Vous êtes sur la page 1sur 18

AULA 3

LEGISLAÇÃO EM SAÚDE DO
TRABALHADOR

Prof. Gerson Luiz Pontarolli


CONVERSA INICIAL
Seja bem-vindo! Na aula de hoje, vamos falar e entender o que vem a ser
a hierarquia entre normas, passando pelas legislações federal, estadual e
municipal. Revisaremos o que vimos sobre a Constituição Federal em
comparação com leis e atos normativos (decretos, portarias, resoluções).
Também faremos uma abordagem sobre constitucionalismo, normas e leis,
república, federalismo e competência.
Assim sendo, nosso objetivo final é trazer para você uma visão sob o ponto
de vista legal e jurídico sobre os temas em tela.
Bons estudos!
CONTEXTUALIZANDO
No avançar de nosso estudo, conseguiremos entender de forma mais
aprofundada a legislação e sua hierarquia.
Então, lanço um novo desafio para você, aluno. Responda a seguinte
pergunta: será que a legislação atual relativa a enfermagem no sentido mais
amplo possível, seja na esfera federal, estadual ou municipal, está atendendo ao
que determina a Constituição Federal? Se não o faz, como pode estar vigente,
sendo que é, conforme prevê a Carta Magna, nula?
Deixo para que você responda ao final de nossa aula, momento no qual já
terá informações suficientes para que possa refletir. Reforço que sua resposta
deve ter como objeto principal a situação na atualidade.
TEMA 1 – HIERARQUIA DAS LEIS
1.1 Você sabe o significado da palavra hierarquia?
Como de praxe, vamos saber de onde vem a palavra central desta parte do
conteúdo. Vimos que uma grande maioria dos termos derivam do latim, mas a
palavra hierarquia vem do grego hierarchía e refere-se basicamente a ordenação
dos elementos em ordem de importância.
Vemos no dia a dia a famosa hierarquia militar, que tem suas subdivisões
em vários graus, com base no tempo e nas experiências dos militares, iniciando
por soldado até os graus mais elevados, como o de general.
Então, podemos concluir que, quando falarmos em hierarquia das leis,
estamos nos referindo à ordenação delas. No Brasil, temos a hierarquia das leis
como a forma como estão dispostas no ordenamento jurídico, sendo a mais
importante e que está no topo a Constituição Federal, e as outras abaixo dispostas

02
conforme sua importância. Estas, para serem válidas, devem estar de acordo com
o que prevê a norma maior, no caso a Carta Magna.
Você se lembra da pirâmide na qual esquematizamos o assunto? E não foi
por acaso que utilizamos uma pirâmide – você já vai entender o que estamos
falando.
Figura 1 – pirâmide de hierarquia das leis que regem a saúde no Brasil

Você se recorda da referência que fizemos ao autor Hans Kelsen? Ele disse
que a Constituição é uma norma positiva suprema que serve para balizar a criação
de outras normas. Hans Kelsen nasceu em Praga (atual República Checa, mas
então Império Austríaco), no dia 11 de outubro de 1881, e faleceu em Berkeley
(Califórnia – EUA), em 19 de abril de 1973.
Tratou-se de um jurista e filósofo, considerado um dos mais importantes e
influentes estudiosos do direito. Todavia, conforme percebemos, isto já foi há
algum tempo, porém o direito adota até hoje a conhecida pirâmide de Kelsen
quando o assunto é hierarquia entre as normas, motivo pelo qual trouxemos nosso
esquema inicial na forma piramidal.
De outro ponto de vista, também muito importante, trazemos à tona o
constitucionalismo, que indica a soberania (autonomia) de um país, o
ordenamento jurídico deste e a hierarquia das leis.
Já dissemos anteriormente ser a Constituição a lei máxima de um país,
devendo todas as outras leis existentes estarem em conformidade com a Carta

03
Magna. Cria-se um verdadeiro efeito vinculante a o que a Carta Magna
determina.
Então, o que é o constitucionalismo? Observamos que, de uma forma
direta, tem relação com a Constituição, o que nos facilita o entendimento. Dentro
de um conceito mais objetivo, temos como uma verdadeira doutrina, a qual prevê
a necessidade da criação de uma constituição que deve reger a vida de um país,
que é o que vimos até então, ou seja, a existência da Constituição que comanda
e baliza todo o ordenamento jurídico brasileiro.
Em um conceito mais técnico, alguns doutrinadores dizem que o
constitucionalismo é um movimento político, ideológico e jurídico que determinou
os conhecidos princípios que norteiam a organização do Estado bem como a
limitação do poder político dos governos e governantes.
De acordo com Vasconcelos e Ferraz, o surgimento de um estado de direito
teve as seguintes características:
a. Separação dos poderes.
b. Submissão de todos à lei.
c. Garantia da proteção de direitos fundamentais.

De seus vários objetivos, o constitucionalismo visa organizar o Estado


e limitar o poder estatal por meio da previsão de direitos e garantias
fundamentais.
É importante registrar que o constitucionalismo também possui direitos
com um verdadeiro status negativo, ou seja, abster-se de fazer algo,
especialmente o Estado em relação ao cidadão, como o abuso de poder desse
contra qualquer cidadão.
Atualmente, considera-se que o constitucionalismo está associado no
mínimo a garantia de direitos, separação dos poderes e princípios e governo
limitado.
Considera-se que o constitucionalismo é tão vital para a determinação
da Constituição que se encontra um conceito dado para a Carta Magna como
sendo um conjunto de regras relativas à forma do Estado e do governo ao
modo de aquisição e exercício do poder, também ao estabelecimento de seus
órgãos e aos limites de sua ação (abster-se de fazer) correspondente. (Neves,
2015).

04
1.2 Constitucionalismo antigo e moderno

Pois bem, vamos agora saber o que vem a ser o constitucionalismo


antigo e o moderno. Conforme Mario Dogliani, o constitucionalismo antigo é
definido como “sendo o conjunto de princípios escritos ou costumeiros
voltados à afirmação de direitos a serem confrontados perante o monarca,
bem como à simultânea limitação dos poderes deste”.
Já para Loewenstein, o constitucionalismo antigo “viveu sua fase
embrionária com a conduta política do povo hebreu submetida às normas de
uma religião”. Todos acreditavam que efetivamente viviam sob domínio de
única autoridade divina.
Como consequência, os hebreus estruturaram seu regime político com
fundamento em leis sagradas que eram também impostas aos governantes.
Era obrigatória a observância de preceitos morais e religiosos para evitar a
ira de Deus.
No constitucionalismo moderno, temos como referência Montesquieu e
Rousseau, que são apontados como seus precursores.
Nas ideias contratualistas e difundidas por ambos, encontravam-se
teorias sobre o Estado com base na vontade popular, de forma dissociada das
explicações teológicas, as quais serviam, até então, como fundamentos à
titularidade do poder estatal.
Assim sendo, o constitucionalismo moderno é caracterizado como um
conjunto de regras e princípios postos de modo consciente a partir das teorias e
dos movimentos ideológicos.
Esses movimentos visam organizar o Estado dentro de uma sistemática
que estabelece limitações ao poder político, além de direitos e garantias
fundamentais em favor dos membros da comunidade.
Encerrando nosso assunto, vamos lembrar que quando fazemos
referência a hierarquia estamos nos referindo a organização dos elementos em
ordem de importância.
Nossa lei máxima na hierarquia é a Constituição Federal, a qual deve ser
observada por todas as outras leis.
Quando qualquer outra lei for de encontro ao que determina a Carta Magna,
será inconstitucional e, como consequência, não produzirá qualquer efeito no
mundo jurídico, pois trata-se de uma lei que já nasceu sem vida.

05
TEMA 2 – NORMAS OU LEIS?
Estamos falando sobre a hierarquia das leis e, em determinado momento,
trazemos outro termo: norma.
2.1 Leis são diferentes de normas?
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, a norma é
uma

[...] atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou


potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com
vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto.
Consiste, em particular, na elaboração, difusão e implementação das
Normas.
A normalização é, assim, o processo de formulação e aplicação de
regras para a solução ou prevenção de problemas, com a cooperação
de todos os interessados, e, em particular, para a promoção da
economia global. No estabelecimento dessas regras recorre-se à
tecnologia como o instrumento para estabelecer, de forma objetiva e
neutra, as condições que possibilitem que o produto, projeto, processo,
sistema, pessoa, bem ou serviço atendam às finalidades a que se
destinam, sem se esquecer dos aspectos de segurança.
Norma é o documento estabelecido por consenso e aprovado por um
organismo reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou características
mínimas para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção
de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto.
A norma é, por princípio, de uso voluntário, mas quase sempre é usada
por representar o consenso sobre o estado da arte de determinado
assunto, obtido entre especialistas das partes interessadas.

Dessa definição, podemos formular um conceito próprio de normas, mas


sempre dentro do ponto de vista jurídico e legal, pois nosso estudo é direcionado
especificamente nesse enfoque.
Vamos considerar que a norma é aquilo que se utiliza de forma voluntária.
Trata-se de uma conduta para ser seguida. Então, uma norma jurídica é uma regra
de conduta imposta, que é admitida ou reconhecida pelo ordenamento jurídico e
também tem como base os costumes e os princípios gerais do direito.
Lei é algo geral e abstrato, de cumprimento obrigatório por todos, e sujeita
o cidadão a sanções.
De outro ponto de vista, podemos dizer que a lei é o ato que atesta a
existência da norma que o direito reconhece como de fato existente.
A lei é:
 A regra escrita feita pelo legislador com a finalidade de tornar expresso o
comportamento considerado indesejável e perigoso pela sociedade.
 O meio pelo qual a norma aparece, tornando obrigatória sua observância.

06
Exemplificando o que estamos dizendo, falemos sobre o direito penal,
especificamente sobre o princípio da reserva legal, que prevê que não há crime
sem lei que o defina. Observe que, nesse caso, a lei é meramente descritiva, não
proíbe, porém a norma é que proíbe, como no caso de matar alguém, que é a
conduta.
Finalmente esquematizando, teremos:

Tabela 1 – Normas e leis

Norma Lei
 Utiliza-se de forma voluntária  É algo geral e abstrato
 Conduta para ser seguida  De cumprimento obrigatório
Norma jurídica por todos
 Regra de conduta imposta  Atesta a existência da
 Admitida ou reconhecida pelo ordenamento jurídico norma
 Tem como base os costumes e os princípios gerais do  Direito reconhece como de
direito fato existente

Vimos nas aulas anteriores o que são os atos normativos, de onde


concluímos que são os que têm por objetivo imediato explicitar a norma legal ou
a lei, a exemplo dos decretos, regulamentos, regimentos, resoluções e
deliberações.
Consideramos que os atos normativos são o gênero e os decretos, as leis,
os regulamentos, os regimentos, as resoluções e as deliberações espécies.

Tabela 2 – Espécies de atos normativos

Lei ordinária A lei ordinária trata-se de um ato normativo primário e que contém, em
regra, normas gerais e também abstratas.
Lei As leis complementares são consideradas como um terceiro tipo de leis
complementar que não possuem a mesma rigidez dos preceitos constitucionais, e
também não comportam revogação por força de qualquer outra lei ordinária
superveniente.
Lei delegada Na Constituição, art. 68, caput e §§ tem-se que a lei delegada é “o ato
normativo elaborado e editado pelo Presidente da República em virtude de
autorização do Poder Legislativo, expedida mediante resolução e dentro
dos limites nela traçados.

Medida Medida Provisória é ato normativo com força de lei que pode ser editado
provisória pelo presidente da república em caso de relevância e urgência. Tal medida
deve ser submetida de imediato à deliberação do Congresso Nacional.
Decreto Previsto na Constituição, art. 49 os decretos legislativos são atos
legislativo destinados a regular matérias de competência exclusiva do Congresso
Nacional e que tenham efeitos externos a ele.
Decreto Os decretos são atos administrativos da competência exclusiva do Chefe
do Executivo. São destinados a prover situações gerais ou individuais,
abstratamente previstas, de modo expresso ou implícito, na lei.
Portaria É o instrumento pelo qual Ministros ou outras autoridades expedem
instruções sobre a organização e funcionamento de serviço e praticam
outros atos de sua competência.

07
TEMA 3 – LEGISLAÇÃO FEDERAL? ESTADUAL? MUNICIPAL? QUAL DELAS
TEM IMPORTÂNCIA MAIOR? EM OUTRAS PALAVRAS, QUAL MANDA NA
OUTRA?

Antes de seguirmos e falarmos sobre a legislação supra, cabe, neste


momento, para que possamos efetivamente entender as diferenças, trabalhar
alguns temas relevantes para nossa compreensão.
Falamos de forma reiterada sobre a Constituição de República Federativa
de Brasil. Você sabe o que é uma república? Ou mesmo federativa, que é um
termo que vem de federalismo?
Pois é, são conceitos básicos para que possamos compreender melhor
nosso assunto principal. Vamos também conhecer o que é competência, sempre
dentro de um enfoque jurídico.

3.1 República

República é uma palavra que deriva do latim res publica – coisa pública,
expressão que pode ser entendida como assunto de caráter público.
Trata-se de um termo que indica uma forma de governo, no qual o chefe
de Estado deve ser eleito pelos representantes dos cidadãos ou mesmo pelos
próprios cidadãos, e este chefe de governo exerce a sua função durante um tempo
limitado por um mandato, devendo o próximo governante seguir os mesmos
princípios do anterior para que possa eleito.
Na república, o titular do poder tem origem em um grupo de cidadãos que
delega esse poder, em nosso caso ao presidente da república. Conforme
sabemos, a eleição para o presidente da república é feita por voto direto e secreto
dos cidadãos, e, conforme já comentamos, a função de presidente é exercida
durante um período limitado, pois ele só pode exercer um número limitado de
mandatos.
Uma das características vitais de uma República é o aspecto eleitoral do
presidente. Há também outras características importantes, tais como a
subordinação à constituição e a outras leis fundamentais, as quais servem para
balizar a vida política do determinado país.

08
3.2 Federalismo

De uma forma mais simples e objetiva, vamos considerar que o federalismo


tem como base a repartição do poder entre um governo central e seus estados e
cidades, todos pertencentes ao mesmo território nacional.
O nosso federalismo é quadripartite, pois são considerados entes da
federação a União, os estados, municípios e o Distrito Federal, e registre-se que
nenhum tem maior ou menor importância do que o outro, tudo isso em termos
de hierarquia.
Já sabemos que todas as leis devem buscar seu fundamento de validade
na Carta Magna, pois esta determina as diretrizes para elaboração das leis,
havendo então o fenômeno da repartição de competências.
Dissemos que nosso federalismo é quatripartite, então teremos:
 A União, que, por previsão constitucional, pode editar normas gerais e que
são de repercussão nacional conforme prevê o artigo 21 da CF/88.
 Os estados (artigo 25, parágrafos 1º, 2º e 3º), que podem editar normas
suplementares. Lembramos que a norma suplementar do estado não
pode contradizer a norma geral da União, e, caso a União não tenha
editado norma geral sobre a matéria, o estado exerce essa competência
legislativa plena. Entretanto, isso ocorre somente até que sobrevenha
norma geral da união que suspenderá a eficácia da norma estadual
naquilo que lhe for contrária.
 Os municípios, cujas competências estão previstas no artigo 30 da CF/88.
Por exemplo, o município tem competência para legislar sobre matéria de
interesse local e, como ocorre com todos os demais entes da federação,
tem o poder de se autolegislar em decorrência direta de sua autonomia.

09
Figura 2 – República, federalismo e república federativa

República federativa
Federalismo
República significa que o país em
Tem como base a questão tem um ou uma
É a forma de governo na repartição do poder entre presidente, mas está
qual o Chefe de Estado um governo central e seus dividido em estados,
deve ser eleito pelos estados e cidades, todos regiões ou entidades, que
representantes dos pertencentes ao mesmo possuem alguma autonomia
cidadãos. território nacional. governativa.

Dissemos que o nosso federalismo é quadripartite, pois são considerados


entes da federação a União, os estados, os municípios e o Distrito Federal. Isso
nos leva ao próximo assunto importante, que é a competência de cada um dos
entes federados, a qual está expressamente prevista na Constituição Federal.

TEMA 4 – COMPETÊNCIA

Para ficar mais fácil o entendimento, vamos iniciar afirmando o seguinte: “A


jurisdição pode ser entendia como uma verdadeira possibilidade de dizer a lei, e
a competência é uma delimitação dessa dita possibilidade”. Juridicamente
falando, temos os conceitos descritos adiante.
A competência é um poder (legitimidade) e dever (responsabilidade) de um
órgão judicial, a exemplo do juiz, exercer a sua jurisdição, que nada mais é do que
o poder que o Estado detém, constitucionalmente assegurado, para aplicar a lei a
fim de resolver conflitos. Temos como exemplo os juízes federais, que têm sua
atuação em determinadas matérias (artigo 109 da CF/88) que não podem ser
julgadas por juízes estaduais ou vice-versa. Assim, a competência fixa os limites
dentro dos quais esse órgão judicial pode atuar.
Então, quando um magistrado se diz incompetente para julgar determinada
causa, está afirmando que não pode atuar naquele caso concreto, seja pela
matéria (assunto) em discussão ou mesmo pelo local.

010
Exemplificando o que estamos dizendo, temos um juizado estadual no qual
as partes ajuízam uma ação sobre uma matéria de competência federal, como a
discussão de juros relativos ao FGTS. Essa matéria é de competência da justiça
federal, não da justiça estadual. Como resultado, o juiz estadual vai encerrar o
processo e informar que este deve ser encaminhado para a justiça federal (juiz
federal), que é quem pode julgar a matéria.
Com relação a competência territorial, podemos exemplificar as ações
trabalhistas nas quais funcionário trabalhou em determinado estado e decide
ajuizar sua ação em outro, no qual a empresa sequer possui filial. Da mesma
maneira, o juiz informará no processo que se trata de local diverso do correto e
encerrará o processo com fundamento de não deter a competência para julgar a
causa, pois os fatos ocorreram em local diverso.
A competência se aplica igualmente aos entes federados – União, estado,
Distrito Federal e municípios também têm restrições/limites sobre em quais
matérias poderão atuar.
A competência é dividida da seguinte forma:

Figura 3 – Divisão de competência

Exclusiva: somente aquele ente Privativa: determinado ente federado


federado poderá legislar sobre pode legislar ou, se quiser, pode delegar
determinda matéria. para que outro legisle.

Competência - é
uma previsão
constitucional
Concorrente: trata-se de um verdadeiro
Comum: todos os entes (União, estados condomínio legislativo entre os entes,
e municípios) podem legislar sobre onde a União edita normas gerais e de
determinada matéria, desde que repercussão nacional. Os estados
respeitadas as regras gerais impostas editam normas suplementares, as quais
pela União. visam atender às peculiaridades de cada
um deles.

Dissemos que a competência tem uma previsão constitucional expressa.


Assim, por exemplo, a União possui uma competência exclusiva que está
expressamente prevista no art. 21 da Carta Magna, e que assim diz:

Art. 21. Compete à União: exclusiva – somente a União e mais


ninguém, não é delegada.

011
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
(Adaptado de Senado, 2015)

Vamos à competência privativa? Lembre-se que ela pode ser delegada.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil...... e do trabalho;
II - .........., III - .........., IV - ......., V - ........, VI - ........., VII - ........., VIII -
........, IX - .........., X - ............, XI - ..........., XII - ........., XIII - ........, XIV
........, XV - .........
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o
exercício de profissões;
XVII - ........, XVIII - ........, XIX - ..........., XX - ............, XXI - ..........
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e
ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - ...........
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXVIII - ........., XXIX - .........
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a
legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste
artigo.

E a concorrente? Condomínio legislativo.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II -....., III - ......., IV - ......., V - ...........
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição;
VII - ..........
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis
que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam
vedadas por esta Constituição.
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-
á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez
dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.

012
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas
reservadas aos Estados e Municípios.

Assim sendo, encerramos nosso assunto relativo a competência e


seguimos para o nosso próximo tema, que são as leis e sua hierarquia.

TEMA 5 – LEIS E SUA HIERARQUIA

Fizemos esta pergunta anteriormente: legislação federal, estadual ou


municipal, qual tem importância maior? Em outras palavras, qual tem supremacia
ou, popularmente, poder sobre a outra?
A esta altura de nosso curso, já restou claro que a legislação federal é
aquela elaborada pela União; a estadual, pelo estado; e a municipal, pelos
municípios.
Conforme também vimos até então, aos entes federados é conferida, pela
Constituição Federal, uma competência legislativa, o que de plano já afasta a ideia
de supremacia entre as leis, ou seja, todas possuem o mesmo grau de hierarquia.

Figura 3 – Esquema de hierarquia das leis

Porém, vale relembrar:

013
Figura 4 – Pirâmide de supremacia das leis

CF/1988 TEM
SUPREMACIA

Todas as outras leis

Leis federais, estaduais, municipais

Mesmo que uma lei emanasse do Congresso Nacional – Câmara dos


Deputados ou Senado Federal –, não teria supremacia sobre outra lei, podendo
ser estadual ou mesmo municipal, pois trata-se de uma questão de competência
constitucional, não de hierarquia ou mesmo supremacia.

Somente a Constituição Federal tem supremacia sobre as outras leis.

Conforme falamos anteriormente, Hans Kelsen, relativo a hierarquia das


normas e leis, propôs a seguinte pirâmide:

014
Figura 5 – Pirâmide proposta por Hans Kelsen

Além da previsão constitucional, o Supremo Tribunal Federal tem editado


as súmulas vinculantes (que são de cumprimento obrigatório) relativas à matéria
de competência, porém tudo tem como fundamento o que determina a Carta
Magna.
Vejamos algumas de suas decisões, que estão disponíveis em
<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=2183>.

Súmula Vinculante 2
É inconstitucional a lei ou ato normativo Estadual ou Distrital que
disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e
loterias.
Precedente Representativo
"(...) E o fato é que assim dispor - abstrata, impessoal e genericamente -
sobre jogos cujo resultado só depende da sorte, ora exclusiva ora
preponderantemente, é aptidão que a Magna Carta de 1988 embutiu na
competência privativa da União. Daí o nome 'sorteio' - que é substantivo
masculino derivado do feminino 'sorte' -, a significar atividade ou
acontecimento que depende da fortuna, do acaso, fado ou ação do
destino - que se lê na parte final do inciso XX do art. 22 da Constituição
Federal de 1988 (...)."(ADI 2847, Voto do Ministro Ayres Britto, Tribunal
Pleno, julgamento em 5.8.2004, DJ de 26.11.2004)
"A exploração de loteria será lícita se expressamente autorizada a sua
exploração por norma jurídica específica. Essa norma específica - e isso
me parece evidente - é norma penal, porque consubstancia uma isenção
à regra que define a ilicitude. (...) Então, se apenas à União, e
privativamente - para começar - a Constituição atribui competência para
legislar sobre matéria penal, apenas a União poderá dispor a regra de
isenção de que se cuida. Somente ela - e ela o fez também na Lei Zico,
na Lei Pelé - poderá operar a migração da atividade ilícita (exploração
de loteria) para o campo da licitude. Portanto, nem a lei estadual, nem a
lei distrital, nem lei municipal podem operar migração, dessa atividade,
do campo da ilicitude para o campo da licitude, pois isso é da
competência privativa da União, nos termos do art. 22, inciso I da
Constituição." (ADI 2847, Voto do Ministro Eros Grau, Tribunal Pleno,
julgamento em 5.8.2004, DJ de 26.11.2004)
Súmula Vinculante 38

015
É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.
Precedente Representativo
"No caso, verifico que a competência para disciplinar o horário de
funcionamento de estabelecimentos comerciais é do município, tendo
em vista o que dispõe o art. 30, I, da Constituição Federal. Esta Corte já
possui entendimento assentado nesse sentido, consolidado no
enunciado da Súmula nº 645/STF: 'É competente o município para fixar
o horário de funcionamento de estabelecimento comercial'." (ADI 3691,
Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em
29.8.2007, DJe de 8.5.2008)
"6. Está claramente definido no artigo 30, inciso I, da Constituição
Federal que o Município tem competência para legislar sobre assuntos
de interesse local. 7. Polêmica ou filigrana à parte sobre saber-se de
alguma nuança entre os conceitos de interesse peculiar (CF de 1967,
artigo 15, II, com a redação dada pela EC nº 1/69) e interesse local (CF,
artigo 30, I), quem melhor interpretou o seu significado foi o mestre Hely
Lopes Meirelles, para quem 'o que define e caracteriza o 'interesse local',
inscrito como dogma constitucional, é a predominância do interesse do
Município sobre o do Estado ou da União', de modo que "tudo quanto
repercutir direta e imediatamente na vida municipal é de interesse
peculiar do Município, embora possa interessar também indireta e
mediatamente ao Estado-membro e à União' ('Direito Municipal
Brasileiro', 11ª ed., págs. 107-8). 8. Dentre as várias competências
compreendidas na esfera legislativa do Município, sem dúvida estão
aquelas que dizem respeito diretamente ao comércio, com a
consequente liberação de alvarás de licença de instalação e a imposição
de horário de funcionamento, daí parecer-me atual e em plena vigência,
aplicável inclusive ao caso presente, a Súmula 419 desta Corte, que já
assentara que 'os Municípios têm competência para regular o horário do
comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais
válidas'." (RE 189170, Ministro Redator para o Acórdão Ministro Maurício
Corrêa, Tribunal Pleno, julgamento em 1.2.2001, DJ de 8.8.2003)
Súmula Vinculante 46
A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das
respectivas normas de processo e julgamento são de competência
legislativa privativa da União.
Precedente Representativo
"A definição das condutas típicas configuradoras do crime de
responsabilidade e o estabelecimento de regras que disciplinem o
processo e julgamento dos agentes políticos federais, estaduais ou
municipais envolvidos são da competência legislativa privativa da União
e devem ser tratados em lei nacional especial (art. 85 da Constituição da
República)". (ADI 2220, Ministra Relatora Cármen Lúcia, Tribunal Pleno,
julgamento em 16.11.2011, DJe de 7.12.2011)

Ou seja, fica claro que cada ente federado tem sua competência específica
e expressamente prevista na legislação.

FINALIZANDO

Vimos em nossa aula de hoje o que vem a ser a hierarquia entre normas,
passando pelas legislações federal, estadual e municipal. Revisamos a
Constituição Federal em comparação com leis e atos normativos (decretos,
portarias, resoluções). Também fizemos uma abordagem sobre
constitucionalismo, normas e leis, república, federalismo e competência.

016
Então, voltamos ao nosso questionamento inicial: será que a legislação
atual relativa a enfermagem no sentido mais amplo possível, seja na esfera
federal, estadual ou municipal, está atendendo ao que determina a Constituição
Federal? Se não o faz, como pode estar vigente, sendo que é, conforme prevê a
Carta Magna, nula?
Entendemos que a legislação existente, no quesito validade e existência,
tem seguido o que determina a Carta Magna e resta válida no ordenamento
jurídico brasileiro atual. Há que se questionar, então, como torná-la mais efetiva.

017
REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Normalização. Disponível


em: <http://www.abnt.org.br/normalizacao/o-que-e/o-que-e>. Acesso em 8 ago.
2017.

ANENT – Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho. Disponível em:


<www.anent.org.br>.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.

_____. Congresso Nacional. Portaria nº 3214, de 8 de junho de 1978

CANOTILHO, J. J. G. Direito constitucional e teoria da constituição. 3. ed.


Coimbra: Almedina, 1998.

DOGLIANI, M. Introduzione al diritto costituzionale. Bologna: Il Mulino, 1994.

GUASQUE, L. F. Direito Público: temas polêmicos. Rio de Janeiro: Freitas


Bastos, 1997.

GOMES, Luiz Flávio. O Sistema Interamericano de proteção dos Direitos


Humanos e o Direito Brasileiro – Revista dos Tribunais.

LOEWENSTEIN, Karl. Teoría de la constitución. 2. Ed. Trad. Alfredo Gallego


Anabitarte. Barcelona: Ariel, 1976.

NEVES, R. F. das. Hierarquia das leis. Jusbrasil. Disponível em:


<https://rafaneves83.jusbrasil.com.br/artigos/237305942/hierarquia-das-
leis>. Acesso em: 8 ago. 2017.

OIT – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Disponível em


<http://www.ilo.org/brasilia/lang--pt/index.htm>.

SILVA, J. O. de P e. Vocabulário Jurídico. 29. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

STF – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Disponível em:


<http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp>.

018

Vous aimerez peut-être aussi