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FALÊNCIAS E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS

Guilherme Vaz

18/08

O processo falimentar é um mecanismo pelo qual o patrimônio da sociedade será


liquidado para o pagamento dos credores. Acontece que dificilmente o patrimônio
será liquidado de modo a pagar tudo o que deve e a todos a quem se deve, o que
justifica o antigo bordão: “ninguém ganha; todo mundo quer perder o menos
possível”.

Imaginemos uma loja de sapatos, constituída por uma sociedade de responsabilidade


limitada. Os primeiros passos são alugar um galpão para alocar a produção, comprar
máquinas de produção, contratar mão de obra, comprar matéria prima, contratar
vendedores, arranjar uma transportadora, estabelecer energia, contratar estilistas, etc.
Com a venda dos sapatos, é preciso pagar todos esses custos (inclusive os tributos) e
ainda auferir algum lucro, uma vez que a constituição da sociedade é motivada por
essa pretensão. Se não houver possibilidade de pagar os custos, ainda será necessário
um empréstimo junto aos bancos para poder fazer o investimento.

O Direito Falimentar precisa tutelar todo esse conglomerado de custos e recursos,


como o da sapataria. Embora os objetivos do artigo 47, lei 11.101/2005 se refiram
especificamente à recuperação judicial, vale ressaltar que os princípios ali elencados,
sobretudo o da preservação da empresa, também se aplicam ao processo falimentar.
Para muitos doutrinadores, o artigo 47 nada mais é do que a materialização, na
legislação infraconstitucional, daquilo que está disposto no artigo 170 da CF.

Assim, a lei 11.101 tem como objetivo tutelar os interesses dos empresários e
preservar as suas empresas, evitando a sua quebra e protegendo-a nos momentos de
crise econômica. Por conseguinte, os não empresários - descritos no parágrafo único
do artigo 966, CC – não receberão o amparo dessa lei.

O princípio da preservação de empresas será invocado em todas as zonas cinzentas da


lei, como uma forma de interpretar as questões que surjam e não obtiverem respostas
por parte dos julgadores. Isso significa dizer, em outras palavras, que a lei 11.101
deverá ser interpretada à luz do princípio da preservação de empresas. Trata-se de
uma lei que aborda, em seu decorrer, tanto aspectos materiais quanto regras
processuais e penais, decorrentes dos momentos de crise.

Para definir os efeitos da crise em um determinado empreendimento, é extremamente


necessário analisar, no caso concreto, quais são os produtos e o público alvo desse
empreendimento. Por exemplo, uma loja de artigos de luxo não está sendo tão
abalada pela crise econômica, tendo em vista que seus consumidores ainda possuem
dinheiro, enquanto uma loja de artigos mais populares perde muitas vendas, pois seus
consumidores já não o têm mais. Se o negócio de sapatos for rentável, mas seus sócios
não souberam administrá-lo, ele sairá do mercado e dará lugar a outra empresa que
possa atender melhor aos seus consumidores. Entretanto, o objetivo da lei 11.101 é
que isso não aconteça, sob hipótese alguma, e a loja de sapatos má administrada
continue funcionando e contribuindo para a economia do país.

Para encontrarmos a solução para a crise, é necessário diagnosticá-la. O objetivo da


recuperação judicial é justamente realizar esse diagnóstico, descobrindo soluções para
os problemas enfrentados e poder, assim, superar a crise. Já no processo falimentar, o
objetivo é a liquidação de patrimônio para ressarcir os credores, que farão parte de um
concurso cujos critérios serão estabelecidos pela própria legislação. A lei estabelecerá
a ordem e as regras do pagamento aos credores, uma vez que, como visto, nem
sempre será possível o pagamento integral de todos eles.

25/08

O que justifica as exceções do artigo 2º da Lei 11.101/2005?

As instituições previstas no inciso II podem ser excluídas da apreciação da lei de


falências pois, em razão de sua grande importância, uma eventual falência ou
encerramento de suas atividades poderá causar um impacto social muito negativo, o
que motivará a intervenção de órgãos como o Banco Central ou a ANS. Dessa forma, a
ideia é que as empresas excluídas da lei de falências nunca venham a falir, devido à sua
relevância social e econômica, obrigando o Estado a intervir e amparar essa instituição
de forma especial. A princípio, a lei parece bastante clara quanto à sua não incidência
da para essas instituições, mas a doutrina faz uma distinção dessa regra em “não
incidência relativa” e “não incidência absoluta”, expressando a possibilidade de
algumas instituições fugirem da exceção e se sujeitarem à lei 11.101/2005.
(COMPLETAR)

Tanto a falência quanto a recuperação judicial contarão, necessariamente, com alguns


sujeitos, a saber: o devedor, o credor requerente, o Ministério Público (que será
intimado para se manifestar em momentos capitais), o administrador judicial (art. 21 e
ss. dispõem parâmetros e orientações para a sua escolha), o Comitê de Credores
(órgão facultativo que representa os credores envolvidos, com um representante de
cada classe), a Assembleia Geral de Credores (AGC) e o Magistrado.

A lei afastou do Judiciário uma série de procedimentos falimentares, a exemplo da


própria assembleia geral de credores ou habilitação de crédito, que não contam com a
presença de um magistrado.

01/09
As regras de falência civil do antigo CPC não serão revogadas pelo novo código, uma
vez que este não faz qualquer referência à matéria. Se a nova lei não dispõe sobre a
falência, é evidente que as normas antigas não passarão pelo processo de revogação e
continuarão valendo normalmente, mesmo após março de 2016.

O comitê de credores é um fiscal do administrador judicial que é colocado à disposição


dos credores, desde que eles queiram constituí-lo e estejam dispostos a arcar com
seus custos operacionais. Tanto o administrador quanto os membros do comitê
responderão pelos prejuízos que causarem à massa falida, ao devedor ou aos credores,
se agirem com dolo ou culpa, nos termos do artigo 32 da lei de falências. O comitê será
composto por quatro representantes e suplentes, especificados no artigo 26 da lei.
Nota-se que os critérios para a escolha levam em consideração a classe de cada credor,
o que se faz necessário para atender melhor o interesse da coletividade e não apenas
de um grupo privilegiado de credores.

A lei afirma que o foro competente para a distribuição de falência ou recuperação


judicial é o domicílio principal do credor (artigo 3º). Se uma empresa vende seus
produtos em São Paulo, mas os produz em Manaus, qual seria, então, o foro
competente para o ajuizamento das ações? Para responder essa pergunta, deve-se
apontar, primeiramente, para o importante Princípio da Unicidade no processo
falimentar, que tem o objetivo de concentrar os recursos e atividades da empresa e
facilitar, assim, o desenvolvimento do processo. Não seria correto afirmar, nesse
sentido, que o foro principal da empresa será necessariamente a sua sede, pois ela
nem sempre corresponderá ao local de concentração de recursos e atividades que
exige o Princípio da Unicidade. A empresa pode operar majoritariamente em um local,
por exemplo, mas possuir a sede em outro local por motivos históricos, em razão de
sua fundação. A saída para esse dilema será a análise subjetiva de cada empresa,
devendo o Judiciário avaliar, faticamente, onde está a sua real concentração, para
então se proceder à escolha do foro competente.

Se o juiz confere o requerimento do empresário de recuperação judicial, entendendo


razoáveis os motivos, ele vai deferir o processamento da recuperação judicial. Feito
isso, o magistrado procederá às tarefas dispostas no artigo 52 da lei de falências, a
exemplo da nomeação do administrador judicial e da suspensão de todas as ações ou
execuções contra o devedor. Quanto a essa segunda providência exemplificada, o
objetivo da lei é paralisar o caos na empresa e dar ao devedor algum momento de paz,
para que ele possa dar à Justiça as devidas explicações e apresentar o seu plano de
recuperação judicial, no qual ele exporá aos credores a sua estratégia para sair da
situação de crise. Depois disso, os credores serão intimados para analisar esse plano,
que estará sujeito às suas aprovações ou rejeições. Em caso de aprovação unânime, o
juiz deferirá, então, a recuperação judicial e dará início à execução do plano.
Evidentemente, esse cenário não seria possível se as ações e execuções estivessem
correndo normalmente, o que é capaz de justificar, de forma plena, as suas
suspensões previstas no artigo 52. Concomitantemente, os credores farão as suas
habilitações para o recebimento dos créditos, e, se tudo correr bem no ressarcimento,
a empresa operará durante os dois anos seguintes sob a supervisão e gerência do
administrador judicial.

08/09

Não é possível uma decretação de falência que seja concomitante a um pedido de


recuperação judicial, uma vez que não existe, pela lei, a chamada falência suspensiva.
Se a falência for decretada, portanto, não haverá possibilidade de se acolher um
pedido de recuperação judicial.

Esse pedido de recuperação judicial é um cenário de “ajuda total”, isto é, um pedido


de socorro geral por parte do devedor a todos os seus credores. Diz-se que o devedor
“abre o seu coração”, expondo as suas dificuldades e suas razões para não chegar ao
adimplemento, bem como as suas pretensões para sair da crise e para pagar
regularmente todos os seus credores.

Após a fase postulatória, na qual o devedor cumpre os requisitos do artigo 51, o juiz
deferirá o processamento da recuperação judicial e dará início à fase deliberativa, na
qual o devedor será intimado para apresentar o seu plano de recuperação. Dessa
forma, o devedor ganha a tranquilidade de ter suas execuções suspensas, mas terá o
ônus de apresentar um plano coerente e convincente, o qual estará sujeito à
aprovação dos credores envolvidos. Se o plano for desaprovado por qualquer um
deles, não será possível a recuperação, de modo que a apresentação do plano de
recuperação é de imensa responsabilidade e deve ser feito com extremo cuidado.

A suspensão das execuções é absolutamente fundamental à concretização do plano de


recuperação, uma vez que seria impossível executá-lo em um momento de caos, tendo
que se preocupar com o pagamento de todos os seus credores. O administrador
judicial será indicado pelo juiz e deverá ser, preferencialmente, advogado, economista,
administrador de empresas, contador ou pessoa jurídica especializada, nos termos do
artigo 21 da Lei de Falências.

A habilitação de crédito será realizada pelo administrador judicial, que fará o contato
com os credores sem interferência do juiz. O administrador publicará um edital com os
elementos do artigo 52, parágrafo primeiro, e esse edital poderá ser questionado pelos
credores no prazo de 15 dias, de acordo com o artigo 7º, parágrafo primeiro da Lei de
Falências. Havendo questionamento, o administrador judicial terá mais 45 dias para
mostrar às pessoas do artigo 8º os documentos que fundamentaram a elaboração do
edital. Ressalte-se que isso é um procedimento desjudicializado, isto é, não conta com
a participação do juiz.
O plano de recuperação judicial deverá ser apresentado pelo devedor, em juízo, no
prazo de 60 dias após a publicação da decisão que deferiu o processamento. Após esse
período, o processo deixa de ser desjudicializado e passa a ser contencioso, com
participação ativa do juiz.

15/09

Embora o deferimento da Recuperação Judicial suspenda automaticamente as ações e


execuções do devedor, vale ressaltar que não existe suspensão daquelas de natureza
fiscal ou trabalhistas (processamento em justiça especializada), conforme preleção da
Lei de Falências. Da mesma forma, terá prosseguimento a ação que demandar do Réu
o pagamento quantia ilíquida, para que possa apurar o quantum da obrigação e
realizar uma sentença líquida e certa. Dessa forma, o artigo 6º da Lei de Falências
expõe, em seus parágrafos, três exceções: (i) as ações trabalhistas, (ii) as ações de
natureza fiscal e (iii) as ações que demandarem quantia ilíquida.

A competência para controlar a “fila de pagamento” é da Justiça Estadual, isto é, do


próprio juízo falimentar onde tramita a ação de recuperação.

O maior problema de um empresário que passa por Recuperação Judicial é a falta de


dinheiro. Além disso, a Recuperação expõe esse empresário de forma flagrante dentro
do mercado, em razão da publicação de editais, anúncios, avisos, etc., o que denigre a
sua empresa perante todas as demais, sobretudo as instituições financeiras. Sabendo
que essa perda de credibilidade dificultará a recuperação da empresa, o legislador
toma algumas medidas para facilitar o seu acesso ao caixa e ao crédito, a exemplo da
eliminação de ônus e gravames dos bens do devedor, quando for o caso de alienação.
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 60, o objeto das alienações previstas no Plano
de Recuperação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante
nas obrigações do devedor.

Além disso, a Lei concede privilégios consideráveis às empresas que fornecerem


crédito à empresa em recuperação, como um incentivo. Os fornecedores nessa
situação não precisarão entrar na fila de recebimento, caso haja falência posterior,
como se tivessem uma “pulseira VIP” no momento da liquidação do patrimônio. Assim,
incentiva-se a concessão de crédito e facilita-se a obtenção do mesmo por parte das
empresas em recuperação judicial, para que ela possa, dessa forma, superar a crise
que está prejudicando a sua atividade econômica e a sociedade como um todo.

06/10

Se os credores tomarem conhecimento do plano de recuperação e não apresentarem


objeção, o juiz deve homologar o plano e este passa a ser um título executivo judicial.
Entretanto, se um dos credores apresentar objeção, deverá ser convocada uma
Assembleia Geral de Credores para deliberar sobre o plano e as respectivas objeções,
sem qualquer participação do magistrado. Trata-se, basicamente, de uma reunião
entre o devedor, o administrador judicial e os credores, buscando analisar as objeções
e oferecer alternativas para que o plano seja aceito por todos os credores. Como o
interesse primordial, nesse momento, é a aceitação do plano, tudo aquilo que for
proposto ao longo da Assembleia e encontrar anuência dos credores poderá integrar
permanentemente o plano de recuperação. É muito comum, inclusive, que os credores
vão à Assembleia com diversas sugestões para reformar o plano, o que será levado a
votação e poderá ser acatado, ou não, pelo devedor. É importante que todos os
credores tenham o pleno conhecimento dessas sugestões e reformar no momento de
votar, tendo em vista o Princípio da Isonomia entre os credores no processo falimentar
e na Recuperação Judicial. O artigo 45 da Lei 11.101/05 estabelece os quóruns
necessários à aprovação do plano. Cumpre notar que, no caso do parágrafo primeiro, o
quórum se dará tanto pelo valor do crédito quanto pelo número de credores,
enquanto nos demais parágrafos este se dará apenas pelo número de credores.

Nessa etapa da Recuperação Judicial, não cabe ao Judiciário interferir na decisão


econômica tomada pelos credores na Assembleia, devendo ele, em caso de aceitação,
apenas homologar o plano do devedor. Isso acontece porque o juiz não pode invadir a
esfera privada das partes, interferindo em seus interesses econômicos e prejudicando
suas autonomias da vontade. Apesar disso, têm-se visto diversas interferências
indevidas nos processos de recuperação, o que acaba gerando uma imensa
instabilidade jurídica que deve ser evitada.

O artigo 50 da Lei 11.101 oferece diversos meios de consecução do plano, mas é


importante notar que essa listagem possui caráter meramente exemplificativo, e não
exaustivo. Sendo assim, é perfeitamente possível que o plano envolva medidas alheias
aos incisos elencados. Na época da edição da lei, o inciso VIII, que possibilitava a
redução salarial, foi objeto de inúmeras críticas e imensa polêmica. Com a crise de
2008, entretanto, ele passou a ser muito mais aceito, tendo em vista que é muito mais
vantajoso ter o salário reduzido do que acabar sofrendo uma demissão.

20/10

Apresentado o plano de recuperação judicial, o juiz do processo convocará uma


Assembleia Geral de Credores para deliberar sobre ele. Muito embora o juiz convoque
essa assembleia, vale ressaltar que ele não participa da mesma, respeitando
inteiramente aquilo que foi votado e discutido acerca do plano. Dessa forma, o
processo de recuperação judicial busca respeitar a vontade particular das partes
envolvidas, sobretudo sobre o aspecto econômico, afastando o juiz de eventos
importantes como a própria AGC. Em tais momentos, o Judiciário deixa de interferir
em questões econômicas que dizem respeito à vontade dos credores, homologando o
que tenha sido decidido por eles. Assim, não importa se o juiz não concorda com
determinada condição que se estabeleceu, uma vez que prevalecerá, sempre, a
decisão tomada pelos credores envolvidos.

Em regra, o quórum de aceitação do plano é aquele do artigo 45, lei 11.101/05. Caso
não haja aceitação de acordo com esse quórum, a lei estabelece uma segunda chance
de aprovação através do artigo 58, pg. 1º, desde que esse novo quórum tenha sido
alcançado na mesma assembleia em que houve a negativa do artigo 45 (Cram Down).
Dessa maneira, o juiz possui três formas de aceitar o plano de recuperação judicial,
segundo a lei:

1 – quando o plano é apresentado, abre-se prazo de 30 dias para os credores se


manifestarem e estes permanecem em silêncio. Tal silêncio é encarado como uma
aceitação tácita.

2 – quando, havendo assembleia de credores, estes aceitam na forma do artigo 45.

3 – quando há rejeição do plano, mas restam cumpridas as condições do artigo 58, pg.
1º.

O credor que menos incomoda o empresário em crise é o fisco, uma vez que não
interessa ao Estado inviabilizar a atividade econômica de uma empresa. Se uma
empresa falir, ou tiver que demitir seus empregados, o prejuízo social e econômico a
ser suportado pelo Estado será muito maior do que um eventual atraso no pagamento
de seus impostos. Dessa forma, o Estado costuma ser menos rígido e mais paciente ao
cobrar impostos de uma empresa que se encontra em crise, pois respeita a sua função
de movimentar a economia, criar empregos e gerar riquezas.

Em razão disso, a jurisprudência entende que o parcelamento dos débitos tributários


não é uma faculdade da Fazenda Pública, como exposto no artigo 68, mas um direito
inalienável do devedor em recuperação judicial. Tal artigo condiciona essa faculdade
aos termos de uma lei específica, que jamais foi criada, de modo que o deferimento do
parcelamento se constitui como uma obrigação do INSS. Diz a jurisprudência que,
enquanto não for criada essa lei específica, o deferimento continuará sendo
obrigatório. Já existem diversas decisões autorizando que empresas em recuperação
judicial participem de licitações, ainda que não possuam as certidões negativas do
artigo 52.

(pegar o que ele falou sobre parcelamento e lei 13.043 – importante)

Existem três fases no processo de recuperação judicial: a primeira, com o


cumprimento dos requisitos legais e da distribuição da recuperação judicial (artigos 48,
50 e 51), a segunda, com o deferimento do processamento e os eventos posteriores,
como a apresentação do plano de recuperação e a convocação de AGC (artigo 52 e ss.),
e a terceira, com a concessão da recuperação judicial e a execução do plano (artigo
58). Depois de dois anos, a empresa deixa de estar sob a direção do administrador
judicial, mas todas as obrigações assumidas pelo plano continuam valendo
normalmente. Dessa forma, o plano de recuperação judicial é um título executivo,
através do qual os credores poderão exigir o cumprimento das obrigações assumidas
pelo devedor. Ou seja, tais obrigações não se extinguem pelo decorrer dos dois anos
posteriores, mas subsistem em razão do plano.

27/10

Quando ocorre a alienação de filiais, dentro da recuperação judicial, o adquirente do


estabelecimento pode firmar um novo contrato de trabalho com os empregados do
local, sem que precise assumir, sob hipótese alguma, os passivos trabalhistas criados
pelo antigo dono. Da mesma forma, a alienação de uma filial sempre estará livre de
passivos fiscais, conforme a previsão expressa do artigo 60, parágrafo único, lei 11.101.

O efeito novativo dos créditos, descrito no artigo 59, só estará consolidado a partir de
dois anos a partir da concessão da recuperação judicial. Se o devedor inadimplir com a
suas obrigações depois desses dois anos, os credores deverão entrar com uma ação de
execução extrajudicial, na qual o título executivo será o próprio plano homologado, ou
requerer a falência do devedor para tentar receber seus créditos. Os artigos 61 e 62
estabelecem as consequências jurídicas para o inadimplemento do devedor -
convolação em falência, se o inadimplemento se der em menos de dois anos, e a
execução específica ou o pedido autônomo de falência, caso este ocorra depois. Vale
lembrar que, no segundo caso, o contrato que criou o crédito devido não será válido
para ensejar a execução, uma vez que houve efeito novativo e o plano de recuperação
passou a ter a qualidade de título executivo.

Além disso, a lei 11.101 ainda prevê um plano de recuperação especial, destinado
especificamente às microempresas e às empresas de pequeno porte. A ideia é
fomentar esses pequenos empreendedores, tendo em vista que eles representam
metade da atividade empresária do país. O plano de recuperação especial só pode
envolver credores quirografários e estabelece prazos específicos, diferentes da
recuperação comum. Dessa forma, a recuperação especial não abrange créditos
trabalhistas ou fiscais, mas tão somente os quirografários.

A falência é uma forma de regular o concurso de credores, quando há liquidação da


sociedade empresária. Em termos de competência, vale ressaltar que o juízo
falimentar atrairá as eventuais demandas posteriores ao requerimento de falência,
sejam elas de natureza falimentar ou não. Isso significa que, se alguém quiser pleitear
uma indenização de uma empresa em processo de falência, por exemplo, essa
demanda indenizatória será direcionada necessariamente ao juízo em que corre a
falência. A esse fenômeno se dá o nome de “Princípio da Vis Attractiva do juízo
falimentar”.
A massa falida subjetiva não possui personalidade jurídica própria, mas tem
personalidade judiciária para figurar em um processo judicial. Como sabido, a massa
falida de uma empresa possui o aspecto objetivo, referente ao patrimônio disponível
para integrar o ativo, e o subjetivo, referente ao conjunto de credores que desejam
habilitar seus créditos perante o juízo falimentar.

Para haver falência, é obrigatório que haja um empresário, um inadimplemento e a


insolvência desse empresário. Verificados esses requisitos, o juiz profere uma sentença
seríssima de decretação de falência, retirando do mercado um agente que contamina a
atividade empresária. O empresário em insolvência ilude os seus credores e faz
negócios altamente propensos ao inadimplemento, razão pela qual o Judiciário deve
retirá-lo do mercado com urgência, protegendo os credores.

03/11

Para que haja falência, é necessário que exista, invariavelmente, um empresário


insolvente e a decretação de falência por um órgão do Poder Judiciário. É possível
conceituar a insolvência a partir do artigo 748 do CPC, qual seja, a ultrapassagem das
dívidas sobre a importância dos bens do devedor.

A prova da insolvência é obrigatória e se dará de diferentes formas, a depender do


caso. Nas hipóteses dos artigos 105, lei 11.101, o próprio devedor requer a falência e
apresentar todas as razões de inviabilidade da atividade empresarial, enquanto no
artigo 99 da mesma lei... (???). Vale ressaltar que, apesar do comando “deverá”, no
artigo 105, não existe qualquer consequência jurídica para a omissão do devedor no
requerimento de falência. Isso ocorre pois o legislador entendeu que requerer a
própria falência é uma decisão muito complicada para o empresário, abstendo-se, em
razão disso, de estabelecer uma pena caso ele não o faça.

Nas hipóteses elencadas pelo artigo 94, existe uma presunção de insolvência sobre o
devedor. Tal presunção pode ser afastada se esse devedor utilizar o parágrafo único do
artigo 98, isto é, depositar o valor correspondente ao crédito elencado (depósito
elisivo), desde que o faça no prazo da contestação. Caso isso ocorra, a falência não
será decretada e o Autor estará autorizado a levantar o valor do depósito. (pegar o
restante das hipóteses) Se o Autor requerer a falência com dolo e má fé, apenas para o
devedor realizar um depósito desesperado, terá este direito a indenização, nos termos
do artigo 101 da lei 11.101. Segundo a doutrina, as hipóteses do artigo 94 expressam
as seguintes causas:

I – inadimplemento injustificado

II – tríplice omissão

III – atos de falência, que geram para o devedor a presunção de insolvência.


Os rol de legitimados para requerer a falência tem previsão no artigo 97 da lei 11.101.
No prazo para a defesa, caso ele seja Réu, o devedor pode requerer ao juízo a sua
recuperação judicial (artigo 95). Pode ser que isso ocorra após o prazo de 10 dias para
a defesa, desde que não tenha havido, ainda, a decretação de falência. Dessa forma, o
que obsta o requerimento do artigo 95 não é o esgotamento do prazo, mas sim a
decretação de falência nos termos do artigo 99. Se o prazo de 10 dias estiver esgotado
mas o juízo não tiver decretado a falência, nada impede que o devedor faça o referido
requerimento.

10/11

(pegar início da aula)

Sempre que a lei falar que o falido fica inabilitado, como o faz no artigo 102, ela está
tratando tão somente do empresário individual. Se este empresário individual
inabilitado quiser dar início a uma sociedade, como um médico que quer dar início a
um hospital, nada poderá impedi-lo, uma vez que a restrição se refere exclusivamente
à sua atividade enquanto empresário individual.

É possível que, em razão da apuração de um crime falimentar, os bens dos sócios ou


do próprio administrador judicial sejam afetados e envolvidos em um processo de
execução civil. Por isso, (alguma coisa de ofício). Por fim, esclarece-se que os contratos
bilaterais do falido não terão fim com a decretação de falência, podendo ser
cumpridos pelo administrador judicial que busque reduzir ou evitar o aumento do
passivo da massa falida, além de outros prejuízos ao patrimônio do devedor.

A fixação do termo legal de falência, consubstanciada pelo artigo 99, II, caracteriza um
importante marco jurídico e momento digno de muita atenção. Deve-se observar
atentamente o intervalo de tempo entre o primeiro protesto e a efetiva fixação do
termo legal, uma vez que alguns atos podem ter sido praticados de forma lesiva aos
credores durante esse período. A doutrina costuma chamar esse período de “período
suspeito”, tendo em vista que o cumprimento de algumas obrigações - que, à luz do
direito civil, são absolutamente regulares – teria o condão de violar, de forma
fraudulenta, o Princípio da Isonomia dos Credores. Nesse sentido, o artigo 129 da lei
11.101/97 elenca diversos atos que não possuem qualquer eficácia perante a massa
falida, ainda que o devedor não possua intenção de fraudar os credores envolvidos no
processo. Determina-se, assim, um critério flagrantemente objetivo para declarar, de
ofício, ineficazes os atos elencados, sendo irrelevante a existência de dolo ou culpa por
parte do devedor falido.

Além das hipóteses do artigo 129, que expressam a responsabilidade objetiva, a lei
11.101 ainda apresenta a ineficácia por responsabilidade subjetiva, em seu artigo 130.
Nele, definem-se como revogáveis todos os atos praticados estritamente com a
intenção de prejudicar credores, o que evidencia o caráter subjetivo da
responsabilidade elencada. Dessa forma, o artigo 129 aborda a responsabilidade
objetiva do devedor falido, enquanto o artigo 130 fala da responsabilidade subjetiva,
que prescinde de dolo ou culpa.

O processo de falência tem como objetivo realizar o ativo do devedor, isto é, liquida-lo
para transformar os bens arrecadados em uma única espécie (normalmente dinheiro).

17/11

Após toda a apuração dos ativos do devedor e pagos os credores, é encerrada a


falência nos termos do artigo 156, lei 11.101. A falência será encerrada sempre por
meio de sentença, cujo trânsito em julgado dará início ao prazo prescricional relativo
às obrigações do falido (artigo 157).

Depois do encerramento da falência, tem início a chamada “recuperação do falido”,


que visa a reinserir o empresário no mercado e na prática empresária.

A Fazenda Pública pode requerer uma falência? Após longas e inúmeras discussões
doutrinárias e jurisprudenciais, entende-se, hoje, que tal requerimento não é possível,
uma vez que essa prerrogativa daria poder excessivo ao Estado e feriria diretamente o
Princípio da Preservação da Empresa, o qual, como se sabe, é o pilar fundamental da
recuperação judicial e do Direito Falimentar. Além disso, fica claro que a Fazenda não
obteria benefícios significativos em retirar uma empresa do mercado, através de uma
liquidação, interrompendo suas atividades econômicas e gerando desemprego. Em
atenção a esses fundamentos, o enunciado 56 da I jornada de direito civil deixa
expresso que não cabe à Fazenda o requerimento de falência.

Embora o artigo 83 da lei 11.101 seja uma referência primordial na classificação dos
créditos, estabelecendo sua ordem, vale lembrar que essa ordem deve respeitar os
“créditos extraconcursais” estabelecidos no artigo 84. Como resta explícito nos caputs,
os créditos do artigo 84 terão precedência aos do 83 na liquidação, operando-se, em
ambos os casos, pela ordem em que são dispostos no dispositivo legal.

A reserva de importâncias, consubstanciada no artigo 149, é determinada pelo juiz


trabalhista a partir da importância que este julgar devida na falência, possuindo
preferência tanto sobre a ordem do artigo 84 quanto a do artigo 83 na liquidação.

Observadas as eventuais reservas de importâncias e, depois, os créditos do artigo 84, a


liquidação se regerá pela ordem geral estabelecida no artigo 83. Vale lembrar que a
progressão dos incisos só é possível mediante o pagamento dos anteriores, isto é, só
serão pagos os credores se quitados todos os créditos daqueles que possuírem
preferência de ordem. Nesse sentido, haverá pagamento dos créditos tributários, por
exemplo, apenas quando forem pagos os créditos com garantia real e os créditos
trabalhistas.

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