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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
1

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA


EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

Título: PLANO DE TRABALHO DOCENTE NO CONTEXTO DA ESCOLA


DEMOCRÁTICA
Autor Claudio Gomes de Oliveira
Disciplina/Área Gestão Escolar
Escola de Implementação do Colégio Estadual Polivalente de Goioerê Ensino
Projeto e sua localização Fundamental, Médio e Profissional.
Rua Dr. Rosalvo G. de Mello Leitão, 600 Jd. Curitiba
CEP: 87360-000
Cidade: Goioerê– PR
Município da escola Goioerê - Pr.
Núcleo Regional de Educação Goioerê - Pr.
Professor Orientador Profa. Ms. Natalina Francisca Mezzari Lopes
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá.
Relação Interdisciplinar Área Pedagógica
Resumo Esta produção didática volta-se para o Plano de
Trabalho Docente, no contexto da gestão democrática,
que tem no Projeto Político Pedagógico o vínculo que dá
sustentação às condições para a qualificação do
processo de ensino e aprendizagem. A temática
constitui-se eixo fundamental da organização do
trabalho escolar a qual tem como princípio constitucional
garantir o direito ao acesso e permanência na escola de
toda criança em idade escolar e a quem dela não teve
acesso em idade própria. O texto aponta
encaminhamentos de ações que possam contribuir para
o avanço das reflexões, tais como: a gestão da escola
voltada para oportunizar a participação da comunidade
escolar na construção e implementação do PPP; o
Plano de Trabalho Docente constitua-se numa
coletividade com os planos de trabalho da direção, dos
pedagogos, dos funcionários e do bibliotecário sendo
uníssonos com os pressupostos teóricos e
metodológicos explícitos no PPP; por fim, que a prática
docente seja dinâmica, com conteúdos planejados que
apontem significados na formação dos alunos e que
estejam voltados para uma educação de qualidade.
Palavras-chave GESTÃO DEMOCRÁTICA; PROJETO POLÍTICO
PEDAGÓGICO; PLANO DE TRABALHO DOCENTE.
Formato do Material Didático Unidade Temática
PDF
Público Alvo Professores, funcionários, equipe pedagógica e
comunidade.
2

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS
EDUCACIONAIS PROGRAMA DE
DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CLAUDIO GOMES DE OLIVEIRA

PLANO DE TRABALHO DOCENTE NO CONTEXTO DA ESCOLA DEMOCRÁTICA

GOIOERÊ
2013
3

CLAUDIO GOMES DE OLIVEIRA

PLANO DE TRABALHO DOCENTE NO CONTEXTO DA ESCOLA DEMOCRÁTICA

Material apresentado à Secretaria de


Estado da Educação – SEED, como parte
dos requisitos do Programa Educacional –
PDE, em convênio com a Universidade
Estadual de Maringá – UEM. Professora
Orientadora: Ms. Natalina Francisca
Mezzari Lopes (Universidade Estadual de
Maringá).

GOIOERÊ
2013
2

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 3

1 GESTÃO DEMOCRÁTICA ............................................................................... 5

2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ............................................................. 11


2.1 Concepções e vivências ............................................................................. 11
2.2 Construção do Projeto Político Pedagógico ............................................... 15

3 PLANO DE TRABALHO DOCENTE ................................................................ 17


3.1 Importância do Planejamento Docente ...................................................... 17
3.2 Articulação entre Projeto Político Pedagógico e o Plano de Trabalho
Docente................................................................................................................ 22

4 ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DO TRABALHO ESCOLAR: UM


ORGANOGRAMA EM CONSTRUÇÃO .............................................................. 25
4.1 Organização Pedagógica do Trabalho Escolar .......................................... 29

5 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 30
3

APRESENTAÇÃO

Esta produção didática volta-se para o Plano de Trabalho Docente, no


contexto da gestão democrática, que tem no Projeto Político Pedagógico o vínculo
que dá sustentação às condições para a qualificação do processo de ensino e
aprendizagem. A temática constitui-se eixo fundamental da organização do trabalho
escolar o qual tem como princípio constitucional garantir o direito ao acesso e
permanência na escola de toda criança em idade escolar e a quem dela não teve
acesso em idade própria.
Isso significa que para o atendimento de tais objetivos educacionais envolve-
se o trabalho de todos que atuam na escola, especialmente da equipe de gestão,
discutindo e apresentando ações no PPP da escola de forma que possam contribuir
de forma decisiva para que o projeto se torne vivo e efetivo, especialmente, em sala
de aula.
Os princípios democratizantes abrangem também a participação da
comunidade escolar que nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN) 9394/96 precisam ter espaços na instituição de ensino para a
participação da comunidade escolar e local em conselhos criando processos de
integração da sociedade com a escola. (Art. 14)
Diante dos determinativos legais o gestor da escola é o principal articulador
do envolvimento da comunidade escolar e dos trabalhadores da escola na
construção e implementação do projeto pedagógico e planos de trabalho. Na
dinâmica da função do gestor contempla a necessidade de proporcionar ambiente
favorável para que ocorra a participação de todos e, por consequência, a valorização
dos agentes da comunidade para a participação da construção das ações que
permeiam o processo de ensino e aprendizagem.
Porém, não é esta a realidade que se tem presenciado no interior da escola.
Quando a comunidade se reúne no ambiente escolar e o tema é Projeto Político
Pedagógico e Plano de Trabalho seja do docente, do pedagogo, do gestor, e demais
funcionários da escola, pouco se tem refletido com seriedade sobre tais assuntos,
tanto na construção como na implementação dos mesmos. Percebe-se, em alguns
estabelecimentos de ensino, que o Projeto Político Pedagógico tem sido um
documento cujo objetivo central é o cumprimento formal de uma norma exigida pelos
4

órgãos centrais e legais, com anuência da Secretaria de Estado da Educação. É


algo que parece ser construído por mera formalidade.
Nesse entendimento, os Planos de Trabalho dos profissionais da educação
apresentam-se também como um documento formal a ser entregue para equipe
pedagógica e que não apresenta nenhum sentido na prática dos que trabalham na
escola. Desta forma, torna-se possível perceber que existem alguns determinantes
que influenciam diretamente no processo ensino aprendizagem e desempenho dos
alunos. Estes determinantes podem ser evidenciados tanto nas avaliações interna
quanto externa, constatando-se assim que um deles está relacionado a elaboração
do planejamento e o outro ao processo de execução do mesmo em sala de aula.
As alegações mais comuns que se ouve por parte dos professores, quanto a
falta de participação na construção do Projeto Político Pedagógico e Plano de
Trabalho Docente são as de que o professor possui carga horária excessiva, que
falta tempo para planejar suas aulas, desconhecem a realidade da escola devido
rotatividade, licenças médicas periódicas e ou especial. Diante destas alegações
está a falta de coerência entre o Projeto Político Pedagógico e o Plano de Trabalho
Docente, consequentemente a não articulação entre o que se propõe no Plano de
Trabalho Docente e o que se pratica em sala de aula.
Diante dessas dificuldades em relação ao planejamento e a ação docente o
texto aponta encaminhamentos e proposições que possam contribuir para o avanço
das reflexões, tais como: a gestão da escola voltada para oportunizar a participação
da comunidade escolar na construção e implementação do PPP; o Plano de
Trabalho Docente precisa constituir-se numa coletividade com os planos de trabalho
da direção, dos pedagogos, dos funcionários, do bibliotecário, da comunidade, etc,
sendo uníssonos com os pressupostos teóricos e metodológicos explícitos no
Projeto Político Pedagógico; por fim, que a prática docente seja dinâmica, com
conteúdos planejados que apontem significados na formação dos alunos e que
estejam voltados para uma educação de qualidade.
Esta produção didática pretende contribuir para superar as dificuldades
levantadas, promovendo uma discussão a respeito da construção coletiva do Projeto
Político Pedagógico e sua articulação com os Planos de Trabalho de cada segmento
da escola, cuja intencionalidade é buscar oferecer aos professores elementos que
possam subsidiá-los em sua ação pedagógica, utilizando-os de maneira crítica e
reflexiva na construção de uma educação mais democrática e significativa.
5

1 GESTÃO DEMOCRÁTICA

Tendo como entendimento de que é o gestor o articulador do trabalho


pedagógico realizado no interior da escola torna-se necessário compreender como
se organiza esse trabalho numa gestão democrática e participativa. - O primeiro
pressuposto da gestão democrática, é a existência do Conselho Escolar. Este tem
papel fundamental, na elaboração e implementação de documentos norteadores da
instituição (Projeto Político Pedagógico Regimento Escolar, Diretrizes Curriculares,
entre outros), - que são os suportes do trabalho do gestor.. Ressalta-se ainda que o
Conselho Escolar é um órgão colegiado, representativo da Comunidade Escolar, de
natureza deliberativa, consultiva, avaliativa e fiscalizadora, sobre a organização e
realização do trabalho pedagógico e administrativo da instituição escolar em
conformidade com as políticas e diretrizes educacionais.
O Conselho Escolar tem, como principal atribuição, aprovar e acompanhar a
efetivação do Projeto Político Pedagógico da escola, eixo de toda e qualquer ação a
ser desenvolvida no estabelecimento de ensino. Como elemento norteador da ação
educativa o PPP,, representa o suporte legal para a implementação de uma gestão
democrática, por isso, deve ser elaborado coletivamente. Conforme descrito na LDB
9394/96:

Art. 14: Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão


democrática do ensino público na educação básica, de acordo com
as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto pedagógico da escola;
II participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalente.

Na década de 1980, o mundo viveu uma crise de organização institucional e,


com isso, passou a questionar o modelo que determinava o funcionamento dos
órgãos públicos, dentre eles a escola. Após um longo período de ditadura (desde o
Golpe Militar de 1964 até a eleição de Tancredo Neves em 1985), o Brasil vive o
movimento de democratização. Elabora-se a Constituição de 1988 e um novo
conceito de planejamento se estabelece. A escola passa a receber em seu interior
populações antes excluídas, necessitando adequar sua prática à nova realidade.
Essas mudanças requerem um novo Projeto Político Pedagógico que sustentasse
esse novo modelo de educação como um bem público que ora se propunha.
6

A educação escolar é um bem público de caráter próprio por implicar


a cidadania e seu exercício consciente, por qualificar para o mundo
do trabalho, por ser gratuita e obrigatória no ensino fundamental, por
ser gratuita e progressivamente obrigatória no ensino médio, por ser
também dever do estado na educação infantil (CURY, 2007, p. 484).

A escola pública é o espaço destinado a receber crianças e jovens, com o


compromisso, a partir da Constituição Federal de 1988 de formar cidadãos
conscientes e prepará-los para o mundo do trabalho. O gestor escolar tem a sua
função circunscrita no rol dos direitos que significa mobilizar a comunidade escolar
para que esses direitos sejam assegurados para todos. “Nesse sentido, o papel do
gestor é o de assumir e liderar a efetivação desse direito no âmbito de suas
atribuições" (CURY, 2007, p. 484).
Democratizar o ensino não se constitui apenas em construir escolas, é
preciso garantir, no ambiente escolar, que todos tenham a escola como espaço onde
se possa aprender o saber científico e, por que não dizer, aprendendo com
entusiasmo. Para isso, a escola necessita construir sua autonomia, com a
comunidade em que está inserida, buscando soluções adequadas às necessidades
do seu cotidiano escolar. Isso é possível, desde que seja compromisso de todos os
envolvidos no Projeto Político Pedagógico.

A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática


na escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários
no processo de tomada de decisões e no funcionamento da
organização escolar. Além disso, proporciona um melhor
conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e
de sua dinâmica, das relações da escola com a comunidade, e
favorece uma aproximação maior entre professores, alunos e pais.
Nas empresas, a participação nas decisões é quase uma estratégia
que visa o aumento de produtividade. Nas escolas, esse objetivo não
precisa ser descartado, pois elas também buscam bons resultados.
Entretanto, há aí um sentido mais forte de prática de democracia, de
experimentar formas não-autoritárias de exercício do poder, de
intervir nas decisões da organização e definir coletivamente o rumo
dos trabalhos (LIBÂNEO, 2004, p. 102).

.
Pensar a gestão escolar voltada para a garantia dos direitos à educação e
para a transformação social implica romper com o tipo de administração escolar
pautada na centralização do poder do diretor. Esse novo pensar deve primar pela
participação dos usuários da educação na administração ou gestão da escola.
7

Embora, como temos observado, não tenha sido esta a prática nas escolas ao longo
dos tempos.

Em muitas unidades escolares há líderes que não sabem como


conviver com situações de conflito, menos ainda com pessoas que
têm posicionamentos questionadores, inquietantes. Geralmente, com
esse tipo de liderança, as pessoas que têm discordâncias e as
revelam são desmerecidas e,em alguns casos, até discriminadas
pelo líder, que, sentindo-se ameaçado por seus questionamentos,
tenta abafar sua participação, chegando até mesmo impor sua
vontade e/ou a desmoralizar a pessoa na frente dos outros membros
do grupo (FRANCO, 2010, p. 35).

Diante do que determinam a Constituição Federal de 1988 e a Lei de


Diretrizes e Bases da Educação nº. 9394/96, a gestão democrática só se efetiva
quando o gestor, através de um processo democrático, possibilita a participação da
comunidade escolar (pedagogos, professores, funcionários, pais, alunos e
sociedade organizada) na tomada de decisões e na construção de documentos que
norteiam a prática pedagógica da escola. Nesse sentido, Castro afirma que:

[...] A gestão democrática traz como fundamento o efetivo


envolvimento e participação de todos na tomada de decisão do
processo administrativo e do planejamento pedagógico escolar.
Logo, considera-se de fundamental importância o Projeto Político
Pedagógico como instrumento de articulação entre os meios e os
fins, fazendo o ordenamento de todas as atividades pedagógico-
curriculares e a organização da escola tendo em vista os objetivos
educacionais (CASTRO, 2007, p.135).

Muitas vezes o gestor e a equipe pedagógica, acabam se envolvendo com


diferentes atividades na escola, e a parte principal, que seria o processo ensino-
aprendizagem que se efetiva na sala de aula, acaba ficando sob a responsabilidade
quase exclusiva dos professores. Isso acontece, principalmente pela falta de
recursos financeiros, humanos, pedagógicos e problemas operacionais da escola
conforme descreve Paro:

Em termos práticos, as atividades de direção restringem-se ao diretor


– e ao assistente de diretor, seu coadjuvante no comando da escola.
Mas estes também acabam se envolvendo em atividades rotineiras
que pouco têm a ver com uma verdadeira coordenação do esforço do
pessoal escolar com vistas à realização de objetivos pedagógicos.
Concorrem para isso, em grande medida, as precárias condições de
funcionamento da escola pública, que se vê às voltas com falta de
material didático, espaço físico impróprio para suas funções, móveis
8

e equipamentos deteriorados, formação inadequada do corpo


docente, escassez de professores e demais funcionários para fazer
frente às mais elementares necessidades (PARO, 2000, p. 73).

Para que a gestão democrática aconteça, se fazem necessárias mudanças de


atitudes, posturas inovadoras, tanto por parte do gestor e equipe, como por parte da
comunidade escolar, uma vez que são eles os articuladores e os facilitadores dos
momentos de discussão para que as mudanças aconteçam. Mudar, muitas vezes
causa insegurança, provoca desconforto, mas significa também transformação,
alteração de uma situação, passagem de um estado para outro, com o firme
propósito de buscar resultados significativos.

Precisamos, pois, ter uma atitude positiva mediante a mudança,


reconhecendo que ela faz parte de nossa vida e das instituições, que
ela não é uma ameaça, mas uma oportunidade de desenvolvimento
pessoal e profissional. Uma das formas mais eficazes de aprender a
enfrentar as mudanças e ir, ao mesmo tempo, construindo uma nova
postura profissional e o desenvolvimento de uma atitude crítico-
reflexiva, isto é, o desenvolvimento da capacidade reflexiva com
base na própria prática (LIBÂNEO, 2004, p. 38 e 39).

Nessa mesma direção, acrescenta que a participação efetiva da comunidade


escolar não acontece espontaneamente, é necessária a existência de mecanismos e
estratégias para que aconteça e efetive sua participação. Nesse contexto, destaca a
importância do gestor, pois é através do seu envolvimento com a comunidade
escolar que deverá proporcionar ambiente favorável para que a participação de
todos se efetive.

[...] tendo em conta que a participação democrática não se dá


espontaneamente, sendo antes um processo histórico em construção
coletiva, coloca-se a necessidade de se preverem mecanismos
institucionais que não apenas viabilizem, mas também incentivem
práticas participativas dentro da escola pública (PARO, 2000, p. 46).

Nesse sentido, cabe ao gestor escolar, bem como à equipe de direção, mudar
esta realidade e fazer acontecer a gestão democrática. Assim, pedagogo e equipe
de direção serão os protagonistas em articular um constante diálogo com os
diferentes segmentos da escola, oferecendo condições de participação, valorizando
a contribuição para que a comunidade se sinta parte importante nesse processo de
construção coletiva e no desenvolvimento das ações da escola.
9

O planejamento numa perspectiva democrática valoriza a


participação de todos os segmentos da comunidade escolar, pois a
percepção de todos da realidade da escola contribui para projetar a
escola sonhada por todos. Para isto, o planejamento democratizado
propicia à escola poderes para pensar seus próprios dilemas, numa
relação horizontal entre os diversos atores do contexto escolar, e
para efetivar, por meio de um planejamento sistematizado, o projeto
político-pedagógico da escola. Desta maneira, é pela vivência
cotidiana e pelo trabalho coletivo que se buscam alternativas práticas
que viabilizem e valorizem a especificidade da escola, pois é por
meio de reuniões de planejamento, entre outras ações, que a escola
dá vida ao seu projeto numa perspectiva democrática, com objetivos
bem definidos, entre os quais destacamos:[...] (FRANCO, 2010, p.
56).

A gestão democrática é um processo político, através do qual a comunidade


na escola discute, delibera, planeja, aponta os encaminhamentos para solucionar os
problemas, acompanha e avalia as ações voltadas ao desenvolvimento da própria
escola. Tudo isso sustentado no diálogo e na austeridade, tendo como base a
participação efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar, garantindo,
assim, o amplo acesso às informações aos sujeitos da escola. Assim,

[...]se estamos interessados na participação da comunidade na


escola, é preciso levar em conta a dimensão em que o modo de
pensar e agir das pessoas que aí atuam facilita/incentiva ou
dificulta/impede a participação dos usuários. Para isso, é importante
que se considere tanto a visão da escola a respeito da comunidade
quanto sua postura diante da própria participação popular (PARO,
2000, p. 47).

Nesse contexto, o gestor deve ter a clareza de que não dá para isentar ou
comprometer apenas o Estado com as obrigações com a educação. Entender que
autonomia da escola não implica apenas dever do Estado, mas de todos os
envolvidos no processo, buscando oferecer educação de qualidade e em quantidade
suficiente para atender a demanda social.
A escola não está posta para produzir ou priorizar investimentos através de
arrecadação de fundos extras para manutenção do patrimônio público em detrimento
de um plano de educação que atenda aos interesses de toda a comunidade. Não se
pode priorizar promoções e o ambiente físico em prejuízo ao pedagógico, pois é esta
uma das principais obrigações do gestor quando atua na coordenação da
construção coletiva do Projeto Político Pedagógico, bem como o acompanhamento e
a implementação das ações nele previstas.
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Uma vez que o Projeto Político Pedagógico deve retratar a realidade


institucional e concreta da escola, não deve se tratar de uma ação isolada do gestor;
todos os profissionais em educação do estabelecimento deverão elaborar seus
planos de trabalho abrangendo os aspectos social, histórico, econômico e cultural
da instituição de ensino em que estão lotados.
Um fator importante que o gestor e os profissionais de educação não deverão
perder de vista e tornar claro em seus planos de ação, é a importância do físico e do
financeiro na atuação conjunta com o pedagógico numa perspectiva voltada ao
processo ensino e aprendizagem, mostrando que são importantes para que se
possam alcançar os resultados planejados.
Todo estabelecimento de ensino recebe, através de programas dos governos
Estadual e Federal, verbas para manutenção e desenvolvimento da educação;
quando necessário, o gestor ainda pode solicitar verbas extraordinárias para suprir
as necessidades mais urgentes.
Quando adequamos um ambiente, tornando-o limpo, arejado, bem iluminado,
adquirindo mobiliários, adquirindo material pedagógico, oferecendo melhores
condições de trabalho aos profissionais e alunos, os resultados são mais
significativos de ambas as partes. Outro fator importante no processo ensino-
aprendizagem é a estrutura física, ambiente de acolhimento da comunidade escolar.
Escola pintada, grama aparada, árvores podadas, iluminação adequada, ambientes
higienizados como cozinha, refeitório, banheiros, salas de aula, laboratórios, entre
outros. Alunos bem acolhidos e melhor acomodados apresentam mais significância
nos resultados.
Sendo a escola esse ambiente favorável à produção do conhecimento e ao
debate em reuniões escolares periódicas a avaliação dos resultados torna-se um
fator integrado de todo o processo educativo, isto é, será levado em consideração a
avaliação para se iniciar o planejamento, depois fará parte da execução assim como
ao final da realização das ações.ou no final do período letivo. É nesses momentos
que o gestor, equipe de direção e a comunidade escolar repensam a forma de
gestão praticada, para não incorrerem no erro de centralizarem as atitudes e essas
reuniões se tornarem somente espaços para aprovar as decisões já tomadas pela
escola. Deve-se lembrar que, na escola, tem-se como objetivo principal o processo
de ensino e aprendizagem.
Sendo o gestor o responsável pela instituição escolar, cabe a ele, juntamente
11

com a equipe pedagógica, estarem atentos aos resultados aferidos e, em sendo não
satisfatórios, estabelecer ações pedagógicas para que possa acontecer a
superação. Tal ação envolve os órgãos internos e externos mas, sobretudo, ações
pedagógicas, com a participação dos envolvidos diretamente no processo de ensino
e aprendizagem, professores, alunos, pais, instâncias colegiadas com a participação
efetiva do gestor e da equipe pedagógica.

2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

2.1 Concepções e vivências

Toda comunidade escolar (gestores, professores, funcionários, pais, alunos e


segmentos da sociedade), de forma conjunta, deve elaborar o Projeto Político
Pedagógico. O foco está em compreender a realidade cotidiana para propor
mudanças. É partindo desse pressuposto que a LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional no Art. 12, estabelece que:

Os Estabelecimentos de Ensino, respeitadas as normas comuns e as


do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I. Elaborar e executar a proposta pedagógica;
II. Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
II. Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula
estabelecidas;
IV. Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V. Promover meios para recuperação de alunos de menor
rendimento;
VI. articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos
de integração da sociedade com a escola;
VII. Informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o
rendimento dos alunos bem como sobre a execução de sua proposta
pedagógica (BRASIL, 1996).

A primeira, e como não dizer a mais importante função da escola, é elaborar


seu Projeto Político Pedagógico (PPP). Ele é o documento norteador da proposta
pedagógica da escola, é ele que oferece embasamento para a elaboração do Plano
de Trabalho Docente, assim como o plano de todos os trabalhadores da instituição
de ensino.
Toda escola tem os objetivos que deseja alcançar explicitados em seu Projeto
Político Pedagógico, e metas a cumprir contempladas em seu plano de ação e
sonhos a realizar, que seria o conhecimento acumulado ao longo de toda vida. O
12

conjunto dessas aspirações, bem como os meios para concretizá-las, é o que dá


forma e vida ao Projeto Político Pedagógico e Plano de Trabalho Docente.
Os princípios que norteiam o Projeto Político Pedagógico, embasado em
Veiga (2005, p. 16-22) são:
a) Igualdade de condições para acesso e permanência na escola;
b) Qualidade;
c) Gestão democrática;
d) Liberdade;
e) Valorização do Magistério.
No primeiro princípio, entende-se que todos os sujeitos deverão ter iguais
condições de acesso à cultura, ao conhecimento historicamente construído, de
maneira que todos "possam participar em termos de escolha ou mesmo de
concorrência no que uma sociedade considera como significativo e onde tais
membros possam ser bem sucedidos" (CURY, 2007, p. 486).
O segundo princípio, qualidade, entende-se que é a apropriação dos
conhecimentos adquiridos e historicamente produzidos pela humanidade. "A
qualidade do ensino supõe a busca do melhor, de um padrão científico e
fundamentado em conteúdos acumulados e transmitidos" (CURY, 2007, p. 486).
O terceiro princípio, a gestão democrática, também de amparo legal, discutida
anteriormente, engloba o encaminhamento pedagógico da escola, o administrativo e
o financeiro da instituição. Implica participação de vários segmentos da escola.
O princípio da liberdade está condicionado à "liberdade para aprender, para
ensinar, pesquisar e divulgar a arte e o saber direcionados para uma
intencionalidade definida coletivamente" (VEIGA, 2005, p. 19).
Valorização do Magistério - Segundo Veiga (2005), deve ser o ponto central
nas discussões do Projeto. Quando se fala de qualidade da educação, o primeiro
aspecto que é analisado é a formação do professor. "A sala de aula [...] é o lugar
apropriado do direito de aprender do discente, e daí se projeta para o mundo que vai
rompendo fronteiras e revelando, ainda que por contradição, o caráter universal do
homem" (CURY, 2007, p. 488).
Se o professor pode ser considerado o fio condutor do processo educacional,
o PPP deverá contemplar a maneira como se dará a formação continuada dos
mesmos, assim como garantir a formação dos demais profissionais que fazem parte
da escola. Assim, compete à escola:
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a) Proceder ao levantamento de necessidades de formação


continuada de seus profissionais;
b) elaborar seu programa de formação, contando com a participação
e apoio dos órgãos centrais, no sentido de fortalecer seu papel na
concepção, na execução e na avaliação do referido programa.
(VEIGA, 2005, p. 20).

A autora reforça que essa formação não deve estar vinculada somente aos
conteúdos curriculares, mas também à compreensão de todo o contexto escolar e
suas relações com a sociedade, especialmente no tangente às relações
democráticas no contexto escolar.
Apesar das inúmeras dificuldades, reconhece-se que os avanços quanto à
formação estão sendo implantados nos últimos anos no Estado do Paraná. A
formação continuada faz com que os profissionais envolvidos se sintam mais
valorizados e, por sua vez, passam a valorizar mais o espaço onde desenvolvem
seus trabalhos. Aos poucos nota-se uma mudança de postura do professor em sala
de aula, em relação ao aluno e em relação ao colega. Entretanto, estão faltando
investimentos por parte do Estado no que diz respeito à concretização de políticas
que garantam a valorização dos profissionais da educação, no que se refere a
melhores condições de trabalho, valorização salarial, formação adequada a todos os
profissionais para atender as novas demandas da escola, principalmente no que se
refere à inclusão e à diversidade. Sabe-se que já existem avanços consideráveis,
mas ainda temos um longo caminho a percorrer. As condições de trabalho na escola
fazem parte do processo de democratização do ensino, como bem explica Veiga:

Ao iniciar um processo de reflexão sobre a escola e a necessidade


de seu redimensionamento, os educadores precisam estar motivados
e preparados para construir a nova proposta. A valorização
profissional, partindo de um plano de carreira com critérios justos de
ascensão funcional, garantirá a permanência de bons profissionais
nas escolas, evitando a rotatividade, o absenteísmo, a alienação.
Articulada a esse aspecto, outra condição que vimos repetindo
insistentemente, pelos resultados positivos apresentados pela
pesquisa, diz respeito à formação em serviço realizada na escola,
com base na reflexão sobre as práticas pedagógicas, com tempos
coletivos de estudos desenvolvidos permanentemente, de forma
contínua e sistemática (VEIGA, 1998, p. 108).

Reforça-se que, além da valorização, torna-se muito importante o


envolvimento desses profissionais na organização do trabalho escolar como um
todo. A maneira de envolvê-los é na construção coletiva do Projeto Político
14

Pedagógico. A escola deve ser o espaço democrático onde ocorra a concepção,


realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que é no seu interior que
ocorre a organização do trabalho pedagógico. Nesse sentido, o Projeto Político
Pedagógico vai além de um simples grupo de planos de ensino ou de outras
atividades diversas, não é algo que se elabora para ser arquivado, o Projeto Político
Pedagógico da escola é construído para ser vivenciado em todos os momentos, por
todos os envolvidos no processo educativo da escola. Veiga retrata assim sobre este
assunto:

O projeto político-pedagógico, ao se construir em processo


democrático de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de
organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos,
buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e
autoritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal e
racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da
escola, diminuindo os efeitos fragmentários da divisão do trabalho
que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão
(VEIGA, 1995, p. 13-14).

Pensar o papel político e pedagógico que a escola cumpre no interior de uma


sociedade historicamente situada, dividida em classes sociais, dentro de um modo
de produção capitalista, implica reconhecer a educação como um ato político que
possui uma intencionalidade, vista sob três princípios norteadores, que são:

a) Igualdade de condições para acesso e permanência na escola; b)


Qualidade que não pode ser privilégio de minorias econômicas e
sociais; c) Gestão democrática é um princípio consagrado pela
constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica,
administrativa e financeira (VEIGA, 1995, p. 13-14).

Para a escola concretizar a construção de seu projeto pedagógico, precisa ter


clareza do aluno, do cidadão que pretende formar, se organizar de forma que seus
princípios democráticos ofereçam condições para tal, organizar-se em princípios
democráticos, contar com profissionais que priorizem as orientações contidas no
projeto da escola e as desenvolva em suas práticas docentes, na perspectiva de
formar cidadão crítico e autônomo. Veiga esclarece essa questão dizendo que:

Esta será uma tarefa que envolve vários tipos de desafios; no


entanto, a escola é um campo apropriado. Dificilmente
encontraremos um espaço tão rico como a escola para experimentar
15

a desafiante aventura que é se propor co-autor de um processo


educativo, e é exatamente isso que suscita um projeto político-
pedagógico. A co-autoria implica uma instância que extrapola a mera
transmissão do saber; antes está vinculada ao autoconhecimento, ao
conhecimento do outro e da realidade mais ampla (VEIGA, 1996, p.
94).

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (SEED), o Projeto


Político-Pedagógico constitui-se em um instrumento de organização do trabalho
pedagógico, e este deve mobilizar os sujeitos na organização, formulação,
implantação, reelaboração da concepção e das ações para o enfrentamento da
realidade e das necessidades educativas dos sujeitos escolares. Veiga (2004, p. 14)
afirma que “a principal possibilidade de construção do projeto político-pedagógico
passa pela relativa autonomia da escola, de sua capacidade de delinear sua própria
identidade”. Isto significa resgatar a escola como espaço público, lugar de debate,
do diálogo, fundado na reflexão coletiva.
Portanto, há necessidade de que os envolvidos na organização do trabalho
pedagógico percebam a importância do Projeto Político Pedagógico como subsídio
para que a teoria e a prática se efetivem num compromisso político com a realidade,
sendo que ele não passe a ser apenas um documento que atenda as exigências
legais, mas também como norteador do trabalho pedagógico, comprometido com as
funções da escola pública.
O Projeto Político Pedagógico é um documento que está sempre em
construção, pois mudanças acontecem, e estas se refletem na organização da
escola.

2.2 Construção do Projeto Político Pedagógico

A Construção do Projeto Político Pedagógico parte dos princípios


anteriormente discutidos e aprofunda sua construção em sete elementos básicos,
que são: "as finalidades da escola, a estrutura organizacional, o currículo, o tempo
escolar, o processo de decisão, as relações de trabalho e a avaliação" (VEIGA,
2005, p. 22).
É primordial que todos os envolvidos no trabalho escolar (os professores,
funcionários, gestores, pedagogos, alunos, pais e comunidade à qual a escola
pertence), devam ter clareza da finalidade da escola, que deve permear todo
processo escolar e compreender a finalidade principal da educação, que é o tipo de
16

formação científica e cultural que se deve processar no espaço escolar daquele


estabelecimento.
Quanto à estrutura organizacional, esta poderá ser dividida em dois tipos:
Administrativo e Pedagógico. Quanto à estrutura administrativa, compreende o
prédio como um todo e todos os recursos materiais disponíveis. Sua manutenção
requer recursos financeiros que são de responsabilidade dos órgãos mantenedores,
no caso das escolas públicas, compete aos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Sua gerência e aplicação ficam ao encargo do gestor do estabelecimento
juntamente com os conselhos instituídos.
A Estrutura pedagógica refere-se às questões do ensino e aprendizagem que
se processa na escola. Este é o ponto principal que deve permear as discussões
acerca do PPP, visto que a autonomia da instituição escolar está em definir, com a
comunidade, as ações pedagógicas que devem fundamentar a prática do ensino na
escola.
Currículo: "importante elemento constitutivo da organização escolar. Currículo
implica, necessariamente, a interação entre os sujeitos que têm o mesmo objetivo e
a opção por um referencial teórico que o sustente” (VEIGA, 2005, p. 26).
Compreendendo o currículo como a organização do conhecimento escolar, ele deve
estar pautado nos conhecimentos historicamente construídos, embora adequados
aos novos conceitos, novas descobertas e respeitando as diversidades e o respeito
à cultura local.
Tempo escolar refere-se aos momentos da organização do trabalho escolar.
A escola tem instituído um calendário escolar, aprovado pelos órgãos competentes,
que garante os dias letivos constantes na LDB. Cabe à escola reavaliar e distribuir
esse tempo. Ao definir o tempo, a equipe tem de planejar de forma a atender
momentos de discussão e avaliação do Projeto Pedagógico, compreender os alunos
e a forma como aprendem, para que os professores revisem seu plano de trabalho
docente. "É preciso tempo para os estudantes se organizarem e criarem seus
espaços para além da sala de aula" (VEIGA, 2005, p. 30).
O processo de decisão deve ser pautado nas decisões coletivas. Isso requer
um novo olhar sobre as relações de poder que compreendem o universo escolar. É
preciso romper com posturas autoritárias ainda presentes em nossas escolas
públicas. As decisões, quando tomadas no coletivo, têm maior respaldo de toda a
comunidade escolar. As decisões coletivas compreendem maior comprometimento
17

de todos pela melhoria da qualidade do ensino e nas relações humanas dentro do


espaço escolar.
Quando se discutem as relações de trabalho, essas devem ser embasadas na
solidariedade, no compromisso ético com o grupo, nas trocas de experiências entre
os pares, participação e comprometimento coletivo. Não se pode negar as situações
de conflito que fazem parte das organizações como um todo. "Só se consegue um
grupo coeso quando os conflitos são explicitados e intermediados, mas para que
isso ocorra é necessário que as divergências sejam discutidas numa postura de
respeito mútuo" (FRANCO, 2010, p. 35).
A avaliação é um processo de suma importância no contexto do ensino.
Avalia-se para conhecer a realidade, para reconhecer os avanços e as dificuldades
do ensino, para retomada de ações. "O processo de avaliação envolve três
momentos: a descrição e a problematização da realidade escolar, a compreensão
crítica da realidade descrita e problematizada e a proposição de alternativas de
ação, momento da criação coletiva" (VEIGA, 2005, p. 32).

3 PLANO DE TRABALHO DOCENTE

3.1 Importância do Planejamento Docente.

Da mesma forma que o Projeto Político Pedagógico é regido pela legislação,


o mesmo acontece com o Plano de Trabalho Docente. É partindo desse pressuposto
que os estabelecimentos de ensino, através da LDB 9394/96 Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, no Art. 12, estabelecem que: “Os estabelecimentos de
ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
incumbência de: IV velar pelo cumprimento do plano de trabalho docente”.
A queixa de gestores e dos pedagogos é de que o Plano de Trabalho
Docente, que deveria ser para o professor o documento orientador de sua prática
pedagógica, tem se apresentado para alguns como mero documento a ser entregue
para a equipe pedagógica ou para a secretaria da escola. É preocupante, pois toda
a ação requer um planejamento que se define:

planejar é transformar a realidade na direção escolhida", "planejar é


dar certeza e precisão à própria ação "planejar é realizar um
conjunto orgânico de ações, proposto para aproximar uma realidade
18

a um ideal" e "planejar é realizar o que é importante - essencial e


além disso sobreviver... se isso for essencial - importante ( GANDIN,
1983, p. 20).

O planejamento deve ser pautado na prática reflexiva para transformar a


realidade. Nem sempre essa prática ocorre no interior das escolas, por muitas vezes
é comum ouvir de alguns professores que o planejamento não se faz necessário,
pois a experiência adquirida ao longo dos anos lhes dá competência para, na sala
de aula, desenvolver conteúdos com a mesma qualidade como se as aulas tivessem
sido planejadas. Relatam ainda que, no início do ano letivo, a entrega do
planejamento é meramente para cumprimento de prazo, apenas para cumprir uma
burocracia e a prática na sala de aula continua quase que mecanicamente,
reproduzindo o ano anterior.

Planos são entregues e engavetados; A prática do professor em sala


de aula, de um modo geral, não leva em conta o que foi colocado no
plano; Planos são copiados dos livros didáticos; Planos são copiados
do colega (da mesma escola ou de outras); Planos são copiados de
um ano para o outro; Coordenadores/orientadores/supervisores ficam
cobrando exaustivamente para que professores entreguem seus
planos; Escolas com textos belíssimos na sua filosofia, na agenda
escolar, no regimento, e práticas bastante contraditórias; Escolas
fazem seus projetos e estes ficam esquecidos; Escola faz projeto
político-pedagógico; muda a direção (ou o governo); projeto é
arquivado, etc. (VASCONCELLOS, 1995, p. 11).

Ainda sobre planejamento, constata-se que nem sempre é utilizado como


ferramenta que dá norte ao conteúdo a ser trabalhado, usa-se apenas, como
documento formal para ser arquivado, sendo o seu planejamento o livro didático ou
apostilas elaboras há anos, sem levar em consideração o contexto atual, não
existindo, dessa forma, uma intencionalidade ao planejar e muito menos na
efetivação do que se planejou.

Existe um relacionamento quase que cômico entre a atividade de


planejar e a de arquivar: as pessoas que se envolvem em
planejamento ortodoxo no Brasil necessitam, rapidamente, de
algumas lições de arquivística. Isso porque a maioria dos planos
alcança, numa boa hipótese, em lugar respeitável no arquivo da
instituição a que se ligam ou no de outras, cujos membros se
interessam pelo estudo desses pretensiosos filhos da democracia
(GANDIN, 2002, p. 13).
19

Diante dessa realidade, o planejamento, enquanto Plano de Trabalho


Docente, torna-se um documento sem nenhum significado, pois não expressa a
verdade no tocante ao planejado e o realizado. O mais preocupante é que o Plano
de Trabalho Docente não contempla as ações do Projeto Político Pedagógico, por
conseguinte, a prática docente não contempla o Plano de Trabalho Docente, não
havendo, desta forma, uma intencionalidade no ato de ensinar.

O planejamento da educação escolar pode ser concebido como


processo que envolve a prática docente no cotidiano escolar, durante
todo o ano letivo, onde o trabalho de formação do aluno, através do
currículo escolar, será priorizado. Assim, o planejamento envolve a
fase anterior ao início das aulas, o durante e o depois, significando o
exercício contínuo da ação-reflexão-ação, o que caracteriza o ser
educador (VASCONCELLOS, 1995, p. 43).

O planejamento pedagógico em nível escolar visa também à eficácia.


Significa realizar um conjunto orgânico de ações, proposto para aproximar uma
realidade a um ideal, aproximar a escola da comunidade e vice-versa. Temos em
mente que a função do planejamento é tornar clara e precisa a ação, organizar e
sintonizar o que fazemos. Sintonizar ideias, realidade e recursos para tornar mais
eficiente nossa ação.

O planejamento mais especificamente pedagógico diz respeito ao


trabalho em sala de aula, baseado no relacionamento interpessoal,
na organização da coletividade e na construção do conhecimento.
Particularmente, o trabalho de construção do conhecimento é um dos
aspectos mais enfatizados nos processos de planejamento, mas há
necessidade de considerá-lo na totalidade da escola, ou seja, nas
suas relações no próprio nível pedagógico (relacionamento
interpessoal e organização da coletividade), nas suas relações com o
nível administrativo e com o nível comunitário da instituição, bem
como de levar em conta ainda a própria relação da escola com a
comunidade (VASCONCELLOS, 1995, p. 49).

Quando se pensa em planejamento enquanto Plano de Trabalho Docente,


três questões surgem imediatamente como imprescindíveis na sua elaboração:
como fazer? com que fazer? e para quem fazer? Muitos professores restringem o
planejamento a essas questões e pensam que, com elas, tudo será resolvido,
porém, a socialização e a forma de execução é que determinarão o sucesso da
implementação do planejamento.
20

Para nós, a atividade de planejar é atividade intrínseca à educação


por suas características básicas de evitar o improviso, prever o
futuro, de estabelecer caminhos que podem nortear mais
apropriadamente a execução da ação educativa, especialmente
quando garantida a socialização do ato de planejar, que deve prever
o acompanhamento e a avaliação da própria ação (PADILHA, 2001,
p. 45).

Observa-se que na escola é que ocorre a compreensão científica de


conhecimentos, é no espaço escolar que ocorre a socialização, portanto, se fazem
necessárias a elaboração e execução do planejamento no qual estão explícitas a
intencionalidade e as ações que serão desenvolvidas no cotidiano escolar. Pelo
menos, é o que deveria ocorrer no seu interior.

No campo do planejamento, pensar mais a realidade é promissor.


Faz com que as pessoas se inclinem para as ações mais concretas,
para políticas e estratégias mais conscientes. Mesmo porque a
concepção de planejamento que se firma e que tem sentido é aquela
que considera uma MATODOLOGIA CIENTÍFICA PARA
CONSTRUIR A REALIDADE. Sempre que se pensa planejamento
como um processo para tomar decisões ou, menos ainda, como um
modo para a administração organizar uma instituição, empobrece-se
inteiramente sua validade e ele se transforma em arma de controle
burocratizante, tornando-se, no mínimo, inútil e quase sempre
prejudicial, tanto para organizar a realidade como, sobretudo, para
contribuir na sua transformação (GANDIN, 1994, p. 39).

Frente aos desencontros entre planejamento, teoria e prática, não se


concebe, nos dias atuais, que tal atitude se evidencie. Ë na perspectiva de uma
mudança de comportamento, atitude e de conscientização que se propõe este
trabalho. Pretende-se uma relação coerente entre a teoria e a prática de modo que o
trabalho em sala de aula seja direcionado por um planejamento participativo, cujo
principal objetivo é o processo ensino-aprendizagem.
Depois de elaborado o Projeto Político Pedagógico, os pedagogos da escola
devem acompanhar a elaboração do Plano de Trabalho Docente, que é o
documento norteador das ações educativas escolares, podendo-se entender que o
Plano de Trabalho Docente é um documento que antecipa a ação do professor,
organizando o processo de ensino e aprendizagem.
Sendo o plano de Trabalho Docente o documento que norteia o trabalho do
professor em sala de aula, nele se pensa o que fazer, como fazer, quando fazer,
com que fazer e para quem fazer. Cabe então, ao professor, fazer a articulação
21

entre a teoria e a prática para que estas intenções se concretize, utilizando-se de


metodologias que facilitem a aprendizagem, uma vez que é ele o principal
responsável pela organização do trabalho pedagógico da escola no âmbito da sala
de aula.
Considerando que este trabalho tem como objetivo principal mostrar ao
professor a importância de uma prática docente articulada com o Projeto Político
Pedagógico e o Plano de Trabalho Docente, teve-se que passar por diferentes
etapas até atingir o objetivo final.
Uma dessas etapas é a gestão democrática, que tem como princípio a
participação da comunidade escolar na elaboração e implementação do Projeto
Político Pedagógico e demais projetos da escola. Nesse sentido, o gestor é o
principal articulador dos encontros realizados, é o articulador das discussões que
levam a estabelecer ações, com metas e objetivos que deverão ser alcançados.
Uma outra etapa é a construção do Projeto Político Pedagógico, que é
entendido como a própria organização do trabalho pedagógico da escola. Nessa
perspectiva, a construção do projeto pedagógico passa a ser um instrumento de luta,
uma forma de contrapor uma fragmentação do trabalho pedagógico. É importante
ressaltar que os educadores têm que ter clareza das finalidades da escola.
Portanto, há necessidade de se refletir sobre a ação educativa que a escola
desenvolve com base nas finalidades e nos objetivos que ela define, numa
perspectiva de emancipação do caráter ditador e na busca de uma atitude de
liberdade que visa à formação de indivíduos responsáveis e conscientes dos direitos
e deveres que lhes são facultados através do conhecimento.
Por fim, vem o Plano de Trabalho Docente, documento elaborado em
consonância com o Projeto Político Pedagógico, que estabelece os caminhos que
deverão ser seguidos pelo professor em sua prática docente. Ele é o documento que
registra o que se pensa fazer, como fazer, pra quem fazer, quando fazer, com que
fazer e com quem fazer, é ele que vai dar uma diretriz para as ações educacionais
do professor é um instrumento político e pedagógico que permite a dimensão
transformadora do conteúdo, permitindo uma avaliação do processo ensino-
aprendizagem, pressupõe a reflexão sistemática da prática educativa direcionando o
trabalho do professor.
É exatamente nesse contexto que propomos este trabalho, para que esta
prática se consolide e não fique apenas como algo rotineiro, burocrático, sem
22

nenhum significado para o professor, que não seja um documento de gaveta, mas
um objeto de trabalho que aponta caminhos na direção de ensino que realmente se
busca com significado consistente, comprometido com a aprendizagem.

3.2 Articulação entre Projeto Político Pedagógico e o Plano de Trabalho Docente.

Quando a escolha profissional é o exercício do magistério, todo profissional


deve saber que sua tarefa principal é educar. O conceito de educar vai muito além
do mero transmitir conhecimentos. Educar, hoje, por exigência de uma nova
sociedade, envolve um compromisso ético pautado nas relações humanas, na
diversidade, na inclusão, sexualidade, na formação ética e moral dos sujeitos para
conviverem em sociedade. Os profissionais que estão ou que ingressam no
magistério nos dias atuais, deverão ter clareza da importância da formação
continuada. Ser professor envolve estudo árduo e contínuo. Não há mais espaço
para aquele professor descompromissado que pensa somente em seu contra-
cheque no final do mês.
Ensinar exige esforço, disciplina e por que não dizer - paixão. Só se consegue
fazer bem algo se se gostar do que faz. Isso é para qualquer profissão. A profissão
de professor é desafiadora. Convivemos cotidianamente com o desinteresse do
alunado, falta de objetivos, perspectivas de futuro, indisciplina e outras tantas
dificuldades. Sabemos que não se concebe mais o ensino enciclopédico sem
conexão com a prática. O momento é de reflexão para mudança de atitude e ação.
Toda mudança requer ação, atitude, compromisso que, por sua vez, devem
ser fundamentados em teorias que auxiliem o professor a romper as barreiras. Essas
mudanças só se efetivam quando se planeja, com os objetivos claros e descritos no
plano de trabalho docente. Devido a essa importância, temos que colocá-las em
prática.
Ao construir o plano de trabalho docente, o professor deverá ter consciência
de que o mesmo deverá contemplar o que se quer alcançar, situar onde está o ponto
de partida e quais os obstáculos que enfrentará para percorrer o caminho para onde
pretende chegar. É ter consciência do que deverá ser feito para diminuir essa
distância entre o ponto de partida e o ponto de chegada.
Não se pode falar em planejamento sem levar em consideração os pontos
essências sugeridos por Gandin::
23

a) Planejar é transformar a realidade numa direção escolhida.


b) Planejar é organizar a própria ação (de grupo sobre tudo).
c) Planejar é implantar “um processo de intervenção na realidade” (ELAP).
d) Planejar é agir racionalmente.
e) Planejar é dar clareza e precisão à própria ação (de grupo sobretudo).
f) Planejar é explicar os fundamentos da ação do grupo.
g) Planejar é pôr em ação um conjunto de técnicas para racionalizar a ação.
h) Planejar é realizar um conjunto orgânico de ações, proposto para
aproximar uma realidade de um ideal.
i) Planejar é realizar o que é importante (essencial) e, além disso,
sobreviver... se isso for essencial (importante) (GANDIN, 2002, p. 19-20).
Ainda sobre planejamento, o autor destaca que são três as perguntas básicas
a serem feitas e continuamente retomadas, de forma dialética, em um processo de
planejamento:
- O que queremos alcançar?
- A que distância estamos daquilo que queremos alcançar?
- O que faremos concretamente, num prazo determinado, para diminuir essa
distância?
A partir desses questionamentos, o autor deixa para meditação a seguinte
definição de planejamento da educação:
Planejar é:
Elaborar – decidir que tipo de sociedade e de homem se quer formar e que
tipo de ação educacional é necessária para isso; verificar a que distância se está
desse tipo de ação e até que ponto se está contribuindo para o resultado final que se
pretende. Propor uma série orgânica de ações para diminuir essa distância e para
contribuir mais para o resultado final estabelecido;
Executar – agir em conformidade com o que foi proposto; e
Avaliar – revisar sempre cada um desses momentos e cada uma das ações,
bem como cada um dos documentos deles derivados (GANDIN, 2002, p. 23)
Diante dessas colocações, entende-se que o professor é o grande
responsável pela elaboração do PTD. Necessita ter clareza do que está planejando;
para quem; em que condições e para qual aluno. Feito isso, sua prática deve retratar
fielmente o que estabeleceu no plano de Trabalho Docente, por fim, a cada
24

momento, fazer análise criteriosa do seu trabalho, avaliando sua prática e suas
ações diante do que se planejou.
Para que o planejamento possa ser implementado em sala de aula, o
professor é um dos principais agentes de mudança do ensino. Primeiro, por estar em
contato direto com os alunos, no lócus privilegiado onde se manifestam os
problemas. Segundo, por ser o profissional da educação. Terceiro, por ser,
potencialmente, um dos mais interessados em resolver estes problemas
(VASCONCELLOS, 1995, p. 31).
O autor afirma ainda que o plano de aula é parte do planejamento, que, caso
não ocorra, pode implicar perder possibilidades de caminho, perder pontos de
entrada significativos. Planejar significa antever uma forma possível; se não há
planejamento, corre-se o risco de se desperdiçarem possibilidades muito
interessantes.
Sobre plano de aula Vasconcellos afirma ainda:

É a proposta de trabalho do professor para uma determinada aula ou


conjunto de aulas (por isso também chamado de plano de unidade).
Corresponde ao nível de maior detalhamento e objetividade do
processo de planejamento. É o “que fazer” concreto. Muitos
professores consideram que “este é o planejamento que importa
mesmo”, o que não deixa de revelar um profundo bom senso.
Apenas lembramos que este plano poderá ter maior consistência e
organicidade se estiver articulado ao Plano de Curso e ao Projeto
Educativo da Escola (VASCONCELLOS, 1995, p. 124).

Diante da importância do planejamento na prática docente em suas atividades


diárias, constata-se a necessidade de ter um Plano de Trabalho Docente articulado
com o Projeto Político Pedagógico da escola. No PPP é onde constam os sonhos e
anseios da comunidade escolar, amplamente discutido e construído conforme as
concepções de aluno, de sociedade, de escola e de mundo. Sendo a escola um
espaço privilegiado de aprendizagem, onde se busca uma relação de conhecimento,
onde o aprender transforma-se numa atitude prático-reflexiva que leva, portanto, a
construir o saber, Veiga se refere a esse assunto como sendo um pano de fundo
que requer estar sempre em discussão.

É referindo-me a este pano de fundo que proponho discutir o


planejamento participativo com base na escola, tratando-o como
instrumental teórico-prático capaz de facilitar a convergência entre o
refletir e o agir, no espaço escolar. Como ferramenta capaz de
25

vitalizar experiências educativas e instituições e de respaldar a


construção, com democracia, do projeto político-pedagógico da
escola. Nessa perspectiva, o planejamento participativo poderá
constituir-se num instrumento pedagógico e político da mudança.
Mas mudança mesmo, atuando sobre as formas como os indivíduos
e instituições relacionam-se entre si e com o mundo (VEIGA, 1996, p.
132).

Nesse contexto, o Projeto Político Pedagógico será capaz de recuperar ou


construir a identidade da escola e dos sujeitos que compõem esse espaço. Da
mesma forma que o Plano de Trabalho Docente deverá manter uma
intencionalidade e a lógica da proposta que fora construída pelo coletivo, ou seja, a
comunidade escolar. Com base nessa descrição, podemos afirmar que não é
possível existir o PDT sem a existência do PPP, constatando que educação é um
processo de construção coletiva e que acontece ao longo de toda vida. Quanto à
necessidade dessa articulação, consideramos que:

A reflexão sobre o planejamento participativo deverá percorrer os


pressupostos da proposta referenciada; a construção teórico-
metodológica do objeto do planejamento; fazer considerações sobre
os sujeitos que o projeto integra e descrever alguns instrumentos
técnicos que ajudarão a viabilizar o plano, no caso, o projeto político-
pedagógico da escola. O eixo da reflexão estará em torno da
capacidade de o planejamento participativo e seu produto – o projeto
político-pedagógico da escola – possibilitarem a vivência da prática
reflexiva, democrática e democratizante e, com isso, atuarem no
sentido da construção de identidades, da escola e dos sujeitos que
ela congrega (VEIGA, 1996, p. 13).

Quando planejamos, temos que ter em mente sua finalidade, ou seja, para
que ensinar? No planejamento, elencamos as ações que pretendemos desenvolver,
com objetivos claros, com metodologias diferenciadas, com um único fim: a
aprendizagem do aluno. Neste sentido, recorremos ao Projeto Político Pedagógico,
um documento construído coletivamente que contempla as diversas concepções,
respeita a realidade de sua comunidade e de sua instituição, valoriza a participação e
implementa as ações que visam o processo de ensino e aprendizagem. Vinculado ao
PPP, o Plano de Trabalho Docente ganha vida e dá sentido à prática docente, pois
retrata as aspirações da comunidade escolar, concretizadas em sala de aula.

4 ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DO TRABALHO ESCOLAR: UM


ORGANOGRAMA EM CONSTRUÇÃO.
26

A organização pedagógica do trabalho escolar compreende todas as atividades


teórico-práticas desenvolvidas pelos profissionais da educação, que atuam no
estabelecimento de ensino para a realização do processo de ensino e
aprendizagem. A organização democrática no âmbito escolar fundamenta-se no
processo de participação e responsabilidade da comunidade escolar na tomada de
decisões coletivas, para a elaboração, implementação e acompanhamento do
Projeto Político Pedagógico.
Através da organização pedagógica, da construção e implementação do
Projeto político pedagógico e das ações voltadas a aprendizagem, a escola oferece
subsídios para análises críticas da realidade escolar, tendo em vista as
necessidades de intervenção docente diante dos problemas existentes no cotidiano
escolar, oportuniza a participação da comunidade nos estudos que apontam as
características e formas de gestão que se realiza na escola, assinalando conflitos e
desafios existentes na instituição, procura estabelecer a autonomia e de forma
democrática praticar a gestão escolar; Identificar as dimensões coletivas existentes
no trabalho escolar a partir da identidade dos diferentes sujeitos, reconhecendo
dificuldades, mas também sua importância para o enfrentamento dos problemas
existentes no cotidiano escolar; proporcionar aos profissionais da educação a
percepção da escola como espaço de qualificação e formação profissional e de
todos que nela atuam, cuja formação lhe capacite para agir e interagir socialmente.
A formação do homem também acontece no interior da escola. Na escola
democrática, as pessoas envolvem-se numa dinâmica que lhes possibilita agir e
tomar decisões que possam favorecer esta formação, que tem como função
apropriação do conhecimento e de processos educativo. Esta formação traduz o
desenvolvimento das potencialidades e capacidades que permitam ao homem um
constante aprender e uma permanente construção do conhecimento.
A base que sustenta esta formação é o Projeto Político Pedagógico, que
conforme a legislação vigente é construída de forma autônoma cujo objetivo volta-se
para a formação do homem, numa perspectiva de independência intelectual, que lhe
põe em condições de pensar, entender e agir no seu meio social.
A escola é o espaço legalmente organizado e regido por uma legislação, com
regimento próprio de acordo com as normas e diretrizes da educação nacional, que
transcreve em seu projeto Político Pedagógico as metas e ações que contemplam
uma educação de qualidade, valorizando a aprendizagem. É neste espaço que
27

acontece o conhecimento, e ele só se efetiva verdadeiramente, quando houver uma


relação entre as concepções de homem, de mundo, de sociedade, de educação, de
escola e de aluno, caracterizando-se desta forma um delineamento político. Por outro
lado apresentam-se as concepções de ensino, de aprendizagem, de avaliação e de
recuperação, é neste momento que a aprendizagem se efetiva, pois oportuniza o
aluno a repensar seus conceitos científicos, reelaborando suas idéias e efetivando-se
o conhecimento, estabelecendo-se assim o delineamento pedagógico.
É nessa perspectiva da escolarização que ocorre a integração entre os
conhecimentos acumulados pela humanidade frente às realidades do ser humano.
Neste contexto apresentam-se as diretrizes curriculares que dão delineamento do que
ensinar, para quem ensinar e como ensinar. Atualmente se apresentam com o
propósito de produzir conhecimento frente a uma postura criativa, responsável,
reflexiva, madura e compromissada com a formação social.
A relação homem/escola assume um compromisso de formação que, através
das relações entre as diferentes concepções, produz conhecimento, produz a
organização social humana, fazendo com que entendamos os grupos e valores
constituídos em diferentes lugares a partir de suas realidades com conhecimentos
específicos.
É através desta formação que o homem se mostra capaz de transforma-se
em sua realidade, colocando em ação o que foi planejado e construído pela
comunidade escolar. É na escola que esta formação é recebida, através de cada
segmento organizado que produzem seus planos de trabalho (comunidade, equipe
de direção, professores, funcionários e alunos), um interagindo com o outro,
assumindo a responsabilidade de trabalharem em função de uma educação de
qualidade, todos assumindo o papel de educador, acolhendo a comunidade,
orientado o aluno, assumindo um compromisso que não é de um é de todos.
O Conselho de Classe é um dos mais importantes momentos democráticos
que ocorre no espaço escolar. Tendo em vista que é o momento de discussão
pedagógica em que a prática docente, a prática da gestão e dos trabalhadores da
escola são colocados em foco sob os fundamentos definidos no PPP, tendo como
ponto central as diferentes formas de aprendizagem do aluno. Esse processo pode
ser denominado de avaliação do processo pedagógico abrangendo toda a ação
administrativa, uma vez, que esta está em função da aprendizagem escolar. O
28

Conselho de Classe é, portanto, um espaço privilegiado onde o coletivo participa e,


sendo democrático, prevalece o bom senso.
De fato, o Conselho de Classe, é mais do que uma reunião pedagógica; é
parte integrante do processo de avaliação de todas as atividades desenvolvidas pela
escola, tendo em vista a aprendizagem dos conteúdos produzidos historicamente. É
o momento que permite aos professores e aos funcionários superarem a
fragmentação do trabalho escolar e oportunizar formas diferenciadas de ensino que
realmente garantam a todos os alunos a aprendizagem.
Afinal, o Conselho de Classe não tem cumprido com o seu verdadeiro papel,
que seria realizar enfrentamentos no sentido de superar a realidade que está posta:
autoritária, burocrática e excludente, que serve mais para confirmar o fracasso
escolar do que para reorganizar a prática pedagógica e, mais especificamente, o
trabalho educativo que se concretiza na relação aluno-professor na sala de aula.
A mudança de comportamento dos integrantes do Conselho de Classe gera
inquietação, insegurança e trabalho. Precisamos ir além dos limites que estão
postos, ir além de uma reunião que dá chance ao aluno, que analisa conflitos ou
situações sócio econômico cultural. O Conselho de Classe não pode reunir-se
apenas para dividir os problemas e para que obtenham a aprovação deste ou
daquele aluno, priorizar a nota e não as reais possibilidades de evolução do aluno.
Ao Conselho cabe avaliar sua prática pedagógica, aprendizagem com qualidade, a
permanência e o sucesso do aluno na escola.
Para entendermos melhor a articulação pedagógica do trabalho escolar até
aqui descrita apresentamos abaixo um organograma pedagógico que contribuirá
para a visão geral do trabalho escolar numa perspectiva democrática. Este
organograma poderá nortear a rotina da escola durante o período letivo, como
também, poderá ser utilizado pelos pedagogos e equipe de gestão como
ferramentas para construir e acompanhar o trabalho político pedagógico da escola.
Por fim, é importante destacar que o objetivo principal em oferecer este
organograma aos professores, pedagogos e funcionários foi o de mostrar que a
organização pedagógica do trabalho escolar é de responsabilidades de todos e que
o Projeto Político Pedagógico constitui-se em fundamento articulador de toda a ação
coletiva escolar numa escola democrática.
29

4.1 ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DO TRABALHO ESCOLAR

GESTÃO DEMOCRÁTICA

CONSELHO
ESCOLAR

Legislação Projeto Político Regimento


Educacional Pedagógico Escolar

Delineamento político: concepções de


mundo, sociedade, homem, educação,
escola, aluno e de participação.
Delineamento Pedagógico: concepção de
ensino, de aprendizagem; de recuperação,
de avaliação.

Diretrizes
Curriculares

Plano da Plano de Plano de Plano de Plano do


Comuni- Traba- Trabalho Trabalho Conse-
dade lho dos Docente dos lho dos
Escolar Gesto- Funcioná Estudan-
res rios tes

CONSELHO
DE CLASSE
APRENDIZAGEM COM QUALIDADE
PERMANÊNCIA DO ALUNO NA ESCOLA
(RE)AVALIAÇÃO DO PROCESSO
PEDAGÓGICO
30

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