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Curso de Eletrodinâmica Clássica I. 2005.

1 Departamento de Fı́sica - UFPE 1

Aula 13 - 5/05/2005

Ref: Jackson §4.4 e 4.7

Objetivos:

• Discutir através de exemplos, problemas de contorno em meios dielétricos us-


ando o método das imagens e a expansão em harmônicos esféricos.
• Definir polarizabilidade molecular e obter sua relação com a susceptibilidade
elétrica. Discutir alguns modelos e as fontes para a polarizabilidade molecular
em meios dielétricos.
• Discutir a energia eletrostática em meios dielétricos.

Problemas de Contorno em meios dielétricos

Exemplo 01: Carga pontual em semi-espaço preenchido com meio dielétrico ǫ1 à


distância d de outro semi-espaço com meio dielétrico de constante ǫ2 . A interface é o
plano (x, y) cuja normal é o plano ẑ. As equações para o campo elétrico em cada região
são dadas por:

ǫ2 ǫ1 ~ = ρ
∇ · ǫ1 E z>0
b
P
~ = 0
∇ · ǫ2 E z<0 (1)
R2
R1 ∇×E ~ = 0 ∀z
bc 0
b Condições de Contorno:
′ q ẑ
q
d d D1 |n = D2 |n ou
ǫ1 E2 |0+ = ǫ2 Ez |0− (2)
Ex (Ey )|0+ = Ex (Ey )|0− (3)

Como há uma carga pontual q em z > 0 o método da imagens sugere que uma carga
imagem q ′ , localizada sobre o eixo ẑ na região z < 0, com uma distância d, poderá
atender às condições de contorno. Neste caso o potencial na região z > 0 seria dado por:
 
1 q q′
Φ1 (~x) = + z>0 (4)
4πǫ1 R1 R2
p p
com R1 = ρ2 + (d − z)2 ; R2 = ρ2 + (d + z)2

Para verificar as condições de contorno (2) é necessário especificar também o potencial


na região z < 0. Como não há cargas livres em z < 0, o efeito de q em z = d do lado
z > 0 pode ser equivalente ao de uma carga imagem q ′′ localizada no mesmo lugar, como
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mostra a figura a seguir.

Neste caso o potencial em z < 0 seria dado por:

1 q ′′
Pb ǫ2 ǫ1 Φ2 = z < 0. (5)
4πǫ2 R1
Aplicando (4) e (5) à condição de contorno (2)
R1
resulta:
c
b
0 q ′′ ẑ ∂Φ1 ∂Φ2
ǫ1 = ǫ2 ou
d ∂z O+ ∂z O−
   
∂ 1 ′ ∂ 1
q + q =
∂x R1 O+ ∂z R2 O+
 
′′ ∂ 1
=q (6)
∂z R1 O−
Mas,
 
∂ 1 2(d + z) ∂ 1 d
= 2 =− = (7)
∂z R2 [ρ + (d + z)2 ]3/2 O+
∂z R1 O+
(ρ2 + d2 )3/2
Substituindo (7) em (6), resulta:

q − q ′ = q ′′ (8)

Aplicando (4) e (5) à condição de contorno (3): Ex |O+ = Ex |O− , resulta:


    
1 ∂ 1 ′ ∂ 1 1 ′′ ∂ 1
q +q = q
ǫ1 ∂ρ R1 ∂ρ R2
O+ ǫ2 ∂ρ R2
Mas, neste caso:
   
∂ 1 ∂ 1 ρ
= =− 2
∂ρ R1 O+ ∂ρ R2 O −
(ρ + d2 )3/2

Substituindo na equação acima resulta:

1 1
(q + q ′ ) = q ′′ (9)
ǫ1 ǫ2

Resolvendo as duas equações (8) e (9) obtemos o valor das cargas imagens propostas, isto
é:
 
′ ǫ2 − ǫ1 2ǫ2
q =− q e q ′′ = q (10)
ǫ2 + ǫ1 ǫ2 + ǫ1
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Portanto, as cargas imagens q ′ e q ′′ , nas posições propostas, atendem às condições de


contorno na interface! As linhas de força do campo elétrico são perturbadas pela presença
da interface. A perturbação depende da relação entre ǫ1 e ǫ2 como mostra a figura 4.5 do
Jackson (3a ed.) reproduzida abaixo.

Densidade de Carga de Polarização: ~ · P~


ρpol = −∇

Considerar que os meios dielétricos são lineares, isotrópicos e homogêneos. Logo


P~ = ǫ0 χe E
~ ∴ ~ · P~ = ǫ0 χe ∇
∇ ~ ·E~ + ǫ0 (∇χ
~ e )E~ =0 (11)
onde ∇~ ·E~ = 0 em qualquer ponto dos dielétricos, exceto sobre a carga q e ∇χ
~ e = 0
exceto da interface z = 0, ou seja
~ e = ∂χe ẑ,
∇χ onde
ǫ1
χe |0+ = − 1,
ǫ2
χe |0− = − 1 (12)
∂z ǫ0 ǫ0

Considerar uma superfı́cie cilı́ndrica de


altura d e área da base ∆S perpendic- d
ular à interface. Calcular usando o teo- ǫ2 ǫ1
rema divergente, no limite d → 0
Z Z
~ ~
(−∇ · P )dV = − P~ · n̂da ∆S
v S

∴ σpol ∆S = −(P~1 − P~2 ) · n̂12 ∆S


Logo:
 
σpol = − P~2 − P~1 · n̂21 (13)
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Mas, P~ = ǫE ~ − ǫ0 E
~ = (ǫ − ǫ0 )E~ = −(ǫ − ǫ0 )∇Φ. Usando os valores do potencial dados
por (4) e (5) com os valores das cargas dadas por (10)
 
∂ ∂Φ
σpol = + (ǫ2 − ǫ0 ) Φ − (ǫ1 − ǫ0 )
∂z O− ∂z O+
′′
 
(ǫ2 − ǫ0 ) dq (ǫ1 − ǫ0 ) dq d q′
= − −
4πǫ2 (d2 + ρ2 )3/2 4πǫ1 (d2 + ρ2 )3/2 (d2 + ρ2 )3/2

q ǫ0 (ǫ2 − ǫ1 ) d
σpol = − (14)
2π ǫ1 (ǫ2 + ǫ1 ) (ρ + d2 )3/2
2

Obs:

• Quando ǫ1 = ǫ2 → σpol = 0.
• Quando ǫ2 ≫ ǫ1 , o meio 2 comporta-se como condutor: q ′ ≃ −q; q ′′ ≃ 2q. O campo
no meio 2 é muito pequeno.

ǫ0
σpol ≃ σpol
ǫ1 condutor

Exemplo 02: Esfera dielétrica em presença de campo elétrico uniforme.


Considerar a geometria dada na figura
ao lado. Não há cargas livres na esfera,
apenas o meio tem constante dielétrica
ǫ/ǫ0 . O problema pode ser resolvido P b

pelo método das imagens ou através r


θ
da solução da eq. de Laplace com a
condições de contorno em r = a, ou ~0
E ~0
E

seja: ǫ


 ∞

 X
Aℓ rℓ Pℓ (cos θ)

 Φdentro =


ℓ=0
(15)

 ∞

 X  

 Φfora =

 Bℓ rℓ + Cℓ r−(ℓ+1) Pℓ (cos θ)
ℓ=0
~ = −∇Φ = E0 ẑ
No infinito: E ∴ Φ = −E0 z + C = −E0 r cos θ + C:

∴ B1 = −E0 ; Bl = 0 ∀ l = 2, 3, ... e B0 = C = Φ0 (16)

Considerar agora as condições de contorno sobre a superfı́cie da esfera r = a:


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~
Componente Tangencial de E:

1 ∂Φdentro 1 ∂Φfora
− =− (17)
a ∂θ r=a a ∂θ r=a
Componente Normal de D

∂Φdentro ∂Φfora
−ǫ = −ǫ0 (18)
∂r r=a ∂r r=a
Substituir as soluções dada por (15) com os coeficientes já calculados. Comparar os
coeficientes dos polinômios de Legendre de cada lado que devem se anular separadamente.
Logo,
C1 ǫ 2C1
A1 = −E0 + e A1 = −E0 − 3
az ǫ0 a
Cl ǫ Cl
Al = e l Al = −(l + 1) 2l+1 (l 6= 1)
a2l+1 ǫ0 a

donde resulta:

Al = Cl = 0 ∀ l 6= 1 (19)
3E0
A1 = − (20)
(2 + ǫ/ǫ0 )
 
ǫ/ǫ0 − 1
C1 = a3 E0 (21)
ǫ/ǫ0 + 2
Substituindo (19)-(21) em (15) resulta:

3
Φdentro = − E0 r cos θ + Φ0 (22)
ǫ/ǫ0 + 2

 
ǫ/ǫ0 − 1 a3
Φfora = −E0 cos θ + E0 2 cos θ + Φ′0 (23)
ǫ/ǫ0 + 2 r

O campo elétrico fica então:

~ dentro = − 3 ~ 0, ~ fora = E
~0 + E
~ dip
E E E (24)
ǫ/ǫ0 + 2

~ dip é o campo de dipolo cujo momento dipolo induzido é:


onde E

 
ǫ/ǫ0 − 1 ~0
p~ = 4πǫ0 a3 E (25)
ǫ/ǫ0 + 2
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A densidade de carga de polarização σpol na superfı́cie da esfera é dada por (13):


 
σpol = − P~2 − P~1 · n̂21 = −(ǫ − ǫ0 )E ~ dentro · r̂

ou
 
ǫ/ǫ0 − 1
σpol = 3 ǫ0 E0 cos θ (26)
ǫ/ǫ0 + 2

Obs: Confirme que


Z      
ǫ/ǫ 0 − 1 4 ǫ/ǫ 0 − 1
p~dip = dV P~2 = 3 ~0
ǫ0 E 3
πa = 4πǫ0 ~0
a3 E
ǫ/ǫ0 + 2 3 ǫ/ǫ0 + 2
Aplicação Bônus: Cavidade Esférica em meio dielétrico com campo externo uniforme
constante.
Para resolver este problema, basta intercam-
biar ǫ ↔ ǫ0 nas soluções do problema da es- ~0
E
fera dielétrica, isto é:
b
~ dentro = 3ǫ ~ P
E E0 (27) r
2ǫ + ǫ0 θ
a
~0
E ~0
E
~ fora = E
E ~0 + E
~ ′ dip (28) ẑ

onde E~ ′ dip é o campo de um dipolo:


  ǫ
ǫ/ǫ0 − 1 ~0

p~ = −~p = −4πǫ0 a3 E (29)
ǫ/ǫ0 + 2
~0
E
orientado na direção oposta ao do caso ante-
rior.

Polarizabilidade Molecular e Susceptibilidade Elétrica

Objetivos:
• Estabelecer a relação entre as propriedades moleculares (microscópicas) e a suscep-
tibilidade elétrica (macroscópica).
• Analisar um modelo clássicos simples para a polarizabilidade molecular: modelo
harmônico (um tratamento mais sofisticado deve recorrer à mecânica quântica).

Definição: Polarização P~ = momento dipolo médio por unidade de volume

P~ = ∈0 χe E
~ (30)
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~ é campo
onde χe é a susceptibilidade considerando que o meio é linear e isotrópico, e E
elétrico macroscópico.

Campos elétricos atuando sobre uma molécula em um meio dielétrico:

Se o meio é denso (distância entre moléculas ∼ tamanho das moléculas) existe um


campo interno E ~ i atuando sobre cada molécula que é resultante da polarização das
moléculas vizinhas. Em gazes (rarefeitos) E ~ i ≃ 0. Considerar uma vizinhança V cen-
trada na molécula com tamanho caracterı́stico l ( L ≫ l ≫ rB , onde rB tem dimensões
atômicas e L dimensão da amostra macroscópica).
O campo atuando sobre uma molécula
~ mol pode ser separado em duas maneiras:
E
ǫ
(a) visão macroscópica:
~P
~ ext E ~ mol
E E
~
E ~ mol = E
E ~ +E
~i (31)

onde E ~ é campo macroscópico médio


proveniente do meio em larga escala ex-
~i
E cluindo V e E ~ i é o campo médio da onde
~P
−E
polarização das moléculas vizinhas perten-
R ~P
E centes a V . Este campo varia suavemente
~ viz
E
V em V .
(b) visão microscópica:

~ mol = E
E ~ ext + E
~ viz (32)
~ ext é o campo externo (cargas livres) mais a contribuição da polarização de todo meio
E
~ viz é o campo molecular (exato) atuando decorrente de todas
excluindo a vizinhança V e E
as moléculas contidas em V . Este campo depende diretamente da estrutura cristalina do
meio e varia abruptamente dentro de V .
Portanto, podemos escrever

~ =E
E ~ ext + E
~P , ~i = E
E ~ viz − E
~P (33)

~ P é o campo de polarização que representa a contribuição da vizinhança V para o


onde E
~ E
campo macroscópico E. ~ P varia suavemente dentro de V .

Supor V uma esfera de raio R, com muitas moléculas.


 
4π 3 ~
p~ = R P (34)
3

onde P~ é a polarização ou densidade de momento de dipolo decorrente de toda densidade


de carga do meio e das cargas livres.
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Vimos anteriormente que se há uma densidade de cargas ρ(~x) que produz um campo
~
E(~x), a integral do campo sobre um volume V resulta1 :
Z ~
~ x)d~x = − P
E(~ (35)
r<R 3ǫ0

quando V envolve todas as cargas (fontes).


Logo
Z
~
E(x)d~x 4π 3

~ r<R − 3
R p~/3ǫ0 p~
EP = 4π 3 = 4π 3 =−
3
R 3
R 3 ∈0
~i = E
E ~ viz + 1 p~ (36)
3ǫ0

~ viz :
Cálculo do Campo E

Supor uma rede cúbica simples com dipolos p~ iguais e paralelos em cada sı́tio (polar-
ização microscópica uniforme), como mostra a figura:

Seja ~xijk o vetor de posição de cada sı́tio,


cujas componentes são:

ẑ xijk = i a, i = . . . , −2, −1, 0, 1, 2, . . .

a
b bp
~
yijk = j a, j = . . . , −2, −1, 0, 1, 2, . . .

b b
zijk = k a, k = . . . , −2, −1, 0, 1, 2, . . .
0 bc ba

O campo na origem é soma do campo pro-
ab b
duzido por todos os dipolos ~xijk = xijk n̂
a
x̂ X 3(~p · ~xijk )~xijk − x2ijk p~
~ viz =
E , (37)
x5ijk
Parte da rede cúbica simples. Os dipolos molec- i,j,k
ulares podem ser permanentes ou induzidos.
1
Equação (24) da Aula 11 ou eq. 4.18, pag. 149, Jackson.
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cujas componentes podem ser escritas como: Componente x̂:


X 3(px ia + py ja + pz ka) (ia) − [(ia)2 + (ja)2 + (ka)2 ] px
Eviz |x =
ijk 4πǫ0 [(ia)2 + (ja)2 + (ka)2 ]5/2
X 3(i2 px + ijpy + ikpz ) − (i2 + j 2 + k 2 )px
=
ijk
4πǫ0 a3 (i2 + j 2 + k 2 )5/2

Mas, a segunda e a terceira parcela do primeiro termo são nulas por simetria, isto é:
X X X 3ijpy
3 2 2 + k 2 )5/2
=0
i=...,−1,0,1,... j=...,−1,0,1,... k
4πǫ 0 a (i + j

Por outro lado, a quarta parcela pode ser simplificada (por simetria de troca de ı́ndices)
como:
X (i2 + j 2 + k 2 )px X i2 p x
= 3
ijk
(i2 + j 2 + k 2 )5/2 ijk
(i2 + j 2 + k 2 )5/2
Portanto, é imediato ver que:

Eviz |x,y,z ≡ 0 → ~ viz = 0


E (38)

para a rede cúbica com polarização uniforme.


Obs:
• Para simetrias mais complexas o campo local pode ser não nulo e terá a forma geral:
X
~
Eviz = Sαβ p~β (39)
α
β

onde o tensor Sαβ contém a simetria da rede.


~ viz ≃ 0.
• Em materiais amorfos com estrutura atômica aleatória, em geral E
~ viz ≃ 0 para a maioria dos casos.
Doravante, por simplicidade vamos considerar E

~i ≃ 1 ~
E P (40)
3 ∈0

Definição : Polarizabilidade:

A polarizabilidade γmol é definida como a constante de proporcionalidade entre o mo-


~ loc
mento dipolo elétrico p~ que o átomo ou molécula adquire em presença do campo local E
experimentado pelo átomo ou molécula.

~ loc
p~ = γmol E (41)

Obs:
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~ loc é o campo responsável pelo criação do momento dipolo p~. Portanto, p~ é induzido
• E
pelo campo.
• γmol mede a capacidade do átomo ou molécula de se distorcer sob ação do campo.
Portanto,
p momento dipolo elétrico
γmol = = (42)
Eloc campo elétrico
No caso de um meio dielétrico o campo sobre um particular átomo ou molécula é influ-
enciado pela presença do próprio átomo ou molécula uma vez que este campo incorpora
a polarização do meio, além daquela proveniente do campo externo das cargas livres,
como vimos acima [vide eqs. (31) e (33]. A determinação teórica ou experimental do ver-
dadeiro campo elétrico responsável pelo momento dipolo induzido em um átomo inserido
em um meio dielétrico é um problema complicado , sendo necessário realizar um cálculo
auto-consistente2 .
No caso de um meio dielétrico, a polarizabilidade é definida por:
< p~mol > < p~mol >
γmol = = (43)
~ mol
ǫ0 E ~ +E
ǫ0 (E ~ i)
onde < p~mol > é o valor médio em uma região macroscópica V de pequena escala. Por-
tanto, no caso dos meios dielétricos, γmol é definida pela razão entre duas grandezas
macroscópicas, ou seja
~ +E
< p~mol >= ǫ0 γmol (E ~ i) (44)

Obs:
• γmol pode ser função da intensidade do campo. Para um grande intervalo de valores
de campo, no entanto, γmol ≃ constante.
• A polarizabilidade é dependente da frequência em decorrência das possı́veis causas de
indução de momento dipolo elétrico: eletrônica (deformação dos orbitais atômicos);
iônica (distorções na estrutura cristalina em cristais iônicos); e orientacional (re-
orientação de dipolos elétricos permanentes)
• A polarizabilidade é dependente da temperatura, também de acordo com a fonte da
polarização.
• Em materiais sólidos a polarizabilidade orientacional é a mais importante.3
Usando esta definição a polarização P~ pode ser escrita como:
 
1
P~ = N < p~mol >= N ǫ0 γmol E ~+
3ǫ0 P~
Resolvendo a equação acima para P~ obtém-e
 
3N γ
P~ = ~ = ǫ0 χ e E
~
mol
ǫ0 E (45)
3 − N γmol
2
Para uma discussão introdutória indico a leitura do §5.1 do livro R. Levy, Principles of Solid State
Physics, Academic Press (1968).
3
§5.1, opus cit.
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onde
 
N γmol 3 ǫ/ǫ0 − 1
χe = → γmol = (46)
1 − 13 N γmol N ǫ/ǫ0 + 2

onde χe é susceptibilidade elétrica (macroscópica) e γmol é a polarizabilidade molecular


(microscópica).
Obs:
• A expressão (46) foi obtida independentemente por Clausius (1879) e Mossotti
(1850), sendo hoje referida como equação de Clausius-Mossotti.
• Em freqüências ópticas ǫ/ǫ0 pode ser substituı́do por n2 onde n é o ı́ndice de refração
do meio. Neste caso, a equação de C-M fica

3 n2 − 1
γmol = (47)
N n2 + 2

conhecida como equação de Lorenz-Lorenz (1880).


Modelos para Polarizabilidade Molecular:

1. Modelo harmônico para polarizabilidade eletrônica: Supor que a carga efetiva do dipolo
q está sujeita a uma força restauradora harmônica:

F~ = −mω02~x (48)

onde m é a massa efetiva da carga q, ω0 é a freqüência de oscilação natural e ~x é o


deslocamento em relação à posição de equilı́brio.
No equilı́brio sob ação de um campo E: ~

F~ + q E
~ = 0 → qE ~ = mω 2~x
0
2
q ~ ~ q2
p~mol = q~x ∴ p~mol = E = γmol E, ∴ γmol = ǫ0
mω02 mω02
Para um conjunto de átomos ou moléculas:

1 X qj2
γmol = (49)
ǫ0 j mj ωj2

Obs: Análise dimensional.


C2 ML3 T−2
[γ] = = L3
MT−2 C2
Para o átomo de hidrogênio: γH ∼ a30 ≈ 10−31 m3 .
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2. Efeito da Temperatura sobre o ordenamento entre os momentos de dipolo elétrico.


Considerar um conjunto de dipolos, independentes, induzidos pela ação de um
campo E, ~ em presença de um banho térmico (isto é, em equilı́brio com um reser-
vatório de calor à temperatura absoluta constante T ). A energia do sistema pode
ser escrita como:
X p~2i 1
H= Hi onde Hi = + mω02~xi − qE ẑ
i
2m 2

que corresponde à energia de um conjunto de osciladores harmônicos de massa m,


oscilando na direção ẑ, escolhida por simplicidade. p~i é o momentum linear.
O valor médio termodinâmico do momento dipolo elétrico (Ensemble Canônico) é
dado por 4 :
R 3 R 3
d p d x(qz) e−βH
< pmol >T = R R
d3 p d3 x e−βH

onde a energia H pode ser reescrita por conveniência (completando os quadrados)


como:
 2
p2 mω02 qE ẑ q2E 2
H = + ~x − −
2m 2 2mω02 2mω02
| {z }
x′

Portanto, fazendo a mudança de variável ~x′ = ~x − (qE/2mω02 )ẑ indicada:


 2

R R   −β
mω0
x′2
~
βp2 /2m q2 E
d3 p e d3 x′ qz ′ + mω2 e 2

0
< pmol >T = R R 2 x′ ]2
0 [~
3 2 /2m 3 −βmω
d pe −βp dx e

Como z ′ é ı́mpar, a primeira integral se anula e a segunda é obtida a partir da


integral de Gauss resultando em:

e2 E
< pmol >T = (50)
mω02

que tem igual ao valor obtido anteriormente sem considerar efeitos térmicos.
4
Lembrar a média sobre o ensemble canônico:
RR
T r O e−βH(p,q) dpdq O(p, q) e−βH(p,q)
< O(p, q)) >T = = RR
T r e−βH(p,q) dpdq e−βH(p,q)
P(p, q) = e−βH(p,q) (Peso de Boltzmann ) e β = 1/kB T
(p, q) ≡ {p1 , p2 ...p3N ; q1 , q2 , ...q3N } (Variáveis canônicas conjugadas)
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3. Polarizabilidade para momentos dipolo permanentes.


Considerar um conjunto de dipolos permanentes p~ (moléculas de HCl, CO, H2 O etc.)
localizados em uma rede de tal forma que a separação entre os dipolos é grande o
suficiente para desprezarmos a interação dipolo-dipolo. Sob a ação de um campo
elétrico E~ todos os dipolos tenderiam a se alinhar com o campo porque a energia
potencial de um dipolo no campo elétrico é U = −~p · E. ~ Todavia, dentro de um
material os dipolos estão acoplados à rede cristalina e estão continuamente sob a
ação das excitações elementares (térmicas) da rede, tais como os fonons, sofrendo
rotações, vibrações etc. Portanto a ação organizadora do campo (alinhamento dos
dipolos) é contrabalançada pela ação desorganizadora da temperatura.

A energia do conjunto de dipolos pode ser escrita como:


X
H= Hi onde Hi = Hi0 − pE cos θi
i

onde Hi0 é a energia do dipolo na ausência do campo (energia interna da molécula).


O valor médio do momento dipolo é então:
R R R
dpdq e−βH0 dΩ p cos θ e−βpE cos θ dΩ p cos θ e−βpE cos θ
< pmol >T = R R = R (51)
dpdq e−βH0 dΩ e−βpE cos θ dΩ e−βpE cos θ
Expandindo para pE ≪ KT (altas temperaturas) temos:
 2
−βp cos θE pE 1 pE cos θ
e ≃1− cos θ + + ···
kB T 2! KT
fazendo x = cos θ resulta:
Z Z 1 Z  2 Z 1
βpE cos θ p2 E 1 2 1 pE
dΩ p cos θ e ≃ 2π dxpx − 2π x dx + 2π x3 dx
−1 kB T −1 2! K T −1
" #  2
2 3 1 2
pE x pE pE
≃ 2π − ≃ −4π +O (Numerador)
kB T 3 −1 KT KT
Z Z 1 Z 
−βpE cos θ pE 1
dΩ e ≃ 2π dx − xdx + · · · ≃ 4π (Denominador)
−1 KT −1
Portanto:

1 p2 p2
< pmol >T ≃ E → γmol = (52)
3 KT 3KT ǫ0
R
Obs: AR integral (51) ser pode realizada exatamente observando que xeax dx =
(d/da)[ eax dx] e o resultado fica5 :
 
p2 E kB T
< pmol >T = coth − 2 (Função de Langevin)
kB T pE

5
Vide pag. 169, opus cit.
Curso de Eletrodinâmica Clássica I. 2005.1 Departamento de Fı́sica - UFPE 14

Obs: Em geral, se ambos os tipos de polarizabilidade estão presentes (induzida e perma-


nente) os dois efeitos combinados resultariam em:
P02 b
γmol ≃ γi + ∼a+ (53)
3KT ǫ0 T
P02
onde γi seria a parte induzida (eletrônica) e 3KT ǫ0
a parte permanente (iônica).

Energia Eletrostática em Meios Dielétricos:

Considerar o espaço vazio com uma densidade de carga ρ(~x) na presença de um po-
tencial externo Φ(~x). A energia potencial eletrostática desta configuração é:
Z
1
W = ρ(~x) Φ(~x)d~x (54)
2
que corresponde ao trabalho para trazer, do infinito, cada parcela infinitesimal de carga
para a posição final.
No caso de um meio dielétrico, a introdução de cargas modifica o meio (polariza) e
portanto altera Φ durante todo o processo de transferência da carga.
Considerar um meio dielétrico geral e calcular a variação δW devido a uma variação
em δρ(~x) onde ρ é a densidade de cargas macroscópica (inclui a carga de polarização):
Z
δW = δρ(~x) Φ(~x)d~x (55)

onde Φ é o potencial devido à densidade de carga já presente.


Como
~ = ρ
∇·D → ~ + δ D)
(ρ + δρ) = ∇ · (D ~
Z Z
∴ δW = ~ d~x = Φ(~x)δ D
∇ · (δ D) ~ − δ D~ · ∇Φ(~x)d~x
v S

onde o primeiro termo é nulo admitindo que o potencial é nulo no infinito (ausência de
cargas). Portanto
Z
δW = E ~ · δ Dd~
~ x, E~ = −∇Φ(~x) (56)

~ = 0 até o valor final D


Integrando (53) desde D ~
Z Z D~
W = dx 3 ~ · δD
E ~ (57)
0

~ = ǫE
Se o meio é linear D ~
!
~
D
~ · D)
δ(E ~ = (δ E)
~ ·D
~ +E
~ · δD
~ =δ ~ +E
· ǫE ~ · δD
~
ǫ
= 2E~ · δ(D)
~
Z Z D~ Z
3 1 ~ ~ 1 ~ · D)
~
∴ W = dx δ(E · D) = d~x(E (58)
0 2 2
Curso de Eletrodinâmica Clássica I. 2005.1 Departamento de Fı́sica - UFPE 15

Obs: Substituindo E ~ = −∇Φ(~x) e ∇ · D~ = ρ (integrando por partes) e assumindo que


Φ(~x) e ρ(~x) estão conectados linearmente, resulta:
Z
1
W = ρ(~x)Φ(~x)d~x (Válida apenas se o meio for linear) (59)
2

Obs: Em caso contrário (meio não-linear), vai depender da história prévia do processo
(histerese).
~0
Problema: Inserir um meio dielétrico ǫ onde previamente existe um campo elétrico E
e uma densidade de carga ρ0 (~x) em um meio ǫ0 .
Z
1 ~0 · D
~0
W0 = d~x E Energia inicial (60)
2
D~ 0 = ǫ0 E~0 Meio inicial linear (61)

Considerando fixas as fontes de campo, introduzindo o meio ǫ1 no volume V1 o campo


elétrico é modificado e a energia fica:

Z
1 ~ · Dd~
~ x ~ = ǫE
~
W1 = E onde D (62)
2

Sendo





 ǫ = ǫ0 fora de V1






 ǫ = ǫ1
 dentro de V1

Calculando a diferença:
Z
1 ~ ·D ~ −E ~ 0D
~ 0 )d~x
∆W = W1 − W0 = d~x(E
2
Z Z
1 ~ ~ ~ ~ 1 ~ +E ~ 0 ) · (D
~ −D
~ 0 )d~x
= d~x(E · D0 − D · E0 ) + (E
2 2

Mas,
~ +E
∇ × (E ~ 0) = 0 ∴ ~ +E
E ~ 0 = −∇Φ

Logo:
Z Z
~ −D
∇Φ · (D ~ 0 )d~x = − ~ −D
Φ ∇ · (D ~ 0 ) d~x = 0
| {z }
0
Curso de Eletrodinâmica Clássica I. 2005.1 Departamento de Fı́sica - UFPE 16

desde que a densidade de carga ficou inalterada. Logo,


Z n o
1 ~ ·D
~0 − D ~ ·E ~0
∆W = d~x E
2
Z
1 ~ ·E
~ 0 d~x ~ = ǫ0 E
~
= − (ǫ1 − ǫ0 )E fora de V1 temos D
2 V1

Se ǫ0 é o vácuo, então P~1 = (ǫ1 − ǫ0 )E


~1
Z
1 ~ 0 d~x → W1 = − 1 P~1 · E
∆W = − P~1 · E ~0 (63)
2 V1 2

~ 0 é maior.
Se ǫ1 > ǫ0 e o dielétrico V1 estiver livre, tende a mover-se para regiões onde E

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