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William Gairdner: A Democracia Pode Ser


Moral?

Can Democracy Be Moral?

Por William Gairdner

O princípio mais fundamental da democracia popular direta é que, mesmo que a


vontade do povo vá contra a consciência pessoal de um membro do Parlamento, ele ou
ela deve expressar essa vontade.

Tal lógica nos leva a perguntar: Então, por que não escolher um representante da lista
telefônica? Aliás, por que escolher alguém? Por que as pessoas simplesmente não
enviam uma carta pelo correio noturno a um computador parlamentar de contagem de
votos? A resposta leva a um con ito entre duas visões irreconciliáveis da verdade sobre
a democracia.

Para um líder, a verdade é permanente


Políticos que se consideram líderes, em vez de delegados, adotam a visão conservadora
clássica, delineada desde antigos como Platão até os modernos como T.S. Eliot.
Diferentemente dos congêneres modernos do “dedo ao vento”, esses conservadores
acreditam que as maiores verdades morais da vida são absolutas, permanentes e
acreditam que as maiores verdades morais da vida são absolutas, permanentes e
imutáveis. Há valores duradouros que devem ser descobertos através da re exão e da
experiência, e então invocados por sábios líderes. Uma vez e somente então
descobertos estes valores, os devidos julgamentos políticos e morais podem ser feitos,
sem serem afetados por quantos podem votar desta maneira ou daquela, na Segunda
ou Terça-feira. A verdade moral, em outras palavras, como 2 + 2 = 4, não pode ser
alterada pelo voto.

Para um político, a verdade é uma questão de popularidade


O político, no entanto, ao contrário do líder, vê-se como o detentor do poder de
expressar a vontade do povo, que equivale ao que é desejável, ao que é bom. Logo,
agradar as massas em todas as oportunidades, removendo todas as restrições à sua
vontade, torna-se a mais alta prioridade (e – não por acaso -, a conquista de uma
popularidade correspondente). Métodos técnicos como as câmaras eletrônicas facilitam
essas expressões diretas do desejo da massa.

A chave para entender o papel do político laico-liberal moderno é a crença subjacente


de que não existe uma verdade imutável – e, de preferência, não deveria existir. Pois,
somente se a verdade for relativa, a sociedade pode ser projetada para a perfeição por
meio de políticas “progressistas” continuamente atualizadas. É por isso que, em vez de
ponderar valores, o liberal prefere contar cabeças. Infelizmente, esse processo
essencialmente democrático – reduzindo o bem aos números absolutos – é o lado
sombrio da democracia, pois abre as portas para os tiranos democráticos.

É por esta razão que, em 1934, disse Eliot que “as forças de deterioração são uma grande
massa rastejante e as forças de desenvolvimento são meia dúzia de homens“. Foi pouco
antes de uma grande massa de coletivistas utópicos marchar sobre uma Europa
obscura e sangrenta. Eles haviam sido direta e entusiasticamente eleitos ao poder por
maiorias democráticas e bem letradas. Hitler defendeu ferozmente seu nacional
socialismo como “a democracia mais verdadeira” (Berlim, 30 de Janeiro de 1937) e
descreveu a si mesmo como um “arquidemocrata”.

Qual é a resposta para esse con ito no coração da democracia, e por que vemos tantos
com instintos conservadores, de verdade absoluta, promovendo técnicas liberais, de
verdade relativa? Talvez a resposta seja que vivemos numa época em que nossos
representantes eleitos, em vez de atenderem a assuntos nacionais remotos, como
defesa, política scal e relações exteriores, estão invadindo os aspectos mais íntimos e
detalhados da vida local, privada, comercial, familiar e sexual, esgotando as energias do
povo através de impostos e dívidas. E é por isso que a democracia direta – uma espécie
de revolução de baixo para cima contra um sistema político de cima para baixo – parece
ser a única solução para nos livrar dessa tirania.

Em assuntos mais práticos, como níveis de tributação, este pode ser um mecanismo
seguro. Mas quando se trata de assuntos morais, como eutanásia, aborto, pena de
seguro. Mas quando se trata de assuntos morais, como eutanásia, aborto, pena de
morte, incursões homossexuais na família, e assim por diante, eu pre ro pensar que um
representante eleito tem o dever, primeiramente, de tornar sua própria consciência
conhecida antes de ser eleito. Depois disso, ele deve atuar com sua consciência – ou
renunciar se não puder fazê-lo. Para a própria democracia, a noção de que escolhas
profundamente morais devem ser moldadas diretamente pelas emoções do momento –
sentidas por um único eleitor ou por um milhão – é o caminho para o mundo relativista
autodestrutivo. É por isso que nesses momentos o poder político acaba ditando todos
os resultados.

Com efeito, as escolhas morais corretas, tanto na vida quanto na política, exigem
frequentemente que nós (ao contrário da visão laico-liberal dominante) escolhamos não
a favor, mas contra nossos próprios apetites e desejos no interesse de um bem maior.
Em outras palavras, devemos esperar que os cidadãos democráticos estejam mais
preocupados com a próxima geração do que com a próxima eleição, votando, portanto,
no piso mais alto, mesmo que isso contrarie seus interesses pessoais. Não pode haver
nenhum bem maior em um mundo moralmente relativista. É por isso que esse dilema
não poderá ser resolvido até que nossa civilização decida mais uma vez pensar estas
duas noções conflitantes de como a democracia – de como o cidadão – deve ser moral.

Tradução: Valéria Cutrim

William Gairdner. Can Democracy Be Moral? Disponível em:


<https://www.williamgairdner.ca/can-democracy-be-moral/>

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