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Apostila 8: Curso de História da Música Cenated.

Por Marcello Ferreira

Música Barroca I: Surgimento da Ópera; e a Ópera no século XVII

Em português a palavra barroca já foi utilizada para designar as perolas de contornos


irregulares. Contudo por um longo período esta palavra foi utilizada de forma pejorativa
indicando tudo que era “exagerando”, “de mau gosto” e até “bizarro” e “grotesco”. Apenas no
séc. XIX o termo voltou a ter um sentindo positivo sendo relacionando ao estilo decorativo e
ostentoso da arquitetura seiscentista. Apenas no Séc. XX ele passou a ser adotado no estudo
da música. Entretanto os estudiosos da época utilizaram o termo tendo em vista muito mais o
estilo do final do período, com as complexas e rebuscadas fugas e concertos de Bach e as
ostentosas Óperas e cantatas de Handel do que a música vocal de Caccini e a Ópera de
Monteverdi ou a música para teclas de Scarlatti e Frescobaldi.

A música escrita entre os anos de 1600 e 1750 é convencionalmente chamada de Música


Barroca. Neste período tem o surgimento e a inauguração
de varias das formas e gêneros de composição e praticas
musicais ainda hoje vigentes, tanto na música de concerto
como também na música popular. Aspectos de domínio
geral da prática musical atual como a escrita musical;
linguagem harmônica e sintaxe formal da música; afinação
e o temperamento igual; além do conceito de
estruturação formal para diferentes gêneros musicais
como conhecemos hoje surge no período Barroco.

Dentro deste quadro temos a real divisão entre musica vocal e instrumental com o
desenvolvimento de um “idioma” próprio para cada estilo. Ainda dentro da música
instrumental temos o aparecimento e incrementação dos instrumentos [o violino e o oboé] e
grupos instrumentais [a orquestra] conhecidos hoje.

A música do Barroco é marcadamente influenciada pela música produzida na região da atual


Itália, você pode pensar: mas porque “região” da Itália. Naquele período histórico a nação
italiana ainda não havia se configurado em sua forma contemporânea, a “bota” ainda dividida
entre regiões governadas pela Espanha e Áustria, pelo estado Papal e por uma dezena de
cidades-estado que nutriam uma desconfiança ferrenha entre si. Contudo isso não impediu
que a música ali produzida se tornasse modelo para toda Europa. Apesar dos estilos nacionais
em alguma medida todos foram fortemente influenciados pelos italianos, na França Lully que
foi o maior expoente do estilo françês tinha origem italiana, já na Alemanha, compositores
com J. S. Bach, Telemann e Handel tiveram como modelo para grande parte de suas obras os
compositores italianos como Geminniani, Corelli e Vivaldi. A própria Ópera gênero máximo da
música dramática é dádiva da criação musical italiana.

Os teóricos da época dividiram a música de seu tempo em três categorias básicas: Música
Esclesiasticus [sacra]; cubicularisI [concerto ou câmara]; theatralis ou scenicus [teatral ou
cênica]. Esta principio divisão de gêneros é ainda utilizado hoje em dia.

Aspectos iniciais da música Barroca.

As duas práticas: Monteverdi em 1605 estabeleceu uma


distinção entre a música escrita naquele momento e a
música produzida anteriormente por compositores como
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Zarlino e Willaert, as definido como prima e seconda prattica, a distinção era baseada no
principio que no qual a primeira subordinava o texto a música tornando assim a expressão dos
afetos do texto inteligível, já a segunda perfazia o caminha contrario utilizando a música como
instrumento de pontecialização dos afetos inseridos no texto. Esta divisão foi pautada em
aspectos formais da escrita musical como simplificação do contraponto a medida dele ser
substituído por um novo tipo de monodia acompanhada.

Monodia: a monodia do inicio do barroco guarda em si traços que a diferenciam daquele


encontrada em períodos anteriores. Além de ter a melodia fixada pelo compositor em
detalhes, ela tinha um sentido quase recitativo. A melodia não era mas escrita de forma
isolada, com ela o compositor escrevia o chamado continuo.

Continuo: O baixo contínuo tem sua origem ligada aos teóricos do renascimento tardio que
buscavam nas antigas teorias gregas uma forma de manter predominância da voz solista sobre
o acompanhado por um instrumento. A prática de contínuo se desenvolveu na música secular
italiana no início do século XVI, e no século XVII se constitui como uma das grandes inovações
técnicas da composição barroca, idéia parte de uma principio simples, o continuo nada mais é
que uma linha melódica escrita abaixo que acompanha harmonicamente a melodia cantada e
era realizada por instrumentos. Ele podia ou não ser figurada mostrando ao executante a
harmonia a ser aplicada sobre ela.

O continuo trazia em si o sedimento harmônico para a realização do acompanhamento


instrumental do canto, muitas vezes, por meio de cifras que indicavam a harmonia. O Continuo
[ou baixo-continuo ou até baixo cifrado] era tão cuidadosamente escrito quando a melodia do
canto, pois nas mãos de um bom realizador [arranjador no sentido moderno] era o ponto de
partida para cria o “cenário” sonoro para expressão das melodias.

Ritmo: o continuo foi possível graças também ao desenvolvimento de conceitos hoje comuns
na musica como a métrica regular e a barra de compasso. Ainda na música instrumental solista
ou recitativa temos a pratica do ritmo livre.

Contraponto: com a atenção cada vez mais voltada para o texto, as texturas do contraponto
utilizadas nos períodos anteriores foram abandonadas. Agora temos relevância de uma
melodia principal, passível de ornamentação, e uma melodia grave de extrema importância
estrutural. As linhas melódicas com rítmica defasada do
passado passaram ser “aglomeradas” em estruturas com
ritmo mais regular gerando acordes sobre as notas do
continuo. O contraponto irá retorna no período final do
barroco, contudo como uma linguagem puramente
instrumental.

Dissonância e o cromatismo: estes aspectos da construção


melodia muitas vezes evitados nos períodos anteriores
passaram a fazer parte do vocabulário musical. Agora como forma de expressão mais
significativa dos afetos descritos no texto poético. Com a prática continua os músicos
passaram a perceber “funções” em certos “aglomerados” sonoros sobre o Continuo [onde
temos as dissonâncias e cromatismos], discernindo sensações de relaxamento, movimento e
tensão. O que conhecemos hoje como funções harmônicas dos acordes de tônica,
subdominante e dominante [que são ainda hoje a base para quase a totalidade da música
produzida], como também a possibilidade de “fuga” da nota tônica inicial para outra, a
chamada modulação. Em 1722 o grande compositor e teórico francês Jean-Philippe Rameau

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publicou seu celebre Tratado De Harmonia, codificou a pratica música que já era utilizada à
pelo menos 50 anos.

O surgimento da Ópera

Percussores:

A ópera tem sua origem ligada as premissas defendidas pelos teóricos e compositores do final
da renascença em tentar se aproxima do teatro grego. A música européia já trazia consigo uma
larga tradição de encenações onde a música e a dança eram elementos de apoio do drama,
lembremos dos jograis e a encenação dos milagres e mistérios medievais. Contudo a ópera
traz em si aspectos que a diferem daqueles protótipos de música dramática. A ópera antes de
tudo é uma forma tão teatral quanto musical ela combina: cenários; diálogos; monólogos;
ação dramática; e música quase continua.

No teatro renascentista era comum ocorrer as encenações dos chamados intermedi ou


intermezzi entre os atos de uma tragédia ou comedia, estas encenações eram breves
interlúdios com temas bucólicos e pastorais onde se executava música na ação dramática,
normalmente madrigais. Com o tempo estes interlúdios foram tomando importância e
passaram a ser encenados em comemorações oficiais, como matrimônios reais e aniversários
de reis e nobres importantes, com o status de grandes e elaboradas produções. Neste
contexto surgi os ciclos de madrigais ou comedias de madrigais que foram uma das primeiras
experiências de elaboração de formas dramáticas dentro dos moldes do teatro, este gênero
era voltado a apresentações privadas em pequenos círculos, era uma musica ligeira sem
grandes pretensões técnicas, o mais conhecido exemplo é L’Amfiparnaso de Orazio Vecchi.

Outro aspecto significativo que diferenciou a ópera dos demais gêneros da época foi a forma
de tratamento do texto. No madrigal os textos se dividiam entre narrações e diálogos que
eram musicados de acordo com a necessidade de expressão. Já na ópera temos dois tipos
básicos de texto temos o recitativo, que eram os monólogos e diálogos [que conduziam o
enredo] sendo estes recitados, já alguns monólogos tratavam da expressão dos sentimentos
internos da personagem escritos num estilo mais poético e era cantado, mais tarde, este tipo
de texto receberia o nome de ária. Contudo, todo o texto deveria ser cantando, o recitativo de
forma que imitasse o falar coloquial e a ária de forma mais melodiosa e elaborada. O
incentivador deste tipo de prática, foi o erudito Girolamo Mei,que se dedicou por 11 anos ao
estudo do teatro grego clássico e publicou o compêndio de quatro volumes chamado De modis
musicis antiquorum [Sobre os modos ou das formas musicais dos antigos] concluiu que todo o
texto deste teatro era cantado, ele propunha este modelo deveria ser seguindo para realização
da verdadeira música-teatral ou teatro-musical. Para Mei a musica dos gregos consistia numa
única melodia cantada solo ou por um coro, com ou sem acompanhamento instrumental, com
a escolha da melodia e registros se poderia expressar corretamente os afetos propostos.

O pensamento de Mei foi de grande influencia sobre um grupo de estudiosos, músicos e


melomanos florentinos, reunidos sub os auspicio do Duque Giovanni Bardi, que reunia em seu
palácio uma pequena academia privada que discutia sobre
música e arte, de maneira freqüente a leitura das idéias de
Mei pautou as reuniões deste grupo. Inspirando por Mei
um dos membros deste grupo, Vincenzo Galileu [pai do
famoso físico] que era musico e estudioso publicou o
Dialogo della musica antica e
della moderna, onde ocorria a
defesa de uma nova música não
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mais fundamenta sobre o contraponto e a complexidade rítmica do madrigal, pois segundo as


idéias defendidas no seu texto não permitiam a expressão correta do conteúdo emotivo do
texto, e que para isso era necessário partir para uma novo estilo de música monódico e
expressivo. O próprio Galileu tentou exemplificar suas idéias musicando trechos do Inferno de
Dante, infelizmente esta música não chegou até nossos dias. No mesmo momento dois outros
membros da camerata aderiam a empreitada, foram eles o escrito Ottavio Rinuccini e o musico
Jacobo Peri, tendo este ultimo musicado um texto de Riunuccini baseado na tragédia de Dafne
em 1597. A seguir foi musicado outro texto de maior proporção também adaptado por
Rinuccini, L’Euridice, sendo este o primeiro protótipo da opera. Peri teve a colaboração de
outro importante membro da camerata o compositor Giulio Caccini.

Caccini foi importante por ajudar a instituir um novo idioma para escrita da musica vocal, o
estilo recitativo. Este novo conceito monodia configurou-se como um instrumento técnico
necessário para realização da música defendida pela Camerata Fiorentina, eles acreditavam
que agora poderiam restaurar idéias de melodia e declamação defendidas por Mei. Consistia
numa melódica cantada por uma voz solo, bastante ornamentada, por cima da parte de um
baixo ritmicamente independente. Os instrumentos de acompanhamento podiam ser: alaúde,
chitarrone, Teorba, o cravo, órgão. Havia preocupação de adequar corretamente e melodia a
harmonia proposta no baixo-continuo. A famosa coleção publicada em 1602 de árias e
madrigais monódicos, intitulada Le nuove musiche de Caccini trazia vários exemplos desta
pratica.

Vincenzo Galilei (1533 — 1591) foi um músico italiano, alaudista, seu papel de teórico foi
determinante para evolução do estilo monódico.

Giulio Caccini (Roma, 8 de Outubro de 1551 – 10 de Dezembro de 1618) foi um compositor,


professor, cantor do fim da Renascença e início do Barroco. Foi um dos fundadores do gênero
da Ópera e um dos criadores do estilo recitativo de canto.

Jacopo Peri (20 de agosto 1561 – 12 de agosto 1633) compositor e cantor italiano do período
de transição entre os estilos renascentista e barroco, é chamado o por muitos de “inventor” da
ópera. Escreveu o primeiro protótipo da ópera, Dafne (1597) e
Euridice (1600),

Monteverdi: L’Orfeo Favola per musica

L'Orfeo estreou no carnaval de Mântua em 24 de Fevereiro 1607


no palácio ducal, ela é uma das primeiras obras reconhecidas
como uma ópera, seu compositor Claudio Monteverdi, com a
ajuda do poeta italiano Alessandro Striggio tomaram como
modelo a pastorela Eurídice de Rinuccini, expandido-a para uma
peça de cinco atos. Montiverdi então uma consagrado compositor
de madrigais e música sacra, elaborou uma miríade de recursos
composicionais que permitiram a ele expandir as possibilidades
expressivas e técnicas do canto no estilo recitativo, não só isso a
estrutura musical usada por Montiverdi é muito mais elaborada que aquele de Caccini e Peri.
Em L’Orfeo temos: árias, duetos, corais no estilo madrigal, danças e ritornellos instrumentais e
corais.

Outro aspecto de L’Orfeo é sua orquestra de dimensões e variedade de sonora inédita para
época, para se ter uma idéia Eurídice de Peri e Caccini podia se apresentada num aposento do
Palácio de Pitti, utilizava além dos cantores alguns alaúdes, violas e um cravo para o
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acompanhamento. Já a orquestra de Monteverdi consistia de quarenta músicos e dispunha de


flautas; cornetas; sacabuxa [avô do trombone]; alaúdes; Chitaroni; um grupo de violas; cravo;
órgão. Além dos contínuos Monteverdi escreveu 26 pequenos interlúdios instrumentais como a
toccata de fanfarras que introduz a obra.

L’Orfeu:

Personagens:

 Orfeu tenor

 Euridice soprano

 Apollo (pai de Orfeu) barítono

 Pluto (rei do Tártaro e deus do submundo) baixo

 Proserpina (rainha do Tártaro e esposa de Plutão) soprano

 O Espírito da Música (canta somente no prólogo) soprano

 Caronte (protetor da entrada do Tártaro) baixo

 Silvia (uma mensageira) soprano

 Esperança soprano

Roteiro da Ópera:

Toccata da Ópera L'Orfeo

A ópera baseia-se no antigo mito helênico de Orfeu, que tenta


resgatar sua amada Eurídice no tártaro, onde governa Hades.

Prólogo

O "Espírito da Música" explica o poder da música, e especificamente


o poder de Orfeu, cuja música é tão poderosa que é capaz de mudar
a atitude dos próprios deuses.

Ato I

Orfeu e Euridice comemoram a chegada do dia do casamento

Ato II

Orfeu recebe a terrível notícia de que Euridice tenha


morrido com a picada de uma serpente, então ele resolve ir
até o Tártaro para poder resgatar a sua amada. Ele fala
como a felicidade humana é passageira.

Ato III

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Esperança acompanha Orfeu à entrada do Tártaro. Orfeu encontra Caronte, o guardião do


Tártaro, e tenta hipnotiza-lo com a beleza de seu canto para poder passar. Não conseguindo,
ele tenta novamente, mas desta vez utiliza sua lira, desta vez Caronte cai de sono e Orfeu
passa por ele para chegar ao Tártaro.

Ato IV

Proserpina , a rainha do Tártaro e esposa de Pluto, é comovida pela música de Orfeu, e com
isso Pluto, rei do Tártaro, deixa Euridice ir. Mas Pluto só a libera com uma condição: que Orfeu
não olhe para trás onde Eurídice, Pluto libera a sua amada de Orfeu. Assim Orfeu e sua amada
Eurídice se retiram do Tártaro, para irem para a Terra, mas num momento de fraqueza
humana, Orfeu olha para trás e ver o ombro de Eurídice, e então sem tempo para começar a
olha o rosto de Eurídice, ela é fulminada e volta como fantasma para o Tártaro

Ato V

Orfeu é consumido pela dor, e Apollo, o seu pai, vem do céu para levar seu filho, onde lá ele
poderá ver para sempre a imagem de Euridice no céu, formada pelas estrelas.

A Ópera no Século XVII

Ópera italiana:

Estilo veneziano

Após a difusão da ópera pelo território italiano, este gênero passou a ser cultivado em outros
países da Europa, na primeira metade do século XVII, Veneza é o centro do mundo operístico e
seus teatros são famosos em toda Europa. O estilo veneziano se caracteriza pela cênica
elaborada e musica de esplendido requinte. É certo apontar que esta ópera difere daquela de
Monteverdi, a ópera de estilo heróico voltada à expressão dos afetos. O estilo vigente neste
período é muito mais voltado ao espetáculo, os enredos são cheios de personagem e
amontoam cenas sérias e cômicas apenas como um pretexto para execução de belas melodias.
O bel canto, a cenografia e o figurino são colocados em primeiro plano. O conteúdo
intelectualizado dos textos é em parte abandonando em favor de uma maior fluência e leveza
de conteúdo, isto, pois a ópera torna-se um grande negócio atraindo um imenso publico não
só entre o povo de Veneza, mais pessoas vindas de toda Itália e Europa.

Musicalmente as melodias se aproximam das estruturas rítmicas e melódicas das canções


populares. A ária passar a ser predominante e o coro desaparece da música, assim como os
ritornellos orquestrais, a própria orquestra passa a apenas a ter a função de acompanhar as
vozes solistas, ou seja, o gosto popular prevalece ao requinte aristocrático. As árias adotam
ritmos de danças [quando exibem temos leves e cômicos] e marchas [temas sérios e
dramáticos]. Temos também um estilo de ária que satirizava árias das óperas sérias.

Os principais compositores deste estilo foram: Pietro Simone Agostini [1635-1680]; Antonio
Santorio [1630-1680]; Giovanni Legrenzi [1626-1690] e Alessandro Stradella [1644-1682].

Outros dois compositores importantes foram Carlo Pallavicino [1630-1688] e Agostino Steffani
[1654-1728] eles foram dois dos vários compositores italianos que se transferiram para outros
países da Europa [principalmente a Alemanha], difundido o gênero e o estilo veneziano, estes
dois em particular foram influencia direta para os dois grandes operistas alemãs Keiser e
Haendel.

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Estilo napolitano

O estilo veneziano se definia pela preocupação com um resultado musical de beleza e


elegância musical agradável aos ouvidos. Com sua textura musical simples apoiada na voz
solista e harmonias simples e bem elaboradas, compensava com beleza a pouca profundidade
dramática. No estilo napolitano é mais nítido a surgimento de dois estilos de recitativo o secco
e o obligato, mais tarde batizado de acompagnato ou stromentato. No primeiro o recitativo é
acompanhado apenas pelo cravo e por um instrumento grave, no segundo pela orquestra. O
recitativo obligato era mais utilizado em cenas mais dramáticas onde a orquestra pontuava
momento de tensão ou emoção com frases rápidas. O grande compositor deste foi Alessandro
Scarlatti [1660-1725].

Estilo francês

Apesar do sucesso da ópera italiana na Europa, a frança manteve uma resistência ao gênero,
onde este não era sequer cultivado e nem era criado um estilo nacional. Em meados da década
de 1670, sub os auspícios do Rei Luis XIV foi criado o estilo francês, que teve duas fontes: o
ballet comique francês e a tragédia teatral clássica francesa de autores como Corneille, Racine
e Cambert.

O principal compositor do estilo francês foi Jean-Baptiste Lully [1632-1687] que tinha origem
italiana, mas vivia em Paris desde a infância. Sua musica diferia do estilo veneziano e
napolitano, pois era voltada não a um publico aperto e sim para a corte francesa, assim sua
musica é pomposa de imensos efeitos orquestrais e coros maciços, além de cenas de dança.
Os textos de seus librettos [de autoria de Jean-Phillippe Quinault] mantinham minúcias dos
costumes da corte, alem disso seus temas variavam de cenas mitológicas e dramas sérios,
entremeados por coros e cenas de dança que glorificavam a França e em muitos casos serviam
de pura bajulação ao rei. Um dos grandes méritos de Lully foi adaptar o estilo de recitativo
italiano a língua francesa.

O grande compositor de óperas francês foi Jean-Phillippe Rameau.

Estilo inglês

Não ocorreu um estilo inglês propriamente dito, a masque que era o termo usado para
representações dramáticas com música teve uma existência curta durante a segunda metade
do século XVII, nos reinados de Jaime I e Carlos I, a semelhança com o ballet se dava ao fato de
que era muito mais uma diversão aristocrática que voltada ao grande público. A obra mais
conhecida do gênero é Camus de Milton. Estas obras era uma espécie de coletânea de
canções, de tipos variados, recitativos, coros, danças e trechos instrumentais que seguiam uma
trama. A ópera inglesa surgiu de forma curiosa no período da commonwealth as peças de
teatro [muito apreciadas pelos ingleses] foram proscritas, contudo, as tramas musicadas
podiam se rotuladas como concertos, assim escapando da proibição. Estas peças teatrais
musicadas a pretexto de serem concertos apresentavam: coros, peças instrumentais de todo
tipo. As duas únicas exceções a este contexto foram as obras Venus e Adonis de John Blow e
Dido e Eneias de Henry Purcell, que apresentavam um formato mais próximo da ópera.
Infelizmente após estes dois compositores não surgi na Inglaterra quem continuasse sua
tradição. Pois o público inglês irá consagrar o estilo italiano de produções de compositores
italianos, franceses e alemães.
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Estilo alemão

Apesar das cortes alemães cultivarem o gosto pela ópera italiana, algumas cidades da
Alemanha mantinham companhias privadas de ópera em alemão, abastecidas com obras de
compositores alemães. Sendo a mais destacada entre elas Hamburgo, lá foi inaugurado o
primeiro teatro publico de ópera fora da Itália. Muito dos librettos usados nestas óperas em
alemão eram adaptações de librettos venezianos, já o estilo musical era fortemente
influenciado por italianos e franceses. O Mais destacando compositor alemão deste período
inicial foi Reihard Keiser.

Georg Friedrich Haendel

Georg Friedrich Händel (Halle an der Saale, 23 de Fevereiro de 1685 — Londres, 14 de Abril de
1759) um dos grandes compositores da Alemães, naturalizado cidadão britânico em 1726. A
primeira parte de sua carreira foi passada em Hamburgo, como violinista e maestro da
orquestra da ópera local. Mais tarde foi se tornou mestre de capela do Eleitor de Hanôver,
anos depois seu patrão foi coroado rei da Inglaterra como Jorge I. Haendel fixou-se em
Londres, e ali desenvolveu a parte mais importante de sua carreira, como autor de óperas,
oratórios e música instrumental. Quando adquiriu cidadania britânica adotou uma versão
anglicizada de seu nome, George Frideric Handel.

Sua vasta produção, que compreende mais de 600 obras, muitas delas de grandes proporções,
entre elas dezenas de óperas e oratórios em vários movimentos. Sua fama em vida foi enorme,
tanto como compositor quanto como instrumentista, e mais de uma vez foi chamado de
"divino" pelos seus contemporâneos.

As óperas de Haendel se estruturam dentro de uma modelo similar, quase padrão: uma
abertura instrumental seguida de uma série de árias acompanhadas pela orquestra, alternadas
com recitativos, e com participações esporádicas de duetos, trios e coros.

Dentro deste modelo as árias eram elementos auto-suficientes, pois podiam ser executadas
fora do contexto da obra, e serviam muitas vezes para exibir o virtuosismo do cantor, sendo
uma seção de expressão dos sentimentos internos de uma personagem, não ocorria ação
dramática durante sua execução. Na verdade toda a trama transcorria nos recitativos. O
acompanhamento resumido ao baixo contínuo ou uns poucos instrumentos e passagens
concertantes também eram comuns nas óperas de Haendel.

A ópera de Haendel seguia o estilo italiano. Os libretos eram escolhidos entre aqueles que
pudesses oferecer momentos contemplativos que servicem de base para composição de árias.
Outra caracteristica das óperas da época, era o uso de castrati, homens emasculados que
desenvolviam vozes agudas e muitas vezes também traços corporais femininos. Para
interpretar os personagens heroicos ou femininos do drama.

Estrutura da ópera barroca:

 Sinônimos de Abertura: sinfonia, prelúdio e protofonia.

 PRÓLOGO - Muito comum nas óperas do século 17, normalmente com dois ou três
personagens introduzindo ou resumindo o enredo, agradecendo a presença do público
ou fazendo um elogio ao mecenas, patrocinador do espetáculo. Caiu em desuso com o
tempo.
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 ATOS / CENAS / QUADROS - São as divisões dramáticas do enredo e é mais uma


preocupação do libretista do que do compositor.

NÚMEROS - O compositor e o libretista, para facilitar a composição e os ensaios, subdividem a


ópera em pequenas unidades; os principais números são:

Recitativo seco - Número musical entre o canto e a fala, acompanhado apenas pelo cravo
contínuo (podendo ser um diálogo). Antecede uma canção ou um prólogo.

Recitativo acompanhado - Do mesmo jeito anterior, só que acompanhado pela orquestra.

Ária - canção onde a personagem revela sua personalidade, conta seus propósitos, declara
seus pensamentos e expressa os seus sentimentos mais íntimos. Existem vários modelos:

- aria-da-capo ("ária da cabeça" ou "ária do começo" em italiano), na qual a primeira parte é


repetida com ornamentações.

- arioso (ária curta e melodiosa) e a arietta ("pequena ária"). Entre uma estrofe ou outra havia
o ritornello ("retorno"), um tema musical instrumental.

Conjunto - Quando há dois ou mais cantores num mesmo trecho musical.

Coral - Música para coro.

Instrumental ou sinfonias ou ritornello – trechos instrumentais executados pela orquestra que


serve para diversas funções como: ligar cenas; indicar passagem de tempo; conceder efeito
dramático especial ou servir de interlúdio entre os atos.

Outros – Muitas vezes nos ritornellos eram incluídos balés ou intermezzos que era uma
pequena encenação muitas vezes sem relação coma drama principal da obra apresentada.

Leitura complementar:

A Cantata1

Cantata (do italiano "cantata", particípio passado substantivado de "cantare") é um tipo de


composição vocal, para uma ou mais vozes, com acompanhamento instrumental, às vezes
também com coro, de inspiração religiosa ou profana, contendo normalmente mais de um
movimento e cujo texto, em vez de ser historiado, descrevendo um fato dramático qualquer, é
lírico, descrevendo uma situação psicológica.

Origens

Este gênero foi muito explorado, no período Barroco, por compositores tais como Johann
Sebastian Bach, que escreveu mais de duzentas cantatas, muitas delas com trechos famosos,
como é o caso do coral Jesus Bleibet Meine Freude (Jesus, alegria dos homens), BWV 147.

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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cantata

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É o gênero mais importante de música de câmara vocal do período barroco, o principal


elemento musical do culto luterano. Desde o final do século XVIII, o termo foi aplicado a uma
ampla variedade de obras, sacras e seculares, na maioria para coro e orquestra.

Na Itália, a palavra "cantata" foi usada pela primeira vez para variações estróficas na Cantade
el arie de Alessandro, o Grande, e logo passou a ser aplicada às peças que alternavam seções
de recitativo, arioso e em estilo de ária. A partir de c. 1650 esse era o padrão habitual, mas os
principais autores de cantatas do início do século XVII, Luigi Rossi e Mazzaroli, preferiam a
arietta corta, uma única ária com alterações métricas. Esses dois compositores trabalharam
em Roma, principal centro da cantata no século XVII, onde Carissimi, um dos primeiros grandes
mestres da forma, também estava em atividade. Nas primeiras cantatas de seu aluno
Alessandro Scarlatti e nas de Stradella e Steffani, a distinção entre recitativo e ária é bastante
clara, e o número de seções normalmente menor. Cantata é uma conjunto de musicas criadas
por novos usuarios, elas sao usados em comemorlações devirsas. No final do século, temas
históricos foram substituídos pelos versos arcádicos descrevendo sentimentos amorosos em
um cenário pastoril, sendo um dos exemplos mais famosos a cantata BWV 208, de Bach. A
cantata spirituale musicava um texto sacro em linguagem vernácula.

Nas cantatas de Scarlatti após c. 1700, a estrutura é padronizada na forma de duas ou três
árias da capo, separadas por recitativos. A maioria é para soprano e contínuo. Esse tipo foi
cultuado por outros italianos, incluindo Bassani, Bononcini, Vivaldi e Marcello, e por Haendel
durante sua permanência na Itália (1705/6-10). Muitas das cantatas de Haendel, no entanto,
distinguem-se das italianas em estrutura tonal e força dramática.

O desenvolvimento posterior da cantata italiana ficou em grande parte nas mãos de


compositores napolitanos tais como Leo, Vinci e Pergolesi, em cujas obras o acompanhamento
utilizando ao máximo as cordas tornou-se a norma.

Cantata Alemã

Na Alemanha, a Kantate era basicamente um gênero sacro, apesar de o termo não ser de uso
geral durante o período barroco. Um passo em direção à cantata como forma multi-seccional
foi dado pelas composições de salmos de Tunder, Buxtehude e outros, cujas partituras corais
são afins às verdadeiras cantatas, já que usam uma forma fechada para cada estrofe. Mas foi a
mistura de textos, especialmente textos bíblicos e poéticos naquilo que se chamou de cantata
"concerto-ária", que estabeleceu de maneira decisiva o formato da cantata alemã.

Algumas das cantatas de Bach são retrospectivas em sua utilização de um texto coral
uniforme, mas a maioria mostra os efeitos das reformas de Neumeister em c. 1700, com
recitativo e ária da capo como elementos dominantes. As cantatas foram compostas em
grande número – Telemann e Graupner escreveram bem mais de mil – e eram normalmente
agrupadas em ciclos anuais. As de Bach são atípicas em qualidade e diversidade. Nas mãos de
compositores menores, o gênero foi se tornando cada vez mais padronizado e, no final do
século XVIII, a estagnação estrutural e textos alegóricos fizeram-na parecer fora de moda e
fossilizada.

Cantatas seculares em alemão e em italiano foram compostas por Keiser, Telemann, Bach e
outros, mas esse tipo de cantata só foi amplamente cultivado na Itália. Na França e na
Inglaterra a cantata secular foi essencialmente um gênero do século XVIII, emulando o tipo
italiano. Atribui-se a J. B. Morin ter introduzido a cantate francesa em seu primeiro livro
(1706). Ali estabeleceu-se o padrão para as cantatas francesas das duas décadas seguintes,
com três árias, cada qual introduzida por um recitativo; a preferência recaía em textos
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Apostila 8: Curso de História da Música Cenated.

Por Marcello Ferreira

mitológicos e amorosos. Entre as cantatas posteriores, as de Clérambault estão entre as


melhores. Rameau também escreveu cantatas entes de 1733, após o que o gênero declinou
em favor do novo cantabille rococó, mais curto.

Cantata Inglesa

A cantata inglesa surgiu em grande parte de um desejo dos poetas e compositores do século
XVIII de demonstrar a adequação de sua linguagem aos estilos de recitativo e ária à italiana. J.
C. Pepusch alegava que suas Six English Cantatas (1710) eram as primeiras do tipo; seus dois
conjuntos estão entre os melhores. Após 1740, a estrutura à italiana foi abrandada e a
tendência inglesa para uma melodia ligeira e agradável se firmou. A mudança, observável nas
cantatas de Stanley, encontra-se completa no conjunto que Arne compôs em 1755, o qual,
com seus acompanhamentos de sopros de madeira e utilizando ao máximo as cordas, marca o
final da cantata como forma de música de câmara na Inglaterra.

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