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Ano XXXV - nº 347 - 2012

Sustentabilidade
Empresas adotam
dimensões ambiental
e social na gestão

Nesta edição
Editorial

Emissões
Evoluções nas legislações ambientais nem sempre são bem quistas.
Elas sempre embutem o risco do aumento nos tributos e restrições ao
desenvolvimento econômico. Com a Política Nacional sobre Mudança
do Clima não é diferente: um ato “amigável” ao futuro do planeta pode
não ser tão amigável ao crescimento do setor industrial.
Uma política mais ousada poderia incentivar o desenvolvimento de uma
economia de baixo carbono. Com 44% da sua matriz energética abaste-
cida por fontes renováveis e o potencial para liderar a química verde, res-
tringir a produção interna pode abrir espaço para a importação de bens
produzidos em países que emitem mais gases de efeito estufa, causan-
do um efeito adverso no objetivo de reduzir as emissões globais.
Capa: Unidade industrial da Oxiteno no Pólo
Há esperanças – afinal de contas, ela é verde e também a última que de Camaçari / Ary Diesendruck

morre: para transformar em ações práticas a meta de reduzir em 5% as


emissões de gases de efeito estufa, o governo montou uma comissão técnica com representantes do
setor produtivo. Também encomendou estudos técnicos ao setor acadêmico. A CTPIN não terá função
deliberativa – mas abandonar a arbitrariedade não deixa de ser uma evolução.
A principal reportagem desta Petro & Química atualiza o fluxo da Política Nacional sobre Mudança do
Clima. Também ouve o setor químico sobre a integração da sustentabilidade à sua estratégia de inves-
timentos. O relatório “Do Disclosure à Ação” – elaborado pelo Carbon Disclosure Project - CDP com
respostas dadas por 54 empresas brasileiras – aponta que as mudanças climáticas estão integradas à
sua estratégia de negócios em 81% delas – embora apenas 19% afirmem que suas decisões levam em
consideração o tema.
Uma série de artigos escritos por especialistas traz uma análise tecnológica à questão ambiental.
Há ainda o mais completo e isento noticiário do setor – com destaque para a retrospectiva da Rio Oil & Gas,
que reafirmou seu importante papel na consolidação do Brasil como potência global em petróleo e gás.
O editor
Próxima Edição: Medição de variáveis na indústria de processo
Valete Editora Técn. Coml. Ltda. ASSINATURAS ENDEREÇO REDAÇÃO
www.editoravalete.com.br comercial@editoravalete.com.br Rua Fernandes Vieira, 45 Teresinha Cehanavicius Freire
Belenzinho - Diretora
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no 347 Petro & Química 3


Sumário

Índice

Matéria de capa – Sustentabilidade Retrospectiva


Ary Diesendruck 78 Rio Oil &
Gas mostra

18
que nenhum
negócio é tão
promissor
quando se
projeta o futuro
econômico do
país
98 Investimentos na Bacia de Santos atraem fornecedores à
Santos Offshore
101 PCIC BR reúne experiências práticas de engenharia
elétrica
102 ABB aposta na melhor exploração dos recursos
Sustentabilidade começa a moldar decisões de energéticos
investimentos 103 Oil & Gas Forum na Automation Fair

Petróleo & Gás


72 Governo anuncia data para Rodada de
71 Artigos
24 Avaliação da ozonização e O3/UV acoplado com membranas no
Licitações e Congresso aprova royalties. tratamento de efluentes da indústria de petróleo visando reúso
72 Queiroz Galvão adquire 30% de bloco na 30 Considerações sobre a norma CNEN-NN 3.01: proteção
Bacia de Campos dos trabalhadores expostos à radiação ionizante aplicada à
72 Sinochem entra em cinco blocos na Bacia indústria de petróleo e gás
do Espírito Santo 34 Determinação da concentração de HPAs presentes em
73 Pacific Rubiales adquire participação em gases de combustão oriundos da queima de gás natural e
blocos da Karoon biomassa
73 Vale vende participação na Bacia do Espírito Santo 38 Impacto da configuração do regenerador e das variáveis do
73 Programa vai capacitar indústrias paulistas FCC nas emissões de NOX
73 STJ suspende liminar que proibia operação da Transocean 43 Análise de riscos ambientais para atividades offshore:
73 Terceiro poço amplia produção da OGX desafios e oportunidades
73 Keppel fará integração de FPSOs OSX-4 e OSX-5 47 Compensação ambiental: um estudo sobre a legalidade,
73 Tomé investirá R$ 120 milhões para produzir módulos de aplicabilidade e implicações para o desenvolvimento
plataformas sustentável nas perspectivas local e nacional
73 CGGVeritas adquire divisão de Geociências da Fugro 53 Determinação da concentração de compostos BTEX
74 Abimaq firma acordo de cooperação com SSA presentes na atmosfera através da aplicação da técnica de
74 Asscenon nasce e estuda transporte marítimo microextração em fase sólida
74 Teste de formação indica alto potencial na Bacia do Solimões 57 FlowView – Sistema de Suporte à Decisão Para Análise
74 Petrobras e HRT estudarão planos para Bacia do Solimões de Dados e Reconhecimento de Padrões de Escoamento
74 Gates instala unidade especializada em Macaé Multifásico
75 TCU recomenda aperfeiçoamento de fiscalização de 65 Uma estimativa do incremento no risco social perante o
conteúdo local crescimento populacional desordenado no entorno de
75 Exigência amplia custos de exploração, aponta pesquisa refinarias ao longo dos anos, uma base para a adoção de
75 Trelleborg inaugura fábrica de mangueiras medidas de controle
75 Flexomarine fecha fornecimento de mangotes à Modec
Seções
75 Manguinhos entra com mandato de segurança contra desapropriação
75 Radix desenvolve plataforma online para módulo de 6 Agenda
gerenciamento de processos da Repar 8 Jornal
75 Genesis adquire a Suporte Consultoria 12 Empresas e Negócios
76 DNV apresenta recomendação de boas práticas para shale gas 106 Notícias da Petrobras
76 Petrobras amplia programa de eficiência operacional para 111 Excelência Sustentável
mais sete campos 115 Produtos e Serviços

4 Petro & Química no 347


Agenda / Gente

18 a 21 Coteq – Conferência Sobre Tecnologia de


2013 Equipamentos
Porto de Galinhas / PE
março Organização: Abendi
19 a 21 Fluid & Process 2013 tel.: 11 5586 3161 / www.abendi.org.br/coteq/
São Paulo 25 a 28 4ª Feira de Manutenção e Equipamentos Industriais
Organização: Reed Exhibitions Alcântara Machado Blumenau / SC
tel.: (11) 3060-4954 / www.fluidprocess.com.br Organização: Mega
tel.: (47) 3027 1008 / www.feiramanutencao.com.br
abril
2 a 4 Petrotech setembro
São Paulo 3 a 6 Offshore Europe
Organização: Cipa / Fiera Milano Aberdeen/Escócia
tel.: (11) 5585-4355 / www.petrotech.com.br Organização: Reed Exhibitions
8 a 10 2° Congresso Brasileiro de CO2 na Indústria de tel.: 44 (0)20 8910 7797 / www.offshore-europe.co.uk
Petróleo, Gás e Biocombustíveis 24 a 26 Rio Pipeline
Rio de Janeiro Rio de Janeiro
Organização: IBP Organização: IBP
tel.: (21) 2112-9000 / www.ibp.org.br/cbco2 tel.: (21) 2112-9000 / www.ibp.org.br
16 a 19 LNG17 outubro
Houston / EUA
Organização: CWC 8 a 10 OTC Brasil
www.lng17.org Rio de Janeiro
Organização: IBP / OTC
23 a 26 Santos Offshore www.otcbrasil.org/2013
Santos / SP
Organização: Reed Exhibitions Alcântara Machado 29 a 31 Febraman
tel.: (11) 3060-4954 / www.santosoffshore.com.br São Paulo
Organização: Cipa Fiera Milano
maio tel.: (11) 5585-4355 / www.febraman.com.br

6 a 9 Offshore Technology Conference gente


Houston / EUA
Organização: OTC Claudio Makarovsky assumiu a
http://otcnet.org/2013 presidência do Conselho de Óleo e Gás
da Associação Brasileira da Indústria de
7 e 8 AccelerateBrazil 2013 Máquinas e Equipamentos - Abimaq,
Rio de Janeiro em substituição a Walter Lapietra.
Organização: Faircount Makarovsky é Strategic Account
tel.: +44 (0)20 7428 7000 / www.acceleratebrazil.com Executive na divisão Measurement &
16 e 17 Congresso Rio Automação 2013 Control da GE Energy e coordenador
Rio de Janeiro da Comissão de Instrumentação e Automação do Instituto
Organização: IBP Brasileiro de Petróleo.
tel.: (21) 2112-9000 / www.ibp.org.br/rioautomacao José Nuno Carranca é o novo diretor
20 a 24 Feiplastic – Feira Internacional do Plástico Regional de Vendas da divisão de Energia
São Paulo da Rolls-Royce para a América do Sul.
Organização: Reed Exhibitions Alcântara Machado Nascido em Portugal, Carranca começou
tel.: (11) 3060-4954 / www.feiplastic.com.br a carreira na francesa Alstom. Antes de
entrar para a Rolls-Royce, Carranca foi
junho o diretor de vendas da MAN Diesel &
Turbo, sendo responsável por todas as
11 a 14 Brasil Offshore atividades da Unidade de Negócios de Energia na região.
Macaé / RJ O executivo tem um diploma de engenharia mecânica e
Organização: Reed Exhibitions Alcântara Machado especialização em Termodinâmica Aplicada na Universidade
tel.: (11) 3060-4954 / www.brasiloffshore.com Técnica de Lisboa, em Portugal.

6 Petro & Química no 347


Agenda / Gente

Agência Petrobras Agência Petrobras


e Reparação Naval e
Offshore – Sinaval.
O presidente
da Transpetro,
Sérgio Machado,
foi homenageado
pelo Sinaval pela
contribuição ao
desenvolvimento
da indústria naval e
offshore brasileira. As
homenagens foram
prestadas durante a entrega do II Prêmio Naval de Qualidade
A presidente da Petrobras, Maria das Graças e Sustentabilidade, promovido pelo Sinaval.
Silva Foster , recebeu a Medalha Pedro Ernesto,
principal homenagem que o Rio de Janeiro presta às
personalidades que mais se destacaram na sociedade Gisela Bellinello assumiu a
brasileira em suas respectivas áreas de atuação. O Gerência Geral da Agilent Brasil,
vereador Reimont Luiz Otoni, autor da homenagem à que inclui as divisões de Análises
presidente da Petrobras, abordou, em seu discurso, o Químicas e Biociências. Graduada
sucesso profissional de Maria das Graças, lembrando em Farmácia-Bioquímica pela
que é fundamental registrar histórias de pessoas que, ao Universidade de São Paulo e com
longo da vida, ultrapassaram barreiras e se tornaram um especialização em Administração
exemplo a ser seguido. de Empresas pela Fundação
Getúlio Vargas, Gisela foi Gerente
Maria das Graças também recebeu homenagem pelo Geral da GE Healthcare Life
apoio da Petrobras à indústria naval brasileira, entregue pelo Sciences, empresa onde atuou por
presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção 21 anos.

no 347 Petro & Química 7


Jornal

IChemE Atmosferas explosivas 1


Relatório lista soluções ABNT em consulta pública coloca revisão de
para desafios normas
Possíveis soluções para alguns dos A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT colocou em consulta pú-
maiores desafios do mundo estão lis- blica o projeto de revisão das Normas NBR IEC 60079-0, NBR IEC 61892-1, NBR
tados no Chemical Engineers Matters, IEC 61892-2, NBR IEC 60034-6 e NBR IEC 60034-7. A Série ABNT NBR IEC
novo relatório da Institution of Chemi- 60079 especifica os requisitos gerais para construção, ensaios e marcação de equi-
cal Engineers - IChemE, que foca em pamentos elétricos e componentes “Ex”, destinados à instalação ou utilização em
assegurar as fontes sustentáveis de ener- atmosferas explosivas. Esta nova edição irá substituir a edição vigente, publicada
gia, de alimento, de nutrição, acesso a pela ABNT em 2008.
água limpa, saúde e bem estar – áreas A NBR IEC 61892-2 prescreve condições para instalações elétricas, em unida-
onde a engenharia química pode ter um des fixas e móveis, utilizadas na indústria marítima de petróleo, com a finalidade
impacto positivo. de perfuração, processamento e armazenamento, incluindo oleodutos, estações
O relatório explora a aplicação da de bombeamento, estações de lançamento e recebimento de “pigs”, estações de
engenharia química e apresenta alguns compressão e monobóias de ancoragem expostas – essa nova edição irá substituir a
pensamentos correntes hoje sobre segu- edição atual, publicada em 2009.
rança e risco, educação, treinamento e A NBR IEC 60034-6 identifica os arranjos dos circuitos e os métodos de circu-
pesquisas. E sustenta que não existe so- lação dos fluídos refrigerantes em máquinas elétricas girantes, classifica os métodos
lução universal para o crescimento glo- de resfriamento, enquanto a NBR IEC 60034-7 especifica os Códigos IM – uma
bal da demanda de energia. Afirma que classificação dos tipos de construção, arranjos de montagem e posição da caixa de
as energias fósseis ainda terão posição terminais de máquinas elétricas girantes.
central na economia por mais algumas
décadas ainda que uma “descarboniza-
ção” e sustentabilidade sejam urgentes.
Atmosferas explosivas 2
IEC publica nova norma para proteção s
Química A International Electrotechnical Commission publicou em setembro a Norma
Deficit deve bater IEC 60079-33 - Atmosferas explosivas - Parte 33: Proteção de equipamentos por

recorde de US$ 28 bi proteção especial “s”. Essa parte da série IEC 60079 apresenta a metodologia espe-
cífica para a avaliação e ensaio, bem como os requisitos para a marcação de equipa-
A balança comercial de produtos mentos elétricos, partes de equipamentos elétricos e componentes “Ex” com tipo de
químicos no Brasil deve registrar neste proteção “s”.
ano o maior deficit de sua história. De ja- Esta nova parte da IEC 60079 é aplicável a equipamentos elétricos que utili-
neiro até outubro, as importações soma- zam um método de proteção não coberto por outra norma da série, e também para
ram US$ 35,4 bilhões e as exportações equipamentos elétricos que utilizam um ou mais tipos de proteção normalizados,
chegaram a US$ 12,5 bilhões. Segundo quando o projeto e fabricação não estejam totalmente em conformidade com as
a Associação Brasileira da Indústria Quí- normas para os tipos de proteção. A IEC 60079-33 também modifica os requisi-
mica, o saldo negativo pode superar US$ tos gerais da ABNT NBR IEC 60079-0: o requisito desta norma deve ser prevale-
28 bilhões – superando o déficit registra- cente quando estiver em conflito com um requisito da ABNT NBR IEC 60079-0.
do no ano passado, de US$ 26,5 bilhões. A elaboração da respectiva Norma técnica brasileira ABNT NBR IEC 60079-33 está
O déficit, na avaliação da diretora de sob escopo da Comissão de Estudo CE 03:031.06 do Subcomitê SC-31 do Comitê
Comércio Exterior da Abiquim, Denise Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Telecomunicações e Iluminação – Cobei.
Naranjo, resulta da combinação da desa-
celeração da demanda internacional por Mercado
produtos químicos e do reaquecimento
do mercado brasileiro. “Nesse contexto, Brasil aumenta tarifas de importação para resinas
é particularmente preocupante o aumen- O governo brasileiro aumentou temporariamente as tarifas de importação de 100
to do déficit em produtos de uso final, produtos, incluindo os polietilenos de alta densidade, de baixa densidade, linear de
que tem reprimido a demanda interna baixa densidade, policarbonato, etilenoglicol, e polibutadieno – elevando as tarifas
por produtos químicos de uso industrial para os produtos PE e EG de 14% para 20% e as tarifas de policarbonato de 16%
fabricados no país, sem que as empresas para 25%.
do setor tenham conseguido alavancar Apoiado pela Abiquim, mas criticado pela Associação Brasileira da Indústria
suas exportações e reposicionar seus do Plástico - Abiplast, o aumento segue decisão da Câmara Brasileira de Comércio
produtos no mercado internacional”. Exterior para fortalecer a economia local.

8 Petro & Química no 347


Jornal

no 347 Petro & Química 9


Jornal

Manutenção Evento 1
Congresso da Abraman reforça Dia da Engenharia Alemã tem foco na
necessidade de qualificação da indústria química e petroquímica Felipe de Mattos Muci
mão de obra
O gerente executivo de Educação e Tecnologia do
Senai, Rolando Vargas Vallejo, afirmou, durante mesa
redonda realizada no 27º Congresso Brasileiro de Ma-
nutenção, que técnicos e tecnólogos são os profissionais
mais necessários na indústria brasileira atualmente. Se-
gundo Vallejos, as empresas têm atribuído a engenhei-
ros funções que devem ser exercidas por profissionais
com formações técnicas. “É necessário mostrar para as A mesa redonda “A química é inovação para uma vida sustentável” contou
empresas que elas precisam de técnicos e tecnólogos”. com o presidente da Henkel Mercosul, Julio Muñoz-Kampff; o presidente da
O Senai construirá 53 novos centros de ensino, in- Evonik Degussa do Brasil, Weber Porto, moderação do presidente-executivo
cluindo unidades móveis, caminhões e um barco, que da Abiquim, Fernando Figueiredo, o vice-presidente da Basf para a América
oferecerão infraestrutura para aulas e avaliações. Tam- do Sul, Antonio Lacerda, o presidente da Bayer, Theo van der Loo, e o Líder
bém serão criados 23 institutos de inovação e 38 de Global de Inovação e Tecnologia da Lanxess, Paul Wagner.
tecnologia.
Em sua quarta edição, o Dia da Engenharia Alemã, promovido
O gerente de Recursos Humanos da Refinaria
pela VDI-Brasil em parceria com a Câmara Brasil-Alemanha, discutiu
Getulio Vargas, Juarez Casnok, destacou o curso de
as tendências das indústrias química e petroquímica. O evento contou
formação de técnicos de manutenção promovido pela
com mais de 500 participantes. Segundo o presidente da VDI-Brasil,
Petrobras – que formou a primeira turma.
Edgar Horny, após a fase em que a transferência tecnológica da Ale-
Durante o Congresso, Alan John Poling, da Solo-
manha para o Brasil caracterizava o setor, hoje a inovação local é o
mon Associates, trouxe o tema “Reliability and Main-
grande trunfo para aproveitar todas as chances que o país oferece. O
tenance – RAM – The Path to World Class Perfor-
Dia da Engenharia Alemã 2012 demonstrou também que a transfe-
mance”; Laurent Tetard, da Mazars, falou sobre “How
rência de tecnologia é um caminho bilateral ao convidar a empresa
to conciliate industrial and finance world”. John Woo-
Braskem para contar a história de seu caminho na direção inversa,
dhouse – da TPWL e IAM - e José Antônio Conejo Ba-
quando essa multinacional brasileira chegou à Alemanha.
dilla, doICE, falaram a respeito da “PAS 55”, seguidos
de Afonso Sartorio, da Accenture, que discursou sobre
a Pesquisa da Gestão de Ativos.
Evento 2
Feira Química reune cadeia voltada ao
Plásticos setor químico
Estudo aponta macrotendências A Feira Química 2012
das embalagens até 2020 reuniu fabricantes de má-
quinas, equipamentos, aces-
Conveniência e Simplicidade; Estética e Identidade;
sórios, insumos e serviços
Qualidade e Novas Tecnologias; Sustentabilidade e Éti-
para todo o setor, atraindo
ca; e Segurança e Assuntos Regulatórios são os temas
consumidores finais, empre-
que deverão nortear a atuação da indústria de embalagens
sas do segmento petroquí-
nos próximos anos. Essa é a conclusão do estudo “Bra-
mico, química básica e quí-
sil Pack Trends 2020”, desenvolvido por uma equipe de
mica fina. Segundo o diretor
pesquisadores do Centro de Tecnologia de Embalagens
da feira, Igor Tavares, a pre- Química 2012: objetivo de promover troca
- Cetea e da Plataforma de Inovação Tecnológica do Ins-
sença de profissionais que de informações
tituto de Tecnologia de Alimentos - Ital, com o apoio da
atuam em empresas como
Associação Brasileira da Indústria do PET - Abipet.
3M, Braskem, Basf, Bayer, Rhodia, Lanxess, Dupont e Syngenta
De acordo com o estudo, também foi detectada a
eleva o nível dos negócios que são realizados durante esses três
preferência por produtos que consigam agregar prati-
dias de evento. “A Feira Química nasceu para abranger os diversos
cidade ao preparo e no momento do consumo, minimi-
setores que a química envolve, mas, sobretudo, para permitir que
zando uso de copos, talheres e outros utensílios, além
este crescente mercado tenha um ambiente para promover a troca
daqueles que sejam porcionados, com possibilidade de
de informações e experiência. Esperamos que este objetivo tenha
uso em fornos microondas.
sido atingido durante esses três dias de evento”.

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Jornal

no 347 Petro & Química 11


Empresas & Negócios

Braskem reduz prejuízo no Renomeada Pentair, ex-


terceiro trimestre Tyco Valves & Controls terá
O aumento no volume de vendas e a variação cambial pu-
xaram para cima o resultado operacional da Braskem no ter-
portfólio com 60 marcas
ceiro trimestre do ano. Mas não foram suficientes para anular A Tyco Valves & Controls anunciou que agora se chama
o impacto do resultado financeiro contábil. Com isso a empre- Pentair Valves & Controls. Agora parte da Pentair Ltd., a
sa fechou o período com prejuízo de R$ 124 milhões. Pentair Valves & Controls continuará a oferecer produtos,
Em relação ao terceiro trimestre de 2011, as vendas da serviços e soluções de gerenciamento de fluxo para clientes
Braskem cresceram 11%. A receita líquida totalizou R$ 9,45 do mundo todo. Beneficiando-se do maior alcance global
bilhões no trimestre, um crescimento de 9% – o mesmo au- da Pentair, o portfólio de válvulas, atuadores e controles
mento observado no custo dos produtos vendidos. Já o Ebitda com mais de 60 marcas será disponibilizado em uma gama
ficou em R$ 930 milhões. Em nove meses, o prejuízo acumu- mais ampla de aplicações e indústrias. “A junção de duas
lado soma R$ 1 bilhão. grandes empresas, Tyco Flow Control e Pentair Ltd., é o co-
Empresa fecha contrato de EPC para projeto Etileno meço de um futuro brilhante, não só para o nosso negócio,
XXI - A Braskem Idesa, joint-venture da Braskem com a mas também para os nossos clientes. Estamos empenhados
mexicana Idesa, fechou com o consórcio formado por Ode- em continuar a oferecer os melhores produtos, experiência
brecht (40%), Technip (40%) e ICA Fluor (20%) o contrato técnica e serviços, para fornecer soluções completas aos
de engenharia, aprovisionamento e construção do comple- nossos clientes do mundo todo, independentemente da apli-
xo petroquímico Etileno XXI, no México – avaliado em cação”, disse o presidente da Pentair Valves & Controls,
US$ 2,7 bilhões. O investimento total no empreendimento, David Dunbar.
que deve iniciar operações em junho de 2015, é de US$ 3,2
bilhões.
Mercado brasileiro
Plano Decenal de Energia abre oportunidade de
calcula investimento do crescimento para Kemira
Comperj em US$ 21,6 O programa de restruturação global da Kemira, denomi-
nado “Fit for Growth”, tem por objetivo obter uma econo-

bilhões mia de custos da ordem de € 60 milhões anuais, melhoria da


produtividade e maior eficiência. O programa está alinhado
O Plano Decenal de Energia 2011-2021 colocado em audi- à estimativa de um crescimento de 3% nos mercados mais
ência pública pelo Ministério de Minas e Energia prevê que o estabelecidos e de 7% nos mercados emergentes – entre eles
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - Comperj custará o Brasil. Em sua visita ao Brasil, o CEO da Kemira, Wolf-
US$ 21,6 bilhões. O valor ainda não havia sido divulgado pela gang Büchele apresentou as metas globais da Kemira e sua
Petrobras – segundo a Empresa de Pesquisa Energética, que perspectiva de crescimento.
elaborou o Plano, o valor divulgado é uma estimativa preli- A empresa especializada em tratamento de água encerrou
minar, uma vez que o projeto se encontra em reavaliação pela o ano de 2011 com vendas de € 160 milhões na América do
Petrobras. Sul e pretende dobrar este faturamento nos próximos cinco
O Comperj será formado por dois trens de refino – um com anos. A estratégia de expansão está focada no desenvolvi-
capacidade de processar 165 mil barris por dia, a partir de abril mento de soluções e aplicações diversas em seus principais
de 2015, e outro, de 300 mil barris por dia, previsto para 2018 segmentos: celulose e papel; municipal e industrial; petróleo
– e unidades de produção de lubrificantes e aromáticos, e de e mineração. “O potencial de setores como óleo, gás e mi-
processamento do gás natural produzido no pré-sal – que será neração, bioetanol no caso brasileiro, celulose e papel, bem
utilizado como matéria-prima para as plantas petroquímicas. como o crescimento das cidades e de suas populações, reve-
Petrobras fornecerá gás a preços competitivos para la excelentes oportunidades de crescimento para a Kemira.
Braskem – A presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Com o apoio dos nossos quatro centros mundiais de Pesquisa
Foster, afirmou que o Comperj irá fornecer gás a preço com- e Desenvolvimento, um deles aqui no país, estamos muito
petitivo para a Braskem. “Faz sentido econômico quando é próximos dos nossos clientes e de suas reais necessidades de
tratado de forma integrada”, afirmou. economia e melhoria para a eficiência da água”.

12 Petro & Química no 347


Empresas & Negócios

no 347 Petro & Química 13


Empresas & Negócios

Tuper inaugura unidade de óleo e gás

Unidade de São Bento do Sul abrigará o fornecimento de tubos de aço API

A Tuper colocou em operação sua oitava unidade indus- – pouco mais da metade desse valor teve como destino a uni-
trial, em São Bento do Sul/SC, na qual foram investidos R$ dade de são Bento do Sul. Agora a empresa anunciou investi-
198 milhões. A Tuper Óleo e Gás, que abrigará o forneci- mentos de R$ 130 milhões para a construção de sete Pequenas
mento de tubos de aço API para o mercado de petróleo e Centrais Hidrelétricas em três rios da região nordeste de Santa
gás, tem capacidade anual para processar 180 mil toneladas Catarina, que deverão gerar 28 MW destinados ao consumo
de aço. próprio e fornecimento para terceiros.
Na nova unidade passam a ser produzidos tubos de aço Outro projeto é o início da produção de andaimes tubu-
carbono para aplicações estruturais e de condução, com diâ- lares para o segmento da construção civil. Nesse caso, os in-
metros de até 13 3/8 polegadas e espessuras variando de 3mm vestimentos necessários serão superiores a R$ 3 milhões. O
até 16mm. Também serão fabricados tubos casing, que são presidente da Tuper, Frank Bollmann, também revelou que a
usados para revestimento de poços de petróleo. empresa está finalizando um plano para abrir uma subsidiária
Nos últimos dois anos, a Tuper investiu R$ 357 milhões da Tuper Comercial em Houston, nos EUA.

Nicsa abre nova nova fábrica


A nova unidade da Nicsa Indústria e Comércio de Válvulas, loca-
lizada em Caxias do Sul/ RS, reforçará a sua capacidade de produção
de diversas linhas de válvulas industriais.
A nova fábrica conta com centros de usinagem e bancada automa-
tizada de testes.

Nova unidade da Nicsa: centros de usinagem


e bancada automatizada de testes

Petroquímica Suape prepara operação da planta de PTA


A Petroquímica Suape deu inicio à fase de comissiona- Um excedente de 100 mil toneladas de PTA ainda esta-
mento da unidade de ácido tereftálico – PTA. A previsão é rá disponível para abastecer outras empresas – atualmente o
colocar a unidade em operação em janeiro de 2013 – um ano PTA é importado, principalmente pela M&G para produção
após a previsão inicial. de PET.
A planta de PTA produzirá 700 mil toneladas por Pelo cronograma original, a fábrica de PTA entraria em
ano. Parte importante dessa produção será absorvi- operação no primeiro semestre de 2012. Entre os fatores
da por outras duas unidades que serão integradas: a determinantes para os atrasos estão três paralisações dos
produção de PET e a produção de filamentos de po- operários – a última greve durou 24 dias, entre outubro e
liéster. novembro.

14 Petro & Química no 347


Empresas & Negócios

no 347 Petro & Química 15


Informativo CSVI
A CSVI defende institucional e politicamente os interesses do senvolvendo um trabalho constante na busca de oportu-
setor de válvulas industriais, buscando presrevar e ampliar a nidades, parcerias para aumentar a competitividade da
capacidade empreendedora nacional indústria nacional.
A Câmara Setorial de Válvulas Industriais (CSVI) Nossas associadas são constantemente premiadas pela
da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e qualidade de suas válvulas, vindo a comprovar que as in-
Equipamentos (Abimaq) hoje congrega entre seus as- dústrias brasileiras estão desenvolvidas tecnologicamente
sociados os mais de 65 fabricantes de válvulas indus- e preparadas para atender toda e qualquer demanda.
triais, as quais se destacam como as mais representati- Para o ano de 2013 a CSVI está acreditando na aplica-
vas do setor, tendo capacidade tecnológica e produtiva ção do Conteúdo Local pela Agencia Nacional do Petróleo
para atender aos diferentes segmentos e atividades (ANP), para incrementar a participação da indústria nacional
industriais, tais como: Indústrias Químicas e petroquí- nos projetos de exploração e desenvolvimento da produção
mica, petróleo e gás, usinas de açúcar e álcool, sanea- de petróleo e gás natural. Atualmente, ape-
mento básico, siderurgia, alimentícia, papel e celulose, sar das encomendas feitas aos fabricantes
indústria naval e eletronuclear. nacionais, a participação dos seus produtos
A CSVI, através da Abimaq, defende institucional e po- nesse mercado tem caído constantemente,
liticamente os interesses do setor de válvulas industriais, atingindo um patamar estimado em 20%
buscando preservar e ampliar a capacidade empreendedo- da demanda total do mercado – contra 80%
ra nacional. de válvulas importadas. Além da desindus-
Em 2012 obteve conquistas importantes para o setor trialização das nossas indústrias, com isto
como: alteração de tratamento administrativo para vál- o desemprego será inevitável.
vulas borboleta e solenoide, elevação da alíquota do im-
posto de importação da válvula esfera.
Participação ativa no Sub Grupo de Trabalho
Hold Points de Equipamentos, do Grupo de Trabalho
da Petrobras / Engenharia / Associação Brasileira de
Engenharia Industrial (Abemi) e Associação Bra-
sileira de Consultores de Engenharia (ABCE), que
tem o objetivo de estabelecer critérios relaciona-
dos ao processo de inspeção de válvulas, gerando
assim um Plano de Inspeção e Teste (PIT) Padrão
para Válvulas Industriais.
Foi reativado o Grupo de Trabalho do Curso de
Válvulas, que conta com a participação ativa dos
fabricantes para atualizar e inserir novos tipos de
válvulas na grade do curso. Esta reativação se deve
ao belo histórico deste projeto, já que o mesmo foi
ministrado para mais de 2.500 pessoas. Outro mo-
tivo para a reativação foi à carência do setor em ter
profissionais que conheçam os tipos e aplicações
das válvulas.
A CSVI e suas associadas participam dos
maiores e mais importantes eventos e feiras
nacionais e internacionais do setor, onde de-
monstram que a indústria brasileira esta de-
no 347 Petro & Química 17
Matéria de Capa Ary Diesendruck / Oxiteno

Com o devido respeito


Sustentabilidade começa
a moldar decisões de
investimentos empresariais

M
eses atrás a Oxiteno recebeu uma queixa inu- – e mais ainda, por que alguém gastaria seu tempo para re-
sitada de um vizinho de sua fábrica localizada clamar disso?
em Tremembé / SP: por que a empresa mantinha “Isso dá uma noção de o quanto a sociedade está atenta
uma lâmpada acesa no pátio durante o dia? A resposta era àquilo que geramos”, avalia o gerente de Qualidade, Saúde,
simples: defeito na fotocélula que acende automaticamente Segurança, Meio Ambiente e Responsabilidade Social da
a lâmpada. Consertar o equipamento, localizado a 60 me- Oxiteno, Claudemir Peres.
tros de altura seria um pouco complexo – só a montagem Em setembro, a Petrobras foi acusada duas vezes – pelo
do andaime demora um dia inteiro. Quando a reclamação Ministério Público Federal, por crime ambiental envolvendo
chegou, a ordem de serviço até já estava emitida. O que derramamento de óleo da Refinaria Duque de Caxias e con-
intrigou mesmo foi o questionamento. Por que alguém se taminação do rio Iguaçu, e pela Polícia Federal, pelo despejo
preocuparia com uma lâmpada que passa dia e noite acesa de água de produção separada do petróleo nos terminais. Uma

18 Petro & Química no 347


Matéria de Capa

Operador em área cas para permitir que essas prioridades ganhem espaço nas
industrial da Oxiteno suas decisões. Investimentos que minimizem o consumo de
recursos foram gradualmente sendo adicionados aos plane-
jamentos das indústrias – primeiro eles vieram com a obri-
gatoriedade da legislação, e mais recentemente evoluíram
com as estratégias de eficiência. Agora as empresas estão
conferindo um caráter matemático à questão.
A Braskem, por exemplo, estruturou uma metodologia
dentro do software de gestão de projetos e portfólio para
pontuar cada projeto segundo seu impacto ambiental – por
essa metodologia, os projetos que representarem menor
consumo de recursos naturais ou menores emissões de resí-
duos e efluentes ganham uma pontuação extra.
“Não é uma nova forma de encarar o investimento, por-
que antes de implementarmos essa ferramenta, nosso in-
vestimento na melhoria das questões de saúde, segurança
e meio ambiente já vinha acontecendo. Essa ferramenta é
uma forma mais sistemática para considerar as dimensões
da sustentabilidade no processo decisório”, explica o diretor
de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, Jorge Soto.
Os projetos desenvolvidos pela Oxiteno mesclam os cri-
térios de sustentabilidade dentro das ferramentas de Plane-
jamento da Qualidade do Produto - PQP, adotada da indús-
tria automobilística, e Front-End Loading - FEL, de gestão
de projetos – em cada etapa da FEL, há correlações com os
requisitos ambientais e de segurança e saúde ocupacional.
Na empresa, há dois documentos principais que orientam
o desenvolvimento de projetos – uma circular normativa e
um procedimento corporativo. A primeira aborda desde a
classificação do projeto e seus direcionamentos – o fluxo-
grama a ser adotado nos casos de produção de novos pro-
dutos ou a ampliação de uma planta – até a validação do
produto e do processo. O segundo, mais técnico, aprofunda
o detalhamento do projeto. “A concepção de gestão, nesse
modelo, não olha um projeto pensando em meio ambiente,
mas planeja de maneira integrada, para atender a todos es-
ses requisitos”, explica Claudemir Peres.
A Petrobras entrou para o grupo no ano passado, quando
começou a adotar a metodologia batizada internamente de Pro-
jeto SMS e Eficiência Energética em Projetos de Investimen-
to. Este ano, definiu as ferramentas para gestão que levam em
nota oficial para explicar que a água produzida junto com o consideração os aspectos de saúde, segurança, meio ambiente
petróleo nas plataformas é tratada e descartada de acordo com e eficiência energética – que já estão sendo aplicadas aos pro-
as resoluções 393 e 357 do Conselho Nacional de Meio Am- jetos identificados como prioritários. O pacote que dá suporte à
biente - Conama, no entanto, não foi suficiente para evitar que decisão para aprovação de um projeto de investimento deve ter
movimentos sociais, pescadores artesanais e comunidades im- um parecer técnico da área de SMES. No mais recente ranking
pactadas pela indústria do petróleo realizassem uma manifes- do Carbon Disclosure Project - CDP – uma organização não-
tação à frente da sua sede, no centro do Rio de Janeiro. governamental do Reino Unido voltada a temas ambientais – a
Compreender a dimensão que a sociedade passou a dar petroleira está classificada entre as empresas brasileiras que
ao conceito de sustentabilidade – e lidar com isso – é, sem apresentam a maior compreensão sobre os impactos das mu-
dúvida, um desafio. Um grupo de empresas já posicionado danças climáticas para seus negócios e que estão adotando me-
para enfrentar essa questão vem desenvolvendo sistemáti- didas como a redução das emissões de gases de efeito estufa.

no 346 Petro & Química 19


Matéria de Capa

na unidade, depois de servir para aquecimento, é condensa-


do e direcionado para a lavagem, e o sistema de filtragem
permite uma secagem mais eficiente da torta, minimizando
o volume de água em cerca de 80% e os custos para dispo-
sição dos resíduos.
Na unidade localizada no pólo petroquímico do ABC /
SP, a Oxiteno reduziu o volume e o custo dos resíduos após
um projeto concebido dentro da metodologia Seis Sigma.
Durante o período de implantação, os índices caíram de
105% para 78% – e em abril deste ano estava em 28%.
Na Braskem, a instalação de um novo vaso de flash para
recuperação de etileno em uma das plantas de polietileno
é citada por Jorge Soto como exemplo de projeto que ga-
nhou prioridade no portfólio. A metodologia adotada pela
Claudemir: sustentabilidade integradas desde início do projeto Braskem demandou minucioso trabalho de definição dos
O mesmo relatório, elaborado com base na resposta modelos e configuração dos softwares de gestão de proje-
dada por 54 empresas, aponta que as mudanças climáticas tos. “Esse modelo de avaliação é bidirecional: temos muitos
estão integradas à sua estratégia de negócios em 81% delas projetos e para chegar à conclusão de quais faremos, con-
– embora apenas 19% afirmam que suas decisões levam em sideramos tanto a dimensão econômica quanto a dimensão
consideração o tema. ambiental e social”.
Faz parte do gerenciamento do negócio minimizar as A petroquímica também está classificada no ranking do
emissões, efluentes e resíduos – que, em última instância, CDP entre as empresas brasileiras que apresentam a maior
são matérias-primas que deixaram de ser transformadas du- compreensão sobre os impactos das mudanças climáticas
rante o processo. Recorrendo ao caso da própria Oxiteno, para seus negócios – embora seu nome não apareça na lista
que produz óxido de eteno a partir da reação catalítica do das empresas que estão adotando medidas.
eteno com o oxigênio, a maior eficiência dessa transforma- Resultados significativos já foram alcançados pela
ção e redução das perdas é possível com a adoção de catali- Braskem – uma boa medida é o índice de emissões de gases
sadores mais avançados. de efeito estufa, que entre 2008 e 2011 caiu 11%. O que
A premissa é que as abordagens ambiental e de seguran- essa nova metodologia traz de novo é a sistemática para
ça operacional estejam integradas desde a primeira fase do subsidiar as decisões. Lá estão incluídas questões sobre o
projeto – quando o trabalho está centrado em averiguar as consumo de água e emissões de gases de efeito estufa. Os
rotas de produção, custos e suprimentos de matérias-primas projetos que representarem menor consumo de recursos
– e possam derrubá-lo caso encontre algum requisito legal naturais ou menores emissões de resíduos e efluentes, por
ou nível de criticidade inadequado aos padrões. Na última exemplo, ganham uma pontuação extra. “Todo projeto pas-
fase, da validação, o projeto só é aceito se as metas de efi- sa por essa análise – e queremos em cada projeto contribuir
ciência e geração de resíduos forem atingidas. “Esse é um para a sustentabilidade das decisões”, finaliza o diretor.
modelo de aprendizado: o projeto é aceito pela companhia
só quando tivermos o nível aceitável previsto no início. En-
quanto não chegarmos nesse ponto, temos o processo de
melhoria”, conta o gerente.
Um projeto pode surgir até pelo monitoramento do de-
sempenho das unidades – os índices de produção, consumo
de matérias-primas, água e energia e a geração de resíduos
alimentam o sistema, e quando os engenheiros detectam que
algo pode ser melhorado, dão início a um novo projeto. O
gerente cita como exemplo a instalação da unidade de eto-
xilação no pólo de Camaçari / BA, em operação já há dois
anos. O projeto adotou um sistema de lavagem por sprays,
que reduz o consumo de água em um terço – para limpar
os quatro vasos, a Oxiteno consome 24 toneladas de água
a menos do que necessita nas outras unidades semelhantes. Soto: metodologia para valorizar sustentabilidade nos
Há outros dois ganhos relacionados à água: o vapor gerado investimentos

20 Petro & Química no 345


Matéria de Capa

Comissão formada por


representantes do governo e da
indústria discutirá caminhos para
reduzir emissões
Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas - COP-15, o então presidente Lula
anunciou o compromisso voluntário de reduzir entre 36,1%
e 38,9% as emissões de gases de efeito estufa. O Decre-
to que regulamenta a Política Nacional sobre Mudança do
Clima, publicado em 2010, estima que em 2020 o país emi-
tiria 3,236 GtCO2-eq – medidas de eficiência energética e
incremento do uso de biocombustíveis e geração de energia
através de alternativas, um dos planos de ação da Política,
teriam como meta o corte de 6,1% a 7,7% desse valor.
Embora projetada levando-se em conta um incremen-
to anual de 5% no Produto Interno Bruto, a meta oculta
um risco que sempre intoxica o setor produtivo quando
governos anunciam mudanças na legislação ambiental:
reprimir seu crescimento. Bem conduzida, no entanto, a Comin: trabalho em parceria com setor produtivo
Política deveria incentivar a economia de baixo carbono ração Nacional da Indústria.
– levando em conta que o Brasil possui 44% de sua matriz “Essa passagem de um objetivo geral para objetivos
energética abastecida por fontes renováveis, restringir a mais específicos pressupõe um esforço técnico considerá-
produção interna pode abrir espaço para a importação de vel – por isso formamos essa Comissão, que conta com a
bens que emitem mais gases de efeito estufa na sua produ- presença da indústria química representada pela Abiquim,
ção, causando um efeito adverso no objetivo de reduzir as mais o setor acadêmico e ministérios pertinentes”, justifica
emissões globais. o diretor do Departamento de Competitividade Industrial
A partir da publicação do Decreto, os Ministérios do do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio,
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e de Alexandre Comin.
Meio Ambiente passaram a articular um plano para o setor A CTPIN tem um papel consultivo – funcionará como
industrial, responsável por 3% das emissões no país – e fórum de debates e articulação, sem poder para deliberar,
após um ano, definiram o Plano de Redução e Mitigação mas será das suas discussões que surgirão as propostas para
de Emissões e Adaptação às Mudanças Climáticas para a metodologia adotada para a elaboração dos inventários,
o Setor Industrial, ou Plano Indústria, que inicia o traba-
lho com os segmentos que representam a maior parte das O Brasil é responsável por 1,4% das emissões de CO2.
emissões da indústria: químicas, de cimento, alumínio e De acordo com um levantamento realizado pelo Projeto
papel e celulose. Carbono Global, as emissões na China, Índia e Brasil
O Decreto incluiu a meta de abater em 5% as emis- aumentaram 9,9%, 7,5% e 1,4%, respectivamente, em
sões projetadas até 2020 – pelo cronograma, já em 2013 2011, em comparação com 2010, enquanto EUA e União
os quatro setores deverão elaborar inventários de emissões. Europeia apresentaram queda na quantidade de CO2
O detalhamento e monitoramento de cada setor – e as con- emitida em 1,8% e 2,8%. O mesmo relatório aponta que
trapartidas econômicas para as ações de mitigação – serão as emissões de gás carbônico crescerão 2,6% em 2012,
discutidos pela Comissão Técnica do Plano Indústria - CT- atingindo o volume de 35,6 bilhões de toneladas – 58%
PIN, instituída em acordo entre os Ministérios e a Confede- superior aos índices de 1990.

no 347 Petro & Química 21


Matéria de Capa

exigidos para o setor


químico a partir de 2013.
Na primeira reunião, re-
alizada em outubro, os
participantes da Comis-
são sugeriram a criação
de um grupo de trabalho
para estudar a estrutura
de Mensuração, Reporte
e Verificação - MRV.
Outra preocupação
do governo, segundo
Comin, é que a elabora-
ção dos inventários não
traga custos elevados,
principalmente para as
pequenas empresas – a
proposta inicial é exi-
gir o inventário para
as grandes indústrias a
partir de 2013 e deixar
a obrigatoriedade para
as médias empresas para
Fonte: Abiquim
2014 e para as pequenas Um dos desdobramentos será entender o custo dessa re-
em 2015. Há também o plano de exigir medições metrológi- dução das emissões – o que é classificado como Marginal
cas para as grandes indústrias e medições por amostragens Abatement Cost - MAC. A CNI contratou um estudo sobre
para as menores. Caberia à CTPIN definir essa classificação esses custos e sua eficácia – dentro do acordo de coopera-
do porte das empresas do setor. “Para as grandes empresas ção firmado pela entidade com os Ministérios, há ainda a
o inventário tem um custo pequeno. À medida em que nos proposta para a criação de um banco nacional de fatores de
aproximamos de empresas menores, provavelmente fare- emissão e a capacitação em inventários corporativos.
mos inventários simplificados – com amostragem ou calcu- Há ainda a recomendação para que o governo imple-
lando a partir do consumo de combustíveis”. mente incentivos tributários e crédito para a aquisição de
equipamentos e em P&D – os recursos teriam como fonte o
Incentivos
Fundo-Clima, formado com as participações especiais pa-
Para subsidiar a estruturação de políticas, o Ministério gas pelas petroleiras.
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior con- A Abiquim defende que o Plano considere as peculia-
tratou as Notas Técnicas Setoriais e de Metodologia de ridades do setor – diferente dos outros segmentos, há na
Inventários ao Centro de Estudos em Sustentabilidade da industria química uma diversidade de produtos e processos
Fundação Getúlio Vargas - GVces. “Fizemos uma análise – e que a metodologia leve em conta a medição por pro-
do perfil técnico de cada setor, com viés de emissões de ga- cessos e não sejam descartados todo o trabalho já realiza-
ses de efeito estufa, uma análise do perfil tecnológico e uma do. As indústrias químicas que já realizam seus inventários
análise do perfil econômico. E encontramos em cada setor utilizam o GHG Protocol – e uma metodologia diferente
quais eram os potenciais de redução de emissões”, relata o exigiria retrabalhos.
Coordenador do Programa Política e Economia Ambiental Os dados da Abiquim mostram que entre 2004 e 2010
do Gvces, Guarany Osório. a intensidade de emissão de CO2 na indústria química bra-
De acordo com a Nota Técnica elaborada pela GVCes, sileira caiu de 411 kg/ton de produto para 290 kg/ton. In-
ainda existem oportunidades para reduções na intensida- centivada, pode trazer melhores resultados. “Se o governo
de de emissões na indústria química, associadas eficiência incentivar o uso de energia renovável, com a redução de
energética e aumento no uso de fontes renováveis na sua custo dos investimentos ou da tarifa associada a esse tipo
matriz energética e produção – e até a integração de unida- de projetos, ou incentivo a P&D nesse assunto, conseguirá
des que podem utilizar o CO2 como insumo, como é o caso atingir seu objetivo – que é alavancar a competitividade da
da produção integrada de amônia e ureia. indústria brasileira”, avalia Jorge Soto.

22 Petro & Química no 347


Matéria de Capa

das associações de alguns setores. Não


sei se é inédita, mas é uma estrutura sob
medida para os objetivos da construção
Nome
do Plano Indústria.
Guarany Osório Mesmo tendo esses dados, há uma
dificuldade de ter dados de emissão
Cargo por planta – por isso a importância da
Coordenador do Programa nota técnica sobre Mensuração, Relato
bien-
Política e Economia Am e Verificação de Inventários Bottom-
Es tud os em up de Gases de Efeito Estufa no Bra-
tal do Centro de
ES P/ sil - MRV, porque vamos conseguir
Sustentabilidade da EA
colher a informação das principais
FGV - GVces indústrias desses setores e fazer um
banco de dados robusto para entender
onde estão essas emissões e como elas
estão divididas.

Com quais dados a CTPIN vai


discutir a metodologia para a elabo-
Análise ração dos inventários?
Fizemos quase que um road map
“É possível ainda ter mais ganhos. Para com o que existe no mundo e alguns
caminhos que o Brasil pode seguir. E
isso é necessário alinhamento contínuo sugerimos uma agenda, que foi discu-
tida com o Ministério. Mas deixamos
entre o setor privado e o governo” abertas algumas discussões metodoló-
gicas, porque isso é um processo que
Em dez anos as indústrias químicas bra- As notas técnicas sugerem incenti- tem que ser feito em conjunto.
sileiras reduziram em 46% a intensidade das vos?
emissões de gases de efeito estufa. Um novo Foram sugeridos alguns genéricos: fa- Algum desses casos se encaixa
salto, no entanto, depende das articulações cilitação de crédito e abatimento fiscal para com mais adequação ao Brasil?
entre as empresas e o governo – a missão do quem adotasse essas medidas. Algumas ferramentas são corpora-
setor privado está relacionada diretamente à O estudo com a participação integral tivas: o GHG Protocol e a ISO 14064.
capacidade de inovar e ao comprometimen- dos setores – a Abiquim esteve sempre Isso é muito adotado para as empresas
to com as tecnologias de baixo carbono, en- muito disponível e fizemos várias reuniões fazerem a gestão das suas emissões:
quanto que ao governo caberia incorporar a bilaterais. Até porque se você não envolve elas conhecem onde emitem e conse-
temática da mudança climática nas políticas o setor e não entende a realidade, o estudo guem tomar decisão. Só que o MRV do
fiscal e de crédito. “Um caminho é a CTPIN, não terá nenhuma aplicabilidade. Ministério é específico para processo
um fórum onde estão todos esses atores. E aí Primeiro fizemos um trabalho com per- industrial e energia – então tem que ha-
é o momento de colocar o que tem que ser fil acadêmico e técnico, depois reunimos ver uma adaptação.
melhorado e dar a sua contribuição”, avalia governo, empresas, associações e ONGs O segundo passo é saber para o
o coordenador do Programa Política e Eco- para apresentar o que havíamos feito e co- que isso vai ser usado: se for para fa-
nomia Ambiental do Centro de Estudos em lher inputs. zer um mercado de emissão no Brasil,
Sustentabilidade da EAESP/FGV – GVces, Demos um primeiro passo nesse tra- é uma abordagem diferente. Nesse caso
Guarany Osório. balho, de identificar os potenciais. Agora é União Européia, Califórnia, Nova Ze-
Advogado especializado em ciências necessário fazer um estudo detalhado sobre lândia, Austrália já fazem – e China,
jurídico-ambientais pela Faculdade de Di- o custo marginal de abatimento – o Mar- Índia e Coréia do Sul estão no caminho
reito da Universidade de Lisboa, Osório ginal Abatment Cost, MAC – para saber de coletar informação para montar um
coordenou a equipe que elaborou as Notas o quanto custaria para o setor trocar uma mercado.
Técnicas do Plano Indústria – encomenda- tecnologia x por y, e quanto representaria Deixamos aberto, porque ele pode
das pelo Ministério do Desenvolvimento, de redução. ser usado para também direcionar um
Industria e Comércio Exterior, que servi- programa que o governo queira fazer.
rão como subsidio para a elaboração das Existia algum estudo que pudesse ser
políticas públicas. Entre março e agosto, usado como parâmetro? É possível comparar o setor quí-
economistas, engenheiros, advogados e Tivemos um trabalho inicial de fazer mico com os demais setores?
consultores da GVCes estudaram os quatro essa estrutura. Utilizamos referências e os É muito difícil. Enquanto no setor
setores incluídos na primeira fase do Plano anuários das associações setoriais – o anu- de cimento está muito claro que exis-
Indústria – químico, cimento, alumínio, e ário da Abiquim é muito bem elaborado e tem duas tecnologias, o setor químico
papel e celulose – e seus potenciais para a detalhado, o que ajudou bastante no estu- é muito mais pulverizado. Trabalhamos
redução das emissões. do. Também usamos estudos internacionais por produto.

no 347 Petro & Química 23


Artigo Técnico

Avaliação da ozonização e O3/UV


acoplado com membranas no tratamento
de efluentes da indústria de petróleo
visando reúso
Thiago Ferreira de Souza Ribeiro Ana Cláudia Cerqueira
Mestre, PEQ/COPPE/UFRJ Profissional do Meio Ambiente Pleno da
Petrobras
Rafael Costa Esteves
Aluno de iniciação científica, LabPol Márcia Dezotti
Professora associada do PEQ/COPPE/UFRJ
Felipe Henriques de Moraes
Técnico em Meio Ambiente, LabPol
Resumo o restante é constituído basicamente pela água dos oceanos. E
Um dos recursos naturais mais importantes da natureza, a destes 3 % apenas 0,5 % desta água está disponível em locais
água necessita de controles para seus usos através de políticas de fácil acesso como aquíferos, lagos e rios. Com relação à
ambientais, visto que apenas 3% de toda água disponível no disponibilidade de água, o Brasil pode ser considerado um
planeta é de origem doce e, na maioria dos casos, de difícil país privilegiado, possuindo cerca de 13% de toda a reserva
acesso. Com o objetivo de adequar o efluente aos padrões de água doce do planeta (MIERZWA, 2005). No entanto, es-
requeridos para o seu reúso, este trabalho avaliou o proces- tes recursos hídricos estão mal distribuídos geograficamente,
so O3/UV acoplado com membranas de osmose inversa (OI) visto que a Região Amazônica concentra mais de 80 % das re-
para tratamento de um efluente proveniente de uma unidade servas hídricas, enquanto o estado do Amazonas abriga apena
biodisco da refinaria Gabriel Passos (Regap) da Petrobras. 7,5 % da população brasileira (MANCUSO, 2003). Além da
Os experimentos foram realizados em um reator fotoquímico pouca disponibilidade de água para o consumo, a crescente
com volume útil de 2 L com camisa de resfriamento e com- poluição dos corpos hídricos, através dos despejos domésti-
partimento interno de quartzo para suporte da lâmpada UV-C cos e industriais, agrava esta questão, impactando no abaste-
germicida, empregada nas potências de 15, 55 e 95 W. A vazão cimento de água potável dos centros urbanos.
de gás utilizada foi de 1 L/min com concentração de ozônio O reúso de água é definido como o aproveitamento de
variando entre 3-10 mg/L na fase gasosa. O efluente estudado águas previamente utilizadas, uma ou mais vezes, em alguma
possui uma natureza recalcitrante, evidenciada pelas baixas atividade humana, para suprir as necessidades de outros usos
remoções de COT obtidas para o processo O3/UV. Já a adição benéficos, inclusive o original. A prática do reúso, portanto,
de H2O2 na proporção C:H2O2 1:2 levou a uma remoção de acarreta em diversos benefícios para a indústria, tanto do pon-
COT de 80%. Após o tratamento, o efluente sofreu polimen- to de vista ambiental, econômico como da imagem da empre-
to em uma unidade de OI, que mostrou ótima eficiência na sa, visto que o conceito de reúso está diretamente alinhado
remoção de sais, gerando um efluente dentro dos padrões de com a política de gestão ambiental vigente. Com relação ao
reúso mais restritivos. No que tange ao pré-tratamento da eta- meio ambiente, o reúso de águas contribui para a preservação
pa de OI, o processo O3/H2O2/UV se mostrou eficaz, evitando dos recursos hídricos, provocando, consequentemente, um
queda significativa no fluxo de permeado da OI. aumento da disponibilidade hídrica para a população através
da redução da captação de água dos mananciais. Os benefí-
1. Introdução cios econômicos, por sua vez, estão atrelados aos ambientais,
A disponibilidade de água no mundo excede, em muito, a visto que a empresa passa a não acrescentar a seus produtos
demanda humana. No entanto, a forma com a qual este recur- os custos relacionados à cobrança pelo uso da água. Portanto,
so está distribuído constitui um grave problema. Isto porque, o reúso surge como uma alternativa capaz de aperfeiçoar a
apesar de abundante, apenas 3 % da água do planeta tem ori- eficiência de gestão da água, proporcionando a diminuição do
gem doce, condição mais apropriada para o consumo humano; consumo de água bem como a minimização dos efluentes ge-

24 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

rados. Neste sentido, os processos oxidativos e de separação Os ensaios de ozonização e POA foram realizados em um
por membranas são técnicas empregadas quando o reúso do reator fotoquímico de escala bancada, com volume útil de 2,5
efluente é tido como objetivo (SCHNEIDER, 2010). L e tubo interno de quartzo, onde foram inseridas lâmpadas
Os processos oxidativos avançados (POA) são tecnolo- UV-C germicidas nas potências de 15 W, 55 W e 95 W. As
gias promissoras para o tratamento de efluentes complexos, concentrações de ozônio utilizadas foram de 3 a 10 mgO3/L
como os efluentes industriais e de refinarias, sendo emprega- na fase gasosa. A vazão de gás utilizada (1 L/min) e o volume
dos com o intuito de remover poluentes orgânicos de difícil de efluente (2 L) adicionado ao reator foram os mesmos para
degradação. Os POA diferem dos processos oxidativos con- todos os ensaios. O tempo de reação foi de 60 minutos para
vencionais pela geração dos radicais hidroxila, que são espé- todos os ensaios sendo retiradas alíquotas a cada 10 minutos
cies radicalares com elevado poder oxidante podendo atuar de modo a acompanhar a remoção de matéria orgânica. Após
na conversão dos contaminantes em produtos menos tóxicos; o tratamento do efluente pela oxidação avançada o mesmo era
agir na quebra de moléculas orgânicas gerando subprodutos encaminhado para a etapa de osmose inversa visando reduzir
menos complexos que podem ser tratados biologicamente a concentração de sais do efluente, possibilitando seu reúso
ou, em condições ótimas, mineralizar a grande maioria dos em torres de resfriamento ou para geração de vapor em cal-
poluentes orgânicos, convertendo-os a dióxido de carbono deiras de alta pressão, por exemplo. Os testes de longa dura-
(CO2), água e íons inorgânicos. Os radicais hidroxila são ra- ção consistiram na permeação do efluente de modo contínuo
dicais com elevado poder oxidante, muito maior do que os por 150 horas de modo a avaliar a tendência da membrana
dos oxidantes mais comumente utilizados, como o cloro. para formação de biofilme, anotando-se o fluxo de permeado
Além disto, a capacidade dos POA de mineralizar diversos de tempos em tempos. Foram realizados testes de permeação
poluentes é favorecida pela natureza não seletiva destes radi- de longa duração para o efluente tratado pelos processos O3/
cais hidroxila, que permite a reação do radical com os mais UV e O3/H2O2/UV, na pressão de 30 bar. A figura 2.1 ilustra
variados compostos orgânicos. O radical hidroxila se destaca o reator fotoquímico utilizado, assim como a unidade de os-
também pela cinética de reação com os poluentes, apresen- mose inversa.
tando valores bastante elevados para a maioria dos compostos
orgânicos.
A osmose inversa é um processo de separação por mem-
branas muito utilizado quando se deseja reter solutos de
baixa massa molar, como os íons inorgânicos. Possui como
vantagens o fato ser um processo utilizado no tratamento
de águas residuárias, reter micro-organismos e compostos
orgânicos antropogênicos, serem sistemas compactos, além
de poder atingir mais de 90% de remoção de sólidos dis-
solvidos. Um dos maiores problemas encontrados na opera-
ção da osmose inversa é o controle das incrustações. Estas
incrustações são fenômenos indesejáveis no qual o fluxo Figura 2.1 – Reator fotoquímico e unidade de osmose inversa em escala
de permeado é reduzido, podendo inviabilizar os custos de bancada.
operação do processo.
3. Resultados e discussão
2. Materiais e métodos 3.1 Ozonização
O efluente foi coletado após filtros de areia situados na Inicialmente, realizou-se os ensaios de ozonização do
saída da unidade de biodisco da Refinaria Gabriel Passos (Re- efluente nas concentrações de O3 de 3, 6 e 10 mg/L, na ausên-
gap) – Petrobras, localizada em Betim, município brasileiro cia de irradiação. Os resultados obtidos após 60 minutos de
do estado de Minas Gerais. reação estão apresentados na tabela 3.1.
A caracterização foi realizada através dos parâmetros de Tabela 3.1 – Resultados de ozonização do efluente industrial após 60
pH, condutividade, turbidez, demanda química de oxigênio minutos de ozonização e na ausência de irradiação
(DQO), carbono orgânico total (COT), absorbância no com- Remoções (%) 3 mg O3/L 6 mg O3/L 10 mg O3/L
primento de onda de 254 nm (ABS254), nitrogênio amoniacal COT 5 8 9
(NH4+) e sólidos suspensos totais (SST). Os resultados da ca- ABS254 53 67 66
racterização do efluente são apresentados na tabela 2.1. SUVA 53 64 62

Tabela 2.1 – Caracterização do efluente industrial utilizado no estudo


Sólidos
Condutividade Turbidez NH4+
pH DQO (mg/L) COT (mg/L) ABS254 Totais
(μS/cm) (UNT) (mg/L)
(mg/L)
6,73-7,61 1127-1953 0,02-0,26 39-81 12,2-16,6 0,33-0,39 1-17 7-57

no 347 Petro & Química 25


Artigo Técnico

Nestas condições operacionais, os resultados apresenta- da matéria orgânica foi novamente predominado pelo ataque
ram baixas remoções de COT. Este fato é justificado pela lite- direto do ozônio molecular.
ratura, visto que a ozonização raramente leva a mineralização Para a condição de operação com 6 mg O3/L foram obti-
dos compostos. Outro motivo responsável pela baixa remo- das baixas remoções de COT, apresentando um máximo de
ção de COT se deve ao fato do ozônio, no pH utilizado, gerar remoção de 21%, em média, para a lâmpada de 95 W. Foram
radicais hidroxila em quantidade menores, já que o mesmo obtidas boas remoções de cor, ABS254 e SUVA, em torno de
se decompõe completamente em radicais hidroxila somente 90% para o primeiro e 80% para os dois últimos. Apesar de
em pH básico, acima de valores de pH 10 (DEZOTTI, 2008; não mineralizar a matéria orgânica presente no efluente, o
LUCAS et al., 2010, SOUZA, 2010). Em pH neutro, como o processo O3/UV consegue degradar de certa forma esta maté-
do efluente industrial estudado, apenas em torno de 50% do ria orgânica ao ponto de gerar subprodutos menos complexos
ozônio dissolvido se decompõe em radicais hidroxila. Deste que, com um tratamento biológico, possam ser removidos
modo, o mecanismo de degradação predominante nas condi- (GONG et al., 2008).
ções empregadas neste estudo é a reação direta com o ozônio A utilização de maiores concentrações de O3 (10 mg/L)
molecular, que devido a sua seletividade não leva a mine- não apresentou bons resultados novamente, atingindo remo-
ralização dos poluentes. A redução de 60 % nos parâmetros ção de COT de 17%, em média, para a lâmpada de 95 W. Os
de ABS254 e SUVA sugere uma mudança nas características valores de remoção dos parâmetros cor, ABS254 e SUVA man-
do efluente, possivelmente tornando-o mais biodegradável tiveram-se em torno de 90% para o primeiro, e 75% para os
(GONG et al., 2008; GOTTSHALK et al., 2010). dois últimos, respectivamente. Os baixos valores de remoção
de COT evidenciam a característica recalcitrante dos com-
3.2 Processos Oxidativos Avançados - O3/UV e O3/H2O2/UV postos presentes na matriz aquosa do efluente, que o processo
O acoplamento dos processos de ozonização e radiação O3/UV não conseguiu degradar.
ultravioleta (O3/UV) foi utilizado no trabalho visando uma O aumento da concentração de O3, nas condições utiliza-
maior geração de radicais hidroxila, o que possibilitaria um das nesse estudo, causou uma remoção maior de COT, visto
aumento na remoção da matéria orgânica presente no efluen- que a maior concentração de ozônio na matriz aquosa repre-
te. Os valores de pH e condutividade do efluente permanece- senta uma maior decomposição de O3 em radicais hidroxila,
ram constantes durante todos os ensaios. A tabela 3.2 resume potencializada pela exposição do O3 à radiação ultravioleta. A
os valores de remoção dos principais parâmetros analisados concentração de O3 de 10 mg/L apresentou a mesma remoção
para os ensaios nas concentrações de 3, 6 e 10 mg/L. de COT que a concentração de 6 mg/L, possivelmente devido
Tabela 3.2 – Remoções de Cor, COT, ABS254 e SUVA para o processo a limitações de transferência de massa no reator, impedindo
O3/UV em diferentes condições de operação após 60 minutos de uma maior dissolução do O3 na matriz aquosa.
irradiação O aumento da intensidade de radiação UV teve impacto
Eficiência de remoção (%) positivo na remoção de COT. As lâmpadas de 55 e 95 W ren-
Potência da deram os mesmos valores de remoção de COT, sugerindo o
[O3]
Lâmpada Cor COT ABS254 SUVA emprego de um excesso de fótons no sistema, consequência
(mg/L)
UV-C (W) das baixas concentrações de O3 aplicadas no estudo.
3 15 78,0 ± 9,0 3,6 ± 0,6 56,3 ± 1,2 56,0 ± 3,0 Após a realização dos ensaios O3/UV foi determinada a me-
3 55 79,9 ± 13,5 11,5 ± 0,3 68,1 ± 4,2 64,0 ± 4,6 lhor condição de operação tendo como base a remoção de COT.
3 95 90,0 ± 2,0 10,9 ± 0,8 64,1 ± 3,2 60,1 ± 4,6
As maiores remoções de COT para o processo O3/UV foram ob-
6 15 89,0 ± 1,4 13,4 ± 0,4 74,7 ± 6,6 70,8 ± 7,5
tidas empregando-se a concentração de ozônio de 6 mg/L. Para-
6 55 93,1 ± 2,0 18,4 ± 2,7 84,0 ± 2,7 80,7 ± 2,2
lelamente, pode-se observar que a lâmpada de 95 W não rendeu
6 95 94,5 ± 4,0 21,4 ± 2,9 83,6 ± 1,5 79,1 ± 1,1
uma remoção de matéria orgânica significativa perante a lâmpa-
10 15 90,0 ± 1,0 10,6 ± 0,5 75,6 ± 0,3 73,6 ± 0,3
10 55 91,7 ± 0,6 16,5 ± 2,1 84,5 ± 0,1 81,9 ± 0,1
da de 55 W. Com isso, a condição experimental selecionada para
10 95 93,4 ± 1,5 17,3 ± 2,1 81,4 ± 2,1 77,7 ± 0,7 prosseguir as atividades experimentais foi a de concentração de
O3 de 6 mg/L e de intensidade de radiação de 55 W. Vale ressal-
Para a concentração de O3 de 3 mg/L foram obtidas baixas tar que mesmo a melhor condição de operação para o processo
remoções, para todas as lâmpadas UV-C utilizadas (15, 55 e O3/UV proporcionou baixas remoções de COT.
95 W), sendo estas remoções semelhantes às remoções obti- Visando uma maior remoção de COT e, consequentemen-
das quando apenas a ozonização foi empregada, sem a adição te, evitar maiores incrustações da membrana de OI foram re-
de luz ultravioleta. Estes resultados mostram que a adição de alizados ensaios empregando-se um maior tempo de reação
luz ultravioleta (mesmo em potências elevadas) não foi capaz (180 minutos) para o processo O3/UV e adição de peróxido
de decompor o ozônio em radicais hidroxila, possivelmente de hidrogênio nas proporções C:H2O2 de 1:1 e 1:2. A tabela
devido à baixa concentração de O3 dissolvido na matriz aquo- 3.3 resume os resultados obtidos para os ensaios realizados
sa. Adicionando-se este fato ao pH do efluente, em torno da a partir da melhor condição operacional observada na etapa
neutralidade, pode-se supor que o mecanismo de degradação de O3/UV.

26 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

Tabela 3.3 – Remoções de COT e ABS254 nos ensaios de ozonização com adição de peróxido ([O3] = 6 mg/L e Lâmpada UV-C de 55 W)
Eficiência de remoção (%)
Proporção
Processo Tempo de reação (min) COT ABS254
C:H2O2
O3/UV - 60 18 ± 3 84 ± 3
O3/H2O2/UV 1:1 60 42 ± 1 90 ± 1
O3/H2O2/UV 1:2 60 67 ± 1 92 ± 1
O3/UV - 180 50 ± 1 90 ± 1
O3/H2O2/UV 1:1 180 68 ± 1 92 ± 1
O3/H2O2/UV 1:2 180 80 ± 2 93 ± 1

A adição de H2O2 ao processo O3/UV promoveu resulta- no de 5,0, faixa recomendada para a utilização em equipamentos
dos bastante positivos no que tange a remoção de COT, para como a osmose inversa. Deve-se ressaltar que nesses ensaios (ta-
as duas proporções C:H2O2 de 1:1 e 1:2, resultando num au- bela 3.4) não foi obtida uma boa redução do SDI, no entanto para
mento na remoção de COT de 133% para a proporção C:H2O2 outras amostras foram obtidos resultados de SDI menores que 3.
de 1:1 e de 272% para a proporção C:H2O2 de 1:2. Estes re- Durante os ensaios de permeação da etapa de osmose in-
sultados estão de acordo com o disposto na literatura, já que versa foram analisadas as características da alimentação, do
o peróxido de hidrogênio proporciona uma maior geração de permeado e do concentrado, além do fluxo de permeado. To-
radicais hidroxila na matriz aquosa, aumentando o poder oxi- dos os ensaios de permeação foram realizados em triplicata.
dativo do sistema e, consequentemente, a eficiência na remo- Os parâmetros utilizados para a caracterização do efluente fo-
ção de COT. O processo O3/UV sem adição de peróxido tem ram pH, condutividade, COT e nitrogênio amoniacal. A figu-
sua cinética de reação favorecida com o aumento do tempo ra 3.1 ilustra o acompanhamento da condutividade e do COT,
de reação para 180 minutos, atingindo aumento em 178% na respectivamente, durante o ensaio de permeação nas pressões
remoção de COT, o que também já era esperado. de 30 e 25 bar e graus de recuperação de 0 – 25 %.
Portanto, a reação de O3/UV com a adição de H2O2 na
proporção de C:H2O2 de 1:2 e um tempo de reação de 180
minutos proporcionou grande remoção de matéria orgânica
(80% de remoção de COT e 93% de remoção de ABS254) e um
aumento de 515% na eficiência de remoção de COT quando
comparado com o processo O3/UV realizado com 60 minutos
de reação. Estes resultados comprovam que a oxidação via
radical •OH é muito mais eficiente para este efluente do que Figura 3.1 – Valores de condutividade e COT da corrente de permeado
a reação via ozônio molecular para a remoção de COT, ainda para os ensaios de permeação ( ) P = 30 bar ( • ) P = 25 bar.
que pequenas quantidades de peróxido de hidrogênio tenham Os ensaios de permeação renderam remoções de 95 % de COT
sido adicionadas. Este efluente foi então encaminhado para a e condutividade e redução de nitrogênio amoniacal de 73 % para a
etapa de OI. pressão de 25 bar. Já com a pressão de 30 bar, houve remoção de
96 % para condutividade, 88 % para COT e 77 % para NH4+, va-
3.3 Osmose Inversa lores obtidos para o grau de recuperação (R) de 25 %. O fluxo de
De modo a avaliar a redução do potencial incrustante do permeado se manteve relativamente constante durante os ensaios,
efluente, foram realizados ensaios de Índice de Densidade em torno de 95 L.h-1.m-2. A tabela 3.5 apresenta as características
de Sedimentos (SDI) para o efluentes tratado pela etapa de das correntes de alimentação, permeado e concentrado para os en-
oxidação avançada e para o efluente biotratado, visando sua saios nas pressões de operação de 25 e 30 bar.
posterior utilização na etapa de osmose inversa. O SDI15 do Tabela 3.5 – Características da alimentação, permeado e concentrado
efluente foi de 5,9 ± 0,1 (pH = 7,5 e T = 25 ºC) o que indica a para o ensaio de osmose inversa nas pressões de 25 e 30 bar e
necessidade de um pré-tratamento antes da etapa de osmose R = 25% com efluente pós-O3/H2O2/UV e irradiação por 180 minutos
inversa (MOSSET et al., 2008; DIAS, 2011). Os resultados
Pressão COT NH4+
de SDI15 dos efluentes tratados pelos processos O3/UV e O3/ pH λ (μS/cm)
(bar) (mg/L) (mg/L)
H2O2/UV estão rapresentadas na tabela 3.4. Alimentação 7,2 ± 0,5 1314 ± 152 4,1 ± 0,3 1,04 ± 0,09
Permeado
Tabela 3.4 – Resultados de SDI15 do efluente após tratamento oxidativo 25 (R = 25%) 6,0 ± 0,7 58 ± 23 0,2 ± 0,1 0,26 ± 0,01
Proporção Tempo de Concentrado 7,6 ± 0,1 1707 ± 1 3,3 ± 1,0 0,49 ± 0,02
Processo pH T (ºC) SDI15
C:H2O2 reação (min) (R = 25%)
O3/UV - 180 7,7 25 4,9 ± 0,1 Alimentação 7,5 ± 0,1 1184 ± 15 4,0 ± 0,3 0,52 ± 0,17
O3/H2O2/UV 1:2 180 8,3 25 5,3 ± 0,1 Permeado (R 7,9 ± 0,1 42 ± 8 0,5 ± 0,3 0,12 ± 0,05
30 = 25%)
Concentrado 7,7 ± 0,1 1643 ± 103 4,2 ± 0,4 0,37 ± 0,09
Os resultados obtidos de SDI15 apresentaram valores em tor- (R = 25%)

no 347 Petro & Química 27


Artigo Técnico

As características do efluente gerado foram analisadas Após os ensaios de osmose inversa foi feita a microsco-
após a etapa de osmose inversa visando sua possibilidade de pia de epifluorescência das membranas de modo a analisar as
adequação aos padrões requeridos para o reúso industrial. A células vivas e mortas no biofilme. Nestes ensaios, as células
etapa de osmose inversa forneceu efluente apto para reúso vivas ficam coradas de verde e as células mortas, de vermelho.
nas condições mais exigentes, como caldeiras de alta pressão, Foi realizada a microscopia de epifluorescência do efluente
como mostrado pela tabela 3.6. biotratado e do efluente pré-tratado pelo processo O3/H2O2/UV
(figura 3.3).
Tabela 3.6 Comparação entre os parâmetros de qualidade do efluente
gerado através do acoplamento POA-OI e os requeridos para o reúso
em caldeiras de alta pressão
Efluente Efluente após Efluente após Caldeira de
Parâmetro
biotratado etapa de POA etapa de OI Alta Pressão
pH 6,73 - 7,61 7,3 - 8,2 7,9 ± 0,1 8,2 - 9,0
Condutividade
1127 - 1953 1368 - 1463 42 ± 8 60
(μS/cm)
Turbidez
0,02 - 0,26 - - -
(UNT)
DQO (mg/L) 39 - 81 - - 1
COT (mg/L) 12,2 - 16,6 3,2 - 4,8 0,5 ± 0,3 -
ABS254 0,33 - 0,39 0,026 - 0,030 - -
Amônia (mg/L) 1 - 17 3 - 17 0,12 ± 0,05 1
SST (mg/L) 7 - 57 - - 0,5

A queda do fluxo de permeado está representada pela fi-


gura 3.2.

Figura 3.3 Microscopia de epifluorescência das membranas: (a) e (b)


Efluente biotratado; (c) e (d) Efluente pós-processo O3/H2O2/UV
Com as imagens de microscopia, pode-se observar uma
menor presença de microorganismos no tratamento com o
processo O3/H2O2/UV, apesar de formação de biofilme pelo
tratamento de POA, comprovou-se a eficácia de um pré-trata-
mento. Ao compararem as figuras 3.3c e 3.3d pode-se obser-
var maior presença de células mortas do que vivas na mem-
brana após o tratamento do efluente pelo processo oxidativo.

Figura 3.2 Avaliação da queda do fluxo de permeado durante teste de 4. Conclusões


permeação de longa duração ( • ) O3/UV e ( • ) O3/H2O2/UV Os ensaios de ozonização não apresentaram remoção de
Mesmo apresentando boa remoção de matéria orgânica o matéria orgânica significativa. No entanto, a redução de ABS254
processo O3/UV não foi capaz de evitar a formação de biofil- sugere uma modificação das substâncias químicas presentes no
me na membrana de osmose inversa, apresentando acentuada efluente, possivelmente gerando compostos biodegradáveis. A
queda no fluxo de permeado após as 150 horas. O processo utilização de radiação ultravioleta acoplada com o ozônio com-
O3/H2O2/UV, no entanto, não apresentou queda acentuada do provou o efeito sinérgico do processo O3/UV, elevando as remo-
fluxo de permeado, corroborando os resultados de remoção ções de todos os parâmetros analisados. A eficiência de remoção
de matéria orgânica. A tabela 3.7 apresenta um resumo dos de COT, no entanto, apresentou valores baixos, para as condi-
valores de queda de fluxo de permeado. ções de oxidação empregadas, indicando que não foi possível
obter a mineralização dos compostos presentes no efluente. Com
Tabela 3.7 – Valores de fluxo de permeado após o teste de permeação esses resultados, pode-se concluir que a oxidação pelo radical
de 150 h. •
OH foi mais efetiva que a oxidação via ozônio molecular. Esta
Fluxo Inicial Fluxo Final (L Queda do fluxo afirmação foi suportada pelos resultados obtidos quando se adi-
Processo
(L h-1 m-2) h-1 m-2) (%) cionou peróxido de hidrogênio no meio reacional.
O3/H2O2/UV 66 52 21
Foi observado um pequeno aumento do pH do efluente du-
O3/UV 92 26 71
rante os ensaios oxidativos, possivelmente devido ao aumento da

28 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

concentração de amônia no meio, gerada pela reação do ozônio DIAS, I. N., 2011, MBBR Acoplado a Filtro Lentro de Areia e a Osmose
Inversa para o Tratamento de Efluente da Indústria de Petróleo Visan-
com os compostos nitrogenados presentes. Os melhores resulta-
do Reuso, Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ,
dos de remoção de COT foram obtidos para o processo O3/UV Brasil.
com concentração de ozônio de 6 mg/L e lâmpada de 55 W. A GONG, J., LIU, Y., SUN, X., “O3 and UV/O3 Oxidation of Organic Consti-
adição de H2O2 na proporção molar C:H2O2 de 1:2 aumentou tuents of Biotreated Municipal Wastewater”, Water Research, n. 42, pp.
1238-1244, 2008.
consideravelmente a eficiência do processo, caracterizando esta GOTTSCHALK, C., LIBRA, J. A., SAUPE, A., Ozonation of Water and
como a condição escolhida para a etapa de osmose inversa. Waste Water – A Practical Guide to Understand Ozone and its Appli-
A análise do Índice de Densidade de Sedimentos (SDI) do cations, 2 ed. WILEY-VCH Verlga GmbH & Co. KGaA, Weinheim,
2010.
efluente tratado pelos processos O3/UV e O3/H2O2/UV apresen- LUCAS M. S., PERES J. A., PUMA G. L., “Treatment of Winery Wastewater
tou valores dentro da faixa aceitável para operação em equipa- by Ozone-based Advanced Oxidation Processes (O3, O3/UV e O3/H2O2/
mentos de osmose inversa. O valor de SDI do efluente bruto se UV) in a Pilot-scale Bubble Column Reactor and Process Economics”,
Separation and Purification Technology, n. 72, pp. 235-241, 2010.
apresentou fora desta faixa, caracterizando a necessidade da eta- MANCUSO P. C. S. & SANTOS H. F., Reúso de Água, 1 Ed. Manole, Ba-
pa de oxidação avançada anterior a processo com membranas. rueri, SP, 2003.
Foi observada queda do fluxo de permeado durante os en- MIERZWA, J.C., HESPANHOL, I., Água na indústria - Uso racional e reú-
so., In: Oficina de Textos, São Paulo, 2005
saios de osmose inversa, indicando a formação de incrustações MOSSET, A., BONNELYE, V., PETRY, M. et al., “The Sensitivity of SDI
na membrana. A formação de biofilme na membrana foi eviden- Analysis: from RO Feed Water to Raw Water”, Desalination, n. 222, pp.
ciada pela microscopia de epifluorescência para ambos os pro- 17-23, 2008.
SCHNEIDER, E.E., 2010, Avaliação de um Reator de Leito Móvel com
cessos, porém, a queda de fluxo de permeado foi muito menos Biofilme Para Tratamento de Efluente da Indústria do Petróleo, com
acentuada quando o processo O3/H2O2/UV foi aplicado prelimi- Posterior Ozonização Acoplada a Carvão Ativado Granular com
narmente. Os ensaios de osmose inversa apresentaram ótimos Biofilme, Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil.
resultados de remoção de condutividade, nitrogênio amoniacal e
SCHON, H. K., VIGNESWARAN, S., KIM, IN S. et al., “Fouling of Ul-
carbono orgânico total, adequando o efluente aos padrões de reú- trafiltration Membrane by Effluent Organic Matter: A Detailed Charac-
so mais exigentes, como para geração de vapor em caldeiras. terization using Different Organic Fractions in Wastewater”, Journal of
Membrane Science, n. 278, pp. 232-238, 2006.
5. Referências bibliográficas SOUZA, B.M., 2010, Avaliação de Processos Oxidativos Avançados Aco-
plados com Carvão Ativado Granulado com Biofilme para Reúso de
DEZOTTI, M., Processos e Técnicas para o Controle Ambiental de Efluentes Efluentes de Refinaria de Petróleo, Dissertação de Mestrado, COPPE/
Líquidos. 1 ed. Rio de Janeiro, E-papers Serviços Editoriais Ltda, 2008. UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

no 347 Petro & Química 29


Artigo Técnico

Considerações sobre a norma CNEN-


NN 3.01: proteção dos trabalhadores
expostos à radiação ionizante
aplicada à indústria de petróleo e gás
Ludmila Maria Perez de Barros Pereira Sergio Pinto Amaral
Mestranda em Sistemas de Gestão Doutor em ciências em Planejamento Energético e
Especialista em Direito Ambiental Ambiental pela COPPE/UFRJ
Consultora e Advogada - Petrobras Engenheiro Químico
Consultor Ambiental da Área Internacional da
Petrobras e Professor colaborador da UFF/LATEC
Resumo Tal espécie de radiação consiste em ondas eletromagné-
Este artigo visa descrever os marcos regulatórios aplicá- ticas que se propagam com grande energia, em razão da alta
veis à proteção da saúde ocupacional do trabalhador expos- velocidade de seu movimento, podendo interagir com outras
to às radiações ionizantes, sejam elas provenientes de usos matérias e, em alguns casos, ser bastante penetrantes, geran-
industriais ou de materiais radioativos de origem natural, e do, assim, efeitos diversificados sobre matérias, como, por
demonstrar que a Norma CNEN-NN 3.01, editada a partir da exemplo, calor.
Resolução CNEN/CD n.º 27, de 17/12/2004, que rege a pro- Para a percepção humana, as radiações ionizantes são in-
teção do trabalhador exposto à radiação ionizante decorrente visíveis, inodoras, inaudíveis e indolores, mas nem por isso
de processos industriais, necessita ser revista para sua aplica- sem potencial de causar alteração nos tecidos e órgãos huma-
bilidade plena, em se tratando da gestão da segurança e saúde nos, causando prejuízos à saúde do trabalhador.
dos trabalhadores da atividade de exploração e produção de Em qualquer hipótese, a radiação ionizante requer um ge-
petróleo no Brasil, visando dar maior segurança jurídica para renciamento adequado de modo a evitar e/ou reduzir a expo-
as empresas que atuam neste segmento. sição do trabalhador a esta, na medida em que existe o risco
de serem causados danos à sua saúde caso não sejam adota-
Introdução das as medidas de segurança pertinentes.
A busca por um meio ambiente de trabalho seguro deve Existem duas maneiras através das quais os trabalhado-
ser uma das metas presente no planejamento estratégico de res podem sofrer danos em razão de exposição inadequada à
qualquer organização. A atividade industrial, de modo ge- radiação ionizante: irradiação e contaminação. A irradiação
ral, pelo seu dinamismo e complexidade, traz muitos riscos ocorre quando há exposição à fonte externa pelo organismo,
à saúde e segurança da força de trabalho. O gerenciamento enquanto a contaminação ocorre com a exposição interna à
de tais riscos, conjugado com a busca por um meio ambiente radiação, através da inalação, ingestão e absorção.
de trabalho seguro e saudável deve estar dentre os objetivos Consta na literatura especializada que a exposição do
de qualquer organização, em pé de igualdade com o foco na trabalhador à radiação ionizante sem a devida proteção pode
produtividade, lucro e respeito ao meio ambiente, o que cer- causar danos a tecidos humanos, através da ionização, que é o
tamente não é uma tarefa simples. processo pelo qual a radiação, por meio de reações químicas,
causa efeitos biológicos nos tecidos, acarretando sua altera-
Contextualização do tema ção estrutural.
As radiações ionizantes são largamente aplicadas nos pro- De acordo com a Enciclopédia de Saúde e Segurança
cessos industriais para controlar a qualidade e a segurança de do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho -
determinados equipamentos fixos (raios X, radiografia e ga- OIT (1998), a radiação ionizante pode causar a separação
magrafia) ou decorrentes deste, como por exemplo, os mate- dos elétrons dos átomos e das moléculas com que interage,
riais radioativos de origem natural provenientes da atividade rompendo as ligações químicas das células e provocando
de exploração e produção de petróleo. alterações moleculares. Ainda segundo este estudo, as alte-

30 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

rações celulares podem ocasionar, dependendo do período radiação ionizante.


de tempo de exposição e da predisposição do indivíduo, da- Todavia, o texto normativo deve ser preciso, o que nem
nos celulares das seguintes espécies: alterações em células sempre acontece com a Norma CNEN-NN 3.01, razão pela
em fase de divisão; interferência na substituição de células qual segue análise crítica de alguns itens da referida norma
maduras; atrofia ou deterioração na função de um tecido; que poderiam ser objeto de melhoria, para dar maior seguran-
fibroses e arterioscleroses, sendo que a pele, medula óssea, ça jurídica ao administrado e à própria Administração Públi-
tecido linfócito, intestino, órgãos reprodutivos, aparelho ca, além de evitar questionamentos futuros acerca da validade
respiratório e cristalino dos olhos são os tecidos humanos da Norma.
mais vulneráveis à radiação ionizante, sendo que os efeitos O subitem 1.2, alínea ‘b’, traz um tipo aberto de regula-
prejudiciais à saúde não se restringem apenas aos indivídu- mentação, na medida em que fixa a aplicabilidade da Norma
os expostos sem a devida proteção, mas podem, também, ser CNEN-NN 3.01 a todas as situações envolvendo material ra-
transmitidos hereditariamente. dioativo de origem natural que a CNEN considere necessário,
Especificamente em relação à saúde ocupacional dos sem estabelecer, entretanto, qualquer critério técnico para tal
trabalhadores, sabe-se que aqueles que trabalham em locais definição, o que deveria ser objeto de revisão, de modo que
onde a radiação ionizante é utilizada para controle de seus estivesse previsto na própria norma quais são os critérios mí-
processos ou está associada a alguma etapa de seu processo nimos que podem dar ensejo ao controle da CNEN.
produtivo podem estar expostos aos riscos provenientes da O subitem 1.2.5, por sua vez, trata das hipóteses de ex-
exposição inadequada à radiação ionizante caso ocorra inala- clusão do controle da CNEN, mas também não traz qualquer
ção da poeira, exposição externa da pele e ingestão de água parâmetro objetivo para afastar a incidência da Norma, dei-
ou comida contaminada. xando a critério do órgão regulatório a análise casuística da
Relativamente ao aspecto normativo que rege o tema, situação, do mesmo modo como subitem 1.2 ‘b’, acima res-
cabe mencionar que cabe à Comissão Nacional de Energia saltado. A mesma situação ocorre para as hipóteses de dispen-
Nuclear – CNEN, vinculada ao Ministério de Ciência e Tec- sa, prevista no subitem 5.3.7.
nologia, a orientação, planejamento, supervisão, fiscalização, Em todos os dispositivos invocados acima, diante da
pesquisa científica e regulamentação da matéria no país (Lei omissão contida na norma, a Administração Pública poderia
6.189/74. artigo 1º, I). aplicar critérios distintos em situações análogas, o que viola-
Ao Ministério do Trabalho e Emprego compete a fiscali- ria o princípio da isonomia (CF, artigo 5º).
zação do cumprimento das normas de segurança e saúde do Pelo exposto, sugere-se a revisão dos critérios para in-
trabalhador, dentre as quais se incluem as normas da CNEN cidência, exclusão e dispensa do controle regulatório pela
relacionadas ao tema (CLT, artigo 155, II), com vistas a cum- CNEN, de modo que conste na própria Norma CNEN-NN
prir os direitos dos trabalhadores garantidos pela CF, dentre 3.01 elementos objetivos para a caracterização de tais hipó-
os quais o de terem reduzidos os riscos inerentes ao trabalho, teses, de modo a garantir a segurança jurídica ao gestor da
por meio de normas de saúde, higiene e segurança (artigo 7º, organização que utilize o material radioativo em seu processo
XXII). produtivo e viabilizar a gestão adequada dos riscos e perigos
Diante da complexidade das medidas que devem ser ado- identificados no meio ambiente de trabalho.
tadas para dar cumprimento às normas legais e regulamenta- Outro ponto que poderia ser objeto de melhoria na Norma
res que regem a matéria, as empresas devem dispor de uma CNEN-NN 3.01 relaciona-se ao subitem 5.1, que não se mos-
estrutura interna de gerenciamento dos riscos de SMS (se- tra adequado para disciplinar a gestão do material radioativo
gurança, meio ambiente e saúde), visando planejar, executar, de origem natural nas atividades de exploração e produção
avaliar e corrigir (PDCA) as medidas necessárias para atingir de petróleo, na medida em que, na maior parte das vezes, a
a conformidade legal, de acordo com as melhores práticas de identificação da radiação associada ao petróleo somente ocor-
gestão e normas aplicáveis. re ao longo do processo produtivo, impossibilitando que o
Ao analisar a regulamentação vigente percebe-se que a gestor da unidade adote previamente os requisitos descritos
Norma CNEN-NN 3.01 é o texto principal que rege a pro- nos subitens 5.2 – Requisitos Gerais, 5.3 – Requisitos Admi-
teção da saúde e segurança ocupacional do trabalhador rela- nistrativos, 5.4 – Requisitos Básicos de Proteção Radiológica
cionada ao tema, cujo conteúdo será objeto de análise critica e 5.5 – Requisitos de Gestão da norma em tela.
a seguir. Tal situação poderia dar ensejo à caracterização de uma
desconformidade da instalação produtora de petróleo à Nor-
Oportunidades de melhorias da Norma CNEN-NN 3.01 ma CNEN-NN 3.01, impactando negativamente na certifica-
Embora pudesse ser questionada a validade da Norma ção do SGSSO e dando ensejo à aplicação de penalidades na
CNEN-NN 3.01 face ao princípio constitucional da lega- esfera administrativa.
lidade, a presente análise partirá da premissa de que houve Sendo assim, sugere-se como ponto de melhoria, a inclu-
delegação à CNEN para editar normas infralegais na seara são de prazo mínimo para que a instalação se adapte à Nor-
de proteção da segurança e saúde do trabalhador exposto a ma CNEN, a partir da identificação do material radioativo de

no 347 Petro & Química 31


Artigo Técnico

origem natural, caso a CNEN entenda que a referida norma é de Garantia da Qualidade aplicável ao sistema de proteção
aplicável à gestão de tal material radioativo. radiológica”, sem especificar, ou ao menos conceituar no
Quanto ao subitem 5.3.1, percebe-se que este exige a item 3 da Norma, em que consistiria tal programa, o que
obtenção de prévio ato administrativo da CNEN, a partir da certamente pode trazer dificuldades na aplicação da norma
mera “intenção” de se utilizar radiação ionizante em âmbito e poderia ser objeto de uma definição normativa sobre seu
industrial, o que também não parece adequado para a hipótese conteúdo mínimo.
de ocorrência de material radioativo de origem natural nas Outro dispositivo que poderia ser objeto de revisão por
atividades de exploração e produção de petróleo. parte da CNEN está disciplinado no subitem 5.6.1, alínea ‘b’,
Tal assertiva se justifica pelo mesmo fundamento utiliza- ao prever que o titular da instalação deve determinar a mag-
do para ao subitem 5.1 acima, posto que na maior parte das nitude das exposições ocupacionais “normais” em todos os
vezes a identificação da radiação associada ao petróleo so- estágios envolvidos, o que não se mostra adequado para a hi-
mente ocorre ao longo do processo produtivo, situação que pótese de material radioativo de origem natural, proveniente
impossibilita que o gestor da unidade obtenha, previamente da atividade de exploração e produção de petróleo, na medida
ao início da atividade de E&P, ato administrativo da CNEN em que nem sempre o titular da instalação consegue determi-
regularizando a prática, o que, embora não dispense a organi- nar a magnitude prevista para a exposição ocupacional logo
zação de obtê-lo posteriormente, sujeita a mesma a eventual no início da atividade, já que a concentração de radionuclí-
aplicação de sanções e a desconformidades em seu SGSSO. deos pode variar de poço para poço e ao longo do próprio
Sendo assim, sugere-se, como ponto de melhoria, que seja processo produtivo.
criado subitem próprio, prevendo prazo específico para que o Sendo assim, entende-se que deveria ser adequada a alí-
gestor da unidade requeira junto a CNEN ato administrativo nea ‘b’ do subitem 5.6.1, de modo a prever que na ocorrência
correspondente, quando houver a identificação de ocorrência de material radioativo de origem natural, a magnitude da ex-
de material radioativo de origem natural ao longo do proces- posição ocupacional será estimada, por exemplo, com base
so produtivo de E&P, caso a CNEN entenda que a referida nos valores identificados durante um período determinado de
norma seria aplicável para a gestão de material radioativo de tempo para aquele poço ou mesmo em casos análogos (de po-
origem natural. ços localizados na mesma região geográfica), caso a CNEN
Acrescente-se, por outro lado, que a Norma não estabele- entenda que a referida norma seria aplicável para a gestão de
ce qual seria o procedimento a ser seguido pelo gestor onde material radioativo de origem natural.
haja a ocorrência de material radioativo, nem deixa claro qual Por fim, o último dispositivo que poderia ser revisto diz
a espécie de ato administrativo que deve ser expedido pela respeito ao subitem 5.7.4, que estabelece que o titular da ins-
CNEN para a hipótese, fazendo referência, tão somente, à talação deverá obter, previamente ao início dos trabalhos, o
“obtenção das licenças, autorizações ou quaisquer outros atos histórico de exposição ocupacional dos empregados tercei-
administrativos pertinentes, de acordo com Normas aplicá- rizados, o que pode não ser possível na hipótese material ra-
veis da CNEN”, o que certamente traz insegurança jurídica dioativo de origem natural proveniente da atividade de explo-
ao administrado e dificuldades na aplicação da Norma pela ração e produção de petróleo, na medida em que, como dito
Administração Pública. anteriormente, nem sempre é possível identificar de plano que
No que tange à espécie de ato administrativo que deve aquele campo de petróleo está associado a radiação ionizante,
ser obtido pelo administrado importa mencionar que, sob o já que a própria ocorrência de tais radionuclídeos pode não
ponto de vista jurídico, é muito importante que a CNEN o estar presente em todos os poços de petróleo.
defina previamente, diante da diferença de alcance de cada No mesmo sentido, entende-se que deveria ser adequado
um deles. o subitem 5.7.4, de modo a prever que na ocorrência de ma-
Pelo conteúdo da Norma CNEN-NN 3.01, parece que pre- terial radioativo de origem natural, o titular da instalação, em
enchidos os requisitos descritos na Norma pelo administrado, prazo determinado, exigirá do empregador o histórico das ex-
especialmente de proteção radiológica (justificação, limitação posições ocupacionais dos terceirizados expostos a tal agente,
da dose individual e otimização), este possui o direito subjeti- caso a CNEN entenda que a referida norma seria aplicável
vo à obtenção do ato administrativo que viabiliza a utilização para a gestão de material radioativo de origem natural.
de radiação ionizante em nível industrial, cuja natureza jurí-
dica consiste em uma licença. Conclusão
No que tange ao subitem 5.3.4, percebe-se que faltam Diante de todo o exposto percebe-se que o tema tratado
critérios objetivos, definidos na norma, relacionados à estru- neste artigo guarda relação estreita com a proteção da vida e
tura de proteção radiológica que pode vir a ser exigida pela saúde do trabalhador que presta serviços em locais onde haja
CNEN, o que representa outro ponto de melhoria da norma, a ocorrência de radiação ionizante.
de modo a dar maior segurança jurídica em sua aplicação. Realizada a contextualização dos aspectos técnicos e le-
Quanto ao subitem 5.3.8, alínea ‘r’, a norma prevê que gais da saúde e segurança do trabalhador exposto à radiação
deve ser fornecido pelo titular da instalação um “Programa ionizante de uso industrial ou proveniente de materiais radio-

32 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

ativos de origem natural, foi trazido um panorama geral sobre CARDOSO. Eliezer de Moura Radioatividade Apostila educativa da
o tema no país, identificando-se que as radiações ionizantes Comissão Nacional de Energia Nuclear..Disponível em: www.
têm ampla aplicação no âmbito industrial, visando controlar cnen.gov.br.
a qualidade/segurança de determinados equipamentos fixos. CHERRY, R. N. Enciclopedia de Salud y Seguridad en el Trajo. OIT,
Por outro lado, foi exposto que a radiação ionizante tem po- Espanha, 2001. Disponível em: http://www.mtas.es/insht/En-
tencial para causar alteração nos tecidos e órgãos dos traba- cOIT/Index.htm. Acesso em: 10 out. 2007.
lhadores expostos, os quais também podem ser transmitidos FIGUEREDO, G. P. Direito Ambiental e a Saúde dos Trabalhadores.
hereditariamente. São Paulo: RT, 2006.
Por fim, verificou-se que a Norma CNEN-NN 3.01 neces- FRYSINGER, Steven. An integrated environmental information sys-
sita de uma série de melhorias para sua aplicação aos mate- tem (IEIS) for corporate environmental management. Advances
riais radioativos de origem natural, visando dar maior segu- in Environmental Research. Nova York, n. 5, p. 361-367, 2001.
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 3 ed. São Paulo: Editora Re-
rança jurídica nas relações entre o Estado e os administrados
vista dos Tribunais, 2004.
assim como evitar dúvidas na interpretação de seus dispositi-
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT. En-
vos, para a plena proteção da integridade física dos trabalha-
ciclopédia de Saúde e Segurança no Trabalho. 4a ed. Genebra:
dores expostos e conformidade legal da empresa.
OIT, 1998. [Versão em espanhol disponibilizada através de link
Referências bibliográficas no site www.anamt.org.br].
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BRASIL. Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988. Diário rials (NORM) in petroleum industry. Argonne National Labora-
Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 05 de tory, Argonne, dez. 1992. Publicação 335. Disponível em: http://
outubro de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/cci- www.ead.anl.gov/pub/. Acesso em: 10 out. 2007.
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mas/mostra-norma.asp?op=301. Acesso em: 13 out. 2008. Editora Aquariana, 2001.

no 347 Petro & Química 33


Artigo Técnico

Determinação da concentração
de HPAs presentes em gases de
combustão oriundos da queima de
gás natural e biomassa
Faria, A. P. S.; Ulson de Souza, A. A.; Guelli U. SOUZA, S. M. A.
UFSC - Programa de Pós-graduação em Engenharia Química – Laboratório de Transferência de Massa

alguns tipos de revestimentos cerâmicos. A principal etapa de


Resumo geração destes produtos é o cozimento da cerâmica nos for-
A queima de combustíveis fósseis e biomassa em equi- nos. Portanto, este setor apresenta um gasto significativo de
pamento industrial tem um papel importante nas emissões energia, inviabilizando o uso da energia elétrica (Kawagutti,
de gases de efeito estufa para a atmosfera. Muitos compos- 2004). Embora algumas indústrias desta região já façam uso
tos gerados pela queima incompleta de combustíveis podem do gás natural como meio de obtenção de energia, a lenha
causar sérios riscos para saúde humana e ambiente, sendo ainda é uma de suas principais fontes. A grande demanda de
genotóxicos, mutagênicos e carcinogênicos. Dentre estes lenha para a indústria vem de encontro com as políticas de
compostos, destacam-se os hidrocarbonetos aromáticos po- reflorestamento, além de contribuir para o aumento dos níveis
licíclicos, conhecidos como HPAs. Uma alternativa para a de dióxido de carbono e monóxido de carbono na atmosfe-
redução destes compostos poluentes é o uso de combustí- ra. Este cenário torna-se bastante propício para a inserção de
veis mais limpos. O principal objetivo deste estudo é in- novos combustíveis, menos poluentes, como é o caso do gás
vestigar a presença de quatro HPAs (fluoreno, fenantreno, natural. Este se apresenta tecnicamente viável para o setor,
benzo(a)antraceno e criseno), os quais apresentam maior contribuindo para a redução do uso da lenha e das emissões
efeito carcinogênico e mutagênico, nos gases de combustão de poluentes. Diferentemente dos óleos, é considerado isento
oriundos da queima de gás natural e biomassa de dois fornos de enxofre; por estar no estado gasoso torna-se mais fácil seu
industriais de uma indústria cerâmica na região sul de Santa controle de queima, além de possuir uma baixa produção de
Catarina. Esta informação é importante na avaliação do im- particulados. É possível controlar a sua queima até altos ní-
pacto tanto da qualidade do ar, quanto da saúde humana para veis de temperatura, possibilitando a fabricação de produtos
toda a região, assim como para a avaliação do combustível mais nobres e de maior valor agregado (Dos Santos, 2001).
mais adequado, em termos ambientais. Através dos resulta- De acordo com Lopes e Andrade (1996), os HPAs são
dos obtidos neste trabalho, pode-se concluir que o gás na- formados em processos de combustão incompleta, a altas
tural produz compostos mais leves e em uma concentração temperaturas, sendo emitidos essencialmente por todos os
menor, enquanto a lenha, por se tratar de um combustível tipos de combustão. Tais compostos são formados por núcle-
mais pesado, tem como produtos de sua combustão poliaro- os condensados de anéis aromáticos, conforme mostrado na
máticos de maior massa molecular. figura 1. Pode se apresentar tanto na fase gasosa como na
fase sólida, depositados no material particulado, ou mesmo
Introdução em ambas as fases (Cavalcante, 2007). Os HPAs de menores
A queima de combustíveis para a obtenção de energia tor- pesos moleculares possuem uma pressão de vapor maior e,
nou-se primordial nos meios de produção desde a Revolução então, são predominantemente encontrados na fase gasosa. Já
Industrial, no século XVIII. Este padrão energético culminou os com maiores pesos moleculares, tendem a possuir menores
em um aumento gradativo das emissões de gases tóxicos à at- pressões de vapor e desta forma são predominantemente en-
mosfera, dentre eles os hidrocarbonetos policíclicos aromáti- contrados nos materiais particulados. Os compostos aderidos
cos (HPAs). A região sul de Santa Catarina é conhecida como à fase particulada podem estar ou não em equilíbrio com sua
um dos principais pólos de produção cerâmica do país, fabri- fase gasosa devido ao tipo de ligação com o sítio da matriz
cando desde telhas, até produtos de alto valor agregado como sólida.

34 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

cartuchos foi colocado um rotâmetro para medir a vazão e um


termopar, permitindo calcular o volume de gás amostrado.
b) Extração / Clean-up
Após a coleta, foi realizado um procedimento de extra-
ção para que todos os analitos adsorvidos na resina fossem
dessorvidos. Deste modo, foi realizado um procedimento de
extração por ultrassom, conforme descrito por Cavalcante et
al. (2008).
A resina foi extraída por ultrassom com uma solução
de 40 mL (1:1) de diclorometano/hexano, por quatro vezes
durante vinte minutos cada uma das vezes. Após as quatro
etapas, o extrato foi reconcentrado para, aproximadamen-
te, 5 mL, em um rota evaporador, inicialmente a 60º, para
evaporar o diclorometano, e então a temperatura foi au-
Figura 1. Quatro HPAs típicos mentada para 85ºC, para evaporar o restante do solvente,
hexano. O extrato foi reconcentrado com purga de nitrogê-
A US-EPA classifica dezesseis compostos como hidro- nio para 2 mL.
carbonetos policíclicos aromáticos, chamados de HPAs Seguido da extração, foi executado o clean-up do extra-
prioritários, através do CWA (Clean Water Act). A maior to, visando separar os HPAs retidos na resina de qualquer
preocupação com estes compostos é seu efeito mutagênico impureza que tenha passado pelo processo, como hidrocar-
e carcinogênico (Netto et al., 2000). Dentre os mais voláteis, bonetos alifáticos. Existem vários procedimentos de clean-
com maior probabilidade de serem encontrados na fase gaso- up, porém a cromatografia de adsorção é o mais utilizado
sa, há o fluoreno, fenantreno, benzo(a)antraceno e criseno, os na análise de HPA (Cavalcante et al., 2008). Nesta etapa
quais apresentam maior efeito carcinogênico e mutagênico, foi utilizada uma coluna de 1 cm de diâmetro por 50 cm de
entre os mais leves. comprimento com lã de vidro na base. Uma suspensão com
O principal objetivo deste estudo é investigar a presença 11,6 g de sílica gel ativada a 200ºC por 24 horas e dicloro-
dos quatro HPAs supracitados nos gases de combustão oriun- metano foi adicionada sobre a lã de vidro, seguida de 2 g de
dos da queima de gás natural e lenha de dois fornos indus- sulfato de sódio anidro e 5 g de cobre em pó, sendo o pri-
triais de uma indústria cerâmica na região sul de Santa Cata- meiro, para reter umidade e o segundo, para reter possíveis
rina. Esta informação é importante na avaliação do impacto compostos sulfurados.
tanto da qualidade do ar, quanto da saúde humana para toda A coluna foi pré-eluída com 40 mL de hexano, sendo en-
a região, assim como para a avaliação do combustível mais tão adicionados os 2 mL de extrato. Após foram adicionados
adequado, em termos ambientais. 55 mL de hexano para retirar os compostos alifáticos e, por
último, foram adicionados 70 mL de uma solução (1:1) de
Metodologia diclorometano e hexano, para a retirada dos aromáticos. Esta
Os gases de combustão foram coletados na base de duas última fração foi reconcentrada para 1 mL, inicialmente em
chaminés de uma indústria oleira na região sul de Santa Ca- um rota evaporador até 5 mL.
tarina, uma com queima de gás natural e outro com queima Foi utilizado um surrogate para mensurar a recuperação
de lenha. Os gases foram impregnados em uma resina poli- do processo. Para tanto, foi utilizada como surrogate uma
mérica, XAD-2, então foi feito um processo de extração dos mistura, da marca Accustandard, de 5 padrões de HPAs deu-
analitos desta resina, seguido de um processo de clean-up, terados, sendo eles: naftaleno-d8, acenafteno-d10, fenantreno
para purificar a amostra. d-10, criseno d-12 e perileno d-12.
a) Sistema de amostragem dos gases de combustão c) Cromatografia Gasosa / Espectrometria de Massas
Aqui foram utilizados como base os métodos apresentados A identificação e quantificação foram realizadas em um
por Li et al. (1999) e o método da US-EPA, TO-13A, o qual cromatógrafo a gás acoplado a um espectrômetro de massas
indica o uso da resina polimérica XAD-2 para a amostragem (GC/MS), modelo Saturn 2100, equipado com uma coluna
de HPAs. Os gases foram amostrados na base da chaminé dos DB-5 (30 m de comprimento, 0,25 mm de diâmetro, 0,25 μm
fornos, recolhidos em cartuchos contendo a resina adsortiva de espessura de filme), da marca Varian. A programação de
XAD-2, conforme o método TO-13A da US-EPA, onde os temperatura teve início em 80ºC, aumentando em uma taxa
HPAs ficaram adsorvidos. de 6ºC/min até 180ºC; foi mantida nesta temperatura por 2
Para auxiliar na amostragem, uma mangueira foi conecta- minutos, em seguida aumentando para 280ºC com uma taxa
da à chaminé e aos cartuchos. Na outra extremidade foi co- de 5ºC/min; foi mantida nesta por 5 minutos e, finalmente,
locada uma bomba a vácuo a fim de succionar os gases da com uma taxa de crescimento de 6ºC/min, até 300ºC e man-
chaminé, e forçá-los a passar pela resina. Entre a bomba e os tida nesta por 10 minutos, totalizando uma corrida de apro-

no 347 Petro & Química 35


Artigo Técnico

ximadamente 63 minutos. Foram injetados 2 μL de amostra início e no final da queima. Enquanto a concentraçao do
no modo splitless, utilizando nitrogênio como gás de arraste. fenantreno diminuiu, a concentração do criseno aumen-
Os compostos foram quantificados com o auxílio de curvas tou, podendo-se dizer que nas condições finais de queima
de calibração construídas a partir de injeções de diferentes a produção de criseno é favorecida, colocando a lenha
concentrações de padrão interno. O limite de quantificação cada vez mais em desvantagem em relação ao gás natural,
foi de 75 μg/L. pois o criseno é um composto altamente carcinogênico,
As concentrações encontradas a partir das análises no GC/ segundo Netto et al. (2000). Este comportamento pode
MS são as concentrações do extrato obtidos a partir do proce- ser atribuído à temperatura do forno que mudou durante
dimento de clean-up. Desta forma, esta concentração foi cor- o processo, devido à redução do combustível alimentado,
rigida para o gás analisado, pois a concentração do extrato é tornando a queima mais incompleta, e segundo Massone
a massa total do analito contida em 1 mL de extrato, devendo (2004) apud Simoneit (1985), a temperatura de queima
ser corrigida para o volume de gás. influencia na produção de compostos mais pesados. A
concentração final do gás para os dois combustíveis está
Resultados e discussão apresentada na tabela 2.
Para a análise dos gases provenientes da queima do gás Comparando-se os resultados obtidos para os dois
natural, os picos encontrados no cromatograma ficaram abai- combustíveis, através da tabela 2, observou-se que a pro-
xo do limite de quantificação, no entanto era possível identi- dução de HPAs a partir da queima da lenha é superior a do
ficá-los. Desta forma, como foi observado durante os testes gás natural, corroborando com os resultados de Massone
de quantificação e identificação com os padrões que o limite (2004) apud Simoneit (1985) e Lopes et al. (1996). Portan-
de quantificação era de 75 μg/L e abaixo de 50 μg/L não era to, o gás natural apresenta-se como um combustível mais
mais possível identificar os picos, conclui-se que a concen- limpo, gerando menos prejuízos à saúde humana e ao meio
tração do extrato injetado esteja entre estes valores. A análise ambiente que a lenha.
dos gases provenientes da lenha apresentou uma recuperação
de 82%. Nestes não foi identificada a presença de fluoreno, Tabela 2. Concentração final do gás para os dois combustíveis
no entanto foram encontrados os outros três HPAs em uma HPA Cgás-GN(ng/L) Cgás-Lenha (ng/L)
concentração bastante elevada. A tabela 1 apresenta as con- Fluoreno I/NQ* NI**
centrações no extrato de cada um dos quatro HPAs para os Fenantreno I/NQ* 1,27
gases de combustão provenientes da lenha em cada uma das Benzo(a)antraceno I/NQ* 15,3
amostras realizadas. Criseno I/NQ* 34,3
I/NQ*: Identificável, porém abaixo do limite de quantificação; NI**: Não
Tabela 1. Concentração do extrato de cada amostra retirada do forno à identificado
lenha
Conclusões
HPA C extrato −1 (μg/L) C extrato − 2 (μg/L) Através dos resultados obtidos neste trabalho, pode-se
Fluoreno NI* NI* concluir que o gás natural produz compostos mais leves e
Fenantreno 204,5 28,0 em uma concentração menor, enquanto a lenha, por se tratar
Benzo(a)antraceno 1.421,3 1.363,75 de um combustível mais pesado, tem como produtos de sua
Criseno 3.042,06 3.207,96 combustão poliaromáticos de maior massa molecular. Outro
NI*: Composto não identificado fator importante observado foi a influência das condições
de operação dos fornos. Os fornos operando com gás natu-
Analisando-se a tabela 1, observa-se que há uma dife- ral possuem uma maior estabilidade de operação, o que não
rença entre as concentrações do fluoreno e criseno entre gera oscilações nas concentrações de seus produtos de quei-
a primeira amostra realizada e a segunda. Tal comporta- ma. Por outro lado, os fornos à lenha, por serem abastecidos
mento é explicado pelo fato de que, nos fornos a lenha, com combustível de forma intermitente e não contínua, es-
o combustível é abastecido a cada duas horas, diferente- tão constantemente variando suas condições de combustão e,
mente dos fornos a gás natural, onde os bicos injetores consequentemente, seus produtos de queima, podendo gerar
fornecem combustível de forma contínua. Quando foi compostos extremamente tóxicos à saúde humana e ao meio
realizada a primeira análise, fazia aproximandamente 45 ambiente.
minutos que o forno havia sido abastecido com lenha. A
segunda análise foi realizada cerca de 35 minutos após a Agradecimentos
primeira, já no fim da batelada de lenha colocada. Portan- Agradecimentos especiais ao IBP, órgão financiador des-
to, a primeira amostra foi retirada na metade do ciclo de te projeto, ao PRH 009/MECPETRO/ANP, assim como ao
queima, enquanto a segunda, no fim do ciclo, justifican- laboratório de Transferência de Massa – LABMASSA, da
do a diferença entre as concentrações do fenantreno no Universidade Federal de Santa Catarina, onde foram realiza-

36 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

dos todos os ensaios e experimentos viabilizando a realização hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAS) e seus
deste trabalho. derivados nitrados (NHPAS): Uma revisão metodológica.
Química Nova. Vol. 23, 6, pp. 765 – 773, 2000.
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Estudo do comportamento tér-
mico de fornos intermitentes
tipo “paulistinha” utilizados
na indústria de cerâmica ver-
melha. Dissertação de Mestra-
do – Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis.
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LEE, Wen-Jhy; YOU, Wen-
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DE, Jailson B.. Fontes, forma-
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NETTO, Annibal D. Pereira; MO-
REIRA, Josino C.; DIAS, Ana
Elisa X. O.; ARBILLA, Gra-
ciela; FERREIRA, Luiz Fe-
lipe V.; OLIVEIRA, Anabela
S.; BAREK, Jiri. Avaliação
da contaminação humana por

no 347 Petro & Química 37


Artigo Técnico

Impacto da configuração do
regenerador e das variáveis do
FCC nas emissões de NOX
William Richard Gilbert - Petrobras/Cenpes Rodrigo Gobbo – Petrobras/SIX

Hugo Borges Pereira - Petrobras/Cenpes Patricia Elaine Bridi - Possebon

Luiz Carlos Casavechia – Petrobras/SIX Henrique Wilmers de Moraes – Possebon

Resumo e Resíduo Atmosférico (RAT); o tipo de catalisador (com e


O FCC é o principal processo de conversão de uma re- sem promotor de combustão) e o tipo de combustão (total e
finaria de petróleo, transformando hidrocarbonetos pesados, parcial). Além das emissões de NOx foram monitoradas tam-
tipicamente na faixa de 350°C a 600°C, em produtos mais bém várias outras funções do regenerador: os efeitos térmicos
leves, sobretudo gasolina e GLP. O coque formado como como a pós-queima de CO na fase diluída, a eficiência de
subproduto das reações de craqueamento se deposita sobre o regeneração do catalisador e o desempenho geral do conjunto
catalisador (catalisador gasto), que precisa ser queimado em do conversor.
um regenerador para recuperar a sua atividade e gerar a maior As emissões de NOx da unidade multipropósito repro-
parte do calor necessário para atender a demanda energéti- duziram os valores das duas unidades comerciais utilizadas
ca do processo. Durante a queima do coque, uma parte dos como modelo, uma de combustão parcial e carga GOP, e a
compostos nitrogenados da carga é convertida em NOx, um outra de combustão total e carga RAT. Os testes mostraram
poluente controlado, que é emitido para a atmosfera junta- também que no caso de combustão total o principal fator
mente com os gases de combustão do FCC. As emissões de determinante na formação do NOx, além do excesso de O2
NOx do FCC, diferente de outras fontes de NOx espalhadas era o promotor de combustão do catalisador; no caso da
pela refinaria, se concentram em uma única chaminé e repre- combustão parcial o teor de NOx do gás de combustão foi
sentam uma fração substancial das emissões totais (de 20% a relativamente insensível as variáveis operacionais do rege-
30%); o que torna o FCC uma escolha natural na estratégia de nerador. Na combustão parcial, a detecção de NH3 no gás de
mitigação das emissões de NOx. combustão do regenerador confirmou o mecanismo de pro-
Não existe uma solução única para todos os tipos de FCC. dução de NOx na caldeira de CO pela queima de compostos
Metade das unidades da Petrobras é de combustão total, onde nitrogenados precursores.
todo carbono do coque é queimado diretamente a CO2 no pró-
Introdução
prio regenerador e a outra metade das unidades é de combus-
tão parcial, em que metade do carbono do coque é convertida A carga de FCC contém tipicamente de 1000 a 3000 mg/
a CO2 no regenerador e o restante é convertido a CO, que kg de nitrogênio, sendo que 30% a 50% na forma de nitro-
também é um poluente controlado e precisa ser convertido a gênio básico com grande afinidade pelo catalisador ácido.
CO2 em uma caldeira de CO. Os mecanismos de formação de O nitrogênio da carga se distribui pelos produtos, sendo que
NOx são diferentes em cada caso. cerca de 10% é eliminado como NH3 no gás combustível,
Para simular e estudar opções para os diversos tipos de 45% é convertido em nitrogenados do produto líquido e 45%
FCC da companhia, foi feita uma série de adaptações na uni- é transformado em coque [Peters 1995]. No regenerador do
dade de teste multipropósito da Petrobras na Industrialização FCC, o nitrogênio do coque passa por uma série de reações
do Xisto (SIX) em São Mateus do Sul / PR. Foi instalada uma (figura 1), começando por uma pirólise que libera espécies
pequena caldeira de CO na unidade e foi confeccionado um reduzidas de nitrogênio (NH3 e HCN), seguida pela oxidação
sistema de cartuchos, de forma a trocar de rapidamente a con- destas espécies gerando nitrogênio molecular (N2) e óxidos
figuração dos internos do regenerador de simples estágio para de nitrogênio (predominantemente NO). A oxidação do N2
duplo estágio em paralelo ou para duplo estágio com recheio. do ar nas condições do regenerador (temperatura ≤ 720°C) é
As diferentes configurações de regenerador foram testadas termodinamicamente desfavorecida e praticamente não con-
variando o tipo de carga – Gasóleo Pesado de Vácuo (GOP) tribui para a formação de NOx [Peters 1995]. O CO formado

38 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

nas etapas iniciais da queima do carbono do coque e em con- queima do coque gerando a maior parte da energia necessária
dições de combustão parcial é um forte redutor de NOx. Na para a vaporização da carga e para as reações endotérmicas de
combustão parcial, a baixa concentração de O2 faz com que craqueamento. A separação do catalisador dos produtos ga-
as espécies reduzidas de nitrogênio (NH3 e HCN) sobrevivam soso do reator e do regenerador é feita com a ajuda de pares
ao regenerador do FCC e sejam oxidadas na caldeira de CO. de ciclones. Analisadores em linha medem em tempo real a
Promotores de combustão, utilizados para oxidar CO a CO2 composição do gás de combustão antes e depois da caldeira
em unidades de combustão total e reduzir a pós-queima de de CO e pontos de amostragem do catalisador gasto e regene-
CO, interferem com o equilíbrio do sistema reacional normal- rado permitem que amostras sejam recolhidas para a medida
mente levando a um aumento do NOx. do teor de carbono no catalisador. A figura 2 apresenta um
desenho esquemático do conjunto conversor e detalhes dos
internos de regenerador avaliados na série de testes. Das três
opções de interno de regenerador testadas, o simples estágio
(figura 2 - A) representou a configuração padrão da unida-
de; o duplo estágio com recheio (figura 2 – B) foi montado
para avaliar a patente US 6503460 de 2003 da Kellogg [Mil-
Figura 1 – Mecanismo de formação de NOx no regenerador do FCC ler 2003] e o cartucho de dois estágios em paralelo (figura 2
– C) a configuração do modelo Kellogg Orthoflow F [Murcia
Unidades de combustão total costumam ter emissões de 1992], utilizada nas três refinarias da Petrobras de mais alta
NOx mais baixas do que as unidades de combustão parcial. emissão de NOx pelo FCC. Na configuração com recheio a
Nas unidades de combustão total as estratégias de controle porção superior do leito representava aproximadamente 70%
mais usadas se baseiam no controle do excesso de O2 e da do- do volume total e na configuração de dois estágios paralelos
sagem aditivos de promoção de combustão ou na utilização de o primeiro estágio representava 80% do volume do total. A
promotores de combustão de baixo NOx [Davey 2000]. Em temperatura da caldeira de CO foi controlada pela queima de
unidades de combustão parcial, o avanço da queima, quando gás combustível complementar, contendo tipicamente 35%v
possível, consegue algumas vezes reduzir o NOx da caldeira H2, 35%v C1, 20%v C2 e 10%v C3+.
de CO [Altrichter 1991]. Tanto na combustão total, quanto na
combustão parcial é possível usar acessórios específicos para
o abatimento de NOx, como lavadores de gases com injeção
de ozônio [Niccum 2002] e sistemas SCR (Selective Catalytic
Reduction) [Niccum 2002]. Estes equipamentos exigem, po-
rém, investimento significativo, geram custos operacionais e
podem reduzir a confiabilidade da unidade. Portanto, só são
usados em último caso.
Um melhor conhecimento do problema do NOx do FCC
através dos testes na unidade multipropósito da SIX auxilia-
rão a Petrobras no esforço de redução do impacto ambiental
das suas operações de refino.

Desenvolvimento
A unidade multipropósito de FCC consiste de um Riser
de 18m de altura e 5cm de diâmetro, que desemboca num Figura 2 – Diagrama esquemático da unidade multipropósito e das
vaso separador de 400L, que por sua vez descarrega o cata- configurações de recheio utilizadas nos experimentos.
lisador gasto num vaso regenerador de 1000L. A vazão de
carga típica é de 200kg/h de GOP ou 100kg/h de RAT e o A tabela 1 e a tabela 2 apresentam um resumo das prin-
inventário de catalisador é de 400kg. A unidade dispõe de um cipais propriedades das cargas e dos catalisadores utilizados
sistema de controle adiabático, que mantêm um diferencial nos estudos. O catalisador Cat-G e a carga GOP+ODES foi
de temperatura nulo nas paredes dos vasos dos principais fornecida pela unidade de processamento de GOP operando
equipamentos, evitando a perda de calor para o ambiente. O em combustão parcial e o catalisador Cat-R e a carga RAT
sistema de controle adiabático permite que a unidade repro- pela unidade de resíduo operando em combustão total. O
duza de forma fiel os efeitos térmicos observados nas unida- catalisador Cat-G era isento de promotor de combustão e o
des comerciais. A circulação de catalisador é controlada por catalisador Cat-R tinha uma quantidade considerável de pro-
uma válvula corrediça atuada pelo controle de temperatura motor, caracterizada pelo teor de platina mostrado na tabela
do Riser, exatamente como numa unidade comercial. O cata- 2. Condições operacionais foram escolhidas de forma a si-
lisador é regenerado pela injeção de ar no regenerador para a mular as unidades comerciais de referência. Na operação em

no 347 Petro & Química 39


Artigo Técnico

combustão total a temperatura de reação foi de 540°C, a tem- ratura de reação foi de 550°C, a temperatura de regeneração
peratura de regeneração variou de 690°C a 730°C. O excesso variou entre 670°C e 720°C, a relação CO2/CO variou entre
de O2 no gás de combustão foi variado para avaliar o impacto 1.5 e 3.0, a temperatura de queima da caldeira de CO foi de
desta variável. Na operação em combustão parcial a tempe- 1000°C e o excesso de O2 na caldeira de CO de 3%.
Tabela 1. Propriedades das cargas
d20/4 Nitr.Básico Enxofre Nitrogenio Viscosidad@100°C DS T50% MRCC
mg/kg %p %p cStk °C %p
GOP 0.940 1281 0.63 0.35 16.57 471 1.4
GOP+ODES 0.941 1291 0.68 0.36 22.09 486 2.0
RAT 0.950 1439 0.44 0.39 53.05 523 7.0
Tabela 2. Propriedades dos catalisadores
Atividade MAT SA BET RE2O3 V Ni Pt
%p m2/g %p ppm ppm ppm
Cat-R 72 144 3.49 5656 5080 1.2
Cat-G 71 143 2.69 1914 2962 ---
Os casos de regeneração em dois estágios merecem uma regenerador e o excesso de O2 no gás de combustão; não sendo
análise mais cuidadosa (figura 3). No caso do recheio (figura possível perceber nenhuma influência significativa da carga ou
3A), o catalisador gasto frio (~530°C) é distribuído na seção su- da configuração do regenerador sobre as emissões de NOx. Em
perior do leito e queima em baixo excesso de O2. O CO liberado seguida foi feito outro experimento utilizando a configuração
no topo do leito, dependendo do volume da porção superior do Simples Estágio, catalisador Cat-R (com promotor) e carga RAT.
leito, tem pouco tempo para reagir e pode escapar para a fase di- O nível de NO no gás de combustão aumentou quatro vezes em
luída e queimar lá se houver O2 em excesso. A queima do CO na relação à curva do catalisador Cat-G e reproduziu com precisão
fase diluída (pós-queima), onde a capacitância térmica é menor, o nível de NO observado na unidade comercial de referência. Ao
provoca um grande aumento da temperatura e coloca em risco os trocar a carga de RAT para GOP, mantendo o mesmo catalisador
equipamentos nas linhas de saída dos gases do regenerador. No Cat-R, repetiram-se os altos níveis de NO observados com a car-
topo do leito do regenerador com recheio, o alto teor de CO inibe ga RAT. No experimento realizado com catalisador Cat-R, carga
a formação de NOx. Da seção superior do leito o catalisador par- RAT e configuração de recheio, o nível de NO foi reduzido para
cialmente regenerado passa para a seção inferior onde a queima a metade do valor observado para o mesmo par carga-catalisador
num ambiente rico em O2, resultando numa queima eficiente do e configuração simples estágio, confirmando a expectativa de re-
coque residual. O NOx formado nesta seção é obrigado a passar dução do NO no ambiente pobre de O2 existente na porção do
pela seção superior onde é reduzido pelo CO. leito acima do recheio. A temperatura da porção do leito de cata-
No caso dos dois estágios paralelos (figura 3B), o catalisa- lisador acima do recheio em todos os testes de combustão total
dor gasto frio entra no primeiro estágio e queima num ambiente foi cerca de 15°C mais alta do que a da porção abaixo do recheio,
rico em CO e pobre em O2. O catalisador parcialmente regene- uma indicação de uma substancial queima de CO naquela seção
rado passa do primeiro estágio para o segundo onde a queima (a queima de CO libera 2/3 da energia da queima do coque).
é completada num ambiente rico em O2. Os gases efluentes do
primeiro e do segundo estágio só se misturam na fase diluída, 200

existindo a possibilidade de pós-queima pela reação do O2 em 160


excesso do segundo estágio com o CO do primeiro.
R EF
120
NO ppm

80

40

0
0 .0 1 .0 2 .0 3 .0 4 .0 5 .0 6 .0
O2 %

Figura 4 – Teor de NO no gás de combustão dos testes de combustão


total. Legenda: catalisador Cat-G sem promotor, carga GOP e
Figura 3 – Esquemas de fluxo de catalisador e gás nas configurações GOP+ODES e várias configurações de regenerador; Cat-R (com
de dois estágios de regeneração promotor), carga RAT e configuração de Simples Estágio; catalisador
Numa primeira série de experimentos em combustão total (fi- Cat-R, carga GOP e Simples Estágio; catalisador Cat-R, carga RAT
gura 4) foi utilizado o catalisador Cat-G (sem promotor) e foram e configuração com Recheio; Emissões da unidade comercial de
variadas a carga (GOP, GOP+ODES e RAT), a configuração do referência, configuração Simples Estágio, catalisador Cat-R e carga RAT

40 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

ma da pós-queima não apareceu. Nos testes onde a queima


100 de CO era mais lenta, a temperatura de pós-queima apresen-
TFD=690°C
80 tou uma dependência linear com a velocidade espacial dos
gases (inversamente proporcional ao tempo de residência do
60
gás). O problema de pós-queima foi ainda mais grave quan-
Pós-queima °C

40
TFD=730°C
do a temperatura do regenerador foi reduzida atrasando ainda
20 mais a queima do CO.
0
350
-2 0 R EF
300
0 .6 0 .7 0 .8 0 .9 1 .0 1 .1 1 .2 1 .3 1 .4
Ve lo cid a d e S u p e rficia l m /s 250

200

NO ppm
Figura 5 – Magnitude da pós-queima nos testes de combustão total em 150
função da velocidade espacial dos gases no regenerador. Legenda: 100
Simples estágio, catalisador Cat-R, carga RAT; Simples estágio, 50
catalisador Cat-R, carga GOP; Simples estágio, catalisador Cat-G,
0
carga GOP; Recheio, catalisador Cat-G, carga GOP, T. Regenerador 1 .0 1 .2 1 .4 1 .6 1 .8 2 .0
730°C, Recheio, catalisador Cat-G, carga GOP, T. Regenerador 690°C C O 2 /C O

A configuração com recheio reduziu o nível de NO para a


carga RAT e catalisador com promotor de combustão, porém, Figura 6 – Teor de NO no gás de combustão dos testes de combustão
nos testes com catalisador sem promotor de combustão (Cat- parcial. Legenda: , , respectivamente: Simples Estágio,
G) apresentou uma tendência preocupante de agravamento Duplo Estágio e Recheio com Cat-G e carga GOP+ODES; ,
da pós-queima de CO (figura 5). Como foi discutido ante- respectivamente: Simples Estágio e Duplo Estágio com Cat-G e carga
riormente, a configuração com recheio apresentava um risco GOP; Emissões da unidade comercial de referência, configuração
mais alto de escape de CO para a fase diluída do regenerador, Duplo Estágio, catalisador Cat-G e carga GOP+ODES. A linha horizontal
acima do leito catalítico. Nos testes onde a cinética de queima tracejada representa os níveis médios de NO na combustão total com
do CO era rápida (catalisador Cat-R com promotor) o proble- promotor de combustão

no 347 Petro & Química 41


Artigo Técnico

Os testes em combustão parcial (figura 6) confirmaram emissões de NOx destas unidades seria melhorado subs-
a experiência industrial de níveis mais altos de NO no gás tancialmente.
de combustão comparados à combustão total. As emissões de
NO foram um pouco mais baixas do que às da unidade co- 200
180
mercial de referência. Não houve influência da configuração
160
do regenerador, porém, houve uma aparente piora do nível 140

NO ppm
de NO quando a carga foi trocada de GOP+ODES para GOP. 120
100
Esta piora não era esperada, uma vez que as cargas não eram 80
substancialmente diferentes e novos experimentos serão ne- 60
cessários para confirmar este efeito. Em relação às pós-quei- 40
20
ma (figura 7), a configuração de Duplo Estágio apresentou 0
em média valores mais altos do que o Simples Estágio. Con- 0.0
1 0.2 2 0.4 3 0.6
4 5 0.8
6 7 1.0
10 1.2 20 1.4
firmando a expectativa de risco de pós-queima, mesmo na CO2/CO
combustão parcial, pela mistura dos gases de combustão do
primeiro e segundo estágio, respectivamente rico em CO e Figura 8 – Transição das emissões de NO do FCC operando com uma
rico em O2. caldeira de CO na medida em que a relação CO2/CO passa de um nível
alto (combustão total) para um nível baixo (combustão parcial). Condições
operacionais: Catalisador Cat-G, carga GOP, configuração Simples estágio
40
e caldeira de CO operando com 3% de excesso de ar e 1000°C de
30
temperatura
20
10 Conclusão
Pós-queima °C

0
A adaptação da unidade experimental multipropósito de
-1 0
FCC da Petrobras/SIX viabilizou o estudo do impacto de uma
-2 0
-3 0
série de parâmetros de processo sobre as emissões de NOx e
sobre o desempenho geral do regenerador.
-4 0
670 680 690 700 710 720 730 Na operação em combustão total o principal fator deter-
T .R e g e n e ra d o r °C minante do nível de NO, além do excesso de O2, foi o promo-
tor de combustão do catalisador. O uso do recheio estruturado
Figura 7 – Pós-queima nos testes de combustão parcial em função da dividindo o regenerador em duas seções foi capaz de abaixar
temperatura do regenerador. Legenda: Simples estágio, Duplo o nível de NO do gás de combustão em 50%, porém, trouxe
estágio junto a ameaça de agravamento da pós-queima de CO na fase
diluída do regenerador.
Em dois dos testes de combustão parcial, o teor de amônia Na combustão parcial os impactos das variáveis de pro-
no gás de combustão antes da caldeira de CO foi medido, cesso do conversor (carga, configuração, etc.) foram peque-
pela absorção de amônia numa solução ácida e posterior ti- nos. O excesso de oxigênio da caldeira de CO foi a variável
tulação. A amônia medida no gás representou 2% e 5% do preponderante nas emissões de NOx. Foi detectada a presen-
nitrogênio da carga, mesma ordem de grandeza do percentual ça de amônia no gás de combustão antes da caldeira de CO,
de nitrogênio da carga transformado em NO; o que confir- confirmando o mecanismo de formação de NOx pela queima
mou o mecanismo de formação de NO na caldeira de CO a dos precursores na caldeira. Na operação do conjunto FCC-
partir de precursores (amônia) presentes no gás efluente do caldeira de CO ocorre uma transição de NOx baixo para NOx
regenerador. alto quando a relação CO2/CO cai abaixo de 4.
Para mapear a transição das emissões de NOx no re-
generador da combustão total para combustão parcial, a Referências
unidade foi operada com a caldeira de CO em funciona- ALTRICHTER, D. M. Process for the reduction of NOx in an FCC re-
mento e o excesso de O2 do regenerador foi reduzido pro- generation system by select control of CO oxidation promoter in the
regeneration zone. US Pat 5,021,144. Jun 4 (1991).
gressivamente. A medida do NO no gás de combustão após DAVEY S.W., Environmental catalytic cracking technology. PTQ / Q2,
a caldeira de CO mostrou uma transição de NOx baixo 2000, www.eptq.com.
para NOx alto quando a relação CO2/CO era reduzida para MILLER, R., YANG, Y.L., Staged Catalyst Regeneration in a Baffled
menos do que 4 (figura 8). Existe, portanto um limiar de Fluidized Bed; US 6,503,460; January 2003.
concentração de CO abaixo da qual a reação de oxidação MURCIA, A., Numerous changes mark FCC technology advance.
O&GJ Special, May 8, 1992.
de NH3 é inibida. Se este limiar puder ser deslocado para
NICCUM, P.K., FCC flue gas emission control options. AM-02-27,
valores ainda mais baixos da relação CO2/CO, de forma a NPRA Annual Meeting, San Antonio, March, 2002.
se aproximar dos valores típicos das unidades comerciais PETERS, A.W., WEATHERBEE, G., ZHAO, X., Origin of NOx in the
que operam em combustão parcial, o problema das altas FCCU regenerator. Fuel Reformulations, pg. 45. May/June 1995.

42 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

Análise de riscos ambientais


para atividades offshore:
desafios e oportunidades
Gabriela Azevedo Ana Cristina Santos Adriana Moreira
Biologist, M. Sc. - Aecom Chemical Engineer, M. Sc. - Aecom Biologist, M. Sc. - Aecom
Julio Pellegrini Natalia Santos Silvia Schaffel
Oceanographer, D. Sc. - Prooceano Oceanographer - Prooceano Naval Engineer, D. Sc. - Aecom

Resumo Uma equipe multidisciplinar composta por biólogos, oce-


A Análise de Riscos Ambientais (ARA) consiste em uma anógrafos, engenheiros, bem como especialistas em análises
análise de risco, que considera a probabilidade de Compo- de risco, modelagem e GIS desenvolveu estudos de Análise
nentes de Valor Ambiental (CVA) serem atingidos por óleo de Risco para o Licenciamento de atividades offshore do se-
no caso de um vazamento. Tal abordagem permite que esta tor de Óleo e Gás e as lições aprendidas, que refletem desafios
seja uma análise mais abrangente, apesar da complexidade e oportunidades, são mencionadas nos próximos itens.
inerente ao processo. Assim, enquanto o risco da operação
está focado na falha do funcionamento dos equipamentos e 2. Metodologia da ARA e definições principais
procedimentos implementados, o risco relativo ao ambiente A ARA é baseada em três etapas principais: cálculo de
atenta para os recursos ambientais da região onde a atividade risco operacional; resultados de modelagens numéricas de
será desenvolvida, e que consequentemente poderão ser im- óleo; e a identificação dos CVA, com os seus Tempos de
pactados. Para a ARA ser realizada, são necessários o cálculo Recuperação e a probabilidade de um dado Componente
do Risco Operacional, a modelagem de Dispersão de Óleo no de Valor Ambiental ser atingido por faixa de volume de
Mar, a identificação dos CVA e seus Tempos de Recuperação, óleo. A junção desses componentes (figura 1) permite cal-
e a determinação da probabilidade de um dado CVA ser atin- cular o Risco Ambiental para cada faixa de volume e ce-
gido por faixa de volume de óleo. Integrando essas categorias nário sazonal.
de análise, é possível calcular o Risco Ambiental para cada
faixa de volume e cenário sazonal. Assim, uma abordagem me-
todológica em que, após várias análises em regiões diferentes,
foram observadas oportunidades de melhoria e desafios nos
estudos de licenciamento na área de Óleo e Gás. A ARA é
uma análise mais abrangente e uma avançada ferramenta de
apoio à Avaliação de Impacto Ambiental, uma vez que integra
três áreas importantes, até então apresentadas separadamente
no processo de Licenciamento, dentro de um único indicador
ou índice global de tolerabilidade de um dado projeto de Óleo Figura1. Componentes necessários para o cálculo do Risco Ambiental
e Gás.
2.1. Risco Operacional
1. Introdução O Risco Operacional corresponde a um dos pré-requisitos
O Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), res- necessários para o cálculo do Risco Ambiental e é obtido por
ponsável pelo processo de Licenciamento das atividades meio da aplicação da técnica de Análise Preliminar de Riscos
offshore de Óleo e Gás no país, lançou em 2009 um novo – APR para os sistemas das unidades de perfuração/produção,
Termo de Referência (TR) requisitando uma análise de risco bem como para as estruturas de apoio às atividades. Na ARA,
ambiental. Para atender a este novo requerimento foi desen- o objeto de interesse são as frequências das hipóteses aciden-
volvido um estudo baseado na interpretação das requisições tais que resultam em vazamentos de óleo para o mar, ou seja,
do Ibama. que caracterizem contaminação ambiental.

no 347 Petro & Química 43


Artigo Técnico

Essas frequências são determinadas por meio dos fluxo- estudo ambiental desenvolvido para a atividade. Os resulta-
gramas de processo das unidades de perfuração/produção dos do mapeamento são integrados aos da modelagem para o
(Process Flow Diagrams – PFD, Pipingand Instrumentation cálculo da probabilidade de o CVA ser atingido por óleo, em
Diagrams - P&ID’s, General Arrangement, etc), onde se bus- cada faixa de volume.
ca definir os componentes envolvidos em cada sistema sob
análise e, a partir daí, extrair de bancos de dados as respecti- 2.3. Modelagem de óleo
vas taxas de falha. Estudos de modelagem numérica de transporte de óleo no
Destaca-se que, de forma a atender ao preconizado na Re- mar representam importante ferramenta de avaliação de áreas
solução Conama 398/2008, as hipóteses acidentais referentes com potencial de serem atingidas em casos de derrame. Além
a cada um dos sistemas analisados são divididas em três fai- disso, o cálculo do tempo de chegada e o volume de óleo em
xas (figura 2) de volume de óleo liberado. Após isso, as frequ- uma dada área são subsídios para a elaboração de ações de
ências são somadas por faixa de volume de categoria. contingência. Para que a modelagem de óleo possa ser reali-
zada deve-se desenvolver o modelo hidrodinâmico, de forma
a representar as condições ambientais da região principal-
mente em termos de correntes marinhas e fenômenos a elas
associados. A partir daí é que são realizados os estudos de
Figura 2. Faixas de Volume utilizadas na ARA (conforme Resolução transporte dos poluentes (como o óleo), em modelos compu-
Conama 398/08). tacionais específicos, que consideram os agentes que atuam
no intemperismo do óleo no ambiente.
2.2. Componentes Ambientais e Tempo de No que diz respeito à modelagem de óleo, um dos prin-
Recuperação cipais pontos a serem destacados é o fato de que em estudos
Para o cálculo do Risco Ambiental é necessário identificar próximos à costa, quando o toque ocorre em período inferior
os CVA e o estabelecer os tempos de recuperação. O tempo a 60 horas, é necessária a realização de estudos com maior
de recuperação é aquele em que um CVA, após ser atingido, grau de refinamento e, consequentemente, mais complexos.
levaria para se recompor aos níveis anteriores à exposição Nestes casos, deve-se considerar a influência de fenômenos
por óleo. Ele é essencial para o cálculo da tolerabilidade e é associados a ambientes costeiros (marés, por exemplo) cujas
buscado em referências bibliográficas. escalas espaço-temporais são reduzidas em relação aos estu-
De acordo com as determinações do Ibama no TR para dos offshore.
o Licenciamento Ambiental de Atividades Offshore, os CVA A figura 3 apresenta um caso hipotético de vazamento de
devem: óleo na Bacia de Campos. Usualmente, neste tipo de estu-
• Ter presença significativa na área afetada; do é empregado um grid de 2,5 x 2,5km e um intervalo de
• Ser vulnerável à poluição/contaminação por óleo; tempo de 20 minutos, os quais são considerados suficientes
• Atender os seguintes critérios: para representar as variações espaciais e temporais inerentes
Ser relevante (e não apenas financeiramente) para a co- à região de interesse. Um maior refinamento levaria aumento
munidade local; do custo computacional necessário para modelar o caso, re-
Ter um interesse nacional ou internacional; sultando no aumento de elaboração do estudo.
Ter importância ecológica.

A Tabela 1 abaixo apresenta as classes dos tempos de re-


cuperação usadas em nossos estudos.

Tabela 1. Classes do tempo de recuperação


Classes do Tempo de Recuperação
0,1 – 1 ano
1 – 3 anos
3 – 10 anos Figura3. Probabilidade do óleo (ilustração à esquerda) e tempo de
> 10 anos chegada do óleo (ilustração à direita) no caso de um vazamento
hipotético em uma área offshore na Bacia de Campos
Os CVA podem ser comunidades biológicas e/ou ecossis-
temas, enfatizando ecossistemas sensíveis e comunidades que A solução de modelos numéricos em estuários e regiões
possuam espécies endêmicas e/ou ameaçadas de extinção. de baías, por exemplo, requer, necessariamente, que os grids
Uma vez que os CVA tenham sido identificados, realiza-se o do modelo hiodrodinâmico tenham a maior resolução possí-
mapeamento destes em termos de área de abrangência, utili- vel. Este aspecto representa um desafio no que diz respeito
zando-se informações disponíveis na literatura e no próprio ao custo computacional x qualidade desejada dos resultados

44 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

e, mais uma vez, pode impactar no tempo necessário para a elaborados para subsidiar as licenças ambientais serem feitos
elaboração do estudo. A figura 4 apresenta um caso hipotético em um período muito anterior ao início das atividades. Desta
de vazamento de óleo na Baía de Guanabara, onde o grid e o forma, em alguns casos o operador ainda não possui um con-
intervalo de tempo do modelo foram ajustados para represen- trato com a unidade, fato que dificulta a obtenção de informa-
tar toda a variação costeira. ções específicas e leva à adoção de conceitos genéricos.
Outro ponto que dificulta a aproximação à realidade opera-
cional diz respeito aos bancos de dados dos quais são extraídas
as taxas de falha dos componentes constituintes de cada sis-
tema. Os bancos de dados contemplam, para a obtenção dos
dados estatísticos, unidades construídas em diferentes épocas.
Assim sendo, uma vez que se esteja analisando uma unidade
nova, a qual possua dispositivos modernos de segurança, e se
considere as taxas de falha obtidas a partir de bancos de dados,
Figura 4. Caso hipotético de vazamento de óleo na Baía de Guanabara a determinação da ocorrência de um dado evento poderá ser
ilustrando o grid empregado (ilustração à esquerda) e o resultado da muito conservadora. Adicionalmente, em função da escassez
probabilidade do óleo (ilustração à direita). Na ilustração da direita de bancos de dados específicos para processos offshore, muitas
apresenta-se em vermelho o CVA Manguezais. taxas de falhas são obtidas a partir de bancos de dados genéri-
cos aplicáveis a instalações industriais.
2.4. Integração dos três pilares: risco ambiental Nota-se que o trabalho em conjunto com o operador é de
Um dos pontos mais desafiadores da metodologia é a correla- suma importância para a determinação de frequências mais
ção e integração dos seus três pilares: Risco Operacional, Modela- próximasda realidade operacional, o que propiciará a obten-
gem Numérica e Recursos Ambientais (Componentes Ambientais ção de resultados relativos à tolerabilidade mais próximos à
e Tempo de Recuperação). A integração dessas áreas caracteriza realidade. Ainda, este fato influencia também o tempo neces-
a abordagem de análise de risco ambiental, que irá conduzir ao sário para a elaboração do estudo.
índice de tolerabilidade, objetivo do estudo da ARA. A abordagem da ARA conecta resultados para a Avaliação
O risco ambiental (RAcomp(x)) é o risco de um CVA ser atin- de Risco, até agora focada em falhas de operação de equi-
gido dentro de uma faixa de volume específico. pamentos e procedimentos implementados, para os recursos
Logo, o RAcomp(x) = Ftotal-y x Prob(x), onde F é a frequência ambientais na região e no entorno do local onde a atividade
global dos cenários acidentais na faixa de volume; Prob(x) é a será desenvolvida, e que, portanto, podem sofrer impacto.
probabilidade global de o óleo atingir o CVA-x para uma certa Então, o operador pode intervir em sua atividade (escolhendo
faixa de volume e cenário sazonal; e y é a faixa de volume. o cenário sazonal mais adequado considerando os resultados
Depois do cálculo do Risco Ambiental, o próximo passo é dos riscos ambientais- inverno/verão para operar ou selecio-
determinar se o valor do risco é considerado tolerável, ou se o nar plataformas/ unidades com características específicas,
tempo de recuperação do CVA é negligenciável se comparado como casco duplo, que podem exercer uma grande influência
com o tempo de recorrência do dano. sobre os resultados finais), a fim de proteger os CVA mais
Assim, a presença de um determinado empreendimento vulneráveis.
pode ser considerada tolerável, se o tempo de recuperação
dos componentes ambientais for insignificante comparado 3.2. Componentes Ambientais e Tempo de
com o período de recorrência do dano esperado. A tolerância Recuperação
ao risco pode ser entendida como um limite em que os riscos No que diz respeito à identificação dos CVA e o estabeleci-
são aceitáveis. No evento de risco intolerável,os procedimen- mento de períodos de recuperação, é importante ressaltar que
tos e as instalações que originaram o quadro de riscos e cená- seu estabelecimento é, reconhecidamente, um dos itens mais
rios acidentais serão revistos. discutíveisda ARA, inclusive para a comunidade científica. As
questões são concentradas em informações sobre como a co-
3. Desafios e oportunidades munidade foi composta antes do impacto ocorrer. Além disso,
3.1. Risco operacional estabelecer quando a comunidade ou o ecossistema pode ser
No que diz respeito ao Risco Operacional, dada a relevân- considerado recuperado, é um artigo de discussão constante
cia das frequências das hipóteses acidentais analisadas para entre cientistas sendo objeto de estudos em todo o mundo.
o cálculo do Risco Ambiental, é necessário adoção de pre- Estudos prévios sobre as espécies que vivem na região
missas que possibilitem tornar a avaliação dos sistemas mais impactada são de extrema importância, pois algumas ques-
próxima da realidade operacional da unidade. Para tal, é ne- tões que devem obrigatoriamente ser respondidas se baseiam
cessário que a análise dos sistemas seja realizada em conjunto nessas informações, tais como: época de reprodução da es-
com membros do corpo operacional da unidade. Este ponto pécie, assim como o número de períodos reprodutivos por
muitas vezes representa um desafio em virtude de os estudos ano, número de filhotes que nascem, quantos animais foram

no 347 Petro & Química 45


Artigo Técnico

perdidos com o vazamento e tamanho da população anterior. Tabela 3. Oportunidades para cada pilar da ARA.
Além disso, é preciso ter informações posteriores ao vaza- Pilares da Oportunidades
mento, como: quantos indivíduos sobraram? ARA
São de extrema importância que se realizem mais estudos a) Conectar os resultados da análise de ris-
de base para que seja possível se estabelecer apropriadamente cos com os recursos ambientais na região
valores de tempo de recuperação, com foco em espécies do onde a atividade será desenvolvida e no
litoral brasileiro. Enquanto tais informações não estão dispo- seu entorno;
Risco
níveis, estimam-se valores bastantes conservadores para as b) Permitir que os operadores identifiquem
Operacional
comunidades e ecossistemas possíveis de serem impactados. sistemas críticos dentro das unidades que
possam ser modificados acrescentando ga-
3.3. Modelagem de óleo rantias, por exemplo, a fim de ajudar a di-
No que diz respeito à modelagem de óleo, o aspecto mais minuir o valor de risco.
desafiador reside no modelo hidrodinâmico. A resolução da gra- c) Particularmente em estudos offshore, a
de precisa ser o mais resoluto possível para representar todas as maior precisão dos resultados para re-
Modelagem de
variabilidades – temporal e espacial – presentes no estudo da giões costeiras pode oferecer subsídios
Óleo
área. No entanto, é sempre necessário levar em consideração o para o Plano de Emergência Individual,
custo computacional x qualidade dos resultados desejados. por exemplo.
Particularmente em estudos offshore, a maior precisão dos i) Promover estudos da biologia das espécies
resultados para regiões costeiras pode oferecer subsídios para Componentes que vivem na área que pode ser potencial-
o Plano de Emergência Individual, por exemplo. Ambientes mente impactada;
Finalmente, as tabelas 2 e 3 resumem os desafios enfren- e Tempo de j) Promover estudos de impacto de óleo em
tados e oportunidades que podem surgir a partir do desenvol- Recuperação espécies normalmente encontradas na costa
vimento da ARA. brasileira.
Tabela 2. Desafios para cada pilar da ARA
4. Conclusão
Pilares da
Desafios A ARA correlaciona três áreas de avaliação de im-
ARA
a) Transformar os sistemas de perfuração/ produção pacto ambiental (Risco Operacional, Modelagem Numé-
das unidades mais próximos da realidade da unidade rica e Recursos Ambientais) e responde sobre a viabili-
operacional, em vez de adotar conceitos genéricos; dade do empreendimento, não só em relação à segurança
Risco operacional (escopo da análise de risco tradicional),
b) Falta de bancos de dados específicos para as
Operacional
taxas de falhas nos processos offshore (muitos mas também em relação ao risco ambiental da área do
são obtidos a partir de bancos de dados genéri- empreendimento. Considerando as questões levantadas
cos aplicáveis a instalações industriais). neste trabalho, pode-se dizer que há incertezas envol-
c) Graus mais elevados de refinamento/comple- vidas no processo, em termos de informações básicas
xidade da modelagem de óleo para o óleo que destas três áreas, que devem ser minimizadas para que
chega à costa em menos de 60 horas (escalas os resultados sejam mais próximos da realidade. Para
Modelagem tanto, cada etapa deve ser observada a partir de uma
espaciais e temporais são completamente dife-
de Óleo
rentes de estudos offshore); relação estreita entre operador, consultores e órgãos pú-
d) Custo computacional x qualidade dos resultados blicos competentes.
esperados x tempo para elaboração do estudo. Este trabalho apresentou os desafios e oportunidades so-
e) Estabelecimento do tempo de recuperação das CVA; bre as etapas fundamentais do desenvolvimento da ARA: o
f) Estabelecer quando a comunidade ou o ecos- cálculo do risco operacional, modelagem numéricae recursos
sistema pode ser considerado recuperado. ambientais (Componentes Ambientais e Período de Recupe-
g) Falta de estudos prévios e da biologia das espé- ração), resumidas nos itens acima.
cies que habitam a área que pode ser potencial- Finalmente, a Avaliação de Risco Ambiental consiste em
Compo- mente impactada de modo que seja possível es- uma metodologia inovadora para o licenciamento ambiental
nentes tabelecer apropriadamente os valores de tempo no setor de Óleo e Gás no Brasil e, além disso, é uma análise
Ambientes e
Tempo de de recuperação; mais abrangente do que era feito nos estudos ambientais e,
Recuperação h) Falta de estudos sobre o impacto de óleo em pela definição de um único indicador ou índice de tolerabili-
espécies normalmente encontradas na costa dade global, simplifica o processo de avaliação da viabilidade
brasileira (estudos internacionais vêm sendo e os riscos ambientais de projeto.
usados e valores bastantes conservadores vêm
sendo estimados para as comunidades e ecos-
5. Referências
sistemas que podem ser impactados). Resolução CONAMA No. 398/2008.

46 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

Compensação ambiental: um
estudo sobre a legalidade,
aplicabilidade e implicações para
o desenvolvimento sustentável nas
perspectivas local e nacional
Bruno Luís Carneiro da Cunha Cruz Cristiano Carrilho Silveira de Medeiros
Mestre em Gestão do Desenvolvimento Local Gestor de Educação Ambiental e Agenda 21 da
Sustentável - Direito Ambiental pela Universidade Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade
de Pernambuco – UPE (Semas) do Governo do Estado de Pernambuco.

Johnson Pontes de Moura


Engenheiro Doutorando- UFPE.
Resumo 1. Introdução
Este artigo tem como finalidade discorrer e analisar a O desenvolvimento e evolução mundial trouxeram inú-
legalidade e aplicabilidade do instituto jurídico da compen- meras benesses e facilidades, oferecendo, em geral, um maior
sação ambiental, analisando suas implicações sobre o de- conforto aos seres humanos. No entanto, as formas de produ-
senvolvimento local sustentável no contexto do Estado de ção, crescimento e evolução acarretaram em diversos male-
Pernambuco e na perspectiva nacional. Constitui o foco dessa fícios ao meio ambiente, que até algumas décadas não eram
pesquisa a análise dos aspectos legais que definem a legisla- contabilizados, mesmo quando a natureza demonstrava que o
ção ambiental pátria, em especial as relacionadas ao instituto ambiente apresentava níveis de desgaste que ultrapassavam
jurídico da compensação ambiental, com especial atenção às a sua capacidade de recuperação. Sendo relacionadas às des-
legislações que fazem alusão e se correlacionam com a maté- controladas intervenções humanas na natureza.
ria, concentrando os estudos na Constituição Federal de 1988, Diante de todas as consequências que o planeta vem so-
Lei Federal nº 6938/81 que trata da Política Nacional do Meio frendo em razão dessas intervenções, uma nova perspectiva
Ambiente – PNMA, Lei Federal nº 9985/00 que estabelece o de crescimento está sendo repensada e adotada, de forma a
Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Decreto Fe- garantir um desenvolvimento sustentável e a preservação da
deral nº 4340/02, Resoluções do Conselho Nacional do Meio vida na terra para essas e futuras gerações. O desenvolvimen-
Ambiente – Conama. No contexto local são analisadas as to sustentável defende que se pondere sobre a real qualidade
legislações estaduais de Pernambuco, sendo consideradas a de vida, e se é necessário que se priorize o desenvolvimento
Constituição do Estado, a Lei Estadual nº 11.206/95 que traça econômico e social em detrimento do Meio Ambiente. É ne-
a Política Florestal do Estado de Pernambuco, a Lei Estadual cessário incluir no modelo de desenvolvimento uma priorida-
nº 13.787/09 que regulamenta o Sistema Estadual de Unida- de para preservação e conservação do meio ambiente no qual
des de Conservação – SEUC e as regulamentações da Agên- o ser humano está inserido (VEIGA, 2005).
cia Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – CPRH, Sem embargo, da necessidade social de crescimento e
órgão executor das políticas ambientais no Estado. O estudo desenvolvimento, defende-se que o desenvolvimento deva
foi realizado no intuito de traçar um conhecimento acerca da ocorrer de forma sustentável.
previsão e funcionamento da Compensação Ambiental em Com a difusão e aceitação coletiva desse entendimento,
nível federal e estadual, suas características e aplicabilida- tiveram início movimentos mundiais e generalizados em prol
de, visando detectar aspectos que possam contribuir para o da conscientização, atenuação e controle das atividades hu-
aprimoramento do instituto, tendo como parâmetro basilar e manas causadoras dos impactos ambientais, dentre eles os
primário o melhor atendimento aos princípios e diretrizes do decorrentes da instalação e funcionamento de grandes empre-
desenvolvimento local sustentável. endimentos, a chamada Compensação Ambiental.

no 347 Petro & Química 47


Artigo Técnico

O instrumento jurídico da Compensação Ambiental foi nortearam a temática da compensação ambiental e do De-
criado com o propósito de atenuar danos causados ao meio senvolvimento Local Sustentável. Quanto aos procedimen-
ambiente pela instalação e funcionamento de empreendimen- tos, a abordagem da pesquisa foi documental e bibliográfica,
tos classificados como provocadores de relevantes impactos caracterizando nos aspectos de uma documentação direta e
ambientais, em que o empreendedor é obrigado a apoiar a indireta. Da consulta da obra de Souza (2005, 58), é possível
implantação e manutenção de uma unidade de conservação verificar a diferença entre as duas abordagens:
do Grupo de Proteção Integral, sendo o recurso utilizado, te- A pesquisa documental assemelha-se à pesquisa biblio-
oricamente, na melhora da qualidade ambiental, não estando, gráfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza
todavia, obrigatoriamente vinculado às áreas afetadas dire- das fontes. Enquanto a bibliográfica utiliza as contribuições
tamente pelos empreendimentos, como preconiza o Decreto de diversos autores sobre determinado assunto, a documental
Federal nº 4.340/02. (BRASIL, 2002) vale-se de materiais que, basicamente, ainda não receberam
um tratamento analítico.
2. Objetivos
2.1 Objetivo geral 3.1 Caracterização do objeto de estudo
Analisar a aplicabilidade da compensação ambiental para O objeto teórico desse estudo se baseia na pesquisa e aná-
o desenvolvimento local sustentável na perspectiva da lega- lise dos fundamentos, das regulamentações, diretrizes glo-
lidade através dos princípios que fundamentam a base de sua bais, nacionais e locais que contemplam o tema da compen-
criação nas esferas federal e estadual em Pernambuco. sação ambiental e do desenvolvimento sustentável.
O objeto propositivo se concentra na tentativa de anali-
2.2 Objetivos específicos sar, interpretar e contribuir para a regulamentação local da
• Analisar a história, os princípios e os fundamentos do de- compensação ambiental de forma a influir positivamente no
senvolvimento sustentável, como instrumento norteador desenvolvimento local de forma sustentável no estado de
da proteção ambiental e preservação da identidade local; Pernambuco.
• Identificar e investigar o arcabouço normativo que origi-
nou, regula e fundamenta o instituto da Compensação Am- 3.2 Coleta de dados
biental e seu rebatimento sobre o Desenvolvimento Local À elaboração do presente, foram utilizadas fontes biblio-
Sustentável; gráficas e documentais que podem ser classificadas segundo
• Selecionar e comparar os dispositivos legais na esfera as categorias:
federal, e estadual em Pernambuco, relacionados com a a) Diretrizes mundiais e nacionais para o desenvolvimento
compensação ambiental; sustentável. Agenda 21 Global; Agenda 21 Nacional; Re-
• Examinar as implicações do instrumento jurídico da com- latórios mundiais que traçam as diretrizes do desenvolvi-
pensação ambiental nas esferas federal, e estadual em Per- mento sustentável.
nambuco, que assegure sua aplicação local, na perspectiva b) Compensação Ambiental. A Constituição Federal de 1988,
da sustentabilidade. A Lei nº 6938/81 que indica regulamenta a Política Na-
cional do Meio Ambiente; Lei Federal nº 9985/00 que
2. Metodologia estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conserva-
Na presente pesquisa utilizou-se o método dedutivo, com ção, Decreto Federal nº 4340/02, Resoluções do Conselho
uma abordagem exploratória. Gil (1999) afirma que a pes- Nacional do Meio Ambiente – Conama 01/86; 237/97 e
quisa exploratória é desenvolvida com o objetivo de propor- 371/06.
cionar uma visão geral acerca de um determinado fato, que é c) Legislações Estaduais de Pernambuco. Constituição do
realizado, sobretudo, quando o tema escolhido é pouco explo- Estado de 1989, a Lei Estadual nº 11.206/95 que trata da
rado. Triviños (1987) preceitua que o estudo exploratório tem Política Florestal do Estado de Pernambuco e a Lei Esta-
por característica a construção do conhecimento em uma área dual nº 13.787/09 que regulamenta o Sistema Estadual de
nova ou pouco trabalhada, permitindo ao investigador majo- Unidades de Conservação – SEUC.
rar sua experiência em torno de um determinado problema.
Nessa perspectiva buscou-se na abordagem do problema 3.3 Análise e interpretação dos resultados
da pesquisa focalizar o aspecto qualitativo. Lakatos e Marco- A análise dos documentos foi realizada no intuito de tra-
ni (2003) afirmam que a metodologia qualitativa preocupa-se çar um conhecimento acerca da previsão e funcionamento da
em analisar e interpretar os diversos aspectos do objeto em compensação ambiental em nível federal e estadual, numa
questão, descrevendo suas nuances e características sem o análise exploratória, propositiva e comparativa e, em vias
emprego de métodos quantitativos. destas, possíveis sugestões de otimização do instituto da
Sob esse enfoque metodológico o estudo desenvolveu a compensação ao nível estadual e federal, tendo como parâ-
análise de leis, decretos e resoluções, bem como se baseou metro basilar e primário o atendimento aos princípios e do
em uma fundamentação teórica sobre os pressupostos que desenvolvimento local sustentável.

48 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

4. Desenvolvimento sustentável um reflexo direto na saúde pública e na qualidade de vida.


Os estudos mostram que não se pode mais negar a complexa
O tema desenvolvimento sustentável será analisado a par-
interrelação entre sistemas sociais, econômicos e ecológicos,
tir das definições e evoluções trazidas através das conceitu-
considerando que as atividades econômicas e comerciais es-
ações, segundo órgãos e instituições nacionais e internacio-
tão inseridas e fazem uso de parte dos sistemas ecológicos e
nais, influenciadores e influenciados por essa nova percepção
sociais. São conforme Waage (2004) e Capra (2006), verda-
humana frente aos impactos causados ao meio ambiente. São
deiros sistemas entrelaçados.
expostas, nesse sentido, a trajetória a partir do surgimento,
Em recentes discussões, como as ocorridas no Painel In-
evolução e impacto na estrutura societária mundial, brasileira
tergovernamental de Mudanças Climáticas em 2007, que tra-
e local.
tou do aquecimento global, e as divulgadas no documentário
O estudo foi realizado a partir de um breve levantamen-
“Uma verdade Inconveniente” dirigido por Al Gore (2007),
to histórico do surgimento e fortalecimento do movimento
mostram que a preocupação sócioambiental é tão urgente que
pela sustentabilidade planetária, a ponto de tê-la como refe-
não se cabe mais apenas uma reflexão, mas uma incorporação
rencial de intervenção nos arcabouços políticos e normati-
dos princípios da sustentabilidade nos conceitos e ações ge-
vos da sociedade.
renciais e governamentais, por tratar-se de uma questão não
4.1 Contextualização do desenvolvimento sustentável mais de melhoria, mas de sobrevivência.
Historicamente, o empenho humano em trazer melhorias 3. Revisão da literatura
para a satisfação das insaciáveis e incessantes necessidades
A Constituição do Estado de Pernambuco fora promulga-
vem acarretando em uma crescente demanda por recursos na-
da em 5 de outubro de 1989, tendo sido modificada através
turais. Para que esses desejos sejam atendidos, é necessário
de 32 emendas à constituição, a última delas em 2008. O tex-
fazer uso de recursos naturais renováveis e não renováveis,
to traz, em 253 artigos, questões primárias e fundamentais
de forma a alimentar e manter os meios de produção e os
para regulamentação e estruturação organizacional do estado.
padrões de desenvolvimento estabelecidos.
Atestando, no artigo 5º, sua autonomia e independência no
Além dos aspectos ambientais envolvidos existem as re-
exercício de todos os poderes que não sejam vedados ou que
percussões no âmbito social e político, gerados a partir do
firam os princípios constitucionais federais.
aperfeiçoamento de métodos e técnicas de produção. O mar-
Sobre o meio ambiente, referencia em diversos artigos
co evolutivo da ascensão desenvolvimentista se deu com o
algumas definições e regulamentações sobre o tema, dispon-
advento da revolução industrial (séc. XVIII) que, aliando a
do logo nos seus artigos iniciais, a competência e obrigato-
melhoria dos aspectos produtivos, empresariais e tecnológi-
riedade na defesa do meio ambiente, patrimônio histórico e
cos, incrementaram a exploração dos recursos naturais e ener-
cultural:
géticos, repercutindo no cenário político-social.
Art. 5º - (...)
O fato é que as benesses trazidas pela evolução acarre-
Parágrafo Único - É competência comum do Estado e dos
tam numa constante alteração do cenário ecológico mundial,
Municípios:
provocados pelo desenvolvimento desenfreado, gerando uma
(...)
série de preocupações quanto ao surgimento de problemas de
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de
ordens social e ambiental.
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos e as pai-
O modelo econômico consumeirista acaba gerando gra-
sagens naturais notáveis, os sítios arqueológicos, e conservar
ves distúrbios na biosfera a ponto de ameaçar a base de sus-
o patrimônio público;
tentação da vida.
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização
As repercussões negativas advindas do processo evolutivo
de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico
das sociedades humanas foram ganhando um espectro cada
e cultural;
vez maior, a ponto de se tornar uma preocupação mundial.
(...)
Dados levantados a partir do estudo intitulado “Os mer-
VI - proteger o meio ambiente, combatendo a poluição em
cados do amanhã, tendências globais e suas implicações para
qualquer de suas formas;
as empresas” anuncia que atualmente o mundo tem aproxi-
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
madamente 78% de pobres, e que em por volta de 25 anos, a
(...)
população alcançará 8 bilhões, cerca de um terço a mais que
a atual, causando um considerável aumento no consumo, ge- A Constituição do Estado quando trata das questões rela-
rando riscos ambientais e sociais, afirmando que o progresso tivas ao desenvolvimento econômico de Pernambuco define
mundial só será possível com a revisão da equação: redução que este será conciliado com a liberdade de iniciativa e com
da pobreza e equilíbrio ambiental. (WBCSD, 2002) os princípios superiores da justiça social, com a finalidade de
Hoje já está pacificado o entendimento de que os impactos assegurar a elevação do nível de vida e bem-estar da popula-
ambientais sofridos são frutos do uso desmedido de recursos ção (art. 139) (PERNAMBUCO, 1989).
naturais pelo homem. Uma vez impactado o meio natural, há A Carta do Estado estabelece ainda que, para que se atin-

no 347 Petro & Química 49


Artigo Técnico

jam essas metas serão considerados alguns aspectos, dentre 204) (PERNAMBUCO, 1989).
eles a proteção ao meio ambiente, através principalmente O art. 205 do texto Constitucional Estadual referencia um
do combate à exaustão dos solos e à poluição ambiental, em cuidado diferenciado às áreas de interesse cultural e ambien-
qualquer das suas formas; proteção à fauna e à flora; deli- tal, citando como especiais os recifes, os mananciais de inte-
mitação das áreas industriais, estimulando para que nelas se resse público e suas bacias, os locais de pouso, alimentação
venham instalar novas fábricas e que para elas se transfiram e/ou reprodução da fauna, bem como áreas de ocorrências de
aquelas localizadas em zonas urbanas. endemismos e raros bancos genéticos e as habitadas por orga-
Nota-se que ao instituir os aspectos do desenvolvimento nismos raros, vulneráveis, ameaçados ou em via de extinção.
econômico se atentou para a preservação e conservação do O que se compreende do exposto é que estas áreas bem se en-
meio ambiente, sendo posto como uma das vertentes garan- quadram no Sistema de Unidades de Conservação, por serem
tidoras da qualidade de vida, não podendo os aspectos e inte- zonas que merecem uma especial atenção do estado, neste
resses puramente econômico-desenvolvimentistas prevalece- caso, devendo ser enquadradas dentro dos grupos de proteção
rem sobre a importância da preservação natural. integral definidos através do Sistema de Unidades de Conser-
Quando o texto trata do desenvolvimento urbano, também vação do Estado – SEUC: Lei nº 13.787/09 (PERNAMBU-
expõe como um limitador ao crescimento e expansão espacial CO, 1989) e, uma vez a área suplantando o espaço geográfico
e populacional, a garantia de preservação e conservação da do estado, ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação
qualidade ambiental, visando à qualidade de vida dos cida- - SNUC (Lei nº 9.985/00) (BRASIL, 2000).
dãos, assegurando ainda a utilização adequada do território A constituição ainda indica como estruturação da gestão
e dos recursos naturais mediante o controle de implantação e e controle ambiental a criação de três instrumentos: Política
de funcionamento, dos empreendimentos industriais, comer- Estadual de Meio Ambiente, Sistema Estadual de Meio Am-
ciais, habitacionais e institucionais e a administração dos re- biente e Plano Estadual de Meio Ambiente, cada qual com
síduos gerados no meio urbano, através de procedimentos de as seguintes definições e atribuições (art. 206 a 210) (PER-
coleta ou captação e de disposição final, de forma a assegurar NAMBUCO, 1989):
a preservação sanitária e ecológica. (art. 144) (PERNAMBU- a) O Conselho Estadual de Meio Ambiente - órgão colegia-
CO, 1989). do e deliberativo, constituído por representantes governa-
A política urbana foi traçada, conforme Art. 145, de forma mentais e não-governamentais, paritariamente, e encarre-
a conservar as funções sociais da cidade, entendidas estas, na gado da definição da Política Estadual de Meio Ambiente.
forma da lei, como o direito do cidadão ao acesso à mora- b) A Política Estadual de Meio Ambiente - tem por objetivo
dia, transporte coletivo, saneamento, energia elétrica, ilumi- garantir a qualidade ambiental propícia à vida e devendo
nação pública, trabalho, educação, saúde, lazer e segurança, ser aprovado por lei, a partir de proposta encaminhada pelo
bem como a preservação do patrimônio ambiental e cultu- Poder Executivo, com revisão periódica, atendendo aos se-
ral. Indicando a necessária tutela aos aspectos garantidores guintes princípios:
da qualidade de vida, a partir da conservação; também dos • ação governamental na manutenção do equilíbrio ecoló-
patrimônios ambientais e culturais, fincando as limitações ao gico, considerando o meio ambiente como um patrimônio
crescimento desordenado. público a ser necessariamente assegurado e protegido, ten-
Já a política cientifica e tecnológica foi incentivada no do em vista o uso coletivo;
principio do respeito à vida, devendo ser aplicado com o de- • racionalização do uso do solo, subsolo, da água e do ar;
vido respeito e o aproveitamento racional e não-predatório • proteção dos ecossistemas, com a preservação das áreas
dos recursos naturais, a preservação e a recuperação do meio representativas;
ambiente e o respeito aos valores culturais (art. 203) (PER- • planejamento e fiscalização do uso dos recursos
NAMBUCO, 1989). ambientais;
Acompanhando a devida importância dada ao meio am- • controle e zoneamento das atividades potencial ou efetiva-
biente a nível federal, a constituição do Estado de Pernambu- mente poluidoras;
co também destinou um Capitulo só para o Meio Ambiente • incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologia, orientados
(capítulo IV). Reverbera o texto legal a indissociabilidade para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
do desenvolvimento à preservação e conservação natural, • recuperação das áreas degradadas;
devendo o desenvolvimento ocorrer de forma a conciliar • proteção de áreas ameaçadas de degradação;
com a proteção ao meio ambiente, obedecendo, ainda, aos • concessão, na forma da lei, de incentivos fiscais à implan-
seguintes princípios: preservação e restauração dos processos tação de projetos de natureza conservacionista, que visem
ecológicos essenciais; conservação do manejo ecológico das ao uso racional dos recursos naturais, especialmente os
espécies e dos ecossistemas; proibição de alterações físicas, destinados ao reflorestamento, à preservação de meio am-
químicas ou biológicas, direta ou indiretamente nocivas à biente e às bacias que favoreçam os mananciais de interes-
saúde, à segurança e ao bem-estar da comunidade; proibição se social;
de danos a fauna, à flora, às águas, ao solo e à atmosfera. (art. • educação ambiental a todos os níveis de ensino, de manei-

50 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

ra integrada e multidisciplinar, inclusive a educação da co- prevalecer, pois toda a localidade detém características únicas
munidade, objetivando capacitá-la para participação ativa que a atribuem uma identidade única e insubstituível, uma
na defesa do meio ambiente. vez prejudicada e comprometida, não poderá ser suprida ou
c) O Plano Estadual de Meio Ambiente - disciplinado por substituída por qualquer outra.
lei, é o instrumento de implementação da política estadual Entende-se que a implementação dos recursos da com-
e deve prever a adoção de medidas indispensáveis à utili- pensação ambiental em outra área de influência não poderá
zação racional da natureza e redução da poluição resultan- substituir ou “compensar” a perda localmente causada, o
te das atividades humanas, inclusive visando: que acaba por comprometer o desenvolvimento local sus-
• proteger as praias marítimas e fluviais, as zonas estuarinas tentável, colocando em xeque a eficácia desse instituto, no
e manguezais, as matas de restinga e os resquícios da mata viés do propósito existencial da legislação ambiental, que é
atlântica e a realização de estudos de balneabilidade, com a sustentabilidade.
ampla divulgação para a comunidade; Uma das considerações, a título de sugestão, é a elevação
• proteger os rios, correntes de águas, lagos, lagoas e es- de aplicabilidade e incidência dos resguardos legais previs-
pécies neles existentes, sobretudo para coibir o despejo tos no Sistema de Unidade de Desenvolvimento Sustentável
de caldas e vinhotos das usinas de açúcar e destilarias de a todo o perímetro geográfico nacional e estadual, de forma
álcool, bem como de resíduos ou dejetos, suscetíveis de que, todo o espaço territorial seja contemplado pelas obriga-
torná-los impróprios, ainda que temporariamente, para o ções, direitos e garantias das políticas ambientais já traçadas e
consumo e a utilização normais ou para a sobrevivência da delineadas no âmbito prático. Desta forma poder-se-ia, desde
flora e da fauna; logo, viabilizar o cumprimento das ações pró-sustentabilida-
• preservar a fauna silvestre que habita os ecossistemas de almejadas.
transformados e as áreas rurais e urbanas, proibindo a sua Já nos casos e situações excepcionais, em que se necessi-
caça, captura e a destruição de seus locais de reprodução; tasse de uma restrição maior do estado ao uso, acessibilidade
• limitar a exploração econômica dos recursos pesqueiros, e disponibilidade aos recursos naturais de uma determinada
exigindo a instalação de criadouros artificiais, sempre que área ou região, ai sim, adotaria o sistema de Proteção Integral,
essas atividades ameacem exceder os limites estabelecidos restringindo ainda mais a intervenção humana sobre determi-
pelos órgãos governamentais competentes; nada zona, ecossistema, habitat ou ambiente.
• proibir os remédios e agrotóxicos cujo uso comprometa o Conforme se depreende da própria definição legal, o Sis-
meio ambiente. tema de Unidade de Conservação é entendido como sendo o
Ao que se depreende do sistema constitucional estadual “(...) conjunto de unidades de conservação que, planejadas,
traçado é que a defesa, proteção e atenção que deve ser dada organizadas e manejadas de forma coordenada, é capaz de
ao meio ambiente corresponde a toda extensão territorial do viabilizar os objetivos de conservação da natureza” (PER-
estado, com os devidos cuidados e resguardos legais e, em NAMBUCO, 2009). Em uma análise conclusiva pode-se
situações excepcionais, de acordo com a especificidade, se compreender que para que a conservação da natureza seja
ter uma cautela e sistemática protetiva maior em situações garantida nos moldes das garantias fixadas no SNUC, e agora
e condições excepcionais às áreas restritas e específicas, as SEUC, necessário seria destrinchar todo o território brasileiro
chamadas áreas especiais de conservação. em diversas unidades de conservação, obedecendo todo o rito
traçado em lei para a transformação do território em unidades
4. Conclusões para que, assim, cada espaço físico e suas características úni-
No presente estudo constatou-se que a legislação relacio- cas e insubstituíveis, bem como suas culturas e identidades
nada especificamente ao instituto da compensação ambiental possam ser resguardadas através dos benefícios da legislação
não aponta para a obrigatoriedade de implementação dos re- ambiental vigente.
cursos pagos à área diretamente ou, no mínimo, indiretamen- Sendo a Compensação Ambiental ligada eminentemente
te afetada. a UC’s e, em especial as de Proteção Integral, atina-se que a
Dessa forma, questiona-se a eficácia de um instituto cria- lei, da forma ora vigente, acaba por restringir e limitar o uso
do para “compensar” um dano local causado onde, na verda- do recurso a estas áreas, deixando de possibilitar o fomento
de, deixa de vincular a implementação de seus recursos espe- e incentivo de inúmeros outros projetos pró-sustentabilida-
cificamente ao ambiente afetado, deixando de contemplar a de que permitissem, de fato, atender às diretrizes do desen-
efetiva compensação a gama de informações culturais e gené- volvimento sustentável propiciando a compensação do dano
ticas locais da área diretamente ou, no mínimo, indiretamente localmente causado nas áreas efetivamente impactadas pelo
prejudicadas. empreendimento licenciado, dentro das dimensões não ape-
O discurso, inserido na lei, aparenta estar vinculado ao nas ambientais, como econômicas e sociais.
pensamento sistêmico de que, uma vez contemplando qual- Caso sejam acatados os argumentos apresentados, estando
quer outra localidade com os recursos da compensação es- os recursos da compensação vinculados às unidades de con-
tar-se-ia, de certa forma, compensando toda a natureza pelo servação do grupo de proteção integral e, excepcionalmente,
dano localmente causado. Tal tese, no entanto, não merece a outras categorias de unidades, se faz necessário a promoção

no 347 Petro & Química 51


Artigo Técnico

de uma alteração legal do artigo 36 da lei nº 9985/00 (fe- n.15/89 – Dispõe sobre o Estudo de Impacto relacionado ao
deral) e, posteriormente, do art. 47 nº 13.787/09 (estadual), uso do metanol utilizado como combustível em automotores.
por serem, respectivamente, a lei federal que trata das normas Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=91. Acesso em: 24 de out de 2008.
gerais sobre a matéria e, logo em seguida, a segunda, que re-
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA n.
gulamenta o instituto na esfera estadual em Pernambuco. 09/90 – Dispõe sobre peculiaridades do licenciamento ambiental
A ordem lógica de implementação dos instrumentos am- relacionado às atividades de extração mineral das classes I, III,
bientais constitucionais é a instituição do Conselho Estadual IV, V, VI, VII, VIII e IX que, por exemplo, exige a apresentação
do Meio Ambiente para que através dele se institua a Política de Plano de Controle Ambiental (PCA) no ato de requerimento
Estadual do Meio Ambiente, a ser viabilizada através do esta- da LI. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/le-
belecimento do Plano Estadual do Meio Ambiente. giabre.cfm?codlegi=106. Acesso em 21 de out de 2008.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA n.
Assim com base na reflexão disposta neste estudo, bem
10/90 – Dispõe sobre do licenciamento ambiental de extração
como nas propostas de otimização apresentadas vislumbra-se mineral da classe II (areias). Disponível em: http://www.mma.
uma maior aplicabilidade do instituto da compensação am- gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=107. Acesso em: 21
biental com finalidade de majorar a promoção do desenvolvi- de out de 2008.
mento local sustentável. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA n.
16/93 – Dispõe sobre a obrigatoriedade do licenciamento para
Referências a fabricação e distribuição de novos combustíveis no Brasil.
AGENDA 21. disponível em: www.redeagenda21.org.br, acesso Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
em: 12 de janeiro de 2008. cfm?codlegi=141. Acesso em 22 de out de 2008.
AGENDA 21 brasileira: ações prioritárias / Comissão de Políticas BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA n.
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BOFF. Leonardo. Fórum Brasileiro de Organizações não Governa- n. 23/94 - Estabelece procedimentos para o licenciamento das
mentais e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desen- atividades relacionadas à exploração e lavra de combustíveis
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Acesso em: 20 de out de 2008. WWF-World Conservation Strategy- Brasil. Disponível em: http://
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA www.wwf.org.br. Acesso em: 14 de maio de 2009.

52 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

Determinação da concentração de
compostos BTEX presentes na atmosfera
através da aplicação da técnica de
microextração em fase sólida
Bonetti, T. M., Guelli U. Souza, S. M. A., Ulson de Souza, A. A.
UFSC - Programa de Pós-graduação em Engenharia Química - Laboratório de Transferência de Massa

e das características da contaminação. Amostragens instantâ-


Resumo neas devem ser realizadas em situações onde ocorram picos
O abastecimento de gasolina aos postos de combustíveis de concentração e quando se deseja caracterizar o nível de
gera elevadas concentrações instantâneas de vapores na at- concentração atmosférica de contaminantes de alto risco.
mosfera que são prejudiciais à saúde. Neste trabalho foi de- A escolha de uma técnica de coleta está diretamente relaciona-
senvolvida uma metodologia analítica para a análise de con- da à técnica de análise química a ser utilizada. A amostragem de
centrações de compostos BTEX em amostras atmosféricas alíquotas de gas em ampolas de vidro associada à análise por cro-
utilizando cromatografia gasosa, GC/FID. A técnica consiste matografia, via SPME, pode proporcionar uma análise simples e
em coletar amostras em ampolas, extraindo compostos volá- rápida, com baixos limites de detecção e menor custo operacional,
teis da fase gasosa através de uma fibra de microextração de quando comparada aos métodos tradicionais de análise [5].
polidimetilsiloxano (PDMS) de 100μm. A metodologia pro- O objetivo deste trabalho é propor uma metodologia para
posta fornece um procedimento simples e rápido de análise análise de BTEX no ar atmosférico, por cromatografia gaso-
com limites de detecção entre 21 ng l-1 (o-xileno) e 72 ng l-1 sa, utilizando a tecnologia de SPME associada à amostragem
(benzeno). Os coeficientes de partição dos compostos BTEX de alíquotas gasosas em ampolas de vidro, para avaliação de
em microfibras foram determinados experimentalmente à concentrações de curta duração.
temperatura de 40°C e extrapolados para 13,6°C. O máximo
erro relativo obtido foi de 21%. Análises de amostras coleta-
Metodologia
das em postos de gasolina tiveram resultados dentro da faixa A unidade de SPME consiste em uma haste capilar (ex:
de concentração adotada nas curvas de calibração. microfibra de sílica, sílica fundida, liga metálica inerte, etc.)
recoberta de um material polimérico ou sólido, com espessu-
Introdução ra definida. Essa fibra é acoplada à ponta de um êmbolo que
A determinação da concentração dos contaminantes at- corre internamente em uma agulha passível de ser injetada
mosféricos faz-se necessária para garantir a qualidade do ar através de um septo (e.g. vials e injetor de um cromatógrafo)
e a saúde do trabalhador. Os BTEX são compostos derivados como pode ser observado na figura 1. Neste trabalho foi ado-
do petróleo utilizados, por exemplo, na produção de substân- tada a fibra de polidimetilsiloxano (PDMS) de 100μm.
cias químicas básicas, na fabricação de pesticidas e como sol-
ventes ou aditivos na síntese de fármacos [1]. A ocorrência de
situações de exposição à atmosferas de risco deve ser avaliada
com cuidado, especialmente em ambientes ocupacionais, ten-
do em vista a elevada toxidade dos BTEX [2,3]. Além disso,
com o desenvolvimento industrial e a urbanização, há tam-
bém um grande aumento das emissões desses contaminantes
na atmosfera causando impactos ambientais.
A análise de compostos orgânicos voláteis na atmosfera
caracteriza-se, no que diz respeito ao dispositivo de amos-
tragem adotado, pelo tempo de coleta [4]. Amostras podem
ser coletadas de forma instantânea ou contínua (ex: coletas
de até 24 horas). A escolha da técnica a ser adotada depende
Figura 1 – Esquema construtivo de uma fibra SPME de 100μm de
dos objetivos do estudo, dos compostos químicos envolvidos
espessura

no 347 Petro & Química 53


Artigo Técnico

Quando uma fibra de SPME é colocada em contato com te encontrados na literatura. Entretanto a determinação expe-
uma amostra, os analitos tendem a se deslocarem da matriz rimental do coeficiente de partição em uma única temperatura
solubilizando-se no material de recobrimento. A dessorção permite calcular dados de para outras temperaturas.
dos analitos é feita por aquecimento instantâneo da fibra de Um procedimento experimental simples para determi-
SPME no injetor do cromatógrafo gasoso (CG). nação do coeficiente de partição baseia-se na equação (1) e
Esta transferência de massa ocorre até que se estabeleça na possibilidade de se injetar uma única amostra no CG de
um equilíbrio de partição entre as fases. Esse equilíbrio é de- duas formas: via SPME e utilizando uma seringa gas-tight
finido a partir da lei de distribuição de Nernst, em termos do [6]. Haja vista a proporcionalidade entre a massa injetada e a
coeficiente de partição , dado pela equação (1), para área de um pico cromatográfico e, considerando que a partir
uma determinada temperatura [5]: dessas injeções são obtidas, respectivamente, as áreas e
, a equação (1) pode ser reescrita da seguinte forma:
(1) (5)

onde é a concentração molar do componente na fibra


no equilíbrio, é a concentração molar do componente no O pode então ser determinado a partir do resultado
gás no equilíbrio. dessas duas análises cromatográficas, conhecendo-se o volu-
A partir do balanço de mols o sistema, constituído de uma me da fibra e o volume de gás .
ampola contendo um analito de interesse na fase gasosa e uma O cálculo das concentrações atmosféricas de amostras re-
fibra SPME exposta nesse meio, pode ser representado pela ais pode ser realizado com base em uma curva de calibração.
equação (2). Essa equação é deduzida com base na hipótese Em análises SPME essa curva pode ser feita de duas formas,
de que o volume da ampola é muito maior do que o volume ou seja, correlacionado o com ou, como segunda
da fibra de SPME ( ), ou seja, no desenvolvimento opção, correlacionando com . Nos dois casos con-
matemático assume-se que . centrações conhecidas dos analitos na fase gasosa são prepa-
radas, extraídas via SPME e injetadas no cromatógrafo. No
(2) primeiro caso, a extração de uma amostra deve ser realizada
sempre a mesma temperatura utilizada no procedimento de
calibração, pois os efeitos de temperatura sobre o irão
sendo o número de mols do componente na fibra, no distorcer os resultados, sem possibilidade de correção. O que
equilíbrio, a concentração inicial na fase gasosa e o vo- não ocorre no segundo caso, onde o cálculo da concentração
lume da fibra (e.g. 0,69μl para fibra com espessura de filme igual é feito com base no , determinado para a temperatura
a 100μm, comprimento de 1 cm e bitola da agulha 23). de análise por meio da equação (4).
O coeficiente de partição da equação (2) é inversamente O cálculo de concentração para fluidos compressíveis
proporcional à temperatura da amostra. Segundo Martos e Pa- deve levar em consideração os efeitos da pressão e tempe-
wliszyn (1997), a solubilidade de um composto na fibra pode ratura sobre o volume de gás [10]. Para que os dados sejam
ser estimada a partir da lei de Raoult para soluções não ideais, comparáveis, dados de concentração são sempre retificados
equação (3), escrita em termos de concentração, por meio de para as condições padrão de temperatura e pressão – CPTP
um coeficiente e da equação dos gases ideais, (i.e. e ), por meio da
sendo que . A pressão de vapor do componente puro correção do volume (equação (6)).
pode ser corrigida pela equação de Clausius-Clapeyron. O
arranjo matemático mostrado na equação (4) correlaciona o (6)
coeficiente de partição com a temperatura [5].
(3) As calibrações são determinadas em condições conhecidas
(4) de temperatura e pressão que permitem o cálculo da concen-
tração e sua correção para as CPTP. Se essas condições
Nas equações acima, é a concentração inicial no gás, de calibração foram e
a concentração na fibra no equilíbrio. O é o ca- a equação (6) pode ser reescrita da seguinte forma:
lor da vaporização do componente puro, é a pressão de onde (7)
vapor do componente puro à temperatura é o coefi-
ciente de atividade do analito na fibra, enquanto sendo que e são o volume corrigido para as
. é um novo coeficiente de atividade do analito na fibra. condições padrão de análise e o volume da ampola utilizada na
é a temperatura de equilíbrio do sistema e R é a constante calibração, respectivamente. Uma área cromatográfica, quando
universal dos gases ideais. Os dados de entrada dessa equação utilizada para cálculo da concentração a partir de uma curva de
devem estar nas unidades do sistema internacional (SI). Os calibração, irá resultar em uma concentração equivalente ,
dados de calor de vaporização podem ser calculados a partir referente à correção das condições padrão de análise. Entre-
de modelos empíricos como os modelos de Riedel, Vetere e tanto, em uma amostragem real, o volume da ampola pode ser
de Liu [7,8,9]. Os coeficientes de atividade não são facilmen- ligeiramente diferente de , além de a coleta ser feita em

54 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

condições variáveis de pressão e temperatura. Tais diferenças calibração, para uma relação sinal-ruído de 3. O tempo de 15
acabam por gerar fatores de correção diferentes de , de for- minutos foi adotado como tempo de extração por SPME em
ma que é necessário aferir o valor de para um novo valor todos os experimentos.
corrigido por meio de outro fator (equação (8)). A coleta de amostras reais foi feita através de um sistema
montado de acordo com o esquema apresentado na figura 2.
(8)
onde .

sendo que é o volume da ampola utilizada na amos-


tragem, é o volume corrigido para as condições de Figura 2 – Esquema de montagem de um dispositivo de coleta de gases
amostragem, e são as condições de temperatura
e pressão medidas no momento da coleta e e são O dispositivo de coleta é uma ampola confeccionada em
as condições de temperatura e pressão utilizadas na calibra- vidro borossilicato com uma boca para septo e duas válvulas
ção (i.e. e . do tipo stop flow para entrada e saída de gás, totalizando um
Nos procedimentos de calibração foi utilizada uma am- volume nominal de 270 ml. Determinou-se o volume exato de
pola com e, a partir dos valores conhe- cada ampola por meio da densidade, pesando-se o volume de
cidos de , a equação (8) pôde ser simplificada, água destilada que preencheu os recipientes.
sendo essa utilizada para o cálculo da concentração em amos- Resultados e discussão
tras reais.
As curvas de calibração foram construídas a partir da aná-
(9) lise em triplicata de seis amostras padrão com concentrações
variadas dentro dos limites do Limite Inferior de Quantifica-
Procedimento experimental ção (LIQ) e do Limite Superior de Quantificação (LSQ). A
Tabela 1 apresenta os resultados da calibração. Os coeficien-
Um cromatógrafo gasoso GC-17A da Shimadzu com um
tes angulares mostrados correlacionam com .
detector de ionização por chama (DIC) e uma coluna DB-5
(30m, 0,25 mm I.D., 1.0 μm esp. filme) foi configurado para Tabela 1 – Dados das curvas de calibração do BTEX e isooctano
uma temperatura inicial de 35°C por 10min e uma rampa de (surrogate)
5°C/min. até 110°C. Foi utilizado nitrogênio como gás de ar- Tempo de
Coef. LIQ (ng/L LSQ (ng/L DPR DPR
raste a 40kPa e injeção splitless, por 5 min., a 270°C, utilizan- Componente retenção R2
Angular nas CPTP) nas CPTP) máx min.
do-se um liner específico para SPME (I.D. 0,75mm). (min.)
Os compostos benzeno, tolueno, m-xileno, p-xileno e o-xi- Isooctano 2,196 8,75 688,5 5777,1 0,9991 3,85% 0,66%
leno foram adquiridos puros da Fluka, sendo os dois primei- Benzeno 1,721 7,725 154,0 7389,5 0,9991 4,86% 0,96%
ros com pureza ≥99,9% e os demais com pureza ≥99,5%. O Tolueno 4,590 13,431 196,7 7334,7 0,9985 4,65% 3,06%
etilbenzeno foi adquirido puro da Sigma-Aldrich, com pureza Etilbenzeno 11,226 18,935 178,0 7302,1 0,9969 5,54% 2,97%
≥99,8%. O isooctano, utilizado como composto de recuperação m,p-Xileno 12,296 19,376 211,4 7225,6 0,9951 8,31% 1,54%
foi adquirido da Merck, com pureza ≥99,5%. A solução padrão o-Xileno 16,298 20,595 131,0 6717,5 0,9957 5,58% 1,45%
de calibração foi preparada pela mistura de 100μl de benzeno, NOTA: DPR=Desvio Padrão Relativo
tolueno, etilbenzeno, o-xileno e isooctano e 50μl de m-xileno e Para a metodologia proposta foram alcançados limites de
p-xileno individualmente em um vial de 2mL. detecção de 23,63 ppbv para benzeno, 7,59 ppbv para tolue-
As curvas de calibração foram feitas por meio da prepa- no, 6,83 ppbv para etilbenzeno, 12,60 ppbv para m,p-xilenos
ração de soluções gasosas padrão em ampolas de vidro, por e 5,0 ppbv para o-xileno. Os coeficientes de partição foram
meio da adição em fase líquida de 5μl da solução padrão em determinados experimentalmente à temperatura de 40°C e ex-
uma ampola de volume utilizando um trapolados até 13,6°C, por meio do modelo proposto. A Tabela
auto-injetor AOC-5000 da Shimadzu. Duas diluições subse- 2 mostra a comparação dos dados obtidos em ampolas com os
quentes da mistura gasosa foram realizadas para alcançar as resultados apresentados por Martos e Pawliszyn (1997).
concentrações de interesse. Foi utilizada uma seringa gas-ti- Tabela 2 – Comparação entre os coeficientes de partição experimentais
ght de 25ml, com válvula e as ampolas possuíam os volumes obtidos para temperatura de 40°C em ampolas e os valores
e . Todas as ampolas extrapolados para a mesma temperatura pelos ajustes lineares
foram previamente preenchidas com nitrogênio puro e esta- propostos por (Martos e Pawliszyn, 1997)
bilizadas a pressão atmosférica e temperatura de 40°C. As K autor
concentrações foram calculadas por intermédio da equação Composto Kexp (40°C) DPRexp er
(40°C)
geral da lei dos gases ideais, conhecendo-se a número total de Benzeno 134,4 1,86% 145 -7,55%
moles de cada componente dentro do recipiente. Para deter- Tolueno 397,6 0,76% 373 6,69%
minação dos coeficientes de partição foi adicionado 1 μl da Etilbenzeno 953,6 2,08% 963 -0,93%
solução padrão em uma ampola. A determinação dos limites m,p-Xilenos 1030,4 4,07% -- --
de detecção foi feita com base nos procedimentos da regula- p-Xileno -- -- 1089 --
mentação federal dos Estados Unidos (40 CFR 136 Apêndice
o-Xileno 1264,2 2,31% 1297 -2,50%
B), a partir do ruído da linha-base das análises da curva de

no 347 Petro & Química 55


Artigo Técnico

A Figura 3 mostra a correlação entre o versus Conclusões


, obtida a partir do modelo de Vetere com referência nos coe- Neste trabalho foi desenvolvida a calibração do CG para
ficientes de partição determinados experimentalmente a 40°C. análise de BTEX, via SPME, coletados no estado vapor em
ampolas de vidro. A partir da calibração foi demonstrada via-
3,5
bilidade de aplicação da metodologia para análise de vapores
3,0 de combustíveis em postos de abastecimento.
Por intermédio da técnica de SPME, foram obtidos limites
Log10(K)

2,5

de detecção satisfatórios para a temperatura de análise adota-


2,0
da, tendo em vista o pequeno volume de amostra. Os resulta-
1,5
dos permitiram inferir a magnitude da influência da tempera-
1,0 tura sobre os coeficientes de partição, levantando indícios da
3,15 3,20 3,25 3,30 3,35 3,40 3,45 3,50 3,55
1/T (x10-3) (K-1) possibilidade de redução dos limites de detecção por meio da
Benzeno Tolueno Etilbenzeno m,p-Xilenos o-Xileno redução da temperatura de análise.
Figura 3 – Efeito da temperatura sobre os coeficientes de partição a Análises de amostras coletadas em postos de combustíveis
partir da equação de Vetere. apresentaram resultados dentro da escala de concentração ado-
Amostras reais foram coletadas em um posto de com- tada nas curvas de calibração. Os resultados do erro relativo do
bustíveis em condições normais de temperatura e pressão. A surrogate, em todas as amostras, ficaram dentro da margem da
pressão e temperatura foram medidas por um barômetro de média de dez analises padrão ±3σ, demonstrando a aplicabili-
Torricelli e um termômetro de bulbo. Essas variáveis, bem dade do método proposto. Por meio desta metodologia, foram
como o volume das ampolas, foram registradas a cada coleta detectadas elevadas concentrações de pico durante o abasteci-
e utilizadas para correção das concentrações equivalentes. A mento de carros em postos de combustíveis.
vazão de coleta foi ajustada para 6,0 L/min., equivalendo,
Agradecimentos
em um período de 30 s, a aproximadamente dez vezes o
volume nominal de uma ampola. Adotando-se essa vazão, Os autores agradecem o apoio financeiro do CNPq e CA-
todo o ar contido em uma ampola é trocado a cada 2,7 s, PES pela concessão de bolsa, ao LABMASSA- UFSC pela
caracterizando a coleta instantânea. A Tabela 3 apresenta utilização da infraestrutura analítica no desenvolvimento
os resultados obtidos. deste trabalho e à ANP_PRH9 por melhorias realizadas em
equipamentos analíticos no laboratório.
Tabela 3 – Resultados da análise de amostras atmosféricas coletadas Referências Bibliográficas
na altura de respiração do trabalhador durante o abastecimento de
carros com gasolina tipo C. 1. BRASIL. Risco químico: atenção à saúde dos trabalhadores
expostos ao benzeno. Ministério da Saúde, Brasília, 2006.
Concentração (ng/L nas CPTP) Disponivel em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
Componente
Branco Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 protocolo_risco_quim.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2011.
Isooctano 2832,8 2344,05 2621,41 2730,38 2525,25 2. GONZALEZ-FLESCA, N. et al. Personal exposure of children
Benzeno -- 4055,09 6318,94 3162,97 7704,66 and adults to airborne benzene in four French cities. Atmospheric
Environment, v. 41, p. 2549–2558, 2007.
Tolueno -- 2626,38 4113,95 2048,58 4990,13 3. LARINI, L. Toxicologia. 3. ed. São Paulo: Manole Ltda, 1997. 301 p.
Etilbenzeno -- 136,99 2183,45 <LIQ 260,28 4. BRASIL. Instrução Normativa N.º 1 de 20 de Dezembro de
m,p-Xileno -- 483,61 839,49 377,22 918,86 1995. Aprova o texto que dispõe sabre a “AVALIAÇÃO DAS
o-Xileno -- 127,17 188,77 <LIQ 241,62 CONCENTRAÇÕES DE BENZENO EM AMBIENTES DE
er (surr.) TRABALHO”. Ministério do Trabalho e Emprego, 1995.
100,86% 95,53% 93,65% 97,80% 100,99%
5. MARTOS, P. A.; PAWLISZYN, J. Calibration of Solid Phase
Microextraction for Air Analyses Based on Physical Chemical
A Figura 4 mostra o cromatograma dos vapores de gasoli- Properties of the Coating. Analitycal Chemistry, v. 69, n. 2, p.
na e as separações dos BTEX e isooctano obtidas por meio do 206-215, 1997.
método configurado em uma coluna DB-5 de 30metros. 6. CHAI, M. et al. Determination of Volatile Chlorinated
Hydrocarbons in Air and Water With Solid-p hase Microextraction.
Analyst, v. 118, p. 1501-1505, 1993.
7. LIU, Z.-Y. Estimation of heat of vaporization of pure liquid
at its normal boiling temperatur. Chemical Engineering
Communications, v. 184, n. 1, p. 221– 228, 2001.
8. VETERE, A. A new correlations for predicting vaporization
enthalpies of pure compounds. Chemical Engineering Journal,
v. 17, p. 157-162, 1979.
9. SMITH, J. M.; NESS, H. V.; ABBOTT, M. Introduction to
Chemical Engineering Thermodynamics. 7. ed. New York:
McGraw-Hill, 2004. 840 p. ISBN -10: 0073104450.
10. REYNOLDS, J. P.; JERIS, J. S.; THEODORE, L. Handbook
Figura 4 – Cromatograma demonstrativo da análise de vapores of Chemical and Environmental Engineering Calculations.
New York: A John Wiley & Sons, Inc., 2002. 959 p. ISBN
gasolina, por SPME, em coluna cromatográfica de 30 m 0471402281.

56 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

FlowView – Sistema de Suporte à


Decisão para Análise de Dados e
Reconhecimento de Padrões de
Escoamento Multifásico
Mateus Neves Barreto, Ricardo Menezes Salgado
Instituto de Ciências Exatas - Universidade Federal de Alfenas
a decisão errada, gerando um grande prejuízo e uma catástrofe
Resumo irreversível. Por motivos como este, o número de investimentos
Este trabalho propõe um Sistema de Suporte à Decisão em pesquisas para tornar os SADs mais seguros tem sido cada
(SAD) denominado FlowView. Este sistema foi desenvolvi- vez maior, gerando um grande avanço tecnológico.
do para processar dados de escoamento multifásico de forma Sistemas SAD são encontrados na área petrolífera, com
rápida e precisa além de realizar identificação de padrões em grande abrangência de mercado. Em contra partida, nota-se a
sistemas que operam em tempo real. O FlowView foi projetado carência da existência de sistemas especializados, devido ao
para ser utilizado em situações reais e que necessitam de res- alto custo de produção dos mesmos sem a garantia de retorno
postas rápidas. Pelos resultados obtidos em estudos de campo imediato. Os sistemas que possuem robustez e tempo curto
pode-se afirmar que o sistema FlowView é robusto e atende aos de resposta são os mais indicados, porém estes quesitos geral-
requisitos necessários na área de escoamento multifásico. mente não são encontrados em sistemas muito abrangentes.
Na literatura especializada é possível encontrar alguns
I. Introdução SADs que atuam em domínios específicos. Por exemplo, tem-
Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) possuem grande im- se o Gas Flow Rate Calculation, o PGAS Flow Measurement
portância em contextos que demandam de escolhas precisas e - Software Solution bem como algumas ferramentas Pipenet
contêm inúmeras variáveis. Atualmente o avanço de tecnolo- que realizam análises de fluxo e possuem módulos para cál-
gia nesta área tem sido exorbitante, gerando a necessidade de culos de fluxos instáveis, sistemas de proteção contra incên-
manipular grandes quantias de informação simultaneamente. dio e um módulo para resolver problemas em geral.
Neste sentido, técnicas de mineração de dados vêm sendo Na área de petróleo e gás o problema de análise do escoa-
aplicadas em conjunto com ferramentas de apoio ao processo mento multifásico, isto é, a disposição dos fluidos no interior
decisório para auxiliarem tomadas de decisões e também in- de um duto é uma área de constante pesquisa por envolver
formarem os possíveis riscos de cada operação. (Bispo, 1998) uma grande quantidade de variáveis e dados. Mais especifi-
destaca as linhas de pesquisa dos SADs; sendo elas: sistemas camente, o problema de escoamento multifásico é largamente
de apoio à decisão em grupo, fundamentos sobre sistemas de estudado por universidades e empresas devido a sua impor-
apoio à decisão, estudos voltados à interface homem máqui- tância em aplicações de campo em diversas áreas. O ponto
na, modelos de gerenciamento e inteligência artificial. principal do escoamento multifásico é a quantidade de dados
Com o surgimento entre a década de 60 e 70, segundo (Pe- que devem ser processadas e tratadas em um curto espaço de
arson & Shim, 1995), (Costa, 1997) e (Fisher, 1998), os SADs tempo para que decisões sejam tomadas evitando a ocorrên-
mantiveram desde o início o papel de facilitar o gerenciamento cia de problemas técnicos e operacionais.
e tomadas de decisões em comparações que demandam de es- Neste contexto, a proposta deste trabalho é apresentar o
colhas precisas. Porém, grandes investimentos em pesquisas, sistema de suporte à decisão denominado FlowView. Este
neste setor, se iniciaram apenas na década de 90 quando a con- SAD foi desenvolvido para proporcionar ao operador, facili-
corrência industrial, devido ao capitalismo, atingiu seu auge. dades em termos de interface gráfica, banco de dados dedica-
Na área petrolífera, decisões imprecisas podem gerar prejuí- do, e principalmente um conjunto de modelos que tratem as
zos incalculáveis, como ocorreu no Golfo do México. “Quando peculiaridades existentes no problema de escoamento multi-
a plataforma Deepwater Horizon pegou fogo, um sistema auto- fásico suprindo as especificidades desta área.
mático deveria ter fechado imediatamente uma válvula no fundo No decorrer deste artigo serão apresentadas as características
do mar. Deveria, mas não fechou.” (G1, 2010). O SAD apontou do sistema FlowView bem como um estudo de caso mostrando a

no 347 Petro & Química 57


Artigo Técnico

aplicabilidade deste SAD em um problema de campo. O conteúdo Sistemas de escoamento apresentam aspectos peculiares
deste trabalho encontra-se organizado de acordo com a seguinte que os tornam diferentes de outros sistemas de escoamento.
sequência: na seção II é descrito o problema do escoamento mul- O escoamento pode apresentar diversos padrões, variando a
tifásico e suas aplicações industriais, a seção III aborda o sistema velocidade, pressão, densidade e outras características da va-
FlowView destacando suas ferramentas e métrica de construção. A zão. Estas variações podem ocorrer em frações de segundos
seção IV contém dois estudos de casos práticos da área de esco- apresentando riscos para o escoamento. A opção para sanar
amento multifásico solucionados com o SAD FlowView. As con- estes riscos é a utilização de um sistema que seja capaz de
clusões e comentários finais estão descritos na seção V. identificá-los em tempo hábil, ou seja, em tempo real (onli-
ne). A identificação do padrão e a resposta rápida dependem
II. O problema de escoamento multifásico diretamente do SAD utilizado, ficando com uma grande par-
Escoamento multifásico pode ser definido como um fluxo cela de responsabilidade da tomada de decisão.
de substâncias distintas, homogêneas ou heterogêneas, que se Outro problema encontrado em sistemas deste setor é a
dispõem, no interior de uma tubulação, formando um conjunto manipulação de um grande número de informações, em que
de padrões ou regimes de escoamento. Estes padrões podem o usuário final demanda de grandes conhecimentos para
ser captados por sensores para estudos de comportamento na operá-los. Sistemas especialistas devem tratar estes dados e
área petrolífera. Modelos de escoamento são encontrados na apresentar de maneira amigável ao usuário final. O grande
natureza e aplicados em diversas áreas industriais. A identifi- número de informações se deve a frequência de aquisição dos
cação precisa do regime é crítica para sistemas de escoamento, dados, que geralmente é alta. Por exemplo, uma aquisição
e dessa forma, essencial para diversos processos em indústrias realizada durante 60 segundos (s) a frequência de 3000 Hertz
químicas, nucleares e petrolíferas, tais como caldeiras, conden- (Hz) gera 180000 valores medidos que devem ser armazena-
sadores, linhas de transporte de gás e óleo e sistemas de resfria- dos e analisados em curto espaço de tempo.
mento de reatores nucleares (Júnior, 2009). Outro ponto crucial de um SAD é a dificuldade de apre-
O fluxo das substâncias gás-líquido no interior de um duto sentar um grande número de informações ao usuário de modo
formam regimes de escoamento específicos. Para escoamento que o mesmo fique satisfeito. Para suprir esta necessidade, o
no regime vertical: Vazio (1), Anular (2), Semi-Anular (3), Agi- sistema deve destacar informações mais relevantes.
tado (4), Golfadas (5), Capa Esférica (6), Bolhas (7) e Cheio (8) Como descrito anteriormente o objetivo deste artigo é
(figura 1). Para escoamento no regime horizontal: Estratificado, apresentar o SAD FlowView. Este SAD oferece um módulo
Pistonado, Bolhas Dispersas, Disperso, Ondular, Pistonado Ae- de classificação de padrões que usa uma base de dados espe-
rado e Anular (figura 2) além dos padrões Cheio e Vazio. cializada, módulos de visualização e manipulação de dados
que facilitam análises e testes. Além disso, pode ser aplicado
para classificar padrões de escoamento em tempo real, por
meio de uma interface gráfica de fácil uso e interativa.

III. Sistema FlowView


Existem programas estatísticos como o Matlab, GNU Octa-
ve, Minitab e outros, que dão suporte as visualizações e análises
de dados. Porém para o usuário final, a utilização das ferramen-
tas citadas fica inviável decorrente da necessidade de mão de
obra especializada. Em contra partida, o FlowView foi desen-
volvido para suprir esta deficiência, oferecendo facilidades de
Figura 1. Regimes de escoamento gás/líquido vertical. manipulações estatísticas que podem ser utilizadas sem a neces-
sidade de profundos conhecimentos em ferramentas matemáti-
cas e modelos específicos. O FlowView também conta com mó-
dulos de classificação de escoamento, exportação e importação
de modelos treinados a partir de bases previamente cadastradas,
auxiliando no suporte à decisão. Uma das características que o
FlowView possui é a liberdade que o usuário possui para fazer
análises detalhadas das aquisições de escoamentos.
Para o controle de segurança, foi necessária a criação de lo-
gins, onde cada usuário possui visões e permissões parciais do
sistema, justificada pela personalização de papéis (roles) que
os mesmos assumem dentro do sistema. O papel de administra-
dor tem a opção de gerar visões reduzidas do banco de dados.
Figura 2. Regimes de escoamento horizontal (Corrêa, 2009) Esta ferramenta é vital para ambientes que necessitam de um

58 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

sistema ágil e não podem esperar o carregamento detalhado de modelagem relacional deve considerar o relacionamento das
todas as informações em seus terminais. O usuário standard, aquisições com as seguintes entidades:
em contrapartida, pode acessar todas as funcionalidades do sis- • Estação;
tema, mas não tem permissão para alterar a base de dados. • Aparato experimental;
A escolha de utilizar um Sistema Gerenciador de Banco de • Padrão identificado;
Dados (SGBD) é justificada pela segurança, portabilidade e • Responsável;
organização dos dados. O foco da modelagem relacional (MR) • Fases;
do sistema (figura 3) foi otimização e eficiência, por se tratar de • Dado.
um sistema que pode ser utilizado em situações críticas. Preo- A partir da relação “aquisicao” (figura 3) é possível sele-
cupações como velocidade de consulta e eficiência são essen- cionar todos os dados presentes do momento do escoamento.
ciais. Ressaltando a definição de sistemas distribuídos, no qual Cada registro referente à relação “dado” corresponde a um si-
todo sistema integrado e distribuído deve ser eficiente. nal adquirido pelo aparato experimental. Cada sinal adquirido
Como mencionado anteriormente, o problema modelado corresponde a um ponto no gráfico de sinal apresentado na fi-
trata-se de aquisições de dados em uma rede de escoamento gura 13, na qual é possível observar outras informações como,
multifásico. Para representar corretamente as aquisições, a por exemplo, os momentos estatísticos do respectivo sinal.

Figura 3. Modelagem Relacional do Sistema FlowView


no 347 Petro & Química 59
Artigo Técnico

Normalizações são utilizadas para minimizar as redun-


dâncias e as anomalias que podem ser encontradas em um
banco de dados (BD). Seguindo este pretexto, a MR do siste-
ma (figura 3) garante as três primeiras formas normais encon-
tradas na área de banco de dados.
O FlowView oferece um módulo de redução de dados que Figura 5. Redução de dimensionalidade I
garante a eficiência e a qualidade das informações. Sabe-se
que todo sinal é obtido por meio de um aparato experimental,
instalado em ponto específico do duto do escoamento. A fi-
gura 4 mostra um sinal adquirido a uma frequência de 3KHz
durante 60s, gerando um total de 180000 pontos que repre-
sentam o sinal.

Figura 6. Redução de dimensionalidade II

A figura 7 apresenta o mesmo sinal mostrado na figura 4


com 99% de redução, ou seja, apenas 1800 pontos do con-
junto original. Desta forma utilizou-se um intervalo K igual a
100, o que significa uma coleta a cada 100 pontos.

Figura 4. Sinal Original Medido.

Para obter informações relevantes destes dados é neces-


sário aplicar operações matemáticas, porém estas funções
podem consumir um alto tempo de processamento inviabili-
zando a utilização do sistema em tempo real.
Uma alternativa para este problema é realizar o procedi-
mento estatístico de redução de dimensionalidade denomina-
do amostragem sistemática discutido e detalhado por (Bolfa-
rine et al, 2005), (Cochran et al, 1977) e (Thompson, 1992).
Este procedimento visa reduzir a dimensão do conjunto origi-
nal mantendo características inalteradas. Figura 7. Redução de 99% do Sinal Original
A seguir serão descritos os passos para a realização da
amostragem sistemática: Estas reduções reproduzem fielmente a informação do si-
• Define-se inicialmente o número de pontos (R) que irão nal, não tendo perdas na confiabilidade. Isso possibilitou um
compor o subconjunto de dimensão reduzida; grande ganho na velocidade de consulta ao banco de dados,
• Deriva-se o intervalo de coleta de pontos através da divisão ou seja, no desempenho.
do número de pontos do conjunto original (N) pelo número de Após a redução, é necessário validar a representativida-
pontos do conjunto reduzido (R), obtendo o intervalo (K); de do subconjunto. Esta validação pode ser apresentada por
• Finalmente, a partir do ponto inicial, do conjunto original, meio da função densidade probabilidade (Probability density
retira-se um elemento a cada K intervalo para o conjunto function - PDFs) para ambos os conjuntos, original e reduzi-
reduzido. do. Percebe-se que a redução de frequência passou de 3KHz
(sinal original) para 30Hz (sinal reduzido), uma redução 100
As figuras 5 e 6 ilustram o procedimento de redução vezes menor, o que representou um ganho de processamento
de dimensionalidade aplicado nos padrões de escoamento significativo, viabilizando a utilização do FlowView em um
bifásico. ambiente de campo através de comunicação em tempo real.

60 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

A figura 8 mostra as PDFs geradas a partir dos conjuntos Tabela 1. Momentos Estatísticos Sinal Original e Reduzido
apresentados nas figuras 4 e 7. Nota-se que ambas possuem Sinal Sinal
similaridades em seus comportamentos, destacando que é Original Reduzido
possível utilizar um sinal de menor dimensão com a mesma Frequência 3000 Hz 30 Hz
capacidade de representação.
Média 0,441 0,439
Mediana 0,263 0,263
Máximo 0,984 0,975
Mínimo 0,018 0,026
Desvio Padrão 0,334 0,334
Assimetria 0,49 0,494
Curtose 1,45 1,45
Coef. de Variação 0,75 0,76

Além de estratégias de manipulações de dados, o Flo-


wView possui um módulo de conexão que possibilita re-
ferenciar o servidor de BD a partir da escolha do usuário,
Figura 9, e/ou criar um nova base de dados, Figura 10.
Através deste módulo, o sistema pode tanto funcionar de
Figura 8. PDFs do Sinal Original e Reduzido forma distribuída através de acesso remoto, quanto funcio-
nar com servidor local em uma intranet ou local na própria
Realizando uma análise visual das PDFs apresentadas na estação do sistema.
figura 8 é possível perceber que ambas tem comportamen-
to similar, entretanto apenas a análise visual não é suficiente
para garantir que os sinais são similares e tem mesma repre-
sentatividade do fenômeno medido.
Para validar a taxa de representatividade do sinal reduzido
deve-se utilizar medidas estatísticas que mostrem o compor-
tamento de cada sinal. As medidas utilizadas para medir e/ou
comparar os sinais foram:
• Média Aritmética;
• Valor Máximo e Valor Mínimo;
• Desvio padrão, variância, coeficiente de variação e
mediana;
Observando a figura 9 e a tabela 1 é possível perceber Figura 9. Módulo Configuração Servidor de BD
que os sinais original e reduzido apresentam praticamente
os mesmos valores para todas as medidas. Isto mostra que
ambos representam o fenômeno de escoamento de maneira
satisfatória. Assim, é possível utilizar apenas o sinal reduzido
para realizar as análises e estudos do experimento.

Figura 10. Criação do Banco de Dados - FlowView

Se a base referenciada pelo usuário não existir no servidor


de banco de dados, a mesma será criada, porém apenas com
dados padrões, como logins de usuários e permissões. Para
permitir visualizações de aquisições de escoamentos, o usu-
ário deverá importá-las a partir de um módulo de importação
Figura 9. Informações Estatísticas: Sinal Original e Reduzido (figura 11).

no 347 Petro & Química 61


Artigo Técnico

Para a utilização do modelo inteligente, o usuário pode


criar ou carregar um estudo, podendo selecionar os padrões,
aquisições, para treinamento de forma manual ou automática,
conforme apresentado nas figuras 14 e 15, respectivamente.
Na figura 15, a seleção dos parâmetros do modelo inte-
ligente é feita de forma manual, possibilitando que o usuá-
rio execute ajustes, para verificar a taxa de acerto, e varie
manualmente até encontrar os parâmetros otimizados para
o sistema.
Uma inovação presente no FlowView é a funcionali-
dade de busca exaustiva. Este dispositivo é utilizado para
encontrar um modelo de classificação otimizado para o
conjunto de dados que está inserido no BD do sistema.
Utilizando um modelo otimizado pela busca exaustiva,
normalmente a taxa de acerto na classificação de escoa-
mento aumenta significativamente. Para realizar a busca
exaustiva, basta que o usuário escolha os intervalos de pa-
râmetros que irão variar no modelo. Realizada a busca, são
Figura 11. Módulo de Importação - FlowView apresentadas na tela, todas as taxas de acerto em ordem
decrescente (figura 16).
Facilidade de visualização dos dados e a navegabilidade, Tanto na figura 15 quanto na figura 16, após ajustar os pa-
é um quesito importante para o sistema FlowView. Estas ca- râmetros, do estudo, para a utilização do modelo inteligente,
racterísticas estão apresentadas por meio de um layout amigá- há a possibilidade de salvar as configurações e exportar os
vel apresentado na figura 12, permitindo que o usuário possua pesos encontrados. Está exportação pode ser utilizada para
um maior rendimento no uso do software. classificar padrões de escoamentos em tempo real.

Figura 12. Layout da interface gráfica com o usuário (Cicogna, 2003).

A Figura 13 apresenta a tela principal do SAD FlowView


segundo o modelo proposto na Figura 12. Nota-se que é pos-
sível visualizar informações da aquisição, uma fotografia
ilustrando o padrão referente ao sinal apresentado, o gráfi- Figura 14. Estudo Modelo Inteligente - FlowView
co do sinal no momento da aquisição, sua PDF e os quatros
momentos estatísticos: média, desvio padrão, assimetria e Como foi observado, a métrica de desenvolvimento do
curtose, que são utilizados como entradas para os modelos FlowView foi traçada objetivando desenvolver um SAD
inteligentes de reconhecimento de padrões. com interfaces amigáveis e boa navegabilidade, gerando
um ganho de performance e evitando que o usuário final
desperdice seu tempo à procura de uma funcionalidade
Figura 13. Tela de apresentação do Sistema FlowView específica.

62 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

desempenho. Além disso, o sistema conta com um módulo


inteligente para reconhecimento de padrões de escoamento.
As principais inovações do sistema são apresentadas por
meio de dois exemplos práticos. Os estudos de casos realizados
neste trabalho objetivam mostrar a aplicabilidade do sistema
FlowView em um ambiente de campo. Os estudos estão orga-
nizados da seguinte forma: Desempenho do banco de dados e
Desempenho do modelo de classificação de padrões.

A. Desempenho: Banco de Dados


Com a utilização dos sinais de aquisição completos, o siste-
ma se mostra lento e inviável dependendo da situação (tomadas
de decisões em tempo real), porém se mostra bem detalhado e
eficiente se a situação for análises minuciosas de aquisições
armazenadas no BD (onde a preocupação com o tempo de pro-
cessamento não é tão crítica). Em contrapartida, o sistema se
posta hábil em ser utilizado em tempo real através dos métodos
de reduções em bases de dados projetados para o sistema.
A tabela 2 apresenta resultados de consultas realizadas no
BD projetado para o sistema FlowView, de 1, 10 e 50 aquisi-
Figura 15. Ajuste Manual Modelo Inteligente - FlowView ções, na qual cada aquisição possui um sinal de escoamento
de 60 segundos a uma frequência de 3000Hz. Além das re-
petições, foram feitos três tipos de consultas para validar os
testes, as consultas de acesso: remoto, por intranet e local,
respectivamente (figura 17).

Tabela 2. Testes Desempenho - BD


Número de Aquisições
Tipo Consulta 1 10 50
Remoto 0,265 2,982 15,916
Intranet 0,108 1,121 6,169
Local 0,046 0,453 2,179

Figura 17. Consulta BD - FlowView


Figura 16. Busca Exaustiva Modelo Inteligente - FlowView De acordo com os resultados apresentados na tabela 2 e
figura 17 pode-se verificar que o acesso aos dados mostrou-se
IV. Resultados rápido e eficiente. Como era esperado, as consultas realizadas
Os resultados obtidos pelo Sistema FlowView são satis- remotamente apresentaram maior tempo de resposta em todas
fatórios, considerando que o mesmo possui uma boa navega- as simulações realizadas. Pelos resultados apresentados per-
bilidade, interface amigável e assegura que os dados sejam cebe-se que, mesmo em consultas remotas o desempenho do
protegidos contra possíveis intrusos. Também nota-se que sistema apresentou a resposta em frações de segundos, mos-
ele é um sistema completo com um BD projetado especifi- trando que o FlowView é indicado para aplicações de campo
camente para sistema de escoamento, oferecendo um melhor realizadas em tempo real.

no 347 Petro & Química 63


Artigo Técnico

B. Desempenho: Classificação de Padrões proporciona informações confiáveis, sua utilização pode ge-
rar grandes lucros e tomadas de decisões precisas, diminuin-
Com uma base de dados com 174 aquisições, sendo 85 per-
do riscos de acidentes e perdas.
tencentes ao regime de escoamento vertical e 89 ao escoamen-
Conforme foi apresentado o FlowView é um SAD desen-
to no regime horizontal, foi possível realizar os testes de identi-
volvido para processar dados de escoamento multifásico de
ficação de padrões tomando como base os padrões descritos na
forma rápida e precisa. Além disso, conta com um sistema de
seção II deste trabalho. Realizando o treinamento de padrões
identificação de padrões que pode ser aplicado em sistemas
em simulações distintas, os modelos inteligentes atingiram
que operam em tempo real.
96% de acerto no regime vertical. E para o regime horizontal
De acordo com a descrição apresentada anteriormente o
isoladamente, os modelos atingiram 94% de taxa de acerto.
SAD FlowView foi criado para ser utilizado em situações reais
A tabela 3 apresenta as taxas de acertos dos padrões do
e que necessitam de respostas rápidas. Pelos resultados obti-
regime vertical. Observando há ocorrência de erros apenas
dos pode-se afirmar que o sistema proposto é robusto e atende
nos padrões: Golfadas e Capa Esférica.
aos requisitos necessários na área de escoamento multifásico.
Tabela 3. Taxas de Acertos Padrões – Regime Vertical.
Neste sentido, conclui-se que o FlowView desponta como um
Padrão de Escoamento Tx. Acerto
sistema seguro e confiável para a área de análise de aquisições
Vazio 100,00%
e reconhecimento de padrões de escoamento multifásico.
Anular 100,00%
Semi-Anular 100,00% VI. Agradecimentos
Agitado 100,00% A Equipe agradece ao Laboratório de Inteligência Computacional (LInC)
Golfadas 97,65% pelo apoio e incentivo à pesquisa.
Capa Esférica 98,82%
Bolhas 100,00% VII. Referências Bibliográficas
Cheio 100,00% Bispo, C. A. F. (1998). Uma Análise da Nova Geração de Sistemas de
Apoio à Decisão. São Carlos. Dissertação de Mestrado.
A tabela 4 apresenta as taxas de acertos dos padrões do Bolfarine, H.; BUSSAB, W. O.. Elementos de Amostragem. ABE - Pro-
jeto Fisher. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1ed., 2005.
regime Horizontal. Observando há ocorrência de erros apenas Cochran, W.. Sampling Techniques. New York: John Wiley, 3ed., 1977.
nos padrões: Anular, Estratificado, Disperso e Cheio. Cicogna, M.A. (2003). Sistema de Suporte à Decisão para o Planeja-
mento e Programação da Operação de Sistemas de Energia Elétrica,
Tabela 4. Taxas de Acertos Padrões – Regime Horizontal. PhD thesis, FEEC/Unicamp.
Corrêa, F. C. (2009). Sistema Embarcado Para Medidas De Escoamento
Padrão de Escoamento Tx. Acerto Bifásico Gás-líquido. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecâ-
Vazio 100,00% nica), Unicamp, Faculdade de Engenharia Mecânica, Campinas.
Anular 97,75% Costa, P. W. A. (1997). Como surgiram os data warehouses? Compu-
terworld, 03 nov., p. 16.
Estratificado 98,88% Fisher, L. M. (1996). Along the infobahn: data warehouses. Strategy &
Pistonado 100,00% Business, Third Quarter.
G1,2010.Vazamento de petróleo desafia a tecnologia no Golfo do Méxi-
Bolhas Dispersas 100,00% co. Disponível em http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/05/ va-
Disperso 98,88% zamento-de-petroleo-desafia-tecnologia-no-golfo-do-mexico.html.
Acessado em 04-nov-2010.
Ondular 100,00% Gas Flow Rate Calculation by EUCALYPT Systems, Inc. Disponível em
Pistonado Aerado 100,00% http://www.softscout.com/software/Energy-and-Natural-Resources/ Oil-
and-Gas/Gas-Flow-Rate-Calculation.html. Acessado em 30-mai-2011.
Cheio 98,88% Júnior, E. F. F. (2009). Classificação de Padrões para o Escoamento Gás/
Líquido via Modelos Inteligentes. Dissertação (Graduação em Ba-
Analisando os resultados apresentados nas tabelas 3 e 4 pode- charelado em Ciência da Computação), Unifal-MG, Universidade
Federal de Alfenas, Alfenas-MG.
se notar que o módulo de classificação de padrões implementado
MathWorks. Disponível em http://www.mathworks.com/products/ ma-
no sistema FlowView foi capaz de apresentar resultados robustos tlab/. Acessado em 01-jun-2011.
com altas taxas de acerto na identificação dos regimes de escoa- Minitab. Disponível em http://www.minitab.com/pt-BR/ default. aspx.
mento. Destaca-se que o processo de classificação de padrões con- Acessado em 01-jun-2011.
some pouco processamento sendo a resposta obtida em poucos Octave. Disponível em http://www.gnu.org/software/octave/. Acessado
em 01-jun-2011.
milissegundos mostrando novamente a aplicabilidade do sistema Pearson, J. M.; SHIM, J. P. (1995). An empirical investigation into DSS struc-
em ambientes que realizam simulações em tempo real. tures and environments. Decision Suport System, n. 13, p. 114-158.
PGAS Flow Measurement - Software Solution. Disponível em http://
V. Conclusão www.qbsol.com/software/pgas-flow-measurement-software/. Aces-
sado em 30-mai-2011.
A utilização de SAD nem sempre é uma tarefa fácil, sendo PIPENET. Disponível em http://www.sunrise-sys.com/. Acessado em
responsabilidade do usuário analisar os resultados e confiar 30-mai-2011.
plenamente em uma ferramenta. Entretanto, quando um SAD Thompson, S.K. Sampling. New York: John Wiley, 1ed., 1992.

64 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

Uma estimativa do incremento no


risco social perante o crescimento
populacional desordenado no
entorno de refinarias ao longo dos
anos, uma base para a adoção de
medidas de controle
Paula Dias Silveira Assed Naked Haddad
Eng. Química e de Seg. Trab., Consultora Sênior Eng. Civil e de Seg. Trab., D.Sc., Prof. Associado
DNV Risk Advisory Rio de Janeiro Escola Politécnica da UFRJ

Resumo quisitar estudos de riscos e implantação de sistemas de gerencia-


No Brasil os órgãos governamentais foram motivados a requi- mento de riscos às indústrias que utilizam de produtos químicos,
sitar estudos de riscos e implantação de sistemas de gerenciamen- inflamáveis, tóxicos ou corrosivos em seus processos produtivos
to de riscos às indústrias que utilizam de produtos perigosos em capazes de causar danos às pessoas e ao meio ambiente no entorno
seus processos produtivos capazes de causar danos às pessoas e de suas instalações. Esta motivação se deu nas décadas de 70 e 80
ao meio ambiente. Apesar da conscientização por parte do gover- com a ocorrência de grandes acidentes em indústrias químicas e
no e dos empreendedores com a prevenção de grandes acidentes, petroquímicas.
aliado ao aumento da atividade industrial, surge uma preocupa- Segundo Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São
ção com o crescimento populacional desordenado no entorno de Paulo), um dos acidentes de maior relevância já registrados ocor-
indústrias químicas. Este estudo visa obter resultados que repre- reu em Cubatão, São Paulo, em 1984, ocasionando a morte de 93
sentem o comportamento do risco social em função do cresci- pessoas. Em decorrência desse e de outros constantes acidentes, a
mento populacional no entorno de uma refinaria através do uso do Cetesb, que já atuava de forma corretiva, passou a incorporar os
programa Phast Risk 6.7 da DNV e metodologia consagrada de estudos de análise de riscos no processo de licenciamento ambien-
análise de riscos. Os resultados são apresentados graficamente tal, visando a prevenção de grandes acidentes.
em forma de curvas F-N, para diferentes grupos de pessoas Apesar da conscientização por parte do governo e dos em-
locados a diferentes distâncias de uma determinada unidade preendedores com a prevenção de grandes acidentes, aliada
da refinaria. Estes resultados podem servir como ferramenta para ao aumento da atividade industrial, surge também ao longo
que as refinarias sejam capazes determinar se o risco social encon- das décadas uma preocupação com o crescimento popula-
tra-se dentro dos limites de tolerabilidade e antevir a necessidade cional desordenado no entorno de indústrias químicas. Essa
de adoção de medidas preventivas e de controle para manter o ris- migração se dá por uma necessidade econômica das famílias
co tolerável, possibilita ainda uma resposta rápida ao crescimento brasileiras carentes, que são atraídas por uma possibilidade
populacional, independentemente da atualização dos estudos de de sustento usufruindo do crescimento econômico gerado por
análise quantitativa de riscos de tempos em tempos conforme im- estes empreendimentos. Esses grupos migratórios, principal-
posto pelo órgão ambiental. mente por serem em sua grande maioria de baixa renda, não
possuem informação suficiente que os permitam identificar
1. Introdução o grau de risco a que estão sendo expostos, colocando suas
O crescimento industrial traz, além de benefícios para a vidas em perigo ao se instalarem no entorno das indústrias
economia nacional, uma preocupação embutida em seu de- químicas e petroquímicas.
senvolvimento, principalmente quando se trata de indústrias FREITAS, C.; PORTO, M.F.S. e MACHADO, J. M. H.
químicas e petroquímicas, as quais lidam com produtos de (2000), já no ano de 2000, afirmam que uma das mais impor-
potencial de dano significativo. tantes decorrências do deslocamento de um imenso contin-
No Brasil os órgãos governamentais foram motivados a re- gente populacional do campo para os novos pólos industriais

no 347 Petro & Química 65


Artigo Técnico

à procura de possibilidades de trabalho foi a proliferação de Esses fatos demonstram a importância dos estudos de
residências de baixa renda nas proximidades de unidades quí- análise de riscos, uma vez que tais empreendimentos, mesmo
micas com alto potencial de risco, ampliando a vulnerabilida- que instalados em regiões distantes dos grandes centros, mo-
de social destas áreas. Ou seja, a migração de famílias em busca vimentam economicamente seus arredores e atraem a popu-
de uma oportunidade de negócio e ganho de capital se dá em taxas lação mais carente em busca de fontes de renda alternativas.
cada vez maiores para os grandes centros e no entorno das indús- A migração da população para as regiões próximas à essas
trias químicas e petroquímicas, dificultando o gerenciamento dos unidades acrescenta às empresas uma preocupação maior, a
riscos impostos a estes. exposição das vidas ao risco imposto por suas operações.
Frente a falta de instrução da população quanto aos ris-
cos a que se expõem e principalmente a falta de perspecti- 3. Objetivos
va de que um dia haja tal consciência, só resta às empresas Este estudo visa obter resultados gráficos que representem
adotarem uma postura preventiva que possibilite reduzir ou o comportamento do risco social em função do crescimento
mitigar os riscos impostos por suas operações. Visando aju- populacional no entorno de uma refinaria. Esta unidade será
dar as empresas neste contexto, o resultado deste estudo pode elaborada com base nas características das refinarias do Bra-
servir como ferramenta para que as indústrias sejam capazes sil e seus principais cenários, ou seja, aqueles que apresentam
de prever o incremento no risco e determinar se este ainda substâncias perigosas em seu processo e, consequentemente,
encontra-se dentro dos limites de aceitabilidade, levando em quando da ocorrência de acidentes possuem potencial para
conta um critério de tolerabilidade de riscos impostos pelo causar grandes danos a sociedade.
órgão ambiental competente, e com estes dados identificar Estes resultados poderão embasar as indústrias na tomada
a necessidade de adoção de medidas preventivas e de con- de decisão no gerenciamento do quantitativo populacional,
trole visando manter o risco tolerável. Ressalta-se ainda que, podendo desta forma adotar medidas preventivas ou de con-
para tal, este estudo irá avaliar o incremento no risco social trole, que impedem o crescimento desordenado no entorno
imposto pelo acúmulo de pessoas no entorno das refinarias de suas instalações, levando em conta o critério de aceitabi-
e traçar um perfil de crescimento deste possibilitando uma lidade de riscos imposto pelo órgão ambiental e/ou política
resposta rápida ao crescimento desta população, independen- da empresa.
temente da atualização dos estudos de análise quantitativa de
riscos, que se dá de cinco em cinco anos conforme imposto 4. Metodologia
pelo órgão ambiental. 4.1. Análise dos movimentos migratórios
Para as regiões onde refinarias estão instaladas e identifi-
2. Relevância cação do comportamento do crescimento populacional dessas
Este estudo justifica-se principalmente pelo crescimento regiões ao longo dos anos e no ano da implantação da refi-
industrial no Brasil nos últimos anos e na perspectiva futura naria, comprovando a migração de pessoas para essas áreas
de novas refinarias frente a grande produção petrolífera do através de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
país representada principalmente pela Petrobras, empresa que Estatística) obtidos através do site do IPEA (Instituto de Pes-
está no ranking das maiores petrolíferas de capital aberto do quisa Econômica Aplicada) (http://www.ipeadata.gov.br) em
mundo e, em valor de mercado, foi eleita a quarta maior do 14/04/2011. Tendo em vista o caráter demonstrativo deste tra-
mundo no ano de 2010. balho foram selecionadas apenas algumas refinarias para aná-
Em entrevista do presidente da Petrobras ao site Gazeta- lise de suas regiões quanto aos movimentos populacionais. O
Online da Globo.com em 21/02/2011, o mesmo afirmou que critério utilizado foi a seleção de refinarias com as maiores
a capacidade de refino no Brasil está chegando ao seu limite, produções de petróleo e que estão presentes nos estados mais
sendo que as refinarias existentes no país operam já com 90% desenvolvidos economicamente no país dentre aqueles que
de sua capacidade instalada. Segundo ele, o país está “no li- possuem refinarias, limitando a quatro o número total de re-
mite do refino” e há um crescimento exponencial na produ- finarias, Regap, Replan, Reduc e Refap sendo os municípios
ção de petróleo. Hoje a Petrobras conta com 11 refinarias em estudados: Betim / MG, Paulínia / SP, Duque de Caxias / RJ
funcionamento no país, mas sua capacidade de produção de e Canoas (RS), respectivamente. Neste artigo serão apresen-
combustíveis (1,9 milhão de barris diários) é inferior ao volu- tados os resultados apenas para um dos municípios tendo em
me de petróleo que extrai (2 milhões de barris diários). Ainda vista o caráter demonstrativo deste documento.
segundo o presidente da empresa, as previsões indicam que a
Petrobras produzirá em 2020 cerca de 3,9 milhões de barris 4.2. Seleção dos cenários para a análise dos riscos
de petróleo diários, mas sua capacidade de refino, incluindo Com base em estudos técnicos desenvolvidos por uma
as novas fábricas, se limitará a 3,2 milhões de barris. Para empresa de consultoria internacional foi identificado através
atender à crescente demanda, a Petrobras está construindo de resultados de análises de risco quantitativas quais unida-
três refinarias no Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco, e des em refinarias poderiam representar maior risco para as
tem projetadas outras duas no Ceará e Rio Grande do Norte. pessoas no entorno das instalações e a partir daí selecionar

66 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

apenas algumas unidades para avaliação neste trabalho. Os rentes de furos com dimensões que variem entre 10 e 50
estudos utilizados fazem parte de um tratado de confidenciali- mm de diâmetro.
dade entre contratante e contratada e portanto não podem ser Grande vazamento – representado por vazamentos decor-
divulgados. A opção por considerar apenas algumas unidades rentes de furos com dimensões que variem entre 50 e 150
se deve ao caráter demonstrativo deste trabalho. mm de diâmetro.
As unidades selecionadas foram aquelas que geraram áre- Falha Catastrófica – Vazamentos decorrentes de furos su-
as vulneráveis capazes de atingir áreas fora dos limites da periores a 150 mm de diâmetro (6”).
unidade e consequentemente poderiam representar maior ris- No estudo em questão foi utilizado o banco de dados do
co para as pessoas no entorno das instalações. As unidades HSE, 2002. Considerando as taxas de falha para diferentes ta-
selecionadas foram: Unidade de Destilação, Unidade de Hi- manhos de furo e combinando estas taxas com a contagem dos
drotratamento Catalítico, Unidade de Geração de Hidrogênio, equipamentos feita para cada cenário com base nos fluxogra-
Unidade de Reforma Catalítica e Parque de Esferas. mas de engenharia de cada instalação, foram obtidos os valores
A tabela 1 apresenta o número de cenários simulados das frequências de ocorrência de cada evento iniciador.
por unidade e os produtos perigosos modelados. Todos os Os dados de frequência foram utilizados como dados de
cenários selecionados tem como base projetos reais desen- entrada do programa PHAST RISK 6.7 da DNV e por ser
volvidos por uma empresa de consultoria internacional. um dado de base para o desenvolvimento desta análise e não
Estes estudos fazem parte de um tratado de confidenciali- o foco principal optou-se por não apresentar os detalhes do
dade entre contratante e contratada e portanto não podem resultado.
ser divulgados.
Tabela 1 - Cenários simulados por unidade e os produtos perigosos 4.4. Cálculo das Consequências dos Cenários
modelados A metodologia para o cálculo das consequências consis-
No. De te no conjunto de modelos e técnicas usadas para estimativa
Unidade Produtos Modelados
Cenários das áreas potencialmente sujeitas aos efeitos danosos de li-
U-01- Unidade de Octano, Pentano, berações acidentais de substâncias perigosas ou de energia
6
Destilação Heptano de forma descontrolada. Estas liberações descontroladas
U-02-Unidade de geram os chamados efeitos físicos dos acidentes (sobrepres-
Hidrotratamento 6 H2S, Hidrogênio
são, fluxo térmico e nuvens de gases tóxicos) que poten-
Catalítico
Nafta, Monóxido de
cialmente podem gerar danos às pessoas e/ou instalações. A
U-03- Unidade de Carbono, Metano, extensão dos possíveis danos é delimitada pela intensidade
3 do efeito físico causador do dano, sendo que a relação en-
Geração de Hidrogênio Dióxido de Carbono,
Hidrogênio tre a intensidade do efeito físico e o dano correspondente
U-04-Parque de Esferas 7 GLP fica estabelecido por meio dos modelos de vulnerabilidade.
Nafta, Metano, As consequências dos eventos iniciadores foram calculadas
U-05- Unidade de
23 Hidrogênio, Etano, pelo programa Phast Risk 6.7 da DNV conforme metodolgia
Reforma Catalítica
Propano, GLP, Hexano consagrada do TNO.
4.3. Cálculo da frequência dos Cenários Os dados de entrada do programa são: os dados meteoro-
lógicos da região em análise e propriedades físico químicas
O risco é calculado a partir da frequência de ocorrência de cada evento (temperatura, pressão, volume, produto quí-
dos eventos e sua consequência. As frequências das falhas mico etc). Todos os dados dos cenários estão baseados em
são requeridas para dar um peso apropriado para o risco de um estudo real de forma a retratar o risco imposto por uma
um perigo particular em uma AQR e para tal foi utilizado o unidade dentro da refinaria o mais próximo do praticado hoje
banco de dados do HSE (Health and Safety Executive) da nas análises de risco. Por acordo de confidencialidade não
Inglaterra. podem ser apresentados neste trabalho.
Vários fatores, como pressão e temperatura de operação Os valores de referência utilizados neste estudo para da-
e estado físico da substância, são considerados durante o cál- dos meteorológicos, tempo de vazamento, níveis de radiação
culo da descarga de material para o ambiente. A fim de me- térmica, sobrepressão e concentração inflamável são basea-
lhor representar todas as dimensões/ classes de vazamentos dos na instrução técnica da Cetesb. Esta foi selecionada pois
relatados em instalações envolvendo produtos químicos, con- se apresenta de forma mais completa e em geral é utilizada
forme mencionado anteriormente, foram considerados neste como base para os demais estados no desenvolvimento de
trabalho quatro categorias de vazamento, conforme listado a suas instruções técnicas de análise de riscos.
seguir:
Pequeno vazamento – representado por vazamentos de- 4.5. Apresentação do arranjo para análise dos
correntes de furos com dimensões que variem entre 0 e 10 riscos
mm de diâmetro. Este item visa apresentar o layout utilizado para o cálculo
Médio vazamento – representado por vazamentos decor- do risco. Tendo em vista que as refinarias podem apresentar

no 347 Petro & Química 67


Artigo Técnico

diferentes arranjos optou-se por desenvolver o cálculo para como pelos Estados e Municípios.
cada unidade selecionada, desta forma os resultados poderão Alguns dos critérios de risco social no Brasil são apresentados
ser utilizados por qualquer empresa independente do arranjo pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
de suas unidades. Naturais Renováveis), pelo Inea (Instituto Estadual do Ambiente
A figura 1 apresenta o layout utilizado no programa Phast do Rio de Janeiro), pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Sa-
Risk como base para o cálculo do risco social. Como pode ser neamento Ambiental de São Paulo) e pela Fepam (Fundação Es-
observado a unidade é o centro da figura e as curvas represen- tadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler). Para este
tam as distâncias onde podem estar localizadas as populações estudo será utilizado o critério de aceitabilidade de risco social da
no entorno na unidade. Cetesb, apresentado na Figura 2 abaixo, sendo este considerado
um órgão de referência para os demais.

Figura 2 – Critério de Curva FN da Cetesb.


Fonte: Cetesb, 2003.
Neste artigo serão apresentados os resultados apenas para
uma das unidades estudadas, tendo em vista o caráter de-
monstrativo deste documento.

5. Resultados
Neste item estão apresentados os resultados da análise
FIGURA 1 – Layout utilizado para o cálculo do risco proposta. Os resultados estão divididos em:
Para efeito de cálculo a população foi distribuída em ape- 1º) Apresentação dos gráficos de crescimento populacio-
nas um dos lados da unidade considerando que o acúmulo nal da região de interesse ao longo dos anos e no ano da im-
de pessoas ocorre mais facilmente nesta conformação do que plantação da refinaria, comprovando a migração de pessoas;
homogeneamente distribuído em todo o seu redor. 2º) Apresentação dos gráficos de risco social para a unida-
Os cálculos foram realizados para cada grupo de pesso- de de processo em questão.
as em cada uma das distâncias, ou seja, entre 100 e 200 m,
entre 200 e 300 metros e assim por diante, de forma a obter 5.1. Resultados da pesquisa de migração
um risco social para cada distância e para cada população, populacional para áreas de refinarias no Brasil
sendo que esta última será variável entre 100 pessoas e 1000 Este item apresenta graficamente o comportamento do
pessoas em intervalos de 100 em 100. Os resultados do risco crescimento populacional nos municípios onde estão instala-
social foram apresentados graficamente em forma de curvas das as principais refinarias no Brasil. O objetivo é identificar
F-N conforme exemplos para cada distância de interesse. o comportamento migratório para estas áreas na década de
implantação da refinaria, se houve realmente um crescimen-
4.6. Comparação dos resultados do risco social com to, comparar o crescimento populacional deste município
um critério de aceitabilidade com o da respectiva capital e identificar possíveis semelhan-
De forma a avaliar os riscos é necessário se utilizar de um ças entre os municípios no que diz respeito ao crescimento
critério de riscos apropriado. Os riscos sociais são medidos atra- populacional.
vés de critérios de curvas FN, seguindo o critério de três regiões de Os gráficos a seguir contemplam o município de Betim/MG,
níveis de aceitabilidade. onde está localizada a refinaria Regap (Refinaria Gabriel Pas-
O Brasil, através de seus órgãos estaduais desenvolveu alguns sos). Como pode ser observado na figura 3, o maior crescimento
critérios de aceitabilidade de riscos sociais. Segundo SERPA, R.R. populacional de Betim identificado foi de 123% na década da
(2010), a legislação ambiental brasileira é considerada uma das implementação da Regap e nas décadas seguintes manteve uma
mais avançadas do mundo e prevê em sua Constituição Federal curva ascendente até 2007. Na figura 4 compara-se o comporta-
que as questões ambientais devem ser tratadas tanto pela União, mento do crescimento populacional de Betim com a capital Belo

68 Petro & Química no 347


Artigo Técnico

Horizonte e verifica-se que Betim apresenta um comportamento em direção a região


bastante parecido com o da sua respectiva capital. ALARP.
Um exemplo de
utilização desses
gráficos: supondo
que uma determina-
da refinaria identifi-
que uma população
se estabelecendo à
500 metros de dis-
tância da sua Uni-
dade de Destilação,
através do gráfico
de Curvas FN apre-
sentado na figura
Figura 3 - Crescimento populacional de Betim/MG. 5, os responsáveis
Fonte: IPEA, 2012. pela refinaria po-
dem verificar que
até 200 pessoas a
curva FN (combi-
nação2- curva ama-
rela) encontra-se
na região ALARP
e que a partir de
300 pessoas a cur-
va do risco social
encontra-se no li-
miar entre a região
ALARP e região de
risco não tolerável,
Figura 4 – Comparação do crescimento populacional de Betim com a ou seja, antes mes-
capital Belo Horizonte. mo da interferência
Fonte: IPEA, 2012. do órgão ambiental
quando da atuali-
5.2. Resultados do risco social zação do estudo de
Este item apresenta os resultados do risco social através das análise de riscos, os
curvas FN conforme mencionado anteriormente. Aqui serão responsáveis pela
apresentados somente os resultados para a Unidade de Destila- refinaria já têm uma
ção tendo em vista o caráter demonstrativo deste documento. perspectiva apro-
Nas figuras 5 e 6 estão apresentadas as curvas FN para a ximada dos riscos
Unidade de Destilação. São apresentadas apenas duas figuras a que sua unidade
representativas para os resultados obtidos, sendo a primeira impõe àquela popu-
com o resultado para populações alocadas a 500 metros de dis- lação que se esta-
tância da unidade e a segunda figura para 600 metros. Cada belece de forma de-
uma delas apresenta as curvas FN para 10 populações, apre- sordenada em seu
sentadas como Combinação 1 correspondente a 100 pessoas, entorno, e com isso
Combinação 2 correspondente a 200 pessoas e assim por dian- pode adotar me-
te até a Combinação 10 correspondente a 1000 pessoas. didas preventivas
Note que os resultados de risco social para 500m de dis- de controle desse
tância, figura 5, se apresentam parte na região inaceitável e crescimento popu-
parte na região ALARP. Conforme a população de afasta, ou lacional reduzindo
seja, conforme se aumenta a distância da população exposta as chances de futu-
em relação a unidade de Destilação, representada pela figu- ros problemas com
ra 6 para 600 metros de distância, essas curvas se movem a renovação de sua

no 347 Petro & Química 69


Artigo Técnico

licença ambiental e, principalmente, reduzindo as chances demais como uma referência, como um orientador na tomada
de que possíveis acidentes em sua unidade de destilação de decisões proativas, não diminuindo ou excluindo a impor-
gerem fatalidades nas populações expostas. tância da realização dos estudos de análise de risco específi-
cos para suas instalações.
A atuação proativa na adoção de medidas preventivas
quanto à segurança de processo e quanto à magnitude dos
possíveis efeitos decorrentes de acidentes advindos de uni-
dades industriais pode reduzir significativamente as chances
de acidentes de grandes impactos. A prevenção de acidentes
e seus efeitos é parte da busca pela excelência na política de
segurança das empresas.

7. Referências
CLICKMACAE. As refinarias da Petrobras. Site ofi-
cial. Disponível em: http://www.clickmacae.com.br/
?sec=368&pag=pagina&cod=216. Acesso em: 08 fev 2012.
CLICKMACAE, 2012.
Figura 5 - Curva de 500m para a Unidade de Destilação. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Fonte: Phast Risk 6.7. Norma CETESB P4.261 Manual de Orientação para a elabo-
ração de Estudos de Análise de Riscos. CETESB, 2003.
Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente. Instrução
Técnica para Elaboração de Estudo de Impacto Ambiental
EIA e seu Respectivo Relatório de Impacto Ambiental RIMA.
Rio de Janeiro, INEA, 2007.
Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler.
Manual de Análise de Riscos Industriais. Porto Alegre, FEPAM,
2001.
FREITAS, C; PORTO, M.F.S. e MACHADO, J.M H. Acidentes quí-
micos ampliados: desafios e perspectivas para o controle e a
prevenção. A questão dos acidentes ampliados. Rio de Janeiro:
Editora Fiocruz, 2000.
Health and Safety Executive. Offshore Hydrocarbon Releases Sta-
tistics and Analysis, 2002. HSE, 2002.
LESS, F. P. Loss Prevention in the Process Industries – Hazard
Identification, Assessment and Control. Butterworths Heine-
Figura 6 - Curva de 600m para a Unidade de Destilação. mann, 1996.
Fonte: Phast Risk 6.7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Reflexões sobre os
Deslocamentos Populacionais no Brasil. Estudos e Análises: In-
6. Comentários Finais formação Demográfica e Socioeconômica número 1. Ministério
Este artigo apresenta de forma resumida alguns resultados do Planejamento, Orçamento e Gestão, Brasil, IBGE 2011.
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-
da dissertação de Mestrado de mesmo título motivada pelo veis. Termo de Referência Estudos de Análise de Riscos em Gaso-
número deficiente de estudos sobre o tema principalmente no dutos. Brasília, IBAMA, 2007.
que tange a análise de riscos, ou seja, não foi encontrado es- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Site oficial. Disponível
tudo com o enfoque proposto. em: http://www.ipeadata.gov.br. Acesso em: 14 abr 2012. IPEA,
Este estudo viabiliza a identificação do incremento no 2012.
SERPA, R.R. Critérios de Avaliação de Riscos Aplicados ao Licen-
risco social das indústrias que utilizam em seus processos
ciamento Ambiental no Brasil: Uma Análise Crítica. Abiquim,
produtos químicos danosos a saúde, devido ao acúmulo de CCPS, 2010.
pessoas ao seu redor, sem que seja necessária a realização de The Netherlands Organizational of Applied Scientific Research.
uma constante atualização da análise de risco quantitativa, até Guidelines for quantitative risk assessment, (The Purple Book).
que esta seja revisada conforme requisito do órgão ambien- Committee for the Prevention of Disasters (CPR 18 E). TNO,
The Netherlands, 1999.
tal. Em posse desses dados as indústrias terão subsídio para
The Netherlands Organizational of Applied Scientific Research.
a tomada de decisão no processo de gerenciamento de riscos Methods for the Calculation of Physical Effects (Yellow Book),
com base no critério de aceitabilidade adotado utilizando-se Part 1 & 2, CPR 14E. Third Edition. TNO, The Netherlands,
de medidas de controle e medidas preventivas. 1997.
Vale lembrar que os resultados deste estudo estão basea- The Netherlands Organizational of Applied Scientific Research.
dos em um estudo quantitativo de riscos realizado para uma Methods for the determination of possible damage (Green
Book), CPR 16E. First Edition. TNO, The Netherlands, 1989.
refinaria, desenvolvido por empresa de consultoria interna- WIKIPEDIA. Refino. Site oficial. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/
cionalmente reconhecida e portanto deve ser utilizado pelas wiki/Refinaria. Acesso em: 01 fev 2012.

70 Petro & Química no 347


no 347 Petro & Química 71
Algo mais impedirá?
Governo anuncia data para Rodada de Licitações e Congresso aprova redistribuição
de royalties. IBP calcula que governo arrecadará US$ 1 bilhão com bônus
O anúncio de que a 11ª Rodada de Licitações de Blocos
Exploratórios ocorrerá em maio de 2013 renovou o ânimo
das operadoras. Pelos cálculos do presidente do Instituto Bra-
sileiro do Petróleo, João Carlos de Luca, o governo federal
arrecadará cerca de US$ 1 bilhão com os bônus de assinatura
– a projeção se aproxima do valor recorde arrecadado na 9ª
rodada.
A notícia, dada durante a Rio Oil & Gas, veio de Brasília,
anunciada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
A 11ª Rodada já estava preparada e aprovada pelo Conselho
Nacional de Política Energética desde junho de 2011. Faltava
apenas a aprovação da presidente Dilma Rousseff. Ela prefe-
ria aguardar a definição da Lei de partilha dos Royalties. Mas
diante de um cenário de desânimo, decidiu dar o aval. Lobão 10ª Rodada, realizada em 2008: quatro anos sem ofertas de novas
fez questão de ressaltar a esperança de que a Câmara dos De- áreas
putados decidisse a questão ainda este ano. distribuição de royalties também será feita segundo os novos
O Congresso Nacional aprovou, no início de novembro, critérios fixados no Congresso. Para isso ainda será editada
um projeto que redistribui os royalties tanto das áreas a serem ainda uma Medida Provisória. “Não há desapreço com o Con-
licitadas quanto das áreas já em produção. Os estados produ- gresso, mas a defesa dos princípios constitucionais que asse-
tores de petróleo do país terão sua parcela diminuída a partir guram contratos firmados até esta lei”, disse ministro Lobão.
do ano que vem, de 26,25% para 20%. A parcela destinada aos A última Rodada foi realizada há quatro anos. O desânimo
municípios produtores cairá de 26,25% para 17% no próximo contagiou até os produtores independentes, que já viam a pro-
ano, chegando a 4%, em 2020. Os municípios afetados pela dução de seus campos cair de 3,5 mil barris para 3 mil barris
exploração de petróleo também sofrerão redução, de 8,75% por dia este ano. O presidente da Associação Brasileira de Pro-
para 2%. Os demais estados e municípios do país, que recebem dutores Independentes de Petróleo e Gás - Abpip, Alessandro
atualmente 8,75%, passarão a receber 40% até 2020. Novaes, afirmou que sem uma nova oferta de blocos onshore
Para as novas áreas a serem concedidas sob o regime de nos próximos cinco anos, os pequenos produtores poderão ter
partilha, 22% dos royalties irão para os Estados produtores, de parar as atividades no Brasil. Atualmente 19 operadores de
5% para municípios produtores, 2% para cidades afetadas pequeno e médio porte produzem em 39 campos.
pela produção, 22% para a União e 49% para demais Estados Lobão lembrou que, com a aprovação da Lei dos Royal-
e municípios. ties, em novembro de 2013 será possível fazer a primeira li-
A presidente vetou a mudança na divisão dos royalties das citação sob o regime de partilha. A expectativa inicial é que a
áreas que já foram licitadas e manteve as novas regras para o área de Libra, na Bacia de Santos, seja ofertada. A 11ª Rodada
modelo de partilha que será adotado para as áreas do pré-sal deverá trazer 174 blocos exploratórios – metade deles em áre-
– nas áreas que forem licitadas pelo regime de concessão, a as terrestres e metade na margem equatorial.

Farm in 1 Farm-in 2
Queiroz Galvão adquire Sinochem entra em cinco
30% de bloco na blocos na Bacia do Espírito
Bacia de Campos Santo
A Queiroz Galvão Exploração e Produção assinou A ANP aprovou a aquisição da Sinochem nos blocos BM-ES-
com a Petrobras acordo de cessão de 30% dos direitos 37, BM-ES-38, BM-S-39, BM-ES-40 e BM-ES-41, em águas pro-
de exploração e produção do bloco BM-C-27, localiza- fundas da Bacia do Espírito Santo que pertenciam à Perenco. A
do em águas rasas na Bacia de Campos. A área engloba Sinochem passa a ter 10% de participação nos ativos, que conti-
o prospecto Guanabara Profundo. A Petrobras perma- nuarão a ser operados pela canadense, com 40% de participação. A
nece como operadora, com 70% nos blocos. OGX tem 50% dos blocos exploratórios.

72 Petro & Química no 347


Farm in 3 Produção 1
Pacific Rubiales adquire Terceiro poço amplia
participação em blocos da produção da OGX
Karoon A OGX pretende iniciar em dezembro a produção
do terceiro poço do campo de Tubarão Azul, na Bacia
A canadense Pacific Rubiales firmou acordo com a Karoon para de Campos. Cada um dos dois poços atualmente em
adquirir uma participação de 35% nos blocos S-M-1101, S-M-1102, produção garante a extração média de 5 mil barris de
S-M-1037 e S-M-1165, na Bacia de Santos, por US$ 40 milhões. A petróleo por dia. A petroleira acredita que há entre 209
Karoon permanecerá como operadora dos blocos. e 270 milhões de barris de óleo recuperável no campo.
A OGX também prevê a entrada em operação do cam-
Farm out po de Tubarão Martelo, vizinho ao de Tubarão Azul no

Vale vende participação na último trimestre de 2013. A estimativa de investimen-


tos da OGX em 2013 é de US$ 1,2 bilhão – 20% des-
Bacia do Espírito Santo tinados à exploração e o restante em desenvolvimento
da produção.
A Vale vendeu à Petrobras e à Repsol Sinopec a participação de
10% que detinha no bloco BM-ES-21, na Bacia do Espírito Santo. Produção 2
Keppel fará integração
Com o farm out, a petroleira brasileira ficou com 88,89%, e a Rep-
sol, com 11,11%.

Fornecedores de FPSOs OSX-4 e OSX-5


Programa vai capacitar A OSX fechou contrato com o estaleiro Keppel para
a conversão dos cascos dos FPSOs OSX-4 e OSX-5.
indústrias paulistas As obras de conversão serão realizadas em Singapura,
e devem durar 12 meses. A integração será realizada no
O Programa Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação na Cadeia de estaleiro que a OSX está construindo no Porto do Açu,
Petróleo e Gás - Nagi PG, uma parceria entre a Federação das Indús- no Rio de Janeiro.
trias do Estado de São Paulo, o Centro das Indústrias do Estado de
São Paulo e a Universidade de São Paulo irá capacitar 400 indústrias Produção 3
Tomé investirá R$ 120
paulistas de pequeno e médio porte em uma cultura de inovação. O
Programa compreende uma capacitação coletiva e uma assessoria
individual. Ainda este ano o programa será implantado em quatro
regiões – São Paulo, Vale do Paraíba, Baixada Santista e Sertãozinho milhões para produzir
– e, em 2013, em Osasco, Guarulhos, ABC, Campinas, Sorocaba e Pi-
racicaba. Nessas regiões serão montados núcleos com 40 empresas. módulos de plataformas
A Tomé Engenharia irá investir R$ 110 milhões na
Perfuração construção de uma planta que fabricará módulos de pla-

STJ suspende liminar taformas, em Charqueadas / RS. A cidade também irá


receber uma unidade da Iesa Oléo e Gás.

que proibia operação da Exploração


Transocean CGGVeritas adquire
O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Felix Fis-
cher, acatou o recurso da ANP e suspendeu a liminar do Tribunal divisão de Geociências
Regional Federal da 2ª Região que determinava a paralisação das
atividades da Transocean no Brasil. O ministro reconheceu que a da Fugro
suspensão das atividades da Transocean no Brasil poderia acarretar A CGGVeritas adquiriu, por € 1,2 bilhão a divisão de
grave lesão à economia pública, uma que vez a atuação do grupo geociências da Fugro. A transação adicionará ao portfó-
não está limitada a Frade. A decisão beneficia apenas a Transocean, lio de equipamentos da CGGVeritas quatro embarcações
mantendo a proibição de operação à Chevron, operadora do campo para sísmica 3D, excluindo a biblioteca multi-clientes e
de Frade, na Bacia de Campos. o negócio de “nodes”.

no 347 Petro & Química 73


Naval 1 Gás 1
Abimaq firma acordo de Teste de formação indica
cooperação com SSA alto potencial na Bacia do
A Câmara Setorial de Equipamentos Navais e Offshore da
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamen-
Solimões
tos firmou um acordo de cooperação com a UK Shipbuilders O teste de formação do poço 1-HRT-9-AM, no bloco SOL-
& Shiprepairers Association – principal associação que reúne T-169, na Bacia do Solimões, atingiu uma produção estabilizada
estaleiros e empresas britânicas de equipamentos marítimos de 510 mil m³/dia de gás natural. A HRT acredita em um poten-
– para promover investimentos, comércio e intercâmbio de cial de produção de 3 milhões de m³/dia – o maior poço produtor
tecnologias entre Brasil e Reino Unido nas áreas de constru- de gás natural no Brasil, o 7PERZESS, no campo de Peroá, na
ção naval e de fabricação de equipamentos marítimos. Bacia do Espírito Santo, produz 1,8 milhão de m³/dia.

Naval 2 Gás 2
Asscenon nasce e estuda Petrobras e HRT estudarão
transporte marítimo entre planos para Bacia do Solimões
Niterói e São Gonçalo
Herick Pereira/Front

O protocolo, assinado pelos presidentes da Petrobras, Maria das


Graças Foster; da HRT, Marcio Mello, e da TNK-Brasil, George Michael
Diretoria da Asscenon: Presidente: Elizio Moreira da Fonseca Morgan, tem prazo de vigência de 6 meses
(Brasilamarras), Vice-Presidente: Claudio Lanna (Estaleiro Brasa),
Diretor Financeiro: Renato Bittencourt (Equipemar), Diretor Secretário: A Petrobras e a HRT vão estudar a monetização do gás
Rogério Araujo (Subsea7) natural na Bacia do Solimões. As empresas firmaram um
protocolo de intenções para a elaboração de um plano de
Com a instituição formal da Associação Conselho Em- trabalho que definirá atividades e cronogramas do desen-
presarial Naval-Offshore e Serviços de Niterói - Asscenon, volvimento de áreas contíguas ao campo de Juruá, na Ba-
empresários de Niterói / RJ acreditam que chegou o momento cia do Solimões.
de se implantar uma linha, pelo mar, para transporte de pas-
Equipamentos
sageiros entre São Gonçalo e Niterói, especificamente para
funcionários de estaleiros e empresas que atuam na Ilha da Gates instala unidade
especializada em Macaé
Conceição, Ilha do Caju e Ponta da Areia. Estudo da enti-
dade mostra que 5.500 homens fazem o trajeto entre seu de
trabalho e São Gonçalo. A Asscenon reúne a Brasilamarras,
Macaé foi escolhida para receber a primeira operação Ga-
Brasco Logística; CCR Barcas, CCR Ponte, Codepe, DSN,
tes Service da América do Sul dedicada ao segmento de ener-
Eletrotecnica Guedes e Farias, Equipemar, Estaleiro Brasa,
gia. Em parceria com a Hitorin, distribuidor de mangueiras
Estaleiro Mauá, Girassol Apoio Marítimo, Oceaneering/Ma-
e terminais da marca, a empresa montou uma unidade com
rine, Lifting, Mac Laren Oil, Mecanavi, Naproservice, Nit-
300 m², com estoque de mangueiras especiais e células para a
port/Nitshore, Renave/Enavi, Rolls-Royce e Subsea7.
montagem de terminais.

74 Petro & Química no 347


Conteúdo local 1 Refino 1
TCU recomenda aperfeiçoamento Manguinhos entra com
de fiscalização mandato de segurança
Auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União apon-
tou fragilidades na fiscalização feita pela Agência Nacional de
contra desapropriação
Petróleo sobre o compromisso de conteúdo local na exploração A Refinaria de Manguinhos impetrou mandado de se-
de petróleo e gás natural – como a falta de auditoria sobre os gurança no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro contra
documentos e notas fiscais fornecidos pelas concessionárias e o Decreto que desapropria a área onde está localizada
os critérios adotados para escolher quais blocos passariam pela a empresa. Segundo a empresa, o imóvel foi concedi-
análise. O TCU recomendou o aprimoramento de metodologia do à refinaria pelo governo federal para que fosse in-
de seleção desses blocos, além da identificação de técnicas de corporado ao patrimônio da empresa – o que impediria
auditoria e da elaboração ou atualização de manuais de proce- o estado de desapropriá-lo. O Decreto publicado em 16
dimentos. de outubro, declara o terreno da refinaria de utilidade
pública para fins de desapropriação. O plano do governo
Conteúdo Local 2 é construir um bairro popular na área. O governo cobra

Exigência amplia custos de


R$ 675 milhões, entre créditos de ICMS que deixaram
de ser recolhidos nos últimos anos. O governador Sérgio

exploração, aponta pesquisa Cabral disse que não aceita negociar com a empresa, que
ofereceu ao estado 20% da área – onde funcionam insta-
Pesquisa elaborada pela PwC Brasil aponta que 68% dos for- lações administrativas e estacionamentos e não haveria
necedores e operadoras apoiam as exigências de conteúdo local contaminação do solo.
da Agência Nacional de Petróleo. No entanto, 61% consideram
que a regra aumentará em mais de 10% os custos de exploração Refino 2
e desenvolvimento do setor no Brasil – menos de 4% acreditam
em redução de custos. A pesquisa também mostra que 70% dos Radix desenvolve
entrevistados acreditam que as regras não são claras – e metade
considera que a Agência não tem condições de fiscalizar o cum-
plataforma online
primento do coeficiente de nacionalização. para módulo de
Transporte 1 gerenciamento de
Trelleborg inaugura fábrica processos da Repar
de mangueiras O novo sistema de gerenciamento da Refinaria Presi-
dente Getúlio Vargas vai atuar como um manual online,
A Trelleborg inaugurou sua linha de fabricação de produtos facilitando a operação de toda a refinaria. O novo sistema
destinados ao mercado de petróleo e gás. A fábrica, que origi- de gerenciamento possibilita que novas informações se-
nalmente pertencia à Goodyear, localizada em Santana de Par- jam inseridas no sistema com facilidade.
naíba / SP fornecerá mangueiras para transporte de petróleo em
ambiente marítimo. A unidade da Trelleborg em Macaé / RJ foi Engenharia
Genesis adquire a
preparada para desenvolver soluções de isolamento térmico e
flutuabilidade de alto desempenho.

Transporte 2 Suporte Consultoria


Flexomarine fecha fornecimento Gênesis Oil and Gas Consultants assinou um acordo
vinculativo para a aquisição da Suporte Consultoria e Pro-
de mangotes à Modec Brasil jetos, empresa de engenharia estrutural e de tubulação. A
aquisição vai permitir que a Gênesis aumente imediata-
A Flexomarine fechou um contrato de fornecimento de 44 mente o acesso ao mercado brasileiro em crescimento e
mangotes, dos tipos flutuante e submarino, destinados ao projeto sua força de trabalho local com 80 profissionais. A Gene-
Cernambi-Sul. Os mangotes serão instalados no FPSO Cidade sis vem trabalhando com a Suporte desde 2002, quando
de Mangaratiba a ser operado pela Modec Brasil em lâmina de assinaram um primeiro contrato em conjunto para projetar
água de 2.300 metros. um duto de exportação de gás da Bacia de Campos.

no 347 Petro & Química 75


Shale gas
DNV apresenta recomendação de boas práticas
A DNV elaborou uma Prática Recomendada para a extração base de um padrão internacional de segurança e sustentabili-
de gás de xisto, com base em princípios de gestão de risco. A dade na extração do shale gas. A prática foi desenvolvida após
prática fornece uma referência para a verificação independente consulta a companhias de petróleo e gás, autoridades europeias
de projetos de gás de xisto. O objetivo do documento é criar a e norte-americanas, ONGs e entidades da indústria.

Petrobras amplia programa de eficiência operacional


para mais sete campos Geraldo Falcão / Agência Petrobras
A Petrobras decidiu estender para os campos mais novos
da Bacia de Campos o Programa de Aumento de Eficiência UO-Rio

Operacional da Unidade de Operações - Proef, elaborado


UO-BC
para elevar a produtividade de campos. Entraram no âmbito
do Proef os sete campos gerenciados pela Unidade de Opera-
ções de Exploração e Produção do Rio de Janeiro - UO-Rio:
Albacora Leste, Barracuda, Caratinga, Marlim Leste, Marlim
Sul e Roncador.
Esses campos respondem por mais de 900 mil barris por
dia, com eficiência operacional de 91%. A meta é atingir efi-
ciência superior a 94% até 2016. Para os 28 campos geren-
ciados pela Unidade de Operações de Exploração e Produção
da Bacia de Campos - UO-BC, que produzem 450 mil barris
diários, a meta de eficiência é de 90% até 2016.
Uma das principais medidas será a redução no intervalo
de manutenção das plataformas – as plataformas devem pa- vado e grandes ganhos já ocorrerão no curto prazo“, afirmou
rar para manutenção por cerca de 15 dias a cada três anos. a gerente executiva de Engenharia de Produção, Solange da
Contando com as plataformas P-55 e P-62, que irão entrar em Silva Guedes.
operação em 2014, a UO-Rio tem 15 plataformas. Em julho, a Petrobras já havia anunciado um investimento
A inclusão da UO-Rio no Proef vai custar US$ 710 mi- de US$ 5,6 bilhões para aumentar a eficiência operacional
lhões – em intervenções em poços, sistemas submarinos e da UO-BC – o valor é maior devido ao número de campos
novas Unidades de Manutenção e Segurança. A companhia e aos menores índices de eficiência. As iniciativas envolvem
calcula um valor presente líquido - VPL entre US$ 700 mi- a aquisição de equipamentos submarinos, reparos e investi-
lhões e US$ 2,2 bilhões. “O retorno desse investimento é ele- mentos em novas Unidades de Manutenção e Segurança.

Petrobras enxuga custos operacionais


A Petrobras pretende reduzir seus gastos em até R$ 15 da otimização de recursos empregados na operação e ma-
bilhões em 2013. A companhia apresentou o detalhamento nutenção de plataformas, poços e instalações, e do apri-
do Programa de Otimização de Custos Operacionais - Pro- moramento dos recursos de logística. Na área de refino e
cop, que prevê 28 oportunidades com potencial de redução logística, o foco está na busca do nivelamento da produti-
de despesas que em 2011 chegou a R$ 63 bilhões. vidade das refinarias, redução de estoques e menos gastos
Em apresentação aos funcionários da Petrobras, a presi- de manutenção e operação de oleodutos, terminais e navios.
dente Maria das Graças Silva Foster explicou que as ações As medidas para a área de Gás e Energia serão a redu-
do Procop visam três objetivos principais: no plano finan- ção do custo operacional dos gasodutos e do consumo
ceiro, aumentar a geração de caixa, no plano operacional, de insumos em termelétricas e plantas de fertilizantes.
aumentar a produtividade de suas atividades, e no plano or- As metas de cada iniciativa serão consolidadas até dezem-
ganizacional, reforçar modelo de gestão voltado para a efi- bro. A expectativa é que a implementação das iniciativas
ciência em custos. identificadas ocorra a partir de janeiro de 2013. As 28 opor-
O foco da redução de despesas na área de E&P será o tunidades de redução de custos estão baseadas em compara-
segmento de produção de óleo e gás, por meio da redu- ções entre o desempenho de cada ativo com outros similares
ção do consumo de insumos em plataformas e campos, e mais eficientes atualmente em operação.

76 Petro & Química no 347


no 347 Petro & Química 77
Retrospectiva

A força do petróleo

16ª edição da Rio Oil & Gas lota RioCentro e mostra que nenhum
negócio é tão promissor quando se projeta o futuro econômico
do país

A
resposta do governo ao apelo bradado na aber- “Ainda que na dependência da aprovação da le-
tura da Rio Oil & Gas é o melhor exemplo da gislação dos royalties, o anúncio mostra o reconheci-
importância que o setor de petróleo obteve so- mento e alinhamento do governo com as necessidades
bre a economia brasileira. Um dia após os represen- do setor”, disse o presidente do Instituto Brasileiro do
tantes da cadeia pedirem a retomada das Rodadas de Petróleo, João Carlos de Luca, na solenidade de encer-
Licitações de áreas exploratórias, o ministro de Minas ramento do evento.
e Energia, Edison Lobão, anunciou a realização da 11º Reflexo da evolução do setor de petróleo no país,
Rodada em maio e a primeira Rodada do Pré-Sal, em a 16ª edição comprova que a Rio Oil & Gas tornou-se
novembro de 2013. um dos três maiores eventos mundiais do segmento e

78 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

sil empresas dos EUA, Noruega, Alemanha, China e até


Austrália. 53 mil pessoas circularam pelos corredores da
Rio Oil & Gas durante quatro dias – o número iguala o
recorde registrado na edição de 2010. “O Brasil, como
país e como mercado, está se tornando um dos mais im-
portantes do mundo nesse setor. Essa feira é um bom
exemplo”, avalia o presidente da Festo no Brasil, Waldo-
miro Modena Filho, expositor da Rio Oil & Gas.
Sob o lema “Inovar e crescer com Responsabilida-
de”, a conferência reuniu 4.250 congressistas, que as-
sistiram a quatro plenárias, 24 painéis e a apresentação
de 586 trabalhos técnicos – uma mostra de que o país
está entre os mais atrativos para a cadeia do petróleo.
João Carlos de Luca traduziu o ânimo do setor de-
pois de o governo ter anunciado a retomada das Roda-
das. “A sensação era que a indústria estava voando e o
anúncio do piloto era ‘senhores tripulantes, preparados
para o pouso’. E o sentimento agora é de ‘portas em
automático, vamos decolar’”.

Oportunidades além do pré-


sal

Abertura do Congresso: pedido do setor ouvido pelo governo


A Associação Brasileira de Produtores Indepen-
dentes de Petróleo e Gás – que representa 21 petro-
leiras – também aproveitou o evento para pedir a san-
ção da proposta que permite a realização de leilões de
concessões exclusivos para os independentes a cada
seis meses – assim como a realização da 11ª Rodada,
essa proposta já foi aprovada pelo Conselho Nacio-
nal de Política Energética. “Nossa produção era de
3,5 mil barris por dia, mas neste ano já baixou para
3 mil barris por dia. Já sofremos influência direta da
falta de oportunidades”, disse o presidente da Abpip,
Alessandro Novaes.
desempenha um papel importante na consolidação do Não seria estranho esperar que o tema recorrente
Brasil como potência global em petróleo e gás. no evento fosse a falta de Rodadas – não realizadas
O estado da arte em equipamentos, simuladores 3D desde 2008.
e maquetes de plataformas chamavam a atenção para Ainda durante a abertura do evento, a diretora da
vários stands – 1.300 expositores, de 27 países, ocupa- Agência Nacional do Petróleo, Magda Chambriard,
ram 39,5 mil m², o que corresponde aos quatro pavilhões disse que o potencial para descobertas de petróleo e
do Riocentro e mais quatro tendas anexas. Metade da gás no Brasil vão além do pré-sal. “Os dados cole-
área já está comercializada para a próxima edição, em tados pela Agência indicam potencial para recursos
2014. 14 pavilhões internacionais trouxeram para o Bra- convencionais e não convencionais”.

nº 347 Petro 79
Retrospectiva

Fontes fósseis ainda Desenvolvimento econômico


dominarão matriz energética amplia demanda

Os combustíveis fósseis ainda responderão por O presidente do World Petroleum Council, Re-
65% da demanda de energia em 2050. Por essa razão, nato Bertani, destacou, durante a seção plenária
a empresa investe em projetos de captura e armazena- Desafios para o Suprimento Energético para o Sé-
mento de carbono no Canadá e na Austrália. “A ener- culo 21, que as dez maiores descobertas de petró-
gia que fornecemos ao mundo deve ser produzida de leo anunciadas nos últimos anos estão na Bacia de
forma correta, com respeito ao meio ambiente”, disse Santos e no Golfo do México – áreas que deman-
o presidente da Shell Brasil, André Araújo, na seção dam novas tecnologias, novas ideias, que por isso
plenária O Papel da Indústria do Petróleo na Promoção e devem influenciar a formação de preços.
do Desenvolvimento Econômico Sustentável. As projeções apresentadas pelos participantes
“Pode ocorrer uma mudança drástica que modifique da plenária indicam que a demanda crescerá para
esse cenário. Mas hoje não há nada visível que nos per- 110 milhões de barris de petróleo por dia até 2030.
mita antecipar um cenário diferente”, afirmou o CEO Bertani lembra que o desenvolvimento econômi-
da Barra Energia, Renato Bertani. co no Brasil, Indonésia e Índia – que apresentam
A demanda de petróleo, que hoje gira em 87 milhões baixo consumo per capita – vai trazer novos con-
de barris, deve atingir 108 milhões de barris em 2030. sumidores para o mercado. O desafio é trazer à
Segundo projeções da IEA apresentadas por Bertani, o superfície esse petróleo de forma “amigável” ao
segmento de E&P deverá concentrar US$ 20 trilhões meio ambiente.
em investimentos nesse período. O diretor da Energy Information Administra-
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, tion, Adam Sieminski, afirmou que o avanço tec-
destacou que o investimento tem crescido à medida em nológico mudou o cenário de referência no setor
que as curvas de produção e demanda se aproximam. de óleo e gás. “Gastos em pesquisa e desenvolvi-
“O mundo investiu US$ 556 bilhões no ano passado mento têm um potencial de transformar as ofer-
em petróleo. Neste ano, deve superar US$ 600 bilhões. tas de energia no século XXI como não podemos
Essa é a resposta do setor para atender à demanda”. imaginar”.

A Arena + 10, instalada nesta edição da Rio Oil & Gas, trouxe especialistas para
debaterem o tema “Avanços e Desafios do Desenvolvimento Sustentável no Setor
de Petróleo, Gás e Biocombustíveis”. Jorge de Castro, do Instituto de Pesquisa
Econômica e Aplicada, defendeu um modelo de desenvolvimento em que a riqueza
do petróleo possa se traduzir nos índices sociais. Lucila Martinez, do Instituto de
Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência, mostrou experiências adotadas no entorno da
Refinaria de Paulínia / SP.

80 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

Parceria será fundamental Por crescimento da produção,


para aumentar a segurança Petrobras não admitirá atraso
de fornecedores

O acidente com a plataforma Deepwater Horizon, no


A presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva
Golfo do México em 2010, despertou entre as petroleiras
Foster, avisou que a companhia irá encerrar os con-
a certeza de que o compartilhamento de experiências é a
tratos com fornecedores que não cumprirem prazos.
melhor maneira para garantir uma segurança operacional
“Qualquer movimento fora do prumo, trocamos de for-
mais eficiente. “Ainda há muito a ser feito, mas temos tido
necedor. Não vamos esperar atrasar”, disse a executiva,
sucesso por meio do compartilhamento de experiências
durante a seção de encerramento da Rio Oil & Gas.
com outras empresas e reguladores”, disse o vice-presi-
Graça fez um grande balanço da construção de pla-
dente da BP, Richard Morrison, na seção plenária Segu-
taformas no país e explicou que uma equipe com mais
rança Operacional Offshore e seus Impactos.
de 100 técnicos da Petrobras trabalhou durante quatro
Morrison lembrou que a empresa passou a ser mui-
meses para verificar a capacidade dos seus fornecedo-
to vigiada após o acidente, redefiniu responsabilidades,
res e mitigar os riscos de atrasos. Além das 23 platafor-
e aprimorou o treinamento e a sistemática de inspeção
mas já contratadas, até 2017 a companhia irá contratar
de equipamentos.
outras 15 unidades. A própria presidente tem visitado
O diretor do Bureau of Safety and Environmental En-
os estaleiros – desde fevereiro, quando tomou posse, já
forcement, James Watson, apontou melhoras na regulação
esteve quatro vezes no Estaleiro Rio Grande. “O boi só
relativa ao gerenciamento de riscos – que inclui projeto de
engorda debaixo do olho do dono, por isso a diretoria
poço, engenharia de revestimento e cimentação. O orga-
não tira os olhos do boi.”
nismo já está realizando as primeiras auditorias para saber
A prioridade da Petrobras é a produção de petróleo,
se as operadoras estão implantando as novas regras.
que deverá passar dos atuais 2 milhões para 4,2 milhões
O superintendente de Segurança Operacional e
barris em 2020. O aumento da produção será acompanha-
Meio Ambiente da ANP, Raphael Moura, destacou que
do pela expansão– atualmente a Petrobras possui 15,7 bi-
entre 2010 e 2011, a Agência realizou 150 auditorias e
lhões de barris de óleo equivalente em reservas provadas
constatou 1076 não-conformidades.
e 15,8 bilhões de barris em reservas potenciais.

O avanço tecnológico chegou também às sessões de posters do congresso. As


apresentações contaram com aparato digital. Foram apresentados 586 trabalhos
nas seções posters e seções orais – o congresso reuniu 4.250 participantes. O
trabalho “"Os Benefícios e Desafios da Aplicação de Técnicas de Controle Avançado
e Otimização em Tempo Real em Unidades Marítimas de Produção”, apresentado
por Alex Furtado Teixeira e Mario César Massa de Campos, recebeu o Prêmio Plínio
Catanhede, dado ao melhor trabalho técnico apresentado em congressos do IBP nos
últimos dois anos.

nº 347 Petro & Química 81


Retrospectiva

Indústria petroquímica Reliance e Total apresentam


enfrenta nova dinâmica projetos de refino

Até 2020 a demanda global por petroquímicos bá- O diretor de Planejamento e Desenvolvimento da Re-
sicos e plásticos alcançará 1 bilhão de toneladas – isso liance, Partha Maitra, defende que os novos empreen-
representará um crescimento de até 200 milhões de to- dimentos de refino sejam bem planejados desde o início,
neladas no comercio internacional, em função da dis- para evitar custos com retrabalho ou redesenho. E que as
posição dos mercados, disse o vice presidente da IHS, refinarias sejam concebidas para operar por 50 anos.
Mark Eramo, no painel Competitividade da Indústria Maitra mostrou, durante o painel Desafios para a
Petroquímica no Brasil. Implantação de Novos Projetos em Refino, como a Re-
O consultor explica que o advento do shale gas nos liance conduz o projeto da Jamnagar, na Índia, que tem
EUA tem mudado a dinâmica da indústria petroquími- capacidade para processarr 1,3 milhão de barris por dia.
ca global. “O planejamento dos investimentos é fruto A utilização de equipamentos de maior porte e redução
dessa dinâmica”. de trabalhos on site permite economia de escala.
A indústria petroquímica nacional aguarda a defini- O vice-presidente da Total para o Oriente Médio e
ção do potencial que as reservas do pré-sal significarão Norte da África, Olivier Alexandre, apresentou o proje-
para a obtenção de matérias-primas. to de Jubail, com capacidade de processar 400 mil bar-
O gerente geral de Desenvolvimento de Projetos ris diários, tocado em parceria com a Saudi Aramco.
Petroquímicos da Petrobras, Luiz Fernando Marinho Segundo projeções apresentadas pelo vice-presi-
Nunes, afirmou que a integração entre as refinarias e dente da IHS, Gil Nebeker, até 2015 o crescimento da
petroquímicas significa redução de custos desde a fase demanda mundial deve chegar a 1,7 milhão de barris
de projeto. “Há saídas para encontrar eficiência onde por dia. “Serão necessários investimentos de US$ 500
ela não está dada a partir da matéria-prima”. bilhões até 2030”

O IBP realizou na Rio Oil & Gas a 6ª edição do programa


“Profissional do Futuro”, que promoveu apresentações dedicadas
a universitários. O ciclo de palestras sobre a cadeia produtiva
de petróleo e gás, as perspectivas do mercado de trabalho e a
importância de aprimoramento constante reuniu 2.300 estudantes,
de 35 universidades brasileiras.

82 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

Petrobras defende Empresas estudam redução de


padronização de projetos água na extração de shale gas

No painel Os desafios dos grandes empreendimentos A Shell estuda formas para reduzir o consumo de
e a importância da engenharia de projetos no Brasil, o água utilizada no fraturamento hidráulico para viabi-
presidente da Rolls-Royce para América do Sul, Fran- lizar projetos de shale gas em regiões áridas. Segun-
cisco Itzaina, avalia que o Brasil precisa avançar em do o vice-presidente executivo da petroleira, Gerald
temas como planejamento de longo prazo e criação de Schotman, é preciso compartilhar experiências e re-
uma política industrial de Estado que incentive setores. cursos para aperfeiçoar a tecnologia de fraturamento.
Na avaliação do presidente do Estaleiro Enseada “Nenhuma empresa pode se dar ao luxo de desenvolver
do Paraguaçu, Fernando Barbosa, o gerenciamento de essa tecnologia sozinha. Porque custará mais e deman-
projetos no Brasil esbarra na inflação de custos, baixa dará mais tempo”.
produtividade, mão de obra pouco qualificada e logísti- Para o vice-presidente de Pesquisa Energética da
ca. O Enseada do Paraguaçu, que está sendo construído IHS, Bob Fryklund, que vê um forte potencial na Ba-
na Bahia, vem implementando processos simples e re- cia do São Francisco, o Brasil está numa situação mais
petitivos para reduzir a relação homem/hora. confortável por possuir muita água e areia. “Temos de
Segundo o diretor de Engenharia, Tecnologia e pensar em como reduzir água e areia injetada”.
Materiais da Petrobras, José de Figueiredo o aprimora- Segundo o assessor especial da ANP, Olavo Colela
mento da gestão e o uso de métricas internacionais são Junior, estudos da Agência apontam que o volume re-
o grande desafio da indústria brasileira. Figueiredo cita cuperável de gás não-convencional pode chegar a 208
os oito FPSOs replicantes contratados pela companhia trilhões de pés cúbicos nas Bacias do Parnaíba, Parecis
para defender a padronização de projetos. “Já sabemos e do Recôncavo. Os números foram estimados a partir
como fazer, agora temos que replicar da forma mais de uma comparação com a formação de Barnett Shale,
simples. É uma questão de gestão”. nos EUA.

A Rodada de Negócios promovida pela Onip e pelo Sebrae gerou uma


expectativa de negócios de cerca de R$ 152,8 milhões nos próximos
12 meses. Foram realizadas 662 reuniões entre 32 empresas âncoras
e 238 pequenos e médios fornecedores. A novidade desta edição foi
a realização da Rodada Tecnológica e os Encontros Joint Venture,
que reuniram 30 empresas – 13 estrangeiras e 17 brasileiras – em
busca de oportunidades de transferência de tecnologia e criação de
soluções integradas.

nº 347 Petro & Química 83


Retrospectiva

Pré-sal e shale gas adquirem novos Maior teor de etanol reduzirá


papéis na geopolítica do petróleo importação de gasolina

Com o aumento da participação do shale gas (gás de Na avaliação do consultor Plínio Nastari, da Das-
xisto) e do tight oil (óleo não convencional) na matriz targo, o retorno do teor de mistura do etanol de 20%
energética norte-americana, aliado à maior eficiência dos para 25% já diminuiria a necessidade de importação
derivados e os investimentos em biocombustíveis, os EUA de gasolina. “Há a necessidade de se planejar o abas-
caminham para reduzir consideravelmente a dependência tecimento com antecedência”, disse, lembrando que
energética norte-americana, hoje situada na faixa de 60%. a cana-de-açúcar a biomassa mais produtiva e mais
“Isso muda tudo e pode fazer dos EUA um futuro exporta- sustentável quando comparada com o milho e a be-
dor”, disse o diretor geral do U.S. Energy Information Ad- terraba.
ministration, Adam Sieminski, no painel Geopolítica do A participação foi reduzida em outubro de 2011, de-
Petróleo e os Novos Caminhos para a Inserção Brasileira. pois que adversidades climáticas afetaram a produção
Para o diretor da ANP, Helder Queiroz, não será possí- de cana-de-açúcar.
vel reproduzir no Brasil a experiência norte-americana. O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Mi-
“Não temos uma infraestrutura de gasodutos similar à dos nas e Energia, Marco Antonio Martins Almeida, afir-
EUA, nem o mesmo modelo de negócios e instrumentos mou que o governo estuda um conjunto de estímulos
regulatórios. Sem falar nas controvérsias em relação ao fiscais para estimular o mercado de etanol. “O plane-
impacto ambiental”. jamento do mercado de ciclo Otto depende do etanol”,
Segundo Helder, o Brasil será o sexto maior produtor justificou, durante o painel Desafios do Mercado de
mundial de petróleo em 2016, e o quarto em 2020. “O Combustíveis para o Ciclo Otto no Brasil.
protagonismo do Brasil é inquestionável. Produzindo Para o presidente interino da União da Indústria da
4,5 milhões de barris/dia em 2020, o país vai exportar de Cana-de-Açúcar, Antonio de Pádua Rodrigues, o go-
1,5 milhão de barris/dia a 2 milhões de barris/dia, o que verno precisa definir o papel do etanol na matriz ener-
irá configurar uma posição relevante no mercado”. gética no médio e longo prazos.

William Zattar, que ingressou no setor de óleo e gás em 1950, e foi um


dos fundadores do Instituto Brasileiro do Petróleo, foi o agraciado do
Prêmio Leopoldo Américo Miguez de Mello – reconhecimento do IBP
às personalidades que tenham contribuído para o desenvolvimento das
indústrias de petróleo no Brasil.

84 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

ANP intensifica trabalhos em Exploração do gás não


áreas de nova fronteira convencional exige mais
tecnologia

Até 2014 a Agência Nacional do Petróleo irá inves-


tir R$ 1,8 bilhão para ampliar o conhecimento sobre as
Apesar de concentrar 29% das reservas mundiais
bacias sedimentares brasileiras – sobretudo em áreas
de shale gas, a América Latina ainda terá que superar
de novas fronteiras terrestres. Desde 2007, quando o
uma série de desafios para monetizá-las. Na avaliação
Plano Plurianual de Estudos Geológicos e Geofísicos
do presidente da Schlumberger no Brasil, José Firmo,
começou a ser desenvolvido, a Agência já aplicou R$
será necessário abandonar a fratura sequencial das ri-
500 milhões em levantamentos em 22 bacias sedimen-
chas e adotar um método mais eficiente para definir a
tares, de um total de R$ 1,8 bilhão aprovados para o
localização de poços – como exemplo, o executivo cita
período de 2007 a 2014.
a técnica de fraturamento HiWay, que tem alcançado
As pesquisas envolvem sísmica, processamento, levan-
reduções de 25% no consumo de água e aumentos de
tamentos gravimétricos, magnetométricos e magnetotelúri-
53% na produção de gás em campanhas na Argentina.
cos, geoquímica e perfuração de poços estratigráficos.
“A eficiência operacional vai depender de uma indús-
Segundo a superintendente de Definição de Blocos
tria ativa e colaborativa”.
da ANP, Eliane Petersohn, graças aos dados adqui-
O gerente de Risco Econômico, Global e Estratégia
ridos, as bacias de São Francisco, Paraná e Parnaíba
Comercial da Halliburton, Paul Guthrie lembra que o
foram incluídas na Décima Rodada de Licitações da
ritmo de perfuração é muito importante. “Foi o que ga-
ANP em 2008 – a Bacia de São Francisco já tem doze
rantiu o sucesso das empresas americanas.”
notificações de descobertas, e na Bacia do Parnaíba a
O diretor de E&P da Imetame Energia, Renato Dar-
OGX deve colocar em produção os campos de Gavião
ros de Matos comentou sobre a experiência de explora-
Azul e Gavião Real ainda este ano.
ção da bacia de São Francisco.

A história da Rio Oil & Gas passa pelas páginas da Revista Petro &
Química. E a história da Petro & Química passa pelos corredores da
Rio Oil & Gas. A revista esteve presente em todas as 16 edições do
maior evento de petróleo da América Latina. Visitantes, congressistas
e expositores receberam, de forma gratuita, a edição sobre produção
de petróleo.

nº 347 Petro & Química 85


Retrospectiva

Fornecedores ainda enfrentam Maior interação entre setor


problemas para ganhar produtivo e academia ampliará
competitividade desenvolvimento

Estudo da Organização Nacional da Indústria do A Petrobras pretende, em cinco anos, dobrar a


Petróleo mostra que serão investidos US$ 400 bilhões atual média de 60 patentes por ano. A ideia, apre-
em Exploração e Produção no país até 2020. “O volu- sentada pelo gerente executivo do Centro de Pes-
me dc investimento para o pré sal será alto e devemos quisa da Petrobras, Marcos Assayag, no painel
estar prontos para aproveitar essa oportunidade”, disse Desenvolvimento Tecnológico na Indústria, inclui
o superintendente da Onip, Luiz Mendonça, no painel novas alternativas no relacionamento com o meio
Desenvolvimento da Cadeia de Fornecedores. acadêmico e a cadeia de fornecedores. Atualmente
O diretor da Área Upstream da Shell no Brasil, An- a companhia possui cerca de 1.300 contratos com
tonio Guimarães, ressaltou que o desenvolvimento da mais de 100 instituições de pesquisa no Brasil, e
cadeia não deve se resumir apenas aos próximos 20 para cada pesquisador da companhia existem 15
anos e depois cair em declínio, mas que é fundamental pesquisadores externos – 15% do total de patentes
desenvolver capacidade competitiva de exportação. obtidas por ano são registradas em conjunto com as
O coordenador executivo do Prominp, Paulo Sergio universidades.
Rodrigues Alonso, cita o Parque Tecnológico do Rio como O supervisor de Propulsão Marinha e Elétrica da
exemplo de uma estratégia bem-sucedida de integração Weg, Marcos Menezes, destaca o aumento no núme-
entre a indústria e o meio acadêmico. “Essa integração vai ro de pesquisadores no setor produtivo – a empresa,
gerar conteúdo local com maior valor agregado”. que investe 2% da receita anual em P&D, possui 1.200
O Parque Tecnológico já concentra 12 empresas de gran- engenheiros que atuam no desenvolvimento de no-
de porte, 12 start ups e nove de pequeno e médio portes. vos produtos. A Weg recebe demandas do mercado e
O vice-presidente da Agência Gaúcha de Desenvol- também utiliza a parceria com as universidades para
vimento, Aloísio Nóbrega, defende que entidades como o desenvolvimento de novos produtos - um comitê in-
o Senai trabalhem em parceria cada vez mais estreita ternacional se reúne para definir quais produtos serão
com as empresas para acelerar a capacitação. criados e que tipo de tecnologia será utilizada.

A Petrobras levou para seu stand o Simulador Marítimo Hidroviário, desenvolvido em


parceria com a Universidade de São Paulo. O simulador, equipado com visualização
3D para o treinamento de operadores de balsas hidroviárias, já está sendo utilizado
pela Transpetro para a análise de procedimentos e dimensionamento de sistemas e
para o treinamento inicial ou reciclagem de capitães e pilotos fluviais que atuarão no
transporte de combustíveis na hidrovia Tietê-Paraná.

86 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

Expansão das economias 39% da oferta de gás virá do


emergentes muda dinâmica do pré-sal em 2020
mercado

O professor Edmar de Almeida, da UFRJ, defende


a competição entre empresas no upstream para ampliar
O aumento da demanda nos países emergentes, sobre-
a oferta de gás natural. “É preciso estimular a explora-
tudo na América Latina, e a expansão da oferta, tanto de pe-
ção”, disse Edmar, durante painel O Futuro do Merca-
tróleo no Oriente Médio como de shale oil nos EUA, estão
do de Gás no Brasil.
mudando o panorama mundial de petróleo no mundo.
Segundo estudos da Empresa de Pesquisa Energé-
O vice-presidente executivo da KBC Advanced
tica, entre 2016 e 2017 o Brasil terá um excedente no
Technologies, Ed Kleingueti, avalia que a América
balanço entre oferta e demanda de gás
Latina permanece uma importadora líquida, por conta
De acordo com projeções da Petrobras, apresenta-
do aumento do PIB e o atraso nos projetos de refina-
das pelo gerente executivo corporativo da área de Gás
ria. Com o shale oil, os EUA se tornarão os principais
e Energia, Hugo Repsold, até 2020 as áreas do pré-sal
fornecedores para o mercado latinoamericano.
responderão por 39% da oferta de gás natural, com 33
Na análise do diretor presidente do Boston Con-
milhões de m³/dia.
sulting Group, Daniel Lopez, as margens de refino
O presidente do Conselho Diretor da Associação
sofreram pressão a partir de 2008, decorrente da crise
Brasileira de Indústria Química, Henri Slezynger,
mundial, e deverão se manter estreitas nos próximos
chamou atenção para a urgência de investimento
cinco anos, comprometendo os investimentos para o
na produção do gás não convencional. “A liderança
final da década. “A boa notícia é que depois disso bons
brasileira na indústria petroquímica latinoamerica-
tempos virão”, disse Lopez, durante o painel Panorama
na corre riscos pelo desenvolvimento do shale gas
do Mercado Mundial de Petróleo e Derivados - Uma
na Argentina”.
Nova Ordem?

Em seminário "a busca da produtividade" realizado pelo Centro de


Excelência em EPC, integrantes da entidade apresentam estudos sobre
fatores que influenciam a produtividade: João Mariano, da Shell,
apresentou o trabalho Implementação das propostas para redução de
custos e prazos na construção de unidades para indústria de óleo e gás
e Gilson Faissal, da Ecovix, falou sobre Maior e melhor integração da
engenharia nos empreendimentos de EPC. Octavio Pieranti apresentou os
resultados de um estudo que avaliou contratos para identificar cláusulas e
riscos que incorreriam em perdas de produtividade e aumento dos custos.

nº 347 Petro & Química 87


Retrospectiva

Petroleiras investem em novas Tecnologia permite


tecnologias para aumentar transformar pré-sal em
fator de recuperação realidade

O gerente-executivo do pré-sal da área de Explo-


A revitalização de campos maduros em todo o mundo ração e Produção da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga,
pode resultar em um acréscimo de 25 milhões de barris de disse, durante o painel Desenvolvimento da Produção
petróleo por dia em até 30 anos, avalia o superintendente de Offshore no Pré-Sal, que a área requer uma gestão rigo-
Jazidas da colombiana Ecopetrol, Jaime Orlando Castañeda. rosa e excelência em todas as frentes, da concepção e
O vice-presidente da Cenovus, Ian Young, contou gestão de projetos ao fornecimento de bens e serviços,
que a companhia, que atua em ativos terrestres no Cana- com ênfase especial na gestão e no desenvolvimento
dá, ampliou sua produção em cerca de 25% ao ano desde de pessoas.
1998 e hoje produz cerca de 125 mil barris por dia. A evolução dos trabalhos de exploração, segundo o
A argentina YPF planeja expandir a sua produção em executivo, têm reduzido os custos.
campos maduros, de cerca de 30.000 barris para 80 mil Além da Petrobras, os fornecedores também apre-
barris por dia até 2015, como parte de um plano bienal sentaram suas experiências. O vice-presidente da Baker
que também inclui um aumento da produção não-conven- Hughes, Maurício Figueiredo, apresentou os sistemas
cional, disse o diretor da Neuquen Oil, Ignacio Swinnen. de perfuração que foram aplicados em cerca de 70%
As técnicas aplicadas pela Petrobras no Programa dos poços perfurados no pré-sal para a Petrobras. O
de Revitalização de Campos com Alto Grau de Explo- vice-presidente da Subsea 7 Brasil, Victor Bomfim,
tação - Recage – como injeção de água e vapor, sísmica abordou os sistemas Buoyancy Supported Risers, para
permanente e injeção de água pulsa – foram apresenta- interligação de risers, adotados nos campos de Lula
das pelo gerente de Reservas e Reservatórios da petro- Nordeste e Sapinhoá .
leira, Carlos Eugênio Melro da Ressureição. O vice-presidente sênior para o Brasil da Technip,
A Petrorecôncavo pretende investir US$ 350 mi- José Jorge Araújo, mostrou o desenvolvimento de re-
lhões até 2016 também para revitalizar áreas e manter vestimentos anti-H2S e a substituição de aço por fibra
sua produção. de carbono, para redução de peso nas linhas flexíveis.

88 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

Remote Operations, da ABB, Bray nacionaliza produção de


permite redução na quantidade válvulas triple offset
de operários em plataformas
Wellington Cintra: inovação para otimizar
produção no campo de Papa Terra

A Bray irá nacionalizar a produção de válvulas tri-


ple offset – muito utilizada no setor de petróleo por
sua estanqueidade. O primeiro passo foi a aquisição de
O desenvolvimento tecnológico já permite o monitora-
duas bancadas de testes – um investimento de € 500
mento e controle de equipamentos embarcados em uma plata-
mil em equipamentos que permitem realizar testes de
forma em alto mar a partir de centros de operação localizados
estanqueidade das válvulas. No parque fabril da em-
em terra. A ABB mostrou em seu stand como isso é feito em
presa, em Paulínia / SP, uma área de aproximadamente
plataformas da Shell e da Statoil no Mar do Norte. O conceito
600 m² está reservada para a iniciativa. “Agora estamos
do Remote Operations, baseado em uma arquitetura orienta-
desenvolvendo fornecedores no Brasil, na área de fun-
da para operação e manutenção remota, inclui a integração do
dição e usinagem, para começar a produzir no país”,
sistema de automação com todos os sistemas auxiliares – até
conta o gerente geral da Bray no Brasil, Alfeu Cabral.
mesmo a parte elétrica e de telecomunicações.
Para apoiar o investimento, a Bray enviou ao país
Uma das principais vantagens destacadas pelo gerente regio-
o especialista Davide Zirondelli, que possui 30 anos
nal de Óleo, Gás e Petroquímica, Wellington Cintra, é reduzir o
de experiência com esse tipo de válvula. A empresa já
número de pessoas embarcadas mantendo o mesmo nível opera-
fornece válvulas com a marca TriLok, para indústrias
cional – algo bem mais complexo do que simplesmente disponi-
brasileiras – o portfólio de clientes tem nomes como
bilizar dados para visualização. “Olhando os desafios de logística
Petrobras, Rhodia e FCC. O objetivo agora é atingir um
do pré-sal, esse conceito pode ser aplicado no Brasil – e quando
índice de 90% de conteúdo nacional.
você fala dessa tecnologia, tem que ter por trás toda estrutura de
Um dos potenciais clientes é a Shell – com o qual a
sistemas inteligentes para que isso possa ser possível”.
Bray tem um Enterprise Framework Agreement válido
Na costa brasileira, a plataforma de Peregrino, da Statoil,
até 2015 para fornecimento de mais de 2.500 itens para
foi equipada com os sistemas de automação, elétrica, teleco-
todas as operações da petroleira no mundo. “Isso re-
municações e simulador de processos fornecidos pela ABB
quer que façamos válvulas até 48 polegadas, chegando
– e a manutenção de todos esses sistemas é dividida entre as
a classe 900 libras”, destaca Alfeu.
unidades da ABB no Brasil e na Noruega.
Para a Petrobras, a ABB desenvolveu em parceria com a Zirondelli,
Technip um módulo elétrico para aquecimento de risers – ba- Robert Bloem
tizado de IPB, módulo que será instalado na plataforma P-63, (vice presidente
e irá operar no campo de Papa Terra, na Bacia de Campos, da Bray para
que tem óleo entre 14º e 17º API. “Caso ocorra algum proble- a América
ma que interrompa o fluxo do óleo, ele aquece as linhas para Latina) e Alfeu:
evitar entupimento”, explica Wellington Cintra. conteúdo
A plataforma terá também o módulo elétrico fornecido nacional na
pela ABB, já com a tecnologia IEC 61850 – também adotada produção de
nos FPSOs P-58 e P-62. válvulas

nº 347 Petro & Química 89


Retrospectiva

Novo medidor de gás da Festo desenvolve equipamentos


Conaut traz autodiagnóstico para ganhar relevância na
indústria de processos
O investimento que
a Festo realizou em sua
subsidiária brasileira
tem resultado em bons
frutos: dois produtos
desenvolvidos nos la-
boratórios da empresa
receberam prêmios de
estilo e de tecnologia na Alemanha. “Todos os engenheiros
brasileiros já passaram pelo menos um ano em treinamento na
Alemanha. E nossos laboratórios estão em linha e correlacio-
nados dimensionalmente com os alemães”, destaca o presiden-
A Conaut apresentou na Rio Oil & Gas o medidor
te da Festo no Brasil, Waldomiro Modena Filho.
ultrassônico de gás Altosonic V12, com 12 canais que
No Brasil está o centro de P&D para válvulas mecânicas e
tem como diferencial o auto-diagnóstico – além dos
manuais. Daqui são fornecidos equipamentos para 186 países.
canais de medição, o instrumento possui um canal de
Uma das novidades apresentadas na Rio Oil & Gas foi desen-
diagnóstico, que consegue identificar incrustração, de-
volvida sob medida para a Petrobras: o Foundation Fieldbus Re-
posição de material ou corrosão.
mote I/O, que possibilita a integração das válvulas on-off e outros
“Um feixe no sentido perpendicular aos canais de
equipamentos discretos aos sistemas de comunicação Foundation
medição permite fazer esse diagnóstico. Caso haja de-
Fieldbus H1. Embora esse equipamento tenha aplicação em ou-
posição de material, ele indica a perda de sinal”, expli-
tros segmentos industriais, a petroleira é a primeira usuária da lista
ca o diretor Industrial da Conaut, Ricardo Fuchs.
– os Remote I/O serão instalados na Rnest, em plataformas da
O Altosonic V12 já vem sendo utilizado no Brasil por
Bacia de Campos e no Terminal de São Sebastião.
distribuidoras de gás, para transferência de custódia.
Outras novidades destacadas no stand foram as válvulas
Outra novidade encontrada no stand da Conaut foi o
solenóides para atmosferas explosivas VOFC / VOFD, válvu-
computador de vazão Summit 8800 – aplicável a líqui-
las esfera com atuador pneumático e sensor box, os terminais
dos e gases. Nesse caso, o diferencial é a interface com
de válvulas CPX/MPA e CPX/VTSA, utilizados para trocar
o operador: o Summit 8800 traz uma tela touch e um
dados entre elementos de campo e CLP mestre ou como uma
botão navegador para facilitar seu acesso às medições.
remota com CPL integrado e manifold pneumático para pilotar
A Conaut já recebeu uma encomenda de 175 desses
válvulas de processo, e soluções com painéis de comando.
computadores de vazão para 18 novos petroleiros da
Os componentes da Festo são aplicados em várias áreas da
Petrobras.
indústria – a empresa tem fornecido subsistemas para controle
Os dois instrumentos são produzidos pela holande-
de tratamento de água em refinarias e controles para os módulos
sa Krohne – representada no Brasil pela Conaut.
de acionamento de portas em plataformas. “Nossos terminais de
A empresa também tem se destacado na prestação
válvulas fazem parte de um pacote padrão que a Petrobras esta-
de serviços para as plataformas da Petrobras. Atual-
beleceu para as linhas de automação”, acrescenta Waldomiro.
mente a Conaut mantém 120 técnicos na unidade de
A empresa também atende a demanda por qualificação
Macaé / RJ, para atender ao contrato firmado com a
de mão-de-obra, através da divisão Didatic. “Temos coloca-
Petrobras para ge-
do vários esforços na força de vendas e na engenharia para
renciamento de me-
firmar presença e desenvolver outras aplicações de sucesso
dição, que engloba
nessa área”, ressalta o dire-
19 plataformas.
tor de Marketing e Novos
Negócios da Festo, Carlos
Padovan.
Fuchs: prestação Padovan e Modena Fº:
de serviços em 19 atendimento às demandas da
plataformas da Petrobras Petrobras

90 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

Flutrol amplia estrutura para FT Automação apresenta


atender a demanda do setor soluções para segurança
operacional
A FT Automação está
trazendo para o Brasil a
tecnologia de fibra óptica
distribuída para monito-
ramento da integridade
de dutos. A técnica utili-
za a fibra óptica como elemento sensor de temperatura
ou de tensão – uma alteração em uma dessas variáveis
indica um vazamento. A fibra óptica distribuída é indi-
cada para detectar problemas de pequenos vazamentos
em dutos que atravessam regiões de movimentação de
solo, deslizamentos, erosão e áreas em que as escava-
O aumento da demanda do setor de petróleo e gás
ções não são controladas. “Esperamos que a solução
levou a Flutrol investir em uma nova unidade no Rio de
seja aceita pelas companhias de petróleo no Brasil,
Janeiro. O prédio onde a empresa estava instalada ha-
como Petrobras e Transpetro. Eles necessitam de um
via sete anos tornou-se pequeno para abrigar a estrutura
melhor controle, funcionalidade, operação e segurança
de vendas, serviços e manutenção, e a empresa decidiu
na rede de dutos – acreditamos que a nossa solução
mudar sua filial para um novo galpão, com 650 m².
está habilitada para isso”, disse o engenheiro Roberto
O principal cliente da empresa no Rio de Janeiro é
Walder, da Smartec – detentora da tecnologia.
a FMC – para a qual a Flutrol tem fornecido painéis de
Walder esteve na Rio Oil & Gas para apresentar um
assinatura, que qualificam as válvulas subsea. “Antes
paper sobre o teste de qualificação feito com a Eni para
esses painéis eram importados – conseguimos know
provar a capacidade de detecção de micro vazamentos
how para fabricar isso no Brasil”, destaca o coorde-
em dutos multifásicos. A Smartec faz parte de um gru-
nador administrativo comercial da empresa, Ronaldo
po que reúne a americana Novametrix – fabricante de
Gomes de Almeida.
sistemas de medição – e a inglesa Sensormet – que pro-
Outro produto desenvolvido pela engenharia da
duz os interrogadores. No Brasil, é representada pela
Flutrol e fornecido para a FMC é o sistema de flushing.
FT Automação.
Essas unidades, utilizadas na limpeza de equipamen-
No stand, além da tecnologia, a FT Automação des-
tos, são fabricadas com bombas de alta pressão da
tacou a linha de painéis pressurizados e a pressurização
Hammelmann – para a GE, a Flutrol desenvolveu um
de máquinas rotativas instalados em áreas classificadas.
sistema de flushing com pressão de 10 mil PSI e vazão
Nos painéis, para impedir a entrada de gases ou poeira, a
de 60 litros / min.
pressão interna é mantida acima da pressão atmosférica
A Flutrol é representante da Hammelmann no Bra-
– a diferença é que o sistema de controle de pressuriza-
sil. A engenheira alemã Britta Frank esteve na Rio Oil
ção não necessita de alimentação elétrica: ele consome o
& Gas para apresentar a linha de bombas que atingem
ar comprimido também utilizado para o controle do pro-
até 3800 bar e vazões de 750 litros / min.
cesso. “Esse conjunto necessita ser certificado conforme
O portfólio de equipamentos da Flutrol também
a portaria 179 do Inmetro e a FT é credenciada por or-
inclui bombas multifásicas da Bornemann. A empresa
ganismos certificadores de produto para a realização de
forneceu três conjuntos, com vazão de 1798 m³ cada,
ensaios de pressurização. Isso nos permite fornecer para
que serão instalados no
o cliente uma solução
campo de Papa-Terra,
completa”, destaca o
na Bacia de Campos,
diretor da FT, Peter
que tem óleo entre 14º
Strimber.
e 17º API.
Walder e Peter: sistema
Britta e Ronaldo: para detectar pequenos
fornecimento de bombas vazamentos e intrusões
de alta pressão em dutos

nº 347 Petro & Química 91


Retrospectiva

Metso destaca soluções para Mokveld apresenta válvulas de


segmento offshore controle subsea

Fornecedor de automação e instrumentação bastan- Ao visitante da Rio Oil & Gas, o nome Mokveld
te conhecido das refinarias da Petrobras, a Metso agora não soa estranho – afinal de contas, as válvulas pro-
quer ampliar a presença no segmento upstream – no duzidas pela empresa holandesa já foram apresentadas
stand montado na Rio Oil & Gas a empresa destacou em outras edições da exposição pela empresa que a re-
suas soluções para plataformas offshore e sistemas de presentava no Brasil. Mas nesta edição, a Mokveld Val-
controle para a área marine. “Trouxemos especialistas ves teve stand próprio para marcar seu desembarque
da Noruega e da Finlândia, para mostrar um segmento no território brasileiro com estrutura de engenharia,
que o mercado local ainda não conhecia”, comenta o manutenção, vendas e administrativa – montada a par-
gerente nacional de vendas da Metso, Eron Fernandes. tir deste ano para prestar um atendimento diferenciado
Uma dessas soluções foi desenvolvida para ocupar me- aos clientes.
nos espaço e peso em plataformas: a linha de válvulas bor- As válvulas da Mokveld já são utilizadas por em-
boleta Mapabloc. Uma válvula de 48 polegadas dessa linha presas como Braskem, Petrobras, Ultrafértil e TBG. A
pesa menos de três toneladas, enquanto as válvulas gaveta, maior novidade, no entanto, é a linha de válvulas de
comumente utilizadas, chegam a pesar 11 toneladas. controle subsea – normalmente as válvulas instaladas
Em sua lista de projetos, o de maior destaque nos no fundo do mar são do tipo on/off. Trata-se de um
últimos anos está relacionado à modernização da Re- desenvolvimento da Mokveld para atender a um proje-
finaria Henrique Lage - Revap, que incluiu o SDCD, to da Statoil. “É uma tecnologia que para os próximos
válvulas e o sistema de gerenciamento de ativos. “A anos vai estar bem implementada”, aposta o country
Revap vai ser a primeira planta da Petrobras a ter um manager da empresa, Vitor Venâncio Dias.
gerenciamento de ativos com mais de 10 mil pontos”, A linha de válvulas exposta pela Mokveld aponta a
destaca Eron. tendência tecnológica do setor: processamento subma-
Dois resultados da modernização já são contabili- rino e segurança operacional. É o caso, por exemplo,
zados pela Petrobras: o sistema de gerenciamento de dessas válvulas de controle subsea e da linha de vál-
ativos possibilitou a redução na necessidade de ma- vulas de retenção subsea – que levam para o fundo do
nutenção nos equipamentos, e o start up da planta foi mar parte das atividades realizadas em plataformas – e
antecipado com o comissionamento através da rede in- das válvulas
tegrada. “Dentro de um projeto isso significa uma eco- choke axial e
nomia muito grande dos sistemas
em H/H e redução do High Integrity
risco operacional”. Pressure Pro-
tection Syste-
Eron: tradicional ms - hipps.
fornecedor de automação Vitor: tendências
e instrumentação das tecnológicas em
refinarias válvulas

92 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

Desafios do pré-sal despertam Presys desenvolve calibrador


interesse da National de pressão para uso em áreas
Instruments classificadas
Habituada a dar su-
porte a projetos de pes-
quisa e inovação, a Na-
tional Instruments aposta
no potencial do pré-sal.
Na avaliação do gerente
de Desenvolvimento de Negócios para o segmento de
Energia, Marco Amorim, a exploração da camada pré-
sal tem estabelecido uma série de exigências especí-
ficas. “E a National Instruments, como uma empresa
de tecnologia e inovação, apresenta ferramentas que
possibilitam aos técnicos, engenheiros, cientistas e es-
pecialistas do segmento de petróleo e gás serem mais
eficientes e mais produtivos em seus projetos”. Para a Presys, que já participa da Rio Oil & Gas
Um dos principais produtos da empresa é o Lab- desde 2008, a exposição tornou-se a mais importante
VIEW, um software gráfico de desenvolvimento de sis- oportunidade para apresentar suas novidades aos técni-
temas já utilizado por petroleiras, fornecedores e cen- cos de automação e instrumentação do Rio de Janeiro.
tros de pesquisa – o Centro de Pesquisas da Petrobras, “Recebemos visitas de clientes da área petroquímica
por exemplo, desenvolveu um sistema de instrumen- e até da indústria farmacêutica”, destaca o gestor de
tação e controle para um separador de lama-gás usado negócios para RJ, André Gomes.
em perfurações sub-balanceadas com o LabVIEW. A Nesta edição, a empresa lançou um calibrador de
Nexans também adotou o LabVIEW e os NI PACs para pressão para uso em áreas classificadas. A empresa já
desenvolver as interfaces e controles hidráulicos de um produz calibradores utilizados em laboratório – o di-
ROV que opera no Mar do Norte. Nos EUA, a Lime ferencial desse modelo PC-507-IS é a certificação do
Instruments utiliza tecnologia embarcada da National Inmetro para uso em atmosferas explosivas. Outra van-
Instruments no sistema de controle das bombas que são tagem é a integração com o software Isoplan, também
utilizadas nas atividades de fraturamento hidráulico. desenvolvido pela Presys, que permite automatizar e
“No segmento de petróleo e gás há várias tecnologias documentar as calibrações.
disponíveis e muitas vezes elas exigem especialistas dedi- Além de calibradores para instrumentação, a Presys
cados. O Labview tem a vantagem de ser uma plataforma fornece instrumentos para controle e automação de
extremamente amigável, que possibilita transferir o foco processos industriais – linha que inclui controladores,
do profissional para o desafio a ser resolvido, e não ao indicadores e bancada para calibração de válvula de se-
tempo que a aplicação consome dele”, ressalta Amorim. gurança. Seu maior cliente é a própria Petrobras – que
No stand montado na Rio Oil & Gas, a National possui essas bancadas na Reduc, no ativo de Marlim,
Instruments apresentou também outras ferramentas na UO-Rio e nos terminais da Transpetro.
utilizadas no desenvolvimento de projetos – como os
dispositivos single-board Rio, uma plataforma de aqui-
sição de dados e sistemas de controle embarcado que
utiliza os chips de alto desempenho com a tecnologia
FPGA.
Amorim (na foto com a
gerente de comunicação
para o segmento
de Energia, Theresa
Woodiel): ferramentas que
possibilitam eficiência e
produtividade nos projetos André: lançamento de calibrador para uso em áreas classificadas

nº 347 Petro & Química 93


Retrospectiva

RTS firma acordo com alemã SEW negocia fornecimento


Hartman para nacionalizar para fabricantes de sondas
produção de válvulas esfera

A política de conteúdo local pode abrir espaço para


a SEW no setor de petróleo. A empresa já fornece acio-
Há dois anos a RTS ampliou sua linha de produtos
namentos, motores e equipamentos eletrônicos para
com a aquisição da Metalúrgica Brusantin – que trouxe
plataformas. Agora vem negociando o fornecimento
para seu portfólio as válvula gaveta, globo e angular,
desses equipamentos para fabricantes de sondas de per-
além de uma unidade industrial localizada em Piracica-
furação. “Como temos fábricas no Brasil, é uma chan-
ba / SP. Agora a empresa produzirá no Brasil as válvu-
ce de entrar nesse mercado”, avalia o gerente regional
las esfera da alemã Hartmann.
da empresa no Rio de Janeiro, Cláudio Carvalho.
O presidente da RTS, Pedro Lucio, destaca que as
A SEW possui fábricas em Guarulhos e Indaiatuba /
válvulas esfera metal x metal produzidas pela Hartmann
SP – onde são produzidos redutores planetários utiliza-
são utilizadas em aplicações offshore e altas tempera-
dos em içamento e lançamento de umbilicais. Rail Car
turas e pressões. “A Hartman já está presente no Brasil
com acionamento fornecido pela SEW equipam as pla-
através de um representante. Mas diante da necessidade
taformas P-51 e P-52. Mesmo na atividade onshore, os
de ampliar esse mercado, precisariam ter um parceiro”.
equipamentos da SEW podem ser encontrados – o maior
O objetivo é dar início a produção local ainda este
exemplo é a unidade de bombeio inteligente desenvolvida
ano – enquanto os diretores da RTS e da Hartman fecham
pela Petrobras em parceria com a UFRN: o contrapeso da
parcerias com fornecedores de insumos, uma equipe de
unidade, equipado com equipamentos mecânicos, eletrô-
técnicos receberá treinamento na matriz da empresa. A
nicos e painéis fabricados pela empresa, permitem a au-
parceria permitirá, além de um maior índice de conteúdo
tomação do balanceamento da unidade, com redução no
local, a prestação de serviços. “Temos o mesmo entendi-
tempo gasto. “Normalmente uma unidade dessa demora
mento do negócio. E a RTS tem experiência no mercado”,
dois dias para conseguir regular o contrapeso. Fizemos
ressalta o diretor geral da Hartmann, Carsten Braun.
um trabalho junto com a UFRN utilizando o Movitrans –
um sistema de transmissão de energia sem contato – para
controlar esse contrapeso”, explica Carvalho.

João Henrique Borges, representante da Hartmann no Brasil, Carsten Carvalho: equipamentos para automatizar perfuração e produção
Braun e Pedro Lucio: válvulas utilizadas em aplicação offshore onshore

94 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

Siemens destaca tecnologias Triple M amplia portfólio de


submarinas válvulas

A Siemens aproveitou o stand montado na Rio Oil Além de um stand maior – dessa vez com 50 m² a
& Gas para apresentar os sistemas elétricos submari- – a participação da Triple M na Rio Oil & Gas trouxe
nos, painéis e equipamentos para plataformas. Com o seus dois novos parceiros: a fabricante de válvulas bor-
objetivo de aprimorar o know-how em eletrificação e boleta triplo excêntricas Tomoy e a fabricante italiana
atividades de pesquisa e desenvolvimento para uso no de válvulas de instrumentação e válvulas de duas esfe-
leito do mar, a Siemens reforçou sua atuação com a ras em um corpo único Vimec.
recente aquisição da unidade da Expro que projeta e A Triple M faz parte do Grupo IPPG, com fábricas na
fabrica componentes submarinos – como conectores China, Indonésia e EUA. No Brasil, possui uma unidade
de cabos, sensores e dispositivos de medição. Com a de 2 mil m² em Sorocaba / SP – onde já produz válvulas
transação, as marcas Tronic – de conectores elétricos borboletas da marca Mack Valve. “Agora vamos ter uma li-
que permitem tanto a transmissão de energia como a nha de fabricação de válvulas esfera, com conteúdo local”,
comunicação em instalações submarinas – e Matre – de adianta o gerente geral da Triple M, Antonio Marchina.
sensores de temperatura e pressão para uso submarino A empresa também negocia com a chinesa YDF a na-
– passam a compor o portfólio da empresa. cionalização de válvulas gaveta, globo, retenção e esfera
Outro destaque da empresa é o Subsea Powergrid – – como forma de ampliar os índices de conteúdo local.
uma rede elétrica submarina que permite produção e pro- As válvulas da Tomoy já são encontradas na RPBC e
cessamento de óleo e gás a partir de módulos instalados a na Rnest, fornecidas pela Triple M. Outro fornecimento re-
até 3 mil metros de profundidade. A rede elétrica subma- levante da empresa foi feito para a nova planta de PVC da
rina pode ajudar a aumentar a capacidade de produção de Braskem – o pacote incluiu mais de 2 milhões de válvulas.
um reservatório no leito do mar e a viabilizar a extração
em reservatórios de menor porte.
Para acompanhar o crescimento do setor de petró-
leo e gás, a Siemens tem aumentado ainda mais o nível
de nacionalização de seus produtos e equipamentos e
segue investindo em instalações e centros de compe-
tência no País. Além das novas fábricas instaladas no
complexo fabril de Jundiaí / SP nos últimos anos – Lar-
ge Drives Aplication, Voltage Regulators e de capacito-
res – a empresa irá inaugurar, até o final do ano, o novo
centro de Pesquisa & Desenvolvimento para o setor de
óleo e gás. Instalado no Parque Tecnológico da Ilha do
Fundão, no Rio de Janeiro, o empreendimento ocupa
uma área construída de 4 mil m² e irá operar, inicial-
mente, com 800 pesquisadores e engenheiros, além de
gerar vagas para pelo menos outros 200 profissionais Mack Mcdonald Jr (CEO da IPPG) e Marchina: investimentos para
até 2016. ampliar conteúdo local de válvulas

nº 347 Petro & Química 95


Retrospectiva

UTC conclui módulos da P-58 e Vibropac lança sistema de


P-62 odorização de gases

A UTC Engenharia começou a entregar os 14 mó- A Vibropac aproveitou a presença na Rio Oil & Gas
dulos de processamento de óleo e de desidratação de para lançar o sistema de odorização de gases – um sis-
gás, remoção de CO2, injeção de água e remoção de tema de injeção química que tem a função de injetar
sulfato que serão instalados nas plataformas P-58 e P- mercaptana no gás natural desenvolvido em seu depar-
62. Os módulos foram montados na base da empresa tamento de engenharia. “A aceitação de nosso sistema
em Niterói / RJ, e serão integrados pela Quip no Es- de odorização de gases em lançamento foi surpreen-
taleiro Rio Grande (P-58) e pelo consórcio TOP 55 no dente, pois nos ajudou a fechar novos negócios”, conta
Estaleiro Atlântico Sul (P-62) – a construção e monta- o diretor comercial da empresa, Carlos Dompieri.
gem dessa quantidade de módulos em um único can- A Vibropac participou pela nona vez da Rio Oil &
teiro mobilizou 4.850 toneladas de estrutura metálica, Gas, com o objetivo de consolidar a posição no forne-
1.650 toneladas de tubulação e 7.631 válvulas. cimento de sistemas de injeção química e bombas API
A P-58 será instalada no campo de Baleia Azul, na 610, 676 e 675. “Este evento tem data garantida em
Bacia de Campos – a unidade deve produzir o primei- nosso calendário”, destaca Dompieri.
ro óleo em 2014. Já a P-62 será instalada no campo Recentemente a empresa fechou o fornecimento de
de Roncador, e também deve entrar em operação em um pacote de sistemas de injeção química e bombas
2014. API 610 da americana Sundyne para a Refinaria Abreu
Agora a UTC aguarda as novas licitações da Pe- e Lima – através do Consórcio Conest. A lista de repre-
trobras. “Estamos em busca de outras oportunidades”, sentadas inclui, além da Sundyne, a japonesa Yamada
conta o presidente da empresa, Ricardo Pessoa. - fabricante de bombas pneumáticas – e a alemã Leistritz
Na área offshore, a empresa mantém contratos de – fabricante de bombas de fuso e sistemas multifásicos.
serviços de manutenção e pintura para plataformas na
Bacia de Campos. E faz parte do consórcio Quip – res-
ponsável pelas plataformas P-55 e P-63 – e do consór-
cio que irá converter navios VLCC nos cascos das pla-
taformas P-74, P-75, P-76 e P-77. No downstream, a
UTC vem trabalhando na construção de uma nova uni-
dade de hidrotrata-
mento de diesel na
Refap.

Pessoa: construção
de módulos para
plataformas e refinarias Dompieri: destaque para bombas API

96 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

Villares Metals apresenta Weidmüller foca em soluções


linha de aços e serviços sob medida para o setor
agregados

Quando a alemã Weidmuller adquiriu a Conexel, no


ano passado, já tinha uma estratégia bem estabelecida
para o mercado brasileiro: atender às demandas dos se-
tores de petróleo e gás, energia e infraestrutura. Para
isso, estruturou suas equipes de engenharia e vendas
para compreender as necessidades do mercado. “Acre-
ditamos que apenas entendendo a aplicação, estaremos
aptos a ser um bom player”, explica o gerente-geral da
empresa, Sune Mellgren.
As soluções apresentadas pela Weidmuller Conexel
na Rio Oil & Gas permitem visualizar essa proposta:
Há grandes motivações para a Villares Metals par-
maior ênfase às especificações sob medida, um novo
ticipar da Rio Oil & Gas: além de divulgar a mar-
portfólio voltado para segurança operacional, blocos
ca, estreitar relacionamento com os clientes e captar
de terminais e equipamentos elétricos, e soluções que
novas oportunidades de negócios, o evento tornou-se
combinam caixas de passagem, cabos e conectores. Na
referência internacional no segmento de petróleo e
avaliação de Melgren, a presença na feira possibilita
gás, e a política de conteúdo local tem impulsionado
apresentar todo esse potencial às empresas de petróleo
as empresas buscarem parceiros brasileiros. Esta é a
e também às prestadoras de serviços. “Para nós é um
quarta vez em que a Villares Metals participa do even-
fórum importante para comunicar aos clientes as pos-
to – nesta edição, a empresa procurou apresentar a
sibilidades”.
linha de aços inoxidáveis
Na unidade localizada em São Bernardo do Campo
duplex e super-duplex,
/ SP, além da produção blocos de terminais e conver-
peças forjadas e ligas de
sores de sinais, a Weidmuller monta os equipamentos
níquel, além dos serviços
importados da matriz para entregar essas soluções.
agregados.
A Villares Metals for-
nece peças forjadas pró-
ximas do acabado e barras
laminadas e forjadas em
aços construção mecâni-
cas, inoxidáveis – incluin-
do duplex e super duplex
– e ligas de níquel. Mellgren: destaque
para soluções
complexas

nº 347 Petro & Química 97


Retrospectiva

Investimentos na Bacia de
Santos atraem fornecedores
à Santos Offshore

O
s fornecedores de bens e serviços localizados a prestação de serviços, esses fornecedores atenderam
na Baixada Santista vêm aumentando a parti- a 3,5% dos R$ 1,5 bilhão empenhados pela Petrobras.
cipação nas compras da Petrobras. Dos R$ 238 Há um ano, quando a UO-BS e a RPBC investiram R$
milhões investidos pela Unidade de Operações de Ex- 200 milhões, 4% das compras foram fornecidas pelas
ploração e Produção da Bacia de Santos - UO-BS e pela empresas da Baixada Santista.
Refinaria Presidente Bernardes - RPBC nos últimos 10 A empresa aproveitou o stand na Santos Offshore
meses na compra de equipamentos, as empresas da re- para montar uma estrutura de atendimento a novas em-
gião responderam por 5,6% dos fornecimentos. Com presas dispostas a entrar para seu cadastro de forne-

98 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

Marcusso: Bacia de Santos é a que mais vai contribuir para o


crescimento da produção de petróleo e gás até 2020

mento da produção nacional de petróleo e gás natural


até 2020. “Dos 38 novos sistemas de produção para
entrar em operação, 25 serão instalados na Bacia de
Santos, sendo 24 no pré-sal”, disse o gerente Geral da
UO-BS, José Luis Marcusso.
O executivo lembra que a produção de gás natu-
ral na Bacia de Santos teve crescimento significativo
com o início das operações da Unidade de Tratamen-
to de Gás Monteiro Lobato, localizada em Caragua-
tatuba / SP. “Atualmente a Bacia de Santos entrega
na costa do estado de São Paulo cerca de 12 milhões
de m³ por dia de gás. Há um ano e meio, essa entrega
era de apenas 1,5 milhão de m³ por dia na Baixada
Santista”.
Um dos fornecedores que escolheram a região da
Baixada Santista para se instalar é a Saipem. A empresa
italiana está investindo US$ 300 milhões na construção
de um centro de tecnologia para a fabricação de dutos
e equipamentos submarinos. O gerente geral da empre-
sa no Brasil, Giuseppe Surace, disse que os convênios

cedores – nos quatro dias do evento, foram atendidas


530 empresas. Outra equipe com profissionais ligados
aos FDICs e ao Programa Progredir atendeu aos for-
necedores interessados em obter informações sobre os
programas de financiamento para a cadeia de petróleo
e gás. A Fiesp montou em seu stand a Sala de Créditos, que tem como
As projeções da Petrobras apontam que a Bacia de objetivo prestar consultoria para micro, pequenas e médias
Santos é a que mais trará contribuição para o cresci- empresas que buscam financiamentos

nº 347 Petro & Química 99


Retrospectiva

da RTS, Wagner Montanari.


O diretor executivo do Conselho de Óleo e Gás
da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e
Equipamentos, Alberto Machado, disse, durante o pai-
nel “Oportunidades de Negócios na Bacia de Santos”,
que o estado de São Paulo possui uma das áreas mais
promissoras de petróleo em todo o Brasil e precisa es-
tar preparado para essa realidade, ressaltando a impor-
tância da preparação de recursos humanos para atender
a demanda. “Precisamos pensar que em volta de uma
grande empresa do setor sempre surgem uma série de
outras e todas elas precisarão de espaço e pessoas para
desenvolver seu trabalho”.
Vibropac: destaque para as bombas de fuso e as bombas
Durante o painel “Desafios & Soluções Tecno-
multifásicas fabricadas pela Leistritz
lógicas para a produção de novos Campos na Bacia
de Santos”, o consultor da Petrobras, Elísio Ca-
firmados com universidades serão a base para a contra- etano, disse que o projeto do Centro de Pesquisa
tação de até mil funcionários. Tecnológica em Petróleo e Gás da Baixada Santis-
A Vibropac aproveitou a presença na Santos ta – que integrará o Parque Tecnológico de Santos
Offshore para divulgar as bombas de fuso e as bom- – será finalizado no primeiro semestre de 2013. No
bas multifásicas fabricadas pela alemã Leistritz Cenpeg, que deverá entrar em operação em 2015,
– sua parceira internacional. “Um produto já consa- serão estudados temas para o Gerenciamento Inte-
grado mundialmente, com várias aplicações no mer- grado de Operações.
cado brasileiro”, destaca o diretor comercial, Carlos A 6ª edição da Santos Offshore recebeu, segun-
Dompieri. do os organizadores, 12.820 visitantes, mais de 100
O Sistema de Bombeamento Multifásico Subma- expositores e 298 conferencistas. As duas rodadas
rino instalado pela Petrobras para testes no campo de de negócios deverão movimentar cerca de R$ 88,3
Marlim, na Bacia de Campos, por exemplo, possui um milhões entre empresas âncora e micro e pequenas
subsistema motor-bomba fornecido pela Leistritz em empresas nos próximos 12 meses. A rodada realiza-
parceria com a Westinghouse. Há um ano a Vibropac da pelo Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria de
passou a representar a empresa no Brasil. Petróleo e Gás - Competro Fiesp / Ciesp contou com
A empresa também apresentou em seu stand o a participação de 18 empresas âncoras, 108 empre-
sistema odorizador de gases – um sistema de inje- sas fornecedoras e 1.019 agendamentos. O Escritório
ção química que tem a função de injetar mercaptana Regional do Sebrae-SP na Baixada Santista reuniu
no gás natural desenvolvido em seu departamento 26 empresas âncoras e 101 empresas fornecedoras
de engenharia. Quatro desses sistemas já foram for- em 300 reuniões.
necidos pela Vibropac – sendo três para a própria
Petrobras.
No stand da RTS, o destaque foi a linha de válvulas
– composta de válvulas borboleta convencionais de alto
desempenho - HPW e triexcêntricas nas classes de 150
a 1500 lbs, e as válvulas de retenção dupla portinhola
produzidas até 2500 lbs. Com a aquisição da Metalúr-
gica Brusantin, além da unidade fabril localizada em
Piracicaba / SP, a RTS incluiu em seu portfólio a linha
de válvulas gaveta e globo.
“Estamos trazendo como novidades as válvulas de
retenção de dupla portinhola com revestimento orgâni-
co e revestimento com Inconel 625, com 100% de con-
teúdo local para aplicações críticas na produção de óleo
e gás; bem como a nova linha de válvulas pressure seal, RTS: lançamento da válvula de retenção de dupla portinhola com
de extrema confiabilidade”, conta o diretor comercial 100% de conteúdo local

100 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

PCIC BR reúne experiências práticas de engenharia elétrica


O Petroleum and Chemical Indus- soal mais novo e treinado gera, duran-
try Conferece - PCIC é um evento rea- te sua apresentação “Novos requisitos
lizado anualmente pelo IEEE nos EUA para conjuntos de manobra e controle
desde 1954 – o 60º estará acontecendo de MT aplicados em parques petroquí-
ano que vem em Chicago. Em 2011, o micos”. Luis aprofundou a compara-
evento reuniu 1300 pessoas em Toron- ção entre as filosofias construtivas da
to; este ano, acontece em New Orleans, IEEE, IEC e ANSI de forma técnica
em setembro. O foco do grupo é enge- mesmo reconhecendo que o mercado
nharia elétrica nos setores de petróleo, petroquímico dá preferência às normas
gás, química e petroquímica e engloba, ANSI. “Mas temos visto que a harmo-
Estellito: oportunidade para atualizar a
além dos trabalhos na área elétrica, nização entre as normas ANSI e IEC
comunidade técnica
a instrumentação, a manutenção e os buscam as melhores práticas, a segu-
projetos. “O evento tem partes de instrumentação e manu- rança, a confiabilidade e a disponibilidade, sem valorar
tenção, mas a maior parte é voltada para sistemas elétricos. se uma ou outra é a melhor. Temos sorte de termos a in-
No Brasil, também estamos focados no setor de petróleo e fluência das duas”.
gás e reunimos quase 150 pessoas de 40 empresas na quar- Estellito reforça a necessidade de participação dos
ta edição do Petroleum and Chemical Industry Conference profissionais nos mais diversos eventos técnicos porque
Brasil. Como é um evento puramente técnico, de apresen- as tecnologias evoluem, normas são atualizadas e novas
tação de casos e discussão de soluções, a maior dificuldade alternativas de instalação surgem a cada dia. Cabe ressal-
é a disponibilidade do profissional: para escrever o artigo e tar que o IEEE tem mais de 370 mil sócios no mundo e é
depois, vir apresentá-lo”, comenta o coordenador geral do o lugar para o profissional do setor elétrico se atualizar.
PCIC BR, Estellito Rangel Jr. Um bom exemplo é a harmonização entre normas ANSI e
A carreira de engenharia no país vem sofrendo declí- IEC – as européias são mais enxutas e as americanas mais
nio desde a década de 1980, o que gera déficit em algu- exigentes. E é preciso ainda contextualizar para cada setor
mas funções. Mas, como lembra Estellito, o Brasil tem industrial – no caso do setor de petróleo e gás, existem as
profissionais excelentes, que se destacam, ainda que o normas API, por exemplo. “Nossos técnicos sabem que é
número de engenheiros que possa dedicar um tempo para preciso fazer um balanço entre o que é mais seguro, mais
escrever seja pequeno. “As empresas precisam se cons- rápido, mais viável, o que dá maior vida útil, etc”.
cientizar que é preciso planejar o desenvolvimento de Os trabalhos desta edição do PCIC Brasil aborda-
seus profissionais. Então, gerências que não liberam pro- ram temas como: Projeto, Instrumentação, Comissio-
fissionais para eventos cometem erro estratégico porque namento, Proteção de Sistemas Elétricos, Construção
para que esses profissionais produzam cada vez melhor, e Montagem. “A seleção de trabalhos reuniu estudo de
eles precisam de conhecimento – adquirido em cursos, casos, experiências práticas, o que uma empresa fez
congressos, feiras e networking” completa Estellito, que e deu certo. O ambiente do PCIC Brasil não é acadê-
atua no Instituto dos Engenheiros Eletricistas Eletrônicos mico, teses e perspectivas não são nosso foco. Nesta
- IEEE, entidade que trouxe o PCIC para o Brasil e o edição tivemos trabalhos práticos do Brasil, Espanha,
Electrical Safety Workshop Brasil – um evento totalmen- Canadá, Estados Unidos e Itália. É uma oportunida-
te voltado para segurança elétrica. de ímpar para atualizar a comunidade técnica, em es-
O engenheiro Luis Felipe Costa, da Eaton, também pecial porque são mostradas soluções comprovadas”,
tocou na defasagem de conhecimento que a falta de pes- completa Estellito.

Hospitality suítes dos patrocinadores

nº 347 Petro & Química 101


Retrospectiva

ABB aposta na melhor exploração dos recursos energéticos


Nos últimos três anos, a ABB investiu US$ 10 bi- 10 bilhões, um movimento bastante agressivo para pre-
lhões na aquisição de empresas que complementassem encher algumas lacunas de produtos e algumas lacunas
seu portfólio de soluções ou assegurassem uma pre- geográficas”, pontua Taylor.
sença geográfica mais diversificada. Os investimentos Assegurar a liderança, no entanto, exige entender o
em P&D também cresceram – 57% de 2007 a 2011. O comportamento dos diversos mercados e das megaten-
movimento, bastante agressivo, na análise do presidente dências globais – duas delas especialmente interessan-
mundial da unidade de óleo, gás e petroquímica, Sandy tes para o mercado brasileiro, na análise de Taylor: ele-
Taylor, teve como premissa aproveitar as oportunidades trificação, que permitirá o crescimento do suprimento
inseridas nas megatendências globais – recursos econô- de energia para uma população que vem de deslocando
micos, eletrificação, mobilidade, green, urbanização, in- para os centros urbanos, e recursos econômicos, que
formação digital e crescimento das economias. “É muito estão disponíveis mas precisam ser precificados.
mais fácil navegar com o vento a favor do que contra Um exemplo dado pelo executivo é a tecnologia
– embora haja volatilidade nos mercados, saber onde HVDC, de sistemas de transmissão de energia em cor-
está o crescimento é o que vai garantir o nosso futuro se rente contínua em alta tensão, que interligará as usinas
investirmos nos mercados corretos”, disse o executivo, do Rio Madeira a São Paulo – distante 2,5 mil km. Ou-
durante o ABB Automation & Power World Brasil. tro destaque é o desenvolvimento de sistemas submari-
O evento – que ocorreu pela quarta nos de eletrificação e automação para a
vez no Brasil – teve 88 palestras sobre extração de petróleo no mar – uma nova
automação e energia em oito sessões geração de equipamentos que levará para
simultâneas, além de uma exposição o fundo do mar parte das atividades rea-
com equipamentos e sistemas que ocu- lizadas em plataformas. Taylor conta que
pou mil m². a ABB já trabalha no desenvolvimento de
Sandy Taylor lembra que a Amé- um transformador e um conversor subma-
rica do Sul – e em particular o Brasil rinos e na adaptação da HVDC para levar
– chama a atenção da ABB pelo cres- energia às plataformas e equipamentos
cimento do PIB acima da média mun- submarinos. Uma vantagem direta desses
dial e existência de recursos naturais equipamentos reside na otimização do fa-
nesses países. “Vocês estão acostuma- tor de recuperação dos campos maduros
dos a utilizar a tecnologia e aproveitar – no projeto Troll, na costa norueguesa,
todos esses recursos. E também estão Taylor: América do Sul – e em particular a adoção do sistema HVCD para operar
se tornando grandes consumidores de o Brasil – chama a atenção da ABB pelo compressores submarinos de 100 MW
energia. Queremos ajudar aos nossos crescimento do PIB acima da média permitiu o aumento da produção de gás.
clientes a atuar nesse mercado e tam- mundial e existência de recursos naturais Agora a petroleira Statoil trabalha para,
bém a utilizar a energia de forma mais até 2015, eliminar a geração de energia
eficiente”, disse o executivo a uma palestra composta na plataforma. “Queremos colocar mais equipamentos
por 700 clientes e parceiros da ABB. elétricos – chaves, conversores – que vão nos permitir
Entre os itens do direcionamento estratégico de- reduzir o número de cabos. E no final das contas que-
senhado pela empresa está a competitividade – o que remos ter a distribuição de corrente contínua para ter a
na prática, significa atuar tanto nas características dos distribuição de energia em longas distâncias”.
produtos quanto na organização. Também fazem par- O presidente da ABB no Brasil, Sérgio Gomes, des-
te dessa estratégia a exploração de oportunidades e os tacou a expansão da empresa no país – com a quinta
investimentos – para manter a posição nos mercados unidade fabril, localizada em Sorocaba / SP. É nessa
de automação e potência, a ABB seguirá investindo na nova área de 125 mil m² que a ABB irá fabricar mo-
expansão através de aquisições. “Fazemos projetos de tores e geradores, acionamentos, interruptores e toma-
investimentos conjunto para desenvolver tecnologia das, automação residencial, disjuntores de baixa tensão
e compramos start ups para aproveitar as idéias que e instrumentação analítica. A nova fábrica é parte dos
vêm de fora da ABB, para que sejam implementadas US$ 200 milhões que a ABB está investindo entre 2011
no mercado mais rapidamente. Claro que nem tudo isso e 2015 no Brasil. “Queremos com essa unidade a ex-
preenche plenamente. Também buscamos adquirir em- pansão do conteúdo nacional e o desenvolvimento de
presas – nos últimos três anos a ABB despendeu US$ soluções locais”.

102 Petro & Química nº 347


Retrospectiva

Oil&Gas Forum na Automation Fair


A
resposta da Rockwell Automation aos desafios como exemplo na apresentação. Nesse cenário, os pa-
do ano de 2012 foi um faturamento de U$6.26 íses que têm maior significado no comércio global são
bilhões – mais da metade vindo de fora dos EUA, Brasil, Alemanha, China, Índia e Japão. E o cres-
EUA – e foco em tecnologia, que deve acelerar a per- cimento da China é outra grande prova da importância
formance e conectar as empresas. Na América Latina, da manufatura. Mas o especialista da Deloitte reforça
os negócios da companhia cresceram mais que na re- que é preciso colocar hoje nos cálculos o aumento do
gião Ásia-Pacífico. No Brasil, onde o seu forte ainda é protecionismo político e a volatilidade do câmbio. E
o controlador, mesmo com os outros produtos também que o uso do RFID deve aumentar, bem como a compe-
vendendo bem, a nova fábrica – em Jundiaí / SP – já tição pelas matérias-primas, o que aumenta a importân-
está produzindo os inversores de média tensão e, em cia da inovação, das políticas regionais e dos recursos
uma segunda etapa, iniciará a fabricação dos contro- humanos. Então, ele sugere que as empresas tenham
ladores Logix, parte integrante do DCS da Rockwell alcance global, estratégias de negócio, boa imagem, ra-
Automation. Essa nova unidade fabril no Brasil coloca pidez nas entregas, sejam percebidas como empresas
a Rockwell Automation em posição mais forte no que cujos produtos tenham qualidade e tenham prudência
se refere ao Conteúdo Local exigido pelo setor de pe- financeira. “O que parece impossível hoje parecerá ine-
tróleo e gás brasileiro. vitável no futuro”, afirmou Giffi.
“Estamos otimistas”, afirmou Keith Nosbusch, pre- Ainda no Manufacturing Perspectives, um executi-
sidente da Rockwell Automation. Ele abriu a Automa- vo da Ford falou sobre a produção flexível que a em-
tion Fair 2012, realizada em novembro, na Filadélfia / presa elegeu, fazendo com que suas unidades no mun-
EUA, afirmando que a próxima década será a primeira do inteiro se adaptassem
em que os mercados emergentes vão contribuir mais às padronizações e com-
que os desenvolvidos para a economia mundial. E que pliance. O sistema global
as incertezas econômicas estarão temperando as macro- de standardização da Ford
tendências, com crescimento do consumo, da inflação e é chamado de One Ford
da volatilidade e queda na estabilidade de fornecimen- e está sendo aplicado nas
to de matérias primas e expertises. 70 plantas da companhia,
Com base em pesquisas que mostram correlação bem como nas nove plan-
entre crescimento dos países e seus respectivos par- tas novas que estão previs-
ques industriais, Creig Giffi, especialista da Deloitte, tas para a região Ásia-Pacífico. Segundo ele, o custo
pontuou, durante o evento paralelo Manufacturing do investimento fica reduzido com essa estratégia, que
Perspectives – encontro para imprensa e analistas in- inclui fornecedores globais, princípios de engenharia
dustriais de todo o mundo – que a manufatura é de verde, forte integração da manufatura com a TI, design
fundamental importância para desenvolvimento das e manufatura integrados, globalização do portfólio,
economias. De certo que ela passa hoje mais informação compartilhada – mos-
por uma reestruturação que inclui o cres- trando que evoluir pede infraestrutura de
cimento da infraestrutura digital, o forta- network segura e de qualidade.
lecimento de uma classe média global e A computação em nuvem também
a desagregação dos fornecedores – com não ficou de fora dos debates, como for-
cada peça podendo vir de um canto do ma de fazer mais com menos e dirigida
mundo, a exemplo do que acontece quan- pelo aumento de poder dos consumido-
do se monta um avião Boeing 787, usado res, sustentabilidade, legislações e nor-

nº 339 Petro & Química 103


Retrospectiva

mas, conectividade e alianças entre empresas. E para serviços e especialistas. Isso inclui automação e contro-
mostrar que já se pode pensar em controle industrial le para otimização desses sistemas – que também vão
em nuvem hoje, a M.G.Bryan, que produz equipamen- precisar de uma rede de comunicação e computação em
tos para o setor de petróleo e gás, apresentou sua expe- nuvem confiáveis.
riência no Oil & Gas Fórum. A M.G. Bryan implemen- Ainda no Oil & Gas Fórum, o CEO da companhia
tou um sistema híbrido de cloud computing com ajuda chinesa Jiangsu Great River Petroleum Technology,
da Rockwell Automation e do Azure, da Microsoft, em Mei Lixin, em sua primeira visita ao ocidente , falou
seus fracking trucks. O siste- sobre o novo CHCG – Composite Heat
ma permite conexão com In- Carrier Generator, método que maximiza
ternet através de tablets, PCs a extração de óleo e gás, à prova de ex-
ou smartphones, para que os plosão, para plataformas offshore. A em-
engenheiros possam trocar presa já atende clientes como a Sinopec,
dados de maneira segura, CNOOC e CNPC. Segundo Mei Lixin,
dos trucks até os sites de os controladores,
perfuração. Os trucks estão softwares e ou-
aptos, por exemplo, a alertar tros instrumentos
os operadores quando seus da Rockwell Au-
filtros de ar precisam ser tro- tomation torna-
cados. Esses trucks de US$ 1 milhão de dólares traba- ram possível o sistema, que se
lham em ambientes hostis, de -30 °F a+120 °F, então, é baseia em injetar combustível,
importante que cada um dos seus filtros de ar cuide da ar e água num lugar selado e
poeira e da areia. É uma prioridade trocá-los a tempo, sob altíssima temperatura e
e o novo sistema coleta esses e outros dados e os envia pressão, quase como um motor
aos equipamentos móveis para a tomada de decisão, de foguete, dentro do reservatório. O sistema tem me-
deixando todos os dados guardados na nuvem. nos de 2% de oxigênio residual, o que o torna seguro
Segundo o time responsável por petróleo e gás da – apesar de lidar com CO2, nitrogênio, vapor e quími-
Rockwell Automation, apesar de toda a preocupação cos. A recuperação de óleo cresce de 10% a 15% com
com a sustentabilidade, o crescimento da demanda por essa tecnologia.
óleo e gás vai continuar a crescer, forçando os pro- Na sequência, Gonzalo Maldonado, supervisor de
dutores a irem mais fundo, lutando com os custos de infraestrutura de TI da Petroamazonas, mostrou como
exploração e operação e regulamentações locais cada melhorou a operação em dois dos sete blocos da em-
vez mais apertadas. Ao mesmo tempo em que os dados presa no Equador, com o RSView32, Factory Talk,
vão se avolumando, os experts estão escasseando, de um up grade nos controladores e com a plataforma
forma que os recursos da experiência devem ser com- ControlLogix, da Rockwell Automation. O primeiro
partilhados, o que fortalece a ideia de campos digitais bloco, Eden Yuturi, produz 53 mil barris por dia, e o
e sistemas remotos, assistidos de longe por um pool de segundo, Indillana, 39 mil BPD. Segundo Maldonado,

104 Petro & Química nº 339


Retrospectiva

o time de automação e TI ficou responsável pela ar- de de que toda essa solução seja acompanhada de pe-
quitetura do RSView32, mas ele era como uma caixa rímetros de segurança, firewalls, identificação, senhas
preta, sem falar dos sistemas obsoletos, licenças perdi- e toda a infraestrutura necessária para uma colabora-
das, chaves duplicadas etc. Além de fazer o upgrade do ção segura.
FactoryTalk View e do ControlLogix, Maldonado tam- A Rockwell Automation já havia disponibilizado
bém implementou o sistema HMI redundante nos dois uma arquitetura de virtualização, a possibilidade de
blocos. Também estabeleceram que os trabalhar com Foundation Field-
sistemas fossem compatíveis com com- bus e ethernet/IP e uma estratégia
ponentes da Cisco, da Hewlett-Packard para wireless. Agora, para 2013,
e da Microsoft, além de virtualizarem os lançou mais ferramentas de de-
servidores. A solução permite adicionar sign de sistemas e uma estratégia
outro servidor em 15 minutos, em lugar de migração de DCSs; devendo
dos 45 dias de antes. ainda entregar um software ca-
Maciej Kranz, vice-presidente e ge- paz de apontar quais os pontos do
rente-geral de Connected Industries da sistema precisam de upgrade. A
Cisco, e Sujeet Chand, vice-presidente Sujeet Chand e Maciej Kranz empresa vem investindo cada vez
e CTO da Rockwell Automation, falaram sobre como mais em P&D em controle de processo e sistemas de
tornar mais flexível a produção e como usar serviços suporte, ciclo de vida, novos treinamentos e serviços
de cloud computing e mobile de maneira mais eficien- de consultoria. E, como havia anunciado, o PlantPAx
te e segura. Segundo Kranz, pesquisas mostram que dobrou a capacidade de processo de seus usuários e
63% das empresas permitem aos seus colaboradores se coloca hoje como mais que um DCS: quando um
o uso de smartphones e outros equipamentos móveis cliente se decide por uma migração ele não quer tro-
para acessar informações de maneira colaborativa, ao car seis por meia dúzia; quer aproveitar o investimento
mesmo tempo em que são gastos US$ 60 bilhões em e se colocar pronto para o futuro processo, utilida-
cybersegurança. Sujeet Chand explicou que o volu- des e energia. E essa tem sido a estratégia usada pelo
me de dados produzidos é tão grande que os usuários PlantPAx, somada ao fato de que a virtualização que
quase se afundam nele, o que fica ainda pior com o a Rockwell Automation oferece possibilita tratar os
formato proprietário de algumas plataformas. E é ne- dados do processo de maneira otimizada, sem neces-
cessário extrair informação desses dados todos, para sariamente mudar a tecnologia existente. Junto com
mais de um fim. Esse cenário vai levar fatalmente à a parceira Endress+Hauser, a Rockwell Automation
maior conectividade, ao ethernet standard e à nuvem. tornou possível um melhor suporte para ethernet/IP
A Rockwell Automation tem usado sua arquitetu- direto no instrumento e no controle de energia, e com
ra para desenvolver e produzir switches e pontos de a Schweitzer, implementou a IEC 61850 no controle
acesso para, através da ethernet, conectar todos os ní- de energia. Para o ano de 2013, o PlantPAx deve ter
veis desde o chão de fábrica até o corporativo. Sujeet sistemas de setup que possibilite focar uma aplicação
acrescentou que a tecnologia de nuvem permite aos específica e uma ferramenta para construir o sistema
usuários mover informação e dados de processos de de alarme de maneira mais fácil e segundo a norma
sistemas legados do hardware para sistemas virtuais ISA 18.2. Também para 2013, a escalabilidade tornará
que permitem otimizações e mobilidade, preparando possível que uma pequena parte remota da planta tenha
a planta para o futuro, no compasso de investimentos os benefícios completos de um DCS enquanto opera no
possíveis. Sujeet chamou a atenção para a necessida- modo stand-alone.

Equipe oil & gas, Joe Quin e Alejandro Bob Becker e Ronaldo Carneiro Brasileiros no evento
Caparelli

nº 347 Petro & Química 105


Notícias da Petrobras

Promef Sondas
Petroleiros ao mar Contratação cancelada
Agência Petrobras
A Petrobras cancelou o processo de contratação para o afre-
tamento de cinco sondas de perfuração para 3.000 m de lâmina
d’água da Ocean Rig. A decisão foi motivada, segundo a Petrobras,
pela redução de necessidade de sondas, em razão da previsão de
número menor de poços a serem perfurados no pré-sal da Bacia de
Santos. A redução é justificada pela produtividade obtida atualmen-
te nos poços em desenvolvimento, superior ao projetado.

Plataforma 1
Bônus para entrega antecipada
A entrega da plataforma FPSO Cidade de São Paulo 19 dias
O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, antes do previsto garantiu à Keppel Fels Brasil um bônus de US$
a madrinha do Anita Garibaldi, Rosa Cristina da Silva Carvalho 2 milhões. A plataforma chegou ao estaleiro BrasFels, em Angra
de Azevedo, técnica de enfermagem e trabalho da Transpetro,
dos Reis / RJ, no fim de 2011 para integração dos módulos. O
o Presidente da Transpetro, Sergio Machado, e o empresário
German Efromovich, do Estaleiro Mauá, durante lançamento do FPSO Cidade de São Paulo será instalado no campo de Sapinhoá,
navio no pré-sal da Bacia de Santos, a partir de janeiro de 2013.
A Transpetro e o Estaleiro Mauá lançaram ao mar o
Plataforma 2
navio Anita Garibaldi, primeiro de uma série de quatro
petroleiros do tipo panamax que serão batizados em ho- Promon fará projeto da P-66 e P-69
menagem a mulheres que ajudaram a construir a História A Promon fechou contrato com o Keppel Fels para a elabora-
do Brasil. O navio é a sétima embarcação do Programa ção do projeto de engenharia de detalhamento das plataformas P-
de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro - 66 e P-69, que serão instaladas nos campos de Lula e Sapinhoá, no
Promef lançada ao mar. Os petroleiros Celso Furtado, pré-sal da Bacia de Santos. A primeira etapa do projeto, que deve
João Cândido e Sérgio Buarque de Holanda já iniciaram ser concluída ainda este ano, é a análise de consistência dos docu-
as operações. Outros três navios – Rômulo Almeida, José mentos da Doris Engenharia no Feed contratado pela Petrobras.
Alencar e Zumbi dos Palmares – estão em fase final de
construção. O suezmax Zumbi dos Palmares foi lançado Plataforma 3
ao mar no Estaleiro Atlântico Sul - EAS. Jurong fará módulos da P-68 e P-71
Catalisadores A Petrobras assinou contrato de US$ 674 milhões com o Esta-

Nova unidade de pesquisa em leiro Jurong para a construção de oito módulos e a integração das
plataformas P-68 e P-71, FPSOs replicantes que serão instaladas
operação nos campos de Lula e Sapinhoá, no pré-sal da Bacia de Santos.
Uma parceria firmada entre Petrobras, UFRJ e a Fá-
brica Carioca de Catalisadores – FCC colocou em ope- Etanolduto
ração a Unidade Protótipo de Catalisadores - Procat, Novo aporte na Logum Logística em estudo
destinada à pesquisa de novas tecnologias de preparo de O diretor de abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza,
catalisadores. Foram investidos R$ 27 milhões – o Procat disse que a petroleira analisa um novo aporte na empresa Logum Lo-
ocupará 1.660 m² de área construída e terá capacidade de gística – decisão que deve ocorrer até março de 2013. Ele disse que a
produzir até 100 quilos de catalisadores por dia. O pri- Petrobras já aportou recursos de forma proporcional à sua participa-
meiro projeto de pesquisa possui três linhas de trabalho: ção no projeto, que é de 20%, para o primeiro trecho do etanolduto,
catalisadores para craqueamento catalítico fluido, cata- entre Ribeirão Preto e Paulínia, em São Paulo, previsto para entrar
lisadores para abatimento de emissões de CO2 em pro- em operação em março do ano que vem. A Logum Logística é res-
cessos industriais e catalisadores para área de polímeros. ponsável pela construção do etanolduto de 1,3 mil km ligando Goiás,
Outro foco deste projeto de pesquisa é a produção de zeó- Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Além da Petrobras, a Lo-
litas em escala piloto. A FCC planeja também a produção gum tem como sócios a Raízen, Copersucar, Odebrecht, Uniduto e
de catalisadores de hidroprocessamento. Camargo Corrêa. O empreendimento está orçado em R$ 7 bilhões.

106 Petro & Química no 347


Notícias da Petrobras

Produção Energia
Petrobras vai arrumar a casa Novo sistema economiza
Agência Petrobras
2.667.466 KWh
Um novo sistema adotado pela Petrobras para redu-
zir o consumo de energia na área de Tecnologia da In-
formação e Telecomunicações resultou em economia de
R$ 15 milhões em um ano e redução de 2.667.466 KWh
ao mês, o que representa 63% a menos de consumo de
energia. O projeto desenvolvido pela área de Tecnolo-
gia da Informação e Telecomunicações da companhia
e implantado em 2011, no novo Centro Integrado de
Processamento de Dados. A compra de novos servido-
res e equipamentos de armazenamento de dados feita
por meio da criação de um conceito “verde” resultou
em redução mensal de mais de 240 mil KWh/mês, com
O FPSO Cidade de Anchieta começou a produzir no pré-sal do Parque das critérios como baixo consumo de energia, dissipação de
Baleias em setembro. Com quatro poços produtores, produz 65 mil barris
calor e redução do espaço físico. A compra de equipa-
diários de petróleo e 1,7 milhão de m³ de gás natural por dia – em fevereiro de
2013 deve atingir a capacidade total de 100 mil barris de óleo e 3,5 milhões mentos mais modernos também permite a redução em
de m³ de gás por dia com mais três poços produtores e três injetores de R$ 26 milhões dos custos de operação ao longo do ciclo
água de vida de quatro anos.

A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse, durante vi- Sinal vermelho


sita à plataforma FPSO Cidade de Anchieta, que a produção TCU vê sobrepreço em obra do
de petróleo vai “andar de lado” em 2012 e 2013. O restante
deste ano e o próximo serão para “arrumação da casa”. Hoje o
Comperj
grande desafio da companhia é a curva de produção. Segundo O Tribunal de Contas da União encontrou irre-
o diretor de Exploração e Produção, José Formigli, a queda de gularidades graves no contrato de construção das tu-
produção só vai ser corrigida a partir da entrada de grandes bovias do Comperj. O TCU concluiu que os preços
sistemas nos campos de Roncador – P-55 e P-62 – Parque das acertados no contrato, de R$ 731 milhões, ainda com
Baleias – P-58 – e Papa-Terra –P-61 e P-63 – previstas para 1% de execução, são mais altos que os do mercado.
começar a operar em 2013 mas só devem atingir a capacidade A Refinaria Abreu e Lima - Rnest também aparece na
total de produção em 2014. A entrada em operação do FPSO relação do TCU, por seis contratos, que somam R$ 12
Cidade de Itajaí, que sofreu um incêndio durante testes de mar, bilhões, que estão com indícios de sobrepreço de R$
ainda em Cingapura, foi adiada de outubro para 31 de dezem- 1,5 bilhão.
bro. A plataforma será instalada nos campos de Baúna e Pira-
caba, na Bacia de Santos. Sinal verde
Licença para porto de acesso ao
FPSOs replicantes
Comperj
Estaleiro Rio Grande inicia A Petrobras recebeu licença de instalação para o
construção Porto de São Gonçalo, que permitirá levar os equi-
A construção dos oito FPSOs replicantes, que serão instala- pamentos pesados até uma estrada de acesso ao local
dos nos blocos BM-S-9 e BM-S-11, da Bacia de Santos, deverá onde está sendo erguido o Complexo Petroquímico do
deslanchar a partir de agora. No final de outubro o primeiro bloco Rio de Janeiro. Há mais de um ano a companhia não
da primeira plataforma, pesando cerca de 170 toneladas, foi co- tem conseguido transportar os reatores que pesam mil
locado no dique-seco do Estaleiro Rio Grande. O FPSO deve sair toneladas entre o Porto do Rio e o Comperj porque as
do dique em outubro de 2013 – e, a partir daí, haverá saídas de rodovias locais não suportam seu peso e o transporte
plataformas a cada seis meses. Cada FPSO exige 288 blocos – a por balsa atravessaria uma Área de Preservação Am-
fabricação dos primeiros blocos começou fora do dique-seco em biental.
maio de 2011.

no 347 Petro & Química 107


Notícias da Petrobras

Farm in Sergipe-Alagoas
Fatia no ES-M-661 sobe para Descoberta em águas ultraprofundas
70% A Petrobras comprovou a ocorrência de hidrocarbonetos le-
A Agência Nacional do Petróleo autorizou a ces- ves no bloco SEAL-M-426, em águas ultraprofundas, da Ba-
são de 30% que a norte-americana Anadarko detinha cia de Sergipe-Alagoas. Esse bloco é parte da concessão BM-
na área ES-M-661, na Bacia do Espírito Santo, para a SEAL-11, operado pela Petrobras com 60% de participação,
Petrobras, que já era operadora – a companhia passa tendo como parceira a IBV Brasil, com 40% de participação.
a ter 70%, e terá como sócia apenas a IBV Brasil. No A descoberta ocorreu durante a perfuração do poço 1-BRSA-1083-
bloco se localizam os prospectos de Grana Padano, SES (1-SES-167), informalmente conhecido como Farfan e situado
Gouda, Serpa e Requeijão. em lâmina d’água de 2.720 metros.

Farm out Financeiro


Fatia no BS-4 vendida para OGX Lucro da Petrobras cai 12,1% no 3°
A Petrobras vendeu seu primeiro ativo incluído trimestre
no programa de desinvestimento. Por US$ 270 mi- A Petrobras fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$
lhões a OGX adquiriu a participação de 40% que a 5,6 bilhões – em relação ao período julho-setembro de 2011, o resul-
companhia detinha no bloco BS-4, na Bacia da San- tado significa uma retração de 12,1%. A receita líquida alcançou R$
tos. Na área estão os campos de Atlanta e Oliva. A 73,8 bilhões, alta de 16,1% em igual comparação – o que reflete os
Queiroz Galvão Exploração e Produção permanece aumentos de combustível aplicados entre junho e julho e um cenário
como operadora da concessão, com participação de cambial mais estável.
30%. Os outros 30% pertencem a Barra Energia.
Resultados financeiros
Refino (no 3º tri/2012)
Inovação em construção de HDS
O Consórcio HDS, formado pela Promon e
Skanska, concluiu as obras da Unidade de Hidrodes-
sulfurização da Refinaria Alberto Pasqualini. O em-
preendimento incluiu ainda três unidades auxiliares
– Dietanolamina, Águas Residuais e uma subestação
de energia elétrica.
Um dos diferenciais da nova planta é a sua ver-
ticalização e compactação, que viabilizaram sua im-
plantação na pequena área destinada à obra. Para a
construção, foi adotado um sistema de soldagem or-
bital nas linhas de até duas polegadas de diâmetro.
A máquina, que gira automaticamente em torno da
área na qual se aplica a solda, conferiu ao processo de
montagem altos níveis de produtividade e qualidade.
A inspeção da qualidade das soldagens foi agiliza-
da com o sistema de ultrassom. Outro destaque foi
a montagem, na horizontal, da torres de 48 metros
de altura e mais de 150 toneladas de peso. Na fase
de comissionamento foram utilizados dois robôs para
a inspeção visual remota do interior de tubulações e
equipamentos, além de boroscópios flexíveis nas var-
reduras internas de linhas mais finas, para maximizar
a confiabilidade das inspeções.

108 Petro & Química no 347


Notícias da Petrobras

Bacia de Santos Equipamentos


Nova descoberta na área de Contrato incentiva Voith Turbo nacionalizar
Júpiter produção
A Petrobras confirmou que resultados prelimi- A Voith Turbo será responsável por fornecer equipamentos que vão
nares da perfuração do poço 3-BRSA-967A-RJS compor oito plataformas de produção de petróleo do pré-sal. São mais
(3-RJS-683A), informalmente conhecido como Jú- de 60 variadores de velocidade Vorecon, especificados pela Petrobras
piter Nordeste, confirmam a presença de gás natural para aplicação nos compressores responsáveis pela extração do óleo
e condensado, bem como a existência de um reser- das reservas abaixo da camada de sal. Já estão em produção na matriz
vatório contínuo entre os dois poços. A área está lo- da Voith Turbo na Alemanha as primeiras unidades do Vorecon para o
calizada a 7,5 km do poço descobridor da área de fornecimento ao projeto pré-sal. Mas, visando atendimento à legislação
Júpiter (1-BRSA-559A), na Bacia de Santos. brasileira de conteúdo local, a Voith está investindo R$ 11 milhões na
ampliação de sua fábrica em São Paulo, onde uma parte dos equipamen-
Fertilizantes tos será produzida numa nova linha de montagem.
Foster Wheeler fará projeto
Solda
de complexo gás químico
Subsidiária da Vallourec fornece à Petrobras
A Foster Wheeler fará o projeto básico e o
Feed da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados A Serimax, subsidiária do Grupo Vallourec, foi contratada pela Te-
que a Petrobras irá erguer em Linhares / ES. O chnip para fornecer a solução de solda para o campo marítimo de Uba-
contrato inclui assistência técnica e treinamento rana e para o projeto UGG na costa de Fortaleza. A Serimax fornecerá
durante a fase de EPC até a conclusão e testes de equipamentos e manutenção à embarcação DLB Iroquois, da Technip,
performance – o valor do contrato não foi divul- que terá quatro estações de solda Saturnax - um sistema do tipo “bug
gado. As fases de engenharia básica e Feed serão and band” para tubos premium e tubos que oferecem produtividade e
concluídas no final de 2013. A previsão de opera- qualidade aprimoradas - e sete membros de sua equipe a bordo durante
ção da UFN IV é 2017. a produção. O escopo do trabalho inclui a solda de 39,5 km de tubos
em dois campos marítimos de águas rasas. Deste total, a Serimax fará a
Equipamentos solda de 19 km de tubos de 12” revestidos internamente a serem instala-

GE fornecerá 380 cabeças de dos no campo marítimo de Ubarana e 19 km de tubos de 20” no campo
UGG. Parte desses tubos foi fornecido pela Vallourec.
poço
A GE Oil & Gas assinou um contrato com a Engenharia
Petrobras, no valor de R$ 2,28 bilhões, para produ- Chemtech responde por detalhamento de FPSOs
ção de cabeças de poço e ferramentas de instalação A Chemtech foi escolhida pelo consórcio Mendes Júnior/OSX para
necessárias para a exploração de poços de petró- realizar o detalhamento de oito dos 17 módulos para os FPSOs replican-
leo. A produção na fábrica da empresa, em Jandira tes destinados à operação no pré-sal. Além disso, a Chemtech atuará na
/ SP terá mais de 75% de conteúdo nacional. integração de duas unidades dos FPSOs: P-67 e P-70.
Com valor total de US$ 900 milhões, os trabalhos já começaram e a
Manutenção previsão de entrega é setembro de 2013.
Man Diesel & Turbo renova
contrato Comperj
A Man Diesel & Turbo fechou contrato de Softwares viabilizam integração 3D
serviços de longo prazo com a Petrobras para ma- Os softwares da Aveva foram considerados fundamentais pela JP-
nutenção, reparo e operação de 20 turbinas a gás NOR Engenharia, para a realização dos serviços de integração dos mo-
THM, fabricadas pela própria Man, nas platafor- delos 3D de todos os projetos do Comperj. A empresa de engenharia
mas Cherne 1 e 2, Garoupa e Pampo, na Bacia de adquiriu os softwares Aveva PDMS, Aveva Review e Aveva Global,
Campos. O acordo de €150 milhões tem duração integrantes do portfólio Aveva Plant para realizar todo o processo. A
de cinco anos – é a segunda renovação deste con- empresa de engenharia tem como uma de suas funções integrar as ma-
trato, que foi originalmente assinado em 2002. quetes de cerca de 20 projetistas e epcistas.

no 347 Petro & Química 109


Notícias da Petrobras

Manutenção 2 Plataformas
Skanska fará manutenção de plataformas Geradores de nitrogênio
A Skanska assinou dois contratos de manutenção industrial offshore ampliam segurança
com a Petrobras, com valor de aproximadamente R$ 200 milhões. Com A Parker Hannifin está fornecendo seis
prazo de execução de dois anos, os contratos se integram à carteira do geradores de nitrogênio que serão implemen-
Projeto Macaé e prevêem a prestação de serviços de manutenção de faci- tados nas plataformas P-58 e P-62. Ao final
lidades nas especialidades de elétrica, mecânica, instrumentação, escalada da instalação, cada plataforma contará com
industrial, caldeiraria básica, além de manutenção de guindastes e equipa- três sistemas completos para geração de ni-
mentos auxiliares de movimentação de cargas em 15 plataformas da Bacia trogênio. Estes sistemas têm a vantagem de
de Campos. substituir o uso de nitrogênio em garrafas,
eliminando estoques e o manuseio, além de
Fluido para perfuração reduzir os custos de consumo deste material.
Petrobras testa sistema de tratamento A Parker fornecerá dois sistemas distintos. O
A Cubility, empresa norueguesa de tecnologia de perfuração, fechou primeiro será utilizado no flare para inertizar
contrato com a Petrobras para testar o sistema MudCube – um sistema de a queima da purga e será alimentado com o
tratamento de lama a vácuo que combina a remoção de vapor de óleo, re- ar comprimido gerado na própria plataforma.
duzindo em 25% os efluentes. Os testes vão focar na capacidade, filtração, O outro sistema será fornecido em dois skids
parâmetros HSE, material seco e fluido, diferentes estados da lama. que contarão com geração própria de ar com-
primido. Os skids incorporam compressor de
Alimentação ar, e tanto o sistema de tratamento do ar com-
Problemas em 41 plataformas primido quanto as membranas de geração de
nitrogênio são de fabricação Parker. O nitro-
Falta de itens de alimentação, problemas com a qualidade dos produ- gênio gerado por estes skids será empregado
tos e número reduzido de trabalhadores na área são as três reclamações para inertizar os sistemas de instrumentação
mais presentes nos relatos feitos pelos petroleiros da Bacia de Campos ao das plataformas.
Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense - Sindipetro-NF -. As pla-
taformas, que já foram conhecidas por oferecerem bons alimentos em seus
restaurantes, hoje registram problemas que, na avaliação do sindicato, não
poderiam fazer parte da rotina de uma atividade altamente lucrativa como
a do petróleo. O levantamento foi feito em 41 plataformas, das 46 em
operação na região. Destas, 12 citaram problemas com a “falta de itens de
alimentação”; 12 com a “péssima qualidade na alimentação”; e 10 com o
“baixo efetivo na hotelaria”. Outras nove apontaram falta de produtos de
higiene e sete registraram infestação por vetores (insetos e larvas). Tam-
bém foram lembrados pelos petroleiros a falta de higiene nos ambientes
comuns e nos camarotes (6); falta de condições de higiene em banheiros
(6) e o mau estado da rouparia (6), entre outros itens.

110 Petro & Química no 347


Pesquisa 1 Pesquisa 4
BP irá pesquisar Bacia do Agilent Technologies firma
Parnaíba em parceria com parceria com Universidade de
universidades Houston
A BP irá investir US$ 10 milhões em um projeto A Agilent Technologies e a Universidade de Houston
de pesquisa com o propósito de aprimorar o entendi- anunciam pesquisa conjunta para maior compreensão sobre
mento da formação da Bacia do Parnaíba. O objetivo a geologia e a composição de petróleo. Por este acordo, a
é combinar dados sísmicos de reflexão da crosta pro- Agilent fornece um portfólio de instrumentos avaliado em
funda, sismologia e estudos geológicos de campo. O mais de US$ 1 milhão, incluindo tecnologia avançada como
projeto envolve a colaboração de cinco universidades espectroscopia de emissão atômica de plasma por micro-
brasileiras – UFRN, UFPE, UFBA, UNB e o Obser- ondas (MP-AES), espectroscopia de emissão ótica de plas-
vatório Nacional – e três universidades britânicas - ma (ICP-OES), espectrometria de massas de mono e triplo
Aberdeen, Cambridge e Oxford. estágio (GC-MS & GC-QQQ), bem como espectrometria
de massas de alta resolução por tempo de voo, acoplados
Pesquisa 2 à cromatografia gasosa. Os instrumentos serão usados para
BG assina memorando identificar e medir os compostos de amostras geológicas,
ou para separar, identificar e medir milhares de compostos
de entendimento com encontrados em petróleo.

Innovation Norway Água 1


A Innovation Norway, agência de promoção do
governo da Noruega e a BG Brasil assinaram Me-
Veolia Water fecha contratos
morando de Entendimento para colaboração em tec- com empresas brasileiras
nologias relacionadas aos desafios da perfuração em A operação brasileira da Veolia Water fechou três novos
águas profundas e a produção submarina, operações contratos para fornecer tecnologias e soluções integradas em
integradas e tecnologia de monitoramento ambiental. tratamento de água, efluentes e reuso para a Energias Renová-
A duração do Memorando é de cinco anos e é baseado veis do Brasil - ERB, o Consórcio SPS e a Petrobras.
no Contrato de Pesquisa e Desenvolvimento Indus- A ERB comprou da Veolia um sistema de polimento de
trial da Innovation Norway, em que são concedidos condensado por troca iônica composto por duas linhas em pa-
apoios financeiros para fornecedores noruegueses ralelo com capacidade cada de 80m³/h. O contrato deve ser
– normalmente de pequeno e médio porte – para pes- implantado em oito meses na unidade Aratinga, localizada em
quisa de novas tecnologias. Candeias / BA.
O Consórcio SPS – formado pelas empresas Skanska, Pro-
Pesquisa 3 mon e Setal - adquiriu o Sistema de Água Desmineralizada
Aker Solutions fecha composto por duas linhas em paralelo de vasos de troca iônica

acordo de cooperação com (cátion + anion) automatizadas, para uma Unidade de Desmi-
neralização de Água que vai atender às Unidades de Remoção
Coppe/UFRJ de CO2 no Terminal de Cabiúnas.
O contrato fechado com a Petrobras tem caráter emergen-
A Aker Solutions assinou um acordo de coopera- cial de prestação de serviço para processamento de água des-
ção tecnológica com a Coppe/UFRJ para o desenvol- mineralizada para implementação do ciclo combinado da Usi-
vimento de projetos com foco em tecnologias de pro- na Termelétrica Luis Carlos Prestes, em Três Lagoas / MS.
cessamento submarino, processamento de superfície
em plataformas e perfuração. Num primeiro momen- ELGA
to, a expectativa da empresa é aperfeiçoar tecnologias A Veolia Water Solutions Brasil adquiriu o negócio Elga
que se encontram em fase de desenvolvimento, com Labwater da Nova Analítica e passa a cuidar de 100% da ope-
foco no pré-sal. Em uma segunda etapa, a meta é ini- ração no mercado nacional. ELGA é uma marca global de pu-
ciar o desenvolvimento de tecnologias com potencial rificadores de água para laboratório pertencente à Veolia, sen-
de aplicação no Brasil, como novos materiais e auto- do que no Brasil os produtos eram comercializados pela Nova
mação robótica de veículos autônomos submarinos. Analítica.

no 347 Petro & Química 111


Certificação Água 2
Villares homologa barras Aselco se junta à Clark para
de aço superduplex pelas oferecer filtração e separação
normas Norsok A Clark Reliance do Brasil é uma joint venture entre a ameri-
cana Clark e a Aselco, formada em setembro de 2011, que oferece
A Villares Metals estendeu a homologação de
soluções para sistemas de proteção a turbinas a gás em unidades de
suas barras de aço superduplex pelas normas Norsok
geração de energia termelétrica, plataformas e refinarias, além de
para o setor de petróleo e gás. Após dois anos desde
atuar também no setor de filtração e separação.
a obtenção da sua primeira certificação, através do
A inovação se dá com a composição dos sistemas desenvolvi-
Teknologisk Institutt da Noruega, como fabrican-
do em alta eficiência levando em consideração o conhecimento na
te qualificado de barras de até 6 polegadas de aços
fabricação de equipamentos de separação e filtragem sobre skid
inoxidáveis superduplex de acordo com a norma M
pela National Filtration System alinhados à qualidade dos coa-
650 revisão 3, a Villares obteve a homologação para
lescedores e Separadores da Anderson, que aplicam a excelência
barras de até 7 polegadas para o grau 4507 - além dos
da Filcoa na fabricação e desenvolvimento de elementos utiliza-
aços superduplex graus 4501 e 4462, já certificados
dos nas correntes de líquidos e gás. Some-se a isso um diferen-
para diâmetros de até 10 polegadas e 13 polegadas
cial no tratamento e purificação de óleo lubrificante, hidráulico
respectivamente. O próximo passo do desenvolvi-
e combustível, dado pela Oil Filtration System. Desta forma, o
mento, já em andamento, será obter a certificação
mercado de filtragem e separação brasileiro ganha um fabricante
para barras com diâmetros de até 12 polegadas do
de equipamento e filtros provedor de soluções, no momento em
grade 4507.
que a indústria precisa de suporte para o crescimento de forma
sustentável e eficiente.
Tecnologia
Seminário discute Prêmio 1
inovação no setor químico Professor brasileiro vence Green
O chefe do Departamento de Indústria Química Talents 2012 Divulgação
do BNDES, Gabriel Gomes, vê na Química Verde
uma oportunidade excepcional, principalmente no
que diz respeito à química de renováveis. Durante
o Seminário Abiquim de Tecnologia, Gomes ressal-
tou que os investimentos em P&D têm apresentado
uma queda nos últimos anos – em 2009, os investi-
mentos em pesquisa e desenvolvimento na indústria
brasileira representaram 0,70% do faturamento das
empresas, enquanto que em 2010 caíram para 0,58%.
O executivo também apresentou um diagnóstico do
Plano Brasil Maior para a indústria química. “O Pla-
no enxerga uma fraqueza na indústria devido ao custo
elevado de matérias primas e energia, além da con-
centração na produção de commodities, mas também
vê oportunidades como o pré-sal, que deve aumentar a
disponibilidade de matérias primas, o estímulo para
O professor assistente de Química Inorgânica na Universidade
o uso de fontes renováveis de matérias primas e o
Federal de Uberlândia, Antonio Otávio Patrocinio, foi um dos 25
crescimento e diversificação de setores como auto-
vencedores do Green Talents 2012, promovido pelo Ministério Fede-
motivos, bens de consumo e construção civil”.
ral de Educação e Pesquisa da Alemanha para premiar estudos e ini-
Para a professora Adelaide Antunes, do Institu-
ciativas de todo o mundo em prol do desenvolvimento sustentável.
to Nacional da Propriedade Industrial, mais inves-
O “Green Talents – International Forum for High Potentials in
timentos são necessários na agricultura no Brasil,
Sustainable Development” atraiu este ano mais de 400 candidatu-
para ampliar a produção de fontes renováveis – se-
ras de 69 países.
gundo a professora, a produção de bioprodutos está
Patrocinio sintetizou e caracterizou rutênio fotoativo e comple-
entre as dez maiores tendências da indústria quími-
xos de rênio, utilizando moléculas de extrato de amora e de outras
ca global.
frutas brasileiras como sensibilizadores em células solares.

112 Petro & Química no 347


Prêmio 2 Eficiência 1
Enfil vai reconhecer pensamento Japoneses financiam projetos
inovador na busca de soluções de eficiência da Petrobras
ambientais A Petrobras assinou contrato para financiamento de até
US$ 1 bilhão com o Japan Bank for International Coopera-
A Enfil Controle Ambiental lançou o Prêmio Enfil “Inovação em
tion - JBIC, destinados a projetos de eficiência energética.
Tecnologias Ambientais” para reconhecer o esforço dos pesquisado-
O banco será responsável pelo empréstimo de até US$ 600
res brasileiros que atuam no desenvolvimento de tecnologias destina-
milhões do total e por prover garantias parciais aos outros
das ao controle do impacto ambiental.
US$ 400 milhões que serão emprestados pelo The Bank
O prêmio contemplará o autor e o orientador da melhor dissertação
of Tokyo-Mitsubishi UFJ - BTMU. Foram escolhidos a
de mestrado e da melhor tese de doutorado que apresentem inovações
unidade de cogeração de energia e vapor do Complexo Pe-
tecnológicas destinadas ao controle e mitigação de impactos ambien-
troquímico do Rio de Janeiro e o programa de redução de
tais gerados por sistemas associados ao desenvolvimento econômico
queima de gás em tocha da Bacia de Campos.
e social. Poderão concorrer os trabalhos que participem de programas
de pós-graduação do país, defendidos perante as bancas julgadoras Eficiência 2
respectivas e durante os anos de 2011 e 2012.
Shell estimula a inovação
Energia entre estudantes
DNV desenvolve projeto para A sétima edição anual da Shell Eco-marathon
aprimorar performance de baterias Americas 2013 já está aberta para inscrição de estu-
dantes secundaristas e universitários de toda América
O Departamento de Energia dos EUA aprovou a destinação de do Norte e do Sul. O evento desafia os estudantes a
recursos da Agência de Projetos de Pesquisa Avançados em Energia desenvolverem suas criações com eficiência de com-
para um projeto que busca o aprimoramento da performance de ba- bustível e a competirem com as escolas de todos os
terias. O projeto desenvolvido pela DNV Kema utilizará um modelo continentes para ver quem pode viajar mais longe
de previsão de vida útil da bateria e sensores de monitoramento para com a menor quantidade de energia.
identificar onde os limites do funcionamento da bateria podem ser As equipes podem optar por participar das classes
estendidos. Protótipo e Conceito Urbano da Maratona Ecológica
Shell - a classe Protótipo desafia as equipes a inscre-
Qualificação verem protótipos futuristas e a classe Conceito Urbano

Programa de Qualificação
foca em veículos de eficiência energética adequados.

Profissional em Construção Naval Plástico Verde 1

forma primeiras turmas Parceria entre Braskem e DuPont


O Instituto Tecnológico Naval, em parceria com o Senai, realizou a cria nova linha de produtos
formatura das primeiras turmas do Programa de Qualificação Profissional A DuPont Packaging & Industrial Polymers anun-
em Construção Naval. As nove turmas que se formaram nesse primeiro ciou o lançamento de uma nova linha de resinas ade-
momento são dos cursos de soldador de estrutura metálica, inspetor de sivas e modificadores de polímeros em parceria com
solda, técnicas de montagem de estrutura e soldador de tubulação. a Braskem, ampliando suas linhas DuPont Bynel e
A OSX selecionou 85 dos recém-formados para o desenvolvimen- DuPont Fusabond. Os produtos foram desenvolvidos
to prático, aprofundamento do conhecimento do Senai e treinamentos para igualar ou superar o desempenho de seus equi-
de segurança em construção naval. Esses técnicos serão contratados valentes derivados de petróleo, além de complemen-
pela empresa para atuar no início das operações do estaleiro, previsto tar a carteira de soluções da DuPont.
para o primeiro trimestre de 2013. As resinas adesivas de coextrusão DuPont Bynel,
Em sua primeira fase de desenvolvimento, o ITN está treinando chamadas de tie layers, ajudam fabricantes de embala-
e capacitando profissionais dedicados às carreiras que compõem as gem a melhorarem suas barreiras, vedação de calor e
equipes da Unidade de Construção Naval e da OSX Serviços. Do con- outras funções em estruturas multicamadas. As resinas
vênio firmado com a Firjan, por meio do Senai-RJ, foi desenvolvido na linha de produtos DuPont Fusabond são polímeros
o Programa de Qualificação Profissional em Construção Naval, que modificados que foram desenvolvidos para facilitar
viabilizará a capacitação de 3,1 mil profissionais até 2013 - a iniciati- a combinação de polímeros diferentes utilizados em
va conta com investimento de cerca de R$ 13 milhões. compostos endurecidos, preenchidos ou misturados.

no 347 Petro & Química 113


Plástico Verde 2 Patrocínio
JBF produzirá garrafas de Braskem doa instrumentos
BioMEG no Brasil musicais para o programa
Araraquara / SP terá a maior fábri- Neojiba
ca de produção de BioMEG do mun-
A ação colaborativa da campanha em comemoração aos 10
do. O produto será matéria prima das
anos de Braskem resultou na doação de 34 instrumentos musi-
embalagens plantbottle – garrafa PET
cais para o programa Neojiba. A iniciativa convidou o público a
reciclável feita parcialmente de origem
enviar vídeos musicais inspirados no tema da campanha e, com
vegetal. Segundo o acordo da indiana
isso, cooperar com a doação de instrumentos para o Neojiba, que
JBF Industries e da Coca-Cola com o
forma orquestras infantis na Bahia.
governo do estado de São Paulo, o in-
Os instrumentos serão destinados à Banda Sinfônica da Paz,
vestimento na unidade será de aproxi-
um novo núcleo do projeto Neojiba, em Salvador, formado por
madamente R$ 1 bilhão e a operação está prevista para
80 crianças e jovens de 10 a 18 anos. “O resultado desta ação
começar em 2014. Hoje, as embalagens são importadas
nos ajudou a mostrar o poder da colaboração e da união. Quando
da Índia. A capacidade de produção deverá ser de 500
pensamos e sonhamos juntos, os benefícios são para todos”, des-
mil toneladas ao ano.
taca Frank Alcantara, diretor de marketing da Braskem.
Multa
Química verde
Chevron pagou R$ 35 Abiquim assina acordo de
milhões por acidente na cooperação com Embrapa
Bacia de Campos A Embrapa firmou um acordo de cooperação com a Abiquim
A Chevron pagou multa de R$ 35 milhões imposta pela que servirá de suporte principalmente para os trabalhos em con-
Agência Nacional do Petróleo devido a irregularidades junto entre a associação e a Embrapa Agroenergia – que tem inse-
encontradas durante a investigação sobre o primeiro va- rido em sua carteira de projetos pesquisas para aproveitamento da
zamento no campo de Frade, na Bacia de Campos, em no- biomassa na geração de produtos químicos de fontes renováveis.
vembro de 2011. Uma falha durante a perfuração do poço O presidente executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo,
provocou o vazamento de 3,7 mil barris de óleo no mar. A afirma que um dos grandes desafios atualmente é transformar ci-
ANP indica que, além de equívocos no gerenciamento da ência em inovação. Um exemplo é a glicerina: cada dez toneladas
pressão, na interpretação de dados geológicos, na injeção produzidas de biodiesel gera uma de glicerina, que é subaprovei-
de água e no revestimento do poço, a Chevron não consi- tada, enquanto a indústria farmacêutica importa o produto.
derou dados de resistência da rocha na região do campo Uma linha de pesquisa da Embrapa Agroenergia está estu-
e descumpriu o seu próprio manual de procedimentos. dando o aproveitamento da glicerina para geração de produtos
Como não recorreu da decisão, a empresa se beneficiou químicos por meio de microrganismos. Outra linha estuda o
do desconto de 30% previsto na legislação. A empre- aproveitamento dos açúcares de cinco carbonos do bagaço da
sa também foi multada pelo Ibama, em R$ 50 milhões cana-de-açúcar (pentoses) para a geração de compostos quími-
– nesse caso, houve recurso. cos de alto valor agregado.

114 Petro & Química no 347 no 346 Petro & Química 114
Produtos & Serviços

Bombas Transmissor de temperatura


A Vibropac Uma tecnologia desenvolvida nos laboratórios da
fechou acordo ABB coleta o calor do próprio processo para ali-
de representa- mentar o instrumento utilizado no monitoramen-
ção exclusiva to. Batizada de Energy Harvesting, a tecnologia
no Brasil da é baseada no micro gerador termelétrico embar-
linha de bom- cado – micro-TEG – que gera a tensão em função
bas magnéticas plásticas Greenpumps para da diferença de temperatura entre o processo e o
complementar sua linha de bombas magné- ambiente. O dispositivo é uma alternativa aos instrumentos alimentados
ticas. Greenpumps é uma empresa italiana por bateria ou mesmo por cabeamento – em que os custos de instalação e
especializada na fabricação de bombas de fiação chegam a representar quase 50% do custo total. Para enviar dados
acoplamento magnético para aplicação em para um gateway remoto, o transmissor combina a tecnologia Wireles-
tratamento de água, indústrias farmacêuti- sHart com os micro-TEGs. O funcionamento se dá por meio da coleta de
cas, químicas, petroquímicas e refinarias. energia do ambiente, o qual converte-se em potencia para o dispositivo
Construídas em plástico injetado ou bloco sem fio. O instrumento sem fio também tem uma bateria embutida, que é
plástico usinado de PP ou PVDF, apresen- utilizada quando essa diferença cai abaixo de 30ºC.
tam alta resistência a intempéries, corrosão e
abrasão e operam a temperatura de até 90ºC, Monitoramento de máquinas
com vazão máxima de 140 m³/h e altura ma-
A SKF lançou o kit SKF Marine Condition
nométrica máxima de 250 m. Por serem de
Monitoring, pacote de soluções que permite
acoplamento magnético – sealless – essas
aos armadores monitorarem a condição das
bombas são geralmente empregadas onde
máquinas que estão a bordo das embarcações.
não se pode ter a possibilidade de vazamen-
O conjunto permite que um usuário possa in-
to, muito comum nos componentes de veda-
terpretar os resultados das medições dos da-
ção dinâmica – selo mecânico. Além disso,
dos de vibração e localizar a falha no equipa-
são fabricadas no padrão Greenpumps ou
mento. Modelos de equipamentos tipicamente navais são carregados no
conforme API 685.
SKF Microlog Advisor Pro – que é pré-configurado para converter os
Sistema de identificação dados medidos em resultados com códigos coloridos fáceis de entender.
O kit também inclui um manual de usuário que simplifica a implantação
A Weidmüller ofe- e o treinamento da tripulação. A solução da SKF tem capacidade de
rece um sistema de realizar análises adicionais de máquinas baseadas na análise de faixa de
identificação com frequências FFT - Transformada Rápida de Fourier, para detectar a cau-
a possibilidade sa mais provável da falha, como desbalanceamento, falhas de rolamento
de impressão em e engrenagens, problemas elétricos em motores, problemas hidráulicos
identificadores em e aerodinâmicos.
metal. Os identifi-
cadores são impressos usando a impressora Turbina
“PrintJet PRO”, que também imprime os já
A GE lançou no Brasil a tecnologia
tradicionais e variados identificadores Mul-
FlexEfficiency 60, uma solução a gás
tiCard. Ao usar o sistema da Weidmüller
natural desenvolvida para atender às ne-
garante-se que as funções em identificação
cessidades por eficiência em países que
dentro e ao entorno do armário elétrico sejam
utilizam a rede elétrica de 60 hertz. O
extremamente simples: uma impressora, um
portfólio inclui quatro turbinas a gás. A
software, um tipo de tinta. O usuário não pre-
mais recente é a 7F 7-series com recorde
cisa de fornos ou equipamentos adicionais.
de flexibilidade e eficiência em ciclo combinado. A GE também está
As MetalliCards são impressas na impresso-
anunciando 7F 5-series com aprimoramentos e alta flexibilidade. Uma
ra jato de tinta PrintJet PRO. A impressão na
nova 7F 9-series, configurada para ser a maior e mais eficiente do por-
identificação metálica MetalliCard é possível
tfólio, e uma 7F 3-series aprimorada também estarão disponíveis. Com-
através de um kit especial de atualização. É
binado, o portfólio oferece turbinas a gás de 185 megawatts até mais de
possível criar figuras coloridas, caracteres e
300 megawatts. O portfólio FlexEfficiency 60 também inclui uma tur-
logotipos para atender a cada necessidade. Os
bina a vapor D-17 avançada, o gerador H26 refrigerado por hidrogênio
usuários têm a possibilidade de escolher entre
e o Sistema de Controle Integrado Mark VIe, que pode ser configurado
rebitar ou adesivar ou então usar abraçadeiras
para a usina FlexEfficiency 60 de Ciclo Combinado.
de aço inox ou suportes para fixar os identifi-
cadores metálicos.

no 347 Petro & Química 115


Produtos & Serviços

Válvulas Segurança
A Ampo Service é um novo concei- O sistema
to de serviço ao cliente que começa de Teste de
antes mesmo da encomenda ser feita. Curso Par-
São envolvidos todos os especialistas cial Faith, da
da fabricante de válvulas criogênicas Netherlocks
Ampo Poyam Valves necessários para agora é ca-
definir, com o cliente, cada válvula paz de exe-
de acordo com exigências de serviço, cutar testes online de válvulas de fecha-
mesmo para as condições mais extremas. A Ampo Foundry tem vasta mento de emergência - ESD e de sistema
experiência de trabalho com materiais especiais. Isso garante ao clien- de proteção de pressão de alta integridade
te a qualidade de produto e o cumprimento dos prazos combinados. - Hipps. Os operadores podem reduzir a
Além de serem testados em instalações de teste, os produtos da Ampo degradação e garantir a operação correta
também são objeto de análise em situações reais de uso intensivo. A de válvulas de emergência a partir da sala
gama de produtos oferecida ao mercado brasileiro inclui válvulas de de controle. O Faith usa um design simples
esfera de sede com anel macio e metal-metal para instalações offshore para garantir a confiabilidade da operação.
e onshore de produtos, válvulas de gaveta com castelo selado a pressão, Ele se integra aos acoplamentos estáticos
de globo e de retenção para refinarias, usinas de energia, válvulas crio- e dinâmicos da válvula. O sistema de pi-
gênicas de gaveta, de globo e de esfera para plantas de GNL e válvulas nos mecânicos de bloqueio de aço garante
de macho para unidades de coque. O fato de ter fundição própria para que as válvulas não possam ser operadas
a fabricação de válvulas proporciona à Ampo uma vantagem compe- em um ângulo maior do que o ângulo de
titiva: além do know-how do processo de produção, a fabricante tem teste pré-definido para eliminar o risco de
a capacidade de oferecer produtos de qualidade máxima tanto na forja sobre passagem -overshoot ou interrupção
quanto na fundição de processo. Com o novo recurso de teste
remoto, os operadores podem conduzir e
Bombas monitorar testes de curso parcial de vál-
vulas de emergência sem a necessidade de
Ampliando o portfólio de bom-
acessar o Faith manualmente.
bas destinadas ao setor industrial,
a Grundfos coloca no mercado a
versão em aço inoxidável dos mo- PIMS
delos base-luva NK/NKG e mono- A AspenTech anunciou nova funcionalida-
bloco NB/NBG. Como diferencial, de de gestão de ensaios no software Aspen
os produtos trazem todas as partes PIMS que otimiza as decisões de compra
em contato com o líquido bombea- de petróleo bruto e aumenta a lucrativi-
do em aço inoxidável. As linhas também são back-pull-out, caracte- dade. Os aprimoramentos em gestão de
rística que permite que todo o conjunto seja desmontado sem a ne- ensaio para o aplicativo de planejamento
cessidade da retirada da bomba das tubulações de sucção e recalque. de refinaria dinamizam o workflow de es-
As versões base-luva e monobloco em aço inoxidável seguem as nor- colha de matéria-prima. A nova funciona-
mas EN733 e ISO 2858, mais adotadas no mercado de substituição e lidade da AspenTech agora permite que os
novas instalações. planejadores adicionem, modifiquem e re-
façam ensaios diretamente no Aspen PIMS
Projetos e, assim, avaliem rapidamente um número
maior de cenários com mais precisão. Os
Intergraph lançou uma versão atualizada do software para análise de
recursos de gestão de ensaios do Aspen
stress de dutos Caesar II, que oferece integração avançada com os
PIMS possibilitam que os usuários impor-
softwares SmartPlant 3D, SmartMarine Materiais 3D e SmartPlant
tem dados de ensaios de fontes externas
3D Materials Handling Edition, e a ferramenta de visualização 3D
e gerenciem suas matérias-primas brutas
SmartPlant Review. Esta nova funcionalidade é um primeiro passo
com mais eficiência. Workflows automati-
para alcançar uma melhor integração entre a modelagem, design e
zados e guiados aumentam a produtividade
análise de dutos. Esta versão do Caesar II reduz o tempo e elimina
e alertas notificam os planejadores sobre o
manual de reentrada através da transferência de dados inteligente de
passo seguinte no processo para encurtar
design 3D. Essa interface também permite a exportação fácil dos re-
sua curva de aprendido. O Aspen PIMS faz
sultados de análise de tensão de dutos entre Caesar II e o SmartPlant
parte do pacote de software aspenONE Pe-
3D, o que torna mais rápido a incorporação de mudanças de análise
troleum Supply Chain.
durante um projeto.

116 Petro & Química no 347

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