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Religião, crença e culto

Existe diferença?
Bem, antes de entrar no tema, algumas reflexões. A primeira delas é o
significado de liberdade de expressão. É possível ter liberdade ilimitada ou um
direito absoluto? Posso afirmar que não, porque a liberdade tem como limite a
dignidade do outro. Por isso, na medida em que algo ou alguém ofendem o
sentimento, seja ele religioso ou não de outra pessoa, seja por manifestar
intolerância, grosseria ou até violência, isso ofende a dignidade de alguém.
Nesse caso, serve de oportunidade para pensar se existe diferença entre
religião, crença e culto. Muitas vezes usadas popularmente como sinônimas,
essas palavras são definidas distintamente no âmbito jurídico. Religião é
manifestação, geralmente pública, de uma crença. Para ser classificada como
tal, ela não precisa, necessariamente, ter locais de reunião ou até mesmo um
livro sagrado, tendo em vista que algumas tradições religiosas foram
transmitidas oralmente, sem registro escrito.
Por sua vez, a crença é o estado emocional, está ligada aos sentidos, é
subjetiva e não necessariamente religiosa, portanto pessoal. Assim como o culto,
que está ligado à veneração ou adoração de algo ou alguém. Há pessoas que
cultuam objetos, elementos da natureza e até o próprio corpo.
É interessante notar que apesar de distintos, esses conceitos estão
interligados. Enquanto religião é a exteriorização de uma crença, também pode
ser considerada uma crença. E o culto, por sua vez, embora não seja sempre a
veneração de uma divindade, é uma manifestação de crença.
Só devemos cuidar para não limitar a religião a conceitos fechados e
absolutos, sob o risco de excluir crenças e cultos das minorias que, por sua
expressão exterior também são classificadas como religião. Há também aqueles
que optaram pela não Religião, pelo não culto e pela não crença espiritual e que
DEVEM ser igualmente respeitados.
Perigo maior é o de adulterar o sentido de laicidade do Estado, fazendo
com que algum dos três poderes defina o que é religião e interfira nas questões
individuais da fé. Esse é um grande perigo e nunca funcionou ao longo da
história. Diz o artigo 5º, inciso VI, da Constituição: "É inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias".
O Código Penal Brasileiro, por sua vez, considera crime (punível com
multa e até detenção) zombar publicamente alguém por motivo de crença
religiosa, impedir ou perturbar cerimônia e ofender publicamente imagens e
outros objetos de culto religioso.
Qualquer um que descrimina qualquer tipo de religião ou filosofia
espiritualista, templos de umbanda, candomblé, lugares e seus praticantes da
Wicca, que celebram a divindade da natureza, não podem ser desrespeitados
sob qualquer pretexto. Muito menos xamânicos, ou mesmo os ciganos que são
perseguidos e agredidos por causa de sua etnia e de sua religião, mesmo motivo
que os condenou ao quase extermínio na Segunda Guerra Mundial, juntamente
com os judeus e outras vítimas da intolerância.
Declaração do direito à liberdade religiosa da ONU

A Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou, em 1981, a Declaração


sobre a eliminação de todas as formas de intolerância e discriminação fundadas
em religião ou crença desta forma: "Toda pessoa tem direito à liberdade de
pensamento, de consciência e de religião. Este direito inclui a liberdade de ter
uma religião ou qualquer crença de sua escolha, assim como a liberdade de
manifestar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto em público
quanto em particular", diz o primeiro artigo da Declaração da ONU, para, mais
adiante, advertir:
"A discriminação entre seres humanos por motivos de religião ou crença
constitui uma ofensa à dignidade humana (...) e deve ser condenada como uma
violação dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais, proclamados na
Declaração Universal dos Direitos Humanos."

Professora Juliana Abreu


profjuabreu@gmail.com

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