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Guilherme Vaz
18/08
Assim, a lei 11.101 tem como objetivo tutelar os interesses dos empresários e
preservar as suas empresas, evitando a sua quebra e protegendo-a nos momentos de
crise econômica. Por conseguinte, os não empresários - descritos no parágrafo único
do artigo 966, CC – não receberão o amparo dessa lei.
25/08
01/09
As regras de falência civil do antigo CPC não serão revogadas pelo novo código, uma
vez que este não faz qualquer referência à matéria. Se a nova lei não dispõe sobre a
falência, é evidente que as normas antigas não passarão pelo processo de revogação e
continuarão valendo normalmente, mesmo após março de 2016.
08/09
Após a fase postulatória, na qual o devedor cumpre os requisitos do artigo 51, o juiz
deferirá o processamento da recuperação judicial e dará início à fase deliberativa, na
qual o devedor será intimado para apresentar o seu plano de recuperação. Dessa
forma, o devedor ganha a tranquilidade de ter suas execuções suspensas, mas terá o
ônus de apresentar um plano coerente e convincente, o qual estará sujeito à
aprovação dos credores envolvidos. Se o plano for desaprovado por qualquer um
deles, não será possível a recuperação, de modo que a apresentação do plano de
recuperação é de imensa responsabilidade e deve ser feito com extremo cuidado.
A habilitação de crédito será realizada pelo administrador judicial, que fará o contato
com os credores sem interferência do juiz. O administrador publicará um edital com os
elementos do artigo 52, parágrafo primeiro, e esse edital poderá ser questionado pelos
credores no prazo de 15 dias, de acordo com o artigo 7º, parágrafo primeiro da Lei de
Falências. Havendo questionamento, o administrador judicial terá mais 45 dias para
mostrar às pessoas do artigo 8º os documentos que fundamentaram a elaboração do
edital. Ressalte-se que isso é um procedimento desjudicializado, isto é, não conta com
a participação do juiz.
O plano de recuperação judicial deverá ser apresentado pelo devedor, em juízo, no
prazo de 60 dias após a publicação da decisão que deferiu o processamento. Após esse
período, o processo deixa de ser desjudicializado e passa a ser contencioso, com
participação ativa do juiz.
15/09
06/10
20/10
Em regra, o quórum de aceitação do plano é aquele do artigo 45, lei 11.101/05. Caso
não haja aceitação de acordo com esse quórum, a lei estabelece uma segunda chance
de aprovação através do artigo 58, pg. 1º, desde que esse novo quórum tenha sido
alcançado na mesma assembleia em que houve a negativa do artigo 45 (Cram Down).
Dessa maneira, o juiz possui três formas de aceitar o plano de recuperação judicial,
segundo a lei:
3 – quando há rejeição do plano, mas restam cumpridas as condições do artigo 58, pg.
1º.
O credor que menos incomoda o empresário em crise é o fisco, uma vez que não
interessa ao Estado inviabilizar a atividade econômica de uma empresa. Se uma
empresa falir, ou tiver que demitir seus empregados, o prejuízo social e econômico a
ser suportado pelo Estado será muito maior do que um eventual atraso no pagamento
de seus impostos. Dessa forma, o Estado costuma ser menos rígido e mais paciente ao
cobrar impostos de uma empresa que se encontra em crise, pois respeita a sua função
de movimentar a economia, criar empregos e gerar riquezas.
27/10
O efeito novativo dos créditos, descrito no artigo 59, só estará consolidado a partir de
dois anos a partir da concessão da recuperação judicial. Se o devedor inadimplir com a
suas obrigações depois desses dois anos, os credores deverão entrar com uma ação de
execução extrajudicial, na qual o título executivo será o próprio plano homologado, ou
requerer a falência do devedor para tentar receber seus créditos. Os artigos 61 e 62
estabelecem as consequências jurídicas para o inadimplemento do devedor -
convolação em falência, se o inadimplemento se der em menos de dois anos, e a
execução específica ou o pedido autônomo de falência, caso este ocorra depois. Vale
lembrar que, no segundo caso, o contrato que criou o crédito devido não será válido
para ensejar a execução, uma vez que houve efeito novativo e o plano de recuperação
passou a ter a qualidade de título executivo.
Além disso, a lei 11.101 ainda prevê um plano de recuperação especial, destinado
especificamente às microempresas e às empresas de pequeno porte. A ideia é
fomentar esses pequenos empreendedores, tendo em vista que eles representam
metade da atividade empresária do país. O plano de recuperação especial só pode
envolver credores quirografários e estabelece prazos específicos, diferentes da
recuperação comum. Dessa forma, a recuperação especial não abrange créditos
trabalhistas ou fiscais, mas tão somente os quirografários.
03/11
Nas hipóteses elencadas pelo artigo 94, existe uma presunção de insolvência sobre o
devedor. Tal presunção pode ser afastada se esse devedor utilizar o parágrafo único do
artigo 98, isto é, depositar o valor correspondente ao crédito elencado (depósito
elisivo), desde que o faça no prazo da contestação. Caso isso ocorra, a falência não
será decretada e o Autor estará autorizado a levantar o valor do depósito. (pegar o
restante das hipóteses) Se o Autor requerer a falência com dolo e má fé, apenas para o
devedor realizar um depósito desesperado, terá este direito a indenização, nos termos
do artigo 101 da lei 11.101. Segundo a doutrina, as hipóteses do artigo 94 expressam
as seguintes causas:
I – inadimplemento injustificado
II – tríplice omissão
10/11
Sempre que a lei falar que o falido fica inabilitado, como o faz no artigo 102, ela está
tratando tão somente do empresário individual. Se este empresário individual
inabilitado quiser dar início a uma sociedade, como um médico que quer dar início a
um hospital, nada poderá impedi-lo, uma vez que a restrição se refere exclusivamente
à sua atividade enquanto empresário individual.
A fixação do termo legal de falência, consubstanciada pelo artigo 99, II, caracteriza um
importante marco jurídico e momento digno de muita atenção. Deve-se observar
atentamente o intervalo de tempo entre o primeiro protesto e a efetiva fixação do
termo legal, uma vez que alguns atos podem ter sido praticados de forma lesiva aos
credores durante esse período. A doutrina costuma chamar esse período de “período
suspeito”, tendo em vista que o cumprimento de algumas obrigações - que, à luz do
direito civil, são absolutamente regulares – teria o condão de violar, de forma
fraudulenta, o Princípio da Isonomia dos Credores. Nesse sentido, o artigo 129 da lei
11.101/97 elenca diversos atos que não possuem qualquer eficácia perante a massa
falida, ainda que o devedor não possua intenção de fraudar os credores envolvidos no
processo. Determina-se, assim, um critério flagrantemente objetivo para declarar, de
ofício, ineficazes os atos elencados, sendo irrelevante a existência de dolo ou culpa por
parte do devedor falido.
Além das hipóteses do artigo 129, que expressam a responsabilidade objetiva, a lei
11.101 ainda apresenta a ineficácia por responsabilidade subjetiva, em seu artigo 130.
Nele, definem-se como revogáveis todos os atos praticados estritamente com a
intenção de prejudicar credores, o que evidencia o caráter subjetivo da
responsabilidade elencada. Dessa forma, o artigo 129 aborda a responsabilidade
objetiva do devedor falido, enquanto o artigo 130 fala da responsabilidade subjetiva,
que prescinde de dolo ou culpa.
O processo de falência tem como objetivo realizar o ativo do devedor, isto é, liquida-lo
para transformar os bens arrecadados em uma única espécie (normalmente dinheiro).
17/11
A Fazenda Pública pode requerer uma falência? Após longas e inúmeras discussões
doutrinárias e jurisprudenciais, entende-se, hoje, que tal requerimento não é possível,
uma vez que essa prerrogativa daria poder excessivo ao Estado e feriria diretamente o
Princípio da Preservação da Empresa, o qual, como se sabe, é o pilar fundamental da
recuperação judicial e do Direito Falimentar. Além disso, fica claro que a Fazenda não
obteria benefícios significativos em retirar uma empresa do mercado, através de uma
liquidação, interrompendo suas atividades econômicas e gerando desemprego. Em
atenção a esses fundamentos, o enunciado 56 da I jornada de direito civil deixa
expresso que não cabe à Fazenda o requerimento de falência.
Embora o artigo 83 da lei 11.101 seja uma referência primordial na classificação dos
créditos, estabelecendo sua ordem, vale lembrar que essa ordem deve respeitar os
“créditos extraconcursais” estabelecidos no artigo 84. Como resta explícito nos caputs,
os créditos do artigo 84 terão precedência aos do 83 na liquidação, operando-se, em
ambos os casos, pela ordem em que são dispostos no dispositivo legal.