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Natal – RN
2017
ANTONIO VICTOR BARBOSA FERREIRA
Natal – RN
2017
Dedico este trabalho primeiramente a
Deus, o qual nos proporcionou a VIDA e
nos prestigiou com os mais sublimes
encantos da natureza e aos meus
maravilhosos pais.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.
Sistema de Bibliotecas - SISBI.
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do CCSA.
49f.: il.
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
2. ORIGEM DO FEDERALISMO E OS MUNICÍPIOS NA ANTIGUIDADE ........ 3
2.1 EVOLUÇÃO DO ESTADO FEDERADO BRASILEIRO ............................. 6
2.2 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO E SUA
IMPORTÂNCIA PARA O DIREITO PÚBLICO ................................................. 8
3. O MUNICÍPIO COMO ENTE FEDERADO ................................................... 14
3.1 FEDERALISMO COOPERADO .............................................................. 15
3.2 CRIAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO, DESMEMBRAMENTO DOS
MUNICÍPIOS ................................................................................................ 18
3.3 ATRIBUIÇÕES DOS MUNICÍPIOS E ESTRUTURA MÍNIMA ................ 23
4. AUTONOMIA DO MUNICÍPIO BRASILEIRO ............................................. 26
4.1 MUNICIPALISMO ................................................................................... 27
4.2 INTERESSE PÚBLICO LOCAL .............................................................. 30
4.3 CONSEQUÊNCIAS DA “AUTONOMIA” CONFERIDA AOS MUNICÍPIOS
BRASILEIROS ............................................................................................. 34
4.4 INVIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DOS MUNICÍPIOS FACE A
SUA AUTONOMIA E A DEPENDÊNCIA DOS DEMAIS ENTES .................. 37
5. CONCLUSÃO ............................................................................................. 41
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 43
1
1. INTRODUÇÃO
1
HORTA, Raul Machado. Organização Constitucional do Federalismo. Revista de informação
legislativa, v. 22, n. 87, p. 5-22, jul./set. 1985 | Revista da faculdade de direito da Universidade Federal
de Minas Gerais, v. 30, n. 28/29, p. 9-32 de 1985/1986
2
ELALI, André. O Federalismo fiscal Brasileiro, p. 17. São Paulo: MP Editora, 200.
3
PACÍFICO, Andrea Pacheco. OS FEDERALISMOS BRASILEIRO E ESTADUNIDENSE NA
CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA, Revista de Estudos Internacionais (REI), ISSN 2236-4811, Vol. 3
(1), 2012.
4
O federalismo surge com o nobre objetivo de promover esta nova ordem, bem
como de controlar o poder político, pois, via de regra, não era saudável, nem viável,
do ponto de vista político-administrativo permanecer o poder centralizado, afinal,
invariavelmente aquele que detenha o poder abusará dele 7, ou seja, manter o poder
4
James Madison – fundador do então Partido Republicano; Alexander Hamilton - primeiro secretário
do Tesouro dos Estados Unidos; John Jay foi conselheiro de George Washington, presidente dos EUA,
em 1789, e também presidiu a Corte Suprema.
5 “The Federalist Papers”, coletânea de artigos escritos em favor da ratificação, pelos Estados
ConFederados, da Constituição Federalista dos EUA de 1788
6
Entre as confederações da antiguidade, a mais considerável era a das repúblicas gregas, associadas
sob o conselho anfitecnico. Um dos melhores relatos transmitidos desta célebre instituição, apresentou
uma analogia muito instrutiva com a atual Confederação dos Estados Americanos. (tradução livre)
7
Charles de Montesquieu, filósofo, político e escritor francês, baseando-se em John Locke e no filósofo
grego Aristóteles, criou a obra “O Espírito das Leis”, onde apresentando a teoria dos” Três Poderes”,
5
leciona: "É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha o poder tende a abusar dele. Para que não
haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder".
8
KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado, p. 298. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
9
ELALI, 2005, p. 22 apud VELLOSO, Carlos Mário. Estado Federal e Estados Federados nas
Constituição de 1988: do equilíbrio federativo. BDA – Boletim de Direito Administrativo, 1993, p. 290-
310.
10
ELALI, André. O Federalismo fiscal Brasileiro, p. 17. São Paulo: MP Editora, 2000.
6
11
ALVES, Odair Rodrigues. O município: dos romanos a nova república, p 15. São Paulo, Companhia
Editora Nacional, 1986.
12
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 33. 38. ed. São Paulo: Malheiros
7
13
Sobre isso Hely Lopes Meirelles (2013, p. 40) afirma que: Durante os 40 anos em que vigorou a
Constituição de 1891 não houve autonomia municipal no Brasil. O hábito do centralismo, a opressão,
o coronelismo e incultura do povo transformaram os Municípios em feudos de políticos truculentos, que
mandavam e desmandavam nos ‘seus distritos’ de influência [...]. Os prefeitos eram eleitos ou
nomeados ao sabor do governo estadual [...]. As eleições eram de antemão preparadas, arranjadas,
falseadas ao desejo do coronel.
14
Art 7º: Compete privativamente aos Estados: I – decretar a Constituição e as leis por que se devam
reger, respeitados os seguintes princípios: [...] d) autonomia dos Municípios.
15
HORTA, Raul Machado. A autonomia do Estado-Membro no Direito Constitucional Brasileiro, p.201,
Belo Horizonte, Graf. Santa Maria, 1964.
16
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 42. 38. ed. São Paulo: Malheiros
8
dos serviços públicos locais (art. 28, II). Além das rendas exclusivas
do Município (art. 29), a Constituição de 1946 deu lhe participação em
alguns tributos arrecadados pelo Estado e pela União (arts. 15, §§ 2º
e 4º; 20; 21 e 29).
Aqui surgiu uma das principais críticas ao modelo federativo adotado pelo
Brasil, apelidado por diversos autores como “federalismo sui-generis”17, devido à
elevação dos Municípios ao status de ente federativo, até então incomum ao modelo
adotado em outros países, onde tradicionalmente era composto pela União e Estados
membros, o federalismo Brasileiro ficou conhecido como tríplice ou tricotômico18.
17
O termo de origem latina Sui generis significa, literalmente, "de seu próprio gênero", ou seja, "único
em seu gênero." Usa-se como adjetivo para indicar que algo é único, peculiar, incomum, descomunal,
particular, algo que não tem correspondência igual ou mesmo semelhante: uma atividade sui generis,
uma proposta sui generis, um comportamento sui generis.
18
JR, Dirley da Cunha, Curso de direito constitucional. 5ª ed. Salvador. Jus Podivum.
19
PIRES, Maria Colei Simões. Autonomia municipal no Estado Brasileiro. Revista de informação
legislativa, v. 36. abr./jun. 1999
9
20
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Administrativo, 5ª edição, São Paulo: Saraiva, 2001.
21
REIS, Sebastião Alves dos. Uma visão do Direito: Direito Público e Direito Privado. Revista de
Informação Legislativa - Brasília a. 35 n. 137 jan./mar. 1998
10
se considerar múltiplos pontos, partindo de critérios mais gerais para outros mais
específicos.
22
Eneu Domício Ulpiano, foi um jurista Romano. Sua obra influenciou fundamentalmente a evolução
dos direitos romano e bizantino.
23
Doutor em direito administrativo pela UFMG.
11
24
BOTELHO. Louise de Lira Roedel e LAUXEN, Verner Augusto. A IMPORTÂNCIA DA
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA NA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL: UM ESTUDO DE CASO.
Revista Conexão UEPG. Ponta Grossa, volume 10 número2 - jul./nov. 2014.
25
LYRA, Tavares de. Organização Política e Administrativa do Brasil (Colônia, Império e República), p.
16, série 5ª, vol. 202. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 1941.
26
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo, p. 63. 4ª ed. Rio de Janeiro.
GEN – Grupo Editorial Nacional, 2016.
12
27
SOUTO, Marcus Juruena Villela. Principio da descentralização administrativa através da criação de
empresas estatais. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v.87, 1992.
28
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Quatro paradigmas do direito administrativo pós-moderno:
Legitimidade, Finalidade, Eficiência e Resultados. Belo Horizonte: Fórum, 2008. p. 31.
13
29
XAVIER, Gabriela Costa. Novos rumos da administração pública eficiente: participação
administrativa, procedimentalização, consensualismo e as decisões colegiadas, p. 47, Revista TCEMG
abr.|maio|jun. 2014, apud MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo Brasileiro. 22. ed. São Paulo:
Malheiros, 1997. 733 p.
14
Autores como José Afonso da Silva, lecionam, inclusive, que a inserção dos
Municípios como integrantes da indissolúvel Federação Brasileira foi um erro do
legislador, por ferir o modelo federalista dual, nas suas palavras: "o Município é um
componente da Federação, mas não entidade federativa"30, entretanto, esta corrente
é minoritária, sendo contraditada impetuosamente por autores como Hely Lopes
Meirelles31 e Paulo Bonavides, sob a bandeira de que a simples expressão positiva
do constituinte não pode ser entendida como mera abstração, passível de discussão,
vez que foi apresentada de forma cristalina e inseriu os Municípios como entes
federativos, vejamos:
30
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 101. 23 ed. São Paulo. Malheiros,
2004.
31
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 46. 38. ed. São Paulo. Malheiros.
32
ARAUJO, Luiz Alberto David, NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional, p.
297. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
15
Com bem observa Wilson Francisco Domingues 34, da simples análise dos
dispositivos constitucionais pode-se extrair que não se tratou de um erro e sim da
vontade legítima em tornar os Municípios entes integrantes da República Federativa
do Brasil possuindo legitimidade para eleger seus representantes e legislar sobre sua
auto-organização, sobre assuntos de interesse local, bem como sobre todas as
demais competências previstas nos incs. I, II, III, IV, VIII e IX do art. 30 da Constituição
Federal de 1988.
33
SILVA, José Afonso da: Curso de direito constitucional positivo. 30. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
34
DOMINGUES, Wilson Francisco. A EVOLUÇÃO DOS MUNICÍPIOS NAS CONSTITUIÇÕES
BRASILEIRAS SOB A PERSPECTIVA DE SUA AUTONOMIA. XXIV CONGRESSO NACIONAL DO
CONPEDI - UFMG/FUMEC /DOM HELDER CÂMARA TEORIA E FILOSOFIA DO ESTADO. 2015.
16
35
A Constituição de Weimar representa o auge da crise do Estado Liberal do século XVIII e a ascensão
do Estado Social do século XX. Foi o marco do movimento constitucionalista que consagrou direitos
sociais, de segunda geração/dimensão (relativos às relações de produção e de trabalho, à educação,
à cultura, à previdência) e reorganizou o Estado em função da Sociedade e não mais do indivíduo.
36
SANTOS, Ronaldo Alencar dos e ANDRADE, Priscilla Lopes. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
FEDERALISMO BRASILEIRO: Uma análise histórico-sociológica a partir das Constituições Federais.
17
Ocorre que, tal integração, embora pareça ter uma gênese compreensível e
consideravelmente eficaz, na prática não se mostra diligente, afinal, vê-se cada vez
mais acirradas as disparidades entre os entes, notadamente quanto aos Municípios,
conforme aponta Daury Cesar Fabriz38:
37
GONDAR, Anelise Freitas Pereira. Limites e Possibilidades do Federalismo Cooperativo: Uma
Análise da Alemanha e do Brasil, p. 27. 2011. Dissertação de Mestrado. PUC/RJ, Rio de Janeiro, 2011.
38
Federalismo, municipalismo e direitos humanos. Revista do tribunal de contas DO ESTADO de minas
gerais outubro | novembro | dezembro 2010 | v. 77 — n. 4 — ano XXVIII.
39
SANTOS, Ronaldo Alencar dos e ANDRADE, Priscilla Lopes. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
FEDERALISMO BRASILEIRO: Uma análise histórico-sociológica a partir das Constituições Federais,
p. 19.
18
Acosta-se então a carta magna de 1988, aquela que seria responsável por
elevar, de uma vez por todas, os Municípios Brasileiros a condição de entes
integrantes da República Federativa do Brasil, bem como adotar o modelo cooperado
de Federação, ampliando exponencialmente as competências comuns e
concorrentes, a fim de fomentar a atuação conjunta dos entes.
40
BARROSO, Luis Roberto. Direito Constitucional Brasileiro: o problema da Federação, p.47. Rio de
janeiro: Forense, 1982.
41
Redação original do artigo 18, §4º da CF/88.
19
Até o início dos anos 1990 o Brasil tinha cerca de 4.491 Municípios, já na
realização do censo de 2000, o número de Municípios foi de 5.507, em 2010 este
número aumentou em apenas 65 novos Municípios44, ou seja, após a emenda
constitucional nº 15/1996 nota-se um claro decréscimo na criação de novos
Municípios, fruto das novas exigências.
42
Cristina Thedim Brandt é Bacharel em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-RJ) e Mestre em Economia pela London School of Economics and Political Science (LSE,
Londres, Inglaterra). É Consultora Legislativa do Senado Federal na área de.
43
Economia - A criação de Municípios após a Constituição de 1988 - O impacto sobre a repartição do
FPM e a Emenda Constitucional no 15, de 1996. Brasília a. 47 n. 187 jul./set. 2010.
44
FONTE: IBGE, Censo demográfico 1950/2010.
20
critérios objetivos de viabilidade, seja financeira ou até mesmo social, com um único
objetivo, o eleitoreiro.
45
ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade.
21
Contudo, como bem sabemos, mesmo assim foram criados novos entes
municipais por meio de leis estaduais, sendo, invariavelmente, reconhecida a sua
inconstitucionalidade pelo STF no ano de 2000, todavia, em que pese o
reconhecimento, não houve a prolação de sua declaração, em prol da razoabilidade,
sopesando assim os impactos decorrentes da decisão, nessa esteira é importante
citar os argumentos utilizados pelo então ministro Eros Grau46, vejamos:
46
No julgamento da AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 2.240-7, que pleiteou a
declaração de inconstitucionalidade da Lei n. 7.619, de 30 de março de 2000, do Estado da Bahia, que
criou o município de Luís Eduardo Magalhães.
22
47
AS EMANCIPAÇÕES DE MUNICÍPIOS NO PERÍODO DE 1996 A 2006 - Estudos Técnicos CNM –
Volume 1.
48
MAGALHÃES, João Carlos. Dinâmica dos Municípios: EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-
ADMINISTRATIVA DE MUNICÍPIOS NO BRASIL. p. 21, Brasília, Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada – ipea 2007.
23
sem contar com servidores para os serviços básicos de saúde, educação, transporte
e segurança, nada mais do que obrigações previstas constitucionalmente.
Já a Auto legislação assegura aos Municípios legislar (artigo 32, § 1º, CF)
sobre temas específicos ou, na ausência de determinação em contrário, em matéria
residual, conforme disposto anteriormente no tópico das atribuições e estrutura
mínima dos Municípios. Em terceiro lugar o autogoverno (artigo 32, § 2º, CF) que nada
mais é senão a capacidade de eleger prefeito, vice e vereadores.
50
Ministro Celso de Mello, quando do seu voto na ADI 980-DF.
27
Essa é uma tese equivocada, que parte de premissas que não podem
levar à conclusão pretendida. Não é porque uma entidade territorial
tenha autonomia político-constitucional que necessariamente
integre o conceito de entidade federativa. Nem o Município é
essencial ao conceito de Federação Brasileira. Não existe
Federação de Municípios. Existe Federação de Estados. Estes é
que são essenciais ao conceito de qualquer Federação. 51
51
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 2007,
p. 474-475.
52
MIRANDA, Pontes de. Comentários à Constituição de 1967 com a emenda nº1. T. II, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1973. p. 345
53
MEIRELELES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro, 2008, p. 47
28
4.1 MUNICIPALISMO
54
Federalismo, municipalismo e direitos humanos. Revista do tribunal de contas DO ESTADO de minas
gerais outubro | novembro | dezembro 2010 | v. 77 — n. 4 — ano XXVIII.
29
tendo em vista a situação de penúria sem fim em que vivem a maioria dos Municípios
Brasileiros.
55
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, Enxada e Voto. São Paulo: Alfa Ômega, 1976.
56
“[...] merece destaque que em alguns países programas bem conduzidos de descentralização têm
auxiliado na manutenção de políticas macroeconômicas estáveis dados os ganhos de responsabilidade
e de eficiência na gestão dos recursos que pode ser alcançada nestas experiências. Não se pode dizer
que países como a Suíça e Canadá tenham graves problemas macroeconômicos em função de sua
elevada descentralização.” Amaury Ptrick Gremaud e Rudinei Toneto Jr.
30
Definir interesse público local não é uma tarefa simples, embora pareça. Em
linhas gerais o vocábulo “local” remete a localidade, da terra, no entanto, ainda assim
parece um tanto vago, como bem observa Vladimir da Rocha França 58:
57
Parafraseando Aristides da Silveira Lobo,
jurista, político e jornalista republicano e abolicionista Brasileiro, ao tempo do Império.
58
FRANÇA, Vladimir da Rocha. Notas sobre o conceito de interesse local no Federalismo Brasileiro.
Direito do Estado. Ano 2016.
59
CF/88: Art. 30. Compete aos Municípios: I – Legislar sobre assuntos de interesse local;
31
Embora tenhamos agora uma noção mais apurada do que seria o interesse
local, ainda assim o assunto demonstra-se revestido de possíveis entraves, como se
observa da análise da ADI 2.077/Bahia, onde se discutiu o conceito de interesse local
atrelado meramente ao espaço físico do município, ferido por norma emanada pelo
Estado e posteriormente declarada, inconstitucional.
60
Em consonância com Hely Lopes Meirelles que explica: "o interesse local se caracteriza pela
predominância e não pela exclusividade do interesse para o município, em relação ao do Estado e da
União. Isso porque não há assunto municipal que não seja reflexamente de interesse estadual e
nacional. A diferença é apenas de grau, e não de substância." MEIRELLES, Hely Lopes. Direito
administrativo Brasileiro. p. 121.
61
Ação ajuizada pelo PT – Partiddo dos Trabalhadores argüindo a inconstitucionalidade do inciso V do
art. 59; do art. 228; e § 1o, do art. 230; e do inciso VI do art. 238, todos da Constituição do Estado da
Bahia, com a redação que lhes deu a Emenda Constitucional n º 7, de 19 de janeiro de 1999.
32
62
CF/88 - Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição. § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar,
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos
de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas
de interesse comum.
63
AFONSO DA SILVA, José. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros,
2004. p. 646
33
64
Consulta prévia sobre questão específica, feita diretamente ao povo, geralmente por meio de votação
do tipo sim ou não.
65
FILHO, Tarcísio Henriques. Regiões metropolitanas e autonomia dos Municípios, rda – revista de
Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 264, p. 135-159, set/dez. 2013.
66
BREMAEKER, François E. J. O MUNICÍPIO COMO ENTE GOVERNAMENTAL AUTÔNOMO, Rio de
Janeiro – junho de 2004
34
67
FRANÇA, Vladimir da Rocha. Notas sobre o conceito de interesse local no Federalismo Brasileiro.
Direito do Estado. Ano 2016.
68
GLADE, William. A complementaridade entre a reestruturação econômica e a reconstrução do Estado
na América Latina – REFORMA DO ESTADO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL. 7ª Ed. Rio
de Janeiro. Editora FGV, 2006, p. 130.
35
69
Dados do Anuário Multi cidades – Finanças dos Municípios do Brasil, ano 11, 2016. Elaborado pela
FNP – Frente Nacional de Prefeitos.
70
“Per capita” é uma expressão latina que significa "por cabeça". Ela é frequentemente empregada no
campo da estatística para indicar uma média por pessoa de um dado valor.
36
A crítica que se faz é que o FPM deveria ser uma forma de integração entre
os entes Federados, afinal o Brasil adota o modelo baseado na cooperação entre os
entes, acabou por se tornar uma verdadeira “mesada” aos Municípios, não é preciso
grande esforço para notar isso, basta acompanhar o calvário que muitos Municípios
passam quando o FPM atrasa, os serviços básicos desaceleram, a máquina pública
para e as consequências são catastróficas.
71
Extraído do sítio deepask.com.
72
Dados extraídos do sítio oficial do Fundo Nacional de Saúde.
37
O que se critica aqui não é o modelo federativo como forma de estado e sim
a forma como foi concebido no Brasil, a maneira como novos Municípios foram
criados, com puro objetivo de formação de currais eleitorais, sem a mínima condição
de subsistir, caracterizando-se como real peso morto em um modelo que deveria
funcionar em plena sinergia, de maneira equilibrada, sem onerar em demasia um ente
em detrimento de outro, coaduna Vladimir da Rocha França74.
73
Conforme disposição legal (Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990)
74
FRANÇA, Vladimir da Rocha. Municipalismo, doença infantil do Federalismo Brasileiro. O Coyote,
Natal, 07 jun. 2015.
38
Ocorre que não é isso o que acontece, não na maioria dos Municípios
Brasileiros, seja por ineficiência dos seus gestores, seja por dificuldades que
realmente impactam na arrecadação dos tributos, como o baixo desenvolvimento
urbano, por exemplo.
Críticos do atual pacto federativo Brasileiro, por sua vez, apontam como
gênese dos problemas relacionados as finanças municipais a pouca expressividade
dos tributos de competência direta dos Municípios em contraste a vasta competência
da união e dos estados, compartilhando desta crítica os ferrenhos defensores do
Municipalismo.
75
TRISTÃO, José Américo Martelli. A Administração Tributária dos Municípios Brasileiros, tese de
doutorado em administração apresentada à FGV/EAESP. São Paulo, p. 172.
76
Dados do Tesouro Nacional. 2017.
77
Projeção do IBGE para 2017.
40
Analisando o gráfico desta maneira não parece que o estado do Rio Grande
do Norte possui tantas municipalidades de pouca expressividade populacional, no
entanto, considerando as informações de outra perspectiva temos que: dos 167
Municípios integrantes do estado, 126 não possuem sequer 13.000 habitantes, ou
seja, mais de 75%, nota-se com facilidade a desnecessidade e o consequente peso
morto de muitas destas municipalidades.
78
Dados de 2004.
41
apenas 0,6% dos Municípios Brasileiros, aqueles com mais de 500 mil habitantes, são
responsáveis por mais de 60% da arrecadação tributária nacional, enquanto que
pouco mais de 25% dos Municípios, com até 5 mil habitantes, contribuem com apenas
0,7%, ou seja, é clara a discrepância entre as arrecadações.
42
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Odair Rodrigues. O município: dos romanos a nova república. São Paulo,
Companhia Editora Nacional, 1986.
ARAUJO, Luiz Alberto David, NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito
Constitucional. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
Dados do Anuário Multi cidades – Finanças dos Municípios do Brasil, ano 11, 2016.
Elaborado pela FNP – Frente Nacional de Prefeitos. Acesso em 09.11.2017,
disponível em
http://multimidia.fnp.org.br/biblioteca/publicacoes/item/download/319_033d3867198e
40deafcfa4b5354ee13d
JR, Dirley da Cunha, Curso de direito constitucional. 5ª ed. Salvador. Jus Podivum,
2011.
KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado. São Paulo: Martins Fontes,
1990.
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, Enxada e Voto. São Paulo: Alfa Ômega, 1976.
https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/5541/2946, acesso em
20.09.2017.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 38. ed. São Paulo:
Malheiros, 2012.
MEIRELELES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro. 16. ed. São Paulo:
Malheiros, 2008.
REIS, Sebastião Alves dos. Uma visão do Direito: Direito Público e Direito Privado.
Revista de Informação Legislativa - Brasília a. 35 n. 137 jan./mar. 1998, disponível em
http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/332/r137-06.pdf?sequence=4
acesso em 13.11.2017.
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=a424ed4bd3a7d6ae, acesso em
06.09.2017.
SERRANO, Pedro Estevam Alves Pinto. O Regime Constitucional da região
metropolitana. Tese de doutorado apresentada na Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, 2009, disponível em https://tede.pucsp.br/handle/handle/8665 , acesso
em 21.09.2017.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 28. ed. São
Paulo: Malheiros, 2007.
SILVA, José Afonso da: Curso de direito constitucional positivo. 30. ed. São Paulo:
Malheiros, 2008.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23 ed. São
Paulo. Malheiros, 2004.