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Morio do Glorio BordinileroTeixeiro de Aguior
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AFORMACAO {
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DO LEITOR Ë
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ALTERNATIVAS METODOLOGICAS I

Este livro é uma tentativa de recuperação de


um longo percurso de pesquisa, não no senti-
do do relato de experiências, mas como sis-
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AFORMACAO
tematização, de tudo o que se pensou e com-
provou, num texto de caráter teórico-pedagó-
gico. A partir de reflexões sobre a Íunçáo so-
cial cJa leitura e o papel da escola na forma-
çáo do leitor, levanta dados sobre as expecta-
It
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DO LEITOR
tivas dos alunos quanto à relação literatura- o ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS
escola, sugere critérios para a seleção de tex- F
3'
tos no 1e e 2e graus, e apresenta cinco diÍe-
rentes métodos de ensino dos fatos literários t
nesses dois graus.
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nrP(ADo6\AbrpTc
Morio do Glorio Bordin,leroTeixeiro de Aguior

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DO LEITOR
ALTERNATIVAS METODOLOGICAS

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il.llr ti,llr,\{lr rrtlttt' n I'ortnaça-o dos jovens, LITERATURA
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I Frillr il ìr' lr'ltl |tt'\(ltll\il(lo' nl área acadêmi
il. r,rlrt,' (ttlÌlt) ('\\il situflção poderia ser
0qo,
tlletrrlr l)trtlrlctttttr cxistcm. quanto à
rtlttr lllu t'lll l('Ìlll, quc c\capam à ordem da
alur{ltl t'rlttlnl r rlkl amplamcnte conheci-
rLlr ír lulì!l\alÌlclll() cultuÍal associado ao
rlìlelllá t áltllllll\lll pretlnlírrio implantado no lúorio dc Glorio BordinileroTerxeirc de Aguior
ptlì rlt'r(lc ,r ltttpirtrr c crtimulado pelo
iu $ttlt' lr'1tttt,' tttttrrrtliiritl Todavia' saber-se
rrrll$ r, t'tttnÍlrtttt ur tlcl'iciôncias não signifi-
ra lfr.llv(1'lÁ\ lrrre ó unr proccsso coÌetivo e
Itlrlflhrr t;ttt' ttôo ptrtlc ignorar a contribui-
1hr tht ulrt'1, lllll\ (lu(' sir sc cl'ctiva pela açâo 'ï' ''"+
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I rlrr llvtrt ìr pr()põc atacar dc l'rente' sem

Plé19nrôsl tlt'crgtrtar o problema. uma , .... :,:

inín*rro plrccln tltr quc c\tá cnvoÌvido na si- .. .: ..


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lurçln rrÍtlr'n tln cultura jovom. Voltado a
jloferrrcr tlc ('tlmunicação c Expressào e
ih' I Írrt,ro c l.lt{r0turc Portugucsa e Brasilei-
tt, lìottt ('rtlllo I cstutlontcs dc Letras e seus
ptrrf*rutrr.r, tpÍcì.'ntâ cinco alternativas
ittelrrrlrrlírllcEr pnro o cnsino <la leitura apôs
I tlltlrr,llrrçto, cottvicto dc que a formação
ür lslior l'ne plrtc csscncial do processo de
lfirn{'lpãçío tlo PuÍs.
lincntn o tcxto litcrário como o melhor
rltlllllll(l parn nproxinrar o universo jovem
úr tttttttrlo tlo conltccimcnto letrado, peias
DO LEITOR
rutì r'FtËcl('rÍrltcus tlc jogar pÍazerosamente ALTERNATIVAS M ETODOLÓGICAS
rottt u ttttngltl/tritr e a utopia, pela sua liber-
rkrlu tnttltllornlr (lc constituição do discurso
I pplâ rtlã potórtcia dc dcsalienar a visão da
ilx'k\la{t$ (lttllnt(} aos interesses que a
çonllttrlant. ('rrnsidcra as clificuldades de for-
nuçht tlrrr pÍ(,le\s()rcs tlc literatura quanto a
rttnìo lttrlttd'ln rcm pt'rdcrem sua dimensão
Érlâll(r ri r(rrlIl c, cm cinco módulos, discu'
f:l
l? letttltr rrrllre o litcrório, revela a capacida-
dl qua lrÍtr ll(t\sucm <lc csclarecer o modo
d? rìrtnhor'tttlcttto tlo literário e apresenta
r{1ëìtôr!ì prdlicns pilra a lcituÍa em sala de
:,1
ruir p Írrrn tln c.c,ria, lanto de i3 a 49 série-s
ã-ìii ft n HH vlris tltr 19 grau quanto de 1?
r !! rélt'r rl,r 2l) grntr'

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l nragDo/o\AbrpTo
= ::-::i::-=
= Ê:,;:;: t-iLtg*Íl* F*rsp*cË|v*s 17 e Porto Alegre - RS

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Capa: Leonardo Menna BaÍreto Gomes


Composiçâo : Jorge Cortezi
Revisâo: Rosane Gava
Supervisaio : Sissa Jpcoby

Editor: Roque Jacoby


Copyright de Vera Teixeira de Aguiar e Marìa da Glória.Bordini, 1988.
SUMARIO

5
APRESENTAÇÃO
lmpressõo: Grófico Editoro PolloÌti

1-FORMAçÃoIoLEITOR .....: 9
l 1 -Fundação social da leitura 9
1.2 -l-eiturae não leitura numa sociedade desigual t0
1.3 - Iritura da literatura t3
15
1.4 -Papel da escola na formação literária

2 -INTERESSES DE LEITURA E SELEÇÃO DE TEXTOS


Á^28?.1 Aguiar, Vera Teixeira de
Literatuta: a formação do leitor: aiternativas 2.1 -Determinação dos interesses literários e pÍazer do texto '' l8
2.2-Escolhadostextos 28
metodológicas iVera Teixeira de Aguiar lel Maia
da Glória Bordini - Porto Alege: Mercado
.""""
Aberto,1988.
176 p. - (Série Novas Perspectivas; 27) 3 - NECESSIDADE DE METODOLOGIA 32
3.1 -Ensino tradicional de literatura: aprírticae os cuÍrículos 32
1. Análise: LiteÍatura:Ensino de 19 e 29 Grau 3.2 -Necessidade da metodologia de abordagem textual 36
2. Literatura: Análise: Ensìno de 19 e 29 Grau
3. Ensino de l9 e 29 Grau: Análise: Literatura
I. Bordini, Maria da Glória II. Série Novas
-MÉTODOCIENTIFICO ..:.... 44
Perspectivas ; 27 lll. T ítuIo -Fundamentação teôrica 44
4. 1
4"1
CDU 373.3/.s.001:82 4.2 -Objetivos e critérios de avaliação
82.37 3.31 .s .001 4.3 -Etapas de desenvolvimento: técnicas 49
4.4 -Exemplos de unidades de ensino 52
o 52
4.4.1 - Cwrículo Por atividades
4.4.2 - Cunículo Por áreas . 55
Bìbliotcoária rosponsável : Rosemarie Bianchessi dos Santos
4.4.3 - Currículo por disciplinas 58
cRB_ 10/797

MÉTODO ERIATIVO 62
-
'l-oclos os dir,
rìaito,aMercïrj:ï:",i'iffi
Rua Santo Antonio, 282 - fone (0512) 218595 - 21 8601
ffi 5.1 -FundamenÍação teórica
5.2 -Objetivos e critérios de avaliação
62
6s
Cx. Postal 1432 - 90220 - Porto Alegre - RS 5.3 -Etapas de desenvolvimento: técnicas 67
São Paulo: Rua Cardcal Arcoverde, 2934 - Bawo Pinheiros '72
5.4 -Exemplos de unidades de ensino
Fonc (01 1) 814 8916 - 814 9997 _ óS+OS - Sa-o paulo - sp 72
5.4.1 - Currículo Por atividades
1\
rsBN 85-280-0060-5 5.4.2 - Currículo Poí áreas .
5.:i.3 - Curríçulo por disciplinas 78
MIl'I'0I)O RECEPCIONAL . . . 81
(r, I - liurttlantortação teórica 8l
(r.J.Olljelivos e critérios de avalìação 85
0..ì - lìlapas de desenvolvimento: técnicas 86
(r,4 - l')xcnrplos de unidades de ensino 9l
6.4. I - Currículo por atividades 91
(r.4.2 - Currículo por áreas . 96
(r.4,3 - Currículo por disciplinas 99

MÉTODO COMUNICACIONAL 103


7.I -Fundamentaçao teorica 103
7.2 -Objetivos e critéÍios de avaliação 107 APRESENTAÇÃO
7.3 - Etapas de desenvolúmento: técnicas 108
7.4 - Exemplos de unidades de ensino 118
7 .4.1 - Curríçulo por atividades 118 Este livro é resultado de um trabalho de pesquisa das condições e
7.4.2 - Currículo poÍ áreas . t2t problemas do ensino de literatura no Rio Grande do Sul, inìciado em
7.4.3- Currículopordisciplinas . . . . . : 126 1983 pelo Centro de Pesquisas Literárias da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul - CPL/PUCRS. Concebida de modo a
Iì MÉTODO SEMIOLOGICO 132 ,dar conta da realidade das salas de aula e ao mesmo tempo trazer des-
u. I -Fundamentação teórica 132
Itas as contribuições
práticas que pudessem alicerçar a investigação uni-
lì.2 -Objetivos e critérios de avaliação 136 versitárìa de aÌternativas metodológicas nessa área, essa pesquisa se
lÌ.3 - Etapas de desenvolvimento: técnicas 131 desenvolveu em dois planos paralelos. De um lado, entrevistou 240 alu-
13.4 - Exemplos de unidades de ensino 142 nos e 80 professores de escolas públicas e particulares de 19 s 29 graus
8.4.1 - Currículo por atìvidades 142 de Porto Alegre, RS, sobre como se procedia o ensino de literatura em
U.4.2 - Currículo por áreas . 145 classe. Desse levantamento, que contou com o suporte financeiro prin-
8.4.3 - Currículo por disciplinas 148 cipal do INEP/MEC e com Íecursos parciais do Programa de Desenvolvi'
mento de Metodologias Aplicáveis ao Ensino-Aprendizagem para o En-
e ('oNSIDERAçOESFTNATS 152 sino Superior, da SDE/SESu/MEC, produziu-se um relatório intitu-
lado Diagnostico da situaçlo do ensino de literatura no l? e 29 graus
IìII}LIO(ìRAFIA 156 cm escolas tle Porto Alegre, RS, apresentado ao INEP/MEC em 1985.
f Rs conclusões básicas dessa enquete constatavam um clesinteresse cres-
APENI)lCE: Obras recomendadas para trabalho escolar 159 cente pela ìiteratura entre os alunos, conforme avançasse o grau de esco-
('urrículo por atividades
)I
159
('urrículo por áreas 165
\ laridade. e um considerável despreparo entre os professores quanto à
I rbordagem da obra literária nos vários currícuÌos escoiares.
('urr ículo por disciplinas 170 L De outro latio, no mesmo ano, com o apoio financeiro do Progra-
rna de Integração Universidade-Escola de l9 Grau da SDE/SESu/MEC,
crìcetou-se outra pesquisa. de cgatlqggjr:ç91t1ítico, com uma equipe
$l clc professores de l9 e 29 graus, que buõõu3lãìtir das situações pro-
q
blemáticas gradativamente manifestadas no diagnóstico, elaborar algu-
'l mas propostas que apresentassem alternativas para o ensino básico. Fun-
danrentada na prática efetiva dos pesquisadores em sala de aula e no es-
, iriri,.r ri:rs ie()!ias eia iingriagerri e da literatura realizado como parte das

i
lirrclas dc p<is-graduação dessa equipe, tal pesquisa chamou-se Metodo' metodoÌógicas em teste revelaram que 294 sujeitos passaram a se interes- ;
Irry4ìu,t allt'rrtutivas para o ensino de literatura no 19 grau e abÍangeu
sar mais pela leitura e pela literatura, poÍque a! 4lxndadgq-qxm molA-
eram melhores do
tlrns ctapas, a criativa e a experimental. Ugnlgdal r_ggÍgggyg!_e poÍque as obras estudadas
A proporção que a pesquisa-diagnostico se completou, toÍnou-se clue as já conhecidas em estudos anteriores. 3l alunos não evidenciaram
possível levar em conta, nas propostas em elaboração, os dados sobre os crescimento, por absenteísmo e, segundo seus depoimentos, pouco em-
penho nas tarefas escolares.
, I sct()res deficitários da atuação docente e sobÍe preferências e comporta-
tììclì[os discentes quanto à ie ;iura. Dessa forma, os métodos e técnicas Os 12 professores e os 2 monitores que efetuaram o experi-
dc ensino então criados foraBi ie aproximando mais e mais das necessi' mento, nas suÍÌs avaliações esclitas e no seminário final sobre o projeto,
dades detectadas no dia-a-dia cscoiar, na tentativa de responder a elas. comprovaram que houve maior receptividade e rendimento em suas
Em fins de 1984, além de dispor de um esboço preliminar dos mé- classes de literatura com a adoção dos métodos propostos, porque exi-
toclos e de várias sugestões qiianta I técnicas e módulos de ensino de giam g1leggeçgS-elgla texto literário e as aspirações dos alunos e por-
literatura, a equipe pesquisadora já havia divulgado os resultados obti- que sugeriam práticas docentes mais dinâmicas e motivadoras' que au-
dos junto a instituições de ensino sirperior, como a universidade Fede- mentaram a segurança do professor ao trabalhar com literatura. O pa-
ral de Alagoas, a Universidade Federal de LjberlândialMG, a Pontifícia recer conclusivo da equipe pesquisadora enfatizou a plogressiva emanci-
universidade católica do Rio Grande do sul e a Faculd4de Porto-Ale- pação do aluno, em termos de interpretação e crítica, bem como o au-
grense de Educação, ciências e Letras, a Universidade Federai de Pelo- mento de produtividade, relacionado a-o prazer da leitura.-e dos traba-
tas/RS, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Uruguaiana/RS e lhos de sala de aula, e a melhoria das interações aluno-professor dada a
a Universidade de Caias do Sul/RS em cursos de extensão, palestras e linha de ação educacional prevista pelas metodologias.
atividades de consultoria. A parceÌ: maior de clientes, todavia, foi a dos Este iivro, em vista disso, é uma tentativa de recuperação de um
professores estaduais e rnunicipais sm exefcício, através de cursos de flongo peÍcurso de pesquisa, não no sentido do relato de experiências,
treinamento promovidos pela Secretarla de Educação e Cultura/RS e lrnu, ao-o sistematizaçâo de tudo o que se pensou e comprovou. num
pelo lnstituto Estadual do LivrolRS. l'{o mesmo período, as novas me- Itexto de caráter teórico-pedagógico. A partir de reflexões sobre Q: n-
tcldologias foram subrnetidas a testagem sistemática na Fundação Alto
' na formação do leitor (caPítulo
'l'aquari de Ensino Superior/RS, etr uível de taiefa de pós"graduação em I ), levanta dados sobre as expectativas dos alunos quanto à relaçâo

pcsquisa literária experimental. literatura-escola e sugere clttéilos para a se l9 e 29


Tais experiências proporcionarem a discussão das propostas meto- graus (capítulo 2). Com base nesses pressupostos, discute a questão me-
dológicas em larga escala, originando sua reformulação, em 1985, e no- todológica de ensino de literatura, enfatizando a.necessidade d9 um4,
va testagem, com a participação da SECRS, na rede escolar de Porto metodização das práticas pedagógicas çentrada na nalureza do literário i

Alegre e Novo l{amburgo, desta vez di:*tamente junto a professores-vo- e na comunicação leitor-obra (capítulo 3). Apresenta, a seguir' cinco
lunlários, que, após um período de treinamento, eiaboraram unitlades métodos de ensino de literatura, com fundamentação teórica diferen-
de ensino com apoio nos métodos criados e as aplicaram em suas esco- ciada, objetivos e parâmetros de avaliação específicos, etapas de siste-
las. natização das atividades em sala de aula e unidades de ensino exem-
Finalmente, no ano de 1986, numa segunda etapa experimental, pliÍìcativas para os três níveis curricuiares do 19 e 29 graus (capítulos
outra vez com o apoio do Programa r1" Integração Universidade-Escola 4 a 8). Em apêndice, arrolam-se autores e títulos, com as devidas indi-
tlc l1) Grau da SDE/SESu/MEC, os métodos, já aperfeiçoados, fo- cações bibliográficas, recomendados para trabalho escolar nos curríçu-
lirrn lcslaclos sob rigoroso controle jüìrto a 362 alunos de 1? a 8? séries Ios arites referidos.
tlo l1) grau' por uma equipe de 12 irli''1ssot'es' que receberarno devido Por todas essas razões, esta obra não pertence exclusivamente a

Ircinirrrrcrrlo C se apresentaram C{ì,ro Vol,", 'ios para a fase de experi- srras autoras, mas a todos os participantes das diversas equipes de inves-
rrrerrluçiio, acompanhada por 2 monitores ric Curs,r de Letras do Insti- ligação, treinamento e experimentação, bem como aos alunos e profes-
lrrto tlc l,ctnts e Artes da PUCRS. sores que se expuseram às metodologias aqui examinadas. A eles, as
Os pírs-lcstcs a cìue os alunos fola':r i rbmetidos apÓs a imple- arrturas manifestam seu reconhecimento e gratidão, em especial aos
. __.-. .:. .:._....-:..-- ;:riirr.iiii=: ,j.i rquipc cle pesquisa cle 1983-84. prof?s Diana Maria

l[ilm,,,,
,,
Noronha, Elisa Averbuh Tesseler May, Maria Celeste Arruda, Nézia Hele'
na Riccardi da Silva e Magda Helena DaIZotl"o, e da equipe de 1985-
86, profs. Angela da Rocha Rolla, Enio Moraes Dutra e Maria Eduarda
Giering.
Agradecem, também, à coordenadora do CPL/PUCRS e dos Cur-
sos de Pós-Graduação em Lingüística e Letras da PUCRS, Prof9 Dra.
Regrna Zilberman, pela escíarecida orientação e superüsão das pesquisas
que deram origem a este tsys6, e ao pró-reitor de Pesquisa e Pós-Gra-
duação da PUCRS, Dr. Ir. lrivo Clemente, pelo apoio e incentivo que
sempre concedeu a esses projetos do CPL e aos pesquisadores envol'
vidos. 1 - FORMAçÃO DO LEITOR

Porto Alegre, agosto de 1987.


1.1 - Funcão social da leitura

É através da linguagem que o homem se reconhece como humano,


pois pode se comunicar com os outros homens e trocar experiencias.
Existe, porém, uma condição prévia para a manifestação da linguagem:
é preciso haver um grupo humano, no quaÌ o sujeito se confronte com'o
conjunto e se perceba como indivíduo. E. portanto. na convivéncia
social que nascem as linguagens, cottforme as necessidades de intercâm-
bio.
O grupo social não é simplesmente um todo homogêneo. Neìe ha-
bitam vontades, saberes e posicionamentos diversificados mas conver-
gentes,Sue geram as possibilidades de relações internas e com outros
grupos.fAtravés das trocas iingüísticas, o indivíduo se certifica de seu
conhecimento do:nundo e dos outros homens, assim como de si mes-
mo, ao mesmo tempo em que participa das transformações em todas
essas esfera$
A linguagem verbal é, dentre as lbrmas de expressão e comuni-
cação. a mais utilizada pelo homem. Pode-se afirmar, mesmo, que todas
as linguagens humanas são repassadas pela paiavra. Para Barthes' "pare:
ce cada vez maìs difíciì conceber um sistema de imagens ou objetos cu-\
jos signiJ'icados possam existir fora da linguagem: perceber o que sig-l
nilíca uma substância é, fatalmente, recoíreÍ ao recorte da língua:l
sentido só existe quando denominado, e o mundo dos significados naoJ
é outro senão o da linguagem" (1979: 12)
Registrando a linguagem verbal, através do código escrito, o livro
i o documento que conserva a expressão do conteúdo de consciência
ltumana inrlividual e social de modo cumulativo. Ao decifrar-lhe o tex-
l<l 0 leitor estabelece elos com as manifestações sócio-culturais que lhe
,.i ,ì,.i,..,i-,. (tJ ÈrrrrFinr.n
r'\/ tU"PU

,,.--=71;;1.-..,;.',,1,,.]
 ampliação do conhecimento que daí decorre permite-lhe com- esta é o produto que ela oferece, em primeiro lugar. Antes de se operar
preender melhor o presente e seu papel como sujeito historico.lO acesso a discriminação entre alfabetizados e não alfabetizados, aqueles que nao
aos mais variados textos, informativos e literários, proporciona, assim, a tinham acesso às letras podiam adquirir conhecimentos por trgnl$lssgl
tessituÍa de um universo de informações sobre a humg;nidade e o mundo oraÌ ou por experiência e não eram por isso socialmente desvalorizados,
que gera vínculos entre o leitor e os outros homenilA socialização do já que a escrita era de domínio estrito de muito poucos'
inclivíduo se faz, para além dos contatos pessoais, também através da A desvalorização daqueles que não conseguem utilizar o código;
leitura, quando ele se defronta com produções signiÍìcantes provenien- escrito implica conseqüentemente o desprestígio de todas as outras lei-'
tes de outros indivíduos, por meio do código comum da linguagem es- turas que os mesmos podem realizat.percrmina ainda um concelto de
crita. No diálogo que então se estabeiece o sujeito obriga-se a descobrir texto limitado à língua escrita, embora se possa entender o mesmo
sentidos e tomar posições, o que o abre para o outro. como todo e qualquer objeto cultural, seja verbal ou não, em que está
implícito o exercício de um cÓdigo social para organlzar sentidos, atra-
vés de alguma substância física. Portanto, cinema, televisâ'o, vestuário,
1.2 - Leitura e nâo leitura numa sociedade desigual esportes, cozinha, moda, artesanato, jornais, falas, literatura partilham
da qualidade de textos.]J
Uma sociedade de classes em que interesses divergentes se entre- Esse conceito amplo de texto é que fundamenta as posições de
chocam, com a predominância de alguns deles sobre os demais, privi- Paulo Freire sobre a leitura do mundo como antecedente da leitura da
legia sobremaneira o texto escrito como objeto de leitura. A escrita' palavra.[pste Autor insiste na "compteensão crítica do ato de ler, que
^ a memória, instrumen-
llhistoricamente. representa uma conqulsta sobre não se esgota na descodificação pura da palavra escrita ou de linguagem
!lto predominante nas sociedades ágrafas. A acumulação do conhecimen- escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. (' . ')
to através da palavra escrita tem sido apropriada pelas classes que detêm A compreensão do texto a ser alcançada poï sua leitura crítica implica a ?2
o poder dentro de uma sociedade.pomo o documento escrito é mais| p.r.rpçao das relações entre o texto e o contexto" (1982 : l-2fodas
el'iciente para a fixação e conseÍvação das idéias, leva vantagem sobre a' as pessoas, desde a infância, são, portanto, leitoras em formaçâo, uma
memória coletiva, alijando das decisões do grupo aqueles que não são vez que estão constantemente atribuindo sentidos às mais diversas mani-
capazes de deciiráJo. ] festaçoes da natureza e da cultura.
Assim, as sociedades gradualmente se dividem em segmentos çg!- í Conferindo à escola a função de formar o leitor, destruiu-se a
tos e in_cultos, tomando como critério distintivo o domÍnio do código lnoçao de texto como representaçaìo simbÓlica de todas as produçÒes
lingüístico escrito. Do ponto de vista histórico, a situação de desigual- l_h.,-*ur, restando o livro como mediação para qualquer conhecimento.
dade entre elementos alfabetizados e analfabetos produziu uma relaçâo Passou-se a destacar, assim', o iivro por ser este uma produção da classe
de domínio dos primeiros sobre os segundos, que se acrescentou a todas dominante, a ela pertencente e à qual aspiram as classes dominadas. "

ls outras formas de dominação social. Já a Revolução Francesa de 1789 * _r Essa situação de valorização de um gbjelg específicoronfigura a císão
postulara a abertura de escolas públicas com o Íìm de levar as Ìetras até entre a cultura que o possui e todas;ìtmfr, a*,íía primeira poder
o povo, de modo a promover uma maior igualdade social. sobre as outras.
A escola pública, todavia, embora nascendo com esse propósito O conceito de -cUlttl!4jica deformado, expressando apenas a ver-
tlc cqualização, cedo revelou-se mais um aparelho de dominação das dacie de uma camada'soõiãi: Todavia, cultura nâo se assimiia a universo
clusscs populares, traindo o seu objetivo iniciai. Taivez essa traição se dos letrados.faUt*g. todas as transformações que o homem opera na
cxplirlue pelo fato de que a escola, na verdade, surgiu poriniciativada rratureza, o q-ue obriga a reconhecer que qualquer grupo humano possui
lrrrrgrrcsia cmcrgente, que desejava ascender ao stotus social da aristocra- Objetos cuÌturais que podem ser lidos de forma válida. Não há cultura
cr:r . As classes trabalhadoras menos favorecidas já de início não entra- rnclhor nem pior: há culturas diferentes, segundo as experiências dos
riuìì n(Ìssc plo.jeto de promoção cultural, determinando a existência de Ir<lmens que as produzem.
rr ntplos scgtttctt tos cle anaÌfabetos. Essa concepção de cultura, em sua amplitude, não supõe que se
Sc :r t:scolrr pÍrblica se propunha à promoção social, é logico que, tlcvil clesprezar o texto escrito, em favor dos demais objetos culturais,
l -- r.., r - ^-^-:r^
1 {r!:!.:! .ì iì,ïci;-;re, c citiema ou os quadrinhos. Se todas essas manifestações

l.! il
Il

pcrnìitcm lcituras significativas, o fato é que as classes dominantes <1ão oullos livros nada têm a ver com as suas aspìrações, suas necessidades
ôrrlusc ao livro como veículo do saber que thes convém. c interesses imediatos e com sua realidade.
$.rr. sentido, é importante que as classes menos favorecidas Dessa perspectiva, ter-se-ia que circunscrever os problemas de lei-
terìlìarÌì acesso à cultura Ìetrada, sob pena de se manterem as diferenças lura a um segmento determinado da sociedade. No entanto, sabe-se que
sociais. lsso quer dizer que, ao se valorizar todas as expressões culturais csses lenômenos ocorrem também em outros escalões sociais, com a
tlonrinadas, não se está pretendendo limitar as classes populares ao co- mesma intensidade. As causas, porém, são diversas. Não se trata de cisão
nhecimento já adquirido no grupo. O que se propõe é abrir-lhes o leque cntre textos e valores representados, ou entre escola e projetos cultu-
tle opções de modo a atuar efetivarnente na úda social e não apenas rais. Nesse .uro,[ desvalorização da leitura se relaciona ao fato de que
como massa de manobra. uma vez que elas passam a ser capazes de jogar talvez esta, como atividade intelectual, não proporcione acumulação de
com as mesmas armas. rlcapital. Essa situação se vincula à própria constituição do regime capita-
Decorre daí a necessidade, nas sociedades democráticas, da impÌe- 1f lista. que marginaliza o intclectual. único agente que nalo gera lucro com ,/
mentação da alfabetização, por ser este o instrumento de apropriação obleros que produz. O trabalho intelectual só é reconhecido quand,o L
\los
cla cultura dominante. E sintomático que. exatamente nessa tarefa, a relorça os aparatos de dominação daqueles que detêm o capital. Mesmo
nossa escola tenha se mostrado tão ineficaz, deixando transparecer. rÌos casos em que as obras contestam o sistema. pode suceder que este
nresÌno a contragosto, seu caráter de aparelho ideológico do Estado bur- as transforme em mercadorias, anulando seu efeito. Por isso, o leitor de
,r guès. Trnto a auséncia de escolaridade quanto a evasão precoce que classes elevadas, mesmo imbuído da importância da leitura nos bancos
YF 1,o1. linda se observam a níveis preocupantes se devem ao modo de ser escolares, acaba por abandoná-la gradativamente, à medida que, em
do sistema d. olg3.lgjÉojlgo]ur, pJeglgmadS_ para atender apenas as sua vida cotidiana, volta-se para atividades que promovem ganhos.
_-
necessidades das classes media e alta. Veiam-se itens como horário, pe- t [Nu*u sociedade desigual, os problemas de leitura se diversificam
r iodos de fé ri ur, . lrg1il!Èg$jrtid ú4.4e, uniforme, ryl14_d idglgo. conl'orme as características de classe. As soÌuções possíveis se orientam
eõ-!ã-fiã* uq** ou, pórriuitiaua.r da-anradas firril.tãiãs ou para o pluralismo cultural, ou seja, a oferta de textos vários, que dêem
campesinas. Para Michael Apple, todos esses itens dizem respeito ao I conta das diferentes representações sociais]Se as classes trabalhadoras
c!U!-çulo jglg que, juntamente com o currículo expresso, consti- ü t,rmbem tiverem acesso à allabetizrçâo.5erâo elrs nio apenrs consumj-
tuenl-se "no modo como instituições de preservação e distribuiçdo doras passivas, mas produtoras de novos textos, que se acrescentarào
cultural como as escolas produzem e reproduzem formas de cons- iìos que circulam na sociedade e atenderão a seus interesses.
ciôncia que permitem a manutenção do controÌe social sem que os De qualquer modo, todos os segmentos sociais, a despeito de suas
gÍupos dominantes tenham de recorrer a mecanismos declarados de clivergências internas, podem ser mobiÌizados para a leitura quando
rkrrrtìnação" (1982 : l2). cncontram nas obras o-rno@._gtÍgl[9, que identifica o leitor com o
.1 Acrescente-se ao quadro exposto o fato de que os valores defen. conteúdo expresso. Uma das necessidades fundamentais do homern é
V.lrtl,rs p(rr essa escola através de seus administradores e prolessores. tlar sentido ao mundo e a si mesmo e o livro, seja informativo ou fic-
olirrrrrlos cla classe média, pouco concernem às classes baixas. que não se cional. permanece como veículo primordial para esse diálogo.
v('t'rì) rìr']ir rcpresentldas. seja nos conteúdos curriculares seja na eslrutu-
ur lrrncrortrl. [)r colisão clos valores do corpo docente. que aporìtam
l)irlr u usccrìsão social, com os do corpo discente, que se limitam à 1.3 - Leitura da literatura
rrt'ecssrtllrrlc rlc sobrevivência. decorrem os problemas crônicos de clisci-
plrrlr . rrs tlrlicrrldades cle aproveitamento e o conseqüente alàstamento Todos os iivros favorecem a descoberta de sentidos. mas são os
tlo rtltttto rllr cscol{ lilcriirios que o fazem de modo mais abrangente. Enquanto os textos
( ) rrrlrllubclo. o nâo leitor (entendido como aqueÌe que aprendeu rrrlìrrmalivos atêm-se aos fatos particulares, a literatura dá conta da to-
lr lcr r' tlt'irrr rlc lrrzir-lo)c o leitor deficiente. cujo níveÌ de compreensão t:rlirlade dcl reaÌ, pois, representando o particular, lcrgra atingir uma sig-
ó plccllrio, srio srrbprorlutos dcsse nrodelo escolar. Os estímulos que o rrr l ieuçlìo mais ampla.
proccsso rlc crìsirro u clcs ol-erece. em reÌação às classes trabalhadoras, O texto literário "se vale da imitação genérica constituída pelos
,,,,:...:.. ii,,.,iìi.ii..r'. * aJii:g.'.:cnr tìúvida. um plano de signiÍ'icaçirr

1.3
através, porém, de uma reprodução esmerada do pclo leitor de acordo com sua experiência. Isso explica por que se pode
igualmente universal -
concreto e particular" (Merquior, 1972:7-8). A iinguagem literária r(:l)rcsentar toda uma vida numanovelade cempáginassemque se percaa
extrai dos pÍocessos histórico-político-sociais nela representados uma rlrrsriir de realidade dos eventos narrados. A obra apresenta uma série de
visâo típica da existência hurnana. O que imporla não e apenas o fato rrrtlicações em potência, que o sujeito atvaliza no ato da leitura.
sobre o qual se escreve, mas as formas de o homem pensar e sentir esse Em contraposição, o texto não literário contém indicador.es mui-
fato, que o identificam com outÍos homens de tempos e lugares diversos. lo rnais rígidos e presos ao contexto de comunicação, não deixando
A obra literária pode ser entendida como uma tomada de cons- uìirrgem à livre movimentação do leitor. A informação que oferece é
ciência do mundo concreto que se çatactetiza pelo sentido humano rrrcdiata e restritiva, valendo apenas para uma situação definida. Por
dado a esse mundo pelo autoÍ. Assim, não é um mero reflexo na mente, rsso pode-se dizer que o texto literário é plurissignificativo, permitindo
,
que se traduz em palavras, mas o resultado de uma interação ao mesmo lcituras diversas justamente por seus aspectos em aberto. ì,/,
tempo receptiva e criadora. Essa interação se processa através da media- A riqueza polissêmica da literatura é um campo de plena ttbeú,a-if
ção da linguagem verbal, escrita ou falada. O texto produzìdo, rle para o leitor, o que não ocorre em outros textos. Daí provém o pró-
graças a
essa natureza verbal, permite o estabeiecimento de trocas comunicativas prro prazer da leitura, uma vez que ela mobiiiza mais intensa e inteira-
dentro dos grupos sociais, pondo em circulação esse sentido humano. rrrcnte a consciência do leitor; sem obrigáJo a manter-se nas amarras do
A literatura, como uma das formas de comunicação, participa crllidiano. Paradoxalmente, por apresentar um mundo esquemático e
assim, do âmbito maior da cuÌtura, ou seja, da produção significante, pouco determinado, a obra literária acaba por fbrnecer ao leitor um
reiacionando-se com outros objetos culturais. Entretanto, possui carac- rrniverso muito mais carregado de informações, porque o leva a parti-
terísticas que a diferenciam desses. A mais eúdente é o uso não utilitá- cipar ativamente da construção dessas, com isso forçando-o a reexa-
rio da Ìinguagem. No circuito de comunicação, o texto literário não se nrinar a sua própria visão da realidade concreta.
refere diretamente ao contexto, não precisa apontar para tl objeto real A ativìdade do leitor de literatura se exprime pela reconstrução, a
de que eÌe é signo, possuindo, portanto, uma autonomia de significação. partir da linguagem, de todo o universo simbólico que as palavras encer-
lPor exemplo, uma história infantil oÌÌ um romance criam suas próprias rlrn e pela concretização desse universo com base nas vivéncias pessoais do
I
lregras comunicativas, estabelecendo um pacto entre autor e leitor' em sujeito. A literatura, desse modo, se torna uma reserva de vida paralela, on-
que a presença do contexto é dispensável. Ao ler o texto, o leitor entra tlc o leitor encontra o que não pode ou não sabe experimentar na realida-
nesse jogo, pondo de lado a sua realidade momentânea, e passa a viver, tlc. E por essa característica que tem sido acusada, ao longo dos tempos,
imaginativamente, todas as vicissitudes das personagens da ficção. Dessa tlc alienante, escapista e corruptora, mas é também gaças a ela que a obra
forma, aceita o mundo criado como um mundo possívei para si. li{crária captura o seu leitor e o prende a si mesmo por ampliar suas
Essa capacidade do texto literário de independer de referentes lrorrteiras existenciais sem oferecer os riscos da aventura reai.
reais, de forma direta, deve-se à coerência interna dos elementos de que
se compõe, de modo a tornar auto-suficiente o todo assim estruturado'
A obra se efetiva muito maìs pela composição de seus elementos estru- 1.4 - Papel da escola na forrnação líterária
turais clo que pela relação denotativa coín o contexto. Esse traço justifi-
ca a descoberta da significação mesmo em obras que explicitamente Em virtude da autonomia própria da obra Iiterâria, mesmo que se
rompem com a realidade concreta e histórica como as de ficção científi- rt'corrheça sua gênese na vida social, a formação do leitor de literatura
cu, cle horror e de realismo mágicct. rlro pode ser idêntica à do leitor genérico orr pragmáiico. A leitura em si
,{ estrutura da obra literária decorre das linhas de força eslabelecr- rrnlrlicrr o reconhecimento de um sentido, operado pelo deciframento
tlrrs crrtre seus componentes e funções. Essa estrutura, porém, não é um rlos signos que foram codificados por outÍem para veiculáJo. Todavia,
Iotlo urriÍìrlrtìe, uma Vez que nela se alteram continuidades e desconti- r('nr csse código que possibilita cifrar e decifrar os signos, nem o sentido
rrrrirlrrtlcs tlcterrninadas pelo próprio limite das frzises e períodos lingúís- ,r t;rrc eles apontam são assunto pacífico entre emissor e receptor,
Irr:os. ('orrstrrii-sc, na obra literária, um rnundo possível, no qual os ;r,rtlt'rrtlo haver, com isso, diferenças de entendimento do texto na sua
olr jclos c proccssos rìem sempre aparecem totalmente delineados. Esse Prrrrlttçlio e na Sua reCepçâO.
: ... ,1".! ,,-,. -,-,,-,-1,:i ,.

l5

,ljl,,,
Para aprender a ler o texto verbal escrìto, não basta conhecer as que se inteÍligam e se completam - e também se modificam -
, irÌìagens
letras que assinalam os fonemas, nem adianta saber que os fonemas só lpoiado nas pistas verbais fornecidas pelo escritor e nos conteúdos de
fazem sentido quando reunidos em palavras ou frases. Não é suficiente, silit consciência, não só inteÌectuais, mas também emocionais e volitivos,
lambém, descobrir ou compreender as regras do código chamado gramá- (luc sua experiência vital determinou.
tica, que juntam Íbnemas em palavras ou palavras em frases. Essas A educação do leitor de literatura não pode ser, em vista da polis,
liabilidades são apenas o. peJaÇões de base pa e, na vida prátl- reruia que é própria do discurso literário. impositiva e meramenle for'
ca, são dominadas por processos mentais de associação e rnemriria a par- rnul. Como os sentidos llterários sã,9 rypÌ!-i.p-]og, o ensino não pode des-
tir da motivação do indivíduo ágrafo quando ingressa na escola em bus, lrìcar um conjunto deles como meta a ser alcançada pelos alunos. Por
ca do domínio da escrita. orr tro lado, informar a esses de técnicas ou períodos literários não resul-
,A leitura pressupõe a participação ativa do leitor na constituição turá em alargamento dos limites culturais que orìentam as práticas sig'
dos sentidos lingüísticos. Embora as palavras sejam explicadas no dicio- ril'icativas deles, senão num estágio bem mais adiantado de sua forma-
nário, nunca exprimem um único significado quando integram uma fra-
lrçrio. Antes de formalizar o estudo dos textos
por essas vias. é preciso
se de um texto determinado. A tarefa de leitura consiste em escoÍher o viverrciar muitas obras para que estas venham a preencher os esquemas
/f
significado mais apropriado para as palavras num conjunto limitado. Vi- I' corrceituais.
Ìém FÌusser, pesquisando a etimologia do verbo ler, observa que vern do O I 9 grau deve dar énfase à constituição de um acervo de leituras,
\atim legere, "que significa o gesto de catar (picar grãos, como galínhas o o nrais vasto possível, exploradas em sua significação culturai, contudo
executam). O que, por certo, ìmpoe a questão do critério que rege tal scrÌì a preocupação de classificações a partir de qualquer critério. Será
escolha de grãos amontoados (. . .). De modo que'ler'signitìca escollra no l9 grau que a sistematização teorica do conhecimento literário pode-
aleatória de elementos tirados LÌm por um do seu contexto,os clentcn- rl ser. introduzida, desde que, mesmo então, seja fundada na leitura pré-
tos do tipo 'letra' ou 'cifra' ndcl passarn de casos específicos clo ato viu de textos.
genórico de leitura" ( 1985 :27).
flaru qu. a escola possa produzir um ensino eficaz da leitura da
A seleção dos significados se opera por força de um contexto que obra literária, deve cumprir certos requisitos como: dispor de uma
os justifica. Esse contexto é o da experiência hurnana, que conl'ere valor hiblioteca bem aparelhada, na área da literatura, com bibiiotecários que
a um sinal que em princípio é yazio e só passa a portar sìgnificado por l)Íomovam o livro literário, professores Ìeitores com boa fundamentaçâo
urÌÌ ato de convenção emìnentemente sociaÌ. Convenciona-sc cluc algo e lctirica e metodológica, programas de ensino que valorizem a literatura,
significante, quando corresponde a unr valor previamcntc estabelccido. t', sobretudo, uma interação democrática e simétrica entre alunado e
O conjunto de valores convencionados é chamado cultura e por ìsso plolèssor. Se isso não ocorter, valem as palavras de Ezequiel Theodoro
mesmo períeitarnente legível porque criado pelos homens. tlu Silva: "os objetos de leitura, principaÌmente o livro, passam por um
.) n lormação escolar do leitor passa pelo crivo cla cultura e m que l)r'()cesso de'obscurecimento intencional'. Mais especificamente, as
cstc se enquadra. Se a escola não efetua o vínculo entre a cultura grupaÌ t:ilcunstâncias que deveriam promover o livro (ou um tipo de livro, o
orr de cìasse e o texto a ser lido, o aluno não se reconhece na obra. por- rcvclador) tornam-se cada vez mais drásticas, fazendo com que o acesso
que a realidade representada não lhe diz respeitcflMesmo diante de litltrc cada vez mais difícil. Ausentar o estímulo (livro) do mundo ü
rluaìqLrer texto que a escola ihe proponha como meio de acesso a conhe- viviclo pelas pessoâs significa retirar a possibilidade delas executarem
cirrrcntos que eie não possui lìo seu ambiente cultural, há a necessidade rrrrra resposta (ìer o livro), isto é, movimentarem a consciência para o
tlc tlttc rrs infrrrrnações textuaìs poss-âm ser referidas a um ltutlrground obicto" (1983: 63).
crrjrrs llízcs cstejam nesse ambiente.fPortanto. a preparaçào para o ato
rlc lcr ruÌir c upenas visual-motora. mas requer unra contínua expansão
rlrrs rlcrrrirrcrrç:tics crrlturais da criança e do jovenr]
I)lrrrlr rlu lcitulu outra exigérrcil se illìpoe em terÍìos de aprendi-
/.irll(:rÌr. Os st:rrlitlos nlÌo se esgotam no plano meramente conceitual. A
llrrrçrro pl,'rrr rlo li'rto Iilcrário se dá na ooncretizÍÌcão estótica das si"-
,'ri,' ,,,:,' 1 ,,,, ; :, ,.
""'-"\"""="""i'

f i.
l1
Quando o professor reafiza o trabalho com literatura em sala de
;rulil il partir das expectativas dos estudantes, significa que ele está aten-
til rros irrteresses dos mesmos. Por interesse entende-se uma atitude favo-
r;rvt'1. gcrada por uma necessidade, que propulsiona uma ação (cf. Clapa-
rt'tlc, 1934:150-152). O interesse pela leitura é, portanto, uma atitude
lrrvorr'rveÌ em relação ao texto, oriunda de uma necessidade que pode
..('r lomar conhecimento genérico de ocorrências atuais, seguir uma ins-
Ir rr('rìo, Íecrear-se, estudar. ato de lerr I satisfação
-O-44iyfdq-'o-blëçLllg
rll urììâ necessidade d9 caráter ifÌf,otmeliyo' ou recreativo, que é condi-

' r()rìlda
por uma série de fatores:ol ?--qn-ql são sujeitos diferenciados
(lu(' tôm, portanto, interesses de leitura variadog, As pesquisas que se
,.rrrpcrrham em delinear um quadro dos interesses de leitura das crianças
r' l{)vcrìs têm em conta, como elementos determinantes, a idade, a esco-
2- INTERESSES DE LEITURA E SELEÇAO l,rr rtlude, o sexo e o níve1 sócio-econômico.
DE TEXTOS A idade do leitor influencia seus interesses: a criança, o adolescen-
Ic c o adulto têm preferência por textos diferentes. Mesmo dentro de
, rrrlrr período da vida humana, modificam-se à medida
esses interesses
2.1 - Determinação dos interesses literários e o pÍazer ,1rrt' sc dá o amadure-cimento do indivíduo' Richard Bamberger (1977:
do texto it, x1 ldentifica\ cinco idades de'11Íúã^p". abrangem a infância e a
,r,lolcscência:
Considerando a natureza da literatura, pode-se al-irntar quó'
o
com uma pp!elt-! trattslìrrnradora de
" I livros de gravuras e dos versos infantis (de 2 a 5 ou
fase : Idade dos
professor está comprometido I

ãOucgçaq, ele encontra no material literário o recurso nrais


Í'avorável--à tr :rnos). É a fase de egocentrismo, em que a criançafaz pouca distinção
consecyçãg {-9 seus objetivos. Neste caso, vale a pena invcstir na forma- r.illl0 o mundo externo e o interno. O interesse por cenas individuais,
qu. significa incentiválo ao hábito, de modo a multip-1i' ,.ilr (lLle se distinguem objetos de seu meio, vai atender à necessidade
çao Ooüiio-i;\o
car a experiência Ìiterária. o papel da escola é decisivtl neste
processo e rrrlrrrrtìl de estabelecer os limites do "eu" e do mundo.
u, p"rquiru, têm mostrado que, "em toda a parte, os estudantes são' 2? fase: Idade do conto de fadas (5 a 8 ou 9 anos). De posse de uma
os estudos'
sem dtvida, leitores mais assíduos, mas' uma vez terminados rrrt'rrlulidade mágica, o leitor vai buscar, nos contos de fadas, lendas,
elestambémseexpõemaoperigodesetornaremnãoleitores(Barker nrrt(ìs c fábulas, a simbologia !999*s-s-449 è 9labo1agão
de qggs yiy9nc1a1'
&Escarpit,1975:|22.).ParaqueSeassegureacontinuidadedocompor- ,,\ | r :rvós cla fantasia, resolve seui conflitos e adapia-ie melhor no mundo '

tamento positivo em relação ao livro, é preciso que o- hábito não


seja
provo- 39 fase Idade da história ambiental e da leitura factual (9 a I 2 anos)'
:
apenas como um padrão rotineìro de resposta, automaticamente l' ;r Irrsc intermediária, em que persistem vestígios do pensamento mágico,
cadoerea|\zado.Abusca-freqüentedaliteraturaprecisasurgirdeuma rrr;rs lr criança começa a orientar-se mais para o real. Vìa de Íegra, o
atitude consciente, da disposiçao de enfrentar o desalìo que o texto l, rtor cscoÌhe, neste período, histórias que the apresentam o mundo
olerece como nova alternativa existencial' r {ìnr() cle é, através da percepção mágica de determinado personagem'
O primeiro passo para a formação <1o hábito de ieitura é a oferta :\ ['ilrrra vai facilitar-lhe a apropriação da realidade' sem ÍompeÍ com o
rlc livros próximos à realiclade do ieitor, que levantem questões signifi- r'.,t;r1iro cla fantasia, que ainda não abandonou de todo.
ciltivas para ele. A literatura brasileira e a literatura infanto-juvenil
textos diante dos .1il fase: ldade da história de aventuras oufase de leitura apsicológi;
rraci.rrrai.s vônr preencher estes quesitos ao fornecerem
tlrrlis o ultrrro faoilrnente se situa, pela linguagem, pelo ambiente' pelos icrrtada para as sensações (12 a \4 anos). É o período da pré-adoles-
, ,r, rrr
A familiaridade ({.il(.[r. cn] que o conhecimento da própria personalidade e o desenvol-
oirrlclclcs tlits pcrstlnagens, pelos problemas colocados'
r,rrrrcrrlo tlos processos agressivos ativam a vivência social e a formação
ill;, li'i{iii .ìi)-: :: 1}hi1'. gerll predisposicão rrara a leitura e o conseqüente
- !_. !.-

l()

i
,1,
de grupos. Os interesses de leitura preenchem as necessidades do leitor ,'nì (luc os problemas são resolvidos por grupos de jovens, vêm preencher
através de enredos sensacionalistas, histÓrìas vividas poÍ gangues, perso- .n rrcccssidades do leitor de iniciar-se no questionamento da realidade.
r'Ìagens diabólicos, histórias sentimentais. ,rrrrpl rrrrdo sua dimensão social.

5? fase:Os anos de maturidade ou desenvolvimento da esfera líte- 51): Leitura crítica. E o período que abrange a 8? série eo29grau.
ro-estética de ieitura (14 a 17 at'ros). Descobrindo o mundo interior e o ,1rirr(l() o aluno elabora seusjuízos de valor e desenvolve a percepção
mundo dos valores, o adolescente parte paÍa a hierarquização dos con- rlrr', r'{)rì1cúrdos estéticos. Sensível aos problemas sociaìs, o jovem inter-
ceitos e a organização de seu universo. Aventuras de conteúdo intelec- r'Ìl,ir \c stlbre suas possibilidades de atuação na comunidade adulta. A
tuaÌ, viagens, romances histórìcos e biográficos, historias de amor, litera- l,u,( iì (lir identidade individual e social e o maÍor exercício da ieitura
tura engajada e temas relacionados com os interesses vocacionais vío rr'rrì r'()rÌìo dividendo uma postura crítica diante dos textos, através da
ajudá-lo a orientar-se e estruturar-se como adulto' ,,,rrrP;rnrçrìo de idcirs. da conclusio. ila tomada de posiçoes. Livros que
O interesse pela leìtura varìa em qualidade, de acordo com a esco- .rl,,rrrlrìrìì problemas sociais e psicologicos interessam ao aluno deste ní-
laridade do aluno. Neste sentido, pode-se também delinear cinco níveis r, l possibilitando-lhe a reflexão e a opçdo por comportamentos que
de leitura: ,1, ,,r'trlrlc como mais justos e mais autênticos.

préieitura. Durante a pré-escoÌa e o período preparatório para ('orrro a idade e a escolaridade. o sexo também é fator determi-
I 9:
rr,rrrtr' rlt)s interesses de leitura. Fatores biolÓgicos e. principalmente,
a alfabctizãçaoJ crlança dese'voÌvc capacidades c hlbiliclades que a
,rrllrrlris determinam diferenças de comportamento entre os sexos.
tornarão apta à aprendizagem da ìeitura:a construçiìo dos símbolos' o
l'rrr:r tlcssAS dilèrenças diz respeito à atitude diante da leitura. O:
desenvolvimento da linguagem oral e da percepçâo perrrtile o estabeleci-
lìr,nì('rìs cscolhem os temas mais arrojados (aventuras. I'iagens, ficçlio
mento de relações entre as imagens e as palavras. Os ilìtclesscs voltam-se.
, r, rrrrlieu). enquanto as mulheres se voltam para as historias de amor"
nesta fase, para Ìrìstorias curtas e rimas, em livros conl rttuills
grrvuras e
do sctltitlo rrtuito maìs r(,rììirìces. vida familiar, crianças. Tais tendências estão intimamente
pouco texto escrÌto, que permiterl a descoberta
r,'l,rr'rorÌudas aos fatores culturais. Na verdade, a sociedade cria estereo'
através da linguagem visuai que da verbal'
rrlror tlc' comportametÌto para o homem e para a mulhere esses dirigem
ao momet'Ì-
Lejtura comprcensivli. É O pe ríodo correspoltclcllte
29: .rr.r., rr{itrrdes e interesses. Portanto, suas preferências literárias corÍes-
to da alfabãiiZiçao (1? e l? séries). enl qÌÌe a criariça conlcça adecifraro
palavras. A motivação para I',ìr(l('rÌì aos padrões sociais: o sexo masculino envolve-se em atividades
código escrito e faz uma leitura silábica e de
1;'rr'rriVrìS c1e luta pelo sucesso e pela sobrevivência, enquanto ao sexo
textos lhantes aos da eta-
ler é muito grande e a escoÌha recai sobre seme
l' nìrìrìo sÍo atribuídas atitudes mais passivas, voltadas para o trabalho
pa anterior, agora decodificados pelo novo leitor' ,lrrrrrr:slico. a educação dos filhos e tarel'as aÍìns. As prelerências de lei-
39: Leitura interpretativa. Da 3? à 53 série o aluno evolui da simples rrr,r (()r lcspondem à necessidade de cada sexo cumprir o papel social
compreensão imi:Oiaia à interpiètação das idéìas do tcxto, adquirindo ,1,r, llrr' tr coní'iado.
fluência no ato de ler. A aquisição de conceitos de espaço, tempo e (.)rrc-stionados sobre suas prelèrências literárias, em pesquisa reali-
causa. bem como o desenvolvimento das capacidades de classificar, ..r,l,r t'rrì Porto RS, os estudantes confirmam este perfiÌ (cf.
Alegre
ordenar e enumeraÍ dados permitem que o estudante se adentre mais \r,rrrrr. l919:34-46). Os meninos reveìam maior comprometimento
nos textos e exìja leituras mais complexas' ,,ìrìr () ìeiìl e atração por histórias que se passam em tempos e lugares
,lr',t,rrrtt's^ cnquanto as meninas escolhem os elementos de fantasìa, pro-
49:IniciaçãoàlQituracrítica.Emtornoda6leT9séries.oestudan-
tc ut ingc o estágio de desenvolvimento que Piaget denomina das operações
rr(ì\ rìo tenlpo e no espaço. Essas tendências revelam um melhor apa-
irrtclcctuais abstratas, da formação da personaÌidade e da inselção afeti- r,llrrrrrt'rrlt) para se ntovimentar na sociedade e uma percepção mais
tlt' rnundo no sexo masculino" restando ao sexo feminino reações
vrr c irrtclcctual na socledade dos adultos (cf . 1973.62'4). A'
capacidade rrrrlrl;r
do real e a maior experiência de leitura favorecem o . ., ,rlrrrlrrs. dentro de um espaço lirnitado.
dc tlisccrnimento
cxcrcício tlc habiliclades críticas, permitindo ao leitor não só interpretar
( )\ rì tcrcsses variam. ainda. de acordo com o n ível sÓcio-econômi-

os tlacl0s l0rrrccitlOs pelo texto, como também posicionar-se diante


deles, ,,' ,l,r Pírhlico leitor, observando-se o sucesso dos textos em que predo-
ìr'iii;:'
.r^
.--. \;! ,,^l^-
iuiJ: l - ---f^.Â-nir.
,-. -nr lìrrrnq rìe evenfrrras ,,,,,t,rìì ,ì\ irrqr-er-lientes mrigicos entre os estudantes menos favorecidos e
lillLiilllrl(l ii,i/\;.! i ""
., ,: ,.r,1, ìriiiiì:rü!Ìgt!rJaeütíeosprivriegiados(cf.Aguiar,1919 41-60\.

rii I
1,,
Na 49 série, há indiferença quanto a gêneros literários e demons-
A leitura vem satisfazer, em cada grupo, um tipo de necessidade social:
trrr"sc apreciação dos seguintes assuntos literários: aventuras, animais,
para os primeiros, supre carências e aponta para um mundo melhor;
lr.r r<)r, ficção esportiva e super-heróis. Os alunos preferem:üma qarra!_i-
puru o, últimos, serve de instrumento de apropriação do real, de forma
vrr si luada no presenïe,,que se passe no Brasil, no campo, na cidade, no
a favorecer aadaplação social e a promoção.
r'sl)lrço sideral, no mar, em terra, nas montanhas, na selva, em loçals
Em pesquisa de interesses de leitura conduzida pelo Centro de
v:rrirrdos, poiq, mas existentes. Eles não se impoítam com a faixa etária
pesquisas Liteiárias da PUCRS, com dados colhidos em 1983 e anali-
rl:rs pcrsonagens, mas preferem heróis, pessoas comuns, animais, pessoas
sados em 1984 (cf. Pontifícia universidade católica do Rio Grande
do
(' ilrimais, robôs e pessoas. Quanto à poesia, só demonstram preferir os
Sul, 1985:365-383), abrangendo 330 alunos, observa-se que, em teÍmos com jogos gráficos e de idéias'
lr()orÌìrìs narrativos de teor informativo,
de comportamentos gerais, no l9 grau,-em todas as séries os alunos dão
Na 5? série, o gênero literário favorito é o poema Dá-se preferên-
preferência à música como forma de lazer. Quando lêem. escolhem li- ( lil itos seguintes assuntos literários: aventulas, humor, animais, lendas,
pre-
vros (salvo na 6? série, que elege revistas), e, em casos de narrativas, , r,piorragem, horror, policial e ficção esportiva. Os alunos querem narrati
ferem as lineares. Da l? à 7? série os alunos demonstramgostar mais de
esta apenas citada vrs com rnuita ação, que se passem no presente, ou no passado remoto e
histórias em quadrinhos do que de literatura, sendo
rro lìrturo. O espaço representado pode ser a selva, o mar, o espaço sideral,
na 8? série. ^ ,r t'rrlade, o deserto, a montanha, o Brasil, a terra fìrme, devendo ser
Na 19 série, o gênero literário preferidoi.e I poema) Os assuntos r.rrstcrrte e distante. Não há preferência quanto à faixa etária das perso-
literários prediletos são os super-heróis, o humor e os contos de fadas. o il:tFcrÌs. nÌas os tipos favorecjdtls sio as pess()ls comuns' pessoas e ani-
tempo naÍrativo de preferência é o presente e o espaço deve ser um iltiris. monstros. fantasmas e vilões. Quanto aos poemas. apreciam
locJ efstente, o Brasil e montanhas. Quanto às personagens da narrati- illrÌìos e não demonstram predileção rìuanto à composição estrófica.
va, preferem as jovens, sendo que o tipo predileto é o herói, seguido de
It.ern poentas líricos e narrativos. de tellr irrlbrnrativo e re|exivo, Com
fantasmas, robôs e pessoas, fadas e anões' Em re-lação aos poemas' as
de idéias. de sons e clas lbrmas grátìcas.
crianças preferem os que têm rimas e aliterações, com estrofes curtas,
1,r14os
Na 63 série. os aÌunos não se mostrant particularmente interessa-
de teor narrativo e informativo, com jogos de grafia e de sons'
rlos cl-Íì um gênero literário em especial. Os assuntos literários são o
Na 2? série, os alunos são indiferentes quanto ao gênero literário
Irrrrrrur. o horror, o amor e as aventuras. AS narrativas podem acontecel
preferido. Os assuntos literários mais procurados são super-heróis e ani-
em rro l'uturo, ou então no presente ou no passado lemoto' O espaço pode
mais. Preferem uma narrativa com muita ação, situada no plesente,
',('r o mar, o campo, o espaço sideral, a terra firme, a selva, a cidade;em
espaço que eista na realidade, dando relevo ao urbano. A faixa etária das
predi-
l,,crris variados, portanto, existentes, mas distantes. A faixa etária
p.rróttug.t* e a infância, sendo que os tipos de personagens preferidos são pessoas co-
[.lrr tluanto às personagens é a juventude, dando-se ênfase a
ã estudante, o herói, robôs e pessoas, grandes homens, pessoas e anì- poemas, os
rrrrrns, robòs e pessoas, fantasmas e heróis' Com relação aos
mais, monsttos, fantasmas e pessoas comuns' Quanto aos poemas' os jogos formas gráfi-
,'lt'rrrcntos que chamam a atenção são a rimae os das
alunospreferem-noscomestrofescurtasesemrefrões'Agradampartì-
jogos de ,.rrs l)reÍèrem poesia lírica e narrativa, com assuntos de teor emotivo' in-
, cularmente os poemas de teor narrativo e informativo, com
l.r rrrativo e, por último, reflexivo.
sons, idéias e jogos gráficos.
os aÌunos de 7? série são indiferentes quanto ao gêneÍo literário
J

Na 3? série, os alunos se mostram indiferentes quanto ao gênero


(lile lóem. os assuntos literários que thes interessam são aventuras, hu-
literário. Os assuntos literários constantes são animais, super-heróis e
,,,,,' . o*or. Eles preferem narrativas no futuro, situadas em terra firme,
aventuÍas. Eles também manifestam indiferança quanto à ordenação
,r() rììlr, no campo, no estrangeiro, no Brasil, em locais variados, existen-
r;omposicional da narrativa e quanto ao tempo nela representado' O
r{'\. rììas distantes. Também gostam cle personagens jovens' mostÍando-
cspaço preferido é o Brasil. Estes alunos apreciam personagens crianças
poe- ,,. rilclinados para tipos como pessoas comuns, sábios e cientìstas, estu-
c scrrs tipos favoritos são os heróis e as pessoas comÌrns. Em relação à
elegem como rl;rrlcs e grandes homens. Em relação à f-o-.ç,lil'não destacam qualquer
siu, rrÌo irrilicam preferência quanto à composição, mas
,.1r.'rt:rrt. sonoÍo, mas preferem as estiõïeï sem lefrões, Sendo'pssuntos
prctlilctos os poemas de teor informativo, em que haja jogos de sons e de caÍâteÍ reflexivo e
rl,,r ir!,-(i:rs.
l,r,'tlilolos os de teor informativo, seguidos dos
::: .l:, .. ! ! u^!ìpr/r Ic eir:qã,' é 'f línico"

23

l,
Os alunos da 8? série são indeferentes quanto a gêneros literários' Todos esses dados configuram o tipo de público existente, a par-
Os assuntos literários preferidos são ficção esportiva, aventuras, amor, lir do qual
pode-se refletir sobre as práticas de leitura possíveis. Convém
i I humor e policiaÌ. Quanto ao tempo representado na narrativa, pode ser l('ÌÌìbrar, porém, que as pesquisas sobre interesses contribuem para a ela-
lo presente, o futuro ou o passado Íemoto. As preferências espaciais são Irorrção aeI y4_p!$i ae ìãffiem determinado contexto histórico-so-
por locais muito variados, existentes, antes distantes que próximos, na , irl. Para tal, faz-se mister o registro do entrecruzamento das atitudes
seguinte ordem: mar, terra firme. Brasil, estrangeiro, cidade, campo, sel- lrrrrdadas nos fatores citados acima e em tantos outros como, por exem-
va, montanha e espaço sideral. Os alunos se mostram indiferentes plo. as experiéncias anteriores de leitura do sujeito. Pode-se chegar, en-
quanto à faixa etária das personagens, desde que sejam pessoas comuns. tiro. ao conhecimento dos codigos estéticos e ideológicos de que o
estudantes, sábios e cientistas ou grandes homens. Com referência à rìt!')Ìììo se vale no ato de leirura.
poeíia;queÍem-nâ Ìírica, de ritmos fixos' estrofes curtas e com jogos A partir daí, o professor vai sustentar seu trabalho em objetivos-
)- rrr:rjs rrnbicrosos: nâo apenas satisfazer os inleresses imediatos do públi- t'.
de sons. Ôs assuntos poéticos podem ser de teor informativo ouemotivo
e reflexivo. (o. olerecendo-lhe leituras repetitlvas e redundantes, que venham tão-
Quanto aos alunos do 29 grau, todas as séries preferem a música a sorrrente atender ao gosto, mas aguçar-lhe a curiosidade para textos que
qualquer outra ativiciade de lazer, lêem revistas e jornais, mas nâo livfos, rcpresentam a realidade de forma cada vez mais abrangente e profunda.
e, quanto ao texto literário, quando o lêem chegam a ele por iniciativa .Para oferecer ao aluno condições de ampliar seu universo cultural,
própria e dão prioridade à narrativa linear. o professor de literatura conta com meios eficientes: anatureza do mate-
Na l? série, o género literário é indiferente, os assuntos prediletos rrrrl de leitura e a complexidade das fbrmas de abordá-lo. Partindo das
são o poÌicial, a aveÍìtura. o amor e a espionagem. O tempo narrativo é tl prclèrênclas do leitor, o trabalho deve orientar-se, de maneira dinâmica,
presente e o luturo. e o cspaço é a cidade, locais distantes, mas existen- ilo próximo para o distante no tempo e no espaço. lsto signiÍìca optar.
tes, variados, o maI, o estrlngeiro, o c3mpo, a terra Íìrme, a montanha e prinreiramente, por textos conhecidos de autores atuais, familiares pela
a selva. Quanto às personagens. a preferência é por pessoas comuns' es- tr'nrática apresentada, pelos personagens delineados, pelos problemas le-
tudantes e grarrcles honrens. Com respeito aos poemaS. osjovens pedem rrrrrtados. peIas soluções propostas, pela forma como se estruturam, peÌa
textos líricos. rimaclos, cle".teor emotivo, e, depois, informativo e refle- lrrrguagem de que se valem. A seguir. gradativamente, vão-se propondo
xivo, que joguem corn idéias. rrrrvas obras, menos conhecidas. de autores contemporâneos e/ou do
Na 2? série. os aÌunos não se pronunciam signif icativamente sobre l,rssado, que introduzam inovações em alguns dos aspectos citados.
gêneros literários <Je prefèrência. os assuntos Ìiterários nlais populares I slcs procedimentos, inusitados para o leitor. rompem sua acomodação
são q-!r-g4,o-1, o policial. a fìcção cientíÍìca, a ficção desportiva. a licção ,' cxigem uma postura de aceitação ou descrédito. fundada na reflexão
psicologica e a avetìtura. o tempo narrativo é o preselÌte e o passado e o i r i{ica. o que promove a expansão de suas vivéncias cuÌturais e existen-
espaço incÌui locais varrados. existentes e distantes: o estrangeiro, o ( rris.
mar. a terra e o Brasil. Quanto às personagens da narrativa. privilegiam A ampliação do processo vai atingir, além do material esooÌhido.
u, p.rrou, comuns e estudantes. Com relação aos poemas. lêem os líri- ,r: rrtividades sugeridas. Começando pelas mars simples e costumeiras.
.' cos. antes de teor reflexivo, mas também os de cunho emotivo e infor- (lÌrc r-equerem comportamentos previsíveis, buscam-se alternativas de
I mativo, mas não indicam preferências quanto à composição. trrrbalho mais exigentes, em que o estudante participe do planejamento
' Ot aÌunos da 39 série preÍèrem como gênero o conto. Os assuntos , tlc todas as etapas de consecução. O estudo de Ìiteratura transforma-se
lìterários eleitos são o humor e a aventura, a licção cientíÍìca. o policiaì , nì um paclo etìtre professor c alurro. em quermbos divrdem responslbi-
e a ficção esportiva. O tempo narrativo é o presente. e o espaço abrange lrrlrrrles e méritos. Dessa forma, as estratégias de ensino adotadas rrão co-
locais existentes: a terra, a cidade, a montanha, o campo, o estrangeiro l,rt'rrr simplesmente os interesses do estudante que, viaderegra,l-unciona
Quanto às personagens da narrativa. a escolha é por pessoas comuns' ,,,rrro eÌemerìto passivo, recebendo materiais prontos e ordens a serem
estudantes e grandes homens. Com referência aos poemas, salientam a ,,lrt'tlccidas. lnstigado à açao. ele se complomete conì o projeto de ensr-
lírica. sob forma rimatia, contendo jogos de idéias e com assuntos de rr,r tlc literatura, exigindo lnaiores oportunidailes de se firmar como su-
teor emotivo, informativo e reflexivtl. nesta ordem. 1, rto palticipante de seu grupo.

':4
processo literá- Depois de entrar, ele passa necessariamente a obedecer às regras criadas
Este alinhamento do aluno em iqda a dinâmica do
rio concretiza-se na medida Oo, p1a4911que o trabalho provoca' As ativi- pelo próprio jogo, cumprindo-as como a um pacto estabelecido entre os
l\ da criança e do jovem, que jogadores.
tlades lúdicas vão ao encontÍo dos intéresses
têmnojogooexercíciosimbólicodaspráticassociaisedossentimentos Também a literatura tem esse mesmo caráler, uma vez que, ao ela-
humanos.Suscitadasapartirdostextos,estasatividadessãoexpedien- borar sua obra, o autor institui normas e regÍas de composição, forne-
tes importantes na formação e na continuidade do
gosto pela leitura' cendo indicadores de leitura, aos quais o leitor segue, num acordo táci-
quebrando-se o sentido dË obrigatoriedade, a ieitura perde o ranço de to com o criador. Ler é imergir num universo imaginário, graluito, mas
' e estimulante' organizado, carregado de pistas as quais o leitor vai assumir o compromis-
disciplina escolat, para se converter em ato espontâneo
de,yem agradar q9 so de seguir, se quiser levar sua leitura, isto é, seu jogo literário a termo..
i ã"r.n"uOrudor de momentos aprazíveis. Se,,qs-J91!q9
;t;"r. as atiúdades de exploração dos mèsmos estão comprometidas Embora desinteressado e sem vinculação direta com o reai, o
' e não com o seu esvazia- jogo tem uma função significante, isto é, tem um sentido, gerado por
.;; ; fortalecimento desìa reciprocidade
mento. aquilo que está sendo disputado. O alvo a ser atingido não responde.
Quando o ato de ler se configura,
preferencialmente' como aten- contudo, a uma necessidade imediata da üda ptáttca, mas, mesmo
processo de identificação assim, confere um sentido à ação. Johan Huizinga deÍìne as característi-
dimento aos interesses do leitor, desencadeia o
representada' motivando o cas do jogo como: "uma atividade que se processa dentro de certos limi-
l'ão suieito com os elementos da realidade
quando a Íuptura é incisiva' instaura- tes temporais e espaciais, segundo uma determinada ordem e um dado
'iprur"í da ieitura. Por outro lado,
se o diáiogo e o conseqüente questionamento das propostas inovadoras número de regras livremente aceitas, e fora da esfera da necessidade ou
da obra lida, alargando-st o hoii'onte cultural do
leitor' O dividendo fi- da utilidade material. o ambiente em que ele se desenrola é de arreba-
apropriação de um tamento e entusiasmo, e torna-se sagrado ou festivo de acordo com a
nal é novamente o prazer da leitura, agola como
mundo inesPerado. circunstância. A ação é acompanhada por um sentimento de exaltação e
O ato de ler é, portanto, duplamente gratificante' No contato tensão, e seguida por um estado de alegriae de distensão" (1980:147).
com o conhecido, forn"c. a facilidade da acomodação,
a possibilidade A definição de Huizinga vale, da mesma forma, para a literatura e
'i de o sujeito encontrar-se no texto' Na experiência com
o desconhecido' a arte em geral, que "participam dessa área'nâ'o lucrativa'onde se inse-
alternativos d-e ser e de vive^r' A tensão rem as atividades prazerosas e lúdicas, excluídas do programa de vida de
,urg. u- descoberta de modos
I .ntï. .sr., dois pólos patrocina a forma mais agradável e efetiva de lei- uma sociedade voltada para o ganho" (Averbuck, 1986: 66). A obra
'tuÍa' literâria, como o jogo, simula os conflitos do mundo, de forma giobal,
A hteratura pode suscitar pÍazet,pofque tem seu fim em f _mes- buscando a restauração do equilíbrio, através de uma proposta alternati-
ma, isto é, funciona como um jogo em torno da linguagem'
das idéias e va para a existência. Essa função mimética é acentuacla quando se rela-
das formas, sem estar subordinâda a um objetivo prático imediato. Essa cionam texto e estruturas extratextuais, pois "uma obra artístìca, sendo
remonta à estética idealista do séc' XVIII' rum modelo determinado do mundo, uma mensagem na linguagem da
concepção do fato literário
mais precisamente a ImmanueÌ Kant, que define
a literatura e a arte em rrrte, não existe pura e simplesmente fora dessa linguagem, assim como
geral iomo "um modo de representação que por si mesmo é final' em- lìrra de todas as outras linguagens das comunicações sociais" (Lotman,
bora sem fim, no entanto prop]9i4-g çultula doqlgderes-da-mentepara It)78: 101).
a comunicação social" (1980: Zã5;' nssa teoria chega
valotizada ao séc' Walter Benjamin acrescenta à característica de imitação do jogo a
XX, que continua prestigiando o fenômeno estético
pela sua capacidade cilpacidade de formação de hábitijd,Èonsiderando que sua essência "não
dc provocar PtazeÍ. ti um 'fazer como se', mas um 'fazer sempre de novo" transformação da
Pela gratuidade daí advinda, a literatura aproxima-se
das ativida- t:xperiéncia mais comovente em hábito" (1984: 75).Pata ele, todo hábi-
tlcslÍrtlicascmgeral,tambémelascomafinalidadeúnicadeemocionar lo cntra na vida como jogo que, poÍ mobilizar emoções e inspirar pra-
Gratuito e sem zcr, exige repetição contínua e renovada. Por essas úas, chega-se, por
e tlivcrtir o suicito, sem oferecer-lhe vantagens materiais'
1"
/,rhrig:rtorictlltlc' o jogo não é, entletanto, um
ato incontrolado' mas es- r'crto. ao hábito da leitura literária, que permite a multiplicação do pra-
submeter' O zr,r, através da experiência sempre recomeçada de viver os sentidos do
trutìrrlr!,t :r oartir clJ reeras' às -q ais o indivíduo deve se
",' :,.d,ì rÌ..:i.'iiri.iL =nïê icíï it".:;csic'i=s. ;3in i'i.\--1ded='
. i- ,-.,r. -^-^^.-il,' rur,"
::!l!:!i!r! !.'!!: r-dt!í rí.\rtJ l-t( ruurr

21
2.2 - Escolha dos textos vácuo teórico. Tanto a leitura seletiva do professor quanto o método
que e1e adota após decidir sobre os textos que deverá trabalhar são ori-
Alguns princípios básicos norteiam o ensino de Ìiteratura:o aten- úrìtados. na sua essencir. por uma concepçâo que ele laz do literário.
interesses que lrsta lhe oferece os critérios para apreciar as obras e para abordálas com
rltntcnto aos interesses do leitor, a provocação de novos
llrc agucem o senso crítico e a preservação do caráter lúdico do jogo os alunos segundo um ou outro método que faça emergir o conceito de
lrterárìo. Levando em conta esses aspectos, o profèssor está recuperan- literatura subjacente a todo o processo.
rl0 para o aluno as funções básicas de toda a arte: captar o real e repas- Se a seleção de textos e a escolha de métodos de abordagem tex-
sá-lo criticamente, sintetizando-o de modo inovador, através das infini- tual é interdependente e mutuamente sustentada por uma noção
tas possibilidades de arranjo dos signos. o resultado final será um com- comum de literatura, a conseqüdncia é que o professor precisa conhecer
portamento peÍmanente de leitura, em que o texto se apresenta como algumas teorias literárias que the definam os limites do seu campo de
um desafio a ser vencido em inúmeras atividades participativas. sua trabalho.
lpreensão redundará em situações gratificantes que vão garantir a con- Uma teoria literária é um modo de investigação científica que se
tinuidade do processo de fruição da Ìeitura. cxerce pela observação e análise de um corpus hipoteticamente delimi-
O maior obstáculo com que o professor se defronta para alcan- lado como literário. Segundo Souza, "seu objeto é aliteralura strícto
do acervo de títu- \(,nsu, ou seja, determinadas composições verbais em que a Ìinguagem se
çar esses alvos está no conhecimento amplo e seguro
los tle literatura infanto-juvenil e para adultos com que poderá trabaÌhar rìpresenta eÌaborada de maneira especial. e nas quais se dá a constituição
cm sala de auÌa. Qualquer modalidade de ensino depcnde, antes de tu- tlc universos imaginários ou 1ìcoionais. Nurn nível ainda rnais elaborado
clo, do domínio que se tem do objeto a ser ensinado. Quando se trata de tle exigências metodologicas, cleve-se clizer. enÍìm, que o objeto da
literatura, a experiência cle leitura e o serìso crítico do protèssor não lcoria da literatura é constituído pela literariedade, isto é, o modo espe-
podem ser substituídos pelo apaÍato metodolÓgico. por mais aperfei- cial de elaboraçâo da linguagem inerente às composições literárias,
de literatura bem planejada caracterizado poÍ um desvio em relaçâo às ocorrências mais ordinárias
çoado e atualizado que este seja. Uma aula
parte não da metodização das atividades. mas do próprio conteúdo dos tla linguagem" ( 1986:47).
textos a serem estudados. Assim sendo, o professor precisa ter uma Ìei- As teorias literárias investigam seu objeto a partir de diferentes
tura prévia e compreensiva dos mesmos. se deseja propot'cionar a seus pcrspectivas sobre o que é literário ou não, como se pode observar na
alunos vias efÌcazes de fiuição e conhecimento das obras e da historia rrÍ'irmação de Souza, que restringe o conceito a dois constituintes fun-
Ii terária. rlamentais. Outros analistas das teorias literárias definiram seu objeto
A leitura do prolessor. pois, é pré-requisito da leitura do aluno' por caminÌros diversos. ora desconsiderando, ora privilegiando o modo
mas isto não quer rlizer que a interpretação do aluno deva ser atrelada à rlc elaboração lingüística, ora exaÌtando, ora pondo em cheque a idéia
do protèssor. É evidente que os sentidos que esse deu ao texto influen- tlc universo imaginário. As possibiÌidades de enfoque nos estudos literá-
ciarão as atividaties propostas para explorá-lo, mas se o alulto, através rios são, poÍtanto, múltiplas, e a exigência que se pode fazer a uma teo-
d() trabalho textual, atinge outros sentidos e consegue comprovírìos rirr é que estabeleça claramente o que, para ela,e a literatura e que a in-
pelas evidências à sua disposição, não cabe ao professor questionar a lei- vcstigue com rigor científico a partir dessa definição hipotética.
tura que realizou. O professor, egresso de um curso de Letras ou de Magistério, nem
Dizer que a compreensão e a interpretação orientam o planeja' s('rììpre faz ideia de que sua tarefa de ensino de literatura não é inocen-
rilcrrto rÌas experiências da leitura não significa. poróm. que estas se acu- tc. nras vem direta ou indiretamente impregnada de noções que acabam
rrrrrlcnr clcsorclcnaclanìente. pois a Íàlta de sistenra. aÌénr de ditìcultar as por funcionarem como critérios para a crítica e a avaliação das obras,
opctrçocs clc pcnsat'nento no processo de aprendizagem, pode tornar o lrt'rrr como para a organização dos processos de leitura e interpretação
r'slrrrlo cotttplctamente caóticcl, de moclo que o aluno não consiga efe- ;ro rrível do aiuno.
lltitr iìs sírrlcscs c()nceituais que a consecução do conhecimento exige. A Para poder discriminar qual o texto de melhor ou pior qualidade
rrrt,totlologilt tlc cttsitto. clessa Íbrm' . é outro pré-requisito. hierarquica- lrtcnirìa, assim como para optar por um ou outro método de compreen-
tìrr.rrtt, r:rrl6crrtl6 crlr sCsurtdO lugar. nliiS de igUal maneira indiSpenSáve1. :rro c interpretação de uma obra específica, o professor precisa cons-
.. i .,.,i,,' , i'\,.r,\,ir ,, i.' ,:,, ,l',, ., rinr'ì:i iìiiiìì , i, iiii;ii je üs pÌessì.tpostos teóricos, no que as teorias literárias podem
i 1ìi iÌi:ilit - Ìii,ii -"'i,','

29

lr
auxiliá-lo. As mais correntes concepçoes do literário podem seÍ agrupa- lr''ttrr:rl, enquanto a semiologia salienta a relação entre estruturas dos
\tp,rì()s c estrutuÍa da realidade. São procedimentos descritivos e analíti-
das em duas classes principais: as que valorizamo discurso lingüístico e
, r'.. rìiìo valorativos, mas de todo modo acabam por discutir os valores
suas Íepresentações ideais, como a estilística, a fenomenologia, o forma'
r,l,.r,lr'rgrcos da sociedade que os sistemas de signos traduzem.
lismo russo, o estruturalismo e a semiologia, e as que valorizam a
A sociologia da literatura conceitua o texto literário como reflexo
equivalência entre o universo criado e o universo real, como a teoria de
,1,. unìrì sociedade histórica, apresentando a essência dos fenômenos que
Aristóteles, a sociologia literária e a estética da recepção. Freqüente-
rrr'l:r 1v..,rr.-, de modo concÍeto. A produção literária, para Lukács
mente, teóricos de um ou outro lado ultrapassam essas fronteiras, mas a rl'tr'5: l8-9), é a tradução particular de umaverdade universal, comum
partir delas pcldem-se traçar algumas diretrizes que facilitem ao profes- r lorl;r ltumaflidade. A literatura não copia os fatos singulares da Histó-
sor a tomada de decisões nessa área prioritária do ensino de literatura. r.r nìirs procuÍa neles o que é representativo para todos os homens e
Para Aristóteles. em sua Poética (1966: 69), a obra de arte literá- ì ! Lr iltÌì rrovo fato que veicule essa essência.
ria é mímese, uma imitação verbaÌ não do que é, mas do que pode ser, Lirrha teórica também comprometida com o social é a semioio-
cujas partes integrantes formam um todo do qual nada pode ser retirado ea
1,r,r tlt' lìakhtin, que permite a corÍelação entÍe os conflitos sociais
ou acrescentado. e onde tudo é necessário e verossímil, ou seja, cada ,..tilrtur:r literária pelã análise da dimensão ideologica do signo lingüís-
elemento tem umâ explicação logica, aceitável do ponto de vista inte- llr r)

rior da obra. A avaliaÇão do texto, no esquadro socioiógico, exige o conheci-


A fim de aitizar um texto segundo AristóteÌes, é preciso verificar rrrr.rrlo pr'éVio da história da sociedade em que ele foi produzido e se efe-
se tudo que nele aparece tem ligação com o todo, se não há elementos rrr,r pt'lo cotejo entre os fatos reais e os fatos fictícios. A obraéválida
desnecessários ou que estão soltos, sem desenvolvimento ou justificati- ,lu,rr(l() rrpreende a essência por trás da historia, conscientizando o leitor
va. Em úitima análise. interessa a coerência interna. ,1,, (lu(' ó o ser humano, resgatando-o das distorções ideológicas que o
Para os seguidores de Aristóteles, o conceito de mímese se torna r.r Ir( iìrÌì r.: alienam.
A leoria da estética da recepção desenvolve seus estudos ent torno
ambíguo e uns privilegiam a idéia de que a literatura deve corresponder
,l,r r,'llcrzio sobre as relações entre narrador-texto-leitor. Vê a obra
ao universo real, imitando-o de forma melhor do que ele é' e outros a {,,nr() luìì objeto verbai esquemático a ser preenchido pela atividade de
idéia de que o importante é o universo fictício, que pode representar o l, rtrrnr, que se realiza sempre a partir de um horizonte de expectativas.
mundo real ou o mundo possível, desde que coerentemente construído ll,'r'lrt' tlefine este como "soma de comportamentos, conhecimentos e
pelas palavras. r,l, r;rs pré-concebidas com qÌle se depara uma obrano momento de sua
Uma das teorias modernas relacionadas com a ênfase no poder da .rl,.ur(ìiìo e segundo a quaÌ é medida" (1980: 10). Por esse caminho, a
linguagem de criar universos é o estruturalismo, que se ocupa com a l..r rr tclìta fechar o círculo entre a abordagem estrutural e a sociológi-
questão de literariedade, entendendo a obra literária como uma estlu- r .l

tura <le signos verbais em relação harmônica ou contraditória uns com A obra literária é avaliada, a partir da teoria recepcional, através
,l,r rlt'scrição de componentes internos e dos espaços vazios a seÍem
os outros, produzida por procedimentos de composição que lornam
J,r,', rrclridos pelo leitor. Faz-se, então, o confronto entre o texto suas
e
csse sistema de signos autônomo em relação à realidade exterior. Segun-
!lrvrrsls realizaç&s na leitura e explicam-se estas recorrendo-se às
clo Jakobson, "o objeto da ciência da literatura não é a literatura mas a
r,rlrr.ctativas dos diferentes leitores ou gÍupos de leitores em sociedades
litcrariedade, isto é, o que faz de uma obra dada uma obra literária"
lrr.,torrcus definidas. A obra é tanto mais vallosa quanto mais emancipa-
( l()7-l:15). O estruturalismo evoÌui para a semiologia' ampliando os
t,,,;r, o' seja, quanto mais propõe ao leitor desafios que as expectativas
cslrrrlos literários a outras linguagens não verbais e preocupando-se em ,h .,tt' ruìo previam.
conro clus geram significados e comunicação dentro da sociedade' As teorias literárias, como se vê, possibilitam variadas visões do
o u.jLrizamento da obra literária, na ótica estruturalista e semioló' ,,lr1r.lo tlc cnsino do professor - a literatura. Por meio delas a seleção
liicrr. sc rcrrlizrr pela descrição do sistema dos signos, descobrindo
as
rlrr'. lr'rlos pode ser realizad,a, segundo a ótica que melhor se adaptar às
rt.llrç0t,s t'illr.e clcs c os significados que deìas decorrem. Como signos se
n,'(( \si(lir(lcs dos alunos e do projeto de educação.pelo quaÌ o profes,lor
(()1si(l(f 11Ìr r1ìo s<'r as palavras, mas suas representações, tais como per- ,,rt,r l)c igual modo, elas piopbrcionam procedimentos de trabalho
s()n:rucns- ltteln cs. .;Ír(lcas. ações, emoções, símbolos, idéias, etc' O estru- rr!!!! 1! t..:..=t=+ literário ççs1eÍìtês com a concepção de literatura do
;: ., .ì-
- =-!:- ^.r-.r:iriq,r
r=:rÊ-:;i..ívn tirrrdiplds que norteiarn sua atividade docente.

ii: 3l

i,,,
,orrrplcrÌrcÍrto ao livro-texto. Quando não o adota, em geral o substitui
lxrr lollras avulsas que contêm fragmentos de textos acompanhados de
r'\{'r( i('iOS-
IJma leitura descompromissada, livre e estimulante da imaginação
, rl;r cr iutividade ou do senso crítico não é, portanto, enfatizada. A cada
l('rturir correspondem atividades de responder exercícios gramaticais e
,1,' rt'rlirção, sem qualquer relação com o caráter artístico de um texto
lrt,'r;irio, ou de interpÍetação com itens programados e direcionados
lì,r ir urÌìa compreeensão literal e primária.
Quanto aos objetlvos, os professores se atêm à natureza do hábito
,lr' lr'r. preocupando-se com formar o hábito da leitura e desenvolvèr o
3- NECESSIDADE DE METODOLOGIA ;rrrtlrrcirìl criativo e crítico dos alunos, procurando, ao mesmo tempo,
.rr{'rì(lcr aos interesses dos mesmos. Entretanto, a presença macìça do
lrvr,r tlidático e a ausência da obra literária, na íntegra, tornam tais me-
t,r', rrrcxcqüíveis.
3.1 - Ensino tradicional de literatura: a prática e os
currículos (, {)s professores, apesar de visarem a formação do hábito da leitura
, ,, rìcscnvolvimento do espírito crítico, não oferecem atividades nem
rlrlr./lìrÌì recursos que permitam a expansão dos conhecimentos, das
AsituaçãocrÍticadoensinodeliteraturatemsidosuficientemen.
lr,rl'rlrrlacles intelectuais, a criatividade ou a tomada de posição, embora
te apontada e discutida em pesquisas. semlnários' cursos' encontros
de
ocasiões' verifica-se .rrrolr'rìì esses tópicos em seus critérios de aproveitamento escoiar. O de-
prollsrore, e no debate público em geral' Nessas
domínio da l'.rtr'. a livre discussão e atividades que extrapolam o âmbito da sala de
que o.,ponto rrevrálgico da questão reside nas deficiências de
.rrrlrr srìo esquecidos. As fôrmulas mais carentes de criatividade e mais
leitura.
clesses fracassos esteja na dificuldade tr,rrlrcionalmente empregadas, como aulas expositivas e exercícios escri-
Talvez a causa mais evidente
deacessoàsfontesdeinformação.porpartedosprolessoresContudo'
r.\ (' orais de interpretação, são praticadas pela maioria, o que também
a lormação recebida nos cursos de Letras e nos de 29
grau' com termi- l,r('rììove a falta de incentivo e de motivação para aleitura dos alunos.
naÌidade em Magistério, bem ou maì propicia uma bagagem de conteú- Outra situação observada é a de que esses professores querem in-
sustentar um ensino mais efi- ,,'ntivar posturas críticas e participantes na realidade social, mas valem-
dos relacionados à literatura que deveria
em exercício conta com vasta ',, rlt' ltividades repetitivas, com alta carga de obrigatoriedade, satisfa-
ciente. Da mesma forma, o professor
.'r'rrrlo-se com freqüóncia com a simples Ìeitura dos textos solìcitados,
bibliografìaparaalimentarseusconhecimentosnessaárea-Issotudo.en.
r, v,'lrrtla através de discussões, redações ilissertativas ou fichas de leitura.
tretanto, parece não resolver a crise, pois. ainda que eventualmente
de

posse de todu, a, referências necessárias, o proÍèssor vê'se desorientado I rrr r'special para pré-adolescentes, cuja descoberta da complexidade da
de aula' \ r(lr cstá em efervescência, dificilmente tais atitudes podem surtir efei-
quanto ao modo de organizar experiências a elas atinentes em sala
concluída em 1984 pelo Cen- t,r', positivos em termos de gosto pela leitura.
Pesquisa realizada em Porto .A'legre,
lro dc Pesquisas Literárias da PUCRS, para o INEP/MEC' consultou 98 O quadro se agrava com o uso dominante do livro didático, uma
pr()l'essores desses graus de ensino sobre suas atitudes em relação ao en- \' / (luc esse sabidamente oferece apenas fragmentos de textos literários
sirr6 clc Iiteratura. Através das respostas levantadas, foi possível traçar
o , ,r. :rbrlrda do ponto de vista gramatical acima de tudo. Se os métodos
pcrl'il conrportamental do professor de l9 e 29 graus no que tange a ,l' ('nsino, como ficou comprovado, enceÍram pouca margem paÍa a
(cf. Pontifícia universida- rrrr,rl'rrução e a criatividade e não acolhem práticas familiares ou desafia-
rrrrrlcrirrl lilcrário utilizado e práticas docentes
,l.r;rs ros alunos. é possível deduzir-se que o problema reside mais neles
tle ('ulirlicr tlo tìio Grande do Sul' 1985: 357-364)'
{l{r ,1il(' rìiì bagagem cultural prévia daqueles que freqüentam a escola.
Os tttotlos rle atuação do professor revelados demonstram que'
(ir:ì:Ì11! :r'.> rtt:t!'.:r!:l! !!terário srra tendência é adotar e recomendar I'clcebeu-se, também, que os professores, cônscios de sua respon-
i i;r^',rrrr,, -.-,',,,i,'rrrìr'rìir' L:õiììii ,i ,!rri.rr1r .ii eúi;clr.ir-rrcs pâÍâ a leitura, contraditoriamente não aliam os

t-t
interesses vitais de seus educandos com os métodos de trabalho literá- individual. Contudo, a preocupação moralizante.€videncia tendência a
rio. Atêm-se a técnicas já consagradas e a recursos convencionais, de prender o sujeito aos padrões estabelecidos pela sociedade, em vez de
mais fácil acesso e operacionalização. Isso possibilitou a inÍèrência de estimulá-lo ao questionamento e à reelaboração dos valores.
que há uma lacuna entre pré-condições de leitura e modos de atuação Os tipos de textos sugeridcts para uso da rede oficial de ensinoìe-
da escola, a qual permanece em aberto. forçam a voz do adulto e atendem aos objetivos de uma educaçâo que
No que tange à adequação dos textos selecionados pelo professor se propõe moldar os jovens segundo os modelos dominantes através de:
e os processos de abordagem textual como requisitos básicos para o en- a) adaptações que empobrecem o conteúdo das obras e desvir-
sino eficaz de literatura na escola, foi constatado que a seleção dos t uarn suzls finalidades originais:

livros a serem lidos pela criança e o jovem centra-se na literatura mode- b) criação de textos pelos planejadores dos currículos, cuja lin-
lar, erudita, seja destinada à infância ou à juventude. Vitr-sc igualmente guagem mostra pobreza vocabular, excesso de diminutivos e precarieda-
que o volume dessa seleção é pequeno, uma vez que suplenrcnta ou de de rimas. Não retrata a fala infantil, mas aquela que os mais velhos
complementa o livro didático. Um dado animador é que a prcfèrência espeÍam da criança. Os temas procuram despertar sentimentos de sub-
recai sobre autores da modernidade ou contemporâneos c que sc busca missão, como a supervalorização da escola, a idolatria à famrlia e à Pá-
a regionalização das obras, o que aproxima o livroescolhido de seu lei' tria. Alguns são de tal forma repetitìvos que dão a idéia de estagnação
tor incipiente. no tempo, e, conseqüentemente, impossibilidade de crescer, como Dia
Por outro lado, os métodos de abordagem textual Pitrccem nem da Árvore, Dia da Criança, Minhas Férias;
sequer entrar no âmbito das preocupações do pÍofessor. (lttmprovou-se c) orientação para que os professores reformulem os textos ela-
que ainda se recorre a fórmulas prontas, voltadas para a granrática, para borados pelos alunos, anulando o valor da expressão infantil em relação
a redação e para a interpretação reprodutiva, não levando cnt conta nem ao da aduÍta.
as pré-condições do aluno nem a natvÍeza do próprio texto a ser traba- As sugestões metodológicas ainda podem ser questionadas quanto
thado. Entre os critérios referentes às estratégias de ettsitlo, nenhum ao modo como tratam o texto e as atividades propostas. O texto liteiá-
professor, ao adotar o livro didático, revelou preocupação cttrn a orien- rio é neles pretexto paÍa o estudo da gramática e, se desencadeia as
tação de teoria literária dos exercícios ou técnicas de aborclagem dos ações, não é vinculado à experiência de vida do aluno, o que afeta seu
textos, o que também não transparece nas respostas relacittttadas com poder de mobilização para o ato de ler.
os procedìmentos didátìcos. As sugestões de trabalho sâ'o pouco originais: todas propõem os
O esvaziamento do ensino de literatura se acentua, portanto. não mesmos tipos de atividades e exercícios que se fecham nos limites da
só pelo pequeno domínio do conhecimento literário do prtlÍèssor, mas escola, sem intercâmbio com a comunidade, o que torna as auias estan-
também pela falta de uma proposta metodológica que o embase. Outra ques e desvinculadas do real.
pesquisa do Centro de Pesquisas Literárias da PUCRS. rcalizada nas Tal situação se acentua pelo desprestígio em que se encontra o
diretrizes dos Estados da União e concluída em 1985, revela um dado livro nesses documentos. Há falta de articuiação entre os objetivos edu-
alarmante: apenas o Rio Grande do Sul, e mesmo assim num currículo cacionais definidos e as práticas sugerìdas. Não se oferecem livros, em-
por oÍa em testagem, define uma linha metodológica clara, o método bora se queira desenvolver o gosto pela leitura. Raríssimas são as reco-
científico. Tendo em vista que essas diretrizes norteiam o processo rnendações de leitura, o que significa que essas diretrizes enfatizam pro-
ensino-aprendizagem, determinando planejamentos educacionais e cessos vazios, fechados em si mesmos, em detrimento do conteúdo que
prestações de contas correlativas, pode-se inferir que a atuação do pro- lhes deveria servir de suporte, formado poÍ um repertório de obras ade-
fessor em sala de aula peca pela falta de orìentação metóclica. o que quadas à realidade social do estudante e a seus interesses. O que se de-
explicaria boa parte dos problemas dos alunos naárea. preende é que tais propostas de educaçâo repetem o modelo de estrutu-
A análise da situação de leitura nas diretrizes oficiais (Aguiar, ll social que as alimenta, na medida em que não proporcionam ao alu-
1983: 33) permite algumas considerações sobre os fins da educação e o rro os meios de participar do debate e de atuar de forma dinâmica em
tipo de homem que o ensino público pretende formar. As reflexões teÓ- scu gÍupo.
ricas sobre a importância e a concepção de leitura aporttam para uma As orientacões curriculares. ainda ina"lteradas, que salientam a
-i, i- :- : - 1 -
iiiiÌ.ric da escola comc refcrÇ,o ideológico de um Estado autoritário,
2.4 35
lìssa tradição histórica explica o tratamento dado à literatura que
encerram um elgmento crucial para a análise da situação do ensino de li-
Mntrsn l,ajolo denuncia,.observando que "em situações escolares, o tex-
teratura, que, na prâtica,já foi diagnosticada como deficitária. É a visão
Irr {'()s{lrnÌa virar pretexto, ser intermediário de aprendizagens outras
formalista da experi€ncia escolar como algo que deve ser ordenado, mas
rlilr iliio cle mesmo. E, no entanto, texto nenhum niìsceu para ser obje-
cujo conteúdo precisa ser controlado, a distância entre os postulados
trr rlc cstudo, de disgecação, de análise. Salvo raras e modemas exceções
pedagógicos e o seu preenchimento concreto. O discurso oficial é co-
mumente referendado dentro da sala de aula por atitudes apassivadoras, lnrr cxemplo, os textos produzidos de encomenda e sob medida para
rrlgrrrrs livros escolares * um texto costuma ser produto do trabalho in-
que explicam a inércia observada.
,ltvrrlrlrl de seu autor, e encontra sua função na leitura individual de um
lr.llor" ( 1986: 53).
 ilimensão intimista do ato de leitura esbarra com a necessidade
3.2 - Necessidade da metodologia de abordagem
rlr' rrrrur cducação de massas em que o livro não é posse de cada aluno e
textual
rr rr.rlriilo de muitos sujeitos, num mesmo espaço, obriga à comunica-

O modelo de aula de literatura atualmente em vigor na escola bra- trto rÌte rpessoal, transformando a leitura numa atiúdade coletiva, que
t l,r rilO é em essência.
sileira poderia ser descrito como uma seqüéncia de atividades mais ou
A distância entre a relação leitor pessoai-livro e leitor grupal-li-
menos estáticas, ditadas inclusive pelo próprio livro didático: aplesenta-
interpreta- vtrì ('(ÌÍlamente desfigura as características do ato de ler, o que a esco-
ção de um texto, expiicação do vocabulário, exercícios de lrr ;rt't'rrtua ainda mais quando puiveriza a leitura tanto no que se refe'
ção, exercícios gramaticais e composição. Tentativas de integração dos
rr. ,ro rrraterial literário, quanto aos modos de abordagem textual.
conteúdos literários por vezes se fazem com a área de Artes Plásticas ou
A ênfase que se atribui atualmente à produção moderna é, sem
N{úsica, resumidas, entretanto, ao preenchimento do tempo útil do alu-
rlrrvrrl;r nenhuma, positiva. Contudo, essa opção apresenta riscos quando
no, sem maiores vinculações com o que antes fora proposto.
n, ,'rrrrrrinam os textos selecionados, que advêm da imprensa (crônicas,
A repetição continuada das mesmas tarefas não representa uma
rFlt{l (irgens, artigos de jornais e revistas) e de obras literárias (considera-
organicidade sistêmica do trabaiho educacìonal. Uma vez que não há
rlsr ('rrr capítulos, estrofes, fragmentos, etc.). O recoÍte do material de
um projeto que as vincule entre si através de objetivos comuns, o que se
L.rtrrlr, bastante comum, desintegrando o original, é uma solução muito
observa é a fragmentação dos conhecimentos, a redundância excessiva
lár'rl tr popuiarizada no ensino de massas, pois permite a reprodução
de tópìcos, a dispersão do processo de aprendizagem num círculo ücio-
so em que os mesmos conteúdos são permanentemente ensinados e nun-
lnrrrr'() onerosa, mas atenta ao direito do ahuro de conhecer aobrano
rc rr l orltl.
ca aprendidos.
l)ois aspectos daí decorrem que são passíveis de objeção. Em
Esse modelo típico de aula de literatura tem raízes na tradição
grrrrrrt'irr-r lugar, o trabalho exclusivo com o texto moderno impede a ú-
escolar brasileira que remontam à pedagogia jesuítica. Nas escoÌas
rrto tlu lristoricidade da literatura, esvaziando formas, registros llngüísti-
coloniais e, depois, do Reinado, mantidas pela Companhia de Jesus, a
rrr r' sistemas de idéias de sua relação com o passado. O ideal seria o
literatura só ingressava como exemplo retórico de execução primorosa
lrtt';o de obras de diferentes épocas, para acompanhar a evolução e mu-
da língua portuguesa na Metrópole quando, ao mesmo tempo, trazia
rl,rrr,,rs de perspectiva que, de certo modo, também integram o significa-
normas de moralidade cristâ' e fidelidade às autoridades constituídas.
rlu tlo lexto atual. Em segundo lugar, a utilização predominante de ex'
Muito embora freqúentemente os textos tivessem qualìdade literária,
l.rtos (e m folhas mimeografadas ou coletados no livro didático) desvir-
estav4m a serviço não de si mesmos, mas de uma educação cristã dos co-
Irr,r rr urriverso de sentidos das obras, produzindo no imaginário do alu-
loniais. Wilson Martins aÍìrma que "quaisquer que sejam os métodos es-
rn lcrlor um caos de representações desarticuladas que nem de lronge
peciÍìcamente pedagógicos do ensino jesuítico, não há como negar que
irn('\porìdem ou insinuam a proposta de cada original, e acabam.por
cra merrtalmente conservador, reacionário com relação às orientações
lnrr'r tll noção de literatura assim construída uma colcha de retalhos em
reÍbrmistas cla época e anticientífico; estruturalmente, estava condena-
rlrrr nilda tem a ver com nada. Ou melhor, tudo tem a ver com as inten-
cl<t por arrtecipação antes a imobilizar do que a plomovel o desenvolvi-
(lìcm sempre louváveis) daquele que seleciona os textos e os recor-
rrenr.o inleÌectrlal do Brasil" (1977 :22\.
:r"t{'\
os modos de tratamento deste material literário convergem todos Mcsnto nesses casos, aceitam-se com maior boa vontade aquelas
paradoxalmente para a entronização do texto (aliás, do fragmento), Frtrutrrras e vocabulário admitidos pelo falar culto. Embora a literatura
considerado como repositório de idéias fixas, verdadeiras e indiscutí' l,r1;r prrltc das instituições culturais que constituem a língua-padrão,
veis. Essa noção de texto perfeito origina certas atitudes inflexíveis do rlr,vr'sr' lcmbrar que é nela que esta mesma variante se modifica com
professor que, valendo-se de sua maior maturidade de leitura, impõe rrr;rror rirpidez. A escola, entretanto, sempre detém esse curso de modifi-
interpretações tidas como as melhores e, portanto, incapazes de serem r ir1;rtr, cscolhendo obras menos avançadas em seu discurso. Daí aruzão

modificadas ou contestadas pelos alunos. ,lir lrtt'rrlura ser tão nacionalmente trabalhada como exemplo de regras
A socialização do texto provdm de uma postuÍa histórica de valo- pr,rrrurlicais. Nesse caso, o que se aprendenãoé o conhecimento do tex-
rização da palavra escrita nas ciülizações ocidentais, especialmente no rrr 11f 1,s1i111;, mas o da gramâÍica, sendo a literatura mero instrumento de
campo de literatura, em que, já antes da escrita, a fala do narrador ou ''
ri'rrr lrli lìcação.
do poeta conservava a memória da coletividade e indagava o desconheci- A par de exercícios gramaticais, são apresentados ao aluno ques-
do, revestindo-se de uma função ao mesmo tempo mágica e prática. os trrrrr;rrios e temas para redação que representam as normas ideológicas
narradores e poetas primitivos já relatavam pala o seu público os feitos rlrr' () lcxto ou seu recorte defendem, muitas vezes porque descontex-
de seus heróis, a origem de suas instituições, sua agricultula e seu lela- Irrirlrz:rtlos. Essas normas se traduzem em geral em comportamentos exem-
cionamento com o divino. A criação da imprensa com Gutemberg cris- 1rl;1;es tlos heróis na literatura infanto-juvenil e na literatura para adul-
talizou esse prestígio social da falaliterâtia,enquanto a destituía de seu rrr... lrrrrlados por valores falsificados.
carâter de experiência coletiva. A escola encontrou no texto impresso a I Jrnberto Eco e Marisa Bonazzt arrolam uma série de tópicos fal-

possibilidade de circulação ampla da ciência e da arte, a ruzão de sua rr',rrlos tlr.r0 analisaram em livros didáticos italianos, como os pobres, o
existência. Investida do papel de transmissora do conhecimento, sele- Ir,rlr,rllrrr, o herói e apâtria, a escola, as raças e povos, afamflia, a ausên-
ciona como material de apoio para o ensino os textos consagrados pelas {r.r (l(' I)cus, a educação cívica, os menores que trabalham, a história
instâncias sociais que determinam a vida cultural, exçluindo em geral a ilirr roilill, a língua, a ciência e a técnica, o dinheiro, a caridade e a Pre-
produção popular e a intervenção do alunado na constituição do senti- vlrL.r!r'rrr social. Essa análise mostra que "esses problemas são apresen'
do textual, umavez que esse está pronto e traduz a verdade' l,rrlor tlc uma maneira falsa, grotesca, risível (. . .).Que, através deles,
A noção de texto-modelo implica a imposição de normas lingüís- { ' ilililçit é educada para uma realidade inexistente (. . .). Que, quan-
ticas, estéticas e ideológicas que devem ser assimiladas pelo aluno sem rl,r ,rs problemas (e a resposta a eles fornecida) dizem respeito à vida
discussão, já que está diante de uma autoridade publicamente reconhe- r,,rl. srro colocados e resolvidos de forma a educar um pequeno escravo,
cida: a criação literária. lrrrlrrrrtl<r para aceitar o abuso, o sofrimento, a injustiça e paru ficar
A norma estética dominante na seleção e uso da literatura pela es- lrtrrlr'rlo oom isto. Enfim, os livros de leitura contam mentiras, educam
cola é a do realismo. Mesmo em fragmento, a média de textos em trân- rh lrv('ns para uma falsa realidade, enchem sua cabeça com lugares co-
sito nas salas de aula é extraída de autores do séc. XIX ou dos vários trrr\. (:orÌr coisas chãs, com atitudes não críticas. E, o que é pior, cum-
neo-realismos posteriores, como o do romance de 30 e seus seguidores pl'rrr t'slo trabalho de mistificação serúndo-se dos mais reles clichês da
contemporâneos na literatura para adultos e na infanto-juvenil que lida gsrl;rgrrgiu repressiva do século passado, por preguiça ou incapacidade
com histórias do cotidiano, sejam urbanas ou regionalistas. o lado aven- rl,r'.',('us compiladores" (1980: 16).
turesco, emocional e fantástico da estética romântica e seus pósteros é osrnan Lins, diante dos textos brasileiros, reafirma essas conclu-
muito menos encontrável, sendo que a estética clássica deixou de ser até rrit',,, tlt'clarando que neles "pode refletir-se todo o perfil de um país"
mencionada. tl') I I 149). Para ele, professores e autores de compêndios didáticos
A norma lingüística a que a úílização da literatura na escola üsa "lrrgrnì portanto, ao seu papel natural de mediadores. Tornam-se, no
é a do padrão culto. Se essa atitude se ampara na tradição escolar colo- ru..i,ì l)r'()cosso cultural, ao invés de fatores de ligação, uns verdadeiros
nial, hoje se torna problemática em virtude de que mesmo as obras con- trrlx'\'r)s. ( .) A culpa não é somente deles. Eles se associam a toda
temporáneas de cunho realista introduzem coloquialismos e dialetos urìrir (ortc de homens distraídos, trêfegos, rapaces, inseridos num qua-
diversificados, por força da exigência de representarem fielmente os rlro ',()('lll propício à aventura, aos empreendimentos levianos, à irrds-
,,,i,-;,,..,,.-;,r.
v.ii iitaì iiiLiLtJ .,,,.;.,:. :,,,,, ..,i- !i,l:iri,. .rlcirl. oaia r:ã+ diz* ao engodo" (1977 : la9).
r

39
-ir:
Todo o texto, entretanto, independente do seu grau de realização O problema, nessa perspectiva, se delimita na órbita da r'retodolo-
artística, seja ele consagrado ou não, pode ser objeto de aulas de litera- giu de ensino. Uma vez que o professor possui metas bastante definidas
tura, desde que seja visto na sua totalidade e que o professor esteja aten- (luilnto à necessidade de incremento do gosto pela literatura, o que the
to para o conjunto de normas que nele se configuram, sendo capaz de llltaria seriam os meios para alcançáJas. Esses meios derivariam de uma
discriminá-las criticamente em contraste com os padrões estéticos e srstematização dos procedimentos didáticos em torno de uma idéia-fìm
ideolôgicos de seu tempo. Através de uma experiência de leitura acumu- (luallto à educação literária do aluno, ou seja, da adoção de um método
lada e de posse de estratégias de ensino polemizantes, pode promover ,lc ensino cujos pressupostos filosóficos se coadunassem com a concep-
um trabalho criativo, de sentido coletivo, êncorajando os alunos a co- \'iro de aluno-leitor que o professor cultiva.
mentarem os textos do ponto de vista temático e formal e a cotejarem E escusado salientar, portanto, a necessidade de uma metodologia
esses aspectos em obras de variada
procedência histórica e geogtâftca, r;rrc sirva de suporte para aprâtica escolar. Essa proporcionará resulta-
sem submeterem-se a eles como verdades definitivas. rlos produtivos para o aluno na medida em que delimite, para si mesma,
O exame do que se faz e se pensa sobre o ensino da literatura hoje rrrrra finalidade paÍa o ato de aprender. Nesse sentido, todas as etapas do
permite traçar algumas linhas de demarcação fundamental para uma l)rocesso ensino-aprendizagem estariam voltadas para os fins últimos da
proposta alternativa que cumpra esse papel de criatividade e inovação. r'tlucação. Esse princípio norteador das experiências educativas seria a
Percebe-se, em primeiro lugar, uma nítida preocupação com um mode- r'spinha dorsal de um método, o qual se resume em um conjunto de ati-
lo de leitura conformado pelas exigências do texto, sem muito espaço virlades com um nexo sìstemático entre si. Esse nexo seria dado pela
para a interferência interpretativa ou recriadora do leitor. Essas exigên- rrrtençâo fundamental que é buscada pelas agências educativas.
cias, porém, têm um çarâter mais extrínseco do que intrínseco. Partem Numa sociedade pluralista, é no entrechoque de idéias e valores
de fora do texto, embora pareçam dele provir. É o que ocorre com a èn- (lue se aperfeiçoam as instituições sociais. Na área educacional, lugar
fase observada em exercícios formalistas, voltados para a identificação privilegiado de aprimoramento da cidadania e da personalidade, é onde
de elementos textuais, mas sem chegar a investigar a funcionalidade des- ;r rnaior diversidade deveria ocorrer. Nela não se deveriam iimitar as pos-
tes, suas inter-relações e seu diálogo com o leitor, como se a literatura srbilidades de livre determinação quanto ao que faz sentido para a
fosse uma coisa separada dos homens, uma espécie de máquina cujas pe-
t'omunidade escolar no convívio com os livros e outros artefatos cultu-
ças apenas devem ser desmontadas para serem conhecidas'
Essa
r:rrs. Em especial quando se trata com aliteratura, modelo simulado de
coisificação parece decorrer da insistência numa postura conservadora,
trrtlo o que diz respeito ao homem e suas aspirações, não se pode conce-
que entónde literatura como exercícìo talentoso da língua e vd a esta
lrcr a uniformidade de posições, nem quânto a conteúdos, nem quanto
como um sistema de regras a serem memorizadas e aplicadas'
rr nrétodos de trabalho.
Verifiçam-se, poïtanto, de um lado, professores maciçamente aco-
A metodologia precisa acolher tarnbém em seus domínios a diver-
modados ante o problema da leitura, refazendo práticas consagradas
pela tradição cultural (a leitura gramatical do texto, a explicação do 1't:rrcia de posturas ideológicas e a relatividade de soluções ante as insti-
trrições rapidamente mutáveis da socíedade contemporânea. Cumpre
texto pelo modeio francês, que se limita atedizer o que aobra já diz;o
(luc se metodÌze o ensino, mas não apenas numa direção, perseguindo
ensino pela informação sobre e não peia experiência de), enquanto uma
rrrrr ideal absoluto de homem, como tem sido a norma.
minoria dá impuìso a posturas mais aber:tas, buscando restituir ao aluno
as possibiiidades de que ele estabeleça o seu próprio vínculo com a Com a utilização de um método adequado a cada espécie de alvo
.aié.iu ficcional, pesquisando, sobretudo na prática, soluções para ven- lrlosófico que a escola se proponha atingir, garantindo-se decisões soli-
,liir.ias entre professores e alunos quanto ao que importa ensinar e apÍen-
cer problemas já crônicos como a indiferença, o desânimo e a falta de
familiaridade com a cuitura Ìetrada. ,lt:r', a circunstância histórica e social seria atendida, superando-se o imo-
Tentando unificar essa dispersão , a íarefa de uma metodologia lrrlismo dos modelos idealistas tradicionais, e, no que concerne à litera-
voltada para o ensino da literatura está em, a partir dessa realidade cheia trrra, as atividades de leitura receberiam a ordenação e a referencialidade
de contraclições, pensaf a obra e o leitor e, com base nessa interação, rlt' que carecem para serem aceitas pelo alunado.
propor meios de açâ'o que coordenem esforços, solidarizem a participa- A adoção de um método de ensino para a literatura depende, so-
çdo nestes e considerem o principal interessaclo no plocesso: o aluno e lrrctudo, do posicionamento do professor quanto ao aluno que tem à
-----r -- Ì^i+^- ..,,*,,. -^^;^.j',.1a att trrr,cí,^.r*ri,-ã;-" i;r':rie. Sg .c ieii.;l que a escola quer formar é aquele que assimila os

á+ 41
sentidos acriticamente, só para acumular sensações ou informações, que A concepção de educação que defendem está ligada à noção de
de nada lhe servem na vida concÍeta, ou é aquele que não consegue se- transformação sócio-cultural, que só se viabiliza através de um ensino
quer apreender esses sentidos por força de barreiras lingúísticas e sócio- trminentemente voltado parc a reahdade do aluno e que deseja alcançar,
culturais, não há ruzão para procurar-se a sistematização das atividades, como dividendo final, uma postura crítica ante o mundo eapráxisso-
uma vez que tais leitores são produzidos in absentiu de qualquer méto- cial. Toda a atividade de literatura deve, em conseqúência dessas premis-
do. Se o modelo almejado é o do leitor crítico, capaz de discriminar in- sas, resultar num fazer transformador:numa leitura em que o aluno des-
tenções e assumir atitudes ante o texto com independência, a primeira cobre sentidos e reelabora aquilo que ele é e o que pode ser.
providência é sondar as necessidades dos estudantes.
O distanciamento entre expectativas de professores e alunos gera
djs;ppão de esforços, mesmo entre os bem-intencionados, os que pro-
pugnam por uma educação igualitária e transformadora. Detectadas as
pré-condições e interesses do grupo, bem como as possibilidades de lei-
tura oferecidas pelo meio ambiente, é neste.momento que a escolha e
a introdução de um método pedagógico se fazem necessárias, a fim de
nortear todo o trabalho de classe ou extraclasse em direção agjgl! gqe
essa sondagem demostrou serem importantes para aquele conjunto espe-
cífico de alunos, na sua circunstância, fins esses que poderão transfor-
mar-se durante o trabalho, na medida em que a classe se conscientize de
novas necessidades ou de novas edgências que venha a enfrentar.
A partir de cada método, dentro de sua especificidade, o profes-
sor pode orgatizar a situação de aprendizagem conforme as aspirações
do grupo e as peculiaridades do conteúdo a ser trabalhado, sem forçar
nenhum dos dois pólos e sem renunciar à sua função de orientador do
processo educativo. A pluralídade de métodos limita o autoritarismo do
sistema educacional, por não depender de alvos preestabelecidos e imutá-
veis, e pressupõe uma atuação docente flexível, pois não permite a repe-
tição rotineira de atividades ou o cumprimento passivo de um programa
inalterável.
Por outro lado, aderir a um método não representa uma camisa-
de-força para o ensino-aprendizagem, como a idéia de sistematização
poderia conotar, desde que esse método estruture os procedimentos di-
dáticos sempre a partir de expectativas efetivasre apenas assinale rotas
para que tais expectativas sejam atendidas e ampliadas.
Alguns dos métodos a seguir delineados já circulam nos meios
educacignais, tais como os que visam a desenvolver o potencial criativo
ou de investigação científica dos alunos. Outros derivam-se de teorias da
literatura e da linguagem e se dirigem especificamente ao trabalho com
as propriedades literárias dos textos. Cada um deles preocupa'se em defi-
ni r traços característicos de acordo com a teoria que o alicerça, bem como
possui metas explícitas e bem diferenciadas. Não se pode negar, entretan'
to, que todos advêm de um posicionamento ideológico e filosófico co-
--- ,-1^- ^-L::-,1 :^:L,-

-, 43
pussrhilita induções e deduções, e a objetivida&, q,r. busca a apreensão
rle rrlgo por si mesmo, independente da vontãde do sujeito.
Irssas operações mentais se exercem igualmente quer o pensamento
ìr' oclrpe de fatos materiais'ou ideais. No primeiro caso, o conhecimento
i lrill ííìco preocupa-se com coisas, eventos e processos concretos, vaien-
rlo sr nrais da observação e da experimentação do que de conjeturas, e é
,lrrrrrruclo de ciência fatual, empírica ou material. No segundo caso, trata
rlor crrtes ideais, abstratos ou interpretados, como os da lógica e das ma-
I l r ur I icas, através de formulações simbólicas, denominando-se formal.

Scgundo Trujillo Ferrari (cf. 1982: 15), entre as características


lr;rrrcrs rlo conhecimento estão u"ãjirËJ u gpi'""tu1tiÃãã)a sisiematlzà-
4 _ MÉTODO CIENTIFICO "
1,rrr, rr ucumulaçâo,E falibilidade. a verificabilidade]taéiplicaçâo\ a pre-
rlrhrlrtlacle. A análìse supõe a compreensão de uma sitüa1ãoou fenôme-
rrrr :r partir de seus componentes, implicando as noções de dissociação e
4.1 - Fundamentacão teórica r('nrontagem. A generalização discerne característìcas comuns aos obje-
tns e lcis gerais a diversos eventos ou fatos. A sistematização diz respei-
O método científico é característico das diversas áreas do conhe- lo rro aproveitamento de referências, formulação de teorias e hipóteses,
cimento, sendo utiÌizado com freqüência nas escolas, sobretudo sob a lrrrscrr de informações e orgatização de quadros que explicam as reia-
forma experimental. Não é, nesse sentido, uma proposta inovadora na \r)r's elìtre os dados. A acumulação significa um enriquecimento cons-
pedagogia, salvo como possibilidade de aproveìtamento num campo de t,rrrtt: do saber através dos conhecimentos já adquiridos. A falibilidade
ciências humanas como o do ensino da literatura, tido como avesso à rllt or rc do estado provisório das conclusões obtidas, que nunca são defi-
objetividade. lrlrvls, absolutas ou finais. A veriÍìcabilidade consiste em testar a vali-
{ diz respeito à atilude humana que busca um conheci-
Esse mé1odo rlurlc cle uma afirmação, hipótese ou teoria. A explicação se obtém
il,pento objetivo. Prioriza a ciência como forma especial de apropriaçaìo trrlcr Íerindo no objeto estudado, que se conserva ou não inalterado (em
da reaiidade, constituindo-se fundamentalmente num processo--dq çon,- r:rrtr rregativo, o fator introduzido não dá conta do objeto). A ppedjtu-
firmação de hipóteses, isto é, numa indagação sistemática sobre um It,l;rtlc prognostica as probabilidades de comportamento do objeto exa-
problema para-.oqual já se tem respostas provisórias. rrrrrrrrtlo.
,{'diferença ìf,a atitude científica em relação à filosófica, religiosa l]ssas características da ciência são garantidas pelo modo como se
ou de seniõ õtrnlum está em que ela se preocupa com provas, enquanto r orrtlrrista o conhecimento, ou seja, pelos métodos científicos que vêm
a filosófica se baseia em hipóteses não verificáveis, a religiosa em dog- .,r' constituindo e aprimorando através dos tempos.
Atualme-n_tq.q_4rgto
mas indiscutíveis e a do senso comum no resultado de suposições e ex- rlrlogia nas áreas científicas prefere o-mÉ-tg-dg.hìpotético-dedutivo-\ o
periências pessoais. Para Albert Einstein, à atitude científica correspon- rlu:rl comporta, segundo TrujiÌlo Ferrari (cf. 1982: 47), os seguintes
dem "tentativas da mente humana de encontrar uma conexão entre o lì,1\S( )S I
mundo das idéias e o mundo dos fenômenos" (Einstein & Infeld, 1962: I ) postulação de um modelo a partir de observações ou experi-
l3). mentações;
Ciência é, pois, uma modalidade de conhecimento que se dirige ao 2) verificação das predições desse modeio quanto às observações
real com uma explicação preconcebida, a ser corroborada ou não pelo ou experìmentos;
contato do sujeito com o objeto. Esse-cõítatòìpode se dar pela obselv+ -3) substituição ou modificação do modelo conforme exigidas por
çiio ou pela.gxpçrigçÜLagLa, devendo ser planejado de forma racional e novas observações ou experimentações, retomando o primeiro
l f,rrderrada. A atividade científica está fundada sempÍe no predomínio do passo de aplicação do método.
lfirrtclccto sobre as demais esferas da mente. Por isso, são peculiares ao lìssa descrição dá conta do requisito essencial do método científi-
-,:,-.-: ii'l.,,, --, 1Á-i^^ ,-'.- o.+.,r^alar'o rt1.=r'í'ax ç
i!fli}ii!!!ij!!i!ii-!ii'iiiii't,iii'i,i(,F'LU.qu!!J.üU!iL! -,,,.i.,.'i..i^ ; ir:;:,iiç3i. c d,.-i pl,-.cesso de lnvestigação que a comprova ou refuta,

45

Á
utilizando-se de dados colhidos da realidade, analisados e correlacio- rrrr rflrrl:rìcs entre o fenômeno estudado e outros fatores, como, por
nados com ela. ç,1r'rrrplo, as de causa-efeito. Através da interpretação atribui-se um sig-
O conhecimento científico se produz através da aplicação meto- rrli{;r(l(} rnais amplo aos resultados da análise, cotejando-os com outros
r nrrlrr'r'irÌìcntos. Isso supõe a atribuição de um significado ao objeto em
dológica própria da ciência a determinado aspecto do real. A essa aplica-
rtcturl() rì luz do problema proposto, das hipóteses traçadas e coerente
ção dá-se o nome de pesquisa científica, a gual se desenvolve segundo os
ditames de um método específico. Sao eÍap-òda pesquiça.baseada no if nfrf () lrurdamento teórico inicial. Este é o momento adequado pataa i

método hipotético--dedutivo :',1 )ì a definição dó ploblema ,t2) a formula-


i,,,rrrtrrrçiio de tipos, perfis, modelos e esquemas, que apresentum, Oe I

lrrrlr:r objctiva e demonstrável, respostas para o problema pesquisado. _l


ção de hipóteses;3) a justificativa da pesquisa;4)-a coleta de dados;51 i 1
o tratamento analítico e interpretativo dos dados;6)b conclusâo. Â conclusão é a última fase do processo de pesquisa, constituin-
Toda pesquisa científica, portanto, deriva de um assunto que se rl,r ir' nÌnììa "exposição factual sobre o que foi investigado, analisado e
apresenta como problemático para o pesquisador. O problema consiste trrtr,rgrre tudo, é uma síntese comentada das idéias essenciais e dos prin-

naquilo que se busca conheceÍ, algo para que aìnda não se tem explica- if r,rl\ l('çultados obtidos, explicitados com precisão e clareza" (Marconi
'
ções convincentes ou exaustivas. Definìlo significa em primeiro lugar
,t Lrkrrtos. 1982:35). Não se restringe a observações pessoais, mas con-
traçar os llmites do que será pesquisado e situar o objeto de pesquisa no tcrrr rrrlc'rôncias sobre os resultados, evidenciando possibilidades de apli-
seu contexto. rul,rrr tlcsses e outros fenômenos. Seu requisíto indispensável é que ex-
;rrrlrlr,r rrs correlações entre os resultados da interpretação e os pressu,
r,e- A hipótese é o núc1eo de qualquer investigação científica. Confor-
me Marconi & Lakatos, "é uma suposiçào que antecede a constatação 1lr'.tls rlus hipóteses, confirmando-os ou refutando-os.
: dos fatos e tem como característìca uma formulação provisória;deve ser  pesquisa científica e a ciência, portanto, se confundem. Uma
'testada para determinar sua validade" (1982: 26-7). Embora não haja lr,rrí'( (' o processo, a outÍa abarca os resultados desse processo. Como o
receitas para formular hipóteses, é necessárìo que elas se apóiem num rlr1l11'1111t.n1o auferido através de atitude científica nunca se detém,
embasamento teórico claro e sejam expressas de maneira a serúr de lxrrr os resultados de uma pesquisa sempre apontam para novos proble-
orientação para toda atarefa de pesquisa. Eüdentemente, a formulaçâo nr{\, (llro suscitam outras pesquisas, tem-se que o trabalho de cunho
das hipóteses depende do tema de pesquisa e tanto esse como aquelas rtprrtrlrctl é um campo de atividade sempre aberto e desafiador. Fazer
devem ser justificados antes de se dar prosseguimento à fase de execu- rtrtrrr'lr ó estar atento para os problemas e disposto a buscarlhes solu-
{lt'\
ção, de acordo com as características da ciência. |

O processo de investigação desenvolve-se através da coleta dos


dados, cujo primeiro passo é a organização do instrumental de pesquisa,
que pode englobar desde formulários de registro, fotos ou questionários 4.2 - Objetivos e critérios de avaliacão
até álbuns, arquivos, fichários e computadores- Através dos instrumen- \
tos apropriados a cada tipo de dado, colhem-se as informações por meio llrnl metodologiad\ ensino de literatura, com base no método
de técnicas como observação, entrevista, coleta de documentos ou obje- r lr,nlrlrr'o. concebe a saiá de aula como um laboratório de experimenta-
tos, aplicação de questionários, formulários e testes. lrln r' 11'l'l0x5o, em que as atividades se estruturam obedecendo às fases
A próxima tarefa ocupa-se de tratar os dados coletados, o que sig- rlrr lx'\(luisa científica. As unidades desenvolüdas são organizadas como
nifìca selecioná-los, codificá-los, tabulá-los e depois submetê-los a uma lx,rlurnos projetos elaborados pelos alunos, sob a orientação do profes-
análise e interpretação. A seleção garante que os dados obtidos não con- rnr lr'rrrlo como ponto de partida a realidade cultura_UlojÌluno, seus
terâo informações confusas, distorcidas ou incompletas, tendo em vista Irrllrcsst's c necessidades, o plano de ensino prevé {proposiçQQde situa-
as hipóteses formuladas. A codificação agrupa dados que se relacionam \rtr'', rk's;rlìrrcloras aos estudantes. que estimulem .h;tlt.iã" .ãã
cntrc si por classes, de modo a poderem ser contados e tabulados. A I l0{ ililo rtlr solução de problemas.
( ) nrstrltado final será o dgqglvglüm-e_Lta-d^e_
tabrrlação os sintetiza em categorias e representa esquematicamente Uma.2!!tq{e persp!q44_
rlrrarrticlades e relações, através de quadros, tabelas e gráficos. Uma vez r,, rlu(. sc rclcre à Ìeitura. Para se ãiingir tal meta. e necessário que-se
rrhlirlos os rcsult:rrÌcls o Dâsso seguìnte é a análise e a interoretacão dos l*.r.,rl{;rìì ob.jctivos, arranjados de forma graduada, para que o estudo da
,^.,,-^ ;^ -^^^,,i-- ;--i;^^ ;^-^^L-;- :::. r.:ii;i:i :;i.i.ieiiit-. coinc prática çientífica de solução de probÌemas do
^-;i;-^

41
sujeito em sua interação com o mundo. fuir.otfìivos;do ponto de vis- 4.3 - Etapas de desenvolvimento: técnicas
ta do aluno. podem ser explicitados como:
As atiüdades no método em questão são planejadas e desenvolvi-
1) Identìficar problemas de literatura relacionados com sua vivên- ,lrrr ,rbcdecendo às etapas usuais da investigação científica. Esta parte de
cia em contato com diferentes objetos culturais.
urrrrr Íase inicial, em que o pesquisador sonda a realidade que lhe inte-
2) Investigar possibilidades de solução desses problemas a partir rerrn cstudar, seguida do estabelecimento de um assunto retirado dessa
do levantamento de alternativas. exploratória. Esse assunto se catacteirza como um problema a
3) Testar essas possibilidades de solução, tendo em conta sua ade- 'rlrrrirçiÌo
rl rcsolvido. As soluções são pensadas previamente e explicitadas em
quação ao contexto.
Íorrrrl de respostas ao problema detectado, isto é, como hipóteses. Nes-
4) Solucionar problemas, redimensíonando seu campo de conhe- rr rÌr()rnento, aquele que investiga examina a importância da questão es-
cimentos e, conseqüentemente, crescendo como ser humano. , rrllrrrlu e as possibilidades de resolução que está prevendo para ela. A
5) Aplicar os conhecimentos adquiridos em novas situações. ptrrp;r centraì está na coleta de informações, que pode ser feita direta-
nrnrl(: a partir da realidade concreta ou indiretamente através da biblio-
O método científico de ensino de literatura prevê, por conseguin-
te, não apenas a solução de problemas específicos, sistematicamente, írrln sobre essa. Trata-se do que se chama pesquisa de campo, no pri-
rr('r() caso, ou teórica, no segundo.
mas é mais ambi cio s o : o_1lPollln_1-e 4o {9 male-u31$ç!gçl}:-
9
-Yg l_o-
-9"
t-l t-o_Lq?g99--!9 e 1 9 9 9,9f 9 4 14 q Be s o l -
p-r o d qtug n!
l)e posse dos dados, que devem ser colhidos com precisão e obje-
9 {yo .9.
-9m i{Ì-S,Y-r-4po
.
tivrtl:rtlo. o investigador paÍte para a organização, descrição, anáÌise e
. .

vendo questões, o sujeito reequaciona seu universo criticamente, detec-


tando outros problemas que desencadearão um novo processo de pes- trtcrlrrc[nç['6 dos rnesmos. A orgarização consiste em ordenar os dados
quisa. lnr scrnelhança, criando classificações para eles. A descrição é a trans-
írrrrrr:rç:Ìo desses dados objetivos. que podem ser objetos, números, fra-
Para o êxito de uma metodologia de ensino da literatura fundada
na pesquisa científica é exigência primeira que todos os alunos partici-
r.\. nlrm discurso verbal que apresenta o estado dos mesmos. A análise
vr,rrlrcrr as relações possíveis entre as informações ou classes de informa-
pem do processo de investigação. Para que isso ocorra, algumas condi-
grìr.s l;inalmente, .a-41e-!pretação rctira da análise as generalizaçoes
ções são fundamentais: a vinculação do assunto escolhido aos interesses
imediatos dos estudantes, o conhecimento que os mesmos devem ter |rtlilrcntes, que vão explicar a realidade sob pesquisa.
As descobertas obtidas na fase de interpretação são, posteriormen-
dos objetivos que movem a ação educacionai, o domínio das etapas a
serem peÍcorridas pelos elementos do grupo, o exercício de uma postu- le. t'ornparadas com as hipóteses que orientaram o trabalho. Nessa eta-
ra crítica em face dos conteúdos e do processo de abordagem dos mes- po. p.rder-se-á confirmar ou refutaÍ as suposições feitas com relação ao
mos, bem como da própria atuação e de seus companheiros na execução pr(rl)lcma em foco. Tantb num como no outro caso, a pesquisa terá
r rrrrrpndo sua função de conhecimento.
das tarefas. -- .\
Nesse sentido, é primordial que p..,ryalaE{ol dentro dq 4_é-t'oj9* n conclusâp tem, portanto, sempre um saldo positivo. F g.'.*p-
seja participatìva, detendo-se tanto sobre o processo investigativo quan- rrrrrrto cle ietó?iiàOa de todas as fases, sumariamente. focalizandó aôom-
to sobre as soluções encontradas. Em termos de processo, convém ob' prov;rçlìo ou não dê-r hÍpoJesç-s.. O Conhecimento maior da realidade que
rlar tlccorre permite ad pesquisador detectar novos problemas, que serão
servar a atitude do aluno constantemente, considerando seu comprome-
rrlrlclo de outras pesquisas.
timento côm a investigação, a coerência lógica de seus raciocínios, o
rigor em suas observações, experiências, levantamento e registro de I'ara fins de planejamento didático do ensino de literatura, po-
rlcrrr sc discriminar todas as etâpas do método científico, obtendo'se
dados, sua capacidade de pensamento indutivo e/ou dedutivo a cada
par;r clrtla uma delas técnicas específicas para o trabalho em sala de auia.
etapa. Quanto às conclusões atingidas, os indicadores básicos da avalia-
lnnr('-se, como exemplo, uma unidade de ensino quaiquer. Esta unida-
çãcl se referem ao nível de relação entre os resultados e as hipóteses, à
tlr. vr scrá planejada,_dentro do método científico, a partir do interesse
capacidade evidenciada de reflexão crítica e à sensibilidade demonstra-
rf,,: rrlrrnos. Esse intèresse loderá ser suscitado através de uma atividade
da a novos questionamentos propulsores da continuidade do trabalho.
t,r|htv,,7),rto,. conìfituïdu por unr diálogo informal sobre a experiência
;:::ii!iii!,-llr-crtrianÇasortjovenscomaliteratura,pelavisitaàbibiioteca

49
da escola ou da comunidade, pelo manuseio de liwos na sala de aula, +,lrulrlrr;rrlos de forma global ou classificados por sexo, idade, ocupa-
pela freqüôncia a espetáculos, sejam teatrais, cinematográficos ou televi- çf;rr, r,lr Organizarão,.cgqo auxílio do professor, um ou mais instru-
sivos, por uma discussão sobre histórias em quadrinhos, artesanato, mo- 111-ritrrr tlt' coleta de dados,'os quais podem ser questionários, roteiros
da, esporte, política, geografia, ecologia, etc. A conversa com os alunos rl: errtrtvislu, fichas de observação, fotografias, desenhos, etc. Esses ins-
pode ser já reveladora de interesses especificamente literários, tais como lÍrirrrr.rrlos scrao aplicados pela turma aos sujeitos e os resultados trazi-
preferência por certos heróis, gêneros, entedos, entruturas, linguagens. rlnr p,l .r ortlenação conjunta.
Explicitado pela turma um interesse por uma determinada área do co- Sc o problema se dirigir ao mundo literário (estudo de persona-
nhecimento, seja proveniente de cultura em geral, ou, eln particular, da lFlr ;rrrrlricrrtes, ações, modos de contar, etc.), a busca de dados se
literatura, cabe ao professor oferecer a ela textos literários que abordem t;rrlrr'rrf rrui como p.esquisa bibtiográficd po.qr.t. situada no âmbito dos
;õ tópico preferido. !f_4gl q-q. textos, g-s 9st-udan!9s manifeg!1$-9...."s-93p htr,n As Íìlntes de consulta dos alunos serão as obras literárias por eles
] c-u,rioqjdp{es, dificuldades e. inclinações, determinando, então--, o qu9 f
ltrlrr l: uÌìfìortante, contudo. que, antes da abordagem dos textos. seja
\'' gostariam de estudar nas obras.ggll conheceram. .,,--1 / rlrl','r,rrl() urn instrumento em que constem os tipos de informações a
Esse é o momento do'eíTabelecìmenlo- d? tema':,Yale dizer que I rrutr' procrrradas. Esses instrumentos podem tomar a forma de estudo
esta fase não precisa ser formalizada, mas $e1e goqfig,u1-al -Um-paçJq rllrtgt,t,,, tluestionários, fiúas, roteiros de observação, etc. Também
gn$e o-s jovens ç o profçqsor, o que garantirá o planejamento e desen- lrlltt í ililrl)le que os alunos criemesse instrumental, valendo-se do auxí-
v,ó1y11n9nto das atiyidad.e-!-...posterio{9s. Por isso, o tema tem de estar $rllrr prrrlcssor sempre que for necessário.
muito claro para todos e nâo pode, em hipótese alguma, ser imposto l rrr urnbos os casos, é possível partir para a pesquisa experimen-
pelo professor. Numa turma sem experiência de trabalho científico, o ltl,,,rr :,t'.ju, aquela que testa a realidade, interferindo nela através de
papel de orientação do professor será muito importante, mas não pode Bntir í'\l)('r'iôncia e verificando as mudanças ocorridas após o término do
substituir a iniciativa dos alunos. À medida que se avança em experiên- F .rr r',',r) lÌlr exemplo, os alunos podem propoÍ a leitura de um texto a
cias desse teor, cada vez mais os alunos se movimentarão de forma inde- lunnus de adiantamento diferente e constatar a sua Íepercussão em
pendente e espontânea. rnnrr tlclas, tentando verificar o porquê das diferenças de compre-
Se o problema foi formulado pelos alunos de modo objetivo, o rr ( )rrlra possibilidade é introduzir uma modificação na estrutura da
professor pode solicitar que se imaginem respostas possíveis para ele. ãhrrr (lu;[rlo a ritmo, rima, vocabulário, personagens, tempo, espaço,
Estas sugestões, que constituirão as hipoteses da pesquisa, deverão ser dlm'rr. t'tc. e deduzir as alterações que essa virá a sofrerem termos de
expressas com clarcza e estar sempre presentes paÍa a turma na conti- tsnttrlu l'.ssas alterações poderão ser avaliadas através da discussão
nuidade do trabalho. Estas respostas, evidentemente, partirão da expe- FtÉl ,'rr rk' testes, previamente formulados pelos alunos, que controlem
riência dos alunos com o mundo concreto e o mundo imaginário, nâ'o se pr :.lr'rrrcrrtos manipulados. Esse material deve conter itens que dêem
podendo exigir delas uma complexidade que o nível de maturidade dos Ëtill;r r onrParativamente, de todos os aspectos que se quer verificar.
jovens não permite dar. lr'rrrrirrada a etapa de coleta de dados, que, conforme o exposto,
Surgirão, assim, muitas respostas, que a turma discutirá em ter- prrlr ',r'r rcrrlizada através de pesquisa social, bibliográfica. e experimen-
mos de relação com o problema e de viabilidade de comprovação' Cada frl ,,', ,rlrrrros iniciam u,fi^itit, e ínterpretaçõo dos aaagpin primeìra
aluno defenderá sua posição quanto a poÍ que o problema deve ser es- prirrrlr.rrr'iu ó reunir os dados obtidos através do instrumental de pesqui-
tudado e por que suas Íespostas a ele conduziriama possíveis soluções, Irl . trqpr;11117ri-los. Essa organização inclui: discriminação das espécies de
o que representa aiustificatíva dn escolha do tema e dns hipoteses. derl',', (p,rr cxcmplo, interesse por determinado aspecto da iiteratura, ou
Se o problema detectado pelos alunos no âmbito da literatura se Hr rrr r"n( rir tlc certo procedimentg literário, ou pJe:ença de comporta-
orientar para o mundo concreto (por exemplo, gostos literários na co- ttprrt,r rlrrrrlc cla obra lida); -cgryFge.m. d4s inpidências em cada especie,
munidade do aluno, repercussão entre os colegas de outra turma de cer- elrr, .p,,rrtlrir)cia percentual, tendo em üsta a amostra escolhida;confec-
çlu ,l' l,rlrt'las com esses dados;descrição verbal dos resultados numéri-
como pesquisa
1;tas lrislórias Iidas). a investigaçâo terá de desenvolver-se
l{s,,t ral. ou seja. será necessário colher dados junto a pessoas ou institui- Fol r'il{ orrlilrrlos nas tabelas; análise desses resultados com base na com-
Jçõcs. rìtraves de algum tipo de instrumento. Nesse caso,
os alunos deve- pdrrrr.,rrr ,lr' cllsses de dados;interpretação dos índices a partir das çons-
r:rr: r!1,!llìì:!;!i utìÌiÌ.1:Ì:1Ì::ii:l- o:luncrL\ ce sultll(-t: -! srJ!t't!',-o,,'rr]14r.inr :-:,'.... ii:ri' i)! r!itrlos ofèrecern sobre a realidade pesquisada. A fase de

5l
interpretação configüra-se como uma resposta ao problema inicial, tema Mrtcrial
da investigação em Çurso.
Portanto, na etapa seguinte;ilq_ conclusõo.\é impql44-le-que !ç- Ie t( l't' , l)lvid. Reí Rolo e o banho. São Paulo, Ática. t 98 I .

conp4lg gqtg-{e_sp-o_st_a-!o.Jn_aqgglaq gye lrgviaú sido formuladaqçm ter- li,'t li,,lrt t Rci Chico. São Faulo, Ática, 1981.
gg4.p_91"919119-,i1i.c!-o_^d"o*.gebell_t"q Nesse momento de correlação
Rt r lirtlrt ( a procura. São Paulo, Ática, 198i.
ry_ol
ôom âs hipóteiã,s. os alunos têm oportunldade de conh-rmar ou não as ( )lrlctivo
suposições que haviam delineado, refletindo sobre as causas do acerto
I'r,,p1ç1;1J à criança o estabelecimento de relações entre a literatura
ou do erro e tentando, assim, encontrar uma explicação objetiva para o
problema. A conclusão do trabalho incluiria, ainda, um retrospecto I tttrt vt,l:t
resumido de todas as etapas percorridas, com êntàse nas respostas veri- Iroced imentos didáticos
ficadas e cotejadas com as hipóteses que nortearam a investigação. Aqui
exploratória
A t ivirlade
é o lugar parafazer inferências, enfatizando aspectos válidos e aplicáveis
a outros casos. Fode-se também constatar pontos em aberto, que rnere-
í)prof'essor solicita que as crianças contem o que fazem no

çam outra pesquisa. Na realidade, um projeto acabado pode convertefl


*l r ,lt" Â partir dos relatos, introduz as obras de Mc Kee, lendo, para
gt {lrrrr,rs, ir primeira delas -Rei -Rolo e o banho. lndaga, entâ'o, que re-
se na atividade exploratória de um novo processo de busca. )
O trabalho escolar, através do método científico, é, assim, um $1,' ".r', lristória tem com o que foi contado antes. O professor enca-
gxergíg!9*{9.jn$gggçg9 que se efetua no intercâmbio social, uma vez $nlrr ,r ('()rÌversa, apresentando as outras histórias de Mc Kee e solici-
que a tarefa científica é um ernpreendimento cornunitário (cf. Se11tiz, f,1,|,, ,1rrc rrs crianças digam o que gostariam de fazer com elas'
1974), por excelênçia. A sala de aula, como microlaboratório, propicia l'rtlbelecimento do tema
interaçãLborizontal, entre os elementos da equipe que pesquisam e tro- Âr clianças mostram-se curiosas por descobrir o que acontece
cam experiências, e interação vertical, entre a bagagem de conhecimen- ,r l(r'r lìolo em todas as histórias. Formulam, então, uma pergunta:
tos adquiridos e as novas questões suscitadas. Os textos lidos transfor- l.|r'' ir('orÌteceu com o Rei Rolo em çada história?"\
mam-se em matéria a ser polemizada, gerando contínuas investigações
que promovem a mudança de comportamento do aiuno e, conseqüente- lJr rrnrulaçâo dos hipóteses
mente, do grupo em que eie interage. ('orrr base na leitura que o professor realizou e na observação da
,l'r lrvros podern as crianças responder à pergunta que formularam
ET'APAS DO MÉTODO CIEN'TIFICO
r.,grrrlc rnaneira: "O Rei Rolo não gostava de tomar banho";"O Rei
rln rrreorrlra um amigo";"O Rei Rolo perdeu alguma coisa". Essap hi-
que cada aluno terá consigo
I ) Atividade exploratória iúlr.r,'r Po1lq1i6 ser registradas em fichas,
2) Estabelecimento do tema lSt,rlt,'o rcstante do trabalho.
3) Hipóteses da pesquisa
trrslificativa da escolha do tema e das hipôteses
4) JustiÍìcativa da escoÌha do tema e das iripóteses
5) Coleta de dados
) prol'cssor pede que as crianças digam por que escolheram essa
(

6) Análise e interpÍetação dos dados pt;rrrri;r (' essas respostas. Elas atenderão a essa solicitação com base na
7) Conclusão ilgt *rp,'ri[rncia de vida. Podem, por exemplo, justificar o tema e as
Ffírlr...('s pclo interesse que tem para elas o destino da personagem.
( irlcta de dados
4.4 * Exemplos de unidades de ensino I prolèssor consulta as crianças sobre como se pode descobrir o
(
a leitura dos tex-
CURRICLJLO POR ATIV!DADES
{ue u l{ci l{olo faz nas histórias. As crianças sugerem
4.4.1 - Itlr A purIir da leitura, o professor pergunta como é possível mostrar as
Conteúdo fçÕer tlrr pcrsonagem. As crianças, inçentivadas pelo professor, podem
r Ì^
', -',, , ,^-,ìtr"ì
- - - i -t---,a:l CÊOiiÊ

53
.:
' Forma-se uma roda com uma criança no centro. Ao som das pal-
mas dos alunos, a roda se move. Quando a roda interrompe as palmas, 4,4.2 _ CURRICULO POR ÁREAS
todos param e perguntamjuntos: "O Rei Rolo o quefaz?" A criança que
está no centro da roda responde com uma mímica de uma das ações de Oonteúdo
qualquer dos livros. Os demais têm de descobrir qual é a ação e em que I lrslÍrrias do cotidiano infantil
livro está. A criança que acertar primeiro troca de lugar com a que está
no centro da roda, passando a seÍ o Rei Rolo. A brincadeira continua M0terial
até que todas as ações sejam recuperadas.
tllllll(l'.1{, Ana Maria. Os meninos que comiam carne crlta- Porto Ale-
O professor pergunta se as crianças lembram tudo o que fizeram p,r c, Mercado Aberto, 1984.
na roda. Propõe que desenhem as ações do Rei Rolo em três seções do
quadro, na ordem em que acontecem em cada livro. Obietivo
|ropiciar à criança o estabelecimento de Íelações entre a litera-
Análise e interpretação dos dados Itttl r. rtlr vida.
O professor solicita que os alunos descrevam verbalmente os dese-
nhos que frzeram, pela ordem do quadro. Depois, propõe que cada cri- Proced i mentos d idáticos
ança preencha seis fichas. Na primeira ficha, ela escreve como era o Rei exploratôria
 t ividade
Rolo no começo da primeira história. Noutra, como era no final da pri- ( )
prolessor propõe aos alunos uma discussão sobre como eles
meira história e assim por diante. Tomando essas fichas, as crianças lÉerrr ns rnigrantes do seu meio social, trazendo para o grupo material
comparam verbalmente como era o Rei Rolo no início e no fim das três de proprieda-
|rtrrrrltsltco sobre o assunto: colonos sem tetra, invasões
histórias. A comparação será feita entre o início e o fim de cada histó- CF r,'l,,rrru agrária, cinturões de miséria nas metrópoles, migrações para
ria, entre os três inícios e, ainda, entre os três finais. Os alunos constata- lellÕ{'\ (lcsabitadas, etc. A partir da discussão sobre os temas enfocados
rão que, embora as histórias sejam diferentes, acontece uma coisa co- rltlcrcrrtcs textos de jornais e revistas, o professor sugeÍe que investi-
mum em todas elas. Por exemplo, que o Rei Rolo, em todas, muda de r ( ()nlo esse assunto é tratado na obra de Ana Maria Bohrer. Apre-
comportamento. n livro. contando o inícìo da história e suspendendo a narração,
ft Í,rr rrr:r a suscitar a curiosidade do grupo.
Conclusâo
Efetuada a constatação do destino do Rei Rolo em cada história, Isltbelecimento do tema
as crianças comparam os resultados a que chegaram com as respostas Às crianças lêem a obra e decidem, Por exemplo' em debate oral,
iniciais que deram ao problema. Para isso, retomam as fichas das hipóte- paralela
lll€ ertrio irrteressadas em sabeÍ o que os colegas de uma turma
ses. Expressam verbalmente, então, as semelhanças e diferenças entre as obÌa e do assunto. Para isso
lfttl ,1,. rrtliirrrtamento inferior) pensam da
respostas iniciais e as descobertas feitas no final da pesquisa. X livro
&flrr",,r urìr tema de pesquisa para si: "o que a turma acha do
Para finalizar, o professor propõe que a turma conte a história de (l* nr,'ttttr,t.t tlue comìam carne crua?" Este problema, formulado como
suas descobertas desde o início até o fim, ilustrando-a como uma histó- prSrrrrl;r , ü transcrito numa faixa de cartolina, afixada na parede da
ria em quadrinhos, de modo que a cada etapa corÍesponda um quadri- 5ll rlr' ,rrrlu, a fim de que possa ser constantemente úsualizado pela tur-
nho em papel pardo colocado sobre o chão. A seguir, as crianças podem ãtr
afixar a tira ilustrada em uma das paredes da sala de aula.
Os alunos, então, observando a tira, comentam suas dificuldades liolrnulação das hipôteses
quanto ao processo inteiro. O professor sugeÍe que compaÍem o com- lrr:rrrlc do problema, os alunos são solicitados a responderem a
portamento descoberto do Rei Rolo com o de cada criança no dia-a-dia. qltêrtrlil lcrrrl de forma hipotética, como segue: cada um escÍeve sua les-
Os alunos inferem, com base nessa discussão, que seu comportamento po- na discussão inicial e na sua leitura
Frrtrr nulrit Íìtlha de papel, baseado
de também mudar como o do Rei Rolo. Com base nessas conclusões, cada folhas de hipóteses são afixadas abaixo da tira
dt,,l,r,,, rr scguir, todas as
iirii ìrHrrr r,'r!r r.! ir!rr.;l,r:'a, it,.il rr:,n.túrr. nL f!f{.\:fna lttt.tC:Cg CC jellUI:ì. ltl:l
i-.,,^-r:^^l^
:l \r,'t-- ÌIYrlrrË4uu.

55
Justificativa a escolha do tema e das hipôteses rle rrrrtra lurma, o pÍazo em que receberão e devolverão os ques-
O professor pede que crianças expliquern por que escolheram o
as
lrrr ltrr:crtt:hidos.
tema e as possíveis respostas, devendo justiÍìcar essa escolha com dados N,r 1r1;s711 cstipulado, a turma, através de um representante eleito,
de sua experiência de leitura. Q._professor chama um aluno para d4r sua_
$llalrr or 111;gr{i1;p{1ios aos colegas e os reÇolhe, assegurando-se do pre-
opiniâo e este, depois de falar. chama outro colega. A cadeia continua
lÈrfrirrrr.rrlo conrpleto. Esse prazo deve prever tempo suficiente para a
até que todos tenham lalado.
)ll,r,u ,1,' olrnr pela outra turma.
Coleta de dados Arrrilist e interpretação dos dados
Em discussão em grande grupo, o professor propõe que os alunos lh' possc rJos questionários, a turma se divide em pequenos gru-
decidam a forma como irão reunir as opiniões da turma X. A classe opta lr, ;rrr,lo cada um deles com um mesmo número de formutrários. As
por aplicar um questionário escrito. Uma vez escolhido o instÍumento lpr
rìlrr\ \rlo contadas, dentro das três alternativas, organizando-se para
de coÌeta, o professor informa os alunos quanto às modalidades de ela-
;rryrrrrla uma pequena tabeia, como segue:
boração do mesmo. Este pode ser, por exemplo, um questionário com
perguntas abertas ou fechadas. No segundo caso, para cada item há al-
Tabeia 1
ternativas previamente pensadas como possíveis respostas, podendo o APRECIAçÃO DA HISTORIA
informante maÍcar apenas uma. Nos questioniírios abertos há a vanta-
gem de os alunos consultados poderem se expressaÍ livremente, expon- Freqüência
Especificação
do sua idéias e emoções. Todavia, essa liberdade das respostas dificuita a Sim 6
sua organização, contagem e classificação. Com questões fechadas, esse Não 2
problema se rescllve, vma vez que todos os informantes optam por um Um pouco 4
número limitado de respostas. Tal processo facilita, portanto, a compu-
tação dos resultados, mas tolhe a liberdade de quem responde. Diante
dessas explicações, a turma escolhe o questionário fechado como modo
 l;rlrcla e organizada tendo como título um resumo de perguntas
mais prático de obter os dados que deseja e parte para a sua elaboração.
Irrlrrrr r'rlx'cilicações as possíveis respostas.
Essa se faz attavés de uma expiosão de idéias que são registradas ( {}rìrl)utados todos os formuÌários pelos pequenos grupos, a turma
no quadro por um aluno e, posteriormente, são ordenadas por um crité- f€rnr' l)lra somar as tabelas, obtendo os resultados gerais. Um aiuno
rio temático, ou seja: 1) Você gostou do livro? ( )Sim ( ) Não ( ) Um rn rlur(lro e registra o total dos grupos, elaborando as tabelas finais.
pouco; 2) O comportamento do pai de Dina muda do começo para o t,rlrclus vão aparecer não só a freqüência, mas também a petcen-
fim da história? ( )Sim ( )Nao ( )Um pouco;3) Dina e seus irmãos .r rlrrc esta corresponde. A percentagem é obtida considerando-se
estranham o jeito de ser da famrlia do caminhoneiro? ( )Sim ( )ì,{ão r l(x)',rl o lotal dos questionários preenchidos, por exempio, 30
( ) Um pouco;4) Os filhos do caminhoneiro recebem bem as investidas
das crianças que querem fazet amizade? ( )Sim ( )Não ( )Um pouco; Tabela I
5) Você apÍova a atitude da famr'lia de Dina quanto ao episódio do as- APRECIAÇÃO DA HISTORIA
salto? ( )Sim ( )Não ( ) Um pouco; 6) Você está de acordo com a re-
solução de seu Otacílio de devolver as roupas e chinelos? ( )Sim ( )Não l:s pccificação Freqüência Percentagem
( )Um pouco; 7) A forma como a história termina assemeiha-se corn o
que acontece de verdade? ( )Sim ( )Não ( )Um pouco; etc. Essas Sim l8 60
questões são formuladas à medida que a turrna discute a história Iida e Não 6 20
atinge seus sentidos, percebendo aquilo que é, para ela, mais importan- (Jm pouco 6 20
-te de ser Ìevantado junto aos colegas de outra classe.
A seguir, as crianças providenciam a escrita do questionário em
iilãrfiZ.S ã Jiaúrli a iii"l iilllii! ili!adaãú i úalliliiìãiri rrirliiãilÌi, iiS(, aúili rri

57
A medida que cada tabela é apresentada no quadro, os alunos são
0hlrttvo
solicitados a descreverem os resultados por escrito em seus cadernos.
Por exemplo: Na tabela 4, Reação positiva dos filhos do caminhoneiro à
pçlplllrrr uo jovem o estabelecimento de relações entre a literatu-
tentativa de fazer amizade por parte da Dina e seus irmãos,21 alunos i ; rlr llrlirrlc pltssada e presente
responderam que "sim", 6 que "não" e 3 responderam "um pouco", o
que dá um percentual de l0%,20% e lO%, respectivamente. Fr onarl r nrontos d idáticos
A partir dessas descrições, as crianças se reúnem em pequenos gru- A I lvlrhrlc cxploratória
pos e avaliam os resultados finais, de uma só tabela, verificando quais ll
llrrìl(.\s()t propõe à turma que assista a um filme sobre juventu-
sâ'o as respostas que alcançaram maiores índices e aquelas que foram F rluill r.\tril cm exibição em algum cinema.da-{dade ou em algum
menos aceitas pelos colegas consultados. raf rlr trlr'vrsrr(), por exemplo', Loucuras de 11e4õo, fr,mor sem fim ou
O professor pergunta à classe como deseja apresentar os resulta-
dos gerais aos colegas da outra turma. Os alunos decidem organizar um Âlrtnr tlrsso, pode-se recoÍrer a uma novela de televisão em que
painel, seguido de debate. Deste painel fariam parte um ÍepÍesentante rrn lx.rs()nlgens jovens ou a uma série teleúsiva, como Armaçõo
de cada pequeno grupo e um coordenador geral. lu ttn l"uttttt
A apresentação dos resultados segue a ordem das tabelas, falando Nr' pq;1711 rrrarcado, suficiente paÍa que todos tenham ústo o espe-
um aluno de cada vez. Terminada a exposição, abre-se o debate sobre r r nrulrrurrlo, o professor inicia um debate livre na sala de aula so-
por que teriam as respostas se configurado como o foram. .ll ilslx.r los rrrais reìevantes da obra para os alurros. Divide-se o qua-
€rrr rlrn \('l()rcs, um dedicado ao espetáculo e outro às ocorrências
Conclusão
thlr rlrr', l()v('ns. Um aluno é escolhido pelo grupo para registrar no
Terrninado o debate, as turmas se separam e as crianças que efe-
tn !r'lor tlo rluadro os itens que forem levantados durante a discus-
tuaram a pesquisa reúnem-se em círculo, retomando a folha individual
de hipóteses que está presa à paÍede. Cada aluno lê as suas hipóteses e
l;rrr r'rt'nrplr), amor, relações familiares, vestuário, música, etc.). A
, ü llurÌll l)irssa a questionar esses mesmos aspectos levando em
I discute com o gÍupo as relações que têm com os dados obtidos. A ativi- I runr crlrriôlrcias e leituras. O mesmo aluno registra, então, no
1 dade se encerÍa depois que todos os aiunos tiverem falado. rr,lor tlo quadro, os títulos dos livros que os colegas conhecem
\ O professor pede, entâ'o, que cada aluno conte a história de sua
Irulrrrrr tlos tcmas em foco.
participaçâo na pesquisa, falando de tudo o que aconteceu, das suas
lerrrrirrrrlu ir atividade, o $upo esçolhe dois romances dentre os
satisfações e dificuldades.
nÍ'rrr'rrrrurtlr)s, um do século passado e outro deste século. Podem
Para encerrar, sugere que a turma tome posiçdo sobre o trabalho fei-
ttlrrlrurrr(l()s. por exemplo, os títulos A moreninha e Clarissa, qru;e
to, as vantagens que tirou dele para sua üda. O tema geral para a discussão
ru lrrlos nuÍn prazo determinado.
pode ser: "Onde podemos efetuar um trabalho semelhante e com que
textos?"
Frlnlrrlt'cirnento do tema
4.4,3 _ CURRICULO POR DISCIPLINAS Â 1turtu tlrr lcitura,.o grupo é, desaÍìado.a encontrar um temaa.seÍ

l,r olrras indicadas, através da técnica de explosão de idéias.


rrirs
Conteúdo
klétrrr rrrr;',rtlirs espontaneamente, a turma elege um tema que as
Histórias do cotidiano da adolescêncìa. , n (lull potlc ser assim formulado: "Como apaÍecem os jovens
Éhrnr lrrl;rs, c<rrrr relação a amor, papel do homem e dn mulher, con-
Material
ì,,í rí,,\, ttrirsica, trabalho, lazer erelações de classe?". Cada alu-
MACEDO, Joaquim Manuel de. A moreninha. 14. ed. São Paulo, Ática, 3l;hlriil;r t'sst' lcma em seu caderno de aÍÌotações e o terásempre à
1 986 filr rl.,r ilt rt'r rltr pcsqUiSa.
VERISSIMO, Érico. Clarissa. 4'7. ed. Porto Alegre, Globo, 1986.
ALENCAR, Francisco et d,. História da sociedade brasileìra. São Paulo,

:iÊ 59
Formulação das hipóteses ísrlrr Ao nrcsmo tempo, levantarão, em obras de história do Bra-
Ante o tema elegido pela turma, o professor soücita que a mesma fgqfrrlnrrlrrltrs clue julgarem necessárias para entender os comporta-
se diüda em grupos de trabalho (um ou dois pala cada item desse tema). llrr {onr qrrc se deparam na leiturae para ilustrá-Ìos com Íìdelidade
Após uma discussão com duração preüamente combinada, cada grupo lrd
tentarâ respondeÍ ao item que ihe coube. O professor ayisa que as res-
postas deverâ'o ser confirmadas ou não pelos textos, o qr.re pressupõe Ârrôlist' c interpretação dos dados
que o gíupo as tenha diante de si por escrito no restante da atividade. rrrl;r grrrpo se encarregará de preparar o seil álbum, tendo como
I
As respostas podem ter sido: Hr rr.nlrrrl o itcm antes discutido. O áibum deverá apresentar a segun'
Grupo A - Os jovens em A moreninha e Clarissa (nâ'o) têm uma noçâ'o Itlrrtrrir,:r <1rial determinará as etapas da análise dos dados.
romântica de amor. I rgr;r (rrrslituiçâo a que os alunos peÍtencem;título do trabalho,
Grupo B - Os homens em A moreninha e Clarissa (não) são machistas. rLrr rrrtcgrantes do grupo; cidade em que o trabalho foi realizado,
Grupo C * As mulheres em .4 moreninha e Clarissa (não) se dediçam às t Alrr))
tarefas do lar. I llrlur rlc rtlentificação (título; coÍnponentes do grupo, com ende-
Grupo D - Em A moreninha e Clarissa os jovens (nâo) obedecem às I rll iltil, lrrrno; instituiçâ'o escolar e endereço; cluração do traba-

convenções sociais.
Grupo E - A música (não) integra a üda dos jovens em,4 moreninha e Irrtr'r,lrrçuo (histórico do trabaiho de pesquisa efetuado pelo grupo).
Clarissa. l lc rr r r vt r l vr rncn to (transcrição dos e1_q.9.$.9,p_ do ïext.o A mor eninha
Grupo F * Em A moreninha e Claríssa os jovens (não) se preparam para rllrr.rrr rt'spcito ao tema; transcrição dos excertos do texto Clarissu
trabalhar. ra rclcrt'rìr ao tema; depoimentos dos próprios alunos sobre expe-
Grupo G - Em A moreninha e Clarissa o lazer (não) predomina na vida lr vrvrtlls que se reiacionam ao tema; ilustração das passagens
tlos jovens. rllil\ grupo, com técnica livre).
nr;us signitìcativas para o
Grupo H - Em A moreninha e Clarissa (não) existem diferentes classes =. fÉrlro (t'orrtparação, através de uma dissertação, dos excertos levan-
sociais em conflito. nu,, tlrrrs lcxtos e dos depoimentos, Para verificação de semelhan'

ì'
Essas hipóteses devem ser cornunicadas ao grande grupo, para evi- I rllllrnrçlrs c:orn respeito ao aspecto pesquisado nas obras, respon-
tar sobreposição de investigações. à lx.rgrrrrta: "O aspecto X se apresenta da mesma forma em A
r_ r ('lurissa e em nossa úda? Por quê?).
Justificativa da escolha do tema e das hipóteses
Realiza-se, então, um painql, em que um elemento de cada grupo I ortclusiio
expõe o seu tema e npoiìie-Aítrabahï e explica por que o.grupo o I lrlrr grrrpo é solicitado a elaborar Por escrito um comentário a
escoiheu. Ao final da exposição, o restante da turma posiciona-se diante l;re*.rrl;rtlo tlurante a exposiçâo dos álbuns. Esse comentário deverá
do assunto que está sendo tratado. nr u rr'sposta inícial ao problema de pesquisa com os resultados
r,rntr(l()s rrtl álbum. Seu teor deverá ser bem conhecido por todos
Coleta de dados Flrrhrrrr tlo grupo, de modo a que qualquer deles possa responder a
A fim de obteÍ a confirmaçãodas hipóteses ievantadas, o profes- llr rlc vrsrltrttes
sor sugere aos grupos que pensem em como irão provar que suas respos- Prra t',rrr,,:luil o trabalho, a turma planeja em conjunto os passos
tas estão de acordo com os textos e em como irão apresentar os resulta- llportçtlo rkrs iilbuns já elaborados. Esse planejamento deve pÍever
dos atingidos. rlrla. rlrrrrçrlo, lrorários, disposição do material, rnóveis, exposito-
O alunos podem decidir efetuar uma pesquisa bibliográfica, que llunrtl,rl:rrt, utribuição de cada participante do grupo; divulgação do
será exibida em álbuns iìustrados, numa exposição comentada, ao estilo r rrrrvrlcs l autrlridades e à comunidade escolar e extra-escoÌar.
das Feiras de Ciências. A r,rlrr;rçrro rlo cvento contará com a participação de todos os in-
Os grupos efetuarão a releitura dos textos, fiçhando as passagens ler rlir Írrrrrrir, quc tcrão oportunidades, assim, cle relatar aos visi'
^r!^
ê\'nrêcc1m an *icrrilr.r i".4ì', r rnna" ,.iã'." côrìt,!flôni^. t
^
tilr!.,
;,. ìi, !i, j.i.i i rìÌÌl () lrrbalÌìo de pesquisa.

íij 6l
,N
lì'\ Iglayêl e nclÌì riempre mensurável, mas todos eles se presentificam
$/'
\r-'
\r\
r ra trulu tlc criar.
ìegrmrlrr l;nyga Ostrower, "todo indivíduo se desenvolve em uma
*rlr, rrrt'lrl. cnr cujas necessidades e valorações cultuÍais se moldam
txírprl'r\ v:rlorcs de üda. No indivíduo confrontam-se, por assim di-
, rhrrr pírhrs tlc uma mesma relação: a..sq4 gletl_yl{t*, que representa
prtnrrt trrlrtl;rrlcs de um ser único, e igglli_aiggque será a realização
pnír.rrclrlidades já dentro do quadro de determinada cultura"
4 .' I Sc a criação interliga os níveis individual e cultural, a pre-
rlr' r'r'rlrrs lìrculdades e habilidades mentais no ato criativo está
lt..rl(' rclucionada com as concepções que uma determinada
5 _ MÉTODO CRIATIVO lr l,rz tlir criatividade.
I rnro ('ri1lr cclrresponde a dar forma a alguma coisa, para tal ope-
lnrpl)rIir organizar elementos, pois, conforme Ostrower, "a forma
5.1 - Fundamentação teórica r enr rr tlclirnitado - mas não no sentido de uma área demarcada
ftrrrrtlrr:rs" (1984: 78). E o modo como se estabelecem as relações
r' U
O metodo
método criativo se associa usualmente a práticas de caráter u rlr' unr eorrtcxto, a estrutura dessas relações. Não há criação onde
ft artístico, como artes cênicas, artes plásticas, música e literatura, ou de hnrrvr.r rlcrrtcntos reunidos, que geram entre si redes de relações, as
f cunho artesanal, embora pertença, como possibilidade, a todo o fazer lr rlr.rl;rr:irrn do meio em que estão, constituindo uma entidade or-
I humano. Para a maioria das escolas.. ensino criativo sienifica
significa a pe!g,l=_
orooosi- r rrr'onlrccível, um todo em que suÍge o sentido pela interação
çqg de atividades assemelhadas às das várias artes, sem que consld]. ptrtpr ('orrlìrrmar é, portanto, recortar dados do real significativo,
a organrzação de tais experiências de criação num sistema coeientgçcr:n r rrr rlc rnodo a obter um todo. Por essas razões, a forma
aquilo que desejam que os alunos aprendam para a vida. Criar, para esse r. rrrrr rliiilogo com aquilo que ela não é:o que a cerca, o que
-,- tipo de escola, se opõe a estudar e iguala-se à brincadeira que se esgota flrn, ,, rnrrntlo constituído. pela cultura, herdado e continuamente
em si mesma. A criatividade, porém, ultrapassa o puro lazer e pode ll|rt(l() lx)r' rrovas criações. Ao contrário do que se costuma pen-
converter-se em aquisição de conhecimento quando se processa plane- F ulrrlor rlio existe sem a História, nada há no seu fazer que não
jadamente. Inrlrrrrtlo tlc outros fazeres, qÌte se acumulam no tempo e o obri'
O método criativo, assim como o científico, é um meio de apro- I ttlr,r r'r)nsllrrte ügilância para simultaneamente valer-se deles e
priação e transformação da realidade, gerando pÍazer e conhecimento, rr () trrrhullro criativo não é individualista, mas individual, pois
de forma não e Ao (rrrrtlor, já que ele o produz. Mas esse--fazer de um 1ado.é
\, que o aÌvoexclusiva.
nâo é
Supõe uma relaçdo do homem com o mundo,
meramente o conhecimento do que existe, mas a r por tutlo o que já se feze pelos valores cultivados pelasocie'
lem
,bxpioração do existente para a produção de algo novo. Nesse sentido, rle ,rutro yrclo inconscignle, 9*it;-r-t-U]sos o criador não conhg-
arte e ciéncia se aproximam, diferenciando-se pelo fato de que na pri- rrtrt {r\ lx'rccba operando em suas açòes.
meira o ato crìativo se evidencia mais puramente, sem finatidades práti- A rlrrr",triu rll liberdade de expressão, tradicionalmente vinculada
cas, enquânto na segunda há a sub-ordinação ao saber e/ou à utilidade. r .rtirlrv(r, rriio significa, pois, a expansão sem freio ou egoística de
F Entende-se por çriatividade aloperação que confere uma forma a Fçnurr;rlr,llrtlc, rnas o reconhecimento de limites, "o acatamento às
certa interação estabelecida entre o homem e seus mundos externo e in- ll,lu,l,", rt'rrs clc cada coisa e de cada ser, à transição contínua, po-
.terno. Essa forma é ínvestida de materiaiidade e se produz por uma €lrlr'lrr. rlt' lrrtlo com que se lida, sejam objetos com que se traba-
tr --
latuação em que participam subjetividade e exterioridade,nzão e intui- I llrr:u,rg,'rrr (luc sc usa, a própria vida que se vai viver" (Ostrower,
flçâo.
personalidade e tradiça'o cultural. consciente e inconsciente, sensi- ' ltt.'l
bilidade e intelecto, espontaneidade e cálculo, impulso e disciplina. A lL par;rrru'lros tlirrâmicos que o mundo oferece ao homem têm a
,. -,J
^
,, -- -J,.-,. ^^ ^1^ ^- ^.. :::.. i,:!,' rii rlìrr.' '.r.riÌa a ação em sì encerta um objetivo social, a

63
Frr,r ,r r,''rlu,rçrro rla lìrrma que lhe vem à mente através do insíght,
cornunicação, ligada a valores e termos de responsabilidade. Daí a im. rtr l'l{'('t()rirr o rnaterial adequado e trabalhar sobre ele pol
portância de se levar em conta o qqqggll_o_ de âdequn-g4d no processo
dF ldlrtr';l\ lrrrrrbdrtt adequadas, que viabilizem a forma intuída. A
icriativo. O produto obtido. antes de ser novo ou original. precisa ter o a,..ì,,,1,' .,ul('rt() ( r rrrlor com o materia!-g as técnicas, porém, se ins-
{se
u conteú d o expressivo_.adequado- à,q, limitações de uma materialidade. . lËrllrrr, rrrr rro n ívcl intuitivo, pois E_típicoíd_o. pfgcesso c-Uativo
A isso corresponde a economia formal, que significa o uso dos mqiçlne- ,. r ilo rlil(. sc rcpete sobre o material até que o criador sinta
cessários à comunicaçào, nrÌo se ulilizando novos ou mais recursoìlo g llrrrr.r ,rlrlrrlrr ti dcfinitiva, isto é, não pode ser mais modificada
que gs indispensáveis à configuração do sentido a ser expresspd-o.
**
.
',rr! .|'rrrlt'ì irrtuição orientadora do processo inteiro.
A atitude cÍiativa se pauta, pois, por dois característicot" intuiçãq { ,,,rr,,', r11;ro tlu lìrrma suficiente resolve a tensão psíquica que
e su@Èvidad-e. o primeirã entendido como a capacidade d. ap.eã- r,.rr:r t, Iro( r'rso criativo. Todavia, esse não se esgota em si mesmo.
' def o-mufldo, sem o crivo do pensamento lógico, na sua originalidade, e r 4 i r,r\,io (, se lÌrl)r'e comunicação, exige que o produto criado ve-
'' o segundo como o predornínio do sujeito sobÍe o objeto, conformando-
' I 1ul'lr,,, l)ors Í'atores determinam esta situação. O primeiro diz
oasuasnecessidades. il, ,r rrr'r, .,.,r,|:rtlc imperiosa de compartilhar a forma obtida com
" A raiz do processo criativo esta na áÍilã'ò intuitiva do homem rulÌ1.'tr\'r(l;r(lcs, dividindo a satisfação de realizar um trabalho e
, que se dispõe a criar. Esta depende de um incentivo que lhe é lançado urr |rnrlrrto eorrvincente. O segundo se refere à interação com o
.' por uma situação vivencial qualquer, a qual moúmenta a rnterioridade e LIr.' il i rrlrtlor cstabelece ao responder aos estímulos desse que
. instala nela um desequilíbrio, uma tensão psíquica. Toda a tensão tende adrr ir l{'ilsiro irìicial
a desfazer-se e o indivíduo, dessa fonna, procura acomodar o estímulo ul,\,rír 1x'lrr atitude criativa implìca uma postura receptiva aos
externo a seu aparato psíquico, d.e modo a restabelecer o equilíbrio per- ^ rt',, rlo rrrrrrrtlo e ao mesmo tempo disponível em termosdein-
clido. Essa disposição aberta para a incorporação do elemento exterior xrr l, l, 1r'lo lrrrballro criador. Funda-se na sensibilidade intuitiva
uor esquemas já elaborados é o que se designa como motivação.
.^\- iltf , r,,r',rl,r,' ( ()rìr os ob.jetos culturais e não teme desestruturações
A motivação\ provoca a reação espontânea e intuitiva do sujeito, , ! lrrr (.,r l)rrir u ctinstrução de novas estruturas. Criar é expandir
que desencadeia o processo criativo, voltando-se para o rnundo à busca lr,rlr,l.r,l,' r' ,rs lirrrnas de comunicação da vida social.
de traços referenciais que o ajudem a solucionar a tensão inicial. O
modo de conhecimento do mundo de que o sujeito se vale é o percepti.
vo, apoiado nas lmpressões sensoriais. Os dados conhecidos e novos que 2 olrlctivos e critérios de avaliaçâo
à
o atingem via percepçâo se ordenam num conjunto estável e significati.
vo porque o sujeìto não só os capta, mas os interpÍeta e compreende lllit ,',' t.rlo t rilrtivo para o ensino da literatura precisa atender a
corno o conteúdo da situação problemática vivida.
ftlrl, , , 'rr',trlrrirrtcs: a)'o sujeito criador, com seu aparato cogniti-
A apreensão perceptiva se dá de modo global, produzindo todos llpilt,' ( ilt,rlrrr , crrr estágios nem sempre coordenados de maturação
uniformes e indiferenciados. Nesses, o detalhamento de certos traços é llrr,, lr)r) l)Ì()ccsso de criaçãoi resumido à captação de alguma
conseqüéncia do nível de significação que cada um deles pode ter para o .rrl,l.r rrrcrprirrridr, à busca desordenada de dados para recupe-
sujeito. Por isso, o mesrno objeto é intuído de modos diferentes por su. Ërlrrlrl'u'I l)('r(lrrlo, à elaboração interna desses dados, num nível
jeitos diferentes. A intuição seleciona a nova configuraçâ'o do todo per.
frrlrlrrr, lil,' { ()rìscicrìte, ao insight, percepção intuitiva das relações
cebido para o sujeito. Portanto, relacionados os dados, as coerências e idì ,1il,' rl,ro lìrrnra a algo que suprirá a carência, e à elaboração
significados que afloram sâ'o sempre seletivos. "O momento da visão rlr'.r' .rl;1r. oriontada tanto pelo irtsight quanto pelo material
intuitiva é um momento de inteira cognição que se faz presente. Iìi!g1.-. hr , pr rr ti't'rricas aprendidas ou adaptadas; d)b contexto cultu-
nalizarnos de pronto, em um mornento iriUltc;. ínstantàne_o u_e_s.mo.
Irl;t,',r,,r .ntlt' lluìto o criador como o objeto em criação estão
todos os angulos de relevância e de coerência de um lenomeno. Nesse , 'f r,' f r('{l('lclrnina comportamentos, modos de fazet e até de
momento, aprendemos - ordenamos - reestruturamos
- interpreta. r lr,,ln''rt('lìlcrìtc cegando o sujeito ou os seus pares para certas
mos a um tempo só" (Ostrower, 1984: 68). E oinstante doinsight, da rl,r,l,". tlr' :,ollrç'rÌo ir que o processo criador aponta.
- içrtuição pleri4-i que mobiliza o sujeito eÍn termo afetivos, intelectuais,
iltt(,tt\Litrt! ttr\ t: {:tt!t\{:if ti lt-\

65
Considerando os fatores sujeito criador, processo de criação o c!ilÉrirr rlf ilr()virçiìo nao deve ser tomado como principal. Importa
''contexto cultural e histórico, deveriam orientar uma met rttdtr 'r ('l('l rvrr palticipação no processo crtattvo
ya p3rp_-g !i!g,ll-lg1u, qu. tenha como foco o aluno, os seguintes'
qducacionais:
\ \ I ) Estabelecer relações significativas entre componentes do eu e tt I I trrltas de desenvolvimento:técnicas
do mundo, em especial da cultura literária.
2) Perceber potencialidades expressivas da literatura e de outros I rl,.rr, rrt. l;rtlir tle sistema nos trabalhos criativos não se confir-
meios de comunicação em relação ao eu e ao mundo. Fs r,,rlr,l.rrl, Âo sc observar alguém que cria, é possível discriminar
3) Organizar as relações estabelecidas, vatrendo-se de códigos cul' ÈÉlr ,lí r't.rp:rs llcnt definidas. O processo criativo se inicia pela
turais, em especial do código lingüístico. tFl, r,r ,1,' rrrrr;r lìlta, que edge do sujeìto uma decisão no sentido
= 4) MaterÌalizar tais relações em linguagens diversas, com ênfase na r l,r |,rr,r rsso. ó preciso primeiramente..partir para a observação
t
fyerbal. protluzindo textos bem formados. prli,l.r,l, i nr l)usca de indicações desta que possam ter relação com
Esses objetivos dão conta das necessidades de expressão sempre a , rrrrrl,r A rncdida que se entre em contato com os fenômenos
indiviclualizadas do aluno, bem como permitem o progressivo 1g4gffe-' fltlr,,,r "r {l;r cultLlra, percebe-se neles a possibilidade de reordená'
.gimento de uma pog_t-Lt"14".çliliur e tr4.4pfgrm1d_o11 ante a realidade, sent Sarr Ir, r'rrr lr,'r u necessidade inicial. Essa percepção decorre tanto
forçar a crìança e o jovenr ul.ittt dc seus limifes naturais. Seu ritmo pcs' frtrrr, rr, r,r'. \'rvr(lrs pelo sujeito quanto dos sinais que o mundo lhe
soal. suas aspirações, gost()\. A&gÍr:tias e convicções são respeitados e sua F ',,r' r('\l)()stas. O processo de captação dos significados das
atividade de aprendizagettt ldqtrttc a qualidade de vivônciaespontânea, r ,1, rr'r",lrrrlrrração dos mesmos num novo objeto com sentido
,.buscada para satisfazrr a urììa Ilerìessidade real, nâo gerada pela institui' Ërlir. l, ,lu, criu é inteiramente individual e interior, dependendo

ção escolar. Por outro lado, a pro{ução textual. impede a dispersãq dal) rr,rlr.rllr. rr() apenas consciente, mas também de pressões do in- t!
energias psíquicas e físicas investidas no processo, ao mesmo tempo quc / f rr, I rrr rlt't:orrência disso, o momento do insíght, aquele em que
',
integra o aluno no mundo clo trabalho, sem desfigurar aesse, como ha'/ l!,r,,,i, rlrrs cle nrentos percebidos aflora à conscidncia. nâo pode
bitualmente se faz, desvestindo-o de seu caráter de comprometimentq nnur,r,l() orr preústo. O insight surge, e o sujeito se sente de pos-
com as necessidades humanas. ) lrlir r,l,'r.r l)rril a qual vai buscar a concretização. Está apto, agora,
A avaliação,'Ìlentro deste método, é efetuada em dois níveis. 0 ,r rrnr lr()ioto para a realização formal do que anteviu. O proje-
primeiro é o do processo de criação de cada aluno. observado firyla; r ,r lr'',(lurvr tlos recursos iigados ao trabalho visado e das técni-
mente e registrado em Íìchas, ou indiretamente, pelos resgll-4-dos ag;e' rrI1r,q,l,1'. Ilrnr transformaÍ esses recuÍsos na forma desejada
pnrrrr,l,,., os rnateriais e escolhidas as técnicas de utilização desses,
9fana.-Q professor poderá dar:Së por satisfeitò se o
, sentados em cada
aluno é capaz de,íit..tnry,ét.qe-ntos,de.sua realidade que tenham rela' r,lrr,, ,rlr,rrrcl condições para começar a elaborar o objeto - seja
ção com a carência*qúíále deseja suprimir e reordena esses elementos, .rr ll.l(
ll tlll () qUg
lr'.r, () projetou. l{A SIAUUIa1çau
que PIOJËtUU. momento uu
constitui uo lllutrrçrrlu
elaboração uullJLllul do
transpondo para eles funções que só venham a ter no contexto em quc Fti,rlt\o. (lllc itcontece por ensaìo-e-eÍfo, em busca da melhor solu-
os reuniu. prrr , rrrr',trrrir u fbrma intuída. A essa altura, trabalho e lazer se
O segundo nível está no texto produzido pelo aÌuno, que pode ser prrr q','1., rr criador é um trabalhador persistente, que retfta ptazet
qualquer objeto, atividade, ou conjunto articulado de frases, eq1que s€ r1r, Lrl. lì()rque sua ação responde àquela insatisfação inicial.
medem, referindo-se à carência inicial, as seguintes ocorrênciasú) eficÁ' ll lr,,rlrrto tlo processo criativo, porém, não se esgotanasatisfação
cia expressiva, entendida como forma que comunique sentidos, verbali' ller g',11;r ,) eriador. O esforço dispendido na elaboração e aconse-
záveis ou não, mas identifìcáveis pelo receptor do objeto pelo menor rlF nrr.r Írrrrrra o mais perfeita possível para a intuição do sujeito
com as suas carências pessoais:íb) domínio técnico, revelado pela pcl' rn orr rlr',,t'jo de partilhar seu prazer e sua realização com outros
quisa e prática de técnicas funcioirais em relação ao material escolhido o hrl,,rr,,,, lÌrr isso, é típico do ofício aexposiçâo pública dos pro- 1
ì
ao projeto elegido;c).i{pYagq-o fglmal' ou seja, um acréscimo em reh' s.llsrlrr.., (tu0 passam do âmbito individual para o conhecimento e
ção ao já conhec:ido pelo alúío, mas dérivado do próprio processo dt
rl,r ',,rr rr'tllr(10. Se o reconhecimento sociai gratifica o criador,
cri+ção e dg frreiliarldade eor.. o materia! r-rtilizado e técnicas adotadn!. ,l' scLr cslorco contríbui para o enriquecimento cultural

Aí 67
de sua comunìdade. É com seu trabalho criativo, pois, que o indivíduo
participa da vida social, dandoJhe novos sentidos.
Por exempl,o, a partir de uma carência de natureza emocional,l o aluno
Quando se aplica o método criativo no ensino de literatura,
levam-se em conta as diferentes etapas do processo de criação articulan-
vai buscar nos textos literárioi e em depoimentos de pessoas as indica-
do técnicas adequadas a cada uma deias. Numa unidade de ensino qual- ções que venham ao encontro de sua necessidade inicial. relacionamento
quer, seu planejamento, dentro do método criativo, se dará a partir da amoroso entre as personagens das obras, relato de experiências amoro
sas, reações das personagens e das pessoas diante de conflitos sentimen-
constataçõo de uma carência; individual ou coietiva, entre os alunos.
Sendo uma carência, é uma sensação que não pode ser imposta pela es-
tais, etc. Não há, ainda, noção clara do papel que tais dados terão na
solução do problema, mas a pÍesença de evidências como amor/odio já
cola. Deriva das necessìdades dos jovens e p!!_91es deve ser constatada.
A intervenção do professor só pode ocorÍeÍ no sentido de proporcionar fará corn que esse material sujira certas possibilldades de que se ordene
em torno desse eixo.
estímulos que favoreçam a tomada de consciência dos alunos quanto a
No momento em que esse material proveniente de fora da cons-
s.uas necessidades. Esses estímulos podem ser: a proposição de várias al-
ciência passa a ser significativo para o sujeito, está ocorrendoaelabr,ttaçao
teinativas de atividade, para que os estudantes escolham a que mais
ütterna tlos dados. Essa etapa se dinamiza sob força de uma pressão
atende as suas carências; o lançamento de um desafio com sentido
psicológica. Operando por vìas inconscientes, a mente tenta acomodar
prático, social ou pessoal; o oferecimento de condições para que os alu-
os dados obtidos de forma a restabelecer o estado de equih'brio rompi-
nos externem seus desejos, emoções e problemas.
. Percebida a carência pelos jovens, o professor os incentiva a tentar do pela carência. Dependendo da complexidade do fator desencadeante,
e do processo requerido para suprimiìo, essa elaboração necessita de
resolvêla através da criação de uma solução. Para esta solução, fornece
um lapso de tempo considerável, embora edgências provenientes do
condições de modo a que os alunos entrem em contato com os elemen-
ambiente possam aceÌerar seu andamento. Deve haver a preocupação de i
tos da realidade que têm relação com a falta percebida pelos mesmos.
não se pressionar demais o aÌuno durante essa fase, para evitar angústias '

Esta é a etapa de coleta tlesordenada de dados, porque os alunos obser-


que possam tolher sua criatividade. embora seja aconselhável para Íìns
vam aquilo que de significativo lhes proporciona o mundo próximo,
de operacionalização do método - estabelecer limites ou prazos razoá-
sem um esquema seqüencial rígido e sem roteiros preestabelecidos. Con-
veìs.
tudo, isso não quer dizer que o material de observação não seja registra-
E aqui que o reencontro com o texto literário pode proporcionar
do e/ou coletado de alguma lbrma prevista. O importante é que se te'
ao sujeito urn esquema da imbricaçâo possível dos dados. A'literatura
nha em mente que sempre será possível a defrontação com algo inespe-
vai facilitar a elaboração interna do material selecionado porque ela já
rado e cheio de serÉido. Os registros podem aparecer como:listas, ficllas
ïraz, em suas diferentes objetivações. os conflitos devidarnente ordena-
llvres, comentários soltos. observações pessoais fixadas em redações, de-
dos e resoÌvidos. Fornece, assim, uma visão totalizante do mundo" difi
senhos, pinturas e outras formas, coleções, etc.
cil de ser percebida lora dela peÌa criança e pelo jovem uma vez que os
Os setores da reaÌidade a serem examinados na busca de elemen-
mesmos possuem experiências de vida ainda limitadas e fragmentadas.
tos para solucionar a carência encontrada podem ser os mais diversos,
Uma cÌasse pode ter partido de uma carência social, de compreensão da
desde que, entre eles. se incluam os textos literários. A literatura, sendo
estratificação das classes. tendo colhido dados da comunidade onde está
uma simulacão do mundo, é também uma contrapartida das necessida-
situada e de programas de televisão, além de contos e peças teatrais in-
des expressas pelas crianças e jovens ao se conscientizarem de suas carên-
fantis. Nessa etapa em que os dados submergem na consciência das
cias. A seleção das obras terá por critério a resposta às ansiedades dos mes-
crianças e em que elas os amadurecern à busca de meios de ligáJos uns
mos. O professor deve, portanto, ter a sua disposição um elenco razoável
com os outros. novas leìturas podem auxiliar essa busca. O modo como
de textos que questionem aqueles aspectos privìlegiados pelos alunos.
\) A medida que se processa a coleta de dados, a própria observação
uma história infantil enfoca e resolve um conflito social pode fornecer
os indicadores para que o leitor trabalhe com os seus próprios dados no
ou coleção de materiais, idéias, etc. fornece um caminho para a organi-
mesmo sentido.
zação dos mesmos no nível da consciência. Buscando respostas a suas
A elaboração interna dos dados evolui até que o sujeito encontre
carências iniciais, o aÌuno só recoÌhe aqueles elementos da realidade que
o modo de combiná-los entre si para suprir a sua carência. Essa desco'
têm sentido para ele. mesmo sem saber muito bem como ordená-los.
irrri:i iriiler;crriie iïii orciessot e ocorre rto irtterior da consciência de

69
dados coletados e elaborados, inconscienteÍnelìte, enl grartdc parte, com- camente ao próprio sujeito criador, para conveÍter-se num bem comum
binam-se numa forma que surge à consciência já acabada e com força de a ser divivido com todos. Embora a carência seja de ordem individual
presença que não pode mais ser ignorada pelo altlno Essa lìrrma, que es- (ou coletiva, muitas vezes), o trabalho criativo gera um objeto signiÍìca-
iá estruturalmenle organizada com os dados já percebidos, configura o tivo para além do sujeito crìador, uma vez que mobiliza recursos, ins-
esquema básico daquilo que o sujeito quer criar. trumentos e técniças que não pertencem apenas a ele, mas são decorren-
Apartirdoittsight,osujeitoestáconscientedasoluçãoquedese- tes da tradição e da história humanas. O modo como o criador se vale
ja atingir e pode planejar os passos a serem tomados para sua consecu- dos mesmos pode interessar a outros sujeitos que não estariam, em prin-
elapa que prevé os es' cípio, rnotivados pela mesma carência, mas encontram nas soluções
çâo. Trata-se da constituiçao dct proieto criatlor,
forços a serem desenvolvidos para a supressâ'o final da carência, através 1 mostradas respostas para outras tantas carências possíveis.
de uma ação criadora. o aluno deve selecionar, dos dados obtidos, os I O método criativo, portanto, apresenta a vantagem de encarar o
Íecursos materiais necessários à execução do trabaiho a que se propõe' I aluno como indivíduo e ser social simultaneamente, sem atrofiar sua
efetuar um roteiro de execução, levantar as técnicas de que terá de se sensibilidade nem srtpervalorizar sua capacidade de raciocínio 1ógico.
I
valer, estabelecer um cronoglama e antecipar eventuais dificuldades. I Proporciona o exercício da inluiçâo como lorma imediata de conheci-
Esse planejamento" bem discrìminado, incluindo todos os passos prová- I ..nto do mundo, bem como as habilidades de analisar. comparaÍ. com-
veis, deverá orientar o trabalho subseqüente do aÌuno, desde que não binar, classificar e ordenar, efetuar inferências e, principalrnente. ex-
impeçaaadoçãodesoluçõesnãoprevistas,massentidascomomais trapolações, vinculando essas operações inteìectuais à açâo física e à
adequadas. prática social, nos produtos criados.
oprojetoservirádesuporteparaaelaboraçlomateríal,queconsis. Uma sala de aula em que se adote o método criativo é um atelier
te em dar substância física ao Ìnsight, realizando as operações previstas. de efervescência e trabalho, em que necessidades pessoais e coletivas
É importante que o aluno conheça as técnicas já existentes para lidar estão emergindo e buscando formas concretas de satisfação. A idéia de
com o material selecionado, sendo então necessária a atuação do pro- projeto criativo acarreta, para a ação educacional. a tarefa de incitar à
fessor como fonte de informação e treinamento. cabe a ele preparar-se transfor-mação, de modo que o aluno se veja sempre solicitado a postrr-
para atender às exigências de cada projeto, pesquisando. com antece- se criticamente ante à realidade e a movimentar recursos próprios e

dência à execução, as técnicas de trabalho a elas pertinentes' alheios para ajustáJa a si e à sociedade que ele sonha.
O momento seguinte será o da execução propriamente dita, que
para
se fará por tentativa-e-erro, de modo a encontrar a melhor soÌuçâo
a forma intuída. o trabalho criador dar-se-á por acabado no momen- ETAPAS DO METODO CRIATIVO
to em que o aluno perceba que nenhum dos elementos pode ser desloca-
do ou substituído sem alterar todo o trabalho, e que nada poderá ser l) Constatação de uma carência
acrescentado ou retirado sem prejuücar o resultado final' 2) Coleta desordenada de dados
Oresultadodoprojetocriativo,queürásolucionaroproblema 3) Elaboração interna dos dados
sentido, poderá ou não ser um texto literário. Importa, nesse método.. 4) Constituição do projeto criador
que a literatuÍa apareça como campo de observàÇão, modelo formal e 5) Elaboração materiaÌ
tlmático do mundo. Se a carência for suprimida por uma ação social, 6) Dirulgação do trabalho
porexemplo,essaaçãoterásuasraízesnaexperiênciadosujeitocoma
iiteratura enquanto interpretação da realidade, Ítesmo que a produção
final não seja literária.
Terminado o processo. faz-se mister que seu resultado seja conhe-
cido pela comunidade proxima do aluno, seja ela a sala de aula, a escola.
outras turmas, a farnília ou a vizinhança. A dirtulgaçao tlo tabalho éa
piestaiãí-) <ie clxtti:; citc c eita'jcr i+z à stieieiiirtie qiie 'u ai;iiga C;c;;l=
. .. .....ì....-i.,..ì -..ri.- r'.'-..'-,!r. ::rrr-

;- 1t
5.4 Exemplos de unidades de ensino contíguas. A cada dois quadros, o professor se detém e solicita que as
- crianças comentem o que ouvem e vêem. Por exemplo, com relação às

5.4.1 . CURRICULO POR ATIVIDADES páginas 2 e 3, o professor pode perguntar:


- O que acontece nessa ilustração?
Conteúdo O que o homem tem na boca?
-
Brincadeiras com linguagem O que ele tem nas mãos?
-
- Em que posição está?
Material
- O que mais há nela?
MACHADO, Ana Maria. Um auiao e uma viola. Ii. de Gian Calvi. São
- O que o gato está fazendo?
Paulo, MeÌhoramentos, 1982.
- O que há em voÌta do quadro?
. O tlomador de monstros. Il. de Arthur Henrique Braga. Rio de Janei- Depois de verificadas as semelhanças e diferenças entÍe as duas
ro, EBAL, 1980. ilustrações, o professor diz as legendas, para que as crianças façam o
(Jma boa cantoria. Il. de Arthur Henrique Braga. Rio de Janeiro, mesmo jogo de identificação. Nas proximas duas páginas, e seguintes' as
-.
EBAL, 1980. próprias crianças (se já estìverem alfabetizadas) assumem o papel de lei-
tores-pe rguntadores.
Objetivo Chegados ao desfecho, inventam outras duplas de palavras com
Proporcionar à criança possibilidades de desenvolver seu potencial sons parecidos. através da brincadeira "Descobrìndo palavras"' O pro-
lingüístico. fessor inicia o jogo, dizendo uma paÌavra ou uma seqüência de palavras.
o aluno que descobrir outra palavra ou seqüência parecidas diz bem al-
Procedi mentos didáticos
to, inventa a próxima palavra ou seqüência e pode sair para o pátio' A
Constataçâo de uma carência brincadeira termina quando todos tiverem descoberto a sua palavra e
O professor, através de observação do comportamento verbal da estiverem no pátio.
turma em várias ocasiões, percebe que as crianças tém dificuldade em Em outra ocasião, o professor lè O domador de mctnstros com (ou
reproduzir histórias e criar novas situações a partir das narrativas lidas para) as crianças, mostrando as ilustrações. A seguir, pede que recontem
ou ouvidas. a história a partir das ilustrações, observando as alterações que sofre o
Para conscientizar os alunos dessa carêncìa, o professor propõe monstro e as reações do menino. Relê o texto e solicita que o compa-
uma brincadeira: "Quem quiser que conte outra". Ele conta uma história rem com a versão anteriormente produzida. As crianças deverão consta-
omitindo o final e pede que os aÌunos a reproduzam oralmente, inven- tar a presença da estrutura repetitiva e constantemente aumentada. A
tando um desfecho. Depois disso, retoma a história, levando-os a relatar partir dessa constatação, brincam de "Corrente-pra-frente": sentam em
os fatos prlncipais com base nas ilustrações, e 1ê o final. A seguir. dÍscute semicírculo e o último diz:"Eu conheço um monstro que tem um ' ' "'
com a turma quais as diferenças entre as versões e os finais. As crianças O seguinte repete calactelística. Íìcando a
a frase e acrescenta uma nova
perceberão que a segunda etapa produziu histórias mais liéis ao livro oÍi- frase assim: "Eu conheço um monstro que tem um ' e dois ' ' '' A
ginal e o seu desfecho tem mais ligação com os acontecimentos da corrente continua, somando novos atributos em ordem numérica cres-
narrativa. O professor sugere, então, à turma, uma atividade que os leve cente até chegar ao primeiro aluno. Quando uma criança tiver dificulda-
a inventar histórias. Fica combinado que no fim do trabalho cada aluno de de reproduztr/aumentar a seqüência. as demais a ajudam'
deverh corrtar uma histórla e, se quiser, representáJa através de outras Em outra auia, o professor lê para/com os alunos Uma boo canto-
linguagcrrs: mímica, modelagem, desenho, construçâo com sucata, pin- seguir, propõe a brincadeira "Todos
ría, çom apoio nas ilustrações. A
tura, música, teatro, história em quadrinhos, cineminha, etc. juntos". Os alunos se dividem em grupos, conforme as profissões e o
número de pessoas que as integram. um aluno é o cantador e outro o
Coleta desordenada de dados rei. A classe, antes, desenha no chão o mapa do reino. localizando o cas-
, teio ,jr-. rei e o riajeio rlos çat'itadores. Os grupos se postam cada uttt tttr
!_._. .--.:_.:..... ! !' = .:t)r,'.,ì:iri(ìsonrimeiroDersonaq,em.obtlilttlctto.


e ambos cantam juntos a fala do texto. os dois prosseguem até o segun-
Dirulgação do trabalho
do grupo, que se une a eles, cantando junto e assim por diante até a po_
pulação inteira chegar ao castelo. Diante desse, o cantador desafia o rei: A cÌasse. terminada a atividade criadora, disporá de uma série de
Se cantar é proibido
lristórias para contar. De acordo com o projeto elaborado, essas histó-
Como saio desta agora
rias terão uma destinação que pode ser: os próprios colegas de turma.
Vou dizer ao pé do ouvido colegas de outras tuÍmas, amigos da úzinhança, pais e outras pessoas
próximas.
É mandar o rei embora
O rei improvisa uma resposta, tentando explicar a proibiçao. Se a As formas de apresentação poderão ser: contar a história oralmen-
população aceitar, o jogo termina aqui. Se nao, outro eleme'to do gru- te. ao ar livre ou em ambiente fechado, acompanhada de fantoches,
po responde ao rei, desafiando-o de novo. A brincadeira prossegue até bonecos de argIla, maquetes, painéis llustrados, salas-ambiente, atores-
que o rei se renda. crianças executando mímicas. televisão ou cinema de manivela. etc.;
editar artesanalmente a história sob forma de livro, revista. jornal, folhe-
Elaboraçâo interna dos dados to (de cordeÌ ou comum), cartaz(es), á1bum seriado, fascículos. com ou
Esta etapa se desenvolve paralelamente às ativiclades propostas na sem ilustrações, representar como no teatro, no cinema ou na televisão,
anterior. o professor pode estabeleceÍ prazos com as criarças para a ela- etc.
boração de um projeto de narração de histórias pela turma. A medida
que esta fase vai se desenvolvendo, as crianças vão tentlo cada vez mais
5.4.2 - CURRICULO POR ÁREAS
clara a idéia daquilo que pretendem contar.
Conteúdo
Conslituiçâo do projeto criador Experiências com linguagem
Em conversa informal com as crianças, o professor indaga sobre o
que desejam contar, como e para quem. Também pergunta se querem Material
inventar uma história todos juntos. em grupos ou individualmente. A CAPARELLI, Sérgio. Resíos de arco-íris Porto Alegre. L & PM' 1985'
partir das idéias que as crianças expressarem, o professor as orienta no (Col. Jovem L & PM, 3)
sentido de elaborarem um roteiro de trabalho que preve.ja:
1) material de que irão necessitar. Objetivo
2) técnicas de trabalho adequadas ao material: Proporcionar ao estudante possibilidades de desenvoll'er seu po-
3) praz-o de conclusào; tencial lingüístico'
4) formas de divulgação.
Procedi mentos d idáticos
Elaboraçâo do material Constataçâo de uma carência
A turma se põe a realizar o projeto de acordo com o que lbi pla- ocontato iilformal do profcssor conl a tuÍlÌla perrnite que perce-
rrejado. o trabalho é executado sob a orientação do professor no senti- ba o interesse de seus alunos prlr assuntos anlolosos, bem como uma
do de conveniente utilização do material e de informação sobre técnicas grande inibição em manilestar e sscs sctttitrìctìtos. Enl vista disso. sugere
disponíveis. os projetos individuais ou coletìvos podem ser de natureza que ouçam o programa cie recadcls nas rádios locais e anotem aqueles
diversa: uma história com personagens modelados em argila. uma histó- que achem mais interessantes. No dia seguinte, as anotações são discuti-
ria com cenas descritas em painéis ilustrados, uma história em versos das em grande grupo e observa-se a grande incidência de textos que
declamados oralmente, uma história cantada, uma história em quadri- falam de amor ou amizade. o proÍèssor propõe que cada um escleva
nhos em lbrma de revista. uma história em forma de livro. etc. Em cada uma mensageÍn paÍa alguém que ama, a fim de mandar para a rádio.
caso. o professor deverá instruir o(s) aÌuno(s) clos meios para obter o Adverte, porém, que os alunos devem criar textos diferentes dos anota-
A-.=:.-)--.-.."..1 .!..* .., .- ...^1t .-
-...,1,,+-
dos. Ìija execuça,,,ja iareía, ils alunos evidenciam suas dificuldades de
.-.,--..,..,.;,-
!.\v:!jjj!j -.... i:; . ,Ì:-í':i'rrrì r \nsesf ão do orofessor dg desenvolverem
'75
i
il

Elaboração interna dos dados


uma série de atividades para chegarem a elaborar mensagens tão criativas Esta etapa ocorre simultânea com as atiúdades da anterior. Com
quanlo as melhores que ouviram. o desenvolvimento do trabalho, os alunos vão reunindo material lingüís-
tico e poético sobre o tema que está sendo tratado. A fase final da cole-
Coleta desordenada de dados ta incentiva o insight de que as relações amorosas incipientes podem ter
Para ìniciar as atividades, o professor trazpara a sala de aula a mú- expressão social sem constrangimento.
sica Jogos de amor, dos Paralamas do Sucesso. Os alunos ouvem as can-
Constituição do projeto criador
ções e anotam os versos que mais os comovem. Ao mesmo tempo, rabis- Ao término da leitura com fundo musicaÌ, os alunos decidem, em
cam e iÌustram o papel de forma livre, cantarolando a música : o professor pequenos grupos ou individualmente, como Podem expressar seus senti-
sugere que, à medida que a audição se desenvolve, cada um anote frases e a quem. Partem, então, para a elaboração de um
mentos amorosos
ou fragmentos de frases que lhe venham à mente. uma pessoa muito especial para eles.
texto que deve ser enviado a
Terminada a audição, os alunos comparam as transcrições e obser- Para a consecução desse alvo, o professor solicita que os gÍupos
vam os rabìscos produzidos. Por instruçâo do professor, prestam aten- planejem o que deverão faznr, passo a passo, a partir des-
ou indíviduos
ção a repetições. Em pequenos grupos, sentados no chão, à vontade, dis- te roteiro:
cutem as idéias, imagens ou palavras que mais os impressionaram, sejam
1) Qual o conteúdo da mensagem?
eÌas provenientes da música ou da própria paÌavra.
2) Como será expresso esse conteúdo?
Em outra aula, o professor solicita a leitura de Reslos de arco-írís
3) A quem a mensagem se didge?
para a semana seguinte, recomendando que sublinhem no texto versos
4) Como será transmitida ao destinatário?
ou estrofes que sentirem como mais significativos, a fim de discutiios 5) Qual o pÍazo para o envio da mensagem?
posteriormente. Podem, também, anotaÍ no caderno os fragmentos ou
os poemas de que goslaram nrais. Elaboração do material
Na ocasião marcada, os alunos efetuam, no quadro, um Ìevanta- Os grupos ou indivíduos registram o que querem dizer ao destina-
mento de versos, estrofes e poemas com maior incidência de escolha. tário e as formas de chegar a ele. Por exemplo:declarações de amor,
debatendo os motìvos por que os preferiram. convites para sair juntos, convites para uma festa em casa, pedido de ex-
Retomancio a leitura em outra aula, o professor propõe um enig- plicações, poemas de amor, letras de músicas românticas, gralìtìs em
ma com reÌação ao livro: "Como o herói resolve seus problemas com muros, bilhetes em quadro mural, recados para correio sentimental de
Mariana?" A turma reÌê a obra e busca evidências para a resposta. jornais e revistas, pedidos de troca de correspondência, mensagens para
Em pequenos grupos, as evidências são reunidas e uma resposta é álbuns e diários, etc.
formulada, com base nelas. Numeram-se os grupos e, aos pares, trocam- Depois, recolhem todas as anotações realizadas durante a coÌeta e
se as respostas. senl as evidências. Cada grupo lê a resposta do outro e selecionam maneiras de dizer em verso ou prosa. Elaboram o rascunho
prepara questões indagando as razões da resposta que tem em mãos, re- da mensagem e mostram a colegas mais íntimos, se desejarem uma opi-
lacionando-a com o texto lido. Num segundo momento, estabelece-se o nião sobre a mesma. Os rascunhos são passados a limpo de acordo com
debate inter-grupos, devendo cada um justificar sua posição a partir das o canal de transmissão: cartão, carta, bilhete, texto datilografado ou
cluestões do outro. manuscrito. etc.
Em outro momento, o professor reproduz o poema "Se os hibis-
cos", de rResrr.rs tle urco-tis, e distribui uma cópia para cada aluno. SoÌi- Divulgaçâo do trabalho
cita clue o leiam individualmente, imaginando o que cada um faria na Como se tratam de mensagens pessoais, os interessados se encaÍre-
mesnìa situação. Enquanto isso, toca na eÌetrola ou gravador o Concertct gam de transmitilas pelo canal escolhido. O professor poderá orientar o
pura cluritrt'Íc. de Mozart. ent volume médlo. Ao término da leitura. encaminhamento, ensinando técnicas relacionadas com coÍÍeio, conta-
cada ur-u dcvcrá rcgistrar suas sensações no caderno. tos telefônicos, e outras que se fizerem necessárias. Fica combinado que
aqueÌes que se sentirem à vontade poderão comentar as respostas ou
reacões percebidas.

'71
grupo permitirá preencher o roteiro elaborado, de modo iì prcparilt-sc
5.4.3 - CURRICULO POR DISCIPLINAS
um documento para apresentação ao grande grupo.
Conteúdo A atividade seguìnte consiste na organização de um paincl corrsli.
Experiéncias com linguagem tuído por um representante de cada grupo, que fará uma exposiçiìo clos
resultados alcançados. Após a apresentação, o glande grupo debatc os
Material temas elaborados, com os painelistas, sendo esses auxiliados por colegas
IBSEN, Henrik. Um inimigo do povo. Rio de Janeiro. Globo, 1984. de seu grupo sempre que necessário.
GOMES, Dias. O santo ínquérilo. Rio de Janeiro, CiviÌizaçâo Brasileira, Dado o resultado polêmico do painel, os alunos partem para a
1966. ponderação das atitudes individuais dos heróis e vilões de cada história.
VERISSIMO, Erico. A vida de Joana d'Arc. 10. ed. Porto Alegre, Glo- tentando situálas como relações sociais conflitantes. Essa apreciação
bo, 1978. poderá ser efetuada sob forma de um júri simulado ou por ataque/defe-
sa, como em certas entrevistas de teleüsão, conforme os alunos prefi-
Objetivo ram, ou por outra técnica de cunho judicativo. como juízes e peritos,
ProporcÌonar ao estudante oportunidades de desenvoÌver seu por exempÌo. Qualquer que seja o caso. os tres grandes grupos se subdi-
potencial lingüístico. üdem em acusadores X defensores e. a partir da releitura de seu texto
respectivo, Ìevantam evidências para sustentar as afirmações da acusação
Procedi mentos d idáticos e da defesa.
Cpnstataçâo de uma carência Terminada a fase de "instrução do processo", cada grupo, man-
O professor aproveita, para debate em sala de aula, situações esco- tendo a subdivisão, encerra o julgamento para os dois outros, que assu-
lares em que tenha ocorrido impedimento de os alunos expressarem seu mirão o papel de jurados ou de pÌatéia a ser persuadida. Para a encena-
descontentamento com alguma norma ou ordem estabelecida. O debate é ção, sugere-se que o professor pesquise com os alunos do gÍupo, em
dirigido no sentido de permitir aos alunos que exteriorizem suas opini- situação rea1, as etapas a serem cumpridas. Por exemplo, observar uma
ões e busquem formas de encaminhar suas reivindicações. O professor entrevista de ataque/defesa na televisão, compareceÍ a uma sessão do
sugere que, nas aulas de literatura, as leituras sejam orientadas para a ex- tribunal de júri, etc.
ploração de temas que digam respeito a controle ideolôgico, de modo
que a turma amplie as opções discutidas. Elaboração interna dos dados
A etapa se realiza concomitantemente ao desenvolvìmento das ati-
Coleta desordenada de dados vidades anteriores. Ao concluir a fase final da coleta, é possível que a
O professor apresenta os títulos de Erico Verissimo, Dias Gomes e turma esteja em situação propícia para atingir o insight do que tem a fa-
Ibsen, solicitando que os alunos Ìeiam as obras para a realização da lei- zet paÍa dar voz a suas reiúndicações, pesando prós e contras e valendo-
tura, divide a turma em três grandes gupos, ficando cada um encarrega- se de argumentos baseados em fatos e não em emoções.
do de ler uma das obras, em horário extraclasse. Enquanto isso, na sala
de aula, o grande grupo organiza um roteiro de referência para direcio- Constitui$o do projeto criador
nar a leìtura. Este roteiro deve conter alguns itens básicos que o profes- Ao término do julgamento das obras lidas, o professor propõe que
sor sugerirá, caso não surjam na discussão coletiva: a turma, coletivamente, planeje um meio de expressar sua reivindicação,
l) Personagens perseguidores e personagens perseguidos tentando evitar que um processo de perseguição a afete, ou que haja
2) Razões histórico-sociais da perseguição dano físìco à instituição a qual aimpediu de manifestar-se. Para a orga-
3) Conflitos estabelecidos entre os dois grupos de personagens nização do projeto criativo, os aÌunos voltarão às obras, recolherão es-
4) Formas de solução dos conflitos tratégias de ação e, então, preverão os seguintes passos:
5) Tomada de posição do leitor 1) Conteúdo a ser expresso
Terminada a leitura individuai, os três grupos se reúnem para 2) L-evantamento de argumentos pró e contra
comparaÍ e discutir as idéias sugeridas pelos textos. O consenso do 3) Linguagem expressiva a ser utilizada

79
4) Análise das possíveis reações do destinatário
6) Modos de aPresentação
7) Prazo para realização do projeto

Elaboraçâo do material
Empequenosgrupos'osalunoscriam,atravésdediferenteslin-
guugens, alternativas para encaminharem sua reiúndicação, obedecendo
á tãao, os requisitos de seu projeto. Suponha-se que as alternativas
panto-
sejam discurso, cartazes, painéis, passeatas, malhação-do-judas,
mima.
Apresentadas as alternativas, a turma examina a efiçâcta de cada
uma deias, descartando as menos factíveis e escolhendo as que puder
levar a efeito com os recuÍsos materiais e humanos disponíveis'
Nas aulas seguintes, cada alternativa tetâ seus passos e materiais 6 - MÉTODO RECEPCIONAL
preparados. Finalmente, elas serão escalonadas segundo seu teol de for-
ça persuasiva e realizadas
pela turma.
6.1 - Fundamentação teórica
Divulgação do trabalho
As diferentes mensagens elaboradas pelo grande grupo gão apre- O Ínétodo recepcional é estranho à escola brasileira' em que a

sentadas, na ordem preestabelecida, a colegas de outras turmas, a


pro- preocupação com o ponto cÌe vista do Ìeitor não é parte da tradrção Via
fessores, funcionárìos, administradores e, eventualmente, à comunidade' r:Ì. ,.gr.. os estudos literilrios nela tenr se dedicado à expÌoração de tex'
tos e de sua corltextualização espaço-temporal, nurn eixo positivista
O
na dependência da extensão do tema das reivindicações'
relativismo cle interpretação e. portanto. de leitura não é tópico de con-
sideraçâonoâmbitoaca<]ênlico.oqueseexplicapelatendêrrciaao
autoritarismo da prÓpria cultura brasileira. que endeusa seus expoelltes'
temerosa de exPò'los à crítica.
ométoclorecepciotlalnâosesubmeteaessatradiçãodonlitlante.
"relativismo histórico e
uma vez que sua base teorica delende a idéia do
cultural. 1a qu. está fundarnentalmente convicta da nlutabilidade dos
objetos. b.n]-.o,-,ru da obra liteLária. dentro do processo historico" (Fok-
kema&Kutine-Ibisch.19]]:|38).Seohistoricismopositivistaen-
telìde os feilòmenos ÌíterárÍos como cleterminados pelos Íàtos sociais
nunia relaçÍo cle origem uniÌateral. enl que a obra é senlpre conseqüên-
éo
cia e nunca causa. o conceito cÌe hrstoricidade da teoria recepcional
de relaçào cle sislemas dc erentos complrados num lqui-e-agora espe-

cífico: a obra é um cruzamento de apreensões que se Íìzeram e se


íì-
zem dela nos vários contextos históricos em que ela ocorreu e no
qtlc

iìgora e est ud ad a .

Nessesentido'discute.seopróprio'conceitodeliteraturacottttl
um sistema de sentido fechado e definitivo*.] que ela indubitavelmerttc
ó

dimensão da sua lci'


enquanto simples objeto escrito. ane"undo-se-lhe a
tllra como nârte inerente a tal sistema. o que resulta na abertttra tlcsse
,-*:: r!rrõeE irí-ìm c mundo histórico extratexto.
A recepção é concebida, pelos teoricos alemães da Escola de A atitude de interaçâo tem como pré-condiçâo o falo de que [ex-
constança, como uma concretização pertinente à estrutura da obra, tan- to e leitor estão mergulhldot.. horizontes históricos. muitas vezes dis-
to no momento da sua produção como no da sua leitura, que pode ser tintos e defasados, que precisam fundir-se para que a comunicação
estudada esteticamente, o que dá ensejo à denominação da teoria de esté- ocorra. São estes os quadros de referências antes aludidos, a que Hans
tica da recepçõo. A noção de concretização é derivada dos trabalhos do Robert Jauss chama de horizontes de expectativas, os quais incluem
polonês Roman lngarden, na década de 30, e do tcheco FeÌix Vodiòka todas as convenções estético-ideológicas que possìbilitam a produção/
na década de 40. Para lngarden, o exame do modo de ser da obra literá- recepção de um texto (cf. 197 l: 74-7). Regina Zilberman arrola as
ria descobre que ela é uma estrutura lingüístictl-imaginária, permeada de seguintes ordens de convenção constitutivas do horizonte de expectati-
pontos de indeterrninação e de esquemas potenciais dc impressões sen- vas através do qual o autor/leitor concebem e interpretam a obra:
soriais, os quais, no ato de criação ou da leitura, sâo preenchidos e atua- "- social, pois o indivíduo ocupa uma posição na hierarquia da
lizados, transformando o que era trabalho artístico do criador em obje- socìedade;
to estético do leitor (cf. Ingarden, 1973).Para Vodiòka, a obra é um sig- "- intelectual, porque ele detém uma visão de mundo compati
no estético dirigido ao leitor, o que exige a reconstituiçâo Iristórrca da vel. na maior parte das vezes, com seu lugar no espectro social, mas que
sensibilidade do público para entender-se como ela se cottcrctiza. A con- atinge após completar o cicÌo de sua educação formall
cretização, nesse caso, seria operada por meio de avaÌiaçoes que o lei- " - ideológica, corÍespondente aos valores circulantes no meio,
tor atribui à obra-signo em sua consciência a partir de deterrilinaãa nor- de que se imbui e dos quais não consegue fugir;
ma estética vigente. Por isso, as concretizações de um texto se modifica- "-
lingüística, pois emprega um certo padrão expressivo. mais ou
riam constantemente, segundo a sociedade avaliasse naquele momento a menos coincidente com a norma gramatical privilegìada, o que decorre
obra e seus temas e procedimentos estruturais (cf. Vodiòka, 1918 299' tanto de sua educação, como do espaço social em que transita;
300). "- literário, proveniente das leituras que fez, de suas preferências
As idéias de lngarden e vodiõka são reformuÌadas por teóricos e da oferta artística que a tradição, a atualidade e os meios de comuni-
posteriores, que entendem o processo de concretização como interação cação, incluindo-se aí a própria escola, lhe concedem'" (1982: 103)'
do leitor com o texto, em que este atua como pauta e tudo tl que Ilão Acrescentem-se aos fatores acima os de ordem afetiva, que pro-
diz ou silencia cria vazios que forçam aqueÌe a interlìrir criadoramente vocam adesões ou rejeições dos demais. e ter-se-á idéia da complexi-
no texto, a dialogar com ele, de igual para igual, num ato de comunica- dade e importância da noção de horizonte dentro da estética da recep-
ção legítimo. "A maior e rnais ôbvia
diferença entre a leitura e todas for- ção.
mas de interação sociaì é o fato de que com a leitura não há a situação No ato de produção/recepção, a fusâ'o de horizontes de expecta'
face-a-face. ( ) O leitor, contudor nunca pode saber do texto o quão tivas se dá obrigatoriamente, uma vez que as expectativas do autor se
precisas são suas apreensões sobre ele. (... )Nãohá quadLo de referên- traduzem no texto e as do leÌtor são a ele transferidas. O texto se torna
iiu, qu. governe a relação textoJeitor; ao contrário. Os c(trligos que o campo em que os dois horizontes podern identificar-se ou estranhaÏ-
poderiam reger tal interaçiìo sâo fragmentados no texLo e primeiro pre- se. Daí poder-se tomar a relação entre expectativas do Ìeitor e a obra em
airu* tar reagrupadoS ou, na maioria dos casos, reestruturados anles sì como parâmetro para a avaliação estética da literatura. Segundo
..se
que se possa estabelecer qualquer quadro de referências" (lser, 1980: Jauss, chamamos distância estética a diferença entre as expectativas
166). e a forma concreta de uma obra nova, que pode iniciar uma'modifica-
ção de horizonte" rechaçando experiências familiares
ou acentuando
O quadro de referências que permite a conrunicação entre dois
parceiros sociais é constituído pelas indicações e perguntas que cada outras latentes. esta se materializa na variedade das reações do público e
ialante faz a seu interlocutor para asseguÍar-se de que está controlando dos juízes da crítica (êxito espontâneo, desprezo, provocação, aprova-
ou tardia, etc.)"
a fluência comunicativa. com a obra e o leitor isso não é possíve1, uma ção esporádica, compreensão cada vez mais crescente
vez que a obra fornece pistas a serem seguidas pelo leitor, mas deixa (1971:77). Portanto, a valorização das obras se dá na medida em que,
muitos espaços em branco, em que o leitor não encontra orientação e em termos temáticos e formais, elas produzem alteração ou expansão
precisa ntobilizar seu imaginário para contìnuar o contato' do horizonte de expectativas do leitor por oporem-se às convenções
coirhecidas e aceitas por esse. Uma obra é perene enquanto consegue
elementos de sua cultura e seu tempo, a inclui ou não como componen-
continuaÍ contribuindo para o aiargamento dos horizontes de expecta-
te de seu horizonte de expectativas, mantendo-o como era ou preparan'
tivas de sucessivas épocas.
do-o para novas leituras de mesma ordem, para novas experiências de
A atitude receptiva se rnicia com uma aproximaçâo entre texto e
ruptura com os esquemas estabelecidos. Quanto mais leituras o indiví-
leitor, em que toda a historicidade de ambos vem à tona. As possibilida-
duo acumula, maior a propensão para a modificação de seus horizontes.
des de diálogo com a obra dependem, então, do grau de identificaçâ'o
porque a excessiva confirmação de suas expectativas produz monotonia,
ou de distanciamento do leitor em relação a ela, no que tange às con-
que a obra "difícil" pode quebrar.
venções sociais e culturais a que está vinculado e à consciência que delas
A ênfase na atitude receptiva emancipadora promove a contínua
possui.
reformulação das exigências do leltor quanto à literatura bem como
Se a obra corrobora o sistema de valores e normas do leitor, o ho-
quanto aos valores que orientam sua experiência do mundo. Assim sen-
rizonte de expectativas desse permanece inalterado e sua posição psico-
do. a ativìdade de leitura fundada nos pressupostos teóricos da estética
lógica é de conforto. Nâ'o admira que a literatura de massas' pré-fabrica-
de recepção deve enfatizar a chamada "obra difícil", uma vez que nela
da para satisfazer a concepção que o leitor tem do mundo dentro de
reside o poder de transformação de esquemas ideológicos passíveis de
uma certa classe social, alcance altos níveis de aceitabilidade. Por outro
crítica. o caráter iluminista dessa teoria, que no fundo pretende investir
lado. obras literárias que desalianr a conrpreensã(ì. Por sc ufusturem do
a Ìiteratura de arte de uma forma revolucionária, capaz de afetar a His-
que é esperado e admissível pelo Ìeitor. lreqiietltcrrterltc o repelem. ao
tória. insiste na qualificação dos leitores pela interação ativa com os tex-
exigirem Lrm csfìtrço de irtteraçÍo demasiado contlitivtl colÌì setr sistenta
tos e a sociedade.
de referências vitais. Toclavia. a obra emancipat(tria perdum nlais tt<l
ternpo clo que a conforrnadora. devendo haver tttnr jtrstlficlçJo plrl tl
investintento de encrgias psícltlicas na cOrtiunicaçâtl quc estabelece com Objetivos e critérios de avaliação
6.2 -
o sujeito. Diante de um texto que se distancia dc seu Ìtorizonte de
expectativas. o leitor. além de responder aos desafios pol mera curiosi- da estética recepcional à pedagogia da literatura prevê
A aplicação
dade ante o novo. precisa adotar uma postura <le tlisponibilidade, pernú- dos pressupostos teóricos já citados à prática escolar da
a transferência
tindo à obra que atue sobre serÌ esquema de expectativas através das leitura. Assim como se reflete sobre o fenômeno literário sob a ótica do
estratégias textuais intencionadas para a veiculação de tlovas conven' atuante do processo, o método recepcional de en-
Ìeitor como eÌemento
ções. sino funda-se na atitude participativa do aluno em contato com os dife-
O reconhecimento dos procedirnentos textuais que atraenl o let' rentes textos.
tor a um pacto com a obra "difícil" se dá por uma tonradl clc ctlnsciôrl- Partindo do horizonte de expectativas do grupo, em termos de
cia cla distância entre a própria visão de mundo e a da obra. que pode
interesses literários, determinados pol suas vivências anteriores, o pro-
ser facilitada pela análise de sua composição estética <lu ideolÓgica. Esse
fessor provoca siluações que propiciem o questionamento desse hoÍi'
momento requer certa forrnação do leitor. clue o fanriliarizc com as rìor- zonte. TaÌ atitude implicaria um distanciamento do estudante, uma vez
mas de produção dessa espécie de obra.
que revisa criticamente seu próprio comportamento, redundando na
Ele precisa conhecer o genero. parr pereebcr rs irtovllçoes dt-r ler-
Íuptura do horizonte de expectativas e seu conseqüente alargamento.
to individual. as formas e temas de obras famosas atlteriores. pala captar
com o ajustamento a essa nova situação, o passo seSuinte é a oferta
as dilerenças de tratamento e a oposiçâo entre uso poclico ou prático pelo professor de diferentes leituras que, pol se oporem às experiências
da linguagem, para entender sua repercussão sobre as representaçÕes do
ãnteriores, problematizam o aluno, incitando-o a refletir e instaurando
mundo que eles induzem. A capacidade de análÍse. aí iniplicada. se com-
a mudança através de um processo contínuo. como o sujeito é entendido
plementa com a de comparação. que. para alérn dos limites dos textos,
como um ser social, sua transformação impÌica a alteração do comporta-
também deve abranger as pressuposições hist(rricas e culturais extra-
mento de todo o gupo, atingindo a escola e a comunidade'
literárias, pois as mesmas conduzem a certos tipos dc compreensão e
o sucesso do método recepcional no ensino de literatura é assegu'
valoração.
rado na medida em que seus objetivos com relação ao aluno sejam
O processo de recepção se compÌeta quando o leitor. tendo com'
aÌcançados, a saber:
paÍado a obra emancipatoria ou conformadora com a tradição e os

85
84
I) Efetuar leituras compreensivas e críticas e representa uma determinâda organização de sentidos, efettracla atra-
ssa
2) Ser receptivo a novos textos e a leituras de outrem vds de procedimentos de composição, que restringem as possÍbrlidadcs
3) Questionar as leituras efetuadas em relaçâo a seu próprio tlc interpretação aos recortes lingüísticos, formais ou ideologicos ncla
horizonte cultural crecutados. Nessa medida, por ser unÌa estrutura organtzada de sentidos
4) Transformar os próprios horizontes de expectativas bem como possíveis, permite ao leltor uma interação direcionada, na qual eìe reco-
os do professor. da escola, da comunidade famiÌiar e social nhece os significados que the são famiÌiares ou enfrenta cls desconheci-
O método recepcionaÌ de ensino de literatura enfatiza a compara- tlos, rnas com indicações que o auxiliam a aceitar ou pelo menos criticar
ção entre o familiar e o Íìovo, entre o proximo e o distante no tempo e () rìovo e, ao rnesmo tempo, situar aesse em relação âo que já aceita ou
no espaço. Por conseguinte, sâo sempre cotcjados textos que pertenceÍr passa a rejeitar.
ao arsenal de leitura do grupo com outros lextos, documentos de outras O processo de recepção se inicia antes do contato do leitor com o
épocas, regiões e classes soclais, em dilèrentes nívcis de estilo e abordan- texto. O leitor possui um hori.zonte que o limita. mas que pode trans-
do temáticas variadas. O processo de trabalho apóia-se no debate cons- lìrrmar-se çontinuamente. abrlndo-se. Esse horizonte é o do mundo de
tante. em todas as suus formas:orll e escrito. c()nsrB() rÌìesmo. com os srra vida, com tudo que o povoa: vivências pessoais, culturais, sócioìlis-
colegas. corn o prof'essor e com os membros da conrunidade. A materia- trlricas e normas Íilosóficas. religiosas, estéticas. jurídicas. ideológicas.
hzação desse constante fazer presentifica-se na produção de textos pelo rlue orientam ou explicam tais vivências. Munido dessas referências. o
estudante, os quais passam a tonìar parte do acervo a ser questionado. srrjeito busca inserir o texto que se lhe apresenta no esquadro de seu ho-
Desenvolvem-se, assim, as noções de herança e participação histórico- rizonte de valores. Por sua vez, o texto pode confirmar ou perturbar
culturaì. O método é, portanto, eminentemerrte social ao pensar o sujei- csse horizonte. em termos das expectativas do leitor, que o recebe e
to em constante interação com os demais, através cìo debate. e ao aten- julga por tudo o que já conhece e aceita. O texto, quanto rnais se distan-
tar para a atuação do aluno como sujeÍto da Historia. cia do que o leiior espera dele por hábito, mais altera os Ìimites desse
Os critérios de avaliação a serem empregados pelo professor, ten- horizonte de expectativas, arnplìando-os. lsso ocorre porque novas pos-
do em mira os princípios que dirigem o método rccepciorral. abrangem sibiliiiar.les de viver e de se expressar foram aceitas e acrescentadas às
a dinâmica do processo e cada leitura do aluno. No deserrvolver dos tra- possibilidacles de experiência do sujeito. Se a obra se distancia tanto do
balhos, esse deve evidenciar capacidade de comparar. e contrastar todas rlue é famiìiar que se torna irreconhecível, não se dá a aceìtação e o ho-
as atividades realizadas, questionando sua propria atuação e a de seu riz,onte pernÌanece imovel. Deperrcle, portanto. da criação ou da nature'
grupo. A resposta finaÌ deve ser uma leitura mris exigerrtc que a inicial z.u do texto a sua lntegração ou não ao universo vivencial do leitor'
em termos estéticos e ideológicos. Quanto mais ele corrobora as tlornìas ctrculantes na sociedade do lei-
tor. nÌenos causii estranheza e se torna também irnperceptível, o que
rnantém o horizonte igualmente irtalteradtr. É por isso que o papel do
6.3 - Etapas de desenvolvimento: técnicas lcxto, no processo receptivo, é fundamentaÌ. Sua construção precisa
irrcluir espaços em que a criatividade do leitor possa atuar e seja estimu-
A literatura nâo se esgota no texto. Completa-se no ato de leitura lrrtla a fazê-lo. Nesse sentido, o texto não pode fornecer uma imagem
e o pressupõe, prefigurando-o em si, através de indícios do comporta- totalmente acabada do universo temático, pois, se o fizer, barra o in-
nìento a ser assumido pelo'leitor. Esse, porém, pocle submeter-se ou grcsso clo leitor em si mesmo ou tiraniza de tal modo o seu receptor
não a tais pistas de leitura, entrando em diálogo com o tcxto e fazendo- tlrre não lhe deixa lugar para a interpretação. Deve predispô'lo, pois, a
o corresponder a seu arsenal de conhecimentos e de interesses. O pro- rilocliíìcar seu horizonte, trabalhando os temas contestaclores com alto
cesso de recepção textual, portanto, implica a participação ativa e lcur de verossimiÌhança e coerôncia. Por outro lado. essa tarefa de rup-
criativa daquele que lê, sem conì isso sufocar-se a autonomia da obra. trrra clo texto não se viabiliza se não houver uma contÍapartida no sujei-
Diferentes tipos de textos e de leitores interagem de modos imensamen- (o. ou seja, se eÌe não se dispõe a ter seu universo estável abalado de al-
te variados. O sujeìto, ao defrontar-se com o texto, traz consigo toda gruna lbrma e não percebe nesse alargamento a rcalização de algo dese-
sua bagagem de experiências lingüísticas e soclais, que deve mobilizar a lrrrio ou intuído.
partir das provocações e lacurras que a obra lhe propõe. Por sua vez,

86
A transformação do horizonte de expectativas, no caso de um es- Na segunda alternativa, o professor precisa percebeÍ os elementos
tudante, alvo primeiro do método recepcional de ensino de literatura, temáticos ou estruturais que atraem a atenção e o prazer de seus alunos,
depende, pois, da operacionalização de alguns conceitos básicos:recepti- buscando similares para os mesmos nas obras literárias de que dispõe.
vidade, disponibilidade de aceitação do novo, do diferente, do inusita- Por exemplo, se a classe aprecia espetáculos de humor peÌa televisão, o
do;concretizaçao, atvalização das potencialidades do texto em termos livro a ser sugerido deve conter ou histórias humorísticas ou recursos de
de vivéncia imaginativa; ruptura, ação ocasionada pelo distanciamento
construção que provoquem o riso. Se fi1mes de ficção musicaÌ estão
crítico de seu próprio horizonte cultural, diante das propostas novas fazendo sucesso, os livros a serem trabalhados podem conter passagens
que a obra suscita; questìonamenlo, revisâ'o de usos, necessidades, inte-
ern que a música jovem apareça tematizada.
resses, idéias, comportamentos; assl'rnilaçao, percepção e adoção de
Sobre as atividades, pode-se propor técnicas em que a turma já
novos sentidos integrados ao universo vivencial do irrdivíduo.
evidencÌou domínio e satisfaçào. É o caso de trabalhos em gÍupo poste-
O planejamento de unidades de ensino através do método recep- riormente apresentados ao grande grupo, debates. brinquedos de roda,
cional deverá prever os esquemas conceituais antes discutidos. Na sala jogos competitivos. excursões. Evidentemente. a atividade não.deve ser
de aula, o piimeiro purrìdo professor seria o de eletuar a tletermfuaçao
repetitiva e sim aproveitar a forma familiar. variando os passos ou finali-
do horízonte de erpectotivas da classe, a fim de prever estratégias de dades.
ruptuÍa e transformação do mesmo. Esse horizonte de expectativas con- A próxima e|apa é a de rupturd clo horízonte de expectativds pela
terá os valores prezados pelos alunos, em termos de crenças, modismos, introdução de textos e atiúdades de leitura que abalem as certezas e
estilos de vida, preferências quanto a trabalho e lazer, preconceitos de
costumes dos alunos, seja em termos de literatura ou de vivência cultu'
ordem moral ou social e interesses específicos da área de leitura. As ral. Essa introdução deve dar continuidade à etapa anterior através do
características desse horizonte podem ser constatadas pelo exame das
oferecimento de textos que se assemelhem aos anteriores em um aspec'
obras anteriormente lidas através de técnicas variadas, tais como:obser-
to apenas: o tema, o tratamento, a estrutura ou a linguagem. Entretan'
vação direta do comportamento, pelas reações espontâneas a leituras rea-
to, os demais recursos compositivos devem ser radicalmente diferentes,
lizadas, ou através da expressão dos próprios alunos em debates, discus-
de modo a que o aluno ao mesmo tempo perceba estar ingressando num
sões, respostas a entrevistas e questionários, papel em jogos, dramatiza-
campo desconhecido, mas também não se sinta inseguro demais e rejeite
ções e outras manifestações quanto a sua experiência das obras. O pro- a experiência.
fessor poderá, ainda, examinar as movimentações de títulos através de Por exemplo: se na etapa precedente o humor foi priülegiado,
fichas da biblioteca ou das leituras espontâneas ou de comentários sobre
através de cartuns de jornais, depois recriados pelos alunos, neste
obras em situações informais, escolhas de livros em biblioteca de classe momento oìovo textp e/ou atividade conterá um elemento humorísti-
e salas de leitura, histórias cuja narração é repetidamente solicitada co, nlas não sob forma de cartum e, sim. de crônica e sobre outro tema.
pelas crianças, poesias utilizadas em jogos e brincadeiras, etc.
Outra possibilidade diz respeito ao_j temas, ampliando ou reduzindolhes
Uma vez detectadas as aspirações, valores e familiaridades dos alu- a abrangência ou mantendo-os e mudando o tratamento. Um assunto do
nos com respeito à literatura, a etapa seguìnte consiste no otendimento cotidiano pode ser transformado num de alcance social mais amplo, sem
do horizonte de expectotívas, ou seja, proporcionar à classe experiências perder o teor humorístico. O mesmo tema, antes abordado comicamen-
com os textos literários que satisfaçam as suas necessidades em dois sen- te, pode ser visto a sério e assim por diante.
tidos. Primeiro, quanto ao- gbjeto, uma vez que os textos escolhidos O importante é que os textos dessa etapa apresentem maiores exi-
para o trabalho em sala de aula serão aqueles que correspondem ao gências aos alunos, seja por discutirem a realidade desautorizando as
esperado. Segundo. quanto,\gs_lgtggl-A.s qe ensino. que deverro ser orga- versões socialmente ügentes, seja poÍ utilizarem técnicas compositivas
nizadas a partir de procedimentos conhecidos dos alunos e de seu agra- mais compÌexas. Nessa medida, podem-se ler parábolas como a Revoht'
do.
çõo tlos bichos de G. Orwel, desde que antes se tenham discutido as fá-
Quanto ao material literário, o professor proporá textos cujos te- bulas de La Fontaine, por exemplo. Ou passar da Viagem à aurora tlc,t
mas e/ou composição sejam muito procurados, ou na própria literatura
mundo, de Erico Verissimo, para a Maquíno do tempo, de Wells.
ou em outros meios de expressão, como televisão, quadrinhos, folclore, As experiências de Ìeitura, nesta etapa, também precisam manter
espetáculos, etc. um vínculo com as da etapa anterior que seja garantido pelo material
88 89
literário, mas divergirem quanto às estratégias de trabalho adotadas. maìores, bem como sua capacidade de decifrar o que não é conhecido
Estas não serão repetitivas ou desgastadas pelo uso, apelando nâo só foi aumentada.
paÍa o espírito crítico dos alunos. mas exigindo deles participação no Essa tomada de consciência é uma atitude individual e grupal dos
planejamento das mesmas. A proposta deve representar sempre um próprios alunos. Deve-se salientar que sua verbalização acontece por ini-
desafio por caminhos não percorridos anteriormente pela turma. Por ciativa dos mesmos, sem intervenção direta do professor. O papel do
exemplo, se a classe jamais entrevisJou pessoas-flonte sobre uma obra mestre neste momento é o de provocar seus alunos e criar condições
literária, essa seria uma técnica provocativa. Todavia, se o procedimen- para que eles avaliem o que foi alcançado e o que resta a fazer.
to já foì utiÌizado pelos alunos, não será agora empregado. Conscientes de sua novas possibilidades de manejo da literatura.
A seguir, ocorrerá a etapa de qttestionanterrto do horizorúe de ex- pariem para a busca de novos textos, que atendam a suas expectativâs
pectdtivos, decorrência da comparação entre as duas anteriores. Sobre o amplìadas em termos de temas e composição mais complexos. Desse
material literário já trabalhado, a classe exerce sua análise, decidindo estágio em diante, reinicia-se todo o processo do método, com a ressalva
quais textos, atÍavés de seus temas e construçao, exigiram um nível mais
de que a etapa iniciaì já conta com a participação dos estudantes e'
alto de reflexão e. diante da descoberta de seus sentidos possíveis, portanto, proporciona umâ carga de motivação bem mais elevada.
trouxeram um grau maior de satisfação. Supõe-se, portanto, que os tex- Significa dizer que o final desta etapa é o início de uma nova apli-
tos de meÌhor realização ariística tendem a ser vistos corno difíceis num cação do método, que evoÌui em espiral, sempre permitindo aos alunos
primeiro momento e, devidamente decifrados. a provocar a admiração uma postuÍa mais consciente com relação à literatura e à vida. Alguns
do leitor. requisitós 9{9_bgicgs,rporém, para que o aluno atinja tal estágio de
Executada a análise comparativa das experiéncias de leitura. a clas- atuação. O piinìeiro'bspecto refere-se à quantidade e à qualidade de in-
se debaterá sobre seu próprio comportamento em relaçâo aos textos li- formações que o sujeito recebe, o que exige do professor que esteja pre-
dos, detectando os desafios enfrentados, processos de superação dos parado para selecionar textos referentes. à193!51-1$e do aluno e, ao mes-
obstáculos textunis. tuis como pesquisas empreendidas panr a compre- mo tempo, capazes de romper com ela. O segundolponta para a impor-
ensão de técnicas de composição ou de sentidos. Desse trabalho de tância do desenvolvimento da capacidade d.-ryÍ]glqlqlfg a literalura-e
auto-exame surgirão perspectivas sobre aspectos que ain<ia oÍèrecem os fatores estruturais de seu material por parte dos aÌunos Dessa forma,
diÍ'iculdades. definições de preferência quanto à temática e outros ele- com o aprimoramento da leitura numa peÍcepção estética e ideológica
mentos da literatura, assinr como transposições das situações narrativas mais aguda e com a visão crítica sobre sua atuação e a de seu grupo' o
ou líricas para a orbita da vida real dos jovens leitores. Eqlg é o momen- aluno torna-se agente de aprendizagem, determinando ele mesmo a con-
to de os alunos verificarem que conhecimentos escolares ou vivéncias tinuidade do processo, num constünte enriquecimento cultural e sociaÌ.
pessoais, ern qualquer nível, do religioso ao político, proporcionaram a
eles facilidade de entendimento do texto e/ou abriram-lhes caminhos ETAPAS DO METODO RECEPCIONAL
para atacar os problemas encontrados.
As técnicas para a consecução desses intentos voltam-se para toda 1) Determinação do horizonte de expectativas
a forma de discussâo participativa, seja em pequeno ou grande grupo, 2) Atendimento do horizonte de expectativas
modos de registro de constatações. do fichário ao diário pessoal ou cole- 3) Ruptura do horizonte de expectativas
tivo, implicando a constante retomada dos textos, literiirios ou não. 4) Questionamento do horizonte de expectativas
utilizados nas etapas anteriores e durante o questronarnento, em geral. 5) Ampliação do horizonte de expectativas
Resultante dessa reÍlexão sobre as relações entre leitura e vida é a
írltima etapa do processo. a anpliaçío tlo horizonlc de e.rpeL'totivas. 6.4 Exemplos de unidades de ensino
Tendo percebido que as leituras feitas dizem respeito não só a uma tare-
-
fa escolar, mas ao modo como véem seu mundo, os alunos. nessa fase. CURRICULO POR ATIVIDADES
tomam consciência das alterações e aquisições, obtidas através da ex-
6.4.1 -
Conteúdo
periência com a literatura. Cotejando seu horizonte inicial de expectati-
vas com os interesses atuais, verificam que suas exigências tornaram-se Contos de fadas

90 9t
Material
e comentando os livros expostos. Na oportunidade, as crianças manu-
CRIMM, Jacob & Wilhelm. Joaozútho e Maríazinha. Porto Alegre, seiam os livros, identificam os já conhecidos, atentam paÍa os títulos e
Kuarup,1985. ilustrações, lêem fragmentos das obras. No final da visita, o professor
AYALA, Walmir. A bruxa malvada que virott hor bole ta. Porto Alegre, pede que o grupo eleja o livro de que mais gostou para ser trabaÌhado
Mercado Aberto. 1983. em aula. Hipoteticamente, o livro escolhido é Joõozft-tho e Mariazinha,
NIINES, Lygia Bojunga. Os cctlegas. Rio de Janeiro, José Olympio, dos irmãos Grimm.
1978 No encontro seguinte, o professor lê o texto eleito, de forma ex-
ROCHA, Ruth. hocurando .fÌrme. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. pressiva, propiciando a participação dos aÌunos, que comentam o fato
1984. narrado e as ilustrações e adiantam o desenvolvimento do enredo. O
BAUM. Frank L. O mdgico de Oz. Rio de Janeiro, Edições de Ouro,
)^
professor pode provocar a participação através de perguntas enquanto
s,as lê, mostrando as ilustraçãos e/ou fazendo pausas querpermitam a inter-
pretação das crianças. Convém criar-se uma atmosfera de igualdade
Objetivo
entre o que 1ê e os que ouvem, de modo a gerü o envolvimento emocio-
Proporcionar à criança experiências que lhe permitam distinguir naì que suscita o prlzer rtecessirio lo atendimento tlo intere:se martiles-
diferentes formas de organização dos contos de fadas tradicionais e mo- tado.
dernos. Caso as crtanças assim o desejem. a atividade com o texto pode
prolongar-se em outros encontros. sob ogtra lorma de trabaÌÌro que
Procedi mentos didáticos
apreciem. Uma sugestão possíveÌ é a de dramal"izar o texto, desde que
Determinação d9 horizonte de expectativas esse tipo de procedimento já tenha sido utilizado anteriormente e seja
O professor observa,os comportamentos espontâneosi da turma do agrado da turma. O planejamertto de dramatização dependerá clas ex-
em seus contatos com livros na biblioteca:acompanha a retirada de tex- periências anteriores. Por exemplo: alguns aÌunos se o1èrecem como
tos das estantes ou os empréstimos; circula entre grupos de leitores e voluntários para assumir o papel das personagens. Os demais pretèrem
veriÍica os títulos que estão sendo lidos; fica atento a comentários dos apenas assistir. Todos juntos decidem a disposição do espaço em que as
alünos quando escolhem textos ou os recomendam aos colegas; ouve cenas irâo ocorrer, "fazendo de conta" que vêem os cenários e sua mu-
opiniões emitidas durante a leitura das obras. dança. Os atores voluntários decoram sua faìas com a ajuda dos cole-
Através desse processo, percebe que os interesses dos alunos se gas, que decidem, junto com o professor, a marcação dos movimentos
voltam principaÌmente paÍa o conto de fadas. lrndo os livros mais co- no espaço fingido.
mentados ou escolhidos, descobre que a maioria das crianças opta por O encontro seguinte é destinado à representaçâo. Para essa oca-
histórias em que aparecem personagens fantásticos, tais como fadas, sião a sala é arrumada, dividindo-se a pÌatéia, em que ficarão as cadeiras
anões. duendes, gigantes, etc., que convivem com personagens humanos dos assistentes e um espaço livre para o palco imaginário. com os obje-
i
\ lz
e animais falantes. Preferem histórias em que o herói é posto à prova e tos que os alunos tiverem escolhido como representação do cenário.
r[ combate um adversário aterrorizante, vencendo-o por meios mágicos No momento combinado inicia-se a representação, desempenhan-
ou pela astúcia. Sua vitória é entendida como solução para um proble- do cada um a função que lhe coube. de ator ou espectador.
ma essencialmente humano de adaptação à reaÌidade.
Ruptura do horizonte de expectativas
Atendimento do horizonte de expectativas
o
professor, noutro encontro, promove um debate sobre a peça,
A partir dos interesses demonstrados pelas crianças, o professor em que se discutam questões reÌativas ao conteúdo da historia represen-
organiza uma exposição de contos de fadas tradicionais na sala de aula,
tada:o comportamento de João e Maria em casa e na lloresta;as inten-
utilizando todos os recursos usuais em exposições de livros: estantes,
cartazes de anúncio, faixas indicativas, catálogo mimeografado (quando ções e ações da bruxa; as soluções encontradas pelos heróis. O debate
pode continuar com a manifestação das crianças sobre suas impressões
se tratar de alunos jâ alfabetizados). Os estudantes são convidados a
diante das situações narrativas: como se sentiram durante as cenas em
uma visita orientada, enl que o professor faz as vezes de guia,mostrando
que João e Maria estavam perdidos na floresta; o que fariam no lugar

92
93
deles com a bruxa; que sentimentos essa lhes despertou;o que mais os Arma-se, então, uma moldura de espelho no meio da sala, com
impressionou na história. tiras largas de papel. O jogo consiste em que cada elernento de uma his-
Supondo-se que os episódios mais comentados tenham sido aque- tória se defronte no espelho com o seu correspondente na outra histó-
les que se referem ao conflito crianças X bruxa e que a personagem maìs ria. como Joâo e Poti. Maria e Saci, as duas bruxas. as duas florestas. os
empolgante tenha sido a bruxa, o professor sugere a leitura de outra dois rios, etc. Os "reflexos" dialogam entre si, falando no que têm em
história de fadas em que a bruxa tenha papel relevante - A bruxa mal' comum e de diferente. Quando uma dupla esgota o assunto, outra a
vada que virou borboleta. substitui na frente do espelho. Os elementos que não têm corresponden-
Se se tratar de crianças pequenas, o professor lê expressivamente te morrologam sozinhos ante o marco do espelho. dizendo o que são.
o texto, buscando a participação dos ouvintes como na etapa anterior. Terminada a brincadeira, o prolessor convida as crianças a faze-
Se as crianças forem maiores, pode iniciar a leitura cm aula e interrom- rem de conta que aldUa! histórias sâo dois espelhos_,em que os alunos
pê-la quando os heróis enganam a mãe de Poti e entram rta floresta, dei- podem se olhar. O professor sugere que a turma convide aqueles eÌe-
xando o restante para leitura extraclasse. E combinado um prazo para mentos das histórias - representados pela nlesma criança da atiúdade
que os alunos leiam, o qual permita o uso dos exemplares de cujaexis- ;anterior que mais a impressionaranl para virern ao outro lado do espe-
-
tência o professor deve-se certiÍìcar antes na biblioteca escolar. Ilho. Provoca um debate coletivo com cada um desses elementos. em que
Lida a história. o professor sugere a montlgcm de umr sala-il a turma, do lado de cá do espelho, compara as suas vivências com as do
bientq, convidando os alunos a desenvolverem esta técrtica de trabalho: elemento refletido, que repete as suas experiêncìas na historia.
--l
) Definem quantos espaços existem no texto. 2) Descrevem cada espa-
ço e arrolam os elementos que oidentificam.3) Dividem a salaentre os Ampliaçâo do horizonte de expectativas
espaços caracterizados: !o, !ìo1g;ti1, gA!_tuttqtrânea, etc. 4) Juntam Para o encontro subseqüente, os alunos ficam encarregados de tra-
ou elaboram os eÌementos que foram escolhidos como caracterizadores, zer de casa um espelho. Em aula, o p-rofessor propõe que cada unr se
tais como: espeÌho sÌgnifìcando água, galhos secos e papel verde recorta- gll,. lo seu espelho e pense no que está vendo e no que o espelho não
do em forma de folhas, papel pardo, pintado e amassado formando uma m9s!1a de si mesmo, respondendo à pergunta: "Como eÌÌ sou por fora
guta, etc. 5) Listam as personagens e suas características físicas. 6) Ela- .e p-or-dentro?" Eles podem guardar as respostas para si ou manifestálas
boram bonecos de papel-cartão, em tamanho grande, com base de como quiserem, desenhando, escrevendo (se for o caso de crianças bem
apoio, tendo peio menos um desenho caracterizador da personagem re- alfabetizadas), falando, etc.
presentada: as penas de Poti, o chapóu do Saci, etc.7) Colocam cada A segulr, o professor pede que escondam os espeÌhos e Ìembra que
personagem no seu ambiente iniciaÌ. o espelho pode não ser apenas o objeto concreto que os refletiu, mas
Montada a sala, o professor indaga o que os alunos desejam fazer que cada um pode se veÍ em outros objetos ou pessoas. Pede exemplos
com ela, se querem mostrá-la a outras pessoas ou preferem brincar com desses objetos, entre os quais surgirá o lrvro, porquejá foi anteriormen-
as personagens dentro dela. Seja como for, o uso da sala implicará que te usado com esse fim.
os alunos recontem a história, na ordem que Ìhes aprouver, carregando O passo seguinte é procurar livros que sejam espelhos para os alu
os bonecos das personagens ou achando outra solução para o deslo- nos. O professor tÍaz para a sala de aula textos cuja estrutura mantenha
camento desses aos diferentes espaços. relação com o conto de fãdas, mas que modifiquem os sentidos antes
trabalhados. Por exemplo, Os colegas, Procurantlo fìrme e O magico de
Questionamento do horizonte de expectativas Oz.
Desmontada a sala-ambiente, o professor sugere umâ nova ativida- Mostrando os livros, ele faz uma descrição sucinta do assunto de
de à classe:o "Jogo do igual/diferente". A turma é dividida em dois gru- cada um e os entrega às crianças para leitura em pequenos círcuÌos (em
pos, licando o primeìro responsável pela história do João e Maria e o caso de crianças analfabetas, pode convidar um aiuno mais adiantado
segundo pela da bruxa malvada. Dentro do grupo, cada aluno simboliza para ler o texto aos menores). Os livros cilcuiam entre os grupos de lei
um elemento da sua história. Por exemplo, emJoíozinhr,t e Mariazinha tura, sendo discutidos enquanto proporcionam um espelho para os
um aluno é a casa da bruxa, outro é a floresta, outro é o rio, outros são Ìeitores. A seguir, escolhe-se o texto que melhor reflete toda a turma para
as personagens, etc. O mesmo acontecerá com o outro grupo. ser o seu espelho. A atividade tem prosseguimento a partir desse texto.

94 95
6.4.2 - CURRICULO POR ÁREAS
crime. A partir da capa da obra, tece comentários sobre a trama e as
personagens centrais, despertando a curiosidade dos alunos, sem revelar
Conteúdo
as pistas e a solução do mistério. Numa data preúÍÌmente combinada
Histórias policiais e literatura social com a turma, efetua-se uma atividade de interrogatório, assim desenvol
vido: a turma se divide em dois grandes grupos, ficando o primeiro en'
Material
caÍregado de ler a história e preparar questões inusitadas paÍa o segundo
MARINHO SILVA, João Carlos. O gênio do c'rime. Rio de Janeiro, grupo Íesponder. Esse lê também a história e prevê as perguntas e possí-
Ediouro, s.d. veis respostas que lhe caberá dar. O interrogatório pode ser desenvolvi-
êMARIGNY, Carlos de. Lando das ruas.8. ed. São Paulo. Brasiliense. do como simples questionário ou como jogo competitivo, em que o gru-
I 986. po vencedor será o mais hábil em resolver a sua tarefa, deixando o outro
CAPARELLI, Sérgio. Quebra-quebra. 2. ed. Porto Alegre, L & PM, em situação difícil. É importante que os alunos decidam a forma e o
1982. teor do interrogatório, a fim de que se sintam participantes ativos na
. QUINTELA , Ary. Cõo yivo, leõo morto. 3. ed. Belo Horizonte, Comuni- análise do texto e se divirtam com o trabalho.
caçâo. I 980.
REY. Mirrcos . Bt,ttrirttlrts uct Rio. SiÌo PaLrlo. Áticr. l()86 Ruptura do horizonte de expectativas
Como a atividade de interrogatório revelará um conjunto de ele-
Objetivo mentos textuais que atraíram os leitores com evidente predominância,
Propr'1ç11.y11xp j e lilrrçr üotìrJ l() com le\f (ìs quc rL-prcsclìtem pr(ì- esse será o meio de efetuar a transição para uma literatura de ordem
blerrras sociars relaciorrados cttnt a tnarginalidlrde no llLusil. mais exigente. Por exemplo, percebeu-se que, quanto a O gênio do cri'
rne, as questões giraram em torno da figura do herói-criança e das solu-
Procedi mentos didáticos
ções que encontrou para o problema com que se defrontou. Em face
Determinaçâo do horizonte de expectativas disso, o professor propõe a leitura de tr ando das ruas, onde o herói tam-
O proÍèssor traz para a sala cle aula unra quatrtidaclc gLarrde de.jor- bém é criança e vive uma experiência traumática semelhante à de Bolão.
nais da semana e os distribui entre os alunos. Propõc unta sessão de lei- Tal leitura é feita em casa. Num prazo marcado, segundo orientação do
tura livre em que cada um pode escolher o jornal e a ntatéria que deseja professor, a turma se divide em quatÍo grupos, cada um encarregado de
ler. Enquanto os estudantes lêem, o professor circula entre eles, obser- contar, por escrito, a história de uma das cenas das personagens cen-
vando os assuntos escolhidos para leitura, bem como cts comerrtários e trais, ou seja: Lando, Boibava, Márcio Façanha e Cabeça de Passarinho.
as reações dos leitores durante o desenvolvimento da atividade. A üda de cada personagem deverá ser narrada de forma a servir poste-
Terminada a Ìeitura. o professor promove um debate intbrmal riormente de roteiro puua uma história em quadrinhos a ser elaborada
sobre os temas lidos e suas implicaçoes. Desse debate extrai-se o assunto pelos colegas dos outros grupos. Assim sendo, deve conter todos os indi-
que apaixonou a classe inteira e que será motivo das proximas auÌas de cadores de espaço, seqüência de ações, tempo e çaracteÍização das per-
literatura. Supondo-se que o noticiário policial tenha atraído maior nú- sonagens, bem como falas. Cada história incluirá as ações que perten-
mero de leitores e de opiniões contrastantes. o proÍ'essor sugere que os cem à personagem no livro,"permitindo-se que, na úda de uma, apare-
alunos levantem. das notícias lidas. os elementos que rnais os tocaram. çam ações da vida de outras, desde que essas sejam comuns.
Poderâo aparecer as Íìguras envolvidas nos episódios policiais, os crimes Concluída a tarcfa, cada grupo lê em voz alta o seu texto e o Íes-
propriamente ditos. a atuação dos investigadoresl as motivações, as carac- tante da turma avalia se a história coÍresponde à do livro. Aprovadas as
terísticas dos locais dos crimes, o papel da Justiça, os estereótipos do versões, essas são trocadas entre os grupos, que as quadrinìzam. Portan'
marginal e da poÌícia. etc. to, um grupo vai transformar em quadrinhos a história elaborada por
outro grupo, obedecendo todas as indicagões do texto desse. Em tiras
Atendimento do horizonte de expectativas
largas de papel pardo os integrantes do grupo dividem a história nas
Para atender aos interesses dos aÌunos por histórias de crime. o
ações que a compõem -- uma pÍìra cada quadro. Desenham os quadros
professor propõe a leitura. em horário extraclasse. do livro O gênio tlo
com pincel atômico e neles as peÍsonagens agindo e revelando os traços

96 97
que as Çaracterizam. Por fim, executam o cenário de cada ação e co1o, A discussâ'o permitirá que os alunos e/ou o professor indiquem
cam as falas de cada personagem nos balões de praxe. novos textos a serem lidos, tais conro Quebra-quebra, Cãa vivo, leao
Ao final da atividade, as tiras são pregadas com fita colante na morto e BenvincJos ao Rio. É estipulado um prazo para a leitura dos
parede da sala de aula e a turma comenta a sua propriedade em relação livros indicados. No dia rnarcado, os leitores de cada um dos textos de-
ao texto original de Carlos de Marigny. fendem, como numa plataforma política, as dimensões sociais do livro
que leram, aconselhando-o aos colegas para o trabalho em classe. Se-
Questionamento do horizonte de expectativas
gue-se a eleição, por via direta e maioria simples, do título que será es-
Na etapa seguinte do trabalho, o professor relembra a atividade
tudado dali por diante, retomando-se todas as etapas do método em
inicial de exame do noticiário policial e indaga dos alunos se não gosta-
questaÌo.
ríam de aprender a fazer uma reportagern como aquelas, apoiando-se em
entrevistas com os heróis das histôrias lidas. Para isso é elaborado urn
roteiro de entrevista pelos alunos, contendo as perguntas que thes interes- 6.4.3 - CURRICULO POR DISCIPLINAS
sem. Podem estas. por exemplo, abordar os seguintes tópicos: 1) O que Conteúdo
o herói passou? 2) Quais as condições pessoais com que contava para Poesia 1írica amorosa
resolver a situação? 3) Como resolveu seus problemas? 4) Com que aju-
da contou para resolver seu problema? 5) Conro se sentiu dìante de seu Material
agressor? 6) O que sentiu quando enfrentou a situaç;Ío difícil e depois
MORAES, Vinícius de. Antologia poétíca. São Paulo, Círculo do Livro,
que a resolveu?
I 986
De posse c1o roteiro organizado, os aÌunos dividern-se em dois gru-
CRUZ E SOUZA. Poemas completos. Rlo de Janeiro, Ediouro. s.d.
pos e cada um entrevista a personagem central de um dos livros, consul-
CAMÕES, Luís de. Lírica. São Paulo, Cultrix,1963.
tando o texto e anotando as passagens que respondem às perguntas.
Com base nessa entrevista, cada grupo, valendo-se de aìguma das repor-
> GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons e ritmos. São Paulo, Ática, 1985.
PIGNATARI, Décio. Comunicaçãct poeticà 3. ed. São Paulo, Moraes,
tagens policiais lidas como modelo, escreve a sua reportagem, tendo
1981 .
como foco a participação do herói no çrime X. Essa reportagem será
mimeografada peios alunos e distribuída à classe toda. Objetivo
Como atividade culrninante, se fará um comentário coletivo sobre
Proporcionar aos alunos experiências de leitura de poemas líricos
as duas reportagens, que serão lidas pela turma inteira. Esse comentário
de diferentes períodos literários, explorando a relação som-sentido.
deverá incidir sobre as difetenças entre a situação dos dois heróis" obser-
vando*se as desvantagens e vaÌÌtagens de um em relação ao outro.
Procedi mentos d idáticos
Ampliação do horizonte de expectativas Determinaçâo do horizonte de expectativas
A discussão anterior possivelmente levou à constatação de que a O professor, tendo surpreendiclo leituras e conversas clandestinas
diferença básica entre os problemas e comportamentos dos heróis das sobre relações amorosas na sua classe, conta aos alunos conto as infor-
duas histórias está relaçionada à posição social de ambos. De posse mações sobre a vida amorosa circulavam às esçondidas no seu tempo de
desses dados, o professor prepara para a aula seguinte dois cartazes, ca- adolescente através de questionários secretos.iTraz um exemplar dessa
da um com uma dessas questões; l) Como a sociedade determina o época e entrega-o aos alúnos para que o leiam. Pergunta como a turma
comportamento das pessoas? 2) Que outros problemas sociais afetam o costuma trocar esse tipo de informação e, diante das respostas, sugere a
comportamento das pessoas? elaboração de um questionário semelhante, mas alualizado, que seria res-
Os cartazes sdo afixados na parede para serem lidos pelos alunos. pondido anonimamente por todo os alunos. As questões podem ser da
Diante da estranheza desses em face do estímulo, o professor os incen- seguinte orclem: 1) O que é para você um amigo verdadeiro? 2) Como
tiva a relaçionar as questões propostas çom todo o conteúdo desenvol- foi seu primeiro encontro? 3) Qual a música que lhe traz mais recorôa-
vido nas aulas anteriores de iiteratura e com outros livros que tratem de ções? 4) Que pensa do amor? 5) Qual seu tipo de ideal? 6) O que você
assunto de cunho social. mais detesta num hoÍnem (mulhei)? 7) Qual a palavra que the traz

98 99
Os alunos ouvem os poemas, manifestando-se com telação ao mo-
melhores lembranças? 8) Como foi seu prirpeiro amor? 9) Você já so-
do como são feitos os veÍsos e quanto à sonoridade dos mesmos, com
freu de amor? 10) Qual a sensação de seu primeiro beijo? e assim por
base na experiência anlerior.
diante.
Entre esses poetas mais antigos., o grupo escolhe um para pe.Ltl4:
Escrito o questionário num caderno de foihas grandes, com uma sobre Cruz e
pergunta em cada folha e todas as linhas numeradas, esse circula entre be_hgdo em aula. Supondo-se que a escolha tenha recaído
Souza./cabe aos alunos proüdenciar uma antologia dos poemas amoro-
os alunos, que devem responder sempre no mesmo número e com abso- escolar- antolo-
soí Oaciüetã áutor, através de pesquisa na biblioteca Essa
luta sinceridade.
gia será convertida no material literário a ser usado para análise em clas-
Quando todos tiverem respondido ao questionário, esse é lido em
se. Os alunos podem apresentá-la graficamente e a reproduzirem confor'
voz alta por alguns dos alunos, pergunta a pergunta. O conjunto dein-_
me o desejarem: por mimeógrafo, xerox, manuscrìto, etc. Cada inte'
formações sobre a vida amorosa da turma é comentado espontaneamente
grante da classe deve possuir a sua.
por aqueles que estiverem interessados. definindo-se. assim. os temas
Noutro encontro, o professor solicita que cada estudante leia a
que provocam maior envolvimento junto à maioria dos alunos quanto à
,uu à"lòÌõgiul escolha dela o poema que mais o toca, buscando desco-
questão do amor.
brir a sonoridade dos versos. Poderá, se quiser, tamborilar segundo a
cadêncià ií1micá ou cantarolar de acordo com as entonações melódicas
Atendimento do horizonte de expectativas
do poema.
O conjunto de interesses ámorosos detectados peìos procedimen-
A tarefa seguinte será a de descobrir a -c.orypq-q!ção fônlc4Je rítmi-
tos anteriores sugeÍe como tema a !uq_1c$q!e do amor., a beleza do ser
ca dos poemas. Para isso, deverá o aluno pesquisar em livfos de versifica-
amado, o temor da traição, a sensualidade e o desejo de sinceridade.
Para atender tais preferências, o professor traz para a sala de aula um ção, tais como o de Norma Goldstein ou de Décio Pignatari. Sempre
que tìver dúvidas, fará a pergunta em voz alta, para que o professor a
disco: Vintlcius e Toquínho, de Vinícius de Moraes. Toca-o e pede que
resolva e os outros colegas possam se beneficiar da informação.
os alunos extraiam as letras das canções que mais lhes agradam. Do Efetuada essa análise, o professor propõe que cada um crie um
disco são feitas tantas audições quantâs sejam necessárias para que recursos sonoros percebidos no seu texto e
todos transcrevam suas ietras preferidas. .poema, utilizando-se dos
mesmo aproveitando versos desse. Os poemas inventados são postos em
No encontro seguinte, o professor traz, mimeografados, os poe-
circulação na sala de aula e os colegas anotam os versos que mais thes
mas na sua versão em livro (v. Bibliografia). Propõe uma comparação
chamam a atenção, junto com o nome de seu autor' Cada aluno retoma
entre o texto do livro, aquele que foi copiado pelo aluno e ambos em
o seu poema e o coteja, então, com o original de Cruz e Souza que lhe
relação à canção do disco. Essa comparação atentará para a disposição
serviu de base, anotando as mudanças de sentido ocorridas Essas ano-
dos versos, seus limites, a composição das estrofes e a sensaçâ'o que o
tações são entregues ao professor, de modo que esse possa verificar a
texto escrito e o musicado despertaram no ouvinte leitor. Esse exercício
apredizagem da descrição dos elementos sonoros do poema e a reinter-
comparativo será efetuado oralmente, em grande grupo e de lorma cole-
pretação do aluno.
tiva, tendo todos oportunidade de expressar sua:opiniões, descobertas e
sentimentos.
Questionamento do horizonte de expectativas
Em outro encontro, o professor soÌicita que a tuÍma se divida em
Ruptura do horizonte de expectativas
glupo.s- g.lp3ntângos. Lembrando a atividade antetior, pede que cada
Diante dos resuftados alcançados na etapa anterior, o professor 'grupó escoìha um elemento sonoÍo ou rítmico dentre os já pesquisados
sugere a leitura de textos poéticos de outros autores mais distantes no
que considere importante na composição dos poemas já examinados em
tempo, maS que tratam também de temas amorosos. Lé exemplos de pode ser:rima, metro, acento, aliteração, assonân-
poemas de poetas românticos, como Castro Alves, Álvares de Azevedo, \ classe. Esse eÌemento
i cia, anáfora,
; .urn paralelismo, pausa, etc. Os integrantes do grupo selecionam
Gonça1ves Dias, Fagundes Varela, poetas parnasianos como Olavo Bilac, i po.rnu de Vinícius de Moraes e outÍo de Cruz e Souza e anaiisam o
Raimundo Correia, Machado de Assis, ou poetas simbolistas como Cruz
comportamento do componente sonoro e/ou rítmico em ambos. pres-
e Souza, Alphosus de Guimaraens e outros.
tando atenção às similaridades e diferenças. Discutem, a seguir' os efeìtos

r0l
100
lr

ii
de sentido provocados pelo comportamento veriÍìcado. Os resultados
Ì
do trabalho dggda grupo são apresentados de acordo com a técnica de
il painel. Esse painel)é constituído por um representante de cada grupo,
rl
que fala por tempo limitado sobre as conclusões de seus colegas. A pla-
téia, após as apresentações, debate com os painelistas, concordando ou
não com as interpretações dos grupos e tentando perceber qual dos dois
l
autores trabalha mais eficazmente com o elemento escolhido na Íepre-
I sentação do tema amoroso. Essa atividade permite que os estudantes
-
avaliem-o.ç.re-cursos gs.-t-e-tiggs
{og dolq-4rtoJesl_!a área da sonorid$9,
sem incìdir num exercício formalista, poÍque recupeÍam o sentido_atra..
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I
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vés dos procedimentoq l!ng-üíst!cos-.
I
No encontro seguinte, o professor propõe um debate coletivo _ MÉTODO COMUNICACIONAL
7
sobre o tema abordado nas aulas anteriores, ou seja, o amor, segundo a
opinião dos alunos expressa no questionário, e segundo os poemas de
Vinícius de Moraes e dos poetas românticos, parnasianos e simbolistas,
7.1 - Fundamentaeão teórica
em especial Cruz e Souza. Nesse debate é salientada a necessidade de os
participantes exporem sua posição pessoal quanto a todo esse material
A moderna preocupação com as questões relacionadas com a lin'
significativo.
guagem tem originado uma ênfase característica aos aspectos lingüísticos
das manifestações humanas em geral. Afinal, a linguagem ''é uma consti-
tuinte da cultura, mas no conjunto dos fenômenos culturais, funciona
Ampliação do horizonte de expectativas ll3). Adquirindo foros de
como sua substrutura" (Jakobson, 1969a:
Do debate anterior, pode ter surgido a necessidade de dar prosse- do homem com o mundo,
modelo de organtzação dos relacionamentos
1{Suimento ao assunto. Por exemplo, a turma pode sentir-se insatisfeita a linguagem tem sido um dos objetos de estudo mais constante e minu'
o conteúdo informativo sobre a experiência amorosa a que chegou cioso neste século. Dela têm se ocupado não só lingüistas mas também
ljcom
ilno debate. O professor propõe, em vista disso, que se busque uma deli- filósofos e antropólogos.
nição de amor mais abrangente. Sugere a lírica amorosa de Camões.
Essa tendência à valorização da linguagem também se refletìu no
Os alunos consultam a obra na biblioteca da escola ou da comuni-
sistema educacional brasileiro, por ocasião da Reforma de 1971. O ensi-
dade e selecionam os poemas que melhor definem o sentimento amoro-
no de língua e literatura foi, então, direcionado para as formas mais
so. Esses poemas sâ'o trazidos para a sala de aula e distribuídos entre os
amplas e genéricas da Comunicação e Expressão. Entretanto, o que se
grupos anteriores. Cada grupo fica responsável pela gravação de um nú-
observou foi uma assimilação apenas aparente das proposições da lin-
mp:g114 ,O.Ì9Cryas em fitas cassetes. O professor sugere que, além da güística contemporânea, com autrlização dos esquemas do ato comuni-
leitu=ra e-1p1esl-vÀl ggqr
--lq1.$_q.gq{!-o_Ig.
os alunos utilizem recursos cativo em toda sorte de livros didáticos. Não se aproveitaram, Portanto,
variados para marcar o ritmo e a melodia dos poemas, tais como bater
as efetìvas contribuições das investigações lingüísticas e semiológicas
em copos de vidro, sacudir ou percutir saquinhos de plástico ou de pe-
para o ensino, que continuou a se fazer pelas vias gramaticais tradicio-
dras, bater palmas, lápis ou réguas, assobiar, tamboriÌar em caixa de fós-
n ais.
foros ou outro objeto de percussâ'o, sopril em pente, estaiar os dedos,
O método comunicacional pretende resgataÍ o sentido amplo do
etc.
entendimento da linguagem como molde e descrição do fazer e do
Após a gravação dos poemas, num encontro posterior, todos se pensar humanos, deixando em aberto a discussão do lugar prioritário
reúnem para ouvir os resultados do trabalho, manifestando sua opinião
que lhe tem sido conferido como forma de conhecìmento e de práxis.
sobre os mesmos e atentando para o sentido que os poemas expressam
Importam mais, aqui, aqueles aspectos das teorias lingüísticas que ex-
com o fundo sonoro criado. O poema que receber maior número de plicam as trocas comunicativas e dão conta da natvreza do fenômeno
opiniões favoráveis dará seqüéncia à retomada do método.
literário. Essas trocas, sejam verbais ou não, funcionam como um
102
circuito intra, inter ou tÍanspessoal, sistemático e carregado de inten- l O contexto e a função denotativa O contexto diz respeito ao
ções, em que os participantes atuam uns sobre os outros segundo regras tema da mensagem, aquilo de que se fala. A predominância da orienta-
sempÍe explicitáveis, mas vinculadas às circunstâncias em que estão. Es-
ção para o contexto numa situação de comunicação salienta a função
se tipo de abordagem permite alargar o âmbito do ensino de literatura denotativa (ou referencial), sendo, portanto, o assunto tratado objetiva-
para além das necessidades escolares, religando-o com seu contexto mente, com os objetos reais ou ideais a que se aponta facilmente reco-
maior, o da sociedade e da História. nhecíveis pelo destinatário. Um texto científico, um relato de fatos do
Comunicação é um conceito dificilmente definível, uma vez que cotidiano, uma notícia têm como predominante a função referencial
há uma série de intersecções nas áreas em que ocorre. Birdwhisteli pela ausência de objetivos e expressões emotivas, interjeições ou impera-
chega a afirmar que "um indivíduo não se comunica,ele se envolve em tivos, valorizando a economia verbal.
comunicação ou torna-se parte da comunicação ( ) ele não origina a 2. O remetente e a função emotiva. - O remetente é aquele inte-
comunicação; participa dela. Portanto, a comunicação como sistema grante do circuito de comunicação que toma a iniciativa de emitir uma
não deve ser entendida como um simples modelo de ação e reação, por mensagem a alguém ou de responder à mensagem de outrem.
mais complexamente que seja descrito. Como sistema. tem de ser com-
Quando a orientação da comunicação recai sobre o remetente,
preendido no nível transacional" (1959: l0a).' tem-se a função emotiva (ou expressiva), que "visa a uma expressão
Na perspectiva de Roman Jakobson, as transações comunicativas direta da atitude de quem fala em relação àquilo de que está falando.
só podem ser compreendidas quando se tem uma visão conjunta de Tende a suscitar a impressão de certa emoção, verdadeira ou simuÌada"
todos os fatores constitutivos do ato de comunicação. Ele os descreve a (Jakobson, 1969 b:124). Lingüisticamente, essa função se traduz pelo
partir do seu núcleo: "O REMETENTE envia uma MENSAGEM ao uso de interjeições, entonação enfática e uso de adjetivos e expressões
DESTINATÁRIO. Para ser eficaz, a mensagem requer um CONTEXTO de cunho altamente emotivo, como acontece numa interpretação tea-
a que se refere (. . .), apreensível pelo destinatário, e que seja verbal ou tral, numa confissão, numa tÍoca de insultos, numa declaração amorosa.
suscetível de verbalização; um CODIGO total ou parcialmente comum 3. O destinatário e a função conativa. - O destinatárlo é aquele
ao remetente e ao destinatário (. . .) e, finalmente, um CONTATO, um que recebe a mensagem e é por ela afetado, podendo transformar-se em
canal físico e uma conexão psicológica entre o remetente e o destinatá- remetente ao reagir comunicativamente a ela. Se a orientação do proces-
rio. que os capacite a ambos a entrarem e permanecerem em comunica- so comunicativo incide sobre o destinatário, surge a função conativa (ou
ção" (1969 b:123). apelativa), que tem por objetivo modificar o comportamento do recep-
Cada um desses fatores exerce uma função, de modo que o ato tor, exigindolhe uma resposta ou uma atìtude específica. No plano lin-
comunicativo possui ênfases, embora sempre incÌua todas as funções güístico, esta função se manifesta pelo uso do vocativo, do imperativo e
correspondentes a seus componentes. Segundo o Autor, a diversidade das frases interrogativas. Quando alguém dá uma ordem. faz uma per-
de espécie de trocas comunicativas "reside não no monopólio de alguma gunta ou solicitação produz textos conativos.
dessas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A es- 4. O canaÌ e a função fática. - O canal é o elemento físico que
trutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função predo- possibilita a transmissão da mensagem. Quando o ato de comunicação
minante" (1969 b:123). privilegia o canal, ocorre a função fática, que visa prolongar ou interrom-
A teoria da comunicação de Jakobson esclarece as características per o processo de comunicação ou certificar-se de que a mensagem está
lingüísticas de diferentes atos comunicativos delìnidos peÌa função que sendo transmitida ou recebida. ObstácuÌos nesse fluxo da mensagem são
neles é salientada. Esta função decorre da intenção signilicativa do re- designados por "ruídos". Essa função se evidencia "por uma troca pro-
metente, que, ao comunicar-se, orienta a mensagem para um dos com- fusa de fórmulas ritualizadas, por diálogos inteiros cujo único propósito
ponentes do circuito de comunicação, de modo que o destinatário seja é prolongar a comunicação" (Jakobson, i969 b: 126). Em situações
afetado pelo elemento em relevo, mesmo que não o perceba por tratar- como o iníclo de uma ligação telefônica, saudações, conversas onde há
se de uma ìntenção não explicitada. constrangimento, a função fática costuma revelar-se através de expres-
No ato de comunicação ocorrem, portanto, os seguintes compo- sões como alô, olá, bem, pois, ë, eïc.
nentes e respectivas lunçoes: 5. O códigoe afunção metalingüística. -O códigoé osistemade
signos e Íegras que tem por finalidade a constituição da mensagem^

104 i05
Determina seus elementos e as combinações possíveis, impedindo aque- iato de que a interação assim obtida é um empreendimento psicológico
les que não surtirão efeito comunicativo. A predominância da atenção e social muìto complexo e freqüentemente dificultoso requer que os parti-
ao código resulta na função metalingüística, que explicita a própria cipantes conscientizem intenções e pÍessupostos para a eficácia do ato
linguagem, não só como um instrumento científico, mas com papel im- que realizam. Quando Jakobson destaca todos os elementos de comuni-
portante no cotidiano. Diz Jakobson que "sempre que o remetente cação, atribuindo-lhes funções primárias ou secundárias, está sublinhan'
e/ou o destinatário têrn necessidade de verificar se estão usando o mes- do a dimensão social desse processo. Ao pensar analiticamente na atua-
mo código, o discurso focaliza o código; desempenha sua função meta- ção de seus constituintes, permite a crítica às intenções comunicativas.
lingüística (isto é, de gÌosa)" (1969b 127).Ela acontece, pois, toda vez
que a mensagem explica o código que a organiza, como em um romance
que discute a sua própria composição romanesca. 7.2 -- Objetivos e critérios de avaliacão
6. A mensagem e a função poética. - A mensagem é aquilo que
se comunica. A função poética da linguagem existe quando o enfoque Um ensino de literatura que se deseja abrangente deve, a partir
da mensagem tende para ela mesma. Promove "o caráter palpável dos dos fatores de comunicação, evidenciar o lado expressivo dos textos,
signos" e "aprofunda a dicotomia fundamental de signos e objetos" (Ja- tanto quanto o seu teor referencial, as tentativas de modificar o outro,
kobson, 1969 b: 128). A função poética predomina na poesia e na lite- as verificações metalingüísticas, as expressões fáticas, bem como os
ratura em geral (no sentido não verbal, caracteriza as artes), mas não é modos de concentrar a atenção sobre os signos. Isso implica exigir que o
redutível a esse tipo de mensagem. Também ocorre, como função estudo de textos literários deixe de se ocupâr com idéias principais e se-
secundária e acessória, em outras práticas lingüísticas. Quando o poeta cundárias, acepção de vocábulos e outras práticas usualmente adotadas.
seleciona palavras e as combina de modo a obter certa sonoridade e São objetivos dessa metodologia, tendo-se em vista os pressupos-
ritmo, para abrir-lhes os signifìcados, está salientando essa função. No tos já mencionados e focalizando-se o aluno:
discurso cotidiano também a escolha de termos expressivos, rimas e l) Reconhecer os diferentes textos como meios de comunicação
ambigüidades denota a presença da função poética ( na propaganda isso social.
é bastante evidente, embora sua função prìmária seja a conativa). as regras do jogo da comunicação como fatores de
2) Identificar
A atitude comunicativa supõe o uso da linguagem para fins de in- organização da atuação humana em sociedade.
teração com os oÌrtros, sejam falsas ou verdadeiras as informações que 3) Dìferenciar textos literários e textos não ìiterários.
se veiculam. O processo da comunicação começa a partir de um estímu- 4) Analisar e correlacionar elementos e funções do processo
lo externo ou interno. que motiva o Íemetente a dirigir uma mensagem comunicativo literário, tendo em mente seus reflexos sobre a vida social
a um destinatário conhecido ou virtual. Essa motivaçâo dá origem à e cuÌturaÌ.
intenção da mensagem e implica certas pressuposições que o remetente Esses objetivos servem para orientar o trabalho com literatura em
faz sobre o alvo a que visa: se o destinatário domina o codigo usado, se sala de aula no sentido de desvesti-lo da carga de artificialidade que a
o tema é conhecido ou não, se vai necessitar de apelos para manter a nattJÍeza acadêmica da educação escolar lhe confere, ao mesmo tempo
atenção. se é receptivo ou avesso a suas intenções, etc. que, conscientizando o aluno do maior número possível de implicações
A necessidade de comunicar o remetente reage organizando, sub- dos jogos comunìcativos nos textos, o capacitam a percebê-los e mane-
conscientemente ou com maìor lucidez, os signos que o cÓdigo lhe ofe- jáìos em outras situações de comunicação extratexto.
rece. Emite-os através do canal escolhido ou disponível, dandolhe reali- A avaliação dos resultados obtidos através deste método cumpre-se
dade física e, dessa forma, atingindo o destinatário. ao longo do processo de aplicação do mesmo, considerando'se comporta-
Esse, durante o fluxo da mensagem pelo canal, reage instruindo o mentos satisfatórios os de receber textos em linguagens variadas, discri-
remetente sobre sua contpreensão e aceitação ou rejeição, através de minando as diferenças e particularidades de cada tipo, bem como o de
sinais físicos ou de outras mensagens, tornando-se, nesses momentos, aproximar ou diferençar textos segundo seus componentes e suas fun-
remetente. ções respectivas. Saliente-se a importância de, nesse desempenho, o alu-
O processo comunicativo se desenvolve até as intenções dos dois no evìdenciar que reconhece os atributos expressivos da função poética.
sujeitos envolvidos se esgotarem, preenchendo a necessidade iniciai. O uma vez que se trata de ensino de literatura.

r06 107
Como esse método exige o aprimoramento das capacidades de
análise, comparação e extrapolação, avalia-se nas atividades a serem pÍo-
próprio caráter de relacionamento humano que tais fatos carregam na
postas a qualidade de cada uma dessas capacidades, segundo os modos sua essência e torna seu estudo tão árido quanto inútil.

como se concretiza na atuação dos alunos. Os resultados podem apre- Em sala de aula, o método comunicacional de ensino de literatura
sentar desvirtuamento dos propósitos visados pelo método, caso se acei- se propõe resgatar o lado socializante dos fatos comunicativos literários,
tem a mera identifìcaçãô e classificação mecânica de elementos e/ou possibilitando, a um só tempo, o domínio de seus aspectos formais e
funções como comportamento válido. A avaliação, pois, deve encaÍar a evolutivos, bem como a compreensão dos laços que podem criar entre
atividade rcalizada como parte de um processo real de comunicação e quem escreve e os que lêem, assim como entre os que não lêem ou não
nâo como atitude classificatória. escrevem mas que produzem fatos comunicativos de outras ordens, tais
como a das artes, a do trabalho, a da política, enfim' as demais séries
culturais paralelas ou transversais à literária.
7.3 Etapas de desenvolvi-mento: técnicas Convém lembrar que, de todas as formas de comunicação existen-
- tes ou possíveis nas sociedades humanas, a primordìal é a lingüística,
Comunicar-se implica a existência de uma comunidade social mí- pois a ela todas as outras podem ser assimiÌadas - pode-se falar de qual-
nima, um sujeito que expressa algo a outro sujeitil. A situação de cadà quer elemento da realidade, mesmo da música ou da matemática, que
um pode ser semelhante ou diversa, mas o desejo de chegar até o oütro pârecem nada ter em comum com a palavra. O que importa ao profes-
e de afetá-lo deve existir, mesmo que fique só na intençâo. A não ser em sor de literatura é que, dentre os modos de comunicação verbal, o lite'
casos patológicos, em que o que se expressa ou o que recebe o resuÌtado rário assume importância especial, porque é capaz de desvencilhar-se da
do ato expressivo é um doente mental, incapaz de reconhecer o outro dependência que os demais têm ao aqui-e-agora da comunicação e ins-
como algo dissocÌado de si, a comunidade humana é condição indispen- crever dentro de si esse aqui-e-agora, permitindo o contato com sujeitos
sável e primeira da comunicação. Portanto, não se pode dispensar, da e circunstâncias histórica ou geograficamente distantes, liberando tanto
idéia de comunicação, o fato social que a possibilita:a relação entre, escritor como leitor das amarras do tempo e do espaço.
pelo menòs, dois sujeitos humanos. Os modos dessa relação podem mul- Se o texto comunicativo científico, didático ou noticioso sempre

tiplicar-se segundo os interesses, motivos e pressuposições de cada um - requer seu cotejo com aquilo a que se refere;se o texto pragmático, do
integração, aprendizado, possessão, destruição, ensino, liberação, con- discurso político ao manual de instruções ou à receita de bolo, quer
flito, paz, submissâ'o, dominação, agressâo, Ódio, amor, revolta, etc. - persuadir quem o recebe a fazer algo, o texto literário se constitui no
mas a relação em si permanece como requisito para que algo seja espaço de exercício de liberdade plena do sujeito leitor, pois nada exi-
ge que faça ou que aprenda, sem com ìsso negar que fala do mundo e a
comunlcado.
Essa presença do relacionamento social no ato comunicativo mui- ele se destina, tentando modificálo, ao reìnventálo.
tas vezes é esquecida quando a mensagem, ou texto, comunicada de um O processo de comunicação literária supõe os mesmos elementos
sujeito a outro, ultrapassa a circunstância daquele que se expressa para de qualquer ato comunicativo. O emissor é preenchido pelo escritor, o
saltar no tempo ou no espaço até um recebedor não envolvido ou visado receptor pelo leitor. A mensagem é a obra escrita ou oral, o código as
no momento em que o ato expÍessivo ocorreu. regras de composição aceitas como literárias em determinada época (a
É assim que, na escola, ao estudar-se leitura, língua, redação ou chamada norma estética), o canal é o livro impresso ou as ondas acústi-
literatura propriamente dita, a dimensão social implicada no ato de co- cas da fala (que podem ser gravadas em fitas, eventualmente) e o con-
municação verbaÌ escapa ao professor e aos aìunos e o significado do texto é o mundo no momento histÓrico em que a obra foi escrita ou
está sendo lida. Por isso, o ensino de literatura torna-se desafiador, pois,
texto parece cristalizado nas palavras impressas no papel. A noção de
nessa perspectiva comunicacional, deve dar conta de todos esses elemen-
que comunicação, literária ou não, se aprende ao adquirir-se um conjun-
to de regras de gramática ou de informações sobre autores e obras de tos em ação no momento em que o livro é lido' Considerando que cada
períodos históricos diversos não pode ser mais equivocada do que alie- componente desses possui características múltiplas e funções variáveis
nadora. Reduzir os fatos comunicativos à análise das normas que os re- no tempo e no espaço da úda humana, ter'se-á uma noção da complexi-
gem ou ao inventário das formas histÓricas que podem tomar esvazia o dade e da riqueza subjacentes a esse tipo de trabalho escolar, ainda mais
que as intersecções desse tipo de ato comunicativo com os de outras
108
109
espécies, tais como os artísticos ou os do cotidiano relacional, podem sociais. Isso não significa a imposição autoritária e indiscutida de textos
englobar, num modelo miniaturizante, todas as formas de sentido que quaisquer, mas a adoção dos textos familiares ou novos de comum acor-
circulam na vida social. clo com a classe, com a participação dessa na coleta.
Uma aula de literatura através do método comunicacional se orga- Reunidos os textos comunicativos em torno de um interesse/ne-
niza a partir da vivência real dos alunos dos atos comunicativr:s - não cessidade, os alunos entram em Íelação com os mesmos pela leitura, se
apenas literários, mas em geral - que produzen.r entre si e na sua reiação forem escritos, pela observação, se forem objetos concretos ou produtos
específica com o mundo humano e cultural. Como tais atos estão sem- de artes ou ofícios, pela audição, se forem orais ou musicais. Enfirrt, to-
pre ocorrendo, basta ao professor que os canalize para o conteúdo que rnam conhecimento deles sensorialmente, movldos pelo desejo de com
seu programa de trabalho prevé. Convém lembrar que programa de tra- eles se comunicarem. Esse desejo é motivado de alguma forma pelo pro-
balho, aqui, não slgnifica apenas arranjo dos conteúdos curriculares, fessor, ou seja, os alunos precisam saber que, diante dos textos coleta-
mas primordialmente atendimento às necessidades de informação e prá- dos, espera-se que eles verifiquem que sentidos os mesmos ihes comu-
tica dos alunos na área da linguagem, com eles detectadas e discutidas. nicam. A motivação pode incluir a curiosidade natural, a relevância do
Entendendo-se a situação de ensino-aprendizagem, no campo tema para o grupo, a simples orientação do professor de que ì.rm fato
da literatura, como uma tomada de consciência do literário, de sua na- comunicatìvo deve comunicar algo e a interrogação sobre o que a classe
furezae significado para o a1uno, o planejamento das aulas se inicia com percebeu ou intuiu.
o material comur.ricativo que estiver se revelando de interesse mais Do corrtato com tais textos os alunos erpressam ao professor ou
evidente entre a classe, reunindo o maior número possível de textos lite- aos colegas ou para si mesmos os sentidos que retiraram do ato de co-
rários e não literários que expressem - paÍa fins de sistematização do municação encetado, por escrito ou oralmente, airavés de fichas, rela-
çonhecimento - o acontecimento individuai e/ou sociaÌ que esteja sen- tos, entrevistas, debates, ou seja, técnicas de registro da experìê4cia que
do objeto das trocas comunícativas dos alunos. O contato com textos tiveram. No uso dessas técnicas, os problemas de comunicação dos pró'
que comuniquem um fato individual ou social seria, pois, a etapa inicial prios alunos e/ou do professor afloram, podendo ser examinados e tra-
do trabalho comunicacional. O professor deve certiÍìcar-se de que, entre balhados em aulas de 1íngua ou integradarnente com as de literatura.
os textos efetivamente em uso na comunidade da sala de auÌa, haja sufi- Em seguida, dentre os textos postos em circuiação, a turma esco-
ciente variedade e a presença da obra literária. Se essa última não apare- the um número reduzldo dos que mais a impressionaram (podendo ser
cer nos processos comunicatívos espontâneos, o professor pode apresen- este o momento em que a obra literária é proposta pelo professor, caso
tar outros textos, incluindo neles os literários, que tematizem o fato não tenha surgido antes - vinculada tematicamente aos sentldos dos ou-
reaÌ que está sob a mira da atenção do grupo. tros textos sugeridos pelos alunos). O professor proporá à classe que en-
Essa mobilização e conscientização de que os atos comunicativos contre mais sentidos, além dos já comentados, o que se fatápela ídenti'
estão sempre ocorrendo, resultando eÍn textos (mensagens) que podem fìcaçío dos elementos do iogo comunicativo contidos nesses textos.
ser percebidos e interpretados, decorre da atividade organizadora do Esta etapa requer orientação específica do professoÍ, embora não
professor e na medida em que está cônscio do que acontece na sua saÌa deva incluìr terminologia das ciências da comunicaçâo. salvo, talvez, no
de aula. A organização de experiências de modo a que os alunos se 29 grau e se os alunos sentirem falta de termos técfticos para os elemen'
dêem conta de que estão se comunicando e lidando oom textos é reali- tos constatados.
zável atraves de procedimentos variados. O professor pode, observando O professor pode apresentar à classe, sob forma'de roteiro de
algo que interessa aos alunos, solicitar que reúnam textos que comuni- identificação ou levantamento, as coordenadas do processo comunicati-
quem aquele fato. Pode também utilizar textos que circulam aberta ou vo, de modo a que sirvatn para a descrição dos eìementos dos textos a
ocultamente entíe os alunos na sala de aula ou em suas casas, na üzì- serem trabalhados:
nhança, comunidade menor ou na sociedade brasileira como um todo. Quem é o autor desta obra?
Quem se comunica aqui?
Outro recurso é não se centrar no interesse, mas numa necessida- O que é comunicado? O que a obra diz?
de que a escola, a família, o próprio grupo dos jovens, a vila, a cidade A quem se comunica algo? Quem é o leitor dessa obra?
ou instituições como a Justiça, a lgreia, o Capital, o Estado impõem ou Por que meio é feita a O que trasmite essa obra do
geram e que pode promover ou marginalizar o aluno no seio dasrelações comunicação? autor para o leitor?

t10 llr
outÍos. Por exemplo, a intenção do autor com respeito à impressão que
Que sinais compõem a comu- O que leitor e autor precisam
pretendeu provocar nos leitores foi atingida? A história satisfez o que os
nicação e quais as regras que saber para que a obra possa
e lida (palavras, leitores esperavam dela? A linguagem e o enredo são adequados paÍa co-
os tornam capazes de comuni- ser escrita
amática, noÍmas esté ticas)?
municar o sentido pretendido? O contexto social retratado tem algo a
car algo? gr
dizer para os leitores? O livro agrada aos leitores quanto à sua apresen-
A que se refere o que é comu- A obra lala de coisas que exis-
tação gráfica (tem defeitos ou não)?
nicado? tem ou são inventadas?
Essas coordenadas correspondem aos componentes do ato de co-
Identificados todos os elementos do jogo comunicativo e estabele-
cidas as relações entre eles, passa-se à analise das funções lingüísticas ex-
municaçâo. pela ordem:
pressas nos textos comunícativos. Como essa etapa é muito mais exigen-
- o emissor, suas intenções e preocupações; te, recomenda-se que o trabalho se atenha preferencialmente ao literá-
- a mensagem, ou texto, e suas características; rio, objeto de reflexão e aprofundamento do estudo. Este é o momento
- o receptor, suas intenções e pressuposições; em que se passa a dar atenção à funcionalidade dos elementos antes
- o canal e os obstáculos ao contato que podem ocorrer; levantados e classificados. A atuação de cada um desses elementos no
- o código empregado para organizar os signos através de regras ato comunicativo depende dos recursos de que se valem emissor e Íecep-
de combinação; tor para estabelecer a comunicação, bem como dos procedimentos que
- o contexto, implícito, com suas circunstâncias espaciais e tem-
aparecem no resultado desse ato. A análise da funcionalìdade na situa-
porais espec íficas.
ção comunicativa requer do aluno que parta das intenções expressivas e
pressuposições do emissor (função emotiva), para acompanhar o percur-
Em cada lexto. tais elementos sâo preenchidos por dados concre-
tos diferentes, os quais serão levantados e classificados pela classe. Tal so dos tópicos que ele quer comunicar através do canal escolhido, eú-
levantamento pode ser efetuado através de técnicas de discussão de gru- tando seus percalços (função fática). com o uso de um código que pre-
po, de observação dirigida ou espontânea, de jogos cl assilicatórios, de dia- cisa eventualmente verificar se é parcialmente comum ao do receptor
gÍamas ou tabelas, de modo a permitir a apreensão das características de
(função metalingüística), pretendendo atingir esse receptor para modifi-
cáJo (função conativa) ao enviarlhe uma mensagem que se refere a um
cada elemento e suas vinculações com os outros. Deve-se sublinhar o fa-
to de que a identificação e classificação, nessa fase, não podem resultar contexto determinado e que ou adere a tal contexto. dependendo dele
em esquemas estanques, ou compartimentos em que se vâo coÌocando
(função referencial), ou presclnde do contexto, chamando atenção só
sobre si mesmo pelos modos de composição (função poética).
os elementos, tornando-os separados do ato comunicativo de que o
texto se origina.
A trajetória da análise é, pois, unidirecional, uma vez que, se co-
meçar pela posìção do receptor no circuito, por exemplo, ele deixa de
Desse modo, o professor prevé experiências em sala de aula que
ocupáJa e passa a emissor. Todavia, dificilmente o aluno lida com a pró-
ao mesmo tempo discriminem e integrem tais componentes, salientando
que um não existe sem o outro. Se os alunos tiverem ïrazido umaobra
pria situação de comunicação, em que o emissor está presente de forma
Ìiterária tal como E mrde para saber, de Josué Guimarães, para a sala de direta. Por isso, o lugar principal de onde se efetuará essa análise fun-
cional será o da mensagem, uma vez que ela indica todos os outros ele-
aula na primeira etapa, o professor propõe uma sessâo de julgamento
mentos que a configuraram e reflete suas funções no processo de que se
da história, em que devem ser postos em causa a intenção do autor, o
derivou.
sentido da história com seus personagens, ações e cenários, o que os alunos
que descobriram e leram a obra acharam dela, o livro, sua capa e seus ti A análìse das funções desempenhadas pelos eiementos da comuni-
pos gráficos, o tipo de história e o modo como foi contada, e o fato his- cação pode ser efetuada através de diversas atiüdades lúdicas ou refled-
tórico a que ela se refere (trata-se do relacionamento de dois jovens du-
vas, tais como dramatização, brincadeiras, debates, composições,
montagens de cenas e diá1ogos, implicando sempre permuta e comuta-
rante o seqüestro de um embaixador no Rio de Janeiro na década de
1970). Durante a sessão de julgamento, os advogados de acusação e de- ção de formas compositivas, expansão ou redução de recursos funcio-
nais. No caso de E tarde para saber, o professor pode sugerir a uma tur-
fesa defendem suas câusas contra e pró texto, ievando em Çonta todos
ma de 7? série que refaça o capítulo final, substituindo o emissor da
esses elementos e verificando a eficácia de cada um deles em relação aos
mensagem, Josué Guimarães, por um autor que use o narrador para

112 113
reprovaÍ o relacionamento amoroso dos jovens por razões ideológicas. estrofes, etc. Nela, todas as demais funções se subordinam à função
Pode pedir também que o novo narrador, noutro capítulo, tente con- poética, reforçando a autonomia da obra, resultante do predomínio do
vencer o leitor de suas idéias políticas, dirigindo-se dìretamente a ele. É trabalho poético.
possível ainda reescrever uma cena narrativa em forma de diálogo, mu- Nos textos não literários, o processo funcional se configura do
dando o modo de composição e avaÌiando o novo efeito estético obtido. mesmo modo, substituindo-se a predominâncìa da função poética por
Outra atividade seria fazer o narrador intervir com longas descrições uma das demais, segundo as intenções do emissor e o modo como ele
num episódio, de modo a que o leitor não consiga lembrar as ações, elabora a mensagem. Convém assinalar que entre intenção e execução
perturbando-se assim a comunicação daquela seqüéncia. Outra proposta pode haver discrepância. Um exemplo típico é a tentativa de um estu-
seria alterar o vocabulário de um diálogo e a sua sintaxe, tornando-o dante de compor um texto literário e na sua realização acabar priüle-
absurdo, ao contrário do realismo do texto. Uma alternativa também giando a função emotiva. Quer dizer: em vez de centrar-se no trabalho
viável é suprimir ou diminuir as alusões a tempo e espaço na informação composicional, explorando todos os recursos disponíveis, não consegue
do texto sobre o seqüestro, o que aÌteraria a referência histórica com senão expressar um conteúdo psíquico de forma pouco articulada e de
que a obra joga. Outrossim, o aluno deve avaÌiar, nesse caso, se a relação interesse restrito ao sujeito.
humana entre os jovens que o texto retrata fìca prejudicada pela falta Deve-se atentar para a possibilidade de que, além da função pre-
de elementos que o reportem ao fato reaÌ acontecido. dominante, alguns textos manifestem uma segunda função de modo eü-
Esses jogos ou exercícios de transformação possibilitam ao aluno dente, embora não dominante. Essa função subdominante pode marcar
a percepção da funcionalidade dos elementos da conrunicação, sem a o gônero do discurso, seja no seu uso lìterário ou não literário. Numa
necessidade de dominar uma terminologia cierrtífica. A análise das fun- obra de literatura em que domina a função poética, se a eia se acÍesce
ções da comunicação se opera, por esse caminho, através do uso prático certa evidência da função expressiva, teria-se um texto iírico. Se a evi-
dos recursos de que cada uma se vale. Por exemplo, ao substituir o nar- dência for da função referencial, torna-se uma crônica ou um romance
rador da história por outro de intenções diversas, rnodìficando a função realista. No caso de um texto não literário em que predomina a Í'unção
emotiva, o aluno precisa buscar procedimentos eficazes para esse novo referencial, como o científico, se houver evidência da função conativa,
narrador comunicar sua mensagem. Ao reduzir os indícios espaço-tem- ter-se-ia uma obra de divulgação científica. Se no texto predomina a
porais, o aluno pode chegar à conclusão de que, na literatura, a função função conativa, como nos da propaganda, havendo evidência da função
referencial é muito indireta, pois o importante no texto é o relaciona- poetica, ter-se-ia uma propaganda artística.
mento dos jovens que o autor retrata, isto é, uma vivdncia humana pos- Nessa etapa, cabe aos alunos revisar - sem aprofundamento as
sível, e não seu apoio numa realidade histórica identificáveÌ. funções dos elementos antes identificados e reconhecer a predominan-
Essa prática analítica dará ao estudante, sem a necessidade de no- te. Os procedimentos para o cumprimento dessa tarefa giram em torno
mear as funções dos elementos comunicativos, a possibilidade de apre- de dois aspectos. O primeiro é perceber a intenção do emissor. O segun-
ender o seu inter-reÌacionamento. É do iogo das funções no texto exa- do consiste em avaliar o efeito da mensagem junto a seu receptor. Esses
minado que a classe poderá perceber a prrmazia de uma delas sobre as propósitos podem ser atingidos através de atividades indiüduais ou em
outras, voÌtando, nesse estágio, aos textos anteriormente vistos, de mo- grupo, como brincadeiras, debates, composições, desmontagens de tex-
do a identifÌcar - nos elementos levantados - qual a funçâo predomi- tos, análises escritas ou orais dos recursos lingüísticos e estruturais, estu-
nante. dos dirigidos, seminários, jogos dramáticos, caracterizando a função
O texto literário, objeto da análise mais detida, serve como dire- predominante, paródias, jogos de transformação (permuta. comutação,
triz pala o exame das formas de manifestaçõo da funç'õo predominante expansão e redução) com a função predominante.
nos demaìs textos-objetos, a fim de localizar o gênero de comunicação Suponha-se que, junto com E larde para saber, os alunos tiverem
com o qual o aluno está se deparando. Na obra literária, pela análise examinado os elementos do jogo comunicativo em uma reportagem so-
precedente, a classe já verificou que as funções não poéticas participam bre um seqüestro, uma pÍopaganda de TV que utilize um terrorista e
da comunicação em grau mais reduzido, enquanto a função poética uma entrevista de rádio com um antigo participante da guerrilha urbana
organiza a mensagem trabalhando basìcamente os signos lingüísticos e no Brasil. Como o público-alvo é de 7? série, a atiúdade nessa etapa pode
suas combinações em frases ou seqüéncias maiores como episódios. ser a de parodiar, em grupo, cada uma das mensagens. com o intuito de

114 115
desfazer o efeito que ela produz sobre o receptor com a função predo-
pragmático, que se esgota no momento em que o Íeceptor se deixa mo'
minante, propondo justamente o contrário do que é intencionado. Por
dificar pela mensagem, agindo como ela lhe propõe que o faça. Poderá
exemplo, o grupo que trabalhar com a entrevista do ex-guerrilheiro, em
julgar as estratégias de sedução empregadas na estruturação da mensa-
que predomina hipotetìcamente a funçâo emotiva, pois o sujeito dava
gem e seu efeito danoso ou não, conforme o intuito do emissor de ma'
suas impressões sobÍe a guerrilha com uma atitude muito sentimental,
nipular a vida do receptor mais ou menos abertamente'
reencena tal entrevista dando-lhe um cunho comico ao exagerar as ex-
Ante textos com função fática salientada (saudações, tonalidades
pressões ìingüísticas e prosódìcas de emoção.
de voz, lórmulas de cortesia, impressos ou embalagens cujo único inte-
Examinada a função pÍedominante no conjunto de textos por es-
resse é a apresentação gráfica, não importando os tópicos da mensagem
sa via indireta de retrabalháJa, chega-se à etapa final do coteio dos tex'
por elas veiculadas, bÌa-blá-blás, etc.), os aÌunos notarão a importância
tos quanto à predominância de Junções lingüísticas, para definir as dife-
do canal de contato, da situação ambiental favorável para a transmissão
renças entre textos literários e não literários, salientando a especificida-
de uma mensagem, o papel de um veículo mais ou menos tecnologiza-
de dos primeiros e seu papel no trânsito de mensagens no meio social.
do, que alcance um número maior ou menor de receptores, com ou sem
Por esse cotejo é possível ao aluno determinar as conseqüências dos
"ruído". Poderá dar-se conta do que significa o volume sonoro, a niti-
efeitos causados pela predominância das funções comunicativas na vida
dez de imagem, o colorido ou sua ausência, os fundos, a diagramação' a
cotidiana, tornando-se mais crítico em relação a elas.
repetição de elementos e como tais recursos podem destacar ou desfigu-
Essa etapa permite conceituar literatura, relacionando-a com as
rar â mensagem ou as intenções do emissor, responsabilizando-se por
demais formas de expressão social e examinando limites e possibilidades
parte das reações do recePtor.
de cada uma dessas. O aluno pode, comparando os resultados do exame
No caso dos textos com função metalingüística privilegiada (gra-
das formas de manifestação das funções predominantes nos textos tra-
máticas, depoimentos de escritores, artistas ou cientistas sobre seu
balhados, concluir que a obra IiÍerâria, ao dar ênfase aos procedimentos
trabalho, textos teóricos. textos que falam de si mesmos, etc.) a classe
lingüísticos de construção - libertando-se das atitudes de seu emissor,
poderá considerar o quanto o conhecimento sobre anattreza e funcio-
da necessidade de modificar o Íeceptor e da aderência ao contexto ime-
namento de algum tipo de mensagem pode auxliar o receptor e o emis-
diato, podendo violar as regras usuais do seu côdigo de comunicação, e
sor a aperfeiçoarem a emissâo e recepçào, no sentido de dotarem o
garantindo sua inteligibilidade contra os ruídos do canal por meios in-
texto emitido/recebido de eficácia comunicativa.
ternos de redundância -, adquire uma autonomia e liberdade que os de-
O método comunicacional, como se pode depreender, é aplicável
mais textos não possuem, porque mais estritamente vinculados ao mo-
às mais variadas circunstâncias de ensino de ìiteratura, uma vez que esgota
mento sócio-histórico em que são emitidos ou recebidos.
todos os fatores do texto e do contexto e suas inter-relações. Sua ado-
Por outro lado, perceberá que textos com função referencial (li-
ção não significa dar preferência à ciência lingüística nem ao desenvol-
vros de ciências, fiiosofia, religiâ'o, história, geografia, textos jornalísti-
vimento de habilidades meÍamente anaÌíticas. Não se deve esquecer que
cos, textos de dilrrlgação do saber, documentários, etc.) enfatizada, se
o próprio conceito de comunicaçào supÒe inl.eração e perspicácia quan-
podem ter a mesma permanência dos literários, não são autônomos e de-
to aos sentidos postos em circulação no meio social. O estudante que
pendem do nível de conhecimento que o emissor tem do contexto. poden-
tenha se apropriado do complexo de fatores envolvidos no processo
do perder sua validade toda vez que esse conhecimento se revelar defei-
comunicativo está mais à vontade e mais senhor de seus atos na vida
tuoso. Perceberá, igualmente, que os efeitos poéticos, conativos, emo-
prática do que aquele formado dç acordo com os métodos tradicionais.
tivos e fáticos nesse tìpo de mensagem não deixam de existir, tornando
o texto mais ou menos inteligível e agradável, mas nunca obscurecendo
totalmente o interesse do emissor em repoÌtar-se a um aspecto específì- ETAPAS DO METODO COMLINICACIONAL
co da realidade.
I- Contato com textos que comuniquem um fato individual
Quanto a textos com função conativa evidente (propaganda, dis- ou social
cursos políticos e jurídicos, pregações religiosas, textos de catequese ou
2 - Identificação dos elementos do jogo comunicativo
doutrinação, receitas em geral, de bula de remédio à receita de cozinha
3 - Análise das funções lingüísticas expÍessas nos textos comu-
e ao conserte-você-mesmo), a cÌasse reconhecerá seu caráter persuasivo,
nicativos

116 ttl
4 - Exame das formas de manifestação da função predominan-
ações mais marcantes. Essas ações, unidas às do animal do zoológico,
te
ptderao ser imitadas pelas crianças em jogos pantomímicos, à vontade.
5 - Cotejo dos textos quanto à predominância de funções lin-
güísticas
Identificação dos elementos do jogo comunicativo
oprofessorpropõeumabrincadeiraderepresentarafeituradas
* histórias dos bichos elegidos. Discute com as crianças o que é preciso ou
7.4 Exemplos de unidades de ensino
foi preciso para fazer as frases sobre a visita ao zoológico, os textos dos
_ CURRICULO quaãrinhos e do livro. A medida que as crianças vão descobrindo o que
7.4.1. POR ATIVIDADES
acontece, o professor marca no chão o lugar do elemento comunicativo
Conteúdo a que corresponde a descoberta das crianças. A distribuição desses luga-
Histórias de animais res pode ficar assim:

Material
SOUSA, Maurício de. Bidu em "Nonsense". Monic.a, São Paulo, n9 t8S,
20 set. 1985. (Ou outro texto de quadrinhos em que apareçam
animais de estimação.)
GUIMARÃES, Josué. Meu primeiro dragao. Porto Alegre, L& PM,
1984.

Objetivo Depoisdedescobrirtodososelementosnecessários,seiscrianças
Propor a leitura de textos diversos sobre animais de estimaçâ'o voluntárias assumirão cada uma das posições: uma será o autor - o
para cotejar literatura e histórias em quadrinhos. criador, ou Josué Guimarães ou Maurício de Sousa: ouï,ra será o leitor'
fra-
representando todos os colegas: a tefceira será o texto: carregará as
Procedi mentos didáticos na história escolhida, ou o livro de cui-
ses das tiras, ou a revista aberta
Contato com textos que comuniquem um fato individual ou marães, a quarta se disfarçará no ve ículo correspondente a cada texto'
tira
social de cartolina em branco, revista fechada ou o volume de livro fechado;a
Constatado o interessse das crianças por animais de estimação em quinta ocupará o círculo do contexto, imitando o objeto representado
situações informais, como conversas no recreio, entrada e saída, ou na no texto ,.*pr. que ele tiver existência real (nesse caso, o cÍrculo fica
propria sala de aula. o prolessor convida a Iurma para uma visita ao zoo- vago para os textos de quadrinhos e do livro de Guimarães); a sexta
papelão,
lógico ou a um sítio onde haja animais selvagens e domésticos. Nessa levará aos círculos do autor, do texto e do leitor uma caixa de
visita, as crianças elegem seu animal de maior estimação e observam contendo os signos visuais e verbais necessários para a feitura dos textos
com mais atenção o seu comportamento. Na voÌta, discutem o que (palavras, cores, riscos).
acharam do animal adotado e expressam suas emoções ou descobertas O jogo se inicia corn a representação da feitura do primeiro texto'
em frases que serão escritas em tiras de cartolina e expostas na parede O Autor imita os gestos de um escritor, mas descobre que não tem
da sala. materialenãosabecomoescÌever.oCódigovememseuauxílioentre.
Noutra aula, o professor sugere uma visita à biblioteca escolar ou gandoJhe a caixa de signos e ensinando-o a juntá-los' O Autor se põe a
comunitária para a mesma aventura. Como resultado, as crianças esco- .rar.u.r. Vai até o Contexto para ver como é' Se não há hada' inventa'
them seu animal mais estimado, por exemplo, o cachorro Bidu, encon- Quandotermina,põeocolegaTextoemseuÌugar.Prontaatarefado
trado na revisÍaMônica, e o dragão do livro de Josué Guimarães. Osdois Autor, este chama o Veículo, que lhe traz o material onde o Texto será
textos são lidos em voz alta pelo professor em sala de aula e as crianças çolocado (a tìra, a revista ou o livro)' Texto e Veículo são impelidos
observam o comportamento das personagens animais, escolhendo as pelo Autor em direção do Leitor' Ali chegando, o Leitor tenta 1ê-los e
não.onr.grr..ChamaoCódigo'quelhetrazdenovoacaixadesignose

118 119
o ensina a juntá-los. O Leitor, juntando seus signos, compara-os com os
etc. A cada alteração o grande grupo discute o que se modificou em
do Texto no Veículo e, ao mesmo tempo, oÌha o Contexto. Se ali en_
contra algo, faz sinal de reconhecimento. Se não encontra nada, imagina relação à cena original.
o objeto a que o texto se refere. Quando o Leitor completa a sua taÃfa.
a brincadeira termina. Exame das formas de manifestação de funçâo predominante
Convém lembrar que as crianças não devem identificar seus luga- A brincadeira prossegue, propondo-se uma adivinhação. Novos
res pelos nomes abstratos dos componentes, mas pelos no-., .on.r.ú, ocupantes voluntários combinam em segredo qual o texto que será "fei-
referentes a tais elementos em cada texto, salvo especilicação do códi- to" dos três já trabalhados. Tomam seus lugares, mas o texto não se
go. Eis dois exemplos de preenchimentos possívcis: identifica. Apos a representação a turnra deve adivÌnhar qual foi o texto
encenado. Se o Mundo conteve a girafa, trata-se de frases das crianças.
se o Mundo ficou vazio, era ou o texto Ìiterário ou o de quadrinhos. No
entanto, se o Código trouxe ao Autor e Leitor a caixa de signos que
continha cores e rabiscos. era o da revista.
Num segundo momento, o Texto é chamado à frente da cena e o
professor pede que ele conte como ele é: quem fazparÍe deÌe. o que
acontece dentro dele. se eÌe é de verdade ou de mentira.

Cotejo dos textos quanto à predominância de funções lingüísticas


Terminados os depoimentos de cada Texto, a turma compara
como cada um é e o que os diferencia. Cada criança, então. produzirá
dois textos curtos, sobre animais de estimação, um em que âpareça um
animal que eÌes viram no mundo e outro em que se represente um ani-
mal inventado.

@@
7.4.2 - CURRICULO POR AREAS

Conteúdo
Histórias infantis realistas

Material
Declaraçío universal dos tlíreitos cla criança.
ALMEIDA, Fern anda Lopes de. CuríLt sìtlotle prem í ada. Sâo Paulo. Ática.
Análise das funções lingüísticas expressas nos textos comunicati
r918.
vos
Terminada a brincadeira, outros alunos voluntários tomam os 1u_ PINSKY, Mirna. iy'ó
garganta. São Paulo, Brasiliense, 1981.
t1u

gares dos primeiros, mas as regras mudam. O professor propõe uma AMORIN, Drumond. Xixi na cama. Belo Horizonte, Comunicação
rebelião dos integrantes daquela cena inicial. cada ocupante dè um dos 1919.
lugares altera o que aconteceu na cena anterior, um de cada vez. por
exempÌo: Josué Guimarães não chama o Código, o Mundo não fica Objetivo
vazio, mas se preenche com objetos não representados na história; o Propor à classe textos literários e não literários realistas, para aná-
Leitor não aceita o Texto e alteram-se episódios, personagens, cenário, lise dos procedimentos artísticos associados à denúncia e reivindicação
social.

120
Proced i mentos d idáticos Identificaçâo dos elementos do jogo comunicativo
Contato com textos que comuniquem um fato individual ou Os alunos tÍazeÍn para a saia de aula as obras Xixi na coma e Nó
social tM garganta, bem como os demais textos levantados. O professor
Ante uma situação manifesta de relação social problemática em propõe um jogo de diagrama, colocando o seguinte esquema no qua-
sala de aula, por exemplo, um aluno que se torna objeto de zombaria dro e pcdirrcl() que, enquanto explica as regras, a turma se divida em
dos colegas por não obter bons resultados em alguma atividade propos- grupos e escolha um dos textos anteriores paÍa objeto de discussão. Os
ta, o professor, criticando a posição desumana da cÌasse, provoca os alu- dois livros rrovos ainda não serão trabalhados.
nos, indagando se conhecem os direitos lundamentais das crianças.
Dependendo da discussâ'o assim encaminhada, em outra sala, o profes-
sor faz circular entre os alunos o texto da Det'laraç'ao uníversal dos
direitos da criança, pedindo que escrevam esboços de cartas denuncian-
do casos de violação desses direitos e reivindicando a correção dos des-
vios. Esses esboços serão lidos, terão sua redaçâo melhorada quando ne-
eDoD Gì.;ì
cessário e. então, aprovados pela turma, serâo encaminhados às instân-
cias competentes (família, escola, Igreja, Prefeitura. Cámara, etc.).
Noutra aula, o professor leva à classe alguns exemplares de ,4
curíosidade premiacla e pede que os alunos observem como essa obra
T}
trala a questão dos dìreitos da criança. Os alunos dividem-se em grupos
e livremente discutem o assunto. Os relatores de cada grupo reúnem-se e
preparam um documento sobre a questão, para enviarem à Editora
DIAGRAMA PARA TEXTOS VERBAIS
Ática.
Em outra ocasião, o professor surpreende grupinhos discutindo
no pátio, durante o recreio, a propósito de alguma notícia escandalosa
veiculada pela televisão num programa de grande audiência popular. Em
aula, ele retoma o assunto, sugerindo que a classe compare as diferenças
do tratamento recebido pela pessoa-tema da notícia e o de um político
também entrevistado no mesmo programa.
Como dever de casa, o professor pergunta aos aluncs se gostariam
de observar como as pessoas de seu cotidiano são tratadas. se de acordo
com seus direitos humanos ou não. Os observadores deverão ser volun-
tários e as descobertas registradas em fichas.
Na aula seguinte, as fichas são lidas para o grande grupo e a turma
tomará posição ante os desacertos verificados, sugerÍndo comportamen-
tos alternativos. As crianças, aessa altura, terão descoberto que há mui-
DIAGRAI\,,IA PARA ïEXÏOS OBJETUAIS
ta divergência sobre o certo e o errado na convivéncia diária e muita
dificuldade em se respeitar direitos e cumprir os deveres que lhes corres-
pondem. Os diagramas são preenchidos pelos grupos conforme as regras
A partir dessa vivéncia de muitos textos sociais problemáticos. o correspondentes :
professor solicita que, para a aula de literatura, a classe escolha na (A)
biblioteca dois livros que tratem das questões já discutidas, para serem Quem?
trabalhados mais a fundo, junto com os textos que resultaram nas várias (B)
atividades anteriores. A quem?

t22 t23
Análise das funções lingüísticas expressas nos textos comunica-
(.x)
tivos
O quê?
Na aula seguinte, o professor sugere que a turma, ainda preocupa-
(m)
da com as repercussões do trabalho anterior, que deve ter gerado algu-
Através de quê'Ì
ma polêmica, escolha dois textos, dos diagramados, para tfabalhar na-
(n)
queie dia.
Quais as regras para X funcionar?
Por hipotese, os alunos priviÌegiam Xiri na cama e No na gargan-
(c)
ta, por terem sido pouco explorados e tratarem de temas muito próxi-
Sobre o quê?
mos à faixa e|ária da turma.
Cada grupo irá para o quadro, preencher.h seu diagrama conforme
O professor solicita que, em pequenos grupos, na aÌa Xlri e na ala
o texto examinado e tentará verificar, sem auxílio do prolcssor, o que
ly'ó, os estudantes inventem transformações das histórias alterando, cada
ligaA, B, C, X, m e n em cada caso. Os colegas, corrhccedores dos tex-
grupo, um aspecto do diagrama preenchido. Por exemplo: inverter a
tos. analisarão a propriedade de preenchimento clc cuda tìiagrama.
ordem dos acontecimentos de ,Y, mudar ,4 para uma banda de rock,
Por fint, tambóm os dois textos novos sdo arralisaclos pela turma,
criar um .B que odeie histórias, um lr? com páginas queimadas, um Í em
em dois grandes grupos, preenchendo-se o diagr.arrtr correspondente a
que as frases não tenham predicado, um C que esteja na China (o mes-
cada um e et-e tuando-se a mesma discussão.
mo para a história de No). Os grupos fìcam Ìivres para escolherem
Os diagrantas podem ficar assim, se Íbr corrsidcrlclo o momento
outras transformações, desde que os pequenos gÍupos abranjam todos
inicial e linal do ato de leitula:
os elementos do diagrama. Os resultados são narrados e cotejados com
os textos originais, para que a turma decida como o sentido de cada ten-

saB€R poRTUGUÊs
tativa foi construído e qual resuÌtou mals pleno.

SABER ESCREVER
/ LEB HrsróRras Exame das formas de manifestação de funçâo predominante
Noutra aula, o proÍessor propõe um seminário sobre os textos em
conjunto. Cada aluno recebe um roteiro para pÍeparar sua ìntervenção
/í;;;;\ na bibÌioteca, optando por um texto determinado. O roteiro pode ser:
lesse rrvco var\
-- FALARDEXIXIE , - Qual a intenção de A ao produzir X'Ì
"(" \,oE rueOnOS.-.í QuaÌ o efeito de X sobre B'Ì
':'k)ìa" '---^--/
-
ln interferiu sobre esse elèito'Ì
-
,4 soube usar n?
- B precisa de Cpara entender X?
Que elemento do diagrama você acha que tem rnais lmportân-
saBEB poRÌucuÉs cia nesse texto?
\
/ Qt-IIS DÉNONC/ARJ SABER ESCREVER Depois do período de estudo, o professor reúne a turma com as
! o enrcorucetro\ r len xtsrólras classes dlspostas em Ue abre a discussão sobre cada texto, dirigindo-se a
I IA L. ,/
\- RAC
\! ov um dos alunos que escolheu a Declaraçao tmÌversal tlos tlireìtos cla crian-
Ça, com uma proposta assim: "O que você acha que a tìNICEF preten'
dia ao firmar essaDeclaraç'ao?" Aoutro aluno pocle-se pergunlar:"Qual
é o efeito da Declaruçio sobre as crianças do ntuttdo vocês, por exem-
plo?" A outros alurì()s .'A t'ornra corÌìo r.ì LINICEtT clrvulgou essa Decla-
raçío prejudicou-a'Ì": "4 UNICEF soube tcdtgtt os itens?", "Há alguma

125
coisa duvidosa, difícil de entender?"; "vocês precisam se dar conta de Matenal
como são tratados para entende rem a Declaraç,ao?,'; .,A decÌaração cha_ Notícia de jornal
ma a atenção para a [,Ì.{ICEF, para o papel onde está escrita, para BRAGA, Rubem. A borboleta annrela. Rio de Janeiro, Record, i980.
as
regras de gramática e redação, para quem lê ou para os direitos reais das VERISSIMO, Luis Fernando. O gigolô tlas palavras. Porto Aìegre, L &
crianças ?". PM. 1982.
Ao passar a outro texto, as perguntas são refeitas aos interessados Objetivo
até que todos os textos tenham sido discutidos. No decorrer do seminá-
Caracïeizar a crônica como gênero literário em que a relação com
rio, não só falam professores e alunos, mas qualquer participante que
a História é mais evidente.
tenha algo a dizer sobre o tema que esteja sendo tratado. Ao final, os
alunos terão concluído que na Decloraçõo predomina a função referen- Procedi mentos didáticos
cial, nas ilustrações de Curiosídade premiacla a função poética, nas fi- Contato com textos que comuniquem um fato individual ou social
chas de direitos vìolados a função referencial e/ouemotiva,emxìxina O professor percebe, pelas conversas dos alunos, que a turma está
(an, e N(t na gargonta a função poética. Terão, também, uma idéia da empolgada com o desempenl.ro de um jogador de futebol. Surpreende
eficácia comunicativa desses textos, sem necessidade cle utilizar nomen- os alunos comentando com entusiasmo a entrevista que este jogador
clatura técnica. deu para uma rede de televisão na noite anterior. O prolessor entra na
discussão e sugere aos alunos que, rÌo dia seguinte, tragam notícias de
cotejo dos textos quanto à predominância de funções lingüísticas jornaÌ sobre o fato.
As aulas subseqúentes partirão dos achados do semirário. Nessa Na próxima aula. os alunos organizam-se em gÍupos e lêem o noti-
etapa, os alunosjá se encontram saturados do material textual e as ativi-
ciário, solicitando o prolessor que dêem atenção também às fotos e
charges. Como atividade de grande grupo, cada representante expõe aos
dades não devem se multiplicar centrando-se na funçâo predominante
colegas o enfoque encontrado no texto verbal e visual dojornal lido.
de cada texto, o professor propõe que os alunos a modifiquem, obser- O professor encaminha a discussão de modo a que a tuÍma expres-
vando os efeitos obtidos. o trabalho pode ser realizado em grupos, atra- se algumas opiniões sobre como a pessoa dos jogadores é tratada naque-
vés da competiçâo "críticos & Deslumbrados." os alunos são sorteados 1es textos (descrita. criticada, elogiada, ridicularizada. etc.).
para ingressarem no grupo dos críticos ou dos DesÌumbrados. Todos No momento seguinte, introduz duas crônicas, "Equipe", de Bra-
os
textos são retomados, a partir da constatação das funções antes realiza- ga, e "Temístodes, o Grande", de Verissimo, que abordam temas des-
das. os críticos comparam os textos quanto à intenção predominante e portivos. Voltando aos pequenos grupos, os alunos discutem o trata-
execução dessa, procurando falhas ou inverdades; os DesÌumbrados com- mento da figura do jogador pelos dois autores.
param os mesmos textos sem observarem intenções e louvando tudo o
que pode afetar a B (o receptor). portanto, Deslumbrado so elogia ou
Identificação dos elementos do jogo comunicativo
defende e crítico ataca ou elogia. Termìnando o período de reexame, o
O professor sugere que a turma se divida em seis grupos. cada um
professor lança, sem respeitar qualquer ordem, a designação de um dos
reunindo os alunos interessados em aprofundar o estudo de um dos ele-
textos. os Deslumbrados começam a louvação, sendo interrompidos mentos componentes da situação de comunicação dos textos, com a
pelos Críticos até que cedam ante os argumentos dos adversários. finalidade de efetuar um simpósio sobre a questão de tratamento da
figura do jogador.
Nos grupos, que teriam como especiahzação o autor, o texto, o
leitor, o veículo, o código e o contexto, os membros registram em fi-
chas a descrição que fazem do elemento em que são especialistas em
7.4.3. CURRICULO POR DISCIPLINAS cada um dos textos. Portanto, cada grupo terá tantas fichas quantos
- textos forem examinados. A ficha teria os seguintes itens:
Conteúdo
I - Dados de identiÍìcação do grupo
2 - Elemento examinado (p. ex: autor)
Estudo da crônica como gênero literário

126 r21
3 Texto
- paulol examinado (p. ex: notícia do jornaÌ O Estatlo tle Sao informar sobre o jogo.
Código utllizar uma narração em l?
4 Características do elemento (p ex: como aparece a presença
- pessoa, em que o sujeito ma-
do autor no texto lido) nifesta emoção; ou
No momento do simpósio, a turma distribui-se em grande círculo fazer chamamentos imperati-
e todos os elementos dos pequenos gÍupos falam sobre o tratamento da vos ao leitoÍ, para que se con-
figura do jogador conforme comunicado pelo clentento de especializa- vença das idéias do autor; ou
ção anterior. Por exempÌo, os especialistas em autor dizem, a partir de utilizar o modo de narrar de
consulta em suas fichas, quais os sinais da autoria na apresentação do um jornalista.
objeto do texto: o comentarista esportivo está interessado em dizer o Veículo usar uma declamação para ex-
que aconteceu em certo jogo e em juigar o jogador; os cronistas estão pressar de modo contundente
preocupados com a desvaÌorizaçao e o destino de certos atletas dentro e
os sentimentos do autor; ou
lora de um determinado jogo. fazer slogans em cartazes para
persuadir o leitor das idéias
AnáIise das funções lingüísticas expressas nos textos comunicati do autor; ou
vos elaborar uma notícia para te-
O professor concentra os trabalhos nas fichas reÍèrentes aos dois lejornal sobre o tema de cada
textos literários, voltando aos grupos de especialistas, que agora analisa- crônica.
rão as funções do seu elemento dentro das obras, veriÍìcando que trans- Contexto reescrever a história, dando as
formações ocorrem no texto se houver alteração no elemento estudado. impressões do autor sobre o
Uma das seguintes tarefas de produção de textos é proposta aos grupos: que aconteceria se a mesma
história ocorresse numa cida-
Especialização Tare tì de grande; ou
Autor - enfatizar a atitude emocional reescrever a história, tentando
diante do Íìrto. ou convencer o leitor de que os
- tentar persuadir o Ìeitor de fatos ocorreriam da mesma
seu ponto de vista; ou forma se o jogo se desse den-
- desejar que o texto se refira a tro de um filme; ou
um detcrminado jogo (o do reescrever a história como se
dia em que houve a entrevista
-
se Íeferisse ao jogo que deu
que motivou os trabalhos). origem ao trabalho.
Leitor - querer saber mais sobre o que Num segundo momento, em grande grupo, cada pequeno grupo
o autor sentiu quanto ao fato; apresenta o seu texto e os colegas discutem informalmente os efeitos
ou em relação âo texto literário original.
não querer aceitar o ponto de
vista do autor: ou
querer saber sobre o jogo. Exame das formas de manifesta$o da função predominante
Obra - só revelar as emoções ao au- O professor retoma todos os textos, literários e jornalísticos, tra-
tor sobre o jogo; ou balhados na etapa 2. Em grande grúpo, a turma Íesponde, registrando as
defender só o ponto de vista constatações no quadro com os sinais + ou -, os seguintes tópicos:
do autor paÍa convencer o lei-
tor; ou

128 129
Qual a intençãcr do autor desse Texto I dominante. Numa segunda etapa, em grande grupo' o professor sugerirá
texto? uma explosão de idéias com o propósito de que os alunos verifiquem
nos textos os modos çomo tal função predominante se manifesta no ní-
expressar suas ernoções sobre vel lingüístico e supralingüístico.
- Analisadas as respostas *, os alunos dizemtâptdae espontaneamen'
os jogadores?
persuadir vocês de que suas te que elementos verbais, ações ou outros os levararn a conferir o sinal po-
- sitivo àquele texto. Um dos alunos registra no quadro as idéias. Ao final
opiniões sobre os jogadores é
que valem? de cinco minutos para cada texto, a técnica de explosão é encerrada e as
* fazer com que o texto expres' idéias registradas são discutitlas e organizadas oralmente. A seguir, cada
se uma reaLidade humana aluno faz um resumo das conclusões a que chegou o grande grupo no
maior do qr'ie um jogo? seu caderno.

- verificar se ele e o leitor se


entendern sobre como se fala Cotejo dos textos quanto à predominância de funções lingüísticas
de um jogo? O professor propõe que um grupo voluntário de alunos prepare uma
veri{ìcar se o jornal/livro está aula sobre a crônica, distinguindo os subgêneros jornalístico e literário
- corn base no trabalho anterior. Por outro lado, pede ao grande grupo
mesmo atingindo vocês?
falar de fatos que acontece- que elabore perguntas sobre esse tema para fazer aos colegas.
- No dia marcado a aúa é teahzada, permitindo o cotejo das duas
ram mesmo com jogadores?
funções predominantes, a referencial e a poética, discutindo a pÍesença
Texto I em menor escala das funções subdominantes, de modo a sistematizar os
Qual o efeito que os lextos Pro'
duziram sobre vocés? conhecimentos adquiridos sobre a crônica literária.

- vocês perceberam a emoçâ'o


do autor ao contar a história?
- vocês concordam que as oPi-
niões do autor é que valem?
- vocês perceberam no texto a

expressão de uma realidade


humana maior do que um jo-
go?

- voc6s aceitam o modo de fa-


lar sobre o jogo que o autor
usa?

- vocés tiveram alguma dificul


dade ern entender o que foi
dito por causa do jornal/iivro
enquanto objeto material?
* vocês identifir:am no texto
fatos que aconteceram na rea-
lidade com os jogadores?
Os dois exercícios terão comn resultado a identilìcação através do
sinal +, cla funçâo predominante em cada texto' e do sinal --. da sub-

r30
I
fim de garantir as trocas significativas requeridas para a manutenção dos
vínculos sosiais.
Tal escola entende os signos de qualquer espécie (não apenas ver-
bais) como intencionais, ou seja, carregados de ideologia. A questão da
ideologia Íemete a Karl Marx quando fala sobre "partes da superestrutura
ideológica como a política, a religião e a atle enquanto formas através
das quais os homens se tornam 'conscientes' de, e travam sua luta no
centro material da sociedade civil, em outras palawas, a base sócio+co-
nômica". (Apud Forgacs, 1982: 160).
De acordo com a concepção marxista, a base sócio-econômica, ou
infra-estrutura'da sociedade, são os modos de. produção que garantem a
subsistência dos cidadãos, e a superestrutura são todos os sistemas de
8 - MËTODO SEMIOLOGICO
idéias que justificam e explicam essa atiúdade econômica, tais como o
Direito, a Filosofia, a Ciência, etc. Todos bs componentes dessa super-
estrutura são partes da ideologia, "representação coletiva de idéias e ex-
8.1 - Fundamentaçâo teórica
periência, oposta à realidade material em que a experiência se baseia.
O método semiológico contrasta com as linhas de ensino de literatu- Não necessariamente se refeÍe ao sistema de valores mantido ou posto
ra ainda em vigor nas escolas. Centra-se sobre a linguagem no seu uso em circulação pela classe dominante para estabelecer o consenso na so-
social, abarcando suas múltiplas realizações. Os procedimentos escolares ciedade" (Apud Forgacs, 1982: I37). O conceito pressupõe que toda
,1, com relação às obras literárias, por sua vez, normalmente se operam consciência abriga urn feixe de ideologias que justificam suas relações
I apenas sobre títulos consagrados, que se constroem a partir da linguagem com a experiência concreta.
; e dos padrões estéticos das classes priúlegiadas. Via de regra, nos textos É a partir daí que Bakhtin vê o signo ideológico como um "segmen-
que o professor utiliza em sala de aula, estampam-se os valores e repre- to" da realidade, que possui um signifìcado, ou seja, remete a algo fora
sentações das elites sociais, que resultam em modelos a serem reveren- de si mesmo. Acrescenta que "um signo não edste apenas como parte
ciados pelos alunos, mesmo que estes pertençam a outras camadas, infe- de uma realidade, ele também reflete e rcfrata uma outÍa. Ele pode dis'
riores, cujo modo de ser fica assim desvalorizado. torcer essa realidade, ser-lhe fiel, ou apreendê-la de um ponto- de ústa
Uma proposta de ensino de literatura fundada no métodosemiológi- específico, etc. Todo signo está sujeito aos critérios de avaliação ideoló-
co tem por objetivo,.transformar a aprendizagem numa prâtica cotidiana gica (isto é:se é verdadeiro, falso, correto, justificado, bom, etc.). O
de intercâmbio e coexistência de valores diferenciados, que elegem a lin- domínio do ideológico coìncide com o domínio dos signos: são mutua-
guagem literária ou outras linguagens como veículos de circulaçào. mente correspondentes" (1979 : 1 8).
Compreende a sociedade como um conjunto de vozes, atitudes e Dessa forma, linguagem, sociedade, economja e ideologia se interpe-
ações, indiüdualizadas e pessoalizadas, que sem embargo podem conü- netram e interdeternÍnam, devendo as práticas lingüísticas ser vistas
ver mesmo na dissonância e nas contradições, alimentando-se justamen- não na neutralidade de um sistema ideal, mas dentro de contexto social
te dos desvios. concreto em que têm existência.-Nesse sentido, mesmo a palavra é sem-
Seus pressupostos estão na teoria originária do chamado Círculo de pre um diálogo. "Com efeito, a enunciação é o produto da interação de
Bakhtin, escola que se formou em torno do russo Mikhail Bakhtin, a dois indivíduos socialmente organizados e, mesmo que não haja um
qual defende a idéia de que a linguagem humana é um produto eminen- interlocutor real, este pode ser substituído pelo representante médio do
temente social, decorrente do contato entre seres humanos e portador grupo social ao qual pertence o locutor. (. . .) Essa orientação da palawa
dos valores das diversas classes da sociedade. Desse ponto de vista, a em função do interlocutor tem uma importância muito grande. Na reali-
linguagem dá conta, ao mesmo tempo, da individualidade do falante, de dade, toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo
seus interesses e projetos pessoais e da coletividade de que ele participa fato de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para al'
historicamente. Essa última constrói formas de articulação dos signos a guém. Ela constitui justamente o produto da interaçõo do locutor e do

t33
I
moda, o cinema, a teleúsão, o esporte, o artesanato, a literatura, a pin-
ouvinte. Toda palavra serve de expressão & um em relação ao outro"
(Bakhtin, 1979 99), em última anáÏse, em relação à coletiüdade. tuÍa, a culirrária, a escultura, etc.. captando o modo particular do siglo
ser conúinadO com outros em cada uma dessas manifestações e o efeito
É por isso que, ao deter-se sobre a literatura, Bakhtin a analisa a
partir lidando com alcançado sobre o çonsumidclr em termos ideológicos.
da enunciação, seja do narrador ou das personagens,
categorias como o discurso direto, indireto e indireto iivre, de modo a
tlrna vez que nenhum signo e nenhuma sintaxe sâo neutros, o
núcleo do processo semiológico çstá na discriminação dos valores soçiais
demonstrar que o discurso narrativo supõe a interaçâo de duas ou mais
pr:ssíveis de cada prâtica compositiva pe rcebida. Não se trata de atribuir
vozes que o constituem, sob o controle do narrador que tanto pode ser
ao autor histórico uma intenção cientificamente comprovável -- o que
monológico, irnpedindo-as de se manifestaÍem quan do ideologicamente
poderia invalidar constatações retiradas apenas do texto --, mas de ex-
se opõem a ele, quanto dialogico, quando permite que expressem valo-
plorar os sentidos ideolÓgicos possíveis e verificáveis na obra, tomando
res divergentes dos seus.
consciência do quanto a seleçâ'o desses sentidos revela a ldeologia do
Com base na noção dialógica cle linguagem, pode-se inferir que o
anústa. A possibiiidade de diÍ"erentes leituras ern diferentes épocas exis-
conceito de polifonía, pÍoposto pelo autor para descrever a técnica de
te justamente porque a obra perrnanece paÍa além do seu tempo de pro'
enunciação de Dostoievsky, se aplica às obras em que as intenções das
dução e interage com os slstemas ideológicos de diferentes momentos
vozes que nelas falarn, direta ou indiretamente reportadas, determjnam
históriços.
urn entrejogo de interesses que acolhem posições tanto discordantes
O processo semiológico se completa, em vista disso, pelo grau de
como concordantes, nos diversos grupos sociais representados e até mes-
conscientização que o semiólogo alcança de sua inserção culturai e so-
mo dentro de um só grupo" Portanto, "o objeto da intenção do autor
cial. Ao estabelecer a polifonia ou monofonia do texto, coÍnpala*se çom
não é em absoluto este conjunto de idéias em si mesmo, como algo neu-
seus próplios modos de relação autoritária ou liberal com o próprio tex-
tro e idêntico a si rnesmo. Não;o objeto de sua intenção é precisamente
to e com os Seres humanos em geral. Essa cornparação pode alargar suas
a variaçío do tema em muitas e diversas vozes, úm pcllivocalismo e hete-
alternativas de convivência social pela maior compreensão que passa a
rovocalismo fundamental e insubstituívei ao tema" (Bajtín, \982:94).
ter do jogo de interesses que rege as práticas históriças.
A atitude semiológica, depreensível dessa teoria, é aqueia que peÍ-
A atitude semiológica, na perspectiva bakhtini.ana, é uma tentati-
çebe as intenções ideológicas dos sìgnos, uma vez que os signos não po-
va de explicitar as relações entre cultura e sociedade sem se refugiar na
dem ser pensados senão em seu uso sacial efetivo, intersos nos confiitos
icléia de que uma simplesmente é o reflexo da outra. Ambas interagem
idóológicos da sociedade. Importa, assim, estar atento para os níveis de
dialeticamente no cerne mesmo de seu material constitutivo. A socieda"
sentido dos textos, impiícitos na articuiação dos signos nos diversos
de fornece à obra as ideoiogias circulares ern determinado espaçoftem-
enunciados.
po, e esta, ao constituir-se, aceita-as ou refuta-as, no todo ou em paÍte,
O desvendamento da multiplicidade de vozes em um ou maìs tex-
através da variedade de úsões que nela se configuram.
tos circulantes no meio social promove a consoientização do sttjeito para
as ideologias a que está submetido. A tomada de consciôncia de possibi-
A leitura baseada na semiologia de Bakhtin supõe, portanto, um
apaÍato analítiôo paft a compreensão ideológica dos enunciados tex-
lidades variadas de justificação dos modos de vida que os textos contêm
tuais. Nessa tarefa de interpretação, se produzirá a descoberta do valor
dá ao semiólogo condições de interpretar mais globalmente a realidade,
ideológico dos signos lingüísticos e das construções formais, se constatará
entendendo suaheterogeneirlade e tornando-o mais receptivo a posturas
1a tendência dominante de
justificação das ocorrências dos textos e se
divergentes.
Jverificará a úsâo multifacetada ou unidirecional da realidade que a obra
O processo serniológico implica a apreensão dos procedimentos
,imanifesta. Em diálogo com as diferentes vozes textuais o leitor passa a
de que o produtor de arte verbal ou não verbaÌ (ou de qualquer objeto cul-
fazer parte de um mundo social rnais complexo, no qual ele pode reco-
tural) se vale para satisfazer seus interesses em relação,a seu usuário.
nhecer-se como sujeito ativo do seu grupo social e não um mero obser-
Nesse processo fazem-se necessárias as habilidades de aniflise,inferência
vador.
e extrapolação, que possibilitam descobrir as inter.rções autorais na esco-
lha do material e nas formas de organização do mesmo.
Uma compreensão semiolírgica requer o domínio das técnicas de
composição dos produtos culturais. Semiólogo é o sujeito çapazdeler a
135
134
8.2 - Objetivos e critérios de avaliaçâo dessas regras em termos de atuação social produtiva e a capacidade de
criar novos sistemas de sentido apafth das necessidades captadas no in-
Concepção antiindiüdualista por excelência, sem todaúa descon- terior dos agrupamentos sociais maiores ou menores.
siderar o indivíduo, essa teoria fundamenta uma metodologia de enlino
de literatura que acentua o papel dialético da linguagem na socieOãOèJ
enguanto preservação dos saberes e proposição de mudanças, enquanto 8.3 Etapas de desenvolvimento: técnicas
-
ação transformadora e conservadora.
O ensino da literatura, dentro dessa modalidade pedagógica, com- A leitura de um texto,seja em sala de aula ou fora dela, nunca é
preende toda a multiplicação de produções culturais, tanto do presente unânime. A escola, porém, baseada numa tradição autoritária,'tende a
como do passado, levando em conta que as formas prestigiadas nâ'o pas- nivelar a compreensão dos textos, atribuindolhes um sentido privilegia-
sam de instrumentos de poder da elite dominante. É um ensino que traz do. Numa situação escolar em que se empregue o mótodo semiológico,.
pua a sala de aula a efetiva efervescência dos entrechoques classiais, porém, essa atitude não se sustentará. O método pressupõe que qual-
sem procurar pasteurizá-la, como é hábito na escola brasileira, e valen- quer troca de comunicações não é neutra e, portanto, não carrega um só
do-se dela para instrumentalízat o aluno a ocupar um lugar ativo e críti- sentido. Quando alguém se comunica com outrem para,utilizando uma
co na sua comunidade. linguagem, ou sistema de signos, veicular determinada mensagem, sem-
Os objetivos do método, levando em consideração essa polifonia, pre se posiciona diante do conteúdo da mesma em termos de ideologia.
podem ser formulados como segue, sempÍe do ponto de ústa do aluno: Essa tomada de posição se relaciona com as intenções daquele que fala
1) Admitir a diversidade de textos na vida social. no sentido de estabelecer um contato social com o 9út9. Os pfoblem4s
2) Adquirir as normas intencionais do jogo semiológico, posicio- de sentido de um texto, pois, estão vinculados às intenções ideológicas
nando-se criticamente ante elas. que Íegem tal contato. Numa relação social entre duas ou mais pessoas,
3) Perceber a realização diversa das regras pelos diferentes sujeitos ocorre um jogo pelo poder, que pode se resolver de forma assimétrica
produtores de signos. ou simétrica. Quando os interesses são conflitantes, a adoção de um sen-
4) Captar as intenções dos textos que transitam no meio social. tido comum signifìca ou que houve argumentaçâo e persuasào ou que se
Esses objetivos dão conta de problemas tais como as diforentes usou da força. lmpõe-se. então, a verdade de um grupo sobre os
variedades de gêneros e estilos literários, a intencionalidade dos discur- demais, conforme o sistema social democrátìco ou opressivo, por
sos, encoberta pela unicidade do sistema de comblnaçâ'o dos signos, os aceitação ou submissão.
aparelhos de poder dos segmentos dominadores dentro de grupos e clas- A linguagem verbaì e os outros sistemas semiológicos sempre
ses sociais, manifestados especialmente pela assimilação e esvaziamento dernonstram. tanto na forma como no conteúdo. esse jogo ideológico
dos discursos desviantes. O estudante é instrumentalizado, assim, a de interesses. que impede a neutralidade dos signos e dos textos produ-
mover-se com olhos críticos nesse ambiente contraditório que é a cultu- zidos. O exercício dè compreensão e de interpretação constitui-se, pois,
ra das sociedades burguesas. na decifração das intenções h1s!óric4s dos sujeitos das falas. Acontece,
Os meios de avaliação do aprendizado do aluno têm de focalizar porém, que quem decifra também está imerso nesse mesmo jogo social,
tanto o processo de conscientização quanto seus efeitos. No primeiro interferindo na constituição dos sentidos através de suas próprias inten-
caso, o professor acompanha a ativiiade individual ou grupal e verifica ções. Isso obriga o intérprete a tomar consciência dos fatos semiológi'
se o aluno aceita os textos recebidos. exercendo um pensamento crítico cos, se quiser ser o sujeito de seus atos e não mero joguete das forças
, e não simplesmente conformando-se ao que lhe é oferecido para consu- so ciais.
I mo. Igualmente quanto Íìo processo, é aconselhável buscar indícios de A diversidade de sentidos que os interesses indiüduais e gÏupais
que os estudantes estão discernindo sua funçâo social enquanto intér- configuram resulta numa contínua efervescência de idéias e práticas na
pretes dos textos de sua cultura, assumindo, pois, as conseqüências sociedade, que se refletem, por sua vez, sobre as linguagens e suas gra-
daquilo que ajuntam ao acervo social comum. máticas, modificando-as. É assim que se explica o aparecimento e o de-
Quanto aos efeitos obtidos, poder-se-á examinar a eficácia do ma- saparecimento de palavras e de estruturas lingúísticas, que entram em
nejo das regras do jogo semiológico intencional, a alteração crítica uso e caem em desuso segundo as necessidades de comunicação dos grupos

136 131
sociais. Por isso, também, as mesmas palavras podem ter significados di- classe que possa ser trabalhado como tema de estudo, tal cottto :r (ltl(rs-
ferentes conforme os interesses que dirigem sua leitura. Nesse quadro tão disciplinar, o uso de drogas, as relações aluno-escola, cic.
inclui-se a literatura e sua permanência. O leitor mantém a obra literária Os textos reunidos pelos alunos em torno do foco prtlpos(o st'tito,
viva para si enquanto ela responde aos interesses a que ele está ligado ou a seguir,lidos nas suas respectivas linguagens, circulando pnr todu a crlus-
en quan to ela os questiona convincentemente, transforrnando-os' se. Os alunos, de forma assistemática, registram suas primeiras imprt's'
Todo o ato de linguagem é, pois, um diálogo de ideologias, que só sões sobre a relação de cada texto com a proposta de unidade, em cqrri'
se torna possível pela presença, Ínesmo implícita, do outro' Quaiquer pe ou individualmente, utilizando'se de fichas, arquivos çoletivos, álbrrrrs'
ïexl"o tÍaz, de um lado, os interesses daquele que o produz, e, de outro, criações musicais e plásticas, simulações de jornais falados' etc.
os que ele supõe serem do público, bem como interesses divergentes, Depois' dessa leitura descompromissada e ingênua dos textos.
consignados ao texto Por quem o lê. passa-se à etapa de aquisiçQp das regras do iogo semiologico' que tem o
A diversidade de sentidos que transitamnum texto determinaa sua propósito Oe instiuÀèntalizar\ aluno para uma leitura arguta das obras,
polifonia, ou seja, a figuração de várias vozes sociais nele presentes, mes- atento para grocedimentos particulares do autôr em cada um dos
mo em conflito. Nesse sentido, um texto pode ser mais ou menos poli- produtos culturais coletados. Trata-se de aprender a ler as linguagens
fônico, quando uma das vozes tende a impor-se sobre as demais. Assim, nos textos trazidos.
-
empregadas
na leitura, tamtrérn pode haver o destaque de uma ou outra voz dentre úesta etapa, cabe ao professor ensinar o aluno a-6r$ãil"Ëoì ri-
podendo a compreensão sel plural.
as figuradas, vrgs de ficção e íão Ïìcfío,'1e6çiários na imprensa faladal, escrita e tele-
Uma metodologia para o ensino da literatura fundamentada nes- visionada, icinema, música, artes plásticas, cartazes, artesanato' moda,
sas concepções deve levar em conta os conceitos-chave de signo ideo- culinária, brinquedos, jogos e esportes, costumes, teatro, dança' etc. Ca"
logico, ov seja, dentro de determinado sistema semiológico, a idéia de da uma destas manifestações vale-se de um conjunto de signos (ou par
que um signo nunca é neutro, mas carregado dos interesses ideológicos tes), arranjados de modo especial, de acordo com suas funções. Um con-
das classes que o usam; dÌalogismo, isto é, a origem social da linguagem, to de fadas é composto por personagens, ações, lugares e épocas que,
e polifonia, como figuração de múltiplos interesses sociais nos textos. o numa certa ordem, resultam em A bela adormecida, se acrescidos de
método semiológico acentua o papel dialético da linguagem na socieda' sinais individuantes: menina que adormece por ferir um dedo num fuso,
de enquanto preservação dos saberes e proposição de mudanças, en- a partir da ma.ldição no nascintento, etc. Um auditório pode ser
quanto ação conservadoia e transformadora. composto de uma série de cadeiras naplatéia e de outras no palco, mas
Numa sala de aula em que se adote o método semiolôgico, eslabe- os ornatos e a disposição das mesmas podem significar o lugar da direto-
iece-se como primeira etapa de trabalho a coleta de textos culturais
'
ra da escoÌa e dos alunos.
diversificados. Pressupõe,se que o estudo literário compreende também Para <lescobrirem'se as regras de um sistema semiológico, o ponto
a multiplicidade de produções da sociedade, tanto do prçsente como do de partida é a observação dos elementos que compõem esse sistema. do
passado, com a consciência de que as formas prestigiadas não passarn de modo como se çombinam e do efeito que produzem por causa de suas
instrumentos de porler da eiite dominante. Não devem, pois, ser exçlusi- características e ordem de combinação. Essa tarefa, em sala de aula, po-
vamente trabalhadas, mas sim colocadas lado a lado çorn as formas de-se desenvolver através de atividades como observações (sempre regis-
populares. o estudante deve ser estimulado a buscat, em sua comunida- tradas) e discussões, sob forma específica de jogos de simulação, através
de, toda espécie de textos, ;desde artigos manufaturados até obras lite- de reproduções em caÍtazes, colagens, dramatizações, brincadeiras de
rárías ou artísticas em geral, que estejam nela circulando de forma mais pátio ou na classe, em que se figura ou assume o papel dos signos do
evidente e suscitando opiniões contraditórias. texto e suas relações, ou de disputas argumentativas, como júri simula'
Essa estimulação pode partir da eleição conjunta de um tema a ser do, entrevistas, progÍamas de perguntas e respostas, gincanas, etc., ern
examinado: os direitos do jovem, a questão agrâtia, a posição da mu- que os desafìos sejam planejados para revelar o sistema semiológico tlrt
llrer; da proposição pelo professor e/ou alunos de uma forma ou gênero produto-tema. os achados dos alunos deverão ser cotejados a partir tkr
que originern polêmica, como o romance de vanguarda ou a poesia mar- foco escolhido, no sentido de que se esclareça qual o tratamenttl tlittkr
ginal, ou representem a tradição, como as histórias pedagógicas para por cada linguagem ao tema.
r. t.,Ìacr!!Ì!Ì r,r, ,ia qnsert:ttt tlr trttì iiiuiricirta \ic
Descobertos os componentes semiológicos e suas gramáticas, che- descobertas anteriores. Nesse momento, cumpre analisar as visr)cs dc
ga-se à etapa de reconhecimento do uso intencional das linguagens. Tra' mundo já reconhecidas do ponto de üsta da representação do rcal c;ue
ta-se de perceber que os textos significam, ou seja, que a combinação elas fornecem. Essa representação, que é sempre ideológica, e por isso
dos signos tem intenções, tanto claras como ocultas. A obra retrata as interessada'em valores elegidos por determinada classe social, pode ser
intenções conscientes ou inconscientes do autor, bem como o tipo de conformadora ou emancipatória. Na primeira hipótese, o autor tenta,
público que e1e gostaria de ter. Estas intenções se çxpÍessam no plano através de seu produto, impor ao público a sua visão de mundo sem
das idéias, ditas ou subentendidas, nos modos de reldça-o de personagens admitir a possibiiidade de outras divergentes. Usa de todos os ÍeÇursos
ou figuras históricas, na concepção e/ou fabricação mais ou menos sofis' formais disponíveis para justificar sua postura ideológica, não dando ao
ticada de um produto, na representação mais ou menos refinada de am- leitor a possibilidade de contestação. Na segunda hipótese, o autor cria
biente ou cenários, nas hierarquizações dos elementos, enfim, nos meios um objeto cìítural que permite várias leituras, suscitando sentidos que
de geração de simpatia ou antipatia, de prazer ou desprazer no leitor. não convergem necessariamente para sua concepção pessoal do mundo.
É nos meios de conquistar o leitor ou usuário que transparecém as Ao apresentar uma pluralidade de visões, obriga o públíco a um exercí-
intenções do produtor quanto ao seu público. Essas intenções podem cio de crítíça, para poder optar pelo sentido que melhor atende ou
ser de modificar o comportamento ou valores ideolôgicos de seu leitor desestabiliza os interesses de cada um.
ou mantêlos inalterados. Elas se tadvzem pela maior ou menor univer- O processo analítico pode ser efetuado através de técnicas de
salidade dos temas - que indicie o desejo de transitoriedade ou perma- argumentação, em que os alunos sepaÍam as justificações, no pÌano das
néncia do produto - e pela valoração positiva ou negativa dos elemen- idéias ou das formas, pua cada visão de mundo constatada e as compa-
tos do texto, conduzindo a razão e emoção do leitor à identificação ou Íam, a fim de verificar quais querem persuadiJos sem permitir divergên-
rejeição. cias e quais proporcionam várias perspectivas possíveis. Debates, júris
Reconhecer a intencionalidade das linguagens implica dar-se conta simulados, reportagens interpretativas, entrevistas com autores, mesas-
de que as combinações realizadas pelo autor não são ingênuas, mas obe- redondas e seminários são meios de organizar a discussão e incentivar a
decem a propósitos ideológicos, ou seja, manifestam um tipo de visão tomada de posições através de argumentação, mantendo ao mesmo tem-
do mundo que não pertence apenas ao produtor enquanto indivíduo. po a pluralidade de interpretações e a unidade de foco.
mas deriva das concepções que sua classe socìal fazdarealidade. Quan- A, interaçõo dos suieitos com os /erlos constitui-se na etapa em
do a literatura. ou o cinema de massa constrói um personagem cujo que os alunos, valendo-se dos conhecimentos obtidos, são conduzidos a
maior valor é a força física e cuja meta é a justiça pelas próprias mãos e manifestarem suas relações com os signos e suas intenções. É o momen-
pa:,a ela faz convergir toda a simpatia do público, está servindo de por- to em que se percebem como sujeitos de uma leÍtura criadora, que con-
Ía-voz a uma classe que adota esses valores na prática social. tribui para a constituição do universo de sentidos que cada texto
O exercício de reconhecimento de intenções pode ser efetuado cultural apresenta, tanto quanto o produtor, na medida em que captam
através de atividades escolares que evidenciem o teor intencional dos as intenções deste e se posicionam diante delas de acordo com suas vi-
textos pela identificação do sentido, pela paródia ou pela convenção. sões pessoais. Tornam-se conscientes de que os textos não são objetos
No primeiro caso, os alunos podem reproduzìr o objeto ou a obra lite- acabados e imóveis, mas passíveis de transformações, segundo as neces-
rhria tornando manifestas ou exagerando as intenções do autor, podendo sidades e os interesses de cada época e de cada grupo de indivíduos.
chegar a provocar o riso dos colegas, através de dramatização, quadrini- Essa etapa dessacraliza o texto, retirando-o do pedestal em que as
tlrção. cafiazes, redações, composições musicais, etc. No último, alte- elites culturais costumam entronizá-lo. Diante dos produtos analisados,
ram-se as intenções no seu contrário, recompondo os textos e compa- incentiva-se o aluno a comentar as ìntenções do produtor e ajustificar
rarrdo os resuitados, por meio de técnicas similares. suas opiniões, de modo a que se dé conta de queele também fazparle
Ao final da etapa os alunos devem estar aptos a verbalizar suas de visões de mundo socialmente interessadas. Dessa forma, é encorajado
descobertas em termos de visão do mundo defendida pelos textos, a discutir com o texto, deixando de aceitálo passivamente. Tanto pode
verilìcando onde há convergência ou divergência entre elas. destacar os achados do produtor como pode questionar fundamentos,
Vencida cssa fase, passa-se à antilise das intenções confofmadoras argumentos, coerência, estrutura e valores da obra, que se transforma

141
em objeto a ser construído e não dado pronto. O diálogo dos alunos Ohjetivo
com os textos faz-se através de atiúdades expressivas, tais como defesa I-evar a criança a distinguir entre brinquedos apassivadoLcs c cslt
de teses, composições e dissertações, debates coletivos, tendo em ústa mulantes e a posicionar-se diante deles de forma criativa.
sempre a comparação do tratamento conferido ao tema pelos textos e
pelos estudantes. Procedi mentos didáticos
Essa metodologia só terá ê4ito se for assegurada a livre manifesta-
Coleta de textos culturais diversificados
ção dos alunos quanto a crenças e valores, de modo a produzir-se na sala Partindo da observação de que as crianças levam brinquedos para
de aula a situação de pluralidade ideologica que o método prevê. Desse
a sala de aula, o professor sugeÍe que o trabalho com literatura gire enl
modo, o ensino de literatura pode assumir foros de transformação so- torno do tema brinquedos. Fica combinado que no dia seguinte os alu-
cial, gerando cidadãos conscientes de sua situação de sujeitos daHistória
nos trarão os brinquedos de que mais gostam para a escola e o professor
de seu povo e desmistifiçando as relações do indivíduo com o grupo promete procurar histórias que falem sobre esse tema, para serem iidas.
social. Tal processo se desenvolve em três níveis de abrangência: 1) No outro dia, ao chegarem, encontram na saia uma longa prateìei-
encarando os textos como objetos culturais passíveis de manipulação,
ra improvisada e são convidados a expoÍem os seus brinquedos para os
análise e desvendamento de intenções; 2) desapropriando a escola de
coiegas. Nesta prateleira já estão colocados os livros e revistas trazidos
seu papei de mantenedora da cultura das classes dominantes;3) cons- pelo professor. Enquanto aÍÍuffìam os brinquedos, as crianças conver-
cientizando o sujeito de sua participação ativa no fazer histórico.
samlivremente sobre o que cada uma escolheu para mostfar à classe.
Num segundo momento, já acornodados, o professor lhes soliçita
que faÌem sobre tudo o que está na prateleira: o que há, como são osob-
ETAPAS DO MÉTODO SEMIOLÓGICO jetos, o que os faz diferentes uns dos outros, paÍa que servem' como
I Coleta de textos culturais diversificados se brinca com eìes, como foram otltidos. Para que não esqueçam o que
- disseram, o professor faz, a parlit de sugestões da classe, legendas para
2 - Aquisição das regras do jogo semiológico
3 Reconhecimento do uso intencional das linguagens cada item da prateleira em cartões grandes e as cola sob os brinquedos.
- Posteriormente, a classe é autorizada a ÍnanuseaÍ os brinquedos
4 - Análise das intenções conformadoras ou emancipatórias dos
textos paÍa ver se descobre outras características e usos. Se as crianças forem
5- Interação dos sujeitos com os textos analfabetas, o professor pode lerJhes as histórias, mostrando as figuras,
se elas o desejarem. Os itens devem trocar de mãos ou gupos' até que
quase todos sejam conhecidos da classe inteira. O professor pede que
8.4 - Exemplos de unidades de ensino revejam as legendas e lhe digam o que deve ser acrescentado ou muda-
do. confecciona legendas novas para os casos de alteraçcÍes e as prende
8.4.1 - CURRICULO POR ATIVIDADES outra vez sob os brinquedos.
Conteúdo Aquisição das regras do jogo semiolôgico
Histórias sobre brinquedos Noutra aula, com os brinquedos novamente presentes, o professor
pede que os alunos se dividam em gÍupos e que cada grupo escolha unr
Material
brinquedo, um Ìivro e uma reüsta da prateleira. O grupo dever:ir (l)
ANDI']RSEN, Hans Christian. "O soldadinho de chumbo." ln'. Contos olhar bem cada objeto;(2) ensaiar no pátio uma pantomima, prevenclrr
asutlhklas. Porto Alegre, Globo, 1985. rnáscara e mímicas que reproduzam as características e funções do oblc-
TUNÊ. Á petcca. Il. do Autor. 2. ed. São Paulo, Ática, 1978. to; (3) apresentar a pantomirna ao grande gÍupo, que avaliará a sttlt
(Col. Um, dois, feijão com arroz) eficácia, lembrando do que está escrito nas Ìegendas da prateleira
ABRAS, Santuza. Moto de brinquedo. Il. de Humberto Guimarães. Belo As pantominras sernpre incluirão três cenas, ulna sobrc uttt lrIitt
Horiz-orrtc, Le. I985. quedo, outra sobre a obra e outra sobre a reústa. Por exempl<1, s(' (t f"l tl
po escolher o boneco He-Man, uma historia do coelhinho da Mtìtticrt t' rr

t.l I
livro Moto de brinquedo, pode designar um membro para cada signo do pular. Este tipo de brinquodo, poÍ sua vez, requer o uso da imaginação c
objeto e formá-lo com todos os ingredientes, ou descobrir outras solu- a participação ativa do consumidor, o que demanda mais trabalho, de-
ções para a divisão dos papéis. terminando a apreciação mais fácil do outro tipo.
Ao final das apresentações, o professor pergunta o que havia de Em vista dos resultados dessa conveÍsa, o professor desafia a clas-
comum e de diferente entre as várias pantomimas dos mesmos objetos se a formar, na prateleira, as alas dos brinquedos prontos e dos brinque-
ou textos e, com os brinquedos e livros na prateleira otrtravez, propõe dos de pensar. Espera-se que, na primeira ala, sejam colocados todos os
que a turma debata sobre a eficácia dos diversos brinquedos e textos, brinquedos manufaturados e, na segunda, os livros, revistas e brinque-
isto é, diga quais deles piuecem se prestar melhor às brincadeiras que dos artesanais, mas isso pode não ocorrer.
eles gostariam de ïazer. O passo seguinte é verificar o que o fabricante/produtor queria
conseguir do usuário, tendo feito o brinquedo do modo como está nas
Reconhecimento do uso intencional das linguagens duas alas. O professor pede que as crianças finjam ser quem fez o objeto
A partir do debate, o professor propõe que, agora que conhecem e imaginem se ele diria ao comprador:"brinquem com esse-como
bem os brinquedos e livros, os alwros façam uma exposição-feiÍa para os está" ou "brinquem com esse como vocês quiserem que ele
colegas de outras turmas, divulgando as vantagens de cada um pelos seja".
mesmos recursos ciue os adultos usam em feiras de fabricantes. Os alu- A composição --prateleira é então refeita.
das alas da
nos se dividem em grupos por espécie de brinquedo ou texto e planejam
seus estandes e formas de propaganda- Estas devem tentar convencer os Intera$o dos sujeitos com os textos
colegas a comprar simbolicamente os objetos. à turma se não gostaria de
O professor, na aula seguinte, pergunta
Na aula seguinte, no pátio, a turma ìmprovisa a FEBRINQUÉ, fazer com que todos os brinquedos fossem como os da segunda ala. Pro-
que funÇionará do seguinte modo: cada estande apresenta os brinquedos põe montar uma Fábrica de Brinquedos. Cada aluno retoma seu brin-
do mesmo tipo em prateleiras e suportes e os fabricantes divulgam por quedo da prateleira e o professor sorteia entre a classes os livros e pede
cârtazes, apresentadores, músicas, alto-falantes, discursos, as vantagens que cada criança finja ser o fabricante do seu objeto e do livro ou revis-
dos brinquedos. Os freqüentadores da feira serão os próprios colegas de ta. Deve estudar bem como são feitos os lirinquedos e os textos e tentar
outras estandes ou crianças de outras turmas da escola. imaginar como os mesmos poderiam seÍ melhorados para o usuário. Isso
Após a feira, o professor reúne os brinquedos de cada estande significa que o aluno transformará o objeto acrescentando ou mudando
diante da turma e solicita que se descubra quais necessitaram de mais características, para ampliar-lhe as funções. Por exemplo, ele pode mo-
propaganda para convencer o público a compráìos. Pede às crianças que dificar as Íoupas ou pinturas de uma boneca, trocar a carroceria ou as
pensem e tentem dizer por que isso ocorreu. Íodas de um caminhão, repintá-lo, criar mais quadrinhos para a história
A procura e sucesso dos itens expostos terão sido diversificados da Mônica ou alterar cenas ou personagens do livro lido.
em função de atitudes preconcebidas quanto ao valor de brinquedos Na aula seguinte, cada criança traz o materral necessário para rea-
artesanais/industriais, livros/revistas. As crianças deverão buscar, entâ'o, lizar o projeto de brinquedo que imaginou e transforma o seu brinqÌle-
nesse debate, razões para o comportamento do público e para os argu- do ou livro.
mentos de propaganda maior ou menor que tiveram de empregar. Num segundo momento, com os novos objetos expostos na prate-
leira, a classe discute quais foram os originais que permitiram maiores
Análise das intenções conformadoras ou emancipatôrias dos mudanças e, nesse processo, divertiram mais os alunos.
textos
Tendo chegado à constatação de que certos tipos de objetos para
brincar são mais vendáveis, a turma é orientada peio professor, através 8.4.2 - CURRICULO POR AREAS
de uma conversa informal, a discriminar motivos para tanto. Os alunos Conteúdo
podem perceber que os brinquedos manufaturados e as revistas são pre-
feridos porque exigem menor esforço para o consumo, chegando às Representações da escoÌa na literatura
-..:--- .:- :.--... .-- ;"' .-.-.:.-.-..,
"'
145
Os grupos sorteiam os textos eleitos a serem examinatlos e prccrì
Material
chem os mapas. Cada grupo desdobra o mapa geral em cartries c()rÌl ll)c
NUNES, Lygia Bojunga. A casa da madrÌnha. 2. ed. Rio de Janeir<r nas um item e coloca todos os da mesma categoria juntos. Por e xcntplo
Agir, 1975.
BANDEIRA, Pedro.,4 drogo da obediência. São Paulo, Moderna, 1984.
Componentes Características Relações
NORONHA, Diana. Pro que der e vier. Potlo Alegre, L & PM, 1985.

Objetivo Professor 1: X Autorìtário Ordenar


Proporcionar ao aluno a oportunidade de criticar as concepções Professor 2: X Compreensivo Auxiliar
de escola úgentes na sociedade. Professor 3: Cardoso Bandido Opor-se
Professor 4: Profes- Criativa Auxiliar
Procedi mentos didáticos
etc. sora de
Alexandre
Coleta de textos culturais diversificados
Numa situação problemática, em que os alunos apresentam baixo Aluno 1: X Esforçado Buscar
rendimento e dificuldades disciplinares, além de falta de interesse pelo Aluno 2: X Vadio Não-buscar
estudo literário, o professor propõe que a classe examine essa condição, Aiuno 3: Miguel Empreendedor Buscar
colhendo textos sobre a instituìção Escola, na comunidade escoiar e Aluno 4:Alexandre Empreendedor Buscar
extra-escolar. Os alunos combinam com o professor um prazo para a
Objetol:Livrode Registrador de Ordenar
prescrição do material, ficando claro que não há prescrição sobre o
chamada notas e freqüêncla
tipo de texto a ser coletado, desde que se inclua o literário.
Na data marcada, os alunos expõem à turma, através de relatos, o
que obtìveram junto à biblioteca, jornais e revistas, pessoas-fonte. Por fim, os cartões são afixados por categoria num grande painel,
outros colegas e professores. permitindo a visualização rápida de todos os itens indìviduais, de suas
Organizam uma eleição para a qual confeccionam uma urna. Em relações e sua incidência.
grupos, selecionam os textos-candidatos e elaboram a plataforma de
cada um, Ìendo o material e retirando os conceitos básicos. Reconhecimento do uso intencional das linguagens
Noutras aulas, realiza-se a campanha eleitoral, nomeiam-se os me- Com os dados do banco, dissolvidos os grupos, a tuÍma é instigacla
sários e fiscais, os apuradores, juízes e faz-se a eleição. Após a apuração a preparar cenas-relâmpago que parodiem as situações dos texttls,
dos votos, são conhecidos os textos a serem trabalhados posterìormen-
provocando o riso pelo exagero de características ou relações. lìnr pe-
te:um recorte de jornal ou reüsta, um depoimento de um aiuno, de
quenos grupos os alunos se apresentam, sem identificarem previantcnle
um professor e de uma pessoa da comunidade, três obras literárias e a
própria escola. o texto parodiado. A platéia deve descoblir que texto está sentlo repre-
sen tado -

Terminados os espetácuÌos, no quadro-verde, o prolcsstlr c<tlttca


Aquisiçâo das regras do jogo semiológico duas categorias: "O que o autoÍ do texto queria dizer" e "O <1ue o gru-
Divididos em três grandes grupos, os alunos se ocupam num pri- po quis dizer". Os alunos coletivamente sugerem, para catlit lcxttt. as in-
rneiro momento dos textos não literários, por espécie (recorte. depoi- tenções que puderem perceber. A seguir, debatem, ettt gt atttlc círculo,
rrrento e escola), e, num segundo momento, dos literários (que podem as diferenças havidas entre as duas versões, rtottìclttttlo trnt secretário
ser A cusa tla madrinhq, Pro que der e vier e A droga da obediência ott para registrar as constataçôes.
outros), com o objetivo de constituir um banco de dados sobre a escola.
O pr<lÍ'cssor sugere unì mapa-modelo:nome do objeto, componentes do
Análise das intenções conformadoras ou emancipatórias dos textos
objeto (pcrsonagens e cenários ou alunos, professores, funcionários, sa-
Noutra aula, o prol'essor sugere a elaboração de uma página de
las, pátio, material escolar, biblioteca, livros da secretaria, etc.), caracte-
ríqticas rlc r:erl;r (ìí)mnonente relacões esf abelecidas entre os comDonen- jornal com colunistas classiíìcando, como se Íìz rra imprensa, o que é 1r e
i^, !'i.,-,.,.,,' ,,,,.,i,... .-,..ri--,.rì out na escola segundo os dados já analisados e as intenções descobertas

t41
Y

Procedimentos didáticos
nos textos. Cada grupo escolhe um texto e redige uma coluna, conferin-
do a classificaçío de in ou out a seu texto, justiÍìcando as razões da de- Coleta de textos culturais diversificados
cisão. Em conjunto, montam a pâgina dispondo as colunas na ordem O professor faz uma maquete em sala de aula para definir o tema
que considerarem melhor, escolhendo tipos chamativos para o cabeça- das próximas aulas de literatura. Fica previamente combinado que o
lho. No canto inferior direito, organrzam um quadro-resumo dos textos assunto de maior preferência será trabalhado por todos. Os alunos
in e eut. computam as respostas e apresentam ao professor a vencedora, que po-
derá ser, por exemplo, "ajuventude e seus conflitos com a sociedade".
Interaçâo dós sujeitos com os textos' A partir desse foco, o professor solicita què a classe se divida em
Do exame da pâgina de jornaÌ, o professor consulta os alunos gupos e faça uma pesquisa em bibliotecas, cinematecas e údeotecas da
sobre a hipótese de transformar a experiência vivida em algo prático. cidade ó da região, em busca de novelas e filmes que digam respeito ao
Sugere a elaboração de uma "CarÍa Aberta à Nossa Escola", em que se tema escolhido, fixando um prazo para a obtenção do material, por em-
aproveitem as idéias surgidas durante o trabalho para tentar transformar préstimo ou locação. Enquanto isso, o professor e alunos voluntários
as condições de ensino-apredizagem num projeto mais efetivo de providenciam o equipamento para a eúbição dos filmes, seja um pro-
educação, com o compromisso dos alunos de integrarem-se nele. jetor de cinema, um údeocassete e teleúsor ou uma sala de projeção
Ensina a estrutura de uma carta aberta, que se compõe de conside- comercial da comunidade.
randos e propostas, e orienta a redação coletiva da mesma. Tendo sido Terminada a pesquisa, os alunos ïrazÊín os textos recolhidos e o
aprovada por todos a forma final, a classe decide como irá encaminhar professor sugere que se sorteiem duas novelas e dois filmes (entre nacio'
a aarta ao diretor e ao corpo docente da escola, prevendo formas de nais e estrangeiros). Marcadas as datas de exibição dos filmes, com inter-
pressão que garantam a conquista de pelo menos algumas das reivin- valo de uma semana entre os dois, os alunos são solicitados à leitura das
dicações. novelas, a ser acabada até a apresentação do último filme.
Numa aula seguinte, a classe conversa informalmente sobre a rela-
ção que existe entÍe as personagens dos textos e o tema. Ao final,
8.4.3 - CURRICULO POR DISCIPLINAS reconstitui os dados levantados através da elaboração de uma sucessão
Conteúdo de quadrinhos desenhados no quadro-verde. Cada quadrinho tem a per-
sonagem principal de um texto em primeiro plano e balões indiçadores
Construção e motivaçâ'o das personagens jovens na literatura bra-
de faÌas de figuras que não aparecem, contendo frases retiradas de con-
sileira atual e no cinema.
versa de classe sobre o herói.
Material
MACHADO, Rubem Mauro. O inimigo na noite. Porto Alegre, Mercado Aquisição das regras do jogo semiológico
Aberto, 1984. O professor, em outra aula, sugere que a turma, diúdida em tan-
SALINGER, J. D. O apanhador no campo de centeio. S. ed. Rio de Ja- tos grupos quantas forem as personagens de primeiro plano dos textos,
neiro, Editora do Autor, s.d. pÍepare clippings musicais, ao eslilo dos exìbidos na teleüsão, em que,
RAY, Nicholas. Juventude transviada. Rebel without a cause. USA, com fundo sonoro escolhido pelos alunos e gravado ou cantado,aperso'
Warner, 1955. nagem seja expÍessa no que é e nas suas ações, tendo por cenário o(s) lo-
LIMA JLTNIOR, Walter. Inocência. Brasil. s.d. cal(is) em que mais aparece nos textos. Nesse caso, os alunos deverão orga-
nizar a equipe de atores/cantores, de sonoplastia, de cenografiae de ilumi'
Objetivo nação e nomear um ou mais diretores do seu espetácuÌo. Pataatealtzação
lBvaÍ o aluno a interpretar os sentidos veiculados pelos modos de dessa atividade, os alunos começam por levantar todas as características
construção da personagerh em narrativas modernas. da personagem, levando em conta seus conflitos com a sociedade para
enfatizálos na montagem.

148 149
Depois dos ensaios, em datas previamente combinadas, os clippíngs tema. As notas finais deverão ser justificadas através de argumentos tex-
sío apresentados à turma, que discute sua originalidade, seu grau de tuais pela turma.
comunicação e sua relação com o texto original.
lnteração dos sujeitos com os textos
Recoúecimento do uso intencional das linguagens O professor solicita que os ahmos escrevam um conto autobiográ-
Tendo sido debatidos os clippings, os alunos, por estímulo do fico, assumindo a situação de çonflito úvida por uma das personagens, à
professor, preparam um roteiro de entrevista a ser realizada com os di- escolha. Devem colocar-se no lugar da personagem e nalrar em primeira
retoÍes de cada espetáculo, para descobrirem as intenções daquelas pessoa como foi o caso e como este seresolveuna sua perspectiva. Pos-
composições. teriormente os contos baseados na mesma pelsonagem são lidos para a
A entrevista deve prever perguntas como: "O que você quis dizer turma, verificando-se que peÍsonagens foram mais atrativas. Essas são
ao çwacteizar a peÍsonagem desta forma?", "O que significam para comentadas coletivamente em termos do que elas eram no texto e de
você as ações desta personagem?", "PoÍ que você escolheu essas falas como cada autot as viveu em seu conto.
para serem cantadas pela personagern e não outras?", "Qual a relação
que você vó entre a música selecionada e a personagem?", "Por que os
atores se movimentam desse modo?" ou "Qual a importância dos obje-
tos escolhidos para o cenário?".
Efetuada a entrevista com cada diretor, o professor pede que os
alunos tentem imaglnar o que o autor de cada texto responderia a estas
mesmas questões.
Em ambas as fases, as respostas são registradas por um grupo de
observadores/relatores, que depois as reproduz em matrizes lado a iado
e distribui aos colegas para que cotejem as modificações de intenções
entre diretores e autores e façam suposições sobre as causas das diver-
gências e semelhanças.

Anrílise das intenções conformadoras ou emancipatôrias dos


textos
Voltando aos textos como um todo, a turma centraliza sua aten-
ção nas relações mútuas das personagens e no mundo social delas resul-
tante. Os textos são reexaminados dessa perspectiva, indiúdualmente
pelo aluno, que redige composições, descrevendo como a sociedade e o
jovem são focalizados em cada obra. As composições sâ'o lidas para a
turma da seguinte forma: sorteia-se um leitor que lê a primeira afirma-
ção de seu trabalho e essa é complementada pelas afìrmações diferentes
de todos os alunos que não chegaram à mesma constatação. As leituras
prosseguem até todas as afirmativas sobre o mesmo texto se esgotarem.
Segue-se um debate em grande grupo sobre quais textos proporciona-
ram maior número de visões sobre o tema.
O professor, então, solicita à turma, coletivamente, que atribua
uma nota de I a l0 para cada texto, tendo em vista os seguintes crité-
rios: l) grau de autenticidade do mundo representado como possibilida-
)^ -.:^7^^ ^^-+-^-+^-+^ô ^ -^-*-'+^;^
objetiva na sala de aula. Por outro lado, limitar-se a resporrder iros irrle-
resses imediatos da criança ou do jovem pode redundar nurn errsirro
inerte, por mais prazeroso que seja. Cumpre, no âmbito clos irrlcrcsscs
manifestos, descobrir tendências que possibilitem o seu desdobranrcrrto,
de modo a que o feixe de preferências do aluno se amplie incansavcl-
mente.
Os passos a serem cumpridos na perseguição e transformaçiio dos
interesses obedecem a uma ordenação seqüencial, que vai do concreto c
próximo ao abstrato e distante, tanto no tempo como no espaço. Essa
ordenação sistematiza as atiüdades conforme os fundamentos teóricos
de cada método. O professor, ao planejar o trabalho, precisa, portanto,
I- CONSTDERAçÕES FTNATS organizar as tarefas adequadas a cada etapa, mas em momento algum
deve explicitar tais etapas para a classe. Elas são apenas pautas referen-
ciais para que o processo lógico do método se desenvolva com garantia.
A adoção de um método pedagógico supõe que se optou por uma Não podem, portanto, ter sua seqúência alterada ou serem suprimidas.
linha filosófica de educação. Essa escolha determina todo o processo de O fato de o aluno não conhecer as etapas metodológicas do estu-
ensino-aprendizagem, orientando-o para um certo tipo de aluno que se do que rcaJtza não implica que ele não se comprometa e não participe
prevé formar. Os métodos aqui propostos resultam em ações.educacio- de todos os seus momentos, inclusive colaborando no seu planejamento,
nais distintas, que consideram a diversidade possível de alunos e situa- quando o método assim o requer. A solidariedade dos alunos com as ta-
ções escolares. Contudo, embora diferenciados, os cinco métodos su- refas exercita sua capacidade de iniciativa, que se direciona em dois sen-
geridos guardam em comum certos traços de identidade que garantem tidos: a concentração individual e a orientação social. A primeira impede
a coerência das alternativas metodológicas defendidas neste livro. o desperdício de esforços, tornando o trabalho mais econômico e con-
Os métodos elaborados têm como princípio básico o fato de que fortável ao nível pessoal. A segunda enriquece a personalidade pelas tro-
todos são concebidos a partir de uma teoria, seja da ciência, da arte, da cas estabelecidas com os colegas, o professor e a comunidade, abrindo-a
linguagem ou da literatura, que assegura sua coesão interna e vrabiliza paÍa uma situação social mais compartilhada.
uma uniformidade de pensamento. As teorias que os embasam foram No desenvolúmento das tarefas propostas por qualquer um dos
preferidas, nos seus respectivos campos, porque implicam uma possível métodos se apela para o exercício de operações de pensamento das mais
concepção pedagógica de cwâler transformador, não restringindo o simples às mais complexas. Observar, descrever e analisar são atitudes
estudo da literatura a ela mesma, como universo fechado ao contexto constantemente requisitadas para fornecerem os parâmetros de compa-
sócio-histórico. ração, interpretação e crítica, também presentes em todas as alternati-
Outro fator que predispôs à opção pelas linhas teóricas elegidas vas metodológicas. Essas capacidades são dirigìdas sempre a uma fase fi-
foi a concepção de literatura que delas se infere, na qual se inclui o pra- nal em que o aluno extrai conclusões do percurso reakzado e efetua a
zer do texto, se bem que de perspectivas variadas. As atiúdades propos- aplicação dos conhecimentos ou comportamentos adquiridos a novas
tas pretendem simular essa caÍacterística do fenômeno literário, reafir- situações. Tal elenco de operações mentais se responsabilizapela mobili-
mando a dimensão lúdica do ato de ler. zação de todos os componentes formais dos atos de aprendizagem.
É dentro desse sentido lúdico que todos eles têm como mola pro- As filosofias em que se fundamentam os métodos sugeridos rcve-
pulsora os interesses dos alunos, acreditando na premissa psicológica de lam uma preocupação humanística comum, embora impliquem posluras
que só há motivação para a leitura quando essa corresponde a uma particulares adaptáveis ao aqui-e-agora das salas de aúa. A simples tlpt'-
necessidade interna que deve ser satisfeita e desafiada. Isso significa que racionalização de cada método não assegura uma prática educativa cxi
o simples atendimento dos interesses do aluno, se nãô sustenta toda a tosa. É conveniente que o professor se aperceba das distorções qrrc po
ação escolar, pelo menos a impulsiona. Tais interesses, porém, não podem derão advir de sua aplicação equivocada. A interpretação docentc prct:isrr
.t 'r n..r,' -.','!;cr^,r *cr :rma çnnÀqcpm
^ctpnreÁ

Isì
modo que os resultados obtidos não no seio da comunidade. Insistindo-se na percepção da dialética das relrt-
munir-se de certas precauções, de
buscados no processo de ensino' ções humanas, elimina-se a ameaça de um posicionamento mattiqtteístrt
- -o os valores
desfìgurem
rcalidade enquan-
método científico gera alunos voltados para a e redutor.
e experimentação' o que redunda em indiví- Se o trabalho educativo, desprovido de uma orientação metodol<i'
to objeto de investigação
em relação ao mundo em que vivem' gica, deságua num ensino caótico e ineficiente, por outro lado a utiliza-
,luo, co-prometidos e reflexivos
õontudo, este método pode satisfazer à ideologia tecnicista da socieda- ção de um método definido não afiança o sucesso do ensino de literatu-
decontemporânea,emqueaproduçãodebensculturaissefazcomvis. ra na escola brasileira. A aplicação passiva de qualquer método, sem se
Por conseguinte' levar em conta as condições circtrnstanciais da sala de aula, ou a excessiva
tas ao lucrã e à reiÍìcação dos possíveis beneficiários'
posicio- preocupação com técnicas desvinculadas dos conteúdos que lhes devem
J*irt.,que a ação educacional esteja atenta para suscitar um
ante o que se descobre e suas aplicações, pro- servir de suporte burocratizam o ensino, determinando sua perda de sig-
namento crítico e ético
."".'o"adivulgaçãodocoúecimentocomoumpatrimôniocornuni- nificação ante o alunado.
tário. O professor deve, por conseguinte, conjugar três princípios bási-
O método criativo origina estudantes que manipuiam
a realidade ços na súa atuação diante dos alunos, a fim de garantir a eficiência dos
modiÍìcála' Assistemático por excelência' privi- métodos. Em primeiro lugar, precisa conhecer a sua classe em termos de
intuitivamente, para
i;il " espontaneidade e a llberdade de ação' Em vista disso' seu risco expectativas, interesses, necessidades e aptidões. Em segundo, deve do'
individualismo, no fechamento no próprio minar suficientemente os fundamentos do método que elegeu como
-ãio, .rtã na reduçãoÉaoimportante' assim' que se promovam situações mais adequado aos propósitos de seu grupo de alunos. Finalmente, é
ptõ.t" " seu produio'
Ë*'q,r, o aluno se conscientize de sua dependência da cultura recebida necessário que tenha bem nítida a finalidade educacional que o move.
.- àJ, uinrutos que o ligam ao meio social' que provê modificações a só assim a tarefa educativa poderá contribuir para a formação de leito"
em criações orjginais. res capazes de transformarem a sociedade.
serem retrabalhadas para se configurarem
O método recepciona'l provoca a formação de alunos que não te- Se a literatura, em seu estatuto, não admite outra finalidade que
memarupturacomoestabelecido'questionadoresconstantesefle- ela mesma, pode-se questionar essas alternativas metodológicas quanto
xíveis em i.r.o, de ajustamentos
soçiais' Ao romper com as estruturas ao uso social que fazem da obra literária na üda escolar. Entretanto,
vigentes, pode acontecer que venham
3 6ini6izar o passado ou repro- essa objeção pode ser afastada se a literatura for entendida como pro'
que lhes
d;;i.i" á. ,rr*o, de clichês culturais. É necessário, neste caso, conheci- dução e produto que sempÍe ocorrem num determinado contexto so-
que mobilizem o âcervo de çial. O papel da escola, nessa perspectiva,.deixa de ser o de mero trans-
rqã*-pt"nt.iac1as atividades em
mentos herdados que possuem, com o fim de efetuarem sempre o rela- missor de conhecimentos especíÍìcos sobre o fato literário e se amplia
cionamento entre o hOrizonte anterior
e o conquistado no presente' Íumo ao aprirnoramento da sensibilidade de época, trazendo à discus-
O método comunicacional produz sujeitos capazÊs
de perceber a são leituras rnuito diversiÍìcadas, em que se presentificam os valores em
que clrculam emi-
vida como um jogo de comunicações em
mensagens sua evolução histórica.
através de um filtro também inten-
tidas com certas intenções, Ïecebidas
que influenciam o canal' o código e o contexto a que estão
cional, em
analítico, sua aplica.
vinculadas' Por tratar.se de um método sobretudo
atividades mecânicas sobre o esquema teótico'
iso-
çU" O"a. incidir em esvazìamento,
Para evitar-se esse
íado da prâIíca comunicativa globai.
devem-se considerar todos os elementos analisados no contexto signifi-

cativo da vivéncia social do aluno'


ométotlosemiolôgicoformaalunoscomumavisãopluralistada
jogos ideológicos dos aparelhos de
realidade, ç'àpwes de discernir os
àas estruturas de poder' Reduzindo-se
tudo ao ideológico'
manutenção
entretanto. omite'se a importância da concretude de cada ato social na
: ^-,{ -.1É-r-Ì ": -!'-'-}i,l r,-1e,ìe nccì cões noss. l','giS
-. Lingüística e comunicaçõo.ln:São Paulo, Cultrix,.l969
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Questions de poétique' Paris' Strtr il '
-. ia iouu"tt" poósie russó'
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Sío Paulo, AutoÌes Associados: Cortez,1982.
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INGARDIÌN, Romon. A obra de arte literâria- Lisboa, Calouste-Gulbenkian,
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APËNDICE

AUTORES E OBRAS RECOMENDADOS


PARA LEITURA NO 19 E 29 GRAUS

A lista a seguir indica obras de literatura brasileira e estrangeira ava-


liadas por critérios de preenchimento e alteração de expectativas do
leitor criança ou do leitor jovem, paralelamente à qualidade estética
inerente a cada texto. Não é exaustiva e as omissões possíveis nã'o signi-
ficam que outros títulos não possam ser trabalhados junto ao público
infanto-juvenil.
A relação bibliográfica está dividida em três partes, corresponden-
tes aos três níveis curriculares do 19 e 29 graus. Alguns títulos apare-
cem repetidos num ou outro currículo, por alcançarem mais de uma fai-
xa etârta e de escolarização.Paru buscar a referência bibliográfica dese-
jada, o interessado deve situar-se no nível curricular e percorrer a lista
alfabética por sobrenome do autor.
As indicações efetuadas resultam do esforço de pesquisa do
Centro de Pesquisas Literárias da PUCRS no sentido de acompanhar e
descrever a produção brasileira de literatura infanto'juvenil através de
vários projetos já concluídos ou em desenvolvimento.

CURRICULO POR ATIVIDADES


Da 1? à 4? série do 19 grau
(7 a l0 anos)

ABRAS, Santuza. Tererê, BeIo Horizonte, Miguilim, 1981.


-. MarÌa-sabe-tudo. Belo Hor2onte, Miguilim, 1981.
-. O bígode sorridente. Belo Horizonte, Miguilim, 1981.
-. Arranhõo engavetado. Il. Rúbia Roberta. Belo Horizonte, Lê, 1985.
-. O azar do curuçó. I1. Edna de Castro. Belo Hor2onte, Lê, 1985.
-. Bola melada, cola colada. Il. Ana RaqueÌ. Belo Horizonte, Lê, 1985.
-. Gigi. ll. Marcelo Moreira. Belo Horizonte, Lê, 1985.
-. Moto de brìnquedo. Il. Humberto Guimarães. Belo Horizonte, Lô, 1985.
-. No cabide da vovô. Il. Ana Raquel. ÌJelo Horizonte, Lê, 1985.
-. Serâ fusível? Ii. Edna de Castro. Belo Horizonte, Lê, I 985
.

AGUIAR, Maria Alice. O salto de Danica. ll. Hélio Paixâo. Rio de Janeiro. Mcnró.
rias Futuras, 1985.
ALBUQUERQUE, Irene d"e. Uma vez um homem uma vez um gato. Rio clc Jnnci.
ro, Conquista; Brasília, INL, 1974.

ll,
- . A jíboìa GabrÌelo. ì1. Astrid NlüncÌr. Portr.r ÂÌegrc, L& l'M. l98l
ALMEIDA, Elenice Machado de. Meu cavalo invisível. Il. Paulo Tenente. São
CARDOSO, L'âcto. Historìa da logoa grantÌe. 3. cd. Il. l\'lltrto ( trtrt I'otl,r '\i,
Paulo, Moderna. 1985. grc. Mcrcado Aberto, 1984.
ALMEIDA, Fernanda Lopes de. Gato que pulava em sapato. Sãa Paulo, Atica, CARR, Stclla. As confussões de Aninha. Iì. Osvaldo Sopran
1 978. 1 98s.
. A curio sitlatle premiada. São Paulo, irttca, 197 9. CARRASCO, WaÌcyr. Ahaíxo o hit'ho popío. 11. Eva Ììurnari. Sío l'rtttlo. ( ttllrtr,
-. A margarìda friorenta. Sâo Paulo, Atica' 1980. - 198,+.
Paulo, Atica' 198O'
-. PÌnote, o fiacote, e Janiõo, o fortõo. Sâo Gisó. São Paulo, Ática, 1985'
CARVALHO. Antôr'rio CarÌos. '4 estôria de ttma ianela. Sío Paulo. Ì\'le lltrtt.rtttt, tt
. Luciana e a holsinha nova. Il. AgostLnho
1os.1982.
Luciana em caso da vovô. Sâo Pau1o, Ática, 1985.
-. CITSAR, Camrla Ccrqucin. Otaf, o esquílo do Norte. Srìo PetrÌo, Átrcr. lqTlJ
. Luciana no janela. Il- Agostinho Gisó. São Paulo, Atica, 1985'
CÉSAR, .losó Cássio clc Ccrqueira.,4 lgodío-tÌoce . Ì1. llclcna Alcratrtlrilto. Srìo I'rttt
-. Luciana na'pracinha. Agostinho Gisé' São Paulo, Ática, 1985'
11.
lo. IIID. l9B:1.
ALVARENGA, Terezinha. Entre cento e tantos. Il. Paulo B. F. Vaz. Belo Hori- COILÌlO. Ronaldo SimrJcs. Macaquinho. IÌ.-ìrva I]ttmari. Beìo Horizontc, Lô. s.tl .

Mìguilim, 1986.
zonte,'Beairiz
- . O pato pr.tlìglota. ì1. cle AÌcy. São Paulo, Atica, 1985.
ALVES, Veloso . A menina e a estrela. Il. da Autora. Rio de Janeuo, Agir,
CORNAVACA. Adalberto. (11.) Números. São Paulo, MelÌroramentos, 1 982.
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ANÕNIMO. O rato da cidade e o rato do campo. Tnd. e adap. Mônica Feichtner. * Irormas. São Paulo. Mclhoramcntos. 1982.
I1. Debbie Allright. Sâo Paulo, Sioiliano, 1984' COSTA, Aramis Riboìro. Helena, Helena. Il. SancÌra Ahthlla. Sa-o Paulo, Átic:r,
AVELAR, Regina de Figueiredo. Alexandte o grunde- Porto Alegre, Mercado r 986.
Aberto,1986. DINORAII. Maria. Contiga de estrela. Ii. Lconardo Menna Barre-to Cìomes. Porttr
AYALA, Waimú. Festa na floresla. São Paulo, Melhoramentos, 1980' AJcgre. Mcrcado Aberto. 1984.
. Guita no iardim. São Paulo, Melhoramentos, 1980. -. Mata-tiro-tírarel. Il. Bcto Prado. Porto Alcgrc, L & PM, 19u-5.
-.Aventuras no ABC. São Paulo, Melhoramentos, 1980. . Panela no fogo, horrigo razio. Il. Leonalclo Mcttna Barreto Gomes. Porto AÌc
A histôria da tartaruga Anira. It. vinícius cordeiro Prado. Rìo de Janeiro, Nór-
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FTD, 1986. . Quem caso quer (oso. IÌ. Ana Raclut'1. [ìe Io Horizonle. Lô. 1985.
BEATRÍZ, EIza. A menina dos olhos. ll. Paulo Bernardo Ferreira Vaz. Belo ÌìtrLIX. Morrique. A novo at'enturo do ratinho. São PauÌo. Melhoramentos, 1985.
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. Chuva. Sío PauÌo, Ática, 1 980.
* Metlroso, Medroso. Il. Alcy. Sâo Paulo, Atica, 1985'
. Dio e ttoite. Sio Pru lo, Á r icr, 1q80.
. Stanislau. It. Neycl Citrangolo. São Paulo, Ática, 1986
. FoFo no cetr. Sr-o l'rui,,. Átier. 197a.
BENDER. lvo. O macaco e a velha. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1985' .O pute Jc ntelodo. S:r-o Perrìtr. Átlt;r. 1979.
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IIE,RNARDINO. María'Fumaça. Il. Zeflávio Teixeira. São Paulo, Atica, 1985'
BOHRER. Ana Maria. Queremos Natal com Papai Noel It. Alcy. São Paulo, Atica, -. O vento. São Paulo. Ática, 1980.
I-RANÇA, N'Íar} .,4 roupa tlo rei Il. Eliarclo lrrança. Sâo Prulo. Ática. 1 986
1985.
FRONSAC. Anne. Corre ratinho! Trad. Lúcria Machado de AÌmcida. São Paulo.
. 't"â
faltando um ttedo!Il. Walter Ono. São Paulo, Ática, 1984' Átt,a. t..1.
llRlivEs, Armando de Moraes. O padre e o macdco. Porto Alegre, Mercado Aber-
ITURNARI. I:va. Cobra-cega. São Paulo, Atica. 1980.
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. De vez em quantlo. Sio Paulo. Átier. I 980.
('ALI)AS. Bonifácio. O vestído da centopëía. São Paulo, Atica, 1978'
('^MAIì(;O, Ltís. Bule tÌe café. Sâo Paulo, í+tica, 1982. . EsconLle-escontle. Sìo Prulo, Átie:r. 19R0.
. Meu corpo. São Paulo. Mclhoramentos, 1 982.
. Manct:o caneco chapéu de funil. São Paulo, Atica, I 980'
. I'urrcla Llc arroz. São Paulo, Atica, 1980. -. Palo,-ras opostos. São Paulo, MclÌloramcntos, 19fJ2.
. Tamanhos. São Paulo, Mclhoranentos, 1982.
. o trthtrtarino e o sobreterrestre. lI. do Autor. Porto Alegre, L-& PM, 1984'
. ToJo Jio. Sio Prulo, Á r iea, I q80.
('^ l\'l lì( ;O. M il ton. I centopéia e seus sapatinhos. São Paulo, Atìca, 1978'
.'fraqttinagens e estripulios. Sâo Paulo, GÌobal, s.cl.
. O ^vcterinarìo naluco. São Paulo, Atica, 1978.
. A zt'lra, rt girulo t: rntros hichos Sâo Paulo, Atica, 1978'
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. Z.uzo e Arquimedes. Il. cla Autora. 2. ctl. São Ihttìo, Itltttlìtlas, l9[ì5.
i'^;iì,^ri-ìiri i.!.'.:1;;'::. !):;::.1=:'::=r.i:!:.?!)!t-+ ^-1egre-L&--PM-!983'

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. .\rttttltru dt rais lnrÌnttlo.t. Ritt dr: Irne iro í-iviìizrcin Rl,riÌ,,r" I o?2
LEIA TAMBEM
. LEITURA EM CRISE NA ESCOLA - as alternativas do professor - 93 ed.
Vera Aguiar; Lígia Averbuck; lt4l L. Cattani; Ana Filipouski; Marisa Lajolo; LÍgia
Chiappini Leite; Regina Marques; Haquira Osakabe; Alcir Pécora; Ezequiel T. da
Silva; Regina Zilberman
Um livro que procura questionar o ensino da literatura e os problemas relativos ao
interesse pela leitura na escola brasileira.

o A PRODUÇÃO CULTURAL PARA A CRrANÇA - 3e ed.


Tatiana Belinky; Luís Camargo; Sérgio Caparelli; Julio Gouveia; Lígia Cademartori
Magalhães; Luiz Carlos Merten; Edmir Perroti; Glória Pondé; Regina Zilberman
Destina-se não só aos educadores e produtores de bens culturais dirigidos aos peque-
nos mas também - e principalmente - aos pais.

. LEITURA E REALIDADE BRASILEIRA -4e ed.


Ezequiel Theodoro da Silva
Ler é um ato de afirmação - e defesa - da liberdade individual e de participação na
sociedade. Favorecer a leitura é missão da famflia, das escolas e bibliotecas, na opi-
nião do autor,

. ÌNVASA-O DA CATEDRAL - literatura e ensino em debate


Lígia Chiappini Moraes Leite
Derrubar as portas da academia do saber instituído e invadir a catedral dos rituais pe-
dagógicos sedimentados e rarefeitos, eis o objetivo deste livro.

. METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO DA LíNGUA PORTUGUESA -28 Ed.


Luiz Travaglia; Me HeÌena Araújo; M: Teonila Pinto
Um instrumento de orientação para a prática pedagógica, ideal para professores de
L'urgua Portuguesa.

. LINGÜÍSTICA APLICADA AO ENSINO DO PORTUGUÊS


Sirio Possenti; Rodolfo Ilari; Augostinus Staub; Evanildo Bechara; Leonor Lopes
Favero; Mário Perini; Lúcia Fulgêncio; Ingedore Villaça Koch; Marta Kirst; Sebas-
Votre; Leonor Scliar-Cabral
ti-ao Josué
Coletânea de nove ensaios a respeito da contribuição da Lingüística para o aprimo-
ramento do ensino da língua materna.

. A EDUCAÇÃO NACIONAL - 33 Cd.


José Verissimo
A reedição de um dos maiores clássicos da ensaística brasileira, atualíssimo ainda
que passado quase um século de seu lançamento.

. ENSINO E LITERATURA NO 2e GRAU - problemas e perspectivas


Letícia Malard
A preocupação com o tratamento qua a escola deveria dar à literatura, a seu ensino
com esp'nito crítico, originalidade e inovação.
,ü\
s
Em linguagem acessível, sem tcÍminolo-
giâ técnica que possa constituk uma barrci-
Ìa paÍa os não - iniciados, mas ot'erecendo in-
formações atualizadas e provenientes dos
mâis acatados especialistas em Tooria da Li-
teratura e da Ciência da Educaçâo, este livro
mantém sob mÍa o contexto do dia-a-dia
das escolas brasileiras e consideÌa em espe-
. LITERATURA INFANTO-JUVENIL - um gênero polêmico - 2r ed. cial as aspirações dos estudantes, direcio-
Sônia Salomáo Khéde; Regina Zilberman; Laura Sandroni; Marisa Lajolo; Jrílio C.
nando sua conftibuiçâo metodológica poÍ
da Silva; Ezequiel T. da Silva; Edmir Perrotti; Antonio Hohlfeldt; Ms da Glória um projeto de ensino como permanente
conquista e trânsformação.
Bordini; Francisca Nóbrega; CÌória Pondé; Regina Werneck; Me Antonieta Cunha;
Michelle Bourjea
Diversos autores discorrem sobre este novo genêro literário, seu valor como obra de
aÍte, seu passado e seu futuro.

. A ESCOLARIZAÇÃO DO LEÌTOR - a didática da clestruição da leitura


Lilian Lopes Martin da Silva
A autora pesquisou em escolas paulistas quais os livros lidos por alunos de 19 e 29
grau. E chegou a conclusões pouco animadoras.

. ALFABETIZAÇÃO SEM BE-A.BÁ


Dolores Machaclot N{ada T. L. Cardoso
Libertar a criança do ensino convencionaì de sons, letras e sílabas isoladas que impe-
dem e tolhem a verdadeira liberdade de expressão e manisfestação infantil -este é o
desa fio desta obra.

. IDEOLOCTA, EDUCAçÃO L REPRESSÃO


Nize Pellanda
Uma educação ideoìógica, que impede o sujeito de ver a si mesmo e ao seu mundo,
que por isso mesmo o vioÌenta pelo uso <Je manipulação, é necessariamente uma edu-
cação desumana e deformante.

Editora Mercado Aberto


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Fone (0512) 21 8595 - 21 8601 - 05408
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