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ecele Pollté
€AO P'-l/l C

Commissfío dt Lmlws Tclegraphicos Es(rafcgicos


<lc MuUo (~rosso ao Amazonas

f'"lniwxo H . 5

ETHNOGRAPHIA
pelo coronel

Caódldo Mariano da SIiva Rontlon


Chefe da Comm••••o

PAPELARIA LUIZ MACEDO


RUA DA QUITANDA, 74
RIO DE JANEIRO

IUSIU Df lOOlOGII • USP


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Commissão dt Linhas Tclegraphicfts Esfrafegicas e,'?--~
de MaUo Grosso ao Amazonas

Rnn~xo H . 5

ETHNOGRAPHIA
pelo coronel

Candido Mariano da Silva Rondon


Chefe da comm lssão

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PAPELARIA LUIZ MACEDO


RUA DA QUITANDA, 74
RIO DE JANEIRO

IUSfO Df ZOOIOGll • U,
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RECEBIOO em
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INDIOS rAR[CIS

Biblioteca Digital Curt Nimuendajú


http://www.etnolinguistica.org
lndlos Pareeis
Noticia Histo,-ira-As r,ri111eiras informaçües ..,eguras sobre •>s Pareeis são devidas
a Antonio Pires de C::i.mpos que na sua 1d3reve notit:ia> (Revista do [n5ti-
tuto, tomo XXV, Rio de Janeiro, - I 862)-rlescrevt> o «Reino Jos Pareeis,,
como existia em q23. Eram os indios muito numerozosnaquella epoca;
em um dia de marcha passavam-se 10 e 12 aldeias, cada uma contendo 10
a 30 cazas, «redondas, de feitio ele um forno», muito altas.
Cultivavam mandioca, milho, feijão, batatas. ananazes; «em admi-
ravel ordem plantados.•
Caçavam veados, emas, e muitos outros animaes.
Diz Pires de Campos que não eram guerreiros; 11zavam para a defeza
arcos, flechas, lanças e «espadas,, (1) de madeira rija. Tambem diz elle
que numa casa (2) collocaYam seus muitos ídolos, cuja vista era vedada
ás mulheres
As suas estradas eram «mui direitas e largas., conservadas perfeita-
mente limpas.
Louva ainda elle a belleza, a agilidade das mulheres que diz tão habi-
lidozas que nada se lhes mostrava que não «imitassem com a melhor perfei-
ção.» Perfeitos conhecedores da arte de tingir as pennas e do trabalho
da pedra <<como jaspe em forma de cruz de Malta», Pires ·de Campos diz
ainda que a língua dos Pareeis era «boa de percebeu; faz notar
que além da liagua commum. cada grupo ainda possuia a sua. Ao
lado dos Pareeis o chronista descreveu os ·~lahibareZ>- dos mesmos cos-
tumes e uzos. e "m 4uantiuade tão grande «que se não podiam numerar .•
Só algumas palavras differiam nas duas linguas Pareci e Mahibare.
Os Mahibarez, diz •J capitão, uzavam as orelhas perfuradas.
Bossi em 186 2 colheu algumas informações sobre esses indios,que pu-

Íll-
blicou no seu «Viage Pinttoresco>. Von <len Steinen em 1884, poroccuião
da 1. • expedição ao Xi ngu, mui pouca coiza viu dos Pareeis. Em 1887.S8,
na 2~ expedição ao Xingú, conseguiu algumas notas mais sobre esses
Ellas se acham no seu livro «Unter den Naturvõlken Zentral Br,aili
publicado em 1888.
K. von den Steinen considerou os Pareeis a nação mais central do
nente Sul Americano e p.)r i&so julgava de grande interesse examinai-os
porque elles iam já em via de extincção. Infelizmente porêm. todos •

(1) Ainda usam como ornato nos dias de festa.


(2) Essacasa é denominada: •l6JNc6•
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colhid<''! pC'lll cth11ologo nlon!lo
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1· ·10 prci.11lcntu de M,llto·
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volta da scg-1111clu i•xc11rsflo a!l rrg11il'S ilt, ., 111g-11 i' í' pi' 111 ' •• .
tirosso que nt:llltlass«• lnt~car para Cuyal>,) um c<'rlo numero d1• tnclwi,. Ja?°.
· · · 1· · 1 · e hom1•11s e 3 mullwrcs, aeJ!fll
Furam ornnda,lns tlc I llanrn11l1110, 12 1111 1v1t uos, J •
Púr ,llii St' vc r.omo foi reduzido o s1~u campo de ob.scrvaçfw. A11si111 as nota-; qu<' ~ariª
foram ohtidas agora d1•pois ,,uc todo o «Reino ,lns Pari•cis• foi atrav<.''lSl~clo pela v}t
Linha Tcl,~graphic.i pcrmittcm um conhl'cimento mais profundo dessa trihu ·
eeatr1
Entre os ua1los mais importantes que von den Slcinen apurou, conta-ac :,
determinação da região ele origem <los Pareeis, cujos antepassados vi veriilll franc
«perto da grande agua>. A!ªd
Acreditando nessa tradição, o povo 4uc clle julgava o ma.is central <la ~!aria
Amcrica Jo Sul teria vindo do Ama1onas, fixar-se no planalto de l\fatlo Grosso.
Divizão <la tribu dos Pareeis-Em Setembro de 1907 1 verifiquei que a grandl'
tribu <los Pareeis era dividida em 3 rdmos, denominados respectivamente :
~Iam
1º.-Uaimarés-,que se diziam filhos de Zakálo e de Zalúie.
)!ano
2°.-Kaxinitis-,filhos de Záo-lorê.
3°.-Kozárinis-,filhos de Kamásso, o grande. Bte
Em 1908 reconheci que do mesmo tronco Pareci, ainda existia um 4° grupo
o;.
denominado-Iránxes-pelos outros . (r) Estes ainda se conservam arr@dios dos
irampame
civilizados. emquanto que os 3 outros ha muito tempo vivem em coma1ercio com
elles. Os primeiros que se relacionáram com a expedição foram indios de um ~ da

grupo dos Kaxinitís, cujo chefe é Lokui-erê, tambem chamado Lokuiussú e 1'HSte gi

Uarúdaká ou ainda João Henrique. .:ilgena, .


·-1
Este grupo é formado pelo~ seguintes indios, além do chefe citado: ..lando o
l'~,·
,re. qi
João Vaz Zavadáissú--(Foi o 1º guia da Expedição Rondon)
Zc~tur·e.
T heodoro Kainúdaissú
Rosa Kalaiuerussú-(Mulher de Zav.idáissú)
Leocadio Zalain-issú
Zé M.aria U aiamarussirí

Vieram ao acampamento do Uazüliatiá-suê-(Cabecu ·a do Kagado).

O 20 • grupo veio á cabeceira do Kosuí-(Kosuí-suê)-(Jacutinga), era che-


fiado por Zôzôôarirí, (2) tambem chamado Fanché, filho de Lokuierê. Esse lugar

Cau iri(])e -U'1riter


Em Ago,to
• A deli1911. eh
. egu e" 1 •
.1 a~ con icc,mento da e,ustencia de mais :} ramo, da naçào .\rili:
. , e. que e v1v1a no hJ1xo Sauc.·-ruin,1 't .h . d . .
l'.a1mare, ,1ue se perdeu para oi lailos d R· p · , tnUl o ,1 a1xo o 5Jlto Ut.1anty; c,te, dit,e1n º"'
. . . . o 10 1mcnt.1 Bueno ,
9 - O Amuro i'.ozóoa,,rj nin é Kax,nilt como
(-) . .
Pareeis. E', ,im, Cauâri. me mtorm.u 1 m 110 prímciro encontro l1ue tive i:om as

O, Kaxioiti, CrJm ontigamcnlc t,mhem JenominaJos - nM ... S. .


cn..::ontrado em urna ma11,ca K.u:iu1t1 um1 h li ll ara.m. i1nbe J15so c.:uuahll'"'nle, por ter
,
R:U" ruaJ.1 por um índio como lcmbr:inç d.
e ·' p,ne • com duc i1hos setne lh antes .aos J~1 no~s.l carte-nova.>
d e ~eus antep~1s,.idu~ '
. Pcrgunt-n1Jo pelo nome dc.<se utcuslllo respnndeu•mc,. ·. ,_ . .
an11•u11e d1ne·mc1i1'1c •.Mariáu é tJmhcm d K .· . . mdu d~nomrnar•!t- «M.1.riá-ma.t.1)0.,; e ~,1mo •u
nome e ;,u; t.nih, usJdo 0•1tr'or.1 .
-7

1- lambem l'Ot1hrc11lo r o111 os 11omcs dr• ~ a bcr t'Í t n do 1 Vl'ado11. l•orruam c'ite
1rrupo:

Lalá Onerô (MullH•r d e 7.1j zt,oarirl) (Utiaritl)


Jo,14uim Taré- Kolorê
Miguel <lc Souza Zolui-uss ú
Joaquim Marikoazá
Jm;ino Lalákizorê
Henrique Zoluimcná
.Maria Kamo!l Zukizalô
lJ. Anna Kcmahí-rohitt
Beatriz Tiolá.- -Tiholô
Francisca Zari-Zakalú
Arací Zolulussú
Maria Kakálo (Não era Kax'lnití; ahi estava r~fugiadci por ter hrigado
com seus companheiros do grupo-Kozárini do alc.leia -
mento de cima).
Maria Thereza Kalá-issulú -(Filha da precedente).
Manoel Rodrigues Matukuiê

Este grupo habita nas margensdo Kozui-inazá-(Ribeirão Kozuí).

O 3? grupo, ainda pertencente ao ramo Kaxinití, que foi tambem ao


acampamento do Kosuí, habita o Anhanazá, ou Rio Agua Verde, ponto
extremo da Exploração de Badariotti, que o denominou Rio Verde. Na occasião
era este grupo chefiado por Manoel Benedicto, que não quiz dar o seu nome
indígena, como acontece algumas vezes, preferindo aquelle nome portuguez,
julgando o mais honrozo. O chefe cffectivo deste grupo é João Ferreira, Zamai-
zamarê, que estava então na aldêia Zutiacurê, chefiada por seu irmão Annibal-
Zomazurê . O 3? grupo consta de:

Manuel Benedicto
Luiza
Egydio
Julieta
Zunuialô-(Não tem nome portugw,z).
Manuel Bibiano da Silva
João da Ponte
Manoelsinho Alauá
Antonio Venancio U akomonê
Francisco Zoluizaê-(E' um Uaimaré, filho <lo 2~ guia da Expedição
U azákuririgaçü).
Agostinho Zalaiarê
Benjamin Onezaiarê
João de Campos Zalakiê
Herculano
- ti -

Floriano
:v\arina Kenoizalô
Deodoro Zazokuiê
Atfon!-.o Uarêzôkômeuarê
Kalô (i'lulber)
Joào Francisco Oneaní .•'
Anazakalô -.,.
Maria
Carolina Katoneteo
Thereza
Anna ,\laria Iazalô
Maria Justina Zozomalô
Anna Enozokuirô
Paulo ·.-
O 4º Grupo encontrado pela Expedição, constituido por indios Pareeis do
Ramo Uaimaré, habita a Cabeceira Zutiakurêinazá. nas Aguas do Sepotuba,
tambem conhecida pelo nome de Buracão. O cacique Zomazurê é o seu chefe.
Os outros indivíduos são :

Maria Zomaizoêrô
Cetina Zenolô
Joze ~laria Ianazorê
Jacy Kalumarê
Jozé Leandro ,\iorêzoê
.Manoel Benedicto Tiamazarê
Pedro Bem-te-vi Zauariçú
Joaquim Teiri-zalá
.Militão Kamairabarê
Aquillino .Matiuazái
João Jozé "lololô
Luiz Brandão Zaruzukuiê ~-
..\laria Ju:stina Zuúzamulú ...
Augu'>to Zakôe
Em ilia Zuizalú
Maria Benedicta Enuzoiolô
João pequeno de 6 mezes
Maria Cecilia lazakanorôzô
Benedicta Iazoneruçú
<: mais 12 homens, 7 mulheres, 9 t.:reanças que se ach avam cm trabalho, no!! se-
ringaes .

. 5~ Grupo-1\~alo_ca_ do Sacuriú-ina-suê: nas cartas, com o nome Xacuruina.


Os 1nd1os que ah, existiam eram Uimare"c., e K a1xin1tis.
· · · ·

Cacique Jozê Laurindo Uirarê


João-.Malate Matbias-Maissanú
-9-

Jolh) Pinto N atnon suratiá


Luiz Kazuriê
Jorw Baptista Socorl'i
Or. Esperidiao Kuirikuá
Antonio lankuê
Thomé Tanika (mutlo)
Ignacio Kazuerê
D. Maria Abalô
Paula Uairú
Maria Luiza Kazulá
Rita Kulumá
Maria Atiú-éussú
l,lanuel Mairiê
Jacinthinho Zaluíkassú
e mais 5 homens e 5 mulheres :

6? grupo. Estes indios foram achados numa das cabeceiras do rio J úba,
Koterekô-iná, affluente da margem direita do Sepotúba. Sua aldeia deno-
minada Makuá-tiakerê, (Curupira), é situadada á margem esquerda do rio
Verde, junto a sua cabeceira. São estes indios chamados Kabixis, pelos Uaimarés
e Kaxinitís; mas denominam-se, a si mesmos : Kozárinis.

Chefe -(Amúri e Utiarití) Mathias - Tolôírí. (Guia da Expedição 1908-


1909. (1)

Manézinho Zalukiuarüçü
Chiquinho Zomaizarê (Perna cortada)
Antonio Ximoré
Nicolau Xinoêcêré
Maria Luiza Anazakaluçü
.M.agdalena Imazalôkaçü
Pedro menino de 5 mezes
Luiz Cintra Zuuzuki-Uazarê (Comico)
.M.ariquinha da Ponta Uakuámaralú
J ulinha Zakuzalú
Mariquinha Zokuiáluçú
André Xalínarúçú
Antonio Maciel Zoêzaiarê (Comico)
João Pinto Xiníurêgaçú
João Grande Zoluimarê (Cacique, irmão de Tôlôirí,chefia um gr upo
situado na cabeceira-Imatiacê-aldeia denominada-
Uamolonê-(caxoeira) aguasdo rio Júba ou Mauê-
razá).

(l)Ptlle,eu viuimd Je uma pneumonia d11pla em Junho de 1909 no deatacamento de J11r11e1u ,


- 10 -
.,
\larccliriu Zulwízalía
1
Kainhú-luin-halí1
Oolinha
D. Eli!!i.a Uarnulúialú
)s lll ais ou 111e11os) Zámozuri\Lal(,
Joanna (vo 11ta <1e 70 a, ]ti ' .
Maria-Cruzinha Tihon -1 a ial ô.
Emilia Zocuim,tluçú
Joaninha Zoluizaluçú
Ro,;a Makuírio
João Ferreira Tohêroá, (Filho tlc Uazácuririgaçú' acompanhou ~cu
pai, cm 1907, na Expedição.)

° Grupo. Formado por índios Uaimaré:; e Kozárinis. Foi encontra<lo no


7
Pa!lso tio Rio Verde, caminho de seringueiros: habita a cabeceira Mazarê-suê.

Amúri Uazácuririgaçú Jezuino


João Carlos Kalomaiarê
Pedro 2 .º Zuzumari
Marçal Zamikô
Benedicto Zôkaiê
Pedroza Komuizaluçú
D Mariquinha Kauáizalocê l mulher do .Major Liba.nio, Koluizorocê)
João Zozokiuazarê
E mais 2 mulheres velhas.

s.• grupo-Aldeia em Tianá-iná-suê, (cabeceira do Tianá), affl.uente do


Timalatiá ou Rio Sacre.

Amúri-Dr. Riváni-Kamaizorê (pai do Major Libanio).


Amuri (em 2~) Major Libanio-Koluizorocê
Garcia-Zomazarê (com 2 filhos pequenos ainda sem nome)
Zonazalocê (filha do Major Libanio)
Bibiano lakornuê
Totó Bonifacio Kaloê (é tarnbem amúri de um outro grupo aqui
reunido)
Zuzui-zôlô, filho de Kaloê
Chiquinho Enômazorê
Arezorê filho do precedente
Uluizukuiê filho de lakomoê)
Caetano Dias Zamorê
Miguel Zoluimairi
Antonio Canjiúva-Zolamái
João de Albuquerque-Korúzorê
Ianazumaré sua filha
Antonio Ventura Zarimi
Zumui sua filha.
- li

Tgnnrlo Kon11inrfl
Z.trik,1111 sui. fillin
Z,d II kn mnizí'Hl• filhn d!' 1,11 01110~
Joí\o PPd ro Zol,it1H1znrt'•
O lol-11111zôrcc{I filho dC' Antonio Vr,111111 n
,\\nthins Alua
F\laristo ,\\iruthr
B<'ncdicto Ti111(1e
Abre li no Koimí'1rê
Manuc•l l{odriguez Kuru1.aiú
Joaquim ParC'ci Zola111aiê (acompanhou u J<,,:pcdição c-m 1909).
Maria Tuitumazalô
Bencdicto Zozuimazalô
Emília Kamaizakaíalô
Brazilina Kamulú
Maria Rita Enozalairú
Emilia Zoialô
Maria Tihonlôcirí
Constança Kazôialô
Hohoialô sua filha
Maria Clara Kamazôkanalô
lhãezô e Olui filhas de Kama~ôkana.lô
l'\faroca Anazakaialô
Anna Maria Koalô
Thereza Zanozôkôlô
Maria Luiza Enazalô
Marcolína Tahin-aná
Joanna Kamôzirú
Sílvana Aia.Iô
Oazuri-arê seu filho
Anna Zauô-Katalô
Mariquínha Kamáikanalô
Kamáio filho pequeno de Takomoê.

Além destes índios; tive noticia de malocas na cabeceira uo Cabaçal, cujo


amúri é-Zomaikaê-; na cabeceira do Jaurú, chefiada por Zakanari-; na cabe-
ceira do Guaporé, dirigida pelo amúri Iuázorê.
Na aldeia de Zomaikaê acha-se o irmflo <le .'1athias Toloiri, chamado Zaôlo-
Uáikia. E' filho de uma Kozárini que foi presa pelos ::-:hambiquáras e retomada
pelos Pareeis. Vciu gravida de um dos raptores, e deu á luz dahi a mezes este
índio. Elle e~teve em 190g na Expedição, juntamente com .,ia.thias; voltou do
Juruena, quando seu irmão morreu.
Geralmente os Kaxinitís e Uaimarés que habitam c1s aguas do Arinoa
e Sacuriú-iná, e os rios Tahúruiná, Tirnalátiá, e Sauêruiná, appelidam os Kozá-
- 12 -

· d 1-' · Vrr le tio Júlia, do Cabaçal , do Jaur(t, do


rinis que vivem n1ts ca becctras o .,10 e , .
,.. · te- ''abiils- nott1c <1uc os habitantes ela wlaclc de 1\1allo·
Jurucna e I1o unapnrc, 1 n . , .
Grosso dão aos indios que at,1ca m os haLllantcs desta zona.
o amúri Tôlôirí-(Mathias) - nos esclareceu a rcspP-ito ria confusão que ahi
reina sobre O valor tlessa denominação . Aftirmou-nos Tôlôirí quP a s11a gente é
Kozarini, erra1lamente chadad,1-- Kabixi; quf' o nome Kabixi era antiganH'nti: ·
dado pela população ue Villa-Bella aos indios que os Parecii:; denominam dc-
Uáíkoakôrê-, e que a gente de Diamantino e Cácerr.s r;han1;1.m-Nhambiquáras.
Este povo habita o valle do Juruena desde suas cabeceiras até sua confluencia com
o Arinos, distribuindo-se ainda pelas cabeceiras dos rios Sararé e Galéra, afRu -
entes do Gnaporé. Os Nhambiquáras se dividem em 2 grupos, segundo informam

-.
os Pareeis:
, • ~ ' ,s p
" .. -·
1?-Uáikoakôrê
2?-0uíhan iêrê

O 2?, mais guerreiro que o 1~. é mais escuro e habita do Juruena para Cama-
raré. As informações que obtive na cidade de .\latto-Grosso dizem que os Cabixis
são irreconciliaveis inimigos dos Pareeis, o que ainda concorre para os identi-
ficar aos Nhambiquáras. Por outro lado os artefac,os, armas etc. dos Kabixis de
Matto-Grosso são identicos aos dos Nhambiquáras do Juruena. O appellido-
Kabixi-é, no conceito de todos os Part-'cis. deprimente. Os 4 grupos Pareeis se
chamam, a si proprios, englobadamcnte,-Arití-nome que se encontra em seus
cantos e nas denominações de seus chefes cspirituaes ou temporaes; por ex. :

Padre, medico ... . Utí-ariti-(ou Ut'arití).


Chefe Pareci .... . Ariti amúri.
Lingua pareci ... . Ariti-Nirauênê

Os Tránxes só agora-julho df• 1910-chegaram a fala (r); appareceram


a I~ vez na estação telegraphica de Utiarití, a margem esquerda do Rio Papa-
gaio, onde deixarain flexas e outros presentes. Pelas informações dos Kozarinis
e \.'aimarés falam língua pareci modificada, tazem casa como elles e uiam rêdes.
Dizem os Kozarinis que os Iránxes tem ramo proximo a cidade ,le .,fa.tto-
Gro_sso. Talvez sejam os Uáriterê. Recentemente o Major Libanio-(Koloizõ.
roce)-me communicou qu e ira · · l er com os I ranxes para levar-lhes a noticia · · das
boas disposições <io Governo da Republica.
Para terminar o estudo da rlivisão da Rrnnde tríbu dos Pareeis convt-'m dizer
que os Uaimarés ain,la falam em -, grupos seus par~ntes, que não sabem dizer
para onde'> foram:
. • 0 grupo
• ·s ª 1uma.
. e O grupo Oazane. . Durante a expedição de
1 90 9 o . \aJor L1banio esperava encontrai-os. Ac·.rcsc<'_ nt.a t>
.,\ajor que os Oazant•

(1) Verifi<1ue1 que"ª"


,e lr n, de lr,inx•·• ~" o
1'1bamb1qu•u1 ou UaikoakQrA, gr l : '
.
m m, 11,íormaram, e s,n, ,\e uma lrihu Ja granJc n~,·;lo
' upo con l.ec1do pe1tJ ltl)tne; 1{,,kot-1tena.r'4. (o
• , ! con, som Je I ho.panhol)·
- 13 -

eram filhos dt! Kamatkôré e os .Salum:\ seu'i netos. Amhol'I viviam un margem
usquercla tio J11nt1•na. Os 011:r,a11é faziam 1·ano.1s 1la t ..1i;r.t do J,1tnh'1, corniaw
peix1·s e alg11m,1M avns--(mutum, jacú, inhainuú)-P n,10 comi..im «bl!,;ho de
pêllo:.. Salumú comi:1 ludo, como U,1i111aré.

Dt"shib11i(1it1 gc.ograp/11rn- ·ÜS Parc1·is habitam o planai to denominado Pnrecis


-de!-1dr 0 l{iu Arinos 1· calwceiras do P,1raguay, na latitu1le Sul de -14? ;o' e
longnudc de 13~ 16' Oeste-Rio Janeiro, até ,is cabPceirac; Jo li-uaporé e rio Ju-
rucma, 11:1 ldtitu<ll' q" 1• long-itu,l,• 15º 58 ü. do Rio t.le ]i:itieiru.

O 1~ grupo dos Pareeis Kaxinitb-se espalha pelo vallc do Rio Sumidoum


affluentc dn Arinos, e cnbecr·iras do Sepotuba e do ~acuriú-iná, ~ub contribuiute
mais oriental Juruena, entrP os parallelos 14~ 5' e q~ 15' e os meridianos ele 13? 46
14? ,o' ao Oeste do Rio de Janeiro.

O 2? grupo dos Pareci-;. Uaimarés-se espalha pelo Tahúruiná ou Rio


Verde, T1malatiá ou Sacre, entn· O'> parallelo-; de q? 5' e q? 15' e meridianos
de 15" 9' e 15º 19' ao Oeste do Rio de Janeiro.

O 3º grupo dos Pci recis.Kazárinis-habíta o diYisor das aguas <lo Rio Júba,
do rio Cabaçal, do Jaurú, do Guaporé, dos Rios Verde ou Tahüruiná, Papa-
g-a1;aio ou Sauêruiná, Burity ou Zolaháruiná e Juruena ou Auáuiná, entre os
1
parallelos de q? e q 30' de lat. Sul e meridianos ao Oeste do Rio 15? 9 e 15? 58',
donde vem a denominação do seu habitat. : Enêmaniêrê-em cima; assim como
a da região dos Uaimarés: Katiàre-etimaniêrê-em baixo.

O 4? grupo dos Parecis-Iránxes-vive no valle no Rio Cravari ou Curuçü-iná


tributario da direita do Timalátiá, no valle do Sauêruiná ou Papagaio, e Zolahá-
ruiná ou Burity, na p<1rte baixa d.estes rios, entre parallelos de 13? e 13? 30' Sul
P meridianos 14? +ó· e t5? 1 s· ao Oeste do Rio de Janeiro.

Dados antltropo!ogir.os-Os 1Dais puros repr~sentantes Pareeis são os Koza ·


rinis do Juruena, Guaporé e Cabaçal. porque se acham aind,t livres do cruzamento
1ue já tem attingido os Uaimarés ' e Kaxinitís, vizinhos dos seringueiros. São
todos amarello-avermelha los. mas os Kozarinis são mais escuros, bronzeados.
Te.n olho.~ pardos, escuros, e são de estatura inediana.
Entre os Kozárini-; pu1le oh ...;er11ar typos dP altura hem acima da mediana e
entre os Kaxinitís vi mulheres d(' apparencia mais robusta que o geral
dellas. O ,:abello é cr)rrido, cn:no de regra n:i população iuuigena do Brazil e é
uzado longo só pelos Kõzárinis; os outros uzam-no C<JrtaJ0. Os Kozárinis fazel"l
o mesmo quando vem até ,is povoações civilisadas. Tive ocazião de ver um delles
de cabellos anellado,;, naturalmente dP.scendente de algum negro dos que eram
outr'ora empregados nas minas de ouro de ,\lato Grosso. Pellos da barba, do
pubis f' das anxilla são arrancados em geral; hoj~ m11itos procuram imitar os
brancos qnt· conh1·ccm e por is,.,, os conservam. fêm a fenda papebral obliqua,
0 nariz direito, e os malares salientes. Os pés e as mãos, especialmente nas mu-
-14-

lh<'rf's, sfln notavcís p<'la gracilidade de su,1s proporo"'-s; os 1kdos da!! m:ios slío

cm geral fuziformc~.
If fnct11 gPrnl eutn• ,,s Pareeis, ao qual youcos individu1Js fa1,ctt1 excepç~o, a
carie mui prt>cocc dos 2 incisivos mc<li.inns ,upcriores,<1ucr na 1~ quer na/~ rlentiç:10.
A pubcrda1lt• vc111 cê1io. A.; mu\hcn•s Pareeis são prolifka:-1 1J cntrn elles até
1, 01) n,,.J ouvi falar e,n prati,,a:; abortivas. As n,~anças andam e falam cedo tam-
1
hcm nl\o verifiquei u,na só 1\cfoiLUosa. Apeuas ,:ncontci um cazo de ele surdi-mudtz
A cegueira e rar<' e, Í",:;o mesmo, acd<leulal. Nenhum cazo de dclirio ou de
qualquer pi:rturba..;ão nenoza, sensorial ou motora, foi visto. Em to<las as aldeias
cucotrci velhas ~ veli10s, que são rc:speitados iwmcnsamente. A molestia mais
commum é o-· paludismo - que os não poupa. Não vi nenhum beribcrico.
Como co:--tumc dia rio uzam o banho frio de que muito gostam. Costumam, antes
de se mettere,u n'agua, chafurdarem-se oo brejo.
Voltando, em 1gII aos aldeiamentos dos Uaimar.!s consegui mais os
seguintes daJo.,, registrados pelo Dr. Murillo de Campos, que me acompanhou
nessa excursti.'J.

Dados Mlhropomelricos dos Pareeis

Indios de estatura relativamente reduzida apresentam como dimensões


médias as seguintes :

Homem (major Libanio)

. .. . ...
1) Altura ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1m. 63 cents.
Grande abertura xm. 72 ,.
Circumferencia ~~~;~~i~~ ·. · ·. · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·
o,94 >
Da ponta do externo á base.d~-~;~.· ~;~~~i~·e·.·.·.:::: 18 cents.
Da base do app. xyphoide ao umbigo ............. . 21 »
Do umbigo á symphise pubiana. . . . . . . I7 ,.
Circu mferencia abdominal. · ···········
83 ,.
Peso · · · · · · ·· · · · · · · · · · · · · ·
................. ....... ..... .............
' +60 ki:0s

2) Da glabella ao inion (A. P.) ....


Ri-auricular (T.)............ · · · · · · ·· · · · · · · · · 3~ cents.
:ircumferencia da base do era . • . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 »
Oo mento ao inion neo. . . . . . . . . . • . . . . . . 54 ,.
l>o mento a glabel{;.· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 22 ))
Ui-malar. · · · · · · · · · · · · · · · ·· · · · · · · · · · · 12 ,.

Fl·nda bu~~~l····· ········ ··· ·· · ····•·· ···· ·· · 13,5


1'e,1da ocular.. ·.·· ...... · .... · " ........ · · ·.. 5 >

E~p,•ço inter-o~~{;r·.·.· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 2,5 ..


At gulo facial . ·· ········ ····· · · ·· ··· ···· 4
,.
E1 tas medidas for~~·: .. ·~·· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ± 76~
. oma as estando o indio com cabeleira curta.
- l~ -

1,\ulhcr (Ursula)

1) Altura ............ , . ............ ... . 1m 46 cents.


Grande auertura, , ........... . ....... . IW 50 »

Circumfnencia thoradca ........ .. . . . . 0,85 ,.


Circumfercncia abdominal. . , ......... . 0,78 »

2) Da glabella ao iuion ................. . 33 >


Bi -auricular ...... . ................ . 34 Jt

Base do craneo (cirr.umfrrencia) ....... . 51 '»

Mento ao inion .................•.... 21 >


Glabella ao mento .................. . 12 )>

Bi-mallar ......................... . II ,.
Fenda ocular ..................... . 3,5 ,.
Fenda buccal ...................... . 7
,.
Espaço inter-ocular ................. . 3
,.
Angulo facial •.................. • .. ± 74~
E~ta india tinha cabelleira abundante e solta.

Nõtas aohre o therapeutica entre os Parecia

Os pareeis, como todos os indios, nas diversas molestias só vêm symptomas


d'ahi originando-se variadíssima medicação symptomatica, via de regra vegetal,
de accordo com as imas necessidades.
Alguns dos seus principaes remedios, entre os mais preconisados, são os
seguintes:

1) Cuhalá, (ananasinho do cerrado), do qual arrancam as folhas para fric-


cionar as mordeduras da formiga tocanguira.
2) Zohitiá (cajuy) cujas raizes infundem e to1nam quando mordidos de
c6bra .
3) Esôlôcê. Das folhas fazem chá contra as febres.
4) Coitahi. Fazem decocto das folhas que usam como antigastralgico.
5) Menahinho. Jucerá. Raspam a caule e applicam o pó resultante sobre as
mordeduras de tocanguira.
6) Ohêcê. Raspam a casca e applicam sobre as queimaduras ou feridas
c11tat1eas.
J Catahôlô (unha de vacca média do cerrado). Usada interna e externa-
1
mente contra as febre~ - tomam 2 vezes ao dia e friccionam todo o corpo.
8) Maninherã (carohinha do cerrado). Tambem anti-febril em infusão
das folha!;.
<J) Iconá (cipó timbó). Veneno com que matam os peixes batendo contra a
agua e que no entanto não lhe1t faz mal. Os bororos usam esta planta para o
mesmo fim.
- 16

1. 1 j >) l 811111 ,IS


• si·u~
I ti, 1,uh•c,risadai-, ufls l!UPi
10) Z6t~mel~ (cambaru < o c1•rra, i .

madun• . , ,lôri·.,
r '<' 1t1 1 ç1111 1ra ,1:s , rllC'nmaticao; H"ncra-
n) Muiacaoon (tih,1rn,1 ) . 1•.mp , "'' '
llaadaa, em infusão das tolha-..
M ê ê Contra dôrl', Jl' J1•11te.
u) an cur . ) F' o g-rande rc111c,lio du loucuf'll: a parte
13) Mltôcê (cabcll,1 d1.: nt gro . ~ . .. no r,,.,o; as íumaças o
. . , dl' .1 intlon·scenna l,1111,;,im ,.,
filamentosa preta que sue~" ' .
tpira e as folhas t•m inlus,10 friccionam <:m todo o corpo.
1O\UQ a . , · .. m e pocm nm pouco nos
1 ~) Côhêdacê. Tir,1111 ,1 rai1.' sercam' pu 1\' rn;,1.

olboa quando inftammados.


is) Uazaná. InfusilO das folhas para tomar e esfregar o corpo contra
11 febres.
· · ·
16) Tacurê (corriola). Para fncc1011ar com as folhas as partes do corpo

ujeitu a d&res rheumaticas.


17) .Matauá. Anti febril, as folhas em chá.
1 8)Caloicê. Anti-febril, as folhas esfregadas no corpo.
ig) Camôsarê. Usado O latl'x contra as conjunctivites, 1 gotta ein cada olho
2o) ltuacê (variedade de capim). E' um remedio acatado o chá das folhas e
lore1. O marido e a mulher que desejarem ter somente filhos homens devem
uar esse chá por muito tempo.
2 1 ) Ualurêauá. Friccionar as fulhas no corpo contra as diversas dôres ·

22) Antábuhum. Herva de que extrahem a raiz e applicam fragmentos na


C'íll'ledentaria.
23) Caserú. Passam as folhas e flôre11 no ventre para engordar.
24) Mitabá (jacarézinho do cerrado). Chá da entrecasca contra dôrei
eapareas.
25) Teôloánecassê (douradinha). E' o remedio das anemias, inclusive o ama-
rellão. O chá das folha-; goza inda a propriedade, dizem, de ser diuretico.
26) Atiáhôzê (lingua de vacca). Esfregam a casca e folhas nas mordeuuras
de tocanguira.
27) Marirô. (Ariticumsinho). Planta com a qual dizem conseguir a morte
das pessoas desaffectas. Basta para isso proceder do seguinte modo: reduzida a
p6 é misturada aos fragmentos de fezes do desaffecto. Depoii o total posto
na casca do caramujo é enterrado proximo á raiz da planta. A morte
6 certa.
z8) Zotiácero. Remedio contra a mordedura de cobras em chá e fricções das
folhas.
2
Inhalô (capotão) chá da entrecasca contra dôres de barriga.
,)

3o) lguanabauá. Tonico usado sob a forma de chá das folhas.


31) Manhfàmuná Fricc,~ d .. 1
· ..ao as ,o has contra mordeduras de cobras.
32) Al&fàl&aani Fric,.1.1 d ·
. • 'W"o as ra1zps no corpo c-ontra a opilação.
33) ~macufà. Anti-febril e h' d .
• m c a as folhas duas vezes ao dia.
34) M.ola11t1. Infusão da 10lh
s as para a anemia das creanças.
- 17 -

35) Cntôcairo (,·aricdade clt• N,il1:1,1parrilha). O flllt'c;o do c,tttlo é usado coutra


conjunctivites.
36) Zô1.uicê. RPme<lio usado contra a amcnorrhéa.
-;;) ,\\aniuhcrá. A!! raizps fritas cm massa são applicadas sobrn as forid:ts
bravas.
38) Holômacê. As folhas Mão esfregadas na testa para a acquisiç:io d'um
somno leve .
.J9) J'laehi. E' um esterilisantt que só tem efteito usado sempre i desde
que .:essa o emprego a concepção é possível. Em geral as mulheres que não
querem ficar com o corpo enfeiado, pela gravidez, o usam.
,10) Uahicuá. Outro estPrilisante usado em chá de folhas infundidas .
.p) Cohisacê. Friccionar as pernas fracas e insensíveis com as folhas .
.p) Menehosecerá. As folhas infundidas são empregadas para hemorrha-
gias post-partum.
43) Onêhuáquini. Empregada para o mesmo fim e do mesmo modo.
44) Inhissê. Em fricção ou em infuzão empregam as folhas desta herva para
mordeduras de aranha.
45) Ariárecê (sete sangrias) em infusão das folhas para hemorrhagias posl-
part11m.
46) Otêzarê (barba.timão) para conjunctivites e cataractas em infusão
das folhas.
4j) Uuicuacê Em decocto das folhas, para o.parto processar-se sem dôres.
48) Côcôicê (senne). E' o purgante Jas creanças. Administram-o em infusão
obedecendo á dosagem. Assim, ás creanças d'um anno de idade a infusão d'um
pésinho sómente; de 2 annos, de 2 pesinhos e vão augmentando sempre para cada
anno mais um pé.
49) Alauacê. E' outro remedio tido em muita conta. Usam as folhas
infundidas para o tratamento das espinhas do rosto em repetidas lavagens.
50) Halálá. Esfregar as folhas nas pernas e no corpo quando, nas marchas,
começu-se a cançar.
52) Mahi (capim cheiroso) tomado como bebida em infusão n'agua.
Da cirurgia entre os pareeis muito pouco ha que dizer. As feridas são trata-
das com o pó de plantas carbonisadas e as fracturas deixadas a si mesmas salvo
quando complicadas, sendo então tratadas como as feridas. As suppurações
localisada'l deixam evoluir expontaneamente ou fazem nellas pequenos furos com
espinhos. transformando-as não raro em fistulas.
Quanto aos cuidados que dispensam ás parturientes quasi nada de verosímil
se consegue saber relativamente ao que usaram no estado puramente selvagem.
Dizem entretanto que ligam o cordão umbilical para o cortar, que a mulher
deita-se na proximidade das dôres e levanta-se no dia seguinte graças aos reme-
dios que toma para alliviar o trabalho e parar a hemorrhagia.
Os medicamentos abortivos usados actuam directamente ou por sugges-
tão, e pela quantidade pequena de creanças vê-se que o parto provocado é commum.
Tambem relatam as suas conquencias fataes.
_,8-
Notas accn:u de aua no11o~rnphin

O:- lll'US malf'R srw •> impaludi~mo, ,1 anrnrdl;io, a8 affocç,~es da, vias
respirat11ri ,1s ( rorysn, l)l·iJttcliit(',!'I P pn,•umonia _), n cari1 1fo11taria, o rheumatismo
agud,i (f,mnas .nthrali.rica!l, ruyalgicas ,. 1wvralg-ica., rarumenlf' havPtttlo it1fla111•
maç:'lo 1\ns juntas).
o ~arampâo e a varíola jú >:e fi1.cram notar entre os pareeis, por algumas
vezPs, assumindosPmprc carnderc~ muito gravPs.
Da tuberculose não ha noticia fidedigna.
0 papo e' mu1to · d"10s que ruant1·vcra1n r"laçi'íes
· raro 1: 'lo' 11,J~ in ~ com os civi-
lisados.
A dysenteria appareceu epidemicamente, mas não é frequente.
Não foi dado observar caso algum de hernia.
As molestias venereas não existem de modo algum.
Contam entretanto que algumas mulheres que tiveram relações sexuaes com
seringueiros adquiriram-nas e vieram a fallecer de suas consequencias, tendo dito 1-H ·-!na
...,•.
,;u.1,.

o utiarity que para aquellas molestias não tinha remedio, pois lhe eram desco- L :;.-·-DÔ(Jt!~
nhecidas, nunca as tendo visto nos índios.
As decantadas molestias da pelle attribuidas aos indios parecem não passar
de observações rapidas porque além de raras estas não passam via de regra de
affecções cutaneas produzidas por mosquitos ou bicho de pé.
As ulceras malignas são raras.
A infecção puerperal é rara, mas existe.
Inda é preciso juntar como grande mal do indigena as aflecções occulares
que partindo da simples conjunctivite catharrhal aguda vão ás lesões profunda,
das diversas membranas. As synechias são muito communs.
Não se nota entre os indios consequencias graves de alcoolismo, como era
de esperar pelo que se diz geralmente.
O beriberi já se fez senlir entre os índios que se collocam nas mesmas con-
dições de alimentação que os cívilisados, mas entre os mais arredados não existe
absolutamente.
Das suas confidencias deprehende-se que são sujeitos á loucura, si bem que
raramente.
São muito sujeitos a piolhos.

Dados linguisticos-Vocabularios

1
. A _ingua geral A rití, falada e entendida por todos, é doce, euphonica mas
de d1fficil construcção Te . '
· m pa1avras perfeitamente onomatopaicas, principal-
mente nomes de aves Enquanto q h
- • ue os omens aprendem a falar o portuguez
;sl mulheres ~bsolutamente não seguem esse costume: entendem-no mas não o ·,. ".
a am,_ como 1a obsnvei tambem entre os Borôros, Terenas, Kinikináus.
Ja empregam algumas palavras . .
ffi d.fi . portuguezas. Na hngua Pareci prefixos e
su xos mo ' cam o modo de ser do objecto. Por ex. :
-19-

Braço (iln Jlf'fl!iOll qtJf' f,dn) Nôknnô


Br,1ç1J {dtt p,·-.snn a qu('lll !lí' lula m1 de 011tl'Pr11) Kanoti.
NÔ C' 'I f f>:I.(\ p.1rticul.is fl(' 1,0,ll' l' pn-i!ll'SSÍV,lH,
Os indi,Js ora pronu11t:.in111 certas p,llavr,tfl c1J111 r lm.intlo, or.i ul.Jstitur111
t'!'ila ron,o.wtc pelo- ! - . Na graphi.i d,1•, p,ilnvr,u, do Vocnhulari11 P,1n•f'Í foi
aqui ohcde,·itl,1 ,1 exprí'sHno phon,•t ica pnrt 11g11cza. <) - h - é sempre a ,pirn,Jo ;
o - ii deve sl'r li tio com u \ ,ilor do - u - 1rurn·e7,, menos aguei,, 110 , 11ta11lo.
Em nlguns t,•rmos ar\,a -sc o som du -cu frnnccz (c111 <tdcux»); 1e1,o ric ri
indicado cm cad,1 caso.
Vncauulos U,limarés, Kaxiniti " 1• KQzar111 is ,1qui se adiaw c11lremei.1dos para
formar a língua geral dos Pan•cis.

Vocobulario Porfuguez.-Ariti

NUMEROS

1- Hatita ; 2-Inamá; 3- Anamá; 4-Zalakaguá; 5-Akahên ; 6-Azüê-


k; '{Uá ;-7 - Uihõtikirahiêêná; 8 -Enôtôtôlahíhiêêná; 9-Okuíhakahetôtôe ná;
1 o-Kaitinátõ-tôená; I 1-Kixitíenà 12 - Kixitienámakíená .

•'1.EZES DO ANNO

Janeiro -Xihon rerá riahin


Fevereiro - Mezê êz1;;;rê
l\1arço - Tereu okoakitin
Abril - Kamai kaketehum
Maio - Kacàfacá
Junho - Iôtí.
Julho - Vará- Vará
Agosto - Makeuirôxihuirõ
Setembro - Zafoititin
Outubro- Uátialá
N ovembro-Ozanázoacá
Dezembro - Oázoacá

A
Aj u.s ta-con tas-(Arvore i -U aláharê Araruta-Zaláui
Anno-Haterêhokoanê Ar-Niuá-uinikoá
Aogelim do Campo-Mahána Azul-Tiôrêrê
Areia-Kaihôlohen Abano para soprar o fogo-Kuai
Aracuã-.\laláte-zôterê Avô-Atiútú
Anzol-Mairatoatí Avó-Abobê
Agosto-,\iakêui rôxi uui rô Aza-Ikánocê
Ameodoim-Uaicê Arvore-Kôlóhõn


'º -
Andar-lk,1lii111 n11í
Anta-K&tui
J\dl'11 s-Ari i11 :\ na l1•u (c11 , fran, e, )
Alto-Uahâ1hê
A 111 anhã • Mnlcl'111i
Amlgo-N&hinauê
Arnrn,• ele pPsea Al irn1• 1ôcrê
A traveHa r-(u m rio)-Oné nimá utiná
Assentar-se-Knkí1 (?) As:sim-Nikarê
Alegre-Numáznlotá Ananaz bravo- Kôh,tla
Agna-Onê Aiiagar-llcuaká
Arco-K6r~-&kô A 11 ron,-Zôtiákiti
4rco para arrojar bolas ôe barro (brnlo- Abri I-Ka rnáikakêtêh un
que)-Korê okocê Arco-Iris-Kazorí ou Kazorê
Arro1-Al&ssô Amarello-Uxikérê
AJgodl\o-K&nôhê Araticum de arvore-Alôhên
Aldeia-Nauênakari. (Coz.) ou Uena-
AI mPcega-Zari taçií
blatf Algodã.o-(fructa do campo)-Oluir{
Arara •ermelha-Kalô
Arara adlarella-Tihôê Assen to-N utiúcurí
Arara-una-Kakirinaré Anus-Nucécôcê

B
Braço-Nucano Banquinho- Okáhakálati -inirá
Ante braço-Nucanôcacé Bebt~r-N otrá
Bocca-Nokanaçü Borá- (abelha)-Alatáguiri
Bico-lkirí Bastan te-Kah ãnzê
Bom-Uaiê Bastão-Tiáhô ; Tiahíi ou Tiahalô
Bastão do fuso-Tirúcacê (Antigo)
Bonito-Uaié-arê Bastão (punho)-Tiahô hinô
Bolsa dos testiculos-Nukehiritíní Batida (caminho feito pelo andar)-
Bonito-(muito)-Uaiê-zalüçü Nariuàutirá
Borrachud 1-Xbalô Ba ptisado-Kavalôkônôtità
Bugio-A lômê Beij u-Kozarini)-Zô100
Branco-lômêrê-(U ai maré) Beiju gradde feito no borralho-Çuçu-
Bracelete de ca~co de tatú-luêtônihõn korê
Baiso-Tiukaházêzê Banhar-se-N akuãn
Bebida de mandioca-Olôniti Batata-Macâcorê
Bebida de milho-Uikazá Bater Namôkutiá
Bom dia-(Uaimarê)-Uêrauaká Bastante-Nikarêtá ou Uakatú
Bom dia-(Kaxiniti)-U zalauaká Barbas-Niuatiaculú
Bom dia-(Kozarini)- Kamatari 011
Buchecha-N utihúnetê
Huakauaká
Bico do seio-(de homem ou mnlher)
Bracelete de rabo de tatu-Uatiçá
Notô tonicê

e
Cabeça-N6çeur{
Coração-Emah icacê
Craneo-Noceurtnahê
Ceu-Enôkôá
Cabello-N&çuf ou Nucênêkacê
Corda de arco-Korê okohí
Ch11,·a-011é Co,1 ir páu fiilw liá :ttia
C:ampn -~lan!tt (cu, lr.i11c1•z) Cosinhr ir11 ' I i1i111it ,1ri·
Curic:íca- Kt1t,ílc1 Cl1l1n'~ l1111Jtírio 'c,2:1 (IJi11IJí'i rri d( 1,r..i
Chl'fl' TP111porat-~\ril1-:im11ri ,; ilc1rn)
Chefo espiritual úti-·1riti Caminho Ah11li
Crcança 1/,uimãn Calirn.:l:1 - (,1rli11-,lu ) Alatê11
<'rPança d!' peito-(a')-l•~11{1-múl<<>cê> Corc1çãn J, n<'gíL'l (arv<irr •) li'akirí
Crcnnça tle pcitu-(<i>)-Uirô-mô- Capitfto du r·ampo (.,rvorc) Ta·
kôce korê
Corr~r-NatC--êná ou Halê-êná Carvan vcnw •lho - (.irv.) 7,,1hi11-
Cordr10 de fibras-Emaciti-tiaká Cabello de negro (arv.J Mitocê
Cometa-%ôrôçii-kahihõn olarê
Casa-Hati Cambará amarello -Zolonoteu -(cu,
Conta-(missanga)-Netatí francez)
Carra pa to-Kôêrê Cacete (Uaim.)-Atiá riocé
Cabaça-Matokô Charravasal-Uatiá-cêzalô
Couro-Mirí Cará-Haká
Cabacinha-Matokucê Costellas-Nuhalatê
Coatá-l1 akánôrê Ca rretel-Konohí-inaçá
Cupim-Mnnurí Carne-Enetê
Calças-Oki.ititiní Chapeu-Xapepá
Camisa-Arití-titiní Capa de taquara para en,·olver a ponta
Chum bo-Kurüçi.i da flexa-Irivá nitiní
Caçador-(do mntto)-Zanikoniçarê Conserva de mandioca-Kêtêhê
Caçador-(do campo)-Aiçáakaitarê Chover-Oné-hená
Chegar-Kaukê-ená Cordão umbilical-Zuimá-emahá
Côcho-(para Xixa)-Kutiúnaçii Cansado-Kakaiharê
Comer-Naniçá Chover muito-Kaluzá-onetá
Cotia. -Hekêrê Chm·a graode-Xevorezá
Caetetu-Auarüçü Cunhado-(Koz.)-Nôhãn
Caraúna-Kotiál;:, Cunhada-(Koz. )-Nônãn
Cajú-(Uaim.)-Zuitiá Cuuhado-(Uaim.)-Nôtiáunérô
Cajú-(Koz.)-Zuvitiá Cesta de carregar-Kôhõn
Cinta dP contas-(Koz.)-Kaválavití Cantar-Kaiui ná-(?)
Cinza-Erikatihenehê Calor-Uaitiá
Cinta de algodão-Kônôkuá Cbei roso-Ai razôrô
Clava de guerra-(Koz.)-Tiavô Caverna-Tericoní
Canna-Takuainiguaçú Clitoris-Dazú
Ciocalho para o tornozello-(F\!ito com Collar de contas-(Koz.)-Enátati
o Piquí)-Zôzá Cabellos do pubis-Niuáricé
Como n;io ?-(Koz.)-Uaniãn Cotovello-Nukanô tuhiracê
Capella-(Casa onde se celebra o c..ulto) Corpo-Nuhãrí ou Numiri (termo mo·
Iamaká der no)
Caçar n,J matto-(Koz.)-Kakoniçá Carla ver - Kamalí (morto) ou Uáini
Caçar nu campo-(Koz.)-Kuatiá (morreu)
Cipó Imbé-Matehé Collo-Nutikulá
Cobra-Oí Cruzeiro ( constei Iação austra l)-Ta norê
_22-

l)
Tr:1111n:11ist11n Katthilti t í
ncnl<' Nailrnrí n.,r - I~ot1ê •. t
Drdo -Nt,k,d1i11-hi11 l>l'ilar - N1•ulrnl11ú
Ue1l0 pllllcg·,1r N11tmhilalú l>ia Foêuúr<Lkênê 011 I{,1111aita1 iti
Dcilo do pé N11kidhi11 J)ormir- I~·á-111altú
Dourado (pt:ixi') Ual,1kt'1rê Deixar Iç,111nilá
Dor!io lla mão-N"ô-oillHÍ ou Nllkáhi Dcxem bro U .Li 11 a ká
nirí Dol:c-Arili- uiêré
Dorso do pé-Nukixi nahê
Dorso-Nuhiuirí
Doença-Aicitonê
,Ki '.1
E ,,... .af:,
, ,:11 I

Estnida de Sautiagu-Kuta11,1húlirá
Escudo-Makátirô
Entrar-lçuaná
Ema-Aô .-A: '
Estomago-Numáuini Eis ahi :-Akô
Eu-Natü-(Nô) Elle-Italá
EspingarJa-Kôrê-naçü Elles-Içoká
Escurnilha-Korêce E·ste (LéstP)-Kamai 11ihi koanê tnanià
Estrella-Zoroçü ou Zorecê E-rí,s;:i-N, zanitieu (?)
Estrella da manha-Uáazani E~c;-emrmtu-Enôcerá
Estrella l.la tarde-.\latiná ~~ana<leira de peixe-Ihulaliakalá
Esperar-Auxira Eclirsc de lua-Kaimarê uainí
Escorpião (constellação)-Uaríê-. Eclip,e de sol-K11.mai-uainí

F
1erro-Kamai lihêrá Flexa com ponta de taquara-(Uaim.)
Fazer-Auiçá Uaihalá
Fronte-Nôtiaurí J?lexa de ;,nta-(Uaim.)-Korékakuáni-
Funil-Tahohô hakakotuí
Fogo-Iricati 1-'ln:,i C)m µc,nt,L de (J:,so-(Uairn.)-
Fuso-Tirú
Ko ê ;: i -itikiriê
Foice-Katái-kôrê
Frio-Tihãn (Tihalóhuihiê)
Flexa com ponta dentearla-(llaim.)- Folha-lianá
Katu-herê
Flexa-Kôré Fadnha-(Kax.)-Tiôlôhén
Flexa (pena)-Korê taní Farinl.i.cL-(Koz.-Toloi \'ê
Flexa de ave· - (Koz ) •. Fc>sta ~rnrde-Kaulonen;'1 (Olnint1n)
k" . . -Korckakuániha- 1"ill-Konnh ihi
1m ou Katiú koh'1 (U .
F! atm,) Fo111(. -Kairí'
exa com ponta d .
. e mad1,;1ra-(Uaim ·i
K altúkohi ' · F11mri-Arlgia
F!exa de ave-(U·. <11,n.)-V 'I·· . Fumaça-Cimnê ou ( i1111:ri
haká ).ore ~akua11i- l•'.,l,tr--Nia111i (?)
l<\.:ili, cim-Itihán,1 té
l•'IPx,1 d<' pnnl,t 11rl{,I t laili,1 !.~ 11\•ij,11, \ 1rnwlho Ku11111t:i-:r.01t•ré
!•ln, (K, z). I\' ti l ',1, , Kl•c [ 011 l,uç(1
F'lo1 ( 1T,IÍlll ) 1t il•i\'0 li',11 , " l{1i1sii,lrnlo1{1
1"111d:i 1lt•, r11c\o- l\u11i:'1
l•illt,, N1tia11i
l•'n,•n 1ru- '\lt•,J, é;,;:rt·
}i',1;,;1 r 1111111, li ikutinhlin
F .. i;n,, pn111pn 1,11111at:1
l•'latH n Nnl {1 11otahi11
Ji'l'i j:i11 "" \'nl a J{ \l11la1 r,-i,
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1-'ciJ~HI 111 ,•lu- K11111:i t:'i kié,i- l'ignd, 1~ tia ltorê

t ;:uwho 1h1 a11;,;nl -:\ln11ati lr11ririr11va do Campo U,1lrnr1


t ;a11i11ha Talrnir:1 1,u;qic\'a-1\1 analrnH1

~;all,1 ~Tnlrnir:1, 11rirê 1; rnvat.'1-¼auí11ê


(; ra11tlc- Kalnrê l~ostar -Naukit,í {?)
t ;1ll'rreirn-Uah,1-arii Gafanhoto - l!;ritiabãn
1 ;,•nte !-Tuitá (?) Gafanhoto g-rande- -Kaxíçalá:
t ;u;iraµa dt• mandioca -Noknzá Garganta-Nuátiulaku
< ;ostoso-Airazí1
Glande-N utákalacê

H
Iloje-Uêrauaká ou Aritanoi.awaká Hombro-Nuhínitlí
Homrm-Ená

I
Inhamhú-;.\lauí-iussú l lha-Oniciváhokolá
lrmão-N ttd ;,;i ma ri 111 lc;ca (d<-' isqueiro)-IrikatihPnê
lr-Iant/1 (?) Iscas (diwr~as especi<",)-Hehênf•hê
Indayá-Karêkc

]
Jahoti<"'aba do Serrado-Xuaxi
Jaó-1\1 akukauá
Jacaran<l átan-A.nolê
Jaguatirica-Xeníce
Jogo de hola--1\Iataná-ariti
Jandaya-Kuíri
Janeiro-Xihõrê1áriahin
Jacutinga-Kozuí
J ac(iráca-Ma látr
Junho-lati
Julho-Uará-uará
Jatoha do Matto-Ozarí
Joelho-Nukauricê
Jatoha do Serrado-Datá

I<
Katip1; (arvore )-Uh içá
Kag-ado- U azú 1ia ti á
- 24

l.,
. l lc •dootl i1u (lJ.1i111.(-Ka-
l.iga I d1HI 1 - ' r'I
Llngua Nõn{niç6 .. ti11ôlnhl11 .
.. , -M,iir:1h111 ·
• • 1 • 'I lg·mllín-til,1n•lé1l'!H•' 1 I{i11ú r,.
1 ·inça pllfll pe11c ,1 L1g,1 'l. '
Longe Cêkô . • k11ali
L Kai~ ou K,11marc qrto
1 ag, ¼oh1,11
ua \\ · tiht
Linha «I<' pcsr.ir -. ,ma 1.aga ·' Kôzôhin r:
- rlixa-
Ol11iniá
Lcnba Uiçati .• • • Larat1g1'ira do Chaparl.w ,
Linha vermelha - I"\.011~1 hí

1tukrr
·•. • . . h·
L1x1n ,1 "("rvor,~)-
J
Ka1tarúçu
Konohi-1nmc1 e
Linha branca- . .• , Levantar- Ainákuá (?)
Linha preta-Knnuh1-k1cre L.ibio-Nôk<'t<'U
Lobo-Aozá Labio superio-Nok1·1t·11u' (C' )Z •)
Lobinho-Uazalô Lahio inforior-Nokulú
Levar-Akolatiá .. (d') Labios du vulva -Zoa ti
Liga tibial df' algodão_ (Koz)-Ita1tt . · ' j (w~) Zariaúciti i:;iíJ
Lagrima _ "'r
,"iuzanauc
Liga tibial de algodao (Koz)-Kaltu-
lati (9)
(sua) .'.,,'y.;2ii-Xen1 .. ,. '
·t ;ii-aa-Xenikaner~
; :i-Kln:linkcaft mm
lVI ·-~ ;~:.-Xtruliêrê
:~:'.:i-}étmi:ou Xatinih1
Manhã-Uêtá
.Morro-Zauna ou Tairi
Matto-Kôlôhõn Mandioca brava-Kêtê
Meio dia-Totáhikôa Mingau de mandioca-Katazeurê (eu,
Macuco preto-Mauíe kierê francez)
Macuco-1\Iauíe Mingau de milho-Kamulazá
Macuco de cabeça ferrug-inea - Mauíe Muito-Kalôrê
máutiakerê ~forena (Arv. )-Airt.'1
Maunça do fuso-Tiruhucú Matta -pa:;.to-Alalá
l\lutum-Auixi Marmelada do chapadão (arv.)- Tahú-
Madeira para fii mar os fios da trama liú
Matitancê Mangaba-Katiulá
Mão-Nôkahin 't\fangabeira brava-Atiúalanô . •
Mulher (Kax)-Uir Muhita ou Garapa (arv.)-Kulumatnare
Mulher (Uaim)-Zuziró Maio-Kaka fa ká
Moça-Zuiniáhalutí Março-Terêuokôakitin
l\lãi-Mama ou Amú
;)1 ilho branco-Kozetô-iomêrê
Macbado-Tauá 011 Zuaití
.l\laraco-HoatP.u (eu, frnncez)
Machado de Pedra-Ceharitaua ou Za- ~ladeira-A'tia
uati holokauê
~lembro viril-Nucê
Mandioca amarella-Tutiocaué
.\lel-Mahãn
Milho (Kax. -Kózôtô
J\ledo-Tahirahãn ou Mazalohãn
A1ilho (Caim. )-Kozêtô
i1eza-Atiahi
Mentira-Amãnceraitá
.Matar-N iha ká
)\osquito-Aniúti
,;\leteoro luminnso--Ainakuá
- 25 -

N
Nortc-Uaimattá Nora-Nuzúi
.Nc,·oeiro-Morizalô Nov,·llo d1• tio-Knn<>hiri
NHri1-Nôkíri NovPmbro-( >zonázuakà
Nós-Uhainan1ti ou Natutaméikêri1 Novilunio-Kamairê mokoc.é
N:to-Maiçâ Nuvi.:m-Káiminiti
Na~cer do sol-Uêtá Nadar-'l amazakuáoné
Nelo-~ôxuiêtê Ncvoa-Zu,1marezá ou (~aiçá zanõ
~oite-J.\lakiá zarakà-nflo posso enxt!rgar)

o
Osso-Ena bê Olbo-Nôzôçú
Orificio <lo conducto auditivo-N utaná· Ouriço-Korihõn
kuakô Olho de boi-(planta)-Onoê
Onça pintada-Xení
Ou tu bro-Ua tialá
Onça parda-Xenikaziêrêrê
Ouro-Olô
Oeste-Kamaizikoanê manià
Onça preta-Xenikiêrê Ocarina de cabaça-Xín-harí
Orelha-Nôtinií ou Nutinihê Omoplata-Nutimeroní

p
Planicie-Uaká koakoarê Pacú-pintado-(peixe)-Zútiaháre
Pouco-Inirá Piaba-Ualakú
Pulmão-Emála malá Palma da mão-Nôkahín ou Nukahikuá
Penna-Taniti (sua) Plenilunio-Tarêhokô
Penna da aza-Kotehalá tani Peroa-Nôhôzü ou Nukaçahê
Pequeno-Iniê ou Inirá Pé machucado-N okixi kauê
Peixe-Kuhaçú Pé-Nôkixi
Pão doce-(arvore)-Uialô Planta do pé-Nokixinakoakô
Páo de ~lorcego-(arvore)-Mauêkôrê Pescoço-Nôhínú
Pau de Breu-Koremá Peito-Nôtikolá ou Notôtonerí
Pequí-Kauí Pacará-Tohirí
Pc1nno-Imití taucê Pai-Babá, .A.bá
Pau terra-Kotinú Pôr do Sol-Kamaíikôa
Para-tudo-( arvore)-Tonôkauê Praia, co-,ta-Kaihôlôhêkoá
Paineira do Chapadão-Arê Pium-Tiunúre
Pimenta de Macaco-Kôlôlôtiamarê Paus para produzir o fogo-Erikatíh:
Parede-Hatí talalakô Padre-Utiarití
Porco do ,\1.atto-Ozeu (eu, franeez) Prado-Tialakoá
Percliz-Kodjía Pato-Oairô
Pleiarles (as sete cabrinhas)-Iuênamà Pedra de afiar-Kavitiá kalati
Pa pagaio-Aôlô Pedra-Ceuhari-(eu, fran.)
ª'' -
Pult1n N 11 nu rr l 1' ·11 • 1• 11 (" '1 11 '' liil leJ
• 'r1 1·1h
Prata-l'nlat,, N 11 ltl', ,.,.
P,ir\1• !i li pP1'i1 1r du coxa
Prelo Ki,1l,(1k,i on Ki1•rt'-
1•,11 1,• iul,,n ,, r u,, t·nxa N ulciíká ht-
Polvor,, !{,ué ,·11l•hr
11,,h f.
Pmt., ll,1tik111, 111•
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l'.ix ,r N,,hôlôkônê
l 'a1111111lt,1 ' I aw .i kari
l'rn,.irn A tn,i
J',cKuiçv~u 11nawr,1ti Po1111>11 l]atiaz:'1
Pa11111> ele i·,1rrcg,1r- Konnkii;Í l 'auiat1n - Olroia lrn ú
l 'ontr de P,•clm Çp liari il, :íti :métê
Pc,J, .i canga Ç111..i ri
l'anno p,1ra ,·arn·gar ,·rian~·a-%,1111 ,.l:i Pingue i t., - 1hátia11 r1ê
1'1•rto-Na, it(, l'anella - Matál 11
P ont:llo--Kiarirô Pote de barro - Kaw,tê
Pingcntr de conta<: para l',Lca- .lahftn
tKov.. )-Tin il't-~ kola I i Pe~tanas;-Norocênahê •. ,S:hnuliré
Pol\'ilho tKnz) K1•11úild Pcllc- Numi 1i (m ".); ,u i,iti (s ua) ; ....,r~toi
}'rr•pudo - l 'cti Pelle pillósa-Imiri ( Jr birhn) r, r:ide-Kinát:
•-::r.-- )co:ilôlôti
o ; '."1ltl-0~ikah::
t~1-Sifüun
QuPi xo-Nôkôlô
Quarto mingoante-Tintê hctê êná
Que ?-Suáre
Quarto crescente-Enô hotê êná
Quina-Ahonlê

R
Ri heirãc-Onihiuiuá Roça-.Macêune (eu, franc)
Rio-lna Receber-Otoká
Raio-Enôarê Ruim-,\1aiçá-uaiazü
Rocha-f' êarikoá Rdrato-Tibun-iukakalá
Rapaz-Zuimã-arití Resfriado das Cabeceims-Okôzá
Rede de fibra de tucum-Maká ola- Respiração-Aízitiá
uaikuá
Rabo de cachorro-Cachôlo nihú
R ede de alg-odí10-..\lakákonoik11á Rabo-Inihú
Re lampago-ZokaProrê
Rabo de peixe-Kohá cinihú
Remedio-Uairiatí
Rabo de ave-Kutelmlá uiliú

s
S.iliva-Enakuritahin
Sôgra-Nakerô
Sim-Iônikiarê
Ser Supremo-Enorê Sul-Uaiêmaniá
Saryema-Kolatá Somno-Nemakí
Sol-Kamái Solo-D aikohen
Sol de meio dia-Totá hikôá Sair-Aikuatá
Seringueira-U ariçá
Soil'o-Kôkô Suspensorios de algodão para o pcnis-
Çáiueçarati
27 -

Soiotf' <IP nlgoclfitJ, L:111~a dr, m11lhcl' Srputft iln l ' rrrndo %nmóri11 ft
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Saracura 1111 C'l11tp,tdlío dos Par,-.,, js
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Sahio t liLÍ1111;1kt•r{• S ,•tc 111ltl'O %ah,1 ititítt


.Somhrn .,1awh1,k1lí Snl ,r,L1i t ,.j l i a Niuá ilili 11
Subir, trrpar Kak11:th:'i11
Sucupira preta .\ 1 111 ii
S:111 g- 11 r Ti111al.1lí
S11,·11pira lir.111ca- (Favci,·n l l r,1,::i11•f.
k,tin

T
Talão-Nukinulicr Tamandná mirim - Nôricc-(lh, ingl1·)
Terra- l Jai koá T<'ar- llmati noahi
TcmpPs1ade-KináLiáhô litoriti Tamanduá han,!Pira-Tigorê
Trovão-Onotálôlôtá Tcrto-Ilati nakQakô
Tormenta-Onêkaht'ihô lázukacrorê Tocancruira-Nàna
TPsta-Nôtiaun Tambe,m (en)-Tarahãn
Tt•ta-Totôní T.-mpo chuvoso-Xivorczá
Tap<'ra-Ttiámenorê Tri ste-Uáiiní
Tarc1P- \\ake-hêná T e mpo tlP s("cra-Ka111aiçá
Tanainra-Kotahõnn Taquari nl ,a-Koretá
Tntu ca,-cndo (pclludo)-,\{alrnriçá Tarumar.Zma-Ari11á
Tatu ca.na-;lra-;\\alnlá Tiborna-l\ian llôá
Tripa-Enacihin Trilha-Utiá
Tia-Ekôkê Tú-Tçô
Tcsticulos-Nukihirí Tucum 110 chapadão-Olánarí

u
Umbigo - Nuto,rncê (meu) Uritrnr (You urinar)-N.i:rnkalá ou nazu-
kaza
Cbre-lticulamirí
Unha-Nu ti
Urubú-Olohõn
Unha do pé-Nukixinutiá
TJ rina-Zoti nílí Unha do CCT\'O-Azamanutiá

V
Vt'.,Hlt> d,, 1 'ampo-7,oti,in-· Vão (clks)-U;1i -e11â
Veado Catingw·iro-Uaiadcu (cu, fran- Voce-Içô
cez) Vcrnielho-Zn1êrê ou Ikt•zutián
Veado ,\lc1ttciru-Noli:'.tre-Kuakêrê Verde - Tianú ou Tihonlanêrê
V.1nios ! - Uailá ou Uaia \"ir-Tl:uoná (?)
V •iu (cu)- Xôzàni uu Nôzónitá V1:r-Zamarí
Vag-ina-Kozc'.'ntíti ou Nukoiônit.i
Vomitar-Xirinkariceu (cu, francez)
Valente - Ikinátcrcu (,·11 1 francr•z)
Verdade-Alágini
Veia-Euáulahin
velho-Oiê
Vinhatico-Dahiolarê Venlo-Kahôhôlá
Venta do nariz-Nukirizmi Veni•no uus flechas rios Nhambiquará~
Ventre-·N uakôkixi Jrivá-iuihin
Vi!-ita dos Aritís-Uaimarés ao acampamenCO -E\pedição de 1907.
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Ariti-Ariti - Aldeia Zuatiácurê (Buracão)
Aldeia de Parecis-Zutiaç11rê-(B11racão) Expedição de 1907.
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Ariti-Atí; aldeia
• n 0 SacurI u-1 -
, "ná-suê-Expedir,:so
- de t<J07.
PHRASl:S SOLTAS
Phrases soltas
Eu vou e volto-Nozani au1çá nôkaukitá
Eu nüo tenho medo-.'L1içá nômairarê (.'laiçét-n.lo: nô-Pu; mairarê-ternl"r)
Eu tPnho medo- Xômairitá
Não tenha medo-Auatí imc1irá
Homem não tem meJo- En á maiçá mair..trê
Quero chegar a casa-Xôkaukitá nô .tmakú (~.:-eu; k ... ukitá cht>gar; ama
kô-casa)
Eu vou correndo~ volt0-Xatêená auiçá nôkaukitá (t:0rrPr, iazi:>r, \'ir)
Venha comer aqui-Utianá zananiçá
Venha cá-Utianá
Da-me-Za,11ari
Bastante mosquito á noitf>-\lc!.kiá ká1 <llll.ÍlÍ
J\ostrarei madeiras a Y .-A'tia ba ..tikká nomam

A 't1a-made1ra
Hauttkiçá-ruo tr.1r
Nôrnan1-Eu::.. \'ocê-

Quer V. ir commigo ?-)laiçá ui, ni hauk rê- (


Eu vou abrir caminho-Nozáni auunáká uti.í
Estou com fome-~ôkaiharê
Quero comcr-~ônaniçá
Estou com sêde-N ônati
Quero beber agua-Zam.u1 unt> zar.o erá
Quero beber Xixa- Zaman olomti anotera
Vam0s festar !- -Kauálauaká zanehêtá k l'Jlônêm.:.1zotá
Estou doente-~ôhokakitá
Ec;tá V. doente ?-Kauê tanuí nôhôk.ikitá ?
Não veio ainda-Okiúená
~ão <--1.uero, n:i.o; estou e )m preguiça ... ~\\ uç lnÔ neukut1Já maiz,1h 1rê iane ma iça
Maiçáno-. Trto cu; nPukutuá-dcitur; nai1.ahar~ prt'guiça: 1anê-.m t 1r: mai-
çã.- n:io.
Não vou hoje; irc>i am1nhã-Nôká k.tiharê n<'ukutu:,. mak.1ni uiané
(Nôká kaiharê-cstou em ad); 1eukutuá lcitar: m,1kaui-.iin,1nhl: uianê an l u)
Bom dia! -(l:aimar(}Ueraual á
Bom dia: -(Ka1tinit1) Uzalauakn
Bom dia! -(K">zárini) Kumatari ou Iluu.kauaka
Queu, ver e n[io comprar !\oaiátaitâ, rua;ça 111uánakart·u-(cu 1 tran1 e,:)
-32-

. (· ,. )-Tn,aí'i.ttí rtiaiçá iç{1re nôtt1at1í !


V,1rt é cainh.1 ,l\ ,irn • . • 1 •
.1, " • . .: rc-da r ; nmníl.n1-Voce a ttJJ 111,
111111 1 11 1
l maziati-avaro: ~· • • ' ' ' iça
f. ., ?
Que 11 IS!IO , ~o.ire altú
Quero ir-m1> rmbora -Na tt't nôzáni.
\'am•>"õ ficar aqui--Kotári ruiçá ruit:í.
,om,, ~e chama ?-Saláiçô Í'
Nos querPmo!I ir-Uhainamá uiáne
J,~u deu a \'oc~-Uiçoné umaná
Elle dá a mim- Içô nômani
Ellf's c1;10-l\laçà karê içá nomaui
Você é hom-Içô uaiê
Eu vou lá longe-Nozáni cêkô.
Eu ,·ou ali, perto-Nozáni naritá
\'amos tomar banho-Uaiá akuahãn
Amanhã vou mostrar o Salto da Mulhi>F 110 rio Tima.látiá-Makáni aozáni nahu~-
kiçá Zuzirô Uámolonê
Vamos n<'s Pmbora-Ualá uianêhá
Quero ,·er, deixa-me ver, da-me-Zamarí
\\>cê fala comigo, eu zango com Você-~arauê nokuaki neharê,
Eu gosto de Você-Nomá iaçonê
Estou triste-Uái,.ini

l
USOS ( COSTUM(S
Usos e costu1nes
Ül\ l'arcl:i'4 \'ivem 1•111 grupoR i~ola<los, familiarmi , soh a dir<'cç~o 111• <'lrnfe~
tt-mporacs-(Awuri)-c cspirituaes -(Utiariti) prnprios a cada aldeia.
~\.u1laru sempre nús; as mulheres trazem ao redor da r.i11t11ra 11rn 'l,lÍotc Je
algodão (lmitf), e os homens -..e contentam cm su~qH'ndcr o peni.., no <.r,"diut1çamtt
cinl,l de algodfw tamhem, com que o l~vantam e o comprimmn contra o ahdo rncm
Suas casas -(Hatí)-abrigam as vezes mais de 30 pessoas.
As redes-(i'Vlaká)-são armadas umas sobre outras. A do marido é se111prc·
collocada acima daquella que pertence a esposa.
~as cabanas alem das redes o mobiliario é representado por tócos de madci•
ra sobre os quaes se assentam. Nunca se assentam sobre o solo; em falta de um
toco desses, põem se de cócoras.
Para construir uma de suas grandes casas traçam no chão o contorno da
futura habitação e fincam 3 a 4 esteios feitos com as Ul,LJeiras que denomi-
nam Tonoêtô e ,\lakúriceurê, as q uaes, segundo affirmam, resistem muito á:. cau-
sas de destruição, uma vez enterradas no solo. Foi mesmo por isso que as ado-
ptei para o mister de p.ostes telegraphicos.
A cobertura dessas casas é feita com palha do sapé, as folhas de pacóva,
da malá-malá, e, raramento do burity.
Fazem com o sapé pequenos molhos munidos, cada um, de um pequeno
gancho de madeira; esta alça serve para prender o peque110 feixe ao~ caibros.
Para impedir a invctsão das aguas todo o perimetro do chão da cabana é tomado
pela casca do Orné.
A agricultura acha se cm alto grau de desenvolvimentu entre os Pareeis.
Elles porem se alimentam muito de fructos silvestres :-Paineirn do Campo,
rocos do Karêke,-(Indayá)-Tucum, Guabiroba, Tarumã, Guapéba, Jabntica-
ba do Campo, Maracujá, Cajuí, etc.
,\las sfto gra nrles r.a çadorPs.
Ha sempre, em cada aldeia, um moqucm permanente, de onde qucrn tem
fome tira o que deseja, mantido pelos caçadores alternadamente escalados. Na
aldeia de .\lakuátiakêrê na caçador permanente o amúri Tôlôiri conhecido como
'J melhor atirador entre os Kozárinis.

As caças predilectas dos Pareeis são a ema, o veado, a sarycma e a perdiz.


O tatú, o caetetú, a anta, o tamanduá, etc. nunca sfw dl'q>n•,,ados. A caçada
das 4 pr1mc1ras
· · · l a que ch a•
espccies faz se com n auxilio de um esc11do cspccta
m.uu Zaiacutí,
E,sc esctH.lo vcnatorio é constituído por um arcabouço de varaa flt>xiveis.
t li '119 do Indny,t ..lo Ch,tpadfto
. 11n•lt1•111hiJns pnr o 1,1gt.. '
Os 1ntcn;th;1m, a,,n
(Karêk 1·). • it1<lim; uma ,,IJcrlura por ondo pall-
..\ lt> ·11>11nn·lho ,1Pnm111 us
Nn 11a rtc 1111·1 11 • 1 • . f · .1s<1·ir 11 ,·,1110 da arma de rngo g"Jralrt1r•ntc
'or i ,, flcxa e tini" azi:111 11 . •
1111.valll ou 1r • " ,7, · • indi11 \',Lll l<'ntanll'n l i> se ,,1pprox1111atH
· · 11, to
1
atla. l'.1ra r,1çar com o ,,um• u 1t IJ •
Uz d1:.1land,1. nccci,saria ti r;crtcza
• 1, se111 r11111or , nc,,a,:it1111lll,
a111111,1 ,.., ,ti<'· q11c alt111gc a
do tiro. .• 1 p ,is uc ·1 tl<'scohrt' pára n Lrat •1o •J •
J,atacu l1• e vac
Na c,11;ai lu <1a p..:n 1tz, ' e l . 11 , '
imitanüo O piar d,i a\'C, responilc•ndo ao niat·ho ou a fetnf'a, ató <lUI! cllt· 011 clla,
chegue bem perto 1la ,Lrma. , . ~
Si !-C lnla do veado O caça,to,· proc11ra. caminhar d,• <:ncoulro a d1recçao do
vento para quP O ,rniwal O 11 ;w fareje; c1u1.11do, desr.oufia<lo. Pste se põem a correr'
pareci imita logo O sei, vagido e Plle pára ua mesma hor 1 • O indio então appro'
0
veita e se chega ele mansinho.
Na épo1::i eiu que a em.i «urra~, de junho a setembro. caçam-na como ct

perdiz, imitando n urro Ja ave, at1 az do Zaíácutí.


Procuram matar apenas os machos, pois que as femeas, a esse tempo, estão
no periodo do e,hoc:o. De Janeiro a FeverP-Íro, quando todos se acham bem gordos,
são mui procurados por causa da camada graxa encontrada junto aos musculos do
peito e que os indios muito apreciam, comendo essa banha com beijús. (Zômo).
Longe das aldeia<; têm os inrlios lugares proprios para e,açar emas e veados;;,
onde deixam seus zaiácutis que u) m,)rneat<J d1<lo só precisam ser enfolha-los. So-
bem ahi d. uma arvore alta (sucupira, p. ex.) de o,nde fa~em suas observações ve·
natorias.
Caçam as Saracuras do Chapadão-«Maxálalagá»-com auxilio do fogo. Cer-
cam campo em que ellas existem por uma linha de chamas, encurralando-as.
O

Procu rando fugir, e,, animaes são apJnhados com certa tacilitlade porque o sen
vôoécurto· Foiassimqu'
· · ·
ccon'>egutmo.:; ·
capturar os exemplar~s desta ave rartssi
ma que figuram em nossas coliecçõ~·s zoologicas. A saryema é tambem caçada
por meio de UII processo semP.!hante.
Hoje os Uaimaré:;· e K ax1m .· ·t·1s s6 empregam arma;; de fogo, que obtem • por
permuta.
. Pr<!kre,n as. espiurr ,.,,arl·l-,t,.. (te
1 .
,,nt,~-carga, tratPndo -.empre poh·ora, espo·
leta e chumbo no matiri', a tira-collo.
Escolhem sempre arm i . . .
do as p· as t! aço, que denomrnam «arma inglcza» repelhn·
« tca-pau;,, Começam., . . . . , .
cht:st· S . Ja ª usar asarinasde retro carga, pretcriudoas «VJ'm·
u ... • .lo atiradorns marav'1lh
O guia J . osos.
oaquim Pared ,·orta . •
ex.. atirando d .
e graiid~ dtstanci 1.
ªva cabeça de pequenas a\'CS, como o uru por
Se ª • )m arm,t desta natureza
' rvem-se de cãc-. na ca 'ld· 1 d· " .
Conhecem ad . ç, ' ª saryema, da cotia, do caetctú, da paca.
mtr<1.veltnc:nte a vid·1 " .
() gavião p · '" Qs hab1tos do,- animaes do matto.
. equeno, que 1·h1ma1u ur1 . . .
animal sagradn e or . _ ant1, F,Llco Sparveriu,;, é ttdo ~omo
bso o nao m. t
ª atn. Q uand J em Setembro de 1go7 dc-;cobn·.
p
mo~ o salto do rio S • .
h d . aue-rutná OLl P· . .
P ª a esta queda , . apa~aio, na occasião em q.ue era photogra·
, o a,nuri Uaza'k ..
li rinu açu •ru·. d . ··t-
,., , .,, 1,1 :i exped1cçã". chamo11 ºº'"ª ..
- n-
tenção .,nhrr 11111 a ,tcs~:i:, l '"'ilH IHL!I avi::s 1, ,1 v1,1 11 , u ,ri,> r m 11 111 , 1
q11e 11 n 1111,1111•11t ,,

arn_1rl·<lo l11g,1r, 1• pediu cpH' 111•11h11111 de 11í1s nt irt,ss<.• 1wl l,L 11 ,11-.1 qt1t ,1 I' trc i nfw
SO ffrr SR<' 111 ,

< '11rnoat1i111,,c ~ d 11 t11l' '-l l it·<•s ti· 111 o porl'o, a g-alli n lia, ,., p,ito, 0 1 ,t< otrn 1
ai11cln o jnr.í1 , os p:ipagainf. , as a1a1 a ~, o s pc> riqttitns l' u 11 H ,· 11 c o,
<h U,1i1nnr,~s r Ki'lxinitíc; apree ia111 o cav:ill n " 1) 11,, i rp1l' nhtC'n 1 l"'r troe,. Oll
scri11g-111•iros vizinhos ii sua zou .t de d isiril111i1,-[10 1·nst11 mam \t nu,•r a nima,,, velhos
e .-stropiado s pqr rn e 111ai s arr,iha'-\ 1 ll' hon·,,dHI !
!'ara a prs,·a <'mpn·~·.nn a n zo1.., P jiquis; o<, 1wixec; de q uem,, Í'i go• t 1. m são
11mM/0 1 a 11111tr 111rlrà, 1' o f, mí . A tlrav1'ssa m os rios lO m a ux ilio d, ravoa<, n11 cl<>
pingucllas. N,11lam lH'm e são bons m,•rg ulh a d orc'; .
Para atra\'cssar um rio a nado apoiam as armas e 11 \e ns ilios a um feixf' de
spatha'5 de burity que condu,:em <leb a ixo do braço es querdo c rnquanto promovem
a propulsão <lo corpo com o direito.
Os Pan•cis cultÍ\'ant o milho, a mandioca, o algodà.o, a batata, o fumo o
cara.
Os homens preparam o terreno derrubando o matto a facão e fazem o ar-
rott'amento d:i. terra com um pau ponteagudo; as mulheres plantam, tratam e co-
lhem. Dnrubaiu a watta em l\laio; queimam em Agosto e plantam em Setem-
1.iro, quando começam as chuvas.
A colheita pertence a toda a aldeia.
Na cultura da Terra só não tomam parte os que são destacados para caçar.
Como em geral as terras em que vivem são mui silicosas e por isso pouco
aptas ao desenvolvimento das plantas que cultivam, mudam elles frequentemente
a aldeia. buscando novo solo.
\\udam tambem quancl.o se dão diversos fallecimentos successivos na
localidade f'm que estão.
Cada grupo tem suas terras delimitadas. Con~ideram os inrlios 1:'!Sí'. terren<>:o
propriedade sua porque - «ahi seus avó-; nasccra•n- -e morreram, ahi yiveram
caçando e plantando».
Deseiando fixai-os em terras mais ricas 011de a \'ilia lhes fosse mais facil.
p~la abundancia de serint{aes e Je melhor solo, Tôlôirí re-:usou a offerta dizenrlo
que a terra em que viviam tinha sido dP. seu-; maiores.
11 ~rw saio do Rio Vcrrll·. (ro..-,to do Chaparião onde Kamáikôrê caçaya
veado, caçava ema. Olho para esse rampo e fico saudoso. Não 4uero ser serin-
gueiro. Fico poaieiro mesmo» - dizia o amúrí. Dizia que as terras dclles iam
desde as cabeceiras d,J Jítba até o Papagaio, que elle considcra\·a-«seu mar<'o».
Além dos trabalhos agricolas cabe ás mulheres a fabricação da ceramica.
S6 os Kozariní-i fazem hoj~ paneHas ele b-uro. Os outros preferem obter as de
ferro. Na fahricaç;w Ja., panella:; - (matálo)-as intlias usam o conhecido processo
do cilindro <lP argilla.
O harro t~ trazido do lugar on,lc existe, ás vezes u111it0 longe da a lrlt"ia, e
amass-ido com cinza!-. da <'as,;a ele uma arvore tlo Chapadão chamada pelos Tupis
·, dl! um 111i11er111 de ferro .tlJ1111d 111tc na
•ll •!J \lhrça . .J1111t,1111 11 111
K,Ltfp,', e pur l 1 't; tS 1,·111 llllla aldci t d1r1 Nh,u11l,iq11;'ir.u;
• • ~ 111 1o f,igoclr-poi'I de s1•çt'a'i as 11 ' ·• . , .• . . . .
r1•g1M>, L0Sl · • , . l · I · 1 • niiiicl'I" (i) a,, qu,tl 11110111 atlrll,u1u o
l'11<·nntra111,1s g-ran,lo.: q1m11lltl,tL e L ..:s
UlCSlllO 11S0,
As cf'stas s(111 f, l>rinulas pd111- hom~1rn.
r,t)', Clll 111n,L I int.i C•J tll Cj li(' SC pin tam
l)as scmcnic'S do 11n1i.:11 macnra, 1a~ uag-ua
.
1111st11ran1 lo.
·,1
co111 r,•r·1

e okos ani111acs ilo lntí, e cl.L• ema.
, · 1 lustrh co11vém falar 110s cnd1 '1S par;L a lr r111p11 .
Ainda L·nmn prod11rtos' le su.t u' . ' .
, , l• r ·t-olônili -bchirl:t 1•mlinag·.1•lor I dl' 1 p1e g-n'ilam
taçl'io ela mandioca 11ue I 1cvc t •1 •
muito.
De matleiia ainda fa7.e111 g;awclla:-;, colheres e pilões.
Conlc'ccionam, as mulheres, redrs 1le - lucum - ; e ai11da t,•cem com o ,,, .
.., ._;,
., ,.,.e·:,·
• ota, ea~e
alg-otlão O -ktlllôkôá-faixa que trazem na cintura ou na cabeça.
, r"'
'r,r
'1 i'
Aprt'ciam immeusamrt1tc os contas coloridas com qnc fazem os mais varia-
dos enfeite.~. Em g~ral dividem-se ,~m partidos qu<' se> <li o:;tinguem pela côr das
,. ~· ! •
contas que trazem comsigo.
Obtêm o fogo pelo attricto de dois pequenos bastões de madeira: - Irikalí-
kahin. _;· !f '., 1:iliz.:1~ t,
Com os Nhambiquaras travam de vez em quando combates que os primeiros
.~ ·'.-~ Id- ·~o ;;m •
provocam. Outr'ora usavam os Pareeis , na guerra, colletes de couro.
Em viagem as mulheres carregam tudo 1ue é do casal; mal chegam ao pouso
tratam logo de armar a rede. Para indicar :1os companheiros o caminho que
seguiram traçam no chão uma risca 0u atravessam o trilho com um ramo
·• >:El :,rt·l~·.' E"''
-«trancam o caminho» na phrase dos sertanejos. Desse modo procederam os
Nhambiquaras para com a expediçüo, atrave.ssando paus na direcção seguida.
As indias são mui <'arinhos 1s para coin os filhos; nunca os castigam e
levam as creanças a toda parte. En5inam aos filhos a cantar desde a mais tenra
idade.
Como cerimonia s0cial de iniciaç't J, -;em·~lhante ao baptisado, praticam os
Parccís o-Kavalokônôtitá.
. A cnimonia é levada ,t effeito logo que che~a a aurora-(Zotiakití). A
criança rec:b~ ~m. ~adrinho, (Nokatiaçú), "uma m~drinha (:N'oálo-oiterê)
O ut1ant1 rl1ngr·se aos padrinhos :
- Içô

içaon-hain.

Zuimft uã-iní ênêtêu • Ua'e 1-1e
..• 1·1{aZa
, 1 •
e cone.
(-\ · hca <'On1 a crianca ·
bem.) T para n1ar. Quando morrer a m{n V. trata dclla

O padrinho responde:
- ,\\a içá hun m·liç. . h. . •
(N• ' ' a, ntn oritone. Ezána 0i tiá ccnatiô.
r ,to me aborreço com a crianca. cu t 1 . . .
.., , Ln 10 111u1ta pau..:nc1a).
!•11!.,10 ll'V,1111 qc.; 11i1d1 inlip III" 'fllí'llll f'.Ll I t',L
1
, cirtcJ J'
' t ll l lll I U UHl J: 1.ttltl
Íl''ll'I, (l(·111lú11t•11:1).

l~lll gl'r,il Ok P.tn•,·11


llltlll11,ra11111
,,, l ú 11 L, p1,d111 C:,l O'I clr- polyí:'alltÍrt l:lltrr
ell,•", nunca p ;iq ,:111do ilL' i o 111111 ·rn d,• 111u11,c 11 , ' fll U"ll •wmprc 2 1rmfits.
Tnloirí q11,1 d qui11,p1:tg-<•nnri11, t n,,v,1 11 11,1 p,•qu, IJ.l tuc•uiu, 1 para 11 ,1 futura
esposa .
() r',1z,1•111• 11h1 (Arití -K.1 i:u1L'\co1í'') , 11tr,• rn-. Uaimar1\H ,. "L'lllp rc, f'lcb,at!o
,t tnrclP, A noi\tt vrii dl.! sua ca:.a par,1 é, tio J\111(1ri 1'1J111 1111 J1<1drit1ho, a,·orup:i-
nhada de :rnas amigas, l' pilrcnlc•s. O 111Jivo parc1 l:í L1tnl>1•1n mai s tarei,· ,1• dirigP .
J>ianl1• dC' todos n lJtiarilí que c1-,t;'t r:;c11tad11 ao lado do A111(1rí' <lirig-c-•,c primcirri
:i noiva:

- Virô ikai;111ênê aukit;í t


{Quer V. casar-se ? )
- O padre se l<'vi'lnta, e a noiva respon<il':
- Suaniãn?
{Como nãC1?)
- O Utiarití accrescenta :
- Uaiê enatá. Ikaizanin datiê ená môkôcê.
(1\1uito uem. Tenha logo um filho; que o 1? seja homem.)

Este conselho dá o paclre ao rasal para que o menino possa servir de arrimo
.is irmüs que vierem depois. Em s<-'gui<la rlirige-se ao noivo:

Uitiarí ! Içô kiáiá netêu aua halalákiritênê. Iáne ená ekakuá.


Vem cá V. fica casado. V. não pode deixar sua mulher. V. vai leval-a.
Quantos filhos quer V.?
- Suána mococê itianí auquit;í?
O noivo responde:
-Zalacakuá nauquitá.
(Eu quero 4.)
O padre continua:
-Uaiê natá. Zôtôkakuá-baná. Zikanu-hiê.
Em casa do noivo faz-se a grantl<' Kaulonc11á.

Os mortos são enterrados dentro das proprias casas, dizem que sentados.
A casa 1! abanJ.ona<.la por algum tem tempo, uu mesmo definitivamente.
Ao rcccb0r na alJP.ia lh! ,\lakuatiakêrc, ao começar de ;\laio de I 909, a
n19ticia
da morlp ele um peqneno em Uamolonê, os indios sP levantaram em gritos,
alta noite.
i\ avó da criança, cutregur• ao maior clP,S1~spero, seguia pelos caminhos
desvairada, em pranto, gritamlo:
- dO · -

-
· , r 'thni rakê ! - ( '~\ 1' 11 li lho,' 111CII
N1tr,1n, OI •
fi I hn fll(Jír'l'II ! )
,·ôro

duro1ul c 111111tq t1•111pn.
. 11n l"t'·ana ,.;horara111 to, os , 1 111
Ucpo1s 'u, ' · · ··
, f l'l"llllh~ l \ 1·,.,·tu
., "º 1iclo Utianl1
O tratamento uos ·
'- .
· ) fala durantl' 11ma hor,1 Jof

1
.
d . . . scmprr '.ll()íl .• (
', 1iar·1 curar,, e11 l1! 1"1t1< ; e .•.rJ eID'- ibº dí
Opa rc ln\Ol,ª • ' "I ra.iws ,. folh ,1s de plantas !Jllf' conhecr)m. ada
pli 0IV cbO'ª
· noscsot>nl.ioap '·' · • 1 1 l
ma1~ ou me
noitf', emquanto dura a u1olt•stia, Vf'lll o mcc iro ' •
r fazer uwa 1t1 V1.H.:ac;au ;w .i< o e o ,,~~ caiê·
t>nfermo. z~ok
.
Atlnbuem a « 1·e1't',ço11 nosto 11or algum tlcsafrdo a doença que os altaca.
r.o •
Jlllot
~ii-ih
§
r~oa
· e' }1 o1·e um fetichismo modificado por ten<lencías
A religião dos P arec1s
astrolatricas, e ainda iwlas crenças do monoteísmo catholico lig·eiramente
apanhadas no contacto com as populações cidlizadas. .
Não é possível architectar inteiramente a ~ua theognma.
Pelas notao: que temos sobre snas lendas alguma coiza podemos conhecer
de suas idéas religiosas. A separação dos dois pollere.s temporal e espiritual é a
regra; cabe ao Amúrí, como já se disse o poder temporal, emquanto que o
Utiarití desempenha as funcções sacerdotaes.

Noláni
Kuá eti
Como instrumentos musicaes communs usam os Pareeis flautas de diversos
tamanhôS-(Jararácâ)-empregadas nas festas e tambem em certos ritos religiosos.
NOláni
Por isso ellas se guardam em uma cabana especial, especie de capella-(Iamakú)':"' NOZiai 1
As Jararákas grandes são formadas por um tubo de taquara. tendo como xoteraà
pavilhão uma grande ~abaça alongada e aberta em ambas as extremidades.
Noterii
Os princiµaes cantos <los Pareeis são o Ua!alod, o Tdní, o la!Jkê, e o Uala!ti.
~e.e "fli
...
Ualáloca
t
-,
~~
o~""")
,._
._,
(Flauta pequena)

Akutiahãn, tiahãn' nohin ôkorê


U~umãn uizoná notéu akuialauá Kamalalô
Niábacá nohin-ê Kamalalô
Motiá saiá Arití okanatiô
Kozákitá kolohõn unitá netêu
Niahaká akaterêkerarê.

Neste Ualalocê conta-se um sim . .


Indo ella passear á fl . pies episodto da vidn usual ela iddia Kamalô
oresta avistou um h 0 -
mem trepado cm um pé ue Taruma.
•li

1 li rig-i11-ll1e 11 pala\'l'a: <u\ ril i , df,-111,. 11111:1 l'rurln d, 1arn,n(t pani cltupdr .-. J,,
,•utno, o hn:111'111 n•qp 11 t1ilt•11: «K,uunl,ilfi pl'r1sa 1111p r1111•t1 ,,11 1\rití; 110 1•111,1utú tu
sou «1'.IÍ do ,\!alio»,

Teirír

(<J tcit'utu~a,lo µor 6 tlaut,1s dilh!rt'nlc111c11te .i tinad.19, Jcvan,lo ainda u111


t'•

llos musicos um chocalho de Piquy amarrado l'l1l uma da5 pernas. (Zo,á)

Uaiê autiá han•nc1.ê


Zalokarê uêrôrêto
J\mokutiá lanôh5
Nii-itá tiáhazakô Tahãrekalorê maucê
U áiuazarê-uáitekô.

O amúri Zalokarê foi passear em Uaiuazarê-uaitekô. Lá se encontrou com


Zaláre, morador desse lugar. Brincando com um c,1cete que trazia consigo-
(átiariocê)-deu com este em Zaláre. O ferido moreu ~ Tahãrêkalorê, que estava
prtsenle entoou este teirú onde se celebra o factor.

utruú

Nozáni naôrêkuá
Kazá etê.
N ozáni naôrekuá 1
Nozáni noterahã oonití
N oterahã Kozetozá
No terá kenakiá
Nê-e ená ualalô giráhalô
(Vou dansar, vou vestir trages novos, vou beber xixa e comer mingáu de
milho e de mandioca.)
O ualalú é um canto de alegria, coruo se vê.

N atiô atiô Kamáizokolá


N atiô atiô ualokoná atiô
:N atiô atiô Kamáizokolá
N êê ená emá makoê êtá
N êê ená Kamáizokolá
Onê nauê Kotá zanezá
Nêê atiô Kawáizokolá.
o~ Uaikoakorê-(Nhambiquaras)-atacaram uma vez os Pareeis na aldeia
do Sapo, aguas do rio Sepotuba, sendo amuris Narêkazá e Kamáizôrôcê. Üi
- ,J2

r dr J t•i:1l 111,1• !'trido 1, i111mig us. f>,, r•,cguir,, 111-11 ·11~


1 1 111 1 ·r 1111 l'tllll 11r111,1'J •
P,11c,·i,- !lt'd ' r' . . is o Alv·u 111 tr 111po d r•pois voltar;,m
. 1 111 p •nlizc,; rn,!la111 1o a 111 111,1. " · ,
nté a c,tl ·c • r, ' " ~
11 1 1
• ' .. • • d,· Joaq 11 i m l'an•ci (' i uia
111 1. 11 .11--is,. r111 no\'O eu111halc llta la1 .uno .1vu
os Nhn lt <i • • • • • • •• Os tnikoalwrê tiveram ro
tia gxp1•d1r:io• ) e (1 ºett 1io, tica111ltJ ll•r·1tl11s
" ,"t JJ.trcc1 s , L '

mortus. · té 1 ·
1liic111 os l'arc1·1s
• que cnt.w r Jir·tm
r: pl, rsrg, . d(• 11ovo os i11im1goH a • as ca ll c·,•1ras
.1

. · , onde ac·tw.r,un
do Juina-(Zt11L11na), . grrwdn
• aldeia com rQcac:;as grandes
i , . r muitas
,
pcq uenas; al11• tra rou-s<' nova Ju ta morrendo doi, pareeis e trcs ua1koakorc'• >.

<.Juando rctrm:Pt11am, 1 , rar ·to
ao f.'.11.g, • salto
•• do· JnruPna ' foram novamente ,ütaca,.1,,., ,
Ahi 2 pareeis foram feridos e 15 U üikoakorês foram mortos.
Depois dessa refrega cantaram os Pareeis esse Jatokê.
Toila esta narrativa foi feitn por Kamáizorocê, pai de Koluízôrôcê o Nlajor
Lihanio.

T .-.
Lenda Milho

A.
Aínôtarê foi um amúri que viveu no inicio da formação da naçrto dos Pa-
recís. Sentindo que a morte se approximava chamou Kaleitoê, seu filho, e lhe
disse: .Meu filho, eu já estou muito velho e pPrto da morte. Quero deixar a V.
e a seus filhos muita coiza: mantimentos que V. não conhece. Quando eu estiver
morto enterre-me no meio daquella roça que ali está; 3 dias depois do meu
enterro V. verá nascer muitas plantas-(Haná-nearití). Quatro mezcs depoiR
colhera V. as sementes dessas plantas que sen:irão para seu sustento. Uma partP
dellas deverá ser guardada para nova plantação.

Kôzêfô

Ainotarê záni nôlôká Kaleitoê; Maiq uirá noniní ahntiá imacênê. Mekecf'koá
ana maki ianê iaiá imacênê sua' e " - · , z , · • . , •
· r ..om:in1 not1ona. a 1akaqua nah1111çauna 11akat1e
ratin inirá iaiá auê iratíum ikána katlê hininá. Atiô naxikinin ahuên itiá ezoaká
rotan ekána kauerí hencná. Maiká ctatiê hahá çahanênê ekalô hencná.

II

lenda da Mandioca

Kôkôtcrô e sua mulhP.r Zat1'am,


rapaz, e Atiolô m Ih, · . , am·, cas·tl
· · de pareeis,
- t1n
· h am 2 filhos ,Zokoo1e• ·•
0
cr.
u pa, so est' - . 1
filha lJ.U<' só respondi . , imava O hlho ; tmha tanto tlcsprezo pela
a ao seu chamado O • • • A

pediu um dia a 'lua rnd1 .. P r meio •lo assovio. Desgostosa, At1olo


que a r•nterrasse v·1 .. . . . . . ·l
aos seus e aos outros ,; . . , .· \ <l • ao ltl<!nos assim, tl11:1a, st>rta ut1
.. L<at1,unarc resistiu . .
· por muito tt>mpo ao pedido da filha.
\fiil
,,! ecd,•11 1• foi r11lurral-a d,· pi\
' 110 r:t•i·i"tdo
' · M •18 ,. 1 ""'Ç<L• li •
11 111 11111 11• pennnnL< ,•r
nlli ,,or muito 1c111po por l',llH:lil do c,tlor
,
t' 1'cdi11 de nov O .t
. n· .
'11,L Ili, 1 <plL ,L [1r.t'l ,C

1t('S!;l'
_. !11g-,1r" ,1 l'olhwass,• llfl campo. No c:11111,0 l , ,11tl11'1r1
, ,1r:,li) foi('
. f
11'11 11['111, A11,d,t
u1111V1'l
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t'ni mudada par,,

a mala ortdf' !-ic q,•111iu 111•1l,•ih111e11t
• f'
I ICIII. r~ti 1r:,1() 1·
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i 1/.ali,1111{,rc q11c sr• rd1rav;c rC'l'o111mt'11Cla11ilo-lhc '[li('· nfio nlli·i'" ,. ,. ,··• tr ,
, 1
• ,.,.._ 1 ,L •• llíl '1IJUtllt1
oll\+~\;t' :;cus g-rilos. 7,atia111Úrl' ,ksp,·di11-w da fill 1·1 " Jl'lrti,, J n gn,
, •
( 1c•po1s
• ,
· ,·qm('-
• J

.-illl
, g-ritar, %aliam:uc 11.io pudn rr",Ístir
,\tioli'i ll , , volll)u -.,"" , e I 1r> lt1gar
. c111 q11c
linh.t dl'positatlo a filha di\'iso11 uma v1ço;,,a planta, '[llC 110 nwsmo ínsLattte i.i~
tornou ra~tcira. ¼atiam{tr1• cu11tinun11 a r.uidar da 1-iPpullura da filha; mair,; lard••
arr,111canutJ ,1 pl.lllla et1l·ontrou uma raiz que achou m1ii ho,1. Er;, a mand,,wa. o
c.1~al 1knumino11-a Ujacorê que mais tarde foi chamaJa -.:( ruetê».

Ojakôrê

Mairiútiarê zokôôiê mazazanctá Atiolo. Abánc azourê miuatitá atáatiô,


aukaú anitiõ kalni.i iú 11êU ltafuitià naliô.Kohicitikoni maiçá naiêzen, (Pn francez)
uati.i kaincerê, rnaccn,(cn, francez) fuira kuarê hafuilià natiô, mai1;á uaiêzc, uati,'1
kaiuccrê Kôlôhõn inotiô, koni hafuitiá natiô, ianê etêhená auirá atiô, iaê, hctená
oxikiui, ite, naka uiná, aliô; auká ehaikoà hatecná. Ikáatiô zamaiçá náhaharl'tá
keêlê. Hakaiki liaunazanê, uai e nê L1aihêarê uaiená k.:imat:iriti uiha tiaká. Içá
kôétitanê; kauLiJ.kê,má inê cncná, 1naiçá hotikixilená. Hai rnenenê iôona zotá
hotikixiná czoaka zotá zanê, ená aiená kakô, zoakáfôhen enêuê, narí.

III

Lenda da origem do homem

Enorê, o ente supremo, appareceu em Atíu-(Kio Sacuriu-iná). Ahi ,:;orlou


um páu e o enterrou, a meio, depois de lhe ter dado a forma approximada de um
homem. Cortou uma varinha em seguida ; deu com esta sobre O páu e clle se
trc1nsformou em gente. Depois de assim tPr feito o primúro homem Enorê tratou
de far.cr a primeira mulher. Usou do mesmo pr.--;cess•J é ella apparecen · ES t e
c;1sal tc•;e 4 filhos: Um rapa:,;, Zalúi ', e urna rapariga: Hôhôlaialô, de uma vez,
e outro hom~m : Kamáicorê, junto a outra mulher: Uháinârirú de outra vez.
O par primitivo tinha assim 2 casaes de filhos.
E nore• chamou Zalúie e perguntou- li1e s1· que ri·a fi,,v, ir com espinO"ardas.
' ·
bois,
cava li os, etc. <JU si preferia as flexas, os arcos, e t e. z·1Júic respondeu
·
q uc• nlo
qurr··1 1 . ,_ . .. allos porque cs'H!S a111maes
· · espmganias porqm· é pesada nem u01s e cav ·
suJ·. 111 . . fl . . lros utencilios selgavens
arn u1to o terreiro Ja::; casas. Acce1tou as cxas e ou · .
qu l' ·
, e '.nore lhe offcreccn. Entrio foi perguntado ª ,amai<.
e ·orê si cllc queria o que
7.alú . . . ffi t' ,·unente ficando colll tudo
'llc linha recusado. Camaicorê respond.!U a rma n'
•iUanto hoje têm os brancos.
F · . • . .. . .· felicidade de filhos. Levou-
.nore accrescentnu qtte Cama1core tari., a1;sun ª
-,,,-
. .., Ir Í<'r. ·1 pri1111•i1,1 casa de pedra •111,
1. d,P, eira do 1~10 l,111111 ,1111 ' '
ao] lnh,lli,1C1u,i ( • • , ,··ivrill11 la111lw111 ~iavarl,,~ na
(?) C 011,!1• lht• IIH> tt ll OU P 1 >OI l'. 1 ' ,
lá ,iind,1 ,·xislc
l w,lr,t 1:\ c1<t,io. (?)
co1110 • · A · ·
. . . . . ., .· . · I' hin it11:'i11r1• li•111· k:1utta ,111.
,ilia inllÍI Jl'llrnlltl H'XUC.I ,1 l,1
)~IIOl'r , •
. l I f ' r ·1p1nri •rcrAi-1l1.)
(F.noré arvc•rc 1.'0rt,ir v11nnha, c'nr ar'. ~.i .e ' .
Irik11li!1 :ítht i1111\11cdê11i• ka11li.ik.t uriru.
1C,>rt,11· p.'1u bater ,1ppat'l'l't•r mulher.) • . . , .
• . , ·, · · • . I(· 11 çanin 11 ta alia.
Kai,;anin ctatié: l\,11~·a111111 a 11nro, • •
(Filho pri111cirn filho 11,1!,1:t•r mtt li11:r,. fi1 Ih ' 1 11 •·,scPr
• • ,
011lro). •

~
. . I't'.
){,ll~,lUlll hl l
11·'1r-,
\. •
\ liô cl·ul
•'
'1 ]~uorê az,•nú Zalu li'' l'kak11 a.

(Filho n,1sccr mulhC'.r. Chamar l~norê chamar ZalÍlÍí!, só)


ia!:
Kor1•naçu <'kak•1a· 1çauna
· • 1·1rnazc1· t''
' ekola. ia.· enomaná
• , ti m1·nà lcon•nu.
'!

(Espingarda :,a·, possuir responder não quero pesada espingarda).


Cavall•\ hni, kaialare, kaicikitá. Ekakuà korêcakuà, i<;attná, ma iça·
Ca, alio, boi, l'Strnm<·. Só flcxa po~sttir n~o.)
(Cotebalá auiçá wtiárc uniçã, maiçi aô auiçá; içô acomattià iánc Anauiná.
( A\'e, comer veado, não ema comer ; V. para ir J urnena).
.illri : \'edeoa I
Nari, atiô maiçá içauná. Caocêné. Kamàicorê ecakuá aukuitá.
( .... .... não possuir. Filho Kamaikorê só possuir gostar).
C:aualo, zauati queçú, caqttá içauná auquitá; atiô ecutá iquazaténê.
(C:avallo, macha<lo, faca, só possuir gostar; respondeu ....... .
-
,l'J
,.. ,. ~
C,~eiradll
~o.ore ou fc
Enorê aná nolioná óre canalo ecaquá; içô maiçá Amúri kalorêzê).
(Enorc chegar cavallo só. V. não chefe grande.)
Ikauná. ;\laiçá uaiçoên kalore.zê cakuá icauná. Oné kalozêrê.
(possuir. Não ... grande sô possuir. Rio Grande.)
AmPti qu,tzá tênê oné matioreiá maiçá içá m acêune; maiçá cautiacá.
(Descer rio, rio grande não, roça, ctpparecer.
Umanà anãni Ariti; maiç,i cautiacá taquirá olámazota maiçà,
(Você plantas, nã.o appan:ccr gallinha. V.comer não.)
. Como se vê a traducção littcral desta lenda pouco orienta quem procura
mtcrpretal ª· Todas as traducções livres aqui insertas foram dadas por Colui·
zorocê, influc,nte Amúri dos PMecis.
Resumo f:.statislico da Populaçno Jlarc.-ci, segundo as lllclt•iol' conhccid,,s r por
infonnaçõl's do A múri Toloiri

- if r· 177S

Numero
~orne das ~Ideias ~~efe 011 Amt1ri de

Hi" Sacre ou L'ima-


Tianáuiná látiá Kamáizôrê (Dr. Riváni) 22

Kuiêt.á Rio T1malátiá Kaloê-(Toló Bunitacio) 16

---- - -------
Makuátiakêrê Rio Verdcou Tahuruiná Toloirí-(Mathias) 33

Cabeceit a do Rio Kôlô


Karekêtê Zomáikaê 57
kôlôrê ou Cabaçal

Cabeceira Sakorêkua-
Uauiriná Zciazôré-(Antão Preto)
zê no Rio Cabaçal

Atiavitê Rio J aurú Zôkanarí


- ---------
Kavôrézôté Cabeceira do Guapnré Makazôrê-- (Antonio)- 19

Cabeceira <lo Rio Ver- U azak11 ririgaçú


ou Tahúruiná
------
Kozuí-inazá Ozôôariri 20
RibeirAo Kcnui

Anhana,á Rio Agua ,,, rdc Manoel BPnedicto 30

Zuti.!1< 1 ré-inazá Rio Sepotúba Zomazurê

------- - - - -- - - -- - -

~ak•.1riuiná ~uê Rio Sakuriuiná Uirarê -Jm,e Laurin1loJ


1 - -;

~e!'.te nurncro ;•,.ham-•,,• i:1d11idos homens, mulheres e crianças.


INDIOS NHAMBIOUARAS
lndlos Nhamblquaras

N1•tii-iá llistnrirrt - Entrr a s pop11laçücs ... rl vag-ens dn Brazil rwnhuma tem


uw,lern.1ml'nlC' despertado mais a al t,~11ção qit<' a triliu Nhamlii,111ára ()ti Naml,i -
quara, que vive no e xtrc>mo ::-forte do E stado <ir Matto GrosHo.
Este seu nome 1~ de muito lP.tnpn conhPciclo, e lhes foi rlado pPlo ,; sf'ítatwjos .
Não sabemos ao certo a suadrnominação propria. Das tnais antiga~ r,,f,.rc11cias a
tS'ia genk ás modernas, nada positivamente se podia colher n·lativamentc> as s uas
condições ethnicas.
Karl ,·on den Steinen sobre os Nhambiquaras sú conseguiu as informaçõ~s
que vão em seguida tPxtual mente trauscriptas:
« Nm11biq11ríras.-600 na confluencia do Rio do Peixe com o Arinos. Caça,
pesca, fructos da Serra, utensilios de madeira e de pedra. Vivf'm em guerra ..:on-
tinuada com seus vizinhos, especialmente com os Apiacas.
Não querem a menor relação com os brazileiros , atacam canoas em transito
para o Pará, tem muito medo <las armas de fogo, e não resistem abertamente.»
Estas informações podem ser consideradas as mais minuciosas que existiam sobre
estes índios.
O seu numero, aqui posto, foi tirado da Directoria dds Indios de Cuyabá,
em 1872 · é totalmente arbitrario. Os Pareeis, como já foi dito, prestaram bom
auxilio ao conhecimento dos Nhambiquaras, hoje seus vizinhos e amigos.
Quando a minha expedição começou a entrar no territorio dest<>s índios
diversos avizos fizeram cl:es de que não desejavam que percorressemos essas
terras.
Já dissemos que mais de uma vez nos «trancaram os trilhos)), atravessando
ramos e páus.
Encontramos esses indios pela primeira vez em Zocuriú-inazá, chapadão de
Jatí, 10 kilometros a Leste ela actual estaçüo telegraphica do Juruena, na latitude
Sul de 12º,4-9', 3 2" e longitude approximada ao O. do Rio de Janeiro de 15~51',54,
onde pela primeira vez me atacaram na Expedição de 1907, no dia 22 <le Outubro
desse anno.
No dia 12 de Janeiro de 1910, ás 4 horas da tarde, o Sr. Severiano de Albu-
querque, encarregado da Invernada de Campos Novos, «R<>tiro <lo V0ado Branco•,
estação que estabeleci em 20 dP Junho de 1909, na Serra do Norte, ,·i11 na roça
4.ueexiste 11 a vizinhança da ca<;a, os in<lios colhendo verdura-,. Eram 20; á noite
retiraram-se para as mattas do VPado Branco.
De accor<lo com as ordens recebidas o Sr. Severiano e SPUS auxiliares tiveram
- !jl) - ·'

. <·11'1<l·Hln
.
nflo amedrontar os i111l1os,
d••i,cando 0~ colhi'!' a vontadt- ª"'
o 111a111r •
t'tn
• ,:e:
P lanta,;i'll'S de sua horta· . , !1C'xaram 3 ruuan's na marm•m cio Rih,: ir!'io do ,1e
,., . •'
N1> dia s<·guintc os 1111 1,o-. l
"j~
lt 'l l'olher verduras. r\ 16 ele Março appare r.eram < e
Veado ílranro <' \'O aram ,
ll ovo no m1~sino ribcirüo. f · to ti" r0,'.a ~o-
No dia 10 de JL111ho, "as 8 horas ela manhã oram vis !'- " T '

lhcndo fcij:·10. . . . l' J • JI · l ·


O Sr.· Scvcnano,
, . · d a a co Jheita ' dmgrn-se para a e a 11 1es e e1xou
termina

presentes. S' '-- , ·· l)Jnr.t


· cmquan l o e.stavam na mesma roça . o r ...~evena.110 e m<ltS
Na tarde <leste cha
· . foran1 11P.xados pelos iudíos não teutlo havido felizmente nenhum
2 c11mpan h eiras ' -~ er,
·JS
. ·''5 i:a:
i:: ' 1
fnimcnto. .
P ara ame d ron t a I- O.s Se\·""ri'ano
,. fez 2 disparos de fuzil para o ar. Os índios Ao anc
·
t ug-1ram gn·tan do . Até ,1 Jta noite nas· matta.c; do Veado Branco o caciqu-: fallou ~
,...,,.,.
••, ~ibr
com ar muito irado. itci:r.o q
No dia 11 deixou Severiano nos tocas proxiinos ao feijoal, muitos machados ::squt 5,
e foices além de outros utensílios.
i:il ~:n21
Pouco depois vieram de novo os índios e se apoderaram desses instrum<'ntos
com as maiores provas de satisfacção.
Antes de se retirar falaram muito como que agradecendo todos os
presentes.
A's 9 horas da noite de 18 de Junho, já pre~tes a dormir, ouviram os homens
da Invernada latido de cães. Puderam perceher que eram os índios a imitar os
cães do estabelecimento, pela furia com que estes respondiam á instigação.
Na manhã seguinte acharam o batatal todo escavado e proximo aos tocas
onde habitualmente collocavam os presentes, sete flechas fincadas no chão e 32
riscas traçadas sobre o solo.

A 27 outra turma indígena appareceu; de novo foram trocados presentes.


No dia 2 e no dia 3 de Julho repetiram a visita. A esta turma Severiano tocou
flauta, cantou e em resposta obteve tambem cantorias no fim das quaes pro-
nunciavam os selvagens a palavra-«ltiri11ó» que comprehendeu mais tarde querer
dizer-Cantar.
11
A de Julho foram a Invernada mais 3 indios pedindo machados e
offorecendo muitos brinde. A 1 f .
. • s· 4 oram mais 5 elos q ua.es foi colhida a palavra
-T1ranho-que a principio s
. . . uppuzeram ser - machado, e depois verificaram ser
-Amigo. O cacique informou então que era1n mu1·tos
valle do Rio 12 de Outubro. esses índios e habitavam o
Nos dias 15 e r6 ainda outr 1. . . .
A os ndtoi- vieram a cata de instrumentos.
20 chegaram 7 índios Em
4 delles n · quanto a gente da Invernada conversava .;0111
a ~oça, 3 outros tlexavam mais longe um boi.
S evcriano correu corn ..
o.~ seus pa.ra O I J 0 'd
fazendo disparos p· .
• <lfd o ar afim de impcu·
a. em que estava o animal fcn
. d
°
gado, Fugiram. Durante , . _ ir que continuassem a dt'!stniição o
8
- dias nao apparci:eu nem um índio na invernada•
- 51 -

s
N,1 ilia 1 d,• Ag·nslo rez-se a fratl'r11i1:11;fin l'lll11Jill'l'l Cll( rp nlJna 1

1 1 1
, '-'' <' , g-<' n e, a rtvl' r lla•
,l:i,csl;111dr1 pn•st•ntc c,1'-ttal1n,•11te o «' ngc nh ciro ,1111c ,·"11.," i11 , 1 .,' 1" r't·
r z.
Al't· cn tr.,1,, o R
ptTSCttll:S eram troc,1dos ,t 1lista11<:ia. Nes~ 1• cli:i rn, indios se ,•aipallraram pela

roça, enln: a nos!'la gente e o caciq U«' d ei vou


·
'1< ·tlii"tr"t1· r>oi·
• , ,•
1 ) º~, :,i>n• 1,,., pn111c1ro
1, 111 · ·
,1 f:izcl-o a1.ptellc cn~ft'lllll'iro.
Dos novos n.•cur8os rcc1•1Jido.~ foram fc ilo8 prl'~Clltc-; a lodos e c 111 trrJca
n•n•h1·r,111Hw muito:- artc•factos
O cacique era uni homem de cerca d e 50 annos. Foi vc~ticlo com as rmrpa ,;
qu(' havia e assim o foram n:,; que com c llc .... sc: chcg-aram.
Dentre css,:,s um l'ra aleijado ele um pé l' noutro tinha uma erupção na p« llc
Os outros eram robustos. A' tarde fizeram roda e cantaram, cm nma só voz, hem
entoados, batendo simultaneute com o pé dire ib no chão.

Ao anoitecer retiraram-se e dormiram na roça, comµletameute nús e <lircc-


tamente sobre o chiio. No clia seguinte poude o Sr. Severiano apanhar o primeiro
vo('abulario que se conhece desses indios e que vai em seguida. Uc um d0s
indios que se tinha mostrado mais sympatico pôde elle saber o uso das duas b'!llis-
simas pennas preparadas que existem na collecção ethnographica desta trihu.

A descripção destes indios foi feita pelo Sr. Sev.~riauo do seguinte modo:

Pintam.se pouco de urncú.

São de estatura mediana; têm o ventre saliente, as cox:ts grossas, as pernas


finas, os pés pequenos; dentes grandes regularmente conservados. Têm as ordhas
perfuradas e nellas põem pin1;entes de contas. Os cabellos si'to grossos e usado~
aparados na testa e na nuca .

.Nariz pequeno e grosso. Usam um pPqueno fragmento de madeira atravez


do septo nazal e outro atravez do lalJio -;uperior perfurado. Ao redor dos braços,
do,; punhos e das pernas trazem ligas de tuc11m de I cent. de largurn. No pescoço
levam collares de contas foitas com os fructos da bacaba.
Trazem pendente da cinta um chumaço de embira feito tle folhas 110vas de
burity. Plantam milho, cará, favas, mandioca, batatas. O milho, a manclioc:i
e a caça são os principaes elementos de sua alimentaç;io. Fumam folhas ~cccas
reduzidas a pó.
Dormem no chão, ao que sabemos; talvez tenham rede no aldeam,:,nto.
O -vocabulario que segue foi coll-iido dos Indios rla Serra do Norte, em
Agosto etc 1910.
Existe uma certa discordancia entre alguns termos e os que ie>rarn obtido3
posteriormente dos Nhambiquaras que chegaram a fala no acampamento da aldeia
«2 0 de Setembro:., "m Novembro de 1910.
f)3 artefactos ilo:, ~hambipuara1, encontrarlc,s pt·la Fxpcdiç,io cm 1)09" os
q11c foram obtidn~ ag-ma dos 1nclios da '-;erra do .N'orte <w µerfcitanwn te i1h·nticos.
~iio era ·~onhecido ainda O nome indígena dc~sscs Nhambiquaras, ate a minl>a
'Olta ao centro dos traualhos da c:onstrucção em Outubro de 1911.
o ele Se ll' rnhr11
'1 l I IJcl [lt' illll)'il ITil ' II 10 da ,tld1 • 1a
1 \' r I!-. CO li 1 t ,, •
AR pourno: ~M ''. • 1lorta l\,irl111sa, s f10 :u, tieg11it1lL''>:
pelo l l'nt•nl(' Julto ( at'l1111u

Fll'ch,1-Arukirapitê
Olho-Aidê
Br,1ç,l- f anuk11. 1~ .,,.
' ,~
l)ent<'-Ani
Cahcllu-,\ttikitê
[)P.dO- l'aitaiê
Arco-Arankizê
Vem cá-~hangan

As que for, m colhi,l.1s na Serra rlo Norte, por Sevcriano J c Alliuqu('rqui>,


1
Celestino Rourigucs e inspc'clor ,\\ario Tupin, são: ... notaS jaçc
.\ (l,íll

. oda Sec~ Etl


Concha-Nãni nzé
Agua-Ari 'li t1ia.~lecimento rem
1
Chegar-Iaikiní
Abobora-Ahitum
Cabello-Uainikccê .\ oollecçlo ethno
Arara-An-nanzí
Abacaxi-Koárc
Corrego-Uurauzê Ri i omprehende m
Amigo-Tiranhô l)ente-Oicê ~idibiru e os
Assucar-N ake-nozê En;.!ite ti.a cabeça-?fotum · 1a1 1ei iodnidos ness
. .roe-Iai-kinzê Euchada-Euazê
~.1 ~andactos des~
Aculha-Tatoá-nezê Es pin garda-K ukinzê
Algodão-Konr{uizê Enchl!r-Aridí •~- mesmo obtidos
Barro-lnozê Faca-N uketiráhanarê 1t<:Dltira parte entro~
Batata-Uinzê Fari n ha-Ori k~ nozê
Burro-Anunzê Fava-Koákizê
Beijú-U rinozê F oice-Eranzí
Bocca-Toai-iuçú Fumo-E11anzê
Cigarro-lxi Facão-Iurê
Cão-Imbanzí Feijão-Tanikizê
Came-Uicingê <ialliuha-Krakaré
C'hapéu-Uinarí
Gafanhoto-Nakizê
C'.abaça-Uruxi 1~i-uariroba-U rikazê
Camisa-Uari
Ja,·.á-A tizí
Calças-~ranzá
Lata-Nit.irí
CaMeirã.o-Sotrá
Machado-Uanhê
Camin ho-Aukui
Ct:rca-Kukuxi 1fachatlo de p~dra-Ecê
Cuia-Katêzi ~Iilho-ti11iakizê
Cigarra-Kikizê Mandioc.i-Inaiê
Contas,.cnfeitPs- irinkizê Maxixe-Uarê
Cajú-Irikizê Melandd-Bixê
.Mulhcr-Akinllctzê
- 5J -

;\11'\n-'I'oáikizê P~na-Auanixi
Nariz-Ai11nizê Palha Jp burity-ltrc-nandê
On•lh.i-Oauaninzê Rama de 1t1andiu, ,1-Uringa1,ê
Olho-Oaicnzê Sc;ringut"i1 a Urilit•
O,·o-Nukekrakarê Semenlt• dl' 11H l,111<..:ia -Ilik(·zê
Pau do nariz-Unitezê 'raquara-Uano~ê
Pau do labio supcrior-Iu1'ê Tucnm-J aracê
Iguigenos-Aitizê Urucu -Nukirê
Pilão-Nuxí Vamos-Oain trá

NOT A-Es(e vocobulorio, obtido em condições muito precimas dt've ler mui(os senões que scrôo
pouco a pouco recfiucados.

A estas notas faço juntar a dcscripç,lO feita pelo D.r Roquette Pinto,
substituto da Secção Ethnographica eh ..'llu')~u NaPÍ 1mal, da collecçao que para
esse estabelecimento remetti em 191 o.
A collecção ethnographica recolhida em ,\latto-firosso pela Commissão
Rondon compreheude material perten~ente a z tribus: Urupá e ~hambiquára.
Porque os Kabíxis e o& lndioc: d 1 Serra do Xorte segundo verificações foi tas
devem ser incluidos nesse ultimo grupo. Ella "e re,·este de capital importancia
porque os artefactos desses indios até boje nunca toram dcscriptos 1 &i é que alguns
já foram mesmo obtidos. A collecção chegou ao J1u5eu Ná.:ional em 2 remessas.
A primeira parte entrou em Junho de 1(1 10 e a segunda e1n Janeiro de r g 11.

N. 1-Consnva de mandioca-(A mandioca) depois ele rala la é postapara :-.eccar


a togo lento.
Serve dP pro\·i-,10 alimentar nas viag"l ,e;_ A massa tem um aspPcto rug-o,o,
cheia de anfractuo"idades. Sua côr é branca suja, arnarelladct em alguns
pontos. E' 0 a..,t.-tute clura. O exame micro.;copico i-evela grandf' quantidade
rle ~rãos de arniclo e fragmentos üe tecido va!>cular tla rait:.
A amo:-.tra veio do Retiro de Campos N'H'Os. Serra do Norte.
N. 2-:\lilho cultiva.II) pelo,;; lndios da. Serra do Norte-(;\latto Grosso)-S.io
e.,pigas (li) chamallo «milho molle ou S,tboró dos <iuaranys». Alg'umas bem
desew,olvidas, têm, 110 entanto, ,ts sementes mui irregular\"s. Retiro de
c·ampos Novo-;.
N. ,-C:,emPntes ,·ultivad 15 pPIO<; Indioc; KéLbixis ou Nhanibiquáras. Cabeceiras
do, ri paraná. Julho I qn 9 . Existem i leguminosa-, (feij,1cc;) <liflc-rrntP,, e uma
cucurhitare:. (Avicennia ?)
A'! sementes l•Jram plantacias para identificação dos vrgctacs. l1m elos
- 5•1 -

. . ittro vPruH:-lho esc11ro 1 o tcn ciro 11,;gro 1n.1nchailo


.. ~ •aro 1,so , 11 0 ,
fc1J11cs e nce, • . hilo ro<il•ado por uma ltsta prr;ta.
O 4 n }tranro (0111 o
de hranro e · iirPJlitro ,laR íléchas. Parc1 ·.1• Sf'r feito com cêr11
·tr'\S de hrcu usai1n no ~
N. 4-Amot1 ' . . 1 uia globulifcra) E ' 11cgrn. pa·,tosa a J2\ de
• rc,:inll do Oanan1 (s1mp JO ' • •
e · . . d• 1 . fund e-sr ;i temperatura mwto IJcL1xa, lon1,tndo
cheiro restnoso, agr,t ,1 ve •
uma côr negr,1 Ili·'li. l As , amostras acham S<' r:nvoltas em folhas de
t i,w r. , ,1
palmeira.
Retiro de Campos Novos. Serrn uo Norte.

N. 5-1~.. um pequeno
. res·en·atorio
, feito csm r frag111cnt\l de mcrithallo de taqllara
fina. A parte inferior é fechada com breu. A abertura tem uma pequena
pelóta de fios de algodào. De cima a baixo esse pequeno tuho acha-st-
cnrolado com fio semelhante colorido de vermelho pelo U rucú.
O seu conteudo é um pó ~scuro de uso ainda desconhecido.
Alto Giparaná-1906.
~.·6-Fll'cha dos Indios da Serra do :Norte.-11-7-910. Retiro do Veadc,
Branco. Comprimento 1m.62.
Base profundamente entalhada; 2 pennas seguras por fios isolados; uma
de mutum e a outra de um cara-cará. Ponta lisa de madeira vermelha, cy-
lindrica embutida na hac;te, segura por fios de tucum e fitas de embira.
N. • 7-Flccha dos Indios da Serra do N ort.e-20-7. 9 r o. ,
Mede 1. 68. Base-profundamente entalhada. 2 pennas de gavião seguras
por fio continuo coberto de breu. Ponta de madeira, com uma farpa. Ao
nivel da parte superior da haste acham-r;e 2 fitas de embira que concorrem
para a manutenção da ponta.
N. º 8-Flecha dos Indios da Serra do Norte-11-7-910.
Comprimento total r. 80. Base entalhada fundo. 2 pen nas de mutum
presas até certo ponto por fio continuo coberto de breu e d'ahi por diante
8
por pontos separados. Ponta dP. madeira vermelha, com 1 farpa curta .
• ~a porção mediana ha I fita de embira enrolada em espiral.
:N , 9-Serra do ~ orte
0
, · d
· -II-7-910. ( ompnmeuto total r. 58. Base entalha ª·
com z pennas tle t
· mu um seguras por fio continuo coberto de breu.
Ponta tie taquára la . .
. . rga e cortante, lisa, presa a haste por uma peça rnter·
mediana de madeir l
~ ª verme ha,. mantida por fios de tucum .
• . lo-Arco .\lede 2m 8 d
. d , 3 e cumprimento por 0,047 de maior largura. Tem 1
cor a de tucuni de o o02 d .., .
d eira
· vermelha tem, a e 111
. arnetro. E' completamente liso , feito de ma-
eecha de o ·o e' t t parte interna ligeiramente escavada. Para obter uma
na e . ,;, . en . oram necessarios 66 kilos de tracção dynamometrica
xpenenc1a feita.
N. 1I-~º I A
• . rco dos lndios da S . -
primento por 0 erra do Norte I i -7-q io. J\lede 11n,~2 de colll
. 0
, 4 na porçã ·. ele
d1amctro e nr, o ma1s larga. A corda tem 1.78 e o,003
' t:ro Parece se f · F fuló
dos Pareeis ( \.. r eito de Tucum giga.ntc (Tucuman) ou ll
' ':itrocaryum) \. . .
No 2 Arco tios I . · • ~ua forma é i1lenlica a do precl!dc11te.
nd10s Urupá ~l 1 I , 1 ura
' Cl e A8 de.: com pri mc.:nlo e 0.02 de arg ·
- :i5

'1'1:111 u111a eorila de• turu111 de • r • 11• ele· 1'e>1ni1rittll'I. 1 t o 1• 0 11u3 11e , 1·1,11111' 1rn.
1
As cordas de todos Pst,•s• •'ll'Cm,• s~ 1· . . I· · ·
, •111 01111,1, ,l'I por 1 lio'l l11n; 1dm w, l>re hl
·
u1esmn. O an:o tio Uurupá é IH'lfro ,.., b1111,r
• 111 111 •,1s. n .io " a.1-
~ po!i~lll' 1•.sca vaç.m
g nma long·itudiu •·d pt>l ·1 fa''"
' '.... •tla l'O l·
na. , su,i porçao 111c•llta corre quast· l'lll
\ . ·
linha reda; as l'Xtrcmílla,le cttrvam-st• para rcc('ber a cortla. No mciu
desta curva existe u111a faixa de 1.:mbira enrolada cm tiras.
N. 12-Flechas:
As flechas Ja collecção perteceucem as tribus dos Indios Urupá 1 do ( iipa-
raná e dos N ambiquáras, inclue-se nestes os Inuios tia ~erra do Norte
CUJOnome ainda nfto é conhecido mas que são certamente os mesmos
Nhambiquáras.
N~ 1-Flecha <los Indios Urupá.. Nle<le rm)37. Haste tle taquara de
11078 10,008 de diametro. Base com 2 pennas de mutum seguras por pontos
Je embira. Ponta de madeira lisa 1 segura por fitas de em bir:i enrolada Pe-
quena farpa de espinho negro, na extremidade, segura por fio de tucum 1
sem resina.
:N~ 2-Comprimento: r 1 47. Haste de taquára de 1,050,008. Base circular,
sem entalhe, com duas pennas de mutum segura:,; por fios espaçados. Fitas
de cascas de Urubamba concorrem para a manutenção dessas pennas. Acima
deltas a base da flecha possue uma pequena coroa de pennas rubras de
tucano 1 mui regularmente talhadas. Ponta formada por 2 peças, Uma
que se liga a haste de taquára e outra que se une a lamina extrema tambem
de taquára afiada. Extremidade completamente lisa.
N° 3-Comprimento: 1.43. Haste de 1.13 por 0 1 014. E' de Ubá, Base
entalhada 1 rodeada por fios de tucum, Duas pennas de mutum. Ponta
de taquàra lisa.
N, 13-Flecha dos Nhambiquáras.=Rio Giparaná. r9 r o.
Comprimento total 1,56. Base entalhada. Com 2 pennas de arara uma
azul e outra amarellas presa por um fio continuo coberto de breu. Ponta
de madeira rija, vermelha 1 com 22 farpas symetricas, 2 a 21 achatada
lonjitutlinalmente e mantida á haste por fios de tucum.
); . 14-Flecha dos indios da Serra do Norte-11-7-910.
Comprimento total 1. 61.
Base entalhada com 1 penna de gavião e outra de mutum seguras por lio
continuo coberto de breu. Ponta protegida por um merithalo de taq uára
' . ..
de oi46 por o,oi6. E' tormada por um fragmento de madeira rtJa com 4
t.arpas seguras por fio contmuo
· co b e rt o d e breu, mantida á haste por iios
coloridos de vermelho e por pequena fita de embira.
N, 1 5-Instrumento musical. E' formado por dois discos, de cabaça, concavos,
·
e aJustados por meio· do breu e de uma tira de folha de palmeira.
. Na
.
· lh · muito ao Xãn-han dos Pareeis.
parte superior possue 3 furos. Seme a-se
Não é ainda r.onhecido o processo pelo qual O empregam. Tem 0 , 8 ,'1 de
de díametro-0 1027 de espessura.
. " tuho'> ck t:,qn:Lrn presus por fios d,, ltlí'Unl
N, ,6-Fl:u1ta dupln. 1•:' fon1ia1 1a pm ,~. '
. • , , uut nn ,artr tllf'd,a, u111 r,dli\;ic, pLrfura<lo {1 fogo. A luz <lo!t
po 1 11
u,n, 1º l•,' 1 .
.. \ •11 8l'llli-rf't:haJa pol' lltn pnut o d1• resina . Alllbr)!-J O!l
tubos 1\ .io 111\<'I, e t '>,
,.._, ai.,, rtu'- na'- 1 x1r, 11titla 11l'!-.
tu 1JO-; S,lv , ' '
Medi ru : o 1 i,t por i),1) J,.
' lT. t R 1 m·i-R,,ma (tidos ywlos Jarús). Con s ta rlc 2
N. , • Ornat,l UL).., i 11p,1s • •
' \ a ·t'i ... , .... L·iri·umtlar a cahcç,t é 1·orn1ada por uma fita de rast:a
parlt·~. J- l, l 1•'" l lulu. 1

de arvl)rP l''-tentainrt1t<' roherla d1' pen11,1s de ar.ira. tucat1<1 1· wutum gru-


d,,u,is ,ihi com rc.,in,t. A 2''. parle i• apenas um pPnnac ho 1le grandes
lf"rtrizcl< 11! ara1 ,1 venu,~llia e awl cum 2 plumas Lk garça. Po,;to em po-
1
siçã,l ,•sse Jia.\cuia, o pconachu sae da írontc do inc.Ji,·1duo dando-lhe
um aspect0 urnrdal. Rio Giparaná-1909.
N. 18-Cl'sta para cam'gar. 1~· feita de taquára; l!mbora seja muito leve tem
grande c,1pacidadi>. i\lelle o eixo maior: 0,62. Oiametro da aber tura 0,33.
A alça pela qu,,1 é cam.:gada passa entre as malhas do fundo e <le uma das
parede, \'indo ganhar ª" espaduas ou a fronte da portadora. Igual a esta
l'onta a colleC\'àO outra menor: eixo maior: 0,-1,6. Diametro de aber·
tura 0,2.6.
N. 19-Panella com breu. E' coberta com mn fr 1grnento de folha de palmeira.
A panella tem o,q centimetro no maior diametro; é feita de argilla ene•
grecida por cinzas. A pasta é grossa e mal cosida. Serra do Norte.
2-9-910.
N. 20-Feixe de palhetas. Parece ter servido para revolver o breu, ao fogo.
São feitas de colmo de taquára.
21
N • -Collar com o fructo da bacaba. Os pequenos fructos são mantidos por
um fio de tucum que os atravessa longitudinalmente. Mede 0,56 de peri-
metro. Serra do Norte. 2-9-910.
22
N. -Collar · E' feito com pequenos d'iscos cortados no côco da bacaba e enfiados
em
• . cordas de tucum · Dá d'ff
1 erentc-s voltas ao redor do pescoço do in-
d1v1duo que O leva.
N. 23-São.:?
d .diademas feitos· de l ia5 les <le taquara , enroladas e mantidas por laços
e demb1ra. Um fio <le· penna· s de arara e ue tucano forma guirlandas ao
re or dP.ste arcabouço K
diametr e\ _ · regularmente circular e tem cerca de o. 20 de
o. • colleccao conta ., f .
do Vea,lo Bran, ~ - en eites tlPsse typo. Serra d,> Norte Re-
~ C <.:O. - de Julho de 1910
•. 24- ollar de pennas e st .
acham . .·
presos mais de ioo
ºª ª
de um cordel de fios de algodão, ao qual se
E' intere 3 sant\:' ~ pequenos feixes de pennas tectrizes do tucano.
. no ar que entre es , . .
mente pela sua · se~ existem alguns que se destacam viva·
,, , acccntuada cô
..., . 2 5-Ornato . , r vermelha.
nasa1. E feito com I penn d
um f ragmento de t· ª
e mutum encastoada na ponta de
l aquara polida .
ª godão. Circunda ' mantido com auxilio de breu e fios de
tuca no, A s linhas nessab , grande penn ª um f e1xe
.
ue pequenas teclrizes d e
rancas que s e ac·h am abaixo
. do fio de algodão são as
- 57 -

cxtremidadcR dos lllbos 1las pccpH'rtas pc1111as, 1liviclidoR Ji'n1gitudinal1111•11I<·,


n•virados, e r•mbutidos na resina prrtn. Es te ort1ato rq,rcsr•nta ente os ín -
dios da Snra do Norte uma vc·rdadPira clistincção honorífica de cara<'ter
industrial. E' conferido ao i111lio 4uc conseguir <ll'fruliar a 111atta para fazer
uma roça com o machado ele pi>tlra. O trabalhador as.sim distinguido leva
enfiada no nariz (•s sa pen na, !'.Pg undo informaçocs <lo encarr<'gatlo do
Retiro tio Serra do .Norte. Retiro tio Vcatlo Branco- Set<'mbro 1910.
N. 26-E' uw ornato sc uiclhante. Em yez de pen na de mutum é foi to com uma <lc
arara azul.
N. 27-.\lachado de pedra. Serve para preparar a roça. E' formado por um
bloco de diabase com 0,142 X 0,060 X 0 , 030 pesando cerca de 1800
grammas. Tem a forma geral de uma cunha. A outra extremidade é
abraçada por uma haste de madeira que foi dobrada sobre si mesmo,
medindo cerca de 0,520 de comprimento e mantida assim vergada por
algumas voltas de um cordel de algodão. O encastoamento excepcional-
mente forte e resistente da pedra neste cabo é feito por meio de breu.
Para que a resina possa encontrar solido ponto de appoio na pedra
enrolam, na base do machado, fios de algadão que ficam completamente
immersos na massa. Serra <.lo Norte 14-7-910.
Pinguela feita pelos indios bravios e aproveitada pela secção
de reconhecimento.
P ;\SSt\GEM 01\S BAOAGENS
Aldeia de índios Nhambiquaras no l~1beirão Roceiro .
PLANALTO DOS PARECIS. ExrFr>lÇ,\0 1)1: 1908.
Rancho de indios do Rio Commemoração.
'

Pequenos ranchos (UA1--tATEA) que os indios fazem para esperar a


caça na origem de cabeceiras .

.
Expedição de 1908 - Aldeia do Ranchão - Interior de uma maloca dos indíos Nhambíquaras, enfeitada com os p resemes que a
Expedição lhes deixara. O graphopbone Odeon ali funccionando.
Typos de flechas dos Nh11mblquáns
/10/s.1 cl,· p:i/1111 ,·om st'IIH'fllt'1', /T1d/rJ1, Nlwmhiq1111r11.~ lm,frumc11/<J clt: Mm,h:11 elos Nh1u11hlquur11~
(C'ol lú111do11 M11,r11 Nnrir11111/) /Col NrJttr/1111 Mt1ll'II NnritJllll/)

Milho cultivado pelos Nhambiquáras


(Co/. Rondon-Museu Nacional)

Amostra de breu dos Nhambiquáras


Col Rondon Museu Nacion<J/)
~~•::a:t 1.
Flauta dupla dns Nhambiquáras
:

(Col. Rondo11-Muse11 Nacional

Cigarros dos f\thambiquáras


(C,,t. Rondon -,1111.,rn Narionat)
< E l

Typos de flechas dos Nhamblquaras


eco P -J ~- li
'

Typos de flechas dos lndios Nhambiquaras e Urupás Artefacto dos lndios \hsmbiqu:ir:zs de uso :1inds i~norado
(a I " a partir da esquerda).
Cesta de carga-/ndios Nhambiquáras
(Co/. Rondon-Mus,11 Nacional)

Bastões ignigenos dos Nhambiquáras


(Col. Rondon-/\1use11 Nacional)

Abano dos Nhambiquár11s


Cal. Rorrdon-/1111seu Nucionc,I)
Collsr de contas de côco-lndios Nhambiquárss
(Co/. Rondorr -Museu Nuciona()

Collar de côcos, de Nhambiquáras


(Col. Rondon-Museu Nacional)
Machado de pedra dos Nh11mblqu1ír11s

(Col. N1111tf1111 M11.,m N11rit11111/J

Ceramlca dos Nhambiquáras Panei/a com breu- lndios Nhamblquáras


(Col. Rondon-Museu Nacional) (Col. Rondon-.Museu Nacional)

Qrnato de Pennas para o nsriz-lndios Nhamblquáras


(Col. Rondon-Muse11 Nacional)
S,·111,·111,•i, ih• fo, "'' c:11/1/1·111/o~ 1id11H Nl111111h/t11111r11r;

('111( '1'111td1111 Mmiru Nw ,,,,,,,,

Massa de mandioca.
Cnnsen·a feita pelos /ndios Nhambiquáras.

Co/1. Nu11don-M11.,e11 Narionr,I

Arc·o dos /ndlos Nhambiquáras


Flecha dos lndios Nhamhiquáras-Tem a ponta farpada protef(ida por um estojo d e taquára.

Coll. /. onófln-1\fosru Nucion

...

maço de fibras de 111,·um com que os lndios fahrkam as ~·ordas do:,. arcos
,,t:~
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Cabaços u ~adas como v asilhas pelos fndios Nhsmbiquáras

Cu// Nar1c/011-/tl11.,e11 N11cional


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Cabaça com fumo-Jndios da Serra do Norte


Cabaça dos Nhambiquáras
Co/1. Rondo11-Museu Nacional

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