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Composto ¢_impresso ‘pa Oficina “Gries da Universidade do. Broil BOLETIM DO MUSEU NACIONAL Nova SERIE RIO DE JANEIRO ~ BRASIL ANTROPOLOGIA — N° 22 — ‘98 de maio de 1968 ESTRUTURA E RITMO DA SOCIEDADE BORORO Oumar Panaxtios Moxtexzcno Tosituto de Ciéneine Sociais da ULB Nesta primeira comunicagéo de uma pesquisa a longo prazo ‘que formulamos ¢ inieiamos em 1959, visando ao estudo do conser- vantismo © mudanga na cultura BORORO, abordaremos, precipua- mente, 0§ arranjos organizatérlos levados a efeito pelos remanes- ccentes dessa sociedade indigens, hoje enquistados numa érea ainda franco povoamento ¢ que paulatinamente se vai integrando & economia nacional (1), Como & sabido, ésses indios vém resistindo, hé mais de dois séculos, 0s impactos das frentes de expansio da sociedade brasi- leira, 0, apesar de nos iiltimos:cingiienta anos seus contatos com elementos “civilizados” se processarem mais e mais permanentemente, conservam éles muitos dos seus padrées tradicionais de conduta. Os mecanismos interculturais que possibilitaram essa persisténcia e fas mudangas ocorridas, em diferentes graus,-a nosso ver, soment podem ser compreendidos e explicedos se partirmos da premissa bem geral e bisica de que assim como a sociedade nacional nio chegou como um todo aos BORORO, também éstes, embora guar- dassem suas caracteristicas de tribo, ndo entraram em contato cém as franjes pioneiras ou nfo maniém rela¢es com os atuais aglome- rados “civilizados”, como um conjunto, mas por partes déste. Temos, entio, que cada um dos segmentos do contato apresentaré um grat ‘G) 0 projeto de pesquisa stbre 9 CONSERVANTISMO E MUDANCA NA, couTuna BORGHO ‘or 'a dirwoHo do. Curso de. Aperfetgoamento de Pesquisadores Sociais (CAPES-CBPE), logranda aprovaplo e ianslamerto. Meso antes de noses Sdn 20 campo. é enif0 come RetseiGns ao Mase Nociael, ‘vemos também’ @ patroctaia. desea institaggo, sob, cuja ealde eve prowevu ‘mento « pesquisa, reaultando na elsboragio e zedagK0 dele argo. \ x 2 0. P. MONTENEGRO — ESIRUTURA E RITMO DA SOCIEDADE BORORO maior ou mener de impositividade ¢ receptividade intereultural, que devera ser estudado esvecificamente, a fim de tornar vélida uma _generalizacao cuja sintese reflita a situaco de conjungéo, globalmente, Podemos resumir as aluais situagées de conjungdo nos se- guintes aspectos: 2) contatos BORORO com misionérios salesianos; b) contatos BORORO e elementos do Servico de Protesio aos Indios; ) contatos BORORO com comunidades e aglomerados “civilizados”. Estas situagdes ndo so mituamente exclusives, podem ser simulténeas e se suceder uma as outras num mesmo segmento. Cada uma delas, entretanto, tem sébre a cultura indigena conse- giiéncias determinadas, sendo licito atribuir-se uma escala de integracdo ou desintegracio dos sub-grupos indigenas, em face da cul.ura brasileira, tanto ao tipo de agentes desta como aos meca- nismos internos de ajustamento da tribo, ste sistema de referéncia no tem merecido 2 atencio dos espe- cialistas que trataram dos BORORO ¢ uma visio panordmica na bibliografia existente revela, justamente, que af reside a sua maior fajha: ou estudam a cultura indigena em si mesma, num tempo ‘ideal, sem maior preocupacéo analitica, ou se limitam a genera- lizar dados obtidos em determinada aldeia, com determinada situagdo de conjuncéo, para téda a atual realidade sécio~ultural da tribo. Bste fato, dbviamente, distorce o enfogue do problema & foi visando a evitar seguir a mesma trilha que esquematizamos nossa pesquisa em duas grandes fases: a primeira se constituiu no levantamento exaustivo das fontes urimérias e secundarias, néo somente sdbre os BORORO per se, mas também sobre a ocupagio humana da regigo, desde a chegada dos primeiros bandeirantes, até fos nossos dias, dando énfase, ai, aos contatos interculturais (2) Na segunda fase, — j& no campo — realizamos um “survey” das aldeias BORGRO para escolha de trés que tipicamente represen- tassem as situagGes de contato acima delineadas, Razées de ordem extra-clentifica (escassez de verba e curto tempo disponivel) apenas permitiram que realizéssemos nossas observagSes preliminares inten- sivas nas aldeias que sofrem influéncia mais direta dos agentes do “onl? BAH anilise istoriogritia, $6 esbogada no nosso plano do. pesquisa (1989/ms), constaré de trabatho mais amplo a ser em breve apresentada 0 Mew Neclonal. SOLETIM DO MUSEU NACIONAL —N.s.— ANTROPOLOGIA — x22 3 Servigo de Protegio aos indios. Per isso — e queremos aqui frisar bem éste ponto — as informagdes e conclusdes a que chegarmos nesta breve comunicagio simente serio vilidas vara ésse tipo de conjungéo. Aspectos sécio-econdmicos da regido Os BORORO pertencem ao extenso ciclo primitive de povos coletores do planalto central brasileiro, girando sua vida econdinica em t6rno da caga, da pesca, da apanha de vegetais e do plantio de uumas poueas espécies da flora local. Suss aldeias, por isso mesmo, esto sempre localizadas & beira de um rio e perto de uma mata, onde tém as duas fontes de sustentagdo da tribo, cujos produtos pertencem a todos, ressalvada a propriedade individual de certos utensilios e objetos de addrno. Estas aldeias, que até fins do século passado se espalhavam por uma ampla regio, (5030" a 57°90’ de longitude oeste e 15° a 20° de latitude sul, cf. Baxous, 1997:112) estfo, hoje, ilhadas em territério 40,» MownENEGRO — ESTRUTURA RITMIO DA SOCIEDADE BORRO compreendido entre 15°30’ a 17 de latitude sul e 58 2 55°30' de longitude este, — a nordeste ¢ este-sudeste de Culabé, em trés areas bem definidas e que, além de suas caracteristicas fislogréficas préprias, representa os diferentes tipos de ocupagio humana e as modalidades de contatos interculturais j4 refericas, 1 — Area do Pantanal do Sdo Lourengo — Seus habitantes “civilizados”, bastante dispersos, dedicam-se quase exclusivamente & criagdo extensiva do gado. Nela estdo localizados quatro postos do Servico de Protegio aos tndios,-trés. dos qusis junto a aldeias BORORO: “Posto Indigena de Nacionalizagio General Gomes Carneiro”, junto & aldeia de Cérrego Grande (Corejedo Péru, dos indies), & margem direita do Séo Lourengo; “P.ILN. Presidente Galdino Pimentel”, antiga Colénia Teresa Cristisa e conheeida na regiao simplesmente como “a Colénia”, igualmente & margem do ‘mesmo rio, seis Iéguas a montante do posto anterior & junto da aldeia do Téri-Péru; (8) “P.I.N. General Couto de Magalivaes”, na ‘margem direita do rio Pir'gara, junto a aldeia de Tugukure, de indiot orfundes do aldeamento da extinta “Colénia Isabel”, que existiu até prinefpio déste século; finalmente, 0 “Posto Indigena de Criagéo Piebaga”, na margem esquerda do rio Sao Lourenco, entre 0s dois primeiros postos. Néo ha aldeia janto do “Piebaga” fe uns poucos BORORO IA se localizam, quando a servigo do SPL (a) Qs BORORO que vivem nesta area entram em contato direto com moradores de fazendas, nas quais trabalham esporidicemente, € com as de dois pequenos vilarejes: Sio Lourengo, que se originou da antiga Coldnia do Sdo Lourengo, fundada no inisio da segunda déeaia déste século, e Porto Pinto, um aglcmerado de casas de ceriadores de gado, que exploram, na época da safra, velhos laranjais ali existentes, quando caminhées vindos de Cuiabé compram as frulas para vendé-las na feira da Capital Porto Pinto, distante apenss sels quilémetros do Cérrego Grande, ¢ ponto de atragio digtis de indios de ambos os sexos, vois néle ha um “bolicho” (3) Nie confundir esta aldein com a homénima, descrta por Baldus (1997, localiza, ealdo, entre Rondonspotis e Guiratings (ex-Lageado) (4) Quando aa nossa visits, viviem em Piebage cla trabathadores “ivili= sados" 40° SPT e tim Indo. DISTRIBUIGAO DA POPULAGAO BORORO DAS ALDEIAS DA AREA DO PANTANAL DO SAO LOURENGO, POR SEXO = GRANDES GRUPOS DE IDADE — Junho a Agosto’ 1950 ALDEIA DO CORREGO GRANDE = & ° ® 2 958 Ee ooo i 23 ose $e cee Be tee MESES Junao Sulko ato ALDELA DE TORI-PARU ¥ 18 anos ¢ mais \ | M MESES | 2 ALDSIA TUGUKURE Junho Saino. 3 i a) 1 ‘Abst MESES 228 EEE

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