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INTRODUÇÃO
Além dos benefícios ambientais e sociais, os projetos sustentáveis são muito atrativos
para o comércio, em especial para o comércio exterior. Sobretudo, esta política torna-se
atrativa para os consumidores (quando as empresas vinculam as ações às suas marcas). Zizek
discorre sobre esse fenômeno e diz que seu aparecimento retrata a introdução de um novo
modelo econômico que ele batiza de capitalismo cultural:
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Índice comparativo usado para classificação do grau de desenvolvimento humano de um país. É composto a
partir dos dados de expectativa de vida (ao nascer), educação e PIB (Produto Interno Bruto) per capita.
Acho que a sociedade liberal precisa do Estado de bem-estar social, primeiro
com relação à legitimidade intelectual: o povo aceitará a aventura capitalista
se houver um mínimo indispensável de segurança social. Acima disso, num
nível mais mecânico, se quisermos que a criatividade destrutiva do
capitalismo funcione, é preciso administrá-la. (FRIEDMAN, apud ZIZEK,
2011. p.34.)
Oliveira e Gouvêa (2010) apontam o interesse, por parte das empresas, em aproveitar
os efeitos do capitalismo cultural. Para eles as empresas são as grandes detentoras dos
recursos financeiros e devem realizar ações sociais, não limitando ao Estado a
responsabilidade pela preservação do bem-estar social.
Por fim, é importante lembrar que, embora exista a tendência das empresas se
dedicarem às ações sociais visando uma melhor apresentação de sua imagem, tal fato não
deve desmerecer tais feitos.
Estudos realizados em cidades brasileiras apontam que as cidades que tem maiores
índices de desmatamento apresentam os piores índices sociais. A causa disso é, por exemplo,
a derrubada das matas para a implantação de agricultura ou pecuária extensiva que diminui a
demanda de mão-de-obra, empobrecendo a população (BARBOSA, 2009. p. única).
SUSTENTABILIDADE GLOBAL
Diante disto, a ONU (liderada por estes países) pressiona os governantes de países que
passam por um processo de crescimento acelerado de industrialização e, por conseqüência,
pelo aumento na emissão de gases causadores do efeito estufa entre outros agentes poluidores.
Uma das cobranças é a adoção de metas para preservar as reservas naturais, difundindo o
conceito de que estes recursos pertencem ao mundo. Há uma visão implícita nesse processo
todo, que é ainda uma forma de manter o liberalismo econômico, órgãos criam selos para
premiarem organizações que atendem a todos os critérios definidos em uma cartilha como se
isso fosse solucionar os problemas ambientais. Bertha Becker nos faz a seguinte observação:
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Situação Social nos Estados – Mato Grosso. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE): Brasília, 2012.
Onde estão as grandes reservas de recursos naturais? Nos países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. E as tecnologias estão no norte.
Há interesse dos desenvolvidos em ampliar o controle sobre esses recursos.
(BECKER, 2012 p.13)
O discurso atual é o da economia verde, conceito que a ONU não conseguiu definir
diretamente e que foi tema de discussão na Rio+20 4, porém trata-se do mercado tomando
conta dos recursos naturais, usando a expressão sustentabilidade global e lançando derivativos
em wallstreet, ou seja, usando um problema para lucrar através da geração de valor. Os
créditos de carbono, por exemplo, vieram como uma solução em curto prazo para questão da
emissão de gases causadores do efeito estufa, as indústrias não precisam parar seu processo de
produção ou reduzir as emissões de gases drasticamente, pois isso iria impactar a economia.
Então, segundo uma equação em que se presume o quanto de gás carbônico será expelido na
atmosfera, o resultado é uma quantidade de árvores que devem ser plantadas para compensar
essa emissão.
Ou seja, um evento que poderia ser um marco nos avanços e soluções que visem o
desenvolvimento sustentável, nada mais é que uma reunião de negócios onde chefes de
estados e lobistas de grandes corporações atuam na defesa dos seus interesses. Verena Gless
(2012), transcreve uma análise de Iara Pietricovsky do Inesc sobre o tema:
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Conferência que deu continuidade à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Rio-92) na qual foi discutida a agenda do desenvolvimento sustentável para as décadas seguintes.
desenvolvidos são os maiores responsáveis pela degradação do meio
ambiente. (PIETRICOVSKY apud GLESS, 2012 p. 28, grifo do autor)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECKER, Bertha. O que causa a perda da estrutura econômica que ai está. Desafios do
Desenvolvimento, Brasília, DF n 72, p 10-17, 2012.
UNESCO. Educação para um futuro sustentável: Uma visão transdisciplinar para ações
compartilhadas. Brasília: Ed. IBAMA, 1999, p. 118.
ZIZEK, Slavoj. Primeiro como tragédia, depois como farsa. Tradução: Maria Beatriz de
Medina. - São Paulo: Boitempo, 2011.