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Recursos Minerais

no Brasil
problemas e desafios
Recursos Minerais
no Brasil
problemas e desafios
Membros Institucionais da Academia Brasileira de Ciências
Recursos Minerais
no Brasil
problemas e desafios

Organizadores

Adolpho José Melfi


Aroldo Misi
Diogenes de Almeida Campos
Umberto Giuseppe Cordani

Rio de Janeiro, 2016


© Direitos autorais, 2016, de organização, da
Academia Brasileira de Ciências
Rua Anfilófio de Carvalho 29 3o Andar
20030-060 Rio de Janeiro RJ Brasil
Tel. (55 21) 3907-8100
www.abc.org.br

© Direitos de publicação reservados por


Academia Brasileira de Ciências e
Vale S.A.
Avenida das Américas 700 3o piso Loja 318
22640-100 Rio de Janeiro RJ Brasil
www.vale.com

Colaboradores
Aline Drumond (Vale)
Beatriz Alvernaz (Vale)
Marcos Cortesão Barnsley Scheuenstuhl (ABC)
Vitor Vieira de Oliveira Souza (ABC)

Revisão
Veronica Maioli Azevedo

Projeto gráfico e diagramação


Aline Carrer

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Recursos Minerais no Brasil: problemas e desafios /


Adolpho José Melfi, Aroldo Misi, Diogenes de Almeida Campos e
Umberto Giuseppe Cordani (organizadores). – Rio de Janeiro: Academia
Brasileira de Ciências, 2016.

420 p.

ISBN: 978-85-85761-40-0

1.Geologia econômica. 2.Recursos minerais – Brasil. 3.Metalogenia –


Brasil. I. Melfi, Adolpho José. II. Misi, Aroldo. III. Campos, Diogenes de
Almeida. IV. Cordani, Umberto Giuseppe. V. Academia Brasileira de Ciências.
VI. Título.

CDD 553.0981
Apresentação

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) tem, de longa data, se preocupado com os gargalos e desafios da política e da
pesquisa relacionadas à exploração mineral no Brasil. Tal preocupação tem relação com sua própria gênese, por ter sido
fundada por um grupo de engenheiros, dentre outros cientistas, com interesses voltados para minerais e rochas de uso
industrial. Ilustrativo desta relação é o fato de que Eusébio Paulo de Oliveira, diretor do Serviço Geológico e Mineralógico
do Brasil, veio a ser o quarto presidente da ABC, no período de 1931-1933.
Compreendendo que a exploração dos recursos minerais requer a utilização maciça do conhecimento científico que se
tem do subsolo e da gênese dos depósitos minerais, e procurando desenhar cenários sobre a futura demanda de recur-
sos minerais, inclusive os energéticos, a ABC decidiu instituir, no ano de 2011, um Grupo de Estudos sobre Recursos
Minerais. Este grupo tem como objetivo congregar alguns dos principais pesquisadores brasileiros, da área das Ciências
da Terra, para estabelecer a visão da ABC sobre estratégias de utilização da ciência para a promoção do uso sustentável
dos recursos minerais em nosso país. Tais estratégias são determinantes para que o Brasil possa explorar sua potencia-
lidade mineral, de forma eficiente e sustentável, em benefício da sociedade brasileira e em prol de uma inserção mais
competitiva do país na economia global.
Dando início aos trabalhos deste Grupo de Estudos, a Academia organizou, em agosto de 2013, o simpósio “Recursos
Minerais no Brasil: Problemas e Desafios”. O evento reuniu alguns dos principais cientistas brasileiros que refletem sobre
o setor mineral, representantes do governo e de algumas das principais empresas e associações da área, para debater
temas como “O Brasil no Mundo Mineral”, “Potencial Mineral do Brasil”, “Recursos Energéticos de Origem Mineral” e
“Brasil Mineral: Visão de Futuro”.
A partir dos diferentes olhares proporcionados pelo amplo elenco de atores presentes ao simpósio, uma profunda reflexão
foi realizada, permitindo aos presentes um rico momento de pensar e repensar o setor mineral brasileiro, avaliando a
inserção do mesmo no contexto global, bem como cenários e perspectivas estratégicas futuras para o setor, vis a vis a
economia nacional e internacional. O passo seguinte do grupo, mais ousado, foi buscar consolidar em uma publicação,
com um olhar mais apurado e atualizado, a visão de especialistas sobre o atual cenário, os gargalos e os desafios ine-
rentes ao setor mineral brasileiro.
Fruto deste esforço, é com muito orgulho que ora apresentamos o livro “Recursos Minerais no Brasil: Problemas e De-
safios”. Esta publicação contou com o inestimável apoio de especialistas de todo o país, que, de forma desprendida e
visando contribuir com o desenvolvimento e fortalecimento de nosso setor mineral, dispuseram-se a cerrar fileiras com
a ABC para produzir o presente volume.
Não posso deixar de destacar, também, o indispensável apoio da Vale, empresa que é Membro Institucional da ABC. Desde
o início a Vale apoiou os trabalhos deste Grupo de Estudos, e a própria edição e publicação deste livro. É importante que
se registre que tal suporte de forma alguma tolheu a liberdade e a livre manifestação da visão dos autores, cujos artigos
refletem opiniões não necessariamente endossadas pela companhia, ou mesmo pela ABC. Fica aqui o registro de nosso
reconhecimento e agradecimento aos autores e à Vale.
Cabe, por fim, ressaltar o fundamental apoio que a ABC tem recebido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Sem estes, boa parte dos trabalhos
desenvolvidos pela Academia ficaria simplesmente inviabilizado.
Ao concluir meus agradecimentos, devo deixar consignado o reconhecimento à enorme contribuição do Prof. Jacob Palis
Jr, a quem tenho a honra de suceder na presidência da ABC, para a viabilização deste volume. Foi em seu período frente
à Academia que se instituiu o Grupo de Estudos da ABC sobre Recursos Minerais no Brasil, que ora apresenta seu mais
novo produto. Se hoje tenho a satisfação de apresentar mais um volume da série “Ciência e Tecnologia para o Desenvol-
vimento Nacional: Estudos Estratégicos”, isso só se faz possível graças ao espírito inovador de nosso ex-presidente, que
também foi o idealizador desta série.
Esperamos, com o trabalho do Grupo de Estudos da ABC sobre Recursos Minerais e, em especial, através da publicação
que ora lançamos, contribuir com reflexões estratégicas que ajudem a orientar governo, empresas e formuladores de
políticas públicas, e a sociedade brasileira como um todo, no importantíssimo desafio de se pensar, planejar e fortalecer
o setor mineral de nosso país. Dado o peso deste em nosso PIB, políticas acertadas para o setor podem contribuir, de
forma decisiva, para o resgate de uma espiral econômica ascendente, que permita a retomada do desenvolvimento e a
ampliação da inclusão social conquistada na última década. Com o aporte da visão da ciência e da tecnologia, almejamos
contribuir com esse processo.

Luiz Davidovich
Presidente - Academia Brasileira de Ciências
Foto: Pedro Rubens / Agência Vale
Apresentação

A riqueza de uma nação não decorre de seu ouro e sua prata, mas sim da capacidade de aprendizagem, na
sabedoria e integridade moral de seu povo. Em tradução livre do pensamento de Kalil Gibran, a reflexão que cabe
neste preambulo é que o conhecimento sobre nossa bagagem geológica, recursos minerais, e nossa capacidade
de explora-los de forma responsável são importante alicerce de nosso futuro. De fato, muito da perspectiva his-
tórica e de algumas das cicatrizes de nosso passado decorreu do uso inadequado e do entendimento imperfeito
de nossas riquezas minerais.
Assim, a derrama, enquanto dispositivo fiscal aplicado no século XVIII em Minas Gerais, decorre do desconheci-
mento da exaustão das jazidas de ouro e alimenta o espirito dos Inconfidentes.

As reflexões trazidas pelos diferentes capítulos deste trabalho são assim nossa grande riqueza. É com esta sa-
bedoria e com este conhecimento que poderemos melhor trabalhar nossos bens minerais e saber deles extrair
riqueza para nossa sociedade. Nossos recursos minerais não serão transformados em bens materiais e em riqueza
se não os conhecermos e trabalharmos corretamente. Noruega, Suécia, EUA, Austrália e Canadá são, ou foram,
potencias minerais que souberam alicerçar seu futuro nos materiais de seu subsolo. O Brasil tem potencial igual
ou maior ao daquelas sociedades. Os problemas e os desafios dos recursos minerais do Brasil são muitos, mas
não são maiores que a capacidade da nossa ciência e de nossa sociedade, como bem atesta este trabalho, cuja
qualidade é uma decorrência natural da reconhecida competência dos autores.

Luiz Eugênio Mello


Academia Brasileira de Ciências
Instituto Tecnológico Vale
Foto: Salviano Machado / Agência Vale
prefácio

No momento, o setor mineral atravessa um período de grande dificuldade. Isso


se dá, principalmente, em virtude da falta de recursos para a implementação de
planejamentos já definidos, da falta de recursos humanos qualificados para o de-
senvolvimento do setor e, sobretudo, pela longa demora do Congresso em discutir
e aprovar o novo Marco Regulatório para o Setor Mineral, o que tem provocado
desinteresse por novos investimentos por parte do setor privado. A especificidade
das legislações referentes aos monopólios dos hidrocarbonetos e dos minerais ra-
dioativos, com flexibilização no caso do petróleo e gás e absoluta rigidez no caso
do urânio, tem, também, contribuído para esse quadro de dificuldade. Mudanças
na legislação referente aos hidrocarbonetos, ocorridas em passado recente, têm
sido criticadas pela indústria privada e resultaram, como no caso dos minerais
não monopolizados, em uma grande diminuição do interesse no aproveitamento
desses recursos, principalmente nos depósitos do assim chamado pré-sal. Muito
recentemente, no entanto, o Congresso Nacional aprovou medidas no sistema de
exploração que parecem vir favorecer a exploração desses depósitos. Por outro lado,
a legislação monopolista do urânio impede a participação da indústria privada na
exploração desses recursos. A Academia Brasileira de Ciências, sempre no sentido
de discutir, sob a óptica da ciência, os grandes problemas que afetam a economia e
o desenvolvimento do país, decidiu organizar um grande simpósio sobre Recursos
Minerais no Brasil: problemas e desafios, que, além de evidenciar a preocupação
da Academia com a grave situação apresentada pela política de pesquisa e explo-
ração dos recursos minerais existentes em nosso país, teve por objetivo mostrar os
desafios que o setor mineral brasileiro tem que enfrentar para atingir a posição que
ele deveria ocupar no cenário mundial.
Os resultados obtidos pelo simpósio, com base nas palestras apresentadas por
relevantes personalidades do setor mineral, originadas do mundo acadêmico, go-
vernamental e do setor privado, e nas ricas discussões surgidas durante os debates,
motivaram a ABC a produzir uma publicação que refletisse os pensamentos, as
preocupações e as angústias quanto ao futuro do nosso setor mineral.
O livro Recursos Minerais no Brasil: problemas e desafios é resultado do esforço
e dedicação de cerca de 70 especialistas em várias áreas do setor mineral, envolvendo
desde a prospecção e a exploração mineral até o beneficiamento desses recursos.
O livro encontra-se organizado em sete capítulos, onde são discutidos os temas:
Potencial Mineral do Brasil; Exploração Mineral no Brasil; Tecnologia Mineral;
Matriz Energética e Recursos Minerais; Ambiente e Sustentabilidade; Formação de
Recursos Humanos para a Mineração e Considerações Finais sobre o Setor Mineral
Brasileiro e Visão de Futuro.
O capítulo I - Potencial Mineral do Brasil analisa o panorama geral da geologia
e da metalogenia brasileira, onde fica demonstrada, claramente, a tão decantada
potencialidade do nosso território, no tocante à ocorrência dos mais diversos tipos
de depósitos minerais, não somente pela nossa grande extensão territorial, mas tam-
bém à grande diversidade de ambientes geológicos presentes. Os bens atualmente
de maior importância para a economia do país, tais como ferro, ouro, nióbio, terras
raras, potássio, fósforo, níquel, cobre, zinco e alumínio, são abordados em doze
artigos, por diferentes especialistas em cada um desses bens minerais, tratando
mais especificamente os aspectos relacionados às aplicações industriais, produção,
reservas, mercado e principais tipos de depósitos.
O capítulo II - Exploração Mineral no Brasil discorre sobre os métodos e modelos
utilizados na descoberta de depósitos minerais. Apresentados em cinco artigos, cada
um refletindo os pontos de vista de cada autor na utilização dos principais métodos
utilizados nos trabalhos de prospecção mineral, tais como: Sensoriamento Remoto,
Prospecção Geofísica e Prospecção Geoquímica. A integração dos dados obtidos pela
aplicação destas técnicas com a geologia tem por objetivo gerar mapas de prospec-
tividade mineral e a análise do conjunto dos dados e de sua integração permitirá a
construção de modelos de depósitos minerais e de sistemas minerais que, por sua
vez, levarão à identificação de áreas propicias a aplicação dos métodos exploratórios.
O capítulo III - Tecnologia Mineral apresenta uma síntese dos principais avanços
e dos desafios e perspectivas da tecnologia mineral brasileira. Sete artigos compõem
este capítulo, sendo o primeiro voltado para a apresentação do panorama geral de
investimentos em PD&I no setor. Três outros tratam das áreas clássicas em que se
divide a mineração: lavra mineral, beneficiamento de minérios e metalurgia extra-
tiva. Os demais apresentam tópicos considerados atualmente muito importantes
para a mineração brasileira: minerais estratégicos, água e energia na mineração e
tecnologias para a sustentabilidade ambiental.
O capítulo IV - Matriz Energética e Recursos Minerais, com seus seis artigos,
nos fornece, inicialmente, uma visão geral da matriz energética do país, enfatizando
a sua principal característica, que permite sua distinção das matrizes energéticas
dos países industrializados, no tocante à elevada participação de fontes renováveis.
Quatro artigos abordam os aspectos geológicos dos campos produtores de petróleo,
os problemas ambientais e econômicos envolvidos na prospecção e exploração do
gás não convencional, considerado uma alternativa energética potencialmente válida
para o país, bem como o pequeno papel do carvão na nossa matriz energética atual e
a perspectiva futura deste bem mineral por meio da valorização do carvão nacional,
sabidamente de baixa qualidade, por meio da modernização das usinas de geração
de energia e de sua utilização como carvão siderúrgico. Um tópico é consagrado à
formação de recursos humanos na área de extração e uso de carvão para fins energé-
ticos e industriais. O urânio, combustível nuclear, mereceu uma abordagem histórica
no tocante à evolução da prospecção e das pesquisas em território nacional, o que
levou ao descobrimento de várias jazidas e à quantificação de importantes reservas
que sobrepujam a demanda atual. Se no momento a participação do urânio na ma-
triz energética do país é insignificante, no futuro ela deverá sofrer um crescimento
importante, pois no Plano Nacional de Energia – PNE 2013, encontra-se assinalada
a construção entre quatro a oito novas usinas nucleares, ampliando sua importân-
cia na matriz energética brasileira. Finalmente, neste capítulo é feita uma reflexão
sobre as condições e processos que conduziram à hegemonia do petróleo face às
demais alternativas energéticas bem como suas repercussões no campo ambiental,
geopolítico e econômico.
O capítulo V - Ambiente e Sustentabilidade resume os desafios socioeconô-
micos e ambientais da mineração no Brasil e sua interação com o meio ambiente.
São apresentadas as legislações normativas em vigor no país, às quais a indústria
extrativa mineral encontra-se submetida, como o EIA, RIMA, Licenças Ambientais
(Prévia - LP, de Instalação - LI, de Operação - LO), etc. São discutidos os problemas
relativos à necessidade de aprovação do novo Marco Regulatório da Mineração,
que se encontra no Congresso Nacional, para ser votado, desde 2013 (Projeto de Lei
5.807/13) Por meio de vários exemplos, são mostradas que existem atividades de
mineração que provocam danos ambientais, por vezes irreparáveis, como é o caso
recente da barragem do Fundão (Mineração Samarco), cujo rompimento provocou a
devastação de uma grande área ao longo do vale do Rio Doce, mas existem exemplos
em que a mineração é conduzida de forma sustentável, provocando pouco impacto
no ambiente original, como no caso de Trombetas, mineração de bauxita (alumínio),
na região Norte do país. Os exemplos mostram que a indústria de extração mineral no
Brasil pode e deve caminhar no sentido de incorporar critérios de sustentabilidade
em suas atividades, o que é totalmente possível. A mineração na Amazônia recebeu
um artigo à parte, não somente pelas suas ricas províncias minerais comparáveis às
das principais regiões produtoras do mundo, mas também pelo fato de apresentar a
coexistência de três estágios tecnológicos de utilização dos recursos minerais: coleta
mineral (povos indígenas), extrativismo mineral (garimpos) e mineração organizada
(grandes empresas). Por outro lado, se conduzida com responsabilidade e em bases
técnicas adequadas, a mineração certamente poderá se configurar uma alternativa
viável para o desenvolvimento sustentável de uma grande porção da Amazônia,
propiciando a geração de benefícios amplos e duradouros.
O capítulo VI - Formação de Recursos Humanos para a Mineração aborda um
ponto de alta relevância para a mineração. Após uma breve reflexão sobre a impor-
tância da formação de recursos humanos para vencer os desafios colocados pelos
problemas estruturais de economia, da educação, do mercado e da sociedade brasileira,
os autores apresentam e discutem os dados relativos à evolução dos cursos, vagas e
concluintes em Geologia e Engenharia de Minas, que sofreu um impacto positivo com
a criação dos cursos de Geologia no país, na década de 1960. A formação de recursos
humanos é apresentada como fundamental para o desenvolvimento do setor, em
todas suas fases: prospecção mineral, extração mineral e tratamento e aproveita-
mento do bem mineral. Apesar do crescimento do número desses profissionais ter
sido grande, ele pode ser considerado ainda baixo, face a importância da área para
o desenvolvimento econômico do Brasil. Entretanto, a demanda de Engenheiros e
Geólogos, tendo em vista o cenário econômico do país, segundo dados do IPEA para
o período até 2020, tenderá a cair, de modo que não haverá falta de profissionais para
o setor da mineração. Apesar disso, há necessidade de uma gestão estratégica para o
futuro para evitar o êxodo desses profissionais, como aquele ocorrido nas décadas
de 1980 e 1990, para diferentes setores (financeiro, público e acadêmico) por causa
da retração do mercado de trabalho na área industrial.
O capítulo VII - Considerações Finais sobre o Setor Mineral Brasileiro e Visão
de Futuro traz uma perspectiva histórica do setor mineral, analisando em seguida
diversos aspectos abordados nos capítulos anteriores e ressaltando os pontos mais
importantes e estratégicos para o país. Não resta dúvida sobre a importância do
setor mineral para a economia de nosso país e, apesar do momento de dificuldade
que estamos atravessando, não podemos deixar de investir na valorização do enor-
me potencial disponível. Foram apresentadas seis sugestões de medidas gerais que
poderiam ser tomadas pelos órgãos governamentais e pelas empresas de mineração
no sentido de estimular a exploração mineral do nosso território e fazer funcionar
a tão necessária parceria entre os mundos acadêmico-empresarial. Como última,
porem não menos importante, sugere ações políticas da comunidade para que o
Setor Mineral seja incluído na relação dos itens de Tecnologias Críticas ou Estraté-
gicas do documento Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI
2016-2019), da mesma forma como ocorreu com o Setor Agropecuário.
Agradecimentos

Os organizadores do livro agradecem à Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) pelo


apoio financeiro, sem o qual este livro não teria sido publicado. Igualmente, nossos
agradecimentos são endereçados aos 66 autores, provenientes dos setores acadêmico,
governamental e privado, responsáveis pelos textos apresentados, que deram vida
a esse livro. Agradecem, ainda, à continuada atividade desenvolvida por Marcos
Cortesão Barnsley Scheuenstuhl, na qualidade de Secretário-Executivo do Grupo
de Estudos de Recursos Minerais, com o apoio de sua equipe na Academia, espe-
cialmente, o de Vitor Vieira de Oliveira Souza, tanto na organização do Simpósio,
como na preparação do livro. A eles deve-se, sem dúvida, o processo de editoração
dos manuscritos neste volume que agora se tem em mãos.

Adolpho José Melfi


Aroldo Misi
Diogenes de Almeida Campos
Umberto Giuseppe Cordani
I II
Potencial Mineral do Brasil Exploração Mineral no Brasil
Potencial Mineral do Brasil 18 Exploração mineral no Brasil:
Onildo João Marini uso de modelos de depósitos minerais
e sistemas minerais 176
Formações ferríferas e minério
Jorge Silva Bettencourt / Caetano Juliani /
de alto teor associado
Lena Virgínia Soares Monteiro
O minério de ferro no Brasil –
geologia, metalogênese e economia 32 Sensoriamento remoto em
Carlos Alberto Rosière / Vassily Khoury Rolim exploração mineral no Brasil 190
Alvaro Penteado Crósta /
Ouro no Brasil: principais depósitos,
Teodoro Isnard Ribeiro de Almeida /
produção e perspectivas 46
Waldir Renato Paradella /
Lydia Maria Lobato / Marco Aurélio da Costa / Sebastião Milton Pinheiro da Silva /
Steffen G. Hagemann / Rodrigo Martins Paulo Roberto Meneses
Nióbio – desenvolvimento Prospecção geofísica no Brasil 208
tecnológico e liderança 60
Renato Cordani
Tadeu Carneiro
Prospecção geoquímica no Brasil 214
Os elementos terras raras
Otavio Augusto Boni Licht / Rômulo Simões Angélica
e sua importância para o setor
mineral do Brasil 68 Integração de dados &
Milton Luiz Laquintinie Formoso / exploração mineral 232
Vitor Paulo Pereira / Egydio Menegotto / Carlos Roberto de Souza Filho / Adalene Moreira Silva
Lauro Valentin Stoll Nardi / Artur Cezar Bastos Neto /
Maria do Carmo Lima e Cunha

Potássio no Brasil 84
Yara Kulaif / Ana Maria Góes

Fosfato no Brasil 96
Maisa Bastos Abram

Minério de níquel sulfetado no Brasil 116


João Batista Guimarães Teixeira

O níquel no Brasil e seus


depósitos lateríticos 124
Marcondes Lima da Costa

Potencial mineral: cobre 134


III
Caetano Juliani / Lena V. S. Monteiro / Tecnologia Mineral
Carlos Marcello Dias Fernandes
Tecnologia mineral: pesquisa,
Zinco no Brasil: tipos de depósitos, desenvolvimento e inovação
reservas e produção 156
Panorama na mineração brasileira 244
Aroldo Misi
Fernando A. Freitas Lins
Alumínio e bauxita no Brasil 166
A lavra e a indústria mineral
Marcondes Lima da Costa no Brasil – tendências tecnológicas
e desafios de inovação 248
Jair Carlos Koppe

Beneficiamento de minérios 256


Claudio L. Schneider / Elves Matiolo /
Reiner Neumann / Otávio F. M. Gomes
Metalurgia extrativa 264
Ronaldo L. Santos / Marisa Nascimento /
Andrea C. Rizzo / Claudia Duarte Cunha

Minerais estratégicos: terras raras e lítio 272


Marisa Nascimento / Ronaldo L. Santos /
Paulo F. A. Braga / Sílvia C. A. França

Água e energia na mineração 278


Fernando A. Freitas Lins

Tecnologias para a
sustentabilidade ambiental 282
Fernando A. Freitas Lins / Andrea C. Rizzo /
V
Claudia Duarte Cunha / Francisco Mariano Lima Ambiente e Sustentabilidade
Desafios sociais e ambientais da
mineração no Brasil e a sustentabilidade 364
Célio Bermann

Mineração – presente e futuro


da Amazônia 376
Elmer Prata Salomão / Antonio Tadeu Corrêa Veiga

IV
Matriz Energética e Recursos Minerais
Matriz energética brasileira
e recursos minerais 290
José Goldemberg

O petróleo no Brasil 302


VI
Claudio Riccomini / Lucy Gomes Sant’Anna /
Colombo Celso Gaeta Tassinari / Fábio Taioli Recursos Humanos
O pré-sal e a geopolítica e hegemonia Formação de recursos humanos
do petróleo face às mudanças climáticas para a mineração 396
e à transição energética 316
Miguel Antônio Cedraz Nery / Marina P. P. Oliveira
Ildo Luís Sauer

Gás não convencional: uma alternativa


energética possível para o Brasil 332
Colombo Celso Gaeta Tassinari /
Claudio Riccomini / Fábio Taioli

Elemento combústivel nuclear: urânio 340


Evando Carele de Matos

Distribuição, reservas e características


dos depósitos de carvão no Brasil –
implicações para a contribuição na
matriz energética, meio ambiente,
sustentabilidade e recursos humanos 350
Wolfgang Kalkreuth / Priscila Lourenzi / VII
Eduardo Osório
Considerações Finais
Considerações finais sobre o setor
mineral brasileiro e visão de futuro 406
John Forman / Adolpho José Melfi / Aroldo Misi /
Diogenes de Almeida Campos / Umberto Giuseppe Cordani
Desafios sociais
e ambientais da
mineração no Brasil
e a sustentabilidade
Célio Bermann
Instituto de Energia e Ambiente,
Universidade de São Paulo

RESUMO

O presente artigo analisa as atividades minerárias no Brasil e seus impactos socioeconômicos e


ambientais. Na primeira parte é realizada uma contextualização histórica dos impactos ambientais
da extração mineral no país. Na segunda parte são levantados os principais aspectos relacionados à
mineração e o processo de licenciamento ambiental. Em particular, a mineração em terras indígenas é
abordada na terceira parte do artigo. Na quarta parte o recente desastre ambiental na bacia do rio Doce,
ocorrido em novembro de 2015 com o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão no município
de Mariana (MG), é analisado tendo em vista a identificação das lições a serem aprendidas, no que
se refere à segurança das barragens e questões relacionadas à responsabilização e penalização das
empresas minerárias envolvidas. Finalmente, a quinta parte aponta proposições para que as atividades
minerárias alcancem os princípios da sustentabilidade.

Palavras-chaves Impactos ambientais da mineração. Legislação ambiental. Sustentabilidade ambiental


e mineração.
365

INTRODUÇÃO bidez e da suspeição da presença de metais pesados,


além de provocar a morte de toneladas de peixes e a
A indústria extrativa mineral apresenta uma dubie- destruição da paisagem local. Ao todo, 35 municípios
dade que deve ser superada para alcançar o desejável dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo foram
caráter sustentável. Por um lado, trata-se de um dos atingidos pelos rejeitos, que cobriram uma área de
importantes setores da economia primária exportadora cerca de 1.469 hectares.
brasileira. Mas por outro, está entre as atividades an- Em função da dimensão dos seus impactos, o de-
trópicas que mais causam impactos socioeconômicos e sastre foi assunto na mídia nacional e internacional
ambientais negativos, afetando muitas vezes de forma ao longo dos meses que se seguiram, tendo suscitado
irreversível o território onde se realiza a mineração. uma série de questões relacionadas à normatização
Existem duas classificações de impactos geradas das atividades minerárias no país, a fragilidade com
pela atividade mineraria: da área diretamente afetada que as barragens de rejeitos minerais são monitora-
e da região de influência. Na primeira ocorre modi- das, a precariedade das ações dos poderes públicos
ficação da paisagem pela extração do material e na envolvidos, além da responsabilização empresarial
segunda o impacto é caracterizado pelo depósito de pelas consequências ambientais e sociais negativas.
estéril e rejeitos. Quanto a questão da normatização das atividades
Muito embora estas consequências negativas sejam minerárias cabe assinalar que o Decreto-lei nº 227,
consideradas pela literatura sobre o tema como geo- de 28 de fevereiro de 1967, também conhecido como
graficamente limitadas, o recente desastre ambiental Código de Mineração, disciplina a administração dos
ocorrido em 05 de novembro de 2015 com o rompimen- recursos minerais pela União, a indústria de produção
to da barragem de rejeitos de mineração de Fundão, mineral e a distribuição, o comércio e o consumo de
localizada no distrito de Bento Rodrigues (município produtos minerais no Brasil. O atual Código de Mine-
de Mariana-MG) de propriedade da empresa Samarco ração sucedeu ao antigo Código de Minas, instituído
Mineração S.A. demonstrou que os impactos socioeco- pelo Decreto-lei nº 1.985, de 29 de janeiro de 1940. Uma
nômicos e ambientais podem extrapolar o local onde a proposta de nova redação para as regras estabelecidas
mineração é realizada pois atingiu toda a bacia do rio em 1967, elaborada pelo deputado Leonardo Quintão
Doce a jusante da barragem até alcançar o oceano no (PMDB-MG), está em discussão desde 2013. Apesar
Espírito Santo. O desastre deixou mais de 600 desabri- de o relator ter apresentado seu parecer em agosto de
gados, tendo sido confirmadas 18 mortes, enquanto 2015, o texto do novo Código de Mineração (Projeto de
que uma pessoa foi considerada como desaparecida. Lei n° 5.807, de 2013) ainda não foi aprovado.
Os resíduos de mineração constituídos por uma Alguns dos aspectos presentes no novo texto do
mistura de resíduos de minério de ferro, água e lama Código de Mineração, relacionados com as questões
percorreram cerca de 663 km, impedindo a captação sociais e ambientais das atividades da mineração no
de água em muitas cidades em função da elevada tur- país, serão discutidos neste texto no item “O desastre
366 Recursos Minerais no Brasil: problemas e desafios

ambiental de Mariana na bacia do rio Doce: lições a caso na Região Sul, com o foco em problemas sociais
serem aprendidas”. e ambientais.
Alguns exemplos são significativos, como as mi-
Contextualização Histórica nas abandonadas de ouro, muitas datando de cen-
De uma forma geral, a forte carga impactante da indús- tenas de anos, sendo ainda hoje fonte significativa
tria extrativa mineral se caracteriza por ser diariamente de poluição, com a presença de mercúrio nos cursos
exercida, e dispersa pelas mais de 3 mil minas e por d’água. A exploração de carvão também deixou sérios
cerca de 9 mil mineradoras em atividade no Brasil, as passivos ambientais não resolvidos, como é o caso da
quais se somam ainda algumas centenas de milhares Bacia Carbonífera Sulcatarinense, onde estima-se que
de garimpeiros e pequenos produtores informais de existam mil bocas de minas antigas abandonadas, a
minerais para uso imediato na construção, aleatoria- maior parte delas com 50-80 anos (AMARAL; KREBS;
mente localizados no território brasileiro (ARAUJO; PAZZETTO, 2008).
OLIVIERI; FERNANDES, 2014). Outro exemplo é encontrado no município de Bom
Os impactos ambientais negativos da extração mi- Jesus da Serra (BA), onde está localizada a primeira
neral (mineração e lavra garimpeira) estão associados mina de amianto explorada no Brasil, cujas ativida-
às diversas fases de exploração dos bens minerais, des foram encerradas em 1967, deixando um grande
desde a lavra até o transporte e beneficiamento do passivo, que permanece sem solução. O município
minério, podendo estender-se após o fechamento da empobreceu, e a população convive, até hoje, com um
mina ou o encerramento das atividades. grande cânion e com a contaminação ambiental decor-
A atividade altera de forma substancial o meio físico, rente do processo produtivo (PAIXÃO; QUEIROZ, 2009).
provocando desmatamentos, erosão, contaminação Passivos ambientais também são encontrados no
dos corpos hídricos, aumento da dispersão de metais município de Serra do Navio (AP), onde a empresa
pesados, alterações da paisagem, do solo, além de com- Indústria e Comércio de Minérios de Ferro e Manga-
prometer a fauna e a flora. Afeta, também, o modo de nês S.A (Icomi) explorou, por 40 anos, uma jazida de
viver e a qualidade de vida das populações estabelecidas manganês até sua exaustão, deixando imensas pilhas
na área minerada e em seu entorno. de resíduos, que contaminaram rios e lençóis freáticos
Esses impactos ambientais negativos, quando não por arsênio contido no minério. Devido à falta de plane-
são detectados e corrigidos, se transformam num pas- jamento para o fechamento de mina que contemplasse
sivo ambiental, o que tem acontecido com frequência o desenvolvimento de outras atividades econômicas
no Brasil (PAIVA, 2006). O número exato em todo o após o fim da mineração, a cidade também passa por
país de grandes passivos ambientais é desconhecido, um processo de decadência econômica e social.
mas certamente ultrapassa as dezenas de milhares de Por sua vez, a disposição inadequada de rejeitos da
minas e garimpos, inativos e abandonados, produto lavra de minério de chumbo no município de Boqui-
da mineração pretérita, mas ininterrupta, exercida ra (BA), e a metalurgia do chumbo no município de
no Brasil há mais de 500 anos (ARAUJO; OLIVIERI; Santo Amaro (BA), contaminaram mananciais e solos,
FERNANDES, 2014). causando danos à saúde da população.
Uma publicação do CETEM-Centro de Tecnolo- Ainda, nas cidades mineiras de Caldas e Poços de
gia Mineral, unidade de pesquisa do Ministério da Caldas, a extração e o beneficiamento do urânio, bem
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com o título como a disposição dos resíduos da atividade minera-
de “Recursos Minerais & Sustentabilidade Territorial: dora, provocaram drenagem ácida na cava, nas pilhas
Grandes Minas” (FERNANDES; ENRIQUÉZ; ALAMINO, de estéril e na bacia de rejeitos, afetando as bacias
2011), identificou e sistematizou em 14 estudos de hidrográficas das cidades.
caso, os problemas sociais e ambientais da atividade Os impactos sociais e ambientais negativos da mi-
minerária no país. neração sobre a vida das populações não prevalecem
Outra publicação mais recente, também do CE- somente durante o tempo de vida útil de uma mina;
TEM/MCTI, cujo título “Recursos minerais e comu- podendo perdurar por dezenas de anos ou mesmo por
nidade: impactos humanos, socioambientais e eco- séculos. A mina se esgota, a empresa transfere suas
nômicos” (FERNANDES; ALAMINO; ARAÚJO, 2014), atividades para outra localidade, e à população restam
realizou um amplo estudo envolvendo 29 estudos de escavações abandonadas, pilhas de rejeitos, contamina-
caso na Região Norte, 21 estudos de caso na Região ção do ar, do solo, dos rios e dos lençóis freáticos, além
Nordeste, 11 estudos de caso na Região Centro-Oeste, de doenças, decadência econômica e empobrecimento
34 estudos de caso na Região Sudeste, e 10 estudos de (ARAUJO; OLIVIERI; FERNANDES, 2014).
Capítulo V Ambiente e Sustentabilidade 367

Além dos trabalhos do CETEM, outras instituições tório de Impacto Ambiental (RIMA), o qual é subme-
têm colaborado com estudos sobre os impactos sociais tido ao órgão de meio ambiente estadual competente,
e ambientais das atividades minerárias. Um deles é o integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente
“Mapa de Conflitos Envolvendo Injustiça Ambiental e (SISNAMA), para análise e aprovação.
Saúde no Brasil”, resultado do projeto desenvolvido em Nesta fase, o RIMA deve ser tornado público para
conjunto pela Fiocruz - Fundação Oswaldo Cruz e pela que a coletividade ou qualquer outro interessado tenha
Fase - Federação de Órgãos para Assistência Social e acesso ao projeto e a seus eventuais impactos am-
Educacional, com o apoio do Departamento de Saúde bientais e possa conhecê-los e discuti-los livremente,
Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da inclusive em audiência pública.
Saúde, onde cerca de 300 casos distribuídos por todo o A aprovação do EIA/RIMA é o requisito básico
país e georreferenciados são indicados, destacando-se para que a empresa de mineração possa pleitear o
91 casos que envolvem a mineração. O estudo levou Licenciamento Ambiental do seu projeto de mine-
à publicação do livro “Injustiça Ambiental e Saúde ração. A obtenção do Licenciamento Ambiental está
no Brasil: o mapa de conflitos” (PORTO; PACHECO; regulamentada pelo Decreto no 99.274/90, que dá
LEROY, 2013). competência aos órgãos estaduais de meio ambiente
Outra contribuição é o Portal “Mapa dos Conflitos para expedição e controle das licenças ambientais
Ambientais de Minas Gerais”, resultado de um pro- (Licença Prévia-LP; Licença de Instalação-LI; Licença
jeto de pesquisa do Grupo de Estudos em Temáticas de Operação-LO). Sua obtenção é obrigatória para a
Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais localização, instalação ou ampliação e operação de
(GESTA/UFMG), em parceria com o Núcleo de Investi- qualquer atividade de mineração objeto dos regimes
gação em Justiça Ambiental da Universidade Federal de de concessão de lavra e licenciamento.
São João Del-Rey (NINJA/UFSJ) e com pesquisadores Em casos de empreendimentos de mineração com
do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou
Social (PPGDS) da Universidade Estadual de Montes regional, a competência para efetuar o licenciamento
Claros (UNIMONTES). As informações coletadas dizem ambiental é do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
respeito a 541 casos de conflitos ambientais ocorridos Recursos Renováveis (IBAMA), órgão federal vinculado
em Minas Gerais entre os anos de 2000 e 2010. ao Ministério do Meio Ambiente.
Apesar da legislação ambiental brasileira, estabele-
cida por Resoluções do CONAMA, não prever a etapa de
MINERAÇÃO E O LICENCIAMENTO descomissionamento (phase out), os empreendimentos
AMBIENTAL de mineração estão obrigados, conforme o Decreto nº
97.632/1989, a submeter o Plano de Recuperação de
A indústria extrativa mineral está submetida ao pro- Área Degradada (PRAD) à aprovação do órgão estadual
cesso de licenciamento ambiental, em conformidade de meio ambiente competente quando da apresen-
à legislação normativa em vigor no país. O Estudo de tação do EIA e do RIMA. No entanto, a ausência de
Impacto Ambiental (EIA), que é exigido para o licen- capacitação técnica nestes órgãos acaba por dificultar
ciamento ambiental de qualquer atividade de aprovei- um bom andamento dessa exigência.
tamento de recursos minerais, tem sua definição, nor-
mas, critérios básicos e diretrizes de implementação,
estabelecidos pela Resolução do Conselho Nacional MINERAÇÃO EM TERRAS INDÍGENAS (TI’S)
de Meio Ambiente-CONAMA no 001/1986.
A exigência do EIA aplica-se aos empreendimen- A questão da mineração em Terras Indígenas, e em
tos mineiros de toda e qualquer substância mineral. áreas de Populações Tradicionais, se constitui num
Entretanto, para as substâncias minerais de emprego dos temas mais controversos no país.
imediato na construção civil, em função das caracte- Para H. R. Villas Bôas (2013):
rísticas do empreendimento, poderá ser dispensada
Grande parte das Terras Indígenas no Brasil é alvo
a apresentação do EIA. Nesse caso, a empresa de mi-
de invasões de garimpeiros, pescadores, caçadores,
neração deverá apresentar o Relatório de Controle
madeireiros e posseiros, outras são cortadas por estra-
Ambiental (RCA), em conformidade com as diretrizes
das, ferrovias, linhas de transmissão, ou têm porções
do órgão ambiental estadual competente.
inundadas por usinas hidrelétricas. Frequentemente
O EIA, a ser elaborado obrigatoriamente por técni-
os índios colhem resultados perversos do que aconte-
cos habilitados, deve estar consubstanciado no Rela-
368 Recursos Minerais no Brasil: problemas e desafios

ce mesmo fora de suas terras, ou seja, nas regiões que n° 227/2012, que visa regulamentar o parágrafo 6º do
as cercam: poluição de rios por agrotóxicos, desma- artigo 231 da Constituição Federal, tem por escopo
tamentos, epidemias, etc. São alguns dos problemas estabelecer quais são as situações excepcionais que
enfrentados por essas populações e nem sempre de podem restringir o direito de usufruto exclusivo dos
fácil identificação (VILLAS BÔAS, 2013). indígenas sobre suas terras”. Ou seja, para a autora,
o PL complementar n° 227/2012 “quer regulamentar
A autora cita o jurista Dalmo de Abreu Dallari (2012)
o que é de relevante, importante, para o interesse
para quem:
público da União, ou seja, para o Estado Nacional
Quanto às terras indígenas a Constituição de 1988 podendo com essa regulamentação abrir “brechas”
dispõe expressamente, no artigo 20, que ‘são bens da para empreendimentos em terras indígenas”.
União: XI- as terras tradicionalmente ocupadas pelos Essa mesma percepção é apontada por J. Malerba
índios’. Além disso, é absolutamente clara quando (2014) ao lembrar que:
estabelece, no artigo 231, que ‘são reconhecidos aos
Organizações e movimentos sociais articulados na
índios sua organização social, costumes, línguas, cren-
Rede Brasileira de Justiça Ambiental e no Comitê
ças e tradições, e os direitos originários sobre as terras
em Defesa dos Territórios frente à Mineração têm
que tradicionalmente ocupam, competindo à União
denunciado uma perversa coincidência entre o pro-
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
cesso de revisão do código mineral e a paralisação
bens’. E em sete parágrafos acrescentados a esse artigo
dos processos de reconhecimento de direitos terri-
são reafirmados com minúcias esses direitos sobre as
toriais, como a titulação de terras quilombolas. Tal
terras, dispondo-se expressamente que ‘as terras de
denúncia aponta que a lógica política que preside
que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis,
a distribuição desigual dos custos ambientais está
e os direitos sobre elas, imprescritíveis’. Esse último
em vigor no processo de expansão das atividades
dispositivo é de fundamental importância, pois tem
extrativas no país. Isso significa dizer que esse pro-
havido casos em que invasores de má-fé negociam a
cesso expansivo não se orienta simplesmente pela
ocupação das terras com lideranças indígenas ingê-
descoberta de novas jazidas, mas pelas condições
nuas e desinformadas, pretendendo, assim, legalizar
sociais e políticas de explotá-las, criadas no campo
a invasão. Em termos jurídicos, é legalmente possível
da política. O esvaziamento simbólico dos espaços, a
a celebração de acordos para a exploração conjunta
desconsideração ou minimização dos impactos am-
das terras indígenas e de suas riquezas, por índios e
bientais ou da existência de populações tradicionais
não índios, mas isso deve ser feito com a participação
nas áreas de interesse dos negócios são estratégias que
das autoridades federais competentes e com a con-
visam esvaziar o debate político em torno da decisão
cordância prévia, livre e informada da comunidade
sobre os fins que orientam o uso de um determinado
indígena, como está expresso na Convenção 169 da
recurso natural, ou, em outras palavras, para quê e
Organização Internacional do Trabalho sobre os Po-
para quem um determinado recurso natural deve ser
vos Indígenas e Tribais, à qual o Brasil aderiu. Fora
utilizado (MALERBA, 2014, p.13).
disso, a presença de invasores em terras indígenas
configura ilegalidade, o que exige a pronta reação das A questão indígena foi objeto de intensa contro-
autoridades competentes para garantia dos direitos vérsia a partir da proposição da Proposta de Emenda
constitucionais (DALLARI, 2012). Constitucional-PEC 215 que propõe modificar o Artigo
49 e o Artigo 231 da Constituição Federal, transferin-
Apesar do Novo Marco Regulatório da Mineração
do do Executivo para o Legislativo a prerrogativa de
(Projeto de Lei n° 5.807, de 2013) não contemplar de
demarcar as terras tradicionalmente ocupadas pelos
forma explícita em seu texto a mineração em terras
indígenas, territórios quilombolas e unidades de con-
indígenas, para H. R. Villas Bôas (2013) é importante
servação no Brasil. As implicações são evidentes pois
mencionar que o aproveitamento dos recursos mi-
as terras ficariam acessíveis à exploração hidrelétrica,
nerais é atividade de utilidade pública e de interesse
de mineração e do agronegócio.
nacional. Entretanto, “o Projeto de lei complementar
Capítulo V Ambiente e Sustentabilidade 369

O DESASTRE AMBIENTAL DE MARIANA à disposição), todas as 663 barragens para contenção


NA BACIA DO RIO DOCE: LIÇÕES A SEREM de rejeitos de mineração apresentam categoria de
APRENDIDAS 1 risco e dano potencial associado. Dessas, 128 têm
risco médio ou alto.
As causas do rompimento da barragem de Fundão em Sem definição de risco, apenas 5,6% das barragens
5 de novembro de 2015, que ocasionou o desastre am- cadastradas têm planos de emergência feitos. Segundo
biental na bacia do rio Doce, estão sendo investigadas o Relatório:
e os resultados ainda não são conhecidos.
A lei ainda é relativamente nova, e os empreendedo-
A causa mais provável se refere às obras de altea-
res estão se adequando aos poucos para fazer frente
mento da barragem que estavam sendo realizadas para
aos desafios. Outra dificuldade é que poucas enti-
aumentar a capacidade de acumulação dos volumes
dades fiscalizadoras classificaram as barragens sob
de rejeitos. Supõe-se ainda que os riscos de ruptura
sua jurisdição quanto ao risco e ao dano potencial
já tinham sido identificados em 2014.
associado. E a classificação é pré-requisito para o
O desastre ambiental na bacia do rio Doce (MG/ES)
empreendedor saber se precisa ou não elaborar o
revelou uma série de fragilidades sob o ponto de vista
plano (ANA, 2015, p.14).
institucional, uma série de negligências e omissões
dos órgãos públicos e das empresas envolvidas, e uma Verifica-se a necessidade de ampliar e consoli-
série de incertezas quanto aos riscos e segurança das dar o monitoramento das barragens por parte dos
barragens de contenção de rejeitos minerais. órgãos públicos responsáveis. As empresas minerá-
O exame de cada um destes aspectos é de funda- rias devem ter uma participação proativa nesse pro-
mental importância para que desastres dessa ordem cesso, conferindo absoluta atenção à coleta e guarda
não se reproduzam no futuro. da documentação técnica da barragem, bem como
à realização de inspeções regulares, atendendo às
Segurança das barragens suas recomendações. Dessa forma, além do melhor
A Política Nacional de Segurança em Barragens foi conhecimento e possibilidade de uma gestão
instituída pela lei 12.334/2010, regulamentada em mais adequada da segurança, a classificação que a
2012, e por mais duas portarias e duas resoluções que entidade fiscalizadora fizer de sua barragem será mais
criam, entre outras medidas, um cadastro de represas próxima da realidade, contribuindo para uma correta
usadas para mineração, um plano de segurança e uma priorização das ações de segurança de barragens por
classificação por categoria de risco. ambas as partes.
A ANA (Agência Nacional de Águas) é responsável Para tanto, é fundamental que o número de téc-
pela elaboração de relatórios anuais sobre a eficácia nicos pertencentes aos órgãos públicos responsáveis
do plano, mas quem fiscaliza a contenção de rejeitos pelas atividades de monitoramento seja aumentado,
minerais é o DNPM (Departamento Nacional de Pro- privilegiando a qualificação dos mesmos. Não há como
dução Mineral). atender à legislação existente sem pessoal em número
Segundo o “Relatório de Segurança de Barragens”, o e qualificação adequados.
país tinha até setembro de 2014 14.966 barragens regis- Quanto à localização de barragens de contenção
tradas. Dessas apenas 856 foram vistoriadas entre 2012 de rejeitos minerais, estas não podem ser construídas
e 2014. Os dados de 2015 ainda não foram divulgados. à montante de áreas ocupadas por populações, como
Apesar de representarem apenas 5% das quase foi o caso do distrito de Bento Rodrigues, com 600
15 mil barragens cadastradas na ANA, as estruturas habitantes e localizado apenas 5,5 km a jusante da
para contenção de rejeitos de mineração são as mais barragem de Fundão.
potencialmente perigosas. Segundo o relatório de se- Além disso, a empresa Samarco não possuía sis-
gurança referente a 2014 (com dados coletados entre temas de alerta à população em caso de ruptura da
outubro de 2013 e setembro de 2014, os mais recentes barragem. A adoção de sistemas como sirenes de alerta
e Planos de Evacuação em situações de risco é essen-
cial para todas as barragens de contenção de rejeitos
1 Nota do autor: Para a elaboração deste item foram utilizadas vá- minerais quando estas estiverem localizadas próximas
rias fontes disponíveis na web, destacando-se reportagens dos a áreas ocupadas por populações.
principais jornais do país sobre o assunto. A confiabilidade das
Os Planos de Evacuação (ou Planos de Ação Emer-
informações foi checada por intermédio de comparação das di-
versas fontes e as informações disponibilizadas pelas próprias gencial de Barragens) devem articular as ações da
empresas envolvidas. Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, entre
370 Recursos Minerais no Brasil: problemas e desafios

os principais órgãos, e a própria empresa. A Samarco Em seu dossiê intitulado “O que deve ser feito” de
só adotou medidas adicionais de segurança após o 11/01/2015, a Samarco indica que sua receita equivale
desastre, com a instalação de sirenes fixas e a locali- a cerca de 6,4% do PIB do Espírito Santo e 1,5% do PIB
zação dos pontos de encontro. de MG, e os impostos gerados diretamente pelas suas
Durante o período após o desastre, foram frequen- atividades representam 54% da receita de Mariana
tes as reportagens das principais redes de televisão do (MG), 35% da receita de Ouro Preto (MG) e 50% da
país relatando os prejuízos dos moradores das cida- receita de Anchieta (ES).
des atingidas, fazendeiros e pescadores, que tiveram A importância econômica da Samarco nas loca-
interrompidas suas atividades e que aguardavam as lidades apontadas representa também sua presença
indenizações prometidas e não cumpridas pela em- política nas áreas atingidas pelo desastre. Esse fator
presa Samarco. De forma recorrente, as reportagens se estende às suas duas empresas controladoras e isso
finalizavam com a reprodução de notas da empresa à explica a negligência e a omissão do poder local em
imprensa indicando que esta “estava envidando todos relação às consequências do desastre.
os esforços possíveis no sentido de atender os pleitos”. Tanto a BHP Billiton como a Vale se esforçaram em
Ao público em geral ficaram as dúvidas: se todos os demonstrar que não tinham nenhuma responsabilida-
esforços possíveis estavam sendo realizados, por que de pelas consequências do desastre. Conforme indicou
as pessoas prejudicadas não estavam sendo atendidas? um diretor jurídico da Vale, a empresa tem apenas uma
Ainda, a empresa Samarco protelou por várias ve- “responsabilidade subsidiária” com a Samarco, o que
zes a entrega de um estudo sobre possíveis cenários implica que caso a décima exportadora do Brasil não
e medidas a serem tomadas em caso de rompimen- possa pagar suas dívidas, seus acionistas (Vale e BHP)
to de suas duas barragens de Germano e Santarém, deverão assumi-las.
em Mariana. O estudo de “Dam Break” inicialmente O envolvimento direto da Vale passou a ser esta-
previsto para ser apresentado em 3/12/2015, foi en- belecido com a comprovação de que a barragem de
tregue ainda incompleto em 15/01/2016. O atraso rejeitos de Fundão também era utilizada pela Vale
previa uma multa de R$ 1 milhão por dia, valor que para receber parte dos rejeitos das Usinas de Trata-
passou a ser questionado pelo Ministério Público de mento de Minério da unidade de Alegria, também
MG em função da recorrência do atraso na entrega do em Mariana. Segundo a Vale, o volume correspondia
estudo completo. A intenção era de aumentar o valor a menos de 5% do total depositado na barragem da
para R$ 5 milhões por dia como forma de acelerar o Samarco anualmente. A relação era regida por contrato
cumprimento do compromisso e penalizar a empresa entre as duas empresas, que definia a Samarco como
Samarco. O expediente de imputar multas à empresa responsável pela gestão, controle e operação dessa
é analisado no próximo item. deposição. Conforme comunicado da Vale “trata-se de
uma administração completamente independente de
A responsabilização e a penalização suas acionistas e responsável pelas questões técnicas
Os instrumentos de regulação ambiental são conheci- e financeiras”.
dos como de Comando e Controle, e incluem mecanis- Em entrevista à Agencia Brasil em 04/12/2015, a co-
mos estabelecidos segundo o Princípio do Poluidor- ordenadora da Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio
-Pagador, que impõem a criminalização e multas às Cultural do Ministério Público Federal, Sandra Cureau,
empresas poluidoras. afirmou que há vários indícios de descuido, como a
No caso do desastre na bacia do rio Doce, a opinião falta de um plano de contingência e de controle técnico
pública nacional e internacional seguiu os desdobra- sobre o volume que a barragem de rejeitos suportava:
mentos das ações dos poderes públicos envolvidos no
A denúncia criminal pode ser feita para uma pessoa
acompanhamento e fiscalização das intervenções das
jurídica, mas tem que envolver também as pesso-
empresas responsáveis pelo desastre. Analisa-se aqui
as físicas dos diretores. Em princípio, a denúncia
a eficácia destes instrumentos de penalização.
será contra a Samarco e os diretores da empresa.
A empresa Samarco foi fundada em 1977, sendo
Na responsabilidade civil, se a Samarco se tornar
uma empresa brasileira de mineração, de capital fe-
insolvente, aí as controladoras podem ser chamadas.
chado, controlada em partes iguais por dois acionis-
Se a Samarco não tiver bens, quem vai pagar são as
tas: BHP Billiton Brasil Ltda., subsidiária da empresa
controladoras.
anglo-australiana BHP Billiton, e a empresa Vale S.A.
Capítulo V Ambiente e Sustentabilidade 371

Com efeito, em 13/01/2016 a Polícia Federal in- aos recursos hídricos, à saúde, à segurança e ao bem-
diciou a Samarco, a Vale (controladora) e a Vog-Br -estar da população prejudicada.
(empresa que elaborou um parecer atestando a estabi- A função da multa é dissuadir a prática infracio-
lidade da barragem que rompeu) e mais sete executivos nal. É impor ao infrator os custos dos danos por ele
por crime ambiental, conforme a Lei n o 9.605 de 12 de causados. Entretanto, conhece-se no país a limitação
fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais). O indi- do instrumento de imposição das multas ambientais.
ciamento foi por “poluição ambiental em proporção Segundo reportagem publicada no jornal FSP em
que afete o convívio humano” (art. 54), na medida em 22/11/2015, entre 2011 e 2014, apenas 8,7% dos valores
que o rompimento da barragem, além de poluir o rio cobrados em multas ambientais pelo Ibama foram
Doce, atingido pela lama que vazou da represa, im- efetivamente arrecadados. Os valores, quando arreca-
possibilitando por exemplo a pesca, deixou sem água dados, vão para os cofres da União e 20% são aplicados
cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo. A pena no Fundo Nacional do Meio Ambiente.
prevista é de reclusão, de um a quatro anos, e multa. Isso significa que as multas, quando pagas, não
Cabe assinalar que o indiciamento, sem citar os se dirigem para compensar os danos nas localidades
nomes, envolveu o diretor-presidente da Samarco, atingidas pelos desastres ambientais.
o responsável pelo monitoramento de represas da No entanto, se a multa não é paga voluntariamente
mineradora e gerentes da área. Apesar da penalização pelo infrator, o processo é remetido para a Advocacia-
imposta, tanto a Samarco como a Vale declararam -Geral da União, que faz sua ação de execução fiscal.
discordância da decisão na medida em que não há Na AGU, o crédito é inscrito em dívida ativa e no Cadin,
conclusão pericial técnica das causas do acidente. que impõe restrições ao devedor para obter financia-
A eficácia da aplicação da Lei de Crimes Ambientais mentos. A cobrança costuma gerar processo judicial
é bastante limitada pois entra no terreno da judiciali- que dura, em média, oito anos para ser julgado. São
zação, permitindo um longo processo de contestação muitas instâncias onde as infrações podem ser discuti-
através da interposição de recursos. das. As multas, assim, acabam caducando pelo excesso
Outro mecanismo utilizado foi a penalização através de prazo para recursos e pela inércia na execução.
da aplicação de multas. Tal mecanismo, impulsionado Além da multa, os órgãos ambientais podem tam-
pelas ações dos Ministérios Públicos Federal e Estadu- bém operar embargos e apreensões de bens dos in-
ais, acabou se transformando num mero espetáculo fratores ambientais. Com este efeito, um dia após o
de pirotecnia por parte dos órgãos do poder executivo, desastre, o Governo de Minas Gerais declarou o em-
tanto do Governo federal como dos órgãos ambientais bargo da operação do complexo de Germano, a mina,
federal e estaduais, que serviram muito mais para as barragens e os minerodutos que transportam o ma-
dar uma satisfação à opinião pública sensibilizada terial extraído até Ubu (ES). O embargo foi por tempo
pelo desastre ambiental na bacia do rio Doce, do que indeterminado, até que fossem apuradas as causas do
um efetivo instrumento de penalização das empresas rompimento da barragem de Fundão.
responsáveis pelo desastre. O fato é que, conforme publicação da Uol Notícias
Com efeito, no dia 12 de novembro de 2015, uma (04/05/2016), a Samarco não tinha pago nenhuma
semana após o rompimento da barragem de Fundão, multa, decorridos seis meses após o desastre.
o Ibama anunciou a aplicação de uma multa de R$
250 milhões à empresa Samarco. Foram cinco autos Controvérsias na recuperação da bacia do rio Doce
de infração no valor de R$ 50 milhões cada. A Samarco O tema da recuperação das localidades atingidas pelo
foi autuada por poluir rios, tornar áreas urbanas im- desastre e da bacia do rio Doce, incluindo a área lito-
próprias para ocupação humana, causar interrupção rânea da costa do Espírito Santo, alimentou na mídia
do abastecimento público de água, lançar resíduos em o debate sobre os valores monetários necessários para
desacordo com as exigências legais, provocar a morte a recuperação.
de animais e a perda da biodiversidade ao longo do rio Segundo especialistas, os danos ambientais pro-
Doce, colocando em risco à saúde humana. vocados pelo rompimento da barragem em Mariana
Por seu turno, no dia 18 de novembro de 2015, a devem durar décadas e os custos para atenuá-los de-
Subsecretaria Estadual de Fiscalização de Meio Am- vem ser bilionários. Logo após o desastre, a Samarco
biente de Minas Gerais, aplicou uma multa no valor de fez um acordo preliminar com o Ministério Público
R$ 112,7 milhões em função da poluição e degradação de Minas e o Federal para pagar R$ 1 bilhão a fim de
ambiental causada pelo rompimento da barragem da cobrir os primeiros gastos.
Samarco. O documento citava ainda os danos causados
372 Recursos Minerais no Brasil: problemas e desafios

A AGU estima como valor de referência R$ 20 bi- Uma vez estabelecidos os valores monetários, res-
lhões necessários para o financiamento de ações de tará a definição de como estes recursos serão geridos,
recuperação ambiental no prazo de 10 anos. Atrás quais os órgãos públicos a quem se conferida a tarefa
destes valores, tanto os Governos federal e estadu- de definição das prioridades, e de acompanhamento
ais, como as empresas minerárias envolvidas, dão a e fiscalização das ações, e qual será o controle social
impressão da possibilidade da recuperação total da nesse processo.
bacia do rio Doce. São aspectos que retomam as questões de defici-
No entanto, em evento sob o título “Desastre ência dos órgãos públicos em número e capacitação,
Ambiental da Samarco: Impactos e Recuperação” 2, questão anteriormente identificada no presente arti-
ocorrido em 07/12/2015 e organizado pelo Grupo de go, e na falta de visibilidade na condução das ações,
Pesquisa Meio Ambiente e Sociedade do Instituto de característica generalizada da gestão dos recursos
Estudos Avançados da USP, o prof. Pedro Luiz Cortês, públicos decorrente das dificuldades com que a po-
da Escola de Comunicações (ECA-USP), assinalou que pulação tem acesso à essas informações e ao processo
serão necessários muitos anos para que se alcance a de decisão no país.
recuperação dos ecossistemas atingidos pelos rejeitos
minerais, em função do seu grau de comprometimento O desastre ambiental de Mariana no rio Doce
ocasionado pelo assoreamento dos rios, eliminação e o Novo Código de Mineração
das matas ciliares, comprometimento da mata nativa, No final de 2015 existiam no Congresso Nacional 15
alteração dos solos, dificuldade de recomposição da projetos de lei que tinham como objetivo alterar a
flora, prejuízos em toda a cadeia alimentar, além das legislação e reduzir os trâmites do licenciamento,
consequências sociais. Segundo Cortês, é possível que tornando-o mais célere.
com o passar do tempo, os sedimentos em suspensão O processo de flexibilização ambiental em curso
sejam carreados e depositados, tornando as águas deve ser repensado em função do desastre ambiental
do rio Doce aparentemente “mais limpas”. Essa será de Mariana na bacia do rio Doce, que revelou uma série
apenas uma falsa impressão de que o rio e seus ecos- de deficiências e fragilidades que deverão ser evitadas
sistemas estariam “voltando à normalidade”. nos futuros projetos de atividades minerárias.
Nessa mesma linha, mas ainda mais incisiva, o do No entanto, o novo Código da Mineração está na
Prof. Marcos Buckeridge, do Instituto de Biologia da pauta do legislativo, sem considerar a opinião dos mo-
USP, ressaltou que os ecossistemas são irrecuperáveis vimentos sociais e principalmente das comunidades
quando sofrem a natureza dos impactos como os que envolvidas com a exploração mineral.
se configuraram no desastre ambiental na bacia do rio Sob o ponto de vista institucional, o Art. 61 cria a
Doce. Essa impossibilidade de recuperação se deve ao Agência Nacional de Mineração (ANM) em substitui-
grau de complexidade com que estes ecossistemas se ção ao Departamento Nacional de Produção Mineral
estruturam e se relacionam entre si. Para Buckeridge, (DNPM) que fica extinto conforme o Art. 125 do novo
o desastre ambiental produziu uma “onda de choque Código Mineral.
biológico” que é extremamente lenta e de longa dura- A futura Agência deverá cumprir um papel fun-
ção, independentemente da velocidade das ações de damental na fiscalização das barragens de rejeitos
recuperação que vierem a ser tomadas. minerais, que ficava a cargo do DNPM, e que como
Tem-se, portanto, um cenário controverso em re- foi visto no item sobre Segurança das barragens deste
lação às possibilidades de recuperação da bacia do rio artigo, tem sido extremamente incipiente.
Doce e da costa marinha atingida pelos rejeitos. O país Uma das disposições mais controversas no novo
dispõe de tecnologias de recuperação de biomas que Código Mineral é o Art. 119 que prescreve que a cria-
têm alcançado relativo sucesso no Estado de São Paulo. ção de qualquer atividade que tenha potencial de
Entretanto, verifica-se que as ações necessárias para se criar impedimento à atividade de mineração depende
alcançar, ao menos, uma relativa e parcial recuperação, de prévia anuência da ANM. Tal disposição impede
ainda se encontram envolvidas num lento processo reações das populações tradicionais aos projetos de
de discussão e definição dos agentes financeiros, que atividades minerárias.
envolvem as empresas Samarco, Vale e BHP Billiton. Ainda, o Art. 136 estabelece que nas unidades de
conservação de uso sustentável é permitida a explo-
ração de recursos minerais. Tal disposição sobrepõe o
2 Disponível em: http://www.iea.usp.br/midiateca/video/videos-2015/ interesse econômico da exploração mineral à neces-
desastre-ambiental-da-samarco-impactos-e-recuperacao. sidade de preservação nas unidades de conservação.
Capítulo V Ambiente e Sustentabilidade 373

Cabe assinalar que esta disposição parece se apoiar iniciativa proposta pela ONU), e nas Sustainability
na experiência aparentemente bem-sucedida, de con- Reporting Guidelines (definidas pelo GRI-Global Re-
ciliação das atividades minerárias na Serra dos Carajás porting Initiative).
(PA) pela empresa Vale com a Floresta Nacional dos À primeira vista, os Relatórios de Sustentabilidade
Carajás, onde as atividades minerárias ocupam apenas elaborados parecem confirmar os compromissos das
3% do perímetro de conservação. empresas minerárias com os princípios do Desenvol-
O relator do Novo Código de Mineração, deputado vimento Sustentável.
Leonardo Quintão (PMDB-MG), anunciou que o de- Entretanto, apesar da retórica empresarial, são
sastre de ambiental de Mariana na bacia do rio Doce o frequentes os processos de judicialização das ativi-
levou a admitir as seguintes alterações no texto: dades minerárias, marcados pelos enfrentamentos
das empresas com os Ministérios Públicos, com as
• Excluir artigo 119, que subjuga à anuência federal
populações atingidas, revelando a existência de con-
a criação de qualquer atividade que possa impedir
flitos socioambientais e desrespeito aos princípios da
o exercício da mineração;
sustentabilidade preconizados nos seus Relatórios.
• Tornar obrigatória a apresentação pelas minerado- A respeito desta distância entre o discurso empre-
ras de plano de evacuação e de contingenciamento sarial e a realidade dos fatos, Sousa (2013) assinala
de barragens em caso de acidentes; em seu estudo sobre as relações da empresa Vale e as
populações atingidas pelas obras de implantação de
• Obrigar as empresas do setor a fazer um plano de
infraestruturas que:
tratamento e reciclagem de rejeitos de exploração
de minério; Ao longo da pesquisa, identificamos nos documentos
veiculados pela empresa um discurso que aponta para
• Fazer com que as empresas contratem um seguro de
o respeito às comunidades locais onde desenvolve
danos gerais correspondente ao risco apresentado
suas atividades extrativas, e até mesmo, um discurso
por cada barragem.
de compromisso e missão no campo do que intitula
Pode se observar que as possíveis alterações no Novo desenvolvimento com sustentação sócio ambiental.
Código de Mineração ainda são tímidas, à luz do que se Tal discurso é vigorosamente contraditado pelas inú-
sucedeu no desastre ambiente de Mariana na bacia do meras denúncias contra a empresa indicando à larga
rio Doce. O texto ainda se encontra em discussão sem que seus procedimentos, em escala mundial, são de
um prazo estabelecido para ser votado. desrespeito aos direitos humanos e aos bens da natu-
reza. Neste particular, cabe ao pesquisador o atento
exercício de leitura das fontes textuais produzidas pela
MINERAÇÃO E SUSTENTABILIDADE empresa, observando seu conteúdo auto-laudatório
e em franca diferença com a experiência que brota
As empresas minerárias publicam anualmente seus das realidades vividas (SOUSA, 2013).
Relatórios de Sustentabilidade onde vários aspectos de
Para R. C. Villas Bôas (2011), “um ponto fulcral
suas atividades são ressaltados. Não faltam referências
no estabelecimento dos princípios e adoção das me-
à redução de Gases de Efeito Estufa nos processos de
tas do Desenvolvimento Sustentável (DS) à indústria
produção, beneficiamento e transporte; redução do
extrativa mineral é o da relação desta indústria com
consumo e reaproveitamento da água; aumento da
o seu entorno, com a(s) comunidade(s) que lhe(s)
eficiência energética em suas atividades; existência
seja(m) contigua(s) ou vizinha(s)”.
e adequação a diversos documentos como Planos de
Para tanto, o autor preconiza a necessidade do esta-
Disposição de Rejeitos, Planos de Ações Emergenciais,
belecimento de uma Licença Social. Esta não é outorgada
entre outros; Programas de relacionamento e diálogo
por qualquer repartição governamental, mas sim pela
com as comunidades; adoção de Códigos de Ética e
Sociedade, pela Comunidade, informalmente, na maioria
Conduta envolvendo empregados e fornecedores; além
das vezes, ou seguindo ritos pré-acordados, mas sempre
de ações de relacionamento com o poder público em
voluntários, outras vezes.
seus três níveis (municipal, estadual e federal).
Tal proposição se apoia nos estudos desenvolvidos
Via de regra, os Relatórios de Sustentabilidade
pelo Banco Mundial (2003):
apresentados pelas empresas minerárias utilizam
como principais parâmetros de avaliação os indica- A conclusão final dos estudos que desenvolvemos é
dores definidos no Global Compact (Pacto Global, de que a concessão ou licença mineraria não é mais
374 Recursos Minerais no Brasil: problemas e desafios

suficiente. As empresas devem obter uma Licença A respeito dos direitos sociais envolvendo as ativi-
Social, da qual depende de processos de consulta, dades de mineração, o código mineral em vigor prevê
participação local e - cada vez mais - de um sólido aos proprietários e posseiros de terras onde se encontra
diálogo tripartido (BANCO MUNDIAL, 2003). uma jazida autorizada para pesquisa ou lavra o direito
de serem indenizados pelos danos e prejuízos causados
Garantias de que a atividade não comprometa a
pela atividade, assim como uma renda para ocupação
integridade ambiental tem sido cada vez mais indis-
dos terrenos (durante o período de pesquisa) e uma
pensável ao funcionamento das atividades econômicas
participação no resultado das lavras. Mas a lei não
extrativas minerais, tanto para os novos empreendi-
estabelece a possibilidade de recusa por parte dos
mentos como ainda para os que já estão em operação.
mesmos de cederem os terrenos para minas e servidões
São também cada vez mais intensas as pressões pela
que se fizerem necessárias à atividade mineral. Pelo
exigência legal de uma tríplice licença: título minerá-
contrário, se não houver acordo com os proprietários/
rio, licença ambiental e licença social (FERNANDES;
posseiros quanto aos valores a serem pagos a título de
LIMA; TEIXEIRA, 2007).
indenização, ocupação e lavra a lei prevê que esses
Cumpre observar que a empresa Samarco, em seu
valores sejam avaliados judicialmente e pagos em juízo
Relatório de Sustentabilidade 2014, indica a conquista
(art. 27, incisos 6 e 7 do atual Código Mineral/ Decreto
de uma “Licença Social para operar e engajamento
Lei 227 de 28/02/1967).
das comunidades vizinhas” (p. 4), com o objetivo de
Por outro lado, o mesmo código mineral estabelece
“construir e gerar valor para o território, propiciando
em seu artigo 42 que a autorização para lavra pode ser
às comunidades oportunidades de desenvolvimento
“recusada se for considerada prejudicial ao bem público
e disponibilizando canais de diálogo e prestação de
ou comprometer interesses que superem a utilidade da
contas” (p.35). Para tal, conforme aponta o Relatório,
exploração industrial, a juízo do Governo”. Entretanto,
foram investidos voluntariamente R$ 10,4 milhões
tem sido recorrente a defesa, dentro do próprio Estado,
em projetos socioinstitucionais, foram realizadas 184
da prioridade da mineração frente a outras atividades,
reuniões de diálogo com as comunidades vizinhas
mesmo aquelas que também devem ser exercidas, se-
(MG e ES), sendo beneficiadas 44.192 pessoas em 18
gundo a Constituição, em prol do interesse nacional,
municípios.
como é o caso da reforma agrária.
Apesar dessa iniciativa, na qual nenhum órgão pú-
Tais controvérsias definem as dificuldades de con-
blico é mencionado como referência para a preconiza-
ciliar as atividades de mineração com as populações
da concessão da Licença Social, o desastre ambiental
por elas afetadas, e indicam a necessidade de uma nova
analisado no item anterior deste texto ocorreu.
legislação que normatize as relações entre a indústria
Embora ainda escassa, a preocupação na literatura
de extração mineral e os territórios e suas populações.
com métodos para avaliação da sustentabilidade em
Entretanto, como já foi verificado anteriormente, a
atividades minerárias, e particularmente com a temá-
oportunidade do novo Código de Mineração incorporar
tica da questão social, possibilita o encontro de várias
estas questões de forma a manter um equilíbrio entre
contribuições para o tema.
as atividades minerárias e seus interesses econômicos
O Banco Mundial promoveu um amplo trabalho
e as populações dos territórios que são objeto dessas
com sete estudos de caso sobre as Grandes Minas
atividades está longe de se concretizar.
e Comunidades na América Latina (Bolívia, Chile e
Para R. C. Villas Bôas (2011):
Peru), e ainda quatro estudos na Espanha e Canadá
(BANCO MUNDIAL, 2003). Com a adoção do DS, haverá acentuada mudança
No Brasil, o Centro de Desenvolvimento Sustentável de comportamento e percepção, quer por parte do
(CDS) da Universidade de Brasília (UNB), desenvol- povo, da sociedade, da comunidade, do governo, de
veu a fundamentação teórica da relação mineração- políticos e da(s) indústria(s), a mineração não sendo
-sustentabilidade (ENRÍQUEZ; DRUMMOND, 2005; exceção, sobre esse relacionamento das indústrias
ENRÍQUEZ; DRUMMOND, 2007; ENRÍQUEZ, 2008). Por com a sociedade em geral e com o seu entorno em
seu turno, o Departamento de Engenharia de Minas particular (VILLAS BÔAS, 2011).
da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
Verifica-se que iniciativas e critérios não faltam. A
(EPUSP), desenvolveu estudos sobre o tema, incluindo
sua adoção é o principal desafio para a indústria extra-
um trabalho prospectivo até o ano de 2015 (SANCHÉZ,
tiva mineral alcançar os objetivos da sustentabilidade.
2007). Ainda, Scliar (2004) produziu um documento
abrangente sobre o assunto para o Ministério do Meio
Ambiente-MMA.
Capítulo V Ambiente e Sustentabilidade 375

MALERBA, J. Apresentação: Áreas livres de mineração:


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