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Desidério Murcho
King's College London
Tomás de Aquino
Clarificação e validade
A lógica desempenha dois papéis na filosofia: clarifica o
pensamento e ajuda a evitar erros de raciocínio. A filosofia
ocupa-se de um conjunto de problemas. Os filósofos, ao longo
da história, têm dado resposta a esses problemas, tentando
solucioná-los. Para isso, apresentam teorias e argumentos. A
lógica permite assumir uma posição crítica perante os
problemas, as teorias e os argumentos da filosofia:
Exercícios
1.* "A lógica não tem qualquer interesse para a filosofia porque é meramente
formal." Concorda? Porquê?
2.* "A lógica ocupa-se da validade, mas a filosofia ocupa-se da verdade; logo, a
lógica é irrelevante para a filosofia." Concorda? Porquê?
3.* "A lógica não é importante para a filosofia. Os filósofos não fazem
demonstrações; apresentam ideias inspiradas, visões criativas do mundo."
Concorda? Porquê?
A criatividade
O estudo quer-se criativo, aberto a novas ideias, crítico e
formativo. E a filosofia é uma disciplina cujo estudo perde o
sentido se não se orientar por estes ideais — porque ao
contrário do que acontece noutras disciplinas, não há "A
Filosofia" para ser estudada. Há apenas os problemas
filosóficos e as diferentes teorias e argumentos que os filósofos
apresentam, não havendo uma "síntese" ou um consenso que
se possa estudar como "A Filosofia". Na filosofia, está-se quase
desde o início nas fronteiras do conhecimento. Por isso, é
necessário aprender a filosofar e não aprender uma ou outra
filosofia — a preferida do professor ou dos autores dos
programas do ensino secundário. E aprender a filosofar é
aprender a discutir os problemas, as teorias e os argumentos
apresentados pelos filósofos — e não aprender a repetir as
ideias dos filósofos.
Desidério Murcho
desiderio@ifac.ufop.br
Extraído de O Lugar da Lógica na Filosofia, de Desidério Murcho (Plátano, 2003)
Termos de utilização ⋅ Não reproduza sem citar a fonte
12/12/200510h52
"O estudo da lógica é o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o raciocínio
correto do incorreto."
Irving Coppi
"A lógica trata de argumentos e inferências. Um de seus propósitos básicos é apresentar
métodos capazes de identificar os argumentos logicamente válidos, distinguindo-os dos que
não são logicamente válidos."
Wesley Salmon
"A tarefa da lógica sempre foi a de classificar e organizar as inferências válidas, separando-as
daquelas que não o são. A importância desta organização não deve ser subestimada, pois
usam-se as inferências (de preferência válidas) tanto na vida comum como nas ciências
formais, sendo um exemplo a matemática."
Nosso raciocínio é correto. Sócrates é mortal! Temos três proposições. As duas primeiras
proposições servem de evidência para a última. Vamos dizer isto em outras palavras:
Temos duas premissas que servem de evidência para a conclusão.
Heidi Strecker, Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação é filósofa e educadora.
Quais
as
princip
ais
etapas
da sua
evoluçã
o
históric
a?
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Conceitos
Síntese da Matéria
Exemplo:
Carlos Fontes
O que é lógica?
Lógica aristotélica
De acordo com Aristóteles, a lógica tem como objeto de estudo o pensamento,
assim como as leis e regras que o controlam, para que esse pensamento seja
correto. Para o filósofo grego, os elementos constituintes da lógica são
oconceito, juízo e raciocínio. As leis da lógica correspondem às ligações e
relações que existem entre esses elementos.
Alguns sucessores de Aristóteles foram responsáveis pelos fundamentos da
lógica medieval, que perdurou até o século XIII. Pensadores medievais como
Galeno, Porfírio e Alexandre de Afrodísia classificavam a lógica como a ciência
de julgar corretamente, que possibilita alcançar raciocínios corretos e
formalmente válidos.
Lógica de programação
A lógica de programação é a linguagem usada para criar um programa de
computador. A lógica de programação é essencial para desenvolver programas
e sistemas informáticos, pois ela defina o encadeamento lógico para esse
desenvolvimento. Os passos para esse desenvolvimento são conhecidos como
algoritmo, que consiste em uma sequência lógica de instruções para que a
função seja executada.
Lógica de argumentação
A lógica de argumentação permite verificar a validade ou se um enunciado é
verdadeiro ou não. Não é feito com conceitos relativos nem subjetivos.São
proposições tangíveis cuja validade podem ser verficada. Neste caso, a lógica
tem como objetivo avaliar a forma das proposições e não o conteúdo. Os
silogismos (compostos por duas premissas e uma conclusão), são um exemplo
de lógica de argumentação. Por exemplo:
O Fubá é um cachorro.
Todos os cachorros são mamíferos.
Sobre a Lógica na Filosofia
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"A Lógica não serve para nada?"
Quando comecei, já nos anos 70, no meio das iras dos "lógicos profissionais", a desenvolver as
minhas primeiras críticas aos alcances da Lógica formal (LF) como instrumento de análise filosófica,
não conhecia os textos de Nietzsche sobre lógica (eu os conheceria somente na década de 90). Mas,
curiosamente, tinha já escrito textos nos anos 80 onde afirmava que a minha filosofia da lógica era
basicamente "nietzscheana". Questão de instinto. (Lembrar também que no subtítulo de A Lógica
condenada. Uma abordagem extemporânea de filosofia da lógica (1987), se utilizava um conceito tão
nietzscheano como "extemporâneo"). Na verdade, as minhas críticas formulavam, de maneira mais
clara e analítica (ou seja, de maneira menos genial) a idéia fundamental de Nietzsche: o desacordo
básico e primitivo entre a linguagem (e as formas lógicas) e o mundo.
A característica mais evidente das introduções à lógica é a sua monotonia. A teoria lógica elementar é
apresentada como uma doutrina consolidada, sem nenhuma crítica incisiva contra qualquer aspecto de
sua exposição padrão. Não quero dizer (o que seria factualmente falso) que a lógica clássica não seja
contestada, expandida ou minguada, pois é isso, precisamente, o que fazem as lógicas "não-
clássicas". O ponto é que todas as contestações, expansões ou diminuições tomam a "lógica clássica",
inevitavelmente, como ponto de referência (já na própria denominação de "não-clássico"). A lógica
clássica deve ficar perfeitamente estabelecida para que todos esses "desvios" possam ser formulados.
Todas as introduções à lógica seguem exatamente o mesmo esquema: capítulos iniciais sobre a noção
de "lógica" e de "argumento", esclarecimentos acerca de "distinções essenciais" (verdade e validez,
uso e menção, etc), algumas noções de teoria de conjuntos, algumas informações sobre a história
oficial da lógica, alguma apresentação do cálculo de sentenças e as tabelas de verdade, outra do
cálculo de predicados de primeira ordem, um capítulo sobre dedução, e capítulos finais sobre o
sistema da identidade, algo de meta-lógica, talvez alguma coisa sobre sistemas não-clássicos ou
aplicações da lógica na ciência ou na linguagem comum. Variados números de exercícios, às vezes
com soluções. (Como os 4 evangelhos, todos diferentes, mas todos contando a mesma história).
Por minha parte, não consigo expor a "lógica elementar" sem tropeçar continuamente com graves
inconvenientes de concepção, com noções que me parecem duvidosas, com formulações com as que
não posso concordar. Simplesmente não consigo avançar além das duas ou três primeiras páginas.
Para explicar isto melhor, relaciono a seguir algumas das coisas que cansativa e rotineiramente se
dizem acerca desta disciplina, e cuja problematização tem constituído a minha filosofia da lógica:
1. A idéia de que a lógica é completamente geral, não se referindo a nenhum tipo de objeto em
particular; todos os objetos, seja qual for seu contexto ou o tipo de matéria de que se trate, seriam
afetados pelas leis da lógica, pelo fato destas serem completamente gerais e do mais alto grau de
formalidade. Isto fica claro toda vez que se salienta que os conteúdos dos raciocínios não interessam,
que a matéria pode ser qualquer uma, que um raciocínio pertencente a qualquer domínio temático
deverá submeter-se às leis da lógica. Significa que a lógica, na sua generalidade, refere-se a uma
espécie de "objeto qualquer".
2. A idéia de que, na aplicação da lógica aos raciocínios ordinários, deve conceder-se que o
instrumento lógico tem, certamente, limites, mas que fazendo certos esforços para construir
paráfrases, os raciocínios ordinários acabarão "encaixando", de maneiras mais ou menos naturais,
dentro dos esquemas da lógica, e que a sua validez pode ser avaliada pelos seus métodos. É hoje um
lugar comum que os lógicos reconheçam as muitas limitações analíticas do aparato formal fornecido
por LF: não há livro que não assinale para dificuldades, inconvenientes e limitações da análise lógica.
Sustento, entretanto, que não se dimensionam corretamente os alcances destes problemas, e a sua
importância para as relações da lógica com a análise filosófica. (O problema, então, não é de
observação de dados, mas de reflexão acerca deles).
4. A idéia de que a lógica elementar tem uma parte puramente sentencial, onde se opera com unidades
indecomponíveis, e uma parte quantificacional, onde se opera com uma "análise interna de
sentenças". Seja que se comece a exposição pela parte sentencial e se acrescente depois a parte
quantificacional, seja que se apresente a lógica de primeira ordem com a sentencial já como sub-parte,
de qualquer forma trata-se de dois setores da lógica que devem ser expostos como estruturas
completamente estáveis e objetivas. (Tão forte é esta articulação sentencial/quantificacional que ela
afeta inclusive às lógicas "divergentes": temos uma lógica modal sentencial e uma lógica modal
quantificacional, uma lógica paraconsistente sentencial, uma lógica paraconsistente quantificacional,
etc).
5. A idéia de que a lógica foi criada por Aristóteles, deu um "cochilo" durante vários séculos, e foi
redescoberta por Frege no século XIX, sem nada ter havido de importante nos séculos intermediários.
(Como curiosidade expositiva notável, e prova da mencionada monotonia, não conheço quase
nenhuma história oficial da lógica que não se refira à famosa afirmação de Kant sobre a lógica ter
nascido já acabada da mente de Aristóteles, como sendo um tremendo erro de apreciação. Nunca vi,
em nenhum lugar, o menor esforço para tentar compreender o sentido da frase do grande filósofo).
Eu creio haver algo de verdadeiro na idéia de que LF se afastou da filosofia, ainda que não concorde
com os argumentos e observações dos filósofos tradicionalistas quando falam acerca deste assunto.
Meu ponto de partida, na minha própria formulação das questões lógicas, é a busca de uma teoria
lógica – semi-formal ou informal - que seja de interesse primordial para o filósofo, tal como concebido
no link Filosofia, ou seja, para alguém interessado em pensar e refletir ao longo de um continuum de
possibilidades, onde a análise lógica é um dos pólos e a existência humana o outro. Se o que nos
interessa é o estudo lógico-analítico de raciocínios daqueles que o filósofo faz, a preocupação central
da teoria lógica poderia não ser a "máxima generalidade" ou a "formalidade de mais alto nível", mas a
generalidade e formalidade que sejam adequadas ao estudo daqueles raciocínios.
Levando tudo isto em consideração, a minha apresentação da lógica poderia resumir-se nos cinco
seguintes itens:
Eu creio que a afirmação 1 é falsa. Na escolha dos "termos lógicos" (conectivos, quantificadores, etc)
há, ao mesmo tempo, uma escolha do tipo de objeto do qual a lógica se ocupará. O específico tipo de
objeto que LF estuda é, por exemplo, um objeto não afetado pela temporalidade, pela causalidade e
pelos processos reais, um tipo de objeto totalmente sensível a operações tais como a comutatividade,
a contraposição, o destaque, etc. Mas nem todos os objetos do mundo são deste tipo. Por que supor
que o "objeto qualquer", com independência dos diferentes âmbitos temáticos, deva ser, por exemplo,
um objeto atemporal? Eu diria, pelo contrário, que se faltar a temporalidade, isso prova que a lógica
não está tratando com o "objeto qualquer", mas com um tipo peculiar de objeto desprovido de
temporalidade.
Se o que interessa inicialmente são os raciocínios ordinários do tipo que os filósofos fazem, nada mais
típico deles do que as conexões entre peças lexicais, num sentido largo (não apenas as conexões
"analíticas" estudadas na literatura, mas conexões que estão na interface entre dicionários e
enciclopédias, conexões lexicais de variados tipos). Se LF visa um tipo de "generalidade" que deixa
totalmente de lado por princípio, como habitualmente é feito, as conexões lexicais como sendo
"materiais", terá deixado de lado um dos traços mais interessantes dos raciocínios ordinários. A
introdução de estudos formais sobre conexões lexicais talvez deva modificar substancialmente toda a
apresentação da lógica, diluindo-se a própria noção de "lógica clássica" como hoje entendida. É falso
que as conexões lexicais sejam puramente materiais: os lingüistas e meu colaborador Olavo L.D.S.
Filho, na obra escrita em co-autoria Inferências Lexicais e Interpretação de redes de predicados,
mostraram que as conexões lexicais podem considerar-se formais à luz de novas análises diferentes
das oferecidas por LF, análises que trabalham com redes de peças lexicais, procurando estruturas
recorrentes e formalizáveis. Assim, este ponto é a estrita contrapartida do item 1: assim como as
formas lógicas usuais de LF não são tão formais e gerais quanto se pretende, as conexões lexicais
não são tão materiais e "extralógicas" quanto habitualmente se supõe.
4'. Contra o referencial fixo da "lógica clássica"
Por conseguinte, a construção da teoria lógica, se o nosso interesse primordial for filosófico, poderia
iniciar-se a partir das conexões lexicais. O vinculo de, pelo menos, dois predicados, é -se poderia
dizer- o ato inaugural da lógica: as conexões intersentenciais e a quantificação poderão vir depois. Se
a conexão entre "x é verde" e "x é colorido" é formalmente estabelecida, as conexões entre essas duas
sentenças ("x é verde e x é colorido", "x é verde ou x é colorido", Se "se x é verde então "x é colorido",
etc) e as generalizações sobre seu conteúdo ("Para todo x, se x for verde, então x é colorido", "Existe
um x tal que é verde e colorido", etc) poderão ser derivadas a partir daquela conexão primitiva. Se ela
não existir, as sentenças e quantificações não decorrerão. A idéia é que as conexões lógicas usuais
(sentenciais e quantificacionais) podem considerar-se como derivadas se suspendermos a proibição
de considerar as conexões lexicais como não formais.
Como ponto final mas não banal: ao longo de toda a história da filosofia houve numerosos filósofos
que tiveram intuições acerca da interação entre formas e conteúdos dentro da constituição da teoria
lógica; eles dirigiram críticas à pretensa "máxima generalidade" das estruturas lógicas, tecendo
considerações acerca de como os conteúdos poderiam ser formalmente estudados. Hegel, Dewey e
Husserl são, por exemplo, três filósofos modernos que construíram teorias lógicas nesse sentido, e
foram completamente apagados da história oficial da lógica. Muitos outros filósofos (notadamente,
Descartes, Locke e Kant), durante o "período obscuro" onde, habitualmente, se afirma
(monotonamente e sem crítica) que "não houve nada de valioso em termos lógicos", tiveram idéias
críticas contra a formalidade unilateral da lógica usual (na sua forma aristotélica escolástica ou
moderna) e intuições construtivas acerca de outras maneiras de apresentar a lógica. Obviamente, isto
da origem a uma história da lógica absolutamente diferente da que temos hoje.
No meu livro de 87, A Lógica Condenada, já se podem encontrar desenvolvimentos de todos estes
tópicos. Posteriormente, continuei desenvolvendo minhas idéias e apresentando-as em outros âmbitos
geográficos de discussão. Estas idéias foram apresentadas na França e no México com receptividade
e interesse. Os textos mais completos sobre estas questões, além dos artigos recentes "Es realmente
la lógica tópicamente neutra y completamente general?" e “Redes predicativas e inferências lexicais
(Uma alternativa à lógica formal na análise de línguas naturais)”, são os livros 10 e 13 também
mencionados no link Escrevo.
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A Lógica
Distinção de Validade/Verdade
èDefinição de Lógica:
‘ A ciência das leis necessárias do entendimento e da razão em geral ou, o que é a mesma
coisa, da simples forma do pensamento em geral, designamo-la de Lógica. ’ – Kant
- A disciplina filosófica que se dedica ao estudo das leis, princípios e regras a que deve
obedecer o pensamento e o discurso é precisamente a lógica.
- no seu sentindo etimológico, ela é a ciência do ‘logos’. O termo ‘logos’ de origem grega ,
significa : palavra, discurso , pensamento, razão. Como tal, a lógica terá por objecto o
pensamento e o discurso, preocupando-se com a sua correcção.
- A psicologia ocupa-se do estudo dos mecanismos e processos mentais, a lógica apenas terá
em consideração o resultado desses processos: o pensamento como produto, traduzido
em enunciados.
- Torna-se pois, necessário obedecer a determinadas regras para a elaboração dos nossos
raciocínios, ou argumentos. A lógica permite estabelecer essas regras, de modo a
distinguir os raciocínios válidos daqueles que não o são.
î Importância da lógica:
- Ela ajuda-nos a adquirir competências que nos permite avaliar a validade dos
argumentos que nos são apresentados, contribuindo assim para desenvolver a autonomia
e o espírito critico.
- Ela proporciona-nos meios que possibilitam a organização coerente dos pensamentos,
desenvolvendo competências argumentativas e demonstrativas, a fim de os podermos
comunicar com rigor, coerência e inteligibilidade.
- Ela permite-nos analisar diversos tipos de discurso, do científico ao político, para nos
certificarmos da sua validade formal
- Final/, ela possibilita-nos a analise de ideias, juízos, raciocínios e métodos de inferir,
permitindo representar, através de uma linguagem rigorosa, conceitos que pela subtileza
escapam a toda a toda a determinação precisa com a linguagem corrente. É por meio desses
recursos que pensamos a realidade e a podemos conhecer.
- O que acima de tudo, importa reter relativamente a este princípio é que ele exige que, no
decurso de um procedimento argumentativo ou demonstrativo, se mantenha o mesmo
significado dos termos e das expressões.
Ex.: Se é verdade que me chamo Catarina, então é falso que não me chamo Catarina.
- Do ponto de vista ontológico, a mesma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo,
segundo a mesma perspectiva, ou, então, é impossível que o mesmo atributo pertença e não
pertença ao mesmo sujeito, ao mesmo tempo e segundo a mesma relação.
- Eu sou alta e não sou alta (não entro necessariamente em contradição, posso ser alta em
relação à kanita e não ser em relação à Mariana : D )
c) Princípio do Terceiro Excluído – de acordo com este princípio, na sua vertente lógica,
sendo dada uma proposição, tem de a afirmar ou de a negar. Segundo Aristóteles, de duas
proposições contraditórias, uma delas tem de ser verdadeira e não podem ser ambas falsas, ou
seja, não é possível que haja qualquer entre enunciados contraditórios.
- Na sua formulação ontológica, este princípio diz-nos que uma coisa deve ser ou então não
ser, não há terceira possibilidade.
Estes três princípios são pressupostos de todo o pensamento consistente. Sem eles, nenhuma
verdade pode ser concebida. Sendo leis fundamentais, exigem que lhes obedeçamos se
queremos o nosso pensamento tenha rigor e coerência. Quando pensamos e quando
traduzimos o nosso pensamento em discurso (oral ou escrito), utilizamos estes princípios, os
quais determinam todo o nosso exercício racional.
- Eles revelam-se no discurso, porque o discurso é a tradução do pensamento.
Todavia, para pensar precisamos não só de princípios, como também de
instrumentos lógicos – O CONCEITO; O JUIZO E O RACIOCINIO.
O conceito e o termo
a) O conceito de ‘ conceito ’
O conceito é, numa perspectiva lógica, o elemento básico do nosso pensamento. Só há
pensamento porque há conceitos. Além disso, existe uma relação muito estreita entre os
conceitos e as palavras. As palavras são fundamentais na elaboração do nosso pensamento e,
por conseguinte, na estruturação da nossa visão do mundo. O pensamento e a linguagem
verbal são simultâneos e interdependentes.
- É necessário utilizar as palavras adequadas a fim de que os conceitos se tornem claros.
Importa, pois, clarificar devidamente o conceito, para que nos possamos entender
correctamente.
- O Conceito é um instrumento mental que utilizamos para pensar as diversas realidades
(sejam materiais ou espirituais, concretas ou abstractas) o conceito dá-nos
uma representação dessas realidades.
- O conceito resulta de uma construção, não é preexistente.
FORMA-SE O
!!! CONCEITO !!!
Conceito = elemento essencial do pensamento. Consiste na representação intelectual, abstracta e geral d
essência de um conjunto de seres e justamente por nada afirmar ou negar, constitui o elemento básico do
pensamento. É uma síntese que reúne as características comuns ( ou invariantes) de uma diversidade de
seres ou acontecimentos.
Dividem-se em
C. Objectivos – são os conceitos que se referem a objectos. Mas alguns são empíricos, nem
todos resultam de um processo de abstracção através da experiência sensível. Existem
também os conceitos que não correspondem a seres materiais e visíveis, mas a seres ideais,
metafísicos ou axiológicos (alma, Deus, Bondade)
b) O Termo
c) Extensão e Compreensão
Ser
Animal
Vertebrado
Compreensão Mamífero
Cão
- Estes conceitos estão dispostos por ordem decrescente quanto á extensão e por ordem
crescente quanto à compreensão.
Å O Juízo e a Proposição
Julgar é sinónimo de predicar. Com efeito, qd formam um juízo, afirmamos ou negamos alguma
coisa (o conceito de predicado) relativamente a outra coisa (o conceito de sujeito).
Em síntese:
Podemos definir o juízo, como a operação mental que permite estabelecer uma relação de afirmação ou d
negação entre os conceitos, podendo tal relação ser considerada verdadeira ou falsa.
Catarina Ferreira
Para pensar um pouco sobre lógica é preciso, em primeiro lugar, conhecer alguns termos
usados. A lógica tem como objeto de estudo a proposição, isto é, a atribuição de um
predicado a um sujeito. A proposição é a forma de exprimir juízos feitos pelo pensamento.
A sequência de proposições é um raciocínio.
Dito isso, as proposições são formadas por termos. Quando afirmamos que “João é
homem”, essa proposição é a atribuição do predicado “homem” ao sujeito “João”. Os
termos de nossa proposição podem ser caracterizados e foi o filósofo grego Aristóteles
quem propôs a divisão dos termos em diversas categorias. Para ele, os termos podem ser
divididos em dez categorias: substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo,
posição, posse, ação e paixão (passividade). No nosso exemplo, “João” é a substância e
“homem” é a qualidade.
Além disso, as proposições podem ser classificadas pela modalidade, sendo necessárias,
não necessárias e possíveis. Se o predicado está contido no sujeito, como na proposição
“O quadrado é uma figura com quatro lados”, a proposição é necessária. Se o predicado
não está contido, como em “Nenhum quadrado é uma figura com três lados”, a proposição
é não necessária. Se o predicado é indiferente, como em “Alguns homens se chamam
João”, a proposição é possível.
Há ainda uma classificação das proposições a partir da relação. Essa classificação está de
acordo com os três princípios lógicos: o princípio de identidade, o da não contradição e o
do terceiro excluído. O princípio de identidade é autoevidente e determina que uma
proposição é sempre igual a ela. Disso pode-se afirmar que A=A. O princípio da não
contradição afirma que uma proposição não pode, ao mesmo tempo, ser falsa e
verdadeira. Não se pode propor que um triângulo possui e não possui três lados, por
exemplo. O princípio do terceiro excluído afirma que ou uma proposição é verdadeira ou é
falsa, e não há uma terceira opção viável.
Da relação entre proposições, temos as contraditórias, por exemplo: “Todo João é homem”
e depois “Algum João não é homem”. Existem as contrárias, por exemplo: “Todo João é
homem” e “Nenhum João é homem”. E há também as subalternas, por exemplo: “Todo
João é homem” e “Algum João é homem”.
A partir dessas relações entre as proposições, Aristóteles pensou numa forma adequada
de raciocinar. Essa forma, o silogismo, é uma inferência, isto é, concluir algo de
proposições anteriores. O exemplo clássico é o silogismo:
O silogismo é formado por três proposições: premissa maior, premissa menor e conclusão.
A conclusão é inferida das duas premissas iniciais através do termo médio. Temos, então,
uma estrutura como a seguinte:
Se A = B
Se B = C
Logo, A = C
É certo que, ao longo da história, diversas críticas foram feitas à forma clássica de se
pensar logicamente. Hoje, na era da informação e da tecnologia, há estudos de linguagem
de programação e de fundamentos lógicos matemáticos que contrapõem a forma de se
pensar do silogismo, inclusive discutindo a validade dos princípios lógicos. Há, portanto, a
lógica paraconsistente, a lógica paracompleta e a lógica difusa que irão criticar os
princípios da não contradição e o do terceiro excluído.
Filipe Rangel Celeti
Colaborador Mundo Educação
Bacharel em Filosofia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP
Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie
- SP
SIMPLES APREENSÂO
Simples apreensão é aquele primeiro acto da nossa inteligência pelo qual ela
capta algo sem nada afirmar ou negar. Trata-se do acto pelo qual obtemos as
noções das coisas.
Nesta apreensão a inteligência ao conhecer um objecto apreende algo dele e
deixa algo. O que ela apreende é o que ela é.
Um objecto conhecido tem dois aspectos importantes:
- Objecto material - o próprio objecto que se conhece.
- Objecto formal - o próprio objecto enquanto presente em nós.
A lógica trata de objectos formais, conceitos, não coisas.
O conceito , um termo mental, é a representação intelectual de um objecto.
A inteligência fecundada por um objecto dá à luz um conceito dentro de si.
Sinónimos de conceito: termo mental, ideia, noção, intenção, espécie
expressa.
O conceito pode ser considerado:
- em relação ao sujeito - modificação da inteligência
- em relação ao objecto - objecto presente na inteligência.
Sinal
Instrumental ("Ex quo cognito") - é aquele que necessita
primeiramente de ser conhecido na sua própria identidade para que
depois o sujeito conhecente chegue ao conhecimento. (aquele que
para saber o que é tem de se conhecer; ex: fumo)
Formal - é aquele que leva ao conhecimento de algo sem que esse sinal seja
conhecido (ex: imagem dum objecto na minha retina; sem ver a imagem na
retina).
Natural - é aquele que significa por sua própria natureza e
independentemente duma actividade humana (independente da vontade
humana) (ex: fumo = combustão; pegada, impressão digital)
Artificial (convencional) - é aquele que significa dependentemente da
vontade humana. (sinais de trânsito, semáforos, bandeira=país)
Em razão da compreensão
Simples - é o que é constituído por um só elemento (nota,
característica) ex: ente
Composto - é o que consta de mais que uma nota. ex: Homem (animal
racional)
Em escolástica (filosofia ensinada na idade média nos seminários
católicos)
Simples - termo que significa uma única essência - Homem
Composto - termo que exprime uma essência complexa ex: sábio
= homem + sabedoria
Positivo - é o que exprime uma coisa real, ser (de perfeição) ex:
médico, vida, luz, imortal
Negativo - é o que denota ausência disso. ex: cegueira, morte, trevas
Em razão da extensão
Singular - é o que convém a uma só pessoa. É aquilo cuja essência é
incomunicável e em si é indiviso e distinto de tudo o mais. ex: João
Paulo II, ninguêm diz o que ele diz a não ser ele mesmo
(incomunicável).
É próprio duma pessoa: forma, local, tempo, figura, pátria, nome,
estirpe. Estas são aquelas 7 coisas que um e outro não têm, "Haec
sunt ea septem quae non habet unus et alius".
Comum - é aquele termo que é participado por vários sujeitos (ex:
animal, homem). Quando a natureza que é participada por vários
sujeitos, o é no mesmo sentido, temos oComum Universal (unívoco,
no mesmo sentido) (natureza - muitos numéricamente e
especificamente). Quando a natureza que é participada por vários
sujeitos, o não é no mesmo sentido, mas em sentido diversos, temos
o Comum Análogo ou imprópriamente dito. ex: (Deus é ente. O
Homem é ente. Um acidente é ente.) Tudo o que pudermos predicar de
Deus é sempre análogo, porque não há conhecimento próprio de Deus.
Deus não raciocina. O raciocínio é de alguém que não conhece tudo e
se aperfeiçoa passando do desconhecido para o conhecido.
Essência
Determinado
natureza específica - Específico
essência completa - Espécie
Indeterminado - Genérico
Não Essência
Resulta da essência - Próprio
Não resulta da essência - Acidente Lógico
Os Predicamentos
- Metafísicos são géneros supremos enquanto significam
predicados reais que se podem atribuir a um sujeito. 10 Segundo
Aristóteles. (exprimem realidades)
1. Substância
1. Quantidade
1. Relação
1. Qualidade
1. Acção
1. Paixão
1. Lugar
1. Quando
1. Estado
1. Hábito
Definição
Nominal - a partir do próprio nome, etimológica (teologia - tratado de Deus)
Real - tem a ver com a própria coisa a definir, exprime o que é, como surge.
Por princípios ou causas intrinsecas
Essêncial
Metafísica - feita por
último género e
diferença específica
ex: animal racional
Física -
componentes
realmente
constitutivos
ex: Homem = ser
com matéria e
espírito
Descritiva
Própria - o que não
é essencial mas
resulta da essência
ex: Homem = risível
Accidental - enuncia
propriedades que
não são da essência
nem resultam da
essência.
Por princípios extrínsecos
Eficiente - homem,
criado por Deus;
alma, forma criada
por Deus
Exemplar - homem, ser criádo à imagem de Deus
Final - homem, ser
criado para amar a
Deus e gozar com
ele da eternidade
Genética - define a
coisa pela sua
génese ex:
circunferência
resulta do
movimento sobre
um ponto
A definição real essêncial e metafísica é a mais perfeita pois revela o género
próximo e a última diferença específica. ex: Homem = Animal Racional
Leis da definição
A definição tem que ser mais clara que o definido
tem que ser convertível com o definido
deve ser breve mas completa
não deve ser negativa, a não ser nas privações e nos termos contraditórios
deve ser por género próximo e última diferença específica, sempre que
possível
Divisão Lógica
Divisão é a decomposição de um todo nas suas partes. Se se trata de um
todo real temos uma divisão real. A lógica não trata do todo real, mas do todo
lógico.
Todo Integral - é aquele que não se encontra nas suas partes nem na
totalidade da sua essência, nem na totalidade das suas virtudes. Às partes
deste todo chama-se partes integrantes. ex: partes do corpo
O JUÍZO
Produto Interno
daactividade interior
Conceito Enunciação
A) Natureza da Proposição
A proposição é o sinal da enunciação ou juízo.
Numa proposição temos três elementos:
Sujeito - aquilo de quem se afirma ou nega diversos
atributos
Predicado - aquilo que é atribuído ao sujeito
Cópula - aquilo que faz a ligação de identificação ou
não identificação entre os dois elementos anteriores.
O sujeito e o predicado constituem a matéria da proposição.
À cópula dá-se o nome de forma da proposição.
Em razão da qualidade
Afirmativas - são aquelas em que a cópula
não está precedida da partícula negativa
não.
Negativas - são aquelas que têm a cópula
precedida da partícula não.
Leis das proposições quanto à qualidade.
Na proposição afirmativa o predicado toma-se em toda a
sua compreensão mas não em toda a sua extensão
(predicado particular).
Na proposição negativa o predicado toma-se em toda a sua
extensão mas não em toda a sua compreensão (predicado
universal).
Resumo
fEcI - simpliciter convertitur
EvA - per accidens
AstO - per contrapoisitionem
O RACIOCÍNIO
Só o homem possui raciocínio. A sua inteligência é discursiva logo a maior parte dos
conhecimentos são obtidos por raciocínios. Raciocinar é discorrer (correr através de),
é passar de verdades conhecidas a verdades menos conhecidas.
Um raciocínio possui
Matéria remota - conjunto de termos de que o raciocínio consta.
Matéria próxima - conjunto de juizos de que o raciocínio consta. É
nesses juizos que se encontram inseridos os termos.
Forma - é a conveniente disposição da matéria.
Condições - requeridas para um raciocínio
- premissas - o conhecimento do antecedente
- princípios - a existência de juizos imediatos,
indemonstráveis. Não se pode demonstrar tudo, algumas
verdades são visíveis por si.
- o consequente tem que estar contido de alguma forma no
antecedende.
- o antecedente não pode ser menos certo que o
consequente.
- o antecedente deve ser mais conhecido que o consequente.
Simples Apreensão Juízo Raciocínio
Produto Interno
daactividade
interior Conceito Enunciação Raciocínio
Sinal externo do
produto interno
Termo oral Proposição Argumentação
Dedução ou Silogismo
Aristóteles (fundador do raciocínio dedutivo) definiu silogismo da seguinte
forma: "Oratio in qua, quibusdam positis, aliquid apositis necesse est
contingere eo quod haec sint posita". Oração na qual, postas
umas certas coisas (premissas), uma outra coisa se seguirá (conclusão)
necessáriamente pelo facto daquelas certas coisas terem sido postas.
Silogismo é aquela argumentação em que de um antecedente se deduz
necessariamente um consequente; é aquela argumentação em que dois extremos se
comparam entre si para ver se se convêm ou não. ex: O animal é mortal. Ora o
homem é animal. (antecedentes). Logo o homem é mortal. (conclusão)
O Silogismo perfeito tem três juízos
- Simples - constituídos por proposições simples
- Composto - constituídos por proposições compostas
- Condicional - constituído por uma proposição condicional.
Princípios de um silogismo:
Princípio de conveniência - Duas coisas convêm a uma terceira convêm
entre si. ex: O animal é mortal; O homem é animal; O homem é mortal
Princípio de discrepância - Duas coisas das quais uma convém a uma
terceira e a outra não, não convêm entre si. ex: O sensível é animal; A
pedra não é animal; A pedranão é sensível.
Leis do silogismo
As leis do silogismo são 8. As 4 primeiras referem-se à matéria remota e as 4
últimas referem-se à matéria próxima.
Modos de um silogismo
O modo de um silogismo é a diversa disposição das premissas tendo em conta
a sua quantidade e qualidade.
Os modos possíveis são tantos quantoas as possibilidades de combinação da
premissas tendo como base a quantidade e a qualidade. Há 64 modo possíveis,
destes apenas 19 são legítimos.
Modos da 1ª figura
AAA EAE IA OA Barbara Celarent
AE EE IE OE
AII EIO II OI Darii Ferio
AO EO IO OO
Modos da 2ª figura
AA EAE IA OA Cesare
AEE EE IE OE Camestres
AI EIO II OI Festino
AOO EO IO OO Baroco
Modos da 3ª figura
AAI EAO IAI OAO Darapti Felapton Disamis Bocardo
AE EE IE OE
AII EIO II OI Datisi Ferison
AO EO IO OO
Modos da 4ª figura
AAI EAO IAI OA Darapti Fresanton Dimatis
AEE EE IE OE Carmentes
AI EIO II OI Fresisomorum
AO EO IO OO
Argumentação Sofística.
Sofisma - Argumentação que embora pareça correcta não o é, devido a vários vícios
que lhe são inerentes. Um sofisma não propositado chama-se Paralogismo porque
não houve má intenção.
Se a conclusão não avança mais do que dizem as premissas então ela (conclusão) não
tem interesse.
A matemática só usa o método dedutivo, e não o inductivo.
Bibliografia:
Carosi, Curso de filosofia, vol I, Lógica, Edições Paulinas
J. Meritan, Elementos de Filosofia, Lógica Menor, Livraria Agir Editor, Brasil
Verneaux, Introduction Générale et Logique, Beauchesne, Paris
Jolivet, Traité de Philosophie, vol I, Logique
Perguntas
1- O animal é mortal
O cão é animal
O cão é mortal
2- O homem é vivente
A planta não é homem
A planta não é vivente
Soluções:
1- silogismo correcto
2- silogismo incorrecto
3- silogismo incorrecto
4- silogismo correcto
5- silogismo correcto
6- silogismo incorrecto
7-
8-
9- Nenhuma estrela é espírito
10-
11-
12-
4. "O cão é sensitivo, mas não é racional" – Diga se os predicados são particulares
ou universais justificando a resposta.