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A Caridade da Igreja
POR PROF. FELIPE AQUINO 27 DE SETEMBRO DE 2018 HISTÓRIA DA IGREJA
A caridade ensinada por Cristo foi “algo novo” no mundo antigo; onde se deve “amar até o inimigo” e “perdoar os que nos maltratam”. Esta caridade foi a mola propulsora de
todas as ações da Igreja Católica, embora muitos de seus filhos possam às vezes ter negado isto com seus atos; mas isto não anula este fator determinante na vida e na ação das
pessoas e das instituições da Igreja. Também para a Igreja vale a frase do Apóstolo: “a sua imensa caridade encobre a multidão dos pecados dos seus filhos”.
A Caridade da Igreja I
A Caridade da Igreja II
Os Padres da Igreja que legaram seus ensinamentos ao mundo, mesmo entre suas enormes ocupações, tiveram tempo de se dedicar ao serviço
da caridade. Santo Agostinho fundou um hospital para peregrinos, resgatou escravos, e socorreu os pobres. Ele pedia ao povo não lhe dar
roupas, mas vendê-las e dar o dinheiro aos pobres. São João Crisóstomo, o grande Patriarca de Constantinopla no século IV, fundou ali uma
série de hospitais. São Cipriano de Cartago e S. Efrém organizaram grandes trabalhos nos tempos de pragas e fome. Não há um santo sequer da
Igreja que não tenha vivido exemplarmente a caridade.
A Igreja desde o seu início cuidou dos órfãos e viúvas, numerosos por causa das guerras, e estava presente para socorrer os doentes em todas
as epidemias. Muitos e muitos santos e católicos perderam as suas vidas socorrendo os doentes. Durante a peste que atingiu Cartago e
Alexandria, os cristãos ganharam respeito e admiração pela coragem e bravura com que consolavam os moribundos e enterravam os mortos,
enquanto os pagãos abandonavam até mesmo os amigos à sua terrível sorte.
Sabemos que hospitais como temos hoje não havia na civilização grega e romana; a Igreja Católica foi pioneira em criá-los com médicos, enfermeiros, remédios, e demais
procedimentos. No século IV a Igreja começou a mantê-los nas cidades menores, atendendo viajantes e doentes, viúvos, órfãos e pobres.
Uma mulher chamada Fabíola, por caridade cristã, criou o primeiro hospital público em Roma. S. Basílio Magno fundou um hospital em Cesareia, na Terra Santa, no século IV,
especialmente para os leprosos. Os mosteiros também prestaram muitos atendimentos aos doentes.
Risse Guenter, em “A History of Hospitals”, mostra que quando caiu o império romano do ocidente (476), os mosteiros assumiram cada vez mais os cuidados dos doentes como
nunca foi feito na Europa por vários séculos. Esses mosteiros se tornaram verdadeiras escolas de medicina entre os séculos V e X; falava-se do período da medicina monástica.
Durante os anos do reavivamento (séc. IX) com Carlos Magno, os mosteiros se destacaram como os principais centros de estudo e transmissão dos textos antigos de medicina.
Durante as Cruzadas, as ordens militares católicas administraram hospitais em toda a Europa. Por exemplo, os Cavaleiros de São João (Hospitaleiros), que deixaram na Europa a
sua marca na história dos hospitais, desde 1080, ajudaram os pobres e os peregrinos que iam à Terra Santa. Com Godofredo de Bulhões esses hospitais cresceram de
importância.
Os “Hospitais de São João” impressionavam pelo profissionalismo, onde se realizavam até pequenas cirurgias e os doentes recebiam visitas duas vezes ao dia dos médicos,
banhos e duas refeições principais, além de roupas limpas e brancas. Esses hospitais foram modelos para a Europa.
A caridade da Igreja sempre foi tão grande que impressionou até os seus inimigos. O escritor pagão Lúcio (130-200) escrevia impressionado com a urgência com que os cristãos
se ajudavam mutuamente.
O próprio imperador Juliano, o Apóstata, inimigo do cristianismo, que tentou restabelecer o paganismo no império, por volta de 360, elogiava a caridade dos cristãos e
reconheceu que enquanto os sacerdotes pagãos abandonavam os pobres, os “odiados galileus” os tratam com caridade, com as mesas preparadas para os indigentes, algo que
era comum entre eles.
Mesmo Martinho Lutero, inimigo da Igreja, fundador do protestantismo, foi obrigado a reconhecer que “sob o Papa o povo era ao menos
caridoso, e que não era preciso a força para conquistar as almas, e que agora, no “reino do Evangelho” (Protestantismo) ao invés de dar, eles
roubam um ao outro” [Baluffi].
Frederick Huiter, um biógrafo do Papa Inocêncio III declarou: “Todas as instituições beneficentes que a humanidade possui nesses dias para
ajudar os pobres, todos os que têm sido feito para a proteção dos indigentes e aflitos… e todos os tipos de sofrimentos, vem direta ou
indiretamente da Igreja de Roma” [Baluffi].
No séc.XVI quando Henrique VIII tornou-se inimigo da Igreja e suprimiu os mosteiros da Inglaterra e confiscou as suas propriedades, a
conseqüência social, foi enorme. Houve uma rebelião popular em 1536 conhecida como “Peregrinação da Graça”, que teve muito a ver com a
ira do povo com o desaparecimento da caridade dos mosteiros. [Daniel Rops. V.1, pág. 181]. A dissolução dos mosteiros ingleses e a
redistribuição de suas terras – garante Philip Hughes – significou a ruína de milhares de pobres camponeses, a destruição de pequenas comunidades que os sustentavam”.
Milhares de desempregados das fazendas foram colocados nas ruas; o pauperismo cresceu assustadoramente.
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