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Planejamento Urbano

e Meio Ambiente

Autoras

Gilda A. Cassilha
Simone A. Cassilha

2009

Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
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© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor
dos direitos autorais.

C345 Cassilha, Gilda A.; Cassilha, Simone A. / Planejamento Urbano


e Meio Ambiente. / Gilda A. Cassilha; Simone A. Cassilha.
— Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.
176 p.

ISBN: 978-85-7638-766-4

1. Meio ambiente urbano - Planejamento 2. Planejamento ur-


bano 3. Urbanização 4. Urbanismo - Planejamento I. Título II.
Cassilha, Simone A.

CDD 711.4

Todos os direitos reservados.


IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel
80730-200 • Curitiba • PR
www.iesde.com.br

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Sumário
Questões urbanas | 7
Construindo o panorama da problemática urbana | 7
Elementos constitutivos da base urbana | 10

História urbana | 17
Evolução das cidades | 17
A cidade como conveniência de mercado | 18
Planejamento de cidades | 25
Macrozoneamento urbano | 27

Rede urbana no Brasil | 29


Os municípios e as cidades brasileiras | 29
Lei Orgânica Municipal (LOM) | 33
Rede de cidades | 35

Estatuto da cidade | 41
Constituição de 1988 | 41
Estatuto da Cidade – Instrumentos | 42

Plano Diretor | 51
Plano Diretor | 51
Metodologia para o desenvolvimento do Plano Diretor | 55

Componentes do planejamento | 63
Planejamento municipal | 63
Planejamento urbano | 65
Tamanho das cidades/densidade urbana | 66

A questão ambiental | 73
A questão ambiental no planejamento urbano | 73
Legislação ambiental | 75
Bacias hidrográficas/impactos ambientais | 77

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Zoneamento urbano | 83
Uso do solo/sistema viário/transporte público | 83
O zoneamento de uso e ocupação do solo urbano | 85
Parâmetros urbanísticos | 88

Acessibilidade e mobilidade urbana | 95


Sistema viário | 95
Hierarquia viária | 97
Dimensionamento das vias | 98
Transporte público | 101

Desenho urbano | 107


Desenho urbano | 107
Custos de urbanização | 110
Valor da terra | 111

Legislação de parcelamento do solo | 117


Parcelamento do solo urbano | 117
Aspectos legais | 119
Aspectos locais para o parcelamento do solo urbano | 121

Guetização da cidade | 127


Condomínios horizontais | 127
Legislação para condomínios horizontais | 129
Guetização da cidade | 131

Incorporações imobiliárias | 135


Elementos para a concepção de território | 135
Mercado de terras | 137
Empreendimentos mais adequados | 138

Índices urbanísticos | 145


Ocupação real | 145
Ocupação legal | 146
Áreas para adensamento | 147

Empreendimentos imobiliários | 153


Intervenções urbanísticas | 153
Recuperação urbana | 156
Parcerias na produção do mercado imobiliário | 156

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Apresentação
A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que
deve fazer do seu próprio conhecimento.

Platão

Toda a experiência que se possa ter em relação ao estudo das cidades com certeza não irá ser capaz de defini-la
totalmente.

As cidades, como organismos vivos e complexos, justamente por conter toda a interatividade possível entre os
indivíduos, sejam elas positivas ou negativas, podem transformar o cotidiano das pessoas no maior dos pesadelos ou
na melhor das experiências.

Cada vez que olhamos para as pessoas nas ruas, nas praças, nas lojas, nas escolas, nos ônibus e nos mais variados
compartimentos que a cidade produz, descobrimos mais e mais sobre essa fantástica experiência que é a aglomeração
urbana.

Quando tocamos as mãos das pessoas em algum canto da cidade e podemos ensinar como conservar o meio
ambiente com o simples ato de respeitar a mata ao longo de algum riacho, também estamos “viajando” pelo universo
urbano.

E, por fim, quando convidamos as pessoas para o nosso convívio em nossa casa ou para realizar algum tipo de
negócio, como a venda de um lote ou de uma edificação, sabendo que estes estão em perfeita consonância aos
parâmetros exigidos pela Prefeitura Municipal, estamos nos apropriando dos benefícios da urbanização.

A cidade, porém, não é tão romântica e legal em todos os seus aspectos, pois justamente ao ter que abrigar todas
as pessoas que à ela se dirigem na busca ao atendimento de suas necessidades, pode não ter as respostas imediatas
para isso, e de certa forma pode frustrar as expectativas de determinados grupos de pessoas.

Nós, urbanistas, tentamos deixar essa experiência urbana um pouco mais atenuada ao estudarmos constantemente
o meio urbano, assim como através do planejamento urbano programar melhor as atividades na cidade.

Nesta pequena obra que por ora apresentamos, procuramos deixar um pouco mais claro este universo fantástico
e muito rico do ponto de vista das relações humanas, que é a cidade. Nesta viagem vamos conhecer os aspectos mais
relevantes que precisamos para compreender, inclusive, como podemos planejar a cidade e conservar o meio ambiente.

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Rede urbana no Brasil:
reconhecendo as estruturas urbanas
formadas a partir das
centralidades regionais

Os municípios e as cidades brasileiras


A Constituição do Império de 1854 introduziu no Brasil o conceito de município como organização
territorial e com as suas diversas denominações. Anteriormente, o que existia eram as vilas e as cidades,
com organização constituída pelos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, eleitos pelo povo. A
seguir, tabela com a situação das vilas e cidades criadas até o ano de 1720.
“Os centros urbanos apresentavam então uma vida que pode ser caracterizada como intermitente.
Cessado o movimento decorrente do afluxo de senhores de terra, tinham uma aparência de abandono
e desolação [...]” (REIS, 1968, p. 97).
Ao se iniciar o “desenvolvimento da produção com métodos científicos” (BENEVOLO, 1998, p. 443)
surge uma nova conformação para as cidades, pois o negócio das trocas, das compras e das vendas es-
peculativas, representado pelas operações dos excedentes produtivos do campo, realizava-se nas áreas
urbanas que ofereciam um maior suporte para essas trocas.

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30 | Planejamento Urbano e Meio Ambiente

Vilas e cidades criadas até o ano de 1720 no Brasil

Reis, 1968.
Século XVI Século XVII Séc. XVIII até 1720
Alagoas – 3 –
Bahia 4 5 1
Ceará – – 1
Espírito Santo 2 1 –
Guanabara 1 – –
Maranhão – 2 1
Minas Gerais – – 8
Pará – 4 –
Paraíba 1 – –
Paraná – 2 –
Pernambuco 2 1 1
Piauí – – 1
Rio De Janeiro – 6 –
Rio Grande Do Norte 1 – –
Santa Catarina – 1 1
São Paulo 6 10 1
Sergipe 1 2 –
Total 18 37 15
Total Geral 70

O resultado desse ânimo sobre a estrutura das cidades foi dúplice. Os interesses do dinheiro pro-
gressivamente dominaram os interesses da terra, no traçar e construir os novos bairros da cidade. O que
é talvez mais significativo ainda é que toda a terra tinha escapado à detenção feudal e estava sujeita à
venda ilimitada, tornando-se cada vez mais um meio de fazer dinheiro. A terra feudal era concedida por
um prazo de 99 ou 999 anos; pelo menos três gerações. Esse sistema favorecia a continuidade e reduzia
o movimento ascensional dos preços. Quando a terra se tornou um produto, e não um bem permanente,
fugiu a qualquer espécie de controle comunal. (MUMFORD, 2001, p. 451).
A partir daí os municípios e consequentemente as cidades, no Brasil, não pararam de se multipli-
car e de se contrapor ao campo. No Brasil, em 1900, 9,4% da população total morava em cidades e 100
anos depois, em 2000, foi atingida a marca de 81,23% de residentes na área urbana.
No quadro a seguir são apresentados os dados que comprovam essa inversão campo – cidade,
e que é exatamente em decorrência dessa questão que enfrentamos, nos dias de hoje, dificuldades na
formulação do conceito de cidade.

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Rede urbana no Brasil: reconhecendo as estruturas urbanas formadas a partir das centralidades regionais | 31

Evolução urbana no Brasil 1872/2000

Crescimento da população urbana no Brasil

Rio de Janeiro, v. 56, 1996. Censo Demográfico 2000/IBGE.


Anuário Estatístico do Brasil – Série Histórica. IBGE –
População total
Ano Percentual urbano (%)
(em milhões)
1872 5,90 9,9
1890 6,80 14,3
1900 9,40 17,4
1920 10,70 30,6
1940 31,24 41,3
1950 36,16 51,9
1960 44,93 70,2
1970 55,92 93,1
1980 67,59 119,1
1990 75,59 146,8
1996 78,36 157,0
2000 81,23 169,8
O Brasil possui altas taxas de urbanização, superiores até mesmo do que em países como a Malá-
sia, com 52,1%, a Nigéria, com 37,7% e a Índia, com 26,3% (Banco Mundial, 2000).1
A falta de controle pelas autoridades públicas, que é justamente quem deveria “zelar” pelo ter-
ritório, faz com que a velocidade da ocupação urbana produza em quase toda parte cidades indisci-
plinadas2, desprovidas de infra-estrutura básica como serviços públicos, principalmente os que dizem
respeito à saúde, à educação e à segurança, que não conseguem atender às demandas. As ruas, as pra-
ças, os parques estruturados servem apenas a uma parcela da população. Outra parcela se vê obrigada
a produzir uma cidade “marginal, ilegal, irregular” e morar nas periferias das cidades, onde as áreas são
mais baratas e também desprovidas de benfeitorias.
Outra característica da urbanização desigual é o exagerado ritmo de crescimento das periferias
pobres em relação aos centros urbanizados. Enquanto a taxa média de crescimento anual das cidades
brasileiras é de 1,93%, o crescimento na periferia de São Paulo chega a taxas de 4,3% ao ano (MARICATO/
Projeto Moradia, 2000)3.
O Brasil, em 2007, está dividido administrativa e politicamente em 27 unidades federativas – 26
Estados e um Distrito Federal. Nelas estão localizados os 5 564 municípios brasileiros (IBGE/2007).
A distribuição dos municípios no Brasil por unidades da Federação está expressa no quadro a
seguir:

1 BANCO MUNDIAL. Relatório Sobre o Desenvolvimento Mundial 2000/2001. Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvi-
mento/Banco Mundial, Washington, D.C.
2 Áreas urbanas ocupadas sem o devido controle urbanístico.
3 Projeto Moradia, elaborado na ONG paulista Instituto Cidadania entre 1999 e 2000.

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32 | Planejamento Urbano e Meio Ambiente

Municípios por unidades da Federação

IBGE – Censo demográfico – 2000.


Unidade da Federação Número de Municípios
Acre 22
Alagoas 102
Amapá 16
Amazonas 62
Bahia 417
Ceará 184
Distrito Federal 1
Espírito Santo 78
Goiás 246
Maranhão 217
Mato Grosso 141
Mato Grosso do Sul 78
Minas Gerais 853
Pará 143
Paraíba 223
Paraná 399
Pernambuco 185
Piauí 223
Rio de Janeiro 92
Rio Grande do Norte 167
Rio Grande do Sul 496
Rondônia 52
Roraima 15
Santa Catarina 293
São Paulo 645
Sergipe 75
Tocantins 139
Total 5168
De acordo com dados do IBGE – Censo Demográfico de 2000, a distribuição populacional no Brasil
apresenta muitas desigualdades, havendo concentração da população nas zonas litorâneas, especial-
mente no Sudeste e na Zona da Mata nordestina. Outro núcleo importante é a região Sul. As áreas me-
nos povoadas situam-se no Centro-Oeste e no Norte.

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Rede urbana no Brasil: reconhecendo as estruturas urbanas formadas a partir das centralidades regionais | 33

Lei Orgânica Municipal (LOM)


É importante salientar que os municípios possuem autonomia constitucional para dispor sobre
assuntos de caráter municipal e regional, porém devem respeitar os estudos e proposições advindas dos
organismos de abrangência nacional, inclusive os que tratam das regionalizações.
Dessa forma a LOM, conceituada como um conjunto de normas elaboradas para dar diretriz e sus-
tentação ao pleno funcionamento dos poderes governamentais, especificamente aos que abrangem as
cidades, poderá prever também as questões relativas ao desenvolvimento da região na qual o município
esteja inserido, pelos planos nacionais.
Pela Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, promulgada em 18 de setembro de
1946, o sistema democrático foi restaurado colocando fim ao regime do chamado Estado Novo que ha-
via sido conduzido por Getúlio Vargas.
Em seu artigo 28, fica assegurada a autonomia do município brasileiro, pela eleição dos prefeitos
e vereadores e pelo estabelecimento de um poder local, capaz de administrar o município de forma a
atender os interesses da população.
Na Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, está
prevista uma inovação, em seu artigo 29:
Art. 29. O município reger-se-á por lei orgânica votada em dois turnos com o interstício mínimo de 10 (dez) dias e
aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: [...]

A primeira Lei Orgânica dos municípios brasileiros a partir da Constituição de 1988 representou
até então um fato inédito para a democracia nacional. Cada um dos municípios, por força constitucio-
nal, teve que formular e aprovar a sua Lei Orgânica, que em pequena escala representa quase que uma
Constituição municipal.
“Os municípios, portanto, funcionaram como legítimas Assembléias Constituintes, fato que ja-
mais ocorrera desde a Constituição Republicana de 1891”. (câmara municipal de poços de caldas,
2007).
A Constituição de 1988, ao garantir a autonomia política do município pela eleição do prefeito,
do vice-prefeito e dos vereadores, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País, passa a
reconhecer que o governo local é constituído por esses agentes políticos.
Dessa forma, a composição atual das câmaras de vereadores dos municípios brasileiros deve res-
peitar a proporcionalidade com a população do município, estar de acordo com a Lei Orgânica de cada
um deles e com os limites estabelecidos pelo artigo 29, da Constituição Federal.
O quadro a seguir demonstra como devem ser os limites atuais para a composição das câmaras
municipais, sendo que o número de vereadores de cada uma delas deve observar a proporcionalidade
com o número de habitantes, e não com o número de eleitores do município.

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34 | Planejamento Urbano e Meio Ambiente

Limites atuais para a composição das Câmaras Municipais

População dos municípios Número de vereadores

Constituição da República
Federativa do Brasil, 1988.
Mínimo Máximo
Até 1 milhão de habitantes 9 21
Até 5 milhões de habitantes 33 41
Acima de 5 milhões de habitantes 42 55
A Lei Orgânica Municipal deve fixar também a remuneração dos agentes públicos – prefeito e
vereadores, observando o disposto nas emendas constitucionais pertinentes ao assunto. Outras ques-
tões importantes que devem estar incluídas são as que dizem respeito à eleição do prefeito e do vice-
prefeito, a organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal, a cooperação das
associações representativas no planejamento municipal.
A Constituição de 1988, no artigo 30, fala da competência dos municípios como:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
[...]
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatorieda-
de de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local,
incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter cooperação técnica e financeira com a União e o Estado, programas de interesse local [...];
[...]
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do par-
celamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal
e estadual.

Outra questão fixada pela Constituição em seu artigo 31 e que deve constar nas leis orgânicas
municipais diz respeito à “fiscalização do município, que será exercida pelo Poder Legislativo Municipal,
mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal”. E tam-
bém prevê em seu parágrafo 1.º do mesmo artigo, que o “controle externo da Câmara Municipal, este
deverá ser exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conse-
lhos ou dos Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver”, e ainda em seu parágrafo 2.º dispõe que
“é vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.”
Sendo o município uma entidade autônoma para decidir sobre os seus próprios rumos, cabe aqui
ressaltar a importância de se incluir um capítulo, em sua Lei Orgânica, que faça menção ao estudo da
sua localização regional, como também de que forma a rede de cidades na qual está inserido possa a vir
influenciar o seu desenvolvimento.

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Rede urbana no Brasil: reconhecendo as estruturas urbanas formadas a partir das centralidades regionais | 35

Rede de cidades
O IBGE classifica a rede urbana brasileira em uma hierarquia de acordo com o tamanho e impor-
tância das cidades.
Um centro urbano pode ser definido pelo território que funcionalmente se encontra dependente
dele, para um determinado número de funções. É a função urbana que define o papel da cidade em sua
região de influência: cidade pólo, cidade universitária, cidade portuária, cidade dormitório, entre outras.
Essa função vem a ser o conjunto de atividades que a cidade oferece como comércio mais desenvolvido,
uma maior oferta de serviços especializados, ou até mesmo o número de indústrias ou de escolas.
As categorias de cidades mais importantes no Brasil estão demonstradas no quadro a seguir:
Classificação das cidades brasileiras por população

Cidade População* Classificação IBGE** IDH***


São Paulo 11 016 703 Grande metrópole nacional 0,841
Rio de Janeiro 6 136 652 Metrópole nacional 0,842
Belo Horizonte 2 399 920 Centros metropolitanos regionais 0,839
Porto Alegre 1 440 939 0,865
Recife 1 515 052 0,797
Salvador 2 714 119 0,805
Belém 1 428 368 Grandes metrópoles regionais 0,806
Curitiba 1 788 559 0,856
Fortaleza 2 416 920 0,786
Goiânia 1 220 412 0,832
Manaus 1 644 690 0,774
* Dados obtidos junto ao IBGE – Censo 2000
** Dados obtidos junto ao PNUD – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

*** O IDH de uma localidade é composto de índices relativos à expectativa de vida (longevidade), grau de escolaridade
(educação) e nível de renda da população daquela localidade.

As funções desempenhadas pelas cidades, cada uma com as suas especificidades, e cujas funções
passam a ser complementares, acabam por formar uma rede de cidades, com um grau de dependência
mútua. A partir dessas relações entre os espaços urbanos, a busca para a satisfação das diversas neces-
sidades se constitui numa hierarquia de cidades, onde cada uma delas adquire determinada função
dentro da rede.
Poderíamos definir uma rede de cidades como sendo um conjunto de espaços urbanos forman-
do um sistema, que engloba pequenas, médias e grandes cidades, constituindo assim uma hierarquia
urbana.

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36 | Planejamento Urbano e Meio Ambiente

Na década de 1933, Walter Christaller4 formulou a Teoria dos Lugares Centrais que diz que “a cen-
tralidade traduz a extensão das funções prestadas pelo lugar central, sendo que centros urbanos que
possuam funções mais raras, mais especializadas, apresentam índices de centralidade mais elevados”.
Mapa de centralidades de Christaller

CHRISTALLER, 1933.
O conceito de localidade central ou centralidade organiza-se segundo avaliação da concentração
das atividades econômicas. Esse arranjo espacial resulta de um agregado de decisões: a localização de
um aeroporto, de uma rodovia, de uma área industrial, por exemplo. São duas questões a serem analisa-
das: um aspecto diz respeito ao limiar da procura, ou seja, um mínimo de procura que justificaria a oferta
de um bem em determinado local, garantindo a visibilidade da oferta. O outro aspecto seria quanto ao
alcance do investimento, ou seja, a distância e o custo máximo que o consumidor está disposto a percor-
rer para utilizar determinado bem.
Essas duas questões levam à variação do tipo e função do investimento, e assim, determinam a
hierarquização das funções desempenhadas por cada um deles. Isso viria a justificar a implantação fun-
cional dos bens e equipamentos num lugar central.
As funções e graus de dependência que a partir disso vão se formando leva ao estabelecimento
da hierarquia de cidades e à relação centro–periferia.
Essa relação (centro–periferia) tem produzido o cenário das grandes cidades subdesenvolvidas,
no início do século XXI, que apresenta um alto grau de pobreza, oriundo da natureza estruturalmente
desequilibrada da industrialização e da urbanização periféricas.
Surge então o conceito de planejamento estratégico, alicerçado em mudanças geopolíticas, eco-
nômicas, sociais e tecnológicas, que têm reflexo sobre o desenvolvimento urbano. As cidades sendo
tratadas como pólos de crescimento econômico, como catalisadoras da crise social e como difusoras da
inovação.

4 Christaller (1933): “Die Zentralen Orte in Suddeutschland” – “Os Lugares Centrais no Sul da Alemanha”. Desenvolveu de forma dedutiva uma
teoria para explicar o número de centros, a sua dimensão e distribuição no espaço. A Teoria dos Lugares Centrais, que foi desenvolvida por
Christaller e refinada por Lösch, é utilizada para prever o número, o tamanho e o âmbito das cidades numa região. A teoria baseia-se numa
simples extensão da análise de áreas de mercado. As áreas de mercado variam de setor para setor, dependendo de economias de escala e
da procura per capita, de modo a que cada setor tenha um padrão de localização diferente. A Teoria dos Lugares Centrais mostra como os
padrões de localização de diferentes setores se conjugam para formar um sistema regional de cidades. O’ Sullivan, A. Urban Economics. 4ª.
ed. New York: McGraw-Hill, 2000, p. 119.

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Rede urbana no Brasil: reconhecendo as estruturas urbanas formadas a partir das centralidades regionais | 37

A idéia seria tratar a cidade com o enfoque mercadológico, lugar central dos investimentos pú-
blicos e privados, cooperativa dentro da sua área de influência, mas competitiva em relação às outras
regiões, inclusive com atuação mais voltada à globalização.
Os projetos urbanísticos atualmente, e que provocam um impacto em determinadas regiões, ga-
nham força pela atuação mais ágil na mútua cooperação entre o poder público com os investimentos
privados.
As grandes celebrações mundiais – olimpíadas, feiras, campeonatos – partem atualmente para
investimentos em cooperação com agentes externos, que adquirem responsabilidades nestes projetos,
como a comercialização futura dessas áreas para que sejam incorporadas à malha urbana existente.
O planejamento estratégico se pauta pela visão de que a única maneira de se pensar o futuro das
cidades é inseri-las numa rede de cidades-globais, na qual a problemática central deve ser a competiti-
vidade urbana (VAINER, 2000).
As agências multilaterais e seus ideólogos já desenharam a cidade ideal do limiar do século XXI: é a cidade produtiva
e competitiva, globalizada, conectada a redes internacionais de cidades e de negócios. Concebida e pensada como
empresa que se move num ambiente global competitivo, o governo desta cidade se espelha no “governo” da em-
presa: gestão empresarial, marketing agressivo, centralização das decisões, pragmatismo, flexibilidade, entre outras,
seriam as virtudes das quais dependeria cada cidade para aproveitar as oportunidades e fazer valer suas vantagens
competitivas no mercado de localização urbana. (MANIFESTO, 2001)5.

Dentro dessa ótica de cidade-região, surgem como principais atores desse processo os empre-
endedores imobiliários, com funções muitíssimo importantes para o desenvolvimento das cidades. As
parcerias entre estes, a comunidade e o poder público provocam a ocupação de determinadas áreas,
indicando as diversas tendências de ocupação e valorizando todo um entorno agregado.
[...] os investidores preferidos para cooptação dos promotores foram os fundos de pensão... Entre 1990 e 1998, os in-
vestimentos dos fundos de pensão no mercado imobiliário passaram de 2 para aproximadamente US$ 8 bilhões [...] A
associação dos promotores imobiliários com esses investidores possibilitou a construção de uma grande quantidade de
edifícios modernos [...] cujos locatários preferidos foram as grandes corporações multinacionais. (NOBRE, 2000, p. 144).

Embora a estrutura das cidades possa vir a se modificar pela ação dos investimentos público-
privados, os ganhos socioeconômicos são extremamente favoráveis. Contudo, não se pode esquecer de
que a função da cidade e da região deve ser explicitada, e as ações futuras devem observar os efeitos
sobre o meio ambiente.
A apropriação da terra urbana vista pela ótica do mercado e as áreas urbanas cada vez mais escas-
sas proporciona uma movimentação frenética para os espaços ainda não ocupados dentro do períme-
tro das cidades. Isso vem ocasionado a ocupação de áreas periféricas cuja infra-estrutura acaba por ser
financiada pelo capital privado, influenciando no aumento do valor da terra dessas áreas. Como conse-
qüência esses espaços estão sendo ocupados pela classe de maior poder aquisitivo, o que influencia o
esvaziamento dos centros urbanos.
As características atuais da conformação periférica urbana, denominada por alguns autores como
urbanização dispersa, mostra-nos uma influência na formação das atuais redes de cidades. Essa rede vai
reforçando cada vez mais o papel das especialidades urbanas, a partir dos interesses e da acessibilidade
oferecidas.

5 MANIFESTO de lançamento da idéia de uma Rede Brasileira de Planejadores pela Justiça Social, Porto Alegre, criada no dia 27/01/2001, no
Fórum Social Mundial de Porto Alegre.

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38 | Planejamento Urbano e Meio Ambiente

Texto complementar
Metrópole, legislação e desigualdade
(MARICATO, 2003)

Introdução
O processo de urbanização brasileiro deu-se, praticamente, no século XX. No entanto, ao con-
trário da expectativa de muitos, o universo urbano não superou algumas características dos pe-
ríodos colonial e imperial, marcados pela concentração de terra, renda e poder, pelo exercício do
coronelismo ou política do favor e pela aplicação arbitrária da lei.
As mudanças políticas havidas na década de 1930, com a regulamentação do trabalho urbano
(não extensiva ao campo), incentivo à industrialização, construção da infra-estrutura industrial, entre
outras medidas, reforçaram o movimento migratório campo-cidade.
No final do século XX, algumas décadas depois, a imagem das cidades brasileiras parece estar
associada à violência, poluição das águas e do ar, criança desamparada, tráfego caótico, enchentes,
entre outros inúmeros males.
Uma das características do mercado residencial privado legal no Brasil (como em todos os paí-
ses periféricos ou semiperiféricos) é, portanto, sua pouca abrangência. Mercado para poucos é uma
das características de um capitalismo que combina relações modernas de produção com expedien-
tes de subsistência. A maior parte da produção habitacional no Brasil se faz à margem da lei, sem
financiamento público e sem o concurso de profissionais arquitetos e engenheiros (Maricato, 2001
e Instituto Cidadania, 2000).
Não é de se estranhar que em tais situações pode ocorrer o desenvolvimento de normas, com-
portamentos, mecanismos, procedimentos extralegais que são impostos à comunidade pela violên-
cia ou que são aceitos espontaneamente e até desejados.

Entre o legal e o ilegal, arbítrio e ambigüidade


Não se trata de um “Estado paralelo” ou universo partido. A realidade é bem mais complexa.
Uma ambigüidade entre o legal e o ilegal perpassa todo o conjunto da sociedade do qual não esca-
pa, mas ao contrário, ganham posição de destaque às instituições públicas.
É notável a tolerância que o Estado brasileiro têm manifestado em relação às ocupações ilegais de
terra urbana. Esse processo é significativo em suas dimensões, se levarmos em conta, especialmente, a
grande massa de migrantes que rumou para as cidades neste século e que se instalou ilegalmente, já
que não teve acesso ao mercado imobiliário privado e nem foi atendida pelas políticas públicas de habi-
tação. Aparentemente constata-se que é admitido o direito à ocupação, mas não o direito à cidade.

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Rede urbana no Brasil: reconhecendo as estruturas urbanas formadas a partir das centralidades regionais | 39

A maior tolerância e condescendência em relação à produção ilegal do espaço urbano vem


dos governos municipais aos quais cabe a maior parte da competência constitucional de controlar a
ocupação do solo. A lógica concentradora da gestão pública urbana não admite a incorporação ao
orçamento público da imensa massa, moradora da cidade ilegal, demandatária de serviços públicos.
Seu desconhecimento se impõe, com exceção de ações pontuais definidas em barganhas políticas
ou períodos pré-eleitorais. Essa situação constitui, portanto, uma inesgotável fonte para o clientelis-
mo político.
A falta de alternativas habitacionais, seja via mercado privado, seja via políticas públicas sociais
é, evidentemente, o motor que faz o pano de fundo dessa dinâmica de ocupação ilegal e predatória
de terra urbana. A orientação de investimentos dos governos municipais revela um histórico com-
prometimento com a captação da renda imobiliária gerada pelas obras (em geral, viárias), benefi-
ciando grupos vinculados ao prefeito de plantão. Há uma forte disputa pelos investimentos públicos
no contexto de uma sociedade profundamente desigual e historicamente marcada pelo privilégio e
pela privatização da esfera pública.
Qualquer análise superficial das cidades brasileiras revela essa relação direta entre moradia po-
bre e degradação ambiental. Isso não quer dizer que a produção imobiliária privada ou que o Estado,
através da produção do ambiente construído, não causem danos ao meio ambiente. São abundan-
tes os exemplos de aterramento de mangues em todo o litoral do País para a construção de condo-
mínios de lazer. Ou poderíamos citar as indefectíveis avenidas de fundo de vale com canalizações de
córregos tão ao gosto dos prefeitos municipais e de uma certa engenharia “das empreiteiras” (para
ficarmos em apenas dois exemplos relativos à ocupação urbana do solo). O que interessa chamar
atenção aqui é que grande parte das áreas urbanas de proteção ambiental estão ameaçadas pela
ocupação com uso habitacional pobre, por absoluta falta de alternativas. As conseqüências de tal
processo atingem toda a cidade, mas especialmente as camadas populares.

Atividades
1. Cite e descreva três conseqüências da intensa urbanização descontrolada.

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40 | Planejamento Urbano e Meio Ambiente

2. Explique as diferenças entre crescimento e desenvolvimento procurando exemplos práticos


para ilustrar a questão.

Para refletir
O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – está diretamente influenciado pelos índices
relativos à expectativa de vida, ao grau de educação e a níveis de renda.
Faça uma reflexão sobre qual seria, em sua cidade ou município, a questão mais fácil de ser
resolvida para que o IDH local pudesse aumentar.
Consultar o site: <www.ibge.gov.br>

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Gabarito
Rede urbana no Brasil: reconhecendo as estruturas
urbanas formadas a partir das centralidades regionais
1.
::: Extensas áreas impermeabilizadas contrapondo-se à falta de investimentos em infra-estrutura
(sistema de drenagem das águas pluviais);
::: Ocupação em áreas de risco ambiental, como encostas de morros e fundos de vale;
::: Descontrole no estabelecimento e localização das atividades nocivas à urbanização;
::: V
azios urbanos, representados por áreas não ocupadas na área urbana e que possuem toda a
infra-estrutura necessária à ocupação;
::: Poluição de áreas de mananciais para o abastecimento d’água;
::: Lixões a céu aberto provocando poluição ambiental.

2. O crescimento se dá quando os investimentos, sejam os do Poder Público ou da iniciativa privada,


não agregam valor à população, ou seja, apesar da cidade ter uma arrecadação significativa, a
população não tem a devida qualidade de vida.

Ao contrário, o desenvolvimento agrega valor à população através do nível da qualidade socioe-


conômica.

Exemplos práticos: uma fábrica de papel, devidamente instalada na área industrial da cidade e
que proporciona uma grande arrecadação para o município, pode não absorver a mão-de-obra
local e ainda poluir o meio ambiente, provocando danos à saúde da população. Também um em-
preendimento que só possua postos de emprego altamente qualificados e a população não está
preparada para o emprego.

Os empreendedores imobiliários são importantes atores no processo da produção do espaço ur-


bano. Como essa importância pode vir a ser consolidada?

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