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A primeira pesquisa
de experiência
de quase morte
baseada em
testemunhos de
inúmeras pessoas.
Nas bancas
e livrarias!
Ou acesse www.escala.com.br
/escalaoficial
Internação compulsória:
entre a ética e a emergência
O
combate à dependência química é uma constante em nosso planeta e sempre que acontecem ações pú-
blicas no Brasil que permeiam esse problema, reacende-se uma discussão antiga, que na verdade nunca
FOISILENCIADA/FATODOMOMENTOOCORREUNACONHECIDAh#RACOLÊNDIAvEM3ÎO0AULOMASREmETEUMA
SITUA¥ÎOPRESENTEEMTODOOPAÓSQUELEVANTAQUESTÜESASQUAISASOCIEDADECOBRARESPOSTASDElNITIVAS
O que deve ser feito com as inúmeras cracolândias espalhadas em todo território nacional? Como devem ser tra-
tados os dependentes químicos? A escolha governamental paulista incluiu,
entre outras medidas, o pedido de autorização judicial para a realização
das controversas internações compulsórias, que são formas legais para se
internar uma pessoa mesmo contra sua vontade ou sob os seus protestos.
A Justiça do Estado de São Paulo chegou a autorizar o pedido do governo
no dia 26 de maio último, revogando-o dois dias mais tarde. Em seguida, a
equipe da prefeitura anunciou que contrataria serviço de ambulâncias, que
lCARIARESPONSÉVELPELOTRANSPORTEDEDEPENDENTESQUÓMICOSPARAOSLOCAIS
nos quais seriam examinados por uma equipe multidisciplinar. Esse gru-
po, então, avaliaria a necessidade ou não da internação compulsória. Os
"OALEITURAEBOAREmEXÎO
CAPA
Internação compulsória
e involuntária
35
Ações de combate à
dependência química reabrem
antigas discussões sobre como
UT TERSTOCK
18:44:23
28/08/2017
MATÉRIAS
Pequenos imperadores
domésticos 22
A falta de limites na educação das
CRIAN¥ASGERAMDIlCULDADEEMASSIMILAR
as regras sociais inerentes à convivência
08
Angústia na pós-modernidade
ENTREVISTA !SOCIEDADEMUDOUSEUPERlL
Tomás Bonomi e Bruno Espósito e a Psicanálise busca alternativas
falam da atuação em casos graves
que necessitam de uma elasticidade
28 para aliviar as dores e angústias
nesse novo cenário
das linhas teóricas
A óptica sobre o feminino
A articulação da problemática
das representações sociais
SEÇÕES acerca do que é ser mulher
06 EM CAMPO
58
16 IN FOCO
18 PSICOPOSITIVA
Discalculia e Acalculia
20 PSICOPEDAGOGIA
32 COACHING
70 Os discalcúlicos tem problemas
34 LIVROS com o conhecimento matemático.
50 CIBERPSICOLOGIA Já os acalcúlicos perdem
52 NEUROCIÊNCIA habilidades já consolidadas
54 RECURSOS HUMANOS
56 PERFIL Criação em conjunto
64 DIVÃ LITERÁRIO
66 CINEMA
O ser humano tem grande 76
habilidade cerebral para
80 EM CONTATO
criar sozinho e encontra ainda
82 PSIQUIATRIA FORENSE
mais para criar em parceria
www.portalespacodosaber.com.br
Convivendo com a Para a maioria dos brasileiros, o Esther rumou aos 19 anos para Madri.
Nova ordem
O que é
EXISTE UM PEQUENO E ANTIGO MUNI
vimentos que abalam o Brasil desde 2013.
propriamente
religioso?
Artigo debate cípio homônimo, fundado pelos árabes Lecionou na Universidade Federal de
necessidade de
novas definições
conceituais
ESTHER SOLANO FALA SOBRE A DINÂMICA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL
por volta dos Uberlândia (UFU) e atualmente é profes-
séculos VIII e IX. Provinciana e reli- sora de Relações Internacionais da Uni-
giosa, é terra natal de pintores, escritores versidade Federal de São Paulo (Unifesp).
E DA LÓDER SOCIALISTA 0URIlCACIØN #AUSA
Coautora de um livro sobre o movimento
pié. É também nesse lugar que nasceu Black Bloc, Esther não foge à luta. Colo-
uma das principais intelectuais do mo- ca suas ideias sem rodeios ou teorizações
mento – a socióloga e professora Esther inócuas. “Temer no Planalto, Gilmar no
3OLANO 'ALLEGO $E ESTILO lRME NAS AR
STF, Joesley em Nova York.
gumentações e gentil na fala, Esther é in- Rafael Braga na cadeia”, escreveu
mUENCIADORANOUNIVERSODACIBERPOLÓTICA certa vez no Facebook. Entrevista com-
e também dos movimentos sociais. pleta na edição 71 da revista 3OCIOLOGIA.
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 5
LINGUAGEM
E PERFORMANCE
LÍNGUA ESTRANGEIRA INFLUENCIA
TOMADA DE DECISÕES. MAS DE QUE FORMA?
ces in 46,034 functional neuroimaging scans. Journal of pelo Instituto de Psicologia Positiva (IPPC).
IMAGENS: 123RF
UMA NOVA
PROPOSTA
Tomás Bonomi e Bruno Espósito fazem parte de uma
geração de psicanalistas da era pós-escolástica, ou seja,
se dedicam a uma leitura rigorosa de Freud e de outros
psicanalistas sem se prender a uma única linha teórica
Por Lucas Vasques
T
rajetórias semelhantes unem Tomás Bo- Bonomi é psicanalista, psicólogo formado na
nomi e Bruno Espósito. Ambos, ao lado PUC-SP e acompanhante terapêutico. Mestre em
do colega Bruno Mangolini, comandam Psicologia Clínica (PUC-SP), com capacitação em
o conexoesclinicas.com.br. Logo na apresen- Psicoterapia no Instituto de Psiquiatria do Hospital
TA¥ÎODOBLOGÏPOSSÓVELOBSERVARADElNI¥ÎODOTRA
das Clínicas. Atende crianças, adolescentes e adultos
balho por eles desenvolvido e um pouco da visão que em consultório particular e faz parte da equipe de
têm sobre o universo da psique humana. acompanhamento terapêutico do Instituto A Casa.
“A clínica é como a subjetividade, não pode ser Atuou por seis meses na Clínica Le Courtil, na Bélgi-
apreendida isoladamente, ambas existem a partir ca, junto a adolescentes com psicopatologias graves.
de suas ligações, seus elos, nexos e sentidos. Além Espósito também é psicólogo formado na PUC-SP
disso, são feitas através de uma inclinação a algo, e especialista em Saúde Mental pelo Departamento de
de um debruçar-se interessado. Suas condições de Medicina Preventiva e Social da Unicamp. Atuou no
apreensão ocorrem essencialmente nas intersec- campo da saúde mental pública e privada, tratando de
ções com o campo familiar, político, social, eco- pacientes com transtorno mental grave e seus familia-
nômico e institucional. É entre essas forças que a res, por meio de diferentes estratégias de atendimento
clínica e a subjetividade se fazem, conectando os (psicoterapia individual, grupos terapêuticos, terapia
ELEMENTOSDISPERSOSECONlGURANDOUMAZONACO
de família etc.). Psicanalista, formado pelo Institu-
MUMv#OMESSAlLOSOlADEATUA¥ÎOELESCRIARAM to Sedes Sapientiae, atualmente atua em consultório
o blog, no intuito de estabelecer conexões com as particular, em especial com crianças, adolescentes e
ARQUIVO PESSOAL DO ENTREVISTADO E 123RF
pessoas que lidam com as variadas formas da sub- adultos, e como psicólogo no Centro de Referência da
jetividade humana. Infância e da Adolescência (Cria-Unifesp).
NAS BANCAS!
14 psique ciência&vida www.portalespacodosaber.com.br
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das complicações do analisando, no que
DIZRESPEITOÌmUIDEZDESUALIBIDOEASEU
POSICIONAMENTODIANTEDOCONmITOnCON-
dição inerente ao ser social. A possibilida-
de de pensar junto esses bloqueios, o que
já é uma forma de ligação afetiva, pode
devolver parte da liberdade psíquica ne-
cessária para “estar mais inteiro” nas rela-
ções sociais, especialmente amorosas.
ESPÓSITO: Esse é o ponto: nossa disposi- sa cultura para cuidar justamente disso, pode haver um recolhimento progressivo
ção ao bem-estar e à felicidade depende criando ou resgatando aquilo que Freud até um estado que, frequentemente, se no-
de uma situação muito elementar, que denominou como “a capacidade de amar meia como depressão. No limite, a rede
está na base da condição humana, que é a e trabalhar”. A relação transferencial com social acaba por desconectar o sujeito, o
consistência das relações afetivas. Somos, o analista permite que advenham muitas que é a antítese de sua proposta.
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in foco por Michele Müller
O conforto de ser
COMPREENDIDO
IMAGENS: SHUTTERSTOCK E ARQUIVO PESSOAL
morarmos as relações. Mas pode ser que pode ler verdadeiramente a as- cessárias: ele compreende.
também a fonte dos estados depres-
sivos mais devastadores e de diversos Michele Müller é jornalista, pesquisadora, especialista em Neurociências,
problemas de saúde. Segundo pesqui- Neuropsicologia Educacional e Ciências da Educação. Pesquisa e aplica
estratégias para o desenvolvimento da linguagem. Seus projetos e textos
sa recente publicada no Perspectives estão reunidos no site www.michelemuller.com.br
on Psychological Science, o isolamento
A glamourização
da CHATICE
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A
Psicologia é múltipla por natu- as características das ciências humanas. riavam da chamada inteligência linguís-
reza. Engana-se quem atribui 0OR EXEMPLO POUCOS TEMAS FORAM MAIS tica à (pasmem!) naturalística, na qual
IMAGENS: 123RF E SHUTTERSTOCK/ ACERVO PESSOAL
tal característica apenas em controvertidos na Psicologia do que o inteligente seria o indivíduo capaz de re-
FUN¥ÎO DE SUAS CENTENAS DE da inteligência. Por décadas considera- CONHECEREVALORIZARAmORAEAFAUNA*É
LINHAS TEØRICAS .OSSA CIÐNCIA TAMBÏM da como o exato sinônimo do raciocínio nos anos 90, com a teoria da inteligência
DISPÜEDEVÉRIASTEORIASSOBREMOTIVA¥ÎO LØGICO
MATEMÉTICO LEIA
SE 1) A INTE
emocional (IE), a conciliação entre razão
liderança e até mesmo sobre personali- ligência passou a ser explicada, a partir e emoção passa a ser vista como uma va-
DADE O QUE PODE SER DIFÓCIL DE COMPRE
dos anos 80, por meio de capacidades liosa maneira de tornar o indivíduo um
ender para alguém não acostumado com distintas (inteligências múltiplas) que va- ser competente do ponto de vista social,
Ou acesse
Lilian Graziano é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão
em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA Institute on Character, EUA. É professora www.escala.com.br
universitária e diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento,
onde oferece atendimento clínico, consultoria empresarial e cursos na área.
graziano@psicologiapositiva.com.br
Ferramentas da
EDUCAÇÃO
PESQUISAS RECONHECIDAS MOSTRAM QUE A CONSTRUÇÃO
DA INTELIGÊNCIA É INFLUENCIADA POR ASPECTOS
GENÉTICOS E AMBIENTAIS EM MEIO A UM COMPLEXO
DE TROCAS DE EXPERIÊNCIAS DE VÁRIAS ORDENS
A
inteligência é construída pela gramas com aconselhamentos sobre edu- to com as experiências vivenciadas no
riqueza de estímulos que a cação infantil, quase todos interessantes a meio ambiente, desenvolve cada criança
criança recebe no dia a dia, um tipo de público em particular: os pais. cognitiva, social, biológica e emocional-
pela afetividade, atenção, in- É grande o mérito desse trabalho, MENTE CONSTRUINDO UMA CONlGURA¥ÎO
teração e envolvimento de seus pais, que ajuda muitas famílias, alertando-as COMPORTAMENTALQUEDIlCILMENTEPODE
assim como pelo seu tempo organizado e orientando-as quanto à forma como RÉSERMODIlCADAMAISTARDE
com atividades adequadas, qualitativa e CONDUZEMACRIA¥ÎODESEUSlLHOSSUB
Como cada cultura e cada família
quantitativamente à idade, por normas sidiando nesse assunto tão importante têm uma forma diferente de vivenciar
de comportamento claramente estabele- quanto delicado. essas questões e um tipo distinto de am-
cidas, por rotinas e limites que desenvol- 1UANDOESCRITOSPORPROlSSIONAISSÏ
bição educacional, o leque da diversida-
vem as noções de hierarquia e lhe dão rios, experientes, com anos de estudo e de, já imenso frente às questões biológi-
segurança e autoestima. prática na área, constituem material de cas e emocionais, se multiplica. Por essa
O cérebro humano tem inegável inegável utilidade e valor. São verdadeiras razão, os mais importantes aconselha-
superioridade no quesito de conceber e ferramentas, pois, em linguagem acessí- MENTOS PROlSSIONAIS REGRAS E NORMAS
utilizar ferramentas. Como inicialmente vel, traduzem e levam para a experiência que em tese foram pensados para favore-
não éramos providos de grande veloci- do dia a dia intrincadas teorias e resulta- cer a educação das crianças, não devem
dade para a caça, depois das ferramen- DOSDEPESQUISASCIENTÓlCASNASÉREASDA ser tomados como uma bula de remédio
tas, que nos permitiram extrair vegetais, educação, da Psicologia, entre outras. Por que cura qualquer doença, porque isso
construímos os primeiros instrumentos isso, podem e devem ser ouvidas, lidas e não funciona dessa forma.
PARASUPRIRESSADIlCULDADEEPODERMOS aproveitadas. Mas essas orientações feitas As peculiaridades do ser humano pas-
obter carne através da caça. Passamos de modo genérico jamais eliminam a ne- sam pela genética, pelos aspectos cultu-
para uma alimentação rica em proteí- CESSIDADEDEUMAREmEXÎOEADEQUA¥ÎOÌ rais trazidos pela origem da família, pelo
nas, especialmente a cozida, que promo- realidade de cada família e cada criança. MOMENTOAFETIVOSOCIALlNANCEIROCULTU
veu um extraordinário desenvolvimento %NEMDABUSCADEUMPROlSSIONALQUAN
ral, por condições de saúde física e mental,
de nosso cérebro, e o homem criou en- do as dúvidas dos familiares impõem si- que delimitam características e determi-
tão a sua ferramenta mais espetacular: TUA¥ÜESCADAVEZMAISCONmITUOSAS nam necessidades diferenciadas de com-
IMAGENS: 123RF E SHUTTERSTOCK/ ARQUIVO PESSOAL
a linguagem falada, que impulsionou a A máxima “cada caso é um caso” se preensão e de ações educativas, principal-
transmissão dos conhecimentos, inclusi- aplica perfeitamente bem à educação, mente nos primeiros cinco anos de vida.
ve mais tarde, na forma escrita. dada a singularidade do ser humano, Se assim não fosse, gêmeos seriam exa-
Ferramentas nos fazem progredir desde o momento de seu nascimento tamente iguais, e todos sabemos que não
também em educação. Mas é preciso pon- – senão antes – e durante os primeiros é assim: o contato e a troca com o meio
derações. É comum vermos nas revistas, anos. É no início da vida que todo apa- e a maneira como cada qual recebe essa
na internet, na TV muitos artigos e pro- rato genético e neurológico, em conta- INmUÐNCIAVIVENCIADANASEXPERIÐNCIASDE
crescerá e que fazem parte dos padrões mais indicada aos pais quando a dúvida
éticos e morais de comportamento dos potencialidade infantil. ÏARESPEITODAEDUCA¥ÎODOSlLHOS
cidadãos, das famílias. Até aí, todo acon-
selhamento de bom senso é bem-vindo,
Maria Irene Maluf é especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e
assim como os de hábitos gerais de saúde Neuroaprendizagem. Foi presidente nacional da Associação Brasileira de
e higiene, de conservação de alimentos, Psicopedagogia – ABPp (gestão 2005/07). É autora de artigos em
datas de vacinação etc., feitos estes últi- publicações nacionais e internacionais. Coordena curso de
especialização em Neuroaprendizagem. irenemaluf@uol.com.br
MOSPELOSPROlSSIONAISDASAÞDE
Imperadores
DOMÉSTICOS Ao longo dos anos foi surgindo uma geração
de crianças mimadas e autoritárias, sem limites definidos,
que está intimidando e exaurindo pais e educadores
Por Lilian Zolet
G
ritos, birra, jogar-se no O médico psiquiatra e referência
chão, mandar e bater em matéria de comportamento huma-
encorpam a trama de no no Brasil, Içami Tiba (2010), afirma:
comportamentos das “Os pais, não sabendo ser pais, estão
crianças sem limites sendo dominados por crianças tempe-
defi nidos. A presença dessas crianças ramentais, que querem fazer o que que-
na prática clínica vem aumentando, rem, e os pais não têm condições de im-
encaminhadas pela escola ou trazidas por limites e disciplina, porque temem
pelos pais, que se encontram exauridos perder o amor dos fi lhos. Isso não é pai
emocionalmente. Mas o que de fato que se preze, porque ele se torna refém
está acontecendo com as crianças para do seu medo e o filho pequeno acostu-
se comportarem de maneira autoritá- ma a reinar, a mandar nos pais”.
ria, mandona e desrespeitosa com os Pode-se imaginar que quando a
pais e professores? criança não aprende com os progenito-
Um dos fatores apontados por psi- mágoas e culpa. Para fugir dessa ma- res que ela não pode ter tudo o que de-
cólogos e pedagogos (2015) são as mu- triz e não replicá-la, muitos pais aca- seja, no seu tempo e ao seu modo, terá
danças socioculturais da última década, bam afrouxando as rédeas e tornam-se dificuldade em assimilar as regras so-
que levaram os pais a terem menos tem- reféns emocionais dos fi lhos ao serem ciais inerentes à convivência. Com isso,
po para permanecer com os fi lhos e, por lenientes com caprichos e birras deles. a probabilidade desse infante infringir
isso, ficam mais propensos a aceitar as Quando os pais são indulgentes, os fi- as regras sociais será alta. É possível
birras e a superproteger, compensando, lhos desenvolvem a crença de que tudo observar isso na escola, a exemplo de a
assim, a sua ausência. Outro condicio- podem e transformam-se em imperado- criança xingar o professor, roubar brin-
nante é o modelo de educação autori- res domésticos, cujo comportamento é quedos, não aceitar as orientações, bater
tária, na qual os pais foram submetidos, transferido para a sala de aula e na rela- nos colegas, não querer fazer as tarefas,
ou seja, ambientes de muita repressão, ção com demais colegas. mentir e outros tantos comportamentos
muitas vezes negligenciados pelos pais.
Lilian Zolet é psicóloga e psicoterapeuta. Pós-graduada em Saúde Pública, com ênfase na Saúde da Família,
Tais pais têm dificuldade em dizer
especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental. É autora do livro Síndrome do Imperador: Entendendo “não” e inserir consequências para os
a Mente das Crianças Mandonas e Autoritárias e coautora do livro TCC em Crianças e Adolescentes: Guia comportamentos errados da criança
de Referência de Ferramentas e Estratégias Terapêuticas, com o qual ganhou o prêmio Bernard Rangé,
instituído pela Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC).
com medo de ferir ou traumatizar emo-
cionalmente. O efeito para essa falta de
123RF
O
decisões, com um comportamento dirigido
de modo racional (limites definidos). s transtornos disruptivos são co- prova. Também mandam nas brincadei-
nhecidos pelos profissionais da ras fazendo com que as demais crianças
área da saúde como sendo os compor- obedeçam às suas ordens, choram e se
limite é que os pais estão ensinando tamentos associados à transgressão de atiram ao chão, batem a cabeça na pa-
ao fi lho que ele pode ter tudo e que normas, desafiadores e antissociais, que rede, jogam os alimentos ou cospem no
os outros vão servi-lo para suprir suas causam muito incômodo nas pessoas rosto dos pais, agridem e ameaçam psi-
necessidades, tornando-os verdadeiros por serem problemas externalizantes, cologicamente os progenitores quando
imperadores domésticos. O médico de grande impacto no ambiente so- seus caprichos não são atendidos.
Içami Tiba (2010) ressalta: “Os fi lhos cial, em geral com implicações severas Geralmente, esses comportamen-
dessa geração foram criados sem noção (Koch; Gross, 2005; Veiga, 2007). Des- tos costumam apresentar relevância por
de padrões de comportamento e limi- sa maneira, crianças disruptivas geram volta dos 7 anos de idade. Entretanto, o
tes, formando uma geração de “prínci- sentimentos negativos muito fortes nos desrespeito e a desobediência começam
pes” e “princesas” com mais direitos do outros, como raiva, frustração e ansie- a aparecer bem antes. Cabe lembrar
que deveres, mais liberdade do que res-
ponsabilidade, mais “receber” do que
“dar” ou “retribuir”, colocando voz de A presença de crianças
mando na casa, na escola, com os ami- que adotam comportamentos
agressivos e cheios de
gos e na sociedade”.
vontade na prática clínica
O termo síndrome do imperador vem aumentando,
ou imperador doméstico tornou-se encaminhadas pela
popular pelos profi ssionais da área da escola ou trazidas
saúde, principalmente por psicólogos, pelos pais
pedagogos e pediatras, para elucidar
os comportamentos de mando, birra
e agressividade de algumas crianças,
que submetem os pais aos seus ca-
IMAGENS: SHUTTERSTOCK E 123RF
Os imperadores domésticos lideram a casa, eu nunca vou dar orgulho para os meus
pais.” Quando não valorizamos as pos-
xingam os pais, babás e professores, escolhem a turas positivas da criança, ela tende a
comida, definem o que deve ser assistido na TV, não repetir os acertos. Quando os pais
discutem, brigam e xingam na frente da
a hora de dormir e acordar, se querem ou não criança, o que a criança está aprenden-
fazer a tarefa da escola e estudar para a prova do com os pais? Ela aprende a ter raiva
e ansiedade e replica tais impulsos nas
relações com os outros.
Em síntese, os esquemas disfun- força os comportamentos inadequados Outro aspecto importante de men-
cionais são padrões emocionais e da criança, muitas vezes de maneira cionar é que há casos em que os pais se
cognitivos autoderrotistas iniciados inconsciente, na tentativa de dar prote- esforçam para orientar quanto aos va-
no desenvolvimento desde cedo e re- ção e afeto. Porém, tal postura é deslo- lores morais e éticos, inserindo a dis-
petidos ao longo da vida. Em grande cada e prejudicial. Um exemplo disso é ciplina no cotidiano, conjuntamente
medida, a dinâmica familiar de uma quando a mãe dá o doce que a criança com o afeto. Entretanto, a criança de-
criança é a dinâmica de todo o seu deseja, enquanto esta se joga no chão monstra comportamentos de maldade
mundo remoto (Young, 2008). Ou- e chora compulsivamente. O que a e crueldade. Mas como explicar isso?
tras influências, de amigos, escola e criança aprendeu com essa atitude da Estudos da Neurologia, Neurociências
cultura ao derredor, tornam-se cada mãe? “É com escândalo que posso ter e Psicologia abordam que não há um
vez mais importantes à medida que a tudo o que quero.” único fator que leva a criança a desen-
criança se desenvolve e podem con- volver tais comportamentos. Mas, sim,
tribuir para o desenvolvimento de Mudança um somatório de aspectos ambientais,
esquemas. Entretanto, não serão tão
profundos e poderosos quanto os es-
quemas formados no berço familiar.
O utra situação é quando o fi lho
considerado travesso, um belo
dia, obedece a seus pais prontamen-
mesológicos e genéticos. Ou seja, há
crianças que devido à falta de orien-
tação quanto aos limites agem assim,
Devido a esse fator, ressalta-se a te. Por sua vez, os pais falam, “não fez mas há outras que possuem essa atitu-
importância do protagonismo e exem- mais que a obrigação” e ficam bravos de devido aos aspectos genéticos.
plarismo dos pais no cenário da famí- pelos comportamentos anteriores. O Diante de toda essa gama de teorias
lia. Grande parte dos pais comete erros que a criança aprendeu com essa atitu- e pesquisas, cabe a seguinte reflexão:
na educação de seus fi lhos, porque re- de dos pais? “Não adianta me esforçar, como é possível saber quais fatores es-
tão interferindo no comportamento
da criança? Primeiramente, é essencial
buscar a orientação de psicólogos, pe-
diatras e psiquiatras, pois estes possuem
ferramentas terapêuticas que podem
Com estímulos
otimizar o diagnóstico preciso quanto
saudáveis e
a orientação aos fatores mencionados e, acima de
quanto aos tudo, darão orientações para a resolu-
limites realistas, ção do problema da criança e da família.
aos poucos Pois nenhuma criança é igual à outra e
a criança vai
não há receita de bolo em se tratando da
criando novas
formas de olhar mente humana.
a si mesma, Mas é possível auxiliar essa crian-
os outros e o ça? Sim. Por intermédio dos estímulos
mundo saudáveis, como o reconhecimento dos
talentos da criança, a orientação quan-
IMAGENS: 123RF E SHUTTERSTOCK
REFERÊNCIAS
American Psychiatric Association. DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
Transtorno de conduta CALÇADA, A. Comportamentos agressivos na primeira infância. Revista Psique, capa, ano IX, ed. 108, p. 26,
31, São Paulo, dez. 2008.
Conjunto de alterações comportamentais
FRIEDBERG, R. D.; MCCLURE, J. M. A Prática Clínica de Terapia Cognitiva com Crianças e
apresentado, especialmente, em adolescentes
Adolescentes. Porto Alegre: Artmed,
que são agressivos, desafiadores e antisso-
ciais, o transtorno de conduta também faz HOLMES, D. Psicologia dos Transtornos Mentais, ., São Paulo: Artmed,
com que o jovem viole os direitos básicos NOLTE, D. L.; HARRIS, R. As Crianças Aprendem o que Vivenciam, p. 1, 2, 14, 15. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
IMAGENS: 123RF E SHUTTERSTOCK
do outro. Assume uma face mais grave quan- RODRIGUES, M. Educação Emocional Positiva: Saber Lidar com as Emoções É uma Importante Lição, .,
do comparado ao transtorno desafiador opo- ,Novo Hamburgo: Sinopsys,
sitivo. Com maior incidência em pessoas do
TIBA, I. Disciplina na Medida Certa, p. 28, 29, 108. São Paulo: Integrare,
sexo masculino, acredita-se que cerca de 9%
dos meninos e 4% das meninas com menos YOUNG, J. Terapia Cognitiva para Transtornos da Personalidade, 3. ed., p. 22, 25, 27-35, 64. Porto Alegre:
de 18 anos sofram do problema. Artmed, 2003. Box
ANGÚSTIA:
a patologia da vida
pós-moderna
A sociedade contemporânea mudou o perfil do homem, e a Psicanálise
é um caminho no qual o sujeito busca alternativas para aliviar suas
dores e criar uma responsabilidade por si e também pelos outros
Por Araceli Albino
A
sociedade pós-moderna nos. As mudanças contínuas que acon- significa que a criança precisa de uma
vem se transformando tecem no mundo estão defi nindo o relação afetiva que a ampare, proteja e
de uma forma galopante. modo de ser do homem pós-moderno. signifique o mundo interno e externo.
O homem que a opera é Freud, criador da Psicanálise, em E nesse processo é necessário que o
um ser tomado pela sua sua obra memorável de 1930, coloca adulto imponha limites que protejam
própria ânsia de sempre se superar e que o homem tem sua própria natureza a criança, garantindo sua evolução fí-
está sentindo na pele os reflexos de sua de lidar com o “mal-estar da civiliza- sica e psíquica. É o sujeito adulto que
criação. De um lado tem-se o avanço ção”, e a forma de amenizar esse estado faz isso, nenhuma outra coisa substitui
científico e tecnológico, que facilita a está centrada no estabelecimento de essa relação. Mesmo havendo o estabe-
vida do homem, e de outro lado tem o relações saudáveis entre os seres, que lecimento desses laços, as pessoas es-
dilema de ter que enfrentar os efeitos começam com as relações parentais. tão fadadas a lidar com as frustrações,
colaterais de sua própria criação. Para que haja uma constituição com a dor, com a incompletude; nas
Hoje, as pessoas se deparam com psíquica saudável é preciso um mo- relações humanas, algo sempre escapa,
uma sociedade narcísica, onipotente, delo familiar equilibrado, pautado no pois todos são seres culturais.
onipresente, onisciente, centrada no afeto amoroso, no amparo e na lei que A cultura impõe suas condições,
modelo do capitalismo selvagem, que interdita a demanda de gozo infi ndável ninguém fica fora dela. Pode-se ob-
está deixando o sujeito suspenso no do infante. A criança nasce totalmen- servar esse movimento ao longo da
estado de desamparo, pois acabou por te dependente de um adulto, este que história da humanidade. Por exemplo,
centrar-se apenas em si mesmo, esque- mantém sua sobrevivência, e daí sur- pode-se citar o modelo da sociedade
cendo de que existe um outro que é ge a constituição psíquica que se dá vitoriana, que predominou até o início
essencial em uma relação entre huma- na primeira infância (0 a 9 anos). Isso do século XX, que era um modelo de
sociedade repressora, impunha valores
morais rígidos, fundados no poder pa-
Araceli Albino é doutora em Psicologia pela Universidad Del Salvador (Buenos Aires, Argentina).
Presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo – SINPESP. Pós-graduação na PUC triarcal. A sociedade era organizada de
em “Psicanálise e linguagem”. Especializações em: Psicoterapia/Psicodinâmica de adultos e adolescentes; uma forma vertical, pois a lei maior era
IMAGENS: 123RF
Psicopatologia Psicanalítica e Clínica Contemporânea; Professora e Coordenadora do curso de do “pai”, e não podia ser questionada.
Formação em Psicanálise do Núcleo Brasileiro de Pesquisas Psicanalíticas.
Essa organização social deixou seus
28 psique ciência&vida
Sair da
ZONA DE
CONFORTO
A NOSSA MEMÓRIA INCONSCIENTE
NOS OBRIGA A PENSAR E AGIR
DE FORMA AUTOMÁTICA. POR
ISSO NÃO É FÁCIL MUDAR, MAS É
PRECISO FOCAR NOS OBJETIVOS
COM A PREDISPOSIÇÃO DE
ENFRENTAR O DESCONHECIDO DE
FORMA POSITIVA
V
iver de forma consciente os prof issionais. Mas quantos deles Isso nada mais é que uma forma de
IMAGENS: 123RF E SHUTTERSTOCK E ACERVO PESSOAL
e encarar os desaf ios que realmente se dispõem a fazer o que defesa, já que, por não exigir o esfor-
surgem durante a vida é nec essário para c resc er na c arreira? ço necessário para o rompimento de
não são tarefas fáceis. Há pessoas que focam nas dif i- barreiras, a atual situação transmite
Mesmo que bem planejadas, as me- culdades e duvidam da própria capa- uma sensação de estabilidade.
tas nem sempre são alcançadas pelas cidade. Esses tipos de pensamentos, Toda novidade, geralmente, traz
pessoas. Mudar de emprego e obter além de limitarem a visão aos pontos nas pessoas três sensações básicas
uma posição melhor na empresa, por negativos, colaboram para a desis- negativas: inadequação, ridículo e
exemplo, são objetivos comuns entre tência, antes mesmo de tentar o novo. desvalorização. Provavelmente, você
bido do que ser exposto, pois o que O sentimento é inevitável e in- questões antigas. A resposta do que
importa é bater as metas”. voluntário! O importante é criar fazer estará sempre dentro de nós.
Outra consequência da inadequa-
ção é o receio frequente do abandono, Eduardo Shinyashiki é mestre em Neuropsicologia, liderança educadora
que se manifesta nas inseguranças e e especialista em desenvolvimento das competências de liderança
organizacional e pessoal. Com mais de 30 anos de experiência no Brasil e na
tem origem na memória inconscien- Europa, é referência em ampliar o crescimento e a autoliderança das pessoas.
te. Dentro dela existem traumas do www.edushin.com.br
passado, experiências dolorosas e
que possui o distúrbio, esclarecendo o que é uma atitude normal de uma série de compor-
tamentos patológicos. Vânia explica de que forma essas explosões ocorrem: “No momento
do ataque de raiva, a pessoa acredita que essa era sua única alternativa, mas passado algum
tempo aparecem os sentimentos de culpa, vergonha, arrependimento, tristeza”.
A fronteira
entre a internação
compulsória
e a involuntária
E
m 21 de maio de 2017, tas do governo sempre refirmam nar, que exige um esforço de com-
os governos municipal e que tal procedimento será aplicado plementaridade entre saberes, dis-
estadual de São Paulo li- somente nos casos excepcionais, cursos, técnicas e ações.
deraram um movimento não será uma regra, e reiteram que Lacan nos informa em seu se-
que, nas palavras do prefeito, tinha as equipes multidisciplinares serão minário sobre Ética, retomando a
como objetivo “acabar com a Cra- compostas por médicos, assisten- importância do texto freudiano O
colândia”. Os desdobramentos des- tes sociais, advogados, psicólogos, Mal-estar na Civilização, que “é com
sa ação reacenderam uma discussão agentes de saúde e de segurança. o homem, com uma demanda huma-
que nunca silenciou: o que fazer Mas a ênfase da ação do governo es- na permanente, que estamos envol-
com a(s) cracolândia(s)? O que fa- teve, principalmente, na utilização vidos em nossa experiência a mais
zer com dependentes químicos? A da força policial. cotidiana” (p. 17). Uma Ética que
escolha dos governos incluiu, den- Ao abordar tal situação, é ne- coloca em evidência o cuidado com
tre outras medidas, o pedido de cessário escapar totalmente das cada homem em sua singularidade,
autorização judicial para realização armadilhas de raciocínios sim- sem, e é importante que se frise, sem
de internações compulsórias, práti- plistas e afetos absolutamente indicar um caminho prescritivo de
cas previstas na legislação brasileira apaixonados. A situação é comple- comportamentos, mas sublinhando
(artigo 6º da Lei no 10.216 de 2001). xa e se torna ainda mais complica- o compromisso responsável que a
A Justiça do Estado autorizou o pe- da na medida em que se observa o pessoa faz consigo e com os outros.
dido do governo em 26 de maio, re- clamor público por ações rápidas Essa Ética faz rejeitar de cara a
vogando-o dois dias mais tarde. Na e definitivas, alimentadas pela adoção de categorias que falem em
sequência, a equipe da prefeitura ilusão da erradicação do mal. Bir- nome dos indivíduos. Assim, se não
informou que contratará serviço de man (2009), em Cadernos Sobre se reiterar exaustivamente as con-
ambulâncias para realizar o trans- o Mal, convida a pensar, de uma sequências do reducionismo do uso
porte de dependentes químicos, perspectiva psicanalítica, nas di- de categorias particulares carrega-
ou “viciados” (conforme o veículo versas problemáticas que a agres- das de valores sociais, ideológicos,
de imprensa consultado) para os sividade, a violência e a crueldade culturais na caracterização de pes-
locais nos quais serão examinados assumem no que chama “trágica soas, está se adotando um caminho
por uma equipe multidisciplinar, cena da atualidade”. O autor está marcado por uma perigosa ambiva-
IMAGENS: 123RF E SHUTTERSTOCK
que avaliará a necessidade ou não correto, pois esse cenário é uma lência: afirma e nega a preocupa-
da internação compulsória. As no- questão complexa e interdiscipli- ção e o valor dos sujeitos ao mesmo
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ROVENA ROSA/EBC/FOTOSPÚBLICAS
As recentes ações aconteceram em São Paulo, mas a concentração de dependentes de drogas é uma situação recorrente em todo o território nacional e
que pede medidas públicas muito bem avaliadas
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e inscrevem todos em cadeias de “mundo do crime”, não se davam to de cada sentimento é adequa-
significados. Incrivelmente as ne- conta do engodo e da ilusão da qual, do e pertinente em cada situação.
cessidades tomam caminhos que tristemente, se tornavam vítimas e Trata-se de um longo e trabalhoso
são construídos pela circulação cúmplices: uma realidade externa processo de amadurecimento, re-
inconsciente das marcas dos en- violentamente injusta e muito pou- conhecimento e discriminação, nos
contros com nós mesmos, com o co colaborativa. quais um organismo humano se
outro, com a natureza. A Psicanálise ajuda a reconhe- torna uma pessoa. A violência inter-
Pode ser chocante imaginar cer e pensar a potência das forças na encontra limite e aconchego no
que alguém encontre seu lugar no destrutivas que habitam cada ser cuidado, no trabalho do outro que
mundo que parece degradado, vio- humano: todos, vítimas e algozes. contém e dá novos significados a
lento, insensível. Como é possível Ninguém está imune, não há vacina atos concretos.
enraizar-se num lugar como aquele, e, tampouco, um calibrador interno A existência se dá na possibilida-
com pessoas como aquelas, vivendo que, automaticamente, diga o quan- de de ser recebido, amado e cuidado.
em tais condições? Durante 10 anos A miséria social imprime de saída
trabalhei como médico de adoles- A internação instabilidades que destituem esse
centes na Fundação Casa, que abri- lugar necessário. Não há referências
gava adolescentes internados com- voluntária, involuntária positivas, não há histórias com as
pulsoriamente por terem cometido ou compulsória é quais se identificar: o mundo do de-
crimes. Eles me ensinaram que a sejo que chega pelas TVs e pelas no-
fome existencial, ou, em outras pa- sempre insuficiente tícias dos outros não é o mundo que
lavras, a necessidade de se sentir
alguém, de ser olhado, admirado e
no laborioso trabalho os olhos dessas pessoas enxergam.
A droga apresentada precocemente
amado, é tão necessária quanto a de integração como objeto transicional proporcio-
fome das células e tecidos do corpo. psíquica que precisa, na o entorpecimento frente às dores
Na situação de alguns desses adoles- que sequer chegam a ser reconheci-
centes custou-me aceitar e entender necessariamente, das e abre as portas para a quebrada
que muito antes dos crimes (a gran- (lugar onde moram).
de maioria, tráfico de drogas) o que
ocorrer em cada “Eu não tenho nada para dar
buscavam era um lugar de significa- um, o que não retira para ele”, disse-me a mãe de um
do para suas vidas. Mas, na medida adolescente. Frase marcante que
em que suas vidas adquiriam algum
completamente o denunciava o deslocamento de
valor, e se envolviam mais com o valor dessa prática significados ultraprecoce com os
quais convive a maior parte da po-
pulação pobre do país, justamen-
te aquela sobre a qual incidem as
mais truculentas medidas e ações.
Negar a importância desse vasto e
profundo problema da sociedade
brasileira na discussão de qualquer
aspecto que envolva nossa popula-
ção é agir silenciosamente para a
manutenção das abissais e intole-
ráveis diferenças que constituem
nossa sociedade.
Autonomia
E
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dos demais animais, não seríamos de tudo, inúmeras possibilidades sua extensão, aparentemente to-
arcos ref lexos de nossos instintos, de aquisição de autonomia, inclu- das possuem essa categoria. A au-
mas sim usinas de transformação sive a falta de tal condição. tonomia ref lete o grau de capaci-
dos instintos humanos, que desde A lei acolhe as situações psí- dade ou incapacidade psíquica de
sempre são atravessados pelo pra- quicas que determinam incapa- uma pessoa. Estar ou ser incapaz
restringir a esses fatos exclusiva- da tal da polarização, que tanto tem prejudicado as análises mais profundas
mente, já que é nítida a indiscutível do país. Por isso, é imprescindível, como sociedade que busca amadurecer,
correlação entre a autonomia indivi- aprender com as experiências e, sem a necessidade de ganhos secundá-
dual e a vida social, seu lugar exis- rios, colocar o dedo nas feridas.
tencial e seu processo histórico.
No limite entre
AUTONOMIA e internação
COMPULSÓRIA
O tratamento de dependência química necessita de
uma rede de serviços com níveis de complexidade diferentes.
É um processo de recuperação psicossocial.
Por Maria de Fátima Rato Padin
A
dependência química Atenção Psicossocial em Álcool e mesmo entre aqueles que tinham
é uma doença crônica Drogas (CAPs A D), por intermé- responsável médico, 66,2% não
com alto grau de com- dio da portaria 336 de 2002, an- possuíam registro no Cremesp;
plexidade e seu tra- corada na Lei n o 10.216 de 2001. 69,4% dos entrevistados disseram
tamento é um processo de longo Uma avaliação do CR M de que a maior dificuldade das equi-
prazo e, dificilmente, um único São Paulo mostrou que 25,3% dos pes era a insuficiência do quadro
equipamento de saúde consegue CAPs (Centro de Atenção Psicos- de pessoal.
reunir todos os recursos neces- social) não tinham retaguarda Portanto, os resultados da
sários nas diversas fases de trata- para emergências médicas; 31,3% combinação do aumento de uso de
mento. É necessário que se crie deles não tinham retaguarda substâncias psicoativas pela po-
uma rede de serviços com níveis para emergências psiquiátricas; pulação brasileira, falta de servi-
de complexidade diferentes, que 42% não contavam com retaguar- ços especializados e falta de expe-
atenda o paciente nas diversas fa- da para internação psiquiátrica; riência na gestão desses serviços
ses do processo de recuperação, 27,4% não mantinham articulação são uma mistura explosiva. Isso se
tais como ambulatórios, serviços com recursos comunitários para a traduz na baixa eficiência e eficá-
para desintoxicação, para inter- reintegração profissional; 29,8% cia dos serviços, apesar dos inves-
venção na crise, tratamento das não mostraram integração com timentos realizados nessa área.
comorbidades psiquiátricas as- outros serviços da comunidade; E temos que ressaltar que, em
sociadas ao uso de substâncias, e 45,2% dos CAPs avaliados não função de políticas públicas equi-
para apoio social. realizavam capacitação das equi- vocadas no passado, de cunho ma-
O sistema público de saúde só pes de atenção básica e 64,3% não nicomial, existe entre alguns seto-
recentemente conseguiu se orga- faziam supervisão técnica para os res profissionais muita resistência
nizar para financiar programas de membros dessas equipes; 16,7% a respeito da internação, deixando
tratamento e criou os Centros de não tinham responsável médico; serviços de atendimento sem re-
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Parceria
C om esse grave panorama em
relação ao uso do crack, o
governo de São Paulo iniciou, em
parceria com a Justiça, um plantão
jurídico para tratamento compul-
sório de dependentes químicos no
centro da capital. A medida gerou
polêmica e atraiu críticas de ati-
vistas de direitos humanos, con-
trários à internação forçada e que
temiam o uso da polícia para levar
viciados para tratamento. As auto-
ridades de São Paulo afirmam que
a participação da polícia na ação
ção da necessidade dos pacientes e (2,3 milhões de pessoas) usaram associação entre o uso de cannabis
não uma questão ideológica. Essa no último ano; 1% (1 milhão de G
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questão é mais complexa e exige pessoas) relatou uso de crack no úl- da cannabis é considerado um fator de
discussão mais aprofundada e não timo ano; 48% dos usuários preen- IPGGGI:
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tegras, impactando na memória, na :G
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atenção, na capacidade de pensar e :
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Anonimato e curiosidade:
o uso do SARAHAH
AS PESSOAS POSTAM EM REDES SOCIAIS O QUE
CONSIDERAM O MELHOR DE SI, ASSIM COMO SÃO CAPAZES
DE EXPRESSAR, EM PERFIS FALSOS OU NÃO, O LADO MAIS
PRECONCEITUOSO E AGRESSIVO DE SEU SER
A
plicativos que funcionam gicos é permitir ao usuário receber per- sar do objetivo do Sarahah ser positivo
como redes sociais anônimas guntas e comentários sem que o autor (nas palavras do criador), os usuários
não são novidades. Apesar DELASSEJAIDENTIlCADO!LGUNSEXEMPLOS NÎO ESTÎO MAIS UMA VEZ APROVEITANDO
IMAGENS: SHUTTERSTOCK E 123RF
disso, a cada ciclo de poucos são o Curious Cat, o Secret e o Ask.fm. essa oportunidade de forma virtuosa.
meses, novas propostas são lançadas e A nova febre é o Sarahah. O quanti- A criação desse recurso não reverberou
milhões de usuários voltam a apostar tativo de downloads deste aplicativo, que em manifestações de sujeitos que pos-
nesse tipo de reverberação da cibercul- SIGNIlCAFRANQUEZAEMÉRABEJÉPASSOU sam gerar críticas e feedbacks positivos
tura. O objetivo desses recursos tecnoló- o YouTube, Instagram e o Whatsapp. Ape- (mesma ideia do Secret, que foi cancela-
Psicopatas
MENTEM
melhor?
A CAPACIDADE
DE APRENDER
RAPIDAMENTE A
MENTIR PODE SER
UMA ESTRATÉGIA
FAVORECIDA PELA
EVOLUÇÃO NO CASO
DE PSICOPATAS
Novas LEIS,
novas CONDUTAS
A REFORMA TRABALHISTA VAI EXIGIR UM INVESTIMENTO
MAIOR EM QUALIFICAÇÃO. ISSO NÃO É DE TODO RUIM,
AFINAL SEMPRE HÁ ESPAÇO PARA MELHORIAS
EM QUALQUER PERFIL DE ATIVIDADE FUNCIONAL
T
udo começa em uma manhã balhadora em sua relação com o univer- os funcionários para diminuição do tempo
de sábado no Estádio de São so patronal, como: identificação profis- da pausa para almoço e, em consequência,
Januário, Vasco da Gama, que sional, duração (jornada) do trabalho, saíam mais cedo do trabalho.
estava completamente lotado salário mínimo, férias anuais, segurança Em um contexto geral, alguns advo-
para as comemorações do Dia do Traba- e medicina do trabalho, proteção ao tra- gados afirmam que a reforma está preju-
lho. Era o dia 1o de maio de 1943 e o en- balho da mulher e do menor, previdência dicando em muito o trabalhador que tem
tão presidente Getúlio Vargas assinava a social e regulamentações de sindicatos o perfil tradicional. Aquele que se deslo-
CLT – Consolidação das Leis do Traba- das classes trabalhadoras. ca até o local de trabalho e cumpre uma
lho –, o Decreto Lei no 5.452 – já quase no Desde sua criação em 1943 até os dias agenda de horários rígidos.
final do período do Estado Novo (1937 a atuais a Consolidação das Leis do Traba- A reforma não afeta, de modo dire-
1945). Uma revolução que surge para uni- lho já sofreu muitas mudanças em seu texto to, os principais direitos tradicionais, tais
ficar toda legislação trabalhista que até o para se adaptar aos ditames da modernida- como o 13º salário, férias, o aviso prévio
momento existia no Brasil. de. Uma das alterações ocorreu em 22 de etc. Mas o ataque indireto pode ser pesa-
Inspirada no perfil da legislação traba- dezembro de 1977 em seu Capítulo V com do, embora sutil: afetando os sindicatos
lhista italiana de Benito Mussolini, “Carta uma nova redação dada pela Lei nº 6.514 e sua representatividade dos trabalhado-
del Lavoro”, a CLT cria a regulamentação que altera o capítulo “Segurança e Higiene res, diminuindo os poderes e reduzindo o
das relações coletivas e individuais do do Trabalho” agora intitulado “Da Segu- seu campo de atuação. Assim, consegue
trabalho. Logo no início do Estado Novo rança e da Medicina do Trabalho”. Assim, a afastar a principal barreira que seria de
houve uma preocupação com a unificação CLT passou a versar sobre medidas de pre- proteção dos trabalhadores, pois passa a
das Leis Trabalhistas em prol da classe venção de acidentes de trabalho e doenças jogá-los na negociação direta com os em-
operária, vários juristas foram convocados ocupacionais. Essa atribuição administrati- pregadores.
para montar o projeto da lei que atendesse va é dada ao Ministério do Trabalho e Em- São duas grandes mudanças que po-
as necessidades de proteção do trabalha- prego para a fiscalização e normatização dem ser prejudiciais para o funcionário
dor dentro do contexto que foi chamado da matéria (artigos 155, 156 e 159). em favor do empregador: 1) após homo-
de “estado regulamentador”. Foram 13 Estamos em 2017, 40 anos depois dessa logar no sindicato o trabalhador não terá
anos de trabalho para que a CLT fosse última grande alteração, com um merca- direito a pleitear na justiça, mas não estão
finalizada com seus oito capítulos que cui- do dinâmico e novos perfis de atuação. O levando em consideração que ao ser demi-
dam de forma abrangente e específica dos trabalhador mudou tanto quanto a própria tido o trabalhador que sacar o FGTS para
IMAGENS: 123RF E YOUTUBE.COM
direitos de grande parte dos grupos traba- tecnologia, e essa nova reforma trabalhista sobreviver durante um período, e somente
lhistas brasileiros. já havia ocorrido na prática em vários se- poderá sacar o FGTS caso seja homolo-
Em seus 922 artigos podem ser en- tores à margem da lei. Algumas empresas gado, assim está “obrigado ao trabalhador
contradas muitas informações que são já dividiam as férias em três períodos e ou- aceitar a homologação”. 2) a formação de
valiosas para a segurança da classe tra- tras, por exemplo, já tinham acordo com grupo econômico, pois mesmo que um
E
MUMAPEQUENAALDEIADA)NGLA-
TERRACHAMADA7OOLSTHORPE)SA-
ac Newton (1642-1727) nasceu
prematuro. Quase morreu ainda
NASPRIMEIRASSEMANASDEVIDA,OGOl-
COUØRFÎO,OGOlCOUØRFÎO,OGOlCOU
órfão de pai. Sua mãe, ao casar novamen-
TEPREFERERECOME¥ARAVIDASEMELE#OM
dois anos foi morar com sua avó. Foi uma
criança muito quieta, observadora e sem
RELACIONAMENTOS DE AMIZADE -ANIFES-
tava interesse por atividades manuais.
!INDAMENINOFEZUMMOINHODEVENTO
QUEFUNCIONAVAEUMQUADRANTESOLARDE
PEDRA QUE HOJE ESTÉ NA 3OCIEDADE 2EAL
DE ,ONDRES #OM ANOS INGRESSOU NA
5NIVERSIDADEDE#AMBRIDGE$URANTEOS
QUATRO ANOS DE ESTUDOS DESENVOLVEU E
aprofundou suas aptidões matemáticas.
Mas um fato inédito e histórico aconte-
CEU 0OR DEZOITO MESES A UNIVERSIDADE
lCOU FECHADA EM CONSEQUÐNCIA DA EPI-
DEMIA DE PESTE BUBÙNICA QUE ASSOLOU A
)NGLATERRA EMATOUUMDÏCIMODA
POPULA¥ÎO%LETEVEQUEVOLTARPARACASA
E NESSE PERÓODO TOTALMENTE RECLUSO NA
FAZENDAONDEMORAVASUAAVØFEZASDES-
cobertas mais importantes para a ciência:
DESENVOLVEUASLEISBÉSICASDOMOVIMEN-
TOESTUDOUOSCORPOSCELESTESDESCOBRIU
ALEIFUNDAMENTALDAGRAVIDADEINVENTOU
OSMÏTODOSDECÉLCULODIFERENCIALEINTE-
GRALTAMBÏMESTABELECEUOSALICERCESDE
Isolamento e
SUASGRANDESDESCOBERTASØPTICAS
!PØSAEPIDEMIAVOLTOUPARAAUNIVER-
SIDADEAGORANÎOMAISCOMOALUNOMAS
como professor de Matemática. Passou a
GENIALIDADE
DEDICAR
SEÌPESQUISADOSRAIOSLUMINOSOS
#ONCLUIUQUEALUZÏORESULTADODOVELOZ
MOVIMENTODEUMAINlNIDADEDEMINÞS-
CULASPARTÓCULASEMITIDASPORUMCORPOLU-
MINOSO%QUEALUZBRANCARESULTADAMIS-
tura das sete cores básicas. Inventou um
ISAAC NEWTON É CONSIDERADO UM NOVOSISTEMAMATEMÉTICODECÉLCULOINl-
DOS MAIORES ESTUDIOSOS DA HISTÓRIA NITESIMALAPERFEI¥OOUAFABRICA¥ÎODEES-
PELHOSELENTESFABRICOUOPRIMEIROTELES-
DA HUMANIDADE, PORÉM SEMPRE CØPIOREmETORDESCOBRIUASLEISQUEREGEM
SOLITÁRIO, COM SUSPEITA DE SOFRER os fenômenos das marés, numa época em
que as atividades econômicas dependiam
DE SÍNDROME DE ASPERGER DA NAVEGA¥ÎO MARÓTIMA %STABELECEU TRÐS
WILLIAM BLAKE/WIKIPEDIA
hLEIDAGRAVITA¥ÎOUNIVERSALv
É considerado um dos maiores estu-
diosos da história da humanidade. Sempre
SOLITÉRIOFOIAUTODIDATAATÏOPONTOQUEA Retrato feito em 1795 por William Blake intitulado “Geômetra divino”, em homenagem à Newton, considerado um
ciência da época tinha o que acrescentar ícone de descobertas tais como: a luz branca resulta da mistura das sete cores básicas e a lei da gravidade universal
ao seu conhecimento, depois foi observa-
¥ÎODEDU¥ÎOECÉLCULOS%NlMUMGÐNIO NEWTON ERA RIZAPORUMAMUTA¥ÎONOFUNCIONAMENTO
MUNDIALMENTE RECONHECIDO %M A do cérebro, criando comportamentos di-
ABSOLUTAMENTE
rainha Ana nomeou-o diretor da Casa da ferentes das pessoas normais. Era consi-
-OEDA%MFOIELEITOPRESIDENTEDA OBCECADO POR SEUS derado “estranho e esquisito”, com poucas
3OCIEDADE2EALQUECONGREGAVAOSMAIS ESTUDOS. TINHA RELA¥ÜESSOCIAISBAIXAOUNENHUMAEMPA
CÏLEBRESPENSADORESDAÏPOCATORNANDO
tia com as pessoas. O autismo entra como
SEVITALÓCIO%MAMESMARAINHALHE
POUCAS RELAÇÕES POSSÓVELDIAGNØSTICODIFERENCIAL
CONCEDEUOTÓTULODEh3IRv&OIOPRIMEIRO SOCIAIS E BAIXA Em 1727, poucas semanas antes de
CIENTISTAARECEBERTALHONRARIA EMPATIA COM AS SUA MORTE QUEIMA PESSOALMENTE VÉRIAS
-ASEAPESSOA)SAAC.EWTON0OUCO CAIXASCHEIASDESEUSMANUSCRITOS/QUE
SEEXPLORAESSEASPECTO.ÎOHÉREGISTROS
PESSOAS. O AUTISMO poderia haver escrito para que fosse ne-
DEQUE.EWTONTEVERELA¥ÜESPRØXIMAS PODE TER SIDO UM DE CESSÉRIA TAL ATITUDE ! VERDADE Ï QUE SE
EM NENHUMA ESFERA COM MULHERES 3E SEUS DIAGNÓSTICOS SUSPEITA QUE O MATERIAL QUEIMADO Ï RE
ALGUMDIASEAPAIXONOUFOIPORUMHO
FERENTE A ESTUDOS OCULTOS DE ALQUIMIA E
MEMn.ICOLAS&ATIODE$UILLIERUMJO
TERESSEPELAESCATOLOGIAEOTEMADOlM TEOLOGIA/QUEESSEGÐNIONÎOQUISQUE
VEMEBELOMATEMÉTICOSUÓ¥O#ARTASEN
do mundo. soubéssemos sobre seus estudos, teorias
TREOSDOISREVELAMALGUMARELA¥ÎOQUE 0ASSOUOSÞLTIMOSVINTEANOSESTUDAN
ECONCLUSÜES.EMDÉPARAIMAGINARSO
durou quatro anos e se rompeu drastica- DOECOMPOUCOCONTATOSOCIAL$EDICAVA
MENTE DÉ PARA LAMENTAR TAL ATITUDE %LE
MENTESEMNENHUMAEXPLICA¥ÎOPÞBLICA
SEMUITOASEUSESTUDOSEVÉRIASVEZESDEI
MORREUAOSANOSDEPOISDEPASSARAL
.ÎOMAISSEFALARAMEEVITAVAMESTAREM XAVADESEALIMENTARBANHARETAMBÏMDE GUM TEMPO SOFRENDO DE GOTA E DE UMA
NO MESMO LUGAR 3ABE
SE QUE .ICOLAS DORMIRPORCAUSADISSO%RAABSOLUTAMEN
INmAMA¥ÎO PULMONAR %RA UMA PESSOA
Fatio teve, na sequência do rompimen- te centrado e obcecado quando se interes- DIFÓCIL ARREDIA E DE POUCAS FALAS DE NE
TO UM RELACIONAMENTO HOMOSSEXUAL SAVAEMALGO(OJESEACREDITAQUESOFRIA nhum contato afetivo, mas um dos ho-
MAIS hVISÓVELv QUE DUROU MAIS DE DUAS DESÓNDROMEDE!SPERGER%LASECARACTE
mens mais famosos do mundo.
DÏCADAS.EWTONPORSUAVEZPASSOUA
estudar profundamente os escritos bí- Anderson Zenidarci é mestre em Psicologia pela PUC-SP, supervisor e
palestrante. Coordenador e professor do curso de Especialização em
BLICOSOBCECADOPORCØDIGOSSECRETOSE Transtornos e Patologias Psíquicas pela Facis, professor de pós-graduação no
PROFESSAISDA"ÓBLIAEMESPECIALSOBREO curso de Psicologia de Saúde Hospitalar na PUC-SP. Atua há mais de 30 anos
ARQUIVO PESSOAL
P
ensar a representação que a mulher era destinada a amar e
social da mulher na obedecer o marido.
contemporaneidade Os estudos do historiador
implica o resgate da Phillip A rriès enumeram o desen-
localização do femini- volvimento do lugar da mulher na
no historicamente. Trata-se de um sociedade (entre outras temáti-
conceito que tem desenvolvimen- cas). É possível acompanhar com
tos históricos e culturais e que não o autor que historicamente a mu-
pode ser encarado como “natural”. lher tem sido desprivilegiada no
A maneira como a mulher e o femi- que concerne aos espaços sociais.
nino são representados se modifica Se na Idade Média a mulher era
através dos tempos. Enquanto re- alvo de perseguições religiosas, na
corte histórico é possível partir, por Era Moderna existe um discurso
exemplo, de um período que marca amoroso, sem as sublimidades da
rupturas importantes na sociedade, religião, e ele se adaptará às exi-
o período da Renascença (Arriès et gências de uma sociedade de con-
al., 1991, p. 7-581), período este em sumo para reforçar a definição da
mulher como um objeto precioso
Luciana Moutinho é psicanalista, psicóloga possuído por aquele que a ama
de formação e mestre em Psicologia (A rriès; Duby et al., 1986, p. 228).
Social pela PUC-SP. Atende em consultório Faz-se de suma importância o
particular e organiza cursos livres de
Psicanálise. Professora e supervisora questionamento sobre esses luga-
universitária na faculdade Anhanguera e res simbólicos destinados ao femi-
supervisora clínica na Faculdade de Medicina nino, tendo em vista o desafio de
do ABC – Departamento de Psiquiatria e
Psicologia Médica. pensar em contingência ao tempo
123RF
século XV, com a retomada comercial e o re- do cineasta espanhol Pedro Almo- nalítica sobre o filme de Almodóvar
nascimento urbano. A Idade Média se caracteriza dóvar Caballero. dentro do contexto atual, político
pela economia rural, enfraquecimento comercial, Apenas para contextualizar, o e social, cabe ainda ressaltar que a
supremacia da Igreja Católica, sistema de pro-
filme de Almodóvar trata de uma Psicanálise, desde Sigmund Freud
dução feudal e sociedade hierarquizada.
trama trágica no seio de uma família, (1856-1939), seu criador, aborda a
do ponto de vista da estruturação acordo com a Psicanálise (Soler, 2006, p. 181), e acordo com a psicanalista
social, quer dizer ainda que a mulher não se sustenta pela via da fantasia. Fantasia Collete Soler (2006, p. 28),
essa que é compartilhada no laço social. Pen-
não se constrói apenas pela via da sar o que é uma mulher implica, segundo essa
Freud enfatizava a demanda de amor
identificação social (relação triangu- visão, pensar a mulher uma a uma. como propriamente feminina. Lacan
lar: pai, mãe, criança etc.). No filme (...) ressalta que, na relação dos dese-
mas não tem tempo de finalizá-lo ARRIÈS, Phillip; DUBY, Georges et al. História
da Vida Privada. São Paulo: Companhia das
Letras, 1986.
jos sexuados, a falta fálica da mulher singularidade, enquanto o mascu- CASCAES, Tânia Rosa F.; MARTINS, Guaraci da
vê-se convertida no benefício de ser lino pela via da generalização. Um Silva Lopes. “A linguagem cinematográfica e
o falo, isto é, aquilo que falta ao Ou- bom exemplo, talvez um pouco ba- a normatização da sexualidade: dialogando
com A Pele que Habito de Pedro Almodóvar”.
tro. Para Lacan, de acordo com Soler, tido mas útil, é o de uma festa onde Seminário Internacional Fazendo Gênero 10
a falta feminina já está positivada. as mulheres tentam estar o máximo (Anais Eletrônicos) Florianópolis, set. 2013.
Em outras palavras, a falta fálica, ou possível diferentes e singulares em Disponível em: <http://www.fazendogenero.
como mencionado a impossibilida- relação a suas vestimentas, enquan- ufsc.br/10/resources/anais/20/1386788002_
de de ser simbolizada e localizada to os homens procuram estar o mais ARQUIVO_TaniaRosaF.Cascaes.
pdf#page=2&zoom=auto,-107,590 > Acesso
apenas pela via fálica, potencializa parecidos e discretos. Qualquer de- em: 20 ago. 2015.
a mulher, dizer que ela tem sua fal- talhe extra, como a cor da roupa ou FREUD, Sigmund. A dissolução do complexo
ta positivada é afirmar que sua falta acessório, chama a atenção e fragi- de Édipo [1924]. In: Obras Completas, v. 19.
possibilita a criação e a construção liza a masculinidade. Eis aqui um Tradução Jaime Salomão. Rio de Janeiro:
singular de sua posição. É um signo fator limitante e também opressor Imago, 2006.
cultural o quanto a mulher se coloca para aqueles que estão do lado mas- MEZAN, Renato. Sigmund Freud. São Paulo:
Ed. Brasiliense, 1982.
sempre na tentativa de ser única, essa culino na sociedade.
MATTOS, Olgária C. F. A Escola de Frankfurt:
é a sua falta positivada. A partir do exposto é possível Luzes e Sombras do Iluminismo. São Paulo:
É possível pensar em situações articular a problemática das repre- Ed. Moderna, 1999.
banais, nas quais o feminino alcan- sentações sociais do feminino na SOLLER, Colette. O que Lacan Dizia das
ça destaque justamente pela via da contemporaneidade, com a posição Mulheres. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
Vítima de nossas
próprias CRIAÇÕES
EM GOMORRA, SOB O PECADO DA IDOLATRIA, A VIOLÊNCIA E
A TIRANIA TÊM O DINHEIRO COMO UMA DIVINDADE. E ELAS
TRAÇAM O ENREDO INSTIGANTE DESTA OBRA, QUE CONTA A
HISTÓRIA DE UM JORNALISTA INFILTRADO NA MÁFIA ITALIANA
N
a mitologia grega, há um Gomorra é um exemplo de como o ciência e crescimento para manter a
lugar relacionado ao f im da homem é uma vítima de suas próprias vitalidade dessa cultura. Nos campos
vida e ao mundo das profun- criações. Lá, regidas pelo pecado da DE EXTERMÓNIO DO NAZISMO A ElCIÐNCIA
dezas que é inacessível a uma idolatria, a violência e a tirania têm máxima foi exterminar e queimar 20 mil
visão superf icial. Esse lugar chama-se o dinheiro como uma divindade. Essa corpos duas horas depois que os huma-
Hades. Quem entra no Hades jamais divindade não atende a totalidade nos ainda vivos desembarcaram. Não
poderá sair. Esse lugar mitológico para que a relação do homem com a poderia haver atrasos, nem movimentos
manifesta-se no decurso de nossa natureza que lhe habita possa harmo- inúteis, ou qualquer outra complicação.
existência para assinalar as separa- nizar-se. Precisamos de uma Imago Nesse culto, crescer ou morrer
ções, o todo trágico do cotidiano ou o Dei que contemple todas as nossas pendula à revelia dessa divindade
inferno na vida das pessoas. dimensões naturais. O dinheiro só como a f igura mitológica do deus
Em Nápoles, também existe um contempla Phobos, o deus do poder, e Chronos, que é fértil para criar os
mundo semelhante, que se chama Go- exclui Eros, a dimensão do amor. seus f ilhos e ef iciente para engoli-los.
morra. O jornalista Roberto Saviano O deus dinheiro é venerado pelas A humanidade parece empurrada
viveu uma experiência como Hércu- ideias que regem o comércio, a pro- para o futuro a cada 24 horas, sacri-
les, um herói mítico que conseguiu priedade e o lucro. Tais ideias recor- f icando-se em nome desse deus que,
entrar e sair do Hades. Ele foi até o rem à violência física, já que palavras a depender da cultura, adquire nomes
mundo subterrâneo de Gomorra e não conseguem expressá-las. É como como dólar, euro, libra etc. Dessa for-
conseguiu sair de lá para nos contar, no mundo dos répteis: só o mais hábil ma cria-se o sistema.
em detalhes, o universo criminoso chega ao topo e sobrevive à luta com- Esse sistema subjuga os homens
dos negócios dessa máf ia que tem os petitiva. O desaf io é permanecer lá no a uma vida conduzida por atos quase
seus tentáculos apoiados em diversos topo o maior tempo possível. que automáticos, como se cada mem-
países. Depois de publicar esse rela- O culto a esse deus exige as forças bro fosse uma peça que não faz falta
to no livro Gomorra: a História de um DIVINAS E DAIMÙNICAS DAS IDEIAS DE El
ao sistema, ao mesmo tempo em que
Jornalista Infiltrado na Violenta Máfia esse aparelho precisa dessas peças
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consciência dessa forma de atuar, mas bre as ideias que prevalecem em uma mais ainda os nossos valores éticos
lCAMOShVICIADOSvEMPRÉTICASGANAN
dada cultura e, como um organismo e morais.
ciosas que envolvem um contínuo de
ações danosas a nós mesmos e à nos-
SA FAMÓLIA PERDENDO
SE NUMA mORESTA Carlos São Paulo é médico e psicoterapeuta junguiano.
cheia de almas que não conseguiram É diretor e fundador do Instituto Junguiano da Bahia.
carlos@ijba.com.br / www.ijba.com.br
dar sentido às suas vidas.
Interferência
terapêutica
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m Gypsy, série criada pela novata Lisa Rubin e que traz Nao-
mi Watts como protagonista, representando a psicoterapeuta
Jean Holloway, o espectador se verá frente a um bom repre-
sentante do gênero, em que não será preciso assassinatos ou
entidades sobrenaturais para ser levado a bons sustos.
!CENAlNALQUANDOENlM*EANDIZQUALLINHASEGUEEMSEUSSU
postos tratamentos, para os estudiosos da Psicologia será assim uma
lNAIRONIA%SPERAMOSQUENÎOALIMENTEASJÉULTRAPASSADASCONTENDAS
entre as diferentes correntes que compõem o vasto campo de estudos
DESSACIÐNCIATÎOHUMANAEQUESIRVAAPENASPARAFAZERVERQUEACLÓNI
CAAOLONGODAPRODU¥ÎOCINEMATOGRÉlCAJÉALIMENTOUBONSROTEIROS
EEXCELENTESPRODU¥ÜES)NÞMEROSlLMESJÉCONSTRUÓRAMPERSONAGENS
como psicoterapeutas e/ou psicanalistas que arrepiaram as transfe-
RÐNCIASALHEIAS!SPROlSSÜESDEMANEIRAGERALEMSUASCARICATURAS
OUSEJAPELOEXAGERODASMÉSEXPERIÐNCIASTÐMSERVIDODEBONSMOTES
PARAAPRODU¥ÎOFÓLMICAnQUECONlRMEMISSOOSADVOGADOSMÏDICOS
psicanalistas e psicoterapeutas de modo geral.
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)NDEPENDENTEMENTEDALINHAQUEESTEJAMOSFOCANDOASÏRIESER
ve muito bem para pensar na ética do atendimento psicoterápico, na
importância que, por exemplo, a Psicanálise costuma colocar em seu
CONHECIDOTRIPÏDAFORMA¥ÎOESTUDOTEØRICOANÉLISEPESSOALEATEN
DIMENTODECASOSSUPERVISIONADOS.EMTODASASLINHASCONCORDAM
QUANTOAOINVESTIMENTODOPSICOTERAPEUTAEMRELA¥ÎOASEUPRØPRIO
TRABALHOPSICOTERÉPICOALGUMASVEEMCOMOOBRIGATØRIONAFORMA¥ÎO
IMAGENS: DIVULGAÇÃO E SHUTTERSTOCK
EOUTRASENTENDEMQUESOMENTEOSUJEITOPODERESOLVERSOBRESUAPRØ
PRIADEMANDADETERAPIAETEMPODELA%SSAÏUMADISCUSSÎOQUEMUI
TASVEZESSECONFUNDEENTREASLINHASDENTRODAQUILOQUESECOSTUMA
CHAMARDEhCAMPOPSIv
(ÉENTREOSLEIGOSUMACERTAILUSÎODEPENSARNAlGURADOPSI
coterapeuta como uma coisa única, até porque não interessa, na
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“S
ou uma professora por diversos motivos, como de ordem Esse distúrbio não acontece por falha
de Matemática atí- psicossocial, pedagógica e outras que, no sistema de ensino, por problemas
pica, porque só con- infelizmente, possuem um distúrbio psicológicos, como, por exemplo, a
sigo resolver uma neurológico relacionado com a aquisi- separação dos pais, perda de um ente
equação ou conta ção da linguagem matemática. Esse dis- querido ou por recorrente mudança
usando papel e lápis, ainda faço contas túrbio é conhecido por discalculia. de escola/cidade, como ocorreu com a
usando os dedos e para gravar qualquer Discalculia vem do grego e signi- professora Ana Maria.
informação eu preciso escrever.” Relato fica dis + calculo, ou seja, dificuldade ao A discalculia não é oriunda de pro-
da professora de Matemática Ana Maria. calcular. Os discalcúlicos apresentam blema emocional, pedagógico e social,
Assim como muitas crianças e ado- dificuldades específicas em Matemática, pois nesses casos seria considerada
lescentes, a professora teve sérios pro- como tempo, medida, resolução de pro- uma dificuldade de aprendizagem
blemas com o aprendizado matemático blemas etc. Acomete pessoa de qualquer em Matemática, algo transitório.
por mudar constantemente de escola. nível de QI, logo, é importante salientar Vale destacar, também, que a dis-
Entretanto, essas dificuldades foram que o discalcúlico tem uma inteligência calculia não é ocasionada por um
passageiras, não impossibilitando a normal, ou até acima da média. Seu pro- dano cerebral, como o aci-
continuidade nos estudos e, principal- blema está relacionado unicamente com dente vascular cerebral
mente, não interferindo na sua escolha o conhecimento da Matemática. ou alguma outra lesão
de graduar-se em Matemática. Até o momento, não existe uma no cérebro. Em tais ca-
Hoje, infelizmente, encontram-se prevalência maior em meninos ou me- sos, a perda das
muitas crianças que apresentam dificul- ninas e acredita-se que cerca de 5% a habilidades
dades de aprendizagem em Matemática 7% da população tenham discalculia.
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distinguir os dedos da mão; desorientação em relação à esquerda e à direita. Não - dificuldade para enumerar, comparar e
há cura para a síndrrome de Gerstmannn e o tratamento é apenas sintomático e manipular objetos reais ou em imagens,
psicoeducativo. Terapias ocupacional e psicológica podem ajudar a diminuir a matematicamente; léxica - dificulda-
dificuldade em ler, escrever e calcular. de na leitura dos símbolos matemáti-
cos; gráfica - dificuldade na escrita de
Recursos
Há vários problemas semelhantes, como a afasia, que é a perda da fala ou da articulação das palavras.
Assim como a acalculia, é mais frequente em adultos e idosos
A intervenção para discalculia, acal-
culia e dificuldades de aprendi-
zagem deverá ser pautada em recursos
materiais (uso de calculadoras, jogos e
des. No entanto, o diagnóstico deve ser cias dos passos para realizar as operações atividades lúdicas, caderno quadricu-
feito idealmente após o segundo ou ter- matemáticas; estabelecer correspondên- lado, imagens, contação de histórias,
ceiro ano do ensino fundamental. Im- cia um a um, ou seja, não relaciona o nú- questões claras e objetivas etc.); recur-
portante lembrar que essas dificuldades mero de alunos de uma sala à quantidade sos metodológicos (métodos, técnicas
não podem ser explicadas por deficiên- de carteiras; dificuldade de compreen- de ensino organizativas, planejamento,
cias intelectuais. der os números cardinais e ordinais. adequação de conteúdos e avaliativas);
O diagnóstico deve ser feito através Entretanto, pessoas que têm acal- recurso multiprofissional (fonoaudiólo-
de uma equipe multidisciplinar (fono- culia também apresentam, às vezes, as go, psicopedagogo, psicólogo, neurolo-
audiólogo, psicopedagogo, psicólogo, mesmas características. O que irá fun- gista, neuropediatra, pedagogo, psiquia-
neuropediatra, neurologista, pedagogo damentar o diagnóstico são os exames tra, terapeuta etc.).
e pediatra). Porém, para que esse diag- Sem a intervenção adequada, as
nóstico ocorra é necessário que a crian- crianças podem arrastar, ao longo de sua
ça já tenha sido exposta ao conhecimen- As características vida, sérias dificuldades aritméticas, daí
to matemático. da acalculia são o a importância e a necessidade da reali-
As crianças com discalculia con- zação de uma intervenção precoce e efi-
seguem entender alguns conceitos ma- prejuízo na leitura e caz. Desse modo, a intervenção deve se
temáticos, mas têm grande dificuldade escrita de números; pautar nas características peculiares de
em trabalhar com números, fórmulas cada indivíduo, de modo a reabilitar seus
e enunciados. Elas podem reconhecer cálculo mental; comprometimentos aritméticos e poten-
e compreender símbolos matemáticos, disposição espacial cializar as habilidades já apresentadas.
mas vai ser difícil resolver um problema. Não é insistindo na mesma coisa fei-
Algumas dificuldades apresentadas pelo dos números, ta em sala de aula e repetindo o conteúdo
discalcúlicos: visualizar conjuntos de como alinhar os que a criança irá aprender Matemática.
objetos dentro de um conjunto maior; É preciso ensinar a criança a aprender
conservar a quantidade, o que a impe- números em uma a manipular os números de diferentes
de de compreender que 1 quilo de café
é igual a quatro pacotes de 250 gramas;
coluna; dificuldade perspectivas, evitando procedimentos
rotineiros, e um ensino mais prático do
compreender os sinais de soma, subtra- de saber quantas sentido do número e com um tem-
ção, divisão e multiplicação (+, –, ÷ e x); semanas tem o po maior para desenvolver a atividade. O
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adquirirem as habilidades e competên- RODRIGUES, M. Educação Emocional Positiva: Saber Lidar com as Emoções É uma Importante Lição, .,
cias matemáticas. Por isso, os jogos de ,Novo Hamburgo: Sinopsys,
tabuleiro e on-line são tão utilizados na TIBA, I. Disciplina na Medida Certa, p. 28, 29, 108. São Paulo: Integrare,
intervenção. Aprender com a ludicidade YOUNG, J. Terapia Cognitiva para Transtornos da Personalidade, 3. ed., p. 22, 25, 27-35, 64. Porto Alegre:
significa construir conhecimentos por Artmed, 2003. Box
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w.p ale p od saber. m psique ciên
psi ciência&vida
da 75
H
á muitos anos, neuro- tro de um campo eletromagnético. Os absoluta realidade eletromagnética em
cientistas do mundo pensamentos são apenas algumas das que vivemos.
inteiro estudam o cé- infi nitas emissões que se inter-relacio- Historicamente, a evolução huma-
rebro humano bem nam dentro desse campo. na, em todos os seus aspectos, social,
como seus circuitos tecnológico, psicológico, mostra a ha-
neurais, e, ainda, a correspondência, de Criação bilidade do ser humano em criar. Assim
tais circuitos, com a Psicologia. Após al-
gumas décadas de constante pesquisa,
foi possível confirmar um número de
O neurocientista brasileiro Miguel
Nicolelis é, atualmente, um dos
grandes nomes da neurociência no
como na religião há o termo: “imagem
e semelhança de Deus”, tal semelhan-
ça está no dom de criar, em todos os
86 bilhões de neurônios cerebrais, que, mundo. Como outros neurocientistas, sentidos, bem como mental e material-
diariamente, se equivalem aos nossos também demonstrou que o pensamen- mente; e de cocriar, por intermédio das
milhares de pensamentos. Trata-se de to é uma onda eletromagnética. Um parcerias humanas; e, ainda, da procria-
um composto de energia, em que emer- de seus principais trabalhos é sobre ção de novas vidas. Na Grécia Antiga, a
ge a nossa consciência. O psicoterapeu- a interface cérebro-máquina, que foi mente era considerada a alma; nas reli-
ta Carl Gustav Jung descreveu nossa apresentada na abertura da Copa do
mente como energia psíquica: Mundo do Brasil, em 2014, com o pri-
“O fato psíquico merece ser consi- meiro chute de bola sendo realizado por
derado como um fenômeno em si, pois um paciente tetraplégico, utilizando-
não há motivo nenhum para concebê- -se de um exoesqueleto conectado ao AUTOR DESCONHECIDO/WIKIPEDIA
-lo como um mero epifenômeno, em- seu cérebro. Esse invólucro obedecera
bora esteja ligado à função cerebral, do aos sinais eletromagnéticos emitidos
mesmo modo como não se pode con- conscientemente pelo voluntário, para
siderar a vida somente como um epife- que sua perna pudesse chutar a bola. E
nômeno da química do carbono” (Carl chutou. Seus experimentos tornaram-
Gustav Jung, A Energia Psíquica).
O pensamento é mesmo uma
-se uma terapia revolucionária, para re-
cuperação de movimentos em pessoas
+IGG^IG
Carl Gustav Jung (1875-1961) foi um psiquia-
energia, uma energia eletromagnética. paralisadas. Contanto, ainda infere uma tra e psicoterapeuta suíço, responsável pela
Toda a realidade das pessoas está den- série de outras questões, tal como a da criação da Psicologia Analítica. Jung propôs
e desenvolveu os conceitos da personali-
dade extrovertida e introvertida, arquétipos
Daniel Lascani é jornalista, palestrante, pós-graduado em Psicologia Junguiana (PUC-Rio). Leader e o inconsciente coletivo. Seu trabalho tem
Coach do IBC – Instituto Brasileiro de Coaching, autor e palestrante do projeto social Comunidade
sido influente na Psiquiatria e Psicologia, en-
Profissional, coautor do livro O Impacto do Coaching no Dia a Dia (Bookstart), diretor do Instituto
tre outras áreas do conhecimento humano.
Lascani (www.institutolascani.com.br).
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Termo geralmente usado para descrever o
mundo antigo grego e áreas próximas. Tra-
dicionalmente, Grécia Antiga abrange desde nicia-se novamente. Esse fenômeno, de entre as fases da infância até chegar na
1.100 a.C. até a dominação romana, em 146 acordar no meio da passagem da vigília adulta. A mentira é uma forma de cria-
a.C. Entretanto, é importante lembrar que a para o sono, por lembrar de algo, ocor- ção. Quando se amadurece, ganha-se
história da Grécia começa desde o Período re porque se sai da zona de criação e vai mais autoconhecimento, e, com um ego
Paleolítico, passando pela Idade do Bronze
com as civilizações cicládica, minoica e mi-
para a da lembrança. Também significa mais equilibrado, diminui o impulso de
cênica. Alguns autores citam outro período, que se trafegam as sinapses, com mais mentir. Ao envelhecer, as pessoas cos-
o pré-homérico para incorporar mais um facilidade, sobre pensamentos relativos tumam ter muito mais problemas sobre
trecho histórico à Grécia Antiga. à criação do que à memória. Tanto é que a perda de memória do que sobre a ca-
se criam pensamentos a ponto de rela- pacidade de se criar algo novo. Além de
xar até adormecer. Ou melhor, ao que parecer ter mais facilidade de criar do
giões, a iluminação. Cientificamente, na parece, somente se adormece quando que de lembrar, quando analisado no
neurociência, são nossas sinapses; na se está, psicologicamente, nessa esfera. campo coletivo, esse processo se multi-
Psicologia, nossa criatividade. Enquanto se está lembrando de algo, plica sempre que se interage nas mentes,
Durante a vida as pessoas sempre se permanece em alerta. Na prática, em harmonia, com o outro. Essa multi-
têm pensamentos criadores, que surpre- surpreendentemente, isso significa que plicação entre as mentes humanas evo-
endem a elas mesmas. Tais ideias cria- lembrar dá mais trabalho do que criar. ca o processo de cocriação.
tivas vão desde coisas pequenas, pes- As pessoas ficam mais confortáveis na
soais, até descobertas revolucionárias, zona da criação do que na da memória. Prática do pensamento
para diferentes áreas. Toda a evolução
é um processo de criação. Tanto de for-
ma neurológica quanto psicológica, o cé-
Por outro lado, isso também explica
o fenômeno da mentira, principalmente O termo cocriação foi citado pela
primeira vez em 2004. Entretan-
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Setembro/2017
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de Uberlândia. Autor de Aids e exclusão social.
PAULA MANTOVANIÏGRADUADAEM0SICOLOGIAPELA Tráfego: material.publicidade@escala.com.br
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CONHECIMENTO DISPONÍVEL NA REDE
D
esde o bar da esquina até o Ditam as regras que os psiquiatras de- DE &ILOSOlA EDITADOS HÉ CENTÞRIAS CON-
mais desenvolvido centro de VEM SEGUIR PARA CLASSIlCAR OS DOENTES TINUAMTÎOMODERNOSEÞTEISCOMONAS
pesquisas, constata-se a utili- encaixando-os nos supostos diagnós- épocas em que apareceram no mundo.
zação do computador, sem o ticos. Por exemplo, quando aparece o Alguma pessoa ousaria dizer que Aris-
QUALNÎOSEACOMPANHAORITMOEMQUE CØDIGO&OUSUÉRIOlCASABENDOQUE tóteles, Kant, Descartes e outros de igual
OMUNDOCAMINHA o digitador refere-se ao “transtorno bi- envergadura não podem ser mais debati-
A sociedade é competitiva, fato que POLARv)SSOSEVERIlCAEMSITESÏUSADO DOSHOJE3EALGUÏMTIVERACACHIMÙNIADE
FAZPARTEDANATUREZADOHOMEM!SSIM em videoconferências, blogs, revistas AlRMARQUESIMCERTAMENTEESTARÉENTRE
OS COMPUTADORES E SUAS INlNITAS POS- ELETRÙNICASESPECIALIZADASOUNÎOETC% aqueles que dizem que Kraepelin, Krets-
sibilidades são ferramentas poderosas o médico, em vez de ir aos livros-textos CHMER "LEULER E *ASPER ERAM ZAGUEIROS
E INDISPENSÉVEIS TANTO PARA O DIA A DIA atemporais, nutre-se da fartura de infor- da antiga seleção alemã de futebol. Não,
QUANTOPARAOPROGRESSO0ORÏMNOBOJO mações da internet sobre o F 31, a qual eles são considerados pais da Psiquiatria,
DESSA AlRMA¥ÎO PODE ESTAR IMPLÓCITO O Ï CAPAZ DE DISPONIBILIZAR
LHE hA ÞLTIMA da tipologia, da esquizofrenia e da psico-
germe da decadência em alguns setores DESCOBERTA DA CIÐNCIAv QUE AMANHÎ SE patologia, respectivamente. Ademais, for-
DOCONHECIMENTOEDACULTURA TORNARÉ PENÞLTIMA E ASSIM POR DIANTE mam, ao lado de outros craques, a seleção
Com a globalização da internet (ou E TUDO DE MANEIRA MUITO RÉPIDA .ESSE universal dos grandes pensadores da psi-
a globalização pela internet), os livros contexto e diante de tal procedimento, QUEQUECRIARAMACIÐNCIA
ARTECHAMADA
passaram a ser questionados quanto à OPROlSSIONALAPEGADOÌTELA CRIAUMA Psicologia-Psiquiatria. E quem os ignora,
SOBREVIVÐNCIA % ATÏ HÉ QUEM DIGA QUE falsa sensação de estar sempre atualiza- sem os nutrientes que esses gênios trouxe-
esses estão fadados ao desaparecimento DO E DESPREZA O CONHECIMENTO BÉSICO RAMPARAESSAÉREADOCONHECIMENTOHU-
completo. Na Psiquiatria, por exemplo, é da especialidade, erigido lentamente em MANOESTARÉDESNUTRIDOERAQUÓTICOPARA
PRECISO RECONHECER QUE OS LIVROS FORAM VÉRIOSLIVROS
TEXTOS ENFRENTAREESCOLHEROQUEREALMENTEPODE
SUBSTITUÓDOSQUASETOTALMENTEPELOSSUB- É exatamente na ausência deles que ser aproveitado dessa enorme quantidade
produtos da internet globalizada, a Clas- se encontra uma das “pragas” que ata- de coisas boas, ótimas, ruins e péssimas
SIlCA¥ÎO)NTERNACIONALDE$OEN¥AS#)$ cou a cultura médica, de modo especial, que as redes oferecem.
EO-ANUALDE#LASSIlCA¥ÎOE$IAGNØSTI- a Psiquiatria, erodindo suas bases secu-
co (DSM, sigla em inglês), sem os quais a LARMENTEMOLDADASEHODIERNAMENTEES- Guido Arturo Palomba
Psiquiatria contemporânea não existiria. QUECIDASOUTROCADASPELOCONHECIMENTO é psiquiatra forense e
ARQUIVO PESSOAL/123RF
membro emérito da
!#)$EO$3-SÎOCATÉLOGOSUNI- RELÊMPAGODISPONÓVELEMALGUMhWWWv
Academia de Medicina
versalizados, que trazem códigos para /SLIVROSCLÉSSICOSDE0SIQUIATRIANÎO de São Paulo.
caracterizar os transtornos mentais. estão defasados, da mesma forma que os
Sensível e refinado, um
romance que retrata
os desdobramentos do
casamento e da natureza da
paixão, O Lugar da Felicidade
é uma narrativa sobre os
desafios do amor e de como
permanecer fiel a si mesma.
Ou acesse www.escala.com.br
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