Referência: MEDEIROS, Elen; SANTOS, Matheus B. A Pulsão de Teatralidade e a sobrevivência do teatro na atualidade. aSPAs – vol 6 – nº1 – USP. São Paulo. 2016.
O texto nos mostra claramente que o teatro não só é importante como é
também necessário, devido ser o espaço que viabiliza às pessoas o exercício de efabulação, que é algo inerente ao ser humano e se manifesta desde a primeira infância. Isto se torna possível porque o teatro “desperta em atores e expectadores um possível sentimento de conexão com traços arquetípicos do ser humano” (MEDEIROS, SANTOS, 2016, p 128) Além da necessidade humana de elaborar ficções, soma-se o fato do ser humano ser movido por uma busca de prazer e uma evitação do desprazer, de modo a sublimar sentimentos negativos (dor, perda, sofrimento) no âmbito do imaginário. A ficcionalização permite a prática de aproximação e afastamento do mundo e de si, correspondendo “a uma necessidade fundamental do ser humano [...] permanente de reestabelecimento e equilíbrio interno” (SPERBER apud MEDEIROS, SANTOS, 2016, p 131)
É importante considerarmos também que as necessidades dos indivíduos vão
se modificando em função do tempo e do ambiente. O teatro sofreu o impacto do advento do cinema, entretanto, como não se trata de uma, mas sim de duas atividades, a saber, fazer e ver, continua encontrando lugar na sociedade contemporânea, uma vez que o expectador nos dias atuais é também um jogador em potencial, e encontra nesta arte a possibilidade de participar da construção da ficção ainda que de forma periférica.
De modo geral podemos arriscar dizer que a arte proporciona esta
possibilidade de fruição. O teatro seria uma das formas de manifestação da arte onde a efabulação e o “jogo” podem se concretizar. E se estas são necessidades humanas inatas, precisamos da arte para mantermos nosso status quo, sob o risco, de sem ela, nos tornarmos menos ou parcialmente humanos.