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Este material é destinado exclusivamente aos alunos e professores do Centro Universitário IESB, contém
informações e conteúdos protegidos e cuja divulgação é proibida por lei. O uso e/ou reprodução total ou
parcial não autorizado deste conteúdo é proibido e está sujeito às penalidades cabíveis, civil e
criminalmente.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Olá estudante!
Bem-vindo à disciplina Organização do Trabalho Pedagógico (OTP). Neste componente curricular você
realizará um estudo, construindo aprendizagens significativas, que lhe ajudará a qualificar muito sua
formação e sua futura prática pedagógica.
Antes de qualquer coisa, é importante perceber a educação como uma criação, um ato amoroso de
contribuição para a melhoria do mundo. Você será um (a) excelente professor (a) na medida que
compreender, com sensibilidade, o trabalho pedagógico como um encontro com a subjetividade, sua e
de seus alunos. Para isso, a poesia é caminho fundamental. Convidamos você para ler com atenção e
carinho o poema abaixo:
Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui
Sê todo em cada coisa.
Põe todo quanto és
No mínimo que fazes
Assim em cada lago
A lua inteira brilha
Porque alta vive
(Fernando Pessoa)
É importante que você tenha consciência de uma entrega inteira ao processo formativo para que, assim
como o brilho da lua, você se realize como professor(a).
É esse o convite que lhe fazemos, para que estudando com entusiasmo e profundidade, você qualifique sua
profissão. Por isso, convidamos você para adentrar nesta disciplina para aprofundar conceitos e dialogar, de
modo que você construa aprendizagens que irão enriquecer sua prática profissional. Organizamos este
componente curricular com quatro unidades e cada unidade será posteriormente, subdivididas em quatro
subunidades:
1. O Contexto Social da Educação no Século XXI
2. Planejamento Educacional
3. Projetos Educativos
4. Avaliação Educacional
Lembre-se que você é protagonista da história que estamos construindo, e será sua organização, sua
disciplina de estudo, sua dedicação que fará a grande diferença na qualidade de seus estudos. Para lhe
ajudar nesse processo, apresentamos a você, agora, os seguintes objetivos que perpassarão todo o
estudo de OTP:
Para que os objetivos sejam alcançados, faça um planejamento detalhado com os horários de estudo, a
relação de leituras, as atividades a serem realizadas. Você perceberá o quanto isso fará de seu processo
formativo um grande exercício de capacitação profissional, com qualidade e profundidade.
Bons estudos!
Olá estudante!
Vamos começar esta aula descobrindo: o que é organização do trabalho pedagógico? Toda profissão tem
seus fundamentos, seus princípios, suas metodologias de trabalho. Quando entramos em um prédio, não nos
damos conta de tudo o que está por trás daquela construção. Para construir um edifício, o engenheiro teve de
considerar o tipo de solo, o clima, os materiais mais apropriados às chuvas, o que é mais produzido na região,
e também o desejo do proprietário, o objetivo da obra, os gostos de quem dela usufrui. Também na pedagogia
existem elementos que precisamos levar em conta para chegarmos a atuação profissional e escolar.
A educação é uma ação social. Isso quer dizer que o ato de educar está inserido em um contexto. A escola,
local privilegiado da educação, é resultado de um projeto que leva em conta as inúmeras variáveis sociais, o
sonho de quem é responsável pela escola, os desejos das famílias que matriculam seus filhos, e, claro, a
atuação do profissional da educação. A sistematização destes elementos, a ordenação de seus processos, a
definição de princípios, metodologias e ações educativas é o que chamamos de Organização do Trabalho
Pedagógico (OTP). O foco da OTP é a relação de aprendizagem estabelecida entre o ambiente escolar, o
educador e o educando.
Em um primeiro momento, vamos fazer um caminho pelo contexto social em que vivemos e no qual a escola
está inserida. Depois, vamos compreender as influências das características sociais na educação e na escola,
percorreremos as principais correntes pedagógicas e suas repercussões no trabalho pedagógico.
Nessa canção, o compositor enfatiza a importância de nos conhecermos, considerando o contexto em que
vivemos: “A vida nos fez assim”. Por isto, é importante conhecermos como a escola foi feita, porque ela é
assim? Quais as forças que a estruturam e dão a ela determinadas características? Que relação tem isso tudo
com nosso jeito de ensinar e de aprender? Vem conosco que vamos te ajudar a compreender tudo isso!
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Estas duas revoluções, segundo Nicolescu (2000), foram os pilares da organização social, cultural,
epistemológica(1) e econômica do nosso tempo.
Mas, é muito curioso notar que a história nunca é hegemônica. O predomínio do pensamento científico,
a razão instrumental e a tecnologia dela decorrente trouxeram muitos benefícios para a humanidade. De
outra parte, a ênfase no pensamento científico fez com que as outras dimensões humanas tais como as
emoções, os relacionamentos, os sentimentos e afetos ficassem em segundo plano. Apesar de tantos
avanços, o ser humano segue sofrendo com as situações cotidianas da vida.
Muitos intelectuais, ao darem-se conta desse limite do paradigma científico, lançaram-se em estudos e
pesquisas que pudessem ajudar a compreender a complexidade humana e as reais necessidades sociais
para que o ser humano pudesse usufruir de uma vida mais digna e feliz.
Já no final do século XIX, alguns pensadores como Friedrich Nietzsche (1944-1900) e Sigmund Freud
(1856-1939) apontaram para os limites da razão como a única fonte da verdade. Com um profundo
questionamento aos valores modernos, estes pensadores denunciam o fracasso da razão científica em
responder a todos os problemas humanos.
Em um livro chamado “Assim Falava Zaratustra”, Nietzsche (2003), influenciado pelo pensamento
oriental, que estava muito presente na Europa do final do século XIX, faz uma crítica aos valores
ocidentais. O filósofo indica que o tempo da razão está chegando ao final e que, pelo anúncio de um
profeta, o Zaratustra, chegará um tempo novo, onde o homem novo – representado por uma criança –
nascerá. Apesar de bastante confuso, o texto de Nietzsche deixa claro os limites do pensamento
moderno, fundados na proposta de um método científico como fonte da verdade.
O médico e psicanalista Sigmund Freud, em um livro intitulado “O Mal Estar na Civilização” (1969)
também aponta para o fracasso do intento moderno da razão. Segundo ele, a expectativa em um mundo
melhor, baseado no pensamento lógico e técnico, ignora a força inconsciente que, em última análise, é o
que define o comportamento humano.
Todas essas críticas à Modernidade, acompanhadas por outros pensadores que demonstraram o fracasso do
projeto iluminista, provocaram muitas mudanças em várias áreas da vida humana, inclusive na educação.
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Modo de compreender a realidade, com seus desdobramentos nas várias áreas: ciência, política, cultura, educação, entre outras.
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ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO| UIA 1 | 9
Outro estudioso importante do nosso tempo, o francês Edgar Morin, afirma que a realidade é complexa,
ou seja, cheia de meandros, de dobras, de detalhes, e, por isso, é preciso uma multiplicidade de olhares,
métodos e procedimentos para ser compreendida (MORIN, 2005).
Entretanto, o paradigma científico não fornece todos os elementos necessários para essa compreensão
mais complexa e transdisciplinar do ser humano e da realidade em que vive. Tudo aquilo que a ciência
descartou: as emoções, sentimentos, afetos, saberes populares, precisa ser trazido de volta, segundo os
estudiosos do pensamento complexo, para que a realidade humana, a organização social, as relações, os
problemas sejam compreendidos de forma mais abrangente e eficaz.
A educação é um produto da sociedade, mas também é meio pelo qual a própria sociedade é produzida
e mantida de uma ou de outra forma. Diante de tantas mudanças e desafios, a educação precisa ser
compreendida nesse contexto e repensada.
A escola, como espaço e tempo institucionalizado da educação, também é fruto de certas concepções.
Compreender a sociedade, seu modo de organizar-se, sua forma de se relacionar e compreender a
realidade pelo conhecimento, é fundamental para compreendermos, também, a educação e a escola.
Na próxima aula, veremos como todas essas características aqui estudadas influenciaram na educação e na escola.
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Estudo sobre a natureza, processos, métodos do conhecimento, seus limites e a relação entre sujeito e objeto.
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Tudo bem com você? Então, em nossa primeira aula, vimos o contexto social que marca o século XXI. Fruto das
revoluções industrial e informática, nosso tempo é permeado pela tecnologia e, mais precisamente, por uma
cultura digital emergente. Apesar de muitas críticas ao paradigma científico, predomina a razão instrumental,
com desdobramentos práticos na estrutura capitalista e no modelo globalizado de mercado. Nesse contexto,
a educação é desafiada a encontrar caminhos que ajudem a formar o ser humano em sua inteireza,
considerando-se todas as dimensões que o constitui.
Você será educador (a) em uma escola que não é mais o lugar privilegiado do conhecimento, como no século
XX. Pelo menos, não de um conhecimento racional, informativo e linear. Nesta aula, vamos ver como a
educação e a escola foram compreendidas e concebidas a partir de uma visão de ciência, de conhecimento e
de sociedade. Também vamos refletir sobre os novos desafios da escola e as funções que a sociedade atual
espera da educação e dos educadores.
Para aquecer seu pensamento para este estudo, sugerimos que você
assista o vídeo:
http://tinyurl.com/jusv8n4
Nesta breve palestra, o Prof. Ricardo Mariz chama a atenção para a tarefa importante e
fundamental que é educar.
E você, ao pensar em ser professor (a), o que você considera que seja educar?
que, como vimos, era a própria indústria. O foco da escola, portanto, era formar mão
de obra para a economia industrializada. Segundo Silva (1999), a noção de indústria
como eixo organizador da escola e o instrucionismo como transmissão do
conhecimento, produziram uma aprendizagem passiva, sem autonomia dos sujeitos e
completamente alienada do senso crítico.
Por outro lado, muitos educadores se levantaram contra esse modelo de escola e esse jeito mecanicista
de educar. Foi a médica e pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952) uma das primeiras a bradar
em favor de uma escola humanizada, onde o processo de desenvolvimento fosse priorizado, ao invés do
conteúdo simplesmente depositado na memória da criança.
Junto com Montessori, muitos outros educadores constituíram o movimento chamado de Escola Nova. A
proposta era fazer da escola um lugar de formação integral, educando todas as dimensões da pessoa em
vista da formação de um cidadão íntegro e comprometido com o desenvolvimento social. No Brasil,
vários educadores afiliaram-se a esse movimento. Entre eles, destacam-se Fernando de Azevedo,
Lourenço Filho, Anísio Teixeira e Cecília Meireles. O ano de 1932 foi marcante para o movimento
escolanovista porque foi nesse ano que os educadores brasileiros lançaram o “Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova”.
Tais mudanças incidem especialmente nos pedagogos, profissionais estes que estão diretamente ligados
ao processo de construção e disseminação das práticas pedagógicas educacionais.
No segundo momento das nossas ponderações da nossa aula de hoje é refletir, para as palavras de Paulo
Freire (2000), quando este pensador esclarece, “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem
ela tampouco a sociedade muda” (p. 67).
Vale lembrar a você estudante, que a Constituição Federal (1988) define em seu artigo 205, que “a
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
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Em consonância com a nossa Constituição Federal a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº
9.394/1996, estabelece como um dos objetivos principais dos ensinos fundamental e médio é
oportunizar à formação do cidadão pleno pela mediação do conhecimento científico, filosófico e cultural.
Para além do que determina a legislação brasileira a função social da escola deve avançar, na atualidade,
segundo Moran (2005), numa perspectiva de instituir uma dinâmica curricular que busca ao mesmo
tempo desenvolver com os estudantes os processos de aprendizagem ancorados nas competências
necessárias para se tornarem cidadãos conscientes na luta por uma sociedade mais solidária e equânime.
Nas palavras de Capanema (1996), a escola precisa articular entre seus profissionais de educação e seus
estudantes a capacidade de trabalhar com experiências curriculares que busquem a inserção dos alunos
na comunidade escolar em que vive e construir a autonomia necessária para planejar e desenvolver seu
projeto pedagógico. Essa autonomia, sobretudo por resultar da competência, é que vai favorecer a
construção de propostas inovadoras.
Na próxima aula, veremos como as principais tendências pedagógicas da educação estão interligadas com o
processo de aquisição de aprendizagem nas escolas.
Olá estudante!!!
Você lembra que nas aulas anteriores fizemos um estudo sobre o Contexto Social da Educação no Século XXI?
A compreensão do contexto da educação e da escola foi fundamental para que você, agora, nesta aula possa
pensar sobre a organização do trabalho pedagógico no processo educativo a partir das abordagens
pedagógicas. Este tema é extremamente importante visto que, nos auxiliará a compreender a articulação de
diferentes aspectos, tais como: o que entendemos por ensinar e aprender? Que concepções de ensino e de
aprendizagem norteiam nossas práticas pedagógicas e a organização das atividades que desenvolveremos
com os alunos nos espaços escolares? Que sujeitos queremos formar?
Nesta aula vamos refletir e aprofundar conhecimentos sobre esses elementos, essenciais à prática educativa,
elencando as abordagens pedagógicas: Abordagem tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e
sociocultural. Bem como a forma com que cada uma se relaciona com o fazer pedagógico no ambiente escolar.
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O adulto é considerado como homem acabado, "pronto" e o aluno um "adulto em miniatura", que precisa ser
atualizado. O ensino é centrado na figura do professor e o aluno apenas executa as atividades que lhe são
definidas por autoridades exteriores.
A perspectiva de mundo nesta abordagem aponta que a realidade é algo que será transmitido aos
sujeitos prioritariamente pelo processo formal de educação formal, assim como a família, Igreja. O
objetivo de educar está diretamente relacionado aos valores difundidos pela sociedade na qual se realiza.
O professor Dermeval Saviani (1991) esclarece que o caráter científico do ensino tradicional se estruturou através
de um método pedagógico, que é o método expositivo, que todos conhecem, todos passaram por ele, e muitos
estão passando ainda, cuja matriz teórica pode ser identificada nos cinco passos formais de Herbart.
O aluno é considerado uma folha em branco, uma massa sem forma, que receberá,
pela experiência, o conhecimento.
Um dos maiores representantes dessa abordagem é Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) e, para ele a
realidade é um fenômeno objetivo; o mundo já é construído e o homem é produto do meio.
Esta abordagem apresenta que o comportamento, pode ser mudado, alterando assim os elementos
ambientais. Nesta perspectiva a educação está intimamente ligada à transmissão cultural, o papel da
escola se configura em transmitir conhecimentos, assim como comportamentos éticos, práticas sociais,
habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do mundo/ambiente.
Neste sentido o professor tem a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de ensino
aprendizagem, de forma tal que o desempenho do aluno seja maximizado, considerando fatores tais
como economia de tempo, esforços e custos.
Deste modo o aluno vai construindo seu conhecimento em seu ritmo próprio, a avaliação consiste em
constatar se o aluno aprendeu e atingiu os objetivos propostos de forma adequada. Santos (2005), afirma
que para realização da moldagem do comportamento do indivíduo, o ensino deve utilizar-se de reforços
(positivos e negativos) e recompensas para que o objetivo preestabelecido seja alcançado.
Piaget, em sua obra “O Nascimento da Inteligência na Criança” (2008), faz uma reflexão sobre duas
grandes abordagens psicológicas: o comportamentalismo e a Gestalt. Para o comportamentalismo, a
criança é como uma folha em branco a ser escrita. Ou seja, não traz nada em si, tudo precisa ser impresso
nela. Já a Gestalt considera que todos possuem uma estrutura mental cheia de referenciais e que o
conhecimento está vinculado a relação que o sujeito estabelece entre a figura e o fundo. Ou seja, aciona,
na mente, aquilo que faz com que ele relembre de padrões mentais. A partir da crítica a estas duas
abordagens, Piaget sugere a teoria que denominou de epistemologia4 genética. O sujeito, na proposta
piageteana, vive dois grandes movimentos: o de acomodação e o de assimilação. Com isso, a criança vai,
a cada fase de seu desenvolvimento, adaptando-se ao meio. Para ele, a inteligência está relacionada a
esta adaptação.
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Estudo sobre a natureza, processos, métodos do conhecimento, seus limites e a relação entre sujeito e objeto.
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Assim a relação professor-aluno é horizontal, professor e aluno constroem o conhecimento partindo de sua
experiência existencial, utiliza-se de situações vivenciais em grupo, enfatizando sempre o diálogo crítico.
Apresentamos abaixo um quadro síntese das teorias estudadas nesta aula, saiba que este quadro irá lhe
acompanhar por todas as discussões acerca do processo ensino aprendizagem, e será muito importante
no momento em que você estiver na escola realizando seu planejamento diário.
É muito importante estudante, relembrá-los que necessário compreender estas abordagens, visto que
elas que nortearão as diretrizes à ação docente, ainda que, levemos em conta que a elaboração dos
planejamentos e das diretrizes curriculares que cada docente realiza é individual e intransferível.
ABORDAGEM TRADICIONAL
Lugar ideal; funções Ser passivo; deve assimilar Transmissor dos Objetivos educacionais devem
definidas; normas e os conteúdos transmitidos conteúdos aos obedecer à lógica dos conteúdos;
disciplinas rígidas; pelo professor; deve alunos; conteúdos baseados em
preparar o indivíduo dominar o conteúdo autoridade. documentos legais e selecionados
para a sociedade. cultural universal da cultura universal acumulada;
transmitido pela escola. aulas expositivas; leituras-cópia.
ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA
ABORDAGEM HUMANISTA
ABORDAGEM COGNITIVISTA
ABORDAGEM SOCIOCULTURAL
Estimados Estudantes.
Depois de percorrermos o cenário da educação no século XXI, não podemos deixar de estudar um fenômeno
cada vez mais presente em nossos contextos sociais e na escola: a inclusão de pessoas com deficiência. No
Brasil, esta é uma situação bastante recente, se considerarmos a legislação e as políticas públicas de inclusão.
Na aula que segue, vamos conhecer um pouco da história da inclusão, a importância que tem a convivência
com pessoas com deficiência para uma educação para a resiliência, os dispositivos legais de inclusão e os
desdobramentos em sala de aula.
Você conhece alguma pessoa com deficiência? Qual é a situação dela? Como ela e a
família se organizam para acolher e superar os limites?
Sugerimos que você entreviste essa pessoa, ou alguém da família, e compartilhe com a turma. É importante
você pegar a autorização do entrevistado para que possa compartilhar a entrevista.
prestavam esse tipo de serviço, normalmente eram mantidas por doações das famílias dos deficientes e o
trabalho bastante calcado no voluntariado.
Segundo Mantoan (2003), três fases marcaram a história da inclusão no Brasil:
A primeira, de 1854 a 1956, era caracterizada por iniciativas individuais, com serviços
voluntários, ações isoladas e com pouca fundamentação científica; a segunda, que
abrange o período de 1957 a 1993, é marcada por um processo de institucionalização e
oficialização dos serviços especializados, mas, ainda, fora do ambiente escolar; e, a
terceira desde 1993 existe a predominância dos movimentos de inclusão, com criação de
leis e políticas que atendam, de forma inclusiva, as pessoas com deficiência.
A escola inclusiva, de acordo com Mantoan (2003), enriquece seu modo de educar na medida em que
acolhe, com os devidos processos de adaptação, tanto as diferenças sociais,
econômicas, étnicas, bem como as deficiências físicas, motoras, sensoriais,
mentais. É evidente que, para um processo educativo inclusivo, é necessário
formar o professor adequadamente, oferecendo-lhe meios para que possa
desenvolver seu trabalho pedagógico com qualidade para todos os estudantes.
O psicólogo russo Lev Vygotsky (1896-1934) foi um dos precursores no estudo
sobre a relação entre a deficiência e o desenvolvimento e a implantação de
meios de superação dos limites, particularmente na educação. Para este autor
(2008), a internalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente
Lev Vygotsky - wikipedia.org
desenvolvidas é o que constitui, no processo formativo, o sujeito humano.
Dessa forma, a deficiência não é uma característica individual, de uma diferença subjetiva, mas pode ser
acolhida pelo grupo social e transformada em um meio de superação de limites de todas as pessoas, já
que, de alguma forma, cada um possui suas limitações.
Para saber um pouco mais da vida e obra de Lev Vygotsky, leia o texto a
seguir.
http://tinyurl.com/hump3h5
O espaço educativo inclusivo possibilita que, por meio da interação, todos se eduquem no convívio com as
diferenças e aprendam, cada um a seu modo, a superar os limites que, inevitavelmente, a vida nos oferece.
Vygotsky (2008) insiste, ainda, que a relação é o ambiente privilegiado da aprendizagem. Através do que o autor
chama de zona de desenvolvimento proximal, cada um aprende na relação com o outro, desenvolvendo-se e
crescendo motivado justamente pelas diferenças na relação. Por isso, no decorrer da história da educação de
pessoas com deficiência, o atendimento especializado, que agrega pessoas de deficiências equivalentes, é
problematizado em relação à inclusão escolar, que propicia o encontro com as diferenças.
A grande diferença entre o atendimento especializado e a inclusão é a concepção social que fundamenta a
defesa de cada uma dessas iniciativas. O atendimento especializado acolhe a pessoa com deficiência
naquilo que é sua necessidade específica, desvinculando-o do ambiente social. Embora essa iniciativa possa
dar suporte ao deficiente, ele permanece marginalizado. A inclusão, por outra parte, possibilita que o
deficiente seja sujeito de seu processo, criando, sobretudo pela convivência, um ambiente que o acolhe e
respeite seus limites. Dessa forma, há uma relação recíproca de adaptação entre o sujeito, o grupo e o meio.
Durante muito tempo, o conceito de pessoa com deficiência esteve relacionado à ideia de incapacidade.
Pensava-se que o deficiente era incapaz de fazer certas coisas, conviver, trabalhar, etc. Com os
movimentos de inclusão, sustentado pela luta de muitas pessoas que, como a Dolores (do vídeo que
assistimos), mostram seu potencial e sua capacidade de contribuir com a sociedade e com o mundo, hoje
sabemos que os deficientes podem ser perfeitamente integrados ao convívio social, em tudo o que ele
significa. Para isso, no entanto, é necessária uma disposição da comunidade e uma adaptação de espaços
e recursos. Vamos ver, no ponto a seguir, como a legislação ampara a inclusão na sociedade e na escola.
Em 1989, como forma de desdobramento da Constituição e regulamentação do Art. 208, a Lei 7.853
define a política nacional da pessoa com deficiência. No mesmo ano, vinculado ao Ministério da Ação
Social, é criada a Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Deficiente. Com isso, o Brasil dá os
primeiros passos significativos na direção da inclusão.
Entretanto, o documento mais importante para a inclusão escolar da pessoa com deficiência foi,
certamente, a Declaração de Salamanca, realizada em 1994. Entre outros avanços, o documento prevê a
criação de meios para o atendimento de estudantes com deficiência dentro da estrutura escolar e
curricular. Também considera crianças com necessidades educacionais especiais aquelas que, de modo
temporário ou permanente, vivem alguma situação que traga prejuízo na aprendizagem. De certa
maneira, as políticas brasileiras caminharam ao lado das propostas internacionais. Por isso, o Brasil
assumiu esta declaração com força de lei nacional.
definia a pessoa com deficiência, em seu artigo 20, como aquela “incapacitada para o
trabalho e para a vida independente”.
O conceito presente nesta lei, inferioriza o deficiente, gera uma assistência paternalista e não proporciona
que, por meio de um processo educativo do sujeito e da sociedade, a pessoa com deficiência realmente se
integre na sociedade. Com base nesta definição, o atendimento escolar a pessoas com deficiência, reduzia-
se a escolas especializadas e separadas dos sistemas regulares de ensino.
Em 2007, na cidade de Nova York, realizou-se a Convenção Internacional Sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência. Esse evento foi muito importante pois trouxe uma nova definição acerca da pessoa com
deficiência. Diz a convenção:
Artigo 1 (...) Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de
condições com as demais pessoas.
O Brasil acolheu esta definição por meio do Decreto 6.949/09, tornando a declaração decorrente da
Convenção, uma peça de lei brasileira.
Segundo Fonseca (2008), o conceito construído pela Convenção amplia a definição para o aspecto social.
A pessoa com deficiência não é aquela que tenha somente restrições da dimensão física ou intelectual,
mas também é cerceada e dificultada por seu meio social. Decorre daí a necessidade de um olhar
prioritário para as práticas inclusivas, que possibilitam, por meio da educação e da adaptação, a
autonomia e a potencialização das qualidades contributivas do deficiente para a própria sociedade.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394, de 20 de dezembro de 1996), trata do
atendimento de estudantes com deficiências nos artigos 58 a 60. O foco da LDB, no entanto, é
direcionado ao atendimento especializado, mais do que à educação inclusiva. Mesmo não sendo clara
quanto à inclusão, no parágrafo 2º. Do Art. 58, o código afirma: “O atendimento educacional será feito em
classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos,
não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular”. Isso coloca o atendimento
especializado em condição de extraordinariedade em relação à inclusão, que deve ser o foco da
educação de pessoas com deficiência.
Como é possível perceber, foi necessário um longo percurso para que a legislação
garantisse o mínimo de condições para que as pessoas com deficiência pudessem
acessar a escola e, mais do que o acesso, tivessem a qualidade necessária do ensino
para o seu pleno desenvolvimento.
Por que isso acontece? Como podemos educar para a superação de limites e a
felicidade? Vamos ver isso, brevemente, nesse ponto.
O sofrimento é condição inerente ao ser humano.
Mas, a felicidade também é. A capacidade que temos de voltar a sorrir, de manifestar alegria, de
viver de bem com a vida, após algum trauma é chamada de resiliência.
Superar as adversidades de vivências pessoal, social e profissional, assim como, situações graves de
doenças ou, perdas, em um exercício de flexibilidade que, permite que a pessoa saia da posição de
vítima, ao (re)significar o sofrimento e superar os traumas, como diz a canção de Paulo Vanzolini,
“Reconhece a queda, mas não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.
A presença de pessoas com deficiência nos grupos sociais, de certa forma, lembra da condição frágil e
vulnerável de todos nós. Em geral, é nossa inabilidade de lidar com nossos próprios limites que produz o
desejo de não estar na presença dessas pessoas. De outra parte, a inclusão de deficientes ajuda a
construir o espírito de solidariedade e de resiliência. Afinal, cada um possui, em algum grau, suas
limitações. Acolher uma criança com deficiência na sala de aula, motivar os colegas a inseri-la nas
brincadeiras, convidá-la a pronunciar-se sobre sua condição, deixa-la solicitar auxílio quando necessário,
compreender seu ritmo de estudo e de aprendizagem, além de ser formas de incluir constitui-se,
também, em estratégias de formação para a resiliência.
Pensar o trabalho pedagógico como possibilidade de inclusão é tarefa inerente ao papel do educador de
nosso tempo. Existem iniciativas muito interessantes de adequação de materiais para deficientes. Na
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Universidade Federal de Minas Gerais, por exemplo, um projeto de extensão produz e distribui, para as
escolas, placas de resina com os órgãos do corpo humano em alto relevo para que deficientes visuais
possam aprender anatomia. Esportes adaptados para cadeirantes são introduzidos em atividades de
educação física em escolas de todo o país.
São iniciativas como estas que, com a devida adequação, cada professor pode pensar e propor em suas
aulas para incluir as pessoas com deficiência. A presença de técnicas e recursos adaptados para
deficientes, no convívio escolar com as demais crianças, vai, paulatinamente, criando o espírito de
acolhida e convivência com as diferenças.
Acolher o sofrimento de alguém é, também, acolher o sofrimento da humanidade, as situações de
desprazer e desconforto que, em algum momento, se faz presente na vida de todos nós. De acordo com
Birman (2009), a principal causa do sofrimento está na idealização de uma sociedade sem sofrimentos.
Daí a importância de, nos processos de aprendizagem, educar para atitudes inclusivas, respeitando as
diferenças, potencializando os talentos, acolhendo os afetos e, sobretudo, vivendo a possibilidade da
felicidade no convívio presente de cada momento, onde todos são acolhidos, respeitados e amados.
REFERÊNCIAS
BIRMAN, Joel. Mal Estar na Modernidade: A Psicanálise e as Novas Formas de Subjetivação. 7ª. Ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
FIORI, Ernani Maria. Textos Escolhidos: v. II. Educação e Política. Porto Alegre: L&PM, 1991.
FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. A ONU e o seu conceito revolucionário de pessoa com
deficiência. In: Revista Legislação do Trabalho. São Paulo. v. 72. n. 3. p. 263-70. Mar. 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000.
FREIRE. PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e
Terra, 1996.
KUHN, Thomas. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2009.
LIBANÊO, José Carlos . Pedagogia e pedagogos para quê? 7. ed. São Paulo: Cortez, 2004, Cap. 1, p. 25-
41.
MANTOAN, Maria Teresa Egler. Inclusão Escolar: O Que é? Por Quê? Como Fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: As abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. 9. ed. Trad. Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio Dória. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
PIAGET, Jean. O Nascimento da Inteligência na Criança. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
SANTOS, Roberto Vatan dos. Abordagens do processo de ensino e aprendizagem. Integração. São
Paulo, ano XI, n.40, p.19-31, jan/fev/mar, 2005. Disponível em
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SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: Uma Introdução às Teorias do Currículo. Belo
Horizonte: Autêntica, 1999.
VYGOTSKY, Lev S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
GLOSSÁRIO
Epistemologia: Estudo sobre a natureza, processos, métodos do conhecimento, seus limites e a relação
entre sujeito e objeto.
Paradigma: Modo de compreender a realidade, com seus desdobramentos nas várias áreas: ciência,
política, cultura, educação, entre outras.
Sistema fordista: Termo criado por Henry Ford, em 1914, que se refere ao modelo de produção em
massa de um produto, ou seja, ao sistema das linhas de produção. Fonte: http://tinyurl.com/zngl2hm