, e - cor da papila, que normalmente é rosa-


heterônimas quando o defeito compromete am¬ pálido, sendo a metade temporal ligeira¬
bos os campos temporais (hemianopsia bitempo¬ mente mais pálida que a nasal;
ral) ou ambos os nasais (hemianopsia binasal). As
hemianopsias são denominadas deacordo com as
-
bordas do disco capi lar, que normalmen¬
te são nítidas, sendo, às vezes, a borda
alterações dos campos, e não segundo os setores nasal de limites menos nítidos;
retinianos postos fora de função. - os vasos (artérias e veias), que emergem
As lesões quiasmáticas, frequentes nos tu¬ do centro da papila, apresentam uma
mores de hipófise, determinam o aparecimento direção centrífuga irrigando toda a reti¬
de hemianopsias bitemporais, em virtude do na. Ao exame dos vasos devem ser apre¬
comprometimento das fibras nasais de cada ciados atentamente seu aspecto, brilho.
retina. As hemianopsias binasais constituem calibre e cruzamento. As artérias são de
raridade clínica, porque exigem para seu apare¬ calibre menor que as veias, apresentam
cimento interrupção das fibras temporais de
aspecto brilhante e trajeto retilíneo. As
cada lado das vias ópticas, o que só ocorre no ,

veias são mais calibrosas, de cor mais :


caso de lesões duplas ou caprichosas (aneuris¬
mas bilaterais da carótida interna, aracnoidites
escura que as artérias e de trajeto sinuoso. 1

optoquiasmáticas). As hemianopsias homóni¬ Nas atrofias do nervo óptico, o aspecto da í


papila varia segundo se trate de atrofias primᬠI
mas ocorrem quando as vias ópticas são lesadas 1
na região retroquiasmática. Uma lesão à direita rias ou secundárias. A atrofia óptica primária
determina hemianopsia esquerda e vice-versa. depende de lesão primitiva do nervo, seja por
um agente específico, como no caso da sífilis.
seja por inúmeros outros fatores etiológicos que
EXAME OFTALMOSCóPICO
atuam em qualquer ponto do nervo desde a
É de realização obrigatória em todo exame retina até o quiasma óptico. Ao exame oftal-
neurológico. Ao exame do fundo de olho serão moscópico, a papila se apresenta de cor branca,
verificados os seguintes pormenores: podendo a palidez atingir toda a papila ou se

116
V

a uma parte dela, geralmente o setor lar, com exceção dos músculos reto lateral e
11,111
oral- Nestes atrofiaosóptica
casos, limites da papila são
oblíquo superior ou grande oblíquo. As fibras
iefl1Pnítidos. Na secundária, os vegetativas são parassimpáticas e inervam o
belTIeS papila são bem
1,1111 da branco-acinzentada. A
nítidos, e a cor é de
principal
esfíncter da pupila (músculo constritor da pu¬
lidade pila).
,on“a
C3U é
o edema de papila (atrofia pós-edema). Os núcleos do III nervo craniano estão lo¬
0 edema de papila
(papiledema ou estase calizados no pedúnculo cerebral, próximos ao
pilar) é caracterizado pelo intumescimento aqueduto de Sylvius. O nervo, para atingir a
da pap'la’
usualmente resultante do aumento da órbita, atravessa, juntamente com outras forma¬
As bordas ficam bor¬
ressão intracraniana. ções anatômicas, a fenda esfenoidal. Os mús¬
dadas, as veias engurgitadas, ocorrendo desapa- culos oculares inervados pelo III nervo são: o
[ecimento do pulso venoso, e nos papiledemas reto superior, que é elevador, adutor e rotador
avançados podem ser observadas hemorragias interno do globo ocular; o reto medial, exclusi¬
na retina. vamente adutor; o reto inferior, abaixador, adu¬
tor e rotador externo; o oblíquo inferior ou
pequeno oblíquo, que promove a abdução, ele¬
orrALMODINAMOMETRIA vação e rotação externa do globo ocular; o
É método semiológico que permite medir a elevador da pálpebra superior.
pressão da artéria central da retina, através de
aparelhos denominados oftalmodinamômetros. NERVO TROCLEAR (IV)
As primeiras pulsações de um ramo mais volu-
moso da artéria central da retina indicam a O nervo troclear ou patético tem como fun¬
pressão diastólica. Ao se exercer o aumento da ção exclusiva inervar o músculo grande oblí¬
pressão sobre aesclerótica, através do aparelho, quo, também chamado músculo oblíquo supe¬
determina-se o desaparecimento das pulsações, rior do olho. Este músculo, em virtude de se
fenômeno que traduz a pressão sistólica. angular numa polia de reflexão (situada na por¬
A oftalmodinamometria tem sua principal ção súpero-intema da órbita), quando se contrai
indicação nas suspeitas de trombose da artéria leva o globo ocular para baixo, para fora e o faz
carótida interna, sendo consideradas signifi- rodar para dentro, determinando o olhar dito
cantes diferenças de pressão entre um globo patético. É, portanto, o IV nervo, abaixador,
ocular e outro que excedam 20%. abdutor e rotador interno do globo ocular. O seu
núcleo situa-se no pedúnculo cerebral, imedia¬
NERVOS OCULOMOTORES (III, IV, VI) tamente abaixo dos núcleos do III nervo. O
troclear atinge a órbita pela fenda esfenoidal.
Três nervos
——
o motor ocular comum, o
troclear e o abducente inervam a musculatu¬ NERVO ABDUCENTE (VI)
ra extrínseca ocular, enquanto o parassimpá-
tico, veiculado pelo motor ocular comum, é O nervo abducente ou motor ocular externo
responsável pela inervação da pupila. Eles po¬ inerva o músculo reto lateral. O seu núcleo
dem ser considerados uma unidade funcional e localiza-se na protuberância, próximo ao assoa¬
estudados juntos. lho do IV ventrículo. É o nervo craniano mais
longo e, portanto, mais vulnerável a qualquer
NERVO MOTOR OCULAR COMUM agente nocivo. Para atingir o músculo reto late¬
(III) ral penetra na órbita pela fenda esfenoidal.
A sinergia dos movimentos oculares, ne¬
0 III nervo craniano apresenta fibras com cessária para a visão binocular, é assegurada
Unções motoras e vegetativas. As primeiras por vias de associção entre os diversos núcleos
mervam a musculatura extrínseca do globo ocu- oculomotores e por centros de coordenação. É

117
1

o olho completamente
fech
rior). mantendo suspende a pálpebÿ0
de cada
laoo,
Quaíl£j0 o examinador
estrabismo dtvergeme> e
1
descrito um centro protuberancial
para os mov'ineí - observa desvia o para fora pe|0 ‘
junto ao núcleo do VI nervo o nuc eo 0 globo
ocular (VI). Os moving,™*
associando lateral
tos conjugados laterais, (VI) àquele do reto domír]lodo reto
abaixamento do globo oCU|ar e'fde
em virtude da falta de ft'?0
reto lateral do mesmo lado e de
Centros mesencefáli- comprotnetidos
medial heterolateral (III). do III, são respon- reto medial, superior e infen n°
cos. próximos ao núcleo verticalidade ocu músculos determinadas pe|0 m
de
sáveis pelos movimentos Perlia (III) seria res- e|evação e abdução,
oblíquo, também estão coinpJJ'
lar, enquanto o núcleo de
de convergência
pequenomidríase, em virtude do compr
ponsável pelo movimentoe centros coordena- me(jdas. Há fibras parassimpáticas que jn
ocular. Estas múltiplas vias mediante um sis- metjmento das da pupila, predominant'3 i
dores estão interconectados longitudina vam 0 constritorsimpática. O reflexo fotonio,
tema de associação: o
fascículo igual- diJatadora
encontram ou abolido) nas les(vS |
medial. Neste fascículo se
contingentes de fibras
pro- alterado (diminuído
comprometimento das fjft.Js j
mente importantes vestibulares, destinados JJJ nervo, pelo <
venientes dos núcleos assegurando o con- parassimpáticas.
aos núcleos oculomotores,
oculares em res- paralisias isoladas do troclear são H
impossibilidade
trole reflexo dos movimentos corpo. avaliação clínica. Há fora. Adip|0 d°
da cabeça e do são para baixo e para
posta às trocas de posição olhos odoente olharocorre quando o doente dirija
í Os movimentos voluntários
dos
oculógiros corticais. gera|mente bajx0 Frequentemente, a paraiis °
regulados por dois centros frontal (área 6), oJhar para
no lobo associação com a do Ifl
Um deles se localiza no córtex vi- jy surge em vizinhança.
está localizado relações de
! enquanto
suai do lobo
o outro
occipital. As fibras
entrecruzam-se no
oculógiras de
nível da por- A
,
vjrtude de suas
jsia do abducente é a mais
encon,
convergente
origem cortical anular e vem Traduz.sepor estrabismomedia| Há ; 0
çao superior da protuberância assoc.açao que do múscuIo ret0
neurônios de domfnio lateral do
terminar nos
os centros de coordenação dos mo- sHjbiljdade de deslocamento 000
constituem
centros corticais
nao ]ar(Fig 20 2)
vimentos oculares. Os
núcleos oculomo¬
comandam isoladamente os comprometimento
tores, de tal sorte que o
seu EXPLORAÇÃO
conjuga-
determina paralisia dos movimentos nervos oculomotores
dos do olhar. Aexploração dos três
I músculos extrín-
Existe equilíbrio entre os manutenção da ser feita ao mesmo tempo.
Durante o
deve
pede-se ao doente que
à acompanhe o


posição normal do olho,
vindo
muscular paresia ou paralisia
que se chama estrabismo. —
secos oculares, necessário qualquer déficit
provocar o
Subjetivamente, o
porque as imagens
doente vai acusar diplopia sobrepõem. Se o
exame
dedo do examinador
fundamentais
20.3).
que se desloca nas direções
indicadas no esquema da (Fig8

A impossibilidade de movimentar
o globo
apanhadas pelos olhos não sese faz no sentido ocu|ar ou a simples limitação
do movimento
o músca
desdobramento da imagemdos músculos res- numa das direções indicadas revelará
horizontal, pelo déficit |0 paresiado ou paralisado. Os movimentos de
ocular, temos a di- que decomm d,
ponsaveis pela lateralidade diplopia vertical rotação dos g|obos ociÿ
na músculos, também es-
plopia horizontal, enquanto nos músculos ação sinérgica de vários
o déficit ocorre ou predomina (Fig. 20.3), e seus dis-
«o representados naavaliação,
globo ocular. havendo neces-
abaixadores ou elevadores domotor ocular co- túrbios são de difícil
Nas paralisias do nervo palpebral (pa- sidadedo concurso do
neuroftalmologistafpro-
mum. os pacientes exibem ptose da pálpebra supe- va da imagem diplópica).
rahsia do musculo elevador

118
f -1
e VI nervos surge paralisia da latera-
Ka e 0cuJar. O doente pode
exibir desvio con¬
juga do do olhar,
evidenciável já à simples ins¬
peção. Quando a lesão
compromete a área ocu-
ogjra cortical, o
desvio se faz para o lado da
lesão (o doente olha a lesão) (Fig. 20.4). Nas
lesões do tronco encefálico, dependendo do
nível comprometido, o desvio pode se fazer
para o lado da lesão ou para o lado oposto. A

P&
paralisia da verticalidade ocular, síndrome de
lJarinaud, costuma ocorrer nas lesões da placa
quadrigémea (tumor da pineal, distúrbios vas¬

- culares). A paralisia da convergência ocular


pode ocorrer nas lesões do núcleo de Perlia
(UI), que associa as fibras que se destinam aos
músculos retos mediais. A verificação de para¬
lisia conjugada indica sempre lesão do sistema
nervoso central, ao passo que paralisia isolada
da musculatura extrínseca ocular pode traduzir
lesão do sistema nervoso central ou periférico.
As paralisias dos nervos oculomotores
constituem ocorrências frequentes em clínica.
Processos tumorais localizados na órbita, na
fenda esfenoidal, no seio cavernoso ou na fossa

<*\i
\j\ craniana posterior podem dar origem a elas. As
oftalmoplegias também podem ser determina¬
das por processos inflamatórios das meninges
(meningites de base) e de seios da dura-máter
\ ’
(seio cavernoso). Lesões vasculares do tronco
do encéfalo podem dar origem a paralisias iso¬
L . ladas ou conjugadas de nervos oculomotores

r
(síndrome de Weber, Benedikt, Foville). O III
nervo é freqiientemente comprometido nos
aneurismas do polígono de Willis, de tal forma
que uma hemorragia subaracnóidea acompa¬
nhada de paralisia do III nervo é quase patog-
nomônica de rotura de aneurisma intracrania-
no. 0 VI nervo, em virtude de seu longo trajeto,
é particularmente vulnerável, sendo frequente
Fij;. 20.2 Pa/.iiiM.i do no ui imuor ooilar anmini till o seu comprometimento por ocasião de hiper-
nervo) no olho direito {oftàlmuplcgia extrínseca), provo- tensão intracraniana.
cada por tumor da base do crânio.

Os movimentos conjugados do olhar são ESTUDO DA PUPILA


Rgidos por centros supranucleares. Da lesão
desses centros ou de suas conexões resultam as Os movimentos do diafragma pupilar são
Pwlisias do olhar conjugado, também denomi- determinados por fibras musculares lisas da
fiadas paralisias de função. Assim, se a lesão íris. As fibras circulares (esfíncter da íris), que
interrompe as fibras que associam os músculos contraem a pupila, são inervadas pelo paras-

II 9
1

Obliquo inferior
Reto superior (UI)
Obliquo inferior (III)
(«D
Reto
lateral
Reto Reto medial (VI)
lateral (III)

(VI)
!
(IV)
(III) Obliquo superior
(IV) Reto inferior
Obliquo supenor

iiiuvuilalumoMimÿv.i ,ll III.


II
l i». 20.3 \v á,. i
írer influências
de estímulos dolorosos e emo-
cionais.

: Reflexo Fotomotor
5 reflexo são cons-
As vias aferentes deste
tituídas por fibras de origem retiniana que ter¬
situada rostral-
minam na região pré-tectal,
anterior. Desta re
mente à placa quadrigémea
gião partem fibras que terminam nos núcleos
e heterolateral, local
do III nervo homo de
origem das fibras eferentes que comandam :
contração do esfíncter da íris. Assim, as impre¬
sses luminosas percebidas por
7 não somente a pupila deste olho
um olho afetai:
(reflexo i

.............
motor direto), mas também a pupila contralate

........
ral (reflexo consensual).

.....
......
4
O reflexo fotomotor, direto e consensu.u
deve estar abolido nas lesões do nervo e do trato
alterado nas lesões da.
oncll,.,., <***>. Ele não estará
Ki». 2(1.4
lesão) provocado por acidente vascular cerebral
isquémico. radiações Ópticas e do córtex occipital. Hm co¬
de comprometimento unilateral das viaseferen
simpático craniano anexado ao nervo motor tes do reflexo (núcleo do III nervo), o fotomou M
ocular comum (III). As fibras radiadas, com direto estará abolido e o consensual conser¬
função dilatadora, dependem do simpático cer¬ vado.
vical. Os sistemas simpático e parassimpático
asseguram uma inervação recíproca da íris
que, pelo jogo de reflexos com ponto de par- Rc,lcx0 Acomod a„ e Convergência
tida retimano, adaptam o diâmetro da pupila ,
às variações de claridade (reflexo fotomotor) Esle reflex0 d de maisdacolm, ,;.„.
e_a dtslanc.a dos objetos reflexo de acomoda- dos e da do cristalino qtie .ia
çao). O diâmetro da puptla pode, também, so- com a0 Este último even,.- .let

120
!.

ser considerado como um fenômeno


associado
ao esforço de convergência, necessário obscuridade e se contrai também lentamente I
à
de objetos próximos, que põe em jogo visão durante exposição prolongada à luz. Além da :
a
ção dos músculos oculomotores. Estecontra¬ pupilotonia, encontramos nos portadores da
mento “sinérgico” está provavelmente movi¬
do por influxos do córtex visual regula¬
síndrome, abolição de um ou mais reflexos
profundos (geralmente patelares e aquileus).
a0s núcleos de transmitidos
Edinger-Westphal (que Deve-se ressaltara importância desta síndrome
regula o no diagnóstico diferencial com a neurolues (ta¬
diâmetro das pupilas) e de Perlia (centro
convergência ocular). da bes dorsalis).
Trata-se, então, de reflexo
interessando o
córtex cerebral, enquanto o reflexo à luz é pu¬ EXOFTALMO
ramente mesencefálico.
É a projeção do globo ocular para a frente,
podendo ser uni ou bilateral. Entre as causas de
ALTERAÇÃO DA
MOTRICIDADE PUPILAR exoftalmo bilateral devem ser ressaltadas: a t
A mais importante delas é doença de Basedow, o exoftalmo maligno (de
de traduzida pelo
sinal Argyll-Robertson: miose,
abolição do provável origem hipofisária), a tromboflebite
reflexo fotomotor com conservação do bilateral do seio cavernoso, a doença de Crou-
reflexo de
acomodação e convergência. Costuma
ocorrer zon (Fig. 20.5). O exoftalmo unilateral pode
neurolues (paralisia geral progressiva, tabes
na ocorrer nos meningiomas da asa do esfenóide
dor¬
salis e sífilis meningovascular), podendo, entre¬ (Fig. 20.6) ou da goteira olfatória, assim como
tanto, ocorrer no herpes oftálmico,
na doença de nos processos expansivos localizados na órbita
Déjerine-Sottas e na esclerose em placas. ou nas vizinhanças (Fig. 20.7). Os aneurismas
A desigualdade do diâmetro pupilar (aniso- intracranianos, os angiomas arteriovenosos e as
coria) acompanha toda lesão unilateral fístulas carotidocavemosas podem determinar I
das vias um exoftalmo pulsátil.
pupilomotoras. O comprometimento das vias
parassimpáticas (lesão do núcleo ou do tronco
do III nervo) determinará midríase, enquanto a NERVO TRIGÊMEO
lesão das fibras simpáticas provocará miose.
Esta miose poderá se acompanhar, de diminui¬ O nervo trigêmeo é de natureza mista, apre¬
ção da fenda palpebral (ptose palpebral incom¬ sentando fibras motoras para os músculos da
pleta) e enoftalmo, configurando a síndrome de
Claude Bernard-Horner.
mastigação e fibras sensitivas para a face e parte
do crânio. Este nervo, em determinados pontos
I'1
de seu trajeto, incorpora fibras vegetativas atra¬ .
Uma midríase unilateral pode estar em re¬ 1

lação com compressão do hemisfério cerebral vés de anastomoses com outros nervos (funções
tróficas e secretoras).
!
homolateral por um hematoma subdural ou um
sofrimento deste hemisfério por ocasião de en-
gasgamento do lobo temporal na tenda do cere- PORçãO SENSITIVA li
belo. Em caso de traumatismo craniano, o apa¬
recimento de midríase unilateral constitui sinal As células sensitivas do nervo trigêmeo I
precioso para orientar o diagnóstico no sentido estão situadas no gânglio semilunar ou de Gas¬
de hematoma subdural ou extradural, em um ser, e seus prolongamentos periféricos vão
paciente cujo estado de consciência se deteriora constituir três ramos: oftálmico, maxilar supe¬
progressivamente. rior e mandibular (Fig. 20.8). í
O ramo oftálmico conduz aos centros ner-
vosos a sensibilidade exteroceptiva da porção
Síndrome de Adie anterior do crânio, região supraciliar, pálpebra
Caracteriza-se pelo fenômeno da pupiloto¬ superior e dos tegumentos da porção anterior e
nia, isto é, a pupila se dilata lentamente na de grande parte da face lateral no nariz. É

121 i
I
5*

'

'
\

>-/n

Fig. 20.5 — —
Exolialmo hilaici.il cm pacicntc cum doeivi de Crou/on.

V.

\
/'ÿS* I
T*S
% r*
S*
aT-

9
.**ÿ 7 .
tf
Fig. 20.6 —
Exolialmo unilateral cm pacicntc com me-
mngioma da asa do esfenóide.
Fig. 20.7

do nervo óptico.
Exolialmo unilateral cm pacicntc. cm r

122
!

lhão da orelha, a mucosa da porção mandibular


da cavidade bucal, os dois terços anteriores da f
língua e os dentes da arcada inferior.
Além da sensibilidade da face e de parte do
crânio, o trigêmeo fornece ramos meníngeos à
maior parte da dura-máter na sua porção supra-
tentorial. *
Enquanto a sensibilidade exterocepti va (tá¬
irei til, térmica e dolorosa) da face é recolhida pelo
trigêmeo, a sensibilidade proprioeeptiva é vei¬
a culada pelo trigêmeo (V) e facial (VII).
Os prolongamentos centrais das células lo¬
calizadas no gânglio de Gasser se unem num
tronco único e penetram no neuroeixo ao nível

\ do sulco bulboprotuberancial. Ao penetrar no


neuroeixo, as fibras do trigêmeo se dividem em
um curto ramo ascendente e um longo ramo i
descendente. As fibras ascendentes terminam i
no núcleo sensitivo principal do trigêmeo, lo¬
calizado na protuberância anular. Elas condu¬


Fig. 20.8 Distribuição cutânea dos ramos sensitivos do
ingênieo: em traços verticais, a área do oftálmico; em
oblíquos, do maxilar superior; em horizontais, do man-
zem a sensibilidade tátil às células sensitivas de
segunda ordem, cujos prolongamentos, após
haver cruzado a linha média, constituem o feixe
dibular. O ângulo da mandíbula é inervado pela segunda trigêmino-talâmico dorsal que se incorpora à
raiz cervical (C2).
fita de Reil mediana. As fibras ascendentes que
veiculam a sensibilidade proprioeeptiva termi¬
I responsável, também, pela sensibilidade do
nam no núcleo mesencefálico do trigêmeo. As
globo ocular, da cómea e da conjuntiva, do
corpo ciliar, da íris, da mucosa dos seios fron¬
fibras descendentes formam a raiz espinal do
trigêmeo e conduzem sensibilidades térmica e
*
tais e de parte dos seios esfenoidais e etmoidais, dolorosa da face. Estas fibras terminam no nú-
assi m como da parte superior da cavidade nasal . cleo da raiz descendente ou substância gelati¬
O ramo maxilar superior recolhe a sensibi¬ nosa do V, que se estende até o quarto segmento
lidade do lábio superior, parte lateral do nariz, da medula cervical. As fibras de segunda or¬
pálpebra inferior, arcada zigomática e porção dem, com origem na substância gelatinosa do
anterior da região temporal. Inerva, ainda a V, cruzam a linha média e constituem o feixe
arcada dentária superior, mucosa do lábio supe¬ trigêmino-talâmico ventral, que se incorpora ao
rior, porção superior da bochecha, maxilar su¬ feixe espinotalâmico.
perior, palato duro e mole, úvula, tonsila, naso- O conhecimento da sistematização das fi¬ i
faringe, ouvido médio e porção inferior da ca¬ bras sensitivas do trigêmeo é importante para o
vidade nasal. entendimento de certas peculiaridades clínicas
As fibras sensitivas do ramo mandibular por ocasião de lesões do neuroeixo. Apresenta
são responsáveis pela inervação do lábio infe¬ grande interesse a distribuição das fibras des¬
rior, do mento e porção inferior da bochecha, cendentes do V nervo ao longo de seu núcleo. i '
com exceção do ângulo da mandíbula inervado A disposição anatômica destas fibras, respon¬
pelo plexo cervical superior (C2). O ramo man¬ sáveis pelas sensibilidades térmica e dolorosa
dibular inerva, ainda, a maior parte do conduto da face, é a seguinte: aquelas correspondentes
auditivo externo, a porção externa do tímpano, ao ramo oftálmico estão localizadas na porção
a metade superior da porção externa do pavi- mais baixa do núcleo espinal, enquanto as fi-

123
bras sensitivas do ramo mandibular estão situa¬ quando unilateral, é facilmente identificável n ,

das na porção mais alta do núcleo. Assim, as clínica. Pelo fechamento forçado da boca
lesões da medula cervical alta podem determi¬ possível, pela simples palpação, notar nien<„
nar hipoestesia térmica e dolorosa no território tonicidade dos músculos masseter e temporal
do ramo oftálmico, enquanto as lesões da pro¬ no lado acometido. O próprio paciente refere
tuberância ou da porção alta do bulbo poderão que para os movimentos de trituração de ali¬
ocasionar alterações similares no território mentos mais duros se serve unicamente do lado
dependente do ramo mandibular. Além disso. são. onde nota maior energia de contração. Pel< ,
as lesões nucleares do trigêmeo costumam ser mesmo motivo, se um abaixador de língua é. a
dissociadas (dissociação do tipo siringomiéli- pedido do examinador, mordido pelo paciente, a
co: siringobulbia, síndrome de Wallenberg), sua retirada se faz de modo muito mais fácil no
enquanto nas lesões tronculares o déficit sensi¬ lado paralisado em relação ao lado são. Quando
tivo é global. se solicita ao paciente que abra a boca. em toda
sua amplitude, nota-se um desvio da mandíbula
para o lado da lesão. Pela inspeção ou palpaçãc >
PORçãO MOTORA
poderá ser percebida atrofia e até fasciculações
As fibras da raiz motora têm origem no dos músculos masseter e temporal (Fig. 20.9).
núcleo mastigador, localizado na porção média A atividade reflexa dos músculos masti-
da protuberância anular. A raiz motora passa gadores pode ser investigada por meio do refle¬
sob o gânglio de Gasser, se incorpora ao ramo xo mandibular ou massetérico. Trata-se de re¬
mandibular sensitivo e deixa o crânio pelo fo- flexo clônico profundo dependente do ner\<
rame oval. Estas Fibras são responsáveis pela trigêmeo, tendo como centro a protuberância.
inervação dos músculos masseter, temporal, Este reflexo costuma estar exaltado nas lesões
pterigóideo externo e interno, milo-hióideo e piramidais bilaterais e, às vezes, nas síndromes
ventre anterior do digástrico. parkinsonianas. Suâ abolição, acompanhada.
eventualmente, de incapacidade de manuten¬
ção da boca inteiramente fechada (ptose da
EXPLORAçãO mandíbula) pode ser observada nas formas
avançadas de esclerose lateral amiotrófíca e na
Os processos de pesquisa da sensibilidade miastenia grave. O nervo trigêmeo pode ser
no território cutâneo ou mucoso do trigêmeo acometido desde o neuroeixo até seus ramos
não diferem dos métodos de* investigação em¬ periféricos:
pregados no restante do corpo, cuja semiotéc-
nica constitui objeto de capítulo especial. De¬
vem ser investigadas na face, principalmente,
as sensibilidades ao calor, frio. dor, tato e pres¬
são. A pesquisa do reflexo comeano já pode
denunciar a integridade ou o comprometimento &
da sensibilidade da córnea. Além das alterações
objetivas da sensibilidade, o território de iner¬
vação sensitiva do trigêmeo pode ser sede de
dores paroxísticas (neuralgia do trigêmeo).
Nestes casos podem existir pontos cuja excita¬
ção deflagra a crise dolorosa ( trigger zones) e
.3 i

cuja topografia deve ser pesquisada diretamen¬


te pelo examinador.
O exame da porção motora é feito pela
exploração das funções dos músculos masti- 20.9 Atrofiados músculos masseter c tempo''-11 >1
gadores. O acometimento desses músculos, lado direito.

124
' lesões bulboproluberanciais: síndromes
to, rinorréia e insensibilidade dos dois terços
vasculares do tronco encefálico, siringo-
bulbia; anteriores da língua.
. lesões entre a protuberância e o gânglio
de Gasser, tumor do ângulo pontocere- res,
belar, sífilis meningovascular; nucleares, periféricas e da junção nuoneu-
rd| (quadros
- lesões do gânglio de Gasser: síndromes amiotrófíca, pseudobul bares, esclerose lateral
tumorais, fratura da fossa siringobulbia, miastenia grave).
craniana mé- Na esclerose lateral amiotrófíca, na fase de
í dia, herpes trigeminal, síndrome
de Gra- paralisia bulbar progressiva, pode haver queda
denigo (osteite da ponta do rochedo); do mento e fasciculações nos músculos mas-
- lesões dos ramos periféricos: aneurisma tigadores. No tétano e nas formas avançadas de
ou trombose do seio cavernoso (compro- arteriosclerose cerebral difusa pode ocorrer
metimento do ramo oftálmico associado trismo- Na miastenia grave, a queda do mento
a uma oftalmoplegia e exoftalmo), neu- pode ocorrer durante a mastigação e melhorar
rite leprótica, neuralgia essencial. com a utilização de substâncias colinérgicas
As lesões do ramo oftálmico podem dar (Prost'gmma).
origem às queratites neuroparalíticas, que são
extremamente rebeldes ao tratamento e podem NERVO
se seguir à alcoolização ou secção cirúrgica do FACIAL (VII)
nervo. O nervo facial apresenta funções motoras,
sensitivas, sensoriais e vegetativas.
NEURALGIA DO TRIGêMEO O núcleo motor do facial está localizado na
protuberância, próximo ao bulbo; as fibras do
Ao lado das síndromes deficitárias enume- nerV0 diriêem-se para o assoalho do IV ventrí¬
radas, é necessário assinalar uma síndrome ir- culo, circundam o núcleo do VI nervo e tomam
ritativa paroxística conhecida por neuralgia do a direção da face ventral do tronco, emergindo
V ou tique doloroso da face. Esta afecção cos¬ no sulco bulboprotuberancial, bem próximo da
emergência do intermédio de Wrisberg e me¬ i
tuma ocorrer na idade pré-senil e senil. Carac-
teriza-se por paroxismos dolorosos intensos, de dialmente à do VIII nervo. Após curto trajeto
meníngeo, as fibras do facial, do intermédio de
caráter fulgurante e de durta duração, localiza¬
Wrisberg e do acusticovestibular penetram no
dos no território de distribuição de um ou mais
meato auditivo interno do osso temporal. O
ramos do trigêmeo. O paroxismo doloroso pode nervo facial no
conduto de Falópio descreve
ocorrer espontaneamente ou ser desencadeado ângulos sucessivos e deixa
o crânio pelo forame
por estimulações mínimas de certas partes da estilomastóideo. No trajeto intrapetroso, o VII
face ou cavidade bucal (mastigação, degluti¬
! ção, ato de barbear-se ou de lavar o rosto). O
nervo emite ramos: dois nervos petrosos super¬
ficiais, o nervo para o músculo do estapédio, a |
exame neurológico nada revela de objetivo, o corda do tímpano e o ramo anastomótico para
que constitui elemento importante para o diag¬ o nervo vago (X). Ao abandonar o crânio, pelo
nóstico diferencial com as neuralgias secun¬ forame estilomastóideo, emite vários ramos co-
dárias (herpética, tumoral, por infecção denta- laterais, a seguir penetra na glândula parótida e
ria ou maxilar). A etiologia da neuralgia do divide-se em seus ramos terminais, temporofa-
trigêmeo ainda é obscura. cial e cervicofacial.
O comprometimento do contingente vege- O nervo facial inerva toda a musculatura da
tativo do trigêmeo pode dar origem à neuralgia mímica, com exceção do músculo elevador da
de Sluder (síndrome do gânglio esfenopalati- pálpebra superior. Inerva, também, os múscu-
no), que se caracteriza por dor ocular e nasal, los digástrico (ventre posterior) e estilo-hiói-
nibor da mucosa ocular e nasal, lacrimejamen- deo.

125
comprometido a contração é mais fraca ou ,
A sensibilidade gustativa dos dois e
te Ç as sobrancelhas isto c.
a existe Ao levantar enrugamento
anteriores da língua é da responsabi facial ruear a fronte, não háAlém disso, é da me,::.
1

nervo facial (função sensorial). O nervo


é ainda responsável pela sensibilidade proprio-
L lado paralisado.
do platisma.
necessár:
o qUe
nesqilisar a contração
sensi 1
cepti va dos músculos da mímica e pela consegue pela eversão forçada do lábio infer: •

lidade tátil, térmica c dolorosa de parte do contra o abaixam. -


pavi¬
e tím¬ ou opondo uma resistência
lhão auditivo, conduto auditivo externo to do mento (Fig-
20. 10). Com ambas as man, .
pano (função sensitiva). bras nota-se ausência de contração no lado P.;.
As funções vegetativas, de natureza secre ralisado.
tória. são cumpridas por fibras parassimpaticas Finalmente, há alguns smais presentes
que se destinam às glândulas lacrimais e saliva paralisia facial periférica em que se leva em
res (submaxilar e sublingual). da
conta os movimentos associados musculatu¬
quando o paciente faz
ra extrínseca ocular:
aparece um dev.;
EXPLORAçãO força para fechar os olhos
e para fora. ficai c
do globo ocular para cima
A paralisia do nervo facial pode ser perifé¬
grande parte ou a totalidade da cómearec K
rica (nuclear e infranuclear) e central (supranu¬ Bell)
pela pálpebra superior (smal
de (Fm
clear).
20.1 1); quando o paciente procura olhar para
Na paralisia facial periférica, já à simples cima, o globo ocular do lado paralisado excur¬
inspeção, podem ser observados: desvio dos
sions mais no sentido vertical que o do lado sã
traços fisionómicos para o lado são, piscar au¬ (sinal de Negro).
sente ou menos evidente do lado comprometi¬
do, sulcos da pele menos pronunciados do lado
Na paralisia facial hádificuldade ou impos¬
paralisado, assim como rima palpebral mais sibilidade de o paciente assobiar ou assoprar.
aberta do mesmo lado (lagoftalmo). Em virtude Durante a refeição pode haver dificuldade a
do déficit do músculo orbicular das pálpebras, mastigação, porque no lado paralisado o ali¬
a secreção lacrimal se coleta e escorre pela face mento se coleta entre a gengiva e a bochecha.
no lado paralisado (epífora). O déficit da mus- Pode ocorrer também disartria. caracterizada
por dificuldade em pronunciar as consoantes

m
culatura facial se torna evidente quando o pa¬
ciente procura realizar movimentos no terri¬ labiais e dentolabiais (b, p, m, v).
tório da face. Ao mostrar os dentes, a boca sofre Quando se suspeita de lesão no trajeto in-
desvio e adquire uma forma ovalada: ao cerrar trapetroso é importante a pesquisa da sensibili¬
fortemente os olhos percebe-se que no lado dade gustativa nos dois terços anteriores da
-
„ fs f;
- 3L

( f

Kl». 20.10 Paralisia facial perilênca direita de etiologia herpdtiea (sfnUromc lie Ramsay-Hunu a esquerda desu»
dos iraços fisionómicos para a esquerda com ausência de oclusão do olho direito: no centro, falta de enrueamer.: :-...
fronte direita; à direita, ausência de contração do platisma direito.
C\ V
' ex
126 '
*Mk I
ÍÀ ,:''C , vjSrJr'
W*-* I
a Bsfl

*E
A
JL
FiU. 20.12 Paralisia facial central esquerda
vascular cerebral isquémieo) Cí terizada pd apag»-
mento do sulco nasolabial csqc da traçw

4
des
fisionómicos para a direita c boca cm
I
contraem, em geral, sinergicamenie, sendt ex-
Fig- 20.11 Sinal dc Bell. cepcional que se fechem os olhos isoladamente
Para levar a bom termo estas ações sínérg
língua (são colocados sobre a língua algodões cada centro cortical administra aos dois núcleos
embebidos em substâncias que caracterizam os do “facial superior" um contingente de fibras
quatro gostos fundamentais: amargo, azedo, doce (feixe corticonuclear) heterolateraJ e um con¬
e salgado). O comprometimento do músculo do tingente homolateral. de importância secun¬
estapédio caracteriza-se por hiperacusia ou fo- dária. Esta explicação pode parecer salisfoóría.
nofobia. porém não esclarece a ausência de disposição
Na paralisia facial periférica bilateral, a semelhante para o “facial inferior", quando ve
face toma-se imóvel, amímica e o lábio inferior sabe que a mímica do território inferior da face
evertido. está constituída por movimentos musculares
A paralisia facial central (supranuclear) sinérgicos. Para Pierre Marie, a diferença de¬
traduz-se semiologicamente por comprometi¬ pende da pobreza relativa do "facial superior”
mento do território inferior da face com desvio em fibras voluntárias, cuja perda compromete-
da rima bucal, apagamento do sulco nasolabial, ria pouco ou nada os músculos do território
disartria. ausência de contração do platisma superior da face, o que não ocorreria com o
(Fig. 20.12). Admite-se, geralmente, que a pa¬ “facial inferior” por ser este predominantemen¬
ralisia facial central compromete apenas o ter¬ te voluntário. Do ponto de vista semiológico.
ritório inferior da face, enquanto o território na paralisia facial central, em um número rela¬
superior é poupado. O fenômeno é explicado tivamente alto de pacientes, é encontrada alte¬
pela representação cortical bilateral dos múscu¬ ração parética no território superior da face
los do território superior da face, principalmen¬ Nos pacientes em coma. desde que a para¬
te dos músculos de ação sinérgica. lisia facial não seja evidente à simples inspeção
Segundo Lévy-Valensi, os músculos fron¬ estática (apagamento do sulco nasolabial, pre¬
tal e orbicular das pálpebras dos dois lados se sença da boca do fumador de cachimbo, desvio

127

\
da comissura bucal para o lado não-comprome-

com objelivo de provocar mímica dc dor no


paciente, ocasião em que a paralisia de uma
hemiface pode ser evidenciada. De modo seme¬
lhante, qualquer manobra que provoque dor no
paciente permite a apreciação dc assimetria fa-
ciai que acompanha a mímica rcacional. Ocorre
que, nos pacientes em coma profundo, esta
mímica de dor fica abolida pela ausência de
reação aos estímulos dolorigênicos, razão que
nos leva a pesquisar sempre, em ambos os
lados, o tono do músculo orbicular das pálpe¬
bras. Consiste o meio semiotécnico na elevação
enérgica e simultânea de ambas as pálpebras
superiores, manobra que permite, em grande

sinalar

e vast
que o processo leprótico pode compro

PERIFÉRICA
QU outro raml5.sculo

r;s"í=£r::;

pacientes pode ocorrer aumento

tes casos, a comissura


labial se
nervoso, dcto.

(«idcnlos vasculares cerebra.M

COMPLICAçõESDA PARALISIA FACIAL

Contraturas. Em determinado número de


do tono nos
músculos que antes estavam paralisados.
eleva, o

mais estreita que do lado oposto, sendo este


fenômeno mais evidente por ocasião da movi-
mentação facial.
Nes-
sulco
nasolabial reaparece, a fenda palpebral se fa/

número de casos, verificação de hipotonia da Paralisia Facial Definitiva. Há casos raros


pálpebra, além de maior abertura da fenda pal- nos quais a paralisia permanece flácida inde-
pebral no lado comprometido. finidamente.
Entre as principais causas de paralisia fa¬ Espasmos Faciais. Pode aparecer sob a
cial periférica podemos mencionar: traumatis- forma de blefarospasmo ou, então, de elevação
mos (traumatismos cranioencefálicos, obstétri- ritmada da comissura labial. Em determinados
cos), infecções (otites, otomastoidites, herpes casos, toda a hemiface apresenta os espasmos.
zoster, lepra, polirradiculoneurites), tu mores sob a forma de grandes contrações que se as-
(fossa craniana posterior;, doenças desmielini- semelham àquelas do hemispasmo facial es-
zantes, paralisia facial a frigore. Cumpre as- sencial.

I
5-

k
B
Fig. 20.13 — Lm A. paralisia dos músculos do território superior da face (ausência de enmgamento da fronte do lado
direito) cm caso de lepra nervosa; em R. espcssamenlo do nervo grande auricular do mesmo paciente (Cortesia do Di
Wilson Brolto.)

128
«iotecafo Centro de
vencias da Saúde -UFPE
tfovimentos Associados Involuntários
r ,rinesias). São movimentos de um nam a cóclea contralateral. Além disso, os cor-
u|ar da face desencadeados pela contrai P°S geniculados são unidos por fibras acústicas,
n'
Llária reflexa de oulros grupos de mús
OU
“„s
clrcut,slâ"™ que reforça ainda mais o entre-

f
Assim, ao abrir a
aparece oclusão
boca ou
simultânea
“ dg°s'ÿas.flt)ras
lT™™™ * actoici« ™S

den -mrnmptido ou a
comprometido T oc
do olho
0 no exphca.pçMl.
sez de diturbios auditivos nas lesões unilaterais
d0 usao
nrlii-nn i
do olho no
determina a elevação da comis-
ado acometidomesmo -
JÓW5LS
sura labial do lado-
Exploração CQ 1
C\3*Qov e&ivSA
9. o- í ~
NERVO ACUSTICOVESTIBULAR (VIII) A exploração da função auditiva é realizada
mediante voz alta ou cochichada, o uso de
o nervo acusticovestibular é formadopor relógio, diapasões ou audiômetros. A acuidade
dois contingentes de fibras: o acústico, relacio¬ auditiva será verificada de cada lado separada-
nado com a audição, e o vestibular, ligad o ao mente.
equilíbrio. O uso de diapasões permite a comparação
entre condução aérea (diapasão colocado pró¬
SISTEMA AUDITIVO ximo ao conduto auditivo externo) e condução
óssea (diapasão colocado sobre mastóide ou
O sistema auditivo ou acústico compreende sobre 0 vértice do crâni°)- Estas Provas podem
três partes: aparelho sensorial de recepção, apa- ser úteis no desIinde entre surdez de condu?ao
relho de transmissão (vias auditivas periféricas e de PerceP?a0-
e centrais), aparelho de percepção e identifica¬
ção dos estímulos sonoros (centros corticais da Prova de Weber- da A
audição). \ ,
* cc 5 xcvdÿ
O nervo acústico é constituído pelos axô- E realizada mediante a colocação de diapa-
nios das células do gânglio espiral, cujos pro- sao vibrando no vértice do crânio ou na fronte.
longamentos periféricos estão em conexão com Possibilidades:
as células receptoras do órgão de Corti. As - lateralização para o ouvido bom (hipa-
fibras nervosas penetram na porção superior do cusia ou anacusia de percepção no ouvi¬
bulbo, em sua junção com a protuberância, e se do contralateral;
dividem çm dois contingentes que terminam - lateralização para o ouvido doente (hi- i
nos núcleos cocleares dorsal e ventral. Nestes pacusia de condução); I
núcleos têm origem as fibras dorsais diretas e - não há lateralização ou Weber indife¬
cruzadas (estrias acústicas do assoalho do IV rente (função auditiva normal ou hipa-
ventrículo) e as fibras ventrais (fibras trapezói- cusia bilateral). Outra possibilidade é a
des), também diretas e cruzadas, que se reúnem não percepção do estímulo sonoro bila¬
no lemnisco lateral para alcançar os colículos teralmente.
inferiores (centro auditivo reflexo), os corpos
geniculados mediais e o tálamo. Destas áreas |
Prova de Rinne
partem fibras ascendentes que alcançam os cen¬
tros discriminatórios do córtex cerebral (pri¬ Objetiva o estudo comparativo entre “audi-
meira circunvolução temporal, giro de Heschl). ção” óssea e aérea. Aplica-se o diapasão (dia- I
0 entrecruzamento parcial das vias auditi- pasão de 128 ciclos/s de encontro à mastóide,
vas no bulbo faz com que em cada lemnisco onde, normalmente, o som é percebido por um
haja fibras diretas, conduzindo as impressões período aproximado de 20 segundos. Quando o
recebidas na cóclea ipsolateral e fibras cruza- som deixa de ser percebido, o diapasão é colo-
das, condutoras dos estímulos que impressio- cado próximo ao conduto auditivo externo e o

129
i
se¬ SISTEMA VESTIBULAR
i paciente deverá ouvi-lo ainda por 30 a 40
gundos. É o Rinne positivo normal. No Rinne tem seus recept0.
que o contingente vestibular
estes sensíveis às mu.
negativo,. a audição por via óssea é melhor res no labirinto, sendo
por via aérea no ouvido examinado; este dado danças de posição
da cabeça no espaço. Células
indica hipacusia de condução. Quando a audi¬ canais semicirculares,
localizadas nosestabelecem na sácu|a
ção por via aérea é melhor que por via óssea, e no utrículo,
comunicações com
(Rinne positivo vestibular
ò Porém ambas estão diminuídas células situadas no gângliose reúnem para
(gâng|j0
encurtado), significa hipacusia de percepção. axônios f0r.
de Scarpa), cujos
A audiometria, exame do otologista, forne¬ vestibular. O nervo vestibular
ce dados mais precisos, permitindo estabelecer
mar o nervo neuroeixo, divide-se
antes de penetrar no em
os limiares da capacidade auditiva. fascículos, alguns dos quais penetram no bulbo
bulboprotube-
para terminar nos quatro núcleos
A
*
\ *A Distúrbios da Audição ranciais, ao passo que outros se dirigem direta¬
cerebelo (lóbulo floculonodular).
- * O comprometimento do aparelho auditivo mente para ovestibulares
f
bulboprotuberanciais
(y ou de suas projeções centrais caracteriza-se por Os núcleos
partes do neuroeixo
' v sintomas negativos (hipacusia ou anacusia) e se interconectam a várias
por sintomas positivos (zumbidos ou tinidos, por intermédio de neurônios secundários: à me-
hiperacusia, paracusia e alucinações auditivas). du[a espinal pelo feixe vestibulospinal; a diver-
W -U-. sas regiões do córtex cerebelar e aos núcleos

íÿwVy. V
Surdez (Anacusia)xCPA- „
Jij.‘ • - p
'
.
’V -
dos nervos oculomotores pelo fascículo longi-
s/j y tudinal medial; aos núcleos dos nervos vago,
,

'"A perda ou diminuição da audição pode glossofaríngeo e


espinal; aos centros vegetati-
ocorrer por um defeito de transmissão das vi- vos bulbares, aos colículos inferiores e à subs-
do encéfalo. Estas
brações auditivas aos órgãos receptores (surdez tância reticular do tronco
de condução) ou por uma lesão nervosa (surdez conexões respondem por vários mecanismos
de percepção). reflexos de origem vestibular: movimentos
Entre as causas de surdez de condução po- oculares reflexos, regulação do tono postural.
dem ser mencionadas: obstrução do conduto As projeções vestibulares no córtex cere-
auditivo externo, lesão do ouvido médio blo- bral ainda não são conhecidas, embora excita-
queando a função do tímpano e da cadeia de ções experimentais de algumas áreas das cir-
ossículos (otite, obstrução da trompa de Eus- cunvoluções temporoparietais provoquem ver-
táquio, otosclerose funcional). tigem.
Entre as causas de surdez de percepção Em última análise, o sistema vestibular tem
(determinada principalmente por lesão do as seguintes funções: recebe e transmite as in-
aparelho receptor e do nervo acústico), res- citações provocadas pelos deslocamentos da
saltamos: aplasia do aparelho receptor (audio- cabeça com aceleração angular ou linear, in-
mutismo), rubéola no primeiro trimestre da gra- formando aos centros encefálicos sobre a posi-
videz, fraturas do rochedo, síndrome de Méniè- çao JQ corpo no espaço e da cabeça em relação
re, arteriosclerose, neurinoma do acústico, sín- ao corpo; provoca nos centros encefálicos rea¬
dromes ototóxicas (canamicina, quinino). ções tonígenas e reflexos posturais para a ma¬
Os zumbidos ou tinidos, que são manifes¬ nutenção do equilíbrio estático do corpo.
tações de natureza irritativa, podem preceder ou
acompanhar os déficits auditivos. As alucinações
auditivas traduzem fenômenos irritativos ao nível Exploração
do córtex temporal, geralmente de natureza epi¬
léptica. A hiperacusia pode ocorrer por ocasião Vamos tratar em seguida dos principais
de paralisia facial periférica, quando a lesão do procedimentos objetivando a exploração da
nervo se faz no seu trajeto intrapetroso. função vestibular.
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D,sturb,os
ièncias aa Sauae UFPE

Vestibulares
-
À direto desse tremor pode variar, sendo'n
nistagmo classificado em horizontal roc t ' a*teraÇôes vestibulares, quer sejam ir-
* 00
e vertical, de acordo com o sentido
processa o deslocamento. Possui duas
èmcÿ rjtadvas ou deficitárias, caracterizam-seporum
s'nloma comum: a vertigem. A vertigem é uma
nentes. urna rápida e outra lenta. A deno sensa9ao de rotação que o paciente experimen¬
to do nistagmo é dada pela orientac'ÿ'ir la‘ d'ta ob-Íe,'va quando o paciente sente o
componente rápida (a denominação deÿ • * des,ocamenl0 dos objetos que o rodeiam, e
tagmo horizontal batendo para a direita” s' subÍetiva quando tem a sensação de que seu
fica que a componente rápida bate para próprio corP° §ira no espaço. Frequentemente,
tfita). v\-s o. '* se acompanha de náuseas, vómitos e de pros-
t ouMo. ,ra?ao’ p°rexcitação de elementos paras-
Coo v, S. simpáticos, também fazendo parte do quadro
Desvio Postural ol} instabilidade e perda do equilíbrio. Este fenô-
meno subjetivo resulta de desequilíbrio entre os
O paciente acometido de uma disfunção dois aparelhos labirínticos, seja por hipo ou
vestibular apresenta tendência a se desviar para hiperfunção de um deles. O sinal objetivo desse
o lado do labirinto deficitário. Esta anomalia desequilíbrio é o nistagmo, cuja fase lenta bate
pode ser evidenciada pela tendência à queda do lado do labirinto menos ativo e pode se
sempre para o mesmo lado quando o paciente acompanhar de desvio da cabeça e dos mem-
se mantém de pé na posição de sentido. A bros na mesma direção, com tendência à queda
oclusão dos olhos pode agravar este desequilí- deste lado. Esta é a chamada síndrome ves-
brio. constituindo a positividade desta prova o tibular harmónica, frequente nas lesões perifé-
sinal de Romberg. O desvio postural pode tam- ricas (labirintopatias). Quando ocorre destrui-
bém ser evidenciado durante a marcha do pa- ção completa de um labirinto, o desequilíbrio
ciente ao longo de uma linha reta. se compensa rapidamente e os sintomas desa-

.... _ .. r *
parecem (fenômeno da compensação, próprio
das síndromes vestibulares periféricas).
Prova da Indicaçao > i- c
u
.
O comprometimento do sistema . vestibular
Nesta prova, o paciente, sentado e com os Pode ocorrer no nível do aparelho receptor, do
olhos vendados, deve atingir com o dedo in- nervo e de suas conexões centrais bulboprotu-
dicador, e em sucessivos movimentos de eleva¬ beranciais e cerebelares.
ção e abaixamento de um dos membros supe¬ No que concerne ao comprometimento do
riores, um alvo previamente estabelecido pelo contingente periférico, algumas causas de sur-
examinador. No caso de lesão vestibular, os dez e de zumbidos, ressaltadas precedentemen-
dois membros superiores, embora testados se- te, podem provocar vertigens. Entre as princi-
paradamente, desviam no mesmo sentido e com pais causas da síndrome vestibular periférica
a mesma amplitude; nos cerebelopatas (hemis- podem ser alinhadas: a obstrução do conduto
síndrome cerebelar) só aparece desvio no mem- auditivo externo, as otites agudas e crónicas se
bro ipsolateral à lesão. estendendo ao ouvido interno e provocando
A maior parte das provas labirínticas é da labirintite purulenta, as fraturas do rochedo e da
competência do otoneurologista (prova rotató- base do crânio, a hemorragia labiríntica, a sín-
ria, calórica e galvânica), e fornece elementos drome de Ménière, e os medicamentos labirin-
que permitem determinar se a lesão vestibular totóxicos (quinino, salicilatos, estreptomicina).


l >T
KJ A 131
JL* > >X /-
' A (XTK C CA *
V * H c < r> cVv
origem no núcleo
“ fibras motoras que têm
Sindrome de Ménière ambíguo (bulbo), local de origem também
das fibras motoras do
vago e do espinal,
Esta sindrome é caracterizada pela presen¬ fazendo-se a emergência do neuroeixò
ça do grande acesso vertiginoso, acompanha o pelo sulco lateral do bulbo (fibras soma-
f de zumbidos, náuseas e alterações do equilí¬
brio. A repetição das crises determina um déli-
tomotoras destinadas aos músculos cons¬
cit auditivo unilateral, que com a evolução pode tritor superior da faringe e estilofaríngeo);
chegar a uma surdez de percepção. Nesta fase, fibras sensoriais, que asseguram a sensi¬
as crises vertiginosas costumam desaparecer. bilidade gustativa do terço posterior da
I A vertigem de origem vestibular central é língua (estas fibras vão terminar, no ní-
menos sistematizada, sendo portanto mal carac¬ vel do bulbo, no núcleo do fascículo
terizada, traduzindo-se mais por instabilidade solitário);
que por sensação de rotação e deslocamento. fibras sensitivas, responsáveis pela sen¬
!
Este tipo de vertigem pode resultar de compro¬ sibilidade geral da parte posterior do véu
metimento dos núcleos vestibulares, de suas do palato e da faringe (os corpos celula¬
vias e de suas projeções cerebelares no decurso res destas fibras localizam-se nos gân-
'
de afecções diversas como a esclerose em pla¬ glios de Andersch e de Ehrenritter e seus
cas, os tumores comprimindo ou invadindo o prolongamentos centrais terminam no
tronco cerebral, as infecções, as hipertensões núcleo solitário);
: intracranianas, os distúrbios vasculares bulbo- - fibras parassimpáticas, responsáveis
protuberanciais. As síndromes vestibulares pela inervação secretória da glândula
centrais geralmente são desarmônicas (os des¬ parótida (estas fibras vegetativas têm
vios não se processam para o mesmo lado e não origem no núcleo salivatório inferior,
ocorre o fenômeno da compensação). situado na formação reticular do bulbo).
Quadros vertiginosos também podem ocor¬ O núcleo ambíguo recebe sua inervação
rer em moléstias que não acometem diretamen¬ corticonuclear de ambos os hemisférios cere¬
í te o sistema vestibulocerebelar. Entre as verti¬ brais, estando o centro cortical localizado na
gens deste tipo devem ser mencionadas: as de porção inferior da região pré-rolândica (giro
origem visual (associadas à diplopia ou a vícios pré-central). As fibras sensitivas supranuclea-
de refração); as de origem cortical (em relação res cruzam a linha média e se incorporam à fita
com lesões temporoparietais); as psicogênicas de Reil mediana.
e das alturas (origem psicoafetiva).
EXPLORAçãO
GLOSSOFARÍNGEO (IX), VAGO (X),
ESPINAL (XI) Para a exploração da sensibilidade gus¬
tativa devem ser empregadas as quatro subs¬
Estes três nervos podem ser agrupados em tâncias fundamentais (doce, salgado, ácido e
virtude de razões anatômicas (têm origem bul¬ amargo), podendo-se utilizar o açúcar, sal de
bar e deixam o crânio pelo forame rasgado cozinha, vinagre e cloridrato de quinina. Para a
posterior) e razões clínicas (raramente são aco¬ pesquisa deve-se exteriorizar a língua do exa¬
metidos isoladamente). Essas afinidades fazem minando, colocando-se no terço posterior uma
com que a patologia desses nervos dificilmente gota da substância a ser testada, procedendo-se
possa ser dissociada. de modo sucessivo para os quatro gostos fun¬
damentais, tomando-se o cuidado de enxugar a
GLOSSOFARÍNGEO (IX) língua com uma gaze entre uma manobra e a
seguinte. Se a sensação gustativa for percebida,
O nervo glossofaríngeo é misto, apresen¬ o examinado deve levantar a mão e apontar num
tando funções motoras, sensitivas, sensoriais e papel previamente escrito o gosto experimen¬
vegetativas. Está constituído por: tado.

132
o nervo glossofaríngeo raramente
é aco-
nlClido isoladamente e seu comprometimento
solad° gera'mente nao tem expressão
- fibras sensitivo-sensorinis, que assegu¬
ram a sensibilidade geral da área cutânea
'cumpre ressaltar, que os territórios clínica. retroauricular e do conduto auditivo ex¬
nlUSculares inervados pelo IX nervo cutâneos
dependem
e terno, da mucosa da laringe e porçflo infe¬
iauali-1161116 do raza0 Pe'a riual rior da faringe, além da sensibilidade gus¬
estudaremos
as suas funções motoras e sensitivas tativa da epiglote (estas fibras terminam
junto com
o nervo vago. no terço inferior do núcleo solitário);
- fibras vegetati vas, que asseguram a incr*
vação parassimpática de um extenso ter¬
DISTúRHIOS DO GLOSSOFARíNGEO ritório compreendendo a árvore traqueo-
As lesões deste nervo podem brônquica, o miocárdio e a maior parte
distúrbios da sensibilidade determinar
gustativa tio
do trato digestivo (estas fibras têm ori¬
terço pos gem no núcleo dorsal do vago ou núcleo
! enor da lfng„a (ageusia
cardiopneumodigestivo).
aboliçaodogostoth.pogeusiaoudim,
nutçao do gosto; As funções vegetati vas nãosão comprome¬
patageusia ou perver- tidas em caso de lesão unilateral do vugo. As
sao do gosto);
conexões centrais do vago são análogas às in¬
- disfagia (frequente nos quadros
bulbares, na paralisia bulbar
pseudo- dicadas para o glossofaríngeo.
progressi-
va, neuropatia diftérica);
- neuralgia. EXPLORAçâO
A neuralgia do glossofaríngeo, que se
pa¬
rece bastante com a neuralgia essencial do tri- Por ocasião do comprometimento motor
gêmeo, caracteriza-se por paroxismos doloro- .unilateral do IX e X observa-se desvio do véu
,
d° palat0 para 0 lado comProme,ldo à ,nW°
sos intensos e de curta duração. A manifestação
dolorosa costuma ter início na região amigda estatica' e para 0 lado oposto à inspeça0 dinâ'
liana, podendo irradiar-se para a região m,Ca (dUrame a fonaçíio) (FÍg' 2°' l4)> Nu farin‘
; auricu
lar, maxilar inferior e cervical. Os paroxismos gC observa'se 0 s,nal da cortma: desv,° da
de dor poderão ser provocados pelo ato de parede posterior da faringe para o lado são
exteriorizar a língua, deglutir ou falar. Nestes durante a fonação. As lesões bilaterais cos¬
casos, o exame neurológico não evidencia qual¬ tumam determinar uma disfagia importante
quer alteração objetiva. (neuropatia diftérica, esclerose lateral amiotró-
fica), especialmente para líquidos, sendo fre¬
quente a regurgitação nasal. O comprometi¬
VAGO (X) mento motor do IX e do X pode ainda ser
evidenciado pela abolição do reflexo velopa-
0 nervo vago apresenta, em determinadas latino. As lesões do contingente vagospinal
áreas, associação íntima com o glossofaríngeo podem determinar alterações da voz (dis-
(“nervo glossofaríngeo- vago”) e como espinal fonias). r
(“nervo vagospinal”). A exploração das funções vegetativas não
I É um nervo misto, apresentando funções faz parte do exame neurológico de rotina. Os
! motoras, sensitivas, sensoriais e vegetativas. É reflexos oculocardíaco e sinocarotidiano estão
o maior e de mais extensa distribuição entre relacionados com a função vegetativa do nervo
todos os nervos cranianos, sendo constituído vago, obtendo-se como resposta lentificação do
por fibras de várias naturezas: pulso. Os vómitos em jato (hipertensão intra-
- fibras motoras, que asseguram a inerva-
ção dos músculos do palato mole, farin-
craniana), o ritmo de Cheyne-Stokes, os solu¬
ços e o bocejo patológico (encefalites) tam-
ge e laringe (estas fibras têm origem no bém são explicados por irritação do sistema
: vagai.
!
terço médio do núcleo ambíguo);

133
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Fig. 20.14 Em fi, dcvio do véu 35 pafeíÿaiÿaÿaddÿífídurÿe-' (fepráÿção


Year Boole Medical
da Fig. 14 dc Stcegmann.
Chicago, Publishers, 1970.)
A.T.: Examination of the Nervous System. A Student’s Guide.

ESPINAL (XI) do vago. A lesão do complexo vagospinal ori¬


gina alterações da fonação e da respiração (voz
O nervo espinal é exclusivamente motor. rouca, bitonal, sussurrada, dispnéia, respiração
Segundo a concepção clássica, este nervo apre¬ estridulante).
senta dois núcleos de origem, sendo um bulbar O comprometimento do ramo externo ou
e outro medular. A porção bulbar tem origem nervo acessório espinal determina atrofia do
na extremidade inferior do núcleo ambíguo, e músculo esternoclidomastóideo e da porção su¬
-suas fibras (ramo interno ou laríngeo do XI) se perior do trapézio. Nestes casos, observa-se
_
. destinam ao gânglio plexiforme do vago para

v inervar os músculos da laringe. De acordo com


déficit na elevação do ombro (trapézio) e na
rotação da cabeça para o lado oposto à lesão
. f a concepção moderna, o ramo mencionado faz (esternoclidomastóideo), além de exagero da
} parte do vago. A porção medular tem origem fossa supraclavicular. -/o.ÿo<A-£-' *
nos cornos anteriores dos cinco primeiros seg¬
*
p
mentos medulares, e suas fibras (ramo externo
ou acessório) penetram no interior do crânio DISTúRBIOS DO ESPINAL
pelo forame magno para abandoná-lo pelo fo-
rame rasgado posterior. Este ramo inerva o O nervo espinal pode estar comprometido
v / músculo esternoclidomastóideo e porção supe- na esclerose lateral amiotrófica, nas malforma¬
«V
‘ cr rior do trapézio. O contingente corticonuclear ções da transição occipitovertebral, nas lesões


jSdo espinal tem origem no córtex cerebral
(área traumáticas. Na distrofia miotônica de Steinert
pré-rolândica). e na miastenia grave, é frequente o comprome¬
(,
*‘ -

CT o ) <Lo &\ÿ
timento de músculos dependentes de inervação
lpJS<*0 u
do espinal.
EXPLORAÇÃO
Pode ocorrer, também, o comprometimen¬
O comprometimento do ramo interno do to de contingentes supranucleares do espinal no
espinal se confunde com o comprometimento torcicolo espasmódico e na distonia de torção.

134
«{ndromes extrapiramklais
conlratura involuntária de caracterizam-
gn»P0Scervical. fenômeno que
determinados
musculares' Princ'Palmente
da muscu-
.,nControláveis de rotação
determina movi- r !
ção

N1;RVO HIPOGLOSSO (XII)


e de inclina-

i
imk . /I
I
É o nervo motor da língua. O s
origem te f,bras do h‘P°g'osso é
núcleo que dá
de

)
origem
bulbar I
il
EXPLORAÇÃO

O exame deve ser feito


inicialmente com a

FíR. 20.15 Paralisia e atrofia da hemilingua direita.
língua no interior da cavidade bucal,
observan¬
doÿ, à inspeção estática, se há desvios,
atro¬
fias ou fasciculações. Num segundo tempo
é
feita a inspeção dinâmica, mediante a exterio¬
rização do órgão e execução de diversos
movi¬
mentos (movimentos de lateralidade e vertica¬
lidade). Finalmente, a palpação nos
permite
verifiear o trofismo e a tonicidade dos músculos f
da língua.
|- Nas paralisias unilaterais há desvio da lín¬
gua para o lado da lesão quando o doente a
exterioriza; o fenômeno é explicado pela ação
JI
dos músculos genioglossos (Fig. 20. 15). Quan¬
do há atrofia, a língua assume aspecto geográ¬
I L
fico ou escrotal. Fasciculações de língua são
evidentes nas lesões crónicas do núcleo, como
costuma ocorrer na esclerose lateral amiotrófi-
ca e na siringobulbia. A movimentação fica k.'i
comprometida e os doentes não conseguem rea¬
lizar o ato de estalar a língua ou tocar o palato " "
.
duro com a ponta da mesma. Pode ocorrer, r
também, disartria para a articulação de con¬
soantes linguais (I, r. t). dh
Nas paralisias bilaterais do nervo, observá¬
veis nos estágios finais da esclerose lateral Li|í- 20.16 —Paralisia c atrofia da língua, que apresenta
aspecto escrotal, cm paciente com esclerose lateral amio¬
amiotrófica (paralisia labioglossolaríngea), a trófica.
língua fica imóvel, atrofiada e apresenta fasci¬
culações (Fig. 20.16); nestes casos, a masti¬ Pode ocorrer, também, déficit motor da
gação. a articulação da palavra e a deglutição língua nos quadros pseudobul bares (por lesão
ficam profundamente sacrificadas e mesmo das fibras supranucleares) e na miastenia grave
(por alferação na placa mioneural).
abolidas.

135
21 Paralisias Associadas dos Nervos
Cranianos

A possibilidade do comprometimento simul¬ dal, ocorre atrofia óptica e amaurose por lesão
tâneo de dois ou mais nervos cranianos, sob a ação do II nervo.
do mesmo fator etiológico, pode determinar sín- As causas também são de natureza traumá¬
dromes topográficas de grande valor diagnóstico. tica e tumoral.

SÍNDROME DE FOSTER-KENNEDY SÍNDROME DA PAREDE EXTERNA DO


Caracteriza-se pelo comprometimento do I SEIO CAVERNOSO (CHARLES FOIX)
e II nervos cranianos, geralmente provocado Esta síndrome é similar à da fenda esfenoi-
por tumores localizados na face inferior do lobo dal, porém, com frequência, os sintomas são
frontal (meningiomas, gliomas). dissociados porque os nervos não guardam en¬
A síndrome traduz-se por atrofia óptica no tre si relação tão estreita como na fenda esfe-
lado do tumor (por compressão direta) e por noidal.
edema de papila no lado oposto (por hiperten¬ As causas mais frequentes são traumáticas
são intracraniana), além de anosmia. (fístula carótido-cavernosa) e infecciosas
(tromboflebite do seio cavernoso).
SÍNDROME DA FENDA ESFENOIDAL
(ROCHON-DUVIGNEAUD) SÍNDROME DA ENCRUZILHADA
PETROSFENOIDAL (JACOD)
Em sua passagem através da fenda esfenoi-
dal, para penetrar na órbita, podem ser lesados Esta síndrome, quando completa, interessa S
os nervos motor ocular comum (III), troclear os nervos oculomotores (III, IV e VI), o nervo
(IV), abducente (VI) e o ramo oftálmico do óptico e o ramo oftálmico do trigêmeo, além de
trigêmeo (V). A síndrome completa caracteri¬ surdez tubária.
za-se por oftalmoplegia total, anestesia ocular As principais causas responsáveis pela sín¬
e, às vezes, exoftamo. drome são processos tumorais ou meníngeos
A causa é geralmente de natureza traumᬠmuito extensos (sarcomas da trompa de Eus-
tica ou tumoral. táquio).

SÍNDROME DO VÉRTICE DA ÓRBITA SÍNDROME DA PONTA DO ROCHEDO


(ROLLET) (GRADENIGO)

Nesta síndrome, além do comprometimen¬ Caracteriza-se pelo comprometimento do


to dos nervos que transitam pela fenda esfenoi- trigêmeo e do abducente, traduzindo-se por

137
cfNDROME DOS QUATRO ÚLTIMOS
(SICARD E
neuralgia da face e déficit do musculo
reto
nERVOS CRANIANOS
lateral (estrabismo convergente).
por
COLLET)
Esta síndrome pode ser determinada do forame
lesões da ponta do rochedo (petrosites, geral- £ similar à sesíndrome um
rasgado
ucrescenta comprometi¬
mente secundárias à otite média ou mastoidite). pOSterior, a que (XII), que deiXa 0
mento do nervo hipoglosso
condiliano anterior (paraij.
crânio pelo forame
SÍNDROME DE RAEDER sia da hemilíngua).causas sao traumáticas e
As principais tu-
Esta síndrome, da fossa craniana média, morajs (traumatismos
por arma de fogo, tumo-
caracteriza-se pela associação de comprometi- sg
na região retromastói-
mento simultâneo do ramo oftálmico do trigê-
meo e da inervação simpática ocular. Os sinais
clínicos compreendem dor supra-orbitária e
quadro incompleto de Claude Bernard-Homer
(miose e p.ose palpebral). As lesões respon-
SÍNDROME -
RETROPAROTIDIANO
CCPAPO
'
.
(V1IXARET)

sáveis costumam se localizar nas proximidade se agrega um qua¬


À síndrome precedente
do gânglio de Gasser (área paratrigeminal). Bernard-Homer, em virtude do
dro de Claude simpático na loja retro-
As principais causas são traumáticas, tu- com prometimento do
morais e infecciosas. Foi descrita, também, parotidiana.
uma forma enxaquecosa. As principais causas são traumáticas e tu-
morais (principalmente adenopatias malignas).
SÍNDROME DO FORAME RASGADO
POSTERIOR (VERNET) SÍNDROME DE TAPIA

Nesta síndrome estão comprometidos os Caracteriza-se pelo comprometimento do


nervos glossofaríngeo (IX), vago (X) e espinal vagospinal e do hipoglosso. Clinicamente en¬
(XI), que deixam o crânio pelo forame rasgado contramos hemiparalisia glossolaríngea.
posterior. A principal causa é de natureza traumática:
A síndrome completa compreende: a) he¬
chifrada de touro, ferimento por arma branca.
miparalisia velopalatina, laríngea e faríngea; b)
SÍNDROME DE GARCIN
arreflexia palatina e faríngea; c) paralisia atró¬
fica dos músculos estemoclidomastóideo e tra¬ Acomete, quase sempre, todos os nervos
pézio; d) anestesia da parede posterior da farin- cranianos unilateralmente, de maneira progres-
ge e da laringe; e) hipogeusia ou ageusia do siva e sem que sobrevenham sinais e sintomas
terço posterior da língua. de hipertensão intracraniana ou sinais de compro-
As principais causas responsáveis são de metimento dos feixes de projeção (Fig. 21.1).
natureza tumoral, traumática e inflamatória As principais causas são os tumores inva-
(meningites da base). sivos da base do crânio (sarcomas).

138
m
ST!
ri fi
\

A
B

c
1 •-V

A
JV D

\
\>
E
'! F
\

Fig. 21.1— Em A. ptosc palpebral; em B, paralisia Jo reto medial; cm C. paralisia do reto lateral; em O, paralisia dos
músculos abaixadores do globo ocular direito; em /•.. paralisia facial e do ramo motor do trigêmeo direito (desvio do
mento para a direita); em F, paralisia da hemilíngua direita (caso de sarcoma da base do crânio com comprometimento
dos 12 nervos cranianos do lado direito).

139
22 Comas

0 coma é uma sindrome caracterizada, cli- vezes, o paciente é encontrado inconsciente na


nicamente, por perda mais ou menos completa via pública.
da consciência, da motricidade voluntária e da São relevantes, na obtenção das informações,
sensibilidade, com conservação das funções ve- os seguintes dados:
getativas intactas ou modificadas. 1) modo de início: se a instalação do coma
Trata-se de situação de urgência e de extre¬ foi súbita (acidente vascular cerebral, epilep¬
ma gravidade, traduzindo sempre profundo so¬ sia), relativamente rápida ou num período de
frimento de estruturas encefálicas. Consideran¬ poucas horas (alguns casos de hemorragia in¬
do-se a vulnerabilidade dos centros nervosos a tracraniana, trombose cerebral, intoxicações)
múltiplos agentes nocivos, compreende-se que ou gradual (lesões expansivas intracranianas);
ocoma seja uma das síndromes mais freqUentes 2) história de perda de peso, anorexia e
em clínica. astenia sugere processo neoplásico (primitivo
As síndromes comatosas podem ser devi- ou metastático), enquanto sintomas como tosse,
das a: escarros hemoptóicos, dispnéia, melena, nódu¬
- afecções primitivas do sistema nervoso los nas mamas podem sugerir a origem da neo¬
plasia;
central (comas neurológicos);
- licos);
alterações metabólicas (comas metabó¬ 3) uso de tóxicos ou drogas (álcool, narcóti¬
cos, tranqíiilizantes, anticoagulantes, insulina);
- processos infecciosos sistémicos (co¬ 4) antecedentes psiquiátricos (insónia per¬
tinaz, depressão ou agitação, idéias ou tentati¬
mas toxêmicos);
vas de suicídio, hospitalização prévia por doen¬
- intoxicações exógenas (comas tóxicos). ça mental, tratamento psiquiátrico);
A avaliação do paciente em coma depende 5) antecedentes convulsivos ou de estados
das informações prestadas pelos familiares ou afins;
acompanhantes eventuais e do exame clínico- 6) história recente ou remota de traumatis¬
neurológico. mos, particularmente na cabeça;
7) história prévia de doenças sistémicas ou
neurológicas (cardiopatias, hipertensão arte¬
ANAMNESE
rial, nefropatias, diabetes mellitus, alergias,
• Desde que possível deve ser obtida uma acidentes vasculares cerebrais, epilepsia, hepa-
história cuidadosa, que possa fornecer elemen¬ topatias);
tos para uma orientação diagnóstica. Lamenta¬ 8) atividade profissional (contato com tó-
velmente, isto nem sempre é possível, pois, às xicos).

141

â,
e onde o paciente oi e A palpação cuidadosa danoscaixa cranj-
traumaUs»ÿ
te apurar-se quando
contrado: se em seu domicílio,
na via publica. revelar anormalidadescom afundamentÿ
a gas ou cranjoencefálicos: fraturas
em uma habitação fechada cheirando pode serauscuif°’
vezes, o diagn°s- Iacerações. Ocasionalmente,
contendo um braseiro. Muitas
ao lado do ei , malformações
sopro nas arteriovenn/'
tico se estabelece pelo achado,
de tubos contendo barbitúricos
ou de sering intracranianas>a0Cuja roturatenha determinado*
com restos de tóxico. coma. Ainda< eXame de segmento cefáliCo°
verificada, nos traumatismos cran ’
devem ser aes ser
As vestes do paciente nao
prévio (ave- a preSença de fístulas liquorir!'
t nndas nem lavadas sem um exame
3S
vomitado, m- ou rinoliquorréia).
nguar se há restos de material 1 rréia sislemáljc0 de todos 0$
dícios de agressão ou rraumausmos denuncia- eaame
indicar processos
tos corpóreos pode
zaçoes de interesse na elucida-
ou de outras local,
s,vames.h.pogl,cemian,esouanr,coagulan.es). ção do coma:
hepatomegalia, esplenomegalja
ascite, alterações cardíacas
ou pulmonares.

1 EXAME DO PACIENTE EM COMA


FUNÇÕES VEGETATIV AS

ASPECTO GERAL O estado vegetativo informa sobre a gravi¬


dade do coma, proporcionando elementos para
A atitude apresentada pelo paciente pode determinar a que grau pertence, além de cons-
ser importante para a orientação diagnostica. element0 de primeira ordem para avaliar
l*vc ser observado se exrstenr posturas anor-
marsepisddrcasouperseveran.es (desvros ocu-
locefalógiros, rigidez de descerebraçao ou de
_
a evo|ao do mesm0.
Analisaremos, em seguida,
°
as princi.vais
unç008 ve8e a ,vas £lue evem ser averigua-
decorticação. opistótono. posição em “cão de as‘
fuzil"). O paciente pode se apresentar tranquilo,
imóvel ou, então, em estado de agitação psico¬
motora ou em crise convulsiva. Regulação Térmica
Ao exame dos tegumentos é necessário ob¬
servar atentamente a presença de petéquias, Deve ser verificada por intermédio do re¬
equimoses, ferimentos, hematomas, palidez,* gistro da temperatura central (retal, vaginal,
cianose, icterícia, exantemas, telangieclasias. É bucal). Tendo em vista a possibilidade de rápi-
importante anotar se a pele é seca ou úmida. Às das modificações térmicas, o registro deve ser
vezes, o único indício de que o paciente sofreu fe't0 de hora em hora nas primeiras 24 horas.
traumatismo cranioencefálico é a presença de As hipotermias podem ocorrer em alguns
; mancha de cor amarelo-acinzentado, localizada comas diabéticos, hepáticos, urêmicos, nos co-
na região mastóidea, sinal que pode sugerir mas profundos e no coma dépassé; as hiperter-
f rutura na base do crânio. A pele deve ser cui- mias podem ser de origem central por trauma-
dadosamente examinada, no sentido de se sur- tismos cranioencefálicos, estado de mal epli-
preender sinais característicos de injeções de léptico, tumores cerebrais, meningencefalitese
1 tóxicos ou de insulina. hemorragias cerebrais.
O exame da cavidade bucal deve ser feito
com o objetivo de surpreender sinais de morde¬ Função Respiratória
dura de língua ou de infecção. O hálito do
enfermo pode proporcionar, em determinados Deve ser analisada sob vários aspectos:
casos, elementos úteis para a orientação diag- frequência, regularidade ou ritmo, amplitude.

142
/
A
sfO-
a hiperpnéia pode ser
do tronco encefálico.observada
A
'T*"'05 pos,llvos "°s comas
oglcos
primitivamenie
(ac,de",es vasculares cerebrais,
na vigência da hipertensãoapnéia t

I** do tronco encefálico),intra- '!“ma'lsrnos cramoencefálicos, tumores cere-


po- ' mera"Scncefal,tes) e negat.vos, no que
instalar de maneira progressiva ou
Nos comas hepáticos, f0CÍ“ÍS'
urêmicosediabé- Ai
c°s®tox,cos- “
<IÍ«tndad<= está frequentemente
”'“T
‘Ts ít?'
de ritmos periódicos. altera-
O ritmo de “7' U"ilate™'
(freqUe,T 7
d“e™lnfdos ac,den,es,por vasculares
p*rfódí's atternarJ°s ® rile apneia sepa-
5* dÍnre!7T ?
t°< depressão
pela
E r'tm°
'
do centro respi-
pacleme em coma. „ desvjo
°'h0S C0S,Uma fazer da cabeça e dos
*.n bulbar e traduz, geralmente, processo doen|e o|ha , |esâ0„

Para 0 lad0 da leSÍ0 ("°

. ~ eS'ado das pup,las (aspea,°- d'ame,r°


0
mamente neurológico
de processo
ou, então, reper-
° ... 6
.

-tissao env. sistémico. S,metna) deve ser anolado


desdf
pnmeir0S
contatos com o paciente, sendo obngatono, nas
05

horas subsequentes, um reexame das


Pulso no sentido de surpreender mesmas
uma alteração evolu-

I
díapòde ser encontrada na hipertensão intracra- P“Pte (midriátict* ou
aTaguda, assim como nos bloqueios card,a- ™d Ta imoxáÿo ™ 0bXT'
to pulso débil e filiforme pode ser verifi-
T '"tox.caçao pelo opio e nos comas
ado por ocasião de choque nos comas profun-
ou no coma dépassé. Uma irregularidade ToTr Cosn,mam
.,n,“x'caí“es «rop,mcas e nos co-
do pulso pode indicar uma arritmia cardíaca e
cplicar a causa do coma (embolia cerebral).
bral homolateral por um hematoma
subdural ou
sofrimento deste hemisfério por ocasião
r Pressão Arterial gasgamento temporal sob a tenda
de en-
do cerebelo.
É possível, também, que uma
I A medida da pressão arterial sistémica pro¬ midríase paralí¬
tica bilateral, em um paciente
porciona dados de valor, e seu registro deve ser inconsciente,
possa representar uma amaurose
penódico. preexistente
Nos pacientes com suspeita de patologia determinada por tumor ou infecção luética.
Ainda, no que concerne ao exame
vascular encefálica, o registro da pressão arte- ocular, é
importante a verificação do reflexo
nal deve ser feito em ambos os membros supe-
(útil para avaliar o grau de comeano
nores. profundidade do
coma), de desvios conjugados
A queda progressiva da pressão arterial oculares, estra¬
bismos, ptose, exoftalmos e o exame dos
indica grave alteração vegetativa e costuma fundos
ocorrer com o aprofundamento do coma. oculares. Este último exame pode
evidenciar
alterações importantes que proporcionam sub¬
sídios para o diagnóstico etiológico do coma:
EXAME NEUROLóGICO retinopatia hipertensiva, retinopatia diabética,
hemorragias retinianas, papiledema.
O exame neurológico é fundamental
para A presença de convulsões pode sugerir
«clarecer a natureza do coma. Proporciona coma epiléptico ou traduzir patologia subjacen-

143
I
>
(íRAU 1
te do tipo tromboflebite cerebral ou encetulite.
determinados processos sistémicos (coma hi* ObnubiloçAo. conta vijju, torpor ou seÿj,
poglicêmico, urêmico) podem também provo* Neste tipo há uma depredo
{ dn
i car convulsões. Os movimentos mioclônicos, consc|ência» persistindo algum contato con\ 0
principalmente quando unilaterais, podem su- •
Q paciente reage aos estímulos abrindo
ou emitindo ulgu,
os 0ihos» movimentando-se
gerir encefalite.
As paralisias flácidas ou espásticas podem resposta veituil simples. Os reflexos cornea.
ser evidenciadas com facilidade nos comas su- # f0(0motores
e a deglutição estão conscN
I perficiais, através da aplicação de estímulos vlU|os, enquanto os reflexos espinais podem
nociceptivos (beliscamento ou picada com ugu- regime de depressão, As fun-
lha num segmento de membro) que determinam cncontrar-se cm (dados vitais) permanecem
\ vegeuuivas in.
retirada dos membros nào paralisados. O sinal
do pé caído também é útil na avaliação do lactas.
sistema motor, traduzindo déficit dos músculos i
rotatores internos da coxa. GRAU U
O tono muscular geralmente está diminuí¬
do nos comas. A exploração do tono muscular Coma superficial. Neste grau, o compro- 1
da consciência se acentua, inter-

ciente com o
I cerebrais focais ou, então, evidenciar hipotonia
de um membro (monoplegia) ou de membros
mei
«eitacão osicomn! i
e taomoiores estão
homolaterais (hemrpleg.a). A h.pertonu, pode tora_Ote
dep™ d“, e espinais diminuídos i
ser observada na ngidez de descerebraçao nas
contraturas e nos processos meningencefalí- ou aooncios. w uum esfmctenano
.. .... estí abo-
ticos lido. e o tono muscular diminuído. As funções
Os reflexos superficiais e profundos podem vegetativas permanecem inalteradas.
estar diminuídos ou abolidos nos comas profun¬
í dos. Quando a abolição é unilateral, constitui GRAU 111
importante sinal de localização. Neste particu¬ I
lar, é importante a pesquisa dos reflexos cut⬠Coma profundo ou coma cams. Neste grau i
neo-abdominais, que costumam estar abolidos |lá abolição completa da consciência e de toda !
no lado hemiplégico. A hiper-reflexia profunda COnexão com o meio. O paciente nào reage aos
é rara nos comas, e os distúrbios reflexos de um estímulos, qualquer que seja sua intensidade.
modo geral guardam estrito paralelismo com os Qs reflexos corneanos, fotomotores e espinais
i
do tono muscular. O sinal de Babinski, quando costumam estar abolidos. O controle esfincte-
unilaterab constitui elemento precioso para a riano eslá abolido, enquanto o tono muscular
i localização da lesão. Em determinados casos estJj diminuído ou abolido. São frequentes os
(hemorragias meníngeas ou cerebromeníngeas, distúrbios vegetal i vos: hipertermia, taquipnéia,
\ comas epilépticos, inundações ventriculares) hipotensão ou hipertensão arterial, oscilação de
pode ocorrer sinal de Babinski bilateralmente. pulso, hipersecreçào brònquicu.

GRAU DE INTENSIDADE DOS COMAS GRAU IV

De acordo com as alterações do estado de Coma dépassé, coma vegetativo. O grau


III, nas classificações antigas, correspondia às
consciência e das funções vegetativas, assim
como da reatividade elétrica obtida aos estí- formas mais avançadas de coma. Recentemen-
mulos, os comas são classificados em graus de te, em consequência das modernas técnicas de
intensidade. reanimação empregadas na parada cardíaca

144
SMoteca do Centro de
/0u respiratória, observam-se estados que mos,
ultrapassam 0 Srau 111 e representam verdadei- mão do exame
acpelfâ§iílftfÍfiyÚ8sdJFJ1f;ar
radiológico de crânio, simples e contrastado, do
s equivalentes clínicos das preparações expe- eletrencefalograma, do exame do líquido cefa-
coraçãorpulmão. Este estádio repre¬
atualmente o coma grau lorraquiano e da neuroimagem (tomografia e
senta IV ou coma e/é-
])(lssé de Mollaret e col. Neste grau, as funções ressonância nuclear magnética do crânio).
Nos traumatismos cranioencefálicos, numa
vegetativas não se mantêm espontaneamente, primeira fase, devem ser solicitados radiogra¬
sendo necessário para sua manutenção respi¬ fias simples de crânio, eletrencefalograma e os
ração artificial, reanimação cardíaca e trata¬
choque. O eletrencefalograma exames de neuroimagem. Os exames neuror-
mento do revela radiológicos contrastados devem ser reserva-
silêncio elétrico (o traçado é constituído por
dos a determinados casos (presença de sinais
linhas isoelétricas). Trata-se de coma geral- focais, deterioração do estado de consciência).
mente irreversível. Nas suspeitas de meningencefalites ou de
r No coma vigil e no mutismo acinético, o
hemorragias meníngeas, o exame do líquido
paciente pode ser despertado e seguir com os cefalorraquiano é obrigatório (aspecto purulen¬
olhos as pessoas e os objetos, porém não ma¬ to ou hemorrágico).
nifesta qualquer interesse pelo meio. Sua fácies Na hipertensões intracranianas são impor¬
é inexpressiva, seus membros permanecem tantes, para a determinação do agente etiológi-
imóveis, e estimulações repetidas são neces-
co, os exames neurorradiológicos contrastados
sárias para chamar sua atenção. e o eletrencefalograma.
O eletrencefalograma também fornece sub¬
EVOLUÇÃO sídios importantes para a determinação do grau
de intensidade do coma e para o diagnóstico de
i Os comas podem se instalar de modo súbito morte cerebral.
sob a forma de icto apoplético, como ocorre nas
hemorragias cerebrais ou cerebromeníngeas,
FORMAS CLÍNICAS
nos traumatismos cranioencefálicos e nas epi¬
lepsias. Nos hematomas intracranianos (subdu¬
ral e extradural), provocados por traumatismos, COMA DOS TRAUMATISMOS
o coma pode ser precedido pelo chamado inter- CRANIOENCEFÁLICOS
valo lúcido. Os comas determinados pelas
tromboses cerebrais podem se instalar de modo Nos traumatismos cranioencefálicos, o
súbito ou progressivo. coma é frequente, mas não obrigatório. O coma,
Finalmente, os comas metabólicos e tóxi¬ quando ocorre, pode ser: de curta duração, na
cos costumam se instalar de modo gradual. Os comoção cerebral: prolongado, na contusão ce¬
rebral; de aparecimento retardado, havendo in¬
comas hepáticos podem apresentar evolução
intermitente. tervalo entre o traumatismo e o coma, nos he¬
matomas intracranianos (intervalo lúcido dos
hematomas subdurais e extradurais).
EXAMES COMPLEMENTARES Na comoção cerebral há perda transitória
da consciência. O período de inconsciência é
Nos comas de natureza tóxica, infecciosa e variável, mas habitualmente dura só alguns mi-
metabólica, são fundamentais os exames de nutos. Este tipo de coma traduz sofrimento do
sangue e de urina. As determinações da glico- tronco encefálico, de intensidade moderada e
súria, glicemia, uréia, as provas de função he- reversível.
pática, a pesquisa de tóxicos no sangue e na Na contusão cerebral, a duração do coma
urina fornecem subsídios importantes para o costuma sermais prolongada; durando horas ou
diagnóstico e tratamento destes tipos de coma. mesmo dias. É comum ocorrer, nestes casos,
Nos comas primitivamente neurológicos deve- edema, hemorragias petequiais, laceração do

145
I

I
I
ocorra 6 necessário o compro. '
Pura iiue o coma
t|0 forma súbito, tic rtrcus extenstt(i
cortex wwhral, nudciido ou ttfto 1’iivor Irntma melimento (

concomitante do crânio, A presença tie Ninais ll"


neurológicos focais, inltativos ou
(convulsão, hemiplegia,
delicltários
paralisias de nervos
'o„ „,cec»o
coin» *» ncKlonles
vusculures ccrebrui,,
homorragios
<J»s menlngetts, cos.
cranianas) dependo via extensão das lesões en¬ ucompanlmr dc quadro hcmiplégico.
™ u sc
cefálicas,
Nos hematomas intracranianos podo huver
intervalo lúcido entre o trauma e a instalação 1*°
coma. liste intervalo costuma ser curto no Itc- COMA DA IlIPKKTRNSÂO INTRACRANIANA
inutonut extradural, podendo ser mais longo no hipertensão intracraniana,
subdural. O diagnóstico vie hematoma extradu¬
Na síndrome dointercorrcnte,
o coma é uma etapa
transitória ou
ral nfto comporta dificuUlades nos casos típicos processo. Ao lado
cm que, após traumatismo craniano, seguindo- constitui o estádio finaldedosinais c sintomas
se de intervalo lúcido, o paciente upresentu-se via tríade caructerística (cefaléia,
de
hipertensão intracraniana vómitos,
comatoso e desenvolvo hemiplegia com aniso-
i
coria, papiledema), somam-se outras manifestações
desencadeadas indiretamente pelo edema cere¬
.1 bral. pelos distúrbios circulatórios c pelas alte¬
rações mecfinicus consecutivas. Na hipertensão
COMA nos ACIDENTES VASCULARES
CKRKHUAIS intracraniana, o conteúdo craniano, localizado
num estojo inextensível, tende a ser deslocado
A hemorragia cerebral comumente se ins¬ pura baixo através das bordas livres da tenda do
tala sob a forma de icto apoplético, determinan¬ cerebclo e do forame occipital, determinando
do coma profundo que na maioria dos casos, assim as chamadas hérnias ou cones de pressào.
evolui paru a morte. A hemorragia, ocorrendo As referidas hérnias comprimem o tronco en¬
no seio da massa encefálica, determina sín¬ cefálico, podendo determinar comprometimen¬
drome de hipertensão intracraniana aguda c to progressivo da consciência, perda dos refle-
3 sinais focais dependentes das áreas de compro¬ xos pupilures à luz, distúrbios vegetativos e
metimento encefálico. A alteração de consciên¬ manifestações hipertônicas do tipo rigidez de
í cia, inicial e súbita, dove-se, por um lado, á ação descerehração. Múltiplas causas respondem
direta do derrame sungliineo sobre o tronco do
cncéfalo c, por outro, á formação de hérnias
agudas que o comprimem. C) liquido cefulor-
raquiano é gcrulnicntc hipertenso e hemorrá¬
táticos
— —
pela síndrome de hipertensão intracraniana: tu¬
mores intracranianos
, abscessos
primitivos ou metas-
cerebrais, neurocisticer-
cose, hemorragias cerebrais, meningencefali-
n gico. tes. estado de mal epiléptico, etc.
Na hemorragia meníngea, o coma não é
freqíiente. Quando presente, é superficial c dc
curta duração, sendo freqiientc um estado de COMA DOS PROCESSOS INFKCCIOSOS DO
agitação psicomotora. Outras vezes, aparece SISTEMA NERVOSO CENTRAL S DE SEUS
algum tempo após o icto, traduzindo hiperten¬ ENVOLTóRIOS
são intracraniana pela presença dc hematoma
cerebral concomitante. A hemorragia menín- Nos casos de meningites e meningencefa-
gea traduz-se clinieamente por cefaléia intensa, lites, geral mente o coma é de grau I, com persis¬
de início súbito, acompanhada de sinais menín- tência da realividade clínica e conexão com o
geos e, às vezes, de paralisia do III nervo ou de meio, predominando a agitação psicomotora. O
outros nervos cranianos. O líquido cefalorra- quadro neurológico, caracterizado por cefaléia,
quiano apresenta aspecto hemorrágico. vómitos, sinais de irritação meníngea, convul¬
Nos ucidentes vasculares cerebrais isquê- sões, paralisia de nervos cranianos, ao lado de
micos, a síndrome comatosa não é obrigatória. alterações liquóricas, permite o diagnóstico.
|
: 140
í

Nas tromboflebites cerebrais, o coma, É frequente, nas uremias crónicas, obser-


quando presente, é manifestação tardia. Trata- var-se ao lado de cifra progressivamente ascen¬
se de coma vigil ou superficial, eventualmente dente de uréia no sangue, o paciente apresentar
acompanhado de delírios alucinatórios. Os qua¬ um período de obnubilação, acompanhado de
dros clínicos das tromboflebites cerebrais são agitação psicomotora (quadro delirante, hipe-
extremamente variáveis, dependendo do seio rexcitabilidade neuromuscular). Na fase de
ou dos seios durais comprometidos. coma são freqiientes: hálito amoniacal; pupilas
mióticas; abalos musculares; palidez (cor ama¬
COMA EPILéPTICO relo-palha); pele seca, com mucosas descora¬
das. O exame neurológico não costuma eviden¬
Durante a crise epiléptica, a perda de cons¬ ciar sinais focais; pode ser verificada a presença
ciência pode constituir manifestação primária de crises convulsivas. A pressão arterial está
ou secundária. A abolição da consciência ocor¬ geralmente aumentada em conseqiiencia da
re quando o sistema centrencefálico é atingido. moléstia fundamental. Outros sinais e sintomas
Deste fato resulta a classificação das epilepsias podem estar presentes: pericardite, gastrite,
em: centrencefálicas, em que a primeira rna- diarréia.
nifestação é a perda da consciência, seguida por A correlação entre o quadro clínico e me¬
manifestação de tipo convulsivo ou de outros tabólico é difícil de ser feita. Parece que a
tipos (nesta forma de crise, a descarga inicial rapidez de instalação da alteração bioquímica é
ocorre na região do centrencéfalo); focais, nas muito mais importante que as anormalidades
quais a perda da consciência é fenômeno secun¬ quantitativas específicas.
dário. sucedendo-se às manifestações epilépti¬
cas iniciais ou auras. COMA DIABéTICO
No período pós-convulsivo ocorre fase co¬
matosa: o paciente apresenta-se pálido, com Na fase do pré-coma diabético, os enfer¬
sudorese abundante e viscosa, com respiração mos se encontram extraordinariamente cansa¬
lenta e estertorosa. Posteriormente, e de forma dos e apáticos. Além disso, são característicos
imperceptível, o enfermo entra numa fase de da fase inicial os seguintes sinais e sintomas:
sono profundo, com respiração regular e nor¬ anorexia, sonolência, vómitos, oligúria, sequi-
malização da cor dos tegumentos. dão da pele e mucosas. A instalação do coma é
No estado de mal epiléptico, o doente não progressiva e este, desde que consumado, apre-
recupera a consciência entre as crises. É. pois, senta as seguintes características: hálito cetôni-
uma situação em que realmente se pode falar de co; nariz afilado; globos oculares hipotônicos;
coma epiléptico. pele e mucosas secas; colapso vascular perifé-
Além dos comas de origem neurológica, na rico; respiração de Kussmaul; pupilas midriáti-
prática diária nos defrontamos com comas das cas. O exame neurológico não revela sinais
mais variadas etiologias. focais; o exame dos fundos oculares pode reve-
. lar retinopatia diabética. Os exames de sangue
e de urina revelam hiperglicemia e glicosúria.
COMA URêMICO Também se admite que o coma diabético
depende de uma inibição da atividade enzimá-
Traduz manifestação terminal da insufi¬
tica cerebral.
ciência renal aguda ou crónica. É de instalação
progressiva, dependendo do acúmulo de subs¬
tâncias tóxicas por alteração do mecanismo de COMA HlPOGLICÊMICO
excreção e de desintoxicação, com consequen¬
tes distúrbios hidreletrolíticos. Admite-se que Este tipo de coma se observa, principal¬
o coma depende de distúrbios da atividade en- mente, nos diabéticos tratados com insulina.
zimática cerebral. Geralmente, os doentes percebem os primeiros

147
disartria,
de hipoglicemia, caracterizados por
caracterizada por e,euforia, vertigens
ocasional mente, agitação
sintomas
con mental
sudorese, palpitações, sensação de fome, estados Podem ser encontrados juntos ao
vertiginosos. Estes sintomas podem evoluir num PS'C° restos da droga
ou, então, frascos qUc
crescendo, com presença de irritabilidade, tremo-
en e
a con jn|jam
res, depressão progressiva da consciência e crises comatosa se caracteriza por: incons-
convulsivas. Ao exame neurológico, além de . . profunda; hipotonia muscular com ar.
cienc i
crises convulsivas, é frequente o enconiro do rósea da pÿ, dependenie
sinalIde Babinski uni ou bilateral.
« vasodilataçlo periférica; ausência de ainais
Para se instalar o coma, a glicemia deve focais, Nos comas graves veri-
neuroí
estar abaixo de 60mg%. O encéfalo depende, * superficial, miose, colapso
quase exclusivamente, da oferta constante de # congestao pu|monar bibasa|
glicose que o organismo lhe proporciona, sendo ncefa|ograma, nas intoxicações graves.
paiticularmente suscetível à hipoglicemia. A evidenciar um traçado isoelétrico.
hipoglicemia acentuada provoca sérios distúr-
bios no mecanismo de fixaçao do oxigen.o na
Na Zx** de intoxicação ba,
„s0 dc derivados do 6 pio_ de

“ rrrru—
provocar comas hipoglicêmicos (adenomas
pancreáticos, insuficiência do lobo anterior da
“«•
aue
*—«-*»*
vem ensom P a.
A morte-, nos comas
barbitúricos, pode so¬

hipófise, doença de Addison). brevir pela intensidade da depressão do sistema


nervoso central, pelas complicações derivadas
do choque ou, ainda, pelas complicações res¬
COMA HEPáTICO
piratórias.
Este tipo de coma costuma ocorrer nas fa¬
ses finais das cirroses ou, então, nas hepatopa- OUTROS COMAS TÓXICOS
tias tóxicas ou infecciosas graves. Na fase pré-
Entre os gases tóxicos que provocam coma,
comatosa, além das manifestações próprias da
tem importância o monóxido de carbono (CO).
enfermidade primitiva (icterícia, hematêmeses,
sufusões hemorrágicas), podem ocorrer tremo¬ Neste tipo de intoxicação, a pele, os lábios e o
ungueal podem apresentar cor vermelho-
res {flapping-tremor) e agitação psicomotora. leito
a respiração costuma ser superficial e as
Na fase de coma não se evidenciam caracterís- cereja,
ticas especiais na esfera neurológica. pupilas apresentam-se midriáticas. Ao exame
neurológico, tem sido comprovada a presença de
A profundidade do coma parece guardar
fasciculações, de mioclonias ou abalos muscu¬
relação com a concentração sangiiinea de amo¬
lares, além de sinal de Babinski uni ou bilateral.
níaco (amónia).
Além dos exames de laboratório (provas de O coma alcoólico ocorre por ocasião de
ingestão maciça de álcool etílico (etanol). O
função hepática, dosagens de bilirrubinas, de¬
terminação do tempo de protrombina, dosagens estado de inconsciência costuma ser precedido
das transaminases, dosagem da amónia), o ele- por uma fase de pré-coma (loquacidade, disar-
trencefalograma pode fornecer subsídios im¬ tria, ataxia, vertigens). É habitual encontrar-se
portantes para o estudo deste tipo de coma. nestes pacientes hálito alcoólico, fácies vultuo¬
sa, conjuntivas congestas, pele fria, pálida e
úmida. Os sinais neurológicos, como nos co¬
COMA BARBITúRICO
mas tóxicos e metabólicos, são escassos e se
A instalação do coma pode ser rápida ou ser limitam a uma diminuição ou abolição do tono
precedida por período prodrômico, dependendo muscular e dos reflexos profundos. Os sinais
do tipo de barbitúrico ingerido (droga, de ação neurovegetativos costumam estar presentes
rápida, intermediária ou lenta). É frequente que (hipotermia; nos comas profundos pode ocorrer
preceda o coma uma fase de breve duração, choque).

148
Observação Neurológica

Data Observação N° Manobras deficitárias:


Nome
Idade Sexo Cor
Registro N° - prova dos braços estendidos
Estado civil Profissão - manobra de Raimiste
Naturalidade Procedência Residência - manobra de Mingazzini
Admissão Alta Examinador - manobra de Barré
-outras manobras
ANAMNESE Coordenação motora:
- prova índex-nariz
Queixa e duração - índex-índex
História da moléstia atual - calcanhar-joelho
Interrogatório sobre diferentes aparelhos - de Stewart-Holmes
Hábitos e vícios - da oposição do polegar com os de¬
Antecedentes pessoais mais dedos
Antecedentes familiares - provas gráficas (juntar amostras)
- ato de abotoar-se e desabotoar-se
EXAME FÍSICO
- diadococinesia
Geral MOTILIDADE AUTOMáTICA
Especial (exame físico dos diferentes apa-
relhos) Marcha

MOTILIDADE INVOLUNTÁRIA
EXAME NEUROLÓGICO
Hipercinesias (movimentos involuntários)
Fácies e atitude
Reflexos profundos:
- estilorradial
SISTEMA MUSCULAR E FUNÇÕES - cubitopronador
MOTORAS - bicipital
- tricipital
- patelar
MOTILIDADE VOLUNTÁRIA
- aquileu
Execução de movimentos ativos - oro-orbicular
Força muscular - orbicular das pálpebras
149
SENSIBILIDADE
- massetérico
Reflexos superficiais:
- cutâneo-abdominais SUPERFICIAL
-_ Térmica
- cutâneo-plantar
- cremastérico
Outros reflexos e sinais:
Tátil
(frio, calor)
-- reflexo palmomentual
sinal de Hoffmann
„ Dolorosa
- sinal de Wartenberg
- sinal de Babinski e sucedâneos PROFUNDA
- sinal de Rossolimo
- sinal de Mendel-Bechterew . Artrestésica
- reflexo de preensão forçada {grasping) Vibratória
- reflexo de perseguição (groping )
Dolorosa
- clono (pé, rótula, mão) Barestésica
- sinais de automatismo medular
- sincinesias
- sinal de Trousseau
OUTRAS FORMAS
- de Chvostek
sinal
I Reflexos tônicos de postura:
Estereognósica
i
I - gerais Grafestésica
- segmentares Topognósica
Tono Muscular Discriminação tátil
Duplo estímulo (fenômeno da extinção)
Inspeção
Palpação
Percussão TROFISMO
Movimentação passiva
Balanço passivo das articulações Pele e anexos
Manobra do rechaço Ossos e articulações
Rotação passiva do tronco Músculos (inspeção, palpação, mensuração)

Equilíbrio
SISTEMA NEUROVEGETATIVO
Na posição sentada
Em pé Vasomotricidade
Sinal de Romberg Sudorese
Sinal de Romberg sensibilizado Pilomotricidade
Bexiga
Sinais Meningorradiculares Reto
Rigidez de nuca Genital
Sinal de Kernig
- Lasègue NERVOS PERIFÉRICOS
- Brudzinski
- Lhermitte Inspeção
Outros sinais
Palpação
150
FUNÇÕES PSÍQUICAS
PSICOMOTORAS
PSICOSSENSORIAIS —— III, IV, VI
— OCULOMOTORES

Diplopia (horizontal, vertical)


Fenda palpebral (ptose completa, incom¬
pleta)
ESTADO PSÍQUICO
Estrabismos
Nível de consciência (consciência conser- Desvios conjugados
vada, torpor, coma superficial, coma profundo,
coma dépassé)
Faculdades intelectuais (orientação, cálcu-
lo, memória recente e remota, julgamento)

Motilidade ocular
Exo enoftalmo
Pupila: forma, tamanho, reflexo fotomotor
direto e consensual, reflexo da acomodação-
Humor (tensão, hostilidade, depressão, eu¬ convergência
foria, negativismo, atitudes explosivas, perda
da autocrítica, mória)
Pensamentos (cenestopatias, idéias fixas,
ilusões, alucinações)
V
— TRIGêMEO
Sensibilidade (subjetiva, objetiva)
Reflexo corneano
DISTúRBIOS DA COMUNICAçãO Motilidade voluntária
Fasciculações
Linguagem (percepção, expressão, leitura,
escrita)
Fala VII
— FACIAL

Motilidade
.

GNOSIAS Sensibilidade gustativa


1
Agnosias
Esquema corporal VIII
— ACúSTICOVESTIBULAR
Lado dominante (destrismo, sinistrismo,
ambidestrismo)
-

Acústico: zumbidos
hipacusia
- anacusia (unilateral, bilateral)
PRAXIAS —
Vestibular: vertigem
- nistagmo
Apraxias - sinal de Romberg
Perseverações - desvio dos membros
- marcha
NERVOS CRANIANOS - provas calóricas

— OLFATóRIO IX, X
— GLOSSOFARíNGEO E VAGO
Motilidade: úvula, palato, deglutição, fo¬
II
— ÓPTICO

Acuidade visual
nação

Sensibilidade: gustativa (terço posterior
da língua)
Campos visuais
Fundos oculares
— geral (faringe)
Reflexo velopalatino

151
-I

I OBSEKVAÇOES
:
*

4
XI
— ESPINAL

Motilidade: estemoclidomastókleo. WPÿi0 SUM VR10 n«s


«ADOS POSITIVos

EXAMES COMPLEMENTARES
xll_„re„»»
M4W«ncoS,»D,6»,co
Motilidade da língua ETIOLÓGICO
Atrofia da língua OlAGNÓSTICO
Fasciculações da língua

a
I
i

I
1

152
índice Remissivo

A para vestir-se, 110


Argyll-Ròbertson
Acropatias ulccromutilantes, 91 sina] de, 86
Acuidade visual, 115 Assimbolia tátil, 82
Adenoma de face Ataxia
exame ffsico, 11 cerebelar, 39
Adie sensitiva, 22
sfndromede, 121 Atrofia miogênica, 92
Afasia, 105 Atrofia neurogênica, 93
amnésica, 106 Audiometria, 130
centros de linguagem, 105 1
Austregésilo-Esposel
de Broca, 106 sinal de, 54
de expressão, 106
de percepção, 106
total, 106 B
de Wemicke, 106 *
Agnosias, 109 Babinski
assomatognosia, 109 pseudo-sinal de, 54
auditivas, 109 sinal de, 54
autopognosia, 110 Babinski-Weill
musical, 109 marcha em estrela de, 23
prosopagnosia, 109 Balismo, 41
somatognosia, 109 Barré
táteis, 109 manobra de, 35
Amaurose, 115 Basedow
Ambliopia, 115 doença de, 121
Amiotrofias neurogênicas, 93. Benedikt
Anacusias, 130 síndrome de, 68
Bradilalia, 104
Anamnese, 3, 150
Bradpnéia
Anisocoria, 121
Anosmia, 114
em coma, 143
Brudzinski
Antecedentes familiares, 9 sinal de, 65
Antecedentes pessoais, 8
exame físico, 11
Apert C
doença de, 12
Apraxias, 1 10 Cacciapuoti
bucolinguofacial, 111 manobra de, 57
construtiva, 111 Cacosmia, 114
ideativa, 11 1 Cãibras, 44
ideomotora, 11 1 Campimetria, 115
da marcha, 111 Campo visual, 115

155

J
Corti
alteração do, 115 órgão de, 129
Cefaléia Creu tzfedt-Jakob
anamnese,4 doença de
da hipertensão intracraniana, 4 e deficiência intelectual, 100
da hipotensão intracraniana, 4 e mioclonias, 42
histamínica, 4 Crises oculógiras, 43
nas meningites, 4 Crises uncinadas, 1 14
miogênicas, 5 Crouzon
Cerebelo, 37 doença de, 1 8
Charcot Cushing
junta de, 89 fácies de, 18
Charcol-Marie
doença de, 44, 94
Cheyne-Stokes D
ritmo de, 143
Choro e riso espasmódicos Deficiência intelectual. 100
e anamnese, 8 Degeneração espinocerebelar
Clutter, 104 e anamnese, 4
Coma, 141 Déjerine-Roussy
anamnese, 141 síndrome de, 68
dos acidentes vasculares cerebrais, 146 Déjerine-Sottas
barbitúrico, 148 doença de, 44
cams, 144 Delírio alucinatório. 99
dépassé, 143, 144, 145 Desorientação temporoespacial, 99
diabético, 146 Desvios oculocefalógiros, 143
epiléptico, 147 Diabetes mellitus
evolução, 145 exame físico, 11
exame neurológico, 143 ecoma, 147
exame do paciente em coma, 142 Diplopia, 1 18
exames complementares, 145 Disartrias, 103
formas clínicas, 145 Disfonias, 103
função respiratória, 142 Dislalias, 103
funções vegetativas, 142 Dislexia, 104
grau e intensidade do, 144 Dissinergia cerebelar mioclônica
da hipertensão intracraniana, 146 e mioclonias, 42
hepático, 148 Distonia de torção, 43
hipoglicêmico, 147 Distrofia muscular progressiva, 74
dos processos infecciosos do SNC e seus e anamnese, 4
envoltórios. 146 Distrofia miotônica de Steinert
profundo, 144 e anamnese, 4
regulação térmica, 142 Distúrbios da audição, 1 30
síndromes comatosas, 141 Distúrbios da comunicação através da fala e linguagem,
superficial, 144 103
dos traumatismos cranioencefálicos, 145 da fala, 103
tóxico, 148 do ritmo, 104
urêmico, 147 Distúrbio dos esfTncteres
vegetativo, 144 e anamnese, 7
vigil, 144 Distúrbios da fala, 103
Confusão mental, 99 Distúrbios do humor, 100
Convulsões, 46 Distúrbios paroxísticos, 100
focais, 46 Distúrbios do sono
e mioclonias, 42 e anamnese, 7
Coordenação, 37 Distúrbios visuais, 7
alterações da, 39 e anamnese, 7
exploração, 37 Doença de Apert
prova braços estendidos, 38 exame físico, 12
prova calcanhar-joelho, 38 Doença de Basedow, 121
provas gráficas, 38 Doença de Charcot-Marie, 44, 94
prova índex-nariz, 38 Doença de Crentzfeldt-Jakob, 100
prova dos movimentos alternativos, 38 Doença de Crouzon
prova de Stewart-Holmes, 38 fácies da, 18

156
*
I

noençadcDéjerine-Sottas,99 F
i
Panças musculares, 19
muscular da infância,
I hipotonia 19 Fácies, 17
i neuropatias periféricas, 20
amfmica, 17
Doença de Parkinson de Cushing, 18
c anamnese, 4 figée, 17
fácies da, 17 de Hutchinson, 17
Doença de Sturge-Weber wilsoniana, 17
fácies da, 17 Fasciculações, 44
Dor Feixes nervosos da sensibilidade, 79
t c anamnese, 5 espinocerebelar, 79
na neuralgia herpética, 5 espinotalâmico anterior, 79
na neuralgia occipital, 5 talamocorticais, 79
radicular, 5 trigeminotalâmico, 79
Dreamy state, 100 Foster-Kennedy
Duchenne síndromede, 137
miopatia pseudo-hipertrófica de, 74 Foville, sfndrome de
peduncular, 68
protuberancial superior, 68
E Froment
prova dojomal de, 73
Edema de papila Fundo de olho, 116
e anamnese, 7
Encefalite letárgica
e mioclonias, 42 G
Enxaqueca
Gagueira, 104
e anamnese, 4
Gânglio esfenopalatino
! Epilepsia síndromede, 123
e anamnese, 4 Garcin
ecoma, 147
síndromede, 138
e convulsões, 46 Gasser
e estados convulsivos, 6 gânglio de, 123, 124, 125
Equilíbrio, 25 Gerstmann
dinâmico, 25 síndromede, 110
estático, 25 Guillain-Barré
Escaras de decúbito, 89 sfndrome de, 3, 71
Esclerose lateral amiotrófica Glossy skin, 89
e anamnese, 4 Gowers
Escotoma, 115 sinal de, 66
e anamnese, 7 Gradenigo
central, 1 15 síndromede, 125
fisiológico, 115
patológicos, 1 1 5
positivos, 115 H
Espasmo
Hemianopsia, 115
facial, 43
binasal, 116
da tetania, 43 bitemporal, 116
tetânico, 43
homónimas, 1 16
Estado mental, 99 Hemiatrofia facial, 17
Estrabismo, 1 18 Hemiplegia, 67
Exames complementares, 152 alternas, 68
Exame físico, 11, 149 bulbares, 69
dos diferentes aparelhos, 12, 149 capsular, 67
Exame neurológico, 15, 146 cortical, 67
atitude, 18 espinal, 69
fácies, 17 pedunculares, 68
Exame oftalmoscópico, 1 16 protuberanciais, 68
Exoftalmo, 121 subcortical, 67
bilateral, 122 talâmica, 68
unilateral, 121, 122 Hiloagnosia, 82
pulsátil, 121 Hiperacusia, 130

157
M
Hipersônta plntUnr, 89
e anamnese, 7 Mol pcrÿirunie1 i, 14
Hipertelorismo, 18 Miinohiis o pnivai
14, 1.1
de Horn». OHWiulldot,
Hipcrtomas, 61, 62 M, 18
Hipoacusia, 130 do* bruços
dc Catvlapuoil,17
Hiposmia, 1 14
Hipotomas, 61 prova caIcanhur-Jntlho, 18
cemrais, 61
provas >íi mica», 18
pcnféiicas, 61 provo índox-narla. 18
Histeria, 21 dcJcndrasslk.48
do 73
Hoffmann do Jornal
sinal de, SO dc Minga/rlul. 34
de Kulmlsio, 14
prova dc Stewurt- Holmes, JH
I Marcha, 21
nus nfecçfle» extrnplrnmklnlx, 23
Ictiose, 89 nas alecçõcs piramidais, 21
Incontinência emocional, 100 nnscrinn, 24
aláxica, 22, 21
ataxoespástlca. 24
J ccifunic, 24
na doença de Parkinson, 21
Jcndrassik cscarvnntc. 21, 71, 87,
manobra de, 48 espástico, 22
cm estrela de Babinxki-Wcill, 21
K histérica, 24
nas miopatias, 24
Kcmig observação neurológico da, 149
sinal de, 65 patético, 23
Khppel-Wcil Medula espinal, 96
síndrome de secçflo medular completa. 86
exame físico, 1 1 síndrome do cone mcdulur, 86
Kugelberg-Welander síndrome da hemissecçAo medular, 86
doença de, 44 Miastenia grave, 76
Micçáo
distúrbios da
L e anamnese, 7
Micrografia. 105
Labirintopatias, 131 Midríasc unilateral, 121
Landouzy-Déjerine Millard-Glubcr
miopatia do tipo facioscapulumeral de, 75 síndrome de, 69
Laségue Mingazzini
sinal de, 66 manobra de, 34
Lei da localização, 47 Minor
Lesões prova de, 95
cxtrapiramidais, 21 Mioclonias, 42
piramidais, 2 1 de ação e de atitude, 42
tronco encefálico, 2 1 complexa, 42
vestibulocercbclares, 21 elementar, 42
Letargia maciças, 42
e anamnese, 7 velopalatinas, 42
Leyden-Moebius Miopatias
miopatia de, 75 das cinturas, 75
Lhcrmitte de Leyden-Moebius, 75
sinal de, 66 do tipo facioscapulumeral de
Lipotimia Landozy-Déjcrine, 75
em anamnese, 3 pseudo-hipertrófica de Duchennc, 74
Little Miosites, 75
doença de, 69 Miotonias, 75
Louis Bar Moléstia
ataxia-tcleangiectasiade,! 1 de Charcot-Maric, 3

158
*

I vk> Friedreich, 3
jt> von Recklinghausen observaçflo neurológica do, 152
exame físico, 11 facial, 125
í de Sturge-Weber observaçflo neurológica do, 151
exame físico, 1 1 femoral, 33
frfinico, 32
I SMtvvAgiKVXt». W glossofarfngeo, 132
VM*I00 distúrbios do, 133
.VM'*" neuralgia do, 133
panarício analgésico de, 89 observaçflo neurológica do, 151
Mjqoneufôtuos» 28, 29 hipoglosso, 135
XMfKHl** automática. 28
observaçflo neurológica, 149
paralisia labioglossolarfngea,
135
observaçflo neurológica do, 1 52
MotnoKl** voluntária, 27, 31 flio-hipogflstrico, 33
torça muscular, 31 intercostais, 33
manobras deficitárias, 34 mediano, 32
movimentos ativos, 3 1 lesões de troncos nervosos, 72
» observação neurológica, 149 motor ocular comum, 1 1 7
Movimentos involuntários anormais, 41 musculocutãneo, 32
atetótteos, 41 obturatório, 33
halismos, 41 occipital de Arnold, 5
cãibras. 44 oculomotores, 1 17
convulsões, 46 abducente, 1 17
coréteos, 41 motor ocular comum, 11 7
crises oculógiras, 43 observação neurológica do, 151
distonia de torção, 43 troclear, 1 17
espasmas. 43 •olfatório, 1 13
fasciculações, 44 alterações, 1 14
l
mioclonias, 42 observação neurológica do, 151
soluços. 43 óptico, 1 14
tiques. 46 alterações dos campos visuais, 115
tremores, 44 atrofias do, 116
Músculos observação neurológica do, 151
funções tróficas e neurovegetativas, 91 peitorais, 32
peroneal comum
i
lesões de troncos nervosos, 73
N periféricos
observação neurológica do, 150
Nafíriger radial, 32
sinal de, 66 lesões dos troncos nervosos, 73
Narcolepsia subclávio, 32
e anamnese, 7 subescapular, 32
Negro tibial, 33
fenômeno da roda denteada de, 62 torácico longo, 32
sinal de, 126 torácicos, 33
Neocerebelar, 70 toracodorsal, 32
Neri trigêmeo, 121
sinal de, 66 nevralgia do, 125
Nervos observação neurológica do, 151
abducente. 1 17 troclear, 117
acusticovestibular, 129 ulnar, 33
observaçflo neurológica do, 151 lesões dos troncos nervosos, 72
sistema auditivo, 129 vago, 133
sistema vestibular, 130 observação neurológica do, 151
axilar, 32 Neurinoma do acústico, 130
da cintura pélvica, 33 Neurofibroma
cranianos, 113 exame físico, 11
observação neurológica dos, 1 51 Neurites ópticas
paralisias associadas aos, 137 e anamnese, 7
dorsal da escápula, 32 Nistagmo, 131
espinal, 134 Núcleos
da base, 28
distúrbios do, 134 e tono muscular, 60

159
R
do Peril». 118, 119
aubtulAmicos, 28 Raeder sfndromede, 138
do Luyi, 42
Raimisw
manobra de, 34, 57
O
Oftnlmodlnamomctria, 1 17
Oppcnheim
sinal de, 54, 55
Ossos e articulações sinal dc Brudzinski, 65
ftinçõcs tróficas e neurovegetativas, 91 sinal de Gowers, 66
Osteartropatias neurogênicas, 91 sinal deKemig. 65
sinal deUségue. 66
P sinal de Lhermitte, 66
sinal de Naffziger, 66
Pancoast sinal de Neri. 66
sfndrome dc, 72 sinal de Patrick, 66
Papila Reflexos, 47
edema dc, 117 de acomodação e convergência, 120
PinUlits alterações dos, 52
e annmne.se, 4 aquileu, 51
facial, 127 axiais da face, 48
central, 127, 128 bicipital, 50
complicações da, 128 cervicais de Magnus e de Kleijn, 53
definitiva, 128 classificaçãodos, 47
afriRore, 128 consensual, 120
periférica, 126, 127 comeano, 54
funcionais, 69 costo-abdominal, 51
periódica familiar, 76 cremastéricos, 53
Paraplegia, 69 cubitopronador, 49
Paresias cutâneos, 53
e anamnese, 6 cutâneo-plantar em extensão, 54
Parestesias cutâneo-plantar em flexão, 54
e anamnese, 5 estilorradial, 49
Parosmia, 1 14 exteroceptivos, 47, 53
Parkinson de flexores dos dedos, 50
doença de fotomotor, 120
e anamnese, 4 labirínticos, 48
fácies da, 17 de Landau, 53
marcha na, 23 mandibular, 49
tremor na, 44 dos membros inferiores, 51
Pele e anexos miotáticos, 48
funções tróficas e neurovegetativas, 89 fásicos, 48
Perlia tônicos, 52
núcleo de, 118 de Moro, 53
Polineuropatias periféricas, 73 mucosos, 54
Pott
nasopalpebral, 48
mal de, 19
oculocardíaco, 55‘
Praxias
observação neurológica do, 151 oro-orbicular. 49
palmomentual, 54
Prova dos braços estendidos, 38 patelar, 51
da imagem diplópica, 118
da indicação, 1 31
patológicos, 55
pilomotor, 55
do jornal de Froment, 73
plantar profundo, 51
Rinnc, 129
Weber, 129
policinético, 52
Ptose palpebral, 1 18 polissinápticos, 53
de preensão, 55
Pupila
alteração da motricidade da, 121 proprioceptivos, 48
e tono muscular, 60
estudo da, 119
pupilotonia, fenômeno da, 121
tricipital. 50
velopalatino, 55

160
Yisccfoccpdvos, 47, 55
do cone medular, 86
vivos. 52
de Cushing
mação maciça de. 55 fácies da, 18
de Déjerine-Roussy, 68
demencial, 101
de decorticaçSo. 21 da encruzilhada petrosfenoidal, 137
de descercbração, 21 do epfcone, 87
R*«* do espaço retroparotidiano, 138
pcova de. 129 extrapiramidal, 70
da fenda esfenoidal, 137
í s»nal de, 25. 26. 37 de Foster-Kennedy, 137
do forame rasgado posterior, 138
de Foville
$ peduncular, 68
protuberancial superior, 68
sanai de, 54 deGarcin, 138
I sÿASibtltdade, 77 de Gerstmann, 1 10
classifícação da. 77 deGuillain-Barré, 3,71
estercognóstica, 81 de hemissecção medular, 86
exploração da, 79 de Klippel-Weil
observação neurológica da, 151 exame físico, 1 1
profunda consciente, 80 Ménière, 130, 131,132
harcstésica, 80 meníngeas, 20
cinéQco- postural, 80 miastênica, 76
de Millard-Gluber, 69
dolorosa à compressão profunda, 81
vias da. 79
miopáticas, 73
motoras centrais, 67
vibratória ou palestésica, 80
motoras periféricas, 70
* profunda inconsciente, vias da, 79 neoestríada, 70
t superficial ou exteroceptiva, 80 neocerebelar, 70 i
tátil, vias da, 79
ombro-mão, 5, 97
térmica, vias da, 78
visceral, 82
exame físico, 11
paleostriada, 70
Sinal Bell. 127
de de Pancoast, 72
de Brudzinski, 65 da parede externa do seio cavernoso, 137 1
f
de Gowers, 66 piramidais, 67
Hoffmann. 50 da ponta anterior da medula, 71
de Kemig, 65 da ponta do rochedo, 137
de Laségue, 66 psicorgânicas, 101
de Lhermitte, 66 dos quatro últimos nervos cranianos, 138
memngorradiculares, 65 radiculares, 71
de Naffziger, 66 inferior, 72
de Negro. 126 média, 72
de Nen. 66 de membros inferiores, 72 :
de Oppcnheim, 54 das raízes ventrais, 71
de Patrick, 66 superior, 71
do pote rachado de Raeder, 1 38
exame físico, 11 de Ramsay-Hunt, 126
Romberg. 25, 26, 37 sensitivas, 83
de Schaefer, 54 do cordão anterolateral, 86 <
Smcinesias, 56 cordonal posterior, 86
de coordenação, 56 corticais, 87
global, 57 de dissociação siringomiélica, 84
de imitação, 56 dos nervos periféricos, 83
Síndrome de Adie, 121 radicular posterior, 83
I de Benedikt, 68 do tronco encefálico, 87
da cauda eqilina, 87 talâmica, 87
cerebelar, 70 de Tapia, 138
de Claude Bernard- Homer, 96, 121 do túnel do caipo, 72
fácies da, 18 da ponta do rochedo, 137
comatosas, 141 vestibular harmónica, 131
comissural, 84 de Vogt-Koyanagi

161
de ação, 45
exame físico, 11 asteríxis, 45
de Wallenberg, 87 cinético, 45
de Weber, 68
Siringomielia, 85 flapping tremor, 45
Sistema motor, 27 postural, 44, 45
segmentar da medula, 28 de repouso, 44
Steinert tóxicos, 45
distrofia miotônica de, 75 vibratório, 45
e anamnese, 4 Tronco encefálico
Sturge-Weber lesões do, 21
doença de Túnel do carpo
exame físico, 11 síndrome do, 72
fácies da, 17
Surdez
de condução, 1 29 V
de percepção, 129
Sydenham Vertigem, 131
coréia de. 28, 29, 70 em anamnese, 3
subjetiva, 6
Vogt-Koyanagi
T
síndrome de
Tabes dorsalis, 20, exame físico, 11
e equilíbrio, 25
em síndrome cordonal posterior, 86
Tapia W
síndrome de, 1 38
Wallenberg
Taquilalia, 104
Tetraplegia, 69 síndrome de, 87
Thomsen Weber
doença de, 76 compasso de, 81
Tiques, 46 prova de, 1 29
Tono muscular, 59 Werdnig-Hoffmann
de ação, 59 doença de, 20
alterações do, 61 e fasciculações, 44
exploração do, 60 Wemicke-Mann
hipertonias, 61 atitude de, 21
mecanismo do, 59
de postura, 59
reflexo, 59 Z
de repouso, 59
Tremores, 44 Zumbidos, 130

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Biblioteca do Centro de
Ciências da Saúoe-UFPE
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